14263207062016quimica de Coordenacao Aula 7
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META
Apresentar algumas teorias de ligação aplicadas a compostos de coordenação.
OBJETIVOS
Ao final desta aula, o aluno deverá:
Entender sobre as teorias do orbital molecular e a teoria do campo ligante;
Correlacionar muitas propriedades observadas em compostos de coordenação;
PRÉ-REQUISITOS
Entender os fundamentos da química de coordenação;
Compreender a teoria do orbital molecular;
Anne Souza
Química de Coordenação
INTRODUÇÃO
Nesta aula veremos mais algumas teorias de ligação aplicadas a
compostos de coordenação, a teoria do orbital molecular (TOM) e a teoria
do campo ligante (TCL).
Embora a teoria do campo cristalino consiga explicar várias propriedades
dos compostos de coordenação, ela ainda constituí uma simplificação muito
grande sobre o que deve ocorrer na formação desses compostos, uma
vez que discute todos os aspectos considerando, apenas, modificações
verificadas nos orbitais d, provocadas por interações de natureza eletrostática
com os ligantes. Por esse motivo, os químicos passaram a utilizar a teoria
do orbital molecular (TOM) visando interpretar de forma mais completa
(e mais realística) as propriedades dos compostos de coordenação.
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Teorias de Ligação em Compostos de Coordenação – Parte II Aula 7
Segundo a teoria do orbital molecular, n orbitais atômicos se combinam
para formar n orbitais moleculares. Neste caso as funções de onda dos
orbitais atômicos são combinadas matematicamente para produzir as
funções de onda dos orbitais moleculares resultantes.
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Química de Coordenação
ainda constitui uma simplificação muito grande sobre o que deve ocorrer
na formação desses compostos de coordenação, uma vez que discute todos
os aspectos considerando, apenas, modificações verificadas nos orbitais d,
provocadas por interações de natureza eletrostática com os ligantes. Ou seja,
enquanto a teoria do campo cristalino (TCC) supõe que as ligações metal-
ligante têm caráter iônico, a teoria do orbital molecular (TOM) incorpora a
ligação covalente. Por esse motivo, os químicos passaram a utilizar a teoria
do orbital molecular (TOM) visando interpretar de forma mais completa
(e mais realística) as propriedades dos compostos de coordenação.
O tratamento teórico de dados relativos aos orbitais moleculares
de ligações metal-ligante através da equação de Schorodinger, além de
bem mais complexo fornece resultados apenas aproximativos. Porém,
existem evidências experimentais bastante consistentes, que indicam haver
compartilhamento de elétrons entre os ligantes e os metais nos compostos
de coordenação, o que justifica ou torna necessário o uso da teoria do orbital
molecular no estudo dessas substâncias.
Nos complexos e nos adultos o número de orbitais dos níveis de
valência dos átomos centrais e dos ligantes é bastante grande, o que causa
dificuldade para a aplicação da teoria do orbital molecular. Porém, é possível
se simplificar os procedimentos, sem perdas significativas de conteúdo para
efeito das interpretações das ligações nesses compostos. Essas simplificações
consistem em se considerar apenas os orbitais diretamente envolvidos
nas ligações. Assim, para o ligante fluoro (F-), por exemplo, que tem
quatro orbitais no nível de valência, pode-se usar só o orbital diretamente
coordenado ao átomo central.
Deve-se, porem, tomar cuidados para não cometer erros na definição
dos orbitais a serem usados na construção dos diagramas de energias
de orbitais moleculares, bem como não errar na própria construção dos
diagramas. Para isso, você deve adotar os seguintes procedimentos:
a) Inicialmente defina a geometria do complexo ou do aduto, tendo como
objetivo identificar os orbitais envolvidos diretamente nas ligações;
b) Em seguida, selecione os orbitais do átomo central e dos ligantes
envolvidos diretamente nas ligações metal-ligante;
c) Ao iniciar a construção do diagrama de energia dos orbitais moleculares,
posicione os orbitais do átomo central no lado esquerdo e os orbitais dos
ligantes no lado direito do diagrama. Lembre-se que os orbitais do átomo
central devem ser posicionados em níveis mais altos de energia dos que os
orbitais dos ligantes;
d) Por fim, introduza os orbitais moleculares no diagrama de modo a
expressar as suas energias.
Uma forma bastante conveniente, pela sua simplicidade, para mostrar
a aplicação da teoria do orbital molecular à compostos de coordenação, é
descrita por J. E. Huheey da seguinte forma:
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Teorias de Ligação em Compostos de Coordenação – Parte II Aula 7
Mesmo que o BeH2 não seja um composto de coordenação,
considere-se que a sua formação ocorra por um mecanismo típico de
formação de compostos dessa natureza. Ou seja: que o Be2+, com os orbitais
de valência (2s e 2p) atuando como receptores de elétrons (ácido de Lewis)
e o hidrogênio, na forma de hidreto (H--), com orbital 1s cheio, funcionando
como base de Lewis, doando um par de elétrons:
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Química de Coordenação
Figura 3. Desdobramento dos orbitais sp no complexo [ML]+, segundo a TCC. Fonte: Farias, 2005.
Figura 4. Orbitais atômicos e moleculares do ácido M+, da base L e do complexo hipotético [ML]+,
segundo a TOM. Fonte: Farias, 2005.
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Teorias de Ligação em Compostos de Coordenação – Parte II Aula 7
ORBITAIS MOLECULARES DE ALGUNS
COMPOSTOS DE COORDENAÇÃO OCTAÉDRICOS
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Teorias de Ligação em Compostos de Coordenação – Parte II Aula 7
vários tipos de estudos. De qualquer modo, vale lembrar que um ligante
como o cloreto tem quatro orbitais cheios no nível de valência (o 3s e os
3p). Destes, o orbital s e um dos orbitais p (pz) podem estabelecer ligações
do tipo Ƴ com o átomo central. Os outros dois orbitais p (px e py) podem
estabelecer ligações do tipo ư. Na Figura 5, porém, considerou-se, apenas,
um desses orbitais. Se os outros três fossem colocados, apareceriam no
diagrama como orbitais ư ou como não-ligantes.
Para se fazer a distribuição eletrônica nos diagramas de energias de
orbitais moleculares se utiliza do principio da construção, do princípio da
exclusão de Pauli e da regra de Hund, de forma semelhante a que se usa
para a distribuição eletrônica nos átomos.
Considere um elemento da primeira série de transição formando
um complexo octaédrico, como por exemplo o [CoF6]3-, no caso desse
complexo, a distribuição eletrônica nos orbitais moleculares pode ser a que
está mostrada na Figura 6.
Figura 6. Diagrama de níveis de energia de orbitais moleculares para o complexo [CoF6]3-. Fonte:
Farias, 2005.
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Química de Coordenação
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Teorias de Ligação em Compostos de Coordenação – Parte II Aula 7
orbitais moleculares (seis OM ligantes, seis OM antiligantes e três OM não-
ligantes). Os 12 elétrons provenientes dos seis pares isolados dos ligantes
são colocados nos seis OM ligantes. O íon Co3+ possui outros orbitais d:
3dxy, 3dxz, 3dyz. Estes orbitais formam OM não-ligantes. Como vemos no
diagrama, todos os OM antiligantes estão vazios. Podemos prever que o
composto seja diamagnético, já que todos os elétrons estão emparelhados.
Neste diagrama também se observa que a distribuição eletrônica
nos orbitais t2g e eg é igual a obtida com a aplicação da teoria do campo
cristalino. Verifica-se, igualmente, a mesma diferença na dimensão de 10
Dq, encontrada quando se usam a teoria do campo cristalino para se estudar
esses dois complexos.
Mesmo usando-se o modelo simplificado, o tratamento teórico
utilizado na teoria do orbital molecular não pode ser simples, uma vez que
envolve a resolução de equações bastante complexas. Essa razão faz com
que, freqüentemente, os químicos usem a teoria do campo cristalino para
resolver problemas relacionados às interações metal-ligante.
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Teorias de Ligação em Compostos de Coordenação – Parte II Aula 7
Figura 10. Diagrama de energias de orbitais moleculares do [Mn(CO)6]+. Fonte: Farias, 2005.
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Teorias de Ligação em Compostos de Coordenação – Parte II Aula 7
TEORIA DO CAMPO LIGANTE
Apesar da teoria do campo cristalino possibilitar boas interpretações
sobre espectros, parâmetros termoquímicos e propriedades magnéticas,
pode-se deduzir que, pela sua simplicidade, esse modelo deve ser incompleto,
uma vez que trata os ligantes apenas como cargas pontuais atraindo-se por
forças eletrostáticas, não levando em consideração outras possibilidades de
interações entre ligantes e os átomos centrais, como acontece nas ligações
entre quaisquer átomos.
Diante dessa realidade, e considerando que alguns dados experimentais
não podem ser interpretados tendo como base apenas a TCC, a partir de
1950 os químicos passaram a fazer outras considerações com relação às
interpretações desses dados. Essas inovações incluíam a possibilidade de
interações entre orbitais dos ligantes e os orbitais d do átomo central. Com
essa modificação, a teoria do campo cristalino ficou conhecida como teoria
do campo ligante.
A teoria do campo ligante, que é uma aplicação da teoria do orbital
molecular que se concentra nos orbitais do átomo metálico central, fornece
uma ferramenta mais substancial para o entendimento do 10 Dq. A estratégia
para descrever os orbitais moleculares de um complexo metálico segue
procedimentos similares a aqueles descritos. Os orbitais de valência do
metal e do ligante são usados para gerar combinações lineares formadas
por simetria e então usando as energias empíricas e considerações de
sobreposição, estima-se as energias relativas dos OM. A ordem estimada
pode ser verificada e ajustada mais precisamente por comparação com os
dados experimentais (particularmente, absorção óptica e espectroscopia
fotoeletrônica e espectroscopia de ressonância de spin).
Com essas modificações sugeridas na década de 50, a teoria do
orbital molecular já vinha sendo usada em estudos sobre os compostos de
coordenação, mas era pouco utilizada, em virtude de sua maior complexidade
diante da TLV ou da TCC. Assim, pode-se considerar que o surgimento
da teoria do campo ligante, incorporando novos elementos de raciocínio à
TCC, consiste num passo importante para popularizar e consolidar o uso da
teoria do orbital molecular em estudos sobre compostos de coordenação.
CONCLUSÃO
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Química de Coordenação
RESUMO
Nesta aula são discutidos aspectos relativos à aplicação da teoria do
orbital molecular em estudos das ligações nos compostos de coordenação.
Foram apresentadas correlações entre essa teoria e teoria do campo
cristalino, enfocando pontos comuns e suas diferenças entre as mesmas.
Analisaram-se construções e aplicações de diagramas de energias de orbitais
moleculares sigma e pi em complexos ou adutos octaédricos, mostrando
a importância desses dois tipos de ligação na estabilização dos compostos
de coordenação. Por fim, foi apresentado o diagrama de energia de orbitais
moleculares de espécies tetraédricas, verificando-se que, para este, também
existe convergência para resultados obtidos pela teoria do campo cristalino.
PRÓXIMA AULA
AUTOAVALIAÇÃO
1. O que estabelece a teoria do orbital molecular para explicar as ligações
covalentes entre os átomos? Como esta teoria se aplica no estudo dos
compostos de coordenação?
2. Descreva as etapas a serem desenvolvidas para a construção dos diagramas
de energia de orbitais moleculares em compostos de coordenação.
3. Construa diagramas de energia dos orbitais moleculares de um complexo
octaédrico e de um tetraédrico.
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Teorias de Ligação em Compostos de Coordenação – Parte II Aula 7
4. Faça um resumo das principais similaridades e diferenças entre a TCC
e a TOM.
5. Represente as configurações eletrônicas dos seguintes complexos com
base na TOM:
a) [Co(H2O)6]3+
b) [Fe(H2O)6]2+
c) [Ni(NH3)6]2+
d) [Co(C2O4)3]3-
6. Faça a distribuição eletrônica do [NiBr4]2- usando um diagrama de energia
de orbitais moleculares.
7. O que é necessário para um ligante funcionar como ư receptor?
8. Mostre esquematicamente com base na TOM, casos de formação de
ligações ư (pi) com diminuição e com aumento de 10 Dq.
9. Classifique os seguintes ligantes como ư (pi) aceptores ou ư (pi) doadores:
a) NH3
b) oxalato
c) F-
d) CO
e) CN-
10. Quais as principais contribuições da TCL?
11. Quais as modificações introduzidas na teoria do campo cristalino que
levaram a criação da teoria do campo ligante?
REFERÊNCIAS
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Fundamentos e Atualidades. Campinas: Editora Átomo, 2005.
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COTTON, F. A.; WILKINSON, G.; Química Inorgânica. Rio de Janeiro:
LTC, 1978.
HUHEEY, J. E. Inorganic Chemistry: Principles of Structure and
Reactivity, 1976.
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