Capitulo 1 de Perini 2004 A Lingua Do Brasil Amanha

Fazer download em pdf
Fazer download em pdf
Você está na página 1de 8
i A lingua do Brasil amanha (FALAREMOS PORTUNHOL?)" Oe com freqiiéncia opinides alar- nantes a respeito do fururo da nossa lingua. As veves se que cla vai simplesmente desaparecer, em beneficio le outras linguas supostamente expansionistas (em es- pecial o inglés, atual candidato mimero um a lingua niversal); ou que vai se “misturar” com 0 espanhol, mando o “portunhol”; ou, simplesmente, que vai se corromper pelo uso da gitia e das formas populares de expresso (do tipo: o caso que of ia sair com ele td ruegade). Aqui pretendo trazet uma opinifo. mai outro lado (e no é possivel agradar a todos) acre- que nossa lingua esti mudando, e certamente no versio anterior deste ensaio foi publicada em Ciéncia ho de 2001. iu ALLINGUA DO BRASIL AMANHA E OUTROS MISTERIOS: ser a mesma dentro de vinte, cem ou trezentos anos, Nas paginas que se seguem, vou examinar cada uma das trés hipéteses citadas acima, ¢ tentarei mostrar que nenhuma delas € razdo para preocupagbes maiores (exceto, certamente, para alguns puristas que gostariam de ver a lingua — e certamente muitas outras coisas — paralisada no seu estado de 1890). Espero que nio se entenda este ensaio como um exer- cicio de previsio do futuro — vou apenas aplicar 0 que se sabe da evolucio das linguas, ¢ utilizar esse conheci- mento para avaliar as probabilidades futuras. E vou, ainda, admitir que 0 Brasil nao vai ser invadido por alguma potéincia estrangeira que se dedique ao extermi- nio sistemético da nossa cultura — afinal, temos que esperar que o século XXI, que esti comegando, seja melhor do que o século XX, que ja la vai tarde (escrevi essa frase em meados de 2000; infelizmente, como sa- bemos, © século XXI comegou bem mal. Esperemos que melhore, nos noventa ¢ poucos anos que ainda tem pela frente). BRE © que € que poderia ameacar a integtidade, ou a existéncia, da nossa lingua? O primeiro fator, freqiien- temente citado, ¢ a influencia do inglés — 0 mundo de empréstimos que andamos fazendo para nos ex- pressarmos sobre certos assuntos. 12 ALLINGUA DO BRASIL AMANHA lio se pode negar que o fenémeno existe; 0 que is se faz hoje em dia € surfar, deletar ou tratar do wrketing. Mas isso nfo significa 0 desaparecimento ua portuguesa; empréstimos so um fato da ida, ¢ sempre existiram, Hoje pouca gente sabe dis- avalanche, alftiate, tenor © pingue-pongue sio de origem estrangeira; hoje jd se naturaliza- © certamente ninguém vé ameaca nelas, Afinal ntas, quando se comesou a jogar aquela bolinha em cima da mesa, precisou-se de um nome; podfa- mos dizer ténis de mesa, e alguns tentaram, mas a ‘a estrangeira venceu — s6 que virou portugue- je vive entre nés como uma imigrante ja casa- om filhos brasileiros etc. Perdeu até 0 sotaque. » dizer que nfo h4 o menor sintoma de que os préstimos estrangeiros estejam causando lesdes na desaparece em ua portuguesa; a maio 1co tempo, € os que ficam se assi gués, como toda Ifngua, precisa crescer para dar con- a das novidades sociais, tecnoldgicas, artisticas culturais; para isso pode accitar empréstimos — ravidli, joga, chucrute, balé — ¢ também pode (e com maior freqiiéncia) criar palavras a partir de seus préprios recursos — como computador, ecologia, poluigao — ou entdo estender 0 uso de palavras antigas a novos ignificados — executivo ou celular, que significam coisas hoje que nfo significavam hé vinte anos. Isso 13 ALINGUA Do BRastl AMANHA E OUTROS MISTERIOS, esté acontecendo a todo tempo com todas as linguas, € nunca levou nenhuma delas a extinggo. Eu, pessoal- mente, desconfio que os falantes possuem um bom senso inato que os impede de utilizar termos estran- geiros além de um cerfo limite; por isso, a maioria das palavras de empréstimo so muito efémeras: quem se lembra hoje do que € um ban-lon, um goal-keeper ou mesmo (essa eu lamento, nao pela palavra, mas pela coisa) um fex-trof? Apesar de rodos esses termos estrangeiros, a totalidade da populasao brasileira fala portugués — ou, talver melhor, portugués brasileiro — € nfo inglés, ou outra lingua qualquer, HA linguas que esta realmente comegando a ficar em petigo, acho eu, Querem um exemplo? O sueco. Na Suécia praticamente todo mundo fala inglés flu- entemente; os suecos s4o apenas uns seis milhoes, 0 pals € pequeno, e para eles ir ao estrangeiro € como ira Uberaba ou a Muriaé. E possfvel que num futuro prdximo as novas geragdes nao vejam muito sentido em aprender succo, ¢ passem a se exprimir em inglés. Por outro lado, o ser humano tem um grande apego 4 sua lingua; pode ser também (€ assim espero) que 98 suecos nunca abandonem a sua lingua, que ¢ 0 que os distingue, como povo, do resto do mundo. Como primeira conclusio deste ensaio, ditei que nfo estamos em perigo de ver nossa lingua submergida pela ig 1A. DO BRASIL. AMANHA, maré de empréstimos ingleses. A lingua estd af, inteira: () estrutura gramatical no mudou, a prontincia € ainda ente nossa, ¢ 0 yocabulitio € mais de 99% de io nacional. Por enquanto, falamos porrugués. BEE Vamos passar ao segundo fator, levantado ha uns anos ma entrevista publicada na Veja. Um lingitista ddés, de passagem pelo pais, houve por bem algumas previsoes alarmantes sobre o futuro do gues no Brasil. De acordo com ele, as difundidas, como o espanhol 0 ingl as tinicas linguas do mundo dentro de algum . E, acrescentou, 0 portugués vai se “miscurar” » espanhol, formando um porunhol. vao se poli, ditei apenas que as ideias do meu co- Jandés sio controversas. Ele parte de certos postos bastante duvidosos, ¢ parece néo ter dado a atengio ao que se sabe a respeito da evolucio de cm contato (¢ também mostrou um conhecimen- io superficial da realidade lingitstica brasileira). vistado parece acreditar que haveria uma ten- 1 por parte das populagdes a adotar as linguas idas em detrimento de suas linguas nacio- is, Nao creio que isso seja verdade; por exemplo, lembrar os moyimentos de renascimento lingiifstico Is ALLINGUA DO BRASIL AMANHA E OUTROS MISTERIOS ALLINGUA DO BRASIL AMANHA que se verificam em muitas regides, como a adogio do tuagio em que se fala de mistura de linguas catalo e do basco como linguas de cultura na Espanha, ‘a opiniao de alguns lingiiistas — para muitos a separagio do tcheco ¢ do eslovaco (levando até a uma ago é bem diferente) no caso da formagao das cisio da antiga Tchecoslovéquia), 0 nacionalismo as linguas crioulas, Essas linguas se originam lingiiistico dos falantes dé francés no Canada etc. Um cdades coloniais com estrutura 5 exemplo recente: em julho de 2003, um movimento : populacdes de escravos de origem diversa, popular levou 0 governo da Argélia a aprovar a intro- Jos a senhores europeus pouco numerosos. Essas dugéo nas escolas do tamazight, lingua local falada por acoes, diante da nevessidade de se comunicare parte da populacio, Os falantes do tamazight deferdem struindo uma espécie de compromisso lin que cle deve ser eventualmente reconhecido como na lingua dos senhores, mas com uma estructura aca- lingua oficial, a0 lado do drabe. tical sui generis (a0 que patece, no propriamente Iinguas dos escravos, nem da lingua dos senho- Isto ¢, quando se chega ao problema da lingua, as ssa lingua de contato € inicialmente utilizada como pessoas nao se limitam a perguntar o que é mais » de comunicacao entre senhores e escravos, € entre vantajoso em termos comerciais — 0 ser humano \s de linguas diferentes. Posteriormente, ea se criouliza, tem um apego muito especial & sua lingua, e mudar a, passa a ser a lingua nativa das novas geragbes, e se de Iingua € assim como mudar de sexo: uma op¢io a partir daf como um idioma normal. Isso acon- de muito poucos. Quantos bi s veriam com em diversas regides do mundo: em varias regides do entusiasmo a idéia de passar a escrever, pensar, (Haiti, Curagao, Guiana, Suriname, Jamaica), da sentir em inglés ou em espanhol? Alids, o Brasil, junto 0 Verde, Guiné-Bissau, Sdo Tomé ¢ Princi- com Portugal, foi parte do império espanhol por Asia (Sri-Lanka, Malasia) etc. sessenta anos (1580-1640), sem que isso tenha deixa- dalerantast as eayeihite ua sort steel is & claro que nada disso se aplica & relagéo atual portugués e 0 espanhol. Aqui temos duas Bee nacionais, faladas por toda a populagio dos © segundo problema € essa idéia de “mistura” de lin- (muito menos escravagista) sobre a outra, guas. O que é isso? Quando ¢ que se verificou uma plesmente nfo ha condigées de formacao de mistura de linguas, em toda a histéria conhecida? fi lingua mista — se € que isso € possivel. 16 ; 7 LINGUA DO BRASIL AMANTIA E OUTROS MISTERIOS Em certas condigées, uma lingua pode tomar grande niimero de palavras de empréstimo de outra, culeural ou politicamente dominante. Foi o que aconteceu com © inglés na Idade Média, que se vit penetrado de ter- mos franceses (beef; chance, arrive, pay, lesson ¢ milhares de outros); no entanto, a estrutura gramatical no mu- dou, ¢ 0 vocabulrio basico (artigos, conjungées, preposi- ges, pronomes, auxiliares, assim como a imensa maio- ria dos termos de uso cotidiano) € predominantemente original —o inglés é ainda muito nitidamente uma lingua germanica, ¢ nao uma “mistura” de inglés ¢ frances. Estamos muito longe da situacio de submissio politica ¢ cultural sofrida pelo inglés na Idade Média (quando a clite era toda de origem normanda, ¢ falava francés). E mesmo assim o inglés nao se misturou; por que isso deverd acontecer com o portugués? Se 0 portugués real- mente se misturar com 0 espanhol, esse seré 0 primeiro caso em toda a histétia conhecida das linguas. BEE Com isso chegamos ao terceiro possivel espectro que estaria ameacando a lingua portuguesa: a “corrupgio” pela introducéo de elementos da linguagem popular. Sé que 0 termo “corrupgio” jé vem carregado de co- notagGes negativas, € pressupde que o ideal ¢ a lingua ficar como esté, ou como estava ha sessenta anos, ¢ 18 ALINGUA DO BRASIL AMANHA (os professores, os gramiticos, a Acade- istério) tem 0 direito de dizer como a deve ser, Uma atitude que nao se precisa (e que eu, pelo menos, nao adoro). coisa se pode responder jé de cara: apesar dos sores, dos graméticos, da Academia e do Minis- a lingua portuguesa do Brasil, tanto falada quan- ) escrita, vem incorporando elementos chamados <3” (ou outras designagées menos respeito- s) em boa quantidade. Alguns gostam, outros nio; ue ndo faz a menor diferenga para a lingua, que, como tudo o mais, continua mudando com o tempo. Vamos ver alguns exemplos, tirados da lingua escrita . Quando eu era crianga, pelos anos 1950, me apaixonei por uma colegao de ‘os chamada O tesouro da juveniude (da qual talvez Icitores se lembrem); a colegio tinha de tudo: . histéria, biologia, passatempos, geografia ¢ m por diante, Eu gostei tanto que guardei a co- jecio para meus futuros filhos. ivelmente imutav Os filhos vieram, cresceram e aprenderam a ler (até apren- dleram a gostar de ler); quando achei oportuno, passe a eles 0 18 volumes do Tésouro para que se apaixonassem. Nao se apaixonaram. Tiveram tanta dificuldade em entender 0 texto, escrito em uma linguagem que para 19 ALLINGUA D0 BRASIL AMANHA E OUTROS MISTERIOS eles era arcaica, que acabaram desistindo da leitura, apesar do interesse dos assuntos. Trinta € poucos anos de intervalo foram o bastante para que meus meninos achassem a linguagem dificil, pedante, antiquada, Nigo sei se isso é bom ou mau; mas ¢ um fato. A lingua esctita (quem diré a falada) esté mudando a cada mo- mento, Novas estruturas sio incorporadas, velhas estru- turas so descartadas; e 0 vocabulétio vai se renovando. Para ficar s6 na gramdtica: os leitores certamente oonhe- cem a construgao mesoelitica do tipo ajudar-me-d, dir-se-ia, ssa construgéo eta normal na linguagem escrita (nfo na falada!) até mais ou menos 1950, mas hoje em dia caiu em desuso. O Manual da redagio da Folha de S.Paulo a profbe a seus tedatores: “O pronome no meio do verbo — mesdclise — nao 6 mais empregado no jornal” [p. 128]. Qutra forma que raramente se encontra hoje é 0 mais- que-perfeito simples (fizena), que é substituido em toda parte por sinha feito, pronome ws, com suas formas verbais, estd extinto, ¢ 1 comeca a desaparecer de seu tiktimo reduto, a poesia’. Os pronomes aglutinados do tipo tho, ma etc. séo coisa de um passado remoto. O verbo fer como sinénimo (¢ substituto) de Aaver é ab- soluto na lingua falada, ¢ jé comega a se insinuar na 2 Isso na escrita. O uso de au, entretanto, ainda é bas na fala de certas regides do Sul e do Nordeste do B: vivo 20 A LINGUA DO BRASIL AMANHA uém usar, mesmo escrevendo, vir como subjuntivo do verbo ver (se vocé me vir, corte 0 risco de nao ser entendido. o da linguagem escrita. Na fala, as diferengas ores, principalmente se a comparamos com memos uma frase de todo dia, como Eases documento, eu tou entregando eles procé estudar. assim escrita, choca, Mas experimente , @ vai descobrir que € assim que voce vocé e todo mundo. Ela contém uma boa jade de tragos gramaticais “condenados”: a do tépico esses documento, que nio tem fun- nal) na oragio; a forma cé, reducao de ntraida com a preposigio pra (nao para); a do verbo auxilias, fou (nao estou); 0 uso de eles objeto; ¢ a falta da marca de plural em docu- Se o falante for um bom mineiro, ainda vai inciar entregano em ver de entregando. horrores, a morte da lingua? Nao, apenas fatos. alguns, fatos dolorosos; para outros, simplesmente aneira como fala © nosso povo — nao as “pessoas cultas”, ou “pouco escolarizadas”, mas todo mundo, seus amigos ¢ eu (ou ser que voo’, numa comu- icagdo oral informal, diz coisas como Extow-lhe entree gando estes documentos para vocé estudd-lo®?) 21 A LINGUA DO BRASIL AMANHA E OUTROS MisTERIOS ‘A lingua hoje, como sempre, d4 muito pouca atengéo a seus sistematizadores; vive, funciona ¢ evolui 2 sua ma- neira, como todas as outias instituigSes sociais. Nao fala- mos nem escrevemos hoje como em 1950, como nao dangamos mais o tufste,“e raras yezes usamos gravata ow luvas de pelica quando saimos para fazer compras. Vou deixar clara uma coisa: nao estou defendendo que se escreva da mesma maneira que se fala. este ensaio nao contém propostas dessa natureza, mas apenas observagio de fatos; ¢ um desses fatos ¢ que entre nés as regras gramaticais mudam (em parte) conforme se esteja escrevendo ou falando. Hoje, como sempre, a linguagem da fala nao é a mesma da escri- ta; mas ambas evoluem, € no evoluir se influenciam mutuamente. Assim como certas expresses proprias da escrita penetram em nossa fala cotidiana (como quando dizemos prazer em conhecé-la), muitas formas proveni- centes da fala informal acabam sendo accitas na escrita. Isso é também um fato, e no esté em absoluto sob 0 controle de nenhuma pessoa ou instituicao. Mas isso no quer dizer que a lingua esteja em peri- q q P go. Fsté sé mudando, como sempre mudou, sendo ainda estarfamos falando latim, Achar que a mudanca a 6 perigo € como achar que o bebé estd ALINGUA DO BRASIL AMANHA ssa evolugéo da lingua, em suas duas modalidades pais, vem desde sempre, ¢ tudo indica que vai nuat, Pelo que sabemos do passado, ¢ pelo que esperamos do futuro, no Brasil 0 povo vai continuar ndo a mesma Iingua que hoje chamamos simples- nte “portugués”. « Iingua vai mudar, como jé mudou muito no sado, € pode ser que dentro de algum tempo se mece a chamé-la “brasileiro”, considerando-a uma ra lingua, diferente da de Portugal. Talvez seja uma a a gente se afastar assim de nossas raizes; mas, de contas, € 0 mesmo que os portugueses esto vendo. Em Portugal hoje se deixa de pronunciar um n ntimero de vogais, como em sefembro, pronuncia- stembro, ou capelinha, pronunciado cap'linha. & uma inovacao lusitana, porque no século XV a ar pelo testemunho dos gramdticos da época e pela ise da mécrica, a5 vogais preténicas eram pronuncia- lus claramente, como se faz hoje no Brasil. Ou seja, nesse etalhe como em muitos outros, nao apenas o Brasil se ta de Portugal, mas Portugal também se afasta do Brasil. E o que fatalmente acontece quando duas comu- lades lingiisticas se separam politica, cultural © geo- graficamente. Foi © que aconteceu com o latim popular, se transformou nas atuais linguas roménicas. ém, de posse de uma méquina do tempo, se transferir para, digamos, 0 século XXV (ai por maio 23 ALLINGUA DO BRASIL AMANHA E OUTROS MISTI de 2404), vai certamente notar muita diferenga entre a lingua falada no Brasil e a que falamos hoje. Acho que vai ser possivel entender a maior parte, mas muita vai ser surpresa, Uma dessas surpresas pode ser a informagio de que portugueses ¢ brasileros jd no se entendem mutuamente, ¢ que se voce quiser ir morar em Portugal deve comecar fazendo um curso de portugues em alguma escola (ou, sei Id, tomar uma injeco de portugues, quem sabe?) De uma coisa nao podemos escapar: as Iinguas evo- luem, apesar da oposigao, dos esforgos € da cara fecha- da dos gramaticos. Nao se trata de um 4 de um processo to natural quanto 0 crescimento das ctiangas, a rotagio da ‘Terra, 0 ciclo de vida e morte dos seres vivos. Perigo, se hd, esté nesse complexo de inferioridade lingiifstica que nos transmitem os autonomeados conhecedores ¢ protetores da lingua — quando nos profbem de chamar nossa propria mae de progenitora (porque eles acham que teria que ser genitorz), ou de dizer a nivel de (uma expressio que para mim é antipdtica, mas que todo mundo vive usando e é por- tanto, parte da lingua). Isto & existe perigo ¢ quando nos dizem que a lingua usada pelos cento ¢ muitos milhdes de brasileiros nao merece respeito, e que apenas os especialistas € que detém 0 poder de “falar certo”. Uma atitude mais construtiva é reconhecer os fatos, acei- tar nossa lingua como cla é ¢ desfrutar dela em toda a sua riqueza, flexibilidade, expressividade ¢ malicia. 24

Você também pode gostar