Resumo 1808
Resumo 1808
Resumo 1808
RESUMO: 1808
Como uma rainha louca, um prncipe medroso e uma corte corrupta enganaram
Napoleo e mudaram a histria de Portugal e do Brasil.
BELM
2008
RESUMO
*INTRODUO
A obra conta a historia de quando o rei de Portugal D, Joo VI ameaado pelas
invases napolenicas por ter furado o bloqueio continental com a Inglaterra, foge
para a sua maior colnia na poca o Brasil. Incluindo fatos e dados como a
Revoluo Francesa que redesenhou o mapa da Europa, a formao do Imprio
Napolenico, a vitoriosa resistncia Inglesa, as tentativas de dominao francesa e a
Colonizao do Brasil, cuja riqueza sustentou a realeza lusitana, para onde a
Famlia Real transferiu a sede do governo Portugus, fato sem precedentes na
histria conforme afirma autor.
1. A FUGA
A fuga1 da famlia real para o Rio de Janeiro ocorreu num contexto mais
apaixonante e revolucionrio do Brasil e Portugal, em que grupos de interesses
diversos, como monarquistas, republicanos, federalistas, separatistas, abolicionistas,
traficantes e senhores de escravos, se opunham numa luta pelo poder que haveria
de mudar radicalmente a histria desses dois pases.
O fato surge como uma notcia inesperada para os portugueses, que no
primeiro momento sentem a sensao de desamparo e traio. Depois, de medo e
revolta. Para os Portugueses, alm da surpresa da noticia da viagem, havia um fator
que agravava a sensao de abandono, o fato de a noo de Estado, Governo e
Identidade Nacional no existir com idia de que todo poder emana do povo e em
seu nome exercido, ou seja, no existia o princpio fundamental da democracia,
pois, ainda vigorava o regime de monarquia absoluta. O rei tinha o poder total.
Criava leis, alm de execut-las, os juizes e as cmeras funcionavam como simples
auxiliares do monarca. Assim, sem o rei, o Pas ficava a mingua e sem rumo, pois
dependia do rei toda a atividade econmica e sobrevivncia das pessoas, o governo,
a independncia nacional e a prpria razo de ser do Estado Portugus. Nesta
poca, o trono de Portugal era ocupado por um prncipe regente. D. Joo reinava
em nome de sua me. O prncipe regente incapaz de enfrentar um inimigo que
julgava poderoso decidiu fugir abandonando a Europa.
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1. O autor usa o termo fuga para definir o que aconteceu entre novembro de 1807 e julho de 1821,
datas da partida e do retorno de D. Joo VI a Portugal.
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2. OS REIS ENLOUQUECIDOS
O comeo do sculo XIX foi uma poca de pesadelo e sobressalto para reis e
rainhas. Alguns perseguidos, outros destitudos, aprisionados, exilados, deportados
ou mesmo executados em praa pblica. Sendo que dois deles enlouqueceram. Em
resumo, era uma poca em que os monarcas literalmente perdiam a cabea.
Em 1807 Napoleo Bonaparte estava no auge do seu poder, era o Imperador
da Frana, seu triunfo representava o fim de uma etapa na histria Europia. Porm
envolveu-se em guerras interminveis e, ao final de seu governo a monarquia
francesa estava quebrada.
Esses problemas agravaram-se mais tarde, com o envolvimento da Frana na
guerra da independncia americana. O fornecimento de armas e dinheiro para o
exrcito americano deixou a Frana financeiramente arruinada. Sendo que, para
cobrir as despesas, a monarquia teve de aumentar os impostos, gerando
descontentamento da burguesia - emergente classe dos comerciante e profissional
autnomo, que enriqueciam sem dependerem diretamente do rei.
3. O PLANO
No comeo do sculo XIX, Portugal tinha uma forte dependncia em relao ao
Brasil. O ouro, o fumo e a cana de acar, produzida na colnia constituam o eixo
de suas relaes comerciais, visto que 61% das exportaes portuguesas para a
Inglaterra, saam do Brasil.
Diante das ameaas constantes de invaso ao reino de Portugal, Luis da
Cunha sugere a D. Joo V, que mudasse a corte para o Brasil. Em 1762 diante de
mais uma ameaa de invaso, o ento Marqus de Pombal props que o rei D. Jos
I tomasse as medidas necessrias para sua passagem para o Brasil, e em 1801,
com a Europa ocupada por Bonaparte, esse antigo plano ganhou senso de urgncia.
No dia 19 de agosto de 1807, o conselho de Estado se reuniu no Palcio de
Mafra para discutir a crise poltica. D. Joo leu os termos da intimao de Napoleo
Bonaparte: Portugal deveria aderir ao bloqueio continental, declarar guerra
Inglaterra, retirar seu embaixador em Londres, expulsar o embaixador ingls de
Lisboa e fechar os portos portugueses aos navios britnicos. Por fim, teria que
prender todos os ingleses em Portugal e confiscar suas propriedades.
Espremido entre duas potncias rivais Portugal tinha a seu favor a
precariedade das comunicaes e dos transportes, o envio de uma carta de Lisboa
3
para Paris na poca demorava cerca de duas semanas. A lentido permitia aos
portugueses ganhar tempo enquanto tentavam, com a Inglaterra e com a Frana,
uma sada mais honrosa ou aceitvel para o seu frgil reino colonial.
Ao receber os termos da contra proposta portuguesa, Bonaparte reage como se
previa: mandou avisar que, se D. Joo no concordasse com suas exigncias,
Portugal seria invadido e a dinastia de Bragana seria destruda.
No dia 30 de setembro, reunido no Palcio de Ajuda, em Lisboa, o conselho de
Estado recomendou que o prncipe regente preparasse seus navios para partir. No
comeo pensou-se em enviar para o Brasil somente o prncipe da Beira, como era
chamado Pedro I o filho mais velho de D. Joo. Porm, o plano evoluiu para algo
mais ambicioso: transferir a corte inteira com o governo, os funcionrios e o aparato
de Estado. Em resumo, toda a elite portuguesa.
4. O IMPRIO DECADENTE
Em 1807, na Inglaterra, um imprio era movido a vapor. A nova tecnologia,
inventada por James Watt em 1769, dera origem ao tear mecnico, mquina
propulsora da Revoluo Industrial, a locomotiva, ao navio e a impressora a vapor,
entre outras novidades. Enquanto que Portugal, aps trs sculos de inaugurao
das grandes navegaes e descobertas, nem de longe lembrava a metrpole dos
tempos de Vasco da Gama e Pedro lvares Cabral. Os sinais de decadncias
estavam por todo lado. Os tempos de glria pareciam ter ficado pra trs.
O que tinha acontecido com Portugal? Havia duas explicaes. Uma era
demogrfica e econmica. Com a populao pequena, Portugal no tinha gente nem
recursos para proteger, manter e desenvolver seu imenso imprio colonial.
Dependendo de escravos em quantidade cada vez maior para a explorao de suas
minas de ouro e diamantes e suas lavouras de cana -de -acar, algodo, caf e
tabaco. Com uma economia basicamente extrativista e mercantil, enfrentava
escassez de capital.
A metrpole portuguesa era uma terra relativamente pobre porque a riqueza
no parava ali. Lisboa funcionava apenas como um entreposto comercial. De l, o
ouro, a madeira e os produtos agrcolas do Brasil seguiam direto para a Inglaterra.
Os diamantes tinham como destino Amsterd e Anturpia, nos Pases Baixos.
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2. Sobrenome da famlia real portuguesa.
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A outra explicao para a decadncia era poltica e religiosa. De todas as
naes da Europa, Portugal continuaria sendo, no comeo do sculo XIX, a mais
catlica, a mais conservadora e mais avessa as idias libertrias que produziam
revolues e transformaes em outros paises. A fora da igreja era enorme. Por
escrpulos religiosos, a Cincia e a Medicina eram atrasadas ou praticamente
desconhecidas.
A exemplo disso temos o episdio em que D. Jos, herdeiro do trono, irmo
mais velho de D. Joo, ao contrair varola morreu, porque sua me, D. Maria I, tinha
proibido os mdicos de lhe aplicar vacina, por motivos religiosos. A rainha achava
que a deciso entre a vida e a morte estava nas mos de Deus e que no cabia a
cincia interferir nesse processo.
A vida social pautava-se pelas missas, procisses e outras cerimnias
religiosas. O comportamento individual coletivo era determinado e vigiado pela Igreja
Catlica.
Portugal foi o ltimo pas europeu a abolir os autos da Inquisio, nos quais
pessoas que ousassem criticar ou se opor doutrina da igreja, incluindo infiis,
hereges, judeus, mouros, protestantes e mulheres suspeitas de feitiaria, eram
julgadas e condenadas morte na fogueira.
Os dois fatores combinados - a escassez de recursos demogrficos e
financeiros e o atraso nas idias polticas e nos costumes - haviam transformado
Portugal numa terra nostlgica, refm do passado e incapaz de enfrentar os desafios
do futuro.
A riqueza de Portugal era resultado do dinheiro fcil como os ganhos de
herana, cassinos e loterias, que no exigem sacrifcio. Numa poca em que a
Revoluo Industrial britnica comeava a redefinir as relaes econmicas e o
futuro das naes, os portugueses ainda estavam presos ao sistema extrativista e
mercantilista, sobre o qual tinham construdo sua efmera prosperidade trs sculos
antes. Gomes descreve que segundo a historiadora Lilia Schwarcz:
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A dependncia da economia extrativista fez com que a manufatura nunca se
desenvolvesse em Portugal. Os cinco principais produtos das colnias portuguesas -
ouro, diamante, tabaco, acar e trfico de escravos - compunham o eixo comercial
do Atlntico Sul.
O primeiro carregamento de ouro do Brasil chegou a Lisboa em 1699, levava
meia tonelada de minrios. No total estima-se que entre 1000 e 3000 toneladas de
ouro foram transportadas do Brasil para a capital do imprio. S de Minas Gerais o
historiador, Tobias Monteiro estimou, que foram despachadas para Portugal cerca de
535 toneladas de ouro entre 1695 e 1817, no valor de 54 milhes de libras esterlinas
da poca, ou 12 bilhes de reais corrigidos. Pandi Colgeras avaliou em cerca de
trs milhes de quilates, aproximadamente 615 quilos, o total de diamante extrado
no Brasil entre meados do sculo XVIII e comeo do sculo XIX - incluindo pedras
comercializadas legalmente e contrabandeadas. A prosperidade e o fausto
aparentes geradas por esse comrcio, no resultavam em cultura ou sofisticao na
metrpole.
Em 1755, uma catstrofe natural agravou a decadncia econmica e ajudou a
reduzir ainda mais a auto-estima portuguesa. Na manh de 1 de novembro, um
terremoto devastador atingiu Lisboa, matando entre 15 000 e 20 000 pessoas. O
abalo foi seguido de maremoto e um incndio que ardeu durante seis dias - tudo foi
reduzido a p e cinzas.
A tragdia, porm resultou no nico e breve surto de modernidade em terras
portuguesas, a reconstruo de Lisboa no governo de Sebastio Jos de Carvalho e
Melo, - o marqus de Pombal - Pombal fez isso com mo-de-ferro. Subjugou a
nobreza e reduziu drasticamente o poder da Igreja. Foi o responsvel pela expulso
dos Jesutas de Portugal e de suas colnias. Foi um perodo de reformas
modernizadoras, mas estava longe de ser liberal.
Com a queda de Pombal, Portugal se via novamente prisioneiro de seu prprio
destino: o de um pas pequeno, rural e atrasado, incapaz de romper com os vcios e
tradies que o prendiam no passado, dependente de mo de obra escrava,
intoxicado pela riqueza fcil e sem futuro da produo extrativista de suas colnias.
Portugal procurou manter uma poltica de neutralidade em relao aos seus
vizinhos mais ricos e poderosos. A idia era se envolver o mnimo possvel nos
conflitos, para dessa forma, evitar represlias e assegurar o fluxo de riquezas que
chegava de seus territrios ultramarinos. Essa poltica de neutralidade no era to
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neutra quanto parecia. Portugal sempre teve a Inglaterra como parceira preferencial.
A prpria existncia de Portugal como Estado independente estava associada
Inglaterra. Foram s cruzadas Inglesas a caminho da Terra Santa, que ajudaram o
jovem Afonso Henriques de Borgonha, o primeiro rei de Portugal, a expulsar o
mouros e conquistar o Porto situado prximo do Rio Tejo, hoje a cidade de Lisboa.
5. A PARTIDA
No dia 29 de Novembro de 1807, a nau Prncipe Real levava a bordo o prncipe
regente, D. Joo, sua me, a rainha louca D. Maria I, e os dois herdeiros do trono,
os prncipes D. Pedro e D. Miguel. O restante da famlia real estava distribudos em
outros trs navios.
Como fazer um discurso de despedida era impossvel nas circunstncias, D.
Joo mandou afixar nas ruas de Lisboa um decreto no qual explicava as razes da
partida. Dizia que as tropas francesas estavam a caminho de Lisboa e que resistir a
elas seria derramar sangue inutilmente.
Antes de embarcar, D. Joo teve o cuidado de raspar os cofres do governo -
fato que se repetiria treze anos mais tarde ao deixar o Rio de Janeiro na viagem de
volta a Lisboa. Abandonado a prpria sorte, Portugal viveria os piores anos de sua
histria.
6. O ARQUIVISTA REAL
No outono de 1807, enquanto as tropas do imperador Napoleo se
aproximavam da fronteira de Portugal, o arquivista Luiz Joaquim dos Santos
Marrocos, tinha a vida suspensa entre duas cidades - uma no passado e outra no
futuro. Lisboa onde morava, a capital do ainda vasto imprio colonial portugus,
extica e oriental, repleta de mercadores rabes, chineses, indianos, e negros
africanos. E o Rio de Janeiro a capital do Brasil colnia - onde estaria aps trs anos
- uma cidade fervilhante de novidades, porto de reabastecimento e parada
obrigatria dos navios que cruzavam os oceanos rumo s terras distantes da frica,
da ndia e da recm descoberta Oceania.
A Lisboa da famlia Santos Marrocos era ima cidade conservadora,
profundamente religiosa e de hbitos antiquados. Com suas casas ornamentadas de
tapearias orientais e varandas cobertas por colchas da ndia era a mais oriental das
capitais europias, na definio do historiador Oliveira Martins. Outros cronistas e
7
viajantes a descreveram como uma cidade medieval, suja, escura e perigosa. A falta
de higiene era um problema crnico. Conforme registrou o francs J.B.F.Carrre
morador de Lisboa no final do sculo XVIII:
7. A VIAGEM
Enfrentando a sauna em que os navios selados da poca se transformavam
nos trpicos, com gua e refeies racionadas, condies sanitrias precrias, a
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corte e seus inmeros lacaios e bajuladores, penaram trs meses a cu e mar.
Finalmente em 22 de Janeiro de 1808 os navios aportam em Salvador.
A mesma Bahia que trezentos anos antes tinha visto a chegada da esquadra de
Cabral, agora testemunhava um acontecimento que haveria de mudar para sempre,
a vida dos brasileiros. Com a chegada da corte Baia de todos os Santos comeava
o ltimo ato do Brasil colnia e o primeiro do Brasil independente.
8. SALVADOR
Em 1808, a escala de D. Joo em Salvador chega, onde deveria sua
esquadra navegar em direo ao Rio de Janeiro esse era o plano da viagem ,
porm, D. Joo modificou repentinamente o plano sem haver explicao oficial para
essa deciso. Mas, o historiador Kenneth Light, citado por Gomes, atravs de
pesquisas concluiu que a parada na Bahia, do ponto de vista estratgico era
apropriada, pois duzentos anos atrs a unidade poltica e administrativa da colnia
brasileira era muito precria D. Joo precisava, mais do que nunca, de um Brasil
unido em torno da Coroa portuguesa (Cf. GOMES, 2007, p.107), ou seja, para
alcanar xito nos planos em 1808 era necessrio o apoio financeiro e poltico das
provncias e apesar de Salvador no ser mais a primeira capital da colnia, desde
1763, e sim Rio de Janeiro, havia ainda uma importncia como centro do comrcio e
das decises da colnia.
Para que os governadores e capites-gerais das provncias avisassem seus
vizinhos sobre ataques de piratas, invases, rebelies aos territrios dominados
pelos portugueses, utilizavam uma rede de comunicaes fundamentada nos fortes,
vilas e faris costeiros. Isso fazia parte do sistema de defesa da colnia.
D. Joo, no dia 28 de janeiro de 1808, assinou no Senado da Cmara a mais
famosa medida em territrio brasileiro: a carta rgia de abertura dos portos ao
comercio de todas as naes aliadas. Estava permitindo a importao de produtos.
O autor relata que existem dois mitos em relao abertura dos portos.
Primeiro que foi uma deciso de Jos da Silva Lisboa 3 seguidor de Adam Smith,
pai da doutrina liberal moderna , dizia que liberando o comercio do Brasil a
economia da colnia se desenvolvia. Segundo foi que D. Joo teria feito por
simpatia para com os brasileiros, deixando-os livres do isolamento comercial e do
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3. Funcionrio pblico baiano, futuro Visconde de Cairu
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monoplio portugus. Essa abertura dos portos foi importante para o Brasil e
igualam-se as opinies liberais de Silva Lisboa. Uma medida inevitvel, pois os
franceses ocuparam Portugal e o porto de Lisboa deixando o comrcio do reino
parado, ento, abrir os portos do Brasil era necessrio. E a liberao do comercio
internacional na colnia era uma divida que D. Joo tinha com a Inglaterra (Cf.
GOMES, 2007, p. 117), ou seja, atravs de um acordo em outubro de 1807,
negociado pelo embaixador portugus D. Domingos de Sousa Coutinho, que em
troca de proteo contra Napoleo, abriria as portas e autorizava a criao de uma
base naval britnica na Ilha da Madeira.
Durante estar em Salvador D. Joo consentiu a criao da primeira escola de
medicina do Brasil, o Comercio Martimo estatuto da primeira companhia de
seguros , deu licena construo de uma fabrica de vidro e outra de plvora,
autorizou a governador a estabelecer a cultura e a moagem do trigo, mandou abrir
estradas e encomendou um plano de defesa e fortificao da Bahia (Cf. GOMES,
2007, p.118), sendo nesta inclusa construo de 25 barcas canhoneiras e a
formao de dois esquadres de cavalaria e um de artilharia. Em 26 de fevereiro, D.
Joo embarca para o Rio de Janeiro, pois em Salvador um ataque dos franceses
seria mais fcil do que no Rio de Janeiro, que era longe e protegido.
9. A COLNIA
O Brasil antes da chegada da corte portuguesa era um amontoado de
regies mais ou menos autnomas, sem comrcio ou qualquer outra forma de
relacionamento (Cf. GOMES, 2007, p.120), que possuam como pontos de
referencia o idioma portugus e a Coroa portuguesa 4.
Segundo o autor, o mapa do Brasil de 1808 era parecido com o atual, porm o
Estado do Acre iria ser vendido Bolvia em 1903. No tempo do governo de D. Joo
VI a provncia Cisplatina ficaria com o Brasil em 1817, contudo teria uma
independncia5, transformando-se no que conhecemos hoje como Uruguai. Em 1750
o Tratado de Madri anulou o antigo Tratado de Tordesilhas redelineando as fronteiras
das colnias portuguesas e espanholas com base no conceito de ocupao efetiva
do territrio.
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4. Sediada em Lisboa.
5. Essa independncia aconteceu onze anos mais tarde, ocasionando um pas, o Uruguai atualmente.
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A administrao portuguesa para defender o sucesso de Portugal que dependia
da ocupao e da defesa do Brasil,construiu fortalezas para proteger os pontos
estratgicos. Em 1808, os grandes rios da Amaznia estavam razoavelmente
explorados.
A corte portuguesa ao chegar ao Rio de Janeiro se deparou com uma
exploso populacional, pois com a descoberta de ouro e diamante no final do sculo
XVII, houve uma forte migrao da Europa 6 para o interior do Brasil. Durante o
sculo XVIII, o trfico de escravos cresceu, quase 2 milhes de negros cativos
vieram trabalhar nas minas e lavouras do pas.
Trs meses e treze dias foi o tempo que a provncia de So Pedro do Rio
Grande atual Estado do Rio Grande do Sul soube da guerra entre Portugal e
Espanha, chegando notcia no dia 15 de junho de 1801, mas j havia terminado o
confronto, sendo Portugal derrotado. O capito-de-arma, Sebastio Xavier Veiga
Cabral da Cmara, anunciou guerra aos vizinhos espanhis e junto s tropas
portuguesas pegou uma vasta rea 7. Assim, Portugal ganhou no Brasil uma disputa
que tinha perdido na Europa.
O governo portugus possua como objetivo manter o Brasil como uma jia
extravista e sem vontade prpria, distante dos olhos e da cobia dos estrangeiros.
Considerada o entroncamento das vrias rotas de comrcio 8, So Paulo era
tambm a mais indgena e brasileira das cidades coloniais. Na poca, era apenas
um pequeno vilarejo, sendo o tupi a lngua mais falada at o incio do sculo XVIII,
pois o portugus a partir da foi o idioma dominante.
So Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais eram o corao econmico da
colnia. Era para essa regio que o eixo do desenvolvimento tinha se deslocado no
comeo o sculo XVIII, depois do fim do ciclo da cana-de-acar no Nordeste e da
descoberta do ouro e do diamante em Minas (Cf. GOMES, 2007, p. 129). De acordo
com John Luccock, citado por Gomes, o Brasil no possua moeda corrente em
1808, no tempo do domnio portugus, a colnia vivia basicamente de escambo.
Com isso, estreitam-se as chances de novos comerciantes tentarem explorar o pas
inicialmente aberto ao comrcio internacional.
Quando a coroa portuguesa chegou ao Brasil, o ciclo do ouro estava
chegando ao seu final. Mas, ainda existiam muitas minas de ouro e diamantes
que
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6. Portugal de 1700 a 1800 mandou ao Brasil entre meio milho e 800 000 pessoas.
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7. Essa rea vai desde o territrio das misses, no oeste da capitnia, at o Rio Jaguaro, no sul.
8. Entre o litoral e o interior e entre o sul e o restante do pas
empregavam vrios trabalhadores livres e escravos 9. Existia um controle sobre a
minerao, o governo portugus pela sua lei dizia que o ouro devia ser entregue as
casas de fundio, para que os direitos da Coroa fossem cobrados. Alm disso,
tinha-se postos de vigilncia nas estradas. As barras de ouro eram marcadas com
peso, quilate, nmero e armas do rei e um certificado de circulao. Tudo isso
para evitar o contrabando, o qual, dominava partes do comrcio da colnia.
Escoavam pelo Rio do Prata, metais e pedras preciosas em direo a Buenos Aires
e depois seguia Europa, tudo para no pagar impostos Coroa portuguesa.
A escravido com o trfico de negros africanos sustentou a prosperidade da
economia colonial. Os escravos eram o motor das lavouras de algodo, fumo e
cana-de-acar, e tambm das minas de ouro e prata que drenavam a riqueza para
a metrpole (Cf. GOMES, 2007, p.136), eles eram junto com os pobres a maioria e
os brancos a minoria. Por isso, as famlias brancas tinham pavor de uma suposta
rebelio de escravos.
Para governar D. Joo deixou de lado as ameaas e os constrangimentos que
o povo era submetido e usou a imagem do rei bondoso, que tudo providencia e de
todos cuida e protege.
10. O REPRTER PERERECA
Um cronista por vocao e no um jornalista de profisso, Lus Gonalves
dos Santos embora ocupasse um cargo importante da hierarquia catlica, tinha um
apelido engraado, Padre Perereca, devido baixa estatura e franzina e os olhos
esbugalhados (Cf. GOMES, 2007, p. 140).
Foi determinado aos governadores de So Paulo e Minas Gerais que mandassem
alimentos10 para o Rio de Janeiro, pois a corte portuguesa chegaria necessitada e
maltratada devido longa travessia do atlntico. A recepo da famlia real, segundo
padre perereca ocorreu tudo bem, com festejos que introduzi ram cerimnias civis e
religiosas, danas e diverses populares.
Segundo o autor, a vinda de D. Joo colnia brasileira trouxe problemas e
custos enormes ao Rio de Janeiro, pois era necessrio alimentar e pagar as
despesas da corte.
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9. Eram 169 trabalhadores livres e 6493 trabalhadores escravos. Num total de 6662 trabalhadores e
555 minas de ouro e diamantes.
10. Os alimentos que pediram foram: carne de vaca, porco, carneiro e aves, alm de uva, pssego,
goiaba, banana, car, batata, batata-doce, milho, mandioca e feijo.
Desde 1808 at 1821 Padre Perereca registrava tudo que via e defendia
suas idias de forma apaixonada (Cf. GOMES, 2007, p.140). Contudo, veio a ser o
melhor e mais detalhado reprter de acontecimentos.
11. UMA CARTA
Neste captulo, o arquivista Luiz Joaquim dos Santos Marrocos, em direo
ao Rio de Janeiro carregava nos pores do navio a ltima remessa de livros da
preciosa Biblioteca Real. Sozinho na sua cabine escreveu uma carta ao pai
Francisco Jos que estava em Lisboa. A carta relatava sobre os dias de viagem no
navio, sobre sua sadem as doenas, a m-alimentao e outros problemas que
tiveram durante a viagem.
13. D. JOO
D. Joo, Prncipe regente at 1816, depois rei do Brasil e de Portugal,
possua medo de siris, caranguejos e trovoadas. Seu nome completo era Joo Maria
Jos Francisco Xavier de Paula Lus Antnio Domingos Rafael de Bragana. Foi o
ltimo monarca absoluto de Portugal e o primeiro e nico de um reino cuja existncia
.no durou mais do que cinco anos: O Reino Unido do Brasil, Portugal e Algarves
(Cf. GOMES, 2007, p.168).
Os historiadores descrevem D. Joo VI como uma pessoa gorda, sem voz
ativa, que cansa os adversrios pela sua calma, covarde e apagado. Chegou ao
poder por acaso, sua me, a rainha I, enlouqueceu e o seu irmo mais velho 13
morreu, assumindo o poder provisoriamente. Possuindo um carter indeciso e
medroso afastou-se da vida pblica e da corte, j que governou Portugal em um
perodo turbulento na histria das monarquias europias.
Pensando que o marido estava demente, por causa do isolamento que se
submetera, a princesa Carlota Joaquina queria afast-lo da regncia de Portugal e
assumir o poder. D. Joo soube do golpe e voltou a Lisboa, assim, marido e mulher
viveram separados. Seu casamento com Carlota Joaquina foi por obrigao e com
ela teve nove filhos.
Na histria de D. Joo VI, trs homens desempenharam, um papel fundamental.
Primeiro D. Rodrigo de Souza Coutinho 14 que retornou o projeto de Pombal de
compensar a fraqueza de Portugal na Europa promovendo o desenvolvimento de
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12. As frutas so: banana, laranja, maracuj, abacaxi e goiaba
13. Seu irmo mais velho, D. Jos era herdeiro natural do trono
14. Este era Conde de Linhares, herdeiro e afilhado do Marques de Pombal, lder da faco inglesa
na corte, foi o responsvel pela mudana da famlia real ao Brasil
seus territrios na Amrica (Cf. GOMES, 2007, p.175) . O segundo foi Antnio de
Arajo e Azevedo15, trouxe em 1807 as impressoras inglesas (mquinas) que
inaugurariam a imprensa no Brasil, transformou a rea da cultura e das cincias. O
terceiro foi Thomaz Antnio Villa Nova Portugal 16, em quem D. Joo confiava
plenamente e tomava as decises por ele.
Sem esses trs homens, D. Joo estava indicado ao fracasso se dependesse
de sua prpria personalidade. Por causa deles a histria de D. Joo como soberano
foi bem-sucedida. Combinou bondade, inteligncia e senso prtico tornando-se um
rei eficiente.
Segundo o historiador Lus Felipe, citado pelo autor, havia muitos funcionrios
exercendo funes relacionadas Coroa, a verba paga a eles era retirada do
tesouro real do Rio de Janeiro. A corte, de acordo com o autor, era esbanjadora,
possua uma grande demanda e devido o seu elevado consumo, provocou a
escassez de galinha no mercado. Segundo os moradores da cidade, os funcionrios
da realeza passaram a vend-las cobrando um preo muito elevado. D. Joo viveu
no Brasil treze anos e durante esse perodo o dficit crescia sem parar, em 1821 o
buraco no oramento foi enorme, mesmo assim a corte continuava a bancar todo
mundo.
A primeira soluo para garantir dinheiro foi o emprstimo da Inglaterra, outra
medida tambm insustentvel foi criao de um banco estatal para pr dinheiro em
circulao esse, portanto, foi o primeiro Banco do Brasil. Estabeleceu-se assim, uma
relao entre a monarquia e a linhagem de negociantes como escreve o autor a
Coroa estabeleceu uma poltica de toma l d c (Cf. GOMES, 2007, p. 191). Os
acionistas do banco eram contemplados pela coroa com ttulos de nobreza, cargos
de deputados do Real junto ao comrcio entre outros privilgios, por outro lado, o
prncipe regente emitia papel-moeda a sua disposio, mas em 1820 o banco j
estava em runa.
Para piorar a situao D. Joo VI ao retornar para Portugal levou as barras de
ouro e os diamantes dos cofres do banco. Essa instituio encerrou em 1829 e s foi
recriado em 1853 no governo do imperador Pedro II.
Atravs de dois personagens Joaquim Azevedo e Targine que
enriqueceram com a corrupo, o autor relata que ambos causaram a celebrao da
roubalheira entre os cariocas.
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substituam o couro de boi, os patins eram transformados em facas, ferraduras em
outros objetos metlicos.
O autor argumenta que os ingleses no foram os nicos beneficiados, muitos
brasileiros e portugueses tambm ficaram ricos, a maioria de forma desonesta. As
madeiras baratas de cor vermelha eram vendidas por comerciantes como se fosse o
ba Brasil, ainda h relatos que vendiam imitaes de vidro por diamantes, dessa
forma os estrangeiros eram enganados.
18. A TRANSFORMAO
Quando a monarquia desembarcou no Brasil, puderam notar entre outras
carncias, a falta de estradas, escolas, tribunais, bancos, moedas, empresas,
hospitais e principalmente a falta de um governo organizado.
Logo que D. Joo chegou ao Brasil, estimulou o povoamento e o
aproveitamento das riquezas da colnia, tinha tambm o intuito de aumentar a
influncia portuguesa na Amrica buscando por esse motivo ampliao das
fronteiras brasileiras.
Com o fracasso da expanso territorial D. Joo visava fazer mudanas
administrativas que segundo o autor, [...] teriam grande impacto no futuro do pas
(Cf. GOMES, 2007, p.215). Em Salvador a principal deciso foi a abertura dos
portos. No Rio de Janeiro foi concedido a liberdade comercial manufatureira no
Brasil. A ordem de 1785 que proibia a colnia de fabricar foi anulada em 1 de abril.
Sem as proibies comeam a surgir diversas fbricas no Brasil. Em 1811 foi
criada a primeira fbrica de ferro pelo governador de Minas Gerais, trs anos depois,
esse mesmo governador, agora na Provncia de So Paulo, auxilia a construo de
outra indstria siderrgica.
D. Joo autorizou a abertura de novas estradas que estavam proibidas por lei
desde 1733, cessando desde modo o isolamento. Em 1809 foi aberta uma estrada
entre Gois e Regio Norte do pas, onde o objetivo era tornar fcil a comunicao
com a Guiana Francesa.
Outras novidades foram s criaes de escolas superiores, pois no Brasil no
havia nenhuma faculdade, estava restrito as ensino bsico e tambm segundo
Gomes, confiado a Igreja.
Alm de mudar o Brasil no aspecto administrativo, D. Joo dedicava-se a
promover as artes, a cultura, tentar infundir algum trao de refinamento e bom gosto
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nos hbitos atrasados da colnia (Cf. GOMES, 2007, p.219). D. Joo contratou
famosos artistas franceses para cumprir essa misso, pagou todas as despesas,
porm exigia que ficassem pelo menos seis meses no Brasil.
O autor comenta que o Rio de Janeiro apresentava novos hbitos e
comportamentos entre seus moradores. Atravs dos anncios publicados na Gazeta
do Rio de Janeiro a partir de 1808 era possvel notar a mudana de hbitos da
sociedade carioca. No incio das publicaes, segundo o autor, os anncios tratavam
de alugueis de cavalos, venda de terrenos e alguns servios bsicos, porm em
1810 passam a oferecer pianos, livros, tecidos de linho, champanhe, quadros entre
outras mercadorias. As lojas cariocas estavam repletas de produtos que chegavam
de Paris.
Um smbolo de poder e riqueza dos senhores eram representados pelo
nmero de escravos e serviais que o acompanhavam.
20. ESCRAVIDO
Os escravos, diferentemente dos brancos, no eram sepultados nas igrejas
prximos de Deus e do paraso, o autor coloca que eles eram jogados em terrenos
baldios ou valas e ainda atiravam fogo. Com a chegada da corte no Brasil, vrios
negros vindos da frica eram despejados no Mercado do Valongo, onde eram
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negociados tal como os animais. Cerca de 10 milhes de escravos africanos que
entre os sculos XVI a XIX foram vendidos para Amrica, o autor relata que quase
40% desse total foi recebido pelo Brasil.
Segundo Gomes o trfico de escravos era um negcio gigantesco, que
movimentava centenas de navios e milhares de pessoas dos dois lados do Atlntico
(Cf. GOMES, 2007, p. 242). Os escravos revendidos para traficantes regionais, eram
logo distribudos para fazendas e minas do pas, esses pequenos traficantes ficaram
conhecidos como camboeiros. A metade dos comerciantes cariocas em 1812
tornaram-se traficantes de escravos, esse comrcio recolhia 80 000 libras esterlinas
de impostos para o Estado, hoje esse valor equivale a 18 milhes de reais.
Os escravos africanos eram comprados no sculo XVIII por barras de ouro
contrabandeada, depois da proibio feita pela coroa quanto ao uso de metais na
compra de escravos, passou-se a usar produtos coloniais. Muitos escravos morriam
antes mesmo de chegarem ao seu destino, os pores dos navios negreiros estavam
em pssimas condies e sem nenhuma higiene. O autor coloca que o nmero de
mortes dos escravos eram maiores quando saiam de Moambique para o Brasil,
onde a viagem durava 76 dias.
De acordo com Gomes, o trfico negreiro se deparava com riscos como: os
constantes naufrgios e os ataques dos piratas. Os traficantes de escravos do Rio
de Janeiro eram pessoas importantes, tinham influncia tanto no meio social quanto
nos negcios do governo.
Os proprietrios que tinham bastantes escravos alugavam a outros e assim
obtinham um lucro extra. A punio dos escravos no Brasil era muito severa. O Frei
Jorge Benci aconselhava para que as chibatas sofridas pelos escravos no fossem
mais de 40 por dia. A falta mais grave com exceo ao homicdio, era a fuga, onde o
refugio principal era a prpria cidade.
21. OS VIAJANTES
Com a abertura dos portos brasileiros ouve uma intensa visita de
estrangeiros, tudo o que era observado era registrado em duas obras, faziam
descries da cidade, paisagens, hbitos, dos tipos de pessoas, e, acabaram por
fazer muitas descobertas cientficas.
No sculo XIX diz o autor alguns estrangeiros relataram que o Brasil era
uma colnia preguiosa e sem vocao para o trabalho, um outro relato foi sobre a
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presena do analfabetismo e a falta de cultura. Mas com a venda de gegrafos,
botnicos, gelogos e etngrafos o Brasil cresceu em conhecimentos e descobriu
coisas de grande valor.
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guesa fizeram com que as idias liberais francesas e americanas encontrassem em
Pernambuco um campo frtil (Cf. GOMES, 2007, p.287).
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27. Um dia depois da partida da famlia real um pequeno terremoto sacudiu a cidade de Lisboa e foi
interpretado como um mal pressgio.
em Lisboa tentou tranqilizar os portugueses prometendo proteg-los e a seus
direitos. No foi o que aconteceu. Suas tropas saquearam a cidade e sentindo-se
enganado pela fuga da corte portuguesa Napoleo impe a Portugal duras punies:
indenizao de guerra no valor de 100 milhes de francos, confisco das
propriedades de todos os portugueses que haviam partido junto com o prncipe
regente, parte dos 40 000 soldados do exrcito portugus foi incorporada as tropas
francesas e o governo provisrio nomeado por D. Joo foi destitudo.
Nesses dias de medo duas atitudes opostas podiam ser observadas: os
nobres com privilgios e propriedades a resguardar [...] procuraram aderir
rapidamente ao conquistador (Cf. GOMES, 2007, p.307); e os portugueses comuns
que resistiram ao invasor.
O autor diz que em sete anos (1807 a 1814) Portugal perdeu meio milho
de habitantes28, mas graas resistncia obstinada de portugueses e espanhis, a
Inglaterra conseguiu, finalmente, furar o bloqueio continental imposto por
Napoleo e iniciar a srie de campanhas vitoriosas da Guerra Peninsular (Cf.
GOMES, 2007, p. 309). Portugal no entanto, no se beneficiou imediatamente
dessas vitrias29 e na ausncia da corte, transformou-se na prtica num protetorado
britnico30.
Aps algumas tentativas de derrubada da monarquia absoluta fracassar os
governadores portugueses fieis a D. Joo o alertam do crescente clima de
insatisfao31 presente na metrpole devido aos crescentes privilgios assegurados
por D. Joo a ingleses e brasileiros depois da mudana para o rio de Janeiro (Cf.
GOMES, 2007, p. 312).
Em Portugal alimentava-se a esperana que terminando a guerra o rei
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27. Um dia depois da partida da famlia real um pequeno terremoto sacudiu a cidade de Lisboa e foi
interpretado como um mal pressgio.
28. Um sexto da populao pereceu de fome ou nos campos de batalha ou simplesmente fugiu do
pas, tanto que o embaixador de Portugal em Londres dizendo que o nmero de refugiados
portugueses na Inglaterra enorme e como a corte portuguesa estava falida era obrigado a pedir ajuda
financeira ao governo ingls
29. Aps a primeira vitria dos ingleses sobre os franceses Junot faz um acordo de retirada em troca
da proteo britnica de retornar ele e o seu comando - sem serem molestados at a Frana. O
mais incrvel foi que as duas potncias repartiram entre si o butim de guerra sem levar em conta os
portugueses.
30. O Marechal Beresford assumiu de fato, o governo de pas entre 1809 e 182031. Os comerciantes
portugueses devido abertura dos portos em 1808 e ao tratado especial de comrcio com os
ingleses quase foram falncia.
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31. Os comerciantes portugueses devido abertura dos portos em 1808 e ao tratado especial de
comrcio com os ingleses quase foram falncia.
retornaria, mas no foi isso o que aconteceu sendo que ele sabia que suas chances
de sobrevivncia32 estariam no Brasil e no em Portugal
Tropas rebelaram-se na manh de 24 de agosto contra o domnio ingls e no
dia 27 constituda na cidade de Alcobaa a Junta Provisional Preparatria da
Cortes encarregada de redigir uma nova constituio liberal e exigindo a volta do rei
a Portugal. Em 17 de outubro de 1820 os revoltosos chegam ao Rio de Janeiro
trazido pelo brigue Providncia.
O autor diz que D. Joo VI enfrenta um dilema:
26. O RETORNO
Este captulo dedicado a partida do rei D. Joo VI do Rio de Janeiro para
Portugal no dia 26 de abril de 1821 era o ato final da corte portuguesa no Brasil
(Cf. GOMES, 2007, p. 318), deixando para trs um pas totalmente mudado com o
processo de independncia eminente.
Na manh de 26 de fevereiro uma multido aglomerada no Largo do Rocio
exigia a presena do rei e que ele assinasse a Constituio Liberal. Sem alternativa
o ltimo rei absoluto de Portugal e Brasil, aceitava, sim, jurar e assinar a
Constituio que lhe tirava parte de seus poderes.
A comitiva do rei inclua cerca de 4 000 portugueses no total dos 40 000 que o
haviam acompanhado na fuga de 1808. O retorno da corte deixou o Brasil mngua
s vsperas de sua independncia, pois segundo Gomes D. Joo raspou os cofres
do Banco do Brasil e levou embora o que ainda restava do tesouro real que havia
trazido para a colnia em 1808 (Cf. GOMES, 2007, p. 321). Esse saque de recursos
teve conseqncias dramticas na economia brasileira.
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32. Relacionado ao seu futuro como rei de Portugal
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D. Joo chega a Lisboa no dia 3 de julho tendo novamente a bordo do navio
jurar a nova constituio aceitando algumas imposies que na poca da
monarquia eram inimaginveis como a proibio de vrios de seus companheiros ao
desembarque acusados de corrupo.
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33. Abrangeria as atuais regies Sul e Sudeste, incluindo as provncias de Minas Gerais, Rio de
Janeiro, Esprito Santo, So Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul. Gois e Mato Grosso.
34. Seria formada na Regio Nordeste incluindo Bahia, Sergipe, Alagoas Pernambuco, Paraba, Rio
Grande do Norte e Cear.
35. Abrangeria Maranho, Gro-Par e a Provncia do rio Negro, no atual Estado do Amazonas.
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O autor tambm discutir as causas da independncia brasileira resultante
menos do desejo de separao dos brasileiros do que das divergncias entre os
prprios portugueses (Cf. Gomes, 2007, p. 331).
Ele falar que essa independncia no significa que o Brasil estava pronto
para a mesma, mas ela parecia inevitvel para impedir a qualquer custo que o Brasil
se tornasse uma repblica. A soluo proposta foi manter a monarquia centralizada
e com poderes fortes, capaz de impedir insurreies populares e movimentos
separatistas.
O que se viu em 1822 foi, portanto, uma ruptura sob controle, ameaada
pelas divergncias internas e pelo oceano de pobreza e marginalizao
criado por trs sculos de escravido e explorao colonial (Cf. GOMES,
2007, p. 334).
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amas-de-leite negras para alimentar os filhos da elite e escravos para ajudar em
casa.
O autor fala sobre a importncia da biblioteca real brasileira para a coroa
portuguesa e da insistncia de Marrocos em trazer o restante da famlia para o
Brasil. O que ele dizia a seu pai valia para todos os portugueses e brasileiros
naquele momento decisivo. Portugal era o passado, o velho, as idias antigas, o
sistema colonial e a decadncia. O Brasil era o novo, o futuro, a riqueza, a
prosperidade, a transformao (Cf. GOMES, 2007, p. 344).
29. O SEGREDO
Nesse captulo Gomes revela um segredo guardado por muitos anos que foi a
filha que o arquivista real Luiz Joaquim dos Santos Marrocos tivera antes do
casamento com sua mulher Anna Maria e que a mesma aos quatro meses de idade,
no dia 22 de novembro, Joaquina foi batizada na Irmandade do Santssimo
Sacramento da S (Cf. GOMES, 2007, p. 347). Esse fato serve para ilustrar que
naquela poca uma gravidez fora do casamento era motivo de escndalo (Cf.
GOMES. 2007, p.349) e que existiam instituies irmandades religiosas
mantidas por leigos de alta distino social, tinha entre suas responsabilidades
abrigar e dar assistncia a crianas rfs de mes solteiras de famlias abastadas
(Cf. GOMES, 2007, p.350), e que era um hbito a entrega de crianas no
desejadas para adoo no Rio de Janeiro.
BIBLIOGRAFIA
GOMES, Laurentino. 1808: como uma rainha louca, um prncipe medroso e uma
corte corrupta enganaram Napoleo e mudaram a histria de Portugal e do
Brasil. 6. ed. So Paulo: Planeta do Brasil, 2007.
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