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Elementos de Máquinas II

Prof. Daniel A. Colombo


Curso: Engenharia Mecânica

2017

UFGD - Universidade Federal da Grande Dourados – FAEN


Curso de Engenharia Mecânica
Engrenagens

Engrenagens são rodas com dentes padronizados que servem


para transmitir movimento e força entre dois eixos.
Muitas vezes, as engrenagens são usadas para variar o número
de rotações e o sentido da rotação de um eixo para outro.

Quando utilizar?
Quando a relação entre as rotações de duas árvores deve
ser constante ou os esforços a transmitir são muito
elevados, devemos utilizar rodas dentadas(engrenagens).

2
Engrenagens
Vantagens
• Evitam o deslizamento, fazendo com que os eixos ligados a elas
estejam sempre sincronizados um com o outro.

• Tornam possível determinar relações de marchas exatas. Assim, se


uma engrenagem tem 60 dentes e a outra tem 20, a relação de
marcha quando elas estão engrenadas é de 3:1.

• São feitas de tal maneira que possam trabalhar mesmo que haja
imperfeições no diâmetro e na circunferência reais das duas
engrenagens, pois a relação de marcha é controlada pelo número
de dentes.

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Introdução: Engrenagens
Tipos básicos de Engrenagens
Engrenagens cilíndricas de dentes retos, possuem dentes
paralelos ao eixo de rotação e são utilizadas para transmitir
movimento de um eixo a outro eixo, paralelo ao primeiro.

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Introdução: Engrenagens
Tipos básicos de Engrenagens
Engrenagens helicoidais possuem dentes inclinados com
relação ao eixo de rotação. Elas podem ser usadas nas mesmas
aplicações que as engrenagens de dentes retos e, quando assim
utilizadas, não são tão barulhentas, devido ao engajamento
mais gradual dos dentes durante o engrazamento.

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Introdução: Engrenagens
Tipos básicos de Engrenagens
Engrenagens cônicas, possuem dentes
formados em superfícies cônicas e são
utilizadas, principalmente, para transmitir
movimento entre eixos que se interceptam.
A figura ilustra engrenagens cônicas de
dentes retos. Engrenagens cônicas espirais
são cortadas para que o dente deixe de ser
reto, formando um arco circular.

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Introdução: Engrenagens
Tipos básicos de Engrenagens
O par pinhão-coroa sem-fim, representa o
quarto tipo básico de engrenagem. Como
notamos, o pinhão sem-fim se parece com
um parafuso. A direção de rotação da coroa
sem-fim, também chamada de roda sem-
fim, depende da direção de rotação do
parafuso e se seus dentes são cortados à
mão direita ou esquerda.

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Introdução: Engrenagens
Nomenclatura

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Introdução: Engrenagens
Nomenclatura
O círculo primitivo ou de passo é um círculo teórico
sobre o qual todos os cálculos geralmente se baseiam; seu
diâmetro é o diâmetro primitivo.
Os círculos primitivos de um par de engrenagens
engrazadas são tangentes entre si. O pinhão é a menor das
duas engrenagens. A maior é frequentemente chamada de
coroa.
O passo circular [𝑝] é a distância, medida no círculo
primitivo, do ponto de um dente ao correspondente ponto no
dente adjacente. Assim, o passo circular é igual à soma da
espessura de dente com a largura de espaçamento.

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Introdução: Engrenagens
Nomenclatura
O módulo [𝑚] é a razão entre o passo diametral e o
número de dentes. A unidade costumeira de comprimento
utilizada é o milímetro. O módulo é o índice de tamanho de
dente no SI.

O passo diametral [𝑷] é a razão entre o número de


dentes da engrenagem e o diâmetro primitivo. É o recíproco do
módulo. Uma vez que o passo diametral é utilizado somente
com unidades dos Estados Unidos, é expresso como dentes por
polegada.

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Introdução: Engrenagens
Nomenclatura
O adendo [𝑎] é a distância radial entre o topo do dente
e o círculo primitivo. O dedendo [𝑑] é a distância radial do
fundo de dente ao círculo primitivo. A altura completa [ℎ𝑡 ] é a
soma do adendo e dedendo.
O círculo de folga é um círculo que é tangente ao círculo
de adendo da engrenagem par. A folga [𝑐] é a quantidade pela
qual o dedendo em dada engrenagem excede o adendo da sua
engrenagem par.
O recuo é a quantia pela qual a largura do espaço entre
dentes excede a espessura do dente a este engrazado, medida
sobre os círculos primitivos.

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Introdução: Engrenagens
Formulações

𝑁
𝑃=
𝑑 P = passo diametral, dentes por
polegada
𝑑 N = número de dentes
𝑚=
𝑁 d = diâmetro primitivo, in
m = módulo, mm
𝜋𝑑 d - diâmetro primitivo, mm
𝑝= = 𝜋𝑚
𝑁 p = passo circular

𝑝𝑃 = 𝜋

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Ação Conjugada

Quando os perfis de dente, ou camos, são projetados


para produzir uma razão de velocidade angular constante
durante o engrazamento, diz-se que eles possuem ação
conjugada.

Teoricamente é possível selecionar qualquer perfil para


um dente e depois encontrar um perfil para o dente encaixante
que cause ação conjugada. Uma dessas soluções é o perfil de
involuta.

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Ação Conjugada

• Quando uma superfície curva empurra outra superfície, o


ponto de contato ocorre onde as duas superfícies são
tangentes entre si (ponto c), e as forças em qualquer instante
têm a direção da normal comum às duas curvas.
• A linha ab, representando a direção da ação das forças, é
chamada de linha de ação. A linha de ação interceptará a
linha de centros 0-0 em um ponto P.
• A razão de velocidade angular entre os dois braços é
inversamente proporcional aos seus raios ao ponto P.
• Círculos traçados pelo ponto P a partir de cada centro são
chamados de círculos primitivos, e o raio de cada círculo é
chamado de raio primitivo. O ponto é chamado de ponto
primitivo.
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Ação Conjugada

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Perfis e curvas de involuta

Pesquisa
Evoluta, involuta, envolvente...

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Fundamentos

Quando duas engrenagens estão engrazadas, seus


círculos primitivos rolam um sobre o outro, sem
escorregamento. Designe os raios primitivos por 𝑟1 e 𝑟2 e as
velocidades angulares por 𝜔1 e 𝜔2 , respectivamente. Portanto,
a velocidade no círculo primitivo vale:

𝑽 = 𝒓𝟏 𝝎𝟏 𝒓𝟐 𝝎𝟐

Assim, a relação entre raios e velocidades angulares é:

𝝎𝟏 𝒓𝟐
=
𝝎𝟐 𝒓𝟏

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Fundamentos

Suponha que um pinhão de 18 dentes deva engrazar


com uma engrenagem de 30 dentes e que o passo diametral do
conjunto de engrenagens deva ser de dois dentes por polegada.
Os diâmetros primitivos do pinhão e da coroa são,
respectivamente,

𝑵𝟏 𝟏𝟖
𝒅𝟏 = = = 𝟗𝒊𝒏 (𝟐𝟐𝟓𝒎𝒎)
𝑷 𝟐

𝑵𝟐 𝟑𝟎
𝒅𝟐 = = = 𝟏𝟓𝒊𝒏 (𝟑𝟕𝟓𝒎𝒎)
𝑷 𝟐

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Processo de construção de dentes de um
par de engrenagens
• Localize os centros 𝑂1 𝑂2 das engrenagens.(soma dos raios primitivos):
• Construa os círculos primitivos (𝑟1 e 𝑟2 ).
• Identifique o ponto de tangencia(𝑃). Ponto primitivo.
• Construa a tangente comum 𝑎𝑏 passando pelo ponto “𝑃”.
• Designamos a engrenagem motora de sentido de rotação.
• Desenhamos a linha 𝑐𝑑 (linha de pressão) passando por “𝑃”, formando
um ângulo 𝜙 (ângulo de pressão) geralmente apresenta os valores 20° ou
25°.
• Desenhe um círculo tangente à linha de pressão.(para cada engrenagem).
Designados círculos de base.
• O raio do círculo de base é:

𝒓𝒃 = 𝒓 cos 𝝓

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Processo de construção de dentes de um
par de engrenagens

20
Processo de construção de dentes de um
par de engrenagens
• Gere uma envolvente sobre cada círculo de base(para um lado do dente) .
• Defina a distancia do adendo e dedendo. (para dentes padronizados
intercambiáveis é 1/𝑃 e 1,25/𝑃 respectivamente).
Portanto:
1 1 1,25
𝑎 = = = 0,5 𝑖𝑛 12,5𝑚𝑚 𝑏 = = 0,625 𝑖𝑛 (15,625𝑚𝑚)
𝑃 2 𝑃
• Desenhe os círculos de adendo e dedendo. Recorte um gabarito para
cada envolvente (localize os centros de cada engrenagem em relação a
cada envolvente).

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Processo de construção de dentes de um
par de engrenagens
• Calcule a espessura do dente medido no círculo primitivo, o passo circular
𝜋 𝜋
𝑝= = = 1,57𝑖𝑛
𝑃 2

Portanto, a espessura do dente vale:

𝑝 1,57
𝑡= = = 0,785𝑖𝑛
2 2

• A porção do dente entre o círculo de folga e o círculo de dedendo inclui o


filete. Nesse caso, a folga é:

𝑐 = 𝑏 − 𝑎 = 0,625 − 0,500 = 0,125 𝑖𝑛


A construção termina quando os filetes forem desenhados.

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Exemplo
Um par de engrenagens consiste em um pinhão de 16 dentes que
aciona uma coroa de 40 dentes. O passo diametral vale 2, e o adendo e
dedendo são 1𝐼𝑃 e 1,25/P, respectivamente. As engrenagens são cortadas
usando um ângulo de pressão de 20°.
(a) Compute o passo circular, a distância entre centros e os raios dos círculos
de base.
(b) Ao montarem-se essas engrenagens, a distância entre centros foi,
incorretamente, aumentada de ¼ 𝑖𝑛. Compute os novos valores do ângulo
de pressão e diâmetros do círculo primitivo.

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Solução
(a) Calculando o passo circular:
𝜋 𝜋
𝑝 = = = 1,57𝑖𝑛
𝑃 2
Para calcular a distância entre centros, precisamos dos diâmetros primitivos:
16 40
𝑑𝑝 = = 8𝑖𝑛 𝑑𝑔 = = 20𝑖𝑛
2 2
E portanto a distância entre centros é
𝑑𝑝 + 𝑑𝑔 8 + 20
= = 14𝑖𝑛
2 2
Uma vez que os dentes foram cortados com ângulo de pressão de 20°, os
raios dos círculos de base são determinados segundo a expressão:
8
𝑟𝑏 𝑝𝑖𝑛ℎã𝑜 = 𝑟 cos 𝜙 = cos 20° = 3,76𝑖𝑛
2
20
𝑟𝑏 𝑒𝑛𝑔𝑟𝑒𝑛𝑎𝑔𝑒𝑚 = cos 20° = 9,40𝑖𝑛
2

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Solução
(b) Seja 𝑑′𝑝 𝑒 𝑑′𝑔 os novos diâmetros primitivos, o aumento de ¼ in na distância
entre centros requer que:
𝑑′𝑝 + 𝑑′𝑔
= 14,250𝑖𝑛
2
A razão de velocidade não se altera, assim

𝑑′𝑝 16
=
𝑑′𝑔 40
Das duas equações acima, obtemos:
𝑑′𝑝 = 8,143𝑖𝑛 𝑑′𝑔 = 20,357𝑖𝑛
O novo ângulo de pressão é:
𝑟𝑏 = 𝑟 cos 𝜙

𝑟 (𝑝𝑖𝑛ℎã𝑜)
−1 𝑏 −1
3,76
𝜙′ = cos = cos = 22,56°
𝑑′𝑝 /2 8,143/2

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Razão de contato
Perfis de dente traçados a partir dos pontos 𝑎𝑏 interceptam o
círculo primitivo em A e B, respectivamente. Como observado, a distância
AP é chamada de arco de aproximação 𝑞𝑎 , e a distância BP de arco de
recesso 𝑞𝑟 . A soma dessas quantidades é o arco de ação 𝑞𝑡 .

Razão de contato
𝑚𝑐 = 𝑞𝑡 /𝑝
o qual indica o número médio de
pares de dentes em contato.

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Razão de contato
Uma maneira mais fácil de obter a razão de contato é medir a linha
de ação. Uma vez que 𝑎𝑏 é tangente ao círculo de base quando estendido,
o passo de base 𝑝𝑏 deve ser utilizado para calcular 𝑚𝑐 em lugar do passo
circular

Razão de contato

𝐿𝑎𝑏
𝑚𝑐 =
𝑝𝑏

𝑝𝑏 = 𝑝𝑐 cos 𝜙

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Razão de contato

Relembrando...

Razão de contato

𝐿𝑎𝑏
𝑚𝑐 =
𝑝𝑏

𝑝𝑏 = 𝑝𝑐 cos 𝜙

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Interferência

O contato entre porções de perfis de dente que não são conjugados é


conhecido como interferência
Ocorre quando o contato ocorre abaixo do círculo base
Se os dentes foram produzidos por processo de geração (em vez de estampar), o
processo de geração remove a porção interferente; conhecida como subcotação.
O menor número de dentes num pinhão e coroa cilíndricos de dentes retos,2
com razão de engrenamento de 1:1, possível sem que exista interferência é 𝑁𝑝 .

2𝑘
𝑁𝑝 = 1 + 1 + 3𝑠𝑒𝑛2 𝜙
3𝑠𝑒𝑛2 𝜙

em que k= 1 para dentes de altura completa, 0,8 para dentes diminuídos e


𝜙= ângulo de pressão.

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Interferência

Se a engrenagem par possui um número de dentes maior que o


pinhão, o menor número de dentes no pinhão sem que ocorra interferência
é dado por

A maior coroa que operará com um pinhão especificado sem interferência é

30
Interferência

O menor pinhão cilíndrico de dentes retos que operará com uma


cremalheira sem interferência é

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Análise de tensões em engrenagens

Engrenagens podem falhar basicamente por dois tipos de


solicitação:
1- A que ocorre no contato, devido à tensão normal.
2- A que ocorre no pé do dente, devido a flexão causada pela carga
transmitida. A fadiga no pé do dente causa a quebra do dente, o que não é
comum em conjuntos de transmissão bem projetados.

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Modo de falha em engrenagens

O modo de falha para um sistema de transmissão não é somente


aquilo que impossibilita o seu funcionamento ou operação. Para um sistema
de transmissão, o modo de falha também pode ser considerado como uma
condição insatisfatória de uso.
Modo de falha Conseqüência
Peça quebrada Sistema provavelmente inoperante.
Desgaste de peça excessivo Sistema provavelmente operante por tempo considerável
Vibração anormal Sistema provavelmente operante por tempo considerável
Ruído anormal Sistema operante; antecede potencial quebra
Temperatura elevada (peça ou óleo) Sistema operante; antecede uma quebra prematura
Vazamento de óleo. Sistema operante; antecede uma quebra prematura
Interferência / peças fora de posição Sistema inoperante. Torque interrompido.

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Modo de falha em engrenagens
Projeto Manufatura Instalação Meio -Ambiente Operação
1. Tipo de 1.Precisão do 1. Rigidez 1. Ar (não 1. Manutenção
engrenagem dentado (perfil, adequada poluído) (ex: pode
(dentes retos, concentricidade, 2. Alinhamento 2. Temperatura necessitar de
dentes etc.) 3. Sistema de (equipamentos troca de óleo)
helicoidais, etc) 2. Material do lubrificação para manter 2. Atender aos
2. Disposição de dentado (dureza, (limpeza, estabilidade) limites de
componentes composição, preenchimento 3. Água operação
3. Projeto do etc.) adequado) (proteção (Temperatura,
dentado 3. Engrenagem 4.Instrumentação adequada contra escoamento de
4. Projeto do (qualidade do OK. chuva, água do óleo, etc.)
corpo da forjado) 5. Parafusos mar, etc.) 3. Sobre-carga
engrenagem 4. Carcaças fixados de 4. Peças de (evitar operação
5. Projeto dos (Posicionamento maneira reposição sem
eixos e tamanhos dos adequada devem ser carregamento
6. Projeto dos furos, etc.) mantidas limpas extra)
rolamentos 5. Montagem e protegidas 4. Aplicação
7. Projeto das contra corrosão indevida
carcaças (velocidade e
8. Projeto dos torque)
vedadores e
juntas
9. Projetos dos
parafusos
10. Projeto do
óleo
11. Vibração
critica do sistema

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Modo de falha em engrenagens

FADIGA - FLEXÃO
Uma falha por fadiga classicamente apresenta algumas
particularidades
• A origem da trinca, ou ponto focal, ocorre na superfície da raiz (pé) do
dente cujo lado está carregado.
• Normalmente a origem da trinca ocorre no meio da face do dente
carregado.
• O material e as características metalúrgicas da engrenagem estão
conforme o especificado.

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Modo de falha em engrenagens

Foco: Concentração de tensão na raiz, inclusões na estrutura do material,..

Marcas de contato (“pitting”) podem


evidenciar que uma das extremidades do
dente está suportando maior parte do
carregamento(desalinhamento).

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