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FICHA DE AVALIAO 1

GRUPO I

Parte A

L o texto.

Porque nos sentimos indispostos quando lemos em viagem?


Quando era criana detestava andar de automvel e ainda hoje existem os tais momentos em que fi-
co simplesmente indisposto. Por exemplo, quando estou sentado no lugar do morto a ler o mapa. Porque
que isso acontece? A doena das viagens ou da movimentao surge em ns por uma confuso dos
sentidos. A par das informaes do nosso sentido visual, so igualmente avaliados no nosso crebro os
dados do nosso rgo de equilbrio, o ouvido, assim como dados relativos sensibilidade corporal e ao
movimento. Quando no seguimos constantemente os movimentos exteriores de forma tica relativa-
mente a pontos fixos estabelecidos, podem surgir relaes de engano na receo dos sinais pelo crebro.
Como num computador, os sinais recebidos so comparados a padres habituais guardados. Os sinais
errneos ou defeituosos no conseguem ser coordenados com nenhum deles e o resultado a ativao
de uma cascata de sintomas: desde a transpirao, a passar pelo bocejo, ao cansao, sonolncia, a estafa,
dores de cabea, o engolir em seco e a to temida vontade de vomitar.
Quando, por exemplo, durante a viagem vamos a ler dentro do automvel, surge um conflito desses:
os olhos que leem emitem o sinal de que est tudo calmo, enquanto o sentido de equilbrio vai regis-
tando as curvas e emite o sinal de que est tudo em movimento. E pronto, a confuso est instalada:
primeiro, o corpo comea a transpirar, no sangue sobe o nvel das hormonas de stresse e, a dada altura,
o estmago que comea a reagir...
Ranga Yogeshwar, Almanaque da Curiosidade, Alfragide, Casa das Letras, 2011
(traduo de Neusa Faustino)

1. Seleciona, para responderes a cada item (1.1 a 1.4), a nica opo que permite obter uma afir-
mao adequada ao sentido do texto.
Escreve o nmero do item e a letra que identifica a opo escolhida
1.1 Quando lemos em viagem, o nosso crebro tem de avaliar
A informaes visuais que esto deturpadas pela nossa sensibilidade corporal e pelo movi-
mento.
B informaes auditivas relacionadas com o equilbrio e que perturbam a leitura.
C dados visuais, informaes do ouvido enquanto rgo do equilbrio e dados relacionados
com a sensibilidade corporal e o movimento.
D dados visuais defeituosos em funo do movimento da cabea.

1.2 O mal-estar que sentimos ao ler num veculo em movimento advm


A de uma confuso de sinais ao nvel dos olhos.
B de uma confuso de sinais que o crebro no coordena.
C de uma confuso entre a viso e o sentido de equilbrio.
D de uma confuso de sinais que o crebro recebe e no consegue coordenar por fugirem
aos padres habituais.
1.3 O crebro comparado a um computador
A. por s executar tarefas preestabelecidas.
B. pela preciso na leitura de dados.
C. por precisar de receber sinais que se enquadrem em padres armazenados.
D. por ter um padro de funcionamento idntico.

1.4 "E pronto, a confuso est instalada". Onde se gerou essa confuso?
A. Foi no estmago.
B. Foi no crebro.
C. Foi nas hormonas.
D. Foi na corrente sangunea.

2. Seleciona a opo que corresponde nica afirmao falsa, de acordo com o sentido do texto.
O texto d-nos informaes sobre
A. uma situao muito vulgar mas de que poucos conhecem a causa.
B. o mal-estar provocado pela leitura dentro de um veculo em movimento.
C. os benefcios de habituar o crebro a novas situaes.
D. a razo das indisposies que podemos sentir ao ler dentro de um carro em movimento.

3. Repara no ttulo do livro (e subttulo) de onde foi transcrito o texto da Parte A.


No ndice, encontramos alguns captulos como: Como originada a antigravidade? Porque que
ao dormir os pssaros no caem dos ramos? Como funcionam os bronzeadores? Como funciona
um airbag? Porque que este livro tem 108 perguntas?
Com base nestas informaes, d a tua opinio sobre o interesse deste Almanaque da Curiosidade.
O teu texto deve ter um mnimo de 70 e um mximo de 120 palavras.

Parte B

L o texto.

O crculo mgico
Quando trabalhava na mesa junto da janela do seu quarto eu ficava sentada sua frente. Dava-me
livros com histrias ou papel e lpis para desenhar. E eu, normalmente irrequieta, no imaginava nada
mais desejvel do que estar ali, em frente dela, silenciosa, atenta.
Olhava-a de soslaio, observava-a com ateno: era pequena para uma mulher adulta. E, no entanto,
que bonita que era! Isso sentia-se mais do que se via. Desprendia-se dela um calor de doura maternal e
excitante que me serenava e me estimulava a fantasia. A maneira como inclinava a cabea, ao de leve,
sobre o ombro direito, acompanhando com os olhos o rpido deslizar do lpis no papel, as mos estrei-
tas de dedos longos, a pele morena de tonalidade quente, tudo isso me encantava. Pressentia que havia
um segredo inerente ao que ela fazia, dizia e era. No mo revelava, recatava-o como os avarentos reca-
tam os tesouros, mas precisamente por isso, por eu saber que o trazia dentro de si, em cada minuto, em
cada segundo, que o evocava quando queria, que o tinha disposio como o ar respirvel, sim, preci-
samente por isso nunca me cansava de estar junto dela e de a contemplar. Por vezes acontecia ela levan-
tar a cabea e, sem me prestar ateno, olhar pela janela para o castanheiro do jardim vizinho, do lado
de l da rua. Ento os olhos cintilavam-lhe como os de uma criana postos na rvore de Natal.
Eu procurava escutar-lhe o ntimo como se escuta uma melodia ao longe, mas no conseguia detetar
coisa alguma. No, no era a frondosa copa do castanheiro que lhe provocava o espanto nos olhos, mas
o segredo com que se enchia de imagens. Nesses momentos, sabendo-a assim, absorta no sonho, admi-
rava-a e invejava-a. Sobretudo invejava-a por me sentir fora do seu mundo, por s ter os meus olhos
quotidianos, por o castanheiro, para mim, no passar de um castanheiro. O sonho maravilhoso perten-
cia-lhe a ela, unicamente a ela, no o partilhava comigo. Despertava-me ento o desejo de conhecer esse
milagre, vivido e sonhado, sempre presente e a pairar sua volta.
Numa tarde de domingo estvamos as duas sozinhas em casa, numa harmonia tranquila tocou a
campainha da porta. Levantei-me para abrir. Era um homem alto, aloirado, que perguntou por ela. Con-
duzi-o sala e, a partir desse momento, no houve frao de segundo que se me no gravasse na mem-
ria: ela a erguer a cabea, a pr os olhos ardentemente negros naquele homem, a empalidecer, a levan-
tar-se da cadeira, dir-se-ia sonmbula ou atordoada, a caminhar sobre o tapete cor de azeitona, p ante
p, a cara iluminada, estendendo-lhe a mo, sem pronunciar um som, e ele, a olh-la, sempre a olh-la,
calado tambm, a tremer ao de leve. Ela indicou-lhe a cadeira, h poucos minutos ainda minha, e senta-
ram-se em frente um do outro. Eu continuava junto da porta, de onde os observava. E embora pareces-
sem esquecidos de mim, na realidade no se tinham esquecido. Era evidente que sem a minha presena
o seu encontro ter-se-ia passado de outra maneira. Mas eu ali estava, junto da porta, de carne e osso,
viva. Moviam-se embaraados e, todavia, a emoo arrebatava-os de tal maneira que eu me tomava um
obstculo irreal: no me viam, pressentiam-me. Em outras condies, quando eu a observava a olhar, de
olhos brilhantes, a copa macia do castanheiro, quando a sabia de ris carregada de imagens maravilho-
sas e ela se esquecia da minha presena, despertava-me o desejo de conhecer o milagre com que sonha-
va e vivia. Invejava-a ento, mas mesmo assim no deixava de me deleitar com a sua ausncia. Agora
tudo era diferente, angustiante. Ela e o desconhecido isolavam-se num crculo mgico onde eu no tinha
entrada. Ficava excluda, criana na neve a olhar para dentro de uma casa iluminada, com gente a aque-
cer-se chama da lareira. Imvel, fiquei onde estava, junto da porta, vendo-os entreolharem-se com tal
espanto como se se descobrissem mutuamente pela primeira vez ou como se cada um lesse no rosto do
outro um maravilhoso conto de fadas. De repente ela chamou-me:
Vem c, meu amor! Anda, senta-te ao p de ns.
Contra a minha vontade sentei-me. Constrangida e sem calor respondi s perguntas que ele me fazia.
Mas depressa voltou a ocupar-se dela. Por vezes ela ria. Riso para mim indito, exuberante e ao mesmo
tempo impaciente, sedutor e repulsivo. Ele, contagiado, ria tambm, e o riso vibrava em todo o seu cor-
po alto, desenvolto. S eu que no ria, nem via razo para rir. Fisicamente perto, enterrada na minha
neve, continuava fora do crculo mgico.

Ilse Losa, Caminhos sem destino, Afrontamento, 1991


Responde, de forma completa e bem estruturada, aos itens que se seguem
4. A estrutura deste texto apresenta dois momentos distintos. Delimita-os.

Primeiro momento
5. "Olhava-a de soslaio, observava-a com ateno: era pequena para uma mulher adulta." Expe os
sentimentos que o narrador/personagem revela em relao "mulher adulta" que observava.
6. De acordo com a perspetiva do narrador, elabora o retrato da "mulher adulta".

Segundo momento
7. Sugere a relao possvel entre o segredo da "mulher adulta" e o "homem alto", que surge numa
tarde de domingo. Justifica as tuas observaes.
8. A personagem/narrador sente que est a mais naquele momento, naquele stio. Interpretando os
seus pensamentos, explica o que a faz sentir-se assim.
9. Define o que , neste contexto, o "crculo mgico".

GRUPO II
Responde aos itens que se seguem, de acordo com as orientaes que te so dadas.
1. "Pressentia que havia um segredo inerente ao que ela fazia, dizia e era."
Reescreve a frase, dando-lhe uma noo de tempo presente.

2. Acrescenta s frases abaixo transcritas uma orao que corresponda ao que se indica entre parn-
teses.
a) "... os olhos cintilavam-lhe..." (subordinada temporal)
b) "... os olhos cintilavam-lhe..." (subordinada concessiva)

3. Faz a correspondncia entre os pronomes sublinhados na coluna A e o nome (ou expresso) que
substituem (coluna B).

COLUNA A COLUNA B
a) "Isso sentia-se mais do que se via" "um homem" 1
b) "no o partilhava comigo" "O sonho maravilhoso" 2
c) "estendendo-lhe a mo" "a pele morena de tonalidade quente" 3
d) "tudo isso me encantava" "homem" 4
e) "Conduzi-o sala" "um segredo" 5
f) "por eu saber que o trazia dentro de si" "seu mundo" 6
"A maneira como inclinava a cabea, ao de leve, sobre o ombro
direito, acompanhando com os olhos o rpido deslizar do lpis no
7
papel, as mos estreitas de dedos longos, a pele morena de tonali-
dade quente"
"bonita" 8

4. "Ela e o desconhecido isolavam-se num crculo mgico." Identifica os elementos sintticos que
constituem esta frase.
GRUPO III

Todos vivemos momentos que, por razes vrias, se tornam inesquecveis.


Elabora um texto em que recordes um momento, uma situao ou um tempo, que para ti tenha sido
"mgico".
O teu texto deve ter um mnimo de 180 e um mximo de 240 palavras.

Observaes relativas ao Grupo III:


1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequncia delimitada por espaos
em branco, mesmo quando esta integre elementos ligados por hfen (exemplo: /di-lo-ei/). Qualquer
nmero conta como uma nica palavra, independentemente dos algarismos que o constituam
(exemplo: /2013/).
2. Relativamente ao desvio dos limites de extenso indicados um mnimo de 180 e um mximo de
240 palavras , h que atender ao seguinte:
um desvio dos limites de extenso requeridos implica uma desvalorizao parcial (at dois
pontos);
um texto com extenso inferior a 60 palavras classificado com 0 (zero) pontos.

COTAES
GRUPO I GRUPO II GRUPO III TOTAL
1.1 2 pontos 1. 5 pontos
1.2 2 pontos 2. 6 pontos
PARTE A

1.3 2 pontos 3. 6 pontos


1.4 2 pontos 4. 3 pontos
2. 2 pontos
3. 5 pontos
4. 2 pontos
5. 5 pontos
PARTE B

6. 6 pontos
7. 4 pontos
8. 8 pontos
9. 10 pontos
50 pontos 20 pontos 30 pontos 100 pontos
PROPOSTA DE CORREO

GRUPO I / Parte A

1.1 (C)
1.2 (B)
1.3 (C)
1.4 (B)
2. (C)
3. Cenrio de resposta
O interesse de encontrarmos informaes, fundamentadas cientificamente, sobre situaes do quotidiano que
conhecemos bem, mas no sabemos como ou porque ocorrem. Exemplo: a situao apresentada no texto.

GRUPO I / parte B

Cenrios de resposta

4. O primeiro termina em pairar sua volta (3. pargrafo). O segundo comea em Numa tarde de domingo
(4. pargrafo) e termina no final do texto.
5. Admirao pela sua beleza, ternura pela sua doura maternal, encantamento pelos seus gestos, pela pessoa
que ela era.
6. A mulher adulta era de estatura pequena, dedos longos, morena. No tem traos fsicos particularmente rele-
vantes, mas apresenta uma caracterstica dominante: muito bonita. A beleza advm-lhe tanto do aspeto fsi-
co, como da sua delicadeza, da sua tranquilidade dos seus gestos suaves e do olhar sonhador.
7. Ele era o segredo que ela guardava, religiosamente. Era nele que ela pensava ao olhar para o castanheiro com
olhos de criana feliz. Sem o afirmar, a narradora d-nos indcios de que a reao da mulher ao receber o
homem alto, revelava o segredo h tanto guardado.
8. Todos os movimentos, gestos, olhares das duas personagens, que a narradora observa atentamente, revelam
que eles h muito sonhavam com aquele momento. Alguma conteno nas suas atitudes deve-se ao facto de
haver algum entre eles. Este um momento em que os dois quereriam estar isolados de tudo e todos.
9. o crculo virtual que envolve dois apaixonados. Parecem estar dentro de um crculo protetor, que os afasta do
mundo que os envolve. Dentro desse espao, s eles existem.

GRUPO II

1. Pressinto que h um segredo inerente ao que ela faz, diz e .

2. a) ... os olhos cintilavam-lhe quando olhava para o castanheiro.


b) ... os olhos cintilavam-lhe embora no visse seno o castanheiro. (exemplos)

3. a) 8; b) 2; c) 4; d) 7; e) 1; f) 5

4.
Ela e o desconhecido sujeito
isolavam-se num crculo mgico predicado
num crculo mgico modificador verbal

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