Repouso No Espírito
Repouso No Espírito
Repouso No Espírito
"Pe. DeGrandis perguntou se eu queria ser batizado no Espírito Santo. Quando disse
sim, ele me tocou suavemente e caí no chão"
REPOUSO NO ESPÍRITO
INTRODUÇÃO
"Estes carismas, quer eminentes, quer mais simples e mais amplamente difundidos,
devem ser recebidos com gratidão e consolação, pois que são perfeitamente
acomodados e úteis às necessidades da Igreja".
Minha primeira experiência pessoal com o repouso no Espírito aconteceu durante uma
reunião de oração com Kathryn Kuhlman, em 1971. Lembro-me de ter ficado deitado
no chão, sentindo uma paz profunda e a consciência do enorme poder de Deus. Desde
aquela ocasião, acredito que já repousei pelo menos 25 vezes. Se eu contar todas as
vezes em que repousei no Espírito enquanto recebia uma oração, sentado em uma
cadeira, creio que seriam de 75 a 100 vezes. Quase todas as vezes que recebo cura
interior, repouso no Espírito.
Uma das melhores experiências que já tive foi no Brasil, após um longo e cansativo dia
de pregação. Estava exausto e alguém se ofereceu para me fazer repousar no Espírito.
Após alguns momentos de repouso com o Senhor, levantei-me totalmente reanimado e
renovado. Foi fantástico! Algumas vezes, quando estou tenso, antes de um seminário,
peço a alguém que me faça repousar no Espírito. Posso repousar cerca de vinte minutos
e, então, estarei pronto para ir, mais sensível, aberto e apto a perceber a direção que o
Senhor quer que eu siga naquela pregação.
Em 1972, quando fui chamado para orar em uma equipe com Francis MacNutt, na
universidade de Notre Dame, tive minha primeira experiência de ser utilizado como
instrumento para o repouso no Espírito de outra pessoa. Surpreso, chamei Bárbara
Schlemon para que examinasse a pessoa que tinha caído. Ela me assegurou que o
indivíduo estava "simplesmente repousando no Espírito". Era algo que eu nunca tinha
visto.
O tempo passou e comecei a me dedicar inteiramente ao ministério de cura na
Renovação Carismática, e o repouso no Espírito se tornou uma via poderosa de cura,
especialmente com grandes grupos, onde não havia tempo para a oração individual
prolongada. Comecei a ouvir histórias de que o Senhor realizara curas profundas em
espaços de tempo incrivelmente curtos, enquanto as pessoas repousavam calmamente
em seus lugares ou no chão, durante as orações de cura. Pessoas que haviam se
submetido a aconselhamento por muitos anos, sem conseguirem melhora significativa,
obtinham profunda cura e rápido crescimento enquanto repousavam no Espírito por
breve espaço de tempo.
Tenho experiência de que uma das maneiras mais poderosas de ajudar a cura e o
crescimento das pessoas na oração é através do repouso no Espírito. Eu costumava dar
cursos sobre a oração e, atualmente, com esses cursos também ajudo as pessoas a se
abrirem à experiência do repouso no Espírito. Algumas vezes, em seminários de um dia,
ou em retiros de fim de semana, oro para que os participantes repousem no Espírito no
começo, antes de iniciar a palestra, no meio e no fim do retiro ou do dia. Essa
experiência os abre para receber o Senhor e é mais eficiente do que qualquer outro
método que eu já tenha descoberto. Algumas das curas mais profundas ocorrem em
retiros nos quais as pessoas repousam no Espírito.
Hoje, quando viajo pelos Estados Unidos e por diversos países, coordenando
treinamentos de líderes e orações de cura, em meu ministério de tempo integral, vejo
participantes sem-conta repousarem no Espírito - até mesmo bispos!
Um dos comentários mais comuns que ouço quando estou pregando é: "Padre, o senhor
é o primeiro a nos dar uma explicação detalhada sobre o repouso no Espírito". Lembro-
me que já em 1974, algumas pessoas em grupos de oração ficavam sob o poder do
Espírito enquanto estavam louvando o Senhor. Muitos não sabiam do que se tratava e
ficavam com muito medo. A falta de compreensão provoca confusão, interpretações
equivocadas e abusos. O assunto precisa ser aberto à discussão. Não podemos
simplesmente dar as costas ou reprimi-lo.
Não quero negar que haja problemas pastorais. Creio que o que devemos fazer é obter
umas respostas pastorais para os problemas pastorais, sem extinguir o Espírito. João diz
nas epístolas: "Examinai os espíritos" (I Jo 4,1) e é isto que estamos tentando fazer:
examiná-los em sua autenticidade e praticidade.
De acordo com minha pesquisa, alguns críticos do repouso no Espírito nunca viveram a
experiência. Não creio que seja correto alguém que não tenha tido uma experiência tão
subjetiva como o repouso no Espírito se posicione contra ela com simples argumentos
intelectuais. Seria a mesma coisa que fazer um homem escrever um livro sobre a alegria
de dar a luz uma criança. Nenhum homem poderia descrever adequadamente essa
sensação, porque é uma experiência subjetiva da mulher.
Entretanto, somos gratos àqueles que questionaram negativamente este dom, porque nos
forçaram, a nós que damos valor positivo a essa experiência, a dar a razão da nossa fé.
O negativismo que encontrei levou-me a examinar mais profunda e cuidadosamente a
posição que eu e outros, que também se dedicam inteiramente ao ministério de cura,
defendemos a respeito desse assunto, ao mesmo tempo tão poderoso e delicado.
Em todos os lugares aonde vou, ouço sacerdotes dizendo: "Precisamos de alguma coisa
... o povo tem fome ... o povo está buscando". Eles se confrontam com as necessidades
do povo tomados por uma sensação de incapacidade de realizar qualquer mudança.
Em um artigo para a revista New Covenant, Pe. James Hughes fala da necessidade de
formação espiritual dos jovens de sua paróquia e a solução que Deus lhe deu:
"Comecei com um pequeno grupo de jovens que concordou em fazer um retiro. Durante
o rito penitencial, a presença de Deus se tornou tão forte que quase todos foram
dominados pelo Espirito Santo e chamados a uma profunda conversão. Muitos foram
batizados no Espirito e começaram a falar em línguas... Na verdade, surgiram problemas
quando tivemos de fazer algumas mudanças ... mas continuamos. Logo fui confrontado
com um desafio formidável - uma classe numerosa de crisma com cerca de 100 jovens.
Abandonei os manuais e resolvi fazer um Seminário de Vida no Espirito, confiando na
orientação do Espirito Santo para me conduzir pelo caminho certo.. A classe
correspondeu ... A partir do momento em que decidimos correr o risco, Deus respondeu
imediatamente ... O programa gira em torno da conversão. Enfatizo os dons
carismáticos e o batismo no Espirito Santo porque são eles que levam à conversão - à
mudança da mente e do coração. Esses jovens precisam de Jesus. A experiência
carismática faz com que Seu amor e poder se tornem evidentes ... Qual o segredo da
mudança? O Senhor se encarrega disso. Os corações dos jovens são transformados
quando nos retiramos e deixamos o Senhor agir".
A necessidade de conversão é a mesma tanto para uma pessoa de 80 anos como para
uma criança de oito. Conversão significa mudança, e mudança freqüentemente significa
risco, medo e problema.
Em cada história que se houve, encontra-se a semente da conversão sendo regada nos
corações do povo. Cada história é um exemplo de entrega ao ministério do Espírito
Santo.
Certa vez, Pe. Matthew Linn fez uma observação interessante de que há um aspecto de
"pré-evangelização" e de "pós-evangelização" no repouso no Espírito. Para os não-
cristãos, ou para os cristãos indiferentes que não prestam obediência ao Senhor, o
repouso geralmente abre seus corações para ouvir a palavra de Deus. O aspecto de pós-
evangelização do repouso é para aqueles que aceitaram o Senhor e estão produzindo
frutos. O repouso os atrai para a oração profunda, intensificando o dom da
contemplação. A necessidade de conversão é constante para todos nós.
DEFINIÇÕES
Creio que seja útil começar de um ponto elementar, definindo primeiramente o que é
"experiência religiosa". E para os leitores que estão se iniciando no assunto do repouso
no Espírito, daremos algumas definições sobre a experiência a partir de diversas
perspectivas. Em seguida, abordaremos a diferença entre o repouso "espontâneo" e
"ministrado".
Não parece haver uma descrição simples do que essa experiência abrange. Em meu
livro, Ministério de cura para leigos (4.a ed.) afirmo:
Nas definições a seguir, existe certa concordância quanto à submissão, entrega, renúncia
ou repouso da atividade e dos sentidos do corpo físico para que Deus possa Se
manifestar mais claramente ao íntimo do homem.
Francis MacNutt, em O poder de curar, afirma: "Tanto quanto posso ver, é o poder do
Espírito enchendo de tal forma a pessoa com uma consciência íntima muito elevada, que
a energia do corpo desfalece a ponto de não poder ficar de pé".
Pe. George Montague afirma, na revista Catholic Charismatic: " ...a pessoa é dominada
por uma profunda sensação de bem-estar que lhe causa um relaxamento momentâneo, a
tal ponto que ela cede o controle de seu sistema motor e desmaia ou cai flácida".
Pe. Ralph DiOrio comenta: "Ele é parte do dom de cura, um toque direto, no mais
íntimo do ser, da plenitude do amor e da paz de Deus".
Gosto também da descrição simples feita por um pediatra: "Parece ser a evidência
exterior da entrega interior que se faz ao Senhor".
Pe. Ted Dobson prefere separar totalmente o ato de cair da avaliação da causa da queda,
e simplesmente se refere à experiência como "o fenômeno da queda". Referindo-se às
variadas descrições, ele afirma: " ...Esses nomes só começam a nos dar uma pista do que
realmente está acontecendo ... faremos referência a ele como o fenômeno da queda não
só porque a queda no chão é o aspecto comum a todas as diversas formas da
experiência, mas também porque é um termo isento de avaliação, pois não pressupõe
uma causa para a experiência".
Pe. Thomas Keating em Open mind, open heart afirma: " ...sente-se uma leve
interrupção no funcionamento normal dos sentidos e escorrega-se para o chão. Se as
pessoas não experimentaram este tipo de oração anteriormente, caem com uma sensação
de bem-estar e permanecem deitadas todo o tempo que podem".
Uma analogia que uso algumas vezes é com o banho de sol. As pessoas simplesmente
se estendem ao sol, deixam que ele venha e relaxam. O repouso no Espírito é como
deixar que o sol do Espírito Santo penetre no íntimo. Enquanto repousam, terão, em
muitos casos um encontro direto com o Senhor. Então, o Senhor realizará muitas curas.
Elas sentem o Seu amor, ouvem o Senhor falando com elas e simplesmente repousam
em Sua presença.
Mons. Vincent Walsh se refere a essa experiência como uma "dormição", palavra que
sugere "sono" e aponta para certa semelhança com a experiência de êxtase narrada nos
escritos dos santos. Mas não se trata de sono. Durante o repouso, permanece a
consciência dos outros agindo e falando ao redor; o sono é diferente. A pessoa pode
ouvir o que está acontecendo, mas não se importa com nada. Sua energia parece estar
canalizada para o Senhor. É como estar completamente absorvido por um programa de
televisão em uma sala barulhenta e cheia de gente. A pessoa se concentra na televisão e
desliga-se totalmente dos outros. No repouso no Espírito, ela também está
profundamente concentrada no Senhor.
Outra definição que poderá ser útil é a que distingue o repouso "espontâneo" do repouso
"ministrado".
Repouso Espontâneo: consiste em cair sob o poder do Espírito Santo sem nenhum
intermediário.
"O Deus, relembraremos a vossa misericórdia, no interior do vosso Templo!" (Sl 47,10).
FUNDAMENTAÇÃO BÍBLICA
À medida que entramos em contato com o fenômeno do repouso no Espírito, uma das
primeiras perguntas é: "Onde podemos encontrá-lo na Escritura?" Há situações paralelas
ou semelhantes na Bíblia? Norton Kelsey afirma:
"É óbvio que nos tempos bíblicos não havia nada exatamente similar à uma cerimônia
moderna em que as pessoas se dirigem para a frente, são tocadas e caem; por outro lado,
há muitas referências no Antigo e no Novo Testamentos a pessoas que caíram diante de
Deus e parecem ter sido atingidas pelo Seu Espírito".
1. Prostração voluntária
B. Em um ímpeto de profunda oração. "Por essa razão eu dobro os joelhos diante do Pai
- de quem toma o nome toda família no céu e na terra -, para pedir-lhe que ele conceda,
segundo a riqueza da sua glória, que vós sejais fortalecidos em poder pelo seu Espírito
no homem interior..." (Ef 3,14-16).
Também em Mt 26,39 , Jesus no Getsêmani "... prostrou-se com o rosto em terra e orou:
Meu pai, se é possível, que passe de mim este cálice; contudo, não seja como eu quero,
mas como tu queres ".
2. Prostração involuntária
A. Conflito espiritual
"No caminho, pelo meio-dia, eu vi, ó rei, vinda do céu e mais brilhante que o sol, uma
luz resplandecente ao redor de mim e daqueles que me acompanhavam. Caímos todos
por terra, e ouvi uma voz que me dizia em língua hebraica: Saulo, Saulo, por que me
persegues? ... " (At 26,13-14).
Jr 46,15: "Por que o teu Touro não resistiu? Porque lahweh o derrubou!"
(Jo 18,4-6) "...Sabendo Jesus tudo o que lhe aconteceria, adiantou-se e lhes disse: A
quem procurais? Responderam: Jesus o Nazoreu. Disse-lhes: Sou eu ... Quando Jesus
lhes disse: Sou eu, recuaram e caíram por terra."
Dn 10,8-9: "Fiquei sozinho, pois, a contemplar esta grande visão: não restou força
alguma em mim, a bela cor do meu rosto mudou-se em lividez, perdi todo o vigor.
Ouvi, então, o som de suas palavras. Ao ouvir o som de suas palavras, desfaleci sobre o
meu rosto, meu rosto contra a terra".
Ez 1,28: "...Tal era o brilho em torno, isto é, uma aparência semelhante à Glória de
lahweh. Ao vê-la, caí com o rosto em terra e ouvi a voz de alguém que falava comigo".
Ez 43,3: "A aparência que vi era igual à aparência que eu vira quando vim para a
destruição da cidade e igual à aparência que eu vira junto ao rio Cobar. Então, prostrei-
me com o rosto em terra".
Ap 1,17: João, em Patmos, foi arrebatado em êxtase, quando viu "alguém semelhante a
um filho de Homem". "Ao vê-lo, caí como morto a seus pés..."
Quando Deus faz com que um homem caia de bruços (ou de costas), por que o faz? Pe.
John Hampsch sugere algumas razões prováveis:
"Com Pedro e Paulo, o objetivo era assegurar que aquele que estava recebendo a
revelação tivesse um impacto ao perceber o seu envolvimento direto com Deus... Com
Daniel, foi para convencê-lo de que a visão e a profecia eram verdadeiras... Em Patmos,
João foi dominado quando recebeu a revelação que resultou em um livro completo, o
livro do Apocalipse. Com os soldados no sepulcro, Deus demonstra Seu poder
dominador. Deus pode fazer com que Seus amigos e Seus inimigos caiam por terra, com
diferentes propósitos para cada caso. Em uma oportunidade, demonstra que o poder do
homem não sobrepuja o poder de Deus; em outra, com os amigos, é para que o poder de
Deus os fortaleça. A ênfase principal deste fenômeno especial está no poder de Deus. At
1,8 diz: Mas o Espírito Santo descerá sobre vós e dele recebereis força. O poder também
foi manifestado através do domínio de Deus, como quando os soldados foram
dominados pela presença de Jesus e caíram por terra, no momento em que tentaram
prendê-lo. Em outras situações, o poder talvez tenha possibilitado um fortalecimento ao
se tomar consciência da natureza e da bondade de Deus... "
"...Jesus, aproximando-se deles, falou: Toda a autoridade Sobre o céu e sobre a terra me
foi entregue... " (Mt 28,18).
O objetivo do que se segue é dar uma visão geral e acessível do repouso no Espírito,
qual a aparência exterior e qual a sensação de repousar - uma visão externa e interna.
O repouso no Espírito parece ser uma das maneiras através da qual Deus nos leva a uma
posição, ou estabelece uma dinâmica, que nos permite receber cura. Pe. John Hampsch
descreve alguns métodos de cura por meio dos quais o repouso no Espírito pode
ocorrer:
"A cura pode ser comunicada exclusivamente através da imposição de mãos; pela
aspersão de água benta, estendendo-se as mãos sobre o grupo; pela bênção dos doentes,
com ou sem a bênção do Santíssimo Sacramento. A cura é ministrada de diversos
modos. Pode-se simplesmente pedir que o grupo todo imponha as mãos sobre os
ombros e a cabeça da pessoa por quem se deseja orar, ou pode-se receber a oração como
membro do grupo, permanecendo-se em círculo, de mãos dadas.
O ambiente
"Eu estava sozinha, fazendo meu repouso diário, durante um retiro. Por 15 ou 30
minutos experimentei uma presença tão forte do Senhor (eletricidade, vibrações, paz),
que senti que precisava ficar imóvel. Pensei que, provavelmente, não seria mesmo capaz
de me mexer" (bibliotecária).
"A maior parte de minhas experiências de repouso no Espírito tem sido em grandes
reuniões de 200 a 1.000 pessoas; contudo, quando estou repousando no chão, fico
sozinha com Jesus. Ele fala comigo e me permite sentir o Seu amor como se eu fosse a
única pessoa na sala" (empresária).
A posição
"Eu estava de pé com um grupo, orando para que uma pessoa recebesse o batismo,
quando ouvi o líder dizer: Segure, ele está caindo. Pensei que estivesse falando de outra
pessoa, até que me vi no chão. .." ( engenheiro civil) .
"Repousei no Espírito muitas vezes mesmo estando sentada. .." (irmã beneditina).
"Uma amiga orou por mim quando eu estava deitada, e repousei no Espírito
profundamente durante 30 minutos" (professora).
O instrumento
"Pe. DeGrandis perguntou se eu queria ser batizado no Espírito Santo. Quando disse
sim, ele me tocou suavemente e caí no chão" (gerente de processamento de dados) .
"Há ocasiões em que parece quase impossível permanecer de pé, ainda que ninguém o
esteja tocando ou fazendo imposição de mãos" (dona de casa).
"Senti-me sem peso, como um astronauta. .." (balconista) . " ...como uma folha ao
vento, voando para o chão. .." (mãe).
"Senti como se alguma coisa pesada estivesse caindo sobre mim. .." (gerente de
processamento de dados) .
Nos testemunhos que recebi, parece haver, freqüentemente, uma anestesia suave e
parcial dos sentidos, que possibilita uma mudança do foco de atenção do exterior para o
interior. Quando esta mudança acontece, o mundo espiritual parece emergir de modo
poderoso.
Expressão física
"Em minha experiência, o repouso foi algumas vezes breve e em outras, mais
prolongado. Senti o Espírito vir suave e rapidamente, com intensidades diferentes"
(secretária).
"Vi toda aquela gente ali deitada, e me perguntei o que será que Deus estaria fazendo..."
(professora) .
Em Ministério de cura para leigos, afirmo que o Senhor nos fala freqüentemente em
níveis profundos enquanto repousamos no Espírito:
"Muita gente tem tido a experiência de obter uma visão retrospectiva de toda a sua
vida... e, segundo creio, quando isso acontece num clima de oração é porque a cura
interior está ocorrendo. .."
Os 200 entrevistados de nossa pesquisa comunicaram grande variedade de modos com
que o Senhor tocou seus corações.
A agitação geralmente sugere que profundas feridas emocionais foram tocadas ou que
as influências negativas foram substituídas pela presença de Jesus.
Alguns líderes da Renovação têm a preocupação de que o repouso no Espírito não seja
ativado pelo Espírito Santo, mas que, pelo contrário, seja um fenômeno misto. O autor
de um artigo na revista New Covenant comenta:
"... Outros têm algumas reservas sobre este fenômeno. Vêem a experiência como algo
muito semelhante aos estados de hipnose e de auto-sugestão que não estão,
necessariamente, relacionados com o Espírito Santo. Eles questionam seriamente a base
escriturística do fenômeno e têm graves reservas sobre a sabedoria pastoral de encorajá-
lo".
Inclino-me a acreditar que a maior da parte dos repousos são uma experiência de Jesus.
A Igreja não é Deus, os sacramentos não são Deus. O rosário não é Deus. Mas cada um
deles estabelece a dinâmica que nos ajuda a encontrar Deus. Acredito que o repouso no
Espírito também possa nos ajudar a encontrar Deus. Todas as pessoas com quem tenho
conversado encontraram nele uma experiência muito positiva.
Minha primeira experiência do repouso, com Pe. Dennis Kelleher, de Nova lorque,
abriu as portas para o meu ministério de cura".
Acredito que ajudar as pessoas a chegarem a uma condição de entrega a Deus é uma
ação positiva e construtiva. Deste modo, a questão a ser levantada é: "Para quem elas
estão entregando seus corações? Qual é a intenção delas? Pedro tomou a iniciativa
pessoal de andar sobre as águas (Mt 14,29) e, então, o Senhor o conduziu. O senhor diz:
" Ah! todos vós que tendes sede, vinde..." (Is 55,1). Ele diz: "Vinde... e eu vos darei
descanso" (Mt 11,28). Esta "vinda" inicial é um ato natural em resposta ao Seu
chamado. Ele está sempre nos chamando à entrega, e então, quando o fazemos, Ele nos
conduz para o domínio espiritual. No dom de línguas, abrimos a boca para que Ele nos
dê a palavra espiritual. Ele também nos diz que devemos suscitar os dons. No estágio
inicial, esta ação é natural. Fazemos uma escolha interna para passar de uma ação no
campo natural para uma ação no campo espiritual. Quando nos decidimos pela entrega
confiante, estamos dizendo: "Conduze-me, Senhor, à Tua Morada". Ele honra a nossa
escolha.
Ao longo desses anos, tenho me sentido à vontade quando oro com as pessoas e
incentivo-as a se abrirem e se entregarem ao Espírito Santo. Há alguns princípios nesta
área que, acredito, poderão ser úteis:
2. A maior parte das pessoas não consegue soltar o corpo para trás porque se sente
desprotegida do ponto de vista humano. Quando nos perguntam sobre o repouso e peço-
lhes que caiam para trás sem proteção, nenhuma delas é capaz de fazê-lo. No entanto,
sob o poder do Espírito Santo, elas conseguem fazer o que, normalmente, seria
impossível.
3. Muitas pessoas que ficam sob o poder do Espírito são pessoas cultas, cujo último
desejo seria deitar-se no chão. No entanto, mesmo pessoas muito elegantes e distintas
parecem perder esta preocupação quando repousam no Espírito.
8. A maior parte dos fenômenos está sujeita a uso e abuso. Já conheci pessoas que
jejuaram tanto que chegaram a prejudicar a saúde. Algumas vezes, encontramos pais
que vão à missa diariamente esquecendo-se das necessidades da família. Contudo,
preferimos focalizar o uso e não o abuso.
9. A ordem e o decoro devem ser sempre preservados. Acredito que do ponto de vista
pastoral, devemos averiguar e impedir qualquer abuso, tal como permitir o repouso no
Espírito durante a Comunhão, no meio da missa dominical, ou em um lugar público.
Sem dúvida, isto constitui abuso e deve ser corrigido pastoralmente.
"Há uma sorte de pessoas que bloqueiam esta experiência principalmente aquelas que
na vida tiveram de aprender a controlar em demasia suas emoções. Há pessoas que têm
verdadeiro pavor de se deixar levar. Não é tanto um problema espiritual; é antes
emocional; têm medo de tudo o que não conseguem controlar pela razão. Algumas
pessoas... perderam a capacidade de responder à vida com espontaneidade".
Em geral, acredito que o tipo de pessoa que repousa com maior prontidão é aquele que é
livre, aberto, corajoso e dócil. Em geral, são pessoas com uma certa dose de
simplicidade. Os tipos mais intelectuais, reservados e conservadores tendem a
demonstrar maior resistência ao repouso no Espírito. Portanto, parece haver necessidade
de abertura psicológica, bem como de abertura espiritual.
Onde usá-lo: precisamos ser cautelosos a respeito do local onde ocorrerá o repouso. Eu
mesmo não usaria o repouso, por exemplo, em uma missão paroquial, ou em uma
reunião de oração de uma igreja não-carismática. O ideal, acredito, seria que fosse
usado em particular ou em situações de aconselhamento. Pode ser usado também para
orações carismáticas de cura.
Às vezes, precisamos ajudar as pessoas a abrirem espaço em suas mentes, para que o
repouso no Espírito aconteça. Isto permite que elas ajam da maneira que o Espírito
Santo inspirar.
Algumas pessoas que não repousam no Espírito se sentem desprezadas ou sentem que
Deus não as ama. É preciso que se lhes assegure que Deus as ama. Talvez necessitem de
mais ensinamento e oração, até que se tornem psicologicamente mais abertas à
experiência. É preciso tranqüilizar as pessoas de que a falta do repouso no Espírito não
significa que não estão perto de Deus. Do mesmo modo, devemos dizer que o repouso
não é sinal de santidade. Suponho que Madre Teresa de Calcutá nunca tenha feito o
repouso no Espírito, ao passo que conheço algumas pessoas desprezíveis que já
repousaram.
O repouso pode ser controlado: o ato de cair geralmente está sob o controle da pessoa
que repousa. Se uma cerimônia carismática estiver sendo realizada em um local que não
se preste ao repouso no Espírito, ou em uma situação inadequada, é preciso orientar os
participantes a fecharem seus espíritos à experiência e pedir-lhes que não entrem em
repouso. Na maioria dos casos, pode-se observar que se assim procedem, o repouso não
acontecerá. Pedi a cerca de 700 pessoas em uma pequena igreja de Brisbane, Austrália,
que evitassem o repouso, fechando seus espíritos à experiência, porque as circunstâncias
não eram adequadas, e elas assim procederam.
Experiências negativas: segundo minha experiência eu diria que atitudes negativas não
são freqüentes durante o repouso. Aqueles que se preocupam com a ocorrência de
acontecimentos negativos geralmente têm uma experiência inadequada ou não
compreenderam o que são as forças negativas das quais as pessoas estão sendo
libertadas. Algumas vezes, nesses casos, lembranças dolorosas ou espíritos do mal estão
sendo substituídos pela presença de Jesus e aquilo que pode parecer negativo é, na
verdade, positivo. Freqüentemente, os maus espíritos são trazidos por profundas mágoas
emocionais, ou estão relacionados com elas e, portanto, poderá haver uma forte
liberação de emoções durante o processo de cura. Francis MaçNutt diz: " nada que não
seja simples e tranqüilo não é a ação direta do Espírito, mas sim a reação da natureza
humana ferida, ou as forças do mal".
Quando uma pessoa, durante o repouso, parece se mexer ou está agitada de algum
modo, o dirigente maduro e experiente (com algum conhecimento da batalha espiritual
que está sendo travada e sobre a oração de cura interior) deve orar pela pessoa
imediatamente.
Considerações sobre o espaço: em um grupo deve haver amplo espaço para que as
pessoas repousem no chão.
Servos: deve haver servos treinados para ficar atrás das pessoas que estão recebendo
oração para que sejam amparadas em sua queda. Verificar sempre se há um servo
disponível antes de começar a oração por uma pessoa. Os servos também devem estar
atentos para ajudá-las a se levantarem quando estiverem prontas.
Música: acredito no valor de se ter uma boa equipe de músicos tocando músicas
carismáticas durante o tempo em que as pessoas repousam no Espírito. Isto ajuda a
focalizar a atenção em Jesus, leva a um louvor profundo, que por sua vez propicia uma
entrega maior.
Material informativo: deve haver folhetos ou outros recursos, incluindo listas dos
grupos locais de oração, bem como sugestões de leituras para crescimento.
Acompanhamento: acredito que deve haver pessoas amadurecidas e treinadas para fazer
o acompanhamento. As pessoas com experiências negativas devem ser assistidas
continuamente com aconselhamento e oração. O despertar de emoções profundas, sem
que haja um acompanhamento, é matéria de grande preocupação pastoral.
Como lidar com abusos: todos temos consciência de que para tudo pode haver uso e
abuso. Os dons podem gerar abusos, e por isso necessitam de orientação e
discernimento de mestres e pastores. O repouso no Espírito pode ser usado para o bem,
mas pode provocar abusos. Por exemplo: o fato de alguém apresentar-se a três pessoas
diferentes para a oração pode ser considerado um abuso. Focalizar a atenção naquele
que ministra o dom e não em Jesus pode ser um abuso. A fixação excessiva na
experiência exterior em prejuízo da experiência interior pode ser um abuso. (Isso indica
uma falta de entendimento sobre a essência do repouso e, portanto, é um sinal da
necessidade de ensinamento). Ministros de oração que estejam em uma aventura
egocêntrica de levarem as pessoas ao repouso no Espírito por sua própria capacidade,
podem estar abusando deste dom. Penso que é responsabilidade daqueles que estão no
ministério de ensinamento estabelecer orientações e recomendações para que todos os
abusos sejam corrigidos.
Como já mencionei em Ministério de cura para leigos, "eu sugeriria a algumas pessoas
que talvez nunca tenham repousado no Espírito e desejam crescer no amor do Senhor,
que peçam a Ele para lhes proporcionar esse repouso... As pessoas dizem eu quero, mas
se o desejarem apenas mentalmente e não de coração, em geral não receberão. Se vocês
se abrirem, a porta se abrirá de dentro para fora. Digam ao Senhor: Eu quero receber
tudo o que tens para mim, Senhor. Quero receber tudo o que possa fazer de mim uma
pessoa melhor, mais capaz de amar-Te, de servir-Te mais, a Ti e aos outros".
Antes da experiência: "não faça com que as coisas aconteçam e não impeça que o poder
de Deus venha até você, devido ao seu medo de onde irá cair, ou qual será a sua
aparência e o que os outros irão pensar. Liberte-se de qualquer desses medos. Relaxe no
amor de Deus e louve-O pelo seu amor por você. Livre-se de todo o sentimento de culpa
de não ser digno. Esta experiência não depende de seu merecimento; é para aqueles que
necessitam de libertação, cura interior e de plenitude interior.
Após a experiência: quando voltar ao nível normal de consciência, não permita qualquer
pensamento de auto-condenação, auto-análise, preocupação com o que os outros vão
pensar ou decepção por não ter sentido nada. O fato de permanecer em repouso por
cinco minutos ou cinco horas não é sinal de um número maior de pecados ou de maior
santidade. As palavras de amor e louvor ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo, vindas de
um coração sincero, mantêm a cura fluindo continuamente no coração. Mantenha-se
disposto a viver de acordo com a vontade de Deus todos os dias. Esta experiência do
repouso no Espírito é só o começo. O Senhor continuará Sua tarefa nas próximas horas,
semanas, meses e talvez até mesmo nos anos vindouros. É, de fato, uma grande alegria
saber que Ele deseja amar-nos e permitir que Seu Precioso Sangue nos purifique deste
modo.
É Jesus que cura e Seu Santo Espírito realiza a cura porque o Pai assim o deseja, neste
momento especial de sua vida".
Recomendamos o livro: O REPOUSO NO ESPÍRITO, de Roberto DeGrandis S.S.J.,
Edições Loyola, onde fomos colher os extratos deste relato. É uma obra exaustiva sobre
este assunto amplamente pesquisado em nossos dias. Na obra, além de vários
testemunhos, o autor descreve as áreas de interesse em pesquisa com médicos e
psicólogos.
c
"Pe. DeGrandis perguntou se eu queria ser batizado no Espírito Santo. Quando disse
sim, ele me tocou suavemente e caí no chão"
REPOUSO NO ESPÍRITO