Análise Na Reta (Jorge Delgado - Katia Frensel)
Análise Na Reta (Jorge Delgado - Katia Frensel)
Análise Na Reta (Jorge Delgado - Katia Frensel)
E obvio que 1 X, pois, caso contr ario, existiria algum n umero natural
n X tal que n < 1.
Suponha que n X. Vamos provar que n +1 X.
De fato, se n +1 X, existe p
0
< n +1 tal que p
0
X.
Seja A = {q N| q < n +1 e q X}.
Ent ao, como A = , A possui um menor elemento q
0
A, ou seja,
q
0
< n +1 e q
0
X.
Se p < q
0
, temos que p X, j a que p < q
0
< n + 1 e q
0
e o menor
elemento n ao pertencente a X com esta propriedade.
Logo, como p < q
0
implica que p X, temos, pela hip otese, que q
0
X,
o que e uma contradic ao.
Assim, se n X, temos que n +1 X.
Ent ao, pelo Primeiro Princpio de Induc ao, X = N.
Outra demonstrac ao.
Seja A = N X. Se X = N, ent ao A = .
Pelo Princpio da Boa Ordenac ao, existe p A tal que p n para todo
n A.
Assim, se q < p, temos que q A, ou seja q X. Pela hip otese, p X, o
que e uma contradic ao. Logo, X = N.
J. Delgado - K. Frensel 12
Conjuntos nitos e innitos
2. Conjuntos nitos e innitos
Denic ao 2.1 Seja I
n
= {p N| 1 p n} = {1, 2, . . . n}.
Um conjunto X chama-se nito quando e vazio ou quando existe uma
bijec ao : I
n
X, para algum n N.
No primeiro caso dizemos que X tem zero elementos, e no segundo caso,
dizemos que X tem n elementos.
Observac ao 2.1 Intuitivamente, uma bijec ao : I
n
X signica uma
contagem dos elementos de X.
Pondo (1) = x
1
, (2) = x
2
,. . . ,(n) = x
n
, temos X = {x
1
, x
2
, . . . , x
n
} .
Observac ao 2.2
Cada conjunto I
n
e nito e possui n elementos.
Se f : X Y e uma bijec ao, ent ao X e nito se, e s o se, Y e nito.
Para vericar que o n umero de elementos de um conjunto est a bem
denido, devemos provar que se existem duas bijec oes : I
n
X e
: I
m
X, ent ao n = m.
Considerando a func ao f =
1
: I
n
I
m
, basta provar que se
existe uma bijec ao f : I
n
I
m
, ent ao m = n. Podemos supor, tamb em,
que m n, ou seja I
m
I
n
.
Teorema 2.1 Seja A I
n
um subconjunto n ao vazio. Se existe uma
bijec ao f : I
n
A, ent ao A = I
n
.
Prova.
Provaremos o resultado por induc ao em n.
Se n = 1, I
1
= {1} e A {1}.
Logo A = {1} = I
1
.
Suponhamos que o teorema seja v alido para n e consideremos uma bijec ao
f : I
n+1
A.
A restric ao de f a I
n
fornece uma bijec ao f
: I
n
A {f(n + 1)}. Se
A{f(n+1)} I
n
, temos, pela hip otese de induc ao, que A{f(n+1)} = I
n
.
Instituto de Matem atica - UFF 13
An alise na Reta
Ent ao, f(n +1) = n +1 e A = I
n+1
.
Se, por em, A {f(n +1)} I
n
, ent ao n +1 A {f(n +1)}. Neste caso,
existe p I
n
tal que f(p) = n +1, e f(n +1) = q I
n
.
Denimos, ent ao, uma nova bijec ao g : I
n+1
A pondo g(x) = f(x) se
x = p e x = n +1, g(p) = q e g(n +1) = n +1.
Agora, a restric ao de g a I
n
nos d a uma bijec ao g
: I
n
A {n + 1}.
Como A{n+1} I
n
, temos, pela hip otese de induc ao, que A{n+1} =
I
n
, ou seja A = I
n+1
.
: A Y.
X
f
Y
I
n
g
A
A composta g = (
)
1
f : I
n
A seria ent ao uma bijec ao de I
n
sobre sua parte pr opria A, o que e uma contradic ao pelo teorema anterior.
Logo, n ao existe a bijec ao f : X Y.
J. Delgado - K. Frensel 14
Conjuntos nitos e innitos
Teorema 2.2 Se X e um conjunto nito ent ao todo subconjunto Y X e
nito. Al em disso, o n umero de elementos de Y e menor do que ou igual
a o n umero de elementos de X e e igual se, e somente se, Y = X.
Designaremos por #(A) o n umero
de elementos de um conjunto A.
Prova.
Seja f : I
n
X uma bijec ao e seja f
: A Y a restric ao de f a
A = f
1
(Y) I
n
.
Se provarmos que A e nito, que #(A) e menor do que ou igual a n e e
igual a n se, e somente se, A = I
n
, teremos que Y e nito, que #(Y) = #(A)
e menor do que ou igual a #(I
n
) = #(X), e e igual se, e somente se A = I
n
,
ou seja, se, e somente se, Y = X.
Basta, ent ao, provar o teorema no caso em que X = I
n
.
Se n = 1, ent ao Y = ou Y = {1}.
Assim, #(Y) 1 e #(Y) = 1 se, e s o se, Y = {1} = I
1
.
Suponhamos que o teorema seja v alido para I
n
e consideremos um sub-
conjunto Y I
n+1
.
Se n + 1 Y, ent ao Y I
n
. Logo, pela hip otese de induc ao, Y e um
conjunto nito com #(Y) n e, portanto, #(Y) < n +1.
Se, por em, n +1 Y, temos que Y {n +1} I
n
. Logo, Y {n +1} e um
conjunto nito com p elementos, onde p n.
Se Y {n +1} = , existe uma bijec ao : I
p
Y {n +1}.
Denimos, ent ao, a bijec ao : I
p+1
Y pondo (x) = (x) para x I
p
e (p +1) = n +1.
Segue-se que Y e nito e que #(Y) = p +1 n +1.
Resta, agora, mostrar que se Y I
n
tem n elementos ent ao Y = I
n
.
Se #(Y) = n, existe uma bijec ao f : I
n
Y.
Como Y I
n
temos, pelo Teorema 1.4, que Y = I
n
.
)
ent ao y = y
, ou seja, f e injetiva.
Ent ao, pelo corol ario anterior, Y e um conjunto nito e o seu n umero de
elementos n ao excede o de X.
Observac ao 2.3 Como consequ encia dos fatos provados acima para
conjuntos nitos, segue que:
se X e innito e f : X Y e injetiva, ent ao Y e innito.
J. Delgado - K. Frensel 16
Conjuntos nitos e innitos
se Y e innito e f : X Y e sobrejetiva, ent ao X e innito.
Segue da observac ao ao lado
que os conjuntos Z e Q, dos
n umeros inteiros e dos n umeros
racionais, respectivamente, s ao
innitos, pois ambos cont em N.
se X admite uma bijec ao sobre uma de suas partes pr oprias, ent ao X e
innito.
Denic ao 2.3 Um conjunto X N e limitado se existe p N tal que
n p para todo n X.
Teorema 2.3 Seja X N n ao-vazio. As seguintes armac oes s ao equi-
valentes:
(a) X e nito;
(b) X e limitado;
(c) X possui um maior elemento.
Prova.
(a)=(b) Seja X = {x
1
, . . . , x
n
} e seja a = x
1
+ . . . + x
n
. Ent ao a > x
i
para todo i = 1, . . . , n, ou seja, X e limitado.
(b)=(c) Como X e limitado, existe a N tal que a n para todo n X.
Ent ao, o conjunto
A = {p N| p n n X}
e n ao-vazio. Pelo Princpio da Boa Ordenac ao, existe p
0
A que e o
menor elemento de A.
Se p
0
X, temos que p
0
> n n X e p
0
> 1, pois X = .
Logo, existe q
0
N tal que p
0
= 1 +q
0
.
Assim, p
0
n + 1 n X, ou seja, q
0
+ 1 n + 1 n X. Ent ao q
0
n
n X, ou seja, q
0
A, o que e absurdo, pois q
0
< p
0
e p
0
e o menor
elemento de A.
Logo, p
0
X e p
0
n n X, ou seja, p
0
e o maior elemento de X.
(c)=(a) Seja p o maior elemento de X. Ent ao, p X e p n n X.
Logo, X I
p
e e, portanto, nito.
J. Delgado - K. Frensel 18
Conjuntos nitos e innitos
Corol ario 2.7 SejamX
1
, . . . , X
k
conjuntos nitos comn
1
, . . . , n
k
elemen-
tos respectivamente. Ent ao o produto cartesiano X
1
. . . X
k
e nito e
possui n
1
. . . n
k
elementos.
Prova.
Basta provar o corol ario para k = 2, pois o caso geral segue por induc ao
em k.
Sejam X e Y conjuntos nitos com m e n elementos, respectivamente.
Se Y = {y
1
, . . . , y
n
}, ent ao X Y = X
1
. . . X
n
, onde X
i
= X {y
i
},
i = 1, . . . , n.
Como X
1
, . . . , X
n
s ao disjuntos dois a dois e todos possuem m elementos,
temos que X Y e nito e possui m n elementos.
1
: N P
n
1
(n) = 2 n
e
2
: N I
n
2
(n) = 2 n 1
s ao bijec oes.
Corol ario 3.1 Um conjunto X e innito se, e somente se, existe uma
bijec ao f : X Y de X sobre uma parte pr opria Y X.
Prova.
Se uma tal bijec ao existir, pelo corol ario 2.2, X n ao e nito.
Reciprocamente, se X e innito, X cont em um subconjunto innito enu-
mer avel A = {a
1
, . . . , a
n
, . . .}.
Seja Y = (X A) {a
2
, a
4
, . . . , a
2n
, . . .}.
Ent ao Y e uma parte pr opria de X, pois
X Y = {a
1
, a
3
, . . . , a
2n1
, . . .}.
Al em disso, a func ao f : X Y denida por f(x) = x se x X A e
f(a
n
) = a
2n
, n N, e uma bijec ao de X sobre Y.
=Z {0}.
Prova.
Sabemos que Q =
_
p
q
p Z e q Z
_
, e que Z Z
e enumer avel.
Como a func ao f : Z Z
_
n=1
X
n
e enumer avel. Ou seja, uma reuni ao enumer avel de
conjuntos enumer aveis e enumer avel.
Prova.
Tomemos, para cada m N, uma func ao f
m
: N X
m
sobrejetiva, e
denamos a func ao f : N N X pondo f(m, n) = f
m
(n). Como f e
sobrejetiva e N N e enumer avel, tem-se que X e enumer avel.
n=1
X
n
de uma seq u encia
de conjuntos enumer aveis e enumer avel.
Instituto de Matem atica - UFF 23
An alise na Reta
4. Conjuntos n ao-enumer aveis
Veremos, agora, que existem conjuntos n ao-enumer aveis. Mais ge-
ralmente, mostraremos que, dado qualquer conjunto X, existe sempre um
conjunto cujo n umero cardinal e maior do que o de X.
Ao lado, estamos designando
card(X) o n umero cardinal do
conjunto X. Quando X e um con-
junto nito, card(X) e o n umero
de elementos de X, que anterior-
mente designamos #(X).
N ao vamos denir o que e o n umero cardinal de um conjunto. Diremos,
apenas, que card(X) = card(Y) se, e somente se, existe uma bijec ao
f : X Y.
Assim, dois conjuntos nitos t em o mesmo n umero cardinal, se, e so-
mente se, t em o mesmo n umero de elementos. E se X e innito enu-
mer avel, ent ao card(X) = card(N) e card(Y) = card(X) se, e somente se,
Y e innito enumer avel.
Dados os conjuntos X e Y, diremos que card(X) < card(Y) quando existir
uma func ao injetiva f : X Y, mas n ao existir uma func ao sobrejetiva
g : X Y.
Como todo conjunto X innito cont em um subconjunto enumer avel, tem-
se que card(N) card(X), ou seja, o n umero cardinal de um conjunto
innito enumer avel e o menor dos n umeros cardinais dos conjuntos inni-
tos.
Dados dois conjuntos A e B quaisquer, vale uma e somente uma, das
seguintes alternativas:
card(A) = card(B) , card(A) < card(B) , ou card(B) < card(A) .
Se existirem uma func ao injetiva f : A B e uma func ao injetiva
g : B A, existir a tamb em uma bijec ao h : A B.
Para ver as demonstrac oes dos
fatos citados ao lado e obter mais
informac oes sobre n umeros car-
dinais de conjuntos, veja o livro:
Teoria Ing enua dos Conjuntos de
Paul Halmos.
Teorema 4.1 (Teorema de Cantor)
Sejam X um conjunto arbitr ario e Y um conjunto contendo pelo menos dois
elementos. Ent ao, nenhuma func ao : X F(X; Y) e sobrejetiva.
Prova.
Seja : X F(X; Y) uma func ao e seja
x
: X Y o valor da func ao
no ponto x X.
Construiremos uma func ao f : X Y tal que f =
x
para todo x X.
J. Delgado - K. Frensel 24
Conjuntos n ao-enumer aveis
Para cada x X, seja f(x) Y tal que f(x) =
x
(x), o que e possvel, pois
Y tem pelo menos dois elementos.
Assim, f =
x
para todo x X, pois f(x) =
x
(x) para todo x X.
Logo, f (X), ou seja, n ao e sobrejetiva.
i=1
X
i
n ao e enumer avel.
Prova.
Basta considerar o caso em que todos os X
n
s ao iguais a N. De fato,
para cada n N, existe uma bijec ao f
n
: N X
n
. Ent ao, a func ao
F :
i=1
N
i
i=1
X
i
(x
1
, x
2
, . . . , x
n
, . . .) (f
1
(x
1
), f
2
(x
2
), . . . , f
n
(x
n
), . . .) ,
e uma bijec ao, onde N
i
= N, para todo i N. Como a func ao
H :
i=1
N
i
F(N; N)
x = (x
1
, . . . , x
n
, . . .)
h
x
: N N
i x
i
e uma bijec ao e F(N; N) n ao e enumer avel pelo teorema anterior, o con-
junto
i=1
N
i
n ao e enumer avel.
X
: A {0, 1}
x
X
(x) =
_
_
_
1, se x X
0, se x X
A func ao
: P(A) F(A; {0, 1})
X
X
e uma bijec ao, cuja inversa associa a cada func ao f : A {0, 1} o con-
junto X dos pontos x A tais que f(x) = 1.
Como {0, 1} tem dois elementos, segue-se do teorema 4.1 que ne-
nhuma func ao : A F(A, {0, 1}) e sobrejetiva. Logo, nenhuma
J. Delgado - K. Frensel 26
Conjuntos n ao-enumer aveis
func ao : A P(A) e sobrejetiva. Mas existe uma func ao injetiva
f : A P(A) denida por f(x) = {x}.
Ent ao, card(A) < card(P(A)) para todo conjunto A.
No caso particular em que A = N, temos que
card(N) < card(P(N))
ou seja, P(N) n ao e enumer avel.
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J. Delgado - K. Frensel 28
Parte 2
O conjunto dos n umeros reais
Neste captulo, adotaremos o m etodo axiom atico para apresentar os
n umeros reais. Isto e, faremos uma lista dos axiomas que apresentam o
conjunto R dos n umeros reais como um corpo ordenado completo.
Mas surge, naturalmente, uma pergunta: Existe um corpo ordenado
completo? Ou melhor: partindo dos n umeros naturais, seria possvel, por
meio de extens oes sucessivas do conceito de n umero, chegar ` a construc ao
dos n umeros reais? A resposta e armativa e a passagem crucial e dos
racionais para os reais. Por exemplo: Dedekind construiu o conjunto dos
n umeros reais por meio de cortes (de Dedekind), cujos elementos s ao
colec oes de n umeros racionais; e Cantor obteve um corpo ordenado com-
pleto cujos elementos s ao as classes de equival encia de seq u encias de
Cauchy de n umeros racionais.
Provada a exist encia, surge uma outra pergunta relevante: ser a que
existem dois corpos ordenados completos com propriedades diferentes?
A resposta e negativa, ou seja, dois corpos ordenados completos diferem
apenas pela natureza de seus elementos, mas n ao pela maneira como os
elementos se comportam. A maneira adequada de responder a quest ao
da unicidade e a seguinte: Dados K e L corpos ordenados completos,
existe um unico isomorsmo f : K L, ou seja, existe uma unica bijec ao
f : K L tal que f(x+y) = f(x)+f(y) e f(x y) = f(x) f(y). Como, al em
disso, o fato de f preservar a soma implica que x < y f(x) < f(y),
K e L s ao indistinguveis no que diz respeito as propriedades de corpos
ordenados completos (ver exerccios 55 e 56).
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J. Delgado - K. Frensel 30
Corpos
1. Corpos
Um corpo e um conjunto K munido de duas operac oes:
Adic ao + : KK K
(x, y) x +y
Multiplicac ao : KK K
(x, y) x y,
que satisfazem as seguintes condic oes, chamadas axiomas de corpo:
Axiomas de corpo para a adic ao:
(1) Associatividade: (x +y) +z = x + (y +z) , para todos x, y, z K.
(2) Comutatividade: x +y = y +x , para todos x, y K.
(3) Elemento neutro: existe um elemento designado 0 K e chamado
zero, tal que x +0 = x, para todo x K.
(4) Sim etrico: para todo x K existe um elemento designado x K e
chamado o sim etrico de x, tal que x + (x) = 0.
Observac ao 1.1
0 +x = x e (x) +x = 0 , para todo x K.
A soma x + (y) ser a indicada
apenas por x y e chamada
a diferenca entre x e y. A
operac ao (x,y) xychama-
se subtrac ao.
x y = z se, e s o se, x = y +z. De fato,
x y = z x + (y) = z x + (y) +y = z +y
x +0 = y +z x = y +z .
O zero e unico, ou seja, se x + = x para todo x K, ent ao = 0. De
fato,
x + = x = x x = 0 .
Todo x K possui apenas um sim etrico. De fato,
x +y = 0 =y = 0 + (x) = x .
(x) = x , pois (x) +x = 0 .
Lei de cancelamento: x +z = y +z =x = y. De fato,
x +z + (z) = y +z + (z) =x +0 = y +0 =x = y.
Axiomas de corpo para a multiplicac ao:
(5) Associatividade: (x y) z = x (y z) , para todos x, y, z K.
(6) Comutatividade: x y = y x , para todos x, y K.
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An alise na Reta
(7) Elemento neutro: existe um elemento designado 1 K {0} e cha-
mado um, tal que x 1 = x, para todo x K.
(8) Inverso multiplicativo: para todo x K {0} existe um elemento
designado x
1
K e chamado o inverso de x, tal que x x
1
= 1.
Observac ao 1.2
x 1 = 1 x = x para todo x K.
x x
1
= x
1
x = 1 para todo x K {0}.
Dados x, y K, com y = 0, escrevemos x y
1
=
x
y
. A operac ao
(x, y)
x
y
, x K, y K {0}, chama-se divis ao e o n umero
x
y
e o
quociente de x por y.
A multiplicac ao de x por y
ser a designada, tamb em, pela
justaposic ao xy.
Se y = 0,
x
y
= z x = yz. De fato,
x
y
= z (xy
1
)y = zy x(y
1
y) = yz x 1 = yz x = yz .
Lei de Cancelamento: se xz = yz e z = 0, ent ao x = y.
Se xy = x para todo x K, ent ao, tomando x = 1, temos y = 1. Isto
prova a unicidade do elemento neutro multiplicativo 1.
Seja xy = x. Se x = 0, pela lei de cancelamento, temos que y = 1.
Se x = 0, y pode ser qualquer elemento de K, pois, como provaremos
depois, 0 y = 0 para todo y K.
se xy = 1, ent ao, como veremos depois, x = 0 e y = 0. Logo,
xy = 1 =x
1
1 = x
1
(xy) = (x
1
x) y = 1 y =y = x
1
.
Isso prova a unicidade do elemento inverso multiplicativo de x.
Por m, as operac oes de adic ao e multiplicac ao numcorpo Kacham-
se relacionadas pelo axioma:
(9) Distributividade: x(y+z) = xy+xz quaisquer que sejamx, y, z K.
Observac ao 1.3
(x +y) z = x z +y z para todos x, y, z K.
x 0 = 0 para todo x K. De fato,
x 0 +x = x 0 +x 1 = x (0 +1) = x 1 = x ,
J. Delgado - K. Frensel 32
Exemplos de corpos
logo, x 0 = 0.
se x y = 0 ent ao x = 0 ou y = 0. De fato, se x = 0, ent ao x
1
(x y) =
x
1
0. Logo, y = 0.
Assim, se x = 0 e y = 0, ent ao x y = 0.
Regras dos sinais: (x) y = x (y) = (x y) e (x) (y) = x y.
De fato, temos que (x) y + x y = (x + x) y = 0 y = 0, ou seja,
(x)y = (xy). Analogamente, podemos vericar que x(y) = (xy).
Logo,
(x) (y) = (x (y)) = ((x y)) = x y.
Em particular, (1) (1) = 1.
2. Exemplos de corpos
Exemplo 2.1 O conjunto Q dos n umeros racionais, com as operac oes
p
q
+
p
=
pq
+p
q
qq
e
p
q
p
=
p p
q q
, e um corpo.
De fato, lembrando que
p
q
=
p
pq
= p
=
p
1
q
1
. Ent ao
p
q
+
p
=
pq
+p
q
qq
=
p
1
q
1
+p
1
q
1
q
1
q
1
=
p
1
q
1
+
p
1
q
1
, pois, como pq
1
= p
1
q e
p
1
= p
1
q
, segue-se que
(pq
+p
q)(q
1
q
1
) = pq
q
1
q
1
+p
qq
1
q
1
= (pq
1
)(q
1
) + (p
1
)(qq
1
)
= p
1
qq
1
+p
1
q
qq
1
= (p
1
q
1
+p
1
q
1
)(qq
) .
p
q
p
=
pp
=
p
1
p
1
q
1
q
1
=
p
1
q
1
1
q
1
, pois
(pp
)(q
1
q
1
) = p
1
qp
1
q
= (p
1
p
1
)(qq
) .
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An alise na Reta
O elemento neutro da adic ao e
0
p
, para todo p
= 0, pois
p
q
+
0
p
=
pp
+0q
qp
=
pp
qp
=
p
q
.
O elemento neutro da multiplicac ao e
1
1
=
p
, p
, pois
p
q
1
1
=
p 1
q 1
=
p
q
.
seja
p
q
Q. Ent ao
p
q
e o sim etrico de
p
q
, pois
p
q
+
p
q
=
p q + (p) q
q q
=
0
q q
= 0.
Seja
p
q
Q, com p = 0. Ent ao
q
p
e inverso de
p
q
, pois
p
q
q
p
=
p q
q p
= 1.
, y
) = (x +x
, y +y
)
(x, y) (x
, y
) = (xx
yy
, xy
+x
y) ,
De fato, a comutatividade e a associatividade da adic ao seguem-se direto
do fato que Q e um corpo.
O elemento neutro da adic ao e (0, 0) e o sim etrico de (x, y) e (x, y).
A comutatividade da multiplicac ao sai direto da denic ao e da comutativi-
dade da multiplicac ao de n umeros racionais.
J. Delgado - K. Frensel 34
Exemplos de corpos
O elemento neutro da multiplicac ao e (1, 0), pois
(x, y) (1, 0) = (x 1 y 0, x 0 +1 y) = (x, y) .
O inverso multiplicativo de (x, y) = (0, 0) e
_
x
x
2
+y
2
,
y
x
2
+y
2
_
, pois
x
2
+y
2
= 0 e
(x, y)
_
x
x
2
+y
2
,
y
x
2
+y
2
_
=
_
x
2
x
2
+y
2
+
y
2
x
2
+y
2
,
xy
x
2
+y
2
+
xy
x
2
+y
2
_
=
_
x
2
+y
2
x
2
+y
2
,
0
x
2
+y
2
_
= (1, 0)
Exerccio 3: Vericar a proprie-
dade associativa da multiplicac ao
e propriedade distributiva das
operac oes denidas no exemplo
2.2 sobre Q(i).
Representando (x, 0) por x e (0, 1) por i, temos que
iy = (0, 1)(y, 0) = (0, y) ;
ii = (0, 1)(0, 1) = (0 0 1 1, 0 1 +1 0) = (1, 0) = 1 ;
(x, y) = (x, 0) + (0, y) = x +iy.
O corpo Q(i) chama-se o corpo dos n umeros complexos racionais.
(t)
q
(t)
=
p(t) q
(t) +p
(t) q(t)
q(t) q
(t)
p(t)
q(t)
p
(t)
q
(t)
=
p(t) p
(t)
q(t) q
(t)
.
pq N
_
.
De fato, se
p
q
,
p
P, ent ao pq, p
N e, portanto,
p
q
+
p
=
pq
+p
q
qq
P, pois
(pq
+p
q)(qq
) = (pq)q
2
+ (p
)q
2
N.
p
q
p
=
pp
P, pois pp
= (pq)(p
) N.
Seja
p
q
Q. Ent ao, pq = 0 ou pq N ou (pq) N, ou seja,
p
q
=
0
q
= 0
ou
p
q
P ou
p
q
=
p
q
P.
J. Delgado - K. Frensel 36
Corpos ordenados
Exemplo 3.2 Q(t) e um corpo ordenado no qual
Lembre que o coeciente lder de
um polin omio e o coeciente do
seu termo de maior grau.
P =
_
p(t)
q(t)
(t)
q
(t)
P, ent ao os coecientes a
n
e b
m
dos termos de maior
grau de pq e p
, respectivamente, s ao positivos.
Logo,
o coeciente c
j
do termo de maior grau de (pq
+ p
q)qq
=
pqq
2
+ p
q
2
e positivo, pois c
j
= a
n
q
2
i
+ b
m
q
2
i
ou c
j
= a
n
q
2
i
ou
c
j
= b
m
q
2
i
, onde q
i
e q
i
s ao os coecientes dos termos de maior grau
de q e q
, respectivamente.
o coeciente do termo de maior grau de pp
= (pq)(p
) e
a
n
b
m
> 0.
Se
p(t)
q(t)
Q(t), ent ao ou pq = 0 (e, neste caso, p = 0) ou o coeciente
do termo de maior grau de pq e positivo ou o coeciente do termo de
maior grau de pq e negativo. Logo, ou
p(t)
q(t)
= 0 ou
p(t)
q(t)
P ou
p(t)
q(t)
P
e y < y
ent ao x +y < x
+y
.
De fato, por (3), se x < x
, ent ao x + y < x
+ y, e se y < y
, ent ao
x
+y < x
+y
+y
.
Se 0 < x < x
e 0 < y < y
, ent ao xy < x
.
De fato, por (4), x y < x
y e x
y < x
.
J. Delgado - K. Frensel 38
Corpos ordenados
se x > 0 e y < 0, ent ao xy < 0.
De fato, como x P e y P, temos x(y) = (xy) P, ou seja, xy < 0.
Se x > 0 ent ao x
1
> 0, pois xx
1
= 1 > 0.
Se x > 0 e y > 0, ent ao
x
y
> 0, pois
x
y
= xy
1
e y
1
> 0.
Se x < y, x > 0 e y > 0, ent ao
1
y
<
1
x
.
De fato, como y x > 0 e xy > 0, ent ao x
1
y
1
=
1
x
1
y
=
y x
xy
> 0,
ou seja, x
1
> y
1
.
.
Por induc ao, podemos vericar que f(m+n) = f(m) +f(n) e que se
m < n ent ao f(m) < f(n). De fato:
Seja m N e seja X = {n N| f(m+n) = f(m) +f(n)}.
Assim, 1 X e se n X, ent ao
f(m+ (n +1)) = f((m+n) +1) = f(m+n) +1
= f(m) +f(n) +1
P ,
se n Y, ent ao n +1 Y, pois f(n +1) = f(n) +1
P.
Logo, Y = N.
Temos, assim, que se m < n ent ao f(m) < f(n), pois, como existe
p N tal que n = m + p, segue-se que f(n) = f(m) + f(p), ou seja,
f(n) f(m) = f(p) P.
Exerccio 4: Verique que
f(mn) =f(m)f(n), m,n N.
Portanto, f : N f(N) = N
e o
subconjunto de K formado pelos elementos 1
, 1
+1
, 1
+1
+1
, . . . que
preserva a soma, o produto e a relac ao de ordem. Podemos, ent ao, iden-
ticar N
.
Em particular, um corpo ordenado K e innito e tem caracterstica
zero, ou seja, 1 + 1 + 1 + . . . + 1 = 0 qualquer que seja o n umero de
parcelas 1.
Considere o conjunto Z
e se x Z
ent ao x Z
ent ao x +y Z
.
Se x, y N ent ao x +y N Z
.
Se x, y N ent ao (x)+(y) = (x+y) N, ou seja, x+y N Z
.
Se x N e y N ent ao, fazendo y = z, com z N, temos que, ou
x + y = x z = 0 Z
, ou x + y = x z > 0 e, portanto, x + y N, ou
x +y = x z < 0 e, portanto, x +y N.
Exerccio 5: Verique que se
m,n N
e mn > 0 ent ao
mn N
.
Exerccio 6: Verique que xy
Z
.
Se x N {0} (N) e y = 0 ent ao x +y = x Z
.
Podemos, assim, identicar Z
=
_
m
n
m Z e n Z
_
. Ent ao, Q
e um subcorpo
de K, pois:
J. Delgado - K. Frensel 40
Corpos ordenados
0, 1 Q
,
se
m
n
Q
ent ao
m
n
=
m
n
Q
.
se
m
n
Q
ent ao
n
m
Q
.
se
m
n
,
m
ent ao
m
n
+
m
. De fato, como
nn
_
m
n
+
m
_
=
mnn
n
+
m
nn
= mn
+m
n,
temos que
m
n
+
m
=
mn
+m
n
nn
,
pois, como j a vimos, mn
+m
n Z e nn
.
Q
e o menor subcorpo de K.
Com efeito, todo subcorpo de K deve conter pelo menos 0 e 1; por
adic oes sucessivas de 1, todo subcorpo de K deve conter N; tomando os
sim etricos, deve conter Z e por divis oes em Z, deve conter o conjunto das
frac oes
m
n
, m Z e n Z
.
Este menor subcorpo de K se identica, de maneira natural, com o
corpo Q dos n umeros racionais.
Assim, dado um corpo ordenado K, podemos considerar, de modo
natural, as inclus oes
N Z Q K.
Exemplo 3.5 O corpo ordenado Q(t) cont em todas as frac oes do tipo
p
q
, onde p e q s ao polin omios constantes, inteiros, com q = 0. Logo,
Q Q(t).
1) = 1 > 0.
_
x , se x > 0
0 , se x = 0
x , se x < 0
Observac ao 4.3 Tem-se
|x| = max{x, x} ,
e, portanto, |x| x e |x| x, ou seja, |x| x |x|.
Proposic ao 4.1 Seja K um corpo ordenado e a, x K. As seguintes
armac oes s ao equivalentes:
(1) a x a;
(2) x a e x a;
(3) |x| a.
Prova.
Temos que
a x a a x e x a
a x e a x
a max {x, x} = |x| .
Exemplo 4.2 No corpo Q(t) das frac oes racionais, o conjunto N dos
n umeros naturais e limitado inferior e superiormente, pois N [0, +) e
n < t para todo n N, j a que o coeciente do termo de maior grau de
t n e 1 > 0
J. Delgado - K. Frensel 46
N umeros reais
Teorema 4.1 Numcorpo ordenado K, as seguintes armac oes s ao equi-
valentes:
(a) N K e ilimitado superiormente;
(b) dados a, b K, com a > 0, existe n N tal que na > b.
(c) dado a > 0 em K, existe n N tal que 0 <
1
n
< a.
Prova.
(a)=(b) Como N e ilimitado superiormente, dados a, b K, com a > 0,
existe n N tal que n >
b
a
. Logo, na > a
b
a
= b.
(b)=(c) Dado a > 0, existe, por (b), n N tal que na > 1. Ent ao
0 <
1
n
< a.
(c)=(a) Seja b K. Se b 0, ent ao b < 1 e, portanto, b n ao e cota
superior de N.
Se b > 0, existe, por (c), n N tal que 0 <
1
n
<
1
b
. Logo, b < n e n ao e,
portanto, uma cota superior de N.
5. N umeros reais
Denic ao 5.1 Seja K um corpo ordenado e X K um subconjunto
limitado superiormente. Um elemento b K chama-se supremo de X
quando b e a menor das cotas superiores de X em K.
Assim, b K e o supremo de X se, e s o se, b satisfaz as duas
condic oes abaixo:
Instituto de Matem atica - UFF 47
An alise na Reta
S1: b x para todo x X.
S2: Se c K e tal que c x para todo x X, ent ao c b.
A condic ao S2 e equivalente ` a condic ao:
S2: Dado c K, c < b, existe x K tal que x > c.
Observac ao 5.1 O supremo de um conjunto, quando existe, e unico.
De fato, se b e b
e
b
b, ou seja, b
= b.
O supremo de um conjunto X ser a denotado por supX.
Observac ao 5.2 O conjunto vazio n ao possui supremo em K, pois
todo elemento de K e uma cota superior do conjunto vazio e K n ao possui
um menor elemento.
Denic ao 5.2 Um elemento a K e o nmo de um subconjunto Y K
limitado inferiormente quando a e a maior das cotas inferiores de Y.
Assim, a K e o nmo de Y se, e s o se, a satisfaz as duas
condic oes abaixo:
I1: a y para todo y Y.
I2: Se c K e tal que c y para todo y Y, ent ao c a.
A condic ao I2 e equivalente ` a condic ao:
I2: Dado c K, c > a, existe y Y tal que y < c.
Observac ao 5.3 O nmo de um conjunto X, quando existe, e unico, e
ser a denotado por inf X
Observac ao 5.4 O conjunto n ao possui nmo em K, pois todo ele-
mento de K e uma cota inferior do conjunto vazio e Kn ao possui um maior
elemento.
Exemplo 5.1
Se X K possui um elemento m aximo b X, ent ao b = supX. De fato:
(1) b x para todo x X.
(2) Se c x para todo x X, ent ao c b, pois a X.
J. Delgado - K. Frensel 48
N umeros reais
Se X K possui um elemento mnimo a X, ent ao a = inf X. De fato:
(1) a x para todo x X.
(2) Se c x para todo x X, ent ao c a, pois a X.
Se b = supX X, ent ao sup X e o maior elemento de X, pois b x para
todo x X e b X.
Se a = inf X X, ent ao inf X e o menor elemento de X, pois a x para
todo x X e a X.
Em particular, se
X e nito, ent ao o supX e o inf X existem e pertencem a X.
X = [a, b], ent ao supX = b e inf X = a.
X = (, b], ent ao supX = b.
X = [a, +), ent ao inf X = a.
2, e e unico.
De fato, se b > 0 em R e b
2
= 2, ent ao
a
2
b
2
= 0 =(a b)(a +b) = 0 =a = b ou a = b.
Logo, a = b, pois a > 0 e b > 0.
Al em disto, a R Q.
Denic ao 5.4 O conjunto I = R Q e o conjunto dos n umeros irracio-
nais.
Exemplo 5.7
2 I .
a.
Consideremos os conjuntos:
X = {x R| x 0 e x
n
< a} e Y = {y R| y > 0 e y
n
> a}
O conjunto Y e limitado inferiormente pelo zero.
O conjunto X n ao e vazio, pois 0 X, e e limitado superiormente. De fato:
se a 1, ent ao 1 e cota superior de X, pois se z 1, tem-se que
z
n
1 a, ou seja, z X. Logo, X [0, 1].
se a > 1, ent ao a
n
> a para todo n 2. Logo, se z a, tem-se
z
n
a
n
> a, ou seja, z X. Assim, X [0, a).
Como R e completo, existe b = supX. Vamos provar que b
n
= a.
Instituto de Matem atica - UFF 53
An alise na Reta
(1) X n ao possui elemento m aximo.
Dado x X, mostremos que existe d > 0 tal que (x + d)
n
< a, ou seja,
x +d X e x +d > x.
Armac ao: Dado x > 0 existe, para cada n, um n umero real positivo A
n
,
que depende de x, tal que (x +d)
n
x
n
+A
n
d seja qual for 0 < d < 1.
Vamos provar esta armac ao por induc ao em n.
Para n = 1, basta tomar A
1
= 1. Supondo verdadeiro para n, temos que
(x +d)
n+1
= (x +d)
n
(x +d) (x
n
+a
n
d)(x +d)
= x
n+1
+A
n
dx +dx
n
+A
n
d
2
= x
n+1
+ (A
n
x +x
n
+A
n
d)d
< x
n+1
+ (A
n
x +x
n
+A
n
)d,
j a que 0 < d < 1. Tomando A
n+1
= A
n
x +x
n
+A
n
, temos que
(x +d)
n+1
x
n+1
+A
n+1
d.
Dado x X, isto e, x 0 e x
n
< a, tome d R tal que
0 < d < min
_
1,
a x
n
A
n
_
.
Ent ao,
(x +d)
n
x
n
+A
n
d < x
n
+
A
n
(a x
n
)
A
n
= a,
ou seja, x + d X e x + d > x, o que prova que X n ao possui elemento
m aximo.
(2) O conjunto Y n ao possui elemento mnimo.
Seja y Y. Mostremos que existe d R tal que 0 < d < y e (yd)
n
> a,
ou seja, y d Y e y d < y.
Seja 0 < d < y. Ent ao, 0 <
d
y
< 1, ou seja, 1 <
d
y
< 0.
Pela desigualdade de Bernoulli, temos
(y d)
n
= y
n
_
1
d
y
_
n
y
n
_
1 n
d
y
_
= y
n
ndy
n1
.
Se tomarmos 0 < d < min
_
y,
y
n
a
ny
n1
_
, teremos que
(y d)
n
y
n
ndy
n1
> y
n
ny
n1
(y
n
a)
ny
n1
= y
n
y
n
+a = a,
J. Delgado - K. Frensel 54
N umeros reais
ou seja, y d > 0 e (y d)
n
> a.
(3) Se x X e y Y ent ao x < y.
De fato, como x
n
< a < y
n
, x 0 e y > 0, temos que x < y, pois x
n
< y
n
e, portanto,
y
n
x
n
= (y x)(y
n1
+y
n2
x +. . . +yx
n2
+x
n1
) > 0 .
Como
y
n1
+y
n2
x +. . . +yx
n2
+x
n1
> 0,
temos que y x > 0, ou seja, x < y.
Exerccio 8: Prove que
y
n
x
n
= (yx)
`
y
n1
+y
n2
x
+... +yx
n2
+x
n1
,
quaisquer que sejam x,y R e
n N. Vamos provar, agora, usando (1), (2) e (3), que se b = supX, ent ao
b
n
= a.
Se b
n
< a, temos que b X, o que e absurdo, pois
b = supX e, portanto, o elemento m aximo de X, o que contradiz (1).
Se b
n
> a, ent ao b Y, pois b > 0.
Como, por (2), Y n ao possui um elemento mnimo, existe c Y tal que
c < b.
Exerccio 9: Mostrar que Y =
e b
n
=a, onde b=inf Y.
Exerccio 10: Mostrar que existe
um unico b > 0 em R tal que
b
n
=a(ver observac ao 5.9).
Por (3), x < c < b para todo x X, ou seja, c e uma cota superior de X
menor do que b = supX, o que e absurdo. Logo, b
n
= a.
m N ent ao
n
m I = RQ, ou seja,
n
m
e um n umero irracional.
Exemplo 5.9
2 I, pois 1
2
= 1 e 2
2
= 4 > 2, ou seja,
2 N.
3 I, pois 1
3
= 1 e 2
3
= 8 > 3, ou seja,
3
3 N.
6 I, pois 1
3
= 1 e 2
3
= 8 > 6, ou seja,
3
6 N.
m
p
b
_
.
J. Delgado - K. Frensel 56
N umeros reais
Como R e arquimediano, A e um conjunto n ao-vazio de n umeros inteiros,
limitado inferiormente por pb R, e, portanto limitado inferiormente por
um n umero inteiro.
Ent ao, pelo Princpio de Boa Ordenac ao (ver pag. 42), existe m
0
A tal
que m
0
m para todo m A.
Logo, como m
0
1 < m
0
, temos que m
0
1 A, ou seja,
m
0
1
p
< b.
Temos, tamb em, que a <
m
0
1
p
< b, pois, caso contr ario,
m
0
1
p
a < b
m
0
p
,
o que acarretaria b a
m
0
p
m
0
1
p
=
1
p
, uma contradic ao.
Logo, a <
m
0
1
p
< b, ou seja,
m
0
1
p
(a, b) Q.
Armativa 2: Existe um n umero irracional em (a, b).
Vamos considerar primeiro o caso em que 0 (a, b), ou seja, 0 < a < b
ou a < b < 0.
Seja p N tal que
1
p
<
b a
2
, ou seja,
2
p
< b a.
Seja A =
_
m Z
2 m
p
b
_
.
Como R e arquimediano, A e n ao-vazio, limitado inferiormente por
bp
2
R. Ent ao, existe m
0
A tal que m
0
m para todo m A. Sendo
m
0
1 < m
0
, m
0
1 A, ou seja,
2 (m
0
1)
p
< b.
Al em disso,
2 (m
0
1)
p
> a, pois, caso contr ario,
2 (m
0
1)
p
a < b
2 m
0
p
.
Ent ao, b a
2
p
, o que e absurdo. Assim a <
2 (m
0
1)
p
< b e
m
0
1 = 0, pois 0 (a, b).
Instituto de Matem atica - UFF 57
An alise na Reta
Logo,
2(m
0
1)
p
(R Q) (a, b).
Suponhamos, agora, que 0 (a, b). Neste caso, basta tomar p N tal
que
1
p
<
b
2
, ou seja,
2
p
< b.
Como a < 0 <
2
p
< b, temos que
2
p
(R Q) (a, b).
nN
I
n
n ao e vazia. Mais precisamente,
nN
I
n
= [a, b] ,
onde a = supa
n
e b = inf b
n
.
Prova.
Para cada n N, a
n
a
n+1
b
n+1
b
n
, pois I
n+1
= [a
n+1
, b
n+1
]
[a
n
, b
n
] = I
n
. Segue-se, ent ao, que
a
1
a
2
< . . . a
n
. . . b
m
. . . b
2
b
1
,
pois a
n
b
m
quaisquer que sejam m, n N.
De fato, se m = n, a
n
b
n
. Se n < m, a
n
a
m
b
m
, e se n > m,
a
n
b
n
b
m
.
Sejam A = {a
n
| n N} e B = {b
n
| n N}. Ent ao A e B s ao subconjuntos
limitados de R, j a que: a
1
e uma cota inferior e b
m
e uma cota superior de
A, para todo m N; e b
1
e uma cota superior e a
m
e uma cota inferior de
B, para todo m N.
Sejam a = supA e b = inf B.
Como, para todo m N, b
m
e uma cota superior de A e a
m
e uma cota
inferior de B, temos a b
m
e b a
m
.
Logo, como a b
m
para todo m N, temos a b.
Ent ao, [a, b] I
n
, pois a
n
a b b
n
, para todo n N.
J. Delgado - K. Frensel 58
N umeros reais
Portanto, [a, b]
nN
I
n
.
Precisamos ainda provar que
nN
I
n
[a, b]. Suponhamos que existe
x < a tal que x I
n
para todo n N.
Sendo x a
n
para todo n N, x e cota superior de A e, portanto, x a,
o que e uma contradic ao.
De modo an alogo, suponhamos que existe y > b tal que y I
n
para todo
n N. Como y b
n
para todo n N, y e uma cota inferior de B. Logo,
b y, o qual e absurdo.
Temos, ent ao, que [a, b] =
nN
I
n
.
I
n
e x
n+1
I
n+1
.
Isto nos fornece uma seq u encia decrescente I
1
I
2
. . . I
n
. . . de
intervalos fechados e limitados. Pelo teorema anterior, existe x I
n
para
todo n N.
Como x
n
I
n
, para todo n N, temos que x = x
n
para todo n N.
Logo x R X, ou seja, R n ao e enumer avel.
+
tal que
|x
n
| c para todo n N.
Ent ao, (x
n
)
nN
e uma seq u encia limitada se, e s o se, (|x
n
|)
nN
e uma
seq u encia limitada.
Denic ao 1.4 Uma subseq u encia da seq u encia x = (x
n
)
nN
e a restric ao
da func ao x : N R a um subconjunto innito N
= {n
1
< n
2
<
. . . < n
k
< . . .} de N. Escreve-se x
= (x
n
)
nN
ou (x
n
k
)
kN
ou
(x
n
1
, x
n
2
, . . . , x
n
k
) para indicar a subseq u encia x
= x|
N
.
Observac ao 1.3 Lembremos que um subconjunto N
N e innito
se, e s o se, e ilimitado, isto e, para todo m N existe n N
tal que
m < n. Neste caso, dizemos que N
, ent ao
N N
e nito e, portanto, N
. Como N
tal que
m > n.
Logo, x
1
x
n
x
m
b. Assim, x
1
x
n
b para todo n N.
Analisaremos agora alguns exemplos de seq u encias.
Exemplo 1.1 x
n
= 1 para todo n N, ou seja, (x
n
)
nN
e uma seq u encia
constante. Ent ao, ela e limitada n ao-decrescente e n ao-crescente.
Exemplo 1.2 Se x
n
= n para todo n N, a seq u encia (x
n
)
nN
e limi-
tada inferiormente, ilimitada superiormente e mon otona crescente.
Exemplo 1.3 x
n
= 0 para todo n par e x
n
= 1 para n mpar. Essa
seq u encia e limitada e n ao e mon otona. Observe que a seq u encia se
dene, tamb em, pelas f ormulas x
n
=
1 + (1)
n
2
ou x
n
= sen
2
_
n
2
_
.
Exemplo 1.4 Se x
n
=
1
n
para todo n N, ent ao x =
_
1,
1
2
, . . . ,
1
n
, . . .
_
e uma seq u encia limitada e decrescente, pois x
n
(0, 1] e x
n+1
< x
n
para
todo n N.
J. Delgado - K. Frensel 68
Seq u encias
Exemplo 1.8 Seja a
n
= 1 +
1
1!
+
1
2!
+ . . . +
1
n!
, n N. A seq u encia
(a
n
)
nN
e crescente e e limitada, pois
a
n
< 1 +1 +
1
2
+
1
2 2
+. . . +
1
2
n1
< 1 +2 = 3 ,
para todo n N.
1
2
n1
, para todo n N.
De fato:
Se n = 1, x
2
x
1
= 1 0 = 1 = (1)
2
1
2
0
.
Suponhamos que a armac ao seja v alida para n. Ent ao
x
n+2
x
n+1
=
1
2
(x
n
+x
n+1
) x
n+1
=
1
2
(x
n
x
n+1
)
=
1
2
(x
n+1
x
n
) =
1
2
(1)
n+1
1
2
n1
= (1)
n+2
1
2
n
= (1)
(n+1)+1
1
2
(n+1)1
.
Note que:
Se n e par, x
n+1
< x
n
e, portanto, x
n+1
< x
n+2
< x
n
, pois
x
n+1
x
n
= (1)
n+1
1
2
n1
< 0 .
Se n e mpar, x
n
< x
n+1
, e, portanto, x
n
< x
n+2
< x
n+1
, pois
x
n+1
x
n
= (1)
n+1
1
2
n1
> 0 .
Fig. 1: Posicionamento dos pontos da seq u encia (x
n
)
nN
.
J. Delgado - K. Frensel 70
Seq u encias
Armac ao 2: x
2n+1
=
1
2
_
1 +
1
4
+. . . +
1
4
n1
_
para todo n N.
De fato:
Se n = 1, x
3
=
0 +1
2
=
1
2
=
1
2
1 .
Suponhamos a armac ao verdadeira para n.
Ent ao, como x
2n+1
< x
2n+3
< x
2n+2
, temos que
x
2(n+1)+1
= x
2n+3
= x
2n+1
+
1
2
(x
2n+2
x
2n+1
)
=
1
2
_
1 +
1
4
+. . . +
1
4
n1
_
+
1
2
(1)
2n+2
2
2n
=
1
2
_
1 +
1
4
+. . . +
1
4
n1
_
+
1
2
1
4
n
=
1
2
_
1 +
1
4
+. . . +
1
4
n1
+
1
4
n
_
.
Armac ao 3: x
2n
= 1
_
1
4
+. . . +
1
4
n1
_
para todo n N, n 2.
De fato:
Se n = 2, x
4
= 1
1
4
.
Suponhamos que a igualdade seja v alida para n.
Ent ao, como x
2n+1
< x
2(n+1)
< x
2n
, temos que
x
2n+2
= x
2n
1
2
(x
2n
x
2n+1
) = x
2n
+
1
2
(x
2n+1
x
2n
)
= 1
_
1
4
+. . . +
1
4
n1
_
+
(1)
2n+1
2 2
2n1
= 1
_
1
4
+. . . +
1
4
n1
_
1
4
n
= 1
_
1
4
+. . . +
1
4
n1
+
1
4
n
_
.
Assim, como
1 +
1
4
+. . . +
1
4
n1
+
1
4
n
=
1
1
4
n+1
1
1
4
<
1
1
1
4
=
4
3
,
para todo n N, temos que
0 x
2n+1
<
1
2
4
3
=
4
6
< 1 ,
para todo n 0, e
1 x
2n
> 1 +
_
1
4
3
_
=
2
3
, para todo n 1.
Instituto de Matem atica - UFF 71
An alise na Reta
Logo, 0 x
n
1 para todo n N, ou seja, a seq u encia (x
n
)
nN
e limi-
tada, sendo (x
2n+1
)
nN
uma subseq u encia crescente e (x
2n
)
n
N uma
subseq u encia decrescente.
n para todo n N.
A seq u encia (x
n
)
nN
e decrescente a partir do seu terceiro termo, pois,
como
_
1 +
1
n
_
n
< 3 para todo n N,
_
1 +
1
n
_
n
< n para todo n 3.
Logo,
(n +1)
n
n
n
< n, ou seja, (n +1)
n
< n
n+1
.
Assim,
n+1
n +1 <
n
n para todo n 3.
Como 1 = x
1
<
2 = x
2
<
3
3 = x
3
e 0 < x
n
x
3
=
3
3 para todo n N,
conclumos tamb em que (x
n
)
nN
e limitada.
= {n
1
< n
2
< . . . < n
k
< . . .} e ilimitado, existe k
0
N
tal que n
k
0
> n
0
.
Logo, n
k
> n
k
0
> n
0
e |x
n
k
a| < para todo k > k
0
.
Observac ao 2.2
O limite de uma seq u encia n ao se altera quando dela se omite um
n umero nito de termos. Ou melhor, pelo teorema 2.2, o limite se mant em
quando se omite um n umero innito de termos desde que reste ainda um
n umero innito de ndices.
Exerccio 12: Se (x
n+k
)
nN
converge para a, para algum k
N, ent ao x
n
a.
Se (x
n
)
nN
possui duas subseq u encias comlimites distintos ent ao (x
n
)
nN
e divergente.
Se (x
n
)
nN
converge e a subseq u encia (x
n
k
)
kN
converge para a, ent ao
x
n
a.
Teorema 2.3 Toda seq u encia convergente e limitada.
Prova.
Seja a = lim
n
x
n
e tome = 1. Ent ao, existe n
0
N tal que x
n
(a 1, a +1) para todo n > n
0
.
Sejam A = {a 1, a + 1, x
1
, . . . , x
n
0
}, M = max A e m = minA. Ent ao
m x
n
M para todo n N, ou seja, (x
n
)
nN
e limitada.
para todo n n
0
,
pois a seq u encia
_
_
1
a
_
n
_
nN
e crescente e ilimitada superiormente, j a
que
1
a
> 1. Logo, < a
n
< n n
0
.
Se 1 < a < 0, lim
n
a
n
= 0, pois lim
n
|a
n
| = lim
n
|a|
n
= 0, j a que
0 < |a| < 1.
x
n
1
1 a
=
|a
n+1
|
|1 a|
< para todo n n
0
.
J. Delgado - K. Frensel 76
Limite de uma seq u encia
O mesmo vale para a tal que 0 |a| 1, ou seja, lim
n
x
n
=
1
1 a
, apesar
de (x
n
)
nN
n ao ser mon otona para 1 < a < 0.
x
2n+1
2
3
=
2
3
_
1
4
n
_
< para todo n > n
0
.
Armac ao 2: lim
n
x
2n
=
2
3
.
Instituto de Matem atica - UFF 77
An alise na Reta
Dado > 0 , n
0
N tal que
1
4
n
<
3
4
para todo n n
0
.
Assim,
x
2n
2
3
=
4
3
1
4
n
< para todo n n
0
.
Armac ao 3: Se lim
n
x
2n+1
= lim
n
x
2n
= a ent ao lim
n
x
n
= a.
De fato, dado > 0 existem n
1
, n
2
N tais que |x
n
a| < se n > n
1
, n
par, e |x
n
a| < se n > n
2
, n mpar.
Seja n
0
= max{n
1
, n
2
}. Ent ao, |x
n
a| < para todo n > n
0
, pois n >
n
0
n
1
e n > n
0
n
2
.
Pelas 3 armac oes acima, temos que a seq u encia (x
n
)
nN
e convergente
e lim
n
x
n
=
2
3
.
n)
nN
e decrescente a partir do
terceiro termo e e limitada inferiormente por 0, temos que (
n
n)
nN
e con-
vergente. Mostraremos depois que lim
n
n
n = 1 .
J. Delgado - K. Frensel 78
Propriedades aritm eticas dos limites
Observac ao 3.1 Se lim
n
y
n
= b e b = 0, ent ao existe n
0
N tal que
y
n
= 0 para todo n > n
0
.
De fato, seja = |b| > 0. Ent ao existe n
0
N tal que y
n
(b |b|, b + |b|)
para todo n > n
0
, ou seja, b |b| < y
n
< b + |b| para todo n > n
0
. Logo,
y
n
> b |b| = b b = 0 para todo n > n
0
, se b > 0, ou y
n
< b + |b| =
b b = 0 para todo n > n
0
, se b < 0. Assim, y
n
= 0 para todo n > n
0
, se
b = 0.
No item3 do teorema abaixo, vamos considerar a seq u encia
_
x
n
y
n
_
nN
a partir de seu n
0
esimo termo, onde n
0
N e tal que y
n
= 0 se n n
0
.
Teorema 3.2 Se lim
n
x
n
= a e lim
n
y
n
= b, ent ao:
(1) lim
n
(x
n
+y
n
) = a +b; lim
n
(x
n
y
n
) = a b;
(2) lim
n
(x
n
y
n
) = a b;
(3) lim
x
n
y
n
=
a
b
, se b = 0.
Prova.
(1) Dado > 0 existem n
1
, n
2
N tais que
|x
n
a| <
2
para n > n
1
,
|y
n
b| <
2
para n > n
2
.
Seja n
0
= max{n
1
, n
2
}. Ent ao,
|(x
n
+y
n
) (a +b)| = |(x
n
a) + (y
n
b)|
|x
n
a| + |y
n
b|
<
2
+
2
=
para todo n > n
0
.
Se prova, de modo an alogo, que (x
n
y
n
) (a b) .
(2) Como x
n
y
n
ab = x
n
y
n
x
n
b + x
n
b ab = x
n
(y
n
b) + (x
n
a)b,
lim
n
(x
n
a) = lim
n
(y
n
b) = 0 e (x
n
)
nN
e limitada, por ser convergente,
temos que lim
n
x
n
(y
n
b) = lim
n
(x
n
a)b = 0, pelo teorema 3.1.
Instituto de Matem atica - UFF 79
An alise na Reta
Logo, pelo item (1),
lim
n
(x
n
y
n
ab) = lim
n
x
n
(y
n
b) + lim
n
(x
n
a)b = 0 .
Assim, lim
n
x
n
y
n
= ab.
(3) Pelo item (2), lim
n
y
n
b = b
2
. Ent ao, dado =
b
2
2
, existe n
0
N tal que
y
n
b > b
2
b
2
2
=
b
2
2
> 0 para todo n > n
0
.
Segue-se que 0 <
1
y
n
b
<
2
b
2
para todo n > n
0
.
Logo, a seq u encia
_
1
y
n
b
_
nN
e limitada.
Assim,
lim
n
_
x
n
y
n
a
b
_
= lim
n
x
n
b y
n
a
y
n
b
= 0
pelo teorema 3.1, pois lim
n
(x
n
b y
n
a) = ab ba = 0, pelos itens (1) e
(2), e
_
1
y
n
b
_
nn
0
e limitada.
Logo, lim
n
x
n
y
n
=
a
b
.
a, a > 0.
Se a = 1,
n
a = 1.
Sejam b =
n+1
a e c =
n
a, ou seja, b
n+1
= c
n
= a.
J. Delgado - K. Frensel 80
Propriedades aritm eticas dos limites
Se a > 1, ent ao
n
a e decrescente e limitada.
De fato, b =
n+1
a > 1, pois b
n+1
= a > 1, e b
n
< b
n
b = b
n+1
= c
n
.
Logo, b < c, ou seja,
n+1
a <
n
a, e
n
a e crescente e limitada.
De fato, b =
n+1
a < 1, pois b
n+1
= a < 1, e b
n
> b
n
b = b
n+1
= c
n
.
Logo, b > c, ou seja,
n+1
a >
n
a e
n
a)
nN
e mon otona e limitada,
temos, pelo teorema 2.4, que existe lim
n
n
a = .
Armac ao: lim
n
n
a = > 0.
Se a > 1, lim
n
n
a = inf{
n
a| n N} 1, pois (
n
a)
nN
e decrescente e 1
e uma cota inferior.
Se 0 < a < 1, lim
n
n
a = sup{
n
a| n N} a, pois (
n
a)
nN
e crescente
e
n
a a para todo n N.
Armac ao: lim
n
n
a = 1.
Consideremos a subseq u encia (a
1
n(n+1)
)
nN
= (a
1
n
1
n+1
)
nN
. Pelo teorema
2.2 e pelo item (3) do teorema 3.2, obtemos:
= lim
n
a
1
n(n+1)
= lim
n
a
1
n
1
n+1
= lim
n
a
1
n
a
1
n+1
=
= 1 .
n = 1.
Como (
n
n)
nN
e uma seq u encia decrescente a partir de seu terceiro
termo e
n
n = inf{
n
n| n 3} 1 .
Tomando a subseq u encia ((2n)
1
2n
)
nN
, obtemos que
2
= lim
n
_
(2n)
1
2n
_
2
= lim
n
(2n)
1
n
= lim
n
_
2
1
n
n
1
n
_
= lim
n
2
1
n
lim
n
n
1
n
= 1 = .
Sendo = 0 e
2
= , temos que = 1.
x
n
, onde N
= {n
1
< n
2
< . . . < n
k
< . . .}. Ent ao,
para todo > 0, existe k
0
N tal que x
n
k
(a, a+) para todo k > k
0
.
Como o conjunto {n
k
| k > k
0
} e innito, existem innitos n N tais que
x
n
(a , a +).
(=) Para = 1, existe n
1
N tal que x
n
1
(a 1, a +1).
J. Delgado - K. Frensel 84
Subseq u encias
Suponhamos, por induc ao, que n
1
< n
2
< . . . < n
k
foram escolhidos de
modo que x
n
i
_
a
1
i
, a +
1
i
_
, para i = 1, . . . , k.
Seja =
1
k +1
> 0. Como o conjunto
_
n N| x
n
_
a
1
k +1
, a +
1
k +1
__
e innito, existe n
k+1
N, tal que n
k+1
> n
k
e x
n
k
_
a
1
k +1
, a +
1
k +1
_
.
Ent ao, N
= {n
1
< n
2
< . . . < n
k
< . . .} e innito e como |x
n
k
a| <
1
k
para todo k N, temos que lim
k
x
n
k
= a, ou seja, a e o limite de uma
subseq u encia de (x
n
)
nN
.
Seja (x
n
) uma seq u encia limitada de n umeros reais, onde x
n
para todo n N.
Seja X
n
= {x
n
, x
n+1
, . . .}. Ent ao,
[, ] X
1
X
2
. . . X
n
. . .
Sendo a
n
= inf X
n
e b
n
= supX
n
, temos que a
n+1
a
n
e b
n+1
b
n
,
pois, como X
n+1
X
n
, temos
a
n
= inf X
n
x
j
e b
n
= supX
n
x
j
,
para todo j n, e, portanto, para todo j n +1.
Ou seja, a
n
e cota inferior de X
n+1
e b
n
e cota superior de X
n+1
.
Logo, a
n
a
n+1
e b
n+1
b
n
.
Al em disso, a
n
b
n
para todo n N. Assim, a
n
b
m
quaisquer
que sejam n, m N, pois:
se m > n =a
n
a
m
b
m
,
se m n =a
n
b
n
b
m
.
Logo,
a
1
a
2
. . . a
n
. . . b
m
. . . b
2
b
1
.
Existem, portanto, os limites
a = lima
n
= sup
nN
a
n
= sup
nN
inf X
n
,
e
b = limb
n
= inf
nN
b
n
= inf
nN
supX
n
.
Dizemos que a e o limite inferior e b e limite superior da seq u encia
limitada (x
n
), e escrevemos
a = liminf x
n
e b = limsupx
n
.
Notac ao: em alguns livros de
An alise, pode ser encontrada
a notac ao limx
n
em vez de
limsup x
n
e limx
n
em vez de
liminf x
n
.
Temos, tamb em, que sup
nN
a
n
b
m
para todo m N, ou seja, sup
nN
a
n
e uma cota inferior do conjunto {b
m
| m N}.
J. Delgado - K. Frensel 86
Subseq u encias
Logo, sup
n
a
n
inf
n
b
n
, ou seja,
a = liminf x
n
b = limsupx
n
.
Exemplo 4.4 Seja a seq u encia (x
n
), onde x
2n1
=
1
n
e x
2n
= 1 +
1
n
,
n N. Ent ao,
X
2n2
=
_
1 +
1
n 1
,
1
n
, 1 +
1
n
,
1
n +1
, . . .
_
,
X
2n1
=
_
1
n
, 1 +
1
n
,
1
n +1
, 1 +
1
n +1
, . . .
_
,
X
2n
=
_
1 +
1
n
,
1
n +1
, 1 +
1
n +1
,
1
n +2
, . . .
_
,
Assim, inf X
2n2
= inf X
2n1
=
1
n
e supX
2n1
= supX
2n
=
1
1 +n
.
Logo, a = liminf x
n
= sup
n
inf X
n
= 0 e b = limsupx
n
= inf
n
supX
n
= 1.
Como (x
2n1
) e (x
2n
) s ao subseq u encias convergentes de (x
n
), e
limx
2n1
= 0 = 1 = limx
2n
, segue-se que 0 e 1 s ao seus unicos valo-
res de ader encia.
Corol ario 4.1 Toda seq u encia limitada de n umeros reais possui uma
subseq u encia convergente.
Prova.
Como a = liminf x
n
e valor de ader encia de (x
n
), (x
n
) possui uma sub-
seq u encia que converge para a.
N innito.
Ent ao, a subseq u encia (x
n
)
nN
possui um valor de ader encia c a ,
pois x
n
< a para todo n N
N
innito. A subseq u encia (x
n
)
nN
possui um valor de ader encia c b + ,
j a que x
n
> b + para todo n N
e tome =
1
2
(a
.
Sendo a um valor de ader encia de (x
n
), existe uma innidade de ndices
n tais que a < x
n
< a + = a
> a
goza da propriedade acima.
Seja b
< b e tome =
1
2
b b
. Ent ao, b
+ = b .
Como b e valor de ader encia de (x
n
), existe uma innidade de ndices n
tais que b
+ = b < x
n
< b + . Logo, nenhum n umero real b
< b
goza da propriedade.
J. Delgado - K. Frensel 92
Seq u encias de Cauchy
Observac ao 5.1 (M etodo das aproximac oes sucessivas)
Seja 0 < 1 e suponhamos que a seq u encia (x
n
) satisfaz a seguinte
condic ao:
|x
n+2
x
n+1
| |x
n+1
x
n
| , para todo n N.
Ent ao, |x
n+1
x
n
|
n1
|x
2
x
1
| , para todo n N.
De fato, se n = 1, a desigualdade e v alida, e se |x
n+1
x
n
|
n1
|x
2
x
1
|,
ent ao
|x
n+2
x
n+1
| |x
n+1
x
n
|
n
|x
2
x
1
| .
Assim, para m, p N arbitr arios, temos:
|x
n+p
x
n
| |x
n+p
x
n+p1
| +. . . + |x
n+1
x
n
|
(
n+p2
+
n+p1
+. . . +
n1
) |x
2
x
1
|
=
n1
(
p1
+
p2
+. . . + +1) |x
2
x
1
|
=
n1
1
p
1
|x
2
x
1
|
n1
1
|x
2
x
1
| .
Como lim
n
n1
1
|x
2
x
1
| = 0 , dado > 0 , existe n
0
N tal que
0
n1
1
|x
2
x
1
| < para todo n > n
0
.
Logo, |x
n+p
x
n
| < para todo p N e todo n > n
0
, ou seja, |x
m
x
n
| <
quaisquer que sejam m, n > n
0
.
Ent ao, (x
n
) e de Cauchy e, portanto, converge.
Aplicac ao: Aproximac oes sucessivas da raiz quadrada
Seja a > 0 e seja a seq u encia denida por x
1
= c, onde c e um
n umero real positivo arbitr ario, e x
n+1
=
1
2
_
x
n
+
a
x
n
_
, para todo n N.
Se provarmos que a seq u encia e convergente e limx
n
= b > 0,
ent ao teremos que
b = limx
n+1
= lim
1
2
_
x
n
+
a
x
n
_
=
1
2
_
b +
a
b
_
.
Logo, b =
a
b
, ou seja, b
2
= a.
Instituto de Matem atica - UFF 93
An alise na Reta
Para isto, precisamos provar antes o seguinte lema:
Lema 5.3 Para todo x > 0, tem-se
1
2
_
x +
a
x
_
>
_
a
2
.
Prova.
1
2
_
x +
a
x
_
>
_
a
2
x +
a
x
>
2
2
x
2
+ 2a +
a
2
x
2
> 2a, o que e
verdadeiro, pois x
2
0 e
a
2
x
2
0.
1
2
_
x
n
+
a
x
n
_
=
1
2
(x
n+1
x
n
) +
a
2
_
1
x
n+1
1
x
n
_
=
1
2
(x
n+1
x
n
) +
a
2
_
x
n
x
n+1
x
n+1
x
n
_
,
temos que
|x
n+2
x
n+2
|
|x
n+1
x
n
|
=
1
2
a
2 x
n
x
n+1
1
2
,
pois 0 <
a
2 x
n
x
n+1
< 1.
Pela observac ao 5.1, (x
n
) e de Cauchy e, portanto, convergente, e
limx
n
= b > 0, pois x
n
>
_
a
2
, para todo n > 1.
6. Limites innitos
Denic ao 6.1 Dizemos que uma seq u encia (x
n
) tende para mais in-
nito, e escrevemos limx
n
= +, quando para todo n umero real A > 0
dado, existir n
0
N tal que x
n
> A para todo n > n
0
.
J. Delgado - K. Frensel 94
Limites innitos
Exemplo 6.1 Se x
n
= n, ent ao limx
n
= +, pois dado A > 0, existe
n
0
N tal que n
0
> A. Logo x
n
= n > A para todo n > n
0
.
n)
nN
, para todo p N, tende para +,
pois e crescente e ilimitada superiormente, j a que (
p
n
p
)
nN
= (n)
nN
e
uma subseq u encia ilimitada superiormente da seq u encia (
p
n)
nN
.
Exemplo 6.9 Se x
n
=
n +1 e y
n
=
n, ent ao limx
n
= + e
limy
n
= , mas
lim
n
(x
n
+y
n
) = lim
n
(
n +1
n) = lim
n
(
n +1
n)(
n +1 +
n)
n +1 +
n
= lim
n
1
n +1 +
n
= 0 .
Exemplo 6.10 Se x
n
= n
2
e y
n
= n, ent ao limx
n
= +, limy
n
=
e lim(x
n
+y
n
) = lim(n
2
n) = +, pois n
2
n = n(n1) > n se n 2.
E, portanto, lim(n n
2
) = .
Observac ao 6.6
Exemplo 6.13 Se x
n
= n
2
e y
n
= n, ent ao limx
n
= limy
n
= + e
lim
x
n
y
n
= limn = +.
Exemplo 6.14 Se x
n
= (2 + (1)
n
)n e y
n
= n, ent ao, limx
n
= +,
limy
n
= +, mas a seq u encia
_
x
n
y
n
_
= (2 + (1)
n
) n ao possui limite.
Exemplo 6.15 Se x
n
= an, a > 0 e y
n
= n, ent ao limx
n
= +
limy
n
= + e lim
x
n
y
n
= lima = a.
j=0
_
n
j
_
1
nj
h
j
p+1
j=0
_
n
j
_
h
j
= 1 +nh +
n(n 1)
2!
h
2
+. . . +
n(n 1) . . . (n p)
p!
h
p
.
Da,
a
n
n
p
1
n
p
+
h
n
p1
+
1
2
_
1
1
n
_
h
2
n
p2
+. . .
+
1
(p 1)!
_
1
1
n
_
. . .
_
1
p 1
n
_
h
p1
+
n
p!
_
1
1
n
_
. . .
_
1
p
n
_
h
p
.
J. Delgado - K. Frensel 98
S eries num ericas
Como
lim
n
_
1
n
p
+
h
n
p1
+
1
2
_
1
1
n
_
h
2
n
p2
+. . . +
1
(p 1)!
_
1
1
n
_
. . .
_
1
p 1
n
_
h
p1
+
n
p!
_
1
1
n
_
. . .
_
1
p
n
_
h
p
_
= +,
temos que lim
n
a
n
n
p
= +, qualquer que seja p N.
Isto signica que as pot encias a
n
, a > 1, crescem com n mais rapida-
mente do que qualquer pot encia de n de expoente xo.
_
a
n
0
_
n
<
1
2
n
; para todo n n
0
.
Logo, 0 lim
a
n
n
n
lim
1
2
n
= 0 , ou seja, lim
a
n
n
n
= 0.
n=1
a
n
.
Instituto de Matem atica - UFF 99
An alise na Reta
A parcela a
n
e chamada o n esimo termo ou termo geral da s erie.
Se existe o limite
s = lim
n
s
n
= lim
n
(a
1
+. . . +a
n
) ,
dizemos que a s erie e convergente e que s e a soma da s erie. Escreve-
mos, ent ao,
s =
n=1
a
n
= a
1
+a
2
+. . . +a
n
+. . . .
Se a seq u encia das reduzidas n ao converge, dizemos que a s erie
a
n
e divergente ou que diverge.
Notac ao: Usaremos tamb em a
notac ao
a
n
para designar a
s erie
n=1
a
n
.
Observac ao 7.1 Toda seq u encia (x
n
) pode ser considerada como a
seq u encia das reduzidas de uma s erie.
De fato, basta tomar a
1
= x
1
e a
n+1
= x
n+1
x
n
, para todo n N, pois,
assim, teremos:
s
1
= x
1
,
s
2
= a
1
+a
2
= x
1
+x
2
x
1
= x
2
,
.
.
.
.
.
.
s
n
= x
1
+ (x
2
x
1
) +. . . + (x
n
x
n1
) = x
n
.
Assim, a s erie x
1
+
n=1
(x
n+1
x
n
) converge se, e s o se, a seq u encia (x
n
)
converge. E, neste caso, a soma da s erie e igual a limx
n
.
Teorema 7.1 Se
a
n
e uma s erie convergente, ent ao, lima
n
= 0.
Prova.
Seja s = lims
n
, onde s
n
= a
1
+. . . +a
n
.
Ent ao, lims
n1
= s. Logo, como a
n
= s
n
s
n1
, temos que
lima
n
= lim(s
n
s
n1
) = lims
n
lims
n1
= 0.
n=1
1
n
. Seu termo geral
1
n
tende para zero, mas a s erie diverge.
J. Delgado - K. Frensel 100
S eries num ericas
Com efeito, para todo n 1, temos
s
2
n = 1 +
1
2
+
_
1
3
+
1
4
_
+
_
1
5
+
1
6
+
1
7
+
1
8
_
+. . . +
_
1
2
n1
+1
+. . . +
1
2
n
_
> 1 +
1
2
+
2
4
+
4
8
+. . . +
2
n1
2
n
= 1 +n
1
2
,
Logo, a subseq u encia (s
2
n) tende a +. Como a seq u encia (s
n
) e cres-
cente e ilimitada superiormente, temos que s
n
+, ou seja, a s erie
harm onica
n=1
diverge.
n=1
1
n
r
diverge, pois
1
n
r
>
1
n
para todo n > 1.
Lembre que: n
r
= e
r log n
<
e
log n
=n.
Exemplo 7.2 A s erie geom etrica
n=0
a
n
e
divergente, se |a| 1, pois, neste caso, seu termo geral a
n
n ao
tende para zero.
convergente, se |a| < 1, pois, neste caso, a seq u encia das reduzi-
das e
s
n
= 1 +a +. . . +a
n
=
1 a
n+1
1 a
,
que tende para
1
1 a
. Isto e,
n=0
a
n
=
1
1 a
, se |a| < 1.
Observac ao 7.2 Das propriedades aritm eticas dos limites de seq u encias,
resulta que:
se
a
n
e
b
n
s ao s eries convergentes, ent ao a s erie
(a
n
+ b
n
) e
convergente e
(a
n
+b
n
) =
a
n
+
b
n
.
se
a
n
e convergente, ent ao a s erie
(ra
n
) e convergente e
(ra
n
) =
r
a
n
, para todo r R.
se as s eries
a
n
e
b
n
convergem, ent ao a s erie
c
n
cujo termo
geral e c
n
=
n
i=1
a
i
b
n
+
n1
j=1
a
n
b
j
converge e
c
n
= (
a
n
) (
b
n
).
Instituto de Matem atica - UFF 101
An alise na Reta
De fato, sejam s
n
= a
1
+ . . . + a
n
e t
n
= b
1
+ . . . + b
n
as reduzidas das
s eries
a
n
e
b
n
.
Como s
n
s e t
n
t, temos que
(
a
n
) (
b
n
) = s t = lim
n
s
n
t
n
= lim
n
n
i,j=1
a
i
b
j
.
Armac ao:
n
=1
c
=
n
i,j=1
a
i
b
j
, para todo n N.
Se n = 1,
1
=1
c
= c
1
= a
1
b
1
=
1
i,j=1
a
i
b
j
.
Suponhamos, por induc ao, que
n
=1
c
=
_
n
i=1
a
i
_ _
n
j=1
b
j
_
.
Ent ao,
n+1
=1
c
=
n
=1
c
+c
n+1
=
_
n
i=1
a
i
_ _
n
j=1
b
j
_
+c
n+1
=
_
n
i=1
a
i
_ _
n
j=1
b
j
_
+
n+1
i=1
a
i
b
n+1
+
n
j=1
a
n+1
b
j
=
_
n
i=1
a
i
_ _
n
j=1
b
j
_
+
n
i=1
a
i
b
n+1
+a
n+1
b
n+1
+
n
j=1
a
n+1
b
j
=
_
n
i=1
a
i
_ _
n+1
j=1
b
j
_
+
n+1
j=1
a
n+1
b
j
=
_
n+1
i=1
a
i
_ _
n+1
j=1
b
j
_
.
Veremos depois que, em casos especiais,
(
a
n
) (
b
n
) =
p
n
,
onde p
n
=
n
i=1
a
i
b
n+1i
= a
1
b
n
+a
2
b
n1
+. . . +a
n
b
1
.
Exemplo 7.3 A s erie
n=1
1
n(n +1)
e convergente e sua soma e 1.
J. Delgado - K. Frensel 102
S eries num ericas
De fato, como
1
n(n +1)
=
1
n
1
n +1
, a reduzida de ordem n da s erie e
s
n
=
_
1
1
2
_
+
_
1
2
1
3
_
+. . . +
_
1
n
1
n +1
_
= 1
1
n +1
.
Logo,
1
n(n +1)
= lims
n
= 1.
(1)
n+1
= 1 1 + 1 1 + . . . e divergente, pois
seu termo geral n ao tende para zero. Suas reduzidas de ordem par s ao
iguais a zero e as de ordem mpar s ao iguais a um.
n=1
a
n
converge se, e somente se,
n=n
0
a
n
converge, onde n
0
N e xo.
De fato, as reduzidas da primeira s erie s ao s
n
= a
1
+ . . . + a
n
e as da
segunda s erie s ao t
n
= a
n
0
+a
n
0
+1
. . . +a
n
0
+n1
, ou seja, t
n+1
= s
n
0
+n
s
n
0
1
. Logo, s
n
converge se, e somente se, t
n
converge.
Isto signica que a converg encia de uma s erie se mant em quando dela
retiramos ou acrescentamos um n umero nito de termos.
Teorema 7.2 Seja a
n
0 para todo n N. A s erie
a
n
converge se, e
somente se, a seq u encia das reduzidas e limitada, ou seja, se, e somente
se, existe k > 0 tal que s
n
= a
1
+. . . +a
n
< k para todo n N.
Prova.
Como a
n
0 para todo n, a seq u encia (s
n
) e mon otona n ao-decrescente.
Logo, (s
n
) converte se, e somente se, (s
n
) e limitada.
b
n
implica a converg encia de
a
n
, enquanto a diverg encia de
a
n
acarreta a de
b
n
.
Prova.
Sejam s
n
= a
n
0
+. . . +a
n
e t
n
= b
n
0
+. . . +b
n
para todo n n
0
.
Instituto de Matem atica - UFF 103
An alise na Reta
Se a s erie
b
n
converge, existe k > 0 tal que b
1
+ . . . + b
n
< k
para todo n N. Logo, a seq u encia crescente (s
n
) converge, pois s
n
< k
para todo n n
0
.
Assim, a s erie
nn
0
a
n
converge, e, portanto,
n=1
a
n
e uma s erie conver-
gente.
Se a s erie
a
n
diverge, a seq u encia (s
n
) de suas reduzidas,
tende a . Como s
n
= s
n
s
n
0
1
, temos que a seq u encia (s
n
) tende a .
Ent ao a s erie
b
n
diverge, pois t
n
t
1
c
s
n
, para todo n n
0
, j a que
b
n
a
n
c para todo n n
0
.
n=1
1
n
r
e convergente.
Como os termos
1
n
r
da s erie s ao positivos, a seq u encia (s
n
) de suas re-
duzidas e crescente.
Ent ao, para provar que (s
n
) converge, basta mostrar que (s
n
) possui uma
subseq u encia limitada.
Para m = 2
n
1,
s
2
n
1
= 1 +
_
1
2
r
+
1
3
r
_
+
_
1
4
r
+
1
5
r
+
1
6
r
+
1
7
r
_
+. . .
+
_
1
(2
n1
)
r
+. . . +
1
(2
n
1)
r
_
< 1 +
2
2
r
+
4
4
r
+. . . +
2
n1
(2
n1
)
r
=
n1
i=0
_
2
2
r
_
i
,
pois
1
(2
n
1)
r
=
1
(2
n1
+2
n1
1)
r
.
Como r > 1, temos
2
2
r
< 1. Logo, a s erie
n=0
_
2
2
r
_
n
converge e e, portanto,
limitada. Assim, s
m
< c para todo m = 2
n
1, ou seja, a subseq u encia
(s
2
n
1
)
nN
e limitada.
a
n
e convergente se, e somente se, para cada > 0 dado,
existe n
0
N tal que
|a
n+1
+. . . +a
n+p
| < ,
quaisquer que sejam n > n
0
e p N.
Prova.
Seja (s
n
) a seq u encia das reduzidas da s erie
a
n
.
Como s
n+p
s
n
= a
n+1
+ . . . + a
n+p
, basta aplicar ` a seq u encia (s
n
) o
crit erio de Cauchy para seq u encias.
|a
n
| e convergente.
Exemplo 7.6 Toda s erie convergente cujos termos n ao mudam de sinal
e absolutamente convergente.
a
n
e absolutamente
convergente.
n=1
(1)
n+1
n
e convergente, mas n ao e absoluta-
mente convergente.
J a provamos que a s erie
n=1
(1)
n+1
n
n=1
1
n
,
e divergente. Vamos mostrar agora que a s erie
(1)
n+1
n
e convergente.
Suas reduzidas de ordem par s ao:
s
2
= 1
1
2
; s
4
=
_
1
1
2
_
+
_
1
3
1
4
_
; . . . ;
s
2n
=
_
1
1
2
_
+
_
1
3
1
4
_
+. . . +
_
1
2n 1
1
2n
_
; . . .
Instituto de Matem atica - UFF 105
An alise na Reta
Como
_
1
j 1
1
j
_
> 0, para todo j > 1, temos que a subseq u encia (s
2n
)
e crescente.
Al em disso, (s
2n
) e limitada superiormente.
Com efeito, existe c > 0 tal que
s
2n
=
1
2 1
+
1
3 4
+. . . +
1
(2n 1) (2n)
< 1 +
1
3
2
+. . . +
1
(2n 1)
2
< c ,
para todo n N, pois a s erie
1
n
2
e convergente e, portanto, limitada.
Logo, existe lims
2n
= s
.
Suas reduzidas de ordem mpar s ao:
s
1
= 1 ; s
3
= 1
_
1
2
1
3
_
; . . . ;
s
2n1
= 1
_
1
2
1
3
_
+. . . +
_
1
2n 2
1
2n 1
_
; . . .
Ent ao a subseq u encia (s
2n1
) e decrescente.
Al em disso, como, para todo n N,
s
2n1
= 1
1
2 3
1
4 5
. . .
1
(2n 2)(2n 1)
> 1
1
2
2
1
4
2
. . .
1
(2n 1)
2
> 1
_
1 +
1
2
2
+
1
3
2
+. . . +
1
(2n 1)
2
_
.
e a s erie
1
n
2
e convergente, temos que a subseq u encia (s
2n1
) con-
verge, pois (s
2n1
) e limitada inferiormente.
Seja s
= lims
2n1
.
Como s
2n+1
s
2n
=
1
2n +1
0, temos que s
= s
= s
n=1
(1)
n
n
.
a
n
e condicionalmente convergente.
J. Delgado - K. Frensel 106
S eries num ericas
Teorema 7.4 Toda s erie absolutamente convergente e convergente.
Prova.
Se a s erie
|a
n
| converge, dado > 0, existe n
0
N tal que
|a
n+1
| +. . . + |a
n+p
| < ,
quaisquer que sejam n > n
0
e p N. Logo, como
|a
n+1
+. . . +a
n+p
| |a
n+1
| +. . . + |a
n+p
| < ,
temos, pelo crit erio de Cauchy para s eries, que a s erie
a
n
converge.
b
n
uma s erie convergente com b
m
0 para todo
n N.
Se existem k > 0 e n
0
N tais que |a
n
| kb
n
para todo n > n
0
, ent ao a
s erie
a
n
e absolutamente convergente.
Prova.
Dado > 0, existe n
1
N tal que
|b
n+1
+. . . +b
n+p
| = b
n+1
+. . . +b
n+p
<
k
,
quaisquer que sejam n > n
1
e p N.
Tome n
2
= max{n
1
, n
0
}. Ent ao,
|a
n+1
| +. . . + |a
n+p
| k (b
n+1
+. . . +b
n+p
) < ,
quaisquer que sejam n > n
0
e p N.
a
n
e absolutamente convergente.
Prova.
Basta aplicar o corol ario anterior, j a que a s erie geom etrica
c
n
con-
verge se 0 < c < 1.
a
n
e absolutamente convergente. Ou seja, se limsupx
n
< 1, ent ao a s erie
a
n
e absolutamente convergente.
Corol ario 7.5 Se lim
n
_
|a
n
| < 1, ent ao a s erie
a
n
e absolutamente
convergente.
Observac ao 7.5 Se existe uma innidade de ndices n para os quais
n
_
|a
n
| 1, ent ao a s erie
a
n
e divergente, pois seu termo geral n ao
tende para zero. Em particular, isto ocorre quando lim
n
_
|a
n
| > 1 ou
liminf
n
_
|a
n
| > 1.
Observac ao 7.6 Se lim
n
_
|a
n
| = 1 e lima
n
= 0, a s erie
a
n
pode
convergir ou n ao.
Por exemplo, para ambas as s eries
1
n
e
1
n
2
temos que lima
n
= 0 e
lim
n
_
|a
n
| = 1, pois lim
1
n
n
= 1 e, portanto lim
n
_
1
n
2
= lim
_
1
n
n
_
2
= 1.
No entanto, a s erie
1
n
diverge e a s erie
1
n
2
converge.
Exemplo 7.9 Consideremos a s erie
n=1
n
r
a
n
, onde a, r R. Temos
lim
n
n
_
|n
r
a
n
| = lim
n
_
n
n
_
r
|a| = |a|
_
lim
n
n
_
r
= |a|.
Logo, a s erie converge se |a| < 1.
Como |n
r
a
n
| 1 para todo n N, se |a| 1 e r 0, o termo geral da
s erie n ao tende para zero.
Exerccio 13: Determine quando
a s erie
n
r
a
n
diverge ou con-
verge, se |a| =1 e r <0.
Logo, a s erie
n
r
a
n
diverge se |a| 1 e r 0.
J. Delgado - K. Frensel 108
S eries num ericas
Se |a| > 1 e r < 0, temos que lim
n
a
n
n
r
= +. Logo, neste caso, tamb em,
a s erie
n
r
a
n
diverge.
2
|a|
2n
_
|a|
= |a| , e
lim
2n1
_
|b
2n1
| = lim
2n1
_
|a|
2n2
= lim
|a|
2n1
_
|a|
= |a| ,
temos que a s erie converge absolutamente se |a| < 1 e diverge se |a| > 1.
Portanto, a s erie converge (absolutamente) se, e somente se, |a| < 1.
a
n
e absolutamente convergente.
Prova.
Seja n > n
0
. Ent ao,
|a
n
0
+2
|
|a
n
0
+1
|
b
n
0
+2
b
n
0
+1
,
|a
n
0
+3
|
|a
n
0
+2
|
b
n
0
+3
b
n
0
+2
, . . . ,
|a
n
|
|a
n1
|
b
n
b
n1
.
Multiplicando membro a membro essas desigualdades, obtemos
|a
n
|
|a
n
0
+1
|
b
n
b
n
0
+1
,
ou seja, |a
n
| k b
n
, onde k =
|a
n
0
+1
|
b
n
0
+1
. Ent ao, pelo corol ario -, a s erie
a
n
e absolutamente convergente.
Corol ario 7.6 Se existe uma constante c tal que 0 < c < 1 e
|a
n+1
|
|a
n
|
c
para todo n n
0
, ent ao a s erie
a
n
e absolutamente convergente.
Instituto de Matem atica - UFF 109
An alise na Reta
Ou seja, se limsup
|a
n+1
|
|a
n
|
< 1, a s erie
a
n
converge absolutamente.
Prova.
Basta tomar b
n
= c
n
no teorema anterior, pois a s erie geom etrica
c
n
converge se 0 < c < 1.
na
n
. Como
lim
|(n +1)a
n+1
|
|na
n
|
= lim|a|
_
n +1
n
_
= |a| ,
temos que a s erie
a
n
converge.
Neste caso, o teste da raiz e da raz ao levam ao mesmo resultado, pois,
como j a vimos, lim
n
na
n
= |a|.
n=0
x
n
n!
, onde x R.
Como
|x|
n+1
(n +1)!
n!
|x|
n
=
|x|
n +1
0, temos que a s erie
n=0
x
n
n!
e absoluta-
mente convergente para todo x R.
a
n
pode convergir ou divergir. Por exemplo,
a s erie harm onica
1
n
diverge e lim
|a
n+1
|
|a
n
|
= lim
n +1
n
= 1 ;
a s erie
1
n
2
converge e lim
|a
n+1
|
|a
n
|
= lim
_
n +1
n
_
2
= 1 .
Observac ao 7.8 Quando
|a
n+1
|
|a
n
|
1 para todo n n
0
, a s erie
a
n
diverge, pois seu termo geral n ao tende para zero.
Mas, ao contr ario do teste da raiz, n ao se pode concluir que a s erie
a
n
diverge apenas pelo fato de se ter
|a
n+1
|
|a
n
|
1 para uma innidade de
valores de n.
Com efeito, se
a
n
e uma s erie convergente qualquer e a
n
> 0 para todo
n N, a s erie a
1
+a
1
+a
2
+a
2
+. . . +a
n
+a
n
+. . . tamb em e convergente,
pois s
2n
= 2s
n
e s
2n1
= 2s
n
a
n
e, portanto,
lims
2n
= lims
2n1
= 2s = 2
a
n
,
onde s
n
e s
n
s ao as reduzidas de ordem n das s eries a
1
+a
1
+a
2
+a
2
+
. . . +a
n
+a
n
+. . . e
a
n
, respectivamente.
Mas, se b
n
e o termo geral da s erie a
1
+a
1
+a
2
+a
2
+. . . +a
n
+a
n
+. . .,
temos que
b
n+1
b
n
= 1 para todo n mpar.
Teorema 7.6 Seja (a
n
) uma seq u encia limitada de n umeros reais posi-
tivos. Ent ao,
liminf
a
n+1
a
n
liminf
n
a
n
limsup
n
a
n
limsup
a
n+1
a
n
.
Em particular, se existir lim
a
n+1
a
n
, existir a, tamb em, lim
n
a
n
e os dois limi-
Instituto de Matem atica - UFF 111
An alise na Reta
tes ser ao iguais.
Prova.
Vamos provar que
liminf
a
n+1
a
n
liminf
n
a
n
.
Suponhamos, por absurdo, que
a = liminf a
n+1
a
n
> liminf
n
a
n
= b.
Ent ao, existe c R, tal que b < c < a, ou seja,
b = liminf
n
a
n
< c < liminf
a
n+1
a
n
= a.
Pelo corol ario , existe p N tal que
a
n+1
a
n
> c para todo n p. Assim,
a
p+1
a
p
> c ,
a
p+2
a
p+1
> c , . . . ,
a
n
a
n1
> c ,
para todo n > p. Multiplicando membro a membro as np desigualdades,
obtemos que
a
n
a
p
> c
np
, ou seja,
n
a
n
> c
n
a
n
,
n+1
a
n+1
, . . . } inf
_
c
n
k, c
n+1
k, . . .
_
pois,
inf
_
c
n
k, c
n+1
k, . . .
_
c
m
k <
m
a
m
,
para todo m n e n > p. Ou seja, inf
_
c
n
k, c
n+1
k, . . .
_
e uma cota
inferior do conjunto {
n
a
n
,
n+1
a
n+1
, . . . }.
Assim, temos que
liminf
n
a
n
liminf c
n
k = limc
n
k = c ,
o que e absurdo, pois estamos supondo que liminf
n
a
n
< c.
A desigualdade
limsup
n
a
n
limsup
a
n+1
a
n
prova-se de modo an alogo.
x
2n1
= lim(a
n
b
n1
)
1
2n1
= lima
n
2n1
b
n1
2n1
= lima
1
2
+
1
2(2n1)
b
1
2
1
2(2n1)
=
a
_
lima
1
2(2n1)
_
b
_
limb
1
2(2n1)
_
=
ab
lim
2n
x
2n
= lim
2n
a
n
b
n
= lim
ab =
ab
Logo, lim
n
x
n
=
ab.
Este exemplo mostra que pode existir o limite da raiz sem que exista
o limite da raz ao.
Exemplo 7.15 Seja x
n
=
1
n
n!
. Tome y
n
=
1
n!
. Ent ao, x
n
=
n
y
n
.
Como
lim
y
n+1
y
n
= lim
1
(n +1)!
n! = lim
1
n +1
= 0 ,
temos que lim
n
y
n
tamb em existe e
lim
n
y
n
= lim
y
n+1
y
n
= 0 .
Logo, limx
n
= lim
n
y
n
= 0.
n!
e considere y
n
=
n
n
n!
. Ent ao,
n
y
n
= x
n
.
Como
y
n+1
y
n
=
(n +1)
n+1
(n +1)!
n!
n
n
=
(n +1)(n +1)
n
n!
n!(n +1)n
n
=
_
1 +
1
n
_
n
e ,
temos que existe lim
n
y
n
. Logo,
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limx
n
= lim
n
y
n
= lim
y
n+1
y
n
= e .
a
n
b
n
e convergente.
Prova.
Vamos mostrar, primeiro, por induc ao, que, para todo n 2,
a
1
b
1
+a
2
b
2
+a
3
b
3
+. . . +a
n
b
n
=
n
i=2
s
i1
(b
i1
b
i
) +s
n
b
n
,
ou seja,
a
1
b
1
+a
2
b
2
+. . . +a
n
b
n
= a
1
(b
1
b
2
) + (a
1
+a
2
)(b
2
b
3
)
+ (a
1
+a
2
+a
3
)(b
3
b
4
)
+ . . . + (a
1
+. . . +a
n
) b
n
.
De fato
Se n = 2, a
1
b
1
+a
2
b
2
= a
1
(b
1
b
2
) + (a
1
+a
2
)b
2
.
Suponhamos que a igualdade e verdadeira para n. Ent ao,
a
1
b
1
+a
2
b
2
+. . . +a
n
b
n
+a
n+1
b
n+1
=
n
i=2
s
i1
(b
i1
b
i
) +s
n
b
n
+a
n+1
b
n+1
=
n
i=2
s
i1
(b
i1
b
i
) +s
n
(b
n
b
n+1
) +s
n
b
n+1
+a
n+1
b
n+1
=
n+1
i=2
s
i1
(b
i1
b
i
) +s
n+1
b
n+1
.
Como a seq u encia (s
n
) e limitada, existe k > 0 tal que |s
n
| k para todo
n N.
Temos tamb em que a reduzida de ordem n da s erie de termos n ao-
negativos
n=2
(b
n1
b
n
) e b
1
b
n+1
, que converge para b
1
.
J. Delgado - K. Frensel 114
S eries num ericas
Logo, a s erie
n=2
s
n1
(b
n1
b
n
) e convergente, pois a s erie
n=2
(b
n1
b
n
)
converge e
|s
n1
(b
n1
b
n
)| k(b
n1
b
n
) , para todo n 2.
Ent ao a s erie
n=1
a
n
b
n
e convergente, pois lims
n
b
n
= 0, ou seja, a redu-
zida
n
i=2
s
i1
(b
i1
b
i
) +s
n
b
n
de ordem n da s erie
a
n
b
n
converge.
a
n
e convergente e (b
n
) e uma seq u encia n ao-crescente e
limitada inferiormente, ent ao a s erie
a
n
b
n
e convergente.
Prova.
Como a seq u encia (b
n
) e n ao-crescente e limitada inferiormente, existe
limb
n
= b e b b
n
para todo n N.
Logo, lim(b
n
b) = 0 e (b
n
b) e uma seq u encia n ao-crescente.
Ent ao, pelo teorema de Dirichlet, a s erie
a
n
(b
n
b) e convergente e,
portanto, a s erie
a
n
b
n
tamb em e convergente, j a que a s erie
b
n
a
n
converge.
(1)
n
b
n
e convergente.
Prova.
Pelo teorema de Dirichlet, a s erie
(1)
n
b
n
converge, pois as reduzidas
da s erie
(1)
n
s ao limitadas por 1.
(1)
n
n
r
e convergente para todo r > 0, pois a
seq u encia
1
n
r
e decrescente e tende para zero.
Logo, a s erie
(1)
n
n
r
e condicionalmente convergente para 0 < r 1,
pois j a provamos que a s erie
1
n
r
n ao converge quando r 1.
n=1
cos(nx)
n
e
sen(nx)
n
,
s ao convergentes.
Como a seq u encia
_
1
n
_
e decrescente e tende para zero, basta mostrar
que as reduzidas s
n
= cos(x) + cos(2x) + . . . + cos(nx) e t
n
= sen(x) +
sen(2x) +. . . +sen(nx) das s eries
cos(nx) e
sen(nx) s ao limitadas.
Temos que 1 + s
n
e t
n
s ao, respectivamente, a parte real e imagin aria do
n umero complexo
1 +e
ix
+. . . +e
inx
=
1 (e
ix
)
n+1
1 e
ix
.
Logo, como e
ix
= 1, pois x = 2k, k Z, temos que
1
_
e
ix
_
n+1
1 e
ix
2
|1 e
ix
|
, para todo n N.
Ou seja, a seq u encia
_
1 +e
ix
+. . . +e
inx
_
nN
e limitada e, portanto, as
seq u encias de suas partes reais e imagin arias s ao, tamb em, limitadas.
a
n
, denimos
p
n
=
_
_
_
a
n
se a
n
> 0
0 se a
n
0 .
O n umero p
n
e chamado parte positiva de a
n
.
Analogamente, denimos a parte negativa de a
n
como sendo o n umero
q
n
=
_
_
_
0 se a
n
0
a
n
se a
n
< 0 .
Ent ao, para todo n N temos p
n
0 , q
n
0 e
a
n
= p
n
q
n
; |a
n
| = p
n
+q
n
; |a
n
| = a
n
+2q
n
; |a
n
| = 2p
n
a
n
.
Se
a
n
e absolutamente convergente ent ao, para todo k N, temos:
n=1
n=1
|a
n
| =
k
n=1
p
n
+
k
n=1
q
n
.
Logo, as s eries
p
n
e
q
n
s ao convergentes, pois suas reduzidas for-
J. Delgado - K. Frensel 116
Aritm etica de s eries
mam seq u encias n ao-decrescentes limitadas superiormente por
n=1
|a
n
|.
E, reciprocamente, se as s eries
p
n
e
q
n
s ao convergentes, ent ao a
s erie
a
n
e absolutamente convergente.
Mas, se a s erie
a
n
e condicionalmente convergente, ent ao as s eries
p
n
e
q
n
divergem. De fato, se pelo menos uma dessas s eries con-
verge, a s erie
a
n
tamb em converge.
Suponha, por exemplo, que a s erie
q
n
converge.
Ent ao, a s erie
|a
n
| converge, pois
k
n=1
|a
n
| =
k
n=1
a
n
+2
k
n=1
q
n
n=1
a
n
+2
n=1
q
n
.
O caso em que a s erie
p
n
converge, prova-se que a s erie
|a
n
| con-
verge de modo an alogo usando a relac ao |a
n
| = 2p
n
a
n
, para todo
n N.
Exemplo 7.19 J a sabemos que a s erie
n=1
(1)
n+1
n
= 1
1
2
+
1
3
1
4
+. . . e
condicionalmente convergente. Logo, a s erie das partes positivas
p
n
=
1+0+
1
3
+0+. . . e a s erie das partes negativas
q
n
= 0+
1
2
+0+
1
4
+. . .
divergem.
a
n
.
Como (s
n
) e uma seq u encia convergente, (t
n
) tamb em o e, ou seja,
Instituto de Matem atica - UFF 117
An alise na Reta
a nova s erie e convergente e sua soma e igual a s =
n=1
a
n
.
Por exemplo, a reduzida t
n
da s erie
(a
1
+a
2
) + (a
3
+a
4
) + (a
5
+a
6
) +. . .
e igual a s
2n
.
Dissociatividade: Ao dissociarmos os termos de uma s erie conver-
gente, podemos obter uma s erie divergente, pois a s erie original pode ser
obtida da nova s erie por associac ao de seus termos. Logo, a seq u encia
das reduzidas (s
n
) da s erie original e uma subseq u encia das reduzidas
(t
n
) da nova s erie. Assim, (s
n
) pode convergir sem que (t
n
) convirja.
Por exemplo, dada a s erie
a
n
convergente, podemos dissociar
seus termos da forma a
n
= a
n
+1 1. Ent ao, a nova s erie
a
1
+1 1 +a
2
+1 1 +a
3
+1 1 +. . .
diverge, pois seu termo geral n ao converge para zero.
Mas, quando a s erie
a
n
e absolutamente convergente e dissocia-
mos seus termos como somas nitas a
n
= a
1
n
+. . . +a
k
n
de parcelas com
o mesmo sinal, a nova s erie obtida converge e converge para a mesma
soma.
Suponhamos, primeiro, que a
n
0 para todo n N. Se escre-
vermos cada a
n
como uma soma nita de n umeros n ao-negativos, obte-
mos uma nova s erie
b
n
, com b
n
0, cuja seq u encia das reduzidas
(t
n
) e uma seq u encia n ao-decrescente, que possui como subseq u encia a
seq u encia (s
n
) das reduzidas da s erie
a
n
.
Como a subseq u encia (s
n
) e limitada superiormente, por ser conver-
gente, ent ao (t
n
) e, tamb em, limitada superiormente. Logo, (t
n
) converge
e converge para o mesmo limite da subseq u encia (s
n
). Ou seja, a nova
s erie
b
n
converge e tem soma
b
n
=
a
n
.
Seja, agora, uma s erie
a
n
absolutamente convergente.
Se p
n
e q
n
s ao, respectivamente, a parte positiva e a parte nega-
tiva de a
n
, temos que as s eries
p
n
e
q
n
t em todos os termos n ao-
negativos, s ao convergentes, e
a
n
=
p
n
q
n
.
J. Delgado - K. Frensel 118
Aritm etica de s eries
Como toda dissociac ao dos a
n
em somas nitas de parcelas com
o mesmo sinal determina uma dissociac ao em
p
n
e outra em
q
n
,
temos, pelo visto acima, que esta dissociac ao mant em a converg encia e
o valor da soma das s eries
p
n
e
q
n
.
Logo, a nova s erie e convergente e tem a mesma soma que
a
n
.
Exemplo 8.1 Sejam
a
n
e
b
n
s eries convergentes com somas s e
t, respectivamente. J a sabemos que a s erie
(a
n
+ b
n
) = (a
1
+ b
1
) +
(a
2
+b
2
) +. . . converge para s +t.
Vamos provar que a s erie a
1
+b
1
+a
2
+b
2
+. . ., obtida pela dissociac ao
dos termos da s erie
(a
n
+b
n
) converge e sua soma e s +t.
Observamos primeiro, que esta armac ao n ao decorre do provado acima,
pois n ao estamos supondo que as s eries
a
n
e
b
n
sejam absoluta-
mente convergentes e nem que os seus termos a
n
e b
n
tenham o mesmo
sinal.
Sejam s
n
e t
n
as reduzidas das s eries
a
n
e
b
n
respectivamente.
Ent ao, a s erie a
1
+b
1
+a
2
+b
2
+a
3
+b
3
+. . . tem como reduzidas de ordem
par r
2n
= s
n
+t
n
e como reduzidas de ordemmpar r
2n1
= s
n1
+t
n1
+a
n
.
Logo, limr
n
= s +t , ou seja, a s erie a
1
+b
1
+a
2
+b
2
+. . . e convergente
e tem soma s +t.
a
n
, mudar a ordemde seus termos
signica considerar uma bijec ao : N N para formar uma nova s erie
b
n
, cujo termo geral e b
n
= a
(n)
, para todo n N.
Denic ao 8.1 Uma s erie
a
n
e comutativamente convergente quando,
para toda bijec ao : N N, a s erie
b
n
, cujo termo geral e b
n
= a
(n)
,
e convergente e
a
n
=
b
n
.
Exemplo 8.2 A s erie
n=1
(1)
n+1
n
= 1
1
2
+
1
3
1
4
+ . . . e convergente,
mas n ao e absolutamente convergente.
Provaremos depois que a soma s
da s erie do exemplo 8.2 e igual a
log 2, usando a s erie de Taylor da
func ao logaritmo.
Seja s =
n=1
(1)
n+1
n
. Multiplicando os termos da s erie por
1
2
, obtemos
Instituto de Matem atica - UFF 119
An alise na Reta
s
2
=
n=1
(1)
n+1
2n
=
1
2
1
4
+
1
6
1
8
+
1
10
. . .
Ent ao,
s
2
= 0 +
1
2
+0
1
4
+0 +
1
6
+0
1
8
+0 +
1
10
. . . ,
pois, se incluirmos zeros entre os termos de uma s erie, n ao alteramos a
sua converg encia e nem a sua soma.
De fato, se s
n
e t
n
s ao as reduzidas da s erie
a
n
e da s erie
b
n
,
obtida acrescentando zeros entre os seus termos a
n
, temos que, dado
n
0
N, existe m
0
N tal que t
m
0
= s
n
0
.
Assim, se |s
n
s| < para todo n n
0
, ent ao |t
n
s| < para todo
m m
0
, existe n n
0
tal que m = n.
Ent ao, somando termo a termo as s eries
s
2
= 0 +
1
2
+0
1
4
+0 +
1
6
+0
1
8
+0 +
1
10
. . . ,
e
s = 1
1
2
+
1
3
1
4
+
1
5
1
6
+
1
7
1
8
+
1
9
1
10
+. . . ,
obtemos a s erie
3s
2
= 1 +0 +
1
3
1
2
+
1
5
+0 +
1
7
1
4
+
1
9
+
1
11
1
6
+. . .
Pela propriedade associativa, pois retiramos os termos zeros de uma s erie
sem alterar sua converg encia nem a sua soma. Logo,
3s
2
= 1 +
1
3
1
2
+
1
5
+
1
7
1
4
+
1
9
+
1
11
1
6
+. . .
Precisamos ainda provar que os termos da s erie
(a
n
+b
n
), onde
a
n
= 0 +
1
2
+0
1
4
+0 +
1
6
+. . .
e
b
n
= 1
1
2
+
1
3
1
4
+
1
5
1
6
+. . .
s ao os termos da s erie
b
n
, depois de eliminarmos os zeros, s o que
numa ordem diferente!
De fato, como a
2n1
= 0, a
2n
=
(1)
n+1
2n
e b
n
=
(1)
n+1
n
, temos:
a
2n1
+b
2n1
= b
2n1
J. Delgado - K. Frensel 120
Aritm etica de s eries
e
a
2n
+b
2n
=
(1)
n+1
2n
+
(1)
2n+1
n
=
(1)
n+1
+ (1)
2n+1
2n
.
Logo, a
2n
+b
2n
=
2
2n
=
(1)
n+1
n
se n e par, e a
2n
+b
2n
= 0 se n e mpar.
Provamos, assim, que os termos da s erie
1 +
1
3
1
2
+
1
5
+
1
7
1
4
+
1
9
+
1
11
1
6
+. . .
cuja soma e
3s
2
s ao os mesmos da s erie original, cuja soma e s, apenas
com uma mudanca de ordem.
Assim, uma reordenac ao dos termos de uma s erie convergente pode al-
terar o valor da sua soma!
a
n
e uma s erie convergente com a
n
0
para todo n.
Seja : N N uma bijec ao e tomemos b
n
= a
(n)
.
Vamos provar que a s erie
b
n
e convergente e que
b
n
=
a
n
.
Sejam s
n
= a
1
+. . . +a
n
e t
n
= a
(1)
+. . . +a
(n)
as reduzidas de ordem
n das s eries
a
n
e
b
n
, respectivamente.
Armac ao 1: Para cada n N existe m N tal que t
n
s
m
.
De fato, seja m = max {(1), . . . , (n)}. Ent ao
{(1), . . . , (n)} {1, 2, . . . , m} .
Logo,
t
n
=
n
n=1
a
(i)
i=1
a
j
= s
m
.
Armac ao 2: Para cada m N, existe n N tal que s
m
t
n
.
De fato, dado m N, temos que s
m
=
m
i=1
a
i
=
m
i=1
b
1
(i)
.
Instituto de Matem atica - UFF 121
An alise na Reta
Seja n = max
_
1
(1), . . . ,
1
(m)
_
. Ent ao,
_
1
(1), . . . ,
1
(n)
_
{1, 2, . . . , n} .
Logo,
s
m
=
m
i=1
b
1
(i)
j=1
= t
n
.
Armac ao 3: lims
n
= limt
n
= s , ou seja,
b
n
e convergente e
b
n
=
a
n
.
De fato, como s = lims
m
= sup
mN
s
m
e t = limt
n
= sup
nN
t
n
, temos que
s
m
s para todo m N e t
n
t, para todo n N.
Assim, pelas armac oes (1) e (2), t
n
s para todo n N e s
m
t para
todo m N.
Portanto, t s e s t, ou seja, s = t.
No caso em que a s erie
a
n
e absolutamente convergente, temos que
a
n
=
p
n
q
n
, onde p
n
e q
n
s ao a parte positiva e a parte negativa
de a
n
, respectivamente.
Armac ao 4: Toda reordenac ao (b
n
) dos termos a
n
da s erie original d a
lugar a uma reordenac ao (u
n
) para os p
n
e uma reordenac ao (v
n
) para
os q
n
, de tal modo que cada u
n
e a parte positiva e cada v
n
e a parte
negativa de b
n
.
De fato, se b
n
= a
(n)
, sendo : N N uma bijec ao, temos que:
_
_
_
u
n
= a
(n)
= p
(n)
= b
n
, se a
n
= b
n
< 0
v
n
= 0 = q
(n)
, se a
(n)
= b
n
0 .
Pelo provado anteriormente, as s eries
u
n
e
v
n
convergem, sendo
u
n
=
p
n
e
v
n
=
q
n
.
Logo, a s erie
b
n
e absolutamente convergente e
b
n
=
u
n
v
n
.
Al em disso,
a
n
=
p
n
q
n
=
u
n
v
n
=
b
n
.
a
n
uma s erie condicionalmente convergente. Dado
qualquer n umero real c, existe uma reordenac ao (b
n
) dos termos de
a
n
,
de modo que
b
n
= c.
J. Delgado - K. Frensel 122
Aritm etica de s eries
Prova.
sejam p
n
a parte positiva e q
n
a parte negativa de a
n
. Como a s erie
a
n
e condicionalmente convergente, temos que lima
n
= 0, e, portanto,
limp
n
= limq
n
= 0, mas
p
n
= +e
q
n
= +.
Vamos reordenar os termos da s erie
a
n
da seguinte maneira:
Sejam
n
1
N o menor ndice tal que p
1
+. . . +p
n
1
> c .
n
2
N o menor ndice tal que
p
1
+. . . +p
n
1
q
1
. . . q
n2
< c .
n
3
N o menor ndice tal que
p
1
+. . . +p
n
1
q
1
. . . q
n2
+p
n
1
+1
+. . . +p
n
3
> c .
n
4
N o menor ndice tal que
p
1
+. . . +p
n
1
q
1
. . . q
n2
+p
n
1
+1
+. . . +p
n
3
q
n
2
+1
. . . q
n
4
< c .
Esses ndices existem, pois
p
n
= + e
q
n
= +.
Prosseguindo desta maneira, obtemos uma reordenac ao da s erie tal que
as reduzidas t
n
da nova s erie tendem para c.
De fato, para todo i 3 mpar, temos
t
n
i
+n
i+1
=
n
i
j=1
p
j
n
i+1
=1
q
< c <
n
i
j=1
p
j
n
i1
=1
q
= t
n
i1
+n
i
,
0 < t
n
i1
+n
i
c < p
n
i
, e 0 < c t
n
i
+n
i+1
< q
n
i+1
,
pois n
i
e o menor inteiro tal que
n
i
j=1
p
n
n
i1
=1
q
< c e n
i+1
e o menor
inteiro tal que
n
i
j=1
p
j
n
i1
=1
q
> c.
Sendo limp
n
i
= limq
n
i+1
= 0, temos que limt
n
i
+n
i+1
= limt
n
i1
+n
i
= 0 .
Al em disso, dado n N, existe i mpar, tal que
n
i1
+n
i
< n < n
i
+n
i+1
=t
n
i
+n
i+1
t
n
t
n
i1
+n
i
,
ou
n
i
+n
i+1
< n < n
i+1
+n
i+2
=t
n
i
+n
i+1
t
n
t
n
i+1
+n
i+2
.
Logo, limt
n
= c, ou seja, a nova s erie tem soma c.
a
n
condicionalmente
convergente de modo que a s erie reordenada tenha soma +ou .
De fato, sejam
n
1
N tal que p
1
+. . . +p
n
1
> 1 +q
1
,
n
2
N tal que n
2
> n
1
e
p
1
+. . . +p
n
1
q
1
+p
n
1
+1
+. . . +p
n
2
> 2 +q
2
,
n
3
N tal que n
3
> n
2
e
p
1
+. . . +p
n
1
q
1
+p
n
1
+1
+. . . +p
n
2
q
2
+p
n
2
+1
+. . . +p
n
3
> 3 +q
3
.
Prosseguindo desta maneira, obtemos uma reordenac ao da s erie
a
n
,
de modo que as reduzidas t
n
da nova s erie satisfazem:
t
n
i
+(i1)
> i +q
i
> i e t
n
i
+i
> i , para todo i N.
Al em disso, se n n
i
+ (i 1), existe j i tal que n = n
j
+ (j 1) ou
n = n
j
+j ou n
j
+j < n < n
j+1
+j.
Logo, t
n
> j i, pois t
n
j+1
+j
= t
n
j
+j
+p
n
j
+1
+p
n
j+1
.
Como, dado A > 0, existe i
0
N, tal que i
0
> A, temos que t
n
> i
0
> A
para todo n n
i
0
+(i
0
1)
Portanto, as reduzidas da nova s erie tendem para +.
Para provar que existe uma reordenac ao dos termos da s erie
a
n
de
modo que a nova s erie tenha soma , basta trocar p
i
por q
i
no argu-
mento acima.
Corol ario 8.1 Uma s erie
a
n
e absolutamente convergente se, e so-
mente se, e comutativamente convergente.
Teorema 8.3 Se
n0
a
n
e
n0
b
n
s ao s eries absolutamente convergen-
tes, ent ao
(
a
n
) (
b
n
) =
c
n
,
onde c
n
= a
0
b
n
+a
1
b
n1
+. . . +a
n
b
0
para todo n 0.
Prova.
J a sabemos que, para todo n 0,
J. Delgado - K. Frensel 124
_
n
i=0
a
i
_ _
n
j=0
b
j
_
=
n
i,j=0
a
i
b
j
= x
0
+x
1
+. . . +x
n
,
onde
x
n
=
n
i=0
a
i
b
n
+
n1
j=0
a
n
b
j
= a
0
b
n
+a
1
b
n
+. . . +a
n
b
n
+a
n
b
n
1 +. . . +a
n
b
0
.
E, portanto, (
a
n
) (
b
n
) =
x
n
.
Pela dissociac ao dos termos x
n
, obtemos a s erie
a
i
b
j
, cujos termos
s ao ordenados de modo que as parcelas de x
n
precedem as de x
n
+1.
Para cada k 0, a reduzida de ordem (k +1)
2
da s erie
|a
i
b
j
| e
k
i,j=0
|a
i
| |b
j
| =
_
k
i=0
|a
i
|
_ _
k
j=0
|b
j
|
_
n0
|a
n
|
_ _
n0
|b
n
|
_
,
ou seja, a subseq u encia das reduzidas de ordem (k+1)
2
da s erie
|a
i
b
j
|
e limitada.
Logo, a seq u encia das reduzidas da s erie
|a
i
b
j
| e convergente, por ser
n ao-decrescente e limitada, j a que possui uma subseq u encia limitada.
Assim, a s erie
a
i
b
j
e absolutamente convergente.
Reordenando e depois associando os termos da s erie
a
i
b
j
, obtemos a
nova s erie
c
n
, onde c
n
= a
0
b
n
+. . . +a
n
b
0
=
i+j=n
a
i
b
j
.
Como a s erie
a
i
b
j
e absolutamente convergente, temos que
_
n0
a
n
_ _
n0
b
n
_
=
n0
x
n
=
a
i
b
j
=
n0
c
n
.
e um conjunto aberto.
Prova.
Se x A =
L
A
, ent ao existe
0
L tal que x A
0
.
Como A
0
e aberto, existe um intervalo aberto (a, b) tal que
x (a, b) A
0
.
Logo, x (a, b) A, pois A
0
A.
Observac ao 1.4 Se (a
1
, b
1
) (a
2
, b
2
) = , ent ao
(a
1
, b
1
) (a
2
, b
2
) = (a, b),
onde a = max{a
1
, a
2
} e b = min{b
1
, b
2
}.
De fato, como existe x (a
1
, b
1
) (a
2
, b
2
), temos
a
1
< x < b
1
e a
2
< x < b
2
.
Logo, a
1
< b
1
, a
1
< b
2
e a
2
< b
1
, a
2
< b
2
.
Ent ao, a = max{a
1
, a
2
} < b = min{b
1
, b
2
}, ou seja, (a, b) e realmente um
intervalo.
Se y > a, ent ao y > a
1
e y > a
2
, e se y < b, ent ao y < b
1
e y < b
2
.
Logo, se y (a, b), ent ao y (a
1
, b
1
) (a
2
, b
2
).
E, reciprocamente, se y (a
1
, b
1
) (a
2
, b
2
), ent ao y > a
1
, y > a
2
e
y < b
1
, y < b
2
. Logo, a < y < b, ou seja y (a, b) .
Observac ao 1.5 A intersec ao de uma innidade de conjuntos abertos
pode n ao ser um conjunto aberto.
Por exemplo, considere, para cada n N, o conjunto aberto A
n
=
_
1
n
,
1
n
_
e seja A =
nN
A
n
.
Ent ao, A = {0} e, portanto, A n ao e aberto.
De fato, como 0 A
n
para todo n N, temos que 0 A.
Seja, agora, x = 0. Como |x| > 0, existe n
0
N tal que 0 <
1
n
0
< |x|, ou
J. Delgado - K. Frensel 130
Conjuntos abertos
seja, x A
n
0
=
_
1
n
0
,
1
n
0
_
.
Logo, se x = 0, ent ao x A.
Exemplo 1.8 Mais geralmente, se a < b, ent ao
A =
n=1
_
a
1
n
, b +
1
n
_
= [a, b] .
De fato, se x [a, b], ent ao a
1
n
a x b < b +
1
n
para todo n N,
ou seja, x
n=1
_
a
1
n
, b +
1
n
_
. Assim [a, b] A.
Se x > b, existe n
0
N tal que
1
n
0
< x b, ou seja, x > b +
1
n
0
. Ent ao
x
_
a
1
n
0
, b +
1
n
0
_
e, portanto, x
n=1
_
a
1
n
, b +
1
n
_
.
De modo an alogo, se x < a, existe n
0
N tal que
1
n
0
< a x, ou seja,
x < a
1
n
0
. Logo, x
_
a
1
n
0
, a +
1
n
0
_
e, portanto, x A.
Ent ao,
n=1
_
a
1
n
, b +
1
n
_
[a, b]. Logo,
n=1
_
a
1
n
, b +
1
n
_
= [a, b].
)
L
uma famlia de intervalos abertos, todos con-
tendo o ponto p R.
Ent ao, I =
_
L
I
e um intervalo aberto.
Prova.
Para cada L, seja I
= (a
, b
). Ent ao, a
< b
< p < b
.
Sejam a = inf{a
| L} e b = sup{b
| L}.
Ent ao, a a
< p < b
b, ou seja, a < b.
Pode, ainda, ocorrer que seja a = ou b = +, ou seja, pode ocorrer
que o conjunto {a
.
Como a a
< b
(a, b).
Suponhamos que x (a, b).
Ent ao, como a = inf{a
| L} e b = sup{b
| L}, existem
0
,
0
L
tais que a
0
< x < b
0
.
Se x < b
0
, ent ao x (a
0
, b
0
)
_
L
I
. Se x b
0
, ent ao a
0
< b
0
x < b
0
, ou seja, x (a
0
, b
0
)
_
L
I
. Logo, (a, b)
_
L
I
Q.
Como J
= se =
) se =
.
Ou seja, a func ao
r : L Q
r()
e injetiva. Logo, L e enumer avel, pois Q e enumer avel.
Unicidade
Seja A =
_
mN
J
m
, onde os J
m
= (a
m
, b
m
) s ao intervalos abertos dois a
dois disjuntos.
Instituto de Matem atica - UFF 133
An alise na Reta
Armac ao 3: a
m
e b
m
n ao pertencem a A.
De fato, se a
m
A, existiria p = m tal que a
m
J
p
= (a
p
, b
p
). Ent ao,
pondo b = min{b
m
, b
p
}, teramos que (a
m
, b) J
m
J
p
o que e absurdo,
pois I
m
I
p
= .
De modo an alogo, podemos provar que b
m
A.
Armac ao 4: Se x J
m
e x I A, onde I = (a, b) e um intervalo
aberto, ent ao I J
m
. Ou seja, I
m
e a reuni ao de todos os intervalos
abertos contidos em A e contendo x, para todo x J
m
, ou melhor, I
m
= I
x
e o maior intervalo aberto contido em A que cont em x, onde x J
m
.
De fato, a
m
< a < b < b
m
, pois se a a
m
(ver gura 2) ou b
m
b
(ver gura 3), teramos, respectivamente, que a
m
A ou b
m
A, o que e
absurdo.
Fig. 2: a a
m
.
Fig. 3: b
m
b.
Corol ario 1.1 Seja I um intervalo aberto. Se I = A B, onde A e B
s ao conjuntos abertos disjuntos, ent ao um desses conjuntos e igual a I e
o outro e vazio.
Prova.
Se A = e B = , as decomposic oes de A e B em intervalos aber-
tos disjuntos dariam origem a uma decomposic ao de I com pelo menos
dois intervalos, o que e absurdo, pela unicidade da decomposic ao, j a que
I e um intervalo aberto.
2. Conjuntos fechados
Denic ao 2.1 Dizemos que um ponto a R e aderente a um conjunto
X R quando a e limite de uma seq u encia de pontos x
n
A.
J. Delgado - K. Frensel 134
Conjuntos fechados
Observac ao 2.1
Todo ponto a X e aderente a X.
Basta tomar a seq u encia constante x
n
= a, n N.
Mas a R pode ser aderente a X sem pertencer a X.
Por exemplo, 0 e aderente ao conjunto X = (0, +), pois
1
n
X, para todo
n N e
1
n
0.
Observac ao 2.2 Todo valor de ader encia de uma seq u encia (x
n
) e um
ponto aderente ao conjunto X = {x
1
, x
2
, . . . , x
n
, . . .}. Mas a recproca n ao
e verdadeira. Por exemplo, se x
n
a e (x
n
) n ao e uma seq u encia
constante, ent ao a e o unico valor de ader encia da seq u encia, mas todos
os pontos x
n
, por pertencerem a X, s ao pontos aderentes a X.
Teorema 2.1 Um ponto a R e aderente a um conjunto X R se, e s o
se, (a , a +) X = para todo > 0.
Prova.
(=) Seja (x
n
) uma seq u encia de pontos de X tal que x
n
a.
Ent ao, dado > 0, existe n
0
N tal que x
n
(a , a + ) para todo
n > n
0
.
Assim, (a , a +) X = para todo > 0.
(=) Para cada n N, seja x
n
X
_
a
1
n
, a +
1
n
_
. Ent ao (x
n
) e uma
seq u encia de pontos de X tal que x
n
a, pois |x
n
a| <
1
n
para todo
n N, e
1
n
0.
Observac ao 2.5
De modo an alogo, podemos provar que
J. Delgado - K. Frensel 136
Conjuntos fechados
[a, b) = [a, b] ; (a, b] = [a, b] ;
[a, b] = [a, b] ; (a, +) = [a, +) ;
[a, +) = [a, +) ; (+, b) = (+, b] ;
(, b] = (, b] e (, +) = (, +) = R.
Assim, os intervalos fechados [a, b], (, b] e [a, +) s ao conjuntos
fechados e R tamb em o e.
Em particular, se a = b, o conjunto [a, b] = [a, a] = {a} e um conjunto
fechado. Ou seja, todo conjunto unit ario e fechado.
Exemplo 2.2 Q = R Q = R, pois todo intervalo da reta cont emn umeros
racionais e irracionais. Em particular, Q e RQ n ao s ao conjuntos fecha-
dos.
)
L
e uma famlia qualquer de conjuntos fechados, ent ao a
intersec ao F =
L
F
e um conjunto fechado.
Instituto de Matem atica - UFF 137
An alise na Reta
Prova.
(a) Como R R = e R = R s ao conjuntos abertos, temos que
R e s ao conjuntos fechados.
(b) Como R (F
1
. . . F
n
) =
n
i=1
(RF
i
) e um conjunto aberto, pois cada
R F
i
, i = 1, . . . , n, e aberto, temos que F
1
. . . F
n
e fechado.
(c) Como R
L
F
=
_
L
(RF
)
L
, temos que
L
F
e um con-
junto fechado.
e
_
2
3
, 1
,
_
2
9
,
1
3
,
_
2
3
,
7
9
e
_
7
9
, 1
.
Em seguida, retira-se o terco m edio aberto de cada um desses quatro
intervalos. Repetindo-se esse processo indenidamente, o conjunto de
Cantor e o conjunto K que consiste dos pontos n ao retirados.
Fig. 4: Construc ao do conjunto de Cantor.
Se indicarmos por I
1
, I
2
, . . . , I
n
, . . . os intervalos abertos omitidos, temos
K = [0, 1]
_
n=1
I
n
= [0, 1]
_
R
_
n=1
I
n
_
.
Logo, K e um conjunto fechado, pois [0, 1] e R
_
n=1
I
n
s ao conjuntos fe-
chados. Observe que os pontos extremos dos intervalo retirados, como
1
3
,
2
3
,
1
9
,
2
9
,
7
9
,
8
9
etc., pertencem ao conjunto de Cantor, pois, em cada etapa
Instituto de Matem atica - UFF 139
An alise na Reta
da construc ao, s ao retirados apenas pontos interiores dos intervalos res-
tantes da etapa anterior.
Esses pontos extremos dos intervalos omitidos formam um subconjunto
innito enumer avel de K, mas, como veremos depois, K n ao e enumer avel.
Vamos provar, agora, que K n ao cont em nenhum intervalo aberto, ou seja,
int K = .
De fato, na n esima etapa da construc ao de K, s ao retirados 2
n1
in-
tervalos abertos de comprimento
1
3
n
, restando 2
n
intervalos fechados de
comprimento
1
3
n
.
Sejam I um intervalo aberto de comprimento > 0 e n
0
N tal que
1
3
n
0
< .
Se I K, ent ao I
2
n
0
_
k=1
J
k
, onde J
k
, k = 1, . . . , 2
n
0
, s ao os intervalos
fechados de comprimento
1
3
n
0
restantes da n
0
esima etapa.
Logo, existe k
0
{1, . . . , 2
n
0
} (verique!) tal que I J
k
0
, o que e absurdo,
pois
1
3
n
0
< .
(a,b).
Logo, como x
_
p
0
n
0
,
p
0
+1
n
0
_
X = , existe o ponto x
p
0
n
0
E, que
tamb em pertence a I, pois x
p
0
n
0
_
p
0
n
0
,
p
0
+1
n
0
_
I.
Fig. 6: x
p
0
n
0
h
p
0
n
0
,
p
0
+1
n
0
I = (a,b).
Mostramos, assim, que todo intervalo aberto I que cont em um ponto de
X, tamb em cont em um ponto x
pn
E.
Logo, E e denso em X.
.
Simbolicamente, temos que a X
se, e s o se,
> 0 , x X; 0 < |x a| <
ou
> 0 , (a , a +) (X {a}) = .
Teorema 3.1 Dado X R e a R, as seguintes armac oes s ao equi-
valentes:
(1) a X
;
(2) a = limx
n
, onde (x
n
) e uma seq u encia de elementos de X, dois a dois
distintos;
(3) todo intervalo aberto contendo a possui uma innidade de elementos
de X.
Prova.
(1) =(2) Seja x
1
X tal que 0 < |x
1
a| < 1.
Suponhamos que foi possvel determinar pontos x
1
, x
2
, . . . , x
n
X tais que
0 < |x
j
a| < |x
j1
a| e 0 < |x
j
a| <
1
j
, j = 2, . . . , n.
Existe, ent ao, x
n+1
X tal que 0 < |x
n+1
a| < , onde
= min
_
1
n +1
, |x
n
a|
_
.
Instituto de Matem atica - UFF 143
An alise na Reta
Com isso, construmos uma seq u encia (x
n
) de pontos de X dois a dois
distintos que converge para a, pois |x
n+1
a| < |x
n
a| e |x
n
a| <
1
n
,
para todo n N.
(2) = (3) Seja (x
n
) uma seq u encia de pontos de X dois a dois distintos
que converge para a e seja I um intervalo aberto que cont em a.
Ent ao, existem > 0 tal que (a , a + ) I e n
0
N tal que
x
n
(a , a +) para todo n n
0
.
Logo, {x
n
| n n
0
} I. Assim I cont em uma innidade de pontos de X,
pois os termos x
n
da seq u encia s ao dois a dois distintos.
(3) =(1)
E trivial vericar esta implicac ao.
= , ent ao X e innito.
Exemplo 3.1 Se x
n
= a para um n umero innito de ndices n N e
limx
n
= a, ent ao X
= {a}, onde X = {x
1
, x
2
, . . . , x
n
, . . .} e o conjunto
formado pelos termos da seq u encia (x
n
).
De fato, dado > 0, existe n
0
N tal que |x
n
a| < para todo n n
0
.
Ent ao, existe n
1
n
0
tal que 0 < |x
n
1
a| < , ou seja, existe n
1
n
0
tal
que x
n
1
(a , a + ) {a}, pois, caso contr ario, teramos x
n
= a para
todo n n
0
. Logo, a X
.
Seja b = a. Como x
n
a, existe n
0
N tal que |x
n
a| <
|b a|
2
para
todo n n
0
.
Logo, |x
n
b| >
|b a|
2
para todo n n
0
.
Ou seja, o intervalo (b , b + ), onde =
|b a|
2
> 0, cont em apenas
um n umero nito de elementos de X. Logo, b X
.
Assim, X
= {a}.
Em particular, X
= {0}, onde X =
_
1 ,
1
2
, . . . ,
1
n
, . . .
_
, pois
1
n
0 e
1
n
= 0
para todo n N, e Y
= {a}, onde Y =
_
a, a +1, a, a +
1
2
, . . . , a, a +
1
n
, . . .
_
,
pois a seq u encia cujos termos s ao y
n
= a para n mpar e y
n
= a +
1
n
,
J. Delgado - K. Frensel 144
Pontos de acumulac ao
para n par, converge para a e y
n
= a para todo n par.
Observe que, se x
n
= a para todo n N, ent ao X
= , pois X = {a} e
um conjunto nito.
.
Suponhamos, primeiro, que x n ao pertence ao conjunto E das extremida-
des dos intervalos retirados. Como E e denso em X, dado > 0, existe
y E tal que y (x , x +). Ent ao, existe y K tal que 0 < |y x| < .
Logo, x K
.
Suponhamos, agora, que x E e que x e a extremidade direita do in-
tervalo (a, x) retirado na n
0
esima etapa da construc ao do conjunto de
Cantor K, restando um intervalo da forma [x, b
1
]. Na etapa seguinte, ser a
omitido o terco m edio do intervalo [x, b
1
], sobrando um intervalo [x, b
2
]
[x, b
1
]. Assim, nas outras etapas, sobrar ao [x, b
3
] , [x, b
4
] , . . . , [x, b
n
] , . . .,
com b
1
> b
2
> b
3
> . . . > b
n
> . . . pertencentes a E K e limb
n
= x ,
pois |x b
n
| =
1
3
n
0
+n1
, para todo n N. Logo, x K
.
De modo an alogo, podemos provar que se x E e a extremidade es-
querda de um intervalo retirado durante a construc ao do conjunto de Can-
tor, ent ao x K
.
Observe, tamb em, que 0, 1 K
, pois
1
3
n
, 1
1
3
n
E K, para todo
n N, e
1
3
n
0 e 1
1
3
n
1.
Assim, todo ponto de K e um ponto de acumulac ao de K.
Exemplo 3.3 Q
= (R Q)
= R
= [a, b)
= (a, b]
= [a, b]
= [a, b] (verique!).
e um ponto iso-
lado de X.
Assim, a X e um ponto isolado de X se, e s o se, existe > 0 tal que
(a , a +) X = {a}.
Instituto de Matem atica - UFF 145
An alise na Reta
Exemplo 3.5 Todo ponto a Z e um ponto isolado de Z, pois
(a 1, a +1) Z = {a}.
.
Em particular, Q e o conjunto de Cantor K n ao possuem pontos isolados,
pois Q Q
= R e K K
.
Teorema 3.2 Para todo X R, tem-se X = X X
.
Ou seja, o fecho de um conjunto X e obtido acrescentando-se a X os seus
pontos de acumulac ao.
Prova.
Pela denic ao de ponto aderente e de ponto de acumulac ao, temos que
X X e X
X. Logo, X X
X.
Seja, agora, a X tal que a X.
Ent ao, dado > 0, existe x X tal que x (a , a + ), ou seja,
x (a , a +) X.
Como a X, temos que x = a. Logo, (a , a +) X {a} = .
Assim, se a X, ent ao a X ou a X
, isto e, X X X
Observac ao 3.2 X e X
= [0, 1].
Corol ario 3.2 X e fechado se, e somente se, X
X.
Prova.
X e fechado X = X X = X X
X.
, pois K e
fechado, ou seja, K
K, e tamb em K K
= X.
J. Delgado - K. Frensel 146
Pontos de acumulac ao
Corol ario 3.4 Se todos os pontos do conjunto X s ao isolados, ent ao X
e enumer avel.
Prova.
Seja E X um subconjunto enumer avel denso em X, ou seja, X E.
Seja x X. Ent ao x E. Como x X
, pois
E X.
Logo, x E. Assim, X = E e, portanto, X e enumer avel.
+
o conjunto dos pontos de acumulac ao ` a direita de X.
Observac ao 3.3 a e ponto de acumulac ao ` a direita de X todo in-
tervalo da forma (a, a + ), > 0, cont em uma innidade de pontos de
X a e ponto de acumulac ao de X [a, +) a e limite de uma
seq u encia decrescente de pontos de X todo intervalo aberto (a, b)
cont em algum ponto de X.
Veriquemos apenas que a e ponto de acumulac ao ` a direita de X se, e s o
se, a e limite de uma seq u encia decrescente de pontos de X.
De fato, seja (x
n
) uma seq u encia decrescente de pontos de X que con-
verge para a e seja > 0.
Ent ao, existe n
0
N tal que a x
n
< a + para todo n n
0
, pois
a = inf{x
n
| n N}, j a que (x
n
) e decrescente e converge para a.
Al em disso, x
n
> a para todo n N, pois x
n
> x
n+1
a para todo n N.
Logo, {x
n
| n n
0
} X (a, a +), ou seja, X (a, a +) e innito.
Suponhamos, agora, que a e ponto de acumulac ao ` a direita de X.
Seja x
1
(a, a +1) X. Suponhamos que seja possvel encontrar pontos
x
1
, . . . , x
n
X tais que x
n
< x
n1
< . . . < x
1
e a < x
j
< a +
1
j
, j = 1, . . . , n.
Seja = min
_
1
n +1
, x
n
a
_
> 0.
Ent ao, existe x
n+1
X tal que a < x
n+1
< a +.
Instituto de Matem atica - UFF 147
An alise na Reta
Logo, a < x
n+1
< a +
1
n +1
e x
n+1
< a +x
n
a = x
n
.
Isto completa a denic ao, por induc ao, da seq u encia (x
n
) decrescente de
pontos de X tal que a < x
n
< a +
1
n
para todo n N.
Logo, limx
n
= a.
Denic ao 3.4 Dizemos que a e ponto de acumulac ao ` a esquerda de X,
quando (a , a) X = , para todo > 0.
Indicaremos por X
.
O ponto 0 e apenas ponto de acumulac ao ` a direita e o ponto 1 e apenas
ponto de acumulac ao ` a esquerda de K.
se a K e extremidade inferior de algum dos intervalos retirados, ent ao
a e apenas ponto de acumulac ao ` a esquerda de K.
De fato, se (a, x) e o intervalo aberto retirado na n
0
esima etapa, vai
restar, nesta etapa, um intervalo do tipo [b
1
, a] de comprimento
1
3
n
0
. E,
nas etapas seguintes, v ao sobrar intervalos [b
2
, a], [b
3
, a], . . . , [b
n
, a], . . .,
tais que [b
n+1
, a] [b
n
, a] e a b
n
=
1
3
n
0
+n+1
para todo n N.
Assim, (b
n
) e uma seq u encia crescente de pontos de K tais que b
n
a.
Logo, a K
.
J. Delgado - K. Frensel 148
Pontos de acumulac ao
Como (a, x) K = , temos que a K
+
.
Se a e extremidade superior de algum intervalo aberto retirado, ent ao a
e apenas ponto de acumulac ao ` a direita de K. A demonstrac ao e an aloga
` a anterior.
Se a K e a E {0, 1}, ent ao a e ponto de acumulac ao ` a esquerda e
` a direita de K.
De fato, suponhamos, por absurdo, que existe > 0 tal que
(a , a) X = .
Ent ao, (a, a) (c, d), onde (c, d) e um dos intervalos abertos retirados.
Logo, como a K, devemos ter d = a, ou seja, a E, o que e absurdo.
Assim, a e ponto de acumulac ao ` a esquerda de K.
De modo an alogo, podemos provar que a e ponto de acumulac ao ` a direita
de K.
= F e F = , temos que F
= . Logo, F = F
, c +
) (a, b) (c , c +)
e, portanto, (c
, c +
ou b G
.
Acrescentamos, ent ao esse(s) ponto(s) a G para obter F
x
.
Assim, x F
x
, F
x
e fechado e n ao e vazio, pois F
x
= G. Al em disso, F
x
n ao
possui pontos isolados.
De fato, j a provamos que se c G = (a, b)F, ent ao c n ao e ponto isolado
de G, e, portanto, n ao e ponto isolado de G.
Suponhamos que a G e ponto isolado de G. Ent ao a G
, e, portanto,
a e ponto de acumulac ao de G, o que e absurdo.
De modo an alogo, prova-se que b n ao e ponto isolado de G, caso b G.
Logo, F
x
= G n ao possui pontos isolados.
Corol ario 3.5 Todo conjunto fechado n ao-vazio enumer avel possui al-
gum ponto isolado.
Corol ario 3.6 O conjunto de Cantor e n ao-enumer avel.
4. Conjuntos compactos
Denic ao 4.1 Uma cobertura de um conjunto X R e uma famlia
C = (C
)
L
de subconjuntos C
R tais que X
_
L
C
.
Uma subcobertura de C e uma subfamlia C
= (C
)
L
, L
L, tal que
X
_
L
.
Exemplo 4.1 Seja X =
_
1
3
,
3
4
_
e seja C = {C
1
, C
2
, C
3
} uma famlia de
subconjuntos de R, onde
C
1
=
_
0,
2
3
_
, C
2
=
_
1
3
, 1
_
e C
3
=
_
1
2
,
9
10
_
.
Ent ao, C e uma cobertura de X, pois X C
1
C
2
C
3
= (0, 1) e
C
= {C
1
, C
2
} e uma subcobertura de C, pois X C
1
C
2
= (0, 1).
Exemplo 4.2 C = (C
n
)
nZ
, onde C
n
= [n, n+1), n Z, e uma cobertura
de R que n ao possui uma subcobertura pr opria, pois os conjuntos C
n
s ao
dois a dois disjuntos.
= {0} e, portanto, X X
= .
Assim, para cada x X, existe um intervalo de centro x tal que I
x
X = {x}.
Instituto de Matem atica - UFF 151
An alise na Reta
Como X =
_
xX
{x}
_
xX
I
x
X, temos que X =
_
xX
I
x
, ou seja C = (I
x
)
xX
e
uma cobertura de X.
Mas C n ao possui uma subcobertura pr opria, pois se x X, ent ao x I
y
,
para todo y = x, y X, j a que I
y
X = {y}.
)
L
de
intervalos abertos tais que [a, b]
_
L
I
1
, . . . , I
n
, tais que I I
1
. . . I
n
. Ou seja, toda cobertura de [a, b]
por meio de intervalos abertos possui uma subcobertura nita.
Prova.
Seja
X = {x [a, b]
} .
Como X e limitado e n ao-vazio, pois X [a, b] e a X, existe c = supX.
Armac ao: c X.
Como a x b para todo x X, temos que a c b, ou seja, c [a, b].
Ent ao existe
0
L tal que c I
0
= (, ).
Sendo < supX = c, existe x X tal que < x c < . Como x X,
existem
1
, . . . ,
n
L tais que [a, x] I
1
. . . I
n
.
Ent ao, [a, c] I
1
. . . I
n
I
0
, pois [x, c] (, ) = I
0
. Logo, c X.
Armac ao: c = b.
Suponhamos que c < b. Ent ao existe c
0
tal que c < c
< b.
Assim, [a, c
] I
1
. . . I
n
I
0
, ou seja, c
> c = supX.
Logo, b X, ou seja, o intervalo [a, b] est a contido numa uni ao nita dos
I
)
L
uma cobertura de [a, b], onde cada A
e aberto.
Seja x [a, b]. Ent ao existe
x
L tal que x A
x
. Sendo A
x
aberto,
existe um intervalo aberto I
x
tal que x I
x
A
x
.
Logo, [a, b]
_
x[a,b]
I
x
. Pelo teorema anterior, existem x
1
, . . . , x
n
[a, b]
tais que [a, b] I
x
1
I
x
2
. . . I
x
n
. Assim, [a, b] A
x
1
. . . A
x
n
.
_
A. Como A e aberto, temos, pelo teorema
anterior, que existem
1
, . . . ,
n
L tais que [a, b] A
1
. . . A
n
A.
Ent ao, F A
1
. . . A
n
, pois F A = .
N e ilimitado, para
todo n N existe n
tal que n
> n.
Logo, x
n
> n
n ao e limitada
superiormente e, portanto, n ao e convergente.
Assim, a seq u encia (x
n
)
nN
de pontos de Kn ao possui uma subseq u encia
convergente, o que e absurdo. Logo, K e limitado superiormente.
De modo an alogo, podemos provar que K e limitado inferiormente. Ent ao,
K e limitado.
Seja (x
n
) uma seq u encia convergente de pontos de K com limx
n
= x.
Como (x
n
) possui uma subseq u encia (x
n
k
)
kN
que converge para um
ponto de K e lim
k
x
n
k
= x, temos que x K.
Logo, K e fechado.
Corol ario 4.1 Toda seq u encia limitada de n umeros reais possui uma
subseq u encia convergente.
Prova.
Seja (x
n
) uma seq u encia limitada de n umeros reais e seja
X = {x
1
, x
2
, . . . , x
n
, . . .}.
Como X e limitado, existem a, b R, a < b, tais que X [a, b].
Ent ao, X [a, b]. Ou seja, X e fechado e limitado. Logo, pelo teorema
anterior, a seq u encia (x
n
) de pontos de X possui uma subseq u encia con-
vergente.
,
onde X =
_
1,
1
2
, . . . ,
1
n
, . . .
_
.
O conjunto de Cantor e compacto.
Os intervalos do tipo [a, b] s ao compactos.
R, Q e Z n ao s ao compactos porque n ao s ao limitados.
Q [0, 1] n ao e compacto, pois Q [0, 1] = [0, 1] e, portanto, Q [0, 1]
n ao e fechado.
nN
K
n
e n ao-vazio e
compacto.
Prova.
O conjunto K e fechado, pois e intersec ao de uma famlia de conjuntos
fechados, e e limitado, pois K K
1
e K
1
e limitado (por ser compacto).
Logo, K e compacto.
Para cada n N, tome x
n
K
n
. Ent ao, x
n
K
j
para todo n j. Em
particular, x
n
K
1
para todo n N.
Como K
1
e compacto, a seq u encia (x
n
) de pontos de K
1
possui uma sub-
seq u encia convergente (x
n
k
). Seja x = lim
k
x
n
k
.
Dado j N, existe k
0
N tal que n
k
0
j. Ent ao, x
n
k
K
j
, para todo
k k
0
, j a que n
k
n
k
0
j.
Logo, x
n
k
x K
j
para todo j N, pois K
j
e fechado para todo j N.
Ou seja, x K.
i=1
(b
i
a
i
).
Prova.
Podemos supor, sem perda de generalidade, que (a
i
, b
i
) [a, b] = para
todo i.
Sejam c
1
< c
2
< . . . < c
k
os n umeros a
i
e b
j
ordenados de modo cres-
cente.
Ent ao {a
1
, . . . , a
n
, b
1
, . . . , b
n
}
k1
_
j=1
(c
j
, c
j+1
) = , ou seja, a
i
(c
j
, c
j+1
) e
b
k
(c
j
, c
j+1
) para quaisquer i, k = 1, . . . , n e j = 1, . . . , k 1.
Al em disso, c
1
< a e c
k
> b. Logo, b a < c
k
c
1
, ou seja,
b a < (c
k
c
k1
) +. . . + (c
3
c
2
) + (c
2
c
1
) = c
k
c
1
.
Mostraremos, agora, que cada intervalo (c
j
, c
j+1
) est a contido em algum
intervalo (a
i
, b
i
).
c
j
[a, b]
Neste caso, c
j
(a
i
, b
i
) para algum i = 1, . . . , n. Como b
i
n ao est a entre
c
j
e c
j+1
, temos que (c
j
, c
j+1
) (a
i
, b
i
).
Fig. 7: Caso c
j
[a,b].
c
j
< a
Neste caso, c
j
n ao pode ser um dos b
i
, pois, caso contr ario, (a
i
, b
i
)
[a, b] = . Logo, c
j
= a
i
para algum i = 1, . . . , n. Como b
i
n ao pode estar
entre c
j
e c
j+1
, temos que (c
j
, c
j+1
) (a
i
, b
i
)
Fig. 8: Caso c
j
<a.
c
j
> b
Instituto de Matem atica - UFF 157
An alise na Reta
Neste caso, temos c
j+1
> b. Logo, c
j+1
= b
i
para algum i = 1, . . . , n,
pois, caso contr ario, (a
i
, b
i
) [a, b] = . Como a
i
(c
j
, c
j+1
), temos que
a
i
c
j
e, portanto, (c
j
, c
j+1
) (a
i
, b
i
).
Para cada i = 1, . . . , n, existem p {1, . . . , k} e q N tais que a
i
= c
p
,
b
i
= c
p+q
e p +q {1, . . . , k}. Ent ao,
b
i
a
i
= (c
p+q
c
p+q1
) +. . . + (c
p+1
c
p
) .
Logo,
n
i=1
(b
i
a
i
) e uma soma de parcelas do tipo c
j+1
c
j
, sendo que
cada parcela c
j+1
c
j
, j = 1, . . . , k 1, aparece pelo menos uma vez, pois
cada intervalo (c
j
, c
j+1
) est a contido em algum intervalo (a
i
, b
i
).
Fig. 9: Posic ao relativa do intervalo (a,b) entre os (a
i
,b
i
).
Assim, b a <
k1
j=1
(c
j+1
c
j
)
n
i=1
(b
i
a
i
) .
_
n=1
(a
n
, b
n
) ent ao (b a) <
n=1
(b
n
a
n
) .
Prova.
Pelo teorema de Borel-Lebesgue, existem n
1
, . . . , n
k
N tais que
[a, b] (a
n
1
, b
n
1
) . . . (a
n
k
, b
n
k
) .
Ent ao, pela proposic ao anterior, b a < (b
n
1
a
n
1
) +. . . + (b
n
k
a
n
k
) .
Portanto, b a <
n=1
(b
n
a
n
) .
Proposic ao 4.3 Se
n=1
(b
n
a
n
) < b a, ent ao o conjunto
X = [a, b]
_
n=1
(a
n
, b
n
)
e n ao-enumer avel.
J. Delgado - K. Frensel 158
Prova.
Seja c = (b a)
n=1
(b
n
a
n
) > 0, e suponha que X = {x
1
, . . . , x
n
, . . .} e
enumer avel.
Tome, para cada n N, um intervalo J
n
de centro x
n
e raio
c
2
n+2
. Logo,
[a, b]
_
_
n=1
(a
n
, b
n
)
_
_
_
n=1
J
n
_
. ()
Mas,
n=1
(b
n
a
n
) +
n=1
|J
n
| =
n=1
(b
n
a
n
) +c
n=1
1
2
n+1
= (b a) c +
c
2
n=1
1
2
n
= (b a) c +
c
2
= (b a)
c
2
< b a,
o que contradiz (), pela proposic ao anterior.
Aplicac oes
(A) Existe uma colec ao de intervalos abertos cujos centros s ao todos
os n umeros racionais do intervalo [a, b] que n ao e uma cobertura de [a, b].
Seja X = {r
1
, r
2
, . . . , r
n
, . . .} uma enumerac ao dos racionais contidos no
intervalo [a, b].
Para cada n N, seja (a
n
, b
n
) o intervalo aberto de centro r
n
e raio
b a
2
n+2
.
Ent ao,
n=1
(b
n
a
n
) =
b a
2
< b a. Logo, [a, b]
n=1
(a
n
, b
n
) n ao
e vazio, pois n ao e enumer avel, ou seja, [a, b]
_
n=1
(a
n
, b
n
).
(B) Existe um conjunto fechado, n ao-enumer avel, formado apenas
por n umeros irracionais.
Com efeito, sejam (a
n
, b
n
), n N, os intervalos do exemplo anterior.
Ent ao
X = [a, b]
_
n=1
(a
n
, b
n
) = [a, b]
_
R
_
n=1
(a
n
, b
n
)
_
e fechado, n ao enumer avel e formado apenas por n umeros irracionais.
Instituto de Matem atica - UFF 159
J. Delgado - K. Frensel 160
Denic ao e propriedades do limite
Parte 5
Limites de func oes
Voltaremos ` a noc ao de limite sob uma forma mais ampla, conside-
rando, agora, func oes reais de vari avel real, f : X R, com X R, em
vez de sequ encias.
1. Denic ao e propriedades do limite
Denic ao 1.1 Seja f : X R uma func ao denida num subconjunto
X R e seja a X
,
pois se a X
, existe
0
> 0 tal que (X {a}) (a
0
, a+
0
) = .
Ent ao, para cada > 0 dado, existe =
0
> 0, tal que
= f ( (X {a}) (a
0
, a +
0
) ) (L , L +) ,
qualquer que seja L R.
Observac ao 1.2 Oponto a pode pertencer ou n ao ao domnio X. Mesmo
quando a X, o valor f(a) n ao interfere na determinac ao de lim
xa
f(x), pois
tal limite, quando existe, depende apenas dos valores f(x) para x pr oximo
e diferente de a.
), onde V
= (a , a + ) (X {a}) e
> 0.
Teorema 1.1 (Unicidade do limite)
Sejam X R, f : X R e a X
.
Se lim
xa
f(x) = L
1
e lim
xa
f(x) = L
2
, ent ao L
1
= L
2
.
Prova.
Dado > 0, existem
1
> 0 e
2
> 0 tais que:
x X {a} e 0 < |x a| <
1
=|f(x) L
1
| <
2
;
x X {a} e 0 < |x a| <
2
=|f(x) L
2
| <
2
.
J. Delgado - K. Frensel 162
Denic ao e propriedades do limite
Seja = min{
1
,
2
}. Como a X
, existe x
0
(X {a}) (a , a + ).
Logo,
|L
1
L
2
| |L
1
f(x
0
)| + |f(x
0
) L
2
| <
2
+
2
= .
Ou seja, |L
1
L
2
| < para todo > 0. Logo, L
1
= L
2
, pois, se L
1
= L
2
,
teramos que |L
1
L
2
| <
|L
1
L
2
|
2
, para =
|L
1
L
2
|
2
> 0, o que e absurdo.
e seja g = f|
Y
.
Se lim
xa
f(x) = L, ent ao lim
xa
g(x) = L.
O teorema 1.2 e an alogo ` a
armac ao de que toda sub-
seq u encia de uma seq u encia
convergente e tamb em conver-
tente e tem o mesmo limite.
Prova.
Dado > 0, existe > 0 tal que |f(x) L| < qualquer que seja
x (X {a}) (a , a +) .
Ent ao, |g(x) L| = |f(x) L| < para todo x (Y {a}) (a , a +).
Logo, lim
xa
g(x) = L.
. Se I e um intervalo
aberto que cont em a, Y = I X, g = f|
Y
e lim
xa
g(x) = L, ent ao lim
xa
f(x) = L.
O teorema 1.3 diz que a
exist encia e o valor do limite
de uma func ao f depende apenas
do comportamento de f numa
vizinhanca de a.
Prova.
Seja
0
> 0 tal que (a
0
, a +
0
) I. Dado > 0 existe > 0 tal
que |g(x) L| < para todo x (I X {a}) (a , a +).
Tome
= min{,
0
}. Ent ao,
(I X {a}) (a
, a +
) = (X {a}) (a
, a +
) ,
pois (a
, a +
) I.
Logo, |f(x) L| = |g(x) L| < para todo x (X {a}) (a
, a +
).
Portanto, lim
xa
f(x) = L.
. Se existe lim
xa
f(x),
ent ao f e limitada numa vizinhanca de a, ou seja, existem A > 0 e > 0
tais que |f(x)| < A para todo x (X {a}) (a , a +).
Instituto de Matem atica - UFF 163
An alise na Reta
Prova.
Seja L = lim
xa
f(x). Dado = 1 > 0, existe > 0 tal que |f(x) L| < 1
para todo x (X {a}) (a , a +).
Ent ao, |f(x)| |f(x) L| + |L| < 1 + |L| = A para todo x (X {a}) (a
, a +).
. Se lim
xa
f(x) = lim
xa
h(x) = L
e f(x) g(x) h(x) para todo x X {a}, ent ao lim
xa
g(x) = L.
Prova.
Dado > 0, existem
1
> 0 e
2
> 0 tais que:
|f(x) L| <
2
se x X e 0 < |x a| <
1
.
|h(x) L| <
2
se x X e 0 < |x a| <
2
.
Tome = min{
1
,
2
}. Ent ao,
L f(x) g(x) h(x) L + ,
para todo x (X {a}) (a , a +). Logo, lim
xa
g(x) = L.
.
Se lim
xa
f(x) = L < lim
xa
g(x) = M, ent ao existe > 0 tal que x X,
0 < |x a| < =f(x) < g(x).
Prova.
Seja =
ML
2
> 0. Ent ao, L + =
L +M
2
= M e existe > 0
tal que L < f(x) < L + = M e M < g(x) < M + para todo
x (X {a}) (a , a +).
Logo, f(x) <
M+L
2
< g(x), ou seja, f(x) < g(x) para todo x (X {a})
(a , a +).
. Ent ao lim
xa
f(x) = L
se, e s o se, lim
n
f(x
n
) = L para toda seq u encia (x
n
) X {a} tal que
lim
n
x
n
= a.
Prova.
Suponhamos que lim
xa
f(x) = L e que lim
n
x
n
= a, com x
n
X {a}
para todo n N. Ent ao, dado > 0, existe > 0, tal que |f(x) L| <
para todo x X, 0 < |x a| < .
Como lim
n
x
n
= a e x
n
= a para todo n N, existe n
0
N tal que
0 < |x
n
a| < para todo n > n
0
.
Logo, |f(x
n
) L| < para todo n > n
0
. Assim, lim
n
f(x
n
) = L.
Suponhamos, agora, que lim
xa
f(x) = L. Ent ao existe
0
> 0 tal que para
todo n N podemos obter x
n
X tal que 0 < |x
n
a| <
1
n
e |f(x
n
)L|
0
.
Logo, lim
n
x
n
= a, mas lim
n
f(x
n
) = L.
, f, g : X R.
Se lim
xa
f(x) = L e lim
xa
g(x) = M, ent ao:
(1) lim
xa
(f(x) g(x)) = L M.
(2) lim
xa
(f(x) g(x)) = LM.
(3) lim
xa
f(x)
g(x)
=
L
M
, se M= 0.
(4) Se lim
xa
f(x) = 0 e existe A > 0 tal que |g(x)| A para todo x X {a},
ent ao lim
xa
f(x) g(x) = 0.
Prova.
Seja (x
n
) uma seq u encia de pontos de X {a} com lim
n
x
n
= a.
Ent ao, lim
n
(f(x
n
) g(x
n
)) = L M e lim
n
(f(x
n
) g(x
n
)) = LM, pois
lim
n
f(x
n
) = L e lim
n
g(x
n
) = M.
Logo, pelo teorema 1.7
lim
xa
(f(x) g(x)) = L M e lim
xa
(f(x) g(x)) = LM.
Se M = 0, temos, pelo teorema 1.6, que existe > 0 tal que g(x) = 0
para todo x (X {a}) (a , a +). Como lim
n
x
n
= a e x
n
X {a},
existe n
0
N tal que 0 < |x
n
a| < para todo n > n
0
. Logo, g(x
n
) = 0
para todo n > n
0
e lim
n
f(x
n
)
g(x
n
)
=
L
M
.
Assim, pelo teorema 1.7,
f(x)
g(x)
tem sentido para todo x sucientemente
pr oximo e diferente de a e lim
xa
f(x)
g(x)
=
L
M
.
J. Delgado - K. Frensel 166
Denic ao e propriedades do limite
Se lim
xa
f(x) = 0 e |g(x)| A para todo x X {a}, ent ao lim
n
f(x
n
) = 0
e (g(x
n
)) e uma seq u encia limitada. Logo, lim
n
(f(x
n
) g(x
n
)) = 0. Assim,
pelo teorema 1.7, lim
xa
(f(x) g(x)) = 0.
, b Y
, f : X R e g : Y R tais que
f(X) Y, lim
xa
f(x) = b e lim
yb
g(y) = c.
Ent ao, para x pr oximo de a, f(x) est a pr oximo de b, mas pode ocor-
rer que f(x) = b para x arbitrariamente pr oximo de a. Neste caso, b Y e
lim
xa
(g f)(x) pode existir ou n ao. Caso exista, deve ser igual a g(b), que
pode ser diferente de c.
Exemplo 1.1 Seja f : R R a func ao identicamente nula e seja
g : R R a func ao denida por g(x) =
_
_
_
1 , se x = 0
0 , se x = 0 .
Ent ao, lim
x0
f(x) = 0, lim
y0
g(y) = 1 e lim
x0
(g f)(x) = 0, que e diferente de
1.
e b Y Y
.
Se lim
xa
f(x) = b e lim
yb
g(y) = g(b), ent ao, lim
xa
(g f)(x) = g(b).
Prova.
Dado > 0 existe > 0 tal que |g(y) g(b)| < para todo y Y,
|y b| < .
Sendo lim
xa
f(x) = b, existe > 0 tal que |f(x) b| < para todo x X,
0 < |x a| < .
Logo, |g(f(x)) g(b)| < para todo x X, 0 < |x a| < .
p
q
a
< =0 <
1
q
< , ou seja, q >
1
.
Seja F = {q N| q
1
q
q
a
maior das frac oes
m
q
q
, com q F, a qual existe, pois F e nito.
De modo an alogo, para cada q F, seja n
q
Z o menor inteiro tal que
n
q
q
> a. Como F e nito, existe n
q
Z tal que
n
q
,
n
q
_
pode ter denominador em F.
Seja = min
_
a
m
q
,
n
q
a
_
. Ent ao,
0 <
p
q
a
< = a <
p
q
< a + ,
p
q
= a
=
m
q
<
p
q
<
n
q
,
p
q
= a
= q F =q >
1
=0 <
1
q
<
=
f
_
p
q
_
0
< .
Logo, provamos que dado > 0, existe > 0 tal que
f
_
p
q
_
0
< para
todo
p
q
Q, 0 <
p
q
a
_
0 , se x R Q
1 , se x = 0
1
q
, se
p
q
e irredutvel com q > 0 .
Ent ao, lim
xa
g(x) = 0 para todo a R.
Exemplo 2.4 Seja f : R {0} R denida por f(x) = x +
x
|x|
, ou seja,
f(x) =
_
_
_
x +1 , se x > 0
x 1 , se x < 0 .
Ent ao, n ao existe lim
x0
f(x), pois
lim
n
f
_
1
n
_
= lim
n
_
1
n
+1
_
= 1 e lim
n
f
_
1
n
_
=
_
1
n
1
_
=
1
n
1 = 1 .
3. Limites laterais
Denic ao 3.1 Sejam X R, a X
+
e f : X R. Dizemos que L R
e o limite ` a direita de f(x) quando x tende para a, e escrevemos
L = lim
xa
+
f(x) ,
quando, para todo > 0 dado, existe > 0 tal que |f(x) L| < para todo
x X, a < x < a +
Simbolicamente, temos:
lim
xa
+
f(x) = L " > 0 > 0 ; x X, a < x < a + =|f(x) L| < " .
ou
lim
xa
+
f(x) = L > 0 > 0 ; f(x) (L , L +) x X (a, a +) .
Denic ao 3.2 Sejam X R, a X
e f : X R. Dizemos que L R
e o limite ` a esquerda de f(x) quando x tende para a, e escrevemos
L = lim
xa
f(x) ,
quando, para todo > 0 dado, existe > 0 tal que |f(x) L| < para todo
x X, a < x < a.
Simbolicamente, temos:
J. Delgado - K. Frensel 172
Limites laterais
lim
xa
+
, f : X R, Y = X (a, +) e
g = f|
Y
. Ent ao, lim
xa
+
f(x) = L se, e s o se, lim
xa
g(x) = L.
Um resultado an alogo ao teorema
3.1 vale para o limite ` a esquerda.
Prova.
(=) Dado > 0, existe > 0 tal que f(x) (L , L + ) para todo
x X (a, a +).
Como (Y {a}) (a , a + ) = X (a, a + ), temos que |g(x) L| <
para todo x (Y {a}) (a , a +).
(=) Dado > 0, existe > 0 tal que |g(x) L| = |f(x) L| < para todo
x (Y {a}) (a , a +) = X (a, a +).
+
, b Y
Y.
Se lim
xa
+
f(x) = b e lim
yb
g(y) = g(b) ent ao lim
xa
+
g(f(x)) = g(b).
+
X
. Ent ao existe
lim
xa
f(x) se, e s o se, existem e s ao iguais os limites laterais lim
xa
+
f(x) e
lim
xa
f(x) .
Prova.
(=) Suponhamos que L = lim
xa
f(x). Sejam Y = (a, +) X e g = f|
Y
.
Instituto de Matem atica - UFF 173
An alise na Reta
Como a Y
, pois a X
+
, temos, pelo teorema 1.2, que lim
xa
g(x) = L.
Ent ao, pelo teorema 3.1, existe lim
xa
+
f(x) e e igual a L.
De modo an alogo, podemos provar que o lim
xa
f(x) = lim
xa
+
f(x).
Dado > 0, existem
1
> 0 e
2
> 0 tais que
|f(x) L| < para todo x X (a, a +
1
) ,
e
|f(x) L| < para todo x X (a
2
, a).
Tomando = min{
1
,
2
}, temos que |f(x) L| < para todo x tal que
x (X (a, a +)) (X (a , a)) = (X {a}) (a , a +) .
Logo, lim
xa
f(x) = L.
+
(R {0})
1
x
.
Ent ao, lim
x0
+
f(x) = 0, mas n ao existe lim
x0
+
, b X
e f : X R, uma func ao
mon otona limitada. Ent ao, existem os limites laterais
L = lim
xa
+
f(x) e M = lim
xb
f(x).
Prova.
Suponhamos que f : X R e n ao-decrescente.
Seja a X
+
e seja A = {f(x) | x X e x > a}.
Como a X
+
e f e limitada, temos que A e n ao-vazio e limitado inferior-
mente. Ent ao, existe L = inf A.
Armac ao: L = lim
xa
+
f(x) .
Dado > 0, existe x X, x > a, tal que L f(x) < L +.
Seja = x a > 0. Ent ao, para x X, a < x < a + = x temos que
L < L f(x) f(x) < L +. Logo, lim
xa
+
f(x) = L.
Sejam, agora, b X
f(x) = M.
= A, e <
1
x
< 0, para todo x < A =
1
A
> 0
tal que
0 < |x a| < =0 < (x a)
2
<
1
A
=
1
(x a)
2
> A.
+
e f : X R. Dizemos que:
Instituto de Matem atica - UFF 177
An alise na Reta
lim
xa
+
f(x) = +A > 0, > 0 ; x X, a < x < a + =f(x) > A.
lim
xa
+
f(x) = A > 0, > 0 ; x X, a < x < a + =f(x) < A.
De modo an alogo, podemos denir lim
xa
f(x) = + e lim
xa
f(x) = ,
quando a X
.
Denic ao 4.6 Sejam X R ilimitado superiormente e f : X R.
Dizemos que:
lim
x+
f(x) = +A > 0, B > 0 ; x X, x > B =f(x) > A.
lim
x+
f(x) = A > 0, B > 0 ; x X, x > B =f(x) < A.
Denic ao 4.7 Sejam X R ilimitado inferiormente e f : X R. Dize-
mos que:
lim
x
f(x) = +A > 0, B > 0 ; x X, x < B =f(x) > A.
lim
x
f(x) = A > 0, B > 0 ; x X, x < B =f(x) < A.
Exemplo 4.6 lim
xa
+
1
x a
= +; lim
xa
1
x a
= ; lim
x+
e
x
= +;
lim
x+
x
k
= +, k N.
Modicac oes que devem sofrer os teoremas provados para limites nitos
de modo a continuarem v alidos no caso de limites innitos.
(1) Unicidade. Se lim
xa
f(x) = +, ent ao f e positiva e ilimitada supe-
riormente numa vizinhanca de a. Logo, n ao se pode ter lim
xa
f(x) = L, pois,
neste caso, f seria limitada numa vizinhanca de a, nem lim
xa
f(x) = ,
pois f seria negativa numa vizinhanca de a.
(2) Sejam Y X com a Y
e g = f|
Y
.
Se lim
xa
f(x) = += lim
xa
g(x) = +.
Sejam Y = (a , a +) X, > 0, e g = f|
Y
.
Se lim
xa
g(x) = += lim
xa
f(x) = +.
J. Delgado - K. Frensel 178
Limites no innito, limites innitos e express oes indeterminadas
(3) Se lim
xa
f(x) = +ent ao f e ilimitada superiormente em qualquer
vizinhanca de a.
(4) Se f(x) g(x) x X e lim
xa
f(x) = +, ent ao lim
xa
g(x) = +.
(5) Se lim
xa
f(x) = L e lim
xa
g(x) = +, ent ao existe > 0 tal que
x X, 0 < |x a| < =f(x) < g(x).
(6) lim
xa
f(x) = + lim
n+
f(x
n
) = + para toda seq u encia (x
n
)
de pontos de X {a} com lim
n
x
n
= a.
(7) Se lim
xa
f(x) = + e g(x) > c x (X {a}) (a , a + ),
ent ao lim
xa
(f(x) +g(x)) = +.
Se lim
xa
f(x) = + e g(x) > c > 0 x (X {a}) (a , a + ),
ent ao lim
xa
(f(x) g(x)) = +.
Se f(x) > 0 x (X {a}) (a , a + ), ent ao lim
xa
f(x) = 0
lim
xa
1
f(x)
= +.
Sendo f(x) > c > 0 e g(x) > 0 para todo x (X{a})(a, a+),
temos que se lim
xa
g(x) = 0 ent ao lim
xa
f(x)
g(x)
= +.
Sendo |f(x)| c para todo x (X {a}) (a , a +), temos que
se lim
xa
g(x) = +, ent ao lim
xa
f(x)
g(x)
= 0.
(8) N ao existe algo semelhante ao crit erio de Cauchy para limites
innitos.
(9) Se lim
xa
f(x) = e lim
y
g(y) = L, ent ao lim
xa
g(f(x)) = L.
Se lim
xa
f(x) = e lim
y
g(y) = +, ent ao lim
xa
g(f(x)) = +.
Se lim
xa
f(x) = e lim
x
g(x) = , ent ao lim
xa
g(f(x)) = .
(10) Sejam a X
+
e f : X R mon otona.
lim
xa
+
f(x) existe se, e s o se, existe > 0 tal que f e limitada no
conjunto X (a, a +).
Instituto de Matem atica - UFF 179
An alise na Reta
Se f e ilimitada superiormente em X (a, a + ) para todo > 0,
ent ao lim
xa
+
f(x) = +.
De fato, dado A > 0, existe x X (a, a +1) tal que f(x) > A.
Se f e n ao-crescente ou decrescente, temos que f(x) f(x) > A
para todo x X (a, a +), onde = x a > 0.
Observe que, neste caso, f n ao pode ser n ao-decrescente ou cres-
cente, pois, dado x > a, x X, existiria x (a, x) tal que f(x) > f(x).
De modo an alogo, podemos provar que se f e ilimitada inferior-
mente em X (a, a + ) para todo > 0, ent ao lim
xa
+
f(x) = e f tem
que ser crescente ou n ao-decrescente.
Observac ao 4.3 No entanto, se a X
, temos que:
lim
xa
f(x) existe se, e s o se, existe > 0 tal que f e limitada no conjunto
X (a , a).
Se f e ilimitada superiormente em X (a , a) para todo > 0, ent ao
lim
xa
, 0
0
,
0
, 1
.
Indeterminac ao do tipo
0
0
.
Sejam X R, a X
, lim
xa
f(x) = lim
xa
g(x) = 0 e f(x) > 0 para todo
x X, tais que lim
xa
f(x)
g(x)
= c.
Por exemplo, para as func oes f, g : (0, +) R dadas por f(x) = x
e g(x) =
logc
logx
, temos que
lim
x0
f(x) = lim
x0
g(x) = 0 e lim
x0
f(x)
g(x)
= lim
x0
e
g(x) log f(x)
= lim
x0
e
log c
= c .
Podemos, tamb em, escolher f e g de modo que o limite de f(x)
g(x)
n ao existe. Basta tomar, por exemplo, as func oes dadas por f(x) = x e
g(x) = log
_
1 +
sen
1
x
_
(logx)
1
, x > 0, para termos
lim
x0
f(x) = lim
x0
g(x) = 0,
mas o limite
lim
x0
f(x)
g(x)
= lim
x0
e
g(x) log f(x)
= lim
x0
_
1 +
sen
1
x
_
n ao existe.
Instituto de Matem atica - UFF 181
An alise na Reta
5. Valores de ader encia de uma func ao, limsup
e liminf
Sejam X R, a X
o conjunto
V
.
Denic ao 5.2 Dizemos que c R e um valor de ader encia de f no
ponto a quando existe uma seq u encia (x
n
) de pontos de X {a} tal que
lim
n+
x
n
= a e lim
n+
f(x
n
) = c.
Indicaremos por VA(f; a) o conjunto dos valores de ader encia de f no
ponto a.
Observac ao 5.1 Pelo teorema 1.7, temos que se L = lim
xa
f(x), ent ao L
e o unico valor de ader encia de f no ponto a.
Mostraremos, mais adiante, que se f e limitada numa vizinhanca de
a e L e o unico valor de ader encia de f no ponto a, ent ao lim
xa
f(x) = L.
Mas se f n ao e limitada numa vizinhanca de a, pode ocorrer que n ao
exista lim
xa
f(x), mesmo quando f possui um unico valor de ader encia no
ponto a.
Exemplo 5.1 Seja f : R R a func ao f(x) =
_
_
_
1 , se x Q
1
x
, se x R Q
.
Ent ao, 1 e o unico valor de ader encia de f no ponto 0, mas n ao existe
lim
x0
f(x), pois f n ao e limitada numa vizinhanca de 0.
para todo
n > n
0
. Logo, f(x
n
) f(V
) .
(=) Suponhamos que c f(V
>0
f(V
) .
Corol ario 5.2 VA(f; a) =
nN
f(V1
n
) .
Prova.
Se c
>0
f(V
), ent ao c f(V
nN
f(V1
n
) .
Suponhamos, agora, que c
nN
f(V1
n
).
Dado > 0, existe n N, tal que
1
n
< . Logo, V1
n
V
e, portanto,
f(V1
n
) f(V
). Assim, f(V1
n
) f(V
) .
Como c f(V1
n
) para todo n N, temos que c f(V
>0
f(V
) = VA(f; a) ,
ou seja, c e um valor de ader encia de f no ponto a.
Corol ario 5.3 O conjunto dos valores de ader encia de f num ponto a
X
nn
0
K
n
. Logo, pelo teorema 4.5 da parte 4,
temos que VA(f; a) e compacto e n ao-vazio.
2
c sen(2n + (4k
n
3)
2
) =
c
2n + (4k
n
3)
2
1 < 0
J. Delgado - K. Frensel 184
Valores de ader encia de uma func ao, limsup e liminf
para algum k
n
N, temos, pelo teorema do valor intermedi ario para
func oes contnuas, que provaremos na pr oxima parte, que existe
x
n
_
1
2n + (4k
n
3)
2
,
1
n
_
tal que x
n
c sen
1
x
n
= 0.
Logo, 0 < x
n
<
1
n
e f(x
n
) = c para todo n N. Assim, x
n
0 e
f(x
n
) c, ou seja, c VA(f; 0).
De modo an alogo, se c < 0, dado n N, temos que
1
n
c sen(n) =
c
n
< 0
e
1
2n + (4k
n
+3)
2
c sen
_
2n + (4k
n
+3)
2
_
=
c
2n + (4k +3)
2
+1 > 0
para algum k
n
N.
Logo, pelo teorema do valor intermedi ario para func oes contnuas, existe
x
n
_
1
2n + (4k
n
+3)
2
,
1
n
_
tal que x
n
c sen
1
x
n
= 0.
Assim, c VA(f; 0), pois x
n
0, f(x
n
) = c c e x
n
= 0 para todo
n N.
Observac ao 5.3 Tamb em pode ocorrer que VA(f; a) seja vazio quando
f e ilimitada em toda vizinhanca de a. Por exemplo, se f : R {0} R e
a func ao denida por f(x) =
1
x
, ent ao VA(f; a) = .
Observac ao 5.4 Como VA(f; a) e compacto e n ao-vazio quando f e
limitada numa vizinhanca de a, VA(f; a) possui um maior elemento e um
menor elemento.
Denic ao 5.3 Chamamos limite superior de f no ponto a ao maior valor
de ader encia L de f no ponto a, e escrevemos:
limsup
xa
f(x) = L.
Chamamos limite inferior de f no ponto a ao menor valor de ader encia
de f no ponto a, e escrevemos:
liminf
xa
f(x) = .
Instituto de Matem atica - UFF 185
An alise na Reta
Exemplo 5.3 Seja f : R {0} R a func ao denida por f(x) = sen
1
x
.
Ent ao, pelo visto no exemplo 2.5, VA(f; 0) = [1, 1].
Logo, limsup
x0
f(x) = +1 e liminf
x0
f(x) = 1 .
Observac ao 5.5
`
As vezes escrevemos limsup
xa
f(x) = + para indi-
car que f e ilimitada superiormente em toda vizinhanca de a, e escreve-
mos liminf
xa
f(x) = para indicar que f e ilimitada inferiormente em toda
vizinhanca de a. Por exemplo, para f(x) =
1
x
sen
1
x
, x = 0, do exemplo
5.2, teramos limsup
x0
f(x) = +e liminf
x0
f(x) = .
Tamb em, quando lim
xa
f(x) = , teramos
limsup
xa
f(x) = liminf
xa
f(x) = +.
Consideraremos, agora, o valor de ader encia de f quando x +
ou x .
Dizemos que c VA(f; +), ou seja, que c e um valor de ader encia
de f em +, quando existe uma seq u encia (x
n
) de pontos de X tal que
x
n
+e f(x
n
) c.
Dizemos que c VA(f; ), ou seja, que c e um valor de ader encia
de f em , quando existe uma seq u encia (x
n
) de pontos de X tal que
x
n
e f(x
n
) c.
Seja V
= X (, +), > 0, e W
>0
f(V
) =
nN
f(V
n
) e VA(f; ) =
<0
f(W
) =
nN
f(W
n
) .
A demonstrac ao destes fatos faz-se de modo an alogo ao caso nito.
Dizemos que f e limitada numa vizinhanca de + quando existe > 0
e K > 0 tais que x X, x > =|f(x)| K, ou seja, |f(x)| K para todo
x V
= X (, +).
E dizemos que f e limitada numa vizinhanza de quando existe < 0
e K > 0 tais que x X, x < =|f(x)| K, ou seja, |f(x)| K para todo
x W
= X (, ).
J. Delgado - K. Frensel 186
Valores de ader encia de uma func ao, limsup e liminf
Como no caso nito, podemos provar que VA(f; +) e VA(f; )
s ao compactos n ao-vazios quando f e limitada numa vizinhanca de +
e , respectivamente. Ent ao, nestes casos, temos, tamb em, o maior
e o menor valor de ader encia, que ser ao denotados por limsup
x
f(x) e
liminf
x
f(x), respectivamente.
Os fatos que ser ao provados a seguir para VA(f; a) se estendem aos
valores de ader encia no innito com as devidas adaptac oes.
Seja f limitada numa vizinhanca V
0
de a, ou seja, f(V
0
) e um conjunto
limitado. Ent ao f(V
= sup
xV
f(x)
e
: (0,
0
] R
= inf
xV
f(x)
Como V
0
para (0,
0
], temos que
0
para
todo (0,
0
].
Se 0 <
<
0
, ent ao V
e, portanto,
e
L
, ou seja,
e lim
0
L
, e
lim
0
= sup{
| (0,
0
]} e lim
0
L
= inf{L
| (0,
0
]} .
Teorema 5.2 Se f e limitada numa vizinhanca de a, ent ao
limsup
xa
f(x) = lim
0
L
e liminf
xa
f(x) = lim
0
.
Prova.
Sejam L = limsup
xa
f(x) e L
0
= lim
0
L
para todo
(0,
0
], ou seja, L e uma cota inferior do conjunto {L
| (0,
0
]}.
Assim, L L
0
= inf{L
| (0,
0
]}.
Vamos provar, agora, que L
0
e valor de ader encia de f no ponto a.
Como L1
n
= sup{f(x) | x V1
n
}, existe x
n
V1
n
= X
_
a
1
n
, a +
1
n
_
tal
Instituto de Matem atica - UFF 187
que L1
n
1
n
< f(x
n
) L1
n
.
Ent ao x
n
a, x
n
X {a}, e f(x
n
) L
0
, pois lim
n
L1
n
= lim
0
L
= L
0
.
Logo, L
0
e valor de ader encia de f no ponto a e, portanto, L
0
L.
Provamos, assim, que L = L
0
.
A igualdade liminf
xa
f(x) = lim
0
e L = lim
0
L
1
e L L
2
< L +.
Tomando = min{
1
,
2
}, temos que
f(x) L
2
<
L + ,
para todo x (X {a}) (a , a +).
) e limitado, onde
U
= X (a , a +).
Teorema 1.4 Se f, g : X R s ao contnuas no ponto a X, e f(a) <
g(a), ent ao existe > 0 tal que f(c) < g(x) para todo x X(a, a+).
Corol ario 1.1 Sejam K R e f : X R uma func ao contnua no
ponto a X. Se f(a) < K, ent ao existe > 0 tal que f(x) < K para todo
x X (a , a +).
Prova.
Dado = K f(a) > 0, existe > 0 tal que f(a) < f(x) < f(a) + = K
para todo x X (a , a +).
a
> 0 tal que f(x) > K para todo x X I
a
, onde I
a
= (a
a
, a +
a
).
Seja U =
_
aA
I
a
. Ent ao, U e aberto e A = U X, pois U X A e
A U X.
Em particular, se X e aberto, ent ao A e aberto.
Instituto de Matem atica - UFF 193
An alise na Reta
Teorema 1.5 Uma func ao f : X R e contnua no ponto a X se,
e s o se, lim
n
f(x
n
) = f(a) para toda seq u encia (x
n
) de pontos de X que
converge para a.
Corol ario 1.2 Uma func ao f : X R e contnua no ponto a X se,
e s o se, lim
x
f(x
n
) existe e independe da seq u encia (x
n
) de pontos de X
com lim
n
x
n
= a.
Corol ario 1.3 Uma func ao f : X R e contnua no ponto a X se,
e s o se, existe lim
n
f(x
n
) para toda seq u encia (x
n
) de pontos de X com
lim
n
x
n
= a.
Teorema 1.6 Se f, g : X R s ao contnuas no ponto a X, ent ao
f g e f g s ao contnuas em a. Se g(a) = 0, ent ao
f
g
: X
0
R e
contnua em a, onde X
0
= {x X| g(x) = 0}.
Em particular, se f e contnua no ponto a X, ent ao cf e contnua
em a, onde c R. E, se f(a) = 0, ent ao
1
f
e contnua em a.
Teorema 1.7 Se f : X R e contnua no ponto a X e g : Y R e
contnua no ponto b = f(a) e f(X) Y, ent ao g f : X R e contnua
no ponto a.
Em particular, a composta de duas func oes contnuas e contnua no
seu domnio de denic ao.
Observac ao 1.8 A restric ao de uma func ao f : X R a um subcon-
junto Y X e um caso particular de func ao composta, pois f|
Y
= f i :
Y R, onde i : Y R e a inclus ao, ou seja, i(y) = y para todo y Y.
Observac ao 1.9 Como a func ao identidade x x e contnua, temos,
pelo teorema 1.6, que a func ao x x
n
e contnua para todo n N.
Pelo mesmo teorema, temos que toda func ao polinomial p : R R,
p(x) = a
n
x
n
+. . . +a
1
x +a
0
, e contnua, e, portanto, toda func ao racional
J. Delgado - K. Frensel 194
A noc ao de func ao contnua
f(x) =
p(x)
q(x)
, onde p e q s ao func oes polinomiais, e contnua nos pontos
onde o denominador q n ao se anula.
Exemplo 1.2 Seja f : R R dada por f(x) =
_
_
_
x +1, se x 5
16 2x, se x < 5
Ent ao, f e contnua em todos os pontos do conjunto (, 5) (5, +),
pois f restrita ao conjunto aberto (, 5) coincide com a func ao contnua
x x +1 e f restriga ao conjunto aberto (5, +) coincide com a func ao
contnua x 16 2x.
Al em disso, f tamb em e contnua no ponto 5, pois
lim
x5
+
f(x) = lim
x5
f(x) = 6 = f(5) .
_
x
|x|
, se x = 0
1 , se x = 0 .
Ent ao f e contnua em todos os pontos do conjunto (, 0) (0, +),
mas n ao e contnua em x = 0, pois lim
x0
+
f(x) = 1 = lim
x0
f(x) = 1, ou
seja, n ao existe lim
x0
f(x).
_
x (X F
1
) (a ), a +)
e
x (X F
2
) (a ), a +) .
Mas, como X F
1
F
2
, temos que
( (X F
1
) (X F
2
) ) (a , a +) = ( X (F
1
F
2
) ) (a , a +)
= X (a , a +)
Logo, |f(x) f(a)| < para todo x X (a , a +) .
(2) a F
1
e a F
2
.
Como f|
XF
1
e contnua no ponto a, existe
1
> 0 tal que |f(x) f(a)| <
para todo x (X F
1
) (a
1
, a +
1
).
Al em disso, como a F
2
e F
2
e fechado, existe
2
> 0 tal que (a
2
, a +
2
) F
2
= .
Seja = min{
1
,
2
} > 0. Ent ao, se x X (a , a + ) temos que
|f(x) f(a)| < , pois
X (a , a +) = ((X F
1
) (a , a +)) ((X F
2
) (a , a +))
= (X F
1
) (a , a +),
j a que (X F
2
) (a , a +) = .
(3) a F
2
e a F
1
.
Este caso prova-se de modo an alogo ao anterior.
, L. Se f|
A
X
e contnua para todo L, ent ao f
e contnua.
Prova.
Sejam a X e > 0 dados. Ent ao existe
0
L tal que a A
0
.
Como A
0
e aberto, existe
1
> 0 tal que (a
1
, a +
1
) A
0
.
Al em disso, como f|
XA
0
e contnua no ponto a, existe
2
> 0 tal que
|f(x) f(a)| < , x (X A
0
) (a
2
, a +
2
) .
Seja = min{
1
,
2
} > 0. Ent ao,
|f(x) f(a)| < , x (X A
0
) (a , a +) = X (a , a +),
pois (a , a +) A
0
. Logo, f e contnua no ponto a.
, onde cada A
e aberto.
Se f|
A
) f(a)|
0
.
Exemplo 2.1 Seja f : R R a func ao f(x) =
_
_
_
0, se x Q
1, se x R Q.
Ent ao f e descontnua em todos os pontos de R, pois n ao existe lim
xa
f(x)
qualquer que seja a R.
_
0, se x R Q
1, se x = 0
1
q
, se x =
p
q
Q e uma frac ao irredutvel, com q > 0 .
Pela observac ao 2.1 da parte 5, temos que lim
xa
g(x) = 0 para todo a R.
Logo, g e contnua nos n umeros irracionais e descontnua nos racionais.
Ver o exerccio 18 do livro.
Mas n ao existe uma func ao f : R R que seja contnua nos pontos
raiconais e descontnua nos pontos irracionais.
_
0, se x = 0
x +
x
|x|
, se x = 0 .
Ent ao o ponto 0 e o unico ponto de descontinuidade de f.
+
e existe lim
xa
f(x) se a X
.
Denic ao 2.3 Dizemos que f : X R possui uma descontinuidade de
segunda esp ecie no ponto a X se f e descontnua no ponto a quando
a X
+
e lim
xa
+
f(x) n ao existe
ou
a X
e lim
xa
f(x) n ao existe.
Exemplo 2.5 Seja f : R R a func ao
f(x) =
_
_
0, se x R Q
1, se x = 0
1
q
, se x =
p
q
Q e uma frac ao irredutvel, com q > 0 .
Como lim
xa
f(x) = 0 para todo a R, todas as descontinuidades de f s ao
de primeira esp ecie.
Neste exemplo, os limites laterais nos pontos de descontinuidade existem
e s ao iguais, mas s ao diferentes do valor da func ao nesses pontos.
+
e a A
+
, pois
int K = (lembre que A = [0, 1] K), ent ao, existem sequ encias (x
n
) e
(y
n
) tais que x
n
K, x
n
> a, y
n
[0, 1] K = A, y
n
> a, x
n
a e
y
n
a.
Logo, f(x
n
) 0 e f(y
n
) 1. Portanto, n ao existe lim
xa
+
f(x), apesar
de existir lim
xa
e a A
+
.
se a n ao e extremidade de intervalo algum retirado na construc ao de K,
ent ao a K
+
e a A
+
, pois int K = .
Logo, n ao existem lim
xa
+
f(x) e lim
xa
f(x).
_
sen
1
1 +e
1
x
, se x = 0
0, se x = 0 .
Ent ao, 0 e o unico ponto de descontinuidade de f e e de primeira esp ecie,
pois lim
x0
+
f(x) = 0 = f(0) e lim
x0
_
sen(
1
x
)
1 +e
1
x
, se x = 0
0, se x = 0 .
Ent ao, 0 e a unica descontinuidade de f e e de segunda esp ecie, pois
lim
x0
+
f(x) = 0 = f(0), mas lim
x0
1
2n
_
0 e
f
_
1
2n +
2
_
1 .
(R
+
Q)
1, se x (R
+
Q).
Ent ao lim
x0
.
Se a X X
+
, ent ao existe > 0 tal que a + X. Logo, f|
X[a,a+]
e
limitada e mon otona e, portanto, existe lim
xa
+
f(x).
Instituto de Matem atica - UFF 201
An alise na Reta
Se a X X
f(x).
Logo, para todo a X X
. Se a X X
+
, existe lim
xa
+
f(x) = f(a
+
) e se a X X
,
existe lim
xa
f(x) = f(a
+
e f(a
) = f(a) se a X X
.
Suponhamos que f e n ao-decrescente.
Nesse caso, f(a
+
) = inf{f(x) | x > a}. Como f(a) f(x) para todo x > a,
x X, temos que f(a) f(a
+
).
Vamos supor, por absurdo, que f(a) < f(a
+
).
Seja I um intervalo que cont em f(X), ou seja, f(X) I.
Como a X
+
, existe x > a tal que x X. Sendo f(x) f(a
+
), temos que
( f(a), f(a
+
) ) I, pois ( f(a), f(a
+
) ) ( f(a), f(x) ) e f(a), f(x) f(X).
Mas ( f(a), f(a
+
) ) f(X) = , pois se x < a, f(x) f(a) e se x > a,
f(x) f(a
+
).
Ent ao, se f(X) e denso em I, ou seja, f(X) I e I f(X), chegamos
a uma contradic ao, pois
1
2
( f(a) +f(a
+
) ) I e ( f(a), f(a
+
) ) e um inter-
valo aberto que cont em
1
2
( f(a) +f(a
+
) ) tal que ( f(a), f(a
+
) ) f(X) = .
Logo, f(a
+
) = f(a).
De modo an alogo, podemos provar que f(a
) = f(a) se a X
.
Logo, f e contnua em todos os pontos de X.
_
max { |f(x) f(x
+
)| , |f(x) f(x
)| } , se x X
+
X
|f(x) f(x
+
)|, se x X
+
e x X
|f(x) f(x
)|, se x X
e x X
+
0, se x e um ponto isolado de X,
onde f(a
+
) = lim
xa
+
f(x) e f(a
) = lim
xa
f(x).
O valor (x) e chamado o salto de f no ponto x.
Observac ao 2.1 Se a f(x) b para todo x X, ent ao 0 (x)
b a. De fato:
Se x
0
X
+
, existe uma seq u encia (x
n
), x
n
> x
0
, x
n
X, tal que
f(x
n
) f(x
+
0
).
Logo, |f(x
0
) f(x
+
0
)| b a, pois |f(x
0
) f(x
n
)| b a para todo n N.
Se x
0
X
0
).
Logo, |f(x
0
) f(x
0
)| b a, pois |f(x
0
) f(x
n
)| b a para todo n N.
Observac ao 2.2 (x) > 0 se, e s o se, x e uma descontinuidade de f.
Instituto de Matem atica - UFF 203
An alise na Reta
Teorema 2.3 Seja f : X R uma func ao cujas descontinuidades s ao
todas de primeira esp ecie. Ent ao o conjunto dos pontos de descontinui-
dade de f e enumer avel.
Prova.
Para cada n N, seja D
n
=
_
x X
(x)
1
n
_
.
Ent ao o conjunto dos pontos de descontinuidade de f e
D =
_
nN
D
n
.
Se provamos que, para todo n N, o conjunto D
n
s o possui pontos isola-
dos, ent ao D
n
e enumer avel e, portanto, D ser a enumer avel.
Armac ao: Para todo n N, D
n
s o possui pontos isolados.
Seja a D
n
, ou seja, (a)
1
n
. Ent ao a X
, pois f e descontnua em a.
Suponhamos que a X
+
.
Pela denic ao de limite lateral ` a direita, existe > 0 tal que
f(a
+
)
1
4n
< f(x) < f(a
+
) +
1
4n
,
para todo x (a, a +) X.
Ent ao, (x) <
1
2n
<
1
n
para todo x (a, a+)X. Logo, (a, a+)D
n
= .
Se a X
+
, existe > 0 tal que (a, a+)X = . Logo, (a, a+)D
n
= .
Assim, para todo a X
Corol ario 2.2 Seja f : X R uma func ao mon otona. Ent ao o conjunto
dos pontos de descontinuidade de f e enumer avel.
Prova.
Pelo teorema 2.1, todas as descontinuidades de f s ao de primeira esp ecie.
y, tal
que x
n
= y.
A inversa g da func ao f, g : [0, +) [0, +), g(y) =
n
y, e tamb em
contnua e crescente, pelo teorema que provaremos abaixo.
f
1
(y) = 1 = f
1
(2).
4. Func oes contnuas em conjuntos compac-
tos
Teorema 4.1 Seja f : X R uma func ao contnua. Se X e compacto
ent ao f(X) e compacto.
Prova.
Primeira demonstrac ao.
Seja (A
e
cada A
, L, e aberto.
Ent ao, para todo x X, existe
x
L tal que f(x) A
x
.
Como f e contnua, para cada x I, existe um intervalo aberto I
x
centrado
em x tal que f(I
x
X) A
x
.
Logo, como X
_
xX
I
x
e X e compacto, existem x
1
, . . . , x
n
X tais que
X I
x
1
. . . I
x
n
.
Assim, f(X) A
x
1
. . . A
x
n
, o que prova a compacidade de f(X).
Segunda demonstrac ao.
Seja (y
n
) uma sequ encia de pontos de f(X).
Para cada n N, existe x
n
X tal que f(x
n
) = y
n
. Como X e compacto,
(x
n
) possui uma subseq u encia (x
n
k
)
kN
que converge para um ponto x
X.
Ent ao, pela continuidade de f, temos que y
n
k
= f(x
n
k
) f(x), ou
seja, (y
n
) possui uma subseq u encia que converge para um ponto de f(X).
Logo, f(X) e compacto.
R. Como
X e compacto, a
X. Logo, y
n
k
= f(x
n
k
) b e y
n
k
= f(x
n
k
) f(a
),
pois f e contnua em a
) = f(a) e, portanto, a
= a, pois
f e injetiva.
5. Continuidade Uniforme
Denic ao 5.1 Dizemos que uma func ao f : X R e uniformemente
contnua quando, para cada > 0 dado, existe > 0 tal que x, y X,
|x y| < =|f(x) f(y)| < .
Observac ao 5.1 Toda func ao uniformemente contnua e contnua.
De fato, dado > 0 existe > 0 tal que
Instituto de Matem atica - UFF 211
An alise na Reta
x, y X, |x y| < =|f(x) f(y)| < .
Se a X, temos que |f(x)f(a)| < para todo x X, |xa| < . Observe
que o n umero real positivo n ao depende do ponto a X, apenas de .
Observac ao 5.2 Uma func ao f : X Rn ao e uniformemente contnua
se, e s o se, existe
0
> 0 tal que para todo > 0 existem x
, y
X tais
que |x
| < e |f(x
) f(y
)|
0
.
Observac ao 5.3 Nemtoda func ao contnua e uniformemente contnua.
Por exemplo, seja f : (0, +) R dada por f(x) =
1
x
. Ent ao, f e
contnua, mas n ao e uniformemente contnua em (0, +).
De fato, sejam > 0 e > 0 dados.
Sejam a
< e 0 < a
<
1
3
e b
= a +
2
. Ent ao,
|b
| =
2
< e
|f(b
) f(a
)| =
1
a
+
2
1
a
2
2a
+
1
a
=
a
(2a
+)
>
3a
=
1
3a
> .
Exemplo 5.1 Seja f : R R denida por f(x) = ax +b, a = 0.
Dado > 0, existe =
|a|
> 0 tal que
x, y R, |x y| < =|f(x) f(y)| = |c| |x y| < |c|
|c|
= .
Logo, f e uniformemente contnua em R.
>
1
e y
= x
+
2
. Ent ao,
|x
| =
2
< e |f(x
) f(y
)| =
_
x
+
2
_
2
x
2
= x
+
2
4
> x
> 1 .
Exerccio.
Mostrar que a func ao f : R R
dada por f(x) = x
n
n ao e uni-
formemente contnua para todo
n>1.
Teorema 5.1 Seja f : X R uniformemente contnua. Se (x
n
) e uma
seq u encia de Cauchy em X, ent ao ( f(x
n
)) e uma seq u encia de Cauchy.
Prova.
Dado > 0 existe > 0 tal que
x, y X, |x y| < =|f(x) f(y)| < .
Como (x
n
) e de Cauchy, existe n
0
N tal que |x
m
x
n
| < para m, n > n
0
.
Logo, |f(x
n
)f(x
m
)| < para m, n > n
0
, ou seja, (f(x
n
)) e uma seq u encia
de Cauchy.
.
Prova.
Seja (x
n
) uma seq u encia de pontos de X {a} tal que x
n
a. Ent ao,
pelo teorema anterior, (f(x
n
)) e de Cauchy e, portanto, convergente. Logo,
pelo corol ario 1.4 da parte 5, existe lim
xa
f(x).
Observac ao 5.5 Para provar o corol ario acima podemos usar tamb em
o Crit erio de Cauchy para func oes(teorema 1.9, parte 5).
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An alise na Reta
De fato, dado > 0, existe > 0 tal que
x, y X, |x y| <
2
=|f(x) f(y)| < .
Ent ao, se x, y X,
|x a| <
2
e |y a| <
2
= |x y| |x a| + |a y| <
= |f(x) f(y)| < .
Logo, existe lim
xa
f(x) para todo a X
.
Exemplo 5.4 As func oes f, g : (0, 1] R, f(x) = sen
_
1
x
_
e g(x) =
1
x
,
n ao s ao uniformemente contnuas, pois n ao existem lim
x0
g(x) e lim
x0
f(x),
no ponto 0 (0, 1]
_
n +
1
n
_
3
n
3
n
3
+3
n
2
n
+3
n
n
2
+
1
n
3
n
3
= 3n +
3
n
+
1
n
3
3 , para todo n N.
x, e contnua e, portanto
uniformemente contnua, pois [0, 1] e compacto.
Mas, f n ao e lipschitziana, pois o quociente
|
y|
|x y|
=
1
x +
y
n ao e
limitado, j a que lim
x0
+
1
x +
y
= +.
Por outro lado, a func ao g : [0, +) R, g(x) =
x, da qual f e uma
restric ao, e uniformemente contnua, embora seu domnio [0, +) n ao
seja compacto.
De fato, g|
[1,+)
e lipschitziana, pois
|g(x) g(y)| =
|x y|
x +
y
1
2
|x y|, para x, y [1, +) .
Como g|
[0,1]
e g|
[1,+)
s ao uniformemente contnuas, temos que g|
[0,+)
e
Instituto de Matem atica - UFF 215
An alise na Reta
uniformemente contnua, pois dado > 0 existem
1
,
2
> 0 tais que:
x, y [0, 1], |x y| <
1
=|g(x) g(y)| <
2
;
x, y [1, +), |x y| <
2
=|g(x) g(y)| <
2
.
Seja = min{
1
,
2
} > 0 e sejam x, y [0, +), |x y| < .
Assim, se
x, y [0, 1] =|g(x) g(y)| <
2
< ;
x, y [1, +) =|g(x) g(y)| <
2
< ;
x [0, 1] e y [1, +) =|x 1| < e |y 1| <
=|g(x)g(1)| <
2
e |g(y)g(1)| <
2
=|g(x)g(y)| <
2
+
2
.
.
Como f e uniformemente contnua, pelo Corol ario 5.1, existe lim
xx
f(x) para
todo x
.
Denimos, ent ao, da seguinte maneira:
(x
) = lim
xx
f(x) se x X
e (x) = f(x) se x X.
Se x
X, ent ao (x
) = lim
xx
f(x) = f(x
), pois f e contnua em x
.
Logo, est a bem denida em X.
Observe que se x X, x
n
x, x
n
X, ent ao (x) = lim
n+
f(x
n
).
J. Delgado - K. Frensel 216
Continuidade Uniforme
Armac ao: : X R e uniformemente contnua.
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An alise na Reta
De fato, como f e uniformemente contnua em X, dado > 0 existe > 0
tal que x, y X, |x y| < =|f(x) f(y)| <
2
.
Sejam x, y X tais que |x y| < .
Ent ao existem seq u encias (x
n
) e (y
n
) em X tais que x
n
x e y
n
y.
Como |x
n
y
n
| |x y| e |x y| < , existe n
0
N tal que |x
n
y
n
| <
para todo n n
0
. Ent ao, |f(x
n
) f(y
n
)| <
2
para todo n n
0
e, portanto,
|(x) (y)| = lim
n+
|f(x
n
) f(y
n
)|
2
< .
Unicidade: Seja : X R outra extens ao contnua de f e seja x X.
Ent ao existe uma seq u encia (x
n
) em X com lim
n+
x
n
= x.
Logo,
(x) = lim
n+
(x
n
) = lim
n+
f(x
n
) = lim
n+
(x
n
) = (x) .
e f : X R. Dizemos que f e
deriv avel no ponto a quando existe o limite
f
(a) = lim
xa
f(x) f(a)
x a
Neste caso, f
(a) = lim
h0
f(a +h) f(a)
h
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An alise na Reta
onde a func ao h
f(a +h) f(a)
h
est a denida no conjunto
Y = {h R {0} | a +h X} ,
que tem o zero como ponto de acumulac ao.
Denic ao 1.3 Sejam X R, a X X
+
e f : X R. Dizemos que f e
deriv avel ` a direita no ponto a quando existe o limite
f
(a
+
) = lim
xa
+
f(x) f(a)
x a
= lim
h0
+
f(a +h) f(a)
h
.
No caso armativo, f
(a
+
) e a derivada ` a direita de f no ponto a.
Seja a XX
(a
) = lim
xa
f(x) f(a)
x a
= lim
h0
(a
+
X
, f
(a
+
) e f
(a
).
Observac ao 1.5 Dizer que uma func ao f : [c, d] R e deriv avel no
ponto a signica que:
f possui as duas derivadas laterais no ponto a e elas s ao iguais quando
a (c, d).
f possui derivada lateral ` a direita no ponto a quando a = c.
f possui derivada lateral ` a esquerda no ponto a quando a = d.
Observac ao 1.6 Pelas propriedades gerais do limite, temos que f e
deriv avel no ponto a X X
se, e s o se,
lim
n+
f(x
n
) f(a)
x
n
a
= f
(a)
para qualquer seq u encia (x
n
) de pontos de X {a} com lim
n
x
n
= a.
Mais geralmente, f e deriv avel no ponto a XX
(a) = lim
yb
f(g(y)) f(a)
g(y) a
.
J. Delgado - K. Frensel 218
A derivada de uma func ao
Exemplo 1.1 Seja f : R R constante, ou seja, existe c R tal que
f(x) = c para todo x R. Ent ao f
(a) = c, pois
f(x) f(a)
x a
=
c(x a)
x a
= c para todo x = a.
j=0
_
n
j
_
a
j
h
nj
a
n
=
_
n2
j=0
_
n
j
_
a
j
h
nj1
_
h +
_
n
n1
_
a
n1
h.
Logo,
lim
h0
f(a +h) f(a)
h
= lim
h0
_
n2
j=0
_
n
j
_
a
j
h
nj1
_
+na
n1
= na
n1
, pois n j 1 1 para 0 j n 2 .
Ent ao, f
(a) = na
n1
para todo a R.
Se p(x) = a
n
x
n
+. . . +a
1
x+a
0
e um polin omio, ent ao, usando as proprie-
dades conhecidas do limite, temos
p
(x) = na
n
x
n1
+. . . +2a
2
x +a
1
,
para todo x R.
(0
+
) = lim
x0
+
|x|
x
= lim
x0
+
1 = 1 e f
(0
) = lim
x0
|x|
x
= lim
x0
(1) = 1 .
Como f
(0
+
) = f
(0
(a) = 1 se a > 0 e f
(a) = 1 se a < 0.
x. Ent ao,
para a [0, +), h = 0 e a +h 0, temos
a +h
a
h
=
h
h
_
a +h +
a
_ =
1
a +h +
a
.
Logo, f e deriv avel em todo ponto a > 0 e f
(a) =
1
2
a
, mas f n ao e
deriv avel no ponto zero, pois o quociente
0 +h
0
h
=
h
h
=
1
h
e ilimitado numa vizinhanca de zero e, portanto, n ao existe lim
h0
+
1
h
.
(x) =
_
_
_
1 se x
_
n, n +
1
2
_
1 se x
_
n +
1
2
, n +1
_
.
Mas f n ao e deriv avel nos pontos n e n +
1
2
, n N, porque f
(n
+
) = 1 =
f
(n
) = 1 e f
_
_
n +
1
2
_
+
_
= 1 = f
_
_
n +
1
2
_
_
= 1 .
(a) = f
(a).
Se Y = I X, onde I e um intervalo aberto contendo o ponto a, e g = f|Y
e deriv avel no ponto a, ent ao f e deriv avel no ponto a e f
(a) = g
(a).
Este resultado mostra o car ater local da derivada.
Denic ao 1.4 Dizemos que uma func ao f : X R e deriv avel no
conjunto X quando f e deriv avel em todos os pontos a X X
.
Observac ao 1.8 Seja f : X R deriv avel no ponto a XX
. Seja r
a func ao dada por
r(h) = f(a +h) f(a) f
(a) h
denida no conjunto D
a
= {h R| a +h X}.
Ent ao, para todo h D
a
{0}, temos
f(a +h) = f(a) +f
e f
(a) = L, pois
lim
h0
f(a +h) f(a)
h
= lim
h0
_
L +
r(h)
h
_
= L.
A condic ao (1) pode ser escrita sob a forma
f(a +h) = f(a) + (f
(a) de f no ponto a.
Observac ao 1.9 As condic oes (1), (2) e (3) tamb em s ao v alidas para
as derivadas laterais, supondo h > 0 para a derivada ` a direita e h < 0
para a derivada ` a esquerda.
Exemplo 1.8 Seja f(x) = x
2
. Ent ao, dados a R e h = 0, temos
r(h) = (a +h)
2
a
2
2ah = h
2
.
(0) = sen(0) = 0 ,
e
lim
h0
senh h
h
= lim
h0
senh sen0
h 0
1 = cos 0 1 = 0 .
(a) h.
Se f e deriv avel em todo X, denimos a diferencial de f como sendo a
func ao df : X L(R; R), a df(a), onde L(R; R) e o espaco vetorial
dos operadores lineares de R em R.
Teorema 1.1 Sejam a X X
Observac ao 1.10
Se a X X
+
e f : X R e deriv avel ` a direita no ponto a, ent ao f e
contnua ` a direita no ponto a, ou seja, lim
xa
+
f(x) = f(a) .
E se a XX
f(x) = f(a) .
Estes resultados demonstram-se de modo an alogo quando f e deriv avel
no ponto a.
Ent ao, f e contnua no ponto a, se f possui derivada ` a direita e ` a es-
querda no ponto a, mesmo sendo diferentes.
Exemplo 1.10 Seja f : R R dada por f(x) =
_
1 se x 0
1 se x < 0 .
Ent ao f e contnua ` a direita no ponto zero e f
(0
+
) = 0, mas f n ao e
contnua ` a esquerda no ponto 0 nem existe a derivada ` a esquerda de f no
ponto 0. Portanto, f n ao e contnua no ponto 0.
Exemplo 1.11 Os exemplos 1.5, 1.6 e 1.7, mostram que uma func ao
pode ser contnua em toda a reta e n ao ser deriv avel em alguns pontos.
Na realidade, a maioria das func oes contnuas em R n ao possuem de-
rivada em ponto algum (ver E. Lima, Espacos M etricos, exemplo 33 do
captulo 7).
. Ent ao, f g, f g e
f
g
(quando g(a) = 0) s ao deriv aveis
no ponto a e valem as seguintes f ormulas:
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An alise na Reta
(f g)(a) = f
(a) g
(a)
(f g)
(a) = f
(a)
_
f
g
_
(a) =
f
(a)
( g(a) )
2
Prova.
Vamos demonstrar a f ormula de derivac ao do quociente, deixando as ou-
tras como exerccio.
Sendo g(x) = 0 para todo x (X {a}) (a , a +), para algum > 0,
a func ao
f
g
est a denida nesta vizinhanca de a.
Como, para x (X {a}) (a , a +),
f(x)
g(x)
f(a)
g(a)
x a
=
f(x) g(a) f(a) g(x)
x a
1
g(x) g(a)
=
__
f(x) f(a)
x a
_
g(a) f(a)
_
g(x) g(a)
x a
__
1
g(x)g(a)
,
temos que
lim
xa
f(x)
g(x)
f(a)
g(a)
x a
=
_
g(a) lim
xa
f(x) f(a)
x a
f(a) lim
xa
g(x) g(a)
x a
_
lim
xa
1
g(x)g(a)
= ( g(a) f
(a) f(a) g
(a) )
1
( g(a) )
2
.
pois g e contnua no ponto a, j a que g e deriv avel no ponto a.
(a) = c f
(a) .
Se f(a) = 0 ent ao
_
1
f
_
(a) =
f
(a)
f(a)
2
.
Teorema 1.3 (Regra da cadeia)
Sejam f : X R, g : Y R, f(X) Y, a X X
, b = f(a) Y Y
.
Se f e deriv avel no ponto a e g e deriv avel no ponto b = f(a), ent ao
g f : X R e deriv avel no ponto a e tem-se a regra da cadeia:
( g f )
(a) = g
(b) f
(a)
J. Delgado - K. Frensel 224
A derivada de uma func ao
Prova.
Sejam e func oes denidas numa vizinhanca de 0, tais que
f(a +h) = f(a) + ( f
(b) +(k) )k
= g(b) + ( g
(b) +(k) ) ( f
(a) +(h) ) h
= g f(a) + ( g
(b) f
(a) +(h) ) h,
onde (h) = ( f(a +h) f(a) ) ( f
(a) +(h) ) +g
(b) (h) .
Como f e contnua no ponto a, e s ao contnuas no ponto 0, com
(0) = (0) = 0, temos que
lim
h0
(h) = 0 ,
pois lim
h0
(f(a +h) f(a)) = (0) = 0 e lim
h0
(h) = (0) = 0 .
Logo, g f e deriv avel no ponto a e (g f)
(a) = g
(b) f
(a) .
(b) =
1
f
(a)
Prova.
Como g e contnua no ponto b = f(a) e e injetiva, temos que
lim
yb
g(y) = g(b) = a,
e g(y) = a quando y Y {b}.
Al em disso, b Y Y
.
Logo, se f
(a) = 0, ent ao
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An alise na Reta
lim
yb
g(y) g(b)
y b
= lim
yb
g(y) g(b)
f(g(y)) f(a)
= lim
yb
_
f(g(y)) f(a)
g(y) a
_
1
=
1
f
(a)
,
ou seja, g e deriv avel no ponto b e g
(b) =
1
f
(a)
.
Reciprocamente, se g e deriv avel no ponto b, ent ao, pela regra da cadeia,
g f = id
X
e deriv avel no ponto a e g
(b) f
(a) = 1, ou seja, f
(a) = 0 e
g
(b) =
1
f
(a)
.
y.
Como f
(a) = 3a
2
= 0 para todo a = 0 e f(0) = 0, temos que g e deriv avel
em todo ponto b R {0} e g
(b) =
1
f
(g(b))
=
1
3(g(b))
2
=
1
3
3
b
2
.
2
, pois g
_
(4k +1)
2
_
= 1 > g(x)
para todo x
_
4k
2
, 4k +3
2
_
_
(4k +1)
2
_
, e possui mnimos locais
estritos nos pontos (4k1)
2
, pois g
_
(4k 1)
2
_
= 1 < g(x) , para todo
x
_
4k
3
2
, 4k +
2
_
_
(4k 1)
2
_
.
2
0 e
_
_
1
(4k 1)
2
_
_
= 0 para todo k Z.
, ent ao f
(a) 0, pois
f(x) f(a)
x a
0 para todo x X{a}.
Analogamente, se f : X R e n ao-crescente e deriv avel no ponto
a X X
, ent ao f
(a) 0.
Se f : X R e crescente (decrescente) e deriv avel no ponto a XX
,
n ao temos necessariamente f
(0) = 0.
Se a X X
+
. Se f
(a
+
) > 0, ent ao existe > 0 tal que f(a) < f(x) para todo
x X (a, a +).
Prova.
Como lim
xa
+
f(x) f(a)
x a
= f
(a
+
) > 0, existe > 0 tal que
f(x) f(a)
x a
> 0
para todo x X (a, a +), ou seja, f(x) > f(a) x X (a, a +).
+
e f
(a
+
) < 0, ent ao existe > 0 tal que f(x) < f(a) para
todo X (a, a +).
Se a X X
e f
(a
+
) > 0, ent ao existe > 0 tal que f(x) < f(a) para
todo x X (a , a).
Se a X X
e f
(a
) < 0, ent ao existe > 0 tal que f(x) > f(a) para
todo x X (a , a).
Corol ario 1.3 Seja a X X
+
X
. Se f : X R possui no ponto
a derivada f
(a) > 0 (f
+
X
(a) = 0.
Prova.
Se f
(a) > 0 ou f
(a
+
) > 0, nem o corol ario 1.3
diz que f e crescente numa vizinhanca de a quando f
(a) > 0.
Exemplo 1.18
Antes de dar o exemplo de uma func ao que ilustre a observac ao acima,
faremos o estudo de algumas func oes.
A func ao f : R R, f(x) = x sen
1
x
se x = 0 e f(0) = 0, e contnua
em toda a reta e possui derivada f
(x) = sen
1
x
1
x
cos
1
x
em todo x = 0,
mas n ao e deriv avel no ponto zero, pois n ao existe o limite de
f(x) f(0)
x 0
=
sen
1
x
quando x 0.
A func ao g : R R, g(x) = x
2
sen
1
x
se x = 0 e g(0) = 0, e contnua
J. Delgado - K. Frensel 228
A derivada de uma func ao
em toda a reta e possui derivada g
(x) = 2x sen
1
x
cos
1
x
em todo ponto
x = 0. Al em disso, como lim
x0
g(x) g(0)
x 0
= lim
x0
x sen
1
x
= 0, temos que g e
deriv avel no ponto 0 e g
(0) = 0.
Assim, g : R R possui derivadas em todos os pontos da reta, mas
g
(x) =
lim
x0
_
2x sen
1
x
cos
1
x
_
.
Seja a func ao : R R denida por (x) = x
2
sen
1
x
+
x
2
se x = 0 e
(0) = 0. Como e contnua e deriv avel em toda a reta, e
(0) =
1
2
> 0,
temos, pelo corol ario 1.3, que existe > 0 tal que 0 < x < =(x) > 0
e < x < 0 =(x) < 0.
Mas, n ao e crescente em vizinhanca alguma do ponto 0, pois, como
(x) = 2x sen
1
x
cos
1
x
+
1
2
, para x = 0,
dado > 0 existe n
0
N tal que
1
2n
0
(0, ) e
_
1
2n
0
_
< 0,
1
2n
0
(, 0), e
1
2n
0
_
< 0,
1
4n
0
+
2
(0, ) e
_
1
4n
0
+
2
_
> 0,
1
4n
0
+
2
(, 0) e
1
4n
0
+
2
_
> 0 .
Ou seja, dado > 0, existem pontos x
, x
(0, ) e y
, y
(, 0) tais
que
(x
) > 0,
(x
) < 0 ,
(y
) > 0 e
(y
) < 0.
Logo, n ao pode ser mon otona em intervalo algum do tipo (0, ) ou
(, 0), > 0, pelas observac oes feitas antes do teorema 1.4. Isto s o
foi possvel, porque
Observac ao 1.14
A recproca do corol ario 1.4 n ao e verdadeira.
Por exemplo, a func ao f : R R, f(x) = x
3
, apesar de ter derivada zero
Instituto de Matem atica - UFF 229
An alise na Reta
no ponto 0, tal ponto n ao e de m aximo nem de mnimo local, pois f e uma
func ao crescente em toda a reta.
No corol ario 1.4, n ao basta que f possua derivadas laterais no ponto de
m aximo ou de mnimo para podermos concluir que as derivadas laterais
s ao nulas nesse ponto. Por exemplo, a func ao g : R R, g(x) = |x|,
possui um mnimo no ponto 0, mas as derivadas laterais neste ponto
g
(0
+
) = 1 e g
(0
) = 1 n ao s ao nulas.
E, tamb em, a condic ao de a X
+
X
(0) = 1 = 0.
2. Func oes deriv aveis num intervalo
Seja X R um conjunto compacto tal que todo x X e ponto de
acumulac ao ` a esquerda e ` a direita de X, com excec ao de a = inf X e
b = supX, e, al em disso, X = {a, b}. Ent ao, X = [a, b].
De fato, o aberto R X e reuni ao de intervalos abertos dois a dois
disjuntos, sendo (, a) e (b, +) dois deles. Se (c, d), c < d fosse outro
intervalo componente de RX, ent ao c e d pertenceriam a X. Como c n ao
e ponto de acumulac ao ` a direita de X, teramos c = a ou c = b, e, como
d n ao e ponto de acumulac ao ` a esquerda de X, teramos d = a ou d = b.
Sendo c < d e a < b, teramos (c, d) = (a, b) e, portanto, X = {a, b}, o
que e absurdo.
Denic ao 2.1 Quando a func ao f : I R possui derivada em todos os
pontos do intervalo I, podemos considerar a func ao derivada f
: I R
dada por x f
(x).
E quando f
(x) = 2x sen
1
x
cos
1
x
se
x = 0 e f
(0) = 0.
Mas f
(c).
Ent ao, pelo teorema do valor intermedi ario (TVI) para func oes contnuas
aplicado ` a derivada f
(c) = d.
Jean Gaston Darboux
(1842-1917) Franca.
Mas o teorema abaixo, devido a Darboux, nos diz que se f e deriv avel em
[a, b], ent ao f
(b), ent ao
existe c (a, b) tal que f
(c) = d.
Prova.
Suponhamos, primeiro, que d = 0, ou seja, f
(b). Como
f
(a) < 0, existe > 0 tal que f(x) < f(a) para todo x (a, a +), e como
f
, b).
Al em disso, como f e contnua no compacto [a, b], temos, pelo teorema
de Weierstrass, que f possui um ponto de mnimo e um ponto de m aximo
no intervalo [a, b].
Logo, o ponto de mnimo c pertence ao intervalo (a, b), pois, pelo visto
acima, a e b n ao s ao pontos de mnimo.
Assim, pelo corol ario 1.4, f
(x) = f
(x) d e f
(b).
Logo, se f
(c) = 0, ou seja,
f
(c) = d.
n ao tem
descontinuidade de primeira esp ecie em I.
Instituto de Matem atica - UFF 231
An alise na Reta
Prova.
Seja c I um ponto de acumulac ao ` a direita de I, isto e, c n ao e a
extremidade superior de I.
Armac ao: Se existe lim
xc
+
f
(x) = L, ent ao L = f
(c).
Suponhamos, por absurdo, que f
(c) < L.
Seja d R tal que f
_
c +
2
_
, mas n ao existe x
_
c, c +
2
_
tal
que f(x) = d, o que contradiz o teorema 2.1.
De modo an alogo, podemos provar que L n ao pode ser menor que f
(c).
Logo, L = f
(c).
Se c e um ponto de acumulac ao ` a esquerda, podemos mostrar, tamb em,
que se existe lim
xc
(x) = M ent ao M = f
(c).
Logo, f n ao possui descontinuidade de primeira esp ecie, pois se os li-
mites laterais existem num ponto a, f e necessariamente contnua neste
ponto.
(x) = 1 se x < 0 e f
, j a que f
(0) n ao existe.
Mas, o corol ario 2.1 nos diz que n ao existe uma func ao g : R R
deriv avel em toda a reta tal que g
= f
(c) = 0.
Prova.
Se f e constante em [a, b], ent ao f
(x) = 1 = 0
para todo x (0, 1). Isto ocorre porque f n ao e contnua em [0, 1].
(c) = 0. Isto ocorre porque g n ao e deriv avel no intervalo aberto (1, 1),
j a que n ao e deriv avel no ponto 0.
(c) = 0. Na realidade,
f
(0) = 0, pois f
(x) = 2x sen
1
1 x
2
+
2x
1 x
2
cos
1
1 x
2
para x = 1.
(c) =
f(b) f(a)
b a
.
Um enunciado equivalente ao teorema acima e o seguinte:
Seja f : [a, a + h] R contnua no intervalo [a, a + h] e deriv avel
em (a, a +h). Ent ao existe t (0, 1) tal que
f(a +h) = f(a) +f
(a +th)h.
Prova.
Seja g : [a, b] R denida por g(x) =
_
f(b) f(a)
b a
_
(x a) +f(a).
Como g e contnua e deriv avel em [a, b], g(a) = f(a) e g(b) = f(b), temos
que a func ao : [a, b] R, (x) = f(x) g(x) satisfaz as hip oteses
do teorema de Rolle, pois e contnua em [a, b], deriv avel em (a, b) e
(a) = (b) = 0.
Logo, existe c (a, b) tal que
(x) = f
(x) g
(x)
e g
(x) =
f(b) f(a)
b a
para todo x (a, b), temos que
f
(c) = g
(c) =
f(b) f(a)
b a
.
(c
x
) =
f(x) f(a)
x a
.
Logo, f(x) = f(a) para todo x (a, b).
J. Delgado - K. Frensel 234
Func oes deriv aveis num intervalo
Ent ao, f(a) = lim
xb
f(x) = f(b), pois f e contnua em [a, b].
Assim, f(x) = f(a) para todo x [a, b], ou seja, f e constante em [a, b].
(x) = g
(x) = g
(x) f
(z)(x y) .
Logo, |f(x) f(y)| = |f
(z)| |x y| k|x y| .
O mesmo vale se y < x.
f(x) e
lim
xa
+
f(x).
Por exemplo, a func ao f : (0, +) R, denida por f(x) = sen
1
x
, n ao
Instituto de Matem atica - UFF 235
An alise na Reta
tem limite ` a direita no ponto 0 e tem derivada ilimitada em qualquer inter-
valo do tipo (0, ], pois f
(x) =
1
x
2
cos
1
x
para x = 0.
Observac ao 2.6 Se f e uma func ao contnua em [a, b], deriv avel em
(a, b) e |f
(a
+
) e L = f
(a
+
).
Prova.
Basta provar que lim
n+
f(x
n
) f(a)
x
n
a
= L, para toda seq u encia (x
n
) de pon-
tos de (a, b) com lim
n+
x
n
= a.
Pelo teorema do valor m edio, para todo n N, existe y
n
(a, x
n
) tal que
f
(y
n
) =
f(x
n
) f(a)
x
n
a
.
Como y
n
a e lim
n+
f
(y
n
) = lim
xa
+
f
(a
+
) = L.
(b
) e
L = f
(b
).
Corol ario 2.6 Seja f : (a, b) R deriv avel, exceto, possivelmente,
num ponto c (a, b), onde f e contnua. Se existe lim
xc
f
(x) = L, ent ao f e
deriv avel no ponto c e f
(c) = L.
Prova.
Seja > 0 tal que [c , c +] (a, b).
Como a func ao f e contnua em [c , c], deriv avel em (c , c) e existe
lim
xc
(c
) = L.
E, tamb em, como f e contnua em [c, c+], deriv avel em (c, c+) e existe
lim
xc
+
f(x) = L, ent ao f e deriv avel ` a direita no ponto c e f
(c
+
) = L.
Logo, f e deriv avel no ponto c e f
(c) = L.
(x) 0
para todo x I se, e s o se, f e n ao-decrescente em I.
E se f
(y) =
1
f
(f
1
(y))
, para todo y J.
Prova.
(=) Sejam x, y I, x < y. Pelo teorema do valor m edio, existe
z (x, y) tal que
f(y) f(x)
y x
= f
(z). Como f
(a) 0, pois
f(a +h) f(a)
h
0 , para todo h = 0 tal que a +h I.
Se f
(c)(b a).
Logo, f(b) > f(a), j a que f
(c)(b a) > 0.
Note que: a recproca deste re-
sultado n ao e verdadeira, pois
f(x) =x
3
e crescente e deriv avel
em toda a reta, mas f
(0) =0.
Instituto de Matem atica - UFF 237
An alise na Reta
Como f e contnua e injetiva no intervalo I, ent ao, pelo teorema 3.2 da
parte 6, J = f(I) e um intervalo e f
1
: J I e contnua.
Al em disso, como f
(y) =
1
f
(f
1
(y))
para todo y J.
(x) = e
x
para todo x R.
Dado x > 0, existe, pelo teorema do valor m edio, c (0, x) tal que f(x) =
f(0) + f
(c)x = 1 + e
c
x. Como c > 0 temos que e
c
> 1. Logo, e
x
> 1 + x
para todo x > 0.
Aplicac ao: lim
x+
x
n
e
x
= 0 para todo n N.
Com efeito, como e
x
n+1
> 1 +
x
n +1
>
x
n +1
para todo x > 0 e n N,
temos que e
x
>
x
n+1
(n +1)
n+1
.
Ent ao,
e
x
x
n
>
x
A
, ou seja, 0 <
x
n
e
x
<
A
x
para todo x > 0, onde A = (n+1)
n+1
.
Logo, lim
x+
x
n
e
x
= 0.
Mais geralmente: lim
x+
p(x)
e
x
= 0 para todo polin omio p(x) = a
n
x
n
+
a
n1
x
n1
+. . . +a
1
x +a
0
.
De fato, como p(x) = a
n
x
n
q(x), onde q(x) = 1 +
a
n1
a
n
x
+. . . +
a
0
a
n
x
n
, temos
que lim
n+
p(x)
x
n
= a
n
e, portanto,
lim
x+
p(x)
e
x
= lim
x+
p(x)
x
n
x
n
e
x
= lim
x+
p(x)
x
n
lim
x+
x
n
e
x
= a
n
0 = 0 .
1
x
2
se x = 0 e
f(0) = 0. Como lim
x0
e
1
x
2
= 0, f e contnua em R. Al em disso, f e deriv avel
J. Delgado - K. Frensel 238
Func oes deriv aveis num intervalo
em R {0}, com f
(x) =
2
x
3
e
1
x
2
para x = 0.
Pondo y =
1
x
2
, temos, pelo exemplo acima, que lim
x0
|f
(x)| = lim
y+
2y
3
2
e
y
=
0, j a que
y
e
y
<
y
3
2
e
y
<
y
2
e
y
, para todo y > 1, e lim
y+
y
e
y
= lim
y+
y
2
e
y
= 0.
Logo, pelo corol ario 2.6, f e deriv avel no ponto 0 e f
(0) = 0.
1
x
se x = 0
0 se x = 0
.
Como lim
x0
+
e
1
x
= 0 = f(0) e lim
x0
1
x
= +, f n ao e contnua no ponto
zero, mas e contnua ` a direita nesse ponto.
Sendo f
(x) =
1
x
2
e
1
x
para todo x = 0 e lim
x0
+
f
(x) = lim
y+
y
2
e
y
= 0, onde
y =
1
x
, temos, pelo corol ario 2.5, que f e deriv avel ` a direita no ponto 0 e
f
(0
+
) = 0.
Observe que lim
x0
(x) = lim
x0
1
x
2
e
1
x
= +.
Observac ao 2.9 H a duas situac oes nas quais vale o teorema do valor
m edio sem supor que a func ao f : [a, b] R seja contnua nos pontos a
e b:
Primeira: Suponhamos que existem lim
xa
+
f(x) = L e lim
xb
(c)(b a) ,
ou seja, existe c (a, b) tal que (ML) = f
(x)(b a).
Temos f(b) f(a) = f
(c) =
f(b) f(a)
b a
.
Instituto de Matem atica - UFF 239
An alise na Reta
De fato, como n ao existe lim
xa
+
f(x), temos, pela observac ao feita ap os o
corol ario 2.4, que f
n ao e limitada superiormente
em (a, b).
Seja d =
f(b) f(a)
b a
. Ent ao existem pontos x
1
, x
2
(a, b) tais que f
(x
1
) <
d < f
(x
2
). Logo, pelo teorema do valor intermedi ario para a derivada,
existe c (a, b) tal que f
(c) = d =
f(b) f(a)
b a
.
Denic ao 2.2 Dizemos que uma func ao f : I R e uniformemente
deriv avel no intervalo I quando f e deriv avel em I e para cada > 0 dado,
existe > 0 tal que
0 < |h| < =
(x)
< ,
seja qual for x I, x +h I.
Uma condic ao equivalente seria:
> 0 > 0 ; 0 < |h| < =
| (f(x +h) f(x) f
e uniformemente contnua em
[a, b], j a que [a, b] e compacto.
> 0 , > 0 tal que x, y [a, b], |x y| < =|f
(x) f
(y)| < .
J. Delgado - K. Frensel 240
Func oes deriv aveis num intervalo
Sejam x, x + h [a, b] com 0 < |h| < . Ent ao, pelo teorema do valor
m edio, existe y entre x e x +h tal que f(x +h) f(x) = f
(y) h. Logo,
|f(x +h) f(x) f
(x)h| = |f
(y) f
<
2
tal que se x [a, b], x + h [a, b] e
0 < |h| <
, ent ao
(x)
<
3
.
Sejam h > 0 xo tal que h <
.
Ent ao,
(x)
<
3
para todo x [a, x
0
+ h], pois
(x
0
+h) +h < x
0
+ x
0
+ (b x
0
) = b.
Mostraremos que f
e contnua em x
0
.
Seja x tal que |x x
0
| < h. Ent ao, x (x
0
h, x
0
+ h) (a, b) , pois,
x
0
h > x
0
(x
0
a) = a e x
0
+h < x
0
+b x
0
= b, e
|f
(x) f
(x
0
)|
(x)
f(x +h) f(x)
h
f(x
0
+h) f(x
0
)
h
f
(x
0
)
<
3
+
+
3
.
Como a func ao g : [a, x
0
+ h] R denida por g(x) =
f(x +h) f(x)
h
e
contnua em x
0
, existe 0 <
=|g(x) g(x
0
)| <
3
.
Instituto de Matem atica - UFF 241
An alise na Reta
Ent ao, |f
(x) f
(x
0
)| <
3
+
3
+
3
= para todo x (x
0
, x
0
+
).
Mostraremos, agora, que f
e contnua no ponto a.
Dado > 0, existe 0 < <
b a
2
tal que
x, x +h [a, b] e 0 < |h| < =
(x)
< 3.
Seja h > 0 xo tal que h < . Ent ao,
(x)
< 3 ,
para todo x
_
a,
a +b
2
_
, pois a <
a +b
2
+h <
a +b
2
+
b a
2
= b.
Como a func ao g :
_
a,
a +b
2
_
R denida por g(x) =
f(x +h) f(x)
h
e
contnua no ponto a, existe 0 <
(x) f
(a)| |f
(a)|
<
3
+
3
+
3
= ,
para todo x [a, a +
).
Assim, f
e contnua no ponto a.
Finalmente, mostraremos que f
e contnua no ponto b.
Seja 0 < <
b a
2
tal que
x, x +h [a, b] e 0 < |h| < =
(x)
<
3
.
Seja h < 0 xo tal que h > . Ent ao,
(x)
<
3
,
para todo x
_
a +b
2
, b
_
, pois b >
a +b
2
+h >
a +b
2
b a
2
= a.
Como a func ao g :
_
a +b
2
, b
_
R, g(x) =
f(x +h) f(x)
h
, e contnua
no ponto b, existe 0 <
, b]
_
a +b
2
, b
_
.
Logo,
|f
(x) f
(b)| |f
(b)|
<
3
+
3
+
3
= ,
para todo x (b
, b] . Assim, f
e contnua no ponto b.
(a) = f
(2)
(a) = [f
(a) ,
f
(a) = f
(3)
(a) = [f
(a) ,
f
(n)
(a) = [f
(n1)
]
(a) .
E conveniente considerar f como a sua pr opria derivada de ordem zero
e escrever f
(0)
(a) = f(a), para simplicar as f ormulas.
A derivada de ordem n, f
(n)
(a), de f no ponto a s o faz sentido quando
f
(n1)
(x) existe para todo x num conjunto ao qual a pertence e do qual e
ponto de acumulac ao. Em todos os casos que estudaremos, tal conjunto
ser a um intervalo contendo a.
Denic ao 3.1 Dizemos que f : I R e nvezes deriv avel no intervalo
I quando existe f
(n)
(x) para todo x I. Quando x e uma das extremidades
de I, f
(n)
(x) e uma derivada lateral.
Denic ao 3.2 Dizemos que f : I R e nvezes deriv avel no ponto
a I, quando existe um intervalo aberto J contendo a tal que f e
(n 1)vezes deriv avel em I J e, al em disso, existe f
(n)
(a).
Denic ao 3.3 Dizemos que f : I R e de classe C
n
, e escrevemos
f C
n
, ou f C
n
(I; R), quando f e nvezes deriv avel em I e a derivada
de ordem n, x f
(n)
(x), e contnua em I.
Instituto de Matem atica - UFF 243
An alise na Reta
Observac ao 3.1 Em particular, dizer que f C
0
signica que f e cont-
nua em I.
Exemplo 3.1 Para cada n = 0, 1, 2, . . ., seja
n
: R R a func ao
denida por
n
(x) = |x|
n
x .
Ent ao,
n
(x) = x
n+1
, se x 0 e
n
(x) = x
n+1
se x 0.
Armac ao:
n
(x) = (n +1)
n1
(x) para todo x R e n N.
De fato,
Se x > 0,
n
(x) = (n +1)x
n
= (n +1)x
n1
|x| = (n +1)
n1
(x) .
Se x < 0,
n
(x) = (n +1)x
n
(n +1)x
n1
|x| = (n +1)
n1
(x) .
n
(0
+
) =
n
(0
) = 0 , pois lim
x0
n
(x) = lim
x0
(n +1)x
n1
|x| = 0 .
Logo
n
(0) = 0 = (n +1)
n1
(0) .
Armac ao:
(n)
n
(x) = (n +1)!
0
(x) para todo x R.
Se n = 1,
1
(x) = 2
0
(x) = 2!
0
(x) , x R.
Suponhamos, por induc ao, que
(n)
n
(x) = (n+1)!
0
(x), para todo x R.
Ent ao, como
n+1
(x) = (n +2)
n
(x), temos que
(n+1)
n+1
(x) = [
n+1
]
(n)
(x) = (n +2)
(n)
n
(x)
= (n +2) (n +1)!
0
(x)
= (n +2)!
0
(x) ,
para todo x R.
Como
0
(x) = |x|, x R, e contnua, mas n ao e deriv avel no ponto zero,
temos que C
n
, mas n ao e (n + 1)vezes deriv avel no ponto zero.
Ent ao, C
n+1
.
Exemplo 3.2
Sejam as func oes f
n
, h
n
: R R denidas por:
f
n
(x) =
_
_
_
x
2n
sen
1
x
, se x = 0
0 se x = 0
e h
n
(x) =
_
_
_
x
2n
cos
1
x
, se x = 0
0 se x = 0 .
Ent ao f
n
e h
n
s ao nvezes deriv aveis em R, mas f
(n)
n
e h
(n)
n
n ao s ao
contnuas no ponto zero. Logo, f
n
C
n
e h
n
C
n
.
J. Delgado - K. Frensel 244
F ormula de Taylor
Em particular, f
n
e h
n
n ao s ao (n +1)vezes deriv aveis.
Sejam as func oes g
n
,
n
: R R denidas por:
g
n
(x) =
_
_
_
x
2n+1
sen
1
x
se x = 0
0 se x = 0 ,
e
n
(x) =
_
_
_
x
2n+1
cos
1
x
se x = 0
0 se x = 0 .
Ent ao, g
n
C
n
e
n
C
n
, mas n ao s ao (n + 1)vezes deriv aveis no
ponto zero.
Vamos provar as armac oes feitas acima por induc ao sobre n.
Caso n = 1: Como
f
1
(x) = 2x sen
1
x
cos
1
x
se x = 0 e f
1
(0) = 0 ,
h
1
(x) = 2x cos
1
x
+ sen
1
x
se x = 0 e h
1
(0) = 0 ,
temos que f
1
e h
1
s ao deriv aveis em R, mas f
1
e h
1
n ao s ao contnuas no
ponto zero.
Como
g
1
(x) = 3x
2
sen
1
x
x cos
2
x
, x = 0 e g
1
(0) = 0,
g
1
(x) = 6x sen
1
x
4 cos
1
x
+
1
x
sen
1
x
, x = 0,
1
(x) = 3x
2
cos
1
x
+x sen
1
x
, x = 0 , e
1
(0) = 0,
1
(x) = 6x cos
1
x
+4 sen
1
x
1
x
cos
1
x
, x = 0 ,
temos que g
1
e
1
s ao de classe C
1
, mas n ao s ao 2vezes deriv aveis no
ponto zero, pois n ao existem lim
x0
g
1
(x) g
1
(0)
x 0
e lim
x0
1
(x)
1
(0)
x 0
.
Caso geral: Suponhamos que as armac oes feitas sejam v alidas para f
n
,
h
n
, g
n
e
n
.
Sendo
f
n+1
(x) = (2n +2)x
2n+1
sen
1
x
x
2n
cos
1
x
, x = 0, e f
n+1
(0) = 0 ,
temos que
f
n+1
(x) = (2n +2)g
n
(x) h
n
(x) para todo x R.
Como as func oes g
n
e h
n
s ao nvezes deriv aveis na reta, mas a derivada
de ordem n de h
n
n ao e contnua na origem e a derivada da func ao g
n
e
Instituto de Matem atica - UFF 245
An alise na Reta
contnua em R, temos que f
n+1
e (n+1)vezes deriv avel em R, mas sua
derivada de ordem n +1 n ao e contnua no ponto 0.
De modo an alogo, temos que:
h
n+1
(x) = (2n +2)x
2n+1
cos
1
x
+x
2n
sen
1
x
, x = 0 , e h
n+1
(0) = 0
ou seja,
h
n+1
(x) = (2n +2)
n
(x) +f
n
(x) para todo x R.
Logo, h
n+1
e (n + 1)vezes deriv avel em R, pois
n
e f
n
s ao nvezes
deriv aveis em R, mas h
(n+1)
n+1
n ao e contnua no ponto zero, j a que f
(n)
n
n ao
e contnua no ponto zero e
(n)
n
e contnua em toda a reta.
Sendo
g
n+1
(x) = (2n +3)x
2n+2
sen
1
x
x
2n+1
cos
1
x
, x = 0 , e g
n+1
(0) = 0 ,
temos que
g
n+1
(x) = (2n +3)f
n+1
(x)
n
(x) para todo x R.
Como
n
C
n
e f
n+1
C
n
, pois f
n+1
e (n + 1)vezes deriv avel em
R, temos que g
n+1
C
n+1
, mas g
n+1
n ao e (n + 2)vezes deriv avel no
ponto zero, pois
n
n ao e (n +1)vezes deriv avel no ponto zero e f
n+1
e
(n +1)vezes deriv avel em R.
De modo an alogo, temos que
n+1
(x) = (2n +3)x
2n+2
cos
1
x
+x
2n+1
sen
1
x
, x = 0 , e
n+1
(0) = 0 ,
ou seja,
n+1
(x) = (2n +3)h
n+1
(x) +g
n
(x) .
Logo,
n+1
C
n+1
, pois h
n+1
, g
n
C
n
, mas n ao e (n+2)vezes deriv avel
no ponto zero, pois g
n
n ao e (n +1)vezes deriv avel no ponto 0 e h
n+1
e
(n +1)vezes deriv avel em R.
em I quando
f C
n
para todo n = 0, 1, 2, . . . ,ou seja, pode-se derivar f tantas vezes
quantas se deseje, em todos os pontos do intervalo I.
Exemplo 3.3
Todo polin omio e uma func ao C
em R.
J. Delgado - K. Frensel 246
F ormula de Taylor
Uma func ao racional, quociente de dois polin omios, e de classe C
em
todo intervalo onde e denida.
As func oes trigonom etricas, a func ao logaritmica e a func ao exponencial
s ao de classe C
1
x
2
se x = 0
0 se x = 0
e de
classe C
1
x
2
, x = 0, onde p
n
(x) e
um polin omio.
Para n = 1, f
(x) =
2
x
3
e
1
x
2
= p
1
_
1
x
_
e
1
x
2
, x = 0, onde p
1
(y) = 2y
3
.
Suponha que f
(n)
(x) = p
n
_
1
x
_
e
1
x
2
, x = 0, onde
p
n
(y) = a
k
y
k
+. . . +a
1
y +a
0
e um polin omio, ou seja,
f
(n)
(x) =
_
a
k
x
k
+. . . +
a
1
x
+a
0
_
e
1
x
2
, x = 0.
Ent ao, para x = 0,
f
(n+1)
(x) =
_
ka
k
x
k+1
. . .
a
1
x
2
_
e
1/x
2
+
2
x
3
_
a
k
x
k
+. . . +
a
1
x
+a
0
_
e
1/x
2
= p
n+1
_
1
x
_
e
1/x
2
,
onde p
n+1
(y) = ka
k
y
k+1
. . . a
1
y
2
+2a
k
y
k+3
+. . . +2a
1
y
4
+2a
0
y
3
, e
um polin omio de grau k +3.
Armac ao: f
(n)
(0) existe e e igual a zero para todo n N.
Fazendo y =
1
x
, temos que
lim
x0
f(x) f(0)
x 0
= lim
x0
1/x
e
1/x
2
= lim
x
y
e
y
2
.
Logo, f
(0
+
) = f
(0
) = 0.
Instituto de Matem atica - UFF 247
An alise na Reta
Suponhamos que f
(n)
(0) existe e e igual a zero.
Como f
(n)
(x) = p
_
1
x
_
e
1/x
2
, x = 0 , para algum polin omio p, fazendo
y =
1
x
, obtemos que
lim
x0
f
(n)
(x) f
(n)
(0)
x 0
= lim
x0
1
x
p
_
1
x
_
e
1/x
2
= lim
y
yp(y)
e
y
2
= 0 .
Logo, f
(n+1)
(0
+
) = f
(n+1)
(0
) = 0. Ent ao, f
(n+1)
(0) existe e e igual a zero.
(a) = lim
xa
f(x) f(a)
x a
= lim
xa
(x a) + (x a)
2
+ (x a)
3
sen
1
x a
x a
= lim
xa
1 + (x a) + (x a)
2
sen
1
x a
= 1 ,
mas f n ao e duas vezes deriv avel no ponto a, pois n ao existe
lim
x0
f
(x) f
(a)
x a
= lim
xa
_
2 +3(x a) sen
1
x a
cos
1
x a
_
.
(0),. . .,p
(n)
(0)
determina os valores de b
0
, b
1
, . . . , b
n
.
De fato, p(0) = b
0
, p
(0) = b
1
, p
(0) = 2 ! b
2
,. . .,p
(n)
(0) = n! b
n
, ou seja,
b
j
=
p
(j)
j !
, j = 0, 1, . . . , n.
Denic ao 3.5 Se f : I R e nvezes deriv avel no ponto a I, o
polin omio de grau n
p(h) = f(a) +f
(a)h +
f
(a)
2 !
h
2
+. . . +
f
(n)
(a)
n!
h
n
e o polin omio de Taylor de ordem n de f no ponto a.
Instituto de Matem atica - UFF 249
An alise na Reta
Observac ao 3.3 O polin omio de Taylor de ordem n de f no ponto a
e o unico polin omio p de grau n cujas derivadas p(0), p
(0),. . .,p
(n)
(0)
no ponto 0 coincidem com as derivadas correspondentes de f no ponto
a, pois, nesse caso o coeciente de ordem j de p e
p
(j)
(0)
j !
=
f
(j)
(a)
j !
,
j = 0, 1, . . . , n.
Lema 3.1 Seja r : I R uma func ao nvezes deriv avel, n 1, no
ponto 0 I. Ent ao,
r(0) = r
(0) = . . . = r
(n)
(0) = 0 lim
x0
r(x)
x
n
= 0 .
Prova.
(=) Mostraremos, por induc ao sobre n, que se r e nvezes deriv avel,
n 1, no ponto 0 I e r(0) = r
(0) = . . . = r
(n)
(0) = 0, ent ao lim
x0
r(x)
x
n
= 0.
Caso n = 1: Se r(0) = r
(0) = 0, ent ao
lim
x0
r(x)
x
= lim
x0
r(x) r(0)
x 0
= r
(0) = 0 .
Caso geral: Suponhamos o resultado v alido para n 1, n 2.
Seja r : I R nvezes deriv avel no ponto 0 I com r(0) = r
(0) =
. . . = r
(n)
(0) = 0.
Ent ao, a hip otese de induc ao, aplicada a r
(x)
x
n1
= 0.
Logo, dado > 0, existe > 0, tal que
x I , 0 < |x| < =
(x)
x
n1
< .
Como r e pelo menos uma vez deriv avel numa vizinhanca do ponto zero,
pois n 2, existe 0 <
).
Ent ao, pelo teorema do valor m edio, para cada 0 < |x| <
, x I, existe
c
x
I, 0 < |c
x
| < |x|, tal que
r(x) = r(x) r(0) = r
(c
x
)x .
Logo,
r(x)
x
n
(c
x
)
x
n1
(c
x
)
c
n1
x
c
x
x
n1
< .
J. Delgado - K. Frensel 250
F ormula de Taylor
Provamos, assim, que dado > 0 existe
r(x)
x
n
< .
Logo, lim
x0
r(x)
x
n
= 0.
(=) Mostraremos, agora, por induc ao, que se r : I R e nvezes
deriv avel, n 1, no ponto 0 I e lim
x0
r(x)
x
n
= 0, ent ao r(0) = r
(0) =
r
(0) = . . . = r
(n)
(0) = 0 .
Caso n = 1: Se lim
x0
r(x)
x
= 0, ent ao
r(0) = lim
x0
r(x) = lim
x0
r(x)
x
x = lim
x0
r(x)
x
lim
x0
x = 0 ,
e r
(0) = lim
x0
r(x) r(0)
x 0
= lim
x0
r(x)
x
= 0 .
Caso geral: Suponhamos o resultado v alido para n 1, n 2, e conside-
remos uma func ao r : I R nvezes deriv avel no ponto 0 I tal que
lim
x0
r(x)
x
n
= 0.
Seja : I R denida por (x) = r(x)
r
(n)
(0)
n!
x
n
.
Ent ao, e nvezes deriv avel no ponto 0 I e
lim
x0
(x)
x
n1
= lim
x0
_
r(x)
x
n
x
r
(n)
(0)
n!
x
_
= 0 .
Pela hip otese de induc ao, temos que
(0) =
(0) = . . . =
(n1)
(0) = 0 .
Ent ao, r(0) = 0 e como
(k)
(x) = r
(k)
(x)
r
(n)
(0)
n!
n(n 1) . . . (n (k 1)) x
nk
,
para todo x I e k = 1, 2, . . . , n, temos r
(j)
(0) = 0, para todo
j = 1, . . . , n 1, e
(n)
(0) = r
(n)
(0)
r
(n)
(0) n!
n!
= 0 .
Logo, pela parte do lema j a demonstrada, temos que lim
x0
(x)
x
n
= 0, j a que
(0) =
(0) = . . . =
(n1)
(0) =
(n)
(0) = 0 .
Instituto de Matem atica - UFF 251
An alise na Reta
Ent ao, como lim
x0
r(x)
x
n
= 0, temos que
r
(n)
(0)
n!
= lim
x0
r
(n)
(0)
n!
x
n
x
n
= lim
x0
_
r(x)
x
n
(x)
x
n
_
= lim
x0
r(x)
x
n
lim
x0
(x)
x
n
= 0 ,
ou seja, r
(n)
(0) = 0, o que completa a demonstrac ao.
(a) h +. . . +
f
(n)
(a)
n!
h
n
+r(h)
onde lim
h0
r(h)
h
n
= 0 .
Al em disso, p(h) =
n
j=0
f
(j)
(a)
j !
h
j
e o unico polin omio de grau n tal que
f(a +h) = p(h) +r(h) , com lim
h0
r(h)
h
n
= 0
J. Delgado - K. Frensel 252
Aplicac oes da f ormula de Taylor
Este teorema nos diz que o polin omio de Taylor de ordem n para f
no ponto a aproxima f, numa vizinhanca do ponto a, a menos de um
innit esimo de ordem superior a n.
Exemplo 3.6 Seja p : R R um polin omio de grau n. Dados
a, h R, a f ormula de Taylor innitesimal nos diz que
p(a +h) = p(a) +p
(a)h +. . . +
p
(n)
(a)
n!
h
n
+r(h) ,
onde lim
h0
r(h)
h
n
= 0.
Como r e um polin omio de grau n e r
(j)
(0) = 0, 0 j n, temos que
r = 0, ou seja,
p(a +h) = p(a) +p
(a)h +. . . +
p
(n)
(a)
n!
h
n
,
quaisquer que sejam a, h R.
Poderamos, tamb em, chegar ao mesmo resultado observando que q(h) =
p(a + h) e um polin omio de grau n tal que r(h) = p(a + h) q(h) = 0
satisfaz, trivialmente, a condic ao lim
h0
r(h)
h
n
= 0. Ent ao, pela unicidade do
polin omio de Taylor, temos que
p(a +h) = q(h) = p(a) +p
(a)h +. . . +
p
(n)
(a)
n!
h
n
.
(a) = 0.
Suponhamos que f
(a) = f
(a) = . . . = f
(n1)
(a) = 0 , mas
f
(n)
(a) = 0. Ent ao:
(1) Se n e par, ent ao a e ponto de m aximo local quando f
(n)
(a) < 0, e um
Instituto de Matem atica - UFF 253
An alise na Reta
ponto de mnimo local quando f
(n)
(a) > 0.
(2) Se n e mpar, o ponto a n ao e de m aximo nem de mnimo local.
De fato, pela f ormula de Taylor innitesimal, temos que
f(a +h) = f(a) +
_
f
(n)
(a)
n!
+(h)
_
h
n
,
onde (0) = 0 e (h) =
r(h)
h
n
se h = 0, a +h I.
Como lim
h0
(h) = 0 e f
(n)
(a) = 0, temos que, para h sucientemente
pequeno, o sinal de
f
(n)
n!
+(h) e o mesmo de
f
(n)
(a)
n!
.
Ent ao, se n e par e f
(n)
(a) > 0, temos que f(a +h) > f(a) para todo
h = 0 pertencente a uma vizinhanca do ponto zero, pois h
n
> 0 para todo
h = 0. Ou seja, a e um ponto de mnimo local estrito.
E, se n e par e f
(n)
(a) < 0, temos que f(a + h) < f(a) para todo
h = 0 sucientemente pequeno, j a que h
n
> 0 para todo h = 0. Ou seja,
a e um ponto de m aximo local estrito.
Agora, se n e mpar e f
(n)
(a) > 0, como existe > 0 tal que
(a , a +) I e
f
(n)
(a)
n!
+(h) > 0 h (, ) {0}, temos que
f(a +h) f(a) =
_
f
(n)
(a)
n!
+(h)
_
h
n
< 0 , se < h < 0 ,
e f(a +h) f(a) =
_
f
(n)
(a)
n!
+(h)
_
h
n
> 0 , se 0 < h < .
Ou seja, a n ao e ponto de m aximo nem de mnimo local de f.
De modo an alogo, podemos provar que se n e mpar e f
(n)
(a) < 0,
ent ao a n ao e ponto de m aximo nem de mnimo local de f.
Em particular, temos que se f : I R e nvezes deriv avel no ponto
a int I, f
(a) = . . . = f
(n1)
(a) = 0 e f
(n)
(a) = 0, ent ao existe > 0 tal
que f(a +h) = f(a) para todo h (, ) , h = 0.
Como conseq u encia, temos que se (x
n
) e uma seq u encia de pontos
de X {a} tal que lim
n+
x
n
= a e f(x
n
) = f(a) para todo n N, ent ao
todas as derivadas de f que existam no ponto a s ao nulas.
J. Delgado - K. Frensel 254
Aplicac oes da f ormula de Taylor
Exemplo 4.1 A func ao f : R R, f(x) = x
n
, tem um ponto de mnimo
no ponto zero se n e par, pois f
(0) = . . . = f
(n1)
(0) = 0 e f
(n)
(0) = n! >
0 , e e crescente se n e mpar, pois f
(x) = nx
n1
> 0 para todo x = 0,
f(x) < 0 para x < 0 e f(x) > 0 para x > 0.
(a) = . . . = f
(n1)
(a) = 0 e g(a) = g
(a) = . . . =
g
(n1)
(a) = 0, mas f
(n)
(a) = 0 ou g
(n)
(a) = 0. Al em disso, suponhamos
que g(x) = 0 para todo x = a sucientemente pr oximo de a. Ent ao,
lim
xa
f(x)
g(x)
=
f
(n)
(a)
g
(n)
(a)
, se g
(n)
(a) = 0 ,
e
lim
xa
f(x)
g(x)
= +, se g
(n)
(a) = 0 ,
Para provar este resultado, basta observar, fazendo h = (x a), que
f(x)
g(x)
=
f(a +h)
g(a +h)
=
_
f
(n)
(a)
n!
+(h)
_
h
n
_
g
(n)
(a)
n!
+(h)
_
h
n
=
f
(n)
(a) +n! (h)
g
(n)
(a) +n! (h)
, onde lim
h0
(h) = lim
h0
(h) = 0 .
Veremos, agora, outra f ormula de Taylor, que nos d a uma estimativa
da diferenca f(a + h) f(a) para um valor xo de h, isto e, sem supor
h 0. A f ormula de Taylor que iremos obter nos d a uma generalizac ao
do Teorema do Valor M edio para func oes nvezes deriv aveis.
Teorema 4.1 (F ormula de Taylor com resto de Lagrange)
Seja f : [a, b] R uma func ao de classe C
n1
, nvezes deriv avel no
intervalo aberto (a, b). Ent ao existe c (a, b) tal que
f(b) = f(a) +f
(a) (b a) +. . . +
f
(n1)
(a)
(n 1) !
(b a)
n1
+
f
(n)
(c)
n!
(b a)
n
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An alise na Reta
Pondo b = a +h, isto equivale a dizer que existe (0, 1) tal que
f(a +h) = f(a) +f
(a) h +. . . +
f
(n1)
(a)
n!
h
n1
+
f
(n)
(a + h)
n!
h
n
Prova.
Seja : [a, b] R denida por
(x) = f(b) f(x) f
(x) (b x) . . .
f
(n1)
(x)
(n 1) !
(b x)
n1
k
n!
(b x)
n
,
onde a constante k e escolhida de modo que (a) = 0.
Ent ao, e contnua em [a, b], deriv avel em (a, b), (a) = (b) = 0.
Al em disso, temos que
(x) = f
(x) +
n
j=2
_
f
(j)
(x)
(j 1) !
(b x)
j1
+
f
(j1)
(x)
(j 2) !
(b x)
j2
_
+
k
(n 1) !
(b x)
n1
= f
(x)
n1
j=1
f
(j+1)
(x)
j !
(b x)
j
+
n2
j=0
f
(j+1)
(x)
j !
(b x)
j
+k
(b x)
n1
(n 1) !
=
k f
(n)
(x)
(n 1) !
(b x)
n1
.
Pelo teorema de Rolle, existe c (a, b) tal que
(c) = 0, ou seja, k =
f
(n)
(c) .
Ent ao, como (a) = 0, temos que
f(b) = f(a) +f
(a)(b a) +. . . +
f
(n1)
(a)
(n 1) !
(b a)
n1
+
f
(n)
(c)
n!
(b a)
n
.
(a)h +
f
(c)
2 !
h
2
.
Como f
(a) se h > 0,
e
f(a +h) f(a)
h
f
(a) se h < 0.
Logo, se a < x < b, a, b, x I, temos que
f(a) f(x)
a x
f
(x)
f(b) f(x)
b x
,
isto e,
f(x) f(a)
x a
f(b) f(x)
b x
.
Somando (f(x) f(a))(x a) a ambos os membros da desigualdade,
(f(x) f(a))(b x) (f(b) f(x))(x a) ,
Instituto de Matem atica - UFF 257
An alise na Reta
obtemos que
(f(x) f(a))(b a) (f(b) f(a))(x a) ,
ou seja,
f(x) f(a)
x a
f(b) f(a)
b a
,
Logo, f e convexa no intervalo I.
(=) Suponhamos que f e convexa em I. Ent ao, dados a < x < b em I,
temos que
f(x) f(a)
x a
f(b) f(a)
b a
f(x) f(b)
x b
.
Fazendo x a na primeira desigualdade e x b na segunda, obte-
mos que:
f
(a)
f(b) f(a)
b a
f
(b) ,
ou seja, f
(a) f
(b).
Como f
(x) 0 para
todo x I.
(x) = 12x
2
n ao e positiva em todo x, pois f
(0) = 0.
(a)h +. . . +
f
(n1)
(a)
(n 1)!
h
n1
+r
n
(h) ,
onde r
n
(h) =
f
(n)
(a +
n
h)
n!
h
n
, com 0 <
n
< 1.
A s erie
n=0
f
(n)
(a)
n!
h
n
chama-se s erie de Taylor da func ao f em torno do ponto a.
Observac ao 4.2 Toda func ao C
no
intervalo aberto I e analtica quando, para cada a I existe
a
> 0 tal
que a s erie de Taylor
n=0
f
(n)
(a)
n!
h
n
converge para f(a + h) para todo
h (
a
,
a
).
Observac ao 4.3 A s erie de Taylor
n=0
f
(n)
(a)
n!
h
n
converge para f(a+h)
se, e s o se, lim
n+
r
n
(h) = 0.
Exemplo 4.3 Todo polin omio p : R R e uma func ao analtica, pois,
se p tem grau n, ent ao
p(a +h) = p(a) +p
(a) h +. . . +
p
(n)
(a)
n!
h
n
=
j=0
p
(j)
(a)
j !
h
j
,
para todo a, h R.
e, como
1 y
n
1 y
= 1 +y +y
2
+. . . +y
n1
,
ou seja,
1
1 y
= 1 +y +. . . +y
n1
+
y
n
1 y
,
para todo y = 1, temos, fazendo 1 +x
2
= 1 (x
2
), que
f(x) = f(x +0) =
1
1 +x
2
= 1 x
2
+x
4
x
6
+. . . + (1)
n1
x
2n2
+
(1)
n
x
2n
1 +x
2
,
para todo x R e n N.
Sejam p(x) = 1 x
2
+ x
4
x
6
+ . . . + (1)
n1
x
2n2
e r(x) =
(1)
n
x
2n
1 +x
2
.
Como p e um polin omio de grau 2n 1 e lim
x0
r(x)
x
2n1
= lim
x0
(1)
n
x
1 +x
2
= 0,
temos que p e o polin omio de Taylor de ordem 2n 1 de f no ponto zero.
Logo, f
(2n1)
(0) = 0 e f
(2n2)
(0) = (1)
n1
(2n 2) ! para todo n N.
Al em disso, como r
2n1
(x) = r
2n
(x) =
(1)
n
x
2n
1 +x
2
, e lim
n0
r
n
(x) = 0 se, e s o
se, lim
n+
r
n
(x) = 0 se, e s o se, lim
n+
r
2n1
(x) = lim
n+
r
2n
(x) = 0 temos
que, lim
n+
r
n
(x) = 0 se, e s o se, |x| < 1.
Ent ao a s erie de Taylor de f em torno de zero,
n=0
(1)
n
x
2n
, converge
para f(x) se |x| < 1 e diverge se |x| 1, pois, neste caso, o termo geral
(1)
n
x
2n
n ao tende a zero quando n .
Apesar disto, como veremos depois, f e analtica em toda a reta. O que
acontece e que a s erie de Taylor de f em torno de um ponto a = 0 e
diferente da s erie acima.
e que f
(n)
(0) = 0 para
todo n N.
Logo, a s erie de Taylor
n=0
f
(n)
(0)
n!
x
n
de f em torno do ponto 0 e identi-
camente nula e, portanto, converge para zero, para todo x R. Como
f(x) = 0 para todo x = 0, a s erie de Taylor de f em torno do ponto 0
n ao converge para f(x) para todo x = 0. Em particular, f n ao e analtica
em intervalo algum que cont em o zero. Mas, como veremos depois, f e
analtica em (0, ) e em (, 0).
n=0
e
a
h
n
n!
da func ao exponencial em torno do ponto
a converge para e
a+h
para todo h R.
Assim, a func ao exponencial e analtica em toda a reta e
e
x
=
n=0
e
a
n!
(x a)
n
para todo x R e a R.
i=1
m
i
(t
i
t
i1
) e S(f; P) =
n
i=1
M
i
(t
i
t
i1
)
s ao chamados, respectivamente, a soma inferior e a soma superior da
func ao f relativa ` a partic ao P.
Se m = inf{f(x) | x [a, b]} e M = sup{f(x) | x [a, b]}, temos
Instituto de Matem atica - UFF 265
An alise na Reta
m(b a) s(f; P) S(f; P) M(b a) ,
para toda partic ao P do intervalo [a, b].
Observac ao 1.1 Se f e positiva no intervalo [a, b], s(f; P) e S(f; P) s ao,
respectivamente, a area de um polgono inscrito e a area de um polgono
circunscrito e, portanto, valores aproximados, por falta, e por excesso, da
area compreendida entre o gr aco de f e o eixo das abscissas.
Denic ao 1.3 Sejam P e Q partic oes do intervalo [a, b].
Quando P Q, dizemos que a partic ao Q e mais na do que a partic ao
P, ou que a partic ao Q e um renamento da partic ao P.
Seja Q = {t
0
, t
1
, . . . , t
i1
, r, t
i
, . . . , t
n
} um renamento da partic ao
P = {t
0
, t
1
, . . . , t
i1
, t
i
, . . . , t
n
}, obtido acrescentando apenas um ponto
J. Delgado - K. Frensel 266
Integral superior e integral inferior
r (t
i1
, t
i
) ` a partic ao P.
Sejam
m
i
= inf{f(x) | x [t
i1
, t
i
]}
m
= inf{f(x) | x [t
i1
, r]}
m
= inf{f(x) | x [r, t
i
]} .
Ent ao, m
i
m
e m
i
m
.
Assim,
s(f; Q) s(f; P) = m
(t
i
r) +m
(r t
i+1
) m
i
(t
i
t
i1
)
= m
(t
i
r) +m
(r t
i1
) m
i
(t
i
r) m
i
(r t
i1
)
= (m
m
i
)(t
i
r) + (m
m
i
)(r t
i1
) 0 ,
ou seja, s(f; Q) s(f; P).
Podemos, ent ao, provar por induc ao que s(f; Q) s(f; P) para toda
partic ao Q mais na do que P.
De modo an alogo, podemos mostrar que se Q e um renamento de
P, isto e, P Q, ent ao S(f; Q) S(f; P).
Teorema 1.1 Sejamf : [a, b] Ruma func ao limitada e P, Qpartic oes
de [a, b]. Se P Q, ent ao
s(f, P) s(f; Q) e S(f; P) S(f; Q) .
Corol ario 1.1 Seja f : [a, b] R uma func ao limitada.
Ent ao s(f; P) S(f; Q) quaisquer que sejam P e Q partic oes de [a, b].
Prova.
Como P Q rena P e Q, temos
s(f; P) s(f; P Q) S(f; P Q) S(f; Q) .
_
b
a
f(x) dx
K(b a) e
_
b
a
f(x) dx
K(b a) .
Exemplo 1.1 Seja f : [a, b] Rdenida por f(x) =
_
_
_
1 se x Q
0 se x R Q.
Dada uma partic ao P de [a, b], temos m
i
= 0 e M
i
= 1, para todo
i = 1, . . . , n, pois todo intervalo [t
i1
, t
i
] de P cont em n umeros racionais e
irracionais.
J. Delgado - K. Frensel 268
Integral superior e integral inferior
Logo, s(f; P) = 0 e S(f; P) = (b a), para toda partic ao P de [a, b].
Portanto,
_
b
a
f(x) dx = 0 e
_
b
a
f(x) dx = b a.
) .
Como
_
b
a
f(x) dx s(f; P) para toda partic ao P de [a, b], temos que
_
b
a
f(x) dx s(f; Q) ,
para toda partic ao Q de [a, b] que cont em c. Ent ao,
sup { s(f; Q) | Q partic ao de [a, b] com c Q}
_
b
a
f(x) dx .
Por outro lado, dada uma partic ao P de [a, b], temos que
Instituto de Matem atica - UFF 269
An alise na Reta
s(f; P) s(f; P
= P {c}. Logo,
_
b
a
f(x) dx sup{ s(f; Q) | Q partic ao de [a, b] com c Q}.
Assim,
_
b
a
f(x) dx = sup{ s(f; Q) | Q partic ao de [a, b] com c Q} .
De modo an alogo, podemos provar a outra igualdade.
Corol ario 1.2 Sejam f, g : [a, b] R func oes limitadas. Ent ao,
sup(f +g) supf + supg e inf(f +g) inf f + inf g.
J. Delgado - K. Frensel 270
Integral superior e integral inferior
Prova.
Sejam A = { f(x) | x [a, b] } , B = { g(y) | y [a, b] } e C = { f(x) +
g(x) | x [a, b] }. Como C A+B, temos, pelo lema anterior, que
sup(f +g) = supC sup(A+B) = supA+ supB = supf + supg,
e
inf(f +g) = inf C inf(A+B) = inf A+ inf B = inf f + inf g.
+B
) = inf A
+ inf B
=
_
c
a
f(x) dx +
_
b
c
f(x) dx ,
onde
A
= {S(f|
[a,c]
; P) | P e partic ao de [a, c] }
e B
= {S(f|
[c,b]
; P) | P e partic ao de [c, b] } .
i=1
c
i
(t
i
t
i1
) ,
quaisquer que sejam os valores que f assume nos pontos t
0
, t
1
, . . . , t
n
da partic ao P.
Lema 1.3 Seja A um conjunto limitado n ao-vazio de n umeros reais.
Dado c R, seja cA = {cx | x A}. Ent ao,
supcA = c supA e inf cA = c inf A se c > 0,
supcA = c inf A e inf cA = c supA se c < 0.
Prova.
Seja c > 0. Como x supA para todo x A, temos que cx c supA
para todo cx cA. Logo, c supA e uma cota superior de cA.
Al em disso, dado > 0, existe x A tal que x > supA
c
. Logo,
cx > c supA . Ent ao sup A e a menor cota superior de cA, ou seja,
c supA = supcA.
Seja, agora, c < 0. Como x supA para todo x A, temos cx c supA
para todo cx cA. Logo, c supA e uma cota inferior de cA.
Instituto de Matem atica - UFF 273
An alise na Reta
Al em disso, dado > 0, existe x A tal que x > supA+
c
, pois
c
< 0.
Logo, cx < c supA+. Portanto, c supA e a maior cota inferior de cA, ou
seja, inf cA = c supA.
De modo an alogo, podemos provar que
inf cA = c inf A se c > 0 e supcA = c inf A se c < 0.
_
b
a
f(x) dx +
_
b
a
g(x) dx .
(2) Quando c > 0,
_
b
a
c f(x) dx = c
_
b
a
f(x) dx e
_
b
a
c f(x) dx = c
_
b
a
f(x) dx .
Quando c < 0,
_
b
a
c f(x) dx = c
_
b
a
f(x) dx e
_
b
a
c f(x) dx = c
_
b
a
f(x) dx .
Em particular,
_
b
a
f(x) dx =
_
b
a
f(x) dx e
_
b
a
f(x) dx =
_
b
a
f(x) dx .
(3) Se f(x) g(x) para todo x [a, b], ent ao
_
b
a
f(x) dx
_
b
a
g(x) dx e
_
b
a
f(x) dx
_
b
a
g(x) dx .
Prova.
(1) J a sabemos que
_
b
a
(f(x) +g(x)) dx
_
b
a
(f(x) +g(x)) dx .
Vamos provar que
_
b
a
f(x) dx +
_
b
a
g(x) dx
_
b
a
(f(x) +g(x)) dx .
Sejam P = {t
0
, t
1
, . . . , t
n
} uma partic ao de [a, b] e m
i
(f), m
i
(g), m
i
(f + g)
os nmos das func oes f, g e f +g no intervalo [t
i1
, t
i
], i = 1, . . . , n.
Como, pelo corol ario 1.2, m
i
(f +g) m
i
(f) +m
i
(g), temos que
s(f +g; P) s(f; P) +s(g; P)
para toda partic ao P de [a, b].
J. Delgado - K. Frensel 274
Integral superior e integral inferior
Logo,
_
b
a
(f(x) +g(x)) dx s(f; P) +s(g; P) ,
para toda partic ao P de [a, b].
Ent ao, dadas partic oes P e Q arbitr arias de [a, b], temos que
s(f; P) +s(g; Q) s(f; P Q) +s(g; P Q)
_
b
a
(f(x) +g(x)) dx
Assim, pelo lema 1.2,
_
b
a
f(x) dx +
_
b
a
g(x) dx = sup{s(f; P) +s(g; Q) | P , Q partic oes de [a, b] }
_
b
a
(f(x) +g(x)) dx .
A ultima desigualdade de (1) mostra-se de modo an alogo.
(2) Pelo lema 1.3, m
i
(c f) = c m
i
(f) e M
i
(c f) = c M
i
(f) se c > 0 , e
m
i
(c f) = c M
i
(f) e M
i
(c f) = c m
i
(f) se c < 0 .
Ent ao, pelo lema 1.3, novamente, temos
_
b
a
c f(x) dx = sup
P
s(c f; P) = sup
P
c s(f; P)
= c sup
P
s(f; P) = c
_
b
a
f(x) dx , se c > 0 ,
_
b
a
c f(x) dx = inf
P
S(c f; P) = inf
P
c S(f; P)
= c inf
P
S(f; P) = c
_
b
a
f(x) dx , se c > 0 ,
_
b
a
c f(x) dx = sup
P
s(c f; P) = sup
P
c S(f; P)
= c inf
P
S(f; P) = c
_
b
a
f(x) dx , se c < 0 ,
_
b
a
c f(x) dx = inf
P
S(c f; P) = inf
P
c s(f; P)
= c sup
P
s(f; P) = c
_
b
a
f(x) dx , se c < 0 ,
(3) Como f(x) g(x) para todo x [a, b], temos que
Instituto de Matem atica - UFF 275
An alise na Reta
m
i
(f) m
i
(g) e M
i
(f) M
i
(g)
para todo intervalo [t
i1
, t
i
] de uma partic ao P de [a, b].
Logo,
s(f; P) s(g; P) e S(f; P) S(g; P)
para toda partic ao P de [a, b].
Assim,
_
b
a
f(x) dx
_
b
a
g(x) dx e
_
b
a
f(x) dx
_
b
a
g(x) dx .
i=1
c
i
(t
i
t
i1
),
onde f|
(t
i1
,t
i
)
c
i
, i = 1, . . . , n, a = t
0
< t
1
< . . . < t
n
= b.
Corol ario 2.1 Seja f : [a, b] R limitada. Ent ao, para todo X [a, b]
n ao-vazio tem-se
(f; X) = sup{ |f(x) f(y)| | x, y Y } .
Observac ao 2.3 Dadas f : [a, b] R limitada e uma partic ao P de
[a, b], indicaremos por
i
= M
i
m
i
a oscilac ao de f no intervalo [t
i1
, t
i
].
J. Delgado - K. Frensel 278
Func oes integr aveis
Teorema 2.1 Seja f : [a, b] R limitada. As seguintes armac oes
s ao equivalentes:
(1) f e integr avel.
(2) Para todo > 0 existem partic oes P e Q de [a, b] tais que
S(f; Q) s(f; P) < .
(3) Para todo > 0 existe uma partic ao P de [a, b] tal que
S(f; P) s(f; P) < .
(4) Para todo > 0 existe uma partic ao P = {t
0
, t
1
, . . . , t
n
} de [a, b] tal que
n
i=1
i
(t
i
t
i1
) < .
Prova.
Pelo lema 2.1, temos que (1)(2). E (3)(4), pois, pelo corol ario
2.1,
S(f; P) s(f; P) =
n
i=1
i
(t
i
t
i1
).
_
b
a
f(x) dx
_
b
a
|f(x)| dx .
Segue-se de (4) e (5) que se |f(x)| K para todo x [a, b], ent ao
_
b
a
f(x) dx
k(b a) .
(6) O produto f g e integr avel.
Prova.
(1) Sejam
=
_
c
a
f(x) dx, =
_
b
c
f(x) dx, A =
_
c
a
f(x) dx, e B =
_
b
c
f(x) dx.
Como
_
b
a
f(x) dx = +,
_
b
a
f(x) dx = A+B, A e B, temos que f
e integr avel, ou seja, + = A + B, se, e s o se, = A e = B, ou seja,
se, e s o se, f|
[a,c]
e f|
[c,b]
s ao integr aveis.
J. Delgado - K. Frensel 280
Func oes integr aveis
E, neste caso,
_
b
a
f(x) dx =
_
b
a
f(x) dx =
_
c
a
f(x) dx +
_
b
c
f(x) dx =
_
c
a
f(x) dx +
_
b
c
f(x) dx .
(2) Seja c > 0. Ent ao, pelo teorema 1.3,
_
b
a
cf(x) dx = c
_
b
a
f(x) dx = c
_
b
a
f(x) dx
e
_
b
a
cf(x) dx = c
_
b
a
f(x) dx = c
_
b
a
f(x) dx .
Logo, cf e integr avel e
_
b
a
cf(x) dx = c
_
b
a
f(x) dx .
De modo an alogo, se c < 0, temos que
_
b
a
cf(x) dx = c
_
b
a
f(x) dx = c
_
b
a
f(x) dx
e
_
b
a
cf(x) dx = c
_
b
a
f(x) dx = c
_
b
a
f(x) dx .
Logo, cf e integr avel e
_
b
a
cf(x) dx = c
_
b
a
f(x) dx .
O caso c = 0 e trivial.
(3) Pelo teorema 1.3, temos que
_
b
a
f(x) dx +
_
b
a
g(x) dx =
_
b
a
f(x) dx +
_
b
a
g(x) dx
_
b
a
( f(x) +g(x) ) dx
_
b
a
( f(x) +g(x) ) dx
_
b
a
f(x) dx +
_
b
a
g(x) dx
=
_
b
a
f(x) dx +
_
b
a
g(x) dx .
Logo,
_
b
a
f(x) dx +
_
b
a
g(x) dx =
_
b
a
( f(x) +g(x) ) dx =
_
b
a
( f(x) +g(x) ) dx ,
ou seja, f +g e integr avel e
_
b
a
( f(x) +g(x) ) dx =
_
b
a
f(x) dx +
_
b
a
g(x) dx.
(4) Pelo teorema 1.3, temos
Instituto de Matem atica - UFF 281
An alise na Reta
_
b
a
f(x) dx =
_
b
a
f(x) dx
_
b
a
g(x) dx =
_
b
a
g(x) dx ,
ou seja,
_
b
a
f(x) dx
_
b
a
g(x) dx .
(5) Provaremos, primeiro, que |f| e integr avel.
Para x, y [a, b], temos |f(x)| |f(y)| |f(x) f(y)|.
Logo, para todo X [a, b],
(|f|, X) = sup{ | |f(x)| |f(y)| | | x, y X}
sup{ |f(x) f(y)| | x, y X}
= (f, X) .
Ent ao, dada uma partic ao P de [a, b],
i
(|f|)
i
(f) , i = 1, . . . , n.
Como f e integr avel, dado > 0, existe uma partic ao P de [a, b] tal que
n
i=1
i
(f)(t
i
t
i1
) < . Ent ao,
n
i=1
i
(|f|)(t
i
t
i1
)
n
i=1
i
(f)(t
i
t
i1
) < .
Segue-se, ent ao, do teorema 2.1, que |f| e integr avel.
Al em disso, como |f(x)| f(x) |f(x)| para todo x [a, b], temos, por
(2) e (4), que
_
b
a
|f(x)| dx =
_
b
a
|f(x)| dx
_
b
a
f(x) dx
_
b
a
|f(x)| dx ,
ou seja,
_
b
a
f(x) dx
_
b
a
|f(x) dx .
(6) Como f e g s ao limitadas no intervalo [a, b], existe K > 0 tal que
|f(x)| K e |g(x)| K para todo x [a, b].
Seja P = {t
0
, t
1
, . . . , t
n
} uma partic ao de [a, b]. Para x, y [t
i1
, t
i
] quais-
quer, temos
|f(x)g(x) f(y)g(y)| |f(x)| |g(x) g(y)| + |g(y)| |f(x) f(y)|
K( |g(x) g(y)| + |f(x) f(y)| )
K(
i
(f) +
i
(g) ) ,
J. Delgado - K. Frensel 282
Func oes integr aveis
e, portanto,
i
(f +g) K(
i
(f) +
i
(g) ) ,
onde
i
(f+g),
i
(f),
i
(g) s ao as oscilac oes dessas func oes no intervalo
[t
i1
, t
i
].
Logo, como f e g s ao integr aveis, dado > 0, existem partic oes P e Q de
[a, b], tais que
S(f; P) s(f; P) <
2K
e S(g; Q) s(g; Q) <
2k
.
Ent ao, sendo P
= P Q, temos que
S(f; P
) s(f; P
) <
2K
e S(g; P
) s(g; P
) <
2K
.
Da, para a partic ao P
= {t
0
, t
1
, . . . , t
n
},
n
i=1
i
(f +g)(t
i
t
i1
) K
n
i=1
i
(f)(t
i
t
i1
) +K
n
i=1
i
(g)(t
i
t
i1
)
= K( S(f; P
) s(f; P
) ) +K( S(g; P
) s(g; P
) )
< K
2K
+K
2K
= .
Provamos, assim, que dado > 0, existe uma partic ao P
i=1
i
(f +g)(t
i
t
i1
) < .
Logo, pelo teorema 2.1, f +g e integr avel.
_
a
a
f(x) dx = 0
e
_
b
a
f(x) dx =
_
a
b
f(x) dx .
Com essas convenc oes, vale, para toda func ao f integr avel, a igualdade:
_
b
a
f(x) dx =
_
c
a
f(x) dx +
_
b
c
f(x) dx , a, b, c Dom(f) R
Instituto de Matem atica - UFF 283
An alise na Reta
H a seis possibilidades:
a b c ; a c b; b c a;
b a c ; c a b; c b a.
Por exemplo, se a b c, ent ao
_
c
a
f(x) dx =
_
b
a
f(x) dx +
_
c
b
f(x) dx.
Logo,
_
b
a
f(x) dx =
_
c
a
f(x) dx
_
c
b
f(x) dx =
_
c
a
f(x) dx +
_
b
c
f(x) dx .
De modo an alogo, podemos vericar a igualdade nos outros casos.
Teorema 2.3 Toda func ao contnua f : [a, b] R e integr avel.
Prova.
Como [a, b] e compacto, f e limitada e uniformemente contnua no in-
tervalo [a, b]. Ent ao, dado > 0, existe > 0 tal que
x, y [a, b], |x y| < =|f(x) f(y)| <
b a
.
Seja n N tal que
b a
n
< e considere a partic ao P = {t
0
, t
1
, . . . , t
n
},
onde t
i
= a +
i(b a)
n
, i = 0, . . . , n.
Para x, y [t
i1
, t
i
], temos |x y| |t
i
t
i1
| =
b a
n
< .
Logo, |f(x) f(y)| <
b a
, para x, y [t
i1
, t
i
].
Assim,
i
(f) = sup{ |f(x) f(y)| | x, y [t
i1
, t
i
] }
b a
, i = 1, . . . , n,
e, portanto,
n
i=1
i
(f)(t
i
t
i1
) .
Logo, pelo teorema 2.1, f e integr avel.
Teorema 2.4 Seja f : [a, b] R limitada. Se, para todo c [a, b),
f|
[a,c]
e integr avel, ent ao f e integr avel.
J. Delgado - K. Frensel 284
Func oes integr aveis
Prova.
Seja K > 0 tal que |f(x)| K para todo x [a, b].
Dado > 0, tome c (a, b) tal que b c <
4K
.
Como f|
[a,c]
e integr avel, existe uma partic ao {t
0
, t
1
, . . . , t
n
} de [a, c] tal que
n
i=1
i
(f)(t
i
t
i1
) <
2
.
Pondo t
n+1
= b, obtemos uma partic ao {t
0
, t
1
, . . . , t
n
, t
n+1
} de [a, b] tal que
n+1
i=1
i
(f)(t
i
t
i1
) < , pois
n+1
(f)(t
n+1
t
n
) <
2
, j a que
n+1
(f) 2K e t
n+1
t
n
= b c <
4K
.
Logo, pelo teorema 2.1, f e integr avel no intervalo [a, b].
.
Tomemos, ent ao, uma partic ao P de [a, b] tal que a soma dos comprimen-
tos dos intervalos de P que cont em algum ponto de F seja <
2
.
Observe que se F [t
i1
, t
i
] = , ent ao 0 f(x) <
2(b a)
para todo
x [t
i1
, t
i
] e, portanto, M
i
(f)
2(b a)
.
Ent ao, podemos decompor a soma superior S(f; P) =
n
i=1
M
i
(t
i
t
i1
)
relativa ` a partic ao P em duas parcelas:
S(f; P) =
n
i=1
M
i
(t
i
t
i1
) =
i
(t
i
t
i1
) +
i
(t
i
t
i1
)
onde [t
i1
, t
i
] s ao os intervalos de P que cont em algum ponto de F e
[t
i1
, t
i
] s ao os intervalos de P disjuntos de F.
J. Delgado - K. Frensel 286
O teorema fundamental do C alculo
Como,
i
(t
i
t
i1
)
(t
i
t
i1
) <
2
, pois M
i
1 e
i
(t
i
t
i1
)
2(b a)
(b a)
2
,
temos que 0 S(f; P) < .
Logo, 0 e a maior cota inferior do conjunto {S(f; Q) | Q partic ao de [a, b]},
ou seja,
_
b
a
f(x) dx = 0.
Al em disso,
0
_
b
a
f(x) dx
_
b
a
f(x) dx = 0 .
Logo, f e integr avel e
_
b
a
f(x) dx = 0.
_
y
x
f(t) dt
K|y x| .
Logo, F e lipschitziana e, portanto, uniformemente contnua no inter-
valo [a, b].
Exemplo 3.1 Seja f : [0, 2] R denida por f(t) = 0 se 0 t < 1 e
f(t) = 1 se 1 t 2. Ent ao, f e integr avel e F : [0, 2] R e a func ao
F(x) =
_
_
_
x
0
f(t) dt = 0 , se x [0, 1]
_
x
0
f(t) dt =
_
x
1
f(t) dt =
_
x
1
1 dt = x 1 , se x [1, 2] .
Instituto de Matem atica - UFF 287
An alise na Reta
Logo, F e contnua em [0, 2] e deriv avel em [0, 2] {1}, onde x = 1 e o unico
ponto de descontinuidade de f.
(c) = f(c).
Prova.
Sendo f contnua no ponto c, dado > 0 existe > 0 tal que
t [a, b], |t c| < =|f(t) f(c)| < .
Ent ao, se 0 < h < e c +h [a, b], temos
=
1
h
_
c+h
c
f(t) dt hf(c)
=
1
h
_
c+h
c
(f(t) f(c)) dt
1
h
_
c+h
c
|f(t) f(c)| dt
1
h
h = ,
pois |f(t) f(c)| < para todo t [c, c +h] [a, b].
Logo, F e deriv avel ` a direita no ponto c e F
(c
+
) = f(c).
Analogamente, podemos provar que se < h < 0 e c +h [a, b], ent ao
.
Logo, F e deriv avel ` a esquerda no ponto c e F
(c
) = f(c).
Assim, F e deriv avel no ponto c e F
(c) = f(c).
= f.
Prova.
Basta tomar F(x) =
_
x
a
f(t) dt.
= f.
Observac ao 3.1 Toda func ao contnua num intervlao compacto possui
primitiva.
Mas nem toda func ao integr avel possui primitiva, pois se f = F
, para
alguma func ao F deriv avel, ent ao f n ao pode ter descontinuidades de pri-
meira esp ecie.
Exemplo 3.2 A func ao integr avel f do exemplo 3.1 n ao possui primitiva
em intervalo algum que cont em o ponto 1 no seu interior, pois o ponto 1 e
uma descontinuidade de primeira esp ecie de f.
= G
= 0 em [a, b].
Observac ao 3.3 Se F : [a, b] R e de classe C
1
, ent ao
_
b
a
F
(t) dt e a func ao F s ao
ambas primitivas de F
contnua.
Teorema 3.2 (Teorema Fundamental do C alculo)
Se uma func ao integr avel f : [a, b] R tem uma primitiva F : [a, b] R,
ent ao
_
b
a
f(x) dx = F(b) F(a)
Isto e, se uma func ao F : [a, b] R possui derivada integr avel, ent ao
_
b
a
F
(
i
)(t
i
t
i1
).
Ent ao,
F(b) F(a) =
n
i=1
[ F(t
i
) F(t
i1
) ] =
n
i=1
F
(
i
)(t
i
t
i1
) .
Sendo
m
i
= inf { F
(x) | x [t
i1
, t
i
] } e M
i
= sup{ F
(x) | x [t
i1
, t
i
] } ,
temos que m
i
F
(
i
) M
i
para todo i = 1, . . . , n e, portanto,
s(F
; P)
Logo,
_
b
a
F
(t) dt ,
ou seja,
_
b
a
F
n=1
(1)
n1
n
.
(t) = F
(g(t)) g
(t) = f(g(t)) g
(t) , t [c, d] .
J. Delgado - K. Frensel 292
F ormulas cl assicas do C alculo Integral
Assim, F g : [c, d] R e uma primitiva da func ao integr avel
t f(g(t)) g
(t) ,
pois f g e contnua e g
e integr avel.
Logo, pelo teorema fundamental do C alculo, temos
_
d
c
f(g(t)) g
s ao integr aveis.
No exerccio 11, e dada uma outra vers ao do teorema 4.1, onde supomos
f apenas integr avel, mas g mon otona:
Seja f : [a, b] R integr avel e g : [c, d] R mon otona, com
g
integr avel tal que g([c, d]) [a, b]. Ent ao,
_
g(d)
g(c)
f(x) dx =
_
d
c
f(g(t)) g
(t) dt
Observac ao 4.2 A notac ao
_
b
a
f(x) dx, em vez de
_
b
a
f, encontra uma
boa justicativa no teorema anterior, pois se tomarmos x = g(t), teremos
dx = g
(t) dt = (f g)
b
a
_
b
a
f
(t) g(t) dt
onde f g
b
a
= f(b)g(b) f(a)g(a).
Instituto de Matem atica - UFF 293
An alise na Reta
Prova.
Como (f g)
(t) = f
g+f g
. Al em disso, como f
g e g
f, e, portanto,
f
g + fg
(t) g(t) dt +
_
b
a
f(t) g
(t) dt = (f g)
b
a
.
(c)(b a) = f(c)(b a) .
B. Sendo m = inf{ f(x) | x [a, b] } e M = sup{ f(x) | x [a, b] }, temos
m f(x) M para todo x [a, b] e existem x
0
, y
0
[a, b] tais que
f(x
0
) = m e f(y
0
) = M.
Suponhamos que p(x) 0 para todo x [a, b]. Ent ao,
mp(x) p(x) f(x) Mp(x) , x [a, b] .
Logo,
J. Delgado - K. Frensel 294
F ormulas cl assicas do C alculo Integral
m
_
b
a
p(x) dx
_
b
a
p(x) f(x) dx M
_
b
a
p(x) dx .
Se
_
b
a
p(x) dx = 0, temos
_
b
a
p(x) f(x) dx = 0, e se
_
b
a
p(x) dx > 0, temos
m
_
b
a
f(x) p(x) dx
_
b
a
p(x) dx
M.
Em qualquer caso, existe d [m, M] tal que
d
_
b
a
p(x) dx =
_
b
a
f(x) p(x) dx .
E, como f e contnua, existe c entre x
0
e y
0
tal que f(c) = d, ou seja,
_
b
a
f(x) p(x) dx = f(c)
_
b
a
p(x) dx .
C. Seja F : [a, b] R dada por F(x) =
_
x
a
f(t) dt .
Ent ao, F
= f e F(a) = 0.
Integrando por partes, obtemos
_
b
a
f(x) p(x) dx =
_
b
a
F
(x) dx .
Como p
(x) dx = F()
_
b
a
p
(x) dx .
Logo,
_
b
a
f(x) p(x) dx = F(b) p(b) F()
_
b
a
p
(x) dx
= F(b) p(b) F() p(b) +F() p(a)
=
_
F()
p(a) p(b)
p(a)
+F(b)
p(b)
p(a)
_
p(a)
= ( F() +F(b) ) p(a) ,
Instituto de Matem atica - UFF 295
An alise na Reta
onde =
p(a) p(b)
p(a)
0 , =
p(b)
p(a)
0 e + = 1.
Como F() + F(b) pertence ao intervalo cujos extremos s ao F() e
F(b) , temos, pela continuidade de F, que existe c [, b] [a, b] tal que
F() +F(b) = F(c) .
Provamos, ent ao, que existe c [a, b] tal que
_
b
a
f(x) p(x) dx = p(a) F(c) = p(a)
_
c
a
f(x) dx.
)
_
b
a
p(x) dx = 0 para um certo c
[a, b], temos que, se
_
b
a
p(x) dx = 0, ent ao
_
b
a
f(x) p(x) dx = f(c)
_
b
a
p(x) dx , c (a, b) .
Suponhamos que p(x) 0 para todo x [a, b].
Assim,
_
b
a
p(x) dx > 0 se
_
b
a
p(x) dx = 0.
Sejam L =
_
b
a
p(x) dx > 0 e M
, x [a, b] .
Seja 0 < < min
_
b a
2
,
L
4M
_
. Ent ao,
0
_
a+
a
p(x) dx M
<
L
4
e 0
_
b
b
p(x) dx M
<
L
4
.
Logo,
L =
_
b
a
p(x) dx =
_
a+
a
p(x) dx +
_
b
a+
p(x) dx +
_
b
b
p(x) dx
<
L
2
+
_
b
a+
p(x) dx .
Ent ao,
_
b
a+
p(x) dx >
L
2
.
J. Delgado - K. Frensel 296
F ormulas cl assicas do C alculo Integral
Sejam
m = f(x
0
) = inf{ f(x) | x [a, b] } e M = f(y
0
) = sup{ f(x) | x [a, b] } ,
onde x
0
, y
0
[a, b].
Seja
d =
_
b
a
f(x) p(x) dx
_
b
a
p(x) dx
.
Ent ao, como foi provado no item B, m d M.
Se m < d < M, existe, pela continuidade de f, um n umero c entre x
0
e
y
0
, e, portanto, c (a, b), tal que f(c) = d.
Suponhamos que d = m e f(x) = m para todo x (a, b), ou seja,
f(x) > m para todo x (a, b).
Ent ao,
_
b
a
f(x) p(x) dx = m
_
b
a
p(x) dx ,
ou seja,
_
b
a
(f(x) m) p(x) dx = 0 .
Mas, como f e contnua em [a, b] e f(x) > m para x (a, b), existe K > 0
tal que f(x) K +m para todo x [a +, b ].
Logo,
_
b
a+
(f(x) m) p(x) dx K
_
b
a+
p(x) dx >
KL
2
> 0 .
Assim, sendo (f(x) m)p(x) 0 para todo x [a, b],
0 =
_
b
a
(f(x) m)p(x) dx =
_
a+
a
(f(x) m)p(x) dx
+
_
b
a+
(f(x) m)p(x) dx +
_
b
b
(f(x) m)p(x) dx > 0 ,
o que e um absurdo.
Suponhamos, agora, que d = M e f(x) = M para todo x (a, b), ou
seja, f(x) < M para todo x (a, b).
Instituto de Matem atica - UFF 297
An alise na Reta
Logo,
_
b
a
f(x) p(x) dx = M
_
b
a
p(x) dx ,
e, portanto,
_
b
a
(Mf(x))p(x) dx = 0 .
Como f e contnua em [a, b] e f(x) < M para todo x (a, b), existe K > 0
tal que f(x) < MK para todo x [a +, b ].
Assim,
_
b
a+
(Mf(x))p(x) dx
KL
2
> 0 e, portanto,
0 =
_
b
a
(Mf(x))p(x) dx =
_
a+
a
(Mf(x))p(x) dx
+
_
b
a+
(Mf(x))p(x) dx +
_
b
b
(Mf(x))p(x) dx > 0 ,
o que e um absurdo.
Deduziremos, agora, a F ormula de Taylor com resto integral, usando
integrac ao por partes.
Lema 4.1 Seja : [0, 1] R uma func ao que possui derivada de
ordem n +1, n 1, integr avel em [0, 1]. Ent ao,
(1) = (0) +
(0) +
(0)
2 !
+. . . +
(n)
(0)
n!
+
_
1
0
(1 t)
n
n!
(n+1)
(t) dt .
Prova.
Provaremos este lema por induc ao sobre n.
Caso n = 1: Seja : [0, 1] R uma func ao que possui derivada de
ordem 2 integr avel em [0, 1].
Como
(t) dt .
Fazendo f(t) = 1 t e g(t) =
(t) dt =
_
1
0
(f
(t)g(t)) dt = f g
0
1
+
_
1
0
f(t) g
(t) dt
=
(0) +
_
1
0
(1 t)
(t) dt ,
J. Delgado - K. Frensel 298
F ormulas cl assicas do C alculo Integral
ou seja,
(1) = (0) +
(0) +
_
1
0
(1 t)
(t) dt
Caso geral: Suponhamos o resultado v alido para func oes que possuem
derivada de ordem n +1, n 1, integr avel em [0, 1].
Seja : [0, 1] R uma func ao (n + 2)vezes deriv avel, com
(n+2)
integr avel em [0, 1].
Sejam f(t) =
(1 t)
n+1
(n +1) !
e g(t) =
(n+1)
(t) . Ent ao, f
(t) =
(1 t)
n
n!
e
g
(t) =
(n+2)
(t) , para todo t [0, 1].
Como f
e g
(t) g(t) dt = f g
0
1
+
_
1
0
f(t) g
(t) dt
=
(n+1)
(0)
(n +1) !
+
_
1
0
(1 t)
n+1
(n +1) !
(n+2)
(t) dt .
Al em disso, sendo (n + 1)vezes deriv avel, com
(n+1)
integr avel, ob-
temos, pela hip otese de induc ao, que
(1) = (0) +
(0) +. . . +
(n)
(0)
n!
+
_
1
0
(1 t)
n
n!
(n+1)
(t) dt .
Logo,
(1) = (0)+
(0)+. . . +
(n)
(0)
n!
+
(n+1)
(0)
(n +1) !
+
_
1
0
(1 t)
n+1
(n +1) !
(n+2)
(t) dt .
(a) h +
f
(a)
2 !
h
2
+. . . +
f
(n)
(a)
n!
h
n
+
_ _
1
0
(1 t)
n
n!
f
(n+1)
(a +th) dt
_
h
n+1
F ormula de Taylor com resto inte-
gral.
Prova.
Seja : [0, 1] R denida por (t) = f(a +th), t [0, 1].
Instituto de Matem atica - UFF 299
An alise na Reta
Ent ao,
(j)
(t) = f
(j)
(a + th)h
j
para todo 1 j n + 1. Logo, possui
derivada de ordem n + 1 integr avel (por qu e?) e
(j)
(0) = f
(j)
(a)h
j
para
todo 1 j n +1.
Assim, pelo lema anterior,
(1) = (0) +
(0) +
(0)
2 !
+. . . +
(n)
(0)
n!
+
_
1
0
(1 t)
n
n!
(n+1)
(t) dt ,
ou seja,
f(a +h) = f(a) +f
(a) h +
f
(a)
2 !
h
2
+. . . +
f
(n)
(a)
n!
h
n
+
_ _
1
0
(1 t)
n
n!
f
(n+1)
(a +th) dt
_
h
n+1
,
como queramos.
(a)(b a) +. . . +
f
(n)
(a)
n!
(b a)
n
+
_
b
a
(b x)
n
n!
f
(n+1)
(x) dx ,
j a que
_
b
a
(b x)
n
n!
f
(n+1)
(x) dx =
_
1
0
(b a th)
n
n!
f
(n+1)
(a +th) hdt
=
_
1
0
(h th)
n
n!
f
(n+1)
(a +th) hdt
=
_
1
0
(1 t)
n
n!
f
(n+1)
(a +th) h
n+1
dt .
J. Delgado - K. Frensel 300
A integral como limite de somas
5. A integral como limite de somas
Denic ao 5.1 Seja P = {t
0
, t
1
, . . . , t
n
} uma partic ao do intervalo [a, b].
Chamamos norma de P ao n umero
|P| = max
_
| t
i
t
i1
|
i = 1, . . . , n
_
.
Mostraremos que
_
b
a
f(x) dx = lim
|P|0
S(f; P),
onde f : [a, b] R e uma func ao limitada.
Teorema 5.1 Seja f : [a, b] R limitada. Ent ao, para todo > 0,
existe > 0 tal que
_
b
a
f(x) dx S(f; P) <
_
b
a
f(x) dx + ,
qualquer que seja a partic ao P com norma menor do que .
Prova.
Suponhamos, primeiro, que f(x) > 0, para todo x [a, b].
Seja M = sup{ f(x) | x [a, b] } > 0.
Dado > 0, existe uma partic ao P
0
= { t
0
, t
1
, . . . , t
n
} de [a, b] tal que
_
b
a
f(x) dx S(f; P
0
) <
_
b
a
f(x) dx +
2
.
Tome 0 < <
2Mn
e seja P uma partic ao arbitr aria de [a, b] com |P| < .
Indiquemos por [r
1
, r
] [t
i1
, t
1
] .
Chamemos [r
1
, r
].
Se i, ent ao M
M
i
e
i
(r
r
1
) t
i
t
i1
, onde
M
= sup
x[r
1
,r
]
f(x) e M
i
= sup
x[t
i1
,t
i
]
f(x) .
Portanto,
Instituto de Matem atica - UFF 301
An alise na Reta
i
M
(r
r
1
) M
i
(t
i
t
i1
) .
Al em disso, M
(r
r
1
) M , pois M
, M
e M
i
s ao n umeros
positivos.
Assim,
S(f; P) =
(r
r
1
) +
(r
r
1
)
i=1
M
i
(t
i
t
i1
) +M(n 1)
< S(f; P
0
) +
2
<
_
b
a
f(x) dx + .
No caso geral, como f e limitada, existe c R tal que f(x) + c > 0 para
todo x [a, b].
Tomando g(x) = f(x) +c, temos que g(x) > 0 para todo x [a, b],
M
i
(g) = M
i
(f) +c , S(g; P) = S(f; P) +c(b a) ,
e, portanto,
_
b
a
g(x) dx =
_
b
a
f(x) dx +c(b a) .
Logo, dado > 0, existe > 0 tal que
|P| < =S(g; P) <
_
b
a
g(x) dx + ,
ou seja,
S(f; P) +c(b a) <
_
b
a
f(x) +c(b a) + .
Ent ao,
_
b
a
f(x) dx S(f; P) <
_
b
a
f(x) dx + .
Vamos, agora, caracterizar as func oes integr aveis exprimindo suas inte-
grais em termos de limites de somas.
Denic ao 5.2 Seja P = {t
0
, t
1
, . . . , t
n
} uma partic ao de [a, b]. Pontilhar
a partic ao P e escolher um ponto
i
[t
i1
, t
i
] para todo i = 1, . . . , n.
Se f : [a, b] R e limitada e P
i=1
f()(t
i
t
i1
)
de soma de Riemann de f relativa ` a partic ao pontilhada P
de [a, b].
Observac ao 5.1 Seja qual for a maneira de pontilhar a partic ao P,
temos s(f; P) (f; P
) S(f; P) , j a que
i
[t
i1
, t
i
] e, portanto,
m
i
f(
i
) M
i
para todo i = 1, . . . , n.
Denic ao 5.3 Dada f : [a, b] R limitada, dizemos que I R e o
limite de (f; P
)
quando, para tdo > 0, existe > 0, tal que |(f; P
) existe e e igual a
_
b
a
f(x) dx.
(=) Suponhamos que existe o limite I = lim
|P|0
(f; P
).
Dado > 0, existe uma partic ao P = {t
0
, t
1
, . . . , t
n
} tal que
|(f; P
) I| <
4
,
seja qual for a maneira de pontilhar P.
Vamos pontilhar P de duas maneiras:
Em cada intervalo [t
i1
, t
i
], existe
i
tal que
f(
i
) < m
i
+
4n(t
i
t
i1
)
.
Isto nos d a uma partic ao pontilhada P
tal que
(f; P
) =
n
i=1
f(
i
)(t
i
t
i1
) <
n
i=1
m
i
(t
i
t
i1
) +
4
= s(f; P) +
4
.
Em cada intervalo [t
i1
, t
i
], existe
i
tal que
f(
i
) > M
i
4n(t
i
t
i1
)
.
Isto nos d a uma partic ao pontilhada P
#
tal que
(f; P
#
) =
n
i=1
f(
i
)(t
i
t
i1
) >
n
i=1
M
i
(t
i
t
i1
)
4
= S(f; P)
4
.
Logo,
(f; P
)
4
< s(f; P) S(f; P) < (f; P
#
) +
4
.
Mas, como (f; P
) e (f; P
#
) pertencem ao intervalo
_
I
4
, I +
4
_
,
temos que
I
2
< s(f; P) S(f; P) < I +
2
,
e, portanto, S(f; P) s(f; P) < .
J. Delgado - K. Frensel 304
A integral como limite de somas
Ent ao, f e integr avel e, pela parte j a provada do teorema,
_
b
a
f(x) dx = lim
|P|0
(f; P
) .
Exemplo 5.1 Seja f : [a, b] R uma func ao integr avel. Ent ao, dada
uma seq u encia (P
n
) de partic oes pontilhadas com lim
n
|P
n
| = 0, temos
que
_
b
a
f(x) dx = lim
n
(f; P
n
) .
Consideremos, por exemplo, a func ao f : [1, 2] R dada por f(x) =
1
x
.
Ent ao, f e integr avel, pois f e de classe C
i
=
n +i
n
, i = 1, . . . , n.
Como f(
i
) = f
_
n +i
n
_
=
n
n +i
, temos que f(
i
)(t
i
t
i1
) =
1
n +i
e,
portanto,
(f; P
n
) =
1
n +1
+
1
n +2
+. . . +
1
2n
e a soma de Riemann da partic ao pontilhada P
n
.
Logo,
log2 =
_
2
1
dx
x
= lim
n
(f; P
n
) = lim
n
= lim
n
_
1
n +1
+
1
n +2
+. . . +
1
2n
_
.
i=1
f(a + ih). E denimos o valor
m edio de f no intervalo [a, b] como sendo o limite
M(f; [a, b]) = lim
n
M(f; n)
Escolhendo o ponto a + ih em cada intervalo [a + (i 1)h, a + ih],
i = 1, . . . , n, obtemos uma partic ao pontilhada P
n
tal que
(f; P
n
) =
n
i=1
f(a +ih)h =
b a
n
n
i=1
f(a +ih) = (b a) M(f; n) ,
ou seja,
M(f; n) =
1
b a
(f; P
n
) .
Logo,
M(f; [a, b]) = lim
n
1
b a
(f; P
n
) =
1
b a
_
b
a
f(x) dx .
Em particular, se f est a denida no intervalo [a, a + 1], seu valor m edio
nesse intervalo e
_
a+1
a
f(x) dx .
j=1
|I
j
| <
Observac ao 6.1 Na denic ao acima, n ao foi exigido que os intervalos
abertos I
i
, . . . , I
k
sejam disjuntos.
J. Delgado - K. Frensel 306
Caracterizac ao das func oes integr aveis
Mas, o conjunto aberto I
1
. . .I
k
pode ser expresso, de modo unico, como
uma reuni ao nita de intervalos abertos disjuntos J
1
, . . . , J
r
, com r k.
De fato, como I
1
. . . I
k
e um conjunto aberto, existe uma unica colec ao
(J
n
) enumer avel de intervalos abertos disjuntos tais que
I
1
. . . I
k
=
_
n=1
J
n
.
Como, para todo j = 1, . . . , k, I
j
=
_
n=1
I
j
J
n
e I
j
J
n
e vazio ou e um
intervalo aberto, temos que existe um unico n
j
tal que I
j
J
n
j
= , pois,
caso contr ario, o intervalo aberto I
j
se escreveria como reuni ao de dois
conjuntos abertos disjuntos e n ao-vazios.
Logo, I
j
J
n
j
, e, portanto,
I
1
. . . I
k
= J
n
1
. . . J
n
k
.
Assim, a colec ao (J
n
k
) e nita e tem no m aximo k elementos, pois podem
existir j = , j, = 1, . . . , k, tais que J
n
j
= J
n
.
Ent ao, existe r k tal que
I
1
. . . I
k
= J
1
. . . J
r
,
onde J
1
, . . . , J
r
s ao intervalos abertos disjuntos.
Lema 6.1 Sejam I
1
, . . . , I
k
e J
1
, . . . , J
r
intervalos abertos, tais que os in-
tervalos J
i
s ao dois a dois disjuntos
Se I
1
. . . I
k
= J
1
. . . J
r
, ent ao
|J
1
| +. . . + |J
r
| |I
1
| +. . . + |I
k
| ,
ocorrendo a igualdade somente quando os intervalos I
j
s ao tamb em dois
a dois disjuntos. Nesse caso, k = r e os intervalos I
1
, . . . , I
k
coincidem
com os intervalos J
1
, . . . , J
k
a menos da enumerac ao.
Prova.
Seja
X
: R R a func ao caracterstica de um conjunto X R, ou
seja
X
(x) =
_
_
_
1 se x X
0 se x X.
Instituto de Matem atica - UFF 307
An alise na Reta
Armac ao 1: Se Y = X
1
. . . X
k
, ent ao
Y
k
j=1
X
j
, ocorrendo a
igualdade se, e s o se, os conjuntos X
j
s ao dois a dois disjuntos.
De fato, se x Y, existe j {1, . . . , k} tal que x X
j
.
Logo,
Y
(x) = 1 =
X
j
(x)
k
i=1
X
i
(x), pois
X
i
(y) 0 para todo y R.
Se x Y, ent ao x X
j
para todo j = 1, . . . , k. Assim,
Y
(x) =
X
j
(x) = 0
para todo j = 1, . . . , k, ou seja,
Y
(x) =
k
j=1
X
j
(x) = 0 .
Suponhamos, agora, que os conjuntos X
1
, . . . , X
k
s ao dois a dois disjun-
tos. Ent ao, para todo x Y, existe um unico j = 1, . . . , k tal que x X
j
.
Logo,
Y
(x) = 1 =
X
j
(x) =
k
i=1
X
i
(x), j a que
X
i
(x) = 0 para todo i = j.
Suponhamos que
Y
=
n
j=1
X
j
. Ent ao, os conjuntos X
j
s ao disjuntos,
pois se existisse x X
j
X
i
, j = i, teramos que
2 =
X
j
(x) +
X
i
(x)
k
=1
(x) =
Y
(x) = 1 ,
o que e absurdo.
No caso em que X e um intervalo contido no intervalo [a, b], temos que
X
: [a, b] R e uma func ao escada e, portanto,
_
b
a
X
(x) dx = |X|
Logo, se [a, b] e um intervalo tal que Y = I
1
. . .I
k
= J
1
. . .J
r
[a, b],
onde I
1
, . . . , I
k
e J
1
, . . . , J
r
s ao intervalos abertos, sendo os intervalos J
i
dois a dois disjuntos, ent ao
Y
=
r
i=1
J
i
k
i=1
I
J
,
J. Delgado - K. Frensel 308
Caracterizac ao das func oes integr aveis
e, portanto,
r
i=1
|J
i
| =
r
i=1
_
b
a
J
i
=
_
a
r
i=1
J
i
_
b
a
k
j=1
I
j
=
k
j=1
_
b
a
I
j
=
k
j=1
|I
j
| .
Suponhamos, agora, que existemi = j , i, j {1, . . . , k}, tais que I
i
I
j
= .
Ent ao, existe um intervalo aberto I
0
= (c, d) I
i
I
j
.
Logo,
Y
(x) <
k
=1
=1
(x)
Y
(x) 1
para todo x I
0
.
Assim,
k
=1
|I
s=1
|J
s
| =
_
b
a
_
k
=1
(x)
r
s=1
J
s
(x)
_
dx
=
_
b
a
_
k
=1
(x)
Y
(x)
_
dx =
_
c
a
_
k
=1
(x)
Y
(x)
_
dx
+
_
d
c
_
k
=1
(x)
Y
(x)
_
dx +
_
b
d
_
k
=1
(x)
Y
(x)
_
dx
_
d
c
1 dx = d c = |I
0
| > 0 .
Provamos, ent ao, que se os intervalos abertos I
1
, . . . , I
k
n ao s ao disjuntos,
ent ao
k
=1
|I
| >
r
s=1
|J
s
| .
Corol ario 6.1 Seja X [a, b] um conjunto de conte udo nulo. Ent ao,
dado > 0, existe uma partic ao P de [a, b] tal que a soma dos compri-
mentos dos intervalos de P que cont em algum ponto de X e < .
Prova.
Dado > 0, existem intervalos abertos I
1
, . . . , I
k
tais que X I
1
. . . I
k
e
k
j=1
|I
j
| < . Pela observac ao 6.1 e pelo lema 6.1, existem intervalos
abertos J
1
, . . . , J
r
, r k, disjuntos tais que X I
1
. . . I
k
= J
1
. . . J
r
e
r
i=1
|J
i
| < .
Instituto de Matem atica - UFF 309
An alise na Reta
As extremidades dos J
i
contidas em [a, b], juntamente com os pontos a e
b, formam uma partic ao P = {t
0
, t
1
, . . . , t
n
} de [a, b].
Seja i = 1, . . . , n, tal que X [t
i1
, t
i
] = . Ent ao, existe x X [t
i1
, t
i
]
e, portanto, existe = 1, . . . , r tal que x J
.
Suponhamos que 0 < b a. Assim, uma das extremidades de J
est a
contida em [a, b], pois, caso contr ario, teramos |J
| > b a , j a que
J
[a, b] = .
Logo, se:
t
i1
= a =[a, t
1
) J
e t
1
e a extremidade superior de J
.
ou
t
i1
= a e t
i
= b =(t
i1
, t
i
) = J
.
t
i
= b =(t
n1
, b] J
e t
n1
e a extremidade inferior de J
.
ou
Em qualquer caso, temos que t
i
t
i1
|J
|. Ent ao,
X[t
i1
,t
i
]=
|t
i
t
i1
|
r
s=1
|J
s
| < .
i=1
|I
k
i
| <
n
.
Logo,
X
1
. . . X
n
n
_
k=1
j
k
_
i=1
I
k
i
e
n
k=1
j
k
i=1
|I
k
i
| < n
n
= .
4. Se para cada > 0 existem intervalos abertos I
1
, . . . , I
k
e um subcon-
junto nito F X tais que
X F I
i
. . . I
k
e |I
1
| +. . . + |I
k
| < ,
ent ao c(X) = 0 .
De fato, dado > 0, existem intervalos abertos I
1
, . . . , I
k
e F X nito tais
que
X F I
i
. . . I
k
e |I
1
| +. . . + |I
k
| <
2
.
Sejam F = {x
1
, . . . , x
r
} e I
k+i
=
_
x
i
4r
, x
i
+
4r
_
, i = 1, . . . , r. Ent ao,
F
r
_
i=1
I
k+i
e
r
i=1
|I
k+i
| =
2r
4r
=
2
.
Logo, X I
1
. . . I
k
I
k+1
. . . I
k+r
e
k+r
j=1
|I
j
| <
2
+
2
= .
5. c(X) = 0 dado > 0, existem intervalos fechados J
1
, . . . , J
k
tais
que X J
1
. . . J
k
e
k
i=1
|J
i
| < .
De fato, se c(X) = 0, dado > 0, existem intervalos abertos I
1
, . . . , I
k
tais
que X I
1
. . . I
k
e
k
i=1
|I
i
| < . Seja J
i
= I
i
, ou seja, J
i
= [a
i
, b
i
]
se I
i
= (a
i
, b
i
). Ent ao, |J
i
| = |I
i
|, i = 1, . . . , k. Logo, X J
1
. . . J
k
e
k
i=1
|J
i
| =
k
i=1
|I
i
| < .
Reciprocamente, dado > 0, existem intervalos fechados J
i
= [a
i
, b
i
],
i = 1, . . . , k, tais que X J
1
. . . J
k
e
k
i=1
|J
i
| < .
Instituto de Matem atica - UFF 311
An alise na Reta
Sejam F = {a
1
, b
1
, a
2
, b
2
, . . . , a
n
, b
n
} e I
i
= (a
i
, b
i
), i = 1, . . . , n.
Ent ao, X F I
1
. . . I
k
e
k
i=1
|I
i
| < . Logo, pela propriedade 4,
c(X) = 0.
Em particular, vale a recproca do corol ario 6.1: Se X [a, b] e, para
cada > 0 existe uma partic ao P de [a, b] tal que a soma dos comprimen-
tos dos intervalos de P que cont em pontos de X e < , ent ao c(X) = 0.
Exemplo 6.1 Seja X = Q [a, b], com a < b. Ent ao, X e enumer avel,
mas n ao tem conte udo nulo.
De fato, se c(X) = 0, ent ao, dado 0 < < b a, existiria uma partic ao P
de [a, b] tal que a soma dos comprimentos dos intervalos de P contendo
pontos de P seria < . Mas, como Q [t
i1
, t
i
] = para todo i, teramos
que
[t
i1
,t
i
]X=
(t
i
t
i1
) = b a, o que e um absurdo. Logo, X n ao tem
conte udo nulo.
Exemplo 6.3 Se X tem conte udo nulo, ent ao X tem interior vazio.
De fato, se x
0
int X, existiria um intervalo aberto I tal que x
0
I X.
Logo, como c(X) = 0, I teria conte udo nulo, o que e um absurdo.
i=0
_
2
3
_
i
= 1
_
2
3
_
n
.
J. Delgado - K. Frensel 312
Caracterizac ao das func oes integr aveis
Ent ao, K est a contido numa uni ao nita de 2
n
intervalo fechados, cada um
de comprimento
1
3
n
. Como a soma dos comprimentos desses intervalos
fechados e
_
2
3
_
n
, dado > 0, basta tomar n N tal que
_
2
3
_
n
< .
Portanto, c(X) = 0.
x
() = (f; (x , x +) [a, b]) .
se a < x < b, existe
0
> 0 tal que (x
0
, x +
0
) [a, b]. Logo,
x
(
0
) = (f; (x
0
, x +
0
)) .
Se x = a e 0 <
0
b a, ent ao
x
(
0
) = (f; [a, a +
0
)) .
Se x = b e 0 <
0
b a, ent ao
x
(
0
) = (f; (b
0
, b]) .
Ent ao a func ao : (0,
0
) R e mon otona n ao-decrescente e e
limitada, pois f e limitada.
Existe, portanto, o limite
(f; x) = lim
0
+
x
() = inf { () | (0,
0
) }
que chamamos a oscilac ao de f no ponto x .
Observac ao 6.3 Seja V
(a) = (a, a +) e V
(b) = (b , b) .
Como j a provamos, as func oes
x
: (0,
0
) R
x
= inf
(0,
0
)
f(V
)
e
Instituto de Matem atica - UFF 313
An alise na Reta
L
x
: (0,
0
) R
L
x
= sup
(0,
0
)
f(V
) ,
s ao mon otonas n ao-crescente e n ao-decrescente, respectivamente,
L(x) = lim
0
L
x
e o
limite inferior de f no ponto x.
Observe que, ao calcularmos os limites (x) e L(x), n ao levamos em conta
o valor de f no ponto x. Por isso, n ao se tem, em geral, (f; x) igual a
L(x) (x).
Mas, como () = max { L
x
, f(x) } min {
x
= lim
0
+
L
x
+f(x) + |L
x
f(x)|
2
lim
0
+
+f(x) |
x
f(x)|
2
=
L(x) +f(x) + |L(x) f(x)|
2
(x) +f(x) |(x) f(x)|
2
= max { L(x), f(x) } min{ (x), f(x) } .
Al em disso, temos que f e contnua em x se, e s o se, lim
tx
f(t) = f(x), ou
seja, se, e s o se, L(x) = (x) = f(x). Logo,
f e contnua em x se, e s o se, (f; x) = 0 .
De fato, se f e contnua em x, ent ao (f; x) = 0, pois
max { L(x), f(x) } min{ (x), f(x) } = 0 ,
j a que L(x) = (x) = f(x).
Suponhamos, ent ao, que (f; x) = 0.
Se f(x) (x) L(x), ent ao
0 = (f; x) = max { L(x), f(x) } min{ (x), f(x) } = L(x) f(x) ,
ou seja, L(x) = f(x), e, portanto, f(x) = (x) = L(x).
Se (x) L(x) f(x), ent ao
0 = (f; x) = max { L(x), f(x) } min{ (x), f(x) } = f(x) (x) ,
ou seja, (x) = f(x), e, portanto, (x) = L(x) = f(x) .
Se (x) f(x) L(x), ent ao
0 = (f; x) = max { L(x), f(x) } min{ (x), f(x) } = L(x) (x) ,
ou seja, (x) = L(x), e, portanto, (x) = f(x) = L(x) .
J. Delgado - K. Frensel 314
Caracterizac ao das func oes integr aveis
Em qualquer caso, temos que L(x) = (x) = f(x). Logo, f e contnua em x
se (f; x) = 0.
Daremos, agora, uma outra demonstrac ao deste resultado, sem usar
as noc oes de limite superior e inferioir de uma func ao num ponto x.
Teorema 6.1 Seja f : [a, b] R limitada. Ent ao, f e contnua no ponto
x
0
[a, b] se, e s o se, (f; x
0
) = 0 .
Prova.
(=) Suponhamos f contnua no ponto x
0
[a, b]. Dado > 0, existe
> 0 tal que
x [a, b] , |x x
0
| < =f(x
0
)
2
< f(x) < f(x
0
) +
2
.
Ent ao, |f(x) f(y)| < quaisquer que sejam x, y [a, b] (x
0
, x
0
+)
e, portanto, 0
.
Logo, (f; x
0
) = lim
0
+
= 0.
(=) Suponhamos, agora, que (f; x
0
) = lim
0
+
= 0 .
Dado > 0, existe > 0 tal que 0
x
0
() = (f; x
0
).
Instituto de Matem atica - UFF 315
An alise na Reta
Como
x
0
() = (f; (x
0
, x
0
+) [a, b]),
temos que para todo x X = (x
0
, x
0
+ ) [a, b] , existe
x
> 0 tal
que (x
x
, x +
x
) [a, b] X.
Logo,
(f; (x
x
, x +
x
) [a, b]) (f; X) =
x
0
() < (f; x
0
) +.
Mas, como
(f; x) (f; (x
x
, x +
x
) [a, b]),
j a que
(f; x) = lim
= inf {
x
(
) |
> 0 },
onde
x
(
) = (f; (x
, x+
= { x [a, b] | (f; x) }
e compacto.
Prova.
Seja
A
= [a, b] E
, existe
x
> 0, tal que (x
x
, x +
x
) [a, b] A
.
Logo,
A
= [a, b]
_
xA
(x
x
, x +
x
) = [a, b] U
,
onde U
=
_
xA
(x
x
, x +
x
) e aberto.
J. Delgado - K. Frensel 316
Caracterizac ao das func oes integr aveis
Ent ao, E
= [a, b] (RU
s ao
fechados e [a, b] e limitado. Portanto, E
e compacto.
x
() = sup{ |h(y) h(z)| | y, z (x , x +) } = 1
para todo > 0.
i
= M
i
m
i
< em todos os intervalos [t
i1
, t
i
] da partic ao.
Prova.
Como (f; x) = lim
0
+
x
() = inf {
x
() | > 0 } < , para todo x [a, b],
existe
x
> 0 tal que
x
(
x
) = (f; (x
x
, x +
x
) [a, b] } < .
Seja I
x
=
_
x
x
2
, x +
x
2
_
, x [a, b]. Como [a, b]
_
x[a,b]
I
x
e uma cober-
tura aberta do compacto [a, b], existem x
1
, . . . , x
n
[a, b], pelo teorema
de Borel-Lebesgue, tais que [a, b] I
x
1
. . . I
x
n
.
Os pontos a, b, juntamente com as extremidades dos intervalos I
x
j
que
pertencem a [a, b], deterrminam uma partic ao P = {t
0
, t
1
, . . . , t
n
} de [a, b].
Armac ao:
i
= (f; [t
i1
, t
i
]) < , i = 1, . . . , n.
i = 1: Como [a, t
1
] I
x
1
. . . I
x
n
, existe j {1, . . . , n}, tal que a
extremidade inferior de I
x
j
e < a e sua extremidade superior e t
1
e,
portanto, [a, t
1
) I
x
j
. Assim, [a, t
1
] (x
j
x
j
, x
j
+
x
j
), e
1
= (f; [a, t
1
]) (f; (x
j
x
j
, x
j
+
x
j
) [a, b]) < .
i = 1, n: Como [t
i1
, t
i
] I
x
1
. . . I
x
n
, existe j {1, . . . , n} tal que a
extremidade inferior de I
x
j
e < t
i1
e sua extremidade superior e t
i
, ou
seja, (t
i1
, t
i
) I
x
j
. Assim, [t
i1
, t
i
] (x
j
x
j
, x
j
+
x
j
) e
i
= (f; [t
i1
, t
i
]) (f; (x
j
x
j
, x
j
+
x
j
) [a, b]) < .
i = n: Como [t
n1
, b] I
x
1
. . . I
x
n
, existe j {1, . . . , n}, tal que a
extremidade superior de I
x
j
e > b e sua extremidade inferior e t
n1
, ou
seja, (t
n1
, b] I
x
j
. Assim, [t
n1
, b] (x
j
x
j
, x
j
+
x
j
) e
n
= (f; [t
n1
, b]) (f; (x
j
x
j
, x
j
+
x
j
) [a, b]) < .
i=1
i
(t
i
t
i1
) < .
Se (t
i1
, t
i
) E
= , existe x (t
i1
, t
i
) E
e
x
> 0 tal que
(x
x
, x +
x
) (t
i1
, t
i
).
Logo,
i
= (f; [t
i1
, t
i
]) (f; (x
x
, x +
x
)) (f; x) .
Seja I = { i {1, . . . , n} | E
(t
i1
, t
i
) = }.
Ent ao,
iI
(t
i
t
i1
)
iI
i
(t
i
t
i1
) < .
Isto e,
iI
(t
i
t
i1
) < ,
ou seja, a soma dos comprimentos dos intervalos de P que cont em algum
ponto de E
( E
P )
_
iI
(t
i1
, t
i
) e
iI
(t
i
t
i1
) < .
Assim, como E
) = 0.
(=) Suponhamos que c(E
0
[a, b] e c(E
0
) = 0, temos, pelo corol ario 6.1, que existe uma
partic ao P
0
de [a, b] tal que a soma dos comprimentos dos intervalos de
P
0
que cont em algum ponto de E
0
e <
2(Mm)
, onde M = supf e
m = inf f. Observe que Mm > 0 se f n ao e constante.
Nos outros intervalos, onde [t
k1
, t
k
] E
0
= , temos que (f; x) <
0
para todo x [t
k1
, t
k
]. Logo, pelo teorema anterior, podemos subdividir
cada um dos intervalos [t
k1
, t
k
] que n ao intersectam E
0
de modo a se
obter uma partic ao P que e um renamento de P
0
, com
i
<
0
nos
intervalos que n ao cont em pontos de E
0
.
Instituto de Matem atica - UFF 319
An alise na Reta
Relativamente a P, podemos escrever
i
(t
i
t
i1
) =
i
(t
i
t
i1
) +
i
(t
i
t
i1
) ,
onde o primeiro somat orio refere-se aos intervalos de P que cont em um
ponto de E
0
.
Ent ao,
i
Mm e
(t
i
t
i1
) <
2(Mm)
.
Logo,
i
(t
i
t
i1
) <
2
.
O segundo somat orio corresponde aos intervalos de P que n ao cont em
pontos de E
0
. Logo,
i
<
0
e, portanto,
i
(t
i
t
i1
) <
0
(b a) =
2
.
Assim,
i
(t
i
t
i1
) < e f e integr avel.
n=1
|I
n
| < .
Em particular, se X tem conte udo nulo, ent ao X tem medida nula.
Valem as seguintes propriedades:
1. Se m(X) = 0 e Y X ent ao m(Y) = 0. Em particular m() = 0.
2. Se X e compacto e m(X) = 0, ent ao c(X) = 0.
De fato, dado > 0, existe uma colec ao enumer avel de intervalos
abertos I
1
, . . . , I
n
, . . . tais que X I
1
. . . I
n
. . . e
n=1
|I
n
| < .
Pelo teorema de Borel-Lebesgue, existem k
1
, . . . , k
n
N tais que
X I
k
1
. . . I
k
n
.
J. Delgado - K. Frensel 320
Caracterizac ao das func oes integr aveis
Logo,
n
i=1
|I
k
i
|
j=1
|I
j
| < e, portanto, c(X) = 0.
3. Se Y = X
1
X
2
. . . X
n
. . ., onde m(X
1
) = m(X
2
) = . . . =
m(X
n
) = . . . = 0, ent ao, m(Y) = 0. Ou seja, uma reuni ao enumer avel de
conjuntos de medida nula tem medida nula.
De fato, para cada n N, existe uma colec ao (I
n,j
)
jN
de intervalos
abertos tal que X
n
_
jN
I
n,j
e
jN
|I
n,j
| <
2
n
.
Logo, Y
_
n,jN
I
n,j
, onde
j
|I
n,j
| <
n=1
2
n
= .
Assim, m(Y) = 0.
Em particular, como um conjunto formado por um unico ponto tem me-
dida nula, todo conjunto enumer avel tem medida nula.
Assim, m(Q) = 0 e, portanto m(Q [a, b]) = 0, mas, como j a vimos,
Q [a, b] n ao tem conte udo nulo.
4. Se, para cada > 0, existem intervalos abertos I
1
, . . . , I
n
, . . . e
um subconjunto enumer avel E X tais que X E
_
nN
I
n
e
nN
|I
n
| < ,
ent ao m(X) = 0.
De fato, dado > 0, existem intervalos abertos I
1
, . . . , I
n
, . . . e E X
enumer avel tais que X E
_
nN
I
n
e
nN
|I
n
| <
2
.
Mas, como E tem medida nula (por ser enumer avel), existem inter-
valos abertos J
1
, . . . , J
n
, . . . tais que E
_
nN
J
n
e
nN
|J
n
| <
2
.
Logo, X
_
nN
I
n
_
kN
J
k
e
nN
|I
n
| +
kN
|J
k
| < e, portanto, X tem
medida nula.
5. m(x) = 0 para todo > 0, existe uma colec ao enumer avel de
intervalos fechados F
1
, F
2
, . . . , F
n
, . . . tal que X
_
nN
F
n
e
nN
|F
n
| < .
Instituto de Matem atica - UFF 321
An alise na Reta
De fato, se m(X) = 0, dado > 0, existe uma colec ao (I
n
)
nN
de
intervalos abertos tal que
X
_
nN
I
n
e
nN
|I
n
| < .
Ent ao, F
n
= I
n
e um intervalo fechado tal que |F
n
| = |I
n
| e I
n
F
n
para todo n N.
Logo, X
_
nN
F
n
e
nN
|F
n
| < .
Reciprocamente, dado > 0, existe uma colec ao (F
n
)
nN
de interva-
los fechados tal que X
_
nN
F
n
e
nN
|F
n
| < .
Ent ao, int(F
n
) = I
n
e um intervalo aberto e |I
n
| = |F
n
| para todo
n N, e o conjunto E das extremidades dos intervalos F
n
e enumer avel.
Logo, X E
_
nN
I
n
e
nN
|I
n
| < e, portanto, pela propriedade 4,
X tem medida nula.
Teorema 6.5 Uma func ao limitada f : [a, b] R e integr avel se, e s o
se, o conjunto D dos seus pontos de descontinuidade tem medida nula.
Prova.
Para cada > 0, seja E
= {x [a, b] | (f; x) }.
Ent ao, D =
_
>0
E
=
_
nN
E
1/n
, j a que f e contnua num ponto x [a, b] se,
e s o se, (f; x) = 0.
(=) Se m(D) = 0 ent ao m(E
e
compacto, pelo corol ario 6.3, temos que c(E
(x) =
1
x
> 0 para todo x > 0, a func ao
log : R
+
R e mon otona crescente.
Al em disso, log C
, j a que a func ao x
1
x
e de classe C
.
Observac ao 7.4 Quando x > 1, logx e a area da faixa de hip erbole
H
x
1
=
_
(t, y)
1 t x e 0 y
1
t
_
E quando 0 < x < 1, logx e a area da faixa H
1
x
com o sinal trocado.
J. Delgado - K. Frensel 324
Logartmos e exponenciais
Fig. 1: Area H
x
1
delimitada pelo gr aco de
1
x
no intervalo [1,x].
Teorema 7.1 Sejam x, y R
+
. Ent ao, logxy = logx + logy.
Prova.
Temos
logxy =
_
xy
1
1
t
dt =
_
x
1
dt
t
+
_
xy
x
dt
t
= logx +
_
y
1
x
xs
ds = logx +
_
y
1
ds
s
= logx + logy,
onde, na integral
_
xy
x
dt
t
, realizamos a mudanca de vari avel t = xs.
(y) =
1
y
= 0 para todo
y > 0, e
(exp)
(x) =
1
log
(expx)
=
1
1
exp(x)
= exp(x) , x R.
Logo, exp e uma func ao de classe C
.
Sejam x, y R e x
= exp(x), y
) = x e log(y
) = y.
Assim
exp(x +y) = exp(log(x
) +log(y
)) = exp(log(x
)) = x
= exp(x) exp(y) .
Seja, agora, r Q. Ent ao, pelo corol ario 7.2,
exp(rx) = exp(r log(x
)) = exp(log((x
)
r
)) = (x
)
r
= (exp(x))
r
.
Em particular, se x = 1, temos que exp(r) = exp(r 1) = (exp(1))
r
= e
r
.
, 1
_
> 0, tal que
x < D =0 < expx < exp(D) exp
_
log
1
_
= exp log = .
Observac ao 7.8 A igualdade expr = e
r
, quando r Q, juntamente
com a relac ao exp(x + y) = expx expy, nos indicam que expx se com-
porta como uma pot encia de base e e expoente x.
Portanto, vamos escrever
expx = e
x
.
Com a nova notac ao, temos
e
x+y
= e
x
e
y
, e
0
= 1 , e
x
=
1
e
x
,
x < y e
x
< e
y
, log(e
x
) = x e e
log x
= x .
Observac ao 7.9 Como y = e
x
e y = logx s ao func oes inversas uma
da outra, os seus gr acos s ao sim etricos relativamente ` a diagonal y = x .
Fig. 2: Simetria entre os gr acos de y=e
x
e y=log xem relac ao ` a diagonal y=x.
Pelos gr acos, podemos observar que a func ao e
x
tende mais rapida-
J. Delgado - K. Frensel 328
Logartmos e exponenciais
mente para +, quando x +, do que a func ao x x, e que a
func ao logx tende mais lentamente para +, quando x +, do que
a func ao x x.
De fato, j a provamos, na parte 7, exemplo 2.7, que lim
x+
p(x)
e
x
= 0 para
todo polin omio p(x). E provaremos, agora, o seguinte resultado com res-
peito ao crescimento logartmico.
Teorema 7.3 lim
x+
logx
x
= 0 .
Prova.
Pelo teorema do valor m edio, para todo x > 1, existe c
x
(1, x) tal que
logx = logx log1 = log
(c
x
) (x 1) =
x 1
c
x
.
Logo, logx < x para todo x > 1 e, portanto, 0 < log(x
1
2
) < x
1
2
para todo
x > 1.
Assim, como log(x
1
2
) =
1
2
logx , temos, elevando ao quadrado a ultima
desigualdade, que 0 <
(logx)
2
4
< x , ou seja, 0 <
logx
x
<
4
logx
para todo
x > 1.
Logo, lim
x+
logx
x
= 0, pois lim
x+
4
logx
= 0.
(x) = k c e
kx
= kf(x) para todo x R, ou seja, a derivada de f e
proporcional a si pr opria.
Mostraremos, agora, que tal propriedade e exclusiva das func oes do tipo
acima.
Instituto de Matem atica - UFF 329
An alise na Reta
Teorema 7.4 Seja f : R R uma func ao deriv avel tal que
f
(x) = f
(x)e
k(xx
0
)
kf(x)e
k(xx
0
)
= kf(x)e
k(xx
0
)
kf(x)e
k(xx
0
)
= 0
para todo x R.
Logo, como (x) e constante e (x
0
) = c, temos que (x) = c para todo
x R, ou seja, f(x) = ce
k(xx
0
)
para todo x R.
a
p
.
De fato, f(x) = e
p
q
log a
= e
log
q
a
p
=
q
a
p
.
(2) a
x+y
= a
x
a
y
.
De fato, a
x+y
= e
(x+y)log a
= e
xlog a
e
ylog a
= a
x
a
y
.
(3) a
0
= 1 .
De fato a
0
= e
0log a
= e
0
= 1 .
(4) a
x
=
1
a
x
.
De fato, 1 = a
0
= a
xx
= a
x
a
x
, ou seja, a
x
=
1
a
x
.
(5) (a
x
)
y
= a
xy
.
De fato, (a
x
)
y
= (e
xlog a
)
y
= e
xylog a
= a
xy
, j a que
log(e
xlog a
)
y
= yloge
xlog a
= yx loga e log(e
xylog a
) = xyloga.
(6) A func ao f : x a
x
e deriv avel com f
(x) = (loga) a
x
.
J. Delgado - K. Frensel 330
Logartmos e exponenciais
De fato, como f(x) = exp(x loga), temos que
f
.
(8) A func ao f : x a
x
e crescente se a > 1, decrescente se
0 < a < 1 e constante se a = 1.
De fato, sendo f
(x) = (loga)a
x
> 0, temos f
e
(log
a
)
(x) =
1
x loga
.
Observac ao 7.13 Mostraremos, agora, que
lim
x0
(1 +x)
1/x
= e
De fato, como log
(x) =
1
x
, a derivada da func ao log no ponto 1 e igual a
1, ou seja,
lim
x0
log(1 +x) log1
x
= lim
x0
log(1 +x)
x
= 1 .
Ent ao,
lim
x0
log(1 +x)
1/x
= 1 ,
e, portanto,
lim
x0
(1 +x)
1/x
= lim
x0
exp(log(1 +x)
1/x
) = e .
Fazendo y =
1
x
, temos
lim
y+
_
1 +
1
y
_
y
= e
e, em particular, se n N, temos
lim
n+
_
1 +
1
n
_
n
= e
J. Delgado - K. Frensel 332