Técnicas em Pesquisa Científica
Técnicas em Pesquisa Científica
Técnicas em Pesquisa Científica
Pesquisa Científica
Núcleo de Pós-Graduação
INTRODUÇÃO
Bons estudos!
Prof ª Fatima Ramalho Lefone
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
1. CIÊNCIA..................................................................................................... 4
2. A NATUREZA DO CONHECIMENTO ...................................................... 12
2.1 CARACTERÍSTICAS DOS TIPOS DE CONHECIMENTO ..................... 13
2.2. CONHECIMENTO POPULAR/EMPÍRICO ............................................ 14
2.3. CARACTERÍSTICAS DO SENSO COMUM .......................................... 16
2.4. CONHECIMENTO RELIGIOSO/TEOLÓGICO ...................................... 18
2.5. CONHECIMENTO ESTÉTICO/ARTÍSTICO .......................................... 19
2.6. CONHECIMENTO FILOSÓFICO .......................................................... 20
2.7. CONHECIMENTO TÉCNICO................................................................ 21
2.8. CONHECIMENTO CIENTÍFICO ........................................................... 21
3. MÉTODO E TÉCNICA.............................................................................. 28
3.1.CLASSIFICAÇÃO DOS MÉTODOS CIENTÍFICOS ............................... 31
4. PESQUISA CIENTÍFICA .......................................................................... 43
REFERÊNCIAS .............................................................................................. 66
1. CIÊNCIA
Os princípios da ciência podem ser classificados como: nunca absoluto ou final, pode ser
sempre modificado ou substituído; a exatidão nunca é obtida integralmente, mas sim,
através de modelos sucessivamente mais próximos; é um conhecimento válido até que
novas observações e experimentações o substituam.
A ciência distingue-se do senso comum porque este é uma opinião baseada em hábitos,
preconceitos, tradições cristalizadas, enquanto a ciência baseia-se em pesquisas,
investigações metódicas e sistemáticas e na exigência de que as teorias sejam
internamente coerentes e digam a verdade sobre a realidade.
De acordo com Ruiz (1996), algumas das características das ciências são:
Trujillo Ferrari (1974), por sua vez, considera que a ciência, no mundo de hoje, tem várias
tarefas a cumprir, tais como:
a) aumento e melhoria do conhecimento;
b) descoberta de novos fatos ou fenômenos;
c) aproveitamento espiritual do conhecimento na supressão de falsos milagres,
mistérios e superstições;
d) aproveitamento material do conhecimento visando à melhoria da condição de vida
humana;
e) estabelecimento de certo tipo de controle sobre a natureza.
Demo (2000, p. 22), em contrapartida, acredita que “no campo científico é sempre mais
fácil apontarmos o que as coisas não são, razão pela qual podemos começar dizendo o
que o conhecimento científico não é.” Para o autor, apesar de não haver limites rígidos
para tais conceitos, conhecimento científico:
a) Primeiro, não é senso comum – porque este se caracteriza pela aceitação não
problematizada, muitas vezes crédula, do que afirmamos ou temos por válido. Disso não
segue que o senso comum seja algo desprezível; muito ao contrário, é com ele, sobretudo,
que organizamos nossa vida diária, mesmo porque seria impraticável comportarmo-nos
apenas como a ciência recomenda, seja porque a ciência não tem recomendação para
tudo, seja porque não podemos dominar cientificamente tudo. No entanto, conforme Demo
(2000), o conhecimento científico representa a outra direção, por vezes vista como oposta,
de derrubar o que temos por válido; mesmo assim, em todo conhecimento científico há
sempre componentes do senso comum, na medida em que nele não conseguimos definir e
controlar tudo cientificamente.
Além das características da ciência, destaca-se, ainda, que as tarefas básicas para se
fazer ciência são, conforme Demo (1985, p. 35):
a) Definir os termos com precisão, para não dar margem à ambiguidade; cada
conceito deve ter um conteúdo específico e delimitado; não pode virar durante a
análise; embora a dose de imprecisão seja normal, o ideal é reduzi-la ao
mínimo possível, produzindo o fenômeno desejável da clareza da exposição;
e) Impor certa ordem no tratamento do tema, de tal modo que seja claro o começo
ou o ponto de partida, a constituição do corpo do trabalho, e a sequência inconsútil
das conclusões.
Mesmo com as mais variadas conceituações de ciência, das suas características e das
tarefas básicas para se construí-la, vale destacar que, para fazer ciência, é necessário
preocupar-se com a formação do cientista/pesquisador. Nada vale um instrumental
sofisticado e métodos aceitáveis, se o pesquisador/ cientista não estiver fundamentado de
um espírito científico, ou seja, o de buscar soluções sérias com métodos aceitos pelos
pares. Acima de tudo, o pesquisador/cientista deve estar apto a enfrentar críticas e
sustentar o seu parecer sobre o fenômeno que estuda.
Fonte: DEMO, Pedro. Introdução à metodologia da ciência. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1985. p. 39.
Como virtude intelectual, ele se traduz no senso de observação, no gosto pela precisão e
pelas ideias claras, na imaginação ousada, mas rígida pela necessidade da prova, na
curiosidade que leva a aprofundar os problemas, na sagacidade e poder de discernimento.
Moralmente, o espírito científico assume a atitude de humanidade e de reconhecimento de
suas limitações, da possibilidade de certos erros e enganos. É imparcial. Não torce os
fatos. Respeita escrupulosamente a verdade. O possuidor do verdadeiro espírito científico
cultiva a honestidade. Evita o plágio. Não colhe como seu o que os outros plantaram. Tem
horror às acomodações. É corajoso para enfrentar obstáculos e os perigos que uma
pesquisa possa oferecer. Finalmente, o espírito científico não reconhece fronteiras. Não
admite nenhuma intromissão de autoridades estranhas ou limitações em seu campo de
investigação. Defende o livre exame dos problemas .
Fonte: CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro. Metodologia científica: para uso dos estudantes
universitários. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1983. p. 19.
2. A NATUREZA DO CONHECIMENTO
Exemplo disso são os conhecimentos adquiridos e praticados pelos homens tendo como
base os textos da Bíblia Sagrada ou quaisquer outros livros sagrados.
Pode atingir o status de conhecimento científico, pois “[...] ele é base fundamental do
conhecer e já existia muito antes de o ser humano imaginar a possibilidade da existência
da ciência.” (FACHIN, 2003, p. 10).
• são qualitativos, isto é, as coisas são julgadas por nós como grandes ou pequenas, doces
ou azedas, pesadas ou leves, novas ou velhas, belas ou feias, quentes ou frias, úteis ou
inúteis, desejáveis ou indesejáveis, coloridas ou sem cor, com sabor, odor, próximas ou
distantes, etc.;
• são individualizadores por serem qualitativos e heterogêneos, isto é, cada coisa ou cada
fato nos aparece como um indivíduo ou como um ser autônomo: a seda é macia, a pedra é
rugosa, o algodão é áspero, o mel é doce, o fogo é quente, o mármore é frio, a madeira é
dura, etc.;
• mas também são generalizadores, pois tendem a reunir numa só opinião ou numa só
ideia coisas e fatos julgados semelhantes: falamos dos animais, das plantas, dos seres
humanos, dos astros, dos gatos, das mulheres, das crianças, das esculturas, das pinturas,
das bebidas, dos remédios, etc.;
• pelo mesmo motivo e não por compreenderem o que seja investigação científica, tendem
a identificá-la com a magia, considerando que ambas lidam com o misterioso, o oculto, o
incompreensível. Essa imagem da ciência como magia aparece, por exemplo, no cinema,
quando os filmes mostram os laboratórios científicos repletos de objetos incompreensíveis,
com luzes que acendem e apagam, tubos de onde saem fumaças coloridas, exatamente
como são mostradas as cavernas ocultas dos magos. Essa mesma identificação entre
ciência e magia aparece num programa da televisão brasileira, o Fantástico, que, como o
nome indica, mostra aos telespectadores resultados científicos como se fossem
espantosas obras de magia, assim como exibem magos ocultistas como se fossem
cientistas;
O conhecimento religioso/teológico (do grego theos, que significa Deus, e logos, que
significa tratado/discurso) está relacionado com a fé e a crença divina. Apresenta verdades
indiscutíveis e infalíveis. O que funda o conhecimento religioso/ teológico é a fé, não sendo
necessário ter evidências para crer.
O conhecimento religioso/teológico apoia-se em doutrinas que contêm proposições
sagradas, valorativas, as quais foram ou são reveladas pelo sobrenatural, pelo divino e,
por esse motivo, tais proposições são consideradas infalíveis, indiscutíveis e exatas. No
conhecimento religioso/teológico, um corpo coerente de crenças pode se transformar em
religião. Já a religião é o uso
de forma sistematizada e institucionalizada dessas crenças .
O cientista também está imerso e é influenciado por sua referências sobre arte e estética.
Assim, o conhecimento artístico traduzido nas obras de arte é expressão de um contexto
histórico cultural específico.
2.6. CONHECIMENTO FILOSÓFICO
• Valorativo - seu ponto de partida consiste em hipóteses, que não poderão ser
submetidas à observação, ou seja, as hipóteses filosóficas não se baseiam na
experimentação;
• Não - verificável - os enunciados das hipóteses filosóficas não podem ser confirmados
nem refutados;
• Racional - consiste num conjunto de enunciados logicamente correlacionados;
• Sistemático - suas hipóteses e enunciados visam a uma representação coerente da
realidade estudada, numa tentativa de apreendê-la em sua totalidade;
• Infalível e exato - suas hipóteses e postulados não são submetidos ao decisivo teste da
observação e da experimentação.
O conhecimento filosófico tem como característica o esforço da razão, ou seja, recorre-se
à razão para postular boas respostas aos problemas humanos, como, por exemplo,
conhecimento, ética, política e estética. Enfim, o objeto da filosofia são as ideias, os
conceitos, que não são redutíveis à realidade material e que, por isso, não são passíveis
de observação e mensuração. Porém, vale lembrar que essa posição não é unânime.
Para que um conhecimento adquira o status de científico, deve seguir alguns critérios
internos: coerência (ausência de contradições); consistência (capacidade de resistir a
argumentos contrários); originalidade (não ser tautologia); relevância (esperasse que traga
alguma contribuição ao conhecimento acumulado pela comunidade científica); objetividade
(capacidade de reproduzir a realidade como ela é, e não como o cientista gostaria que
fosse - evitar formulações ideológicas).
• Real – lida com ocorrências, fatos, isto é, com toda forma de existência que se manifesta
de algum modo;
• Verificável – as hipóteses que não podem ser comprovadas não pertencem ao âmbito do
conhecimento científico;
• Falível– não é definitivo, absoluto ou final;
O que é ciência? A questão parece banal. As respostas, porém, são complexas e difíceis.
Talvez a ciência nem possa ser definida. Em geral, é mais conceituada do que
propriamente definida. Porque “definir” um conceito consiste em formular um problema e
em mostrar as condições que o tornaram formulável.
Imago, 1975. p. 9-10Oliveira (2003) contribui, ainda, sobre o assunto, sintetizando os tipos
de conhecimento, conforme :
CARACTERÍSTICAS ESPECIFICAÇÕES
3. MÉTODO E TÉCNICA
Podemos afirmar que não há Ciência sem que haja o emprego sistemático de métodos
científicos.
O método é, portanto, segundo Oliveira (2002, p. 57), “Uma forma de pensar para se
chegar à natureza de um determinado problema, quer seja para estudá-lo, quer seja para
explicá-lo.”
Portanto, a ciência é constituída de um conhecimento racional, metódico e sistemático,
capaz de ser submetido à verificação, buscado através de métodos e técnicas diversas,
ou seja, por passos nos quais se descobrem novas relações entre fenômenos que
interessam a um determinado ramo científico ou aspectos ainda não revelados de um
determinado fenômeno (GALLIANO, 1986, p. 28).
dedutivo: parte do geral para o particular. Sobre o mesmo exemplo, a autora afirma
que todos os metais são condutores de eletricidade. A prata é um metal, logo, é
condutor de eletricidade. Pelo raciocínio dedutivo, se os metais pertencem ao grupo
dos condutores de eletricidade e se a prata conduz eletricidade, necessariamente,
entendemos que a prata é um metal.
DEDUTIVO:
INDUTIVO:
De acordo com Miranda Neto (2005, p. 22-26), o método científico não é um só, existem
diferentes formas de procedermos para obter resultados científicos; os métodos analítico e
sintético, indutivo e dedutivo são de importância fundamental para a construção da base
teórica de todas as ciências, cabe ao pesquisador decidir qual o método mais adequado.
A técnica da pesquisa trata dos procedimentos práticos que devem ser adotados para
realizar um trabalho científico, qualquer que seja o método aplicado, é o que escreve
Miranda Neto (2005, p. 39). A técnica serve para registrar e quantificar os dados
observados, ordená-los e classificá-los. A técnica, especifica como fazer (OLIVEIRA, 2002,
p. 58).
Para a realização de uma pesquisa, é necessário o uso de técnicas adequadas, capazes
de coletar dados suficientes, de modo que dêem conta dos objetivos traçados, quando da
sua projeção. Para determinar o tipo de instrumento, é necessário observar o que será
estudado, a que irá reportar.
MÉTODO INDUTIVO
O método indutivo parte do particular (situação concreta) para o geral (teoria), ou seja,
trata-se de um método empirista.
• Observação dos fatos ou fenômenos e análise com vistas a identificar as suas causas.
É importante adotar alguns cuidados ao utilizar o método indutivo: ter certeza de que a
relação a ser generalizada é realmente essencial; certificar-se de que a generalização seja
feita para fatos ou fenômenos idênticos aos observados; e realizar número suficiente de
análises ou experimentos de forma que a amostra seja representativa da população.
MÉTODO DEDUTIVO
Os principais representantes desse método são Comte e Durkheim. Ambos acreditam que
a sociedade possa ser analisada da mesma forma que a natureza. Assim, a Sociologia tem
como tarefa o esclarecimento de acontecimentos sociais constantes e recorrentes. Seu
papel fundamental é explicar a sociedade para manter a ordem vigente.
No Brasil, temos fortes influências do positivismo e como máxima desse método podemos
citar o emprego da frase “Ordem e Progresso” em nossa bandeira nacional, que foi
extraída da fórmula máxima do Positivismo: “O amor por princípio, a ordem por base, o
progresso por fim”. Essa frase tenta passar a imagem de que cada coisa em seu devido
lugar conduziria para a perfeita orientação ética da vida social.
Comte propôs os seguintes passos concebidos para o método positivista.
• Observação objetiva (neutra) dos fenômenos; é preciso que o sujeito que produz o
conhecimento coloque um limite entre ele e o objeto de estudo.
• Valorização exclusiva do fenômeno, ou seja, que somente pode ser conhecido por
meio da observação e da experiência.
• Segmentação da realidade, significa a compreensão de que totalidade ocorre por meio
da compreensão das partes que a compõem.
MÉTODO ESTRUTURALISTA
O estruturalismo como corrente metodológica foi elaborado na França por meio de uma
luta aberta contra o Existencialismo, representado por Sartre, e contra as formas de
pensamento historicista, incluindo o marxismo.
O método estruturalista possui duas etapas: a primeira vai do concreto para o abstrato e,
na segunda, do abstrato para o concreto, dispondo, na segunda etapa, de um modelo para
analisar a realidade concreta dos diversos fenômenos.
MÉTODO DIALÉTICO
O conceito de dialética tem sua origem na Grécia antiga. Alguns o atribuem ao filósofo
Zenon e, outros, a Sócrates.
Sócrates criou o método da Ironia e Maiêutica, que se desenvolvia assim: ele fazia uma
pergunta, ouvia a resposta, perguntava de novo refutando a resposta até eliminar as
certezas do interlocutor. Essa é a fase chamada de Ironia. No segundo momento, a
Maiêutica, voltava perguntando para que o interlocutor reconstruísse seu conhecimento de
forma mais crítica, eliminando as contradições.
A palavra ironia vem do grego eironeia, que significa perguntar fingindo ignorar.
Ironia, em grego, tem o sentido de interrogação, questionamento.
A palavra maiêutica, também de origem grega, vem de maieutiké, que significa
relativo ao parto.
Portanto, o método de Sócrates tinha um momento de interrogação visando eliminar
as incertezas e um momento de gestação das novas ideias.
Platão considerava dialética como sinônimo de filosofia, pois é o método mais eficaz de
aproximação do mundo das ideias. Propunha o diálogo como técnica para atingir o
verdadeiro conhecimento.
Aristóteles considerava dialética como a lógica do provável, do que parece aceitável para
todos, ou para a maioria das pessoas ou para os pensadores mais ilustres.
Muitos outros pensadores fizeram a sua interpretação da dialética. O método dialético
ganhou muita força na Idade Moderna com Hegel (dialética idealista) e Marx e Engels
(dialética materialista). De acordo com os pensadores, as bases teóricas modificam-se, o
olhar também, porém os procedimentos se mantêm.
Observe que o método parte do princípio de que no universo nada está isolado, tudo é
movimento e mudança, tudo depende de tudo. Assim, a dialética realiza-se pela reflexão a
respeito da relação sujeito e objeto, confrontando as variáveis e suas contradições para
chegar a uma síntese.
Constituem categorias fundamentais do método dialético:
MÉTODO QUANTITATIVO
Para Minayo e Sanches (1993, apud TEIXEIRA, 2001, p.24) a pesquisa quantitativa utiliza
a linguagem matemática para descrever as causas de um fenômeno e as relações entre
variáveis. Esse método considera a realidade como formada por partes isoladas; não
aceita outra realidade que não seja os fatos a serem verificados; busca descobrir as
relações entre fatos e variáveis; visa ao conhecimento objetivo; propõe a neutralidade
científica; rejeita os conhecimentos subjetivos; adota o princípio da verificação; utiliza o
método das ciências naturais – experimental-quantitativo – e propõe a generalização dos
resultados obtidos. Caracterizando-se finalmente pelo emprego da quantificação tanto nas
modalidades de coleta de informações quanto no tratamento delas por meio de técnicas
estatísticas.
MÉTODO QUALITATIVO
4. PESQUISA CIENTÍFICA
Algumas razões para eleger uma pesquisa específica são evidenciadas na determinação
do pesquisador em realizá-la, entre as quais, as intelectuais, baseadas na vontade de
ampliar o saber sobre o assunto escolhido, “atendendo ao desejo quase que genérico do
ser humano de conhecer-se a si mesmo e a realidade circundante.” (NASCIMENTO, 2002,
p. 55) Nessa jornada,
Para que uma pesquisa seja considerada científica, ela deve seguir uma metodologia que
compreenda uma sequência de etapas logicamente encadeadas, de forma que possa ser
repetida obtendo-se os mesmos resultados. Dessa maneira, os dados obtidos contribuirão
para a ampliação do conhecimento já acumulado, bem como para a sua reformulação ou
criação.
Para o desenvolvimento de qualquer pesquisa científica, é imprescindível a definição dos
procedimentos metodológicos.
à natureza da pesquisa;
à abordagem do problema;
à realização dos objetivos;
aos procedimentos técnicos.
• Pesquisa Básica: objetiva gerar conhecimentos novos, úteis para o avanço da ciência,
sem aplicação prática prevista. Envolve verdades e interesses universais. (GIL, 2006).
Assim, o pesquisador busca satisfazer uma necessidade intelectual pelo conhecimento, e
sua meta é o saber. (CERVO; BERVIAN, 2002).
• Pesquisa Aplicada: objetiva gerar conhecimentos para aplicação prática dirigidos à
solução de problemas específicos. Envolve verdades e interesses locais. (GIL, 2006). Este
tipo de pesquisa visa à aplicação de suas descobertas a um problema. (COLLIS; HUSSEY,
2005).
São pesquisas [básica e aplicada] que não se excluem, nem se opõem. Ambas são
indispensáveis para o progresso das ciências e do homem: uma busca a
atualização de conhecimentos para uma nova tomada de posição, enquanto a outra
pretende, além disso, transformar em ação concreta os resultados de seu trabalho.
(CERVO; BERVIAN, 2002, p. 65).
b) Do ponto de vista da forma de abordagem do problema, pode ser:
• Pesquisa Quantitativa: considera que tudo possa ser contável, o que significa traduzir
em números opiniões e informações para classificá-las e analisá-las. Requer o uso de
recursos e de técnicas estatísticas (percentagem, média, moda, mediana, desvio padrão,
coeficiente de correlação e outros). (GIL, 2006). Assim, a pesquisa quantitativa é focada na
mensuração de fenômenos, envolvendo a coleta e análise de dados numéricos e aplicação
de testes estatísticos. (COLLIS; HUSSEY, 2005).
• Pesquisa Qualitativa: considera que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o
sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito
que não pode ser traduzido em números. A interpretação dos fenômenos e a atribuição de
significados são básicas no processo de pesquisa qualitativa. Não requer o uso de
métodos e técnicas estatísticas. O ambiente natural é a fonte direta para coleta de dados,
e o pesquisador é o instrumento-chave. (GIL, 2006). A pesquisa qualitativa utiliza várias
técnicas de dados, como a observação participante, história ou relato de vida, entrevista e
outros. (COLLIS; HUSSEY, 2005).
Quando realizada nas ciências naturais, requer o uso do método experimental e, nas
ciências sociais, requer o uso do método observacional. Assume, em geral, as formas de
Pesquisa Experimental e Pesquisa Ex-post-facto. As pesquisas explicativas são mais
complexas, pois, além de registrar, analisar, classificar e interpretar os fenômenos
estudados, têm como preocupação central identificar seus fatores determinantes. Esse tipo
de pesquisa é o que mais aprofunda o conhecimento da realidade, porque explica a razão,
o porquê das coisas e, por esse motivo, está mais sujeita a erros.
Todo documento deve passar por uma avaliação crítica por parte do pesquisador, que
levará em consideração seus aspectos internos e externos. No caso da crítica externa,
serão avaliadas suas garantias e o valor de seu conteúdo.
- Documentos oficiais: anuários, editoriais, ordens régias, leis, atas, relatórios, ofícios,
correspondências, panfletos etc.;
Dito de outra forma, podemos utilizar o procedimento técnico estudo de caso quando
deliberadamente quisermos trabalhar com condições contextuais – acreditando que elas
seriam significativas e pertinentes ao fenômeno estudado (YIN, 2001). Exemplificamos
uma primeira possibilidade: uma testagem e/ou experimento podem deliberadamente
separar um fenômeno de seu contexto, da maneira que se torna possível dedicar algum
espaço e atenção para apenas algumas variáveis, visto que, de forma geral, o contexto é
“controlado” pelo ambiente de laboratório. Também, como uma segunda possibilidade,
destacamos algumas particularidades de estudos envolvendo fenômeno e contexto que
“não são sempre discerníveis em situações da vida real” (YIN, 2001, p. 32), o que
demandaria “um conjunto de outras características técnicas, como a coleta de dados e as
estratégias de análise de dados.” (YIN, 2001, p. 32). Nessa segunda possibilidade,
poderíamos enquadrar como estudos de caso, por exemplo, experimento psicológico,
levantamento empresarial, análise econômica (viabilidade financeira etc.).
Martins (2006, p. 11) ressalta que “como estratégia de pesquisa, um Estudo de Caso,
independentemente de qualquer tipologia, orientará a busca de explicações e
interpretações convincentes para situações que envolvam fenômenos sociais complexos”,
e, também, a elaboração “de uma teoria explicativa do caso que possibilite condições para
se fazerem inferências analíticas sobre proposições constatadas no estudo e outros
conhecimentos encontrados.” (MARTINS, 2006, p. 12).
[...] enfrenta uma situação tecnicamente única em que haverá muito mais variáveis
de interesse do que pontos de dados, e, como resultado, [...] baseia-se em várias
fontes de evidências, com os dados precisando convergir em um formato de
triângulo, e, como outro resultado, [...] beneficia-se do desenvolvimento prévio de
proposições teóricas para conduzir a coleta e a análise de dados.
Dito isso, o estudo de caso vem sendo utilizado com frequência pelos pesquisadores
sociais, visto servir a pesquisas com diferentes propósitos, como:
- explorar situações da vida real cujos limites não estejam claramente definidos;
- descrever a situação do contexto em que está sendo feita determinada investigação;
- explicar as variáveis causais de determinado fenômeno em situações muito complexas
que não possibilitem a utilização de levantamentos e experimentos.
- tempo destinado à pesquisa: temos que os estudos de caso demandam muito tempo
para ser realizados e que frequentemente seus resultados se tornam pouco consistentes.
Conforme Yin (2001, p. 29), “essa queixa pode até ser procedente, dada a maneira como
se realizaram estudos de caso no passado [...], mas não representa, necessariamente, a
maneira como os estudos de caso serão conduzidos no futuro.” Devemos atentar para o
fato de que os estudos de caso não precisam demorar muito tempo.
No que diz respeito à observação participante, esta pode não requerer a mesma
quantidade de tempo, mas ainda sugere um investimento considerável de esforços no
campo.
Destacamos, ainda, que existem variações dentro dos estudos de caso como estratégia de
pesquisa. Entre essas possíveis variações, damos ênfase que a pesquisa de estudo de
caso pode incluir tanto estudos de caso único quanto de casos múltiplos (YIN, 2001). Em
relação aos estudos de casos múltiplos, Yin (2001, p. 68) afirma que estes costumam ser
mais convincentes, “e o estudo global é visto, por conseguinte, como sendo mais robusto.”
Uma questão essencial para se construir um estudo de caso múltiplo bem-sucedido é que
este atenda a uma lógica de replicação (YIN, 2001, p. 68), e não a da amostragem, que
“exige o cômputo operacional do universo ou do grupo inteiro de respondentes em
potencial e, por conseguinte, o procedimento estatístico para se selecionar o subconjunto
especifico de respondentes que vão participar do levantamento.” (YIN, 2001, p. 70).
Como podemos perceber, Yin (2001) prevê táticas diferenciadas para cada tipo de estudo
de caso. Em relação ao estudo de caso único, o autor o recomenda quando este
representa o caso decisivo para testar uma teoria bem formulada, seja para confirmá-la,
seja para contestá-la, seja ainda para estender a teoria a outras situações de pesquisa.
Nessa situação, o caso único precisa satisfazer a todas as condições para testar a teoria.
[...] é um tipo de pesquisa social com base empírica que é concebida e realizada
em estreita associação com a ação ou com a resolução de um problema coletivo e
no qual os pesquisadores e participantes representativos da situação ou do
problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo.
Segundo Gil (2008, p. 55), “os levantamentos por amostragem desfrutam hoje de grande
popularidade entre os pesquisadores sociais, a ponto de muitas pessoas chegarem mesmo
a considerar pesquisa e levantamento social a mesma coisa.” Em realidade, o
levantamento social é um dos muitos tipos de pesquisa social que, como todos os outros,
apresenta vantagens e limitações.
Algumas das principais limitações dos levantamentos são: ênfase nos aspectos
perspectivos; pouca profundidade no estudo da estrutura e dos processos sociais; limitada
apreensão do processo de mudança.
Por último, antes que realizemos a coleta de dados, é preciso estabelecer as técnicas de
registro desses dados como também as técnicas que serão utilizadas em sua análise
posterior.
CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro Alcino. Metodologia Científica. 5. ed. São Paulo:
Prentice Hall, 2002.
COLLIS, Jill; HUSSEY, Roger. Pesquisa em administração: um guia prático para alunos
de graduação e pós-graduação. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2005.
GIL, Antônio C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2006.
MINAYO, M. C. de S. (Org.). et al. Pesquisa social: Teoria, método e criatividade. 30. ed.
Petrópolis, RJ: Vozes, 2011.
OLIVEIRA, Sílvio Luiz de. Metodologia científica aplicada ao direito. São Paulo:
Pioneira Thomson Learning, 2002.
POPPER, Karl S. A Lógica da pesquisa científica. 2. ed. São Paulo: Cultrix, 1975.
THIOLLENT, Michel. Metodologia da pesquisa-ação. 11. ed. São Paulo: Cortez, 2002.
YIN, R. K. Estudo de Caso: planejamento e métodos. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2001.