E-Book Me - Todo Montessori

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 25

O que o

pode trazer
para a sua
família?

Por Isa Minatel

E-book 01
APRESENTAÇÃO

Maria Montessori foi uma médica italiana que, a partir de seu trabalho com
crianças especiais, decidiu seguir carreira na área da educação formando-se
também em Pedagogia. Desenvolveu o Método Montessori que é aplicado
atualmente em mais de 4000 escolas norte-americanas baseado na livre
escolha da atividade por parte da criança, o que resulta no pleno
desenvolvimento da autonomia e da concentração. Para tanto, é necessário
que as crianças possuam, ao seu redor, ambiente preparado e adultos
conscientes.

O Método Montessori é conhecido mundialmente por ter sido responsável


pelo ensino de grandes personalidades que mudaram a história do mundo
para sempre por sua inventividade, criatividade, inovação e sensibilidade.
Alguns destes famosos são:

• Mark Zuckerberg, Fundador do Facebook


• Larry Page e Sergey Brin, Fundadores do Google

• Bill Gates, Fundador da Microsoft

• Jimmy Wales, Fundador da Wikipédia (a maior enciclopédia livre do mundo)

• Peter Drucker, Pai da Administração Moderna

• Jeffrey Bezos, Fundador da Amazon

• Anne Frank, Autora de O Diário de Anne Frank

• Gabriel Garcia Marquez, Escritor (vencedor do Prêmio Nobel de Literatura)

Também é possível apropriar-se da filosofia montessoriana e aplicar o


Método Montessori em família com o principal objetivo de educar para a paz
e de proporcionar que cada crianças seja o máximo que puder ser,
apropriando-se de todas as suas potencialidades e deixando sua marca
positiva no mundo.

É justamente esse olhar que este livro vem trazer a você.


Sumário

Que vantagens se tem ao utilizar o Método


Montessori com as crianças? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 04

Compreender e respeitar as necessidades


das crianças . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 05

Atividades e movimentos ......................................... 05

Os 4 Planos de Desenvolvimento ................................ 06

As crises do desenvolvimento do nascimento


até os 3 anos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 09

Os Períodos Sensíveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12

As Necessidades e Tendências humanas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

A importância de não interromper ................................... 17

O “flow” . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

Prêmios e castigos: Não, obrigado! . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

O perigo de elogiar demais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

A Mesa da Paz ........................................................... 23


Que vantagens se tem ao utilizar o
MÉTODO MONTESSORI
com as crianças?

Aqui estão os valores e as atitudes que uma criança pode obter de uma
educação Montessori:

• Capacidade de tomar decisões


• Capacidade de concentração

• Liberdade

• Ser justo

• Ser racional

• Controle do movimento do corpo

• Criatividade

• Capacidade de ser feliz

• Independência

• Autodisciplina

• Amor por aprender

• Capacidade de percepção

• Respeito aos outros

• Respeito pela Terra

• Responsabilidade

• Segurança em si mesmo

• Automotivação

Quer que seus filhos cresçam com estes valores? Então Montessori é uma
excelente opção para você!

04
Compreender e respeitar as
NECESSIDADES
das crianças

1. ATIVIDADES E MOVIMENTOS:

A filosofia Montessori considera a atividade e o movimento das crianças não só


como algo positivo mas como algo realmente “NECESSÁRIO” ao seu
desenvolvimento. Ao contrário da ideia habitual de que uma “boa”; criança é
uma criança que “fica quietinha”.

“Obviamente pelo fato de o adulto não ter qualquer noção sobre a


importância da atividade motora da criança, o movimento foi limitado
para evitar essa atividade perturbadora.”
(Maria Montessori)

A primeira noção que a criança deve adquirir para alcançar uma disciplina ativa
é a de bom e de mau. O trabalho do educador é impedir que a criança associe
ser bom com imobilidade e ser mau com atividade.

“Nosso objetivo é educar para a atividade, para o trabalho, para o bem e


não para a imobilidade, para a passividade e para a obediência.” (Maria
Montessori)

Como aplicar isto no dia a dia?

Proponho que cada vez que seu filho estiver


fazendo algo que você considera inapropriado,
antes de dizer “Pare de fazer isso”; ou
“Comporte-se!” ou ainda “Fique quietinho”,
considerar se o que ele está fazendo é
realmente inaceitável ou se é uma forma de
atividade razoável sob o ponto de vista da
fase da criança, dos seus interesse e das
possibilidades de desenvolvimento que aquela
ação traz. É fazer-se, internamente, a pergunta

05
“Por que não?” ou “Por que ele não pode fazer isso?” Se a resposta estiver
relacionada a “porque molha, suja, lambuza, meleca, bagunça, desarruma,
desorganiza...” Talvez seja o caso de repensar o “não”. Apenas use o “não” para
emergências, ou seja, situações de risco físico ou de social.
Quais são as suas prioridades: o desenvolvimento pleno de sua criança ou ela
estar limpa e a sua casa estar organizada?

2. OS 4 PLANOS DE DESENVOLVIMENTO

Os 4 Planos de Desenvolvimento são a base para se entender as necessidades


do bebê, da criança, do adolescente e do jovem em cada momento, e como
contribuir para que ele desenvolva todas as suas potencialidades ao invés de
reprimi-las.

3 9 15 21

Primeira Segunda
Infância Infância Adolescência Juventude

0 6 12 18 24

A parábola de cada período, indica que durante os 3 primeiros anos de cada


plano se produz um aumento das sensibilidades desta etapa até alcançar um
máximo para, depois, diminuir de intensidade até desaparecer e dar vez às
sensibilidades da etapa seguinte.

A cor verde clara, que identifica a primeira infância e a adolescência, representa


as semelhanças presentes nestas duas fases que são períodos de criação e de
grandes mudanças físicas e psicológicas.

Já a cor verde escura, que identifica a segunda infância e a juventude, representa


períodos de calma e estabilidade, nos quais se aperfeiçoam as habilidades
adquiridas na etapa anterior.

06
MENTE ABSORVENTE
Primeira Infância (0 a 6 anos):

Neste plano a criança busca a independência física.

Sendo assim, é interessante oportunizar que a criança faça as coisas por ela
mesma: comer, tomar banho, secar-se, escovar os dentes, vestir-se etc.
Para tanto é necessário estar preparado para esperar o tempo da criança que é
mais lento que o do adulto, aceitar resultados diferentes daqueles que o adulto
teria e nunca interromper a ação da criança ou fazer do seu jeito depois que ela
terminar. Atitudes assim passam para a criança a mensagem de que ela não é
capaz de fazer nada por ela mesma – justamente o contrário da sua busca neste
plano.

Em termos de físico/fisiológico se trata de um período de grandes mudanças e


um estado de saúde delicado.

MENTE RACIONAL
Segunda Infância (6 a 12 anos):

Neste plano se desenvolve o pensamento abstrato; a criança explora o mundo


para além do seu entorno imediato.

Não existem limites para o que uma criança pode conseguir nesta etapa se
lhe for dada possibilidade, mas, lamentavelmente, na maioria dos casos de
educação tradicional, se subestimam suas possibilidades nesta idade.

Neste plano a criança busca a independência intelectual.

Em termos de físico/fisiológico se trata de um período de calma e crescimento


uniforme, sem grandes mudanças e com um estado de saúde muito mais forte
que o anterior.

07
MENTE HUMANÍSTICA
Adolescência (12 a 18 anos):

Durante esta etapa se produz a criação do adulto. O adolescente está desejoso


de entender a humanidade e a contribuição que pode trazer à sociedade. Sua
busca é a independência social, econômica e emocional.

Estimule se houver manifestação de ações empreendedoras como produção


e/ou venda de produtos ou mesmo prestação de serviços, por parte da criança,
almejando ganhar seu próprio dinheiro.

Em termos de físico/fisiológico se trata de um período de muitas mudanças


físicas e emocionais, acompanhadas de um estado de saúde mais delicado que
no plano anterior e ainda necessidades de nutrição e descanso que, na maior
parte dos casos, não são levadas em consideração pelas exigências
acadêmicas convencionais.

MENTE ESPECIALISTA
Juventude (18 a 21/24 anos):

No último plano de desenvolvimento, o adulto está formado. Agora explora o


mundo com uma “mente de especialista” para encontrar sua missão de vida, e
busca a independência moral e espiritual.

Se, nos planos anteriores não foram reprimidas as necessidades da criança e do


adolescente, agora nos encontramos diante de um adulto com uma grande
consciência moral e responsabilidade que pode trabalhar pela humanidade e
não somente por seu próprio benefício.

Seja apoio para as escolhas profissionais que o jovem fizer. Que ele consiga
tomar decisões em conexão com seu “eu interior” buscando aquilo que tem por
missão de vida.

Em termos de físico/fisiológico, se trata de um período de grande estabilidade e


estado de saúde forte.

08
As crises do
desenvolvimento do nascimento
ATÉ OS 3 ANOS

Os 3 primeiros anos de vida são um período de máxima importância no


desenvolvimento físico e psicológico da criança. Durante estes 3 anos aparecem
as chamadas crises evolutivas, que são períodos de transição entre etapas; se
conhecemos e entendemos estas crises fica mais fácil oferecer à criança nosso
apoio ao invés de nos tornarmos um obstáculo para seu desenvolvimento.

Crise do nascimento

No nascimento se dá a separação física do corpo da mãe. O bebê leva 9 meses


preparando-se para este momento em que deve demonstrar que é capaz de
respirar, de buscar o peito de sua mãe, de por em funcionamento seu sistema
digestivo…

Durante as primeiras 6-8 semanas de vida, o período simbiótico, o bebê


necessita desenvolver um forte apego com sua mãe, se deve evitar a
superestimulação e se deve favorecer a intimidade do núcleo familiar durante
estas primeiras semanas.

Durante este período o bebê se adapta a vida fora do útero e começa a


desenvolver sua confiança no mundo a partir da segurança dos braços de sua
mãe.

Ao terminar este período o bebê está pronto para começar a interagir com o
mundo para além da mãe.

Crise da introdução de alimentação complementar

Por volta dos 6 meses o bebê está pronto para começar a complementar a
amamentação com outros alimentos. Isso porque já se tem o estômago
preparado para a digestão e a iniciação da dentição.

09
Nesta crise se põe a prova a capacidade da criança para mastigar e digerir
novos alimentos, e para aprender a alimentar-se sozinho.

Alguns dos sinais que nos indicam quando está preparado:

• Capacidade de sentar-se sozinho


• Crescimento dos dentes

• Interesse pela comida

A introdução de alimentos deve realizar-se sempre respeitando a criança, sem


obrigá-la a comer nem introduzir-lhe a comida na boca, mas colocando o
alimento diante dela e deixando que se sirva.

Crise do afastamento

Por volta dos 9 meses o bebê começa a ter a capacidade de afastar-se da mãe e
depois voltar, primeiro engatinhando e, mais adiante, andando. Com esta crise
se põem à prova as capacidades motoras que o bebê vem desenvolvendo desde
o nascimento – especialmente se não colocamos impedimentos para tal
desenvolvimento.

Neste período é importante transmitir-lhe nossa confiança com nossa linguagem


corporal e nossas expressões, e não frear nem forçar seus avanços.

É também neste momento que o bebê começa a manifestar a “ansiedade


diante de estranhos”, já que agora é consciente de seu próprio corpo e de seu
próprio espaço e não tolera que um desconhecido invada esse espaço.

Crise de autoafirmação

Começa por volta dos 18 meses, quando a criança começa a utilizar a palavra
“não” e termina quando a criança começa a utilizar a palavra “Eu”. Este período
é conhecido pela denominação de “a crise dos 2 anos” ou “terrible two” da
expressão em inglês.

É um período em que o bebê está se transformando em criança, por isso em

10
certos momentos se comporta como bebê e, em outros, como criança maior. Se
os pais não sabem dessa crise e dessa transição, podem ficar confusos e pensar
que a criança está fazendo “manha”.

Quando a criança diz “não” ela está tentando reafirmar sua opinião, deixar claro
que não precisa que o adulto tome todas as decisões por ela – embora no senso
comum é um absurdo acreditar que uma criança de 2 anos possa decidir sobre
qualquer coisa – mas ela é, sim, capaz de decidir sobre certas coisas. Um
exemplo é a roupa. Neste período é muito benéfico dar à criança a possibilidade
de escolher entre duas camisetas qual quer vestir ao invés de decidirmos por ela.
Para nós não é um grande esforço e para a criança é uma grande diferença pois
se sente levada em consideração, escutada, capaz e satisfeita.

É importante entender e acompanhar a criança neste período, uma vez que é o


momento em que se desenvolve sua confiança em si mesmo, diferente das
etapas anteriores em que se desenvolvia sua confiança no ambiente.

No momento em que a criança começa a utilizar a palavra “Eu” termina a crise


de autoafirmação porque isto significa que ela é consciente de que é um ser
humano individual e único.

11
Os Períodos
SENSÍVEIS

Durante os 6 primeiros anos de vida a criança se encontra na etapa da mente


absorvente, e durante esta etapa se produzem os chamados Períodos Sensíveis.

Nestes períodos a criança mostra um grande interesse por uma habilidade


específica, e a aperfeiçoa mediante a repetição. Uma vez passado o período
sensível para uma certa habilidade é muito mais difícil que se produza a
aprendizagem de maneira natural e espontânea, e exigirá um certo esforço.

Exemplo: O período sensível para a linguagem vai dos 0 aos 6 anos; a partir
desta idade podemos aprender um idioma mas com muito mais trabalho que a
um criança de 0 a 6 anos.

No quadro que segue, são indicados alguns dos períodos sensíveis mais
representativos, mas não se esqueça que é apenas didático já que os períodos
sensíveis podem variar muito de um criança para outra. A melhor maneira de
saber se a tua criança está em um período sensível é observá-la e identificar
seus interesses em cada momento.

Períodos Sensíveis identificados por Maria Montessori*:


Idade (em anos) 1 2 3 4 5 6

Movimento
Linguagem
Objetos Pequenos
Ordem
Música
Gratidão e Cortesia
Impressões Sensoriais
Interesse pela Escrita
Interesse pela Leitura
Relações Espaciais
Matemática

*
Dados extraídos do livro
“How to raise an amazing child the Montessori wae” de Tim Sodin

12
As necessidades e
TENDÊNCIAS HUMANAS

Os seres humanos, e os animais em geral, temos


uma serie de necessidades físicas: alimento,
abrigo, refúgio, proteção/defesa… Mas os seres
humanos, além destas necessidades físicas, têm
ainda as necessidades espirituais, não
relacionadas com a sobrevivência mas com a
busca do significado de nossa existência. As
tendências humanas são as que nos guiam para
ajudar-nos a satisfazer essas necessidades.
Reconhecer a manifestação das tendências nas
crianças é essencial para saber acompanhar e
não obstaculizar o desenvolvimento do ser
humano.

EXPLORAÇÃO

A exploração é uma inclinação a investigar, descobrir e olhar ao redor. Isso


implica o uso dos sentidos e o movimento. Esta tendência foi essencial para a
sobrevivência dos primeiros seres humanos. À medida que a vida ficou mais
segura, a exploração passou para o nível filosófico, emocional, criativo, artístico,
espiritual…

Esta tendência se manifesta muito cedo na vida da criança. A princípio, as áreas


de exploração são fortemente ligadas aos sentidos. À medida que a criança vai
amadurecendo vão se ampliando seus horizontes de exploração.

MANIPULAÇÃO

Os seres humanos necessitam tocar e manipular seu ambiente para entendê-lo.


É o passo seguinte depois da exploração: uma vez que encontramos algo
interessante, é natural querer usá-lo de alguma maneira. Assim foi que nasceu o
conceito de “ferramentas”.

13
ORIENTAÇÃO

A palavra orientação vem de oriente, ou seja, onde sai o sol. É a capacidade de


conhecer nossa situação em relação a nosso entorno, tanto físico quanto
emocional, intelectual ou social. A orientação nos dá segurança.

Esta tendência também é muito notável na primeira infância, quando a criança


está estabelecendo pontos de referência no mundo.

ORDEM

A ordem nos permite relacionar coisas e experiências entre si segundo sua


função, sequência, características… A ordem externa é essencial para a criança
de 0 a 6 anos porque está absorvendo o meio ambiente diretamente na
estrutura de seu cérebro. Uma vez estabelecida esta ordem interior somos
capazes de manter a ordem em nosso entorno de uma maneira mais flexível e
de fazer frente a desordem sem que nos seja um problema.

OBSERVAÇÃO

A observação é necessária para entender nosso entorno com precisão e tomar


decisões corretas. É um requisito chave para qualquer experimentação e é vital
para a investigação científica.

As crianças são extremadamente observadoras desde o nascimento,


absorvendo todos os detalhes de seu entorno. Por isso a importância de sermos
pacientes, de respeitarmos seus tempos, suas pausas, seus olhares demorados
para coisas que já não nos sensibiliza mais. Lembrar que faz décadas que você
vê uma formiga ou uma flor mas, para a criança, são suas primeiras
observações de tudo.

ABSTRAÇÃO / IMAGINAÇÃO

Esta é verdadeiramente a característica que nos diferencia dos animais. Somos


capazes de imaginar eventos que não aconteceram; somos capazes de sentir e
expressar emoções que não são tangíveis. Podemos imaginar algo que só existe
em nossa mente e, depois, buscar maneira de fazer aquilo se tornar realidade.

13
14
Esta tendência começa a se manifestar especialmente a partir dos 6 anos, no
segundo plano do desenvolvimento.

CONCENTRAÇÃO

Podemos desenvolver a capacidade de fixar nossa atenção em algo durante um


período prolongado de tempo sendo resistentes a distrações. Esta fixação de
atenção é a primeira condição necessária para a aprendizagem. O grande
desafio é os adultos contribuírem para que a concentração da criança se
desenvolva em sua plenitude. Numa cultura em que “criança quieta é criança
que está ‘aprontando’”, adultos interromperem a concentração de crianças é
algo constante. Até mesmo o elogio pode ser uma interrupção desastrosa.
Quando alguém está tendo um bom desempenho em uma atividade por estar
concentrado, quando elogiado pode errar e começar a ter um mau desempenho.
Isso ocorre porque o pensamento que estava centrado no desempenhar a
atividade passa a centrar-se no fato de que há alguém prestando atenção se ele
está indo bem ou não.

TRABALHO

O trabalho conduz a uma sensação de conquista e aumenta a autoestima.


Maria Montessori defendia a ideia de que através do trabalho a criança constrói
seu verdadeiro ser. Cada criança deve seguir pela vida em busca de sua missão,
em busca de encontrar aquilo que realmente desperta seu interesse e toca seu
coração para desempenhar um trabalho que a realize, que a faça feliz e que lhe
seja fonte de alegrias e conquistas. Que contribua com a sociedade e o mundo
com as ações e transformações que acredita serem as melhores.

REPETIÇÃO

As crianças tem em seu interior uma necessidade de repetir certas tarefas.


Quando uma criança repete determinada atividade pode alcançar uma grande
concentração. Isto leva não só ao domínio da tarefa em si, mas também a uma
maior capacidade de concentração e de um sentido de conquista.

PRECISÃO

Para se obter um resultado exitoso, é necessária certa precisão. Cada uma


destas ações requer certa precisão para que resulte no que é desejado: fazer

15
fogo, fabricar ferramentas, tocar um instrumento, escrever…

COMUNICAÇÃO

Os seres humanos se utilizam da transmissão de pensamentos, sentimentos e


informações entre eles. A comunicação inclui a palavra escrita e falada, o tato,
as expressões faciais, os gestos, a arte, a música e a dança. A comunicação é o
que determina o entendimento entre as pessoas, tanto cara a cara como de
geração a geração. É de extrema importância que a criança seja educada para
saber se comunicar não só usando as “palavras mágicas” mas também usando
o tom de voz e as expressões não verbais mais adequadas de acordo com o
resultado de almeja. Também é muito relevante que os adultos estejam
conscientes de seu modo de comunicar para conseguir passar a criança aquilo
que de fato deseja.

O CONTROLE DO ERRO QUE LEVA A PERFEIÇÃO

A criança explora seu entorno e se dirige a um determinado material ou tarefa.


Manipula os materiais. Imagina o resultado que quer conseguir. Repete as
manipulações buscando ordem e precisão. Ele mesmo controla seus erros ao
notar imperfeições. Continua trabalhando, concentrado, lutando pela
“perfeição.” É importante ter em conta que esta ideia da perfeição está na
mente da criança, não é algo imposto por um pai ou professor. As crianças
experimentam um profundo sentimento de satisfação e alegria quando podem
trabalhar até que tenham conseguido o que consideram que é a prefeição.

16
A importância de
NÃO INTERROMPER

Uma das normas em Montessori é


“Nunca se deve interromper o trabalho
de um companheiro”. Quando
interrompemos o trabalho de uma
criança ou mesmo de um adulto,
estamos transmitindo a mensagem de
que o que ele está fazendo não é
importante, ou ao menos não tão
importante quanto o motivo que nos
leva a interromper.

É bastante comum, especialmente com os bebês e as crianças pequenas, os


adultos pensarem que qualquer coisa que estejam fazendo não é
suficientemente importante para não ser interrompida.

Um exemplo que todos vivemos: Um bebê está parado observando um móbile,


ou mesmo suas mãos, ou o reflexo da luz na parede, ou qualquer coisa que,
nesse momento, esteja atraindo sua atenção, e é interrompido por um adulto
que (com a melhor intenção do mundo) começa a mover um objeto ou a chamar
seu nome para atrair sua atenção. Esta interrupção está impedindo que o bebê
desenvolva sua capacidade de atenção, e está distraindo a criança de algo que
tinha uma importância muito maior do que muita gente imagina, algo em que
estava “trabalhando”.

Sim, os bebês e as crianças trabalham constantemente e, aliás, trata-se de um


trabalho de suma importância, razão pela qual Maria Montessori defende a ideia
de chamar a atividade da criança de “trabalho” e não de “brincadeira”, para
ressaltar a importância que tal ação merece.

Algo que nós todos deveríamos ponderar, antes de interromper a uma criança, é
“Realmente necessito interrompê-la?”, se a resposta for ‘não’, o melhor é deixar
que a criança aproveite e reforce sua capacidade de concentração.

17
O
“FLOW”

Quem não gostaria de conhecer o


segredo da felicidade? Pois acredite:
a maneira de enfocar o trabalho da
pedagogia Montessori tem muito a
ver com um dos fatores
determinantes para ser feliz.

Já ouviu falar no conceito de “flow”


ou fluir? É um conceito de autoria do
psicólogo Mihále Csíkszentmihálei,
que define o flow como um estado
no qual a pessoa está absorta em
uma atividade que lhe traz grande
satisfação com tamanha
concentração que perde a noção do
tempo e dos estímulos externos.

Ao que as pesquisas indicam, há uma relação direta entre nossa capacidade


para viver experiências de “flow” e nossa felicidade.

E o que tem a ver Montessori com o “flow”?

Maria Montessori observou um curioso fenômeno nas crianças durante um


período de trabalho e concentração com um material ou atividade que
realmente as atraía. Segundo explicava, depois destes períodos de intensa
concentração as crianças não se mostravam cansadas mas sim felizes e
relaxadas:

A criança era atraída por um objeto, fixava sobre o mesmo toda sua
atenção, e se colocava a trabalhar sem descanso, com uma
concentração surpreendente. E depois de trabalhar parecia satisfeita, feliz
e descansada. (M. Montessori; A Criança, a Segredo da Infância)

18
Que características deve ter uma atividade para se converter em uma
experiência “flow”?

• As metas e as regras devem ser realistas de acordo com nossas


capacidades.
• Uma concentração intensa se dá em um campo de atenção limitado.

• Ocorre a perda de autoconsciência, ao fundir-se a ação e a consciência

– nem percebemos onde estamos e o que estamos fazendo por alguns


minutos.
• Não percebemos o tempo passar.

• Retroalimentação direta e imediata (os êxitos e fracassos são evidentes

e nos permitem ir ajustando o comportamento)


• Controlamos pessoalmente a situação e a atividade.

• A atividade é intrinsecamente gratificante.

• Quando entramos no estado de “flow” a ação acontece sem esforço.

As características que Csíkszentmihálei define para uma experiência “flow” são


similares às características que definem as atividades, o trabalho e a
concentração que se fomentam em um ambiente Montessori.

PRÊMIOS E CASTIGOS:
Não, obrigado!

O objetivo de não oferecer prêmios ou recompensas nem aplicar castigos é


favorecer a automotivação e a autodisciplina na criança; é chegar ao ponto em
que a criança faça as coisas por sua própria satisfação, ao invés de fazer para
conseguir um prêmio ou evitar um castigo.

19
E se não utilizamos castigos, as crianças “ficam de boa” quando fazem algo
indesejado?

Certamente não! Em vez de castigos utilizamos consequências que, ainda que


possam parecer a mesma coisa, passam uma mensagem muito diferente.

O castigo é algo imposto de maneira externa e, nem sempre tem relação direta
com o ato, enquanto que a consequência é algo que vem associado de maneira
natural ao ato em questão.

Exemplo:
A criança se nega a recolher suas canetinhas depois de desenhar.
• “Vá para o quarto e ficará sem as canetinhas por 2 dias.” (Castigo que

nós colocamos e que é arbitrário)


• “Se não recolher suas canetinhas e as deixar sem tampa elas vão secar

e você irá perdê-las.” (Consequência direta de seus atos)

E quanto aos prêmios? Isso é mais positivo, não?

Os prêmios ou recompensas não são uma boa ideia... Se queremos


recompensar um bom comportamento também devemos fazer de modo que a
criança perceba a recompensa como algo inerente ao ato. Às vezes é só uma
questão de modificar como falamos…

Exemplo:
A criança fica demorando para colocar o pijama, escovar os dentes etc.
• “Se colocar logo o pijama eu deixo você brincar um pouquinho antes de
dormir” (a criança perceberia isso como uma recompensa que nós lhe
damos)
• “Se colocar logo o pijama terá tempo de brincar um pouquinho antes
de dormir” (neste caso ela perceberá como uma consequência lógica de
seus atos).

A diferença pode parecer sutil, mas é importante!

20
O
PERIGO DE ELOGIAR
demais

Elogiar as crianças pode parecer positivo inicialmente porque nos dá a falsa


impressão de que estamos fomentando sua autoestima e a confiança em si
mesmo. Mas se pararmos para pensar, nos daremos conta de que, a longo
prazo, o efeito pode ser precisamente o contrário: estamos criando na criança
uma necessidade de aprovação externa da qual pode depender para o resto de
sua vida para valorizar seu próprio trabalho. Estamos eliminando sua capacidade
de automotivação e também a sua autocrítica.

No método Montessori não se elogia a uma criança quando faz um bom


trabalho, e também não se corrige quando o faz errado. Para isso existe o
“controle do erro”, que está presente na maioria das atividades e materiais e
ajuda a criança a concluir se fez a atividade corretamente ou não. Normalmente
a criança que já está crescendo em um ambiente montessoriano não espera
nosso reconhecimento e, por mais que adoremos celebrar as pequenas vitórias
de nossos filhos, não há sentido para fazer isso.

O pior do elogio é que ele cria vício, tanto no adulto como na criança. Como pais,
nos sentimos bem quando elogiamos a nossos filhos porque expressamos o
orgulho que sentimos deles, e eles, por sua vez, se sentem bem porque recebem
nossa aprovação. Mas, elogio após elogio, conseguimos que o principal objetivo
da criança não seja realizar um trabalho por sua própria satisfação, mas pela
agradável sensação de receber um elogio depois. Quase um animal que cumpre
o comando para comer o petisco em seguida. Ao final o elogio se torna tão
importante que o trabalho e o esforço realizado passam a um segundo plano…

Mas então… Como reagir quando uma criança nos mostra um trabalho bem
feito?

Neste caso a criança espera alguma reação de nossa parte (possivelmente


porque está acostumada a receber elogios). Mas a nossa reação não tem que
consistir em um “Muito bem!”, “Parabéns!”, ou em um aplauso. Há outras
alternativas. Veja 10 ideias a seguir:

21
10 alternativas ao elogio:

1. “Mmmm!”:
Quando não sabemos o que dizer é melhor isto que um elogio.
Mostramos interesse pelo que a criança está nos mostrando e esperamos
para ver se nos conta mais.
2. “Veja! O que você fez? Conta prá mim!”:
A criança vê que nos interessamos e certamente nos dará mais detalhes.
3. “Você se esforçou muito para fazer isso, né? Está orgulhoso?”:
Ao invés de focarmos no resultado, focamos no esforço e fomentamos a
motivação interna da criança.
4. “Vejo que você está feliz! Está contente de ter conseguido fazer isto?”:
Novamente nos centramos em sua sensação de conquista e em sua
automotivação.
5. “Vejo que você fez…”:
Simplesmente descrevemos o que fez. Estamos reconhecendo seu
trabalho mas de uma maneira neutra.
6. “Conseguiu!”:
Quando percebemos uma grande esforço da criança para conseguir algo.
É uma boa ocasião para reagir mais efusivamente.
7. “Olha! Antes você não conseguia fazer isso e agora consegue!”:
Focando no fato de a criança estar crescendo e aprendendo.
8. “Obrigado! Gostei que você fez isso para mim!”:
Quando a criança fez algo para nos dar.
9. “Isso você nunca havia feito! Como você aprendeu?”:
Neste caso damos valor ao processo de aprendizagem.
10. “Gostei do que você fez. Poderia me ensinar a fazer isso?”:
Com esta reação estamos enviando à criança a mensagem de que
gostamos tanto de seu trabalho que gostaríamos de aprender e que ela
tem a capacidade de nos ensinar.

Mudar os habituais elogios por este tipo de frases requer prática. Os resultados
compensam o esforço!

22
A
MESA DA PAZ

A mesa da paz é um recurso para a resolução de conflitos internos ou externos:

•Conflitos internos:
Uma criança (ou adulto) se sente frustrado, nervoso, triste, mas não,
necessariamente, provocado por outra pessoa. Neste caso a criança pode
utilizar a mesa da paz para tirar o tempo necessário para identificar como se
sente e tranquilizar-se.

• Conflitos externos:
Duas crianças (ou dois adultos, ou criança-adulto) têm um conflito. Neste
caso ambos vão a mesa da paz para resolver o conflito (no caso de crianças
muito pequenas pode ser necessária a intervenção de outra pessoa, mas o
ideal é que os envolvidos no conflito se resolvam sozinhos).

Que objetos têm na mesa da paz


e como são utilizados?

Para explicar como utilizamos a


mesa da paz em casa vamos ver
os objetos que a compõem:

Um objeto agradável para manter em mãos

•Para um conflito interno:


a criança pode pegar para fixar sua atenção neste objeto e, assim,
“centrar-se” se estava nervoso.

•Para um conflito entre pares (irmãos, primos, amigos ou até mesmo criança
e adulto ou entre adultos):
Todos os envolvidos tem que falar, cada um à sua vez, para expor como se
sentiu pelo que o outro fez. O objeto ajuda a estabelecer a vez de quem fala,
só pode falar quem estiver com ele nas mãos.

23
Uma ampulheta

•Para um conflito interno:


a ampulheta ajuda a criança a tirar um tempo para acalmar-se e poder
analisar como se sente.

•Para um conflito entre pares:


Nos casos em que os conflitos sejam muito intensos e se perceba que
nenhum dos dois está conseguindo falar calmamente, podemos usar a
ampulheta para esperar alguns segundos ou minutos ate que baixe a
emoção.

Um sininho para anunciar a resolução do conflito

•Para um conflito interno:


Nem sempre se utiliza, mas se a criança quiser anunciar que já se sente
melhor pode tocar o sininho.

•Para um conflito entre pares:


Quando os envolvidos no conflito se falam e resolvem suas diferenças
podem tocar o sino juntos para anunciar que resolveram o conflito.

Algum livro sobre a paz e as emoções (opcional)

•Para um conflito interno:


A criança pode utilizar o livro para identificar como se sente, para ver como
se sente ou como age o personagem do livro em situação similar…

•Para um conflito entre pares:


A criança que tem a palavra pode utilizar o livro para expressar como se
sente.

24
/CanalMundoemCores
@CanalMundoemCores
MundoemCores

Isa Minatel:
Inquieta e apaixonada por educação. Escritora,
psicopedagoga com especialização em Educação e
Administração. Cursando especialização em Neuroedução.
Master em Programação Neurolinguística. Experiêcia em
treinamentos de pessoas em grandes empresas do Brasil.
Mãe do Petrus.

Bibliografia

• www.cursosmontessoriencasa.es/lesson/gracias/
• A Criança – Montessori

• O método da pedagogia científica – Montessori

Você também pode gostar