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G estão A mbiental
Cleverson V. Andreoli
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Justamente a responsabilidade ética de empresários e políticos mais
arrojados foi capaz de comprovar na prática que há vantagens em ultrapassar
essa visão unilateral do meio ambiente como um custo e considerá-lo uma
oportunidade. A iniciativa de adotar os princípios da gestão ambiental, numa
economia que se caracteriza pelo elevado desperdício de recursos, determina
um importante diferencial competitivo.
Há anos a comercialização superou a produção como fator limitante da
atividade econômica; tornou-se mais difícil vender do que produzir. A colocação
de produtos no mercado globalizado exige diferenciais de competitividade,
definidos principalmente pelo preço e pela qualidade. Devemos observar
cuidadosamente que os clássicos conceitos de qualidade do produto estão
bastante ampliados, com um grande destaque à qualidade ambiental. Dentro
dessa perspectiva os investimentos na sustentabilidade, além de essenciais à
qualidade ambiental, podem representar um importante diferencial
especialmente para exportações a mercados altamente promissores.
O meio ambiente é um bom negócio, e não são os ecologistas visionários
e idealistas que fazem esta afirmação. Reduzir os custos com a eliminação de
desperdícios, desenvolver tecnologias limpas e baratas, reciclar insumos não são
apenas princípios de gestão ambiental, mas condição de sobrevivência empresarial.
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transnacionais e empresas exportadoras. As empresas transnacionais, por
determinação de seus acionistas, vêm adotando os padrões ambientais
definidos em seus países de origem, onde os padrões e normas legais são mais
rigorosos. As empresas exportadoras enfrentam um novo protecionismo: a
discriminação de produtos e serviços que não comprovem a estrita observância
das normas ambientais.
Essas empresas estão influenciando o entorno de fornecedores e
começam a explorar o diferencial ambiental também no mercado interno, o que
está impulsionando a adoção do Sistema de Gestão Ambiental (SGA). Este
sistema vem ao encontro da necessidade das empresas em adotarem práticas
gerenciais adequadas às exigências do mercado, universalizando os princípios
e procedimentos que permitirão uma expressão consistente de qualidade
ambiental. Dadas as similaridades dos sistemas de gestão da qualidade e
ambiental, muitas empresas que implementaram programas de qualidade também
estão na vanguarda da certificação ambiental.
Os procedimentos de gestão ambiental foram padronizados em nível
mundial, com objetivo de definir critérios e exigências semelhantes. A garantia
de que a empresa atende a esses critérios é a certificação ambiental, segundo
as normas ISO 14.000. Essas normas foram definidas pela International
Organization for Standardization (ISO), fundada em 1947, com sede em Genebra,
na Suíça. Trata-se de uma organização não governamental que congrega mais
de 100 países, representando 95% da produção industrial do mundo. O objetivo
principal da ISO é criar normas internacionais de padronização que representem
e traduzam o consenso dos diferentes países. A Associação Brasileira de
Normas Técnicas (ABNT) representa a ISO no Brasil.
Dentre as diversas áreas de atuação da ISO estão as normas de
certificação ambiental, como segue:
• ISO 14.001 - define os requisitos para certificação ambiental;
• ISO 14.004 - é uma norma orientativa, que exemplifica e detalha as
informações necessárias à implementação de um SGA;
• ISO 14.010, 14.011e14.012 -referem-seaoprocessodeauditoriaambiental;
• ISO 14.032 - define a integração entra as normas de qualidade e de
meio ambiente.
2 Passivos ambientais
Desde a década de 1980, as empresas do mundo desenvolvido dão grande
importância aos seus passivos ambientais. Essa lição somente começa a ser
compreendida no Brasil em decorrência das graves conseqüências dos passivos
ocorridas recentemente em São Paulo, que representam a ponta do iceberg. Trata-
se de um enorme problema que começa a ser conhecido e divulgado e que exige
soluções imediatas. A solução dos passivos deve ser preventiva – a sua não
geração –, pois é mais barata, de solução mais simples e eticamente justificada.
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O passivo ambiental pode ser definido como o montante da avaliação
contábil dos custos ambientais atuais e futuros necessários para o resgate
das pendências da empresa em relação à legislação ambiental. Os principais
custos que geralmente compõe o passivo ambiental são:
• As multas, taxas e impostos a serem pagos em face da inobservância
de requisitos legais;
• Custos da implantação de procedimentos e/ou tecnologias que
possibilitem o atendimento às não conformidades e
• Dispêndios necessários à recuperação de áreas degradadas e
indenização à população afetada.
A prática de avaliação de passivos foi originada como apoio aos casos
de fusão, aquisição, incorporação, compra e venda de empresas e também
para orientação na definição de prêmios de seguros de responsabilidade.
Atualmente a avaliação de passivos também tem sido exigida para liberação
de linhas de créditos. Em alguns casos, esses passivos podem criar impasses
e até mesmo inviabilizar negócios, uma vez que podem atingir níveis maiores
do que a capacidade de gerar recursos para resolvê-los.
Como apoio ao processo gerencial, em muitos casos são adotados os
instrumentos de contabilidade ambiental, que mensuram as receitas e custos da
degradação e das medidas adotadas para evitá-los, possibilitando a adequação
dos preços de transferência interna para os produtos e serviços prestados. O
enfoque da contabilidade ambiental deve ser colocado nos resultados da gestão
ambiental e não somente sobre os custos de degradação do meio ambiente.
O processo para levantamento de passivos é realizado geralmente em
duas etapas: a fase 1, na qual é realizada a avaliação qualitativa dos impactos, e
a fase 2, que resulta na sua quantificação. Na primeira fase são levantados todas
as práticas e procedimentos relativos aos aspectos ambientais relevantes, tais
como: licenças ambientais existentes, resíduos gerados pela empresa e a sua
disposição final, taxas de emissões atmosféricas e de geração de efluentes líquidos
e os respectivos sistemas de minimização e tratamento de poluição adotados.
Com base nos resultados da primeira fase é realizado um planejamento
que tem por objetivo mensurar os impactos para permitir uma avaliação do
custo para o seu adequado gerenciamento, que no mínimo seja capaz de atender
às exigências legais e administrativas dos órgãos ambientais e à política interna
da empresa. Utilizando-se de coletas, medições e análise, são avaliados
quantitativamente e qualitativamente as emissões atmosféricas, os efluentes
e os resíduos gerados e as suas respectivas influências ambientais como
alterações na qualidade de água do corpo receptor e do lençol freático, da
atmosfera, do solo etc.
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Sob o ponto de vista jurídico, todo o dano ambiental resultante de uma
determinada atividade provoca uma tríplice reação legal, nos âmbitos civil,
penal e administrativo. O Ministério Público pode propor uma ação civil pública
para que o responsável pelo dano ambiental recomponha o ambiente afetado
e ainda indenize as populações afetadas. Pode cumulativamente propor uma
ação penal, pois, segundo a legislação, pessoas físicas e jurídicas podem
responder criminalmente. Independentemente desses processos, o órgão
ambiental na esfera administrativa poderá estabelecer uma multa, exigir a
reparação do dano ambiental e ainda a implementação de obras ou
procedimentos necessários a evitar o dano.
As limitações das metodologias para a adequada mensuração econômica
dos impactos e dos riscos ambientais muitas vezes dificultam avaliações mais
precisas, que sejam capazes de considerar a totalidade de seus efeitos adversos.
Mas os instrumentos disponíveis representam uma grande contribuição para
subsidiar o processo de decisão.
3 Implementação do SGA
A implementação de um SGA constitui uma ferramenta para que o
empresário identifique oportunidades de melhorias que reduzam os impactos
das atividades de sua empresa sobre o meio ambiente, orientando de forma
otimizada os investimentos para implementação de uma política ambiental
eficaz, capaz de gerar novas receitas e oportunidades de negócio.
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As principais vantagens do SGA são a minimização de custos, de riscos,
a melhoria organizacional e a criação de um diferencial competitivo. Os custos
são reduzidos pela eliminação de desperdícios, racionalização de recursos
humanos, físicos e financeiros e pela conquista da conformidade ambiental ao
menor custo. A implementação do SGA possibilita também a precisa identificação
dos passivos ambientais e fornece subsídios ao seu gerenciamento. Esses
procedimentos promovem a segurança legal, a minimização de acidentes,
passivos e riscos através de uma gestão ambiental sistematizada que permite a
sua integração à gestão dos negócios. Essa atitude melhora a imagem da empresa,
aumenta a produtividade, promove novos mercados e ainda melhora o
relacionamento com fornecedores, clientes e comunidade.
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Os principais estágios do SGA definidos pela NBR ISO 14.001 são:
• Comprometimento e política - a administração estabelece a política
ambiental da empresa, que deve ser apropriada à natureza e escala
dos impactos, comprometer-se com a melhoria contínua e com o
atendimento à legislação, garantir o monitoramento e a comunicação
com empregados e fornecedores e que esteja disponível ao público.
• Planejamento - a empresa define as atividades necessárias para a
adequação ambiental através da identificação dos aspectos e impactos
ambientais em relação aos requisitos legais, estabelece os objetivos,
avalia alternativas, define as metas e elabora os Programas de Gestão
Ambiental (PGA), que são necessários para o alcance dos objetivos
e metas ambientais que visam apoiar o cumprimento.
• Implementação - a empresa inicia o desenvolvimento do plano de
ação, estabelecendo responsabilidades, procedimentos
operacionais, desenvolvendo treinamentos, comunicação,
documentação, controles operacionais e um plano de emergência.
• Avaliação - a empresa avalia através do monitoramento e medições
dos indicadores ambientais que evidenciem que as metas estão sendo
alcançadas. Deve ainda ser estabelecido um procedimento para
registros das não-conformidades e das respectivas ações corretivas
e preventivas. Todo esse processo deve ser avaliado através de um
programa de auditorias capaz de identificar se o SGA encontra-se em
conformidade com o planejado para propor as readequações
necessárias e melhorias necessárias e para informar a administração.
• Revisão - a alta administração da empresa deverá analisar criticamente
o SGA, definindo as modificações necessárias à sua otimização e
efetividade verificando se as metas ambientais propostas estão sendo
alcançadas e se os PGAs estão sendo efetivamente implementados.
O estágio de revisão conclui o ciclo de melhoria contínua.
O SGA deve ser dinâmico, permitindo a rápida adaptação às mudanças
nos negócios ambientais. Desta forma o SGA tem que ser flexível e simples.
Isto auxilia o SGA a ser compreendido e incorporado pelas pessoas que
trabalham na implementação.
Em algumas organizações a implementação do SGA pode sofrer
resistência por parte de algumas pessoas, por considerarem que ele representa
burocracia, custos e aumento na jornada de trabalho. Podem ocorrer
resistências devido às mudanças e às novas responsabilidades. Para conseguir
vencer esses obstáculos, é preciso ter certeza de que todos entendem por que
a organização necessita do SGA efetivo e como ele pode ajudar no controle
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dos impactos ambientais e conseqüentemente dos custos. Manter as pessoas
envolvidas no projeto e implementação do SGA demonstra o comprometimento
da organização com o meio ambiente e ajuda a verificar que ele é realista,
prático e que agrega valor.
Implementando ou melhorando o SGA, a organização vai entender como
gerenciar os compromissos ambientais e como encontrar melhores soluções.
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3. Auditoria de certificação;
4. Emissão de certificado (validade 3 anos);
5. Auditorias de monitoramento (semestrais ou anuais);
6. Resultados possíveis: apto, não apto ou apto com ações corretivas.
Os resultados possíveis de uma auditoria de certificação podem ser:
• Recomendada para a Certificação, quando não existem não
conformidades;
• Recomendada para a Certificação, após Verificação e Ações
Corretivas, quando existem uma ou mais não-conformidades que
devem ser verificadas e corrigidas. Neste caso não será realizada
nova auditoria completa;
• Recomendada para nova Avaliação do SGA, quando forem
observadas várias não-conformidades que indicam falhas no SGA
implementado. Neste caso será necessária nova auditoria completa.
Conclusão
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crescimento em áreas como: gestão ambiental, educação e treinamento, reciclagem
de resíduos, sistemas de tratamento de efluentes e emissões, tecnologias
ambientais, gestão de resíduos, economia e racionalização de energia,
recuperação de áreas degradadas.
Bibliografia recomendada
Sites sugeridos
<www.nsg-isr.org>; <www.abnt.org.br/cb38>; <www.iso.ch/iso/em/>;
<ISOOnline.openerpageISO>; <www.viaecologica.com.br>;
<www.ambientebrasil.com.br>; <www.ecopress.org.br>;
<www.worldwatch.org.br>; <www.sosmatatlantica.org.br>; <www.epa.gov>
Resumo
O objetivo deste capítulo foi demonstrar que as empresas que adotam uma postura
ambiental mais avançada podem, além de assumir as suas responsabilidades éticas com a
sociedade, ainda obter vantagens competitivas. O capítulo foi dividido em quatro seções.
A primeira seção discutiu a influência no ambiente, do processo de globalização das
relações econômicas e, também, como este processo impulsionou o comprometimento
das empresas com a questão ambiental. A segunda seção avaliou a importância dos
passivos ambientais e como eles devem ser gerenciados, enfatizando a ação preventiva,
devido às conseqüências negativas que estes passivos podem acarretar à empresa
responsável, tanto em relação a seus impactos ambientais como financeiros. A terceira
seção explicou como implementar um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) nas empresas
e suas principais vantagens. A quarta seção falou sobre os procedimentos e as formas de
auditorias ambientais existentes para a acompanhamento e melhoria do SGA e como
obter uma certificação ambiental.
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