Propriedades Dos Números Reais
Propriedades Dos Números Reais
Propriedades Dos Números Reais
1 - x + y = y + x; x + (y + z) = (x + y) + z (a soma é comutativa e
associativa);
2 - xy = yx; x(yz) = (xy)z (o produto é comutativo e associativo);
3 - x(y + z) = xy + xz (o produto é distributivo em relação à soma);
4 - existe um elemento neutro para a soma (o zero 0) 0 + x = x, ∀x;
5 - todo o x tem um simétrico −x tal que x + (−x) = 0;
6 - existe um elemento neutro para o produto (o um 1) 1x = x, ∀x;
1
7 - todo o x 6= 0 tem um inverso, que se representa por x−1 ou por , tal
x
que xx−1 = 1.
”leis do corte”:
x + y = x + z ⇒ (−x) + (x + y) = (−x) + (x + z) ⇒
⇒ ((−x) + x) + y = ((−x) + x) + z ⇒ y = z
e
x 6= 0 ∧ xy = xz ⇒ y = z
que implicam por sua vez que o simétrico e o inverso de x são únicos;
0x + x = (0 + 1)x = x ⇒ 0x = 0;
1
e então
(−x)y + xy = ((−x) + x)y = 0y = 0
donde se conclui que (−x)y = −(xy), e portanto também (−x)(−y) =
−(x(−y)) = xy.
Estas propriedades são constantemente aplicadas no cálculo; por exemplo,
na igualdade, válida para quaisquer a, b ∈ R,
(a + b)2 = a2 + 2ab + b2
esto envolvidas a propriedade comutativa da soma e do produto bem como a
distributividade do produto em relação à soma.
Um outro exemplo, em que se aplica esta fórmula:
Exemplo 1.1
1 1 1
4x2 + x − 3 = 0 ⇔ 4x2 + 2 2x + − −3=0⇔
2 4 16 16
1 49 1 7 1 7
⇔ 2x + = ⇔ 2x + = ∨ 2x + = − ⇔
4 16 4 4 4 4
3
⇔ x = ∨ x = −1
4
10 - x < y ⇒ x + z < y + z;
11 - x < y ∧ 0 < z ⇒ xz < yz;
3 9
|2|x − 1| − 3| < 6 ⇔ −6 < 2|x − 1| − 3 < 6| ⇔ < |x − 1| <
2 2
Como o módulo é sempre não negativo, estas desigualdades são
equivalentes a
9 9 9 7 11
|x − 1| < ⇔ <x−1< ⇔ <x−1<
2 2 2 2 2
5
1.1 Números racionais e irracionais. Princı́pio dos Intervalos En-
caixados
7
e é intuitivamente claro que devemos ter
\
{a} = In
n≥0
9
quer dizer que
3<π<4 π ∈ I0 = [3, 4]
···
···
onde a = 3.141592653589793238 b = 3.141592653589793239.
Os irracionais correspondem às dı́zimas infinitas não periódicas.
Dados racionais a < b existem sempre irracionais no intervalo [a, b];
1
por exemplo, se m ∈ N é tal que < b − a, um desses irracionais é
m
√
2
a+
2m
Mas dados irracionais α < β também existem racionais no in-
tervalo [α, β]: se as expansões decimais de α e β coincidem até ao
n-ésimo dı́gito (e portanto o (n+1)-ésimo dı́gito de β é maior que
o de α), basta considerar o racional representado pela dı́zima finita
dada pela expansão decimal de β até ao (n+1)-ésimo dı́gito, seguida
de zeros.
11
1.2 O Axioma do supremo
Por outro lado, se 1 < a, então am < am+1, para todo o natural m,
enquanto que se 0 < a < 1 se tem am+1 < am. O mesmo raciocı́nio
p
dos parágrafos anteriores mostra que se 1 < a e 0 < m n < q então
m p
a n < a q , enquanto que se 0 < a < 1 se tem a desigualdade contrária.
Estas observações conduzem à definição de potências com expoente
real qualquer: dado um real x > 0 seja
In = [xn, yn]
uma sucessão de intervalos encaixados, com extremos racionais e
satisfazendo a condição de os comprimentos dos intervalos tomarem
valores arbitrariamente pequenos:
1
∀N ∃n : yn − xn < ,
N
tal que
{x} = ∩n≥0In;
se 1 < a
Jn = [axn , ayn ]
é também uma sucessão de intervalos encaixados; além disso, dado
N , podemos escolher n tal que ayn − axn = axn (ayn−xn − 1) ≤
ay0 (a1/N − 1); e como teremos ocasião de verificar mais adiante,
a1/N − 1 ≤ a−1 N ; concluı́mos que a sucessão de intervalos Jn está
nas condições do Princı́pio dos Intervalos Encaixados e que existe
portanto um único real z tal que
axn < z < ayn , ∀n;
definimos então
ax = z;
17
se 0 < a < 1, o raciocı́nio é idêntico, com a única alteração de se
definirem os intervalos Jn como Jn = [ayn , axn ].
Note-se que esta definição se pode enunciar igualmente (no caso 1 <
a) como
x m m p p
a = sup{a : n ≤ x} = inf{a q : ≥ x}.
n q
As potências de expoente negativo ficam também definidas: dado
x > 0, a−x = ( a1 )x.
Se 0 < x < y existe um racional m
n tal que x < m
n < y. Portanto,
se 1 < a
p p
ax = inf{ap/q : x < } < am/n < sup{ap/q : < y} = ay
q q
e concluı́mos que as potências de expoente real satisfazem a mesma
propriedade de ordem.
Terminamos mostrando que com esta definição se tem também
axay = ax+y , axbx = (ab)x.
Consideramos apenas o caso em que a e b são maiores que 1, já que
os outros casos são semelhantes.
Para isso começamos por observar os seguintes factos:
Resumindo:
• a−x = (1/a)x.
• axbx = (ab)x.
• axay = ax+y .
• (ax)y = axy .
.
Começamos com um exemplo: a soma dos ângulos internos de um
triângulo (no plano) é igual a π; e no caso de um quadrilátero con-
vexo, é igual a 2π; este facto podia ser verificado do seguinte modo:
20
se traçarmos uma diagonal do quadrilátero, unindo dois vértices não
adjacentes, ficamos com dois triângulos e a soma dos ângulos in-
ternos do quadrilátero é igual à soma dos ângulos internos dos dois
triângulos.
Podemos então tentar generalizar esta propriedade e enunciar a pro-
posição:
21
Teorema 1.18 Princı́pio de Indução Finita: Se, para cada
n ≥ n0, se tem uma proposição P (n) e se verificam as condições:
1- P (n0) é verdadeira;
2- ∀n ≥ n0, P (n) ⇒ P (n + 1)
então P (n) é verdadeira para todo o n ≥ n0.
23
Proposição 1.26 Fórmula do Binómio de Newton:
Sejam a, b ∈ R. Então
n
X n n−k k
∀n ≥ 1, (a + b)n = a b .
k
k=0
deduz-se
n n n
X n X n X
(a+b)n+1 = (a+b)(a+b)n = (a+b) an−k bk = an+1−k bk +
k k
k=0 k=0 k=0
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Para chegarmos à fórmula do binómio para o expoente n+1 resta
notar que
n+1 n+1
= =1
0 n+1
e que
n n n+1
+ = , ∀1 ≤ k ≤ n
k k−1 k
Esta última igualdade deduz-se directamente:
n n n! n! n!((n + 1 − k) + k)
+ = + =
k k−1 k!(n − k)! (k − 1)!(n + 1 − k)! k!(n + 1 − k)!
(n + 1)! n+1
= =
k!(n + 1 − k)! k
25
Proposição 1.31 Se b1, · · · , bn são números reais positivos então
Yn X n
bk = 1 =⇒ ≥ n.
k=1 k=1
Qn
Recorde-se que k=1 bk designa o produto dos bk .
27
Observação 1.34 A verificação do caso inicial, embora seja em
muitos exemplos muito simples ou até trivial, é absolutamente
necessária, já que sem ela todo o raciocı́nio em que se baseia o
Princı́pio de Indução cai por terra.
Suponha-se por exemplo que, devido a uma gralha, se pede para
demonstrar a seguinte fórmula:
n
X n2 + n + 1
∀n ∈ N : k= ;
2
k=1
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