A Música No Ensino de Geografia - REVISTA PONTO DE VISTA

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REVISTA PONTO DE VISTA ISSN: 1983-2656 N.9 – vol.

3 – 2020 1

A música no ensino de Geografia: uma ferramenta de ensino e


aprendizagem.
Music in Geography teaching: a teaching-learning tool.

Telma Oliveira Soares Velloso1

RESUMO: A utilização de diferentes linguagens no processo de ensino-aprendizagem


auxilia o professor como mediador do conhecimento, se aproxima da aplicação prática
dos conceitos e da realidade dos alunos. Conteúdos que são aparentemente mais
complexos e distantes, podem ser mais atrativos se trabalhados de forma lúdica. Assim,
o objetivo proposto foi de diagnosticar a viabilidade da utilização da música no processo
de ensino-aprendizagem dos alunos e avaliar a motivação da participação nas aulas
quando há a utilização da música. Para isso foram realizadas aulas com aplicação da
música através de metodologias de acordo com as características de participação das
turmas, seguidas de avaliação sobre a participação e o debate do conteúdo de Continente
Asiático. Os resultados foram positivos e dialogaram com a proposta metodológica.
Aponta-se a importância do planejamento das ferramentas de ensino e que a música é um
interessante meio para estimular a participação dos alunos com outras linguagens, além
de ser mediador das informações que poderiam parecer distantes da realidade desses
alunos.

PALAVRAS-CHAVE: Geografia Escolar; Ensino de Geografia; Continente Asiático.

ABSTRACT: The use of different languages in the teaching-learning process helps the
teacher as a mediator of knowledge, approaches the practical application of concepts and
the reality of students. Contents that are apparently more complex and distant, can be
more attractive with the use of recreational resources. The goal of this research was to
diagnose the viability of using music in the students' teaching-learning process and the
motivation for their participation. For that, classes were applied with the application of
music through methodologies according to the participation characteristics of the classes,
followed by an evaluation of their participation and the debate about the Asian continent
content. The results were positive and were in line with the methodological proposal. We
point out the importance of planning teaching tools and music is an interesting way to
stimulate student's participation in other languages mediating information that could seem
distant from the reality of these students.

KEYWORDS: School Geography; Geography teaching; Asian Continent.

INTRODUÇÃO

1: Professora de Geografia da Secretaria Municipal de Educação de Paraíba do Sul – RJ, Mestre em


Educação pela Universidade Federal de Viçosa – UFV. Professora Substituta de Ética, Metodologia
Científica e Meio Ambiente no Colégio Técnico da Universidade Rural – CTUR/UFRRJ. ORCID id: 0000-
0002-7249-3049. E-mail: [email protected].

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A música sempre esteve ligada à vida das pessoas, indo desde a caracterização de
momentos cotidianos ou até mesmo como forma de lembrança de situações que já
aconteceram. As letras das músicas retratam vários assuntos, como as questões
ambientais, governo, pobreza, seca, violência, dentre tantos outros, onde são inúmeros os
temas que podem ser trabalhados em relação à Geografia e que segundo Costa (2012),
existe uma pluralidade de assuntos abordados por essa ciência e que podem dialogar com
temas abordados por muitos compositores.
Corroborando com o debate, a utilização da música no ensino de Geografia,
favorece a relação e o saber elaborado pela conexão racional e emocional dos alunos sobre
conteúdos que apontem a interação entre sociedade e natureza (COSTA, 2012).
Entretanto, na maioria dos casos as críticas contidas nas letras das músicas passam
por despercebidas ao entendimento das pessoas, principalmente quando não são
estimuladas a debater o que encontramos nas letras, ou quando apenas são colocadas no
decorrer das aulas. Seria assim, de grande importância chamar a atenção dos jovens
estudantes para que eles fiquem atentos às letras das canções, de maneira a não só ouvir,
mas de interpretar o que essas músicas dizem e quais pontos querem abordar, de modo
que professores possam planejar a utilização da música como ferramenta de ensino-
aprendizagem.
A utilização de diferentes linguagens no ensino, não deve ser encarado apenas
como inserção dessas linguagens em aulas. Estas devem ser planejadas, evidenciando
seus objetivos e a problemática apresentada, o que facilita o diálogo entre alunos e
professores no processo de ensino-aprendizagem e que esta seja realmente significativa
quanto aos conteúdos curriculares (SANTOS e CHIAPETTI, 2011).
Um dos grandes problemas das escolas no Brasil é a falta da motivação dos alunos
quanto às aulas, mas nesse processo, é importante que os professores se entendam como
mediadores do conhecimento e proporcionem espaços formativos com recursos didáticos-
pedagógicos alternativos, como as atividades lúdicas (SANTOS e CHIAPETTI, 2011).
Assim, a utilização de outras linguagens, seriam importantes ferramentas para interligar
os alunos com os objetos de conhecimento.
No modelo educacional vigente, torna-se cada vez mais necessário à busca por
novas metodologias de ensino, como forma de motivação e eficiência no processo de
ensino e aprendizagem dos estudantes. Buscando contribuir no debate e de auxiliar o
ensino e aprendizagem da Geografia, a proposta deste trabalho é demostrar como a
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música pode ser um recurso didático que auxilia no processo de ensino e aprendizagem
geográfico.
Utilizando a música como uma ferramenta de ensino, esta poderá ser utilizada
como facilitadora da compreensão e fomentadora do debate dos conteúdos geográficos,
interligando a realidade dos estudantes, mesmo que seja por gêneros musicais, com os
conceitos pertinentes da Geografia.
As produções musicais podem ser utilizadas por professores e alunos para obter
informações, perguntas, comparações e até inspiração para construir conhecimentos sobre
o espaço geográfico, tornando as aulas em centro de debate entre professores e alunos, de
troca de conhecimentos e inserindo esses estudantes como protagonistas na construção
do conhecimento.
Essa pesquisa se torna relevante por ser uma forma de respaldar a sociedade sobre
a formação crítica dos alunos, principalmente pela escolha de uma temática
aparentemente distante por se tratar de um continente a qual não fazemos parte e sobre a
viabilidade da utilização da música como metodologia de ensino, pois os mesmos devem
ir além dos conceitos apresentados para entender as relações sociais e com o espaço, na
qual estão inseridos.
O objetivo proposto foi de diagnosticar a viabilidade da utilização da música no
processo de ensino-aprendizagem dos alunos e avaliar a motivação da participação nas
aulas quando há a utilização da música. Pois é de suma importância que os conceitos
geográficos possam ser aplicados nas vivências dos estudantes e a utilização de
ferramenta lúdica no ensino pode fomentar a criticidade e o debate.
Assim sendo, a proposta inicial é de desenvolver nos alunos um olhar e raciocínio
crítico acerca de situações das suas próprias vivências pessoais. Já que, desde minha
experiência como aluna e atualmente professora na Educação Básica, através do estágio
e da bolsa do PIBID, como também através de leituras de textos acerca do tema, percebe-
se que os alunos se sentem menos motivados a participar das aulas que na maior parte das
vezes são planejadas em livros didáticos, ou até mesmo em outros recursos pedagógicos
tradicionais.
As músicas utilizadas como metodologia complementar, podem ser ferramentas
facilitadoras durante o processo de ensino-aprendizagem. A utilização deste recurso
pedagógico poderá servir para criar situações onde o aluno sentirá fascínio pelas

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propostas do professor e ainda confiança para questionar, argumentar, ou até mesmo fazer
alguma observação sobre temas já trabalhados em sala.
A presente pesquisa foi realizada com três turmas de 9º Ano de uma escola pública
da cidade de Viçosa-MG, e foi baseada nos seguintes procedimentos metodológicos:
pesquisa empírica, pesquisa participativa, aplicação experimental da música como uma
ferramenta de ensino, levantamento bibliográfico em livros e artigos, análise qualitativa
dos dados coletados e, finalmente, um posicionamento crítico e pessoal sobre os
resultados obtidos com a aplicação da música.

A UTILIZAÇÃO DA MÚSICA

As atividades lúdicas devem estar sempre presentes em espaços formativos, não


só no período da infância, mas na construção da criança e jovem quanto a sua maturação
e dialogando com as propostas pedagógicas. Segundo Santos (2002), o lúdico facilita os
processos de socialização, expressão e comunicação, que são inerentes ao processo de
ensino-aprendizagem, sendo um facilitador do desenvolvimento pessoal, cultural e até
social.
“O lúdico como método pedagógico prioriza a liberdade de expressão e criação.
Por meio dessa ferramenta, a criança aprende de uma forma menos rígida, mais tranquila
e prazerosa, possibilitando o alcance dos mais diversos níveis do desenvolvimento” (RI-
BEIRO, 2013, p. 01), a qual, é de suma importância que os professores proponham espa-
ços formativos lúdicos durante o processo de ensino-aprendizagem, mas que este dialogue
com a realidade dos alunos, com a série de escolaridade, o conteúdo e esteja realmente
planejada no decorrer das aulas.
Compreendendo a importância das atividades lúdicas, o tema desta pesquisa está
vinculado à utilização da música como ferramenta para auxiliar no processo de ensino e
aprendizagem, por se tratar de uma abordagem lúdica acerca de conteúdos da Geografia.
Através de propostas de Cavalcanti (2006), na qual a autora utilizando-se de alguns con-
ceitos pertinentes à Geografia Acadêmica, faz a relação da teoria com as vivências práti-
cas dos alunos, onde para isso alguns exemplos são dados e se ressalta a questão da utili-
zação das ferramentas de ensino na transposição didática, importantes no diálogo da Ge-
ografia Escolar.
A música nesse trabalho seria então uma ferramenta para interconexões entre con-
ceitos pertinentes na Geografia Acadêmica e a transposição didática voltada para a sala
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de aula da Educação Básica, ou seja, a Geografia Escolar. Engendrando assim, as cone-


xões necessárias entre teoria e prática, almejando uma aula diferenciada, lúdica e com
conteúdo escolar/acadêmico.

Assim, a música – com suas letras – se coloca como instrumento


importante e favorável à discussão e reflexão coletiva em sala de aula
sobre conceitos da Geografia, estimulando a estruturação de conceitos
científicos em conceitos escolares através da observância de dos
elementos: cotidiano/Vicência do aluno e a relação dialógica aluno-
professor-aluno. As letras musicais, por seu conteúdo rico,
popularidade e atualidade, estimulam aprendizado de conteúdos
geográficos, pois, instigam os alunos ao interesse pela descoberta do
novo e dão ao professor outros meios para realizar seu papel de
intervenção na aprendizagem, problematizando e reconstruindo os
conteúdos aprendidos na escola. (FUINI, 2013, p. 94)

Espera-se desenvolver nos alunos um olhar e raciocínio crítico acerca de situações


das suas próprias vivências pessoais, já que em muitas situações da escola, percebe-se
que estes se sentem menos motivados a participar das aulas que são planejadas com
ferramentas tradicionais.
Em Muniz (2012, p.80) ressalta-se a utilização da “música nas aulas de geografia
como um dos inúmeros recursos que podem ser utilizados para facilitar o processo de
ensino e aprendizagem”. A música surge como proposta de ferramenta, que não seja
tradicional e que ao mesmo tempo motive e agregue os alunos, de maneira com que a
abordagem das músicas e as atividades possam auxiliar na formação crítica acerca das
temáticas encontradas nas letras.
Vale ressaltar que o foco dado não tem como pretensão direta, a substituição do
livro didático nem das ferramentas tradicionais, mas de trazer a prática de uma outra
ferramenta que complemente o conteúdo que possivelmente seria mais expositivo do que
dialogado, e que os alunos tenham um melhor aprendizado do mesmo. Assim,

a música aqui é utilizada de forma saudável, lúdica. Simplesmente


fazendo com que as pessoas, independente da idade, se valham dos seus
direitos, pois a música é uma construção cultural da sociedade e todos
têm o direito de poder conhecê-la e entendê-la melhor. (GODOY, 2009,
p. 04)

Além disso, a música pode ser uma ferramenta de formação crítica sobre os
modelos políticos, econômicos, sociais e culturais de toda a sociedade. Assim, sendo de
grande importância realizar a ligação entre teoria e prática dos conteúdos pertinentes a

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própria Geografia, que podem ser rotineiras ou não, de acordo com a localização e
experiências vividas pelos alunos.
De tal maneira, pode-se dizer que a música é uma arte que expressa às situações
rotineiras de dada sociedade, e que servirá de elo para identificar nos alunos suas próprias
realidades e consequentemente relacioná-los com conceitos da Geografia, tais propostos
por Cavalcanti (2006), como território, lugar, paisagem e cidade, relacionados também
ao de espaço, identidade e poder.
Esses conceitos foram de suma importância na aplicação da aula utilizando a
música como ferramenta de ensino e aprendizagem. Pois a ideia desta pesquisa foi de
trabalhar com a música para se entender as relações encontradas em um Continente, que
embora pareça tão longe e de realidade tão diferente, muitas situações semelhantes podem
ser observadas no cotidiano desses alunos, até mesmo no lugar aonde eles vivem e se
integram à sociedade. Bem como,

Se fizermos um exame do ensino de geografia através dos seus dois


pilares institucionais, que são os programas e os manuais,
constataremos que ele permanece o mais tradicional de todos.
(VESENTINI, 2009, p. 15)

Constata-se que tanto os programas da disciplina Geografia e os manuais, que


correspondem aos materiais utilizados para lecionar, tais como os livros didáticos, ainda
se enquadram como tradicionais e infelizmente, podem ser o único meio material de
estudo dos alunos. Ressalta-se que “isto se vê claramente na estrutura dos manuais,
comparativamente a mais tradicional, organizada em uma série de aulas sobre noções,
temas muito abstratos” (VESENTINI, 2009, p. 15).
Entretanto, não deveria ser o único material utilizado pelos professores, pois estes
podem propor atividades para além dos livros, já que apenas a utilização dos livros, por
vezes tornam a ciência geográfica desinteressante para os alunos e podem dificultar a
compreensão e aplicação dos conceitos geográficos em situações cotidianas.
Ao delimitar o objeto desse estudo, a escolha foi por uma temática que parecesse
mais abstrata para os alunos, principalmente pelo distanciamento que os mesmos podem
ter do que é abordado. Salientando que estes temas aparentemente abstratos, são
trabalhados em sala de aula, muitas vezes por aulas expositivas, sem contextualização
com a vivência do aluno e por decorar os fenômenos e conceitos. Assim, aumentam ainda
mais as distâncias entre aluno e o conhecimento no processo de ensino e aprendizagem,
justamente por não encontrar diálogo com a realidade dos alunos. Por isso, optou-se por
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escolher um dos Continentes, já que possuem especificidades locais como todo lugar
possui e para ser trabalhado fora das apresentações tradicionais do conteúdo.
Essa situação é visível no livro didático, pois como Vesentini (2009) relata, este
ainda continua o mais tradicional possível. Assim, a música seria uma ferramenta que
pudesse complementar a aula, a utilização do livro, ser dissipadora dos conteúdos através
de uma linguagem por vezes mais simples e evidenciar aos alunos a relação entre os
lugares e suas vivências, mesmo que sejam tão distantes. Até porque,

De uma maneira geral, os manuais didáticos e programas de ensino de


Geografia retratam uma realidade estereotipada, que nada tem a ver
com a realidade social e cultural do povo brasileiro. Os manuais
tradicionais não enfatizam a compreensão do saber geográfico
historicamente acumulado, dificultando a visão da Geografia real,
vivenciada no seu cotidiano e tão necessária para melhorar as relações
entre o homem e a natureza. (LIMA e VLACH, 2002, p. 44)

Isto posto, o livro didático ainda se encontra desconexo das múltiplas realidades
dos alunos brasileiros, é uma ferramenta de ensino tradicional e por vezes se torna
desinteressante, mesmo sendo uma das poucas fontes de pesquisa que os alunos possuem
acesso.

Ao invés de aceitar a ‘ditadura’ do livro didático, o bom professor deve


ver nele (assim como em textos alternativos, em slides ou filmes, em
obras paradidáticas etc) tão somente um apoio ou complemente para a
relação ensino-aprendizagem que visa a integrar criticamente o
educando ao mundo. (VESENTINI, 2009, p. 167)

Daí parte-se para o pressuposto de que a música seria uma ferramenta que
complementaria a aula, e o livro não deve ser apenas o condutor das práticas e das aulas,
mas ser um complemento. Assim, a aula deve ir além do tradicional, mas de buscar novas
leituras e entendimento dos alunos sobre o conteúdo e sua própria vivência. Sobre a
questão docente,
O professor necessita, obviamente, de modelos para guiar a caminhada.
No entanto, por entender a docência como uma prática que ultrapassa
em muito a mera racionalidade, não busco apenas modelos técnicos.
Quero respostas e certezas onde abundam dúvidas e inquietações.
(KAERCHER, 2007, p. 15)

Com a utilização de música,

Podem surgir boas discussões, mas nem sempre ‘dentro da matéria’.


Não faz mal. Nem sempre o conteúdo é dado linear e expositivamente.
(...) A aula expositiva é um instrumento plenamente válido para o

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trabalho docente, desde que não seja o único. (KAERCHER, 2007, p.


15)

Cabe então ao professor aproveitar as discussões levantadas pelos alunos, mesmo


que aparentemente, fujam um pouco do conteúdo, para poder acrescentar a vivência ou
prática dos alunos com a teoria debatida ou os novos conhecimentos adquiridos. Ao
mesmo tempo,

Se o professor não tiver uma boa formação cultural, se não tiver os


objetivos claros, de pouco valem estas – ou quaisquer outras –
atividades (...). Temos que admitir que nem sempre as novidades dão
certo e que o insucesso faz parte da nossa profissão. (KAERCHER,
2007, p. 32)

A utilização da música não é a solução para todos os problemas da aula, e pode


ocorrer algum fracasso na sua aplicação, fugindo do que foi planejado. É imprescindível
planejar as aulas, delimitando seus objetivos e ferramentas utilizadas, mas tendo também
possibilidades de adaptação, caso algo transcenda o que estaria proposto.
A utilização das ferramentas de ensino durante o processo de ensino e
aprendizagem, além do seu êxito, vão depender não só dos alunos, mas do professor, do
conteúdo, da forma de exposição e avaliação. Mas, a formação cultural do professor e seu
anseio por estar sempre atualizado ou estimulado por políticas educacionais de formação
continuada, faz dessas metodologias algo diferenciado para as aulas.
Ao utilizar as músicas com proposta de debate e instigando aos alunos a
participarem deste momento,

O resultado de todas essas tarefas pode ser extremamente satisfatório


na medida em que os alunos participam mais das aulas, rompem um
pouco a sua inibição e aquela idéia de que geografia é maçante e restrita
aos livros ou ao discurso do professor. (KAERCHER, 2007, p. 32)

Assim, rompendo com a utilização maçante do livro didático e com a visão


equivocada de que ele é a única fonte ou material disponível para a aplicação em sala de
aula, a música surge como uma ferramenta facilitadora do diálogo entre professor e alunos
na construção de um ambiente mais propício para ensino e aprendizagem, que sejam
significantes com as vivências dos alunos, interligando teorias e práticas, além de romper
com a possível abstração de conteúdos que pareçam distantes fisicamente do seu
cotidiano.
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OS PARÂMETROS CURRICULARES E A MÚSICA

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) são os documentos oficiais do


Governo Federal que, mesmo não sendo obrigatórios por lei, serviram como auxílio e
base para muitas escolas e professores. Foram elaborados na década de 1990, tendo como
proposta se constituir enquanto diretrizes das disciplinas escolares e até mesmo de
proposição da organização e gestão escolar.
Em relação ao Ensino Fundamental, os PCNs propõem que os alunos sejam
capazes de compreender a cidadania como participação política e social, dotando no dia
a dia atitudes que compreendam a solidariedade, cooperação e que seja contra as
injustiças, assim, respeitando o outro e exigindo para si o mesmo respeito. Também
propõe que esse aluno possa se posicionar de maneira responsável, construtiva e acima
de tudo de forma crítica nas diferentes situações sociais, utilizando o diálogo como forma
de mediar conflitos, entre outros aspectos pautados.
Nos Parâmetros existe a proposta de

utilizar as diferentes linguagens: verbal, musical, matemática, gráfica,


plástica e corporal. Como meio para produzir expressar e comunicar
suas idéias, interpretar e usufruir das produções culturais, em contextos
públicos e privados, atendendo as diferentes intenções e situações de
comunicação. (BRASIL, 1998, p. 07-08)

Destaca-se que

a Geografia é uma área de conhecimento comprometida em tornar o


mundo compreensível para os alunos, explicável e passível de transfor-
mações. Neste sentido, assume grande relevância dentro do contexto
dos Parâmetros Curriculares Nacionais, em sua meta de buscar um en-
sino para a conquista da cidadania brasileira. As temáticas com as quais
a Geografia trabalha na atualidade encontram-se permeadas por essa
preocupação. (BRASIL, 1998, p. 26)

Em contrapartida, em Brasil (1998), há a proposta e responsabilidade de que os


alunos recebam informação e formação, “pois o estudo da Geografia proporciona aos
alunos a possibilidade de compreenderem sua própria posição no conjunto de interações
entre sociedade e natureza” (BRASIL, 1998, p. 26).
Além disso, no decorrer dos Parâmetros Curriculares Nacionais de Geografia são
abordadas e apresentadas as questões conceituais, tais como de: paisagem, lugar, espaço,
território e região, que a grosso modo, são categorias da própria ciência geográfica e
essenciais para serem aplicadas as questões práticas que a música pode propiciar. Neste

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sentido, cabe ao professor ir além da conceituação, mas ao ponto de mediar a aplicar dos
conceitos em situações da realidade dos alunos, objetivando o melhor empenho do
processo de ensino-aprendizagem.
O objetivo de levar esses alunos a saberem e utilizarem das diferentes fontes de
informações e recursos tecnológicos para adquirir e construir conhecimentos, nesse
contexto, engendrando própria música como possibilidade de ferramenta de ensino e
aprendizagem.
Os PCNs são divididos em ciclos de acordo com nos anos de escolaridade, sendo
assim, o foco permeia ao ensino e aprendizagem propostos no Quarto Ciclo de Geografia
do Ensino Fundamental, dada a sua complexidade e abstração de análises de lugares que
poderiam estar distanciados dos alunos, como o estudo das relações entre sociedade e
natureza no contexto dos Continentes. Por isso,

Neste ciclo deve-se considerar a possibilidade de trabalhar outros níveis


de complexidade teórica e metodológica, de acordo com o desenvolvi-
mento cognitivo dos alunos. Os temas podem aprofundar conteúdos
conceituais, procedimentais e atitudinais, uma vez que, nesta fase de
maturidade, os alunos já percebem e compreendem relações mais com-
plexas do espaço geográfico. O aluno do quarto ciclo já é capaz de
maior sistematização, podendo compreender aspectos metodológicos
da área quando estuda as relações entre sociedade, cultura, Estado e ter-
ritório ou as contradições internas que ocorrem entre diferentes espaços
geográficos com suas paisagens. Assim como as noções de tempo já são
mais elaboradas. (BRASIL, 1998, p. 91)

Por se tratar do período de conclusão do Ensino Fundamental e transição para o


Ensino Médio, devemos ressaltar que os interesses das crianças e dos jovens que estão
nessa vivência, vão se ampliando em relação a formação de valores e compreensão do
mundo em que vivem e que podem conhecer. Onde,

Compreender o momento da adolescência numa sociedade complexa,


como a brasileira, torna-se importante para ir além daqueles patamares
iniciais, sobre os quais estabeleceram-se as propostas dos parâmetros
para os ciclos anteriores. Aqui existe um novo patamar de relações entre
alunos/professor/escola. Isso pode favorecer a criação de situações de
aprendizagem com temáticas que lhes possibilitem compreender e ex-
plicar os lugares onde vivem como uma interação entre o local e o glo-
bal. A compreensão do mundo pode, também, ser colocada como um
recorte especial de uma totalidade social ampla, que combina relações
com o mundo adulto e o mundo da criança. (BRASIL, 1998, p. 91)

Proposto pelo Quarto Ciclo nos PCNs, existem os conteúdos que devem ser flexí-
veis, o que não corresponde a ser fragmentado, mas que permeiam em vários debates.
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Esses conteúdos são agrupados em três eixos, com assuntos a serem discutidos em sala
durante as aulas.
Por conseguinte, foi escolhido o eixo 3: “Modernização, Modos de Vida e a Pro-
blemática Ambiental”, para polemizar a questão dos modos de vida atuais, sejam eles
urbanos ou rurais, evidenciando os aspectos sociais, culturais e ambientais comumente
percebidos como produtos da modernidade, do acesso e imposição de tecnologias nos
diferentes lugares do mundo. Na qual, mesmo sendo lugares diferentes, neste caso a ci-
dade de Viçosa – MG como local de pertencimento destes alunos e os aspectos do Con-
tinente Asiático que são do conteúdo apresentado nas aulas de Geografia, pode-se consi-
derar que algumas situações similares ocorrem em lugares diferentes, mas também, pos-
suem especificidades.

PERCURSOS METODOLÓGICOS E RESULTADOS

Foram escolhidas as três turmas de 9º Ano do Ensino Fundamental de uma Escola


Municipal da cidade de Viçosa-MG, afim de desenvolver a pesquisa sobre a utilização de
música como uma ferramenta de ensino-aprendizagem da Geografia. Por base, utilizou-
se o eixo temático nº 3 do PCN e o conteúdo do livro didático sobre o Continente Asiático,
seus aspectos sociais, econômicos, naturais, dentre outros que foram sendo debatidos com
os alunos.
Para chegar a um resultado, a metodologia dessa pesquisa consistiu
primeiramente, na elaboração de plano de aula, baseado na proposta de conteúdo do livro
didático, textos acadêmicos, sites de internet e o PCN. Mas a fim de comparação foi
proposto duas sequências metodológicas diferentes, em que as três turmas de 9º Ano
tiveram a estrutura do plano e das aulas diferente.
O critério para a avaliação foi a participação no debate, a análise quanto a
qualidade dos argumentos elaborados, a interconexão dos conteúdos globais com os
locais e ponderação dos alunos quanto a utilização da música. Assim, os critérios eram
por ordem, uma avaliação qualitativa do processo de ensino-aprendizagem dos alunos.
À vista disso, as escolhas pelos percursos metodológicos das aulas realizadas nas
turmas, para fim comparativo sobre a utilização da música como ferramenta de ensino e
aprendizagem, foram também planejadas de acordo com as características e observações

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anteriores de cada turma. A grosso modo, pautou-se em utilizar a música ao final da aula
com a turma mais participativa e no início da aula com as turmas mais introspectivas.
Turma 1: a aula foi desenvolvida através da exposição do conteúdo e
posteriormente seguida da música, para assim ser feito o debate entre os alunos e
considerações sobre a dinâmica da aula.
Turma 2: primeiramente foi realizada aula expositiva sem a utilização de música,
para assim, servir como preceptor da participação dos alunos. Pois através do
acompanhamento anterior das aulas, percebeu-se que essa era a turma mais participativa
e nesta ordem de ações, serviria como parâmetro para relatar se a música estimularia mais
a participação dos alunos, se comparada com as outras turmas que geralmente
participavam menos. Após a exposição do conteúdo, a proposta de avaliação era de debate
entre os alunos e da dinâmica da aula.
Turma 3: a aula foi planejada para usar a música no início da aula, depois expor
alguns conteúdos pertinentes e que não estavam sendo abarcados pela letra da música.
Para avaliar, a proposta foi do debate entre os alunos e considerações acerca da dinâmica
da aula.
A metodologia proposta foi a de aplicação e observação dos alunos e da sala de
aula com a utilização de uma ferramenta lúdica e de ensino não tradicional. O uso da
música é um método pedagógico onde o professor poderá fazer com que suas aulas
deixem de ser monótonas e passem a ser dinâmicas.

As atividades lúdicas são instrumentos pedagógicos altamente


importantes, mais do que apenas divertimento, são um auxílio
indispensável para o processo de ensino aprendizagem, que propicia a
obtenção de informações em perspectivas e dimensões que perpassam
o desenvolvimento do educando. (MALUF, 2008, p. 42)

Mas vale ressaltar que este tipo de recurso não deve ser utilizado como forma de
substituir o livro didático e outros recursos pedagógicos; pelo contrário, deverá apenas
complementar o conteúdo para que os alunos tenham um melhor aprendizado do mesmo.
Isto posto, destaca-se que houve preocupação para que os objetivos fossem
alcançados, as competências e habilidades desenvolvidas. Como também aos conteúdos
conceituais que foram ministrados, o eixo temático que o assunto estava associado, os
procedimentos metodológicos escolhidos, bem como a identificação das turmas para a
qual se destinava a atividade.
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As escolas em sua maioria estão adaptadas aos recursos tradicionais, como o livro
didático, pois vemos que embora haja os equipamentos necessários para a realização de
aulas lúdicas e menos tradicionais, esses ainda são pouco utilizados, e os recursos de som
facilitam muito na concentração e na apreensão das mensagens contidas nas músicas, logo
esse recurso pedagógico age de forma a complementar o livro didático e não diretamente
a substituí-lo. Partindo do pressuposto que no livro há a apresentação dos conceitos e as
ferramentas didáticas, como as músicas, trazem sentido mais prático e exemplificador
para estimular a criticidade, criatividade e a comunicação durante o processo de ensino e
aprendizagem.
Quando o professor coloca em sala de aula um tipo de recurso que foge das
metodologias tradicionais trabalhadas, isto é, uma forma diferente de fazer com que os
alunos compreendam sobre o conteúdo das aulas, percebe-se que os alunos são atraídos,
principalmente pela curiosidade.
O professor como mediador do processo de ensino-aprendizagem, deve formular
questões ou até mesmo apontar um problema a partir da música, a fim de que o aluno seja
estimulado a pesquisar sobre o fato levantado. É imprescindível que a utilização da
música não seja vaga, como se fosse apenas lançada na aula sem nenhum planejamento e
proposta de intervenção, como atividade ou dialogando com o conteúdo exposto. Dado
isso, porque a má utilização da música e o seu não planejamento, desfaz a possibilidade
de ser uma ferramenta didática e banaliza a proposta de intervenção.
Desta forma, os alunos estarão aprimorando os seus conhecimentos, e além de
tudo serão capazes de elaborar relações e análises críticas que antes não seriam capazes
de fazer através das aulas apenas sistematizadas, expositivas ou ligadas diretamente ao
livro didático. Aliás,

A música aqui nos serve como um espelho da sociedade e de suas


relações com o meio. Com suas letras, suas construções sonoras, seus
instrumentos, a música nos fala, muito além da simples distração e
diversão, a música pode ensinar, pode levar alunos a vivenciar
sentimentos e experiências, pode enfim apresentar aos alunos e
professores uma nova Geografia, capaz de produzir além de
conhecimentos puros, uma educação plena, completa. (GODOY, 2009,
p. 05)

Destaca-se que os alunos receberam cópia da letra da música e a ouviram, para


que pudessem acompanhar a letra escrita com o áudio. A música escolhida para essa aula
foi “Novos Eldorados” da banda “Mundo Livre S/A”, que segue abaixo:

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Novos Eldorados
Mundo Livre S/A
Atenção grandes investidores
Corram enquanto é tempo
Juntem-se a Indonésia na
Venturosa pilhagem do Timor
As petrolíferas ocidentais
Já despertaram para os atrativos da região
E o melhor é que a "impressa livre", como sempre
Finge ignorar, como convém
Afinal todos sabemos que nada disso seria possível
Sem o banho fervente de sangue iniciado em 75
Pelos indomáveis generais indonésios
Que naturalmente contaram com todo o apoio logístico
(entenda-se armas, armas e mais armas)
de Washington
para dar sumiço em nada menos
que um terço da população. UAL!!!
VIVA CARTER
VIVA A IMPRESSA LIVRE
Aproveitem a liquidação

Fonte: https://www.vagalume.com.br/mundo-livre-s-a/novos-eldorados.html (2020).

Embora a metodologia de cada turma tenha sido uma sequência de aula diferente,
o conteúdo foi o mesmo, abordando os aspectos sociais, populacionais, econômicos, as
consequências ambientais, algumas situações de relações geopolíticas e a mídia como
propulsora de ideologias empresariais.
A escolha da música se deu por retratar sobre o caso da Indonésia e sua
apropriação do Timor Leste, países localizados no Continente Asiático, sendo uma
espécie de retrato da realidade desses lugares. Daí partiu-se a acrescentar as outras
temáticas propostas para as aulas, interligando os conteúdos e ao mesmo tempo, buscando
acrescentar as vivências e olhares dos alunos sobre a temática.
Os resultados foram equivalentes às expectativas iniciais da pesquisa, na qual a
sequência diferenciada da aula pôde mostrar que a aula expositiva sem a utilização da
música, teve menos participação dos alunos, mesmo a turma sendo a mais comunicativa
e interessada se comparada às outras duas.
Já em relação às outras turmas, as mesmas tiveram mais interesse de participar,
questionaram mais e fizeram o elo entre a letra da música e o conteúdo exposto,
acrescentando inclusive alguns aspectos das suas próprias vivências e a realidade
encontrada em Viçosa.
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Dessa maneira, pode-se dizer que a utilização da música como uma ferramenta de
ensino e aprendizagem é viável, por conter aspectos que levam ao debate, a interligação
entre a Geografia Acadêmica e a Escolar, reflete aspectos que retratam a realidade dos
alunos ou que os faça comparar com a sua própria. Ao mesmo tempo, serviu como
inibidora da timidez, onde alunos mais retraídos puderam acompanhar a letra da música,
perguntar e debater sobre o que nela continha e o conteúdo complementar que foi exposto
durante a aula.
A segunda turma, que era aquela mais participativa, teve a participação normal, já
a primeira e a terceira turma, participaram mais do que o normal destas, e relataram que
a sonoridade da música era diferente das que eles estão acostumados a ouvir, também
acharam interessante uma aula com um conteúdo “nada haver”, como alguns alunos assim
disseram sobre o Continente Asiático, poder ser “legal” e “animada”.
Os alunos acharam que esse tipo de aula é mais interessante do que as aulas
tradicionais baseadas apenas na utilização dos livros didáticos. Segundo o aluno J. M. S.
“essa aula me fez querer discutir e dizer o que entendi, eu gostei e queria mais aulas assim,
inclusive fora da sala de aula”. A aluna L. A. apontou que não conhecia a banda e nem o
estilo musical, chamando a atenção por parecer “uma galera politizada que escreveu a
letra”. E ainda, a aluna P. B. A. ressaltou a curiosidade para pesquisar o que teria de tão
interessante no Continente Asiático, pois “primeiro ter a aula e depois ouvir a música, me
fez perceber que esse lugar que estudamos é real e que a música se inspirou em um
conflito que eu não sabia”.
Logo podemos dizer que esse recurso pedagógico além de ser dinâmico prende a
atenção dos alunos e estimula-os a discutirem sobre o tema, havendo desta forma um
melhor aproveitamento do conteúdo exposto em sala de aula. As trocas culturais
realizadas com o debate, nos permite a interação e aguça a curiosidade, lapidando novos
olhares, conhecimentos e despertando anseios de conhecer o diferente para encontrar as
similaridades.
Percebeu-se também, que antes da apresentação sobre o Continente Asiático, os
alunos tinham pouca noção sobre o tema, ou os que sabiam era específico de alguns
países, ou ainda, não reconheciam esses conhecimentos de países quanto a sua localização
no Continente Asiático. Embora parecesse que os mesmos detinham poucas informações
sobre o Continente Asiático, o debate propondo o diálogo entre os próprios alunos e

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mediado pela professora, fez com que passassem um tempo refletindo e elaborando sobre
o conteúdo e como iriam retratar o que conheciam.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A realização deste trabalho produziu resultados positivos, seja para os alunos que
estão aprendendo sobre o conteúdo, como também para o professor. Com a utilização
dessa ferramenta pedagógica, o professor poderá desenvolver aulas mais dinâmicas e
interessantes para os alunos, de maneira a estimular o debate entre os alunos e entre estes
e o professor, de desenvolver o raciocínio, a criatividade e o pensamento crítico.
O percurso didático com a utilização de ferramentas lúdicas, evidenciam aos
alunos que estes são agentes transformadores do espaço em que vivem e transformados
por diversos fatores que compõem esse mesmo espaço. Na qual, embora em escalas
diferentes, os lugares possuem especificidades, mas também, muitas coisas em comum
com a sua própria realidade.
Pode-se dizer que foi apontada a possibilidade de um melhor relacionamento entre
professor e aluno, de diálogo, interação e busca por construção do respeito a visão do
outro. Como aponta Vlach (1989), o professor é o mediador da relação do aluno com o
conhecimento, e a Geografia é a ciência compreendida das construções sociais sobre a
natureza, propiciando a compreensão da realidade. Além disso, a utilização de gêneros
musicais que os alunos não estão habituados, geram um contato cultural diferente, que
pode ser cada vez mais expandido para conhecer a diversidade e respeitar as diferenças.
O uso da música contribui para que o ensino da Geografia desempenhe sua função,
enquanto instrumento de formação de opinião, na medida em que há possibilidade de
debater temas do nosso cotidiano. Por fim, esse tipo de recurso pedagógico é válido, pois
estimula e motiva os alunos, tornando o processo ensino e da aprendizagem mais
satisfatório.
As lacunas encontradas ainda são em relação as dificuldades em que certos alunos
possuem em interpretar e entender o conteúdo através de diferentes linguagens, o ritmo
musical ou o gênero. Destaca-se que para alguns alunos se torna uma novidade, na qual
alguns se interessam a conhecer o novo e outros possuem um certo receio em algo
diferente.
A utilização da música não deve ser a única ferramenta de ensino, deve propor
também um momento avaliativo, no caso desta pesquisa foi a participação em debate,
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pois sem a compreensão por parte dos alunos que essa ferramenta possui uma avaliação,
a sua aplicação torna-se algo vago e descontextualizado. A questão do pouco tempo de
aula também causou uma lacuna, pois teve que reduzir um momento que foi de grande
amadurecimento profissional do professor e de formação pessoal dos alunos, bem como,
de satisfação por conseguir alcançar os objetivos propostos nessa pesquisa.
Considero que a pesquisa foi de grande valia, mas ainda há novas propostas e
momentos para dar continuidade sobre outras ferramentas, e também sobre a música. A
utilização de ferramentas não tradicionais pode ser um complemento a aula e uma forma
de interessar a participação dos alunos, e ao mesmo tempo, propor além de novas
linguagens, as leituras e releituras do mundo em que vivem e que podem vir a conhecer.

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Fundamental. Brasília. MEC/SEF. 1998.

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COLÉGIO DE APLICAÇÃO-COLUNI / UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA https://periodicos.ufv.br/rpv


18 ISSN: 1983-2656 N.9 – vol. 3 – 2020 REVISTA PONTO DE VISTA

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