Axiomas e Indução PDF
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PET Matematica
7 de marco de 2017
1 Os Axiomas de Peano
Partindo-se de tres axiomas (fatos basicos), e possvel construir todo o conjunto dos numeros naturais N, com todas as
propriedades usuais, i.e., as propriedades que ja admitimos quando trabalhamos com os naturais. Esses axiomas sao chamados
de Axiomas de Peano, em homenagem ao matematico italiano Giuseppe Peano (1858-1932). Sao eles:
1. Existe um conjunto N e uma funcao injetiva s : N N, que associa a cada n N seu sucessor s(n).
2. Existe um unico elemento em N, chamado 1 (le-se um), tal que 1 6= s(n), n N.
3. Se um subconjunto X N e tal que 1 X, e, para todo n X, temos s(n) X, entao X = N.
O ultimo axioma e chamado Princpio da Inducao Matematica. Ele e utilizado para demonstrar enunciados envolvendo
os numeros naturais, e e uma ferramenta bastante util em provas formais em geral.
Observacao 1: Note que o enunciado do axioma 3 fala em s(n), ou seja, o sucessor de n. Em uma construcao formal de
N, e necessario provar que s(n) = n+1. Porem, aqui trataremos este fato como verdadeiro, sem necessidade de demonstracao.
Observacao 2: O enunciado do axioma 3 pode mudar dependendo da area da Matematica na qual esta sendo empre-
gado. Ao inves de 1, podemos ter 0 como elemento em N que nao e sucessor de nenhum natural. A Analise Matematica
adota o 1, por exemplo, enquanto a Algebra Abstrata prescinde do 0, por questoes de formalizacao. Aqui adotaremos a forma
ja enunciada.
A inducao pode ser pensada como um jogo de enfileirar dominos. Como podemos ter certeza que uma fileira de dominos
inteira ira cair? E simples: primeiro, nos certificamos que o primeiro caira; alem disso, se soubermos que quando um domino
cai, seu sucessor sempre cai, entao toda a fileira ira cair. A ideia a ser empregada nas demonstracoes e que, se a propriedade
vale para 1 e, admitindo que ela vale para um n qualquer, conseguimos mostrar que ela vale para n + 1, entao a propriedade
vale para todos os naturais. O passo em que mostramos que vale para 1 chama-se caso base; o fato que admitimos como
verdadeiro para um n qualquer chama-se hipotese de inducao. Ilustremos com o seguinte exemplo:
Exemplo 1. Provemos usando inducao que, n N, temos 1 + 2 + 3 + ... + n = n(n+1) 2 . De fato, temos que vale para n = 1,
1(1+1) n(n+1)
pois 1 = 2 ; esse e o caso base. Agora, supomos que vale 1 + 2 + 3 + ... + n = 2 (hipotese de inducao), e temos
que demonstrar que vale para n = n + 1. Ora, 1 + 2 + ... + (n + 1) = 1 + 2 + ... + n + (n + 1) = n(n+1)
2 + (n + 1) = (n+1)(n+2)
2 .
Logo, a propriedade vale tambem para n + 1, e pelo P.I.M., a igualdade vale para todos os naturais.
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2.1 Exerccios
a) 1 + 3 + 5 + ... + 2n 1 = n2
b) 4 + 8 + 12 + ... + 4n = 2n(n + 1)
Solucao
Se n=1, o Rei possui 3 moedas de ouro. Para descobrir qual e a falsa, basta fazer uma pesagem: pesando quaisquer
duas das tres moedas, se elas tiverem o mesmo peso, a restante e a falsa; caso uma das duas seja mais leve, ela e a falsa.
Agora suponha que com n pesagens conseguimos determinar qual e a moeda falsa dentre 3n moedas. Se tivermos 3n+1
moedas, podemos dividir em 3 grupos de 3n moedas; fazemos uma pesagem (caso base) entre cada um desses grupos e
descobrimos qual o mais leve. Logo depois, identificado o mais leve, fazemos n pesagens pra achar a moeda falsa (hipotese
de inducao). Portanto, ao final do processo fizemos n + 1 pesagens, e o problema foi verificado.
Solucao
Se n = 1, temos um disco e basta movermos ele de uma haste para outra (21 1 = 1 movimento). Caso seja n = 2,
movemos um dos discos para uma haste, o outro disco para a outra haste, e depois o primeiro disco em cima do segundo
(22 1 = 3 movimentos). Agora suponha que a Torre seja soluvel com n discos, sendo necessario um mnimo de 2n 1
movimentos. Assim, se tivermos n+1 discos, levaremos 2n 1 para passar os n primeiros discos para outra haste; em seguida,
um movimento para passar o ultimo disco para a outra haste, e por fim, mais 2n 1 movimentos para colocar os n discos
em cima do ultimo. No total, temos (2n 1) 2 + 1 = 2n+1 1. Logo, pelo P.I.M., o problema foi verificado.
Referencias
[1] DE OLIVEIRA SANTOS, Jose Plnio. Introducao a Teoria dos Numeros. IMPA, 1998.
[2] FERREIRA, Jamil. A Construcao dos Numeros. Rio de Janeiro: SBM, 2013.
[3] LIMA, Elon Lages. Analise Real de Funcoes de Uma Variavel, v. 1. Rio de Janeiro: IMPA, 2012.
[4] PEREIRA, Paulo Cesar Antunes. O Princpio da Inducao Finita - Uma Abordagem no Ensino Medio. Diss. de
mestrado. IMPA, 2013.