Restos Do Carnaval
Restos Do Carnaval
Restos Do Carnaval
Restos do carnaval, de
Clarice Lispector
Clarice Lispector
No, no deste ltimo carnaval. Mas no sei por que este me transportou
para a minha infncia e para as quartasfeiras de cinzas nas ruas mortas onde
esvoaavam despojos de serpentina e confete. Uma ou outra beata com um
vu cobrindo a cabea ia igreja, atravessando a rua to extremamente vazia
que se segue ao carnaval. At que viesse o outro ano. E quando a festa ia se
aproximando, como explicar a agitao ntima que me tomava? Como se
enfim o mundo se abrisse de boto que era em grande rosa escarlate. Como
se as ruas e praas do Recife enfim explicassem para que tinham sido feitas.
Como se vozes humanas enfim cantassem a capacidade de prazer que era
secreta em mim. Carnaval era meu, meu.
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