Estabilidade de Taludes

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ESTABILIDADE DE TALUDES

Movimentos de Massa

Segundo a Associação Brasileira de Geologia de Engenharia (ABGE, 1998),


a execução de cortes nos maciços pode condicionar movimentos de massa ou, mais
especificamente, escorregamento de taludes, desde que as tensões cisalhantes
ultrapassem a resistência ao cisalhamento dos materiais, ao longo de determinadas
superfícies de ruptura.

Naturalmente que os taludes provenientes da má execução de aterros pode


também levar ao movimento de massas de solos.

Os tipos de movimentos de massa apresentados a seguir seguem a


classificação adotada por Carvalho(1991), conforme apresentado pela ABGE (1998).

Escorregamento devido à inclinação

Estes escorregamentos ocorrem sempre que a inclinação do talude excede


aquela imposta pela resistência ao cisalhamento do maciço e nas condições de
presença de água. A prática tem indicado, para taludes de corte de até 8m de altura,
constituídos por solos, a inclinação de 1V:1H como a mais generalizável.

Os padrões (inclinações estabelecidas empiricamente, como referência


inicial) usuais indicam as inclinações associadas aos gabaritos estabelecidos nos
triângulos retângulos mostrados na figura 02. Estes gabaritos são freqüentemente
usados na prática da Engenharia, porém, para um grande números casos de taludes
não se obtém a sua estabilidade com estas inclinações, sendo necessário a
realização de uma análise de estabilidade como será visto nesta unidade.

Escorregamento por descontinuidades

O contato solo-rocha constitui, em geral, uma zona de transição entre esses


materiais. Quando ocorre um contraste de resistência acentuado entre eles, com
inclinação forte e, principalmente, na presença de água, a zona de contato pode
condicionar a instabilidade do talude (figura 03-a). As descontinuidades geológicas,
presentes nos maciços rochosos e em solos de alteração, constituem também
planos ao longo dos quais pode haver escorregamento, desde que a orientação
desses planos seja em sentido à rodovia

Escorregamentos por percolação de água

Os escorregamentos, devidos à percolação d’ água são ocorrências que se


registram durante períodos de chuva quando há elevação do nível do lençol freático
ou, apenas, por saturação das camadas superficiais de solo. Quando os taludes
interceptam o lençol freático, a manifestação, eventual, da erosão interna pode
contribuir para a sua instabilização.

Escorregamento em aterro

O projeto de um aterro implica na consideração das características do


material com o qual vai ser construído, como também das condições de sua
fundação. Quando construídos sobre rochas resistentes, os aterros se mostram, em
geral, estáveis por longo tempo. No caso de aterros sobre solos moles, como argila
marinha ou argila orgânica, o seu projeto e construção devem obedecer a técnicas
adequadas, de modo a impedir que ocorram recalques exagerados, deixando as
pistas com ondulações e provocando rompimentos ou deslizamentos de canaletas,
bueiros e galerias (Almeida,1996)

Escorregamentos em massas coluviais

Massas coluviais constituem corpos em condições de estabilidade tão


precárias que pequenos cortes, e mesmo pequenos aterros, são suficientes para
aumentar os movimentos de rastejo, cujas velocidades são ainda mais aceleradas,
quando saturados, na época das chuvas. Existem no Brasil, vários casos de obras
rodoviárias implantadas nesses corpos que ocasionaram sérios problemas, durante
anos, até sua completa estabilização.
Queda e rolamento de blocos

A queda e rolamento de blocos é freqüente em cortes em rocha, onde o


fraturamento do maciço é desfavorável à estabilidade; em taludes com matacões,
por descalçamento; em taludes com camadas sedimentares de diferentes
resistências à erosão e à desagregação superficial. Em qualquer situação, a
conseqüência pode ser a obstrução da rodovia, parcial ou totalmente. A figura 05
ilustra um corte em rocha fraturada protegida com telas de arame de alta resistência.

Taludes

Os maciços sob o aspecto genético podem ser agrupados em duas


categorias: naturais e artificiais. Estes freqüentemente exibem uma homogeneidade
mais acentuada que os maciços naturais e, por isto, adequam-se melhor às teoria
desenvolvidas para as análises de estabilidade. Dois outros aspectos elucidativos
deste ponto merecem atenção: o primeiro refere-se ao fato de que os taludes
naturais possuem uma estrutura particular que só é conhecida através de um
criterioso programa de prospecção; o segundo está associado à vida geológica do
maciço natural, intimamente ligado ao histórico de tensões sofrido por ele – erosão,
tectonismo, intemperismo, etc.

São vários os fatores naturais que atuam isolada ou conjuntamente durante


o processo de formação de um talude natural e que respondem pela estrutura
característica deste maciços. Estes fatores podem ser agrupados em duas
categorias:

∗Fatores Geológicos

Litologia, estruturação e geomorfologia

∗Fatores Ambientais

Clima, topografia e vegetação.

Os fatores geológicos são responsáveis pela constituição química,


organização e modelagem do relevo terrestre; à ação deles, soma-se a dos fatores
ambientais. Assim, a litologia, com os constituintes dos diversos tipos de rocha, a
estruturação dos maciços – através dos processos tectônicos, de dobras, de
falhamento, etc, e a geomorfologia – tratando da tendência evolutiva dos relevos,
apresentam um produto final que pode ser alterado pelos fatores climáticos,
principalmente pela ação erosiva influenciada pelo clima, topografia e vegetação.

As paisagens naturais são dinâmicas, alterando-se continuamente ao longo


do tempo sob a ação destes fatores.

Ao lado destas ações naturais podem surgir as ações humanas que altera a
geometria das paisagens e atua sobre os fatores ambientais, mudando ou
destruindo a vegetação alterando as formas topográficas e às vezes mesmo o clima;
em razão disto, estes maciços diferem bastante dos aterros artificiais cujo controle
de “colocação das terras” permite conhecê-los infinitamente melhor.

Estabilidade de Taludes

∗ Para a análise da estabilidade dos taludes, será quantificando os


coeficientes de segurança contra o escoramento. Na hipótese de não se obter o
coeficiente de segurança requerido opta-se por uma das soluções abordadas nos
parágrafos anteriores.

Nos maciços artificiais, além das alternativas propostas, podem auxiliar no


processo de majoração destes coeficientes, as escolhas do material constituinte, dos
parâmetros de compactação, etc.

Métodos de Estabilidade

As análises de estabilidade, na sua maioria, foram desenvolvidas segundo a


abordagem do equilíbrio limite. O equilíbrio limite é uma ferramenta empregada pela
teoria da plasticidade para análises do equilíbrio dos corpos, em que se admite
como hipótese:

a) Existência de uma linha de escorregamento de forma conhecida: plana,


circular, espiral-log ou mista, que delimita, acima dela, a porção instável do maciço.
Esta massa de solo instável do maciço. Esta massa de solo instável, sob a ação da
gravidade, movimenta como um corpo rígido;

b) Respeito a um critério de resistência, normalmente utiliza-se o de


MorhCoulomb, ao longo da linha de escorregamento.

De uma forma geral, as análises de estabilidade são desenvolvidas no


plano, considerando-se uma seção típica do maciço situada entre os dois planos
verticais e paralelos de espessura unitária. Existem algumas formas alternativas
para estudar o equilíbrio tridimensional de um corpo deslizante, porém estas ainda
não estão suficientemente desenvolvidas, sendo pouco usual a sua utilização.

Método do Talude Infinito:

Um talude é denominado infinito quando a relação entre as suas grandezas


geométricas, extensão e espessura for muito grande. Nestes taludes a linha
potencial de ruptura é paralela à superfície do terreno . Eles podem ser maciços
homogêneos ou estratificados, neste caso, porém os estratos devem ter os planos
de acamamento paralelos à superfície do talude.

Método de Culmann:

Este método apoia-se na hipótese que considera uma superfície de ruptura


plana passando pelo pé do talude. A cunha assim definida é analisada quando a
estabilidade como se fosse um corpo rígido que desliza ao longo desta superfície.

Métodos Que Admitem Superfície de Ruptura Circular:

Ao ser rompida uma massa de solo verifica-se que, em muitos casos, a


superfície “cisalhada” se apresenta com geometria próximo de um círculo. Este fato,
de se ter a superfície de cisalhamento circular, é muito mais comum quanto maior a
homogeneidade da massa de solo. Observa-se, por exemplo, que nas estruturas de
aterro, em que são construídos com solo relativamente homogêneo, de camada em
camada, quando rompidos a superfície se aproxima muito de um círculo. Diferente
disto se verifica em outras situações, de solos heterogêneos, em que o formato
geométrico destas superfícies varia muito, conforme as características
geológicogeotécnico do local.

Ressalta-se aqui o fato de em alguns casos de cálculo se traçar uma


superfície “plana”, adotada para simplificação das análises, já que na prática da
Engenharia Geotécnica tal geometria não é muito comum de se verificar.

Métodos das lamelas:

Normalmente os taludes apresentam-se composto de vários solos com


características diferentes. A determinação dos esforços atuantes sobre a superfície
de ruptura torna-se complexa e para superar essa dificuldade utiliza-se o expediente
de dividir o corpo potencialmente deslizante em lamelas. Assim, pode-se determinar
o esforço normal sobre a superfície de ruptura, partindo de hipótese que esse
esforço vem determinado basicamente pelo peso do solo situado acima daquela
superfície.

A superfície de ruptura pode ter uma forma qualquer (Janbu, 1956), se bem
que os métodos mais utilizados, como Fellenius e de Bishop, empreguem superfície
de ruptura circular.

No Método de Fellenius, considera-se que não há iteração entre as várias


lamelas, ou seja, admite-se que as resultantes das forças laterais em cada lado da
lamela são colineares e de igual magnitude, o que permite eliminar os efeitos dessas
forças considerando o equilíbrio na direção normal a base da lamela.

A única iteração entre as lamelas advém da consideração da ruptura


progressiva que sempre ocorre quando da ruptura de qualquer massa de solo. Este
fato é considerado implicitamente nos parâmetros de resistência do solo, coesão e
angulo e atrito.

A única que se segue, considera-se o caso mais genérico de talude com


percolação de água. O valor da pressão neutra ao longo da superfície de ruptura é
obtido traçando-se a rede de percolação. Em cada ponto desta superfície toma-se o
valor da carga piezométrica, hw.

Procedimento Prático:

Como procedimento prático recomenda-se dividir o talude em cerca de dez


lamelas; a partir deste valor há pouco ganho na precisão e um considerável aumento
dos cálculos. Cada par de valores, centro e raio de um círculo hipotético, conduz a
um valor de fator de segurança. O valor crítico será obtido por tentativas.

Desenhado o talude em escala, determina-se uma malha de centros


potenciais; em seguida, escolhe-se um centro e um raio que determinarão uma
superfície deslizamento e calcula-se o fator de segurança para essa superfície.

Escolhe-se um novo centro e repetem-se os passos anteriores, até percorrer


toda malha desejada. Após a determinação dos valores mínimos de FS para cada
centro, traçam-se curvas que unem os fatores de segurança iguais (como se faz com
as curvas de nível de topografia) com o intuito de determinar a posição do centro
que fornece o menor deles.

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