Embalagens Metálicas e Alimento PDF

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Braz. J. Food Technol., Campinas, v. 14, n. 4, p. 294-300, out./dez.

2011
DOI: 10.4260/BJFT2011140400035

Influência da danificação mecânica de embalagens metálicas


na interação com o produto acondicionado: creme de leite
Influence of the mechanical damage of metal cans on
the interaction with the packaged product: dairy cream

Resumo
Autores | Authors
O consumo de alimentos provenientes de latas que apresentem danos
Sílvia Tondella DANTAS mecânicos, como amassamentos, não é recomendado por órgãos de vigilância
Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL) sanitária e de proteção ao consumidor, justificando-se pela possibilidade de
Centro de Tecnologia de Embalagem contaminação por metais que podem migrar da estrutura da lata para o alimento.
(CETEA)
Av. Brasil, 2880, Jd. Brasil Entretanto, é necessário levantar informações que forneçam embasamento
CEP: 13070-178 técnico e científico para discutir a possibilidade ou não de consumo de alimentos
Campinas/SP - Brasil provenientes de latas amassadas, principalmente quando se considera a
e-mail: [email protected]
quantidade de pessoas no Brasil e no mundo que não tem acesso à alimentação
segura. Diante disso, neste trabalho, foram estudadas latas de folha de
Elisabete Segantini SARON flandres contendo creme de leite, submetidas a três condições controladas de
Fiorella Balardin Hellmeister amassamento e também sem amassamento, e estocadas durante um ano a 35 °C.
DANTAS Foram realizadas avaliações visuais da superfície da lata, acompanhamento da
Jozeti Aparecida Barbutti GATTI pressão interna e quantificação dos metais ferro, estanho e cromo no produto.
Paulo Henrique Massaharu Ao final do estudo, pôde-se considerar que esse tipo de alimento estava apto ao
KIYATAKA consumo mesmo estocado nas latas com amassamento estudadas.
Beatriz Maria Curtio SOARES
Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL) Palavras-chave: Lata amassada; Corrosão; Interação alimento/embalagem;
Centro de Tecnologia de Embalagem Metais.
(CETEA)
Campinas/SP - Brasil
e-mail: [email protected]
Summary
[email protected]
[email protected]
[email protected] The consumption of canned food from damaged cans, such as dented cans,
[email protected] is not recommended by the inspection and consumer protection agencies because
of the possibility of metal contamination, which could migrate from package to
Autor Correspondente | Corresponding Author
food. However, it is necessary to have technical and scientific information on
Recebido | Received: 15/06/2010 which to base the decision to allow the consumption of food from dented cans,
Aprovado | Approved: 17/05/2011
especially when one considers the number of undernourished people in Brazil and
Publicado | Published: dez./2011
the rest of the world, who do not have access to safe food. Thus in the present
work tinplate cans containing dairy cream were evaluated, with three controlled
conditions of denting and also non-dented cans, all stored at 35 °C for one year.
The iron, chromium and tin contents of the products, the internal pressure and the
internal can surface were evaluated periodically in order to monitor the package/
food interaction. After 365 days of storage in the dented cans, the food could still
be considered adequate for human consumption.
Key words: Dented can; Corrosion; Food/packaging interaction; Metals.
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Influência da danificação mecânica de embalagens metálicas na interação com o produto acondicionado: creme de leite
DANTAS, S. T. et al.

1 Introdução de amassamento, descritas abaixo, que representassem


Durante o transporte e a distribuição, as embalagens os amassamentos observados nas latas provenientes de
estão sujeitas a danos mecânicos. Entretanto, em função doação.
de determinados fatores – como sua aparente alta • I: Um impacto no corpo, introduzido por meio
resistência mecânica, o design nem sempre apropriado do equipamento Pendulum Impact Tester da
para a estabilidade no empilhamento e a manipulação American Glass Researcher Inc. (Figura 1).
em pontos de venda –, frequentemente as latas são A extremidade de impacto correspondeu a
submetidas a condições abusivas, resultando em alta uma esfera de aço com diâmetro nominal de
incidência de amassamentos. 25,4 mm. As latas foram posicionadas sobre a
É comum a orientação, por parte de instituições de superfície de apoio e aplicou-se impacto com
pesquisa e de órgãos de vigilância sanitária e de proteção energia de 1,3 J no centro da altura do corpo
ao consumidor, quanto à improbidade ao consumo de da lata, em posição oposta à costura lateral.
latas amassadas, justificada esta pela possibilidade de • I2: Dois impactos no corpo, introduzidos pelo
destacamento de verniz e desenvolvimento de corrosão mesmo equipamento utilizado para a condição
interna das latas, em razão da interação com alimentos. I, sendo que o segundo impacto foi introduzido
A danificação no corpo da lata pode levar à alteração no a 180° do primeiro, ou seja, coincidente com
envernizamento interno, porém suas reais consequências a costura lateral, resultando numa energia de
devem ser mais bem avaliadas, de forma a verificar se impacto equivalente a 2,4 J.
realmente resultam em prejuízo definitivo do conteúdo.
• Q: Um impacto resultante de queda livre
No Brasil, 6% da população (mais de 11 milhões de da embalagem, realizado utilizando-se um
pessoas) está em situação de fome (FAO, 2010). A redução equipamento para ensaio de queda livre
do desperdício e os programas de combate à fome construído pelo CETEA/ITAL, que consiste
estimulam a busca por informações sobre a segurança de em duas plataformas móveis com mecanismo
alimentos. Segundo Ferraz (2003), estima-se que 30% da de soltura eletropneumático, com variação e
cadeia de alimentos é desperdiçada e que o desperdício indicação milimétrica da altura de queda e base
gera aumento de 32% no preço final dos alimentos. de impacto em chapa de aço. As latas foram
Diante do exposto, o objetivo deste estudo foi posicionadas com altura de queda de 180 cm.
verificar o aumento da interação alimento e embalagem,
Após a danificação das latas, a intensidade do
a fim de conhecer informações relativas à contaminação
amassamento foi determinada em cinco unidades pelo
do alimento pelos metais presentes na embalagem. Foram
levantamento da porcentagem de redução da dimensão
utilizadas latas de creme de leite amassadas por meio de
(diâmetro do corpo nas condições I e I2 e diâmetro na
introdução controlada de danos em diferentes unidades
recravação na condição Q), sendo considerada a posição
de latas e avaliou-se a evolução da oxidação interna,
onde o amassamento foi mais intenso.
comparativamente às latas sem danificação, verificando
a possibilidade de aproveitamento dessas latas para
consumo humano. 2.3 Avaliações periódicas
Embalagens com e sem danificação, pertencentes
2 Material e Métodos ao mesmo lote, foram estocadas à temperatura de

2.1 Material
Foram avaliadas latas de três peças contendo
300 g de creme de leite, submetidas a três condições de
danificação controlada, de forma a obter três intensidades
de amassamento, identificadas neste trabalho como I, I2
e Q, conforme descrito a seguir. O corpo, tampa e fundo
da lata eram compostos por folha de flandres.

2.2 Condições de amassamento


Previamente à realização deste trabalho, foi feito
um levantamento quanto ao tipo e à intensidade de
amassamento de latas doadas para alguns bancos de Figura 1. a) Equipamento utilizado para introduzir a danificação
alimentos situados no Estado de São Paulo. Com base nas latas dos diferentes alimentos e b) detalhe do acessório
nos dados obtidos, foram estabelecidas três condições para inclinação e impacto das latas.

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35 ± 2 °C, sendo avaliadas inicialmente e após 45, 180 e com resolução de 0,01 psi para pressão positiva e
365 dias de estocagem quanto aos parâmetros descritos negativa, e capacidade de ± 15 psi ou Ashcroft, com
a seguir. resolução de 0,01 psi e capacidade de 0 a 100 psi, após
o condicionamento das latas a 23 °C por no mínimo 8 h
2.3.1 Teor de ferro, estanho e cromo (DANTAS et al., 1996).
Os teores de ferro (Fe), estanho (Sn) e cromo (Cr)
foram determinados no creme de leite empregando-se 3 Resultados e Discussão
uma digestão ácida a quente, utilizando-se solução
contendo 25% de ácido sulfúrico concentrado (H2SO4), 3.1 Condição de amassamento
25% de água ultrapurificada e 50% de ácido nítrico
A Figura 2 apresenta fotografias das latas de
(HNO3). As determinações foram conduzidas em triplicata
creme de leite após as danificações I (a), I2 (b) e Q (c),
para cada produto (LÓPEZ et al., 2000).
ilustrando as intensidades de amassamento provocadas
Após os tratamentos, os teores de Fe, Sn e Cr foram nas embalagens.
quantificados por espectrometria de emissão atômica
Na Tabela 2, são apresentados os resultados da
induzida por plasma com detector óptico – ICP-OES,
determinação da intensidade de deformação decorrente
utilizando-se um equipamento marca Perkin Elmer,
das três condições de amassamento introduzidas nas
modelo OPTIMA 2000DV, e empregando-se curvas de
calibração apropriadas para as análises. Foram utilizadas latas.
as condições de operação e parâmetros instrumentais do Observa-se que as condições de impacto
ICP-OES apresentados na Tabela 1. resultaram em maior intensidade de amassamento do que
a condição de queda, em relação à média dos resultados.
2.3.2 Avaliação visual No entanto, ao observar a variação das medidas entre as
A avaliação visual foi realizada na face interna amostras I e Q, conclui-se que em termos de intensidade
das latas (tampa, corpo, fundo e solda) para verificação de amassamento essas duas condições foram similares.
de alterações na folha metálica ao longo do período de A FPA (1999) apresenta diretrizes de avaliação de
estocagem. A intensidade de oxidação foi classificada recipientes metálicos danificados, segundo as quais os
pela comparação com a escala G da norma D 610 (ASTM, danos mecânicos sofridos pelas embalagens metálicas
2008). podem ser classificados como defeito crítico, maior ou
menor. É recomendado que os produtos de latas com
2.3.3 Determinação da pressão interna defeitos críticos não sejam consumidos, devendo ser
A determinação da pressão interna foi realizada descartados. As latas com defeitos maiores devem ser
utilizando-se manovacuômetros Zürich, modelo Z-10-B, segregadas para avaliação crítica da adequação ou

Tabela 1. Parâmetros de operação do ICP-OES.


Comprimento de onda (nm) Fluxo dos Gases (L.min–1) Introdução da amostra
Sn Fe Cr Plasma Auxiliar Nebulizador Vazão (mL.min–1)
189,927 238,204 205,560 15 0,2 0,55 1,5
Potência do plasma Altura de observação Vista
1300 W 15 mm Axial

Figura 2. Fotografias das latas de creme de leite após impactos a) I, b) I2 e c) Q.

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Tabela 2. Determinação da deformação resultante em 45 dias, nas épocas de 180 e 365 dias a alteração
cada condição de amassamento introduzida nas latas, em mostrava-se pequena, evidenciando que deve se tratar
porcentagem.
de pior qualidade eventual na lata. A costura lateral das
Condição de impacto
latas de creme de leite também sofreu maior alteração na
I(1) I2(1) Q(2)
condição Q, situação evidenciada em todas as épocas.
Média 8,22 20,44 6,81
Pela Figura 3, é possível verificar que em média
Desvio padrão 0,96 0,60 0,76
as latas sofreram pouca alteração ao longo do período
Mínimo 6,33 19,29 5,90
de estocagem, pois a classificação geral da maioria das
Máximo 9,61 21,31 8,64
latas permaneceu até 7-G, correspondendo a até 0,3%
Redução porcentual do diâmetro do corpo;
(1) (2)
redução porcentual
do diâmetro do fundo da superfície com alteração. Também se verifica que
a região de solda é a que apresenta alterações mais
não do consumo dos produtos, e as latas com defeitos intensas em relação às demais regiões da lata com o
menores não apresentam restrição para consumo. mesmo tipo de amassamento, em todas as variáveis de
Comparando-se os resultados de amassamento latas estudadas; note-se que, para as latas submetidas
obtidos para a lata de creme de leite com as diretrizes à queda, a classificação da região de solda atingiu
da FPA (1999), as latas que sofreram impacto simples classificação média próxima a 4-G, ou seja, até 10% da
poderiam ser classificadas como latas de menor dano; superfície alterada. Embora em média a alteração da
as latas de impacto duplo, como latas de maior dano, superfície interna tenha sido pequena, foram observadas
e as latas que sofreram queda seriam classificadas variações entre latas individuais em uma mesma época
como amassamento crítico; este, de acordo com essa de estocagem e mesma condição de amassamento.
associação, é considerado impróprio à comercialização. A Figura 4 ilustra exemplos de alterações da
Cabe ressaltar que a não comercialização dessas latas é superfície observadas nas latas de creme de leite.
recomendada em virtude da possibilidade de perda da
hermeticidade da embalagem, o que não ocorreu com as 3.3 Determinação da pressão interna
latas utilizadas neste estudo, como pode ser observado
pelos resultados obtidos na avaliação da pressão interna. A Figura 5 apresenta os resultados da determinação
de pressão interna nas latas de creme de leite no início e
3.2 Avaliação visual interna das latas após 45, 180 e 365 dias de estocagem a 35 °C.
O acompanhamento da condição de pressão
A avaliação visual foi realizada de acordo com a
interna nas latas não fornece um parâmetro definitivo
classificação de alteração da superfície da norma D 610
na avaliação da alteração da qualidade do produto no
(ASTM, 2008), que apresenta uma escala variando de
caso das latas submetidas às danificações, uma vez
9-G a 1-G, sendo o grau 1-G o pior estado de alteração
que a introdução de amassamentos provoca a redução
da superfície.
do volume interno da embalagem e, consequentemente,
A Figura 3 apresenta os resultados em graus de altera sua pressão interna.
oxidação da superfície da avaliação visual interna de
A condição I 2 apresentou-se mais crítica, por
corpo, tampa, fundo e solda das latas sem amassamento
no início do estudo e das latas com e sem amassamento ser uma danificação mais intensa, apresentando
aos 45, 180 e 365 dias a 35 °C. pressão interna positiva aos 45 dias de estocagem
a 35 °C, mantendo-se essa condição até o final do
As principais regiões observadas em relação
condicionamento.
à alteração foram o corpo, para os impactos I e I2; a
região de soldagem para a condição I2, por ser o local As demais danificações e também as latas sem
de introdução do segundo impacto, e o fundo e o corpo, danificação apresentaram pressão interna negativa
para a condição Q. A avaliação visual nas regiões não durante todo o período estudado.
coincidentes com os danos mecânicos, assim como da
condição SI, foi realizada para verificar a alteração da 3.4 Quantificação de metais no produto
superfície, intrínseca à interação produto/embalagem A concentração de cromo permaneceu abaixo do
normal dos produtos enlatados. limite de detecção do equipamento (0,09 mg.kg–1) durante
Na condição I2, observou-se o efeito do impacto na toda a estocagem, em todos os tipos de latas estudadas.
região de soldagem, sendo que a alteração observada Quanto ao teor de estanho, o maior valor observado
aos 45 dias provavelmente ocorreu devido a uma falha em todas as variáveis foi verificado na lata que sofreu
eventual da embalagem. impacto duplo (I2), aos 365 dias de estocagem, quando
Na condição Q, observou-se maior alteração no foi quantificado 1,85 mg.kg–1, concentração bem inferior
fundo das latas. Porém, embora tenha ocorrido aos ao limite máximo estabelecido no Brasil.

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Figura 3. Avaliação visual interna das latas de creme de leite com diferentes condições de impacto durante a estocagem por
365 dias a 35 °C: a) sem impacto, b) condição I, c) condição I2, d) queda.

Figura 4. Exemplos da superfície das latas de creme de leite após estocagem por 365 dias a 35 °C: a) solda, b) tampa com
oxidação no anel de expansão, c) corpo.

A maioria dos alimentos não processados No Brasil, o limite máximo de estanho estabelecido para
apresenta teores de estanho inferiores a 1 mg.kg -1, vários alimentos é de 250 mg.kg–1, sendo de 150 mg.kg–1
porém valores mais altos são encontrados nos alimentos para sucos cítricos (BRASIL, 1965, 1998).
enlatados; estes apresentam valores de até 25 mg.kg–1 em A Figura 6 apresenta os resultados da quantificação
latas envernizadas, podendo superar 100 mg.kg–1 quando de ferro observados no creme de leite ao longo do
acondicionados em latas não envernizadas (WHO, 2004). período de estocagem. A migração desse elemento foi
No entanto, a ingestão humana de estanho inorgânico, mais intensa nas latas que sofreram impacto, sendo
por meio de bebidas e alimentos enlatados, em observados ao final dos 365 dias de estocagem valores
concentrações superiores a 150 mg.kg–1 e 250 mg.kg–1, inferiores a 13 mg.kg–1. As Equações 1-4 foram obtidas a
respectivamente, pode produzir manifestações agudas partir da regressão dos dados apresentados na Figura 6
de irritação gástrica em certos indivíduos (JECFA, 2006). para as condições SI, I, I2 e Q, respectivamente, e são

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de estanho e cromo foi inferior ao permitido após a


estocagem de um ano em todas as condições, os teores
desses elementos no creme de leite não implicam na
finalização da sua vida útil; indica-se, dessa forma,
que em termos de contaminação metálica o produto
acondicionado nas latas que sofreram os três tipos
de danificação apresentou-se adequado ao consumo
humano.

4 Conclusões
Nas latas de creme de leite que foram submetidas
às três condições de amassamento, para desenvolvimento
Figura 5. Pressão interna nas latas de creme de leite ao longo
de 365 dias de estocagem a 35 °C nas diferentes condições
do estudo de influência da danificação mecânica, não
de impacto. foi observada danificação que resultasse na perda de
hermeticidade da embalagem. Durante o período de
estocagem das latas com e sem amassamento, foram
realizadas avaliações visuais da superfície interna,
que mostraram que os amassamentos provocados não
resultaram em significativas alterações da superfície
interna das latas. A região da solda foi a que apresentou
menor classificação em relação às demais regiões do
mesmo tipo de lata (condição de amassamento), para
todas as variáveis estudadas.
Quanto ao acompanhamento da pressão interna, as
latas submetidas ao amassamento por um impacto (I) e por
queda (Q) e as latas sem amassamento permaneceram
com pressão negativa durante todo o estudo. A lata
danificada por dois impactos (I 2) apresentou pressão
Figura 6. Concentração de ferro no creme de leite para
diferentes condições de impacto. positiva aos 45 dias de estocagem a 35 °C e manteve
essa pressão até os 365 dias de condicionamento.
A dissolução de cromo e estanho no produto
representativas do comportamento da migração de ferro foi muito baixa durante todo o estudo, principalmente
nas condições estudadas. quando se levam em conta os limites desses elementos
permitidos em alimentos no Brasil. Embora a presença
Fe [mg.kg–1] = 1,897 . e0,0044t[dias] (R2 = 0,9944) (1)
de ferro em alimentos não tenha limite estabelecido pela
Fe [mg.kg–1] = 2,1714 . e0,0052t[dias] (R2 = 0,9432) (2) legislação nacional, o teor desse elemento foi verificado
durante o estudo para acompanhamento da interação
Fe [mg.kg–1] = 1,9616 . e0,0052t[dias] (R2 = 0,9872) (3) da embalagem com o produto acondicionado. Assim, a
dissolução metálica observada não implica na finalização
Fe [mg.kg–1] = 1,9431 . e0,0046t[dias] (R2 = 0,9116) (4) da vida útil do produto.
Embora não se trate do produto avaliado neste
estudo, é válida uma comparação com os dados Agradecimentos
reportados por Dantas et al. (2010), que quantificaram À Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado de
valores inferiores a 1,08 mg de Sn.kg –1 e 2,0 mg de São Paulo - FAPESP, pelo suporte financeiro ao projeto.
Fe.kg–1 em leite condensado acondicionado em latas com
envernizamento interno e sem danificação, estocadas Referências
durante um ano a 35 °C. No presente estudo, ao final dos
365 dias de estocagem, o produto acondicionado nas AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS - ASTM.
latas sem danificação apresentou valores de estanho e D 610-08: Standard Test Method for Evaluating Degree of
de ferro iguais a 0,98 mg de Sn.kg–1 e 9,32 mg de Fe.kg–1. Rusting on Painted Steel Surfaces. Philadelphia: ASTM, 2008.

Na medida em que a legislação brasileira (BRASIL, BRASIL. Secretaria de Vigilância Sanitária. Decreto nº 55871,
1965, 1998) não estabelece um limite máximo para a de 26 de março de 1965. Limite máximo de contaminantes
concentração de ferro em alimentos e a concentração inorgânicos em alimentos. Diário Oficial da República

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