Corrosao Seletiva - Modificado
Corrosao Seletiva - Modificado
Corrosao Seletiva - Modificado
Mecanismos
A corrosão galvânica ocorre então quando um metal é colocado numa solução que contenha
íons, facilmente redutíveis. Tubos de alumínio na presença de sais, por exemplo, de cobre e
mercúrio, apresentam as seguintes reações de oxidação:
Em a), se o fluído ocasiona uma ação corrosiva sobre o tubo de cobre arrastará partículas
de Cu2+ desse metal para o tubo de aço. Em b), se o fluído ocasiona ação corrosiva no tubo de
aço, partículas de ferro serão arrastadas para o tubo de cobre e este é que sofrerá com a corrosão.
Se não for possível inverter o sentido do fluído, utiliza-se uma montagem em que um tubo de aço
intercalando com o de cobre, que transporta o fluído e o material de caráter anódico com relação
ao cobre.
Um ponto importante a ser ressaltado é a relação entre a área catódica e anódica. Se a
área catódica é menor do que a área anódica, a corrosão não é tão prejudicial ao material, no
entanto, se a a região catódica for maior do que a anódica, a corrosão será mais intensa.
Consultas a tabelas e séries galvânicas podem ser úteis quando se deseja trabalhar com
dois materiais de potenciais diferentes e também quando estes serão utilizados na água do mar,
por exemplo, no entanto, nem sempre os dados são encontrados com facilidade, visto que há
diversos meios e materiais.
Normas como a ASTM G 82 descrevem o desenvolvimento e o uso das séries galvânicas
com o objetivo de permitir a previsão da ocorrência da corrosão, apresentando dois tipos de
séries: uma em que os materiais são listados com a faixa de valores de potenciais de corrosão por
eles assumidos num determinado meio, pela qual é possível determinar a diferença de potencial
que existe entre dois diferentes materiais (quanto maior for essa diferença, maior será a força
eletromotriz para a ocorrência da corrosão galvânica), e outra que serve para uma análise mais
qualitativa, pois os materiais são listados em ordem crescente de potencial de corrosão, sem
especificar o valor desse potencial.
A imagem a seguir ilustra o primeiro tipo de série, em que se encontram diversos metais
em água do mar fluindo a 2,4 a 4,0 m/s por 5 a 15 dias a 5 a 30 ºC. Nela, os retângulos
hachurados indicam o comportamento ativo de ligas ativo-passivas (ASTM G 82, 1993).
Proteção
Como medidas protetivas tem-se as seguintes:
Uso de inibidores de corrosão;
isolamento elétrico dos materiais de nobreza diferentes;
aplicação de revestimentos protetores;
proteção catódica;
uso de materiais com nobreza próxíma;
estabelecer condições de relação área anódica/catódica maior que 1.
Corrosão Eletrolítica
A corrosão por eletrólise (corrosão eletrolítica) é definida como a deterioração da
superfície externa de um metal forçado a funcionar como anodo ativo de uma célula ou pilha
eletrolítica, sendo um processo não-espontâneo. Geralmente, as áreas corroídas se apresentam
com produto de corrosão de baixa aderência, ou mesmo livres dele. Como é uma forma de
corrosão localizada, em pouco tempo ocorre a perfuração da parede metálica, causando
vazamentos.
Esse tipo de corrosão ocorre como resultado de correntes elétricas de interferência que
também são chamadas de correntes de fuga, estranhas, parasitas, vagabundas ou espúrias. Devido
às deficiências de isolamentos ou de aterramentos do material, fora de especificações técnicas,
estas correntes ocasionam furos isolados e externos nas instalações, que é por onde escapam para
o solo. A corrosão eletrolítica observada em estruturas metálicas enterradas ou submersas, como
por exemplo oleodutos, gasodutos e cabos telefônicos.
Figura x: Corrosão eletrolítica em tubo de aço-carbono provocada por corrente de fuga em uma tubulação industrial.
Fonte: MERÇON et al. Corrosão: Um exemplo usual de fenômeno químico. Revista Química Nova na Escola, n. 19,
2004, p. 13.
As correntes de fuga que produzem maiores danos são as contínuas ou as alternadas de
baixa frequência. As principais fontes são sistemas de tração elétrica (trens, bondes, metrô),
instalações de solda elétrica e de eletrodeposição e sistemas de proteção catódica. Correntes de
interferência podem ser estáticas, apresentando amplitude e percursos constantes, ou dinâmicas,
que variam continuamente de amplitude e/ou nos seus percursos.
Dentre os fatores que influenciam a taxa de corrosão resultante das correntes de
interferência, destacam-se:
Intensidade e densidade da corrente;
Distância entre as estruturas interferente e interferida, além da localização da
fonte de corrente interferente;
Existência ou não de revestimento e a qualidade do mesmo;
Localização de juntas isolantes;
Resistividade do meio.
Mecanismos
Para o caso de um material metálico sujeito à corrosão eletrolítica, podem-se admitir as
seguintes reações:
Na região onde a corrente elétrica abandona a estrutura e entra no eletrólito, tem-
se a área anódica, e a reação para um metal M qual é:
Em outras palavras, o anodo é a região onde há saída de elétrons pelo circuito metálico, e
que no eletrólito ocorre a entrada de uma corrente elétrica hipotética, convencional.
Casos Práticos
A partir das definições conceituadas anteriormente é possível destacar os três seguintes
casos práticos, nos quais é possível a observação de ocorrência da corrosão eletrolítica.
Fonte: GENTIL, V. Corrosão, 3ª Ed. Rio de Janeiro, Ed. LTC. 2001, p. 84.
A fuga de uma corrente pode ser explicada a partir dos seguintes dois fatores principais:
As ligações entre os trilhos, quase sempre deficientes. constituem resistências em
série, dificultando assim o retomo da corrente;
Os trilhos repousam sobre dormentes e entram também em contato com o solo,
isto é, há um isolamento deficiente dos trilhos para a terra. Embora em um
determinado ponto a resistência entre o trilho e o solo seja grande, se for
considerada uma grande extensão esta resistência será pequena. Em consequência,
o solo passa a constituir uma resistência associada em paralelo com os trilhos.
Portanto, parte da corrente flui pela terra. Se nessa região existir uma tubulação
enterrada a corrente a alcançará, escoando preferencialmente por ela até as
proximidades da subestação geradora ou retificadora.
Na atualidade, as empresas de transporte elétrico admitem como sendo normais perdas
em corrente elétrica entre 3 e 5%. Sendo os valores das correntes elétricas das redes suburbanas e
do Metrô de 3.000 e 11.000 A, tais valores proporcionam elevadas correntes elétricas de fuga.
É possível observar, através da Figura B, que na parte do tubo pela qual a corrente entra
desenvolve-se uma região catódica, portanto isenta de corrosão. Onde a corrente abandona o
tubo tem-se região anódica, submetida ao ataque, que dependerá da intensidade da corrente
elétrica em causa. Isto é, encontram-se regiões anódicas nos pontos A, situados no trilho, e A',
situados no tubo, e regiões catódicas nos pontos C, situados no tubo, e C', situados no trilho,
portanto, é possível observar a corrosão dos trilhos em A e dos tubos em A', de acordo com as
reações apresentadas a seguir. A corrosão dos trilhos em A não causa grandes inconvenientes
porque se distribui ao longo de uma extensão maior e estes trilhos podem ser facilmente
trocados, o que não ocorre com os tubos.
Regiões A e A':
Em geral a quantidade do metal corroído pode ser calculada pela lei de Faraday,
conforme a Tabela A.
Fonte: GENTIL, V. Corrosão, 3ª Ed. Rio de Janeiro, Ed. LTC. 2001, p. 36.
Deve-se ter em conta que metais anfóteros, como chumbo, zinco, alumínio e estanho,
podem sofrer além da corrosão anódica corrosão nas áreas catódicas, pois vai havendo acúmulo
de OH nessas regiões, tornando o meio bastante alcalino. Exemplificando com o alumínio, tem-
se a reação de ataque:
Já o ferro não sofre esse ataque, pois ele se passiva nessas regiões devido à presença do
meio básico dado por esse acúmulo de íons OH . -
Fonte: GENTIL, V. Corrosão, 3ª Ed. Rio de Janeiro, Ed. LTC. 2001, p. 85.
Neste sistema (Figura H), o retomo da corrente se divide pelas resistências associadas em
paralelo, embora a maior parte dela retorne pelos trilhos, seguindo o braço AB, uma parte retorna
pela terra, seguindo o braço ACDB, alcançando o gerador, e uma terceira parcela (parte da que
flui pela terra) segue o braço AEFB, alcançando então ,a tubulação que é boa condutora de
corrente e a leva até a região mais próxima da fonte, onde descarrega para a terra, através da qual
chega ao polo negativo da fonte. Verifica-se, então, que neste último braço da malha a resistência
FB está associada a uma cuba eletrolítica fixa, enquanto a AE está associada a uma cuba que se
desloca (devido ao movimento do trem), e o tubo funciona como uma resistência de
comprimento variável. Na cuba onde o braço AE é móvel o tubo recebe corrente, funcionando
portanto como catodo, e o trilho como anodo. Na cuba onde o braço FB é fixo tem-se
comportamento inverso, isto é, o tubo funciona como anodo (área de saída de corrente) e o trilho
recebe corrente, funcionando como catodo. Esta cuba eletrolítica traz graves consequências para
o tubo, pois além de torná-lo anódico deixa-o permanentemente anódico na mesma região,
resultando uma alta taxa de corrosão que implica na destruição de grande quantidade de material
numa área relativamente pequena.
Fonte: GENTIL, V. Corrosão, 3ª Ed. Rio de Janeiro, Ed. LTC. 2001, p. 85.
A corrente que circula ao longo de uma tubulação de água (muitas vezes usada como
"terra" para aparelhos elétricos) não ocasiona, geralmente, corrosão no interior da tubulação
devido à alta condutividade elétrica do aço ou cobre comparada com a da água:
Proteção
Estruturas submersas ou enterradas estão sujeitas a ocorrência da corrosão eletrolítica.
Deste modo, se faz necessária a utilização de técnicas de cálculo e prevenção do aparecimento e
da evolução deste tipo de mecanismo de corrosão, o qual pode prejudicar de forma significativa
o funcionamento dos sistemas de materiais envolvidos.
Corrente de fuga
O cálculo da intensidade de corrente de fuga entrando ou saindo de uma estrutura é
difícil, e somente se conseguirá uma solução se o esquema da instalação enterrada for simples.
Normalmente, porém, ocorrem casos muito complicados, que não são usualmente resolvidos
devido à heterogeneidade do solo, diferença nos revestimentos de tubulações, resistências
variáveis entre as juntas das tubulações e variações do espaço entre tubos enterrados ou cabos.
A intensidade da corrente que entra ou sai de uma tubulação enterrada pode ser calculada
medindo-se a diferença de potencial entre estrutura interferente e o tubo subterrâneo. Essa
diferença de potencial depende de inúmeros fatores: tensão do condutor e dos tubos, resistividade
do solo etc. Pode-se medir a diferença de potencial entre uma posição no solo diretamente sobre
a tubulação e outra na superfície do solo a alguma distância e formando ângulo reto com a
Sendo as unidades:
Alguns resultados experimentais mostram que os valores de diferença de potencial estão
compreendidos entre 0,65 V e 4,5 V. Por outro lado, as densidades de correntes variam,
igualmente, entre grandes limites. Assim, pode-se ter para:
A medida da resistividade do solo (Figura S) pode ser feita pelo método dos quatro
eletrodos colocados em linha e separados por uma distância a. Esse método é também conhecido
como método de Wenner ou dos quatro pinos.
A corrente contínua I, fornecida por uma bateria, passa através dos dois eletrodos
corrente dispersa, logo, tem-se a seguinte equação que permite calcular a resistividade do solo.
Figura K: Esquema das ligações elétricas unidirecionais entre tubulação enterrada e trilhos de estrada de ferro.
Fonte: GENTIL, V. Corrosão, 3ª Ed. Rio de Janeiro, Ed. LTC. 2001, p. 87.
Referências
MAXWELL. PUC. Disponível na internet via http://www.maxwell.vrac.puc-
rio.br/20714/20714_4.PDF. Acesso em 20 de agosto de 2016.
MERÇON, F.; GUIMARÃES, P. I. C.; MAINIER, F. B. Corrosão: Um exemplo usual de
fenômeno químico. Revista Química Nova na Escola, n. 19, p. 11-14, 2004.
GENTIL, V. Corrosão, 3ª Ed. Rio de Janeiro, Ed. LTC. 2001.
http://wwwo.metalica.com.br/images/stories/Id1924/maior/corrosao-estrutura-metalica03-G.jpg
Acessado em: 20/08/2016
http://www.icz.org.br/upfiles/arquivos/GalvInfoNotes/GalvInfoNote_3_6.pdf Acessado em:
20/08/2016
http://www.mspc.eng.br/tecdiv/corr_110.shtml Acessado em: 20/08/2016
WOLYNEC, S. Técnicas Eletroquímicas em Corrosão. São Paulo: EDUSP, 2003.
ASTM G 82 – 83 (Reapproved 1993). “Standard Guide for Development and Use of a
Galvanic Series for Predicting Galvanic Corrosion Performance”. In:1997 Annual Book
of ASTM Standards. Section 3: Metals Tests Methods and Analytical Procedures. Volume
03.02: Wear and Erosion; Metal Corrosion. West Conshohocken, ASTM,1997, pp. 338-
344.
Corrosão seletiva
Corrosão seletiva é um caso especial de corrosão galvânica em que as fases que constituem a
microestrutura de uma liga metálica formam uma pilha galvânica, isto é, há um elemento da liga
que será oxidado e outro que será reduzido.
Dezincificação
A dezincificação é um processo que ocorre principalmente no latão (liga de Cu-Zn), em soluções
salinas e com maior intensidade em meio ácido. Para a liga de latão (Cu-Zn), por exemplo, o
elemento oxidado será o zinco e o elemento reduzido será o cobre.
Nesse processo de corrosão do zinco, a liga de latão (Cu-Zn) sofre alteração de cor. As regiões
superficiais que foram dezincificadas tornam-se brancas, sendo produtos da oxidação do zinco,
diferindo de regiões superficiais vermelhas, ricas em cobre. 1
Grafitização
Um outro caso de corrosão seletiva é aquele que ocorre comumente em ferros fundidos cinzentos
e denomina-se grafitização. 1,2,3 Nesse processo, os veios da grafite imersos em matriz de ferrita,
microestrutura típica de ferros fundidos cinzentos, são responsáveis por atuar como agentes
oxidantes da matriz ferrítica. 1
Neste tipo de corrosão, o material tem mantida sua forma e tamanho originais, porém, as
propriedades mecânicas são alteradas. Isto se deve ao fato de que, se a corrosão ocorreu de forma
homogênea e superficial, os produtos oriundos da corrosão vedam os poros de grafite, devido a
estrutura apresentar camadas de carbono ligadas hexagonalmente.2
Uma das causas para este tipo de corrosão ocorrer é a presença de bactérias redutoras de sulfato,
pois o sulfeto formado atacará a ferrita do ferro fundido.2
Caso ela tenha se iniciado, sua verificação é simples. Consiste em utilizar-se uma espátula para
raspar a parede da liga que sofreu corrosão. A extração de um pó preto que se atritado contra um
papel, risca-o de forma semelhante a um lápis é uma confirmação de que ocorreu corrosão
grafítica. 2
Referencias bibliograficas:
1. Jambo, H. C. M. e Fofano S. Corrosão: Fundamentos, Monitoração e Controle. Editora
Ciência Moderna.
2. Gentil, V. Corrosão. 4a ed., Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos Editora S.A., 2003.
3. Callister, W.D., "Ciência e Engenharia de Materiais - Uma Introdução" - Editora LTC, 2000.