1) A história da anestesia remonta aos tempos antigos, com técnicas primitivas como acupuntura e concussão cerebral. 2) Crawford Williamson Long foi o primeiro a usar éter com propósitos cirúrgicos em 1842, mas não publicou seus achados. 3) William Morton demonstrou publicamente os efeitos anestésicos do éter em 1846, marcando o início da anestesia moderna, apesar de disputas sobre os créditos da descoberta.
1) A história da anestesia remonta aos tempos antigos, com técnicas primitivas como acupuntura e concussão cerebral. 2) Crawford Williamson Long foi o primeiro a usar éter com propósitos cirúrgicos em 1842, mas não publicou seus achados. 3) William Morton demonstrou publicamente os efeitos anestésicos do éter em 1846, marcando o início da anestesia moderna, apesar de disputas sobre os créditos da descoberta.
1) A história da anestesia remonta aos tempos antigos, com técnicas primitivas como acupuntura e concussão cerebral. 2) Crawford Williamson Long foi o primeiro a usar éter com propósitos cirúrgicos em 1842, mas não publicou seus achados. 3) William Morton demonstrou publicamente os efeitos anestésicos do éter em 1846, marcando o início da anestesia moderna, apesar de disputas sobre os créditos da descoberta.
1) A história da anestesia remonta aos tempos antigos, com técnicas primitivas como acupuntura e concussão cerebral. 2) Crawford Williamson Long foi o primeiro a usar éter com propósitos cirúrgicos em 1842, mas não publicou seus achados. 3) William Morton demonstrou publicamente os efeitos anestésicos do éter em 1846, marcando o início da anestesia moderna, apesar de disputas sobre os créditos da descoberta.
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Histria da Anestesia
Nos tempos primitivos, a medicina revestira-se de um carter mgico-
sacerdotal, e as doenas eram atribudas a causas sobrenaturais. Esse quadro s comeou a mudar no sculo V a.C., com a medicina hipocrtica na Grcia. Hipcrates, o pai da medicina, sustentava que as enfermidades no eram causadas por deuses ou demnios, mas que resultavam de fatores naturais ligados ao modo de vida. As pessoas adoeciam por causa do trabalho que exerciam, do local onde moravam, do alimento ou gua que ingeriam. Durante muitos sculo, os dogmas da igreja determinaram que a dor era um justo castigo de Deus e, por isso, deveria ser aceita com submisso e enfrentada a sangue frio. Em 1591, Eufane MacAyane, uma jovem me escocesa, foi enterrada viva por pedir alvio para a dor no parto. A cirurgia de modo geral era um verdadeiro sofrimento. As enfermeiras, na hora de auxiliarem em um desses procedimentos, j ficavam de prontido para evitar que o berreiro do paciente assustasse os demais internos. O cirurgio tentava fazer a operao o mais rpido possvel, mas na falta de anestesia, o grito era garantido, e o medo tambm. Durante muitos sculos a cirurgia pde ser comparada a uma aventura encabeada por poucos e temida por muitos. frente dela estavam profissionais dotados de conhecimentos tericos, como os mdicos formados nas universidades, e tambm indivduos guiados pela experincia prtica, os barbeiros-cirurgies, porm alguns eram meros charlates. Somente em meados do sculo XIX, com o advento da anestesia as cirurgias alcanaram um nvel de profissionalizao e ganharam contornos menos brutais, porm, mais invasivos, j que ausncia da dor alargaria as fronteiras das tcnicas cirrgicas. Antes da anestesia, os cirurgies mediam atravs do tempo a eficcia de uma operao. Correr contra o relgio e finalizar uma interveno no menor tempo possvel eram as maneiras mais eficazes de minimizar a dor, o choque e a perda de sangue. difcil dizer quem foi o pai da anestesia. Embora a histria conceda este ttulo ao dentista William Thomas Morton, pois este provou em publico os efeitos anestsicos do ter em 1846. E para a cincia o importante era o que se publicava. Porm, tcnicas e remdios foram descobertos desde os primrdios, um exemplo disto era a China milenar que usava a acupuntura como anestesia cerca de 2000 anos a.C. Os assrios, por volta de 1000 a.C., comprimiam a cartida do paciente at que ele ficasse inconsciente. Os ndios peruanos, por sua vez, mascavam folhas de coca, conhecidas no idioma quchua como kunka sukunka (goela adormecida), e depois despejavam a saliva sobre a ferida do doente para anestesi-la. No sculo IV a.C., Hipcrates usava a chamada esponja sonfera, mtodo bastante popular entre os monges europeus. Preparada a base de pio, eufrbia, meimendro, mandrgora e outras substncias, era colocada em baixo das narinas do paciente at que ele dormisse. Para desperta-lo uma esponja de vinagre entrava em ao. Se por um lado os recursos eram limitados, a criatividade era latente. Na Europa medieval tambm era comum a concusso cerebral. A tcnica consistia em golpear uma tigela de madeira colocada sobre a cabea do enfermo de forma que o crnio ficasse intacto e o paciente desfalecido. Gelo e neve eram utilizados no sculo XVI pelo francs Ambroise Par, considerado o pai da cirurgia. Em 1275, o alquimista espanhol Raimundo Lulio (1235-1315) descobriu que o vitrolo (cido sulfrico) misturado ao lcool e posteriormente destilado produzia um fludo branco e adocicado chamado de vitrolo doce, mais tarde conhecido como ter. Por volta dos anos 1600, Paracelso, alquimista e mdico suo, chegou a usar a substncia em galinhas e posteriormente para aliviar a dor dos seus pacientes, mas apesar disto, ela s voltaria a ser utilizada com este fim em meados do sculo XIX. Em 1772, o qumico ingls Joseph Priestley (1733-1804), descobriu o xido nitroso (N2O), mas seus poderes anestsicos s foram conhecidos alguns anos depois, e por acaso, quando Humphrey Davy, aprendiz de farmcia da pequena cidade de Penzance, na Inglaterra, inalou o gs e sentiu tamanho bem-estar que caiu na gargalhada. Por conta deste episdio, passou a chamar o xido de gs do riso. Aos 21 anos, escreveu um livro sobre as propriedades da substncia e sugeriu que ela poderia ser usada em cirurgias, mas a medicina oficial menosprezou a sugesto. O nico que resolveu acat- la foi o mdico e cirurgio ingls Henry Hill Hickman. Ele experimentou com sucesso a ao do N2O em animais. Mas amargou dupla recusa para repetir suas experincias em seres humanos, tanto por parte da Royal Society como pela Associao Mdica de Londres. Desiludido, morreu em 1830, com apenas 29 anos, sem conseguir viabilizar a cirurgia sem dor. Alguns anos depois, ao estudar a liquefao dos gases e os lquidos volteis, Michael Faraday (1791-1867), fsico ingls, percebeu que os vapores de ter possuam efeitos inebriantes semelhantes ao do xido nitroso. A constatao foi notificada no Journal of Art and Sciences, contudo mais uma vez passou despercebida pelos meios mdicos. Os cientistas estavam cada vez mais prximos de delimitar um divisor de guas na medicina. Porem, este caminho seria longo e tortuoso, marcado por disputas e frustraes. Nessa poca, eram populares entre a classe cientfica as folias do ter e as festas do gs do riso. Nestas reunies, os participantes entorpeciam-se com essas drogas e saboreavam seus efeitos. Foi depois de vivenciar uma dessas algazarras que o jovem mdico americano Crawford Williamson Long (1815-1878) sentiu na prpria pele os efeitos do ter ao se machucar e no detectar dor alguma. No ano de 1842, na pequena cidade de Jefferson, no estado da Gergia, nos Estado Unidos, o ter foi por ele usado pela primeira vez com propsitos cirrgicos. Em 30 de maro daquele ano, aos 26 anos, Long retirou dois cistos do pescoo do amigo James Venable, aps submet-lo inalao do ter. Para confirmar o feito, posteriormente amputou dois dedos do filho de um escravo. O primeiro sob o efeito de ter e o segundo depois de cessado seu efeito. Como o rapaz s acusou dor na segunda interveno, estava comprovado o poder da anestesia. Em 1846, ele j havia realizado oito cirurgias sem constatao de dor. Em 1844, o dentista Horace Wells, extraiu de si prprio um molar depois de inalar N2O. Confiante, fez uma demonstrao perante professores e estudantes da Faculdade de Medicina de Harvard, em Boston. Na hora decisiva, o estudante que lhe serviu de cobaia apresentou sinais de excitao, entendida pelos observadores como sinais de dor. Para alguns ele retirou o aparelho de inalao muito cedo. Wells foi expulso sob a acusao de impostor. Ao fazer nova tentativa em sua cidade, administrou quantidade excessiva de gs, e o paciente sofreu uma parada respiratria. Desanimado, abdicou da profisso de dentista. Apesar de seu pioneirismo, tanto a contribuio de Long quanto de Wells foram deixadas de escanteio uma vez que aparentemente eles no publicaram suas descobertas. Assim, considera-se como data oficial da introduo da anestesia o dia 16 de outubro de 1846, quando no anfiteatro cirrgico do Hospital Geral de Massachusetts, em Boston, ocorreu a primeira demonstrao pblica com ter, realizada por uma dupla de profissionais: o cirurgio John Collins Warren e o dentista William Thomas Green Morton. O primeiro extirpou o tumor de um jovem de 17 anos, enquanto o segundo aplicou a anestesia por meio de um aparelho inalador por ele idealizado. Curiosamente, a cena deixou de ser documentada porque o fotgrafo sentiu-se mal ao presenciar o ato cirrgico. Contudo o acontecimento foi posteriormente imortalizado em um quadro do pintor Roberto Hinckley, datado de 1882. Morton, porm no revelava a natureza qumica da substncia que utilizava, dando-lhe o nome de letheon (do grego lethe, rio do esquecimento). Com a ajuda e consultoria do mdico Charles Thomas Jackson, ele criou o composto, que nada mais era o ter sulfrico puro misturado com leos aromticos, para disfarar a sua verdadeira natureza e ganhar muito dinheiro com o produto, afirmaram os autores de As dez maiores descobertas da medicina. Pressionado pela Associao Mdica de Boston, teve que revelar a composio da milagrosa poro. At ento, a insensibilidade total durante o ato cirrgico era considerado utpica nos meios acadmicos. Ao trmino da clebre operao que mudou o destino da cirurgia, John Collins Warren preferiu as seguintes palavras: Daqui a muitos sculos, os estudantes viro a este hospital para conhecer o local onde se demonstrou pela primeira vez a mais gloriosa descoberta de cincia. Com o sucesso da experincia, Morton e Jackson disputaram os louros da fama. A briga pelo reconhecimento mobilizou o Congresso Americano e ficou conhecida como Controvrsia do ter. O debate prolongou-se por dcadas no interior de vrias associaes mdicas e odontolgicas. Em 1921, o Colgio Americano de Cirurgies consagrou no final das contas Long como o descobridor da anestesia. Mesmo assim, o dia 16 de outubro de 1846 ainda considerado o marco solene da faanha. Wells, desgostoso e amargurado com seu fracasso, suicidou-se em 1848, aos 33 anos, abrindo uma veia do brao e inalando ter ao mesmo tempo. Morton, empobrecido, desacreditado por Jackson, morreu subitamente em uma via pblica aos 49 anos. Jackson tornou-se alcolatra e terminou seus dias em um hospcio, onde morreu em 1880, aos 75 anos. Long, por sua vez, morreu aos 63 anos, em 1878, de hemorragia cerebral. Como escreveu Fulop Muller, dir-se-ia que uma estranha maldio pairava sobre todos os que consagravam sua vida e sua obra a lutar contra a dor. O substituto do ter, o clorofrmio, foi usado pela primeira vez em 1847, por James Simpson, obstetra francs, em um trabalho de parto. Tal fato suscitou diversos debates mdicos e religiosos uma vez que a dor no parto era visto como um castigo divino. Livres das culpas crists e mais preocupadas com o seu prprio bem-estar, as mulheres acolheram de pronto o clorofrmio. A prpria rainha Vitria solicitou os servios de Simpson, que trouxe ao mundo os prncipes Leopoldo e Beatriz, os dois ltimos filhos da soberana da Inglaterra. Ambos nasceram hemoflicos. Os adversrios do Doutor Clorofrmio acusaram-no de provocar o mal nas crianas, argumentando que uma punio de Deus as havia atingido. O termo anestesia foi cunhado em 1846 pelo escritor americano Oliver Wendel Holmes. Porm, a palavra j existia na lngua grega, tendo sido empregada no sentido de insensibilidade dolorosa, pela primeira vez, por Dioscrides, no sculo I d.C.. A denominao anestesiologias foi criada em 1902, por Seifert. A Inglaterra e os Estados Unidos foram os primeiros paises em que a pratica passou a ser considerada uma especialidade medica independente da cirurgia. A anestesia geral por ter chegou ao Brasil em 1847 e foi praticado no Hospital Militar do Rio de Janeiro pelo medico Roberto Jorge Haddock Lobo. No entanto, o ter foi logo substitudo pelo clorofrmio, empregado, pela primeira vez, por Manuel Feliciano Pereira de Carvalho.
Anestesia Veterinria
O primeiro relato foi feito por Edward Mayhew, em janeiro de 1947,
no qual o autor descreve seus experimentos em ces e gatos com inalao de ter. George H. Dadd, em 1852, foi o primeiro mdico veterinrio a utilizar ter e clorofrmio em procedimentos cirrgicos de forma rotineira. Seu mrito maior, porm, estava em seus conceitos de bem-estar animal, que o levaram a se interessar pela prtica de anestesia muito mais que outro veterinrio da sua poca. Jorge Spitz, mdico veterinrio argentino, incluiu na sua obra Veterinria (1910) o emprego da anestesia, sendo um dos primeiros autores veterinrios a reconhecer a importncia dessa especialidade em um livro, no qual eram dedicadas 31 pginas s descries das tcnicas anestsicas locais da poca, a farmacologia dos principais agentes e a anestesia inalatria em animais de pequeno e grande porte. O autor desenvolveu um equipamento de inalao de animais de grande porte que denominou de inalador de Spitz, empregado durante anos em seu pas. O avano seguinte s foi obtido com a descoberta dos barbitricos no final da dcada de 1920. Em 1941, J.G. Wright publica a primeira edio do Veterinary Anaesthesia, o primeiro livro inteiramente dedicado Anestesiologia Veterinria. Anestesia Veterinria no Brasil
Os primeiros relatos datam da dcada de 1940, E.A. Matera e J.F.
Tabarelli Neto, publicaram trabalhos na Revista da Faculdade de Medicina Veterinria da Universidade de So Paulo. A primeira disciplina de Anestesiologia Veterinria foi criada em 1975 na Faculdade de Medicina Veterinria e Zootecnia UNESP, Botucatu.
Referncias Bibliogrficas
Scientific American Brasil O nascimento da medicina moderna
especial historia da medicina 5. Endiouro, 2005. A assustadora histria da medicina Richard Gordon. Endiouro, 2004 As demais maiores descobertas da medicina. Meyer Friedman e Gerald W. Friedland. Companhia das letras, 2006. Histria da Anestesiologia. Vicent Collins. Guanabara Koogan, 1979 Anestesia em ces e gatos. Fantoni e Cortopassi, editora rocca ltda, 2002.