POSSENTI, S. Os Humores Da Língua.
POSSENTI, S. Os Humores Da Língua.
POSSENTI, S. Os Humores Da Língua.
1999
Rodolfo Ilarii
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Rev.ANPOIJ,, n. 6/7, p. 351-363, jan./dez. 1999
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Resenhas
jxxle ser visto como ajilicação ao caso jiarticular do humor (mas não de
tjualtjuertijiode comicidade) de uma tesetjueo Prof. Possenti defende em
seus textos sobre estilo e análisedo discurso - tjue a interjiretação é forte
mente tributária da estrutura. Para tornar mais claroo tjue o Prof.Possenti
chama de "técnica lingüística", consideremos esta anedota (tjue transcre
vo da p. 53 do livro):
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Amoral que se pode extrair desses fatosé que não existe leitorsem textos,
o que deveria parecer óbvio, mas parece que não é. E que textos podem
permitir mais de uma leitura, mas freqüentemente impõem só uma, e
geralmente impedem uma leitura qualquer. ("Operações epilingüísticas
em textos humorísticos", p. 71-78);
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não serve, e, à diferença das fórmulas inventadas jior Millôr emAnd the
cow went to the swanip, não chega nem mesmo a serengraçada (por quê?).
Umatradução francesa é jiossível seaoinvés do termomaiscorrente,petit
oiseau, recorrermos ao menos usadopassereau.
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Resenlias
Numa feira, um sujeito come seu pão depois de passá-lo pela fumaçade
um cozido de carne que está sendopreparadonuma banca. O vendedor
de cozido quer ser pago pela fumaça, o homem do pão recusa-se a pagar
e um bobo acaba sendochamadopara julgar a disputa.
O bobo pede uma moeda graúda ao indivíduo do pão, bate-a para que
todos ouçam o seu som, e sentencia que a fumaça do cozido está bem
paga pelo som da moeda.
Podemos decidir tjue essas e outras histórias são piadas ou que não
são; o fato detjue jirecisamos tomaressa decisão mostratjueo Prof. Possenti,
em sua rigorosa análise, chegou a caracterizar aquilo (jue, em termos
escolásticos, jioderíamos chamarde "diferença esjiecífica" das jiiadas, mas
não se deteve em caracterizar jiara essascomjiosições verbais um "gênero
jiróximo". Não ficaclarose o gênero maior em (jue se incluem as jiiadas é
o conjunto dos textos humorísticos, ou um certo subconjunto dos textos
narrativos (porexemjilo, o subconjunto queAlfred Joíles, 1922, reuniu sob
o nome de "formas simjiles"). Penso tjue todos sairíamos ganhando se o
Prof. Possenti se disjiusesse a teorizarsobreoslimites desseconjunto maior,
com os métodostjue foi afinandona análise das jiiadas, jxirque é jirovável
tjue a linguagem, intervindo em todos esses tiposde composição verbal de
algum modo jiróximos —nos "casos",nas narrativas biográficas em (jue se
mostra a sagacidade ou a toleima das jiersonagens históricas, nas adivi
nhas, ou as comédias, nas farsas, nosjogos de palavras etc. —faça contri
buições altamente esjiecíficas.
Em uma das jiassagens iniciais do livro, o Prof. Possenti alude a um
jxissível leitor (jue leria seu livro como um "livro de jiiadas". Dada a ma
neira absolutamente caótica como os leitores escolhem suas leituras em
nosso jiaís, não é imjiossível tjue isso venha a acontecer. Mas o caos não é
necessariamente o jiior dos mestres, e esse leitor corre o risco de j)assar a
gostar de lingüística, além de esbaldar-se com um corpus de jiiadas bem
selecionadas. Como dizia Feyerabend, resjiondendo a um assistente que o
qualificou carinhosamente de "entertainer", a boa ciêncianão jirecisaser
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