Mito Das Cavernas Cordel

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O Cordel do Mito das Cavernas...


Medeiros Braga

Não existe uma só arma Pois, “O MITO DA CAVERNA”


Transformada em panacéias, Para muitas gerações
Quer seja bombas, canhões Há dois milênios e meio
Presentes nas epopéias, Vem produzindo lições...
Que, de eficácia melhor, Seu saber é tão fecundo
Cause um efeito maior Que ainda hoje no mundo
Do que a força das idéias. Semeia reflexões.
Aliás, da força bruta, Por isso, que iço as velas
Napoleão, sem balela, Do verso em navegação
Refletindo em lucidez Pelo oceano de “O MITO
Suas ações de chancela DA CAVERNA” de Platão,
Disse que, com sua espada, Com homens acorrentados
Pôde fazer coisa ousada Ao pescoço, atrás e lados
Menos sentar sobre ela. Sem saber e sem razão.
Pelo “O Mito da Caverna” O clarão de uma fogueira
De Platão, sua alegoria, Projetava imensa luz
Um dos bons ensinamentos E ao pegar todos às costas,
Que trata a filosofia, Com seu martírio sem cruz,
Em termo mais popular Reproduzia nos topos,
Eu tentei aproveitar A imagem dos seus corpos
Melhor sua sabedoria. E dela a idéia que induz.
Na leitura se pressente Para dar mais movimento
Um lirismo interessante, E visão de verdadeira,
Mas, o leitor adentrando Passavam, também, pessoas
Ao que parece importante, Entre a parede e a fogueira
Verá que o cordel se assenta Levando, sem camisetas,
Sobre a base turbulenta Na cabeça, estatuetas
Da idéia dominante. Feitas de pedra e madeira.
--------------------------------------------- Se passavam conversando
“Estamos em uma caverna Eles tinham a sensação
Onde reina a enganação, De que as vozes que ouviam
Muito pior que aquela Eram das sombras e, então,
Que é citada por Platão.” Ficavam a se distraír,
Sem tempo de refletir
É “O MITO DA CAVERNA” Sobre a própria escravidão.
Considerado hoje em dia
Por estudiosos, filósofos As gravuras produzidas
E os artesãos da poesia Por vias artesanais,
Como sendo, edificante, Tornando com perfeição
A metáfora mais brilhante As sombras quase reais,
De toda filosofia. Produziam dos caminhos
Figuras de passarinhos,
O diálogo põe entraves De pessoas e animais.
Que se dá pra perceber
A mudança imprescindível Tais imagens na parede
Que sempre pode ocorrer, Eram só o que eles viam,
E mostra, sem verborréia, O que passava ao redor
O poder que tem a idéia De tudo desconheciam.
E a importância do saber. Nesse ambiente perverso
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As idéias de universo Foi ficando deslumbrado


Nas sombras se resumiam. Com o que havia ao redor.

Conceitos de liberdade, Viu os bandos de animais


De igualdade, paz, amor, Pastando pela campina,
De direitos de expressão, Girafa, zebra, elefante,
De inversão de valor... Toda fauna peregrina...
Eles não tinham noção, Ouviu o cantar do galo,
Constituindo-se a razão O relinchar do cavalo
Num fato complicador. E a passarada divina.

Desconheciam a beleza Viu o céu com belas nuvens


Que a natureza criou, Lá expostas no infinito,
A paisagem exuberante Viu florestas, viu jardins
Exibindo o seu verdor, Cada qual o mais bonito,
Do nascer da alvorada E ouviu, horas inteiras,
Do cantar da passarada O roncar das cachoeiras
E a dança do beija-flor. A banhar rocha e granito.

Mas, um dia espetacular À noite nem descansou,


De uma manhã clara e terna Não quis, sequer, cochilar,
Interrompia-se o curso Estava emocionado
Daquela “verdade eterna” Com as belezas do luar...
Onde o mundo que existia Viu banhada a barra em frente
Era de sombra que havia Pelo sol que do nascente
Lá por dentro da caverna. Vinha a terra clarear.

É que um desses escravos, Sempre, durante as noites,


De forma surpreendente, Fazia uma reflexão
Se sentiu livre dos elos Sobre os sobreviventes
Que lhe prendiam a corrente, Da cruel escravidão;
E tratou com brevidade Do tormento pelo esforço
De matar a curiosidade De deixar livre o pescoço
De tudo que havia à frente. Da corrente e do grilhão.

Liberto já, de início A essa altura, o escravo


Encandeou-lhe a clareira, Conhecendo tanto evento
Porém, aos pouco foi ele Se sentia já mudado,
Se curando da cegueira, Com outro comportamento
E olhando o muro estampado Que se dava em sua vida
Viu que era projetado De cada idéia nascida
Pelo claro da fogueira. Em cada descobrimento.

Recuperada a visão Decorridos vários meses,


E vendo a realidade Conhecendo em profusão
Descobriu caverna afora O mundo real, diverso
Uma outra claridade Do mundo da projeção,
Indo em sua direção Resolveu, pois, retornar
Pra matar, pela lição, À caverna e relatar
Sua curiosidade. A grande revolução.

E seguindo os raios solares E voltando pra o convívio


Viu-se, então, no exterior Da mísera escravatura
Da caverna em que vivia, Relatou aos companheiros
Surpreso com tanta cor... Da sua grande aventura
E, também, encandeado E falou com seriedade
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Do clima de liberdade Não quiseram acreditar,


Que lá por fora perdura. Nem pensar no que foi dito.

Discorreu sobre a floresta Para eles era a caverna


E o bando de passarinhos O mundo único, visível,
Voando livres nos céus, Enquanto no outro não viam
Dormindo à noite nos ninhos. Um sinal de inteligível.
Falou do clima de paz E assim, sem prova à mão,
Em que viviam animais Toda verdade e razão
Pastando pelos caminhos. Fugiam ao mundo factível.

Falou também do ar puro No entanto o relator


Que completa a natureza, Terminou compreendendo
Da paisagem deslumbrante Como a mudança é difícil
Esnobando a sua beleza, Para quem não está vendo;
E da grande perspectiva Que só o conhecimento
Daquela gente cativa Pessoal, com fundamento,
Viver com honra e grandeza. Pode acabar convencendo.

Discorreu do enorme espaço Para Platão a mudança


Geográfico existente, Não deixa de ser um ofício
Da variedade de fruta Doloroso a quem não vê
Saborosa e suficiente, Que vive desse artifício;
De uma dormida sadia... Para ele a importância
De tudo, enfim, que existia De romper com a ignorância
Pra viver dignamente. Requer muito sacrifício.

Ao concluir seu relato Esses escravos viviam


Ele se surpreendeu Sob o peso da corrente,
Com a risada maldosa Porém, o que mais pesava
E o vil deboche de ateu Não era o grilhão somente,
E com a afirmação errada Contra eles, o horrível
De que ele na caminhada, Era a cadeia invisível
Com certeza, enlouqueceu. Que bloqueava sua mente.

Você tá louco, disseram, Por isso que a “boa-nova”


Só existe um mundo real Não receberam a contento,
Que é este em que vivemos Ao contrário, refutaram
Podendo não ser o ideal, No seu modo truculento,
Mas esse que, sem mudança, Comprovando, curioso,
Vivemos desde de criança Que é sempre doloroso
Até o instante fatal. Chegar ao conhecimento.

Eram, pois, esses escravos Ao libertar um escravo


Bastante conservadores, Seu pescoço doeria,
Resistentes às mudanças, Ao olhar o sol, direto,
No que pese as suas dores, Ele se encandearia,
E o outro mundo de idéias De tal forma que, sem ânsia,
Era, tão-só, panacéias Movido na ignorância
Próprias dos sonhadores. Ao refúgio voltaria.

A resistência às mudanças Há também muitas cavernas


Sempre traz no bojo atrito, Nesse país espalhadas,
Por egoísmo ou ignorância Contando com fortes mitos
Tudo gira em torno ao mito. Que mantêm práticas erradas.
Por isso, os escravos lá Uma, sem contestação,
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São os meios de comunicação Abafa qualquer parada


Que nos põem de mãos atadas. Com as patas da informação.

Qual diferença que há Hoje, se algum radical


Do escravo da caverna Conseguir refugiar-se,
Pra gente civilizada Retornar de idéias novas
Que se sentindo moderna Pra na luta realizar-se,
Se senta à televisão Terá, pra surpresa imensa,
Sem esboçar uma ação A ingrata recompensa
Contra a injustiça, a eterna... Da rejeição de sua classe.

Os meios de comunicação Enquanto predominarem


Truculentos, abundantes, Tais idéias dominantes
Com as suas estratégias Haverá sempre caverna
E cenas alienantes, Com escravos alienantes.
Hoje são, pelo seu porte, Haverão, sim, panacéias
O instrumento mais forte Pra rejeição de idéias
Das elites dominantes. Das massas ignorantes.

Muitas pessoas estão, No entanto, a real mudança


Igualmente, condenadas É um continuado processo,
A ver sombras e aceitar Está sempre em evolução
Como verdades sagradas, Pelas mentes do universo.
Só depois de sofrimento, Pode até custar mil anos
Com muito convencimento, Mas, estes virão ufanos
Se dão as mãos às palmadas. Consolidando o sucesso.

Os meios de comunicação, E não é muito demorado


Essa caverna ardilosa, Para um planeta emergente.
Põe bitola na cabeça, O que é, pois, um milênio
Traz a mensagem enganosa Para quem terá na frente
E bloqueia a recepção Muitos milhões e bilhões
De toda idéia e visão De anos, com os tecelões
Pela massa populosa. Na mudança permanente!?

Como as sombras da caverna Os séculos parecem longos


São as suas informações Para nós seres humanos,
Maliciosas que formam Mas, para o ser planetário
As mais várias opniões. Que o tempo faz veterano
Valendo por mil discursos São como apressados passos
Requer de líderes em curso Vencendo todos percalços,
Muita estratégia e ações. Efetivando seus planos.

Como a luz que é usada Um dia, todas cavernas


Pra enganar o ignorante, Haverão de sucumbir,
A grande imprensa trabalha Um estágio de igualdade,
Pra construir, triunfante, Inevitável, há de vir...
Um falso herói de epopéias, Indo, eterno, a humanidade
Massificando as idéias Soerguer, com liberdade,
De uma classe dominante. A bandeira do porvir!

Estamos em uma caverna


Em que reina a exploração, Disponível em:
Muito pior que aquela http://moussedemaracuja.blogspot.com/2007/11
Que é citada por Platão. /o-cordel-do-mito-das-cavernas.html
Moderna, sofisticada,

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