Tecnologias Da Informação e Comunicação PDF

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Cristina Barroco Massei Fernandes

Tecnologias da
Informação e da
Comunicação

Revisada por Rodrigo Atayde (setembro/2012)


APRESENTAÇÃO

É com satisfação que a Unisa Digital oferece a você, aluno(a), esta apostila de Tecnologias da Informação
e da Comunicação, parte integrante de um conjunto de materiais de pesquisa voltado ao aprendizado dinâ-
mico e autônomo que a educação a distância exige. O principal objetivo desta apostila é propiciar aos(às)
alunos(as) uma apresentação do conteúdo básico da disciplina.
A Unisa Digital oferece outras formas de solidificar seu aprendizado, por meio de recursos multidis-
ciplinares, como chats, fóruns, aulas web, material de apoio e e-mail.
Para enriquecer o seu aprendizado, você ainda pode contar com a Biblioteca Virtual: www.unisa.br,
a Biblioteca Central da Unisa, juntamente às bibliotecas setoriais, que fornecem acervo digital e impresso,
bem como acesso a redes de informação e documentação.
Nesse contexto, os recursos disponíveis e necessários para apoiá-lo(a) no seu estudo são o suple-
mento que a Unisa Digital oferece, tornando seu aprendizado eficiente e prazeroso, concorrendo para
uma formação completa, na qual o conteúdo aprendido influencia sua vida profissional e pessoal.
A Unisa Digital é assim para você: Universidade a qualquer hora e em qualquer lugar!

Unisa Digital
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.................................................................................................................................................5
1 O QUE SÃO TECNOLOGIAS E MÍDIAS?.....................................................................................7
1.1 Resumo do Capítulo........................................................................................................................................................8
1.2 Atividades Propostas.......................................................................................................................................................8

2 AS NOVAS TERMINOLOGIAS...........................................................................................................9
2.1 Tecnologias da Informação e da Comunicação (TICs)........................................................................................9
2.2 Multimídia........................................................................................................................................................................ 10
2.3 Hipertexto........................................................................................................................................................................ 10
2.4 Telemática......................................................................................................................................................................... 11
2.5 Ciberespaço..................................................................................................................................................................... 11
2.6 Cibercultura..................................................................................................................................................................... 12
2.7 Letramento Digital........................................................................................................................................................ 12
2.8 Avatar................................................................................................................................................................................. 13
2.9 Hiperlink............................................................................................................................................................................. 13
2.10 Vírus.................................................................................................................................................................................. 13
2.11 Educomunicação......................................................................................................................................................... 13
2.12 Resumo do Capítulo.................................................................................................................................................. 13
2.13 Atividades Propostas................................................................................................................................................. 14

3 REFLEXÕES SOBRE O PAPEL DAS TICS NA EDUCAÇÃO............................................ 15


3.1 Resumo do Capítulo..................................................................................................................................................... 16
3.2 Atividades Propostas.................................................................................................................................................... 16

4 O QUE DIFERENCIA UMA NOVA DE UMA VELHA TECNOLOGIA?...................... 17


4.1 Resumo do Capítulo..................................................................................................................................................... 18
4.2 Atividades Propostas.................................................................................................................................................... 19

5 SABER UTILIZAR A TECNOLOGIA É O MESMO QUE SABER ENSINAR ELA?.........21


5.1 Resumo do Capítulo..................................................................................................................................................... 22
5.2 Atividades Propostas.................................................................................................................................................... 22

6 A EDUCAÇÃO NA ERA DA INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO...................... 23


6.1 Resumo do Capítulo..................................................................................................................................................... 24
6.2 Atividades Propostas.................................................................................................................................................... 25

7 AS DIFERENTES MÍDIAS................................................................................................................... 27
7.1 Resumo do Capítulo..................................................................................................................................................... 28
7.2 Atividades Propostas.................................................................................................................................................... 28

8 O RÁDIO...................................................................................................................................................... 29
8.1 O Audacity........................................................................................................................................................................ 30
8.2 Resumo do Capítulo.....................................................................................................................................................31
8.3 Atividades Propostas....................................................................................................................................................32

9 TV E VÍDEO................................................................................................................................................ 33
9.1 Resumo do Capítulo.....................................................................................................................................................34
9.2 Atividades Propostas....................................................................................................................................................34

10 MÍDIA IMPRESSA............................................................................................................................... 35
10.1 Resumo do Capítulo..................................................................................................................................................36
10.2 Atividades Propostas.................................................................................................................................................36

11 A INFORMAÇÃO NA EDUCAÇÃO........................................................................................... 37
11.1 Modalidade Jogo........................................................................................................................................................37
11.2 Pesquisas na Internet.................................................................................................................................................47
11.3 Comunicação................................................................................................................................................................48
11.4 Resumo do Capítulo..................................................................................................................................................49
11.5 Atividades Propostas.................................................................................................................................................49

12 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................................. 51
RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS...................................... 55
REFERÊNCIAS.............................................................................................................................................. 59
INTRODUÇÃO

A produção científica também é impactada pelos novos ambientes de aprendiza-


gem e ignorar suas conseqüências no fazer pedagógico é crer em sua neutralidade
e prejudicar uma geração de aprendizes.
José Manuel Moran

Caro(a) aluno(a), neste módulo, trataremos das Tecnologias da Informação e da Comunicação (TICs)
e suas relações com o fazer docente.
Assim o objetivo geral desta disciplina é abordar o que são Mídias e Tecnologias e refletir sobre
o papel das TICs na Educação, oferecendo informações sobre diferentes mídias (rádio, TV e vídeo, im-
pressos e informática1), facilitando a sua apropriação como ferramentas de autoria e coautoria, de for-
ma integrada ao projeto pedagógico.
A partir do referencial teórico disponibilizado, queremos demonstrar a evolução do conceito de
tecnologia e mídias; apresentar e/ou ilustrar as novas terminologias, como TICs, multimídia, hipertex-
to, telemática, ciberespaço, cibercultura, letramento digital, entre outras; propiciar a reflexão sobre
o papel das TICs na educação; e identificar as novas formas de aprender e ensinar com o uso das mídias,
destacando uma postura de leitor/autor crítico, tanto por parte de educadores quanto por educandos.
Em especial, é nossa intenção trazer questionamentos nos quais a teoria e as práticas se encontrem,
reflexões intimamente vinculadas ao contexto escolar, que pedem profissionais reflexivos.
A presença cada vez mais evidente das tecnologias na escola é um dado que nos parece indiscutí-
vel. O que queremos despertar aqui é a reflexão acerca das seguintes questões: Qual o seu sentido? O que
diferencia uma nova ou velha tecnologia? Que opções fazemos quando escolhemos determinados recursos
tecnológicos? Saber utilizar a tecnologia é o mesmo que saber ensinar com ela? E o que é aprender com tec-
nologias?
Analisaremos como o rádio, com sua linguagem específica e a forte presença da oralidade, con-
tribui com o processo de aprendizagem dos alunos, sem a presença da imagem, que é a característica
principal da geração icônica, da qual fazem parte nossos alunos (pois possuem necessidades, percepções
e relacionamentos com a realidade, todos mediados pela imagem).
Apresentaremos e discutiremos acerca do papel da TV, nos espaços sociais e culturais (enfatizando
a escola), caracterizando esse meio de comunicação, seus papéis, suas funções e equívocos a ele relacio-
nados.
Através da análise da mídia impressa, queremos demonstrar suas características, a linearidade do
texto, as possibilidades de adequação ao ritmo do leitor, a intencionalidade das imagens e a presença de
sinais não verbais.
Em relação ao trabalho com a informática na escola, reafirmando seu caráter educativo, aborda-
remos as formas de comunicação por meio da internet relacionadas aos processos de ensino-aprendi-
zagem (enfatizamos o aumento do número de projetos que se desenvolvem em Ambientes Virtuais de
Aprendizagem – AVAs), bem como estudaremos as possibilidades de trabalho quando se utilizam soft-
wares de autoria, práticas de pesquisa dirigida na internet e atividades de leitura, interpretação e escrita.

Cristina Barroco Massei Fernandes


1
Trataremos de cada mídia citada de forma separada para reafirmar características específicas, porém seu trabalho, na
prática, pode e deve ocorrer de maneira bastante integrada.

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1 O QUE SÃO TECNOLOGIAS E MÍDIAS?

Nesse tempo de grandes mudanças, aqueles que aprendem, herdarão o futuro. Os que acreditam que já sabem, vivem em
um mundo que já não existe.
Eric Hoffer

Caro(a) aluno(a), olhe à sua volta e obser- a história do homem na Terra é pauta-
ve: como a tecnologia afeta o seu cotidiano? Que da por seu desenvolvimento social, in-
mudanças provocadas pela tecnologia afetam di- telectual e tecnológico. De Johannes
Gutenberg a Bill Gates, pessoas que re-
retamente sua vida? volucionaram os meios de informação
Faça essa pequena reflexão antes de pros- e comunicação no mundo contempo-
seguir a leitura. râneo, a humanidade tem evoluído por
meio de suas relações com seus inventos
OK. Vamos continuar.
tecnológicos, transformando continua-
Quando ouvimos falar em tecnologia, nor- mente a própria história.
malmente nos vem à cabeça a ideia de artefatos
tecnológicos complicados, de difícil manuseio, Para o homem pré-histórico, as ferramentas
destinados a especialistas. Dessa forma, não per- primitivas eram recursos tecnológicos avançados;
cebemos que utilizamos diversas tecnologias em em sua necessidade de defesa e, posteriormente,
nosso cotidiano. Podemos citar exemplos simples de ataque, o homem desenvolveu técnicas como
de artefatos tecnológicos: canetas, lápis, talheres, a produção de fogo e armas a partir de troncos de
termômetros, calculadoras etc. árvores e ossos. Mais tarde, a caneta causou uma
A origem da palavra “tecnologia” provém revolução na prática daqueles que escreviam com
do grego tekhno (de tékhné, ‘arte’) e logia (de lo- tinteiro e mata-borrão.
gos, ou ‘linguagem, proposição’). Tecnologia é um Atualmente, é corrente a ideia de que a tec-
termo usado para atividades de domínio huma- nologia deve servir para melhorar a qualidade de
no que exigem algum conhecimento, manuseio vida das pessoas, com ênfase no caráter coopera-
e que podem acrescentar mudanças aos meios,
tivo, colaborativo. Pense nos óculos, cadeiras de
contribuindo com sua competência natural e pro-
rodas, aparelhos para surdez. Isso tudo é tecno-
porcionando, assim, uma evolução na capacidade
logia!
das atividades humanas.
A tecnologia pode ser vista, assim, como
artefato, cultura, atividade com determinado ob- Saiba mais
jetivo, processo de criação, conhecimento sobre
O fantástico desenvolvimento das tecnologias pes-
uma técnica e seus processos; em outras palavras, soais, móveis, mais baratas e cada vez mais intera-
quando falamos em tecnologia, nos referimos ao tivas está propiciando mudanças significativas nas
conhecimento de uma técnica, que se desenvol- formas de trabalho e de lazer, de comunicação com
veu a partir do conhecimento humano, que am- pessoas próximas e distantes. Modificam-se as con-
cepções de espaço e de tempo, do que é real e vir-
plia as capacidades do homem e leva ao aumento tual, do que é tradicional e inovador (MORAN, 2007).
da qualidade de vida (pelo menos teoricamente
deveria levar a esse aumento). Segundo Atayde
(2010, p. 14),

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Passemos agora para mais um conceito: li- ser classificada como: mídia impressa, mídia ele-
teralmente, “mídia” é o plural da palavra “meio”, trônica, mídia digital...
cujos correspondentes em latim são “media” e Mesmo havendo, didaticamente, várias
“medium”, respectivamente. classificações para as mídias, encontramos em
Atualmente, a designação “mídia” é usada nosso cotidiano, cada vez mais, uma “mixagem”
para suporte e veiculação da informação (rádio, entre elas. Veja como se organizam os programas
televisão, jornal) e para registro de informação de rádio: rádio, telefone e internet interligados,
(máquina fotográfica, filmadora, fitas de video- chamando o ouvinte a participar. Esse é apenas
cassete, CD-ROM, DVDs). A mídia também pode um exemplo.

1.1 Resumo do Capítulo

Caro(a) aluno(a), vamos recapitular alguns pontos principais deste capítulo, lembrando a origem
da palavra “tecnologia”, que provém do grego tekhno (de tékhné, ‘arte’) e logia (de logos, ou ‘linguagem,
proposição’). A tecnologia pode ser vista como artefato cultural da atividade humana com determinado
objetivo.
Outro conceito discutido foi a “mídia”, plural da palavra “meio”, cujos correspondentes em latim são
“media” e “medium”, respectivamente. Atualmente, a designação “mídia” é para suporte e veiculação da
informação (rádio, televisão, jornal) e para registro de informação (máquina fotográfica, filmadora, fitas
de videocassete, CD-ROM, DVDs). A mídia também pode ser classificada como: mídia impressa, mídia
eletrônica, mídia digital etc.

1.2 Atividades Propostas

1. De acordo com o conceito apresentado, o que é tecnologia?

2. Apresente uma breve discussão sobre a relação do homem com as tecnologias no dia a dia.

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2 AS NOVAS TERMINOLOGIAS

Caro(a) aluno(a), no ensino de hoje, com a termos que precisam ser compreendidos pelos
capacidade de lidar cada vez com mais pessoas educadores, para que utilizem seus recursos e po-
e com um volume de informações que cresce e tencialidades educacionais.
se renova a cada momento, foram incorporados

2.1 Tecnologias da Informação e da Comunicação (TICs)

A terminologia TIC envolve a obtenção


Curiosidade
(pesquisar), o armazenamento (salvar), o pro-
Historicamente, as TICs permaneceram por muito cessamento (interagir, modificar) e a divulgação
tempo restritas ao universo militar ou aos grandes (publicar) da informação por meios eletrônicos e
centros universitários. O tema “informática” era digitais, como rádio, televisão, telefone e compu-
assunto para poucos e a sua massificação fren-
tadores, entre outros. É resultado da junção das
te à sociedade começou a aparecer sob a forma
de oportunidade para uma maior qualificação e, tecnologias de informação, da informática e das
consequentemente, mais oportunidades no mer- tecnologias da comunicação, relativas às teleco-
cado de trabalho (MORAES, 2006). municações e mídia eletrônica.
Por exemplo, num trabalho com TIC, uma
equipe pode fazer uma pesquisa, salvá-la, trans-
formá-la numa apresentação e publicá-la na in-
ternet.

Saiba mais

Compreender é organizar, sistematizar, comparar,


avaliar, contextualizar. Uma segunda dimensão pe-
dagógica procura questionar essa compreensão,
criar uma tensão para superá-la, para modificá-la,
para avançar para novas sínteses, outros momentos
e formas de compreensão. Para isso, o professor pre-
cisa questionar criar tensões produtivas e provocar
o nível da compreensão existente (MORAN, 2007).

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2.2 Multimídia

É a utilização, mediada pelo computador, logias que permitem criar, manipular, armazenar
de recursos como texto, fotografia, gráfico, com e pesquisar conteúdos, ou seja, num projeto mul-
recursos dinâmicos como vídeo, áudio, animação. timídia, podemos usar texto e animações e/ou fo-
O termo ‘multimídia’ refere-se, portanto, a tecno- tografias e áudio.

2.3 Hipertexto

É um sistema de organização da informa- Uma desvantagem do hipertexto é que, se


ção no qual os documentos indicam referências o leitor não se concentrar no foco da sua pesqui-
internas para outros documentos (chamadas de sa, pode enveredar por tantos links que perderá
hiperlinks ou, simplesmente, links), para a fácil pu- o objetivo inicial da busca. Isso também é uma
blicação, atualização e pesquisa de informação. habilidade que se deve trabalhar com os alunos:
Assim, podemos dizer que aqueles textos navegar, construir seus próprios caminhos, criar
que encontramos na internet, quando realizamos um plano de trabalho e não perder o rumo deter-
uma pesquisa, e que possuem palavras que dão minado.
acesso a uma nova página, com mais informações Por outro lado, ao enveredar por tantos
(textos, imagens, vídeos, áudios), são hipertextos. links, o leitor pode aprender muito mais a respeito
Os hipertextos, em geral, contam com a de assuntos correlacionados do que se estivesse
presença de imagens, ícones, outras marcas, preso a uma leitura linear. Descobertas interes-
como os hiperlinks, as barras de rolamento, dife- santes ocorrem numa pesquisa na qual a fonte de
rentes formas de mostrar que um botão está ou informação é um hipertexto, pois seu alcance não
não ativado, sons, gráficos, animações, vídeos, é limitado ou previsível; o leitor é autor de seus
entre outros. Não se trata mais de um texto, mas caminhos de leitura.
de uma imensa superposição de textos, que se Uma nova demanda para a escola: já é um
pode ler na direção desejada. O hipertexto traz desafio trabalhar com os alunos a leitura de tex-
a libertação do usuário da linearidade estabele- tos lineares com compreensão (além da simples
cida pelas mídias unidirecionais; não viramos as decodificação), logo, muito mais se deve desen-
páginas como num livro, mas somos chamados volver para construir a competência de ler esse
a seguir um ou outro caminho, dependendo de novo gênero que se apresenta.
nosso foco de leitura, interesse ou conhecimen-
tos prévios.

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2.4 Telemática

Vamos, agora, apresentar e discutir um pou- Assim, a telemática encontra na internet a


co sobre o conceito de Telemática. sua melhor forma de exemplificação, pois se trata
Telemática é o conjunto de TICs resultan- da rede mundial de computadores, que inicial-
te da junção dos recursos das telecomunicações mente caracterizava-se por ligar computadores e,
(telefonia, satélite, cabo, fibras ópticas etc.) e da nos dias de hoje, liga pessoas.
informática (computadores, periféricos, softwares
e sistemas de redes), que possibilitou o proces-
samento, a compressão, o armazenamento e a
Saiba mais
comunicação de grandes quantidades de dados
(nos formatos texto, imagem e som), em curto A telemática está proporcionando uma revolução
prazo de tempo, entre usuários localizados em social, cultural, política e econômica, envolvendo
qualquer ponto do planeta. principalmente as comunicações. Interconectadas
por meio de milhares de redes de computadores,
A telemática envolve a organização do as informações trafegam e, nesse espaço virtual,
conhecimento com recursos tecnológicos (ele- encontram-se jornais, revistas, universidades, jogos,
correio, bibliotecas, museus, “batemos papo”, com-
trônica, informática e telecomunicações). Sua pramos, vendemos, exploramos o mundo sem sair
aplicação se dá nos sistemas de comunicação, de casa (NORTE, 1997).
envolvendo técnicas para geração, tratamento e
transmissão da informação, mantendo suas ca-
racterísticas e, também, apresentando novos pro-
dutos derivados destas.

2.5 Ciberespaço

É o ambiente virtual criado com base no respaço dissemina uma nova cultura pelo globo:
uso dos meios de comunicação modernos, des- a cibercultura.
tacando-se, entre eles, a internet. Isso acontece No ciberespaço, ou “mundo da internet”, as
porque os meios de comunicação modernos per- informações aparecem em forma de sons, textos
mitem que pessoas e equipamentos troquem in- ou imagens. A manipulação e a troca dessas in-
formações das mais variadas formas, sem grandes formações são o que chamamos “navegar”. Nave-
preocupações. gação na internet é um processo que acontece de
Pierre Lévy (1993) coloca o ciberespaço forma aberta, interativa, em que temos um leitor-
como uma grande rede interconectada mundial- -autor, que através de “cliques” reorganiza o que
mente, com um processo de comunicação “uni- está posto.
versal” sem “totalidade”. A “universalidade” sem
“totalidade” segue uma linha interativa de comu-
nicação, possibilitando a “todos” os navegantes
da grande “rede” participar democraticamente
num modelo interativo de “todos para todos”,
consolidando a ideia de uma “aldeia global”, pro-
fetizada por McLuhan na década de 1960. O cibe-

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Curiosidade

Dimensão social e comunicativa: o mundo ficou


menor, o ciberespaço alterou as relações sociais e
a comunicação. O professor deve recorrer a esses
recursos tecnológicos para ampliar o universo do
aluno, enfatizar o espírito cooperativo e conectá-
-lo com o mundo (NORTE, 1997).

2.6 Cibercultura

A cibercultura está inserida em um espaço fácil a uma infinidade de informações e à criação


de comunicação mais flexível do que o produzi- de redes colaborativas, nas quais todos podem
do nas mídias convencionais (TV, rádio, jornal). contribuir acrescentando dados, por um lado,
Nas mídias convencionais, o sistema de produção e, de outro, a impossibilidade de se determinar,
e distribuição da informação segue um modelo muitas vezes, a credibilidade e as intenções da
mais rígido, no qual a informação caminha no fonte alimentadora da informação; podemos “in-
sentido um-todos. Já no ciberespaço, a relação ventar” dados a respeito de um assunto e publi-
com o outro se desdobra no contexto do todos- cá-los como verdades absolutas; podemos criar
-todos; dessa forma, esse ambiente comunicacio- uma comunidade que pretende salvar o planeta
nal se estabelece como uma forma interativa de ou disseminar ideias racistas, com a mesma faci-
contribuir com novos conceitos e postulados. lidade. Daí a importância de se orientar os alunos
A cibercultura apresenta um paradoxo: com ao fazer uma pesquisa na internet, pois a fonte
a possibilidade de entrada e navegação na rede de pesquisa também deve passar por um critério
(uma vez que todos podem alimentá-la sem qual- de seleção.
quer intermediário ou censura), temos o acesso

2.7 Letramento Digital

Caro(a) aluno(a), o Letramento Digital é a na escola precisa ter sempre objetivos claramente
compreensão das utilidades da internet como fer- definidos no projeto pedagógico vigente; seu uso
ramenta pedagógica (de busca, de comunicação deve ser equilibrado, como instrumento cogniti-
e de publicação), relacionada à pesquisa, comuni- vo, no qual ela realmente faça a diferença.
cação e publicação de projetos. O uso da internet

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2.8 Avatar

É um personagem virtual assumido pelo a forma humana ou não, pode ter movimentos
participante de uma comunidade virtual (seja controlados pelo computador e interagir com ou-
para participar de jogos on-line, projetos de pes- tros personagens.
quisa ou outros objetivos). Um avatar pode ter

2.9 Hiperlink

É a ligação entre textos, imagens, áudios, reços na internet. Possibilita que o leitor navegue
animações. Pode dar acesso a um mesmo docu- livremente pelos textos, escolhendo percursos e
mento, a outros documentos ou, ainda, a ende- produzindo, a cada leitura, um novo texto.

2.10 Vírus

É um programa de computador produzido pre a de destruir e atrapalhar o funcionamento de


para se “autoinstalar” em outros programas e se computadores, periféricos (disquetes, pen drives)
multiplicar indefinidamente. Sua intenção é sem- e redes.

2.11 Educomunicação

Refere-se ao conjunto das ações de planeja- uma gestão democrática dos recursos da comu-
mento, implementação e avaliação de processos, nicação. As propostas para unir as duas áreas de
programas e produtos destinados a criar e forta- conhecimento – a comunicação e a educação –
lecer ecossistemas comunicativos abertos, demo- são variadas, assim como a nomenclatura: educa-
cráticos e participativos, destinados a ampliar os ção pela comunicação, educomunicação, mídia-
espaços de expressão na sociedade através de -educação, entre outros nomes.

2.12 Resumo do Capítulo

Neste capítulo, apresentamos o conceito de TICs, visto que sua terminologia envolve a obtenção
(pesquisar), o armazenamento (salvar), o processamento (interagir, modificar) e a divulgação (publicar)
da informação por meios eletrônicos e digitais.

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Apresentamos os conceitos de: Multimídia, Hipertexto, Telemática, Ciberespaço, Cibercultura, e fa-


lamos, ainda, sobre o que é um Avatar e como o podemos utilizar no processo de ensino-aprendizagem.
Lembramos também sobre os problemas de Vírus e finalizamos com o processo de Letramento Digital
e com a Educomunicação, que se refere ao conjunto das ações de planejamento, implementação e ava-
liação de processos, programas e produtos que podem fortalecer ecossistemas comunicativos abertos,
democráticos e participativos, destinados a ampliar os espaços de expressão na sociedade, através de
uma gestão democrática dos recursos da comunicação.

2.13 Atividades Propostas

1. De acordo com o conceito apresentado, Ciberespaço é o ambiente virtual criado com base no
uso dos meios de comunicação modernos, destacando-se, entre eles, a internet; e Telemática
é o conjunto de TICs resultante da junção dos recursos das telecomunicações (telefonia, saté-
lite, cabo, fibras ópticas etc.) e da informática (computadores, periféricos, softwares e sistemas
de redes). Dessa forma, como os elementos presentes na Telemática estão presentes no Cibe-
respaço? Justifique sua resposta.

2. De acordo com o conceito apresentado, a Cibercultura está inserida em um espaço de comu-


nicação mais flexível do que o produzido nas mídias convencionais (TV, rádio, jornal). Assim,
podemos dizer que a Cibercultura está inserida no Ciberespaço? Justifique sua resposta.

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REFLEXÕES SOBRE O PAPEL DAS TICS
3 NA EDUCAÇÃO

Espera-se que a educação contribua para o desenvolvimento do querer viver juntos, ‘elemento básico da
coesão social e da identidade nacional’. Sua missão é criar vínculos sociais entre as pessoas, e seu objetivo, o
desenvolvimento humano na sua dimensão social.
Jacques Delors

Entre os muitos desafios que se colocam de aula preestabelecido, com muitos alunos, em
para a educação atual, podemos destacar: com- que apenas os mais falantes participam.
preender as diferentes formas de representação A mídia impressa, a televisão, o vídeo, o rá-
e comunicação propiciadas pelas tecnologias dio, a internet e a hipermídia são ótimos recursos
disponíveis na escola e criar dinâmicas que per- para mobilizar os alunos em torno de algumas
mitam estabelecer o diálogo entre as formas de questões, quando se quer despertar-lhes o inte-
linguagem características das mídias. resse para iniciar estudos temáticos, desenvol-
Vivemos na Era da Informação, com carac- ver projetos ou trazer novos olhares para os tra-
terísticas e contradições que vão gradativamente balhos em andamento. Para tanto, é importante
influenciando o nosso dia a dia, afetando a forma conhecer quais os objetivos pedagógicos das
como nos comunicamos, trabalhamos, nos re- atividades e quais as características principais das
lacionamos com os demais, aprendemos e ensi- mídias disponíveis. Nesse último aspecto, os alu-
namos. Aos poucos, nossos hábitos e atividades nos são excelentes parceiros dos professores. As
cotidianas vão sendo alterados. Nunca nos comu- relações nunca estiveram tão equilibradas; não é
nicamos com tantas pessoas, de diferentes luga- raro encontrarmos projetos nos quais realmen-
res do mundo, e ao mesmo tempo, mas isso faz te existe a parceria entre educador (que tem o
com que nos vejamos cada vez menos, predomi- conhecimento formal e científico) e educandos
nando o virtual no lugar do real. (que “dominam” os recursos da máquina). Pode-
Podemos estudar a distância, com todas as mos dizer que os alunos são de uma civilização
suas vantagens e desvantagens. No nosso caso icônica (possuem necessidades, percepções e re-
(participantes – alunos e professores – de um lacionamentos com a realidade, todos mediados
curso organizado na modalidade a distância), pela imagem), enquanto os professores provêm
perdemos a chance daquele relacionamento pró- de uma civilização pré-icônica.
ximo, que permite olhares e sorrisos, marcas de Educar numa sociedade em que as mudan-
expressão que dizem mais que palavras. No en- ças são muito rápidas e profundas nos obriga a
tanto, podemos nos comunicar individualmente; repensar o ensinar e o aprender, a construir mo-
através de e-mails, muitas pessoas conseguem delos diferentes dos que conhecemos até agora,
expressar-se melhor, contar impressões e colocar a romper paradigmas. Ensinar e aprender, nos
suas dúvidas; coisas que não fariam pessoalmen- dias de hoje, não se reduzem a estar um tempo
te. Temos muito mais chances de atender aos alu- numa sala de aula, transmitindo conhecimentos,
nos individualmente, comentando seus trabalhos mas implicam modificar o que fazemos, organizar
e estabelecendo um diálogo virtual, do que acon- ações de pesquisa e de comunicação que permi-
tece numa sala de aula presencial, com o tempo tam a professores e alunos continuar aprenden-

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do, acessando páginas na internet, nas quais en- ƒƒ Selecionar fontes de pesquisa;
contram textos, novas mensagens, possibilidades ƒƒ Refletir criticamente sobre as informa-
de orientação a distância, características dos am- ções encontradas;
bientes virtuais de aprendizagem.
ƒƒ Atribuir-lhes significados;
As opções tecnológicas com as quais a es-
ƒƒ Contribuir para que os alunos identifi-
cola conta, sozinhas, não garantem mudanças na
quem o que é relevante;
educação, embora propiciem novas formas de li-
dar com a informação, de produzir conhecimento ƒƒ Orientar a publicação de trabalhos;
e de estabelecer comunicação entre as pessoas, ƒƒ Qualificar a comunicação digital entre
permitindo conexões entre pessoas, ideias, con- alunos (EDUCAREDE, 2006).
ceitos, crenças e valores. A metodologia que está
por trás de seu uso é que dá o tom ao trabalho
(seja de uma proposta mais tradicional até a mais
interacionista). Atenção
Quando trabalhamos na cultura das mídias,
“Educar numa sociedade em que as mudanças
o que se estabelecem na sala de aula ou labora- são muito rápidas e profundas, nos obriga a re-
tório de informática são atividades múltiplas e pensar o ensinar e o aprender, a construir mode-
simultâneas, nas quais diálogo e troca de infor- los diferentes dos que conhecemos até agora, a
romper paradigmas.” (VALENTE, 1999, p. 24).
mações são enfatizados. Mesmo com a horizonta-
lização das relações, algumas tarefas não podem
ser desprezadas; trabalhar em parceria com os
alunos implica que cada um cumpra o seu papel
e cabe ao professor mediador:

3.1 Resumo do Capítulo

Caro(a) aluno(a), neste capítulo, apresentamos como as TICs estão presentes em nosso dia a dia e
como se apresentam na educação. No nosso caso (participantes – alunos e professores – de um curso
organizado na modalidade a distância), perdemos um relacionamento mais próximo fisicamente; por ou-
tro lado, temos muito mais chances de oferecer diferentes oportunidades e possibilidades e de atender
às necessidades e interesses estabelecendo um diálogo virtual, pois podemos estudar a distância, com
todas as suas vantagens e desvantagens.
As relações nunca estiveram tão equilibradas; não é raro encontrarmos projetos nos quais real-
mente existe a parceria entre educador (que tem o conhecimento formal e científico) e educandos (que
“dominam” os recursos da máquina).

3.2 Atividades Propostas

1. As diferentes formas de representação e comunicação propiciadas pelas tecnologias dispo-


níveis na escola possuem características e contradições. Essas características podem reforçar
uma visão negativa ou positiva sobre o uso das TICs em sala de aula? Justifique sua resposta.

2. O texto sugere que os alunos são de uma civilização icônica. Discuta a respeito desse conceito.

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O QUE DIFERENCIA UMA NOVA DE UMA
4 VELHA TECNOLOGIA?

Uma velha tecnologia dos centros urbanos, como o rádio, pode ser uma inovação em determinados contex-
tos sociais, e uma nova tecnologia pode ser considerada velha porque não modifica em nada as relações dos
sujeitos envolvidos, como muitas vezes ocorre com o datashow na sala de aula. O atributo de velho ou novo
não está no produto, no artefato em si mesmo, ou na cronologia das invenções, mas depende da significação
do humano, do uso que fazemos dele.
Juliane Corrêa

Analisando a prática em nossas escolas, irá substituir o homem ou promoverá


hoje, podemos afirmar que as tecnologias são o distanciamento, a perda das relações
afetivas; e a posição tecnofílica, de total
mais utilizadas para ilustrar o conteúdo do pro-
endeusamento da máquina como possi-
fessor do que para criar novos desafios didáticos. bilidade de resolver todos os problemas
Quando mantemos o esquema de informação educacionais. Enfim, ambas as posições
EMISSOR-RECEPTOR, persistimos com a principal atribuem às máquinas aquilo que diz
característica de “velha tecnologia”: há um de- respeito ao humano, ou seja, o bem ou
o mal que podem causar. Infelizmente
tentor do conhecimento e aqueles que devem
não é a máquina que oprime o homem,
recebê-lo. mas o homem que usa a máquina para
Para McLuhan (1979), as tecnologias se tor- oprimir o homem, ou seja, o bem ou o
nam invisíveis à medida que se tornam familiares. mal dependem do uso que faremos dela.
Quando falamos que com as inovações
Como vivíamos antes sem celular, computador, tecnológicas estamos aprofundando os
internet? processos de exclusão social, estamos di-
Na sociedade da informação e da globali- zendo que o uso, as opções tecnológicas
que fazemos retratam um modo de ver e
zação (fortemente marcada pelo determinismo
de querer estar no mundo, de querer ou
tecnológico, que dita a necessidade de termos não estar em relação com o outro, de se
equipamentos mais potentes e mais velozes), as posicionar a favor da inclusão ou da ex-
novidades surgem a todo o momento e cada vez clusão social. Muitas vezes, quando ado-
mais somos convencidos de que necessitamos tamos uma posição de recusa às inova-
ções, pensamos desenvolver uma análise
delas.
critica das relações sociais, mas estamos
partindo do mesmo paradigma que nu-
Esse determinismo tecnológico restrin- tre o endeusamento da tecnologia.
ge a compreensão da tecnologia à má- Num processo de naturalização, incorpo-
quina, ao artefato, ao consumo de novas ramos formas de trabalho sem perceber
possibilidades, e desconsidera a tecno- a utilização que fazemos das tecnologias
logia como uma extensão da percepção e sem ter consciência de nossas opções
humana, como detentora de processos tecnológicas. Como já disse, o valor da
cognitivos, sociais, simbólicos. Como ra- tecnologia não está nela em si mesma,
mificação desse paradigma, temos duas mas depende do uso que dela fazemos.
posições que nele se sustentam. A vi- Vamos analisar o uso da caneta esfero-
são tecnofóbica, de total aversão ao uso gráfica, que é um recurso tecnológico
das tecnologias de informação e comu- e já foi, em um determinado momento
nicação, considerando que a máquina histórico, considerada uma inovação tec-

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nológica. Podemos escrever poesias ou Assim como os revolucionários do século


uma sentença de morte, ou deixar a folha XX buscavam repensar o pensamento filosófico e
vazia tanto com uma caneta simples e ba-
político do século, a questão que se propõe ago-
rata quanto com uma caneta de ouro. O
que produzimos é mediado pela caneta, ra é a da aprendizagem construída em torno da
mas o conteúdo e o processo pelo qual rede (a internet), ou seja, como utilizar todos es-
escrevemos depende da nossa história ses recursos que temos à mão para chegar ao que
de vida, de nossos afetos e desafetos, de Pierre Lévy (1993) chama de inteligência coletiva?
nossas competências, do lugar social que
ocupamos, enfim, da forma como con- Podemos analisar as comunidades virtuais
seguimos nos expressar, nos comunicar que, a partir de seu caráter colaborativo, podem
com o mundo. Tal análise serve para o gerar mudanças nos processos de ensino-apren-
uso dos diversos recursos tecnológicos, dizagem, na interação entre educador e educan-
desde o uso de transparências, apresen-
tações em quadro-negro ou PowerPoint do e na sua relação com o conhecimento, poten-
até a Internet. Na maioria das vezes, por cializando estratégias de cooperação e registro e
meio desses recursos reproduzimos as atribuindo novos sentidos ao que se aprende na
mesmas atitudes, o mesmo paradigma escola. Esse caráter colaborativo não é uma novi-
educacional pelo qual fomos formados.
dade, pois já aparecia na metodologia do educa-
Não basta trocar de suporte, sem trocar
nossas práticas educativas, pois estare- dor francês Freinet, em 1923, quando ele traba-
mos apenas apresentando uma fachada lhava a apresentação dos textos elaborados pelas
de modernidade, remodelando o ‘velho’ crianças, a discussão (troca e negociação de senti-
em novos artefatos. do) e a impressão deles para confecção de diários
Devemos construir uma nova articulação de classe ou jornal escolar.
entre tecnologia e educação, aquilo que
Como podemos perceber, o “novo” não é
chamaríamos de uma visão crítica, apesar
do desgaste da palavra ‘crítica’. Ou seja, o que faz uma prática pedagógica inovadora; é
compreender a tecnologia para além do preciso planejar, ter clareza de objetivos, conhe-
mero artefato, recuperando sua dimen- cer seus recursos e potencialidades educacionais.
são humana e social. Lembrando que as Citando o mestre Paulo Freire (1983), mais do que
tecnologias que favorecem o acesso à
informação e aos canais de comunicação
dar boas respostas, um bom educador deve fazer
não são, por si mesmas, educativas, pois, boas perguntas.
para isso, dependem de uma proposta
educativa que as utilize enquanto media-
ção para uma determinada prática edu-
cativa. (CORRÊA, 2003, p. 21).

4.1 Resumo do Capítulo

Neste capítulo, discutimos a ideia de novas e velhas TICs dentro do contexto educacional, pois
normalmente utilizamos novas tecnologias com propósito diretivo, muitas vezes sem a participação do
aluno. Como diz Corrêa (2003), devemos construir uma nova articulação entre tecnologia e educação,
aquilo que chamaríamos de uma visão crítica, apesar do desgaste da palavra “crítica”.

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Tecnologias da Informação e da Comunicação

4.2 Atividades Propostas

1. Segundo o texto, qual a diferença entre a nova e a velha tecnologia?

2. Segundo Corrêa (2003), devemos construir uma nova articulação entre tecnologia e educa-
ção, aquilo que chamaríamos de uma visão crítica, apesar do desgaste da palavra “crítica”. De
acordo com o autor, como o professor deve compreender essa “visão crítica”?

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SABER UTILIZAR A TECNOLOGIA É O
5 MESMO QUE SABER ENSINAR ELA?

É preciso reconhecer que a maioria dos pro- Em relação à prática educativa, o momento
fessores possui saberes ligados às novas tecnolo- em que vivemos requer, essencialmente, uma cul-
gias, utilizam-se delas no dia a dia, mas também é tura que acredite no ser humano, em suas capaci-
necessário compreender que competências pro- dades e potencialidades, que a educação oriente-
fissionais não se reduzem ao domínio dos conteú- -se para ganhos sociais maiores, tais como afirmar
dos a serem ensinados, bem como aceitar a ideia a individualidade e confiança no ser humano, as-
de que a evolução exige que todos os professo- segurar que sua expressão possa ocorrer de dife-
res possuam competências antes reservadas aos rentes formas e em diversas práticas sociais.
inovadores ou àqueles que precisavam lidar com
públicos difíceis (PERRENOUD, 2000). O salto de conhecimento para o qual o
Quando Perrenoud (2000) coloca as compe- homem está se preparando para dar, ain-
tências necessárias aos profissionais docentes em da que inconscientemente, é resultado
10 grandes “famílias”, determina: “utilizar as novas de toda a sua evolução biológica e inte-
lectual.
tecnologias”.
A evolução biológica e intelectual conti-
nua. Comportamentos e conhecimentos
Atenção estão em permanente evolução e, como
não pode deixar de ser, são contextua-
“Em algumas profissões que dependem total- lizados, inseridos na totalidade em que
mente das tecnologias, a renovação das compe- estamos imersos. Hoje dispomos de po-
tências é evidente. No entanto, isto não acon-
derosíssimos instrumentos materiais
tece na educação escolar: nem o vídeo, nem o
e intelectuais para captar informações
computador, nem a multimídia, até hoje, fizeram
com que a profissão de professor mudasse. Desse de uma vastíssima porção da realidade,
ponto de vista, a aparente continuidade provoca processar essa informação e comparti-
a ruptura. Se surgissem novas competências, não lhar o resultado desse processamento
seria para responder a novas possibilidades téc- praticamente com toda a humanidade.
nicas, mas devido à transformação da visão ou Hoje cada indivíduo pode compartilhar
das condições de exercício da profissão.” (PERRE- conhecimentos e compatibilizar com-
NOUD, 2000). portamentos com um número surpreen-
dente de outros indivíduos espalhados
pelo planeta. Esse número deve crescer,
As escolas estão “interessadas” no uso das chegando eventualmente a atingir toda
tecnologias; cada vez mais se quer usar esses a humanidade. Inconscientemente, es-
recursos tecnológicos, pois são atrativos para os tamos incorporando esse compartilhar
alunos. Entretanto, ter interesse e até saber usar conhecimentos e compatibilizar compor-
a tecnologia no cotidiano não quer dizer que es- tamentos na nossa evolução biológica e
tejamos preparados para ensinar com o uso das intelectual. Estamos, inconscientemen-
te, chegando à civilização planetária.
mídias; para isso, é preciso formação continuada,
(D’AMBRÓSIO, 2000).
reflexiva, construtiva. É necessário conhecer as
especificidades de cada recurso, o que ele pode
propiciar, colaborar com a prática educativa,
quais os objetivos ao usá-lo, no que ele amplia as
capacidades e competências dos alunos.

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5.1 Resumo do Capítulo

Levantamos a questão sobre o saber utilizar as tecnologias de maneira informal, para uso de lazer,
e a diferença de trabalhar com esses mesmos instrumentos, mas com propósitos educativos. Precisamos
reconhecer que precisamos de saberes ligados às novas tecnologias e à educação; saber como fazer uso
das TICs para os processos educativos; e aceitar a ideia de que a evolução exige que todos os professores
possuam competências antes reservadas aos inovadores ou àqueles que precisavam lidar com públicos
difíceis (PERRENOUD, 2000). Quando Perrenoud (2000) coloca as competências necessárias aos profissio-
nais docentes em 10 grandes “famílias”, determina: “utilizar as novas tecnologias”.

5.2 Atividades Propostas

1. De acordo com as competências apontadas por Perrenoud (2000) sobre o uso das tecnologias
ou novas tecnologias em sala de aula, ter interesse e até saber usar a tecnologia no cotidiano
não quer dizer que estejamos preparados para ensinar com o uso das mídias. Discuta a ideia
sobre o uso das TICs nas práticas de sala de aula.

2. Em relação à prática educativa, o momento em que vivemos requer, essencialmente, uma


cultura que acredite no ser humano, em suas capacidades e potencialidades. Entretanto, qual
o papel das TICs no processo de desenvolvimento humano?

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A EDUCAÇÃO NA ERA DA INFORMAÇÃO
6 E DA COMUNICAÇÃO

As novas tecnologias declaram sempre guerra às culturas de onde emergem.


Kerchhove

Caro(a) aluno(a), estamos na Era da Informa- -se num “palco para o aprendizado” (CARVALHO
ção, marcada pela velocidade de acontecimentos NETO, 1997, p. 17). Aqueles que acreditam numa
e na sua transmissão simultânea pelo globo; essa escola significativa e que atenda ao aluno do
é a Era dos novos paradigmas, da forte presença século XXI buscam fazer dela um lugar de cone-
das TICs. Os tempos são de aprender e esquecer, xões, função que os meios de comunicação vêm
uma vez que não conseguimos guardar tantas in- exercendo com sucesso. Nesse novo paradigma,
formações e que as verdades não são absolutas. É não se pretende eliminar a figura do professor,
a complexidade tratada por Morin (2000), o inin- mas, pelo contrário, enfatizar sua importância,
terrupto processo de construção e reconstrução tornando-o mediador, provocador, organizador
do conhecimento2. de um universo no qual os bancos de dados estão
O espaço da escola, que é o espaço do co- prontos para serem acessados e as informações
nhecimento, não é neutro, mas reflete a socieda- compartilhadas e reeditadas, tudo isso on-line e
de na qual está inserido e, cada vez mais, traz um em tempo real.
movimento que engloba a informação, a comuni- Para Lévy (1993), vivemos a “desterritoriali-
cação e a educação. zação temporal e espacial do saber”, na qual:

Atenção ƒƒ Trabalhar é produzir conhecimentos;


ƒƒ São marcantes o surgimento e a reno-
“[...] a formação não se dá por acúmulo de cursos, vação dos saberes;
mas por meio de investimentos no professor, na
sua experiência, na profissão, seus saberes e seus ƒƒ O ciberespaço pede memória (arqui-
projetos.” (MARQUES, 2003, p. 15). vos), imaginação (simulação), percep-
ção e raciocínio;
ƒƒ Cresce a importância da educação;
Esse espaço está sofrendo mudanças; para
ƒƒ É necessária a reconfiguração do mode-
muitos indivíduos, hoje, os lugares da Educação
lo educacional vigente, mudança peda-
já são: a escola, a própria casa e o mundo. Com
gógica que está relacionada com raízes
o advento das novas tecnologias, cada vez mais,
mais profundas na educação e na emer-
a escola (no sentido de detentora da informação)
gência de novos paradigmas educacio-
invade a casa do aluno. O mundo transforma-

2
Tratando-se do conceito de complexidade, Morin (2000) descreve os conceitos de regeneração, reorganização, produção
e reprodução próprios dos sistemas auto-organizados complexos, através do anel tetralógico ordem-desordem-interação-
-reorganização e da relação chaos-physis-cosmos.

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nais; as tecnologias são apenas apoios, balhar em grupo e quando não trabalhar, faz-se
meios, mas elas nos permitem realizar necessário que o professor saiba decidir quando,
atividades de aprendizagem de formas onde e por que usar a tecnologia em seus proje-
diferentes às de antes; tos e planos de aula.
ƒƒ Há maior reconhecimento das expe- Para a professora Maria Elizabeth B. Almeida
riências adquiridas e saberes não aca- (2001, p. 23), “essa tecnologia não é dócil” e, para
dêmicos; dominá-la, os educadores necessitam de cinco
ƒƒ A educação a distância permite apren- habilidades básicas:
dizagens personalizadas e em rede.
ƒƒ Domínio de conteúdos;
O professor vai, então, atuar como proposi- ƒƒ Clareza dos problemas que estão resol-
tor de desafios, que indica caminhos, disponibili- vendo;
za-os, mas permite que o aluno se relacione com ƒƒ Sabedoria para trabalhar em grupo;
a informação interferindo, modificando, produ- ƒƒ Desenvolvimento de uma prática peda-
zindo e compartilhando mensagens, imprimindo gógica reflexiva;
nela suas considerações. O docente que se faz ƒƒ Trabalho articulado e cooperativo com
necessário não é mais o especialista em áreas es- as diferentes áreas do conhecimento,
pecíficas do conhecimento, mas aquele que está como as Ciências, as Artes, a Filosofia,
apto a lidar com as incertezas, pesquisador e par- as Matemáticas, a História.
ceiro na construção do conhecimento, com habi-
lidades para estabelecer uma formação fundada
na reflexão sobre a ação. Nesse sentido, caminhamos em busca de
um processo de transformação dos paradig-
Essa sociedade pede um professor com for-
mas, mudanças de foco, ou seja, do ensino para
mação permanente (FREIRE, 1983) ou formação
a aprendizagem, com foco na construção do co-
continuada (NÓVOA, 1992). No entanto, para Nó-
nhecimento e não o conhecimento pela instru-
voa (1992), a formação não se dá por acúmulo de
ção. Trata-se da transformação do paradigma ins-
cursos, mas por meio de investimentos no profes-
trucionista para o paradigma construcionista.
sor, na sua experiência, na profissão, seus saberes
e seus projetos.
Assim como Perrenoud (2000) coloca como
uma competência saber escolher quando tra-

6.1 Resumo do Capítulo

Caro(a) aluno(a), neste capítulo, pudemos observar que estamos na Era da Informação, marcada
por novos paradigmas e uma forte presença das TICs no dia a dia e na educação. Moran (2007) levanta
uma complexidade no processo de construção e reconstrução do conhecimento. O ambiente escolar é
espaço do conhecimento e deve refletir a sociedade na qual está inserido, além de trazer um novo movi-
mento, que engloba a informação, a comunicação e a educação.

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Tecnologias da Informação e da Comunicação

6.2 Atividades Propostas

1. A escola, como espaço do conhecimento, deve ser neutra, para não refletir na sociedade sua
influência? Justifique sua resposta.

2. Cada vez mais, a escola traz um movimento que engloba a informação, a comunicação e a
educação. Dessa forma, na era dos novos paradigmas, da forte presença das TICs, qual é o
perfil de professor que a sociedade pede?

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7 AS DIFERENTES MÍDIAS

Sabe introduzir as mídias de maneira a possibilitar analisá-las do triplo ponto de vista:


econômico e ético de quem as produz; da maneira como são construídas as mensa-
gens; do ponto de vista da audiência que lhes dá sentido.
(VALENTE, 1999, p. 23).

Os veículos da mídia impressa são jornais, possibilitar analisá-las do triplo ponto de


revistas, livros, folhetos, outdoors... vista: econômico e ético de quem as pro-
duz; da maneira como são construídas as
Os veículos de mídia eletrônica são a televi- mensagens; do ponto de vista da audiên-
são, o rádio, o cinema. cia que lhes dá sentido.
A ideia de mídia digital tem por base a utili- 6 - Aceita novas relações no contexto es-
zação de tecnologia digital para comunicação por colar.
meio das mídias; por Mídia Digital, consideramos 7 - Aceita a inserção de outras modalida-
qualquer meio de comunicação que faça uso des- des de apropriação da realidade como as
sa tecnologia, como a internet, celulares, TV digital, emoções provocadas pelas mídias, atra-
vés da observação do real e da constru-
rádio digital, entre outros. Assim, como podemos
ção do pensamento rigoroso ou científi-
perceber, há várias mídias presentes no ambiente co.
escolar e ensinamos com elas, mesmo que, muitas
8 - Aceita não ter mais o monopólio da
vezes, não tenhamos consciência disso. transmissão do saber e da verdade: não
Trabalhando com projetos educomunica- é ‘expert’, não dispõe de um corpo de
tivos (educação em parceria com os meios de conhecimentos; a informação pertence
igualmente a todos, sendo o educando
comunicação de massa), necessitamos de um (a) o centro da atenção.
professor que, além da formação múltipla em
9 - Aceita que o que se aprende na escola
Educação: se prolonga e se articula com o cotidiano.
(EDUCAREDE, 2006, p. 18).
1 - tem consciência de que a educação
multicultural e de massa situa-se para
além da aquisição restrita do saber esco- Aprender a aprender com os meios de co-
lar. municação social envolve construções, escolhas,
2 - Não despreza a cultura midiática que perceber que as mensagens midiáticas não são
os jovens trazem, mas parte dela [...]. cópias da realidade, mas editadas por fatores in-
3 - Compreende a riqueza das mídias dividuais e sociais. Essas aprendizagens não se fa-
como portadoras de informação e de re- zem espontaneamente; pelo contrário, há que se
presentações do mundo a serem analisa- organizar e promover para que aconteçam. Esse
das, comparadas e reconstruídas.
aprender fazendo pode ser um jornal impresso
4 - Compreende que assistir a TV não é ou eletrônico, um programa de rádio ou de TV, a
uma atitude passiva e o educador pode
análise crítica de documentos ou filmes, o estudo
auxiliar a articular e conferir sentido.
de diferentes linguagens e das condições sociais
5 - Sabe introduzir as mídias de maneira a
de produção.

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7.1 Resumo do Capítulo

Com as novas tecnologias, surgem diferentes mídias; além das conhecidas como mídia impressa
(jornais, revistas, livros, folhetos, outdoors), temos também as mídias eletrônicas, que são a televisão, o
rádio, o cinema. A era digital tem como fundamento as novas tecnologias para comunicação por meio
das Mídias Digitais, como a internet, celulares, TV digital, rádio digital, entre outros.
Trabalhar com novas mídias necessita de professores basicamente com consciência de que a edu-
cação multicultural e de massa situa-se para além da aquisição restrita do saber escolar e não despreza a
cultura midiática que os jovens trazem.

7.2 Atividades Propostas

1. Quais os diferentes tipos de mídia?

2. Faça um breve levantamento sobre a formação necessária do professor para trabalhar com
projetos educomunicativos (educação em parceria com os meios de comunicação de massa).

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8 O RÁDIO

A emissão radiofônica é dotada de uma força de ruptura – potência de choque e de penetração – que abre
o caminho da voz à sua mensagem. Esperados e desejados, o livro, o jornal e o cinema não se apoderam do
destinatário com a violência de uma emissão radiofônica. Essa irrompe na intimidade do lar com uma total
falta de discrição e de tacto, apodera-se do ouvinte indefeso que não tem nem a ocasião, nem o tempo, nem
a vontade de se preparar para a escuta; rasga, impiedosa, o silêncio e o reconhecimento; encontra o caminho
em almas desarmadas,indiferentes ou distraídas.
Roger Clausse

Estamos num tempo em que muito se dis- te pode agora escutar a audição de seu
cute acerca da globalização da informação e da interesse, seja qual for o lugar onde se
encontre. Anualmente, a venda de apa-
comunicação e em que muitas discussões se cen-
relhos de rádio supera em muito a de
tram nas novas tecnologias, nomeadamente nas aparelhos de TV; também o número de
vantagens e nas virtualidades da televisão e da ouvintes/hora. É o meio de maior cober-
internet; no entanto, vamos levantar as potencia- tura e diversificação, em especial nos paí-
lidades do primeiro grande meio de comunicação ses altamente industrializados. (SCHEIM-
BERG, 1997, p. 50).
de massas: o rádio.
Um pouco da história do rádio:
Roquette Pinto (apud SCHEIMBERG, 1997),
professor e antropólogo, já acreditava no poder
O rádio nasce num período de eferves-
cência mundial. É imediatamente reco- de levar educação e cultura ao povo brasileiro ao
nhecido como meio de comunicação trazer para o Brasil uma surpreendente novidade
eficiente. Muito mais do que os conheci- tecnológica: o rádio. Naquela época, já se perce-
dos até aquele momento. A informação bia o potencial educativo do rádio como forma de
através das ondas consegue um alcance
imediato, extraordinário, limitado apenas
propagar o saber, graças ao seu alcance, visando
pela potência da emissora. à melhoria da educação, diante do grande índice
Desde fins do século XIX, a gerência da
de analfabetismo da época.
opinião percorreu os meios de comuni-
cação. O rádio evoluiu seguindo pautas
comerciais e políticas. [...]
Em nosso país, com o retorno à democra-
cia, produz-se um notável crescimento
que segue o mesmo processo que em
outras partes do globo.
Mudam estruturas, modalidades e gêne-
ros. Muda a tecnologia. Criam-se novas
formas de comunicação com o ouvinte.
Surgem novas emissoras, segmenta-se o
público. Os desenvolvimentos tecnológi-
cos e os novos formatos e estilos atraem
e retêm a atenção da audiência. O ouvin-

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Nosso objetivo principal ao apresentar a ƒƒ Qual o tipo de programa que será pro-
ideia de rádio escolar3 é propiciar embasamento duzido? Boletins informativos (que dão
para a construção da prática comunicativa por boas-vindas aos alunos na entrada, dão
meio de projetos, colaborando no processo de recados, que anunciam o cardápio do
aquisição das competências leitora e escritora, recreio...), programas musicais, culturais
nos diferentes gêneros, no qual se percebe clara- ou mistos;
mente que ler ou ouvir e escrever ou falar exigem ƒƒ Quem fará o quê? Os alunos podem se
diferentes habilidades. Assim, a proposta educa- dividir entre locutores, repórteres, pes-
tiva radiofônica deve fazer parte de um projeto quisadores, operadores do equipamen-
to disponível, produtores;
educacional mais amplo, baseando-se numa pos-
tura teórica e ética, pois o rádio oferece imensas ƒƒ Como? Reuniões de pauta para a cons-
possibilidades. trução do programa possibilitam de-
senvolver diálogo, argumentação, or-
O trabalho com o rádio pode ser ampliado ganização;
nas escolas com a participação da Informática
ƒƒ Por quê? A gravação do programa e
Educativa, criando condições para que a comuni-
sua edição são momentos nos quais
cação esteja presente não só na atuação protago- o professor mediador pode fazer suas
nista da criança e do adolescente, mas também intervenções, enfatizando o caráter pe-
no processo pedagógico dentro da sala de aula, dagógico da ação e levando o aluno a
desenvolvido pelo professor. confrontar hipóteses, ampliar vocabu-
Sem que haja necessidade de equipamen- lário, desenvolver-se, aumentar sua au-
tos caros ou sofisticados,4 podemos iniciar um tra- toestima;
balho que tanto pode envolver uma classe quan- ƒƒ Avaliação: a apresentação do progra-
to um grupo de classes ou uma escola inteira. ma é apenas o resultado final de um
Definida a amplitude do projeto, podemos processo bastante rico de aquisição de
passar para o planejamento: conhecimentos, assim todo o processo
pode ser avaliado.

8.1 O Audacity

Apresentamos, aqui, uma sugestão de soft- Recursos do Audacity:


ware que pode auxiliar o grupo interessado em
produzir rádio na escola com o auxílio de um ƒƒ Importação e exportação de áudio (mú-
computador. sicas, vozes, outros sons);
Audacity é um software livre de edição digi- ƒƒ Gravação e reprodução de sons;
tal de áudio, muito popular entre os podcasters5 ƒƒ Edição simplificada de trechos do pro-
pela sua grande disponibilidade em múltiplas
grama, com Cortar, Copiar, Colar e Apa-
plataformas, suporte e o principal: é gratuito.
gar;

3
O termo ‘rádio escolar’ diz respeito à possibilidade de utilização dos recursos da mídia rádio no desenvolvimento de pro-
jetos educativos dentro dos espaços escolares. Nesse contexto, alunos e professores passam da condição de consumidores
para a categoria de produtores de mídia, através da ação de criar programas de rádio. Isso permite que estudantes e profes-
sores exercitem um olhar crítico em relação aos conteúdos veiculados pelas diversas mídias.
4
Partindo de um gravador de mão (tipo repórter), com um computador ou com um estúdio propriamente dito.
5
Podcasting é uma forma de publicação de programas de áudio, vídeo e/ou fotos pela internet, que permite aos utilizadores
acompanhar a sua atualização. A palavra ‘podcasting’ é uma junção de iPod (um aparelho que toca arquivos digitais em MP3)
– e broadcasting (transmissão de rádio ou tevê) (WIKIPÉDIA, 2011).

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Tecnologias da Informação e da Comunicação

ƒƒ Desfazer ilimitado para qualquer passo Disponível através do site


(caso você tenha apagado um trecho http://audacity.sourceforge.net, o Audacity
errado do programa, basta desfazer a possui a seguinte imagem:
ação);
ƒƒ Remoção de ruídos;
ƒƒ Facilidade de uso.

É recomendável que, primeiro, seja feita Oferecer aos alunos a possibilidade de


toda a parte de voz e só depois a edição, a inser- serem comunicadores inverte a sua habi-
tual condição de receptores de informa-
ção de fundo musical e outros efeitos sonoros. Na
ção na sala de aula e, normalmente, isso
edição da voz, podemos tirar trechos nos quais é tomado como um desafio. Na verdade,
gaguejaram, inserir falas onde for necessário, de- é importante que tomem consciência de
letar espaços vazios entre as falas, entre outras que aquela é a sua rádio e que o que for
opções. bem ou mal feito é da sua responsabili-
dade.
Nesse contexto, podemos enfatizar o que
diz a professora Ana Aranha (2007):

8.2 Resumo do Capítulo

Caro(a) aluno(a), neste capítulo, trouxemos o rádio como objeto de disseminação cultural. Segun-
do Roquette Pinto (apud SCHEIMBERG, 1997), o rádio tem o poder de levar educação e cultura ao povo
brasileiro. Também buscamos apresentar a ideia de rádio escolar, que visa à construção da prática comu-
nicativa por meio de projetos, colaborando no processo de aquisição das competências leitora e escrito-
ra, nos diferentes gêneros.

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Discutimos o termo ‘rádio escolar’, que trata da utilização dos recursos do rádio no desenvolvimen-
to de projetos educativos dentro dos espaços escolares. Apresentamos, também, o software Audacity,
que é de uso livre e de simples manuseio para edição digital de áudio, cujos recursos são basicamente a
importação e exportação de áudio (músicas, vozes, outros sons) e gravação e reprodução de sons.

8.3 Atividades Propostas

1. Faça um levantamento sobre as potencialidades do primeiro grande meio de comunicação de


massas: o rádio.

2. Qual a importância de um projeto com rádio ou um projeto como a rádio escolar no processo
de formação do indivíduo?

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9 TV E VÍDEO

Sempre estamos nos comunicando. Direta ou indiretamente. Por trás dos livros, da tela de cinema, da televisão,
da tela do computador há comunicação entre pessoas. Por trás das máquinas, das mídias, há pessoas – ou
programas feitos por pessoas - que se comunicam conosco, em tempo real (on-line) ou não, de forma visível ou
virtual.
José Manoel Moran

É tão comum em nosso cotidiano assistir nante. O receptor foi considerado passivo, impo-
à televisão que nos parece praticamente inima- tente diante da força dessa imposição ideológica.
ginável viver sem ela e isso ocorre em todos os
segmentos da população. A televisão constitui Curiosidade
uma fonte de informação e, também, um meio
de preencher as horas de lazer, de forma barata A televisão, no Brasil, começou em 18 de setem-
e prática. bro de 1950, trazida por Assis Chateaubriand, que
Os meios de comunicação TV e rádio atin- fundou o primeiro canal de televisão no país, a TV
Tupi. Desde então, a televisão cresceu no país e
gem cerca de noventa e cinco por cento da po- hoje representa um fator importante na cultura
pulação e, mesmo quando só querem entreter, popular moderna da sociedade brasileira.
vão disseminando ideias, emoções, valores. Eles A TV digital, no Brasil, teve início às 20h30min do
educam informalmente, continuamente, volunta- dia 2 de dezembro de 2007, inicialmente na cida-
de de São Paulo, pelo padrão Sistema Brasileiro
riamente, sabem como se comunicar com a po- de Televisão Digital (SBTVD), o mais completo e
pulação, captar suas ansiedades e desejos. avançado do mundo.
As tecnologias de comunicação permitem
cada vez mais escolhas, das mais simples às mais
complexas. Com a televisão e o vídeo, começa-
mos pela escolha entre vários canais; podemos Há necessidade, portanto, de promover de-
ter mais de um canal na tela simultaneamente, bates e reflexões sobre a importância dos meios
aumentar, diminuir ou eliminar som e/ou ima- de comunicação na vida do cidadão e a sua utili-
gem; podemos escolher uma narrativa na língua zação na escola.
estrangeira ou nativa; podemos escolher simples- Aqui, não queremos nos limitar a essa ideia
mente assistir a um programa; podemos assistir de que a recepção é passiva, face à influência da
e gravar o que assistimos; podemos assistir a um
televisão ou do vídeo. Por algum tempo, pensou-
determinado programa e gravar outro; podemos
-se que o público não poderia fazer uma leitura
não estar assistindo a nenhum e gravar, entre ou-
crítica sobre as informações veiculadas pela mí-
tras opções.
dia. Pesquisas atuais6 questionam tal posiciona-
No entanto, a TV tradicionalmente este- mento, sinalizando que a recepção (público) não
ve identificada como reforçadora do status quo, pode ter seu papel reduzido à reprodução acrí-
aquela que veiculava a ideologia da classe domi- tica. Isso quer dizer que o significado que cada

6
Essa maneira de conceber o processo de comunicação, na qual se admite o papel efetivo do receptor, tem sido reconhecida
como anunciadora de um novo paradigma para o estudo da comunicação. Nesse cenário, destacam-se os estudos a respeito
das mediações do pesquisador Jesus Martín-Barbero.

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um atribui às informações e opiniões veiculadas com a tecnologia para além de um receptáculo


pela televisão, por exemplo, é resultado das me- sem criatividade. Entender a recepção em sua di-
diações pessoais, vivenciais e culturais. O sentido mensão crítica é assumir o papel de sujeito que
não é dado de fora para dentro, mas resulta da cada um de nós possui, ao receber uma infor-
negociação de sentido, construída pela intera- mação. Cabe ao educador estabelecer junto ao
tividade entre o que foi produzido e a recepção educando tal reflexão, questionando o papel dos
(MARTÍN-BARBERO, 2000). produtos da tecnologia. Assim, como agentes re-
Para a educação, esses novos estudos pos- flexivos, somos capazes de utilizar nossa dimen-
suem um valor especial, na medida em que nos são criativa, considerando que não somos meros
ajudam a pensar o relacionamento do usuário consumidores de informação.

9.1 Resumo do Capítulo

A TV e o vídeo transformaram nossas relações pessoais e profissionais e fazem parte da vida de


quase todos os seres humanos, levando informação, conhecimento e diversão. Tratam-se de fontes de
informação e, também, meios de preencher as horas de lazer.
A televisão e o rádio são responsáveis pela disseminação de ideias, emoções, valores, e podem
educar informalmente. Podemos usar a TV, vídeo etc. para fazer uma leitura crítica sobre as informações
veiculadas pela mídia. Com isso, discutimos e aguçamos o grau de criticidade dos alunos por meio de
opiniões veiculadas pela televisão.
Para a educação, esses novos recursos possuem um valor especial, na medida em que auxiliam no
desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem.

9.2 Atividades Propostas

1. Podemos afirmar que a televisão constitui uma fonte de informação e, também, um meio de
preencher as horas de lazer, de forma barata e prática, da sociedade? Justifique sua resposta.

2. Os meios de comunicação TV e rádio atingem cerca de noventa e cinco por cento da popula-
ção. Assim, mesmo quando só querem entreter, vão disseminando ideias, emoções e valores?
Justifique sua resposta.

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10 MÍDIA IMPRESSA

O leitor de jornais, revistas, livros, anúncios, ze aquele que não nos é simpático. Temos como
diferentemente do ouvinte do rádio ou do teles- exemplo recorrente o que acontece na época das
pectador da TV, tem frente a si um material está- eleições, quando podemos encontrar um vasto
tico, apresentado em uma distribuição espacial material fotográfico em jornais e revistas a respei-
intencional. Isso possibilita movimento, ler e reler to desse tema.
uma mesma página, folhear e voltar atrás ou pu- Construímos sentidos por meio da presen-
lar partes e passar a outras seções quantas vezes ça simultânea de palavras e imagens. Lembramos
desejar. que, certas vezes, as palavras e as imagens po-
O lugar da informação no jornal, sua locali- dem ter direções diferentes, sem que haja erro de
zação (na parte superior ou inferior da página, à edição. É realmente pela divergência gerada que
direita ou à esquerda), o espaço que ocupa, os tí- o editor procura criar novos espaços para a signi-
tulos, subtítulos, notas, tipo de letra, as molduras, ficação do que foi escrito. Assim, é preciso pensar
gráficos, fotos, espaços em branco etc. são indica- a mídia impressa na perspectiva de articulação
dores da importância que é dada ao conteúdo da das linguagens.
informação, preparando o leitor para o que vem
pela frente.
Atenção
O leitor de jornal pode observar suas pá- As TICs, sobretudo as mídias impressas, são res-
ginas como um todo, olhá-las como uma ponsáveis por impulsionar uma verdadeira mu-
foto, voltar a elas, deter-se e ler um arti- dança social. A velocidade da informação faz sur-
go ou um título e reler as partes que lhe gir versões mais resumidas e de menor custo de
interessam no momento em que deseje, jornais e revistas, convivendo com consumidores
mas não o ouvinte de uma audição de que têm acesso aos portais de conteúdo na in-
rádio, a quem a informação chega, além ternet.
de selecionada, já ordenada. O ouvin-
te não pode escolher nem estabelecer
prioridades ou ordenar a seqüência da
informação, tampouco voltar a ela nem A mídia impressa também está mudando
deixá-la para outro momento; sua única em decorrência das mídias digitais. É comum en-
possibilidade consiste em usar o dial para contrarmos revistas e jornais que possuem e di-
escolher e mudar ou não de programa. vulgam suas versões on-line, que constroem seus
(SCHEIMBERG, 1997, p. 52).
textos no formato dos hipertextos, recheados de
boxes, mapas, desenhos explicativos, links para
Sabemos, também, o quanto a seleção de a sua versão digital. Os gibis também mudaram
imagens pode ser importante para a construção para atender a essa nova demanda; já podemos
de sentidos a respeito da edição de uma infor- encontrar as versões “tradicionais” convivendo
mação. Com uma foto bem colocada, elevamos a com as inovações (vide a Turma da Mônica Jo-
postura de alguém que queremos exaltar ou des- vem, estilo Mangá).
tacamos alguma cena que diminua ou ridiculari-

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A velocidade da informação e a correria do Em relação aos livros, mesmo existindo ver-


dia a dia fazem com que as versões mais resumi- sões que estão disponíveis na íntegra na internet,
das e de menor custo, tanto de jornais quanto ainda se dá preferência à versão impressa.
de revistas, sejam as mais procuradas e isso tudo
convivendo com consumidores que têm acesso
às notícias sem nenhum custo quando acessam
os portais de conteúdo na internet.

10.1 Resumo do Capítulo

Neste capítulo, caro(a) aluno(a), apresentamos a você a mídia impressa e como o leitor se comporta
diferente diante de cada veículo de comunicação como jornais e revistas, pois, quando ouvimos o mes-
mo anúncio no rádio, não temos imagem, diferente da mídia impressa. Entretanto, tanto os conteúdos
do rádio quanto os da mídia impressa são estáticos, ou seja, sem movimento, diferente da TV e vídeo.
Com a mídia impressa, é possível ler e reler a mesma informação diversas vezes. Scheimberg (1997)
nos lembra de que o leitor pode observar suas páginas como um todo, olhá-las como uma foto, voltar
a elas, deter-se e ler um artigo ou um título e reler as partes que lhe interessam no momento em que
deseje, mas não o ouvinte de uma audição de rádio, a quem a informação chega, além de selecionada,
já ordenada. O ouvinte não pode escolher nem estabelecer prioridades ou ordenar a sequência da infor-
mação, tampouco voltar a ela ou deixá-la para outro momento; sua única possibilidade consiste em usar
o dial para escolher e mudar ou não de programa.
Por fim, lembramos que os sentidos são construídos por meio da presença simultânea de palavras e
imagens e que as palavras e as imagens podem ter direções diferentes.

10.2 Atividades Propostas

1. A presença simultânea de palavras e imagens é importante para a construção de sentidos?


Podemos afirmar que se trata de preparar o leitor para o que vem pela frente?

2. Com a evolução das TICs, as mídias impressas estão mudando em decorrência das mídias di-
gitais? Justifique sua resposta.

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11 A INFORMAÇÃO NA EDUCAÇÃO

A informática é a última, até a data, dessas grandes invenções que têm ritmado o desenvolvimento da espécie
humana, reorganizando sua cultura e abrindo-lhe uma nova temporalidade.
Pierre Lévy

A tecnologia deve ser empregada na escola Não basta introduzir recursos tecnológicos
com o objetivo de contribuir com o processo de para mudarmos o paradigma educacional vigen-
construção do conhecimento e desenvolvimento te, é preciso saber como uma boa escolha auxilia
de habilidades nos alunos. Assim, não podemos a aprendizagem dos alunos.
pensar somente em hardwares e softwares; o pon-
to determinante desse trabalho é a “mediação crí-
tica e fundamentada acerca de porque se intro- Saiba mais
duzem as diversas tecnologias no ensino.” (LION,
1997, p. 34). O termo ‘informática na educação’ refere-se à inser-
ção do computador no processo de ensino-apren-
Quando escolhemos trabalhar com uma
dizagem de conteúdos curriculares em todos os
determinada tecnologia, também fazemos op- níveis e modalidades de educação (VALENTE, 1999).
ções tecnológicas, colocamos nosso modo de ver
e de estar em relação ao outro, ao mundo, ao co-
nhecimento.

11.1 Modalidade Jogo

de suas características lúdicas. Os jogos de maior


Atenção valor pedagógico são os que promovem habi-
lidades cognitivas complexas, como os quebra-
Usa-se o jogo para levar o aluno a pensar acerca
das suas hipóteses de leitura e escrita, levando-o -cabeças, os jogos de memória, as associações, as
a avançar no sentido da aquisição da base alfabé- simulações, os jogos de estratégia.
tica, produção de texto, compreensão da lógica
matemática, estudo de hipóteses, entre tantas Contudo, alguns pais e pedagogos não en-
outras possibilidades, além de liberar todo o sen- xergam a validade pedagógica dessa modalidade
tido lúdico do brincar. de software, pois acham que o aluno está “somen-
te brincando”. Entretanto, isso não caracteriza um
problema, haja vista que se pode aprender brin-
Esta é uma das formas mais eficazes de cando (MARQUES, 2003).
aproximar os alunos dos computadores da esco- A seguir, apresentaremos algumas práticas
la, uma vez que a grande maioria já teve contato que podem ser desenvolvidas num laboratório
com os videogames e, principalmente, em função

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de informática, sem a necessidade de grandes para seus alunos, sendo também um software de
investimentos financeiros, e que têm apresenta- autoria, pois é o professor (ou os próprios alunos)
do bons resultados no sentido da aquisição das que alimenta o banco de palavras.
competências leitora e escritora, além dos conhe- Acesso através do site www.xtec.es/recur-
cimentos de Tecnologia.7 sos/clic (software livre).

O Clic 3.0 Curiosidade

Sistemas de autoria: os softwares de autoria são


O software Clic 3.0, criado por Francesc Bus- chamados “abertos/livres” porque permitem a
quest, permite a criação de pacotes de atividades construção de materiais utilizando recursos mul-
para qualquer atividade curricular, em qualquer timídias (textos, hipertextos, sons, imagens, ani-
série e componente, com o uso de sons, textos mações), possibilitando ao professor e ao aluno a
utilização tanto para a construção de um material
e imagens. Também permite criar diversos tipos instrucional quanto para a programação de jogos,
de atividades: quebra-cabeças, associações, caça robótica, homepages, jornais virtuais etc. (VALEN-
palavras, palavras cruzadas, atividades de texto, TE, 1999).
entre outros.
É um software gratuito, que permite ao pro-
fessor a possibilidade de criar variadas atividades

Sugestões: Exemplo de diretório de trabalho: “c:\clic\


act” ou uma pasta que você tenha compartilhado
1. Descarregue o programa em espanhol na rede, assim pode abrir o pacote em qualquer
(até março de 2011, não havia uma ver- máquina de um laboratório de informática.
são em português); Tipos de quebra-cabeças: memória, inter-
2. Salve tudo que for referente a um pa- câmbio, agujero, doble. Podem-se usar imagens
cote de atividades no mesmo diretório ou textos. A mesma imagem pode servir para
(pasta). todos os tipos de quebra-cabeças, basta alterar a
modalidade e salvar com outro nome.

7
Falamos de conhecimentos de Tecnologia aqueles diretamente relacionados com a máquina, por exemplo: abrir progra-
mas, copiar, colar, salvar, formatar, recortar, trabalhar com duas janelas...

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Intercâmbio:

MONTE A ÁRVORE DE NATAL

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Agujero:

Doble (álbum de figurinhas):

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Memória:

Tipos de associações: normal (1 a 1), completa (sem correspondência biunívoca), identificação,


exploração, informação, resposta escrita. Podem-se usar figura-figura, texto-texto e texto-figura.

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Normal:

Completa:

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Identificação:

Resposta escrita:

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Sopa de letras (caça-palavras): simples ou com a janela direita.

Simples:

Com a janela direita:

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Atividades de texto: deixar espaços (com ou sem ajuda), completar texto, identificar palavras,
identificar letras, ordenar palavras, ordenar parágrafos.

Deixar espaços (com ajuda):

Deixar espaços (sem ajuda):

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O Facetoon A atividade aqui sugerida está voltada para


alunos do Ensino Fundamental I, no Laboratório
Este é um programa infantil cujo objetivo de Informática, tendo como objetivo principal le-
é dar aos diversos personagens traços fisionômi- var o aluno a pensar acerca das suas hipóteses de
cos; também usado para a produção de textos. leitura e escrita, levando-o a produzir um texto a
Disponível no site http://sitededicas.uol.com.br/ partir da personagem criada por ele.
linkshr.htm.

Proposta de trabalho: ƒƒ Colar no Word;


ƒƒ Recortar a imagem, deixando apenas o
Uso do jogo para levar o aluno a pensar personagem (usar a tesoura);
acerca das suas hipóteses de leitura e escrita, ƒƒ Produzir um texto.
levando-o a avançar no sentido da aquisição da
base alfabética e produção de texto.
Novos encaminhamentos:

Passo a passo:
ƒƒ Produção de textos coletivos;
ƒƒ Leitura dos textos produzidos na classe;
ƒƒ Abrir o Facetoon e montar um persona-
gem. Pode-se instalar o programa na ƒƒ Pesquisa, na sala de leitura, de livros
aula de uma turma de 4º ano, por exem- que tratem do tema abordado, pelos
plo, assim trabalha-se também como alunos: monstrinhos, amigos imaginá-
fazer download de softwares livres; rios etc.
ƒƒ Capturar a tela (usando o Print Screen
do teclado);

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Conteúdos de tecnologia: Conteúdos e habilidades referentes à leitu-


ra e escrita:
ƒƒ Localizar o ícone do programa na área
de trabalho e abrir (Facetoon e Word) ou ƒƒ Produção de textos (em duplas, com
download do software; agrupamentos produtivos) e escrita a
ƒƒ Uso do mouse para arrastar; partir da imagem.
ƒƒ Capturar tela;
ƒƒ Colar, cortar, salvar.

11.2 Pesquisas na Internet

Ao apresentar a proposta de pesquisa na ••


Agrupem-se em duplas ou trios;
internet de um determinado conteúdo, é reco- ••
Planejem o trabalho, o caminho
mendável que não se torne uma atividade “livre”, a seguir para comprovar sua tese
mas a mais organizada possível, para evitar a per- (afirmação inicial);
da do foco de pesquisa (na imensa amplitude que •• Visitem sites de softwares educati-
se constitui a rede mundial de computadores) ou vos e de autoria, conforme a lista
o simples ato de copiar textos e colar num docu- a seguir. Elaborem uma apresenta-
mento (só para entregar ao professor). ção para as classes;
Apresentar a proposta como um desafio, no ƒƒ Conclusão: apresentação do trabalho.
qual o produto final ultrapasse a repetição de da-
dos encontrados, é o que sugerimos a seguir. Os
alunos devem pesquisar e trazer “novidades” para
Saiba mais
a classe, isto é, ampliar o conhecimento que têm
a respeito do tema. A WWW fornece aos seus usuários uma infinidade
Sugestão: 8 de arquivos espalhados em todo o mundo; conse-
quentemente, os alunos podem localizar e acessar
materiais de todos os tipos. A Comunicação Media-
ƒƒ Introdução: os alunos recebem o tema da via Computador (CMC), por meio de rede, hoje,
facilita uma abordagem integrativa no ensino de
e são desafiados a pesquisá-lo: “Vocês línguas estrangeiras (NORTE, 2011).
são agentes de uma grande empresa
de espionagem e estratégia e têm uma
missão muito importante a cumprir: de-
vem provar que o desperdício de água
trará sérias consequências à vida na Ter-
ra”;
ƒƒ Tarefa: o trabalho será apresentado
para os alunos da classe ou, ainda, para
outras turmas na escola;
ƒƒ Processo: é o passo a passo, o roteiro
que deve ser seguido:

8
Essa é uma sugestão que tem por base um trabalho mais complexo denominado Webquest. Para maiores informações,
consulte o site da Escola do Futuro da Universidade de São Paulo (USP).

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11.3 Comunicação

Uma atividade que desperta muito interes- ƒƒ Em chats, evite escrever uma palavra
se nos alunos que já conseguem se comunicar por linha; isso é muito desagradável.
por escrito é o intercâmbio entre escolas. Dois Informe tudo que você deseja em uma
ou mais professores agendam uma sala de bate- linha e só depois dê enter;
-papo num portal educacional (preferencialmen- ƒƒ Nunca repasse e-mails de corrente no
te) e seus alunos se encontram virtualmente para estilo “Envie para 7 pessoas senão você
debater acerca de um determinado assunto ou terá um grande azar”; a internet não foi
construir colaborativamente um trabalho educa- criada para isso (e é papel de todos os
tivo. educadores trabalhar uma postura éti-
Um conhecimento que deve ser levado em ca);
conta, para organizar essa comunicação, é a Ne- ƒƒ Em fóruns e listas de discussões, pro-
tiqueta. Netiqueta é o conjunto de regras que se cure expressar-se de maneira clara e
recomenda observar na internet; são recomenda- objetiva, explicando o problema em to-
ções para que se evitem mal-entendidos em tex- talidade e dando todos os detalhes pos-
tos presentes na internet (em e-mails, chats, listas síveis. Lembre-se: quando você estiver
de discussões) e também para regrar condutas perguntando é porque precisa de aju-
em situações específicas (como citar o nome do da; aja como tal, não sendo arrogante
site ou autor de um texto quando é copiado e co- ou inconveniente. Tente manter-se no
lado em outro local). contexto da discussão;
Alguns itens dessa “modalidade virtual de ƒƒ Evite sempre mensagens do estilo “Me
etiqueta” são: ajudem, por favor!”, “Socorro!”, “Vou jo-
gar essa coisa fora” e frases similares;
ƒƒ Evite escrever em letras maiúsculas, elas, na verdade, não têm nenhum es-
pois isso passa a impressão de que tilo.
VOCÊ ESTÁ GRITANDO e os outros po-
dem se sentir ofendidos;
É comum o uso de símbolos, chamados smi-
ƒƒ Assine seus textos (no nosso caso – no leys ou emoticons, para indicar o contexto emo-
ambiente da Unisa Digital –, é impor- cional do que está sendo escrito:
tante que você coloque também qual o
seu polo; isso facilita a identificação e a
ƒƒ :-) sorriso, brincadeira;
comunicação);
ƒƒ ;- ) piscadela;
ƒƒ Cite a fonte da qual você copiou ou bus-
cou informações para o que está colo- ƒƒ :-| neutro, não me comprometa;
cando na internet; ƒƒ :-( tristeza;
ƒƒ Dependendo do seu interlocutor, evite ƒƒ :-0 gritando;
abreviações de palavras ou, pelo me- ƒƒ 8-) sorriso, o autor usa óculos.
nos, um grande número de abreviações
(como pq, vc, tb, qdo, aki – respectiva-
Eles dão um toque pessoal às mensagens e
mente: porque, você, também, quando,
aproximam os interlocutores; são divertidos sem
aqui – etc.);
comprometer a seriedade do assunto.

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11.4 Resumo do Capítulo

Caro(a) aluno(a), chegamos ao fim de nossa apostila. Neste capítulo, finalizamos com a informática
na educação, pois, quando escolhemos trabalhar com uma determinada tecnologia, também fazemos
opções tecnológicas, colocamos nosso modo de ver e de estar em relação ao outro, ao mundo, ao conhe-
cimento. Portanto, é responsabilidade do educador escolher, observar e planejar a aula.
Falamos também do jogo em sala de aula e seu valor educativo. Os jogos de maior valor peda-
gógico são os que promovem habilidades cognitivas complexas, como os quebra-cabeças, os jogos de
memória, as associações, as simulações, os jogos de estratégia. Apresentamos, ainda, o software Clic 3.0,
que possibilita a criação de jogos, e o Facetoon, um programa infantil cujo objetivo é dar aos diversos
personagens traços fisionômicos, sendo também usado para produção de textos.

11.5 Atividades Propostas

1. Uma escola altamente equipada com recursos tecnológicos garante qualidade durante o pro-
cesso de construção do conhecimento e desenvolvimento de habilidades nos alunos? Justifi-
que sua resposta.

2. Por que os alunos ficam presos durante horas em frente dos videogames? Essa tecnologia
empregada na escola contribui com o processo de construção do conhecimento e desenvol-
vimento de habilidades nos alunos? Justifique sua resposta.

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12 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O desafio é como inserir na escola um ecossistema comunicativo que contemple ao mesmo tempo: expe-
riências culturais heterogêneas, o entorno das novas tecnologias da informação e da comunicação, além de
configurar o espaço educacional como um lugar onde o processo de aprendizagem conserve seu encanto
José Manuel Moran e Maria Elizabeth Almeida

No Brasil, a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) – rante sucesso e inovação pedagógica. A prática
Lei nº 9.394/1996 – abriu espaços para a introdu- pedagógica precisa acompanhar as mudanças,
ção da educação para a comunicação nos currícu- sendo a formação continuada dos professores
los. Os Parâmetros Curriculares Nacionais para o fundamental.
ensino fundamental deixaram evidente a necessi- Trabalhar com projetos auxilia a integração
dade de uma aproximação ao universo da comu- das diferentes mídias, desde que se tenham cla-
nicação, enquanto as normas para a reforma do ros os objetivos, as características das tecnologias
ensino médio estabelecem que praticamente um e mídias empregadas e os conceitos que serão
terço do conteúdo dos currículos que vierem a ser mobilizados no projeto para produzir novos co-
elaborados leve em conta a presença das tecnolo- nhecimentos. Por exemplo, construir uma história
gias e dos meios de comunicação na sociedade e em quadrinhos utilizando o computador (inter-
na educação. net, Paint, Word) pede inicialmente que o profes-
Dessa forma, é imprescindível ressignificar sor saiba aonde quer chegar (trabalhar com esse
as ideias de Paulo Freire (1979)9 para o mundo gênero de textos, explorar a linguagem oral, diá-
digital, pois não basta o acesso, é preciso edu- logos, o auxílio da imagem na construção do en-
cação de qualidade para que os aprendizes con- redo), quais recursos da tecnologia servem como
sigam atribuir significado às informações e utili- suporte para o trabalho, quais conceitos serão uti-
zem as tecnologias para resolver problemas de lizados e que possibilitarão novas aprendizagens.
sua vida e de seu contexto. Se optarmos por colocar nas mãos dos alu-
Sabemos que os alunos, em geral, domi- nos os recursos midiáticos que a escola possui
nam melhor os recursos tecnológicos disponíveis (câmera digital, filmadora, gravadores, computa-
na escola do que seus professores. Assim, as re- dores, mídia impressa), estaremos aproximando
lações comumente estabelecidas na escola – do os campos da Cultura, da Comunicação e da Edu-
professor que detém o conhecimento e do aluno cação.
que veio para aprender – estão, mais do que nun- Esse trabalho pede novas posturas; é preci-
ca, em xeque. Todos percebem que é necessário so estar aberto ao olhar do aluno, à sua cultura
haver mudanças, mas não se sabe bem como. Ter midiática, aceitar novas relações no contexto es-
uma escola bem equipada ajuda, mas não ga- colar, no qual o professor não é o “expert”, sendo
que a informação parte de todos os envolvidos.
9
Parafraseando Freire (em Educação como prática da liberdade), nessa Educação, há a necessidade de o homem entender sua
vocação ontológica como ponto de partida para obter, nessa análise, uma consciência libertadora, isto é, o homem só chega-
rá à consciência do seu contexto e do seu tempo na relação dialética com a realidade, pois só dessa maneira terá criticidade
para aprofundar seus conhecimentos e tomar atitudes frente a situações objetivas.

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Planejar com o uso de tecnologia pede ob- Encerramos este trabalho fazendo algumas
jetivos muito bem definidos, escolhas, questiona- reflexões acerca do papel das TICs na formação
mentos. Ao inserir tecnologia num projeto, é pre- de novos educadores e educandos, questionan-
ciso saber equilibrar seu uso para atividades em do o quanto poderão favorecer, ou não, a nossa
que ela realmente faça a diferença; por exemplo, condição de sujeitos reflexivos. Citamos, aqui, a
se o que temos como meta é que o aluno faça um contribuição de Freitas (2002, p. 85) para proble-
desenho criativo, rico em detalhes, com estraté- matizar nosso posicionamento enquanto educa-
gias de pintura, o papel e o lápis são melhores re- dores frente às TICs:
cursos do que o Paint (que tem seu uso indicado
quando os objetivos são outros). Perante o novo que nos circunda e se
O grande desafio que se apresenta é inovar projeta num futuro cada vez mais rápido
e mais próximo, precisamos adotar uma
as práticas educativas cotidianas, para que possi-
perspectiva aberta e positiva. Não se tra-
bilitem a formação humana e a inclusão social. ta de uma postura ingênua e acrítica de
Trabalhar numa escola bem equipada, com passivos consumidores, mas frente aos
recursos tecnológicos modernos e em número atuais computadores, processadores de
textos e canais eletrônicos de comunica-
suficiente em relação ao número de alunos que
ção, como a Internet, precisamos nos co-
temos, é desejável, mas não é o que determina locar numa atitude de busca de conheci-
um trabalho de qualidade. Podemos ter um com- mento que leva à compreensão de suas
putador (e somente um) com acesso à internet possibilidades, abertos às possíveis me-
e desenvolver trabalhos colaborativos, nos quais tamorfoses sob efeito do novo objeto.
a escola auxilia a comunidade em que vive e esta-
belece contato com o mundo. Com um compu- Destacamos também, pelas palavras de
tador e um gravador de mão, construímos uma Pierre Lévy (1993), o quanto se faz necessário nos
rádio escolar, que tanto contribui com as compe- mantermos abertos à construção do conheci-
tências leitora e escritora dos alunos quanto com mento:
sua autoestima, socialização, cultura de paz e res-
peito às diversidades.
Peço apenas que permaneçamos aber-
tos, benevolentes, receptivos em relação
à novidade. Que tentemos compreendê-
-la, pois a verdadeira questão não é ser
Atenção contra ou a favor, mas sim reconhecer as
mudanças qualitativas, a ecologia dos
Como educadores, precisamos buscar essa aber- signos, o ambiente inédito que resulta
tura compreensiva para encontrar – no uso das da extensão das novas redes de comuni-
novas tecnologias – essa perspectiva humanista cação para a vida social e cultural. Ape-
que não exclui o sujeito. Lembrando a invasão nas dessa forma seremos capazes de de-
do tecnicismo educacional da década de 1970, senvolver estas novas tecnologias dentro
fundado na racionalidade e na objetividade e no de uma perspectiva humanista.
qual o sujeito não tinha lugar ou era assujeitado,
é preciso que, nesse novo momento tecnológico,
originado na sociedade contemporânea, sob ou-
tras condições, sejam repensados os modos de Como educadores, precisamos buscar essa
subjetivação que se apresentam; subjetividades abertura compreensiva para reencontrar – no
nascentes, polifônicas, heterogêneas, mestiças, uso das novas tecnologias – essa perspectiva hu-
individuais ou coletivas, emergindo como outros
tantos territórios existenciais, na adjacência de manista que não exclui o sujeito. Buscar, assim,
outras alteridades subjetivas, no dizer de Guattari uma postura que coloque a tecnologia a servi-
(1990) (FREITAS, 2002). ço dos objetivos educacionais. Não se trata de
nos entregarmos à “tecnofobia” ou à “tecnofilia”,
como vimos anteriormente, mas sim de termos

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Tecnologias da Informação e da Comunicação

clareza do que queremos alcançar quando nos


propomos a educar um grupo de crianças, jovens
ou adultos, para, então, escolhermos com auto-
nomia o melhor meio (recurso tecnológico) para
tal realização.
Dessa forma, destacamos a necessidade de
nos perguntarmos qual é a concepção de edu-
cação que fundamenta nosso trabalho docente.
Reflitamos que

as novas tecnologias, na medida da sua


sofisticação, implicam deslocamentos
que não podem ser apagados, silencia-
dos. A relação mais intensa dos sujeitos
com os materiais precisa ser objeto de
estudo sistemático. Por um lado, porque
até mesmo os jogos jogados horas a fio
no computador podem ser um passa-
tempo repleto de operações cognitivas
não aproveitadas no espaço escolar,
onde nem sempre se comentam os sen-
tidos que os alunos atribuem a eles. Por
outro, porque os trabalhos escolares que
requerem pesquisa na Internet podem
se aproximar da velha e mesma cópia
das enciclopédias, guardadas duas di-
ferenças: a multiplicação das fontes de
consulta e a facilitação do processo de
copiar pelo recurso a teclas combinadas:
Control c + Control v. (BARRETO, 2001, p.
43).

Concluindo, neste módulo, ressaltamos a


importância da aplicabilidade das TICs em con-
sonância à nossa concepção de ensino e aprendi-
zagem, na qual, ao lidarmos com sujeitos (agen-
tes reflexivos), não podemos utilizar o recurso
tecnológico como mera forma de reprodução.
O desafio está posto: que a tecnologia, em
conjunto com a educação, nos ajude a fazer um
mundo melhor.

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RESPOSTAS COMENTADAS DAS
ATIVIDADES PROPOSTAS

CAPÍTULO 1

1. A resposta deve versar sobre o conceito de tecnologia apresentado, discutindo-o e compreen-


dendo-o de forma crítica.
2. O aluno dever apresentar uma discussão sobre a interação do homem com os elementos tec-
nológicos de seu dia a dia, bem como se essa interação ocorre de forma positiva ou negativa
e mesmo se ocorre de forma consciente, necessária.

CAPÍTULO 2

1. O Ciberespaço é um ambiente criado pelo homem para suprir as necessidades de comuni-


cação rápida e sem fronteiras, e a necessidade de armazenamento de dados, de informação
e fornecimento de informação rápida, porém nem sempre de qualidade. Dessa forma, esses
ambientes são mantidos por um conjunto de ferramentas tecnológicas, resultante da junção
dos recursos das telecomunicações (telefonia, satélite, cabo, fibras ópticas etc.) e da informáti-
ca (computadores, periféricos, softwares e sistemas de redes), ou seja, dos elementos presen-
tes na Telemática.
2. Sim, pois, se o Ciberespaço é um ambiente virtualmente desenvolvido para comunicação e
informação, além da interação entre seus participantes, é natural que nesse ambiente seja
criada e desenvolvida uma cultura própria de seus participantes, que de forma direta ou indi-
reta interfere na sociedade, pois se trata de um espaço de comunicação flexível.

CAPÍTULO 3

1. O aluno deve justificar sua posição com base no texto e nas aulas, pois existem muitas críticas
a respeito das TICs na sala de aula. Essas críticas são crenças sociais que ora se posicionam a
favor do uso das TICs como solução de todos os problemas, ora posicionam-se contra o uso
das tecnologias, pois são causadoras de grandes problemas sociais e educacionais. Portanto,
o aluno deve ter clara essa diferença de posicionamento. O aluno pode buscar trechos do tex-
to e discutir sobre a informação apresentada.
2. De acordo com o texto, a ideia de civilização icônica busca conhecer as necessidades, percep-
ções e relacionamentos que os alunos possuem em relação à realidade e que são mediados
pela velocidade da imagem, do movimento dos acontecimentos, enquanto professores pro-
vêm de uma civilização pré-icônica.

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CAPÍTULO 4

1. Segundo o texto, o que diferencia uma nova e uma velha tecnologia não está em seu aspecto
cronológico e sim em seu uso, ou seja, como o professor utiliza em sala de aula. Por exemplo,
o rádio, um dos mais antigos meios de comunicação, ainda pode ser utilizado, inovando as
práticas em sala de aula. O mesmo acontece com o jornal, ou seja, a mídia impressa, que é
mais antiga que o rádio e ainda se mantém na sociedade.
2. Para Corrêa (2003), o professor dever ter claros seus objetivos, para que possa articular suas
ações para o uso das TICs, e atentar para a compreensão e assimilação dos conteúdos. Assim,
estamos articulando ações entre tecnologia e educação.

CAPÍTULO 5

1. De acordo com os apontamentos de Perrenoud (2001), o professor deve compreender que


saber utilizar as TICs não é o mesmo que saber trabalhar com as TICs, pois posso utilizar um
telefone celular para tirar fotos; logo, sua função original fica de lado. Da mesma forma, pode-
mos utilizá-lo para fazer gravações em sala de aula, para tirar foto e, até mesmo, filmar. Dessa
forma, fica clara a necessidade de saber utilizar os recursos das TICs como ferramentas de au-
xílio tanto do professor quanto do aluno durante o processo de ensino-aprendizagem.
2. O aluno deve discutir sobre o papel das TICs na vida social, cultural, econômica etc. do ho-
mem, pois elas influenciam direta e indiretamente sua vida. Assim, as TICs assumem papel
importante no cotidiano do homem, modificando-o, por meio de sua interação com elas, e
consequentemente desenvolvendo suas potencialidades.

CAPÍTULO 6

1. A escola, como espaço do conhecimento, não deve ser um ambiente neutro; a escola é um
espaço político e democrático. Um local no qual todos atual, sem fazer política partidária e
impor de ideias; um local para discutição e fomentação do conhecimento, da informação, para
o desenvolvimento social, cultural e econômico do homem.
2. A sociedade quer um profissional que acompanhe o desenvolvimento tecnológico, procuran-
do assimilar essas novas tecnologias ao seu dia a dia, à sua prática de sala de aula. A escola
precisa de um profissional dinâmico, que saiba interagir com o novo, com o diferente, com
mais facilidade e segurança. O professor precisa ter consciência de que a educação multicul-
tural e de massa situa-se para além da aquisição restrita do saber escolar.

CAPÍTULO 7

1. O aluno deve apresentar exemplos de diferentes tipos de mídias, bem como seu uso, além
de apresentar um breve conceito sobre mídia, retomando os primeiros capítulos da apostila.
2. O professor precisa compreender que a educação multicultural não despreza a cultura que os
jovens trazem e compreende a riqueza das mídias como portadoras de informação e de repre-
sentações do mundo, a serem analisadas, comparadas e reconstruídas. Também precisa saber
introduzir as mídias de maneira a possibilitar analisá-las do ponto de vista econômico e ético
de quem as produz, da maneira como são construídas as mensagens, entre outros conceitos
apresentados.

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Tecnologias da Informação e da Comunicação

CAPÍTULO 8

1. Apresentar a importância do rádio como veículo de informação e comunicação entre grandes


distâncias, no qual a informação é transmitida de forma rápida, com pouca interferência; além
de sua importância no processo de escolarização, pois, quando o rádio entra na escola, possi-
bilita a entrada da música, do som, da melodia.
2. O aluno consegue vislumbrar resultados quando trabalhamos com um projeto e quando esse
projeto tem suas etapas claras e definidas pelo professor. Um projeto com rádio possibilita
trazer a comunidade local para a escola; os alunos podem produzir pequenos anúncios, de-
clamar poemas, realizar entrevistas, mandar recados, lembretes de provas, datas importantes.

CAPÍTULO 9

1. Sim, podemos afirmar que a televisão constitui uma fonte de informação, pois estamos dia-
riamente recebendo informação enviada por ela, e é, sobretudo, uma fonte de informação
barata, pois o custo para o receptor é muito baixo. No entanto, muitas vezes a qualidade dessa
informação não é muito boa e cabe ao receptor a criticidade para filtrar tais informações.
2. Direta ou indiretamente, a TV, o rádio, a mídia de forma geral tem influência sobre a socieda-
de, emite opiniões, juízos de valor, reforça crenças, ideias. Há programas de humor que alie-
nam a sociedade, já outros que trazem à tona problemas sociais por meio do humor, emitindo
opiniões críticas sobre determinados problemas. Dessa forma, podemos afirmar que, direta
ou indiretamente, a mídia influencia a sociedade, disseminando ideias e valores.

CAPÍTULO 10

1. Sim, pois a velocidade que o cérebro capta a imagem é muito mais rápida que a velocidade da
leitura, visto que a imagem muitas vezes vem com o conceito, a ideia completa; já no texto, é
preciso lê-lo por completo para compreendê-lo. Dessa forma, muitas vezes a imagem anteci-
pa ou resume as ideias contidas no texto.
2. Sim, pois, com as mídias digitais, as mídias impressas modificaram-se, tornando-se mais atra-
tivas visualmente e nos conteúdos também.

CAPÍTULO 11

1. Uma escola altamente equipada com recursos tecnológicos, muitas vezes, pode não garantir
um ensino de qualidade, pois depende do uso que o professor faz dos recursos disponíveis
em sala de aula durante o processo de ensino-aprendizagem.
2. Tanto os videogames quanto qualquer outro equipamento tecnológico prendem a atenção
do aluno, pois despertam a curiosidade, o interesse, motivam o jogador a descobrir novas for-
mas, novos caminhos, ou seja, apresentam-se como desafios ao estudante, o que coloca em
prática o desenvolvimento de sua habilidade na busca de novas estratégias.

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