Bacias de Detenção
Bacias de Detenção
Bacias de Detenção
FEVEREIRO DE 2008
MESTRADO INTEGRADO EM ENGENHARIA CIVIL 2007/2008
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
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Aos meus Avós
"Não importa. Tenta outra vez. Erra outra vez. Erra melhor."
Samuel Beckett
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar quero agradecer ao Professor Doutor Adalberto França não só pela orientação desta
tese, mas também pelo incentivo, apoio, entusiasmo e disponibilidade que sempre concedeu.
À Professora Maria do Carmo da secção de matemática pelos esclarecimentos prestados, ao Professor
Paulo Monteiro e ao Engenheiro do Ambiente Pedro Teiga pelo material disponibilizado.
Agradeço aos meus colegas, amigos e funcionários da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
de quem recebi apoio, simpatia e amizade.
Um agradecimento muito especial ao Nuno Vieira, pela ajuda e apoio que me deu na execução deste
trabalho.
Aos meus pais, ao meu irmão e a toda a minha família.
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Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
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Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
RESUMO
O presente trabalho estuda os métodos de dimensionamento das bacias de retenção de águas pluviais,
quando aplicadas na função de diferimento dos caudais afluentes a uma passagem hidráulica já existente.
Visa-se, sobretudo, a elaboração de uma possível metodologia de dimensionamento destas bacias de
retenção a que subjaz preocupações ao nível do planeamento territorial. Assim, propõe-se que a bacia de
retenção seja construída nos próprios terrenos a urbanizar e, por isso, não necessariamente próximo da
passagem hidráulica (PH) que se pretende defender dos caudais excessivos. Em última análise, pretende-
se conceber uma solução em que o ónus dos custos de construção desse instrumento de retenção de
caudais seja imputado directamente aos que determinam a sua própria construção.
O ponto de partida para a elaboração desta metodologia é a descrição dos vários tipos de bacias de
retenção existentes, as suas multifuncionalidades e aplicações. São também analisadas as várias
abordagens ao dimensionamento de bacias de retenção de águas pluviais, estudados os principais factores
que contribuem para o incremento do escoamento na bacia e o respectivo efeito e apresentados os
critérios de dimensionamento hidrológico, hidráulico e estrutural da bacia de retenção.
Por último, é apresentado um caso de estudo demonstrativo do cálculo do volume de armazenamento, no
qual são ponderadas as diferentes variáveis que lhe estão inerentes: a altura de água a montante do orifício
de saída e as respectivas características físicas, entre outras.
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Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
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Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
ABSTRACT
The present work studies the dimensioning method for retention basins of rainwater whenever they are
applied to control the flows at the entrance of an already existing water culvert under a road. The main
idea is to establish one possible methodology for the dimensioning of these retention basins towards a
better urban planning. Indeed, the proposal is to build them at very same place where the new
urbanizations are going to grow instead of next to the water culvert that we wish to protect from these
excessive flows. In other words, it is aimed to design one solution where the construction’s costs of
these water retention instrument’s are charged directly to those that determine its own construction.
The first step was making the description of the several tips of retention basins, its functionalities and
applications. It was also analyzed different approaches towards the dimensioning of the retention
basins, studied the main factors that contribute to the speed increment of the flows and presented the
various criteria for the hydrologic, hydraulic and structural calculations.
Finally, it is presented one case-study demonstrative of water storage calculation’s where the several
variables were assembled and weighted: water height at upstream of the exit hole, as well as the exit
hole physical’s characteristics, among several others.
Key-Words: retention basins; urbanization; road’s water tunnel; hydrologic; hydraulic and structural
dimensioning.
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Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
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Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
ÍNDICE GERAL
Agradecimentos........................................................................................................................................ I
Resumo .................................................................................................................................................. III
Abstract ................................................................................................................................................... V
Índice geral ............................................................................................................................................ VII
1 Introdução ................................................................................................................................... 1
1.1 Objectivos do estudo ..................................................................................................... 2
1.2 Resumo estrutural da tese apresentada: ...................................................................... 2
2 Funcionamento das bacias de retenção .................................................................................... 3
2.1 Enquadramento Genérico ............................................................................................. 3
2.2 Funcionalidades ............................................................................................................ 3
2.2.1 Criação de espelho de água com interesse estético. ................................................... 3
2.2.2 Criação de pólos de interesse recreativo e turístico ..................................................... 4
2.2.3 Protecção do Ambiente ................................................................................................. 4
2.2.4 Redução dos riscos de inundação ................................................................................ 5
2.2.5 Evitar a remodelação da rede de drenagem de águas pluviais. ................................... 6
2.2.6 Diferir no tempo o acesso de caudais incompatíveis com as passagens hidráulicas
existentes.................................................................................................................................... 7
2.2.7 Criação de reservas de água para rega ........................................................................ 7
2.2.8 Criação de reservas de água para combate a incêndios .............................................. 8
3 Tipos de Bacias de Retenção..................................................................................................... 9
3.1 Classificação enquanto estrutura física......................................................................... 9
3.1.1 Bacias a céu aberto ....................................................................................................... 9
3.1.2 Bacias enterradas ........................................................................................................ 10
3.1.3 Bacias em série ........................................................................................................... 11
3.1.4 Bacias em paralelo ...................................................................................................... 11
3.1.5 Bacias secas ............................................................................................................... 12
3.1.6 Bacias com o nível de água permanente .................................................................... 13
3.1.7 Bacias com plantas aquáticas (macrófitos) ................................................................. 14
3.2 Classificação quanto à finalidade ................................................................................ 17
3.2.1 Natureza quantitativa ou hidráulica ............................................................................. 17
3.2.2 Natureza qualitativa ..................................................................................................... 17
3.3 Constituição física de uma bacia de retenção ............................................................ 18
3.4 Principais condicionantes e critérios de escolha ......................................................... 20
3.4.1 Bacia de retenção do tipo seca ................................................................................... 20
3.4.2 Bacia de retenção do tipo com água a nível permanente ........................................... 21
3.5 Bacias de retenção em zonas urbanas ....................................................................... 21
3.5.1 Bacias de retenção em zonas urbanas – dificuldades ................................................ 22
3.5.2 Integração paisagística da bacias a céu aberto .......................................................... 22
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Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 2.3 – Processo de tratamento biológico numa bacia de retenção (Lindenhurst 2007). .............. 5
Figura 2.6 – Bacia de retenção em zona industrial (Setafford Texas – E.U.A. 2007). ........................... 7
Figura 3.2 – Bacia de retenção e percolação de águas pluviais, capacidade 300l (Batiproduits 2007)10
Figura 3.3– Bacia de retenção em série (Mata Lima;Silva; Raminhos 2006). ...................................... 11
Figura 3.4– Bacia de retenção em paralelo (Mata Lima; Silva; Raminhos 2006). ................................ 11
Figura 3.5 – Hidrograma do escoamento afluente e efluente de uma bacia em série (JAE 1998). ..... 11
Figura 3.6 – Hidrograma do escoamento afluente e efluente de uma bacia em paralelo (JAE 1998). 12
Figura 3.7 – Bacia de retenção do tipo seca (Bernad 2007). ............................................................... 13
Figura 3.8 - Bacia de Retenção de caudais em cheia do tipo seca (Algueirão - Mem Martins - Concelho
de Sintra 2007). ..................................................................................................................................... 13
Figura 3.9 – Bacia de retenção do tipo com água a nível permanente (Oslonki - Polonia 2007). ....... 14
Figura 3.10 - Bacia de retenção com macrófitos de livre flutuação à superfície da água (Veríssimo Dias
2003). .................................................................................................................................................... 14
Figura 3.11 - Bacia de retenção com macrófitos com folhas flutuantes (Veríssimo Dias 2003). ........ 15
Figura 3.12 - Bacia de retenção com macrófitos submersos (Veríssimo Dias 2003). ......................... 15
Figura 3.13 - Bacias de retenção com a superfície da água livre (Veríssimo Dias 2003). .................. 15
Figura 3.14 - Bacias de retenção com tapetes de macrófitos emergentes (Veríssimo Dias 2003). .... 15
Figura 3.15 - Bacias de retenção com sub-superfície de fluxo; 1- zona de distribuição da água repleta de
grandes pedras; 2 – base impermeável; 3 – zona média com cascalho ou pedras esmagadas; 4 –
vegetação; 5 – nível de água no leito; 6 – zona de recolha da água, repleta de pedras de grandes
dimensões; 7 – tubo de drenagem; 8 – estrutura eléctrica para manutenção do nível de água no leito. As
setas indicam apenas o fluxo padrão (Veríssimo Dias 2003). ............................................................. 16
Figura 3.16 – Bacia de retenção do tipo seca. ...................................................................................... 19
Figura 3.17 – Bacia de retenção do tipo com nível de água permanente. ........................................... 19
Figura 3.18 – Bacia de retenção do tipo seca (Lambet - St. Louis - E.U.A., 2007). ............................. 20
Figura 3.19 – Bacia de retenção do tipo com água a nível permanente (Marathon Couty Landfill 2007).
............................................................................................................................................................... 20
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Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
Figura 3.20 – Bacia de retenção em construção (Camdencouty M.U.A. – E.U.A. 2007). .................... 23
Figura 3.21 – Bacia de retenção após a construção (Camdencouty M.U.A. – E.U.A. 2007). .............. 23
Figura 5.4 – Factor correctivo do tempo de atraso relativo à melhoria das condições hidráulicas do
escoamento (Correia 1984). .................................................................................................................. 43
Figura 5.5 – Factor correctivo do tempo de atraso relativo à percentagem de área impermeável (Correia
1984) ...................................................................................................................................................... 43
Figura 5.6 – Velocidade de escoamento superficial para diversos declives e coberturas de solo, segundo
o SCS (adaptado de Hammer e Mackichan, 1981, in Lencastre e Franco, 1992). .............................. 45
Figura 6.1– Aqueduto tipo. Simbologia utilizada (Martins 2000). .......................................................... 63
Figura 7.9 – Bacia hidrográfica já com zonas urbanizadas (1 e 2) quando uma nova área 3 vai ser
impermeabilizada. .................................................................................................................................. 83
Figura 7.10 – Área de influência da bacia de retenção 3 quando existe a área 2 já impermeabilizada.84
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Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
Figura 7.11 – Isócronas na bacia hidrográfica urbanizada sem obstrução da linha de água. ............. 87
Figura 7.12 – Bacia hidrográfica antes da nova urbanização. .............................................................. 87
Figura 7.14 – Isócronas na bacia hidrográfica urbanizada com afectação da linha de água. .............. 88
Figura 7.15 - Bacia hidrográfica depois da impermeabilização afectando a linha de água principal. .. 89
Figura 7.16 – Volume a armazenar nas situações em que o tempo de concentração não é influenciado
pela urbanização (hipótese de não existir alteração do tempo de concentração)................................ 90
Figura 7.17 – Volume a armazenar nas situações em que o tempo de concentração é influenciado pela
urbanização. .......................................................................................................................................... 90
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Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
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Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
ÍNDICE DE GRÁFICOS
Gráfico 4.2 – Características do escoamento originado por uma precipitação uniforme numa bacia
arredondada (Ribeiro 1987). ................................................................................................................. 31
Gráfico 4.3 – Características do escoamento originado por uma precipitação uniforme numa bacia
ramificada ou radial (Ribeiro 1987). ...................................................................................................... 31
Gráfico 4.4 - Características da vazão da bacia de acordo com a permeabilidade do solo (Ribeiro 1987).
............................................................................................................................................................... 32
Gráfico 5.1 - Variação do Risco (r) em relação ao intervalo de tempo em que o caudal é excedido (C).52
Gráfico 5.2 – Período de Retorno. Critérios económicos. (Junta Auntónoma de Estradas - Direcção de
Serviços e Projectos Agosto 1998). ...................................................................................................... 52
Gráfico 6.1 – Coeficiente de vazão para escoamentos dos tipos I, II e III. Estrutura de entrada com
bordos em aresta viva (adaptado de Bodhaine 1976). ......................................................................... 68
Gráfico 6.2 – Aqueduto com os bordos de entrada arredondados. Correcções ao coeficiente de vazão
(adaptado de Bodhaine 1976). .............................................................................................................. 68
Gráfico 6.3 – Aqueduto com os bordos de entrada bisel. Correcções ao coeficiente de vazão (adaptado
de Bodhaine 1976). ............................................................................................................................... 68
Gráfico 7.2 – Resultados obtidos automaticamente relativamente ao caudal de entrada e saída da bacia
de retenção............................................................................................................................................ 97
Gráfico 7.4 – Resultados obtidos automaticamente relativamente ao à altura do nível da água na bacia
de retenção............................................................................................................................................ 97
Gráfico 7.5 - Resultados obtidos automaticamente relativamente ao caudal de entrada e saída da bacia
de retenção.......................................................................................................................................... 100
Gráfico 7.6 – Resultados obtidos automaticamente relativamente ao volume da bacia de retenção. 100
Gráfico 7.7 – Resultados obtidos automaticamente relativamente à altura de água na bacia de retenção.
............................................................................................................................................................. 100
Gráfico 7.8 – Volume específico armazenado. ................................................................................... 104
Gráfico 8.1 – Variação do caudal devido à mudança do coeficiente de escoamento de 0,2 para 0,8.108
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Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
Gráfico 8.2 – Variação do caudal devido à mudança do coeficiente de escoamento de 0,2 para 0,4.109
Gráfico 8.3 – Variação do caudal devido à mudança do coeficiente de escoamento de 0,2 para 0,4 em
toda a área da bacia hidrográfica. ....................................................................................................... 109
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Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
ÍNDICE DE QUADROS
Quadro 4.2– Tipo de Precipitações apresentado por Humphreys (Ribeiro 1987). ............................... 35
Quadro 5.1– Valores de µ em função do grau de urbanização(Junta Auntónoma de Estradas - Direcção
de Serviços e Projectos Agosto 1998). ................................................................................................. 41
Quadro 5.3 – Velocidades médias aproximadas de escoamento superficial (m/S) (adaptado de Chow e
tal, 1998)................................................................................................................................................ 45
Quadro 5.4 – Número de escoamento para regiões urbanas, suburbanas e agrícolas (Correia 1984).47
Quadro 5.5 – Número de escoamento para regiões rurais (Correia 1984). ......................................... 48
Quadro 5.6 – Definição das condições antecedentes de humidade (Correia 1984). ........................... 49
Quadro 5.7 – Condição de antecedente de humidade em função da precipitação total nos cinco
antecedentes (Correia 1984)................................................................................................................. 49
Quadro 5.9 – Valores de P1 (Junta Auntónoma de Estradas - Direcção de Serviços e Projectos Agosto
1998). .................................................................................................................................................... 53
Quadro 5.10 – Valores de P2 (Junta Auntónoma de Estradas - Direcção de Serviços e Projectos Agosto
1998). .................................................................................................................................................... 54
Quadro 5.11 – Valores de P3 (Junta Auntónoma de Estradas - Direcção de Serviços e Projectos Agosto
1998). .................................................................................................................................................... 54
Quadro 5.12 – Período de retorno mínimo a adoptar nas passagens hidráulicas (Junta Auntónoma de
Estradas - Direcção de Serviços e Projectos Agosto 1998). ................................................................ 54
Quadro 5.13 – Valores médios do coeficiente C da fórmula racional para áreas urbanas (Chow 1964).55
Quadro 5.14 – Valores médios do coeficiente C da fórmula racional em áreas agrícolas (Chow 1964).56
Quadro 5.15 – Coeficiente de escoamento a utilizar no método racional (adaptado de Coupas, 1995).57
Quadro 5.16– Coeficiente de ajustamento em função do período de retorno (Chow 1964). ............... 60
Quadro 6.1 – Características dos diferentes tipos de dispositivos (Junta Auntónoma de Estradas -
Direcção de Serviços e Projectos Agosto 1998). .................................................................................. 61
Quadro 6.2 – Tipos de escoamento através de aquedutos (adaptado de Bodhaine 1976 e de Feanche
1986). .................................................................................................................................................... 63
Quadro 6.3 – Coeficiente de vazão. Escoamento tipo V. (adaptado do Bodhaine 1976 e de Frenche
1986). .................................................................................................................................................... 69
Quadro 6.4 – Escoamentos tipo IV e VI. Coeficiente de vazão (adaptado de Bodhaine, 1976). ......... 69
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Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
Quadro A.1.1 – Parâmetros das curvas I-D-F (adaptado Matos e Silva, 1986).................................. 115
Quadro A.1.2- Parâmetros de curvas IDF estabelecidos com base em precipitações intensas registadas
em postos udográficos do Continente.(Rodrigues 1998). ................................................................... 116
Quadro A.1.3- Parâmetros de curvas IDF estabelecidos com base em precipitações intensas registadas
em postos udográficos do Continente.(Rodrigues 1998) .................................................................... 117
Quadro A.1.4- Parâmetros de curvas IDF estabelecidos com base em precipitações intensas registadas
em postos udográficos do Continente.(Rodrigues 1998) .................................................................... 118
xviii
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
ÍNDICE DE ESQUEMAS
Esquema 3.1– Classificação das bacias de retenção enquanto Estrutura Física. .................................. 9
xix
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
xx
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
SIMBOLOGIA
C – coeficiente de escoamento
CD – coeficiente de vazão
CN – número de escoamento segundo o SCS
CNi – número de escoamento segundo SCS para a sub-área i de uma bacia hidrográfica
hc – altura critica
h1 – altura da conduta
I – intensidade de precipitação
P – precipitação total
xxi
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
Pu – precipitação útil
qe – caudal afluente
Q’ – caudal de projecto
R - raio hidráulico
tc – tempo de concentração
td – tempo de duração da chuvada
Ve – volume afluente
Vs – volume efluente
Y – risco
α1 - coeficiente de Coriolis
ρ - massa específica
SIGLAS USADAS
PH – Passagem Hidráulica
I-D-F - Curvas intensidade – duração – frequência
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Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
1
1 Introdução
1
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
movimento de terra), por se tratar de uma zona protegida, etc., implica a previsão destas na interface
das áreas urbanas vindouras, recentes ou antigas.
As bacias de retenção em si constituem um mecanismo de controlo, regularização e armazenamento
das águas pluviais da bacia hidrográfica, questão que permite a restituição total ou parcial das águas a
jusante com caudais compatíveis com os diâmetros das redes antigas. Para além deste efeito de
amortecimento dos caudais de ponta, estas servem um outro propósito: o da resolução dos problemas
relacionados com a ausência de pluviosidade. De facto a capacidade de armazenamento das águas
pluviais permite a resolução de duas situações extremas e antagónicas: as cheias e as secas. Por último,
se se tratar a água colectada, esta poderá ter um campo de aplicação bastante amplo e muito útil.
2
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
2
2 Funcionamento das bacias de
retenção
2.2 FUNCIONALIDADES
2.2.1 CRIAÇÃO DE ESPELHO DE ÁGUA COM INTERESSE ESTÉTICO.
Esta função das bacias de retenção torna a sua aplicação do agrado dos arquitectos e dos urbanistas
tanto para obras públicas como para obras privadas. Muitos dos pequenos e grandes lagos existentes
em parques, jardins e praças em cidades reúnem condições para funcionarem como bacias de retenção.
3
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
4
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
Figura 2.3 – Processo de tratamento biológico numa bacia de retenção (Lindenhurst 2007).
5
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
6
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
capacidade dos colectores ao longo de todo o seu trajecto dentro da cidade até um local onde o seu
efeito não atinja a população.
As bacias de retenção permitem evitar obras de remodelação ou de reforço da rede de drenagem de
água pluviais em zonas onde estas se encontram subdimensionadas. O absurdo destes projectos leva a
custos insustentáveis, sendo a utilização de bacias de retenção, uma das possíveis soluções para evitar
a substituição da rede colectora a jusante.
As bacias de retenção permitem evitar que sejam ultrapassados os limites da capacidade de vazão das
passagens hidráulicas, modificando os caudais efluentes suplementares em variações de altura de água
na bacia de retenção.
Figura 2.6 – Bacia de retenção em zona industrial (Setafford Texas – E.U.A. 2007).
7
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
8
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
3
3 Tipos de Bacias de Retenção
Bacias enterradas
Bacias em série
Quanto ao seu posicionamento
Classificação das Bacias de relativamente ao colector ou
Retenção enquanto estrutura canal de drenagem principal
física Bacias em paralelo
Bacias secas
9
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
fisiografia favorável, através de uma pequena barragem ou açude, ou de zonas em depressão natural
com solos de resistência e características adequadas.
A sua aplicação é feita numa abordagem integrada de drenagem pluvial de infra-estruturas rodoviária.
Este tipo de bacias está, geralmente ligadas a preocupações de integração paisagística e de valorização
de áreas de lazer e tempos recreativos.
Figura 3.2 – Bacia de retenção e percolação de águas pluviais, capacidade 300l (Batiproduits 2007)
10
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
Figura 3.4– Bacia de retenção em paralelo (Mata Lima; Silva; Raminhos 2006).
2006)
Normalmente estas bacias são de menor dimensão e exigem menores custos de manutenção por serem
menos afectadas pela cumulação de sedimentos.
Figura 3.5 – Hidrograma do escoamento afluente e efluente de uma bacia em série (JAE 1998).
11
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
Figura 3.6 – Hidrograma do escoamento afluente e efluente de uma bacia em paralelo (JAE 1998).
1998)
Os hidrogramas de escoamento de entrada e de saída são distintos nos dois tipos de bacias.
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Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
Figura 3.8 - Bacia de Retenção de caudais em cheia do tipo seca (Algueirão - Mem Martins - Concelho de Sintra
2007).
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Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
Figura 3.9 – Bacia de retenção do tipo com água a nível permanente (Oslonki - Polonia 2007).
Figura 3.10 - Bacia de retenção com macrófitos de livre flutuação à superfície da água (Veríssimo Dias 2003).
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Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
Figura 3.11 - Bacia de retenção com macrófitos com folhas flutuantes (Veríssimo Dias 2003).
Figura 3.12 - Bacia de retenção com macrófitos submersos (Veríssimo Dias 2003).
Figura 3.13 - Bacias de retenção com a superfície da água livre (Veríssimo Dias 2003).
Figura 3.14 - Bacias de retenção com tapetes de macrófitos emergentes (Veríssimo Dias 2003).
15
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
Figura 3.15 - Bacias de retenção com sub-superfície de fluxo; 1- zona de distribuição da água repleta de grandes
pedras; 2 – base impermeável; 3 – zona média com cascalho ou pedras esmagadas; 4 – vegetação; 5 – nível de
água no leito; 6 – zona de recolha da água, repleta de pedras de grandes dimensões; 7 – tubo de drenagem; 8 –
estrutura eléctrica para manutenção do nível de água no leito. As setas indicam apenas o fluxo padrão (Veríssimo
Dias 2003).
Graficamente verifica-se que a capacidade dos macrófitos amortecer o caudal de saída aumenta com o
decorrer do tempo, pois o caudal máximo aos 51 dias é muito inferior ao caudal máximo dos 12 dias.
16
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
Natureza quantitativa ou
hidráulica
Classificação quanto à
finalidade da bacia de
retenção
Natureza qualitativa
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Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
Bacia de retenção
Dispositivos de segurança ou
Corpo da bacia Dique de jusante de descarga em condições
excepcionais
Dispositivos de descarga em
condições normais
Em termos geométricos nas bacias secas o fundo deverá ser construído com uma inclinação de 5% ou
superior, para evitar a formação de zonas pantanosas, enquanto que, para os taludes das bermas é
aconselhável a adopção de inclinações máximas de 1/6 ou 1/2, nos casos de acessibilidade ou não
acessibilidade ao público, respectivamente.
18
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
Em termos geométricos, nas bacias com nível de água permanente é recomendável a existência de uma
altura de água de 1,5 metros em tempo seco, para evitar o desenvolvimento de plantas aquáticas e para
assegurar a vida piscícola. Se a bacia esta integrada numa zona acessível ao público, convêm assegurar
uma gama de variação do nível de água com limite de 0,5 metros, para precipitação de período de
retorno escolhido, e assegurar um tratamento conveniente das bermas, incluindo, designadamente:
• Um talude relvado de pequena inclinação (inferior a 1/6);
• um paramento vertical de 0,75 metros (ao longo do qual se exercem as variações de nível da
superfície);
• uma passagem horizontal, de 2 a 4 metros de largura, no fim do paramento vertical,
essencialmente por questões de segurança.
19
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
Figura 3.18 – Bacia de retenção do tipo seca (Lambet - St. Louis - E.U.A., 2007).
2007)
Figura 3.19 – Bacia de retenção do tipo com água a nível permanente (Marathon Couty Landfill 2007).
2007)
A opção do tipo de bacia de retenção a utilizar, particularmente entre a bacia do tipo seca e a do tipo
com água permanente, sujeita-se se a vários factores, nomeadamente efeitos do ponto de vista hidráulico
e ambiental, volumes de armazenagem mínimos necessários, utilização em termos de integração
paisagística, acessibilidades, custos, etc., mas existem
existem condicionantes fundamentais, tanto do ponto de
vista geológico e hidrológico, que decorrem daa caracterização do solo e permite estudar as variações
do nível freático no local onde se prevê a instalação da bacia.
20
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
Razões:
•custo do terreno elevado;
•área de reseva ecológica;
•área de reserva histórica;
Impossiblidade de •área de reserva ambiental;
Bacias de Retenção na
expropriação de •terreno com difícil construção
de uma bacia elevando o seu zona urbanizada ou
terreno na zona da
custo; urbanizar!!!
P.H.
•difícil negociação com os
proprietáriosdos do terreno;
•forte ocupação urbana na área
vizinha da PH
•etc.
21
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
22
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
Figura 3.21 – Bacia de retenção após a construção (Camdencouty M.U.A. – E.U.A. 2007).
Todo o projecto assim como a concepção das bacias, prevê uma abordagem metodológica de acordo
com as seguintes etapas sequenciadas:
23
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
• Esta etapa pressupõe a conjugação dos aspectos técnicos definidos anteriormente com outros, não
menos importantes ,de natureza ambiental, integração paisagística e exequibilidade sócio-
sócio
económica. Procura
Procura-se
se conciliar os pontos de ocorrência de maiores caudais e volumes de
Identificação escoamento pluvial com os pontos baixos e áreas de depressão natural, por forma a aproveitar ao
preliminar dos locais máximo as condições naturais de armazenamento e de escoamento gravítico, tendo em atenção,
se possível, os aspectos de valorização da paisagem e possiblidade de criação de espaços de lazer.
potenciais de
implantação das bacias
de retenção
• Esta fase tém o objectivo estimar o volume necessário a reter tendo em conta a precipitação de
determinado periodo de retorno, por forma a restituir a jusante um caudal que não ultrapasse um
valor pré
pré-definido.
Dimensionamento
hidráulico
• Nesta fase a forma e secção da bacia será definida de acordo com o volume de água calculado, com
o espaço disponível e outras condicionantes pré
pré-estabelecidas.
Dimensionamento da
secção e forma da
bacia
24
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
25
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
26
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
4
4 Revisão de Noções de Hidrologia
4.1 DEFINIÇÃO
A hidrologia, resumidamente, é a ciência que estuda o ciclo da água na natureza, bem como a
evolução da mesma sobre a terra, debaixo do solo e na atmosfera, nos seus três estados: sólido, líquido
e gasoso (Rémeniéras 1972).
27
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
Neste ciclo a água experimenta os três estados da matéria (sólido, líquido e gasoso) o que implica que
existam transferências contínuas de água de um estado para outro; este percurso fechado é o fenómeno
que permite que a água passe do globo terrestre para a atmosfera.
A água da evapotranspiração (nome científico dado ao vapor de água obtido da transpiração das
plantas e da evaporação) atinge um certo nível da atmosfera onde se condensa, formando as nuvens.
Nas nuvens, a condensação dá origem às gotículas, que permanecem em suspensão na atmosfera.
Estas gotículas, sob certas condições, agregam-se abastecendo gotas maiores que se precipitam, ou
seja, chove. A chuva pode seguir dois caminhos, ela pode infiltrar-se e formar um aquífero ou um
lençol freático ou pode simplesmente escoar superficialmente até chegar a um rio, lago ou oceano,
onde o ciclo continua.
Escorrimento Evaporação
Evaporação
sobre o solo
Penetração sobre o
subsolo (infiltração) Evaporação Enxurro sobre a superfície do solo
(escoamento de água superficial,
riachos, torrentes)
Evaporação
Na
Na vegetação
vegetação Percolação
Água ascendente por
capilaridade (camadas
aquíferas
subterrâneas)
Retenção pelo
processo evolutivo
Evaporação
Evaporação
(transpiração) Enxurro sobre a
Evaporação superfície do solo
Evaporação
28
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
29
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
Uma chuvada intensa em toda a extensão da bacia vai reflectir-se no caudal próximo da foz por um
aumento rápido inicial, seguido de um longo período de caudal elevado, estacionário, para depois
voltar a descer à normalidade.
Gráfico 4.1 - Características do escoamento originado por uma precipitação uniforme numa bacia alongada (Ribeiro
1987)
2) Bacia arredondada
Neste caso as várias linhas de água têm sensivelmente igual importância no que respeita á sua união
num emissário relativamente curto.
30
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
A cheia verificada neste tipo de bacia, é de crescimento, não só rápido, como pronunciado.
Gráfico 4.2 – Características do escoamento originado por uma precipitação uniforme numa bacia arredondada
(Ribeiro 1987).
Neste caso uma precipitação estendida em toda a bacia origina cheias nas bacias parciais que se vão
somando, mas não simultaneamente, no troço comum. Verifica-se então, que a cheia crescerá,
estacionará ou diminuirá consoante se vão sentindo as contribuições das diferentes bacias parciais.
Gráfico 4.3 – Características do escoamento originado por uma precipitação uniforme numa bacia ramificada ou
radial (Ribeiro 1987).
31
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
Gráfico 4.4 - Características da vazão da bacia de acordo com a permeabilidade do solo (Ribeiro 1987).
As bacias impermeáveis, quando afectadas por uma precipitação, dão origem a um escoamento
superficial com elevada ponta, que se verifica muito próximo do início da precipitação.
Contrariamente as bacias permeáveis dão origem a um escoamento superficial de forma achatada em
que a sua ponta máxima é bastante retardada em relação ao inicio da precipitação.
O conhecimento da existência e localização de toalhas e cursos de água subterrâneos é de extrema
importância dada a influência que podem ter, quer na alimentação de outros cursos de água, quer na
retenção de águas infiltradas
32
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
4.3.9 DECLIVE
A velocidade de escoamento depende da declividade da bacia. Quanto maior a declividade, maior será
a velocidade de escoamento.
A declividade média de um curso de água é calculada entre dois pontos, dividindo diferença e
elevação do leito pela extensão horizontal do curso de água entre esses dois pontos.
A precipitação, p, é definida como a espessura, medida na vertical, de uma lâmina de água que se
líquido (chuva), quer no estado sólido (neve e o granizo) e ainda a geada.
33
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
••são
são causadas por correntes de ar quente, que subitamente atravessam
Precipitação por uma zona de temperatura mais baixa provocando a condensação do
vapor.
convecçao térmica •
•normalmente são chuvadas intensas e de curta duração.
••são
são causadas por condensaçao do vapor de água transportado por
Precipitações correntes de ar, que ao encontrarem uma cadeia montanhosa na sua
trajectória, ascendem e arrefecem.
orográficas •são irregulares em intensidade e localização e são de longa duração.
•são
1 1/^2 10000/ ! 10
1
34
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
Tempestade muito
100 3,00 8,0
violenta
4.4.3 INTENSIDADE
A intensidade média de uma precipitação, i, num intervalo de tempo, ∆t, é definida pela seguinte
razão:
∆'
∆(
(4.1)
35
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
) *(+, () (4.2)
No caso da curva hiperbólica, os valores dos parâmetros a e b têm de ser calculados recorrendo aos
D.R. nº 23/95 de 23 Agosto apenas se aplicam à curva exponencial e quando o t não excede os 120
registos do Sistema Nacional de Informação dos Recursos Hídricos (SNIRH), pois as curvas I-D-F do
minutos.
O uso do das curvas I-D-F do D.R. nº 23/95 de 23 Agosto não é aplicável em grandes bacias
hidrográficas ou quando o dimensionamento pretende ser mais rigoroso. Nestas situações, mesmo
usando a curva exponencial, é necessário recorrer aos registos do SNIRH e tratar estatisticamente os
valores da precipitação.
36
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
Intensidade [I]
Esta expressão pode ser transformada por aplicação logarítimica numa relação linear.
Através desta relação linear, podem ser calculados pelo método dos mínimos quadrados, os
parâmetros que definem essa recta (b e log a). Daqui a consequentemente os valores dos parâmetros
pretendidos a e b.
!(+)
4.4.4.2 Curva Hiperbólica
)
( + 4(+)
(4.5)
Intensidade [I]
37
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
1 4
) ×(+
! !
(4.6)
38
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
5
5 Cálculo Hidrológico
5.1.1 ISÓCRONAS
As Isócronas são curvas a que corresponde igual tempo de chegada da água ai precipitada. A Figura
5.1 representa um conjunto de isócronas numa bacia hidrográfica.
O hidrograma gerado numa secção em estudo da bacia hidrográfica, terá a forma das distribuições das
áreas entre as isócronas, denominado histograma tempo-área conforme, o Figura 5.2.
39
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
O tempo de concentração é uma característica de cada bacia hidrográfica, sendo independente das
características da chuvada. É usado no cálculo do caudal de ponta de cheia quando aplicado em
expressões cinemáticas, que têm como base as características do movimento da água na bacia
hidrográfica.
São aqui apresentados algumas expressões para a sua determinação, mas só uma é usada na
metodologia apresentada nesta dissertação; não se pretende dizer que as outras fórmulas de cálculo
não possam ser utilizadas mas a escolha da expressão a usar no cálculo do tempo de concentração
deve ir ao encontro das necessidades do projectista.
As expressões expostas são:
• Fórmula de Témez;
• expressão U.S. Soil Conservation Service;
• método baseado na velocidade do escoamento superficial;
• fórmula de Ventura.
Como o sobredimensionamento não é economicamente viável, de forma a evitar a sua possível
ocorrência no cálculo da intensidade média bacia hidrográfica, Debo e Reese (1995) e U.S.
40
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
Department of Transpotation (1997) referem que, no cálculo do caudal de ponta de cheia não deve ser
considerado um tempo de concentração inferior a cinco minutos.
Esta recomendação justifica-se pelo facto de as curvas I-D-F serem deduzidas a partir de leituras
retiradas dos udogramas e nestes não ser possível leituras correspondentes a tempos demasiado longos.
(;
No caso de bacias do tipo urbano:
(;F
1 + 3GH(2 − H)
(5.2)
(; [ℎ]: Tempo de concentração de uma bacia rural com igual forma e dimensão;
H[ ]: parâmetro que relaciona a superfície impermeabilizada pela ocupação urbana com a superfície
total da bacia. No Quadro 5.1 são indicados valores destes coeficientes para diferentes tipologias de
ocupação de solo.
Grau de Urbanização µ
41
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
(; 1,67(N (5.3)
0 (0,03937Q>R + 1)
=?,P ?,B
(N
734,43>0
?,@ (5.4)
25400
Q>R U X − 254
VW
(5.5)
Para bacias mistas, isto é, com uma das partes rural e a outra urbana, CORREIA (1984) propõe que a
utilização do valor do tempo de atraso obtido pela expressão (5.4), multiplicado por dois factores
correctivos, obtidos a partir dos gráficos que se seguem.
42
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
O primeiro factor, relativo à percentagem da extensão da linha de água impermeabilizada, está então
relacionado com melhoramento das condições de escoamento. Este factor é obtido a partir do Figura
5.4.
Percentagem do comprimento da linha de
Figura 5.4 – Factor correctivo do tempo de atraso relativo à melhoria das condições hidráulicas do escoamento
(Correia 1984).
O segundo factor é relativo à percentagem de área impermeabilizada em relação à área total da bacia
hidrográfica. Este factor é obtido a partir do Figura 5.5.
Área impermeável (%)
Figura 5.5 – Factor correctivo do tempo de atraso relativo à percentagem de área impermeável (Correia 1984)
A solução obtida através dos factores correctivos mostra-se bastante adequada na definição do valor
do tempo de atraso em bacias parcialmente urbanizadas.
43
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
O tempo de concentração calcula-se então pelo somatório dos tempos de percurso correspondentes aos
diferentes troços, e é definida da seguinte forma:
=Z
> >
(; Y (;Z Y < A
60[Z
Z\6 Z\6
(5.6)
A velocidade do troço j, de acordo com HDS 2 (1996), pode ser estimada através da seguinte
expressão empírica:
[Z _>Z
?,@
(5.7)
K[ ]: Factores correctivos considerando o tipo de cobertura do solo. Estes factores estão expostos no
Quadro 5.2.
Cobertura do solo K
Pastagens 0,213
44
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
No Quadro 5.3 e no Figura 5.6 que se seguem apresenta-se outra forma para estimar a velocidade de
escoamento superficial na rede hidrográfica da bacia, em função do declive e da cobertura do solo.
0-3 4-7 8 - 11 12 - 15
Escoamento em canal:
Canal natural mal definido 0 -0,6 0,6 – 1,2 1,2 – 2,1 2,1
Canal bem definido Calculado por uma fórmula de regime uniforme (e.g.
Manning - Strickler)
Quadro 5.3 – Velocidades médias aproximadas de escoamento superficial (m/S) (adaptado de Chow e tal, 1998).
Figura 5.6 – Velocidade de escoamento superficial para diversos declives e coberturas de solo, segundo o SCS
(adaptado de Hammer e Mackichan, 1981, in Lencastre e Franco, 1992).
45
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
Da mesma forma que no outro processo de cálculo das velocidades médias, a rede hidrográfica deve
ser dividida em troços de características homogéneas.
`= ?,@
(; 240 U X
∆ℎ
(5.8)
A Brisa (1988) refere que esta fórmula apenas se aplica em bacias naturais com tempos de
concentração superiores a 5 minutos.
5.2 CÁLCULO DO CN
Toda a metodologia do. S. Soil Conservation Service (SCS), é baseado fundamentalmente um
parâmetro que procura descrever o tipo de solo, a sua utilização e condição de superfície no que diz
respeito à potencialidade de gerar escoamento superficial. Este parâmetro é representado por CN
(curve number) que significa curva número.
O número de escoamento CN descreve a potencialidade da bacia hidrográfica gerar escoamento
superficial, e está compreendido entro 0 e 100, consoante a bacia possua solos com elevada
condutividade hidráulica ou seja totalmente impermeável, respectivamente.
A partir da análise de numerosas bacias foi possível ao SCS, tabelar os valores de CN para diversos
tipos de solos de acordo com as suas utilizações e condições de superfície. Estes valores constam no
Quadro 5.4 para regiões urbanas, suburbanas e agrícolas e para regiões rurais no Quadro 5.5.
A B C D
Zonas cultivadas:
Pastagens ou baldios:
Em más condições 68 79 86 89
46
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
Em boas condições 39 61 74 80
Boa cobertura 25 55 70 77
Zonas residenciais:
<500 m
2
65% 77 85 90 92
2
1000 m 38% 61 75 83 87
2
1300 m 30% 57 72 81 86
2
2000 m 25% 54 70 80 85
2
4000 m 20% 51 68 79 84
Arruamentos e estradas:
Gravilha 76 85 89 91
Terra 72 82 87 89
Quadro 5.4 – Número de escoamento para regiões urbanas, suburbanas e agrícolas (Correia 1984).
Solo lavrado 77 86 91 94
47
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
Pastagens Pobre 68 79 86 89
Normal 49 69 79 84
Boa 39 61 74 80
Pavimento impermeável 74 84 90 92
Normal 36 60 73 79
48
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
No caso em que a bacia hidrográfica em estudo se enquadre nas condições das situações AMCI e
AMCII os valores de CN dos Quadro 5.4 e Quadro 5.5 devem ser corrigidos, só assim os valores estão
aptos para se efectuar cálculos para situações antecedentes particularmente secas ou particularmente
húmidas.
13 a 28 36 a 53 AMCII
Quadro 5.7 – Condição de antecedente de humidade em função da precipitação total nos cinco antecedentes
(Correia 1984).
No Quadro 5.8 são apresentados os valores dos números de escoamento, em situações particularmente
secas (AMCI) e em situações particularmente húmidas, propicias à formação de maiores cheias
(AMCIII), obtidos a partir dos valores correspondentes à situação média (AMCII)
A classificação de cada uma destas situações consta no Quadro 5.6 e no Quadro 5.7 têm por base o
valor da precipitação total ocorrida nos cinco dias antecedentes à chuvada do projecto.
49
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
95 87 98
90 78 96
85 70 94
80 63 91
75 57 88
70 51 85
65 45 82
60 40 78
55 35 74
50 31 70
45 26 65
40 22 60
35 18 55
30 15 50
25 12 43
20 9 37
15 6 30
10 4 22
5 2 13
Quadro 5.8 – Correcção do número de escoamento em função da condição antecedente de humidade (adaptado
de SCS, 1973).
Em bacias hidrográficas em que o tipo de solo e as condições de utilização ou cobertura do solo forem
heterogéneas, o numero de escoamento a considerar no projecto, deve ser igual à média ponderada dos
números de escoamento correspondentes a varias zonas em que se pode dividir a bacia e nas quais
existe uma certa homogeneidade desses factores.
Nesta situação o cálculo do CN é da seguinte forma:
∑>
Z\6 VWZ `Z
VW
∑>
Z\6 `Z
50
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
1
+
*
(5.9)
*[ ]: Frequência da chuvada.
Com:
5.3.1 RISCO
Interessa referir que existe o risco de que o caudal associado a um certo período de retorno T, seja
excedido, mais do que uma vez, durante esse período. O conceito de risco representa assim a
probabilidade de que um caudal correspondente a um determinado período de retorno ser excedido
num certo intervalo de tempo. A expressão que representa esse risco é a seguinte:
1 e
b 1 − c1 − U Xd
+
(5.10)
Com:
r(%): Risco;
T (anos): Período de retorno;
C (anos): Prazo.
51
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
100%
Risco(r)
90%
80%
70%
60% T= 10
50% anos
40% T= 20
30% anos
20%
10%
0%
Intervalo de tempo em que o caudal é excedido (C)
Gráfico 5.1 - Variação do Risco (r) em relação ao intervalo de tempo em que o caudal é excedido (C).
Custo do
Investimento
Custo Médio
dos Prejuizos
Custo Total
Caudal de Projecto
Gráfico 5.2 – Período de Retorno. Critérios económicos. (Junta Auntónoma de Estradas - Direcção de Serviços e
Projectos Agosto 1998).
52
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
O peso (P) atribuir a cada um dos parâmetros referidos, varia entre 0 e 2 e estão especificados nos
quadros que se seguem.
Importância da Via P1
250
Estradas Nacionais, Estradas Regionais e Estradas Municipais com TMDA> 1,0
Quadro 5.9 – Valores de P1 (Junta Auntónoma de Estradas - Direcção de Serviços e Projectos Agosto 1998).
53
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
Quadro 5.10 – Valores de P2 (Junta Auntónoma de Estradas - Direcção de Serviços e Projectos Agosto 1998).
Baixos 0,5
Médios 1,0
Elevados 2,0
Quadro 5.11 – Valores de P3 (Junta Auntónoma de Estradas - Direcção de Serviços e Projectos Agosto 1998).
I = 1,5 20 a 25
I = 2,0 50
Quadro 5.12 – Período de retorno mínimo a adoptar nas passagens hidráulicas (Junta Auntónoma de Estradas -
Direcção de Serviços e Projectos Agosto 1998).
Deste modo, o período de retorno relaciona-se com a intensidade de precipitação, na condição em que
entra no seu cálculo. Será de esperar que quanto maior o período de retorno maior seja a intensidade
de precipitação que nele se verifica, estatisticamente, uma só vez.
54
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
A difusão na propagação de uma onda de cheia é tanto mais importante quanto menor é o declive do
terreno, se este último for nulo (terreno plano) a difusão é, do ponto de vista teórico, o único efeito
presente.
No uso do método racional para o cálculo do caudal de ponta de cheia, aplicam-se os coeficientes de
escoamento apresentados nos quadros que se seguem.
Zonas verdes:
Zonas comerciais:
Zonas residenciais
Zonas industriais
Ruas e estradas
Quadro 5.13 – Valores médios do coeficiente C da fórmula racional para áreas urbanas (Chow 1964).
55
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
Cobertura da bacia
Coeficiente C
Quadro 5.14 – Valores médios do coeficiente C da fórmula racional em áreas agrícolas (Chow 1964).
`m>n
Vm>n
`0
(5.12)
V[ ]: Coeficiente de escoamento;
Com:
56
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
Quadro 5.15 – Coeficiente de escoamento a utilizar no método racional (adaptado de Coupas, 1995).
Quando na mesma bacia hidrográfica existem zonas diferentes, no que diz respeito ao tipo de solo,
morfologia, cobertura e inclinação, deverá ser utilizado um coeficiente de escoamento ponderado.
Nesta formulação, não se considera o coeficiente C variável com a intensidade de precipitação.
Choupas (1995) refere que na determinação do coeficiente de escoamento se deve ter em atenção as
seguintes considerações:
Os coeficientes de escoamento anuais e mensais, por vezes utilizados, são inferiores aos coeficientes
de escoamento instantâneos, pelo que não devem ser utilizados para calcular o caudal de ponta de
cheia;
Em regiões em que exista a possibilidade de os solos gelarem, o coeficiente de escoamento deve ser
considerado próximo de 1,0 no Inverno;
Em zonas em que existe um armazenamento de água sob a forma de gelo ou neve, a fórmula racional
pode perder a sua validade, uma vez que o coeficiente de escoamento pode ser superior à unidade em
períodos de degelo.
57
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
Entre os métodos simplificados apresentam-se dois modelos de cálculo, dos mais usados:
• Método racional;
• método do Soil Conservation Service.
O método racional é o método simplificado mais divulgado e utilizado a nível mundial, sendo aplicado
em bacias hidrográficas de pequenas a médias dimensões para os períodos de retorno adoptados como
critério de projecto.
As suas limitações são conhecidas e condicionam o seu domínio de aplicação, mas a correcta
adequação dos seus parâmetros de base e a correcta definição dos seus procedimentos permite obter
resultados satisfatórios.
O método Soil Conservation Service é um método elaborado aplicado a bacias de dimensão superior.
Na sua aplicação é necessário considerar outros factores, como a variação da intensidade das
chuvadas.
Poderão ainda ser adoptados os métodos de cálculo dos hidrogramas de cheia baseados na teoria do
hidrograma unitário.
O facto de este método ter uma metodologia completa e consistente permite o cálculo de hidrogramas
de cheia em bacias das quais não existem registos hidrométricos suficientes.
Na dissertação aqui apresentada, adoptou-se o Método Racional, dado a sua simplicidade do cálculo
poder ser adoptado na tipologia das bacias hidrográficas que interessam ao estudo desenvolvido.
Método racional
Apesar da generalidade dos autores mencionar que a aplicação da fórmula racional se restringe a
pequenas a médias bacias hidrográficas, não subsiste uma elucidação precisa sobre o que se entende
por este tipo de bacias. Enquanto (Ponce, 1989), refere como limite da aplicabilidade da fórmula
racional a área máxima de bacia hidrográfica de 1,3 a 2,5 km2, (Pilgrim e Cordery, 1993), sugerem que
se considere como pequenas e médias bacias hidrográficas as que apresentam áreas máximas de 25 e
500 km2, respectivamente. (Quintela, 1984), procede à comparação da fórmula de Turazza-Giandotti,
também relativa à avaliação de caudais de ponta de cheia, através do método racional para áreas de
bacia hidrográficas até 1000 km2.
Em Portugal, os estudos efectuados indicam a utilização do método racional, sem restrições, até
valores da ordem dos 25 a 30 km2.
Tendo em atenção as insuficiências do método, torna-se razoável definir uma bacia desse tipo.
Do ponto de vista hidrológico aceitando o conceito de pequenas a médias bacias hidrográficas poderá
validar-se o método racional, desde que:
• As precipitações determinantes em termos de génese de cheias são uniformes no tempo (por se
referirem a durações que, por serem iguais aos tempos de concentração das bacias, são
pequenas) e no espaço (devido às reduzidas áreas de bacia hidrográfica);
• o escoamento ocorre essencialmente sob a forma de escoamento à superfície do terreno;
• o armazenamento de água na rede de drenagem é negligenciável.
58
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
o _V)` (5.13)
`: Área da bacia;
hidrográfica e para aquele período de retorno;
V: Coeficiente de escoamento;
_: Coeficiente de ajustamento em função do período de retorno.
59
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
Mas é essencialmente mediante o valor adoptado para a intensidade de precipitação que a fórmula
racional faz intervir o período de retorno.
Como os coeficientes de escoamento analisados só são aplicáveis em chuvadas com períodos de
retorno de 5 a 10 anos, para chuvadas menos frequentes será necessário corrigir o coeficiente de
escoamento por intermédio de um coeficiente de ajustamento, K, apresentado o Quadro 5.16.
Período de retorno K
25 1,10
50 1,20
100 1,25
60
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
6
6 Cálculo Hidráulico
Quadro 6.1 – Características dos diferentes tipos de dispositivos (Junta Auntónoma de Estradas - Direcção de
Serviços e Projectos Agosto 1998).
61
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
Dispositivos estáticos:
Os dispositivos estáticos de regulação são dispositivos fixos (sem partes moveis) cuja a variação de
caudais esta associada à geometria do próprio dispositivo. Consideram-se essencialmente os
dispositivos de descarga tipo orifício ou comporta e os descarregadores superficiais, triangulares ou
rectangulares.
6.2 ORIFÍCIO
No dimensionamento hidráulico de uma conduta (normalmente designada por aqueduto, quando se
trata de uma PH), devem ter-se em particular atenção os seguintes aspectos:
• Posicionamento relativo do eixo do aqueduto em relação à orientação do escoamento;
• caudal de dimensionamento;
• altura disponível entre a cota da plataforma da via e a cota de fundo do talvegue do leito;
• diâmetro, ou geometria da conduta caso esta não seja circular;
• espessura da conduta; inclinação do leito e soleira do aqueduto; características do escoamento
a montante e a jusante.
• a abordagem das considerações anteriores deverá ser feita numa perspectiva da quantificação
dos efeitos sobre a própria passagem hidráulica e da definição de medidas para proteger e
mitigar a ocorrência dos danos e prejuízos indesejáveis.
• o funcionamento hidráulico de uma conduta, depende do modo como o escoamento é
controlado. O controlo do escoamento pode ser feito a montante ou a jusante, possibilitando:
o escoamento com superfície livre ao longo de todo o aqueduto, estando a entrada do
mesmo livre;
o escoamento com superfície livre ao longo de todo o aqueduto, estando a entrada do
mesmo afogada;
o escoamento sob pressão ao longo de todo o aqueduto.
o quando o controlo do escoamento è a montante, a capacidade de vazão do aqueduto é
controlada pela altura de água a montante, pela geometria da estrutura de entrada e
pela inclinação longitudinal da soleira do aqueduto.
Em termos práticos, sempre que possível devem considerar-se os tipos de escoamento com superfície
e controlo a montante (escoamento tipo I e V do ), pois nestes tipos de escoamento, o caudal admitido
apenas é condicionado pela altura de altura de água a montante, pelo tipo de estrutura de entrada e
inclinação longitudinal do aqueduto.
No dimensionamento das bacias de retenção, consideram-se apenas os escoamentos tipo I (quando a
bacia de retenção está a começar a encher e portanto Hw/D<1,5) e tipo V (numa fase posterior ao
enchimento, Hw/D≥1,5).
Na Figura 6.1 apresenta-se a simbologia utilizada nas alíneas subsequentes. Uma passagem hidráulica
è essencialmente constituída por estrutura de entrada, conduta, estrutura de saída e, eventualmente,
62
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
estrutura de dissipação de energia (consultar anexo A.2.2 com as velocidades para as quais é
necessário uma estrutura deste tipo).
De acordo com as alturas de água a montante e a jusante e as características geométricas das passagens
hidráulicas, diversos autores (Chow 1959, Bodhaine 1976, Frenche 1986 e Ramsbottom e Rickard
1997), consideram seis tipos de escoamento através de aquedutos, cujas principais características se
apresentam a seguir.
Quadro 6.2 – Tipos de escoamento através de aquedutos (adaptado de Bodhaine 1976 e de Feanche 1986).
63
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
x6%
oq Vr × `; × s2 × t × <uv +∝6 × − ℎ; − ∆u6y% A
2×t
(6.1)
uv +v +v
< 1,5 ≤ 1,0 < 1,0
z z ℎ;
64
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
x6%
oq Vr × `; × s2 × t × <uv + { +∝6 × − ℎ; − ∆u6y% − ∆u%y" A
2×t
(6.2)
uv +v +v
< 1,5 ≤ 1,0 ≈ 1,0
z z ℎ;
x6%
oq Vr × `; × s2 × t × <uv + { +∝6 × − ℎ" − ∆u6y% − ∆u%y" A
2×t
(6.3)
uv +v +v
< 1,5 ≤ 1,0 > 1,0
z z ℎ;
65
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
2 × t × (uv − +v)
oq Vr × ` ×
} =
1 + (29 × V % × ~% × " )
(6.4)
uv +v
< 1,0 > 1,0
z z
66
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
uv +v
≥ 1,5 ≤ 1,0
z z
Simbologia:
Qd [m3/s]: caudal de dimensionamento;
A [m2]: área da secção transversal do aqueduto;
Ac [m2]: área crítica de escoamento;
D [m]: diâmetro ou altura da secção transversal do aqueduto;
Hw [m]: altura de água acima da soleira na secção de montante;
Tw [m]: altura de água acima da soleira à saída de aqueduto;
S0 [ ]: inclinação da soleira do aqueduto;
CD[ ]: coeficiente de vazão;
hc [m]: altura crítica;
h0 [m]: parâmetro depende da altura de água a jusante;
U [m/s]: velocidade média do escoamento;
α1[ ]: coeficiente de Coriolis;
n [ ]: coeficiente de rugosidade da fórmula de Manning-Strickler;
R [m]: raio hidráulico;
g [m2/s]: aceleração da gravidade;
ρ [Kg/m3]: massa específica.
A determinação dos coeficientes de vazão dos escoamentos do tipo I, II e III pode ser efectuado pelo
Gráfico 6.1, no caso de estruturas de entrada com muro de testa vertical. Se os bordos da estrutura de
entrada forem arredondados ou em bisel, os valores obtidos no Gráfico 6.1 devem ser corrigidos de
acordo com os Gráfico 6.2 e Gráfico 6.3.
67
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
Gráfico 6.1 – Coeficiente de vazão para escoamentos dos tipos I, II e III. Estrutura de entrada com bordos em aresta
viva (adaptado de Bodhaine 1976).
Gráfico 6.2 – Aqueduto com os bordos de entrada arredondados. Correcções ao coeficiente de vazão (adaptado de
Bodhaine 1976).
Gráfico 6.3 – Aqueduto com os bordos de entrada bisel. Correcções ao coeficiente de vazão (adaptado de Bodhaine
1976).
68
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
Se o escoamento for do tipo V, o coeficiente de vazão pode ser determinado a partir do Quadro 6.3.
r/D ou w/D
Hw/D
0,00 0,02 0,04 0,06 0,08 0,10 0,14
Quadro 6.3 – Coeficiente de vazão. Escoamento tipo V. (adaptado do Bodhaine 1976 e de Frenche 1986).
Para os escoamentos dos tipos IV e VI, o coeficiente de vazão pode ser determinado por interpolação
dos valores do Quadro 6.4. Em função da geometria da estrutura de entrada os coeficientes de vazão
do Quadro 6.4 devem ser corrigidos de acordo com o Gráfico 6.2 e Gráfico 6.3.
0,00 0,84
0,02 0,88
0,04 0,91
0,06 0,94
0,08 0,96
0,10 0,97
0,12 0,98
Quadro 6.4 – Escoamentos tipo IV e VI. Coeficiente de vazão (adaptado de Bodhaine, 1976).
69
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
6.3 DESCARREGADORES
Existem vários descarregadores de diferentes tipos e constituição, cuja utilização depende das
condições topográficas e hidráulicas existentes. A opção por um tipo de descarregador e a sua
concepção devem ser analisadas em cada caso tomando em consideração o tipo de bacia de retenção,
juntamente com os aspectos de segurança e com critérios económicos, de modo a obter uma solução
adequada aos condicionalismos existentes e economicamente aceitável.
Os descarregadores podem ser:
• Soleira delgada, quando a espessura da crista (parte da soleira em contacto com a água) tem
dimensões muito reduzidas (tipo Bazin);
• soleira espessa, quando a crista tem dimensões longitudinais não desprezáveis.
o V × =q × u6,@ (6.6)
Com:
Q [m3/s]: vazão;
Cw [ ]: coeficiente de vazão;
Ld [m]: largura da crista do descarregador;
H [m]: altura da água acima da crista do descarregador.
70
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
7
7 Metodologia de cálculo proposta para
o dimensionamento de uma bacia de
retenção na própria urbanização
O esquema que se segue, mostra de forma simples, para uma melhor percepção do processo de cálculo
adoptado.
Cálculo do máximo caudal
Dimensionamento hidráulico admissível na ph existente quando
Estudo da passagem da passagem existente na está submetida a inclinações fortes,
hidráulica existente via de comunicação (Qdim) superiores a 1,5% - controlo a
montante
Cálculo do tempo de
concentração da bacia
hidrográfica
Cálculo da intensidade de
precipitação
Dimensionamento do caudal de
saída da bacia de retenção
Dimensionamento dos
dispositivos de descarga da bacia
de retenção
Método gráfico
Determinação do volume a
armazenar pela bacia de retenção Método
sequencial
71
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
7.2.1.1 Cálculo do máximo caudal da conduta existente quando está submetida a inclinações fortes
(superiores a 1,5% - Controlo a Montante)
Dados a respeitar:
• Dimensões da ph; forma: rectangular; circular; etc.;
• altura que é permitida a água atingir a montante.
72
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
Num dado canal, o caudal máximo com que se dá o escoamento para a energia específica Ho
corresponde ao regime crítico. Esta energia específica Ho é a energia específica mínima com que se dá
o escoamento desse caudal naquele canal.
o%
u5+
2 × t × Q%
(7.1)
O caudal vem:
o G2 × t × Q × Gu − 5 (7.2)
Q
yu−
2×=
(7.3)
Com:
y [m]: altura da água correspondente ao caudal máximo para a carga H.
73
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
Secção
Sec o rectangular:
rectangular
Determinação do caudal máximo em secções rectangulares e circulares:
Para 5 < 4:
O que conduz a um caudal máximo de:
•
u
o>8. G2 × t × ! × 5 × s
3
(7.5)
• Para 5 ≥ 4, y b:
o>8. G2 × t × ! × 4 × √u − 4 (7.6)
74
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
Para secções
sec es circulares:
Secção
∅%
Q ( − ~ )
8
(7.7)
A altura da água, y:
5 U1 − X
2 2
Ø
(7.9)
Então,
∅%
( − ~ ) Ø
u− 8 U1 − X ↔
2 2
2 × ∅ × ~
2
75
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
• Para 5 < 4:
∅% ∅ × ( − ~ )
o G2 × t × ( − ~ ) × }
8
16 × ~
2
(7.11)
• Para 5 ≥ 4, y=Ø:
o G2 × t × Q × Gu − ∅ (7.12)
7.2.1.2 Cálculo do máximo caudal para aquedutos com inclinações inferiores a um valor próximo de
1,5% – Controlo a Jusante.
% 6
o Q × K × " × % (7.13)
Com:
Ks [m1/3/s]: coeficiente de Strickler, relacionado com a rugosidade da conduta;
R [m]: raio hidráulico, que é a relação entre área molhada e perímetro molhado;
i [m/m]: declividade da passagem hidráulica;
S [m2]: área molhada.
1/3
Características da secção Ks [m /s]
Condutas de grés 80
76
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
7.2.2.1 Determinar a área da bacia hidrográfica ou de parte da bacia hidrográfica em estudo, assim
como da área da zona urbanizada
Existem diferentes formas para o cálculo das áreas. Apresentam-se aqui duas formas empíricas e uma
sugestão de um programa informático.
>y6 >
ℎ
`= × £*¤? + *¤¥ + 2 Y *¤%m + 4 Y *¤m ¦
3
(7.14)
m\6 m\6
*¤¥ − *¤?
ℎ=
~
~ = 2
= 0, … , ~
¥y6
Conforme o rigor pretendido assim o valor de h (espaçamento entre as linhas de chara constante)
deverá ser reduzido. Medindo graficamente e com recurso a um programa informático (Autocad) os
valores f (xi), colocados em tabela, poderão ser calculados automaticamente.
3) Autocad
O Autocad permite o cálculo automático das áreas.
77
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
=0
?,BC
(; = 0,3 × < ?,%@ A
>
(7.16)
Com:
(; ℎ: Tempo de concentração;
=0 $: Extensão do curso de água principal;
> : Declive médio do curso de água principal.
∑¥m m
> =
~
(7.17)
Com:
(;F [ℎ]: Tempo de concentração de uma bacia urbana;
(; [ℎ]: Tempo de concentração de uma bacia rural;
H[ ]: parâmetro que relaciona a superfície impermeabilizada pela ocupação urbana com a superfície
total da bacia. No Quadro 5.1 (conforme capítulo 5) são indicados valores destes coeficientes para
diferentes tipologias de ocupação de solo.
O tempo de concentração total para bacias mistas é o somatório dos tempos de concentração das sub-
bacias.
78
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
Com:
>>
)[ ]:
¨
intensidade média da precipitação com duração igual ao tempo de concentração da bacia
hidrográfica e para aquele período de retorno;
([ℎ]: tempo de precipitação;
! © 4 [ ]: constantes (função do período de retorno e da localização da bacia hidrográfica).
dimensionamento (oqm> .
água máxima permitida a montante da P.H., obtido no dimensionamento hidráulico, como caudal de
Então, hidrologicamente:
V> × ) × 10y" × ` × _
oqm> = ↔
3600
3600 × oqm>
↔ V> = ↔
) × ` × _ × 10y"
Com:
oqm> [" /]: caudal de ponta de cheia para o período de retorno T (anos) susceptível de ser escoado
pela P.H. existente;
>>
)[ ]:
¨
intensidade média da precipitação com duração igual ao tempo de concentração da bacia
hidrográfica e para aquele período de retorno;
`[% ]: a área da bacia;
V> [ ]: coeficiente de escoamento médio;
_ [ ]: coeficiente de ajustamento em função do período de retorno.
Os valores de K, dependem do período de retorno e estão representados no Quadro 5.2 (conforme
capítulo 5).
79
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
Este cálculo traduz uma homogeneização da bacia a nível de escoamento; então qualquer variação do
coeficiente de escoamento referente a uma determinada área irá reflectir-se no coeficiente de
escoamento global.
Quando essa variação se verifica de modo a que a bacia hidrográfica atinja um coeficiente de
impermeabilização tal, que ultrapasse o coeficiente de escoamento global fictício (Cm), haverá
necessidade de construir bacias de retenção nas urbanizações de forma a amortecer o caudal de cheia.
É necessário ter em consideração o seguinte: como as bacias hidrográficas não são homogéneas,
inicialmente (antes das urbanizações provocarem um aumento do coeficiente escoamento global)
existem zonas em que o coeficiente de escoamento é superior ao coeficiente de escoamento global
fictício, pelo que o uso deste para o dimensionamento deverá ser alvo de particular atenção por parte
do projectista, para que o coeficiente de escoamento global final da bacia hidrográfica não seja
ultrapassado.
Com:
V1,2[m3]: volume de armazenamento entre a elevação 1 e 2;
A1[m2]: área da superfície da elevação 1;
A2[m2]: área da superfície da elevação 2;
d [m]: distancia na vertical medida entre os dois planos.
80
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
2) Método da pirâmide
1 + ~ × + %
[= × × ℎ"
6
(7.22)
Com:
V [m3]: volume de armazenamento;
n, m e d [ ]: factores de declive dos taludes razão entre a horizontal e a vertical;
c [ ]: factores de declive d a linha de água razão entre a horizontal e a vertical;
h [m]: profundidade da bacia.
81
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
Com:
V [m3]: volume de armazenamento;
Lb [m]: comprimento da base da bacia;
b [m]: largura da base da bacia;
h [m]: profundidade da bacia;
z [ ] : factores de declive dos taludes razão entre a horizontal e a vertical.
Esta fórmula é indicada para o cálculo do volume de bacias de retenção de secção trapezoidal.
82
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
¥ ¥y6
oqm> oqm>
±^² = × Y `³R08¥m´8q8^² − × Y `³R08¥m´8q8^² ↔
` `
m\6 m\6
oqm>
±^² = × `³R08¥m´8q8²
`
(7.24)
Com:
qsi [m3/s]: caudal efluente na bacia de retenção;
Qdim [m3/s]: caudal máximo permitido pela passagem hidráulica;
A [m2]: área total da bacia hidrográfica;
A urbanizadasi [m2]: área urbanizada i.
O caudal efluente da bacia de retenção deverá ser igual, ao caudal produzido pela área a urbanizar na
situação antes da urbanização. Cada área i só poderá contribuir, durante a chuvada com um caudal que
esta relacionado com a respectiva área.
Exemplo:
Figura 7.9 – Bacia hidrográfica já com zonas urbanizadas (1 e 2) quando uma nova área 3 vai ser
impermeabilizada.
¥ ¥y6
oqm> oqm>
±^² = × Y`6 + `% + `" − × Y `6 + `% ↔
` `
m\6 m\6
oqm>
↔ ±^² = × `"
`
(7.25)
83
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
É de notar que, não é só a área urbanizada que contribui com escoamento para a bacia de retenção, pois
poderá existir uma área superior que também aflui a esta. Denominou-se por área de influência da bacia
de retenção a toda a área que aflui a esta.
De seguida analisar-se-á a área de influência para determinar o caudal de saída da bacia de retenção:
A Figura 7.10 esquematiza graficamente duas situações distintas de influência recíproca de bacias
hidrográficas em dois casos idênticos de urbanização de uma fracção de território. Em ambos os casos
existe uma cronologia de impermeabilização das pequenas sub-áreas consideradas (1, 2 e 3, em que
esta última área é a que corresponde à área urbanizada em estudo).
Têm, no entanto, diferenças estas duas situações quanto à influência recíproca das respectivas bacias.
No primeiro caso, parte da área de influência da bacia de retenção da área urbanizada 2, pertence à
área de influência da bacia de retenção da área urbanizada 3, como a urbanização 3 surge depois da
urbanização 2, há uma parte da área de influência da bacia de retenção 3 que não entra no
dimensionamento porque já entrou no dimensionamento da bacia de retenção 2. Então à área de
influência 3, se for bastante significativo, deve ser subtraída da área que está influenciada por outra
bacia de retenção. Assim será se a água armazenada nessa bacia não afluir a área de influência da
bacia a dimensionar.
O segundo caso documenta o contrário, isto é, na área de influência da bacia a dimensionar existe uma
outra bacia de retenção que faz afluir a sua água armazenada à área da influência da bacia a
dimensionar. Neste caso deve-se analisar a área de influência da bacia 2 e verificar se essa área está
toda inserida na área de influência da bacia a dimensionar. Caso isso não aconteça terá que se somar à
área de influência da bacia a dimensionar a área da bacia anterior que não está contida na área de
influência de dimensionamento.
oqm>
±^² = × `µ¶·¸
`
(7.26)
84
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
Com:
qs [m3/s]: caudal de saída da bacia de retenção;
Qdim [m3/s]: caudal máximo permitido pela passagem hidráulica e pela altura de água máxima
desejada;
A [m2]: área total da bacia hidrográfica;
Ainf [m2]: área em que a precipitação contribui para a bacia de retenção.
Este cálculo permite determinar o máximo caudal de saída da bacia de retenção permitido; o
dimensionamento dos dispositivos de descarga é feito tendo por base este caudal.
Uma das limitações desta metodologia é a não contabilização, para o cálculo do volume de
armazenamento, do caudal de saída da bacia de retenção e do caudal produzido na situação inicial, ou
seja, antes de se proceder à autorização para um acréscimo da urbanização. Contudo, esta limitação é
atenuada pela evidente compensação existente entre estes mesmos dois caudais para o referido cálculo do
volume de armazenamento: o caudal produzido antes da urbanização acarretaria um volume extra de
armazenamento, o que é contraposto forçosamente por uma diminuição de volume subsequente ao caudal
dissipado pelo escoamento através do orifício da bacia de retenção (caudal de saída).
Este caudal que inicialmente existia continua, contudo, a ser contabilizado para o caudal produzido por
aquela área, pois ao caudal final equivale o caudal inicial acrescido de um outro decorrente do efeito da
impermeabilização.
7.3.3.1 Orifício
Com:
Qdim [m3/s]: caudal de dimensionamento;
A [m2]: área da secção transversal do aqueduto;
Hw [m]: altura de água acima da soleira na secção de montante;
Cd[ ]: coeficiente de vazão;
g [m2/s]: aceleração da gravidade.
85
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
De acordo com o tipo de orifício que se pretende usar obtêm-se o Cd pelo Quadro 6.3 (conforme
capítulo 6) e com o valor de Hw, substituindo na expressão (7.28), o Cd, Hw e o Qdim calcula-se a
área do orifício.
o = V × =q × u6,@ (7.29)
Com:
Qdim [m3/s]: vazão;
Cw [ ]: coeficiente de vazão;
Ld [m]: largura da crista do descarregador;
H [m]: altura da água acima da crista do descarregador.
Este tipo de descarregador é bom para bacias de retenção do tipo do nível de água permanente.
Sabendo, a altura de água que se pretende que a bacia tenha permanentemente, a altura máxima que a
água pode atingir (estas características dependem da geometria da bacia de retenção), subtraindo estas
duas alturas resulta a altura da água acima da crista do descarregador. Com o caudal efluente da bacia
de retenção (Qdim), o coeficiente de vazão (1,83) a altura de água acima da crista do descarregar,
calcula-se a largura da crista do descarregador.
86
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
Figura 7.11 – Isócronas na bacia hidrográfica urbanizada sem obstrução da linha de água.
10y"
oqm> = V> × ) × ` × _ ×
3600
87
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
10y"
oqm> V> / !
! / (; 0 / ` / _ / (7.31)
3600
10y"
o′ V> !(; 0 `6 _
_ 3 V% !(; 0 `% _ / (7.32)
3600
(; ~! áb©!
b©! ~! (; áb©! '©b©!4{!!
10y"
∆o o′ I oqm> ! / (; 0 / _ / V> / `6 3 V% / `% I V> / ` /
3600
10y"
o′ I oqm> ! / (; 0 / _ / `% / V% I V¹ / (7.33)
3600
Figura 7.14 – Isócronas na bacia hidrográfica urbanizada com afectação da linha de água.
88
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
Figura 7.15 - Bacia hidrográfica depois da impermeabilização afectando a linha de água principal.
10y"
o′ V> !(′; 0 `6 _ + V% !(′; 0 `% _) /
3600
(7.34)
89
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
Figura 7.16 – Volume a armazenar nas situações em que o tempo de concentração não é influenciado pela
urbanização (hipótese de não existir alteração do tempo de concentração).
Volume
Volume
Figura 7.17 – Volume a armazenar nas situações em que o tempo de concentração é influenciado pela
urbanização.
Em qualquer das situações, o volume a armazenar, para não afectar a P.H. existente, pode ser
calculado pela expressão:
∆o%
[ ¾(q′ − (;′ ¿ / ∆o / 60 + × (;′ × 60
oqm> + ∆o
(7.36)
∆o = o* − o (7.37)
Com:
∆Q [m3/s]: aumento do caudal devido à nova urbanização;
Qdim [m3/s]: caudal máximo permitido pela passagem hidráulica;
t’c ou tc [min]: tempo de concentração depois e antes da nova urbanização;
t’d ou td [min]: tempo de precipitação.
90
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
Nas duas hipóteses documentadas no Figura 7.16, t’c pode ser igual a tc. Quando isto ocorre a duração
da chuvada mais desfavorável (t’d) permanece igual ao tempo de precipitação inicial.
Sendo o tempo de precipitação crítico constante, a primeira parcela da expressão do volume(7.36) é
anulada. Assim o volume armazenado será apenas:
∆o%
[ / (;′ / 60
oq + ∆o
(7.38)
Com:
V [m3]: volume a armazenar;
∆Q [m3/s]: aumento do caudal devido à urbanização;
t’c ou tc [min]: tempo de concentração na situação final (com ou sem o curso principal da água
urbanizado).
1) Dados
Os dados necessários para o dimensionamento da bacia de retenção dizem respeito às características
físicas e hidrológicas da área de influência da bacia de retenção em estudo, às características físicas da
bacia de retenção e às características dos dispositivos de saída de caudal.
DADOS:
2
Área de influência da bacia de retenção A1[m ]=
2
Área da urbanização em estudo A2[m ]=
Coeficiente de ajustamento K[ ]=
91
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
a [ ]=
Parâmetros referentes às curvas I-D-F
b [ ]=
Coeficiente de vazão CD [ ]=
É de notar que o caudal efluente no primeiro instante é considerado igual a zero. Esta consideração é
feita de forma a poder-se iniciar o processo iterativo para a determinação do volume máximo de água
na bacia de retenção. O cálculo do volume depende do caudal efluente e este da altura de água da
bacia que por sua vez depende do volume, pelo que então, é considerado que no primeiro instante
(neste caso no primeiro minuto) a água que chega à bacia fica retida.
Tempo: varia de zero até ao tempo de duração da precipitação mais a duração crítica (td+tc), isto é o
tempo da chuvada mais o tempo que a gota mais afastada demora a chegar à secção em estudo.
Área: área que está a contribuir em função do tempo;
92
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
0 ≤ ( < (;
( × `6
`( =
(;
(7.39)
(; ≤ ( < (q
`( = `6 (7.40)
(q ≤ ( ≤ (q + (;
`6
`( = × (q + (; − (
(;
(7.41)
Caudal afluente: o caudal varia com o tempo e com a área que está a contribuir.
0 ≤ `( < `%
10y"
o F `, ( = `( × _ × V% × ! × ( 0 ×
3600
(7.42)
`% ≤ `( < `6
10y"
oF `, ( = `% × _ × V% × ! × ( 0 + `( − `% × _ × V> × ! × ( 0 ×
3600
(7.43)
`( = `6
10y"
oF `6 = `% × _ × V% × ! × ( 0 + `6 − `% × _ × V> × ! × ( 0 ×
3600
(7.44)
Caudal efluente: o caudal de saída varia com a altura de água a montante, e depende do tipo de
dispositivo de descarga:
• Orifício
oNÀÁ³N¥9N = Vr × `^× G2 × t × u′
ℎ6
u′ = u −
(7.45)
2
• Descarregador
oNÀÁ³N¥9N = 1,83 × =q × u6,@
u = u − ℎ%
(7.46)
93
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
• Orifício + Descarregador
Volume unitário: é o volume acumulado num minuto, supondo que se considera um minuto a
variação do tempo.
¾o8ÀÁ³N¥9N (my6 − oNÀÁ³N¥9N (my6 ¿ + ¾o8ÀÁ³N¥9N (m − oNÀÁ³N¥9N (m ¿
[³¥m9áRm² = × (m − (my6 × 60
2
(7.48)
Volume unitário: é o volume acumulado num minuto, supondo que se considera um minuto a
variação do tempo.
Volume acumulado: é o volume que se vai acumulando ao longo do tempo. Os valores obtidos por
esta coluna nunca podem ser negativos, mas o mesmo não se verifica na coluna do volume anterior,
em que o volume negativo representa o esvaziamento da bacia de retenção.
Altura de água a montante: é a altura máxima a montante que irá influenciar o caudal de efluente.
• Forma piramidal (caso em que a água retida a montante tem esta forma)
1 + ~ × + %
[= × × ℎ"
6
(7.50)
6×[×
uv = s
Ã
+ ~ × + %
(7.51)
• Forma prismática (caso em que a água retida a montante tem esta forma)
Para melhor resolver a Equação (7.53) (Hw= f(V)) dever-se-á proceder às seguintes substituições:
=0 + 4
!=
2×{
=0 × 4
4=
2 × {%
94
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
[
−
2 / {%
0 = + 4 × u + ! × u
%
+ u
" (7.53)
E finalmente:
6
! 2 " × −!% + 3 × 4
u = − −
3 3 × ¾−2 × !" + 9 × ! × 4 − 27 × + 3 × √3 × √−!% × 4 % + 4 × !" × − 18 × ! × 4 × + 27 × %¿6/"
6
¾−2 × !" + 9 × ! × 4 − 27 × + 3 × √3 × √−!% × 4 % + 4 × !" × − 18 × ! × 4 × + 27 × %¿"
(7.54)
+ 6
3 × 2"
Cálculo auxiliar Hw-h2: este cálculo corresponde à altura de água que influencia o caudal de saída
quando o dispositivo de descarga é o descarregador. Considera-se h2 a altura de água que a bacia
contém permanentemente (caso da bacia de retenção do tipo com nível de água permanente), então
toda a água afluente poderá contribuir com uma altura superior a h2 (sendo h2=0).
Cálculo auxiliar Hw-h1/2: este cálculo corresponde à altura de água que influencia o caudal de saída
se o dispositivo de descarga for o orifício. Quando o valor nesta coluna é inferior a h1 considera-se
que o caudal de saída é igual ao caudal afluente.
3) Resultados
Os resultados são automaticamente apresentados no quadro que se segue e em gráficos que mostram a
variação do caudal afluente e efluente, do volume e da altura máxima a montante em função do tempo.
RESULTADOS:
3
Volume armazenar [m ] =
95
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
Apresentam-se de seguida, dois exemplos práticos, que diferem apenas na geometria da bacia de
retenção, no tempo de precipitação e no coeficiente de escoamento previsto para a urbanização.
No primeiro exemplo a bacia de retenção tem uma forma piramidal, o tempo de precipitação é
superior ao tempo de concentração e o coeficiente de escoamento da área urbanizada é de 0,4.
No segundo exemplo a bacia de retenção tem forma prismática, o tempo de precipitação é igual ao
tempo de concentração e o coeficiente de escoamento da área urbanizada é de 0,8.
1) Exemplo 1:
DADOS:
2
Área de influência da bacia de retenção A1[m ]= 70685
2
Área da urbanização em estudo A2[m ]= 54214
Coeficiente de escoamento global da bacia Cm[ ]= 0,20
Coeficiente de escoamento da área C1 [ ]= 0,40
urbanizada
Coeficiente de ajustamento K[ ]= 1,00
Tempo de concentração da bacia tc[min]= 10
Tempo de duração da chuvada td[min]= 15
a [ ]= 318,00
Parâmetros referentes às curvas I-D-F
b [ ]= -0,54
m [ ]= 5
Inclinação dos taludes da bacia de retenção n [ ]= 20
(1/(n, m, c ou d)) c [ ]= 6
d [ ]= 4
0,00
Descarregador =1; Orifício=0; Descarregador+Orifício=2
RESULTADOS:
3
Volume armazenar [m ] = 186,03
Profundidade máxima da bacia [m] = 1,39
2
Área do espelho da água [m ] = 241,10
Comprimento do espelho [m] = 13,89
Largura do espelho [m] = 34,72
3
Caudal de cheia [m /s] = 0,64
3
Caudal máximo de saída [m /s] = 0,46
Máxima variação de caudal (Q entrada - Q 3
[m /s] = 0,26
saída)
96
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
0,70
Caudal [m3/s]
0,60
0,50
Q efluente
0,40 [m3/min]
Q afluente
0,30 [m3/s]
0,20
0,10
0,00
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25
Tempo [min]
Gráfico 7.2 – Resultados obtidos automaticamente relativamente ao caudal de entrada e saída da bacia de retenção.
200,00
Volume acumulado [m3]
150,00
100,00 V acumulado
[m3]
50,00
0,00
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25
Tempo [min]
1,60
Altura do nível da água na
bacia de retenção [m]
1,40
1,20
1,00
0,80
0,60
0,40 Hw [m]
0,20
0,00
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25
Tempo [min]
Gráfico 7.4 – Resultados obtidos automaticamente relativamente ao à altura do nível da água na bacia de retenção.
97
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
Cálculo Q
Cálculo
Q auxiliar Q afluente V V
Tempo 2 Auxiliar
Área [m ] afluente Hw- efluente -Q unitário acumulado Hw [m]
[min] 3 Hw-h2 3 3 3
[m /s] h1/2 [m /min] efluente [m ] [m ]
[m] 3
[m] [m /s]
0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
1,00 7068,50 0,25 0,00 0,00 0,00 0,25 7,49 7,49 0,48
2,00 14137,00 0,34 0,00 0,23 0,21 0,14 11,62 19,11 0,65
3,00 21205,50 0,41 0,00 0,40 0,27 0,14 8,32 27,43 0,73
4,00 28274,00 0,47 0,00 0,48 0,30 0,17 9,35 36,79 0,81
5,00 35342,50 0,53 0,00 0,56 0,32 0,20 11,17 47,95 0,88
6,00 42411,00 0,57 0,00 0,63 0,35 0,23 12,78 60,74 0,96
7,00 49479,50 0,61 0,00 0,71 0,37 0,25 14,23 74,96 1,03
8,00 56548,00 0,64 0,00 0,78 0,38 0,26 15,16 90,12 1,09
9,00 63616,50 0,64 0,00 0,84 0,40 0,24 14,90 105,02 1,15
10,00 70685,00 0,64 0,00 0,90 0,41 0,23 14,03 119,05 1,20
11,00 70685,00 0,64 0,00 0,95 0,42 0,22 13,33 132,38 1,24
12,00 70685,00 0,64 0,00 0,99 0,43 0,21 12,71 145,09 1,28
13,00 70685,00 0,64 0,00 1,03 0,44 0,20 12,18 157,26 1,31
14,00 70685,00 0,64 0,00 1,06 0,45 0,19 11,70 168,97 1,34
15,00 70685,00 0,64 0,00 1,09 0,45 0,18 11,28 180,25 1,37
16,00 63616,50 0,47 0,00 1,12 0,46 0,01 5,77 186,03 1,39
17,00 56548,00 0,43 0,00 1,14 0,46 -0,04 -0,89 185,13 1,39
18,00 49479,50 0,37 0,00 1,14 0,46 -0,09 -3,94 181,19 1,38
19,00 42411,00 0,31 0,00 1,13 0,46 -0,15 -7,43 173,76 1,36
20,00 35342,50 0,25 0,00 1,11 0,46 -0,21 -10,85 162,91 1,33
21,00 28274,00 0,19 0,00 1,08 0,45 -0,26 -13,95 148,96 1,29
22,00 21205,50 0,14 0,00 1,04 0,44 -0,30 -16,74 132,22 1,24
23,00 14137,00 0,09 0,00 0,99 0,43 -0,34 -19,22 113,01 1,18
24,00 7068,50 0,05 0,00 0,93 0,42 -0,37 -21,38 91,63 1,10
25,00 0,00 0,00 0,00 0,85 0,40 -0,40 -23,18 68,45 1,00
98
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
2) Exemplo 2:
DADOS:
2
Área de influência da bacia de retenção A1[m ]= 70685
2
Área da urbanização em estudo A2[m ]= 14000
Coeficiente de escoamento global da Cm[ ]= 0,20
bacia
Coeficiente de escoamento da área C1 [ ]= 0,80
urbanizada
Coeficiente de ajustamento K[ ]= 1,00
Tempo de concentração da bacia tc[min]= 20
Tempo de duração da chuvada td[min]= 20
a [ ]= 318,00
Parâmetros referentes às curvas I-D-F
b [ ]= -0,54
Características da bacia de retenção (Lb: Lb [m]= 8,00
comprimento da base da bacia; b: largura b [m]= 8,00
da base da bacia; z: factores de declive
dos taludes (razão entre a horizontal e a z [ ]= 2,00
vertical)).
Descarregador =1; Orifício=0; 0,00
Descarregador+Orifício=2
Altura da conduta h1[m]= 0,50
2
Área da secção transversal da conduta As[m ]= 0,20
Coeficiente de vazão CD[ ]= 0,50
Coeficiente de vazão do descarregador Cw [ ]= 1,83
Largura da crista do descarregador Ld [m]= 0,70
Altura que está a crista do descarregador h2[ ]= 2,00
RESULTADOS:
3
Volume armazenar [m ]= 99,70
Profundidade máxima da [m]= 1,02
bacia
2
Área do espelho da água [m ]= 146,21
Comprimento do espelho [m]= 12,09
Largura do espelho [m]= 12,09
3
Caudal de cheia [m /s]= 0,47
3
Caudal máximo de saída [m /s]= 0,38
3
Máxima variação de caudal (Q [m /s]= 0,25
entrada - Q saída)
99
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
0,50
Caudal [m3/s] 0,45
0,40
0,35 Q afluente
[m3/s]
0,30
Q efluente
0,25 [m3/min]
0,20
0,15
0,10
0,05
0,00
1 4 7 10 13 16 19 22 25 28 31 34 37 40
Tempo [min]
Gráfico 7.5 - Resultados obtidos automaticamente relativamente ao caudal de entrada e saída da bacia de retenção.
120,00
Volume [m3]
100,00
80,00
V acumulado
60,00 [m3]
40,00
20,00
0,00
1 3 5 7 9 11131517192123252729313335373941
Tempo [min]
1,20
Altura de água na bacia de
1,00
retenção [m]
0,80
0,60
Hw [m]
0,40
0,20
0,00
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39
Tempo [min]
Gráfico 7.7 – Resultados obtidos automaticamente relativamente à altura de água na bacia de retenção.
100
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
Cálculo Q
Cálculo
Q auxiliar Q afluente V V
Tempo 2 Auxiliar Hw
Área [m ] afluente Hw- efluente -Q unitário acumulado
[min] 3 Hw-h2 3 3 3 [m]
[m /s] h1/2 [m /min] efluente [m ] [m ]
[m] 3
[m] [m /s]
0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
1,00 3534,25 0,25 0,00 0,00 0,25 7,49 7,49 0,32
2,00 7068,50 0,34 0,00 0,07 0,12 0,23 14,29 21,79 0,45
3,00 10602,75 0,41 0,00 0,20 0,20 0,22 13,39 35,17 0,57
4,00 14137,00 0,47 0,00 0,32 0,24 0,23 13,38 48,56 0,67
5,00 17671,25 0,44 0,00 0,42 0,28 0,16 11,64 60,20 0,76
6,00 21205,50 0,43 0,00 0,51 0,31 0,12 8,32 68,52 0,82
7,00 24739,75 0,41 0,00 0,57 0,33 0,09 6,07 74,60 0,86
8,00 28274,00 0,41 0,00 0,61 0,34 0,07 4,58 79,18 0,89
9,00 31808,25 0,40 0,00 0,64 0,35 0,05 3,55 82,72 0,91
10,00 35342,50 0,40 0,00 0,66 0,35 0,04 2,81 85,53 0,93
11,00 38876,75 0,39 0,00 0,68 0,36 0,03 2,28 87,81 0,95
12,00 42411,00 0,39 0,00 0,70 0,36 0,03 1,89 89,70 0,96
13,00 45945,25 0,39 0,00 0,71 0,37 0,02 1,61 91,31 0,97
14,00 49479,50 0,39 0,00 0,72 0,37 0,02 1,40 92,71 0,98
15,00 53013,75 0,39 0,00 0,73 0,37 0,02 1,26 93,97 0,99
16,00 56548,00 0,39 0,00 0,74 0,37 0,02 1,16 95,14 0,99
17,00 60082,25 0,39 0,00 0,74 0,37 0,02 1,10 96,23 1,00
18,00 63616,50 0,39 0,00 0,75 0,38 0,02 1,06 97,30 1,01
19,00 67150,75 0,40 0,00 0,76 0,38 0,02 1,04 98,34 1,01
20,00 70685,00 0,40 0,00 0,76 0,38 0,02 1,04 99,38 1,02
21,00 67150,75 0,37 0,00 0,77 0,38 -0,01 0,32 99,70 1,02
22,00 63616,50 0,35 0,00 0,77 0,38 -0,03 -1,05 98,66 1,02
23,00 60082,25 0,33 0,00 0,77 0,38 -0,05 -2,24 96,42 1,00
24,00 56548,00 0,31 0,00 0,75 0,38 -0,06 -3,25 93,16 0,98
25,00 53013,75 0,30 0,00 0,73 0,37 -0,07 -4,10 89,07 0,96
26,00 49479,50 0,28 0,00 0,71 0,37 -0,08 -4,79 84,28 0,92
27,00 45945,25 0,26 0,00 0,67 0,36 -0,09 -5,34 78,93 0,89
28,00 42411,00 0,25 0,00 0,64 0,35 -0,10 -5,77 73,17 0,85
29,00 38876,75 0,23 0,00 0,60 0,34 -0,10 -6,07 67,10 0,81
30,00 35342,50 0,22 0,00 0,56 0,32 -0,11 -6,25 60,85 0,76
31,00 31808,25 0,21 0,00 0,51 0,31 -0,11 -6,33 54,52 0,72
32,00 28274,00 0,19 0,00 0,47 0,30 -0,10 -6,30 48,21 0,67
33,00 24739,75 0,18 0,00 0,42 0,28 -0,10 -6,17 42,04 0,62
34,00 21205,50 0,17 0,00 0,37 0,26 -0,10 -5,95 36,09 0,57
35,00 17671,25 0,16 0,00 0,32 0,25 -0,09 -5,64 30,44 0,53
36,00 14137,00 0,14 0,00 0,28 0,23 -0,08 -5,25 25,19 0,48
37,00 10602,75 0,11 0,00 0,23 0,21 -0,10 -5,57 19,62 0,43
38,00 7068,50 0,07 0,00 0,18 0,19 -0,12 -6,51 13,11 0,37
39,00 3534,25 0,03 0,00 0,12 0,15 -0,12 -7,02 6,09 0,31
40,00 0,00 0,00 0,00 0,06 0,11 -0,11 -6,75 0,00 0,25
101
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
Com:
qs [mm/min]: caudal específico efluente;
q [m3/s]: caudal efluente determinado pela equação 7.25.
A [ha]: área da bacia efluente;
C [ ]: coeficiente de escoamento;
[N = Ä o ( ↔ (7.56)
↔ [N = ÄV × ) × ` ( ↔
↔ [N = ÄV × ! × ( 0 × ` ( ↔
$ × V × ` × ! × ( 0:6
↔ [N =
4+1
(7.57)
Com:
[N : volume de entrada;
!, 4: parâmetros referentes às curvas I-D-F;
`: a área da bacia;
V: coeficiente de escoamento;
_: coeficiente de ajustamento em função do período de retorno.
t : tempo da duração da precipitação.
102
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
[^ ± / ( (7.58)
Com:
[^ [" ]: volume de saída;
q [m3/min]: caudal efluente;
t [min].
uN ) / ( (7.59)
!
uN × (0 × ( ↔
60
!
↔ uN = × ( 0:6
60
(7.60)
Com:
He [mm] ou [l/m2]: volume específico afluente;
t [min];
a, b [ ]: parâmetros referentes às curvas I-D-F.
u^ = ±^ × ( (7.61)
Com:
Hs [mm] ou [l/m2]: volume específico efluente;
qs [mm/min]: caudal específico efluente;
t [min].
u8 = uN − u^ ↔ (7.62)
103
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
!
u8 × ( 0:6 − ±^ × (
60
(7.63)
Com:
Ha [mm] ou [l/m2]: volume específico armazenado;
qs [mm/min]: caudal específico efluente;
t [min];
a, b [ ]: parâmetros referentes às curvas I-D-F.
H [mm]
He
Hs
Ha
Ha
tM t [min]
Duração crítica
A duração da precipitação que conduz a uma maior necessidade de armazenamento, normalmente é
bastante superior ao tempo de concentração da bacia drenada. No método simplificado, a duração
crítica de armazenamento, tM (min), é dada pela expressão:
u8 !
= 4 + 1 × × ( 0 − ±^ ↔
( 60
(7.64)
!
↔ 0 = 4 + 1 × × ( 0 − ±^ ↔
60
(7.65)
6
60 × ±^ 0
(Å = U X
! × 4 + 1
(7.66)
Com:
tM [min]: duração crítica de armazenamento;
a, b [ ]: parâmetros referentes às curvas I-D-F;
104
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
Com:
V [m3]: volume mínimo da bacia de retenção;
A [ha]: área da bacia efluente;
C [ ]: coeficiente de escoamento;
a, b [ ]: parâmetros referentes às curvas I-D-F;
qs [mm/min]: caudal específico efluente.
V [m3]
Ve
Vs
Va
Va
tM t [min]
105
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
106
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
8
8 Conclusão
107
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
No caso dos Estados Unidos, uma norma estabelecida pela EPA (Environmental Protectin Agency),
torna obrigatório que todas as cidades com mais de 100 mil habitantes (recentemente passou a vigorar
em cidades com população inferior à mencionada) (Roesner e Traina, 1994) estabeleçam um programa
de BMP (Best Management Practices) de drenagem urbana. As BMP’s envolvem o controlo da
qualidade e da quantidade das águas municipais, por parte do município, por meio de medidas
estruturais e não-estruturais. O não cumprimento desta norma pode levar a uma acção judicial da EPA
contra o município.
Na França, as questões ligadas à drenagem urbana são tratadas no âmbito das urbanizações ou dos
aglomerados de urbanizações. Na situação em que o problema extravase os limites das urbanizações, a
questão passa a ser tratada, de forma suplementar, no âmbito dos denominados Comités de Bacia, que
se constituem nos fóruns adequados para a decisão, uma vez que congregam os usuários, os decisores
políticos, os agentes da administração e a sociedade civil de uma determinada bacia ou região
hidrográfica.
De forma a realçar a ideia do enquadramento legislativo das bacias de retenção, são apresentadas, de
seguida, as conclusões obtidas decorrentes da análise do comportamento hidráulico e hidrológico da
bacia hidrográfica ou parte da mesma em estudo.
Todas as urbanizações ou impermeabilizações que provoquem o exceder do coeficiente de escoamento
global da bacia hidrográfica ou parte da mesma deverão ser alvo de medidas para amortecer o caudal
de ponta de cheia. A imposição legislativa para a construção de uma bacia de retenção com esse fim,
poderá ser uma solução para o problema de cheias, com uma vantagem suplementar de permitir o
tratamento das águas pluviais.
Analisando os gráficos que se seguem poder-se-ão tirar algumas conclusões de encontro a esta
necessidade de uma imposição de legislação sobre bacias de retenção. Os gráficos foram obtidos com
base no estudo efectuado no capítulo 7.
O Gráfico 8.1 representa a variação do caudal no tempo para uma bacia que sofre uma variação no
coeficiente de escoamento de, antes e depois da urbanização, 0,2 para 0,8 respectivamente (admite-se
que o tempo de concentração não varia).
Gráfico 8.1 – Variação do caudal devido à mudança do coeficiente de escoamento de 0,2 para 0,8.
108
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
Gráfico 8.2 – Variação do caudal devido à mudança do coeficiente de escoamento de 0,2 para 0,4.
Gráfico 8.3 – Variação do caudal devido à mudança do coeficiente de escoamento de 0,2 para 0,4 em toda a área
da bacia hidrográfica.
109
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
Numa última análise, a situação mais extrema é, sem dúvida, quando toda a bacia está
impermeabilizada. Contudo, tratar-se-á de uma situação hipotética, uma vez que, decorrente dos
espaços verdes, áreas de recreio e de toda a rede ecológica municipal que subjazem aos princípios de
desenvolvimento sustentável imputados pelos planos directores municipais, esta situação nunca terá
uma correspondência integral com a realidade. Ou seja, existirão sempre, em maior ou menor número,
áreas pertencentes à bacia hidrográfica não impermeabilizadas que garantem um amortecimento
imediato dos caudais de cheia.
Contudo, e independentemente desta correspondência com a realidade, a diferença entre o caudal
depois da urbanização e o caudal antes da urbanização terá de ser amortecido pela (s) bacia(s) de
retenção existentes ou por um qualquer outro processo de dissipação. As bacias de retenção
constituem exemplos de soluções que podem ser adoptados na gestão urbanística, como instrumentos
de controlo na origem das águas pluviais assim como os poços absorventes, trincheiras de infiltração,
filtros de areia enterrados, sistema de pavimentos porosos, etc.
No capítulo 7, é proposto um processo de cálculo que tenta solucionar a falha legislativa portuguesa
referente às bacias de retenção em zonas urbanas. Este processo de cálculo poderá ser automatizado e
melhorado e se tornar mais simples e mais práticos ao nível do utilizador.
110
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
Anexos
A.1.1 SOLOS
113
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
Figura A.1.1 – Carta dos solos de Portugal classificados pelas suas características hidrológicas (Brandao 1976)
A.1.2 PRECIPITAÇÃO
As curvas intensidade-duração-frequência (curvas I-D-F) apresentadas por MATOS e SILVA, 1986,
relacionam os valores a nível nacional com o das que estabeleceram para Lisboa. Para o efeito,
sugerem que as intensidades médias das precipitações resultantes daquelas curvas sejam agravadas de
20%, nas regiões montanhosas de altitude superior a 700 m, e reduzidas de 20%, nas regiões do
Nordeste.
Na Figura A.1.2 e no Quadro A.1.1 apresentam-se as regiões pluviométricas referentes à classificação
proposta por aquelas autoras deu origem, indicando-se também os valores que, em função do período
de retorno. A intensidade média da precipitação, i, vem expressa em milímetros por hora e a duração,
t, em minutos. Em conformidade com as séries de precipitação analisadas por MATOS e SILVA,
1984, t não deverá exceder 120 min.
Figura A.1.2 – Regiões pluviométricas e respectivo parâmetro das curvas I-D-F (adaptado Matos e Silva, 1986).
114
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
Quadro A.1.1 – Parâmetros das curvas I-D-F (adaptado Matos e Silva, 1986).
Os Quadro A.1.2, Quadro A.1.3 e Quadro A.1.4, apresentam os parâmetros das curvas intensidade-
duração-frequência (curvas IDF) deduzidas por BRANDÃO e RODRIGUES, 1998, e BRANDÃO et
al., 2001, com base nos registos de postos udográficos do Continente, considerando, para o efeito,
durações da precipitação, t, compreendidas entre 5 min e 48 h e períodos de retorno, T, variando entre
2 e 1 000 anos.
A intensidade média da precipitação é expressa em milímetros por hora e duração da precipitação, em
minutos.
Regista-se que o último dos dois anteriores trabalhos contém informação relevante sobre precipitações
intensas em Portugal Continental, encontrando-se disponível na Internet, designadamente na “Hidro-
Biblioteca” do Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos (SNIRH) do Instituto da Água
(INAG).
115
Estudo de Bacia de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
Quadro A.1.2- Parâmetros de curvas IDF estabelecidos com base em precipitações intensas registadas em postos udográficos do Continente.(Rodrigues 1998).
116
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
Quadro A.1.3- Parâmetros de curvas IDF estabelecidos com base em precipitações intensas registadas em postos udográficos do Continente.(Rodrigues 1998)
117
Estudo de Bacia de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
Quadro A.1.4- Parâmetros de curvas IDF estabelecidos com base em precipitações intensas registadas em postos udográficos do Continente.(Rodrigues 1998)
118
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
Com:
∆u; [m]: perda de carga continua;
D [m]: diâmetro da secção transversal;
U [m/s]: velocidade média do escoamento;
f [ ]: factos de resistência ou factor de Darcy-Weisbach;
g [m/s]: aceleração da gravidade.
O valor do factor de resistência pode ser obtido através do ábaco de Moody ou pela fórmula de
Colbrook-White.
1 Æ 2,51
= −2 × log6? < + A
G* 3,7 × z © × G* (A.2.2)
Com:
Re [ ]: numero de Reynolds do escoamento;
ε [m]: rugosidade absoluta das paredes da conduta.
o número de Reynolds Re do escoamento, que é dado por:
x×z
© =
x;m¥
(A.2.3)
Com
U [m/s]: velocidade do escoamento;
D [m]: diâmetro da conduta;
Ucin [m2/s]: viscosidade cinemática do fluido.
119
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
Se Re < 2000 o escoamento é dito laminar. Se Re > 4000 o escoamento é dito turbulento. Entre os dois
valores existe uma zona de transição, para a qual não há fórmula precisa. Na maioria dos casos
práticos, os escoamentos são turbulentos.
O quadro seguinte apresenta valores da rugosidade absoluta das condutas em betão com diferentes
acabamentos.
Rugosidade ε
Acabamento da superfície
(mm)
Segundo Drake, 1966, no caso de se optar por aquedutos metálicos com paredes corrugadas
(corrugated pipes) e não se dispuser de valores do fabricante para o coeficiente de resistência e para o
coeficiente de rugosidade da fórmula de Manning-Strickler podem utilizar-se, respectivamente, as
seguintes fórmulas empíricas:
Com:
D [m]: altura da secção transversal;
n [ ]: coeficiente de rugosidade.
Outra forma de calcular perdas de carga contínuas é através das leis empíricas, que se baseiam no
facto de a perda de carga unitária, num regime turbulento rugoso no interior de um tubo, variar
proporcionalmente ao quadrado da velocidade média. Entre as várias fórmulas empíricas, apresenta-se
a de Manning-Strickler por ser a mais conhecida.
120
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
1 % 6
oQ/ × " × Ç%
_
(A.2.6)
Com:
S [m2]: área da secção do aqueduto;
K [ ]: coeficiente de rugosidade;
R[m]: raio hidráulico;
J[m/m]: perda de carga unitária.
K
Características 1/3
[m /s]
- argamassa alisada 80
Paredes lisas:
- alvenaria ordinária 60
Paredes rugosas
121
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
Com:
RH [m]: raio hidráulico;
A[m2]: área molhada;
P[m]: perímetro molhado.
O método mais preciso de cálculo da perda de carga unitária é dado pela equação de Darcy-Weisbach.
* / x%
Ç
2/t/z
(A.2.8)
Com:
J [m/m]: perda de carga unitária;
f [ ]: coeficiente de atrito para o escoamento;
U [m/s]: velocidade do escoamento;
g [m2/s]: aceleração da gravidade;
D [m]: diâmetro interno da tubulação.
Com:
U [m/s]: velocidade média do escoamento;
Kl [ ]: coeficiente de perda de carga localizada;
g [m/s2]: aceleração da gravidade.
No caso de não haver singularidade no interior do aqueduto, consideram-se apenas a perda de carga à
entrada do aqueduto, caracterizada pelo coeficiente ke, e a perda de carga à saída, em que se admite
ks=1.
No Quadro A. Apresentam-se valores para o coeficiente ke da expressão para o cálculo das perdas de
carga localizadas à entrada de aquedutos, em função da forma e do material da estrutura de entrada.
Assim, a perda de carga total, ∆H, obtêm-se:
12,7 × t × = x%
∆u <1 + $N + A×
2×t
_ % × z"
(A.2.10)
122
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
Quadro A.2.3 – Coeficiente de perda de carga na entrada de aquedutos (adaptado Corps Engineers, 1983)
Para dimensionar aquedutos com controlo a jusante pode utilizar-se a expressão anterior.
[m/s]
123
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
124
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
Esta folha de cálculo exemplifica o processo de cálculo executado pelo programa Excel. As células em
tons acinzentados são células de preenchimento obrigatório e dizem respeito às características físicas e
climáticas dos elementos que incutem o dimensionamento.
As setas indicam o sentido geral do processo de cálculo.
1º DIMENSIONAMENTO HIDRÁULICO: CÁLCULO DO MÁXIMO CAUDAL DA
PASSAGEM HIDRÁULICA EXISTENTE
• Teorema de Bernoulli:
o G2 / t / Q / Gu − 5
Dimensões
Altura
Largura da máxima da Área da Caudal
Altura máxima
a [m] superfície água no secção máximo
permitida a
ou Ø b [m] da água; L interior do molhada; S Qdim
montante; H [m] 2 3
[m] [m] aqueduto; [m ] [m /s]
y [m]
Secção Q a.y
yu−
2/=
a
Rectangular
U1 − X Q= − ~
∅Ê
= ∅ / ~ 5
2
Ø
Secção circular ------- 2 2 P
•
% 6
Manning - Strickler:
o = Q × _Ë × " × %
125
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
Dimensões Altura
Declividade Coeficiente máxima da Área da Caudal
Raio
a [m] da passagem de água no secção máximo
Hidráulic
ou Ø b [m] hidráulica; i Strickler;
1/3 o; R [m]
interior do molhada; S
2
Qdim
3
[m] [m/m] Ks [m /s] aqueduto; y [m ] [m /s]
[m]
Secção !/4
!+2/4
b a.b
Rectangular
1 sin
U1 1/8 Ð − Ñ
∅Ê
− ~
4 1
sin
P
sin ¼2½
Secção circular -------
− X∅
Dados:
3/s
Q [m ] =
Caudal admitido pela PH existente
2
A [m ] =
Área da bacia hidrográfica
Lb [km] =
Extensão do curso de água principal
Legenda:
+
Cota máxima do leito no trecho i= Hi [ ]
-
Cota mínima do leito no trecho i= Hi [ ]
Extensão horizontal do curso de água no trecho i0 Li [ Km]
Extensã
o do Inclinaçã
curso de o do
Cotas [m]
água a troço i
analisar ii [ ]
Li [m]
+
H1 [m] = ÌÍ Î yÌÍ Ï
H1 [m] - ÉÍ
H1 [m] =
+
H2 [m] =
H2 [m] -
H2 [m] =
+
H3 [m] =
H3 [m] -
H3 [m] =
+
H4 [m] =
H4 [m] -
H4 [m] =
126
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
(…)
(…)
(…)
̲ Î y̲ Ï
+
Hi [m] =
Hi [m] - ɲ
Hi [m] =
Total
∑¥m m
>
~
im [ ]=
im [% ]= > / 100
=0
?,BC
(; = 0,3 × < ?,%@ A
>
Com:
tc [min] : Tempo de concentração;
Lb [km] : Extensão do curso de água principal;
im [ ] : Declive médio do curso de água principal.
) = !+ × ( 01
Com:
T (período de retorno)= a[ ]=
Posto Udográfico= b[ ]=
K[]=
Coeficiente de ajustamento
I [mm/h]= ! × (0
127
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
2
A [m ] : área da bacia;
: coeficiente de escoamento
Cm [ ] médio;
: coeficiente de ajustamento em função do período de
K [ ] retorno.
Cm [ ]=
Cálculo do Coeficiente de escoamento
Nota: Quando partes bacia hidrográfica atingirem um coeficiente de impermeabilização tal, que ultrapasse o
coeficiente de escoamento global médio (Cm), há necessidade de construir bacias de retenção nas urbanizações
de forma a amortecer o caudal de cheia. No dimensionamento das bacias de retenção, o tempo de
concentração pode ou não variar, de acordo com a situação existente o cálculo do volume a armazenar pode
ser feito pelo ponto 3Aº ou 3Bº, se a curso principal da água não sofreu impermeabilização ou o contrário,
respectivamente.
2
Área A2 [m ] =
Coeficiente de escoamento C2 [ ]=
Área
2
A1 [m ] = ` − `%
Coeficiente de escoamento Cm [ ]=
10y"
oqm> = V> × ! × (; 0 × ` × _ ×
3600
128
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
10y"
o ′ − o ! / (; 0 / _ / `% / V% − V6 ) /
3600
3
Variação do Caudal ΔQ [m ] =
Com:
3
∆Q [m /s]: aumento do caudal devido à urbanização, o valor de ∆Q é obtido nos pontos anteriores;
3
Qdim[m /s]: caudal máximo permitido pela passagem hidráulica e pela altura de água máxima desejada;
t’c ou tc [min]: tempo de concentração na situação final (com áreas urbanizadas);
t’d ou td [min]: tempo de precipitação na situação final (com áreas urbanizadas).
∆o %
[ = ¾(q′ − (;′ ¿ × ∆o × 60 + × (;′ × 60
oqm> + ∆o
Com:
3
∆Q [m /s]: aumento do caudal devido à urbanização, o valor de ∆Q é obtido nos pontos anteriores;
3
Qdim[m /s]: caudal máximo permitido pela passagem hidráulica e pela altura de água máxima desejada;
t’c ou tc [min]: tempo de concentração na situação final (com áreas urbanizadas);
t’d ou td [min]: tempo de precipitação na situação final (com áreas urbanizadas).
td [min]=
(qF − (;F × ∆o × 60
∆o%
+ × (;F × 60
V [m3] = oqm> + ∆o
=0
?,BC
(; = 0,3 × < A
>
?,%@
Com:
tc[h] : Tempo de concentração;
Lb [km] : Extensão do curso de água principal;
im [ ] : Declive médio do curso de água principal.
129
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
Lb [km] =
Extensão do curso de água principal
Legenda:
+
Cota máxima do leito no trecho i Hi [ ]
-
Cota mínima do leito no trecho i Hi [ ]
Li [ Km]
Extensão horizontal do curso de água no trecho i
Extensão do
Inclinação do
curso de água
Cotas [m] troço i;
a analisar;
ii [ ]
Li [m]
ÌÍ Î yÌÍ Ï
+
H1 [m] =
H1 [m] - ÉÍ
H1 [m] =
+
H2 [m] =
H2 [m] -
H2 [m] =
+
H3 [m] =
H3 [m] -
H3 [m] =
+
H4 [m] =
H4 [m] -
H4 [m] =
(…)
(…)
(…)
̲ Î y̲ Ï
+
Hi [m] =
Hi [m] - ɲ
Hi [m] =
Total
∑¥m m
>
~
im [ ]=
im [% ]= > / 100
=0
?,BC
0,3 × < A
Tempo de concentração t c= >
?,%@
130
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
(;
(;′
1 + 3GH2 − H
Com:
tc[h] : Tempo de concentração de uma bacia urbana;
t'c[h] : Tempo de concentração de uma bacia rural;
µ [ ] : parâmetro que relaciona a superfície impermeabilizada pela ocupação
urbana com a superfície total da bacia.
Grau de Urbanização µ
Pequeno
µ<0,05
Moderado
0,05≤µ<0,15
Importante
0,15≤µ<0,30
Muito Desenvolvido
µ≥0,30
Extensão do
curso de água Inclinação do
Cotas [m]
a analisar Li troço i ii [ ]
[m]
ÌÍ Î yÌÍ Ï
+
H1 [m] =
ÉÍ
H1 [m] -
H1 [m] =
+
H2 [m] =
H2 [m] -
H2 [m] =
+
H3 [m] =
-
H3 [m] H3 [m] =
-
H4 [m] =
(…)
(…)
(…)
̲ Î y̲ Ï
+
Hi [m] =
ɲ
Hi [m] -
Hi [m] =
Total
∑¥m m
> =
~
131
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
im [ ]=
im [% ]= > / 100
=0
?,BC
0,3 × < A
>
?,%@
Tempo de concentração zona rural tc [h]=
correspondente à zona urbana
(;
Tempo de concentração zona urbana tc' [h]= 1 + 3GH2 − H
(; 998Á = Y (; + Y (′;
tc total [h]=
) = !+ × ( 01
Com:
T (período de retorno)= a [ ]=
Posto Udográfico= b [ ]=
I [mm/h] = ! × (0
K[]=
Coeficiente de ajustamento
2
Área A2 [m ] =
`6 = ` − `%
Informação sobre a zona não impermeabilizada:
132
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
2 ` − `%
Área A1 [m ] =
Coeficiente de escoamento Cm [ ]=
10y"
o ′ V> !(′; 0 `6 _ + V% !(′; 0 `% _) /
3600
Caudal 3
Q' [m /s]=
Projecto
0 10y"
∆o = _ Ua ¼( ′ ; − (; 0 ½ × V> `6 + V% `% X ×
3600
3
Variação do Caudal ∆Q [m /s]=
∆o %
[ = ¾(q′ − (;′ ¿ × ∆o × 60 + × (;′ × 60
oqm> + ∆o
Com:
3
∆Q [m /s]: aumento do caudal devido à urbanização, o valor de ∆Q é obtido nos pontos anteriores;
3
Qdim[m /s]: caudal máximo permitido pela passagem hidráulica e pela altura de água máxima desejada;
t’c ou tc [min]: tempo de concentração na situação final (com áreas urbanizadas);
t’d ou td [min]: tempo de precipitação na situação final (com áreas urbanizadas).
td [min]=
(qF − (;F × ∆o
∆o%
× 60 +
oqm> + ∆o
V [m3] = × (;F × 60
Dados:
m [ ]=
Inclinação dos taludes n [ ]=
(1/(n, m, c ou d)) c [ ]=
d [ ]=
133
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
RESULTADOS:
3
Volume armazenar [m ]=
Profundidade máxima da bacia [m]=
Área do espelho da água 2
[m ]=
Comprimento do espelho [m]=
Largura do espelho [m]=
Dados:
Características da bacia de retenção (Lb: comprimento Lb [m]=
da base da bacia; b: largura da base da bacia; z: b [m]=
factores de declive dos taludes (razão entre a
horizontal e a vertical)). z [ ]=
RESULTADOS:
3
Volume armazenar [m ]=
Profundidade máxima da bacia [m]=
2
Área do espelho da água [m ]=
Comprimento do espelho [m]=
Largura do espelho [m]=
134
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
−4 × ±^ 60 × ±^ 6/0
[8 10 × V × ` U X×U X
1+4 ! × 1 + 4
Com:
3
V [m ] : volume mínimo da bacia de retenção;
A [ha] : área da bacia efluente;
C[] : coeficiente de escoamento;
a, b [ ] : parâmetros referentes às curvas I-D-F;
qs [mm/min] : caudal específico efluente (caudal por unidade de área activa), considerado
constante e dado pela expressão:
±^m
±^ = ×6
V×`
Com:
q̀
±^m = × `³R08¥m´8q8 m
C []=
A [ha]
q [m3/s]=
T (período de retorno) = a [ ]=
Posto Udográfico= b [ ]=
qs [mm/min]=
V [m3] =
6
60 × ±^ 0
(Å = U X
! × 4 + 1
Com:
tM [min]: duração crítica de armazenamento;
a, b [ ]: parâmetros referentes às curvas I-D-F;
qs [mm/min]: caudal específico efluente.
tM [min]=
135
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
136
Estudo de Bacias de retenção como solução para situações crescentes de urbanização
BIBLIOGRAFIA
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Porto, 2006.
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Chow, V. T. Handbook of appplied hydrology. Montagem por McGraw-Hill. New York, 1964.
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