Alergia GuiaPratico Anafilaxia Final
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Anafilaxia
Departamento de Alergia
Presidente: Emanuel C. S. Sarinho
Secretrio: Herberto Jos Chong Neto
Conselho: Adriana Azoubel Antunes, Antnio Carlos Pastorino, Arnaldo Carlos Porto Neto,
Fabio Chigres Kuschnir, Maria das Graas Nascimento Silva, Marisa Lages Ribeiro
Colaborador: Dirceu Sol
O que Anafilaxia?
A anafilaxia definida como uma reao mul- Em relao aos alimentos, os diferentes fato-
tissistmica grave de incio agudo e potencial- res culturais e scio-econmicos de cada pas
mente fatal, em que alguns ou todos os seguintes (ex: tipo de dieta), ou mesmo entre regies de
sinais e sintomas podem estar presentes: urtic- um mesmo pas, podem influenciar a exposi-
ria, angioedema, comprometimento respiratrio o ao alimento envolvido na reao.
e gastrintestinal e/ou hipotenso arterial. A ocor-
Entre os medicamentos, aqueles de uso mais
rncia de dois ou mais destes sintomas imedia-
frequente, como os antibiticos, especialmen-
tamente aps a exposio ao alrgeno suspeito
te os beta-lactmicos, e os anti-inflamatrios
alerta para o diagnstico e tratamento imediato.
no hormonais (AINH) so as classes mais en-
A ausncia de critrios mais abrangentes leva
volvidas.
sua subnotificao, subdiagnstico e possveis er-
ros ou retardo na instituio da teraputica ade- A frequncia de anafilaxia ao ltex vem au-
quada. O termo ANAFILAXIA deve ser utilizado na mentando e deve-se ter ateno especial para
descrio tanto de casos mais graves acompanha- grupos de risco como os profissionais de sade
dos de choque (colapso cardiovascular), quanto e pacientes com espinha bfida, e para poss-
dos casos mais leves. veis reaes cruzadas com frutas como bana-
na, abacate, kiwi, mamo e outros alimentos
A verdadeira incidncia de anafilaxia des-
como o aipim e o inhame.
conhecida. Apesar disso, publicaes recentes
relatam o aumento da incidncia de anafilaxia O ltex a segunda maior causa de anafilaxia
em diferentes pases como a Austrlia, Reino Uni- perioperatria sendo superado apenas pelos
do e Estados Unidos da Amrica, principalmente relaxantes musculares neste contexto clni-
nas faixas etrias mais jovens sendo os medica- co. Alm destes agentes causais, antibiticos,
mentos e alimentos os principais desencadean- AINH e outras drogas e/ou substncias como
tes apontados. Algumas consideraes merecem coloides e opiceos podem estar envolvidos
destaque: na anafilaxia perioperatria.
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Anafilaxia
Cerca de 2% dos indivduos que recebem ra- 1 Reao aguda, de evoluo rpida (minutos a
diocontrastes inicos de alta osmolaridade horas), com envolvimento de pele/mucosas
podem experimentar algum tipo de reao acompanhada de ao menos um dos seguintes
adversa. Embora a maioria destas reaes seja sintomas: dificuldade respiratria (por edema
leve, podem ocorrer reaes fatais. Estas rea- larngeo ou broncoespasmo) e hipotenso ar-
es so muito menos freqentes com a utili- terial (lipotmia, sncope ou choque)
zao de contrastes no-inicos de baixa os-
Outros dois critrios adicionais devem ser con-
molaridade.
siderados quando ocorre exposio a um alr-
O exerccio fsico isoladamente ou associado geno previamente suspeito para o paciente:
a alimentos (camaro, ma, aipo e trigo) tem 2 Reao aguda com envolvimento de dois ou
sido relatado como causa de anafilaxia. mais dos seguintes: pele/mucosas: prurido/
No Brasil, inqurito direcionado a alergologis- flush/urticria e/ou angioedema / dificuldade
tas apontou como principais agentes causais respiratria / hipotenso arterial / sintomas
de anafilaxia os medicamentos (AINH, antibi- gastrintestinais persistentes
ticos) seguido dos alimentos (leite de vaca e 3 Reduo da presso arterial (PA): em crian-
clara de ovo entre lactentes e pr-escolares, as PA baixa para a idade, ou queda de 30%
crustceos entre crianas maiores, adolescen- na PA sistlica. Em adolescentes e adultos:
tes e adultos) e picadas de insetos (formigas PA < 90 mmHg ou queda > 30% na PA sistlica.
de fogo, abelhas e vespas). Em cerca de 10%
dos casos no houve identificao do agente O espectro das manifestaes clnicas com-
etiolgico (anafilaxia idioptica). preende desde reaes leves at graves e fatais.
O incio geralmente sbito, podendo atingir
vrios rgos. Os sintomas iniciais ocorrem em
Como fazer o diagnstico? segundos/minutos at horas aps a exposio ao
agente causal. importante ressaltar que reaes
Recentemente a World Allergy Organization bifsicas podem ocorrer de 8 a 12 h em at 10%
definiu critrios clnicos relacionados alta pro- dos casos. Os principais sintomas e sua ordem
babilidade diagnstica de anafilaxia em pacien- de freqncia so descritos no quadro a seguir
tes adultos e peditricos: (QUADRO 1)
1
FREQUNCIA (%)
Cutneos 90
Urticria e angioedema (mais comumente em lbios e olhos) 85-90
Erupo cutnea (rash, eritema) 45-55
Prurido sem rash 2-5
Respiratrios 40-60
Dispneia, sibilos, tosse* 45-50
Edema de laringe (edema de glote) 50-60
Espirros, coriza, obstruo, prurido nasal e/ou ocular acompanhados ou no de hiperemia 15-20
conjuntival e lacrimejamento.)
*Tosse e rouquido podem preceder a obstruo das vias areas
Cardiovascular 30-35
Taquicardia, tontura, sncope, dor precordial, hipotenso arterial, choque
Digestrios 25-30
Nuseas, vmitos, diarreia, clicas
Miscelnea
Cefaleia 5-8
Convulso 1-2
Outros: incontinncia urinria, clicas uterinas, gosto metlico, sensao de morte iminente,
desorientao.
1 Baseado em compilao de 1784 casos (Adaptado da referncia 4)
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ANAFILAXIA
CLASSIFICAO
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Anafilaxia
Manter sinais vitais Checar A (vias areas), Manter posio adequada (decbito dorsal
B (respirao), C (circulao) com MMII elevados).
e M (mente - sensrio) Levantar-se ou sentar-se subitamente esto
associados a desfechos fatais (sndrome
do ventrculo vazio).
Oxignio (O2) Sob cnula nasal ou mscara Manter saturao de O2. Se Sat O2< 95%,
h necessidade de mais de uma dose de
adrenalina
Continua...
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... continuao
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Anafilaxia
mesmo efeito. Nestes casos, o ideal utilizar Fornecer plano de ao para exacerbaes,
glucagon: 5-15 g/minuto EV (infuso cont- contendo informaes escritas em linguagem
nua). clara, orientaes de conduta, nome e dose
dos medicamentos.
Em geral os agentes causais, tanto alimentos,
como medicamentos ou outras substncias, Paciente: dever portar identificao com as
so aqueles aos quais o paciente j teve ex- seguintes informaes: diagnstico, telefone
posies anteriores (sejam elas evidentes ou de contato e plano de ao.
ocultas (ex: presena de derivados do leite A escola deve ser notificada sobre o risco de
em alimentos industrializados sem rotulagem anafilaxia e dos possveis fatores a serem evi-
adequada). tados e sobre medidas a tomar em caso de
emergncia.
Alm das medidas preventivas gerais j cita-
Orientaes aps a alta hospitalar
das, familiares, cuidadores e pacientes devem
ser orientados quanto a medidas mais espe-
Em funo de sua natureza aguda, as reaes cficas:
anafilticas em geral so atendidas pelo pediatra
nos setores de emergncia hospitalar. Na ocasio Orientao para aquisio de dispositivo
da alta, os familiares e o paciente devem receber autoinjetor de adrenalina, bem como da se-
orientao e prescrio dos medicamentos neces- gurana do seu uso face ao risco da reao
srios para continuidade imediata do tratamento. anafiltica (FIGURA 2).
Como prevenir?
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1. Simon GA, Brown SGA, Kemp SF, Lieberman PL. 5. Dhami S, Panesar SS, Roberts G, Muraro A,
Anaphylaxis. in: Adkinson Jr. NF, Bochner BS, Worm M, Bil MB and EAACI Food Allergy and
Busse WW, Holgate ST, Lemanske Jr RF, Simons Anaphylaxis Guidelines Group. Management
FER (eds.) Middletons allergy: principles and of anaphylaxis: a systematic review. Allergy
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M, Joaquina Correia J C et al. Anafilaxia no
Brasil Levantamento da ASBAI. Rev Bras Alerg 7. Sol D, Ivancevich JC, Borges MS, Coelho
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Trinio 2016/2018