Circuitos Elétricos II
Circuitos Elétricos II
Circuitos Elétricos II
Circuitos Eltricos II
Notas de Aula
Campina Grande - PB
Chagas DEE / UFCG
UNIDADE I
ANLISE DE CIRCUITOS EM REGIME SENOIDAL
1. Introduo
Este captulo trata da anlise de circuitos que operam em regime permanente sob excitao
senoidal. So estabelecidas as definies de fasor, impedncia e admitncia, formulando-se as
leis de Kirchhoff no domnio da frequncia. Descreve-se o processo de construo de diagramas
de impedncias e de diagramas fasoriais. Tambm estudado o fenmeno de ressonncia.
Em seguida, so apresentados os conceitos de potncia instantnea, ativa, reativa, aparente
e complexa, alm de fator de potncia.
Finalmente, so estudados aspectos relacionados transmisso de energia em circuitos de
corrente alternada, demonstrando-se o teorema da mxima transferncia de potncia e
estabelecendo-se consideraes sobre aplicao de capacitores para correo do fator de
potncia.
Vm Vm
i (t ) = sen( t + ) + I 0 sen( ) e ( R / L )t (1.2)
R + L
2 2 2
R + L
2 2 2
= tan 1 (L / R ) (1.3)
1
Chagas DEE / UFCG
V-se que a corrente resultante apresenta duas componentes: uma componente transitria,
com decaimento exponencial, e uma componente senoidal de estado estacionrio, como
mostrado na Fig. 1.2.
Fig. 1.2. Forma de onda tpica de corrente de curto-circuito em uma rede eltrica.
3. Fasores
3.1 Definio de Fasor
Sendo e a base neperiana, a identidade de Euler estabelece que:
2
Chagas DEE / UFCG
Z = a2+ b2 (1.6)
= tan 1 (b / a ) (1.7)
( )
Re( Z ) = Re Z e j = Re(Z cos + j Z sen ) = Z cos = a (1.8)
Im( Z ) = Im(Z e ) = Im(Z cos + j Z sen ) = Z sen = b
j
(1.9)
Esta grandeza definida como o fasor de f (t). Assim, partindo-se da funo cosseno, o fasor
desta funo um nmero complexo cujo mdulo a amplitude Fm, e cujo ngulo de fase a
defasagem angular, .
3
Chagas DEE / UFCG
f (t ) = Fm cos ( t + ) = F -1 [F ] (1.14)
A maioria dos autores define fasor a partir da funo cosseno. Entretanto, esta definio
pode ser feita a partir da funo seno, desde que se faa:
f (t ) = Im [ Fm e j . e j t ] (1.15)
A representao de um fasor tambm pode ser feita pela notao de Steinmetz, ou seja:
F = Fm (1.16)
Outra observao que o mdulo de um fasor tambm pode ser tomado como sendo o
valor eficaz da onda (fasor eficaz), ao invs da amplitude (fasor amplitude). Assim, tambm
usual assumir:
( )
F = Fm / 2 = Fe (1.16)
Por enquanto, ser considerado o fasor amplitude. Nas aplicaes relacionadas a potncia
eltrica, o fasor eficaz passar a ser utilizado.
F = 220 2 e j / 3 = 220 2 / 3
f (t ) = Re [ 220 2 e j / 3 . e j120 t ]
f (t ) = Re [110 2 e j / 3 . e jt ] = Re [110 2 e j (t / 3) ]
= Re [110 2 (cos t / 3) + j 110 2 sen( t / 3)]
f (t ) = 110 2 cos( t / 3)
F = 110 2 e j = 110 2 e j 0
F = 110 2 = 110 2 0
O fasor tambm poderia ser determinado a partir da funo seno, resultando em:
Neste caso, todos os outros fasores relacionados ao problema tambm deveriam ser
determinados a partir da funo seno.
Assim, pode-se definir fasor do sinal f(t) como o nmero complexo F que, ao girar no sentido
anti-horrio com velocidade angular , a projeo do mesmo no eixo horizontal (eixo real)
descreve a variao do referido sinal em funo do tempo.
V
Z= (1.17)
I
A unidade de impedncia ohm (). Apesar de ser um nmero complexo igual razo entre
dois fasores, a impedncia no um fasor, pois no representa uma grandeza que varia
senoidalmente com o tempo.
Considerando o mesmo elemento de circuito, define-se admitncia como a relao entre o
fasor corrente e o fasor tenso, ou seja, o inverso da impedncia:
I 1
Y= = (1.18)
V Z
A unidade de admitncia o Siemens ( S ).
6
Chagas DEE / UFCG
v(t ) = L
di (t )
dt
=L
d
dt
[ ] [ ] [
Re( I .e jt ) = Re jL I .e jt = Re V .e jt ] (1.25)
V = jL I (1.26)
V
ZL = = jL = jX L (1.27)
I
V-se que a impedncia de um indutor um nmero imaginria puro. A grandeza XL = L
denominada reatncia indutiva, expressa em ohms ().
Fazendo o ngulo de fase de V igual a , tem-se V = Vm e I = Im . o problema consiste
em calcular a defasagem entre a corrente e a tenso; assim:
Vm e j = jL I m e j =1e j / 2 L I m e j = L I m e j ( + / 2) (1.28)
Assim, tem-se + /2 = ou = - /2. mostrado na Fig. 1.6 que, no caso do indutor, a
corrente acha-se atrasada de 90o da tenso.
A admitncia do indutor :
1 1 1
YL = = =j = jBL (1.29)
Z L j L L
A grandeza BL = - 1/L denominada susceptncia indutiva, expressa em siemens (S).
i (t ) = C
dv (t )
dt
=C
d
dt
[ ] [ ]
Re(V .e jt ) = Re j C V .e jt = Re I .e jt [ ] (1.30)
I = j CV (1.31)
V 1 1
ZC = = =j = jX C (1.32)
I j C C
7
Chagas DEE / UFCG
A admitncia do capacitor :
1
YC = = j C = jBC (1.34)
ZC
A susceptncia capacitiva BC = C expressa em siemens (S).
8
Chagas DEE / UFCG
I1 + I 2 + ... + I n = 0 (1.39)
Neste ponto, conclui-se que os conceitos de fasor, impedncia e admitncia proporcionam
notvel simplificao na anlise de circuitos em regime estacionrio com excitao senoidal,
pois as equaes integrodiferenciais que descrevem os circuitos com capacitores e indutores
podem ser substitudas por equaes algbricas de variveis e coeficientes complexos.
9
Chagas DEE / UFCG
V V V 1 1 1 V
I= + + ... + = + + ... + V = (1.43)
Z1 Z 2 Z n Z1 Z 2 Zn Z ab
1 1 1 1
= + + ... + (1.44)
Z ab Z1 Z 2 Zn
(a) (b)
No caso da Fig. 1.10 (a) e da Fig. 1.10 (b) tem-se, respectivamente, as seguintes impedncias:
Z RL = R + jL (1.46)
1
Z RC = R j (1.47)
C
Para as admitncias, pode-se escrever:
1 R jL R L
YRL = = 2 = 2 j 2 (1.48)
R + jL R + (L) 2
R + (L) 2
R + (L) 2
1 1
R+ j
YRC =
1
= C = R
+j C
1 2 2 2 (1.49)
R j 1 1 1
C R + C R + R +
2 2 2
C C
Na Fig. 1.11 so mostradas associaes RL e RC em paralelo.
(a) (b)
Fig. 1.11. ( a ) Associao RL em paralelo; ( b ) Associao RC em paralelo.
10
Chagas DEE / UFCG
1 2 LC 1
Z RLC = R + jL j = R+ j (1.50)
C C
Numa associao RLC em paralelo, tem-se para a admitncia equivalente:
1 1 1 2 LC 1
YRLC = j + j C = + j
R L R L (1.51)
Exemplo 4 Por um elemento de circuito passa uma corrente i(t) = 2,5 cos(2500t - 30o),
estando este submetido a uma tenso v(t) = 5 sen(2500t - 30o). Qual o elemento?
Soluo Exprimindo v em termos de cosseno:
V 5 120o
Z= = = 2 90o Z =- j2
I 2,5 30 o
11
Chagas DEE / UFCG
I L = 5 45o
( )( )
V = Z L I L = 10 90o 5 45o = 50 45o
V 50 45o
IR = = = 5 45o
R 10
IT = I R + I L = 5 45o + 5 45o = 5 2 0o
iT = 5 2sen (2000t )
7. Diagramas Fasoriais
Os diagramas fasoriais so representaes dos fasores tenso e/ou correntes no plano
complexo, de modo a reproduzirem graficamente as leis de Kirchhoff. Na Fig. 1.14, Fig. 1.15 e
Fig. 1.16 so mostrados esses diagramas para os circuitos RL, RC e RLC em srie. Na Fig. 1.17,
Fig. 1.18 e Fig. 1.19 so considerados os circuitos RL, RC e RLC em paralelo.
12
Chagas DEE / UFCG
Fig. 1.16. Associao RLC em srie e diagrama fasorial ( a ) |XL| < |XC|; ( b ) |XL| > |XC|.
13
Chagas DEE / UFCG
Fig. 1.19. Associao RLC em paralelo e diagrama fasorial ( a ) |XL| < |XC| ; ( b ) |XL| > |XC|.
14
Chagas DEE / UFCG
Uma regra a ser seguida que a grandeza de referncia deve ser aquela que seja comum ao
maior nmero possvel de circuitos. Para os elementos em srie, foi tomada a corrente. Para os
elementos em paralelo, foi tomada a tenso. Por simplicidade, atribui-se a essa grandeza o
ngulo de fase 0o.
Exemplo 7 Em relao ao circuito da Fig. 1.20, determinar a corrente fornecida pela fonte,
a queda de tenso sobre cada elemento do circuito e esboar o diagrama fasorial. Considera-se
o fasor eficaz.
ZT = 3 + j8 j 4 = 3 + j 4 = 553,1o
100 0 o
I= = 20 53,1o VR = R I = 3 x 20 53,1o = 60 53,1o
5 53,1o
Uma observao importante que a tenso da fonte 100 V, enquanto a tenso no indutor
160 V (explicar). Ainda mais, por que o diagrama da Fig. 1.21 mostra-se mais complicado que
o da Fig. 1.16 (b), se o circuito considerado o mesmo?
15
Chagas DEE / UFCG
29,9 2 22,32 82
I 2 = I12 + I 22 + 2 I1 I 2 cos cos = = 0,932
2 x 22,3 x 8
1
L= = 39,4 mH
0,1858 x 0,363x 2x60
16
Chagas DEE / UFCG
8. Ressonncia
8.1 Definio
Na Fig. 1.24 mostrada uma fonte de tenso senoidal, a qual alimenta uma associao de
resistores, indutores e capacitores interligados de forma arbitrria. Diz-se que ocorre
ressonncia quando a tenso aplicada v(t) e a corrente resultante i(t) esto em fase. Assim, a
impedncia vista dos terminais de entrada do circuito apresenta-se como uma resistncia pura.
Fig. 1.24. Representao de um circuito RLC alimentado por fonte de tenso senoidal.
Nessas condies, as energias armazenadas nos campos eltricos dos capacitores e dos
indutores so compartilhadas exclusivamente por esses elementos de circuito, sem que a fonte
tome parte no processo. Assim, a interao entre a fonte e o resto do circuito resume-se ao
fornecimento da energia que dissipada nos elementos resistivos.
Para explicar esse fenmeno, considerando o circuito RLC em srie da Fig. 1.25. A
impedncia vista dos terminais da fonte dada por:
1
Z = R + j L = R + jX = Z Z (1.52)
C
2
1
Z = R + L
2
(1.55)
C
2 LC - 1
Z = arctg (1.56)
RC
1
Y= (1.57)
2
1
R + L
2
C
2 LC - 1
Y = arctg (1.58)
RC
So mostradas na Fig. 1.26 e a Fig. 1.27 as variaes dos mdulos e dos ngulos da
impedncia Z e da admitncia Y vistas dos terminais de entrada do circuito.
18
Chagas DEE / UFCG
Im I
VC (t ) = cos(t / 2) = m sent (1.63)
C C
1 1 I m2
WC (t ) = C vC (t ) 2 = sen2t (1.64)
2 2 C
2
1 2 2 1
W (t ) = WL (t ) + WC (t ) = L I m cos t + 2 sen 2t (1.65)
2 LC
Para = 0 = 1/(LC), tem-se:
19
Chagas DEE / UFCG
1 2 1 1 1 2 2 1
W (t ) = L I m = L o2 C 2Vm2 = L C Vm = CVm2 (1.66)
2 2 2 LC 2
Isso mostra que, em condies de ressonncia, a energia total armazenada nos elementos
reativos constante, no havendo troca de energia entre esses elementos e a fonte.
A energia dissipada num circuito ressonante durante um ciclo o produto da potncia
mdia, P, pelo perodo T = 1/ fo = 2/ fo, ou seja:
2
Im R I m2
WD = P.T = R T= (1.67)
2 2 fo
20
Chagas DEE / UFCG
Soluo - Para que a tenso no resistor seja mxima, a corrente tambm dever ser mxima,
o que implica em uma impedncia total mnima. Para que isso ocorra, o circuito dever estar
em ressonncia, ou seja:
1 1
X L = L = = = 50.
C 1000 x20 x106
Z = R + j ( X L X C ) = R = 50o
V 100o
I= = = 2 0o
Z 5 0o
VR = R I = 5 0o x20o =10 0o
Exemplo 10: Determinar o valor de C que torna o circuito da Fig. 1.30 ressonante em =
500 rad/s.
21
Chagas DEE / UFCG
1 1 8 j 6 8,34 + jX C 8 8,34 XC 6
Y= + = 2 2+ = + + j
8 + j 6 8,34 jX C 8 + 6 8,34 + X C 100 69,5 + X C2
2 2
69,5 + X C 100
2
Em ressonncia, tem-se:
XC 6
= X C2 16,7 X C + 69,5 = 0
69,5 + X C 100
2
1 R jL R L
Y= + j C = 2L + j C = 2 L 2 2 + j C 2
2 2
RL + jL RL + L
2 2
RL + L RL + L
Em ressonncia, tem-se:
o L 1 RL2C
o C = o = 1
RL + o2 L2
2
LC L
Para RL = 0 (indutor ideal), tem-se o = 1/(LC). Considerando uma fonte de tenso v(t) =
Vm cost nos terminais de entrada do circuito, a corrente no indutor :
Vm 0 o V
IL = =j m
jo L o L
Como oC = 1 / (o L), tem-se no capacitor:
Vm
I C = jo C.Vm 0 o = j
o L
A corrente total :
22
Chagas DEE / UFCG
Vm V
I = I L + IC = j + j m =0
o L o L
Assim, tem-se um oscilador ideal, o qual recebe o nome de circuito tanque. No mesmo,
nenhuma energia trocada entre a fonte e o resto do circuito. Conforme ser visto em
detalhes mais adiante, durante meio ciclo de tenso, o indutor transfere energia do seu campo
magntico para o campo eltrico do capacitor, invertendo-se esse processo no meio ciclo de
tenso seguinte. Assim, o processo ocorre sem amortecimentos nas amplitudes da ondas de
tenso e de corrente, pois no h dissipao de energia.
1
p(t ) = Vm I m [cos(t t ) + cos(t + t + )] = Vm I m [cos + cos(2t + )] (1.75)
2 2 2
p(t ) = V I [cos + cos(2t + )] (1.76)
As grandezas V e I so os valores eficazes de v(t) e i(t).
23
Chagas DEE / UFCG
Fig. 1.33. Variaes de v(t), i(t) e p(t) em um circuito RLC com excitao senoidal.
24
Chagas DEE / UFCG
pL (t ) = V I sen2t (1.78)
Para o circuito puramente capacitivo, = 90 , e ento:
o
pC (t ) = V I sen 2t (1.79)
Na Fig. 1.35 e na Fig. 1.36 v-se que, em qualquer instante, pL(t) e pC(t) apresentam sinais
opostos.
Fig. 1.34. Onda da potncia instantnea em um circuito resistivo com excitao senoidal.
Fig. 1.35. Onda da potncia instantnea em um circuito indutivo com excitao senoidal.
Fig. 1.36. Onda da potncia instantnea em um circuito capacitivo com excitao senoidal.
25
Chagas DEE / UFCG
Os sinais opostos de pL(t) e pC(t) indicam que, durante um quarto de ciclo de tenso, o
indutor recebe energia da fonte, passando a fornecer no quarto de ciclo seguinte. O contrrio
ocorre com o capacitor. Ademais, essas potncias oscilam em torno de um valor mdio igual a
zero, indicando que no so convertidas em outras formas de potncias no-eltricas.
( )
S = V I * = Z I * I * = Z I 2 = R I 2 + jX I 2 = P + jQ (1.91)
P = RI 2
(1.92)
Q = X I2 (1.93)
27
Chagas DEE / UFCG
S = Z I2 (1.94)
S = P2 + Q2 (1.95)
( )
S = V I * = V (V/Z ) = V V * /Z * = V 2 / Z *
*
(1.96)
S =V 2 / Z (1.97)
( ) ( ) ( )
S = V 2 / Z * = V 2 Z / Z 2 = V 2 /Z Z / Z = V 2 /Z = V 2 /Z (cos + jsen ) = P + jQ (1.98)
(
P = V 2 / Z cos ) (1.99)
Q = (V 2
/ Z ) sen (1.100)
Como ser visto mais adiante, a representao grfica das potncias permite que diversos
problemas de soluo analtica laboriosa possam ser mais facilmente resolvidos atravs de
recursos da geometria euclidiana, como o teorema de Pitgoras, lei dos senos, lei dos cossenos,
etc.
Exemplo 12: Dado um circuito com uma tenso aplicada v(t) = 14,14 cost e uma corrente
i(t) = 17,1x10-3 cos(t-14,05o), determinar o tringulo de potncias.
Soluo Os fasores tenso e corrente so:
V = (14,14 / 2 )0o =10 0o
29
Chagas DEE / UFCG
S2 6662 + 13322
V= = = 100 V = 71,6o
I2 14,9
V2 1002
Z1 = = = 2,82 45o = 2 j 2
S1* 3534,845o
8 j2
I1 = x19,440 o = 6,94 9,06 o
15 + 8 j 2
P1 =15 I12 = 15 x 6,942 = 722,4 W
P2 = P P1 = 2000 722,4 = 1277,6 W
Outro mtodo:
I1 V / Z1 I1 Z 2 82 + 2 2
= = = = 0,55
I2 V / Z2 I 2 Z1 15
P1 15 I12 15
P1 =15 I12 , P2 = 8 I 22 = = x 0,552 = 0,567
P2 8 I 22 8
P1 0,567 P1
= = 0,362 = 0,362
P1 + P2 0,567 + 1 P
30
Chagas DEE / UFCG
Considerando o circuito da Fig. 1.42, suposto que a impedncia da fonte, ZS = RS+j XS, seja
fixa. Deseja-se calcular a impedncia da carga, Z = R j X, de modo que a potncia nela
dissipada seja mxima.
Caso 1: R e X variveis.
A potncia dissipada :
R VS2
P = RI 2 = (1.102)
( RS + R) 2 + ( X S + X ) 2
Em relao a X, v-se de (1.101) que a potncia mxima ocorre para X = -XS, ou seja:
R VS2
P= (1.103)
( RS + R) 2
VS2
PF , MAX = (1.107)
2 RS
Neste caso, no se pode variar o valor de X. Da expresso (1.102), quando se iguala a zero a
derivada de P em relao a R, tem-se:
dP
= VS2
[
( RS + R) 2 + ( X S + X ) 2 R . 2( RS + R )]=0
dR [( RS + R) 2 + ( X S + X ) 2 ]2 (1.109)
Simplificando, obtm-se:
Caso 3: R varivel, X = 0.
R = RS2 + X S2 = Z S (1.111)
32
Chagas DEE / UFCG
sabido que a potncia til consumida pelas cargas a potncia ativa, P, a qual consiste na
componente real da potncia complexa, S = P + j Q. Em outras palavras, P a componente de
S que convertida pelo usurio final em formas de potncia no eltricas, correspondendo ao
valor mdio da potncia instantnea p(t), como indica a expresso (1.76).
A potncia reativa, Q, corresponde parte imaginria de S, que tambm o valor de pico de
uma componente senoidal de p(t), conforme indicado em (1.76). Como o valor mdio desta
componente nulo, Q pode ser associada a potncias trocadas entre a fonte e elementos
armazenadores de energia (capacitores e indutores), que no correspondem energia
efetivamente utilizada pelos consumidores. O transporte da potncia reativa Q atravs dos
circuitos deve ser minimizado, pelos motivos expostos a seguir.
Ainda que a potncia efetivamente utilizada pelo consumidor seja a potncia ativa P, a
concessionria de energia ter de fornecer uma potncia S = (P2+Q2), ou seja, alm da
potncia ativa, ela tambm dever fornecer a potncia reativa requerida pelo consumidor.
Isto implica em maior investimento nos sistemas de gerao, transmisso e distribuio, pois
os equipamentos sero sobredimensionados.
A potncia reativa est associada a uma componente da corrente I igual a I sen , a qual , ao
circular na linha, produz perdas hmicas, reduzindo o rendimento na transmisso.
Conforme ser visto, o transporte de potncia reativa atravs da linha implica em queda de
tenso nos terminais da carga.
A soluo mais simples e barata para evitar circulao de potncia reativa na rede consiste
em instalar bancos de capacitores junto carga, no sentido de compensar o efeito indutivo da
mesma, levando o circuito condio de ressonncia. Conforme foi visto, nessa condio no
h troca de potncia reativa entre a fonte e o resto do circuito, o que torna cos = 1.
33
Chagas DEE / UFCG
Caso a instalao apresente cos < 0,92, o consumidor ter sua conta de energia acrescida
de acordo com o estabelecido no artigo 65 da citada resoluo.
VS =VR + R I + jX I (1.112)
Com S fechada, resulta:
34
Chagas DEE / UFCG
A queda de tenso ao longo da linha torna-se menor (VS - VR < VS - VR), ou seja, h melhor
regulao.
A corrente requerida pela carga torna-se menor ( I < I ), ocorrendo menores perdas ou
evitando-se sobredimensionamento dos condutores da linha e equipamentos.
H possibilidade de instalao de cargas adicionais no sistema, sem necessidade de aumento
das potncias nominais dos equipamentos existentes no sistema (gerador, linha de
transmisso, etc).
Fig. 1.45. Tringulos de potncias antes (S, P, Q) e aps a correo (S, P, Q).
A potncia ativa P permanece constante. A potncia reativa cai de Q para Q, de modo que
a potncia reativa e a capacitncia do banco de capacitores so dadas por:
QC = Q Q ' = P (tan - tan ') (1.114)
QC
C= (1.115)
2 f V 2
Exemplo 16: Um transformador de 250 kVA, tenso secundria nominal de 220 V, est
funcionando a plena carga com fator de potncia igual a 0,85 em atraso. (a) Qual a capacitncia
do banco necessrio para corrigir o fator de potncia para 0,98 atrasado? (b) Aps a correo,
instalada outra carga em paralelo carga j existente, com fator de potncia igual a 0,85 em
atraso. Qual o mximo valor de potncia ativa dessa nova carga, sem que haja sobrecarga no
transformador?
35
Chagas DEE / UFCG
Neste caso, S = S = 250 kVA, pois o transformador volta a operar a plena carga. Para o
tringulo maior, tem-se:
Para que as perdas na linha sejam mnimas, a corrente tambm dever ser mnima. Assim, o
banco de capacitores dever ser ajustado de modo que a impedncia total da carga seja
mxima. Isso ocorre quando o mdulo da admitncia do ramo capacitivo igual ao mdulo da
admitncia do ramo indutivo (condio de ressonncia), ou seja:
YC = YL oC =1 / X L
1
C= = 11,05 F
2 x 60 x 240
VL 48000o
Z CC = 160 I CC = = = 300o A
Z CC 160
VS,CC = VL + Z L I CC = 48000o + (1 + j8) x 30 = 4835,962,84o V
Sendo ZSC a impedncia da carga sem o banco de capacitores, tem-se:
160 x j 240
Z SC = = 133,1333,69o
160 + j 240
VL 48000o
I SC = = = 36,05 33,69o A
Z SC 133,1333,69 o
4994,77 4835,96
V% = 100 x = 3,3%
4835,96
PCC = RL I CC
2
=1 x 302 = 900 W
PSC = RL I SC
2
=1 x 36,052 = 1299,6 W
1299,6 900
P% = 100 x = 44,4%
900
37
Chagas DEE / UFCG
A instalao de capacitores em srie com a carga, como mostrado na Fig. 1.48, tambm
causa aumento do fator de potncia. Isto se explica pelo fato de que a instalao tem parte de
sua reatncia indutiva cancelada, aproximando-se de um circuito em condio de ressonncia.
Observa-se que, com S aberta, cos > cos , e tambm que VS < VS (reduo na queda de
tenso ao longo da linha). Entretanto, a instalao de capacitores em srie nunca utilizada
para correo de fator de potncia. Isto se deve ao fato de que as cargas so ligadas em
paralelo, sendo submetidas a tenses que devem variar dentro de faixas as mais estreitas
possveis. Com os capacitores em srie, a carga sofre uma queda de tenso igual ao produto da
corrente pela reatncia capacitiva. Assim, a tenso na carga sofre significativas variaes
quando a corrente de carga do sistema varia.
Deve ficar claro que todos os desenvolvimentos efetuados se relacionam ao regime senoidal,
onde possveis distores nas formas de onda no so significativas. Em regime no senoidal,
necessrio efetuar uma anlise baseada em sries de Fourier. Nesse caso, as questes acerca
de potncia reativa e fator de potncia apresentam maior nvel de complexidade.
38
Chagas DEE / UFCG
Bibliografia
[ 1 ] Alexander, C. K.; Sadiku, M. N. O. Fundamentos de Circuitos Eltricos, 5 ed., McGraw-Hill,
2008.
[ 2 ] Desoer, C. A.; Kuh, E. S. Basic Circuit Theory, McGraw-Hill, 1969.
[ 3 ] Dorf, , R. C. ; Svoboda, J. A. Introduo aos Circuitos Eltricos - 5 ed., LTC, 2003.
[ 4 ] Hayt Jr., W. H., Kemmerly, J. C. Anlise de Circuitos em Engenharia, McGraw-Hill, 1975.
[ 5 ] Irwin, J. D. Anlise Bsica de Circuitos para Engenharia, LTC, 2003.
[ 6 ] Nahvi, M.; Edminister, J. A. Circuitos Eltricos, Coleo Schaum, 5 ed., Bookman, 2003.
[ 7 ] Nilsson, J. W.; Riedel, S. Circuitos Eltricos, 5 ed., Addison-Wesley, 1996.
39
Chagas DEE / UFCG
UNIDADE II
AMPLIFICADORES OPERACIONAIS
1. Introduo
Neste captulo so estudados os amplificadores operacionais (amp-ops), definidos como
amplificadores de acoplamento direto, de alto ganho, que usam realimentao para controle
de suas caractersticas. De modo anlogo s fontes de alimentao e aos resistores, capacitores
e indutores, eles podem ser vistos do ponto de vista externo como um dispositivo bsico que
compe os circuitos analgicos. Internamente, so constitudos por uma cascata de
amplificadores com transistores.
As primeiras aplicaes dos amp-ops foram feitas em computadores analgicos, realizando
operaes matemticas, como adio, subtrao, multiplicao, diviso, integrao e
diferenciao. Eles tambm so usados em inmeras aplicaes nos campos da instrumentao
eletrnica, sistemas de controle e processamento de sinais (amplificao, filtragem, controle de
processos, etc), em frequncias desde CC at vrios Megahertz.
2. Caractersticas Bsicas
Na Fig. 2.1 mostrado o aspecto externo superior mais comum do A741, com
encapsulamento do tipo DIP (Dual In-Line Package), lanado pela Fairchild em 1968, o qual
usado at hoje. O smbolo de um amp-op usualmente empregado em diagramas de circuitos
eletrnicos mostrado na Fig. 2.2.
O amplificador operacional pode ser visto como uma fonte de tenso controlada por tenso,
como mostrado na Fig. 2.4.
vo A vd A v p vn (2.2)
i p in io ic ic 0 (2.3)
Assim, um amp-op ideal apresenta tenso diferencial nula nos terminais de entrada.
Uma limitao importante dos amp-ops a saturao. Essa propriedade descrita pela
caracterstica vo versus vd mostrada na Fig. 2.5.
Fig. 2.5. Caracterstica tenso de sada, vo, versus tenso diferencial, vd, de um amp-op.
42
Chagas DEE / UFCG
Pode-se ver que h trs modos de operao, dependendo da tenso diferencial de entrada:
saturao positiva , A vd > VCC;
regio linear , VCC A vd VCC;
saturao negativa , A vd < VCC;
Isso quer dizer que a tenso de sada fica limitada entre os valores VCC e VCC. Assim, se VCC +
= 15 V e VCC - = - 10 V, ento -10 V vo 15 V.
As caractersticas tpicas dos amp-ops reais so mostradas na Tabela 2.1.
Para os valores apresentados nesta tabela, o mximo valor absoluto que pode ser assumido
pela tenso diferencial vd calculado da seguinte maneira:
vd= VCC, MAX / AMIN = 24 / 105 = 0,24 mV.
Esse valor bastante baixo, mesmo considerando a condio mais desfavorvel. Assim, para
os valores de tenso de n nos circuitos usuais, pode-se dizer que vp vn.
Os amplificadores operacionais sero aqui considerados como elementos ideais. As
limitaes dos amp-ops reais sero estudadas em detalhes no curso de Eletrnica.
Exemplo 1: No circuito da Fig. 2.6, (a) calcular vo para va = 1 V, vb = 0 V; (b) repetir para va = 2
V, vb = 4 V; (c) para va = 3 V, especificar o intervalo de vb para que no haja saturao.
Assim, o circuito constitui um amplificador de tenso de ganho igual a Rf / Rs, o qual produz
na sada um sinal de polaridade inversa do sinal de entrada.
Rf Rf VCC
- v g VCC (2.8)
Rs Rs vg
Supondo VCC + = VCC - = 15 V e vg = 10 mV, o mximo ganho (Rf / Rs ) que o amplificador deve
apresentar, sem que haja saturao, :
Rf 15
1500
Rs 10 x 10 3
No funcionamento em malha aberta, Rf = , e ento:
v o A v p v n A v n A v g (2.9)
R R R
vo f va f vb f vc (2.11)
Ra Rb Rc
Se Ra = Rb = Rc = Rs, ento:
Rf
vo va vb vc (2.12)
Rs
Se Rf = Rs, tem-se ainda:
vo va vb vc (2.13)
Assim, o sinal de sada igual soma dos trs sinais de entrada, com polaridade invertida.
45
Chagas DEE / UFCG
vg v g vo R
0 vo 1 f v g (2.14)
Rs Rf Rs
46
Chagas DEE / UFCG
Como ip = in = 0 e vg = vp = vn= vo, o amp-op isola a carga da fonte. Isto pode ser
interpretado do seguinte modo: a energia fornecida rede resistiva retirada da fonte de
alimentao do amp-op, e no da fonte vg. Assim, a rede no produz carregamento na fonte vg.
De modo anlogo ao circuito da Fig. 2.7, pode-se escrever que, neste caso, o ganho :
Zf
G (2.28)
Zs
Assim, o sinal de sada, vo, proporcional derivada do sinal de entrada, vi, com polaridade
invertida.
So mostradas na Fig. 2.16 e na Fig. 2.17 dois diferentes sinais na entrada do circuito (onda
triangular e onda retangular) e as sadas correspondentes.
49
Chagas DEE / UFCG
Neste caso, de (2.28), pode-se escrever para o ganho G e para seu mdulo:
Rf Rf
G (2.32)
1 1
R1 R1 j
j C C
Rf R f / R1
G (2.33)
2 2
1 1
R12 1
C R1C
Analisando (2.33), verifica-se que o ganho se estabiliza no valor dado por Rf / R1 medida
que a frequncia aumenta. Assim, em frequncias elevadas, o circuito se comporta como um
amplificador inversor. Ademais, h maior imunidade ao de rudos de alta frequncia.
Define-se frequncia de corte do circuito, c , como a frequncia em que a reatncia
capacitiva torna-se igual resistncia R1, ou seja:
1 1
R1 c (2.34)
c C R 1C
Rf R f / R1 Gmax
G( c ) (2.35)
2 2
R R 1 1
2 2
51
Chagas DEE / UFCG
Assim, o perodo do sinal de entrada, T, deve ser, pelo menos, 10 vezes maior que a cons-
tante de tempo R1C, e a estabilizao do ganho em altas frequncias deve ficar em torno de 10.
dvo vi 1 t
C 0 v o v ( 0) vi dt (2.37)
dt R1 R1C 0
A funo da chave S anular a tenso inicial v(0) no capacitor. Assim, S deve ser fechada
para descarregar C e reaberta no incio do processo de integrao.
Ao se aplicar uma onda retangular na entrada do integrador, obtida na sada uma onda
triangular, como visto na Fig. 2.21.
Da expresso (2.28), pode-se escrever para o ganho e para seu mdulo:
1
j C 1
G (2.38)
R1 j R1 C
1
G (2.39)
R1 C
52
Chagas DEE / UFCG
Assim, resulta:
rudos). So usados em aplicaes especiais, onde se requer maior grau de exatido, como
controle de processos industriais. O esquema desse tipo de amplificador mostrado na Fig.
2.26.
v x v1 v2 v1 Rg v1 R2 v1 R2 v2
0 vx (2.50)
R2 Rg Rg
v y v2 v1 v2 R2 v2 Rg v2 R2 v1
0 vy (2.51)
R2 Rg Rg
2R
vo 1 2 v2 v1 (2.53)
Rg
Um tipo de amplificador de instrumentao bastante utilizado o INA101, ilustrado na Fig.
2.28, o qual confere excelente grau de exatido e de imunidade a rudos, no caso de medio
de sinais de baixa intensidade.
40k
G 1 . (2.54)
Rg
I i j C Vi Vo V
Yi j C 1 o (2.55)
Vi Vi Vi
R2
Vo Vi (2.56)
R1
Substituindo (2.56) em (2.55), resulta:
Ii R
Yi j C 1 2 j C eq (2.57)
Vi R1
R
C eq 1 2 C (2.58)
R1
Uma limitao do circuito consiste no fato de que, para se obter capacitncias elevadas, a
tenso de entrada deve ser baixa. Isto deve ocorrer para que no haja saturao.
R
V2 1 2 Vi (2.61)
R1
V3 - V 2 Vi - V 2
j C V3 V 4 0 j C Vi V 4 0 (2.62)
R3 R3
58
Chagas DEE / UFCG
Vi RRR
Zi j C 1 3 4 j Leq (2.63)
Ii R2
R1 R3 R4
Leq C (2.64)
R2
Um tipo de oscilador muito usado em frequncias abaixo de 1 MHz o oscilador com ponte
de Wien, mostrado na Fig. 2.31.
1
Z 1 R1 j (2.65)
C1
59
Chagas DEE / UFCG
R2 .1 /( j C 2 ) R2
Z2 (2.66)
R2 1 /( j C 2 ) 1 j R2 C 2
A taxa de realimentao :
V Z2
(2.67)
Vo Z1 Z 2
Substituindo (2.65) e (2.66) em (2.67), obtm-se:
V R2 R2 C1
(2.68)
Vo
R2 R1
j
1 j R2 C 2
R2 C1 R1C1 R2 C 2 j 2 R1C1 R2 C 2 1
C1
De acordo com o segundo critrio de Barkhausen, V deve estar em fase com Vo, ou seja, a
parte imaginria do denominador de (2.68) deve ser nula; assim, a frequncia de oscilao
dada por:
o2 R1C1 R2 C 2 1 0 (2.69)
1
o (2.70)
R1C1 R2 C 2
Na maioria dos casos, R1 = R2 = R e C1 = C2 = C; assim, fica:
o 1
fo (2.71)
2 2RC
Substituindo R1 = R2 = R e C1 = C2 = C em (2.68), tem-se:
V 1
(2.72)
Vo 3
De acordo com o primeiro critrio de Barkhausen, o ganho total deve ser pelo menos igual a
1; logo, o amplificador no inversor deve proporcionar um ganho igual ou superior a 3; assim:
Vo Rf
1 3 (2.73)
V Rs
R f 2 Rs (2.74)
Bibliografia
60
Chagas DEE / UFCG
UNIDADE III
CIRCUITOS COM ACOPLAMENTOS MAGNTICOS
1. Introduo
Estuda-se neste captulo elementos de acoplamento magntico e circuitos que contm esses
elementos. Ao contrrio dos resistores, capacitores e indutores no acoplados, tais dispositivos
no possuem uma caracterstica que possa ser associada a um s elemento fsico, pois o
acoplamento magntico resulta do compartilhamento das linhas de induo entre dois ou mais
indutores fisicamente prximos.
O estudo dos circuitos magneticamente acoplados serve de base para a teoria de mquinas
eltricas, transformadores e demais equipamentos magneteltricos.
So mostradas na Fig. 3.1 oito linhas de fluxo que atravessam uma bobina de cinco espiras,
onde se supe que cada linha corresponde a 1 Wb.
61
Chagas DEE / UFCG
Duas dessas linhas atravessam apenas uma espira, contribuindo com um fluxo concatenado
de 2 Wb-espiras. Outras duas linhas atravessam trs espiras, contribuindo com 6 Wb-espiras.
As quatro linhas restantes atravessam todas as cinco espiras, contribuindo com 20 Wb-espiras.
Assim, o fluxo concatenado total de 28 Wb-espiras.
Se todas as linhas de fluxo atravessassem todas as espiras do enrolamento, o fluxo conca-
tenado total seria de 8 Wb x 5 espiras = 40 Wb - espiras. Da equao (3.4), conclui-se que o
efeito de disperso do fluxo tende a reduzir a indutncia prpria da bobina. Este fato evitado
no projeto de equipamentos atravs da uniformizao e reduo do passo dos enrolamentos,
dispostos em camadas, e da utilizao de ncleos magnticos constitudos por materiais de alta
permeabilidade, de modo a minimizar a disperso das linhas de fluxo, como mostra a Fig. 3.2. S
a rea de seo reta e l o comprimento mdio da trajetria do fluxo magntico no ncleo.
B
(3.7)
H
Pode-se tambm escrever:
N N S B (3.8)
N2 S
L (3.10)
l
V-se que a indutncia prpria um parmetro que depende apenas das dimenses
geomtricas da bobina e do ncleo (rea de seo reta e comprimento), nmero de espiras e
permeabilidade do material magntico.
No projeto de um indutor, quando se quer aumentar L atravs do aumento da seo reta do
ncleo e do nmero de espiras, encontram-se restries em relao a tamanho e custo. Outra
restrio relacionada permeabilidade do material do ncleo. Os materiais magnticos
encontrados na natureza apresentam a propriedade da saturao, a qual se manifesta do modo
indicado na Fig. 3.3. Ao magnetizar o material da curva b a partir do estado de
desmagnetizao total, observa-se que o modo de variao da induo, B, em funo do campo
magntico aplicado, H, somente pode ser considerado linear at o ponto P1. A partir deste
ponto, cai bruscamente. Isto ocorre com uma liga ferro-silcio ou uma liga amorfa, por
exemplo. Na mesma figura tambm mostrada a curva de magnetizao B versus H de um
material no magntico (curva a), como o ar. Pelas equaes (3.8) e (3.9), deduz-se que a curva
de magnetizao versus i de um indutor apresenta-se semelhante curva B versus H.
63
Chagas DEE / UFCG
Assim, alm de certo valor de campo aplicado (ponto P2), so necessrios incrementos cada
vez maiores de H (ou de i) para uma mesma variao de B (ou de ). Isto implica em variaes
muito acentuadas nos valores da permeabilidade e para a indutncia L. Este fato leva a
definir permeabilidade diferencial e indutncia diferencial atravs das seguintes expresses:
dB
(H ) (3.11)
dH
d
L( i ) (3.12)
di
As expresses (3.11) e (3.12) correspondem, respectivamente, s inclinaes das curvas B -
H e - i, as quais se reduzem significativamente medida que H e i aumentam.
Neste captulo somente sero considerados os indutores lineares.
v i dt R i 2 dt i d (3.14)
64
Chagas DEE / UFCG
3. Indutncia Mtua
3.1 Definio
A Fig. 3.5 mostra duas bobinas prximas, 1 e 2, sendo a bobina 1 percorrida por uma
corrente varivel i1, de modo a se estabelecer um fluxo magntico 1, o qual possui duas
componentes: d1, que atravessa apenas a bobina 1, e m1, que atravessa as bobinas 1 e 2. d1
e m1 so denominados, respectivamente, fluxo de disperso e fluxo de acoplamento. Supe-se
inicialmente a bobina 2 em aberto.
Sendo 1 = m1 + d1, os fluxos de enlace nas bobinas 1 e 2, produzidos por i1, so:
1 N1 1 L1 i1 (3.18)
m1 N 2 m1 M12 i1 (3.19)
65
Chagas DEE / UFCG
a. Liga-se uma fonte bobina 1, aumentando-se a corrente i1, de 0 a I1, com a bobina 2 em
aberto; aps isto, com I1 mantida constante, liga-se outra fonte bobina 2, aumentando-
se a corrente i2 de 0 a I2.
b. Liga-se a fonte bobina 2, aumentando-se a corrente i2, de 0 a I2, com a bobina 1 em
aberto; aps isto, com I2 mantida constante, liga-se outra fonte bobina 1, aumentando-
se a corrente i2 de 0 a I1.
No procedimento ( a ), a energia armazenada na bobina 1 devido ao aumento de i1 :
1' I1 1
i1 d1 i1 d ( L1 i1 ) L1 I12 (3.20)
0 0 2
Como a corrente na bobina 2 cresce de 0 a I2, com I1 mantida constante, ambas as bobinas
armazenaro energia. A energia armazenada na bobina 2 face ao aumento de i2 :
'2
i2 d 2
0
A energia total armazenada nas duas bobinas, Wm, aps o procedimento ( a ) dada pela
soma de (3.20), (3.23) e (3.26), ou seja:
1 1
Wm L1 I 12 L2 I 22 M 21 I 1 I 2 (3.27)
2 2
Obviamente, se for realizado o procedimento ( b ), a energia total armazenada resultar em:
1 1
Wm' L1 I 12 L2 I 22 M 12 I 1 I 2 (3.28)
2 2
fcil entender que Wm= Wm, pois a quantidade total de energia armazenada no campo
magntico do sistema independe da ordem segundo a qual as correntes so incrementadas.
Assim, resulta:
M 12 M 21 (3.29)
66
Chagas DEE / UFCG
4. Coeficiente de Acoplamento
No circuito da Fig. 3.6, m1 e m2 so os fluxos de acoplamento das bobinas 1 e 2. d1 e d2
so os fluxos de disperso. Considerando i2 = 0, a tenso induzida na bobina 2 dada por:
d m1
v2 N 2 (3.30)
dt
Da expresso (3.19), N2 m1 = M12 i1; assim:
d i1
v2 M (3.31)
dt
67
Chagas DEE / UFCG
M k L1 L2 (3.39)
(a) (b)
Fig. 3.7. Influncia dos sentidos dos enrolamentos nos sinais das tenses induzidas.
O fluxo crescente 1, associado a i1, tambm atravessa a bobina 2, produzindo, pela lei de
Lenz, um fluxo 2 cujo sentido tal que se ope ao crescimento de 1. Se os terminais da
bobina 2 no se acham em aberto, surgir na mesma uma corrente i2 cujo sentido
determinado pela conhecida regra da mo direita. Esta corrente acha-se associada a uma
tenso induzida v2, com o sentido indicado em (a). A tenso v2 chamada fora eletromotriz
induzida, sendo causada pela indutncia mtua entre as duas bobinas.
Na Fig. 3.7(b), o sentido do enrolamento 2 oposto ao enrolamento 2 da Fig. 3.7(a).
Supondo i1 crescendo no sentido indicado e usando o raciocnio descrito anteriormente,
conclui-se que o sentido da fora eletromotriz induzida v2 oposto ao mostrado na Fig. 3.7(a).
Entretanto, no prtico representar os circuitos mostrando os sentidos dos enrolamentos,
uma vez que isto implica em detalhes que sobrecarregam os diagramas. Para contornar o
problema, as so utilizadas as representaes simplificadas da Fig. 3.8, mostradas a seguir.
68
Chagas DEE / UFCG
(a) (b)
Fig. 3.9. Determinao dos sentidos dos fluxos produzidos por correntes de diferentes sentidos.
(a) (b)
V ( j L1 j M j L2 j M ) I (3.40)
Z V / I j ( L1 L2 2 M ) (3.41)
L L1 L2 2 M (3.43)
(a) (b)
V j L1 j ( L1 M ) I1
0 j ( L M ) j ( L L 2 M ) I (3.46)
1 1 2 2
Pela regra de Cramer:
V j ( L1 M )
0 j ( L1 L2 2 M )
I1 (3.47)
j L1 j ( L1 M )
j ( L M ) j ( L L 2 M )
1 1 2
( L1 L2 2 M )
I1 V (3.48)
j ( L1 L2 M 2 )
V ( L1 L2 M 2 )
Z j (3.49)
I1 ( L1 L2 2 M )
71
Chagas DEE / UFCG
( L1 L2 M 2 )
L (3.50)
( L1 L2 2 M )
( L1 L2 M 2 )
L (3.51)
( L1 L2 2 M )
Exemplo 1 - No circuito da Fig. 3.13, pede-se que se faa a marcao das polaridades dos
indutores com pontos, bem como o clculo da tenso sobre o capacitor.
72
Chagas DEE / UFCG
5 j5 5 j 3 I1 10
5 j3
10 j 6 I 2 10 - j 10
10 5 j 3
10 j 10 10 j 6
I1 1,01 e j 114 0
5 j5 5 j 3
5 j3 10 j 6
j 114 0 j 24 0
VC j 10 I1 j 10 x 1,01 e 10,1 e
Exemplo 2: No circuito da Fig. 3.15, determinar Z, de modo que haja mxima transferncia
de potncia nos terminais AB.
73
Chagas DEE / UFCG
VT
ZT
IN
74
Chagas DEE / UFCG
( X m 8 ) 2 20 20 j
10 j 8 e , >0
13 2 X m I 1 I1
I1 P / R 32 / 10 1,789
( X m 8 )2 20
8 sen 26,550 5
13 2 X m 1,789
O coeficiente de acoplamento k :
k 5/ 8 x 5 0,79
75
Chagas DEE / UFCG
No exemplo do item anterior, aplicou-se a lei de Kirchhoff para determinao das correntes
de malha. A partir das mesmas, construiu-se uma equao matricial do tipo:
Z ( m x m ) I ( m x 1 ) V ( m x 1 ) (3.52)
Exemplo 4 - No circuito da Fig. 3.14, determinar a equao matricial para o clculo das
correntes de malha, usando o mtodo de montagem de [ Z ] por inspeo.
Soluo - aplicando o procedimento sugerido, tem-se:
a. Nmero de equaes de malha: da equao (3.53), r = 3, n = 2 e m = 3 2 + 1 = 2.
76
Chagas DEE / UFCG
V T 10 10 j 10 T
d. A matriz Z formada do seguinte modo:
Z11 5 j 5 j 10 5 j 5
Z 22 5 j 5 j 5 5 2 x j 2 10 j 6
Z12 Z 21 5 j 5 j 2 5 j 3
5 j 5 5 j 3 I1 10
5 j3 10 j 6 I 10 - j 10
2
Exemplo 5 - No circuito da Fig. 3.20, determinar a equao matricial para o clculo das
correntes de malha, usando: (a) o mtodo de montagem de das matrizes pela lei de Kirchhoff;
(b) o mtodo da inspeo.
Soluo - (a) Primeiro, emprega-se a lei de Kirchhoff. Para as trs malhas, com os sentidos
das correntes indicados, tem-se:
10 j 4 I1 j 2 ( I1 I 2 ) j 3 ( I1 I 2 ) j 2 I 2 j 4 I 3 j 3 I1 j 2 I 2 j 3 ( I 2 I 3 )
0 j 2 ( I 2 I 1 ) j 3 I 2 j 4 ( I 2 I 3 ) j 3 I1 j 2 I 2 j 3 ( I 2 I 3 ) j 2 I1 j 2 ( I 2 I1 )
j 3 ( I 2 I 3 ) j 4 I 3 j 3 ( I 2 I1 ) j 3 I 2 j 3 I 3
- 8 j 4 ( I 3 I 2 ) j 5 I 3 j 3 ( I 2 I1 ) j 3 I 2 j 3 I 3 j 4 I1 j 4 I 2 j 3 ( I 3 I 2 )
j 12 j6 j 7 I1 10
j6
j1 j 3 I 2 0
j 7 j3 j 15 I 3 - 8
77
Chagas DEE / UFCG
V T 10 0 8 T
d. A matriz [ Z ] formada segundo o algoritmo anteriormente descrito, ou seja:
Z11 j 4 j 2 2 x j 3 j 12
Z 22 j 2 j 3 j 4 2 x j 2 2 x j 3 2 x j 3 j 1
Z 33 j 4 j 5 2 x j 3 j 15
Z12 Z 21 j 2 j 3 j 2 j 2 j 3 j 6
Z 23 Z 32 j 4 j 3 j 3 j 4 j 3 j 3
Z 31 Z13 j 0 j 4 j 3 j 7
Em forma de matriz:
R1 j L1 j M I1 V1
j M I V (3.56)
R2 j L2 2 2
78
Chagas DEE / UFCG
Este par de equaes tambm pode ser reduzido equao matricial (3.56), indicando a
equivalncia dos circuitos da Fig. 3.21 e da Fig. 3.22. Obviamente, este segundo circuito s ser
fisicamente realizvel se M L1 e M L2.
Exemplo 6 - ( a ) Determinar a reatncia indutiva Xm do circuito da Fig. 3.23 sabendo que a
potncia no resistor de 5 de 45,2 W; ( b ) desenvolver o circuito eltrico equivalente,
calculando I2 a partir do valor conhecido de Xm; ( c ) repetir os clculos considerando o ponto
de marcao de polaridade no terminal inferior do indutor de j 10 .
4 j5 j Xm I1 50
j X 5 j 10 I 0
m 2
A corrente I2 dada por:
4 j 5 50
j Xm 0 j 50 X m j 50 X m
I2 2
4 j5 j Xm ( 4 j 5 ) ( 5 j 10 ) X m 30 j 65 X m2
j Xm 5 j 10
O mdulo da corrente I2 :
I2 P / R 45,2 / 5 3 A
Assim, tem-se:
50 X m
3 9 X m4 3040 X m2 46125 0
2 2 2
( X 30 ) 65
m
79
Chagas DEE / UFCG
Fig. 3.24. Circuito equivalente ao da Fig. 3.23, com indutores sem acoplamento magntico.
4 j5 j4 I 1 50
j 4 5 j 10 I 0
2
4 j5 50
j4 0 j 200 0
I2 2,94 j 0,63 3 e j12,1
4 j5 j4 14 j 65
j 4 5 j 10
4 j5 j4 I1 50
j 4 5 j 10 I 0
2
4 j5 50
j4 0 j 200 0
I2 2,94 j 0,63 3 e j167,9
4 j5 j4 14 j 65
j 4 5 j 10
80
Chagas DEE / UFCG
9. O Transformador Ideal
(a) (b)
Fig. 3.25. ( a ) Transformador idealizado; ( b ) representao simplificada do circuito.
81
Chagas DEE / UFCG
Isto mostra que, de um enrolamento para o outro, o transformador promove uma alterao
no valor da tenso determinado por um fator igual relao direta do nmero de espiras dos
enrolamentos.
Aplicando a lei circuital de Ampre no circuito da Fig. 3.25:
N1 i 1 N 2 i 2 H . dl 0 (3.62)
O sinal menos do segundo termo do primeiro membro deve-se ao fato de que o fluxo no
secundrio acha-se em oposio ao fluxo do primrio. A integral igual a zero pelo fato de que
H nulo na regio no-saturada, como mostra a Fig. 3.28 ( c ). Assim, resulta:
i1 / i 2 N2 / N 1 1 / a (3.63)
Isto quer dizer que, no transformador ideal, a potncia de entrada igual potncia de
sada (as perdas foram consideradas nulas). No caso real, o transformador um dispositivo que
apresenta perdas muito baixas, com rendimentos superiores a 95%. O desenvolvimento da
tecnologia de materiais magnticos tem proporcionado rendimentos superiores a 99%.
Considerando o regime senoidal, se V2 e I2 so os fasores de v2 e i2, tem-se para a
impedncia no secundrio:
Z 2 V2 / I 2 (3.65)
82
Chagas DEE / UFCG
2 2
V ( N1 / N 2 ) V2 N1 V2 N1
Z1 1 Z2 a2 Z2 (3.66)
I 1 ( N 2 / N 1 ) I 2 N 2 I 2 N 2
(a) (b)
Fig. 3.27. Uso do transformador para casamento de impedncias.
Para isto, a resistncia da carga deveria apresentar o mesmo valor da resistncia fonte.
Entretanto, se RS e RL possuem valores predeterminados, uma soluo para o problema
consiste em usar o transformador indicado na Fig. 3.27. Assim, a resistncia vista do primrio,
RL, dada por:
2 2
'V ( N1 / N 2 ) V2 N 1 V2 N1
R 1 R2 a 2 R2 R1 (3.67)
I1 ( N 2 / N1 ) I 2 N 2 I 2 N 2
2
N1 R1
a (3.68)
N2 R2
83
Chagas DEE / UFCG
V1 2 f N1 S Bm / 2 4,44 N1 S f Bm (3.71)
Soluo - Para ocorrer mxima transferncia de potncia para a carga necessrio que:
Z1 a 2 Z 2* Y2* a 2 Y1
*
1 1
j C a 2
20 j10 1 j2
Fig. 3.29. Convenes para os sinais das tenses e das correntes nos transformadores.
85
Chagas DEE / UFCG
Foi visto que, se ambas as correntes entram ou saem dos terminais marcados, os fluxos em
ambos os enrolamentos acham-se no mesmo sentido; assim, N1 I1 + N2 I2 = 0. Em ( b ) e ( c ),
uma corrente entra e a outra sai dos terminais marcados, indicando que os fluxos so opostos,
ou seja, N1 I1 - N2 I2 = 0.
Exemplo 9 - Determinar a potncia mdia associada fonte de corrente senoidal do circuito
da Fig. 3.30.
Exemplo 10 - Calcular a relao de espiras do transformador da Fig. 3.32 para que se tenha a
mxima potncia dissipada no resistor de 400 .
Soluo - Tomando o equivalente de Norton para a fonte, tem-se o circuito da Fig. 3.33,
onde o transformador e a carga de 400 so vistos como uma impedncia Zeq.
(a) (b)
Para que haja mxima transferncia de potncia, deve-se ter Zeq = 14,4 k; assim:
I1 = 288 / ( 2 x 14,4 x 103 ) = 0,01 A
Assim, para o transformador e a carga, tem-se o circuito reduzido da Fig. 3.34.
V1 + V2 = 288 / 2 = 144 V
I1 + I2 = V2 / 400
As relaes de tenso e de corrente do transformador so:
V1 / V2 = N1 / N2 = a ( V1 + V2 ) / V2= a +1
I1 / I2 = N2 / N1 = 1 / a ( I1 + I2 ) / I1= a +1
( V1 + V2 ) = ( a +1 ) V2 = 144
( I1 + I2 ) = 0.01 ( a + 1 ) = V2 / 400
Assim, so obtidas duas equaes com duas variveis, V2 e a. Eliminando V2, resulta:
Exemplo 11 - Determinar o valor de RL no circuito da Fig. 3.37 para que a potncia dissipada
seja mxima. Determinar tambm o valor dessa potncia.
Soluo - O resistor varivel dissipar potncia mxima quando RL = RTN, sendo RTN a impe-
dncia equivalente do resto do circuito, vista dos terminais a que o resistor acha-se ligado
(impedncia de Thvenin). A mesma igual a RTN = VT / IN, sendo VT e IN calculadas nos
circuitos da Fig. 3.36.
(a) (b)
Fig. 3.36. Circuitos usados nos clculos de VT e de IN no Exemplo 11.
O circuito da Fig. 3.36 ( a ) pode ainda ser simplificado, obtendo-se o circuito da Fig. 3.37.
88
Chagas DEE / UFCG
I1 = 180 / [ 5 + 5 x ( 1 / 2 )2 ] = 28,8 A
V1 = 180 - 5 x 28,8 = 36 V
Do circuito da Fig. 3.36 ( a ):
V2 = ( N2 / N1 ) x V1 = ( 200 / 100 ) x 36 = 72 V
I2 = ( N1 / N2 ) x I1 = ( 100 / 200 ) x 28,8 = 14,4 A
VT = Vab = 1 x 28,8 + 36 72 + 2 x 14,4 = 21,6 V
Do circuito da Fig. 3.36 ( b ):
180 = 4 I1 + ( I1 IN ) + V1
V2 = 2 ( I2 IN ) + 3 I2
-V1 + (IN I1 ) + 2 (IN I2) + V2 = 0
V1/V2 = N1 / N2 = 1 / 2
( I1 IN ) / ( I2 IN ) = N2 / N1 = 2
Este sistema fornece IN = 10 A; logo:
RL = RTN = VT / IN = 21,6 / 10 = 2,16
A potncia dissipada no resistor :
PL = ( VT / 2 )2 / RL = ( 21,6 / 2 )2 / 2,16 = 54 W
89
Chagas DEE / UFCG
H . dl N i N 2 i 2 N3 i 3 0
1 1 (3.72)
N1 i 1 N 2 i 2 N 3 i 3 (3.73)
(a) (b)
Fig. 3.38. ( a ) Transformador de trs enrolamentos; ( b ) representao simplificada.
Uma observao importante: este tipo de transformador no deve ser confundido com o
transformador com derivao (ou tape) central no secundrio. Este ltimo, mostrado na Fig.
3.39, destina-se principalmente a fontes de alimentao usadas em circuitos eletrnicos que
requerem tenses de polarizao de + 15 V (CC) e -15 V (CC). Neste caso, as duas sees do
enrolamento secundrio so ligadas a uma ponte retificadora de onda completa.
(a) (b)
Fig. 3.39. ( a ) Transformador com derivao central no secundrio; ( b ) representao simplificada.
10.2 Autotransformadores
Considerando o transformador convencional da Fig. 3.40 ( a ), suposto que o mesmo tenha
seus enrolamentos ligados do modo indicado na Fig. 3.40 ( b ).
(a)
(b)
Fig. 3.40. ( a ) Transformador convencional; ( b ) ligao como autotransformador.
91
Chagas DEE / UFCG
S V1 I1* V 2 I 2* (3.81)
O termo V1 I1* corresponde parcela que transmitida do primrio para o secundrio pelo
efeito de acoplamento magntico (potncia transformada). O termo V2 I1* corresponde
parcela que transmitida pelo efeito de conduo eltrica (potncia transmitida).
Dividindo (3.82) por S, resulta:
Sa V 2 I1* V2 1
1 *
1 1 1 (3.84)
S V 1 I1 V1 a
Conclui-se que o autotransformador capaz de transmitir uma potncia maior que o
transformador convencional. Isto se deve ao fato de que o autotransformador transfere parte
da potncia de entrada por conduo. Tal constatao permite dizer que, sob o ponto de vista
de economia, mais vantajoso usar o autotransformador.
Para o mesmo valor de potncia transmitida, o uso do autotransformador implica em menos
ferro empregado no ncleo, uma vez que apenas parte dessa potncia transmitida por
acoplamento magntico. Isto implica em reduo de peso, tamanho e custo do ncleo.
Consequentemente, as perdas por histerese e por correntes de Foucault so menores.
As consideraes anteriores suscitam a uma pergunta: apesar dessas vantagens
apresentadas pelos autotransformadores, por que os transformadores isolados so mais
usados? A resposta pode ser dada pela anlise da Fig. 3.41. Se h abertura do circuito no ponto
indicado (ao de arcos voltaicos no interior do tanque, por exemplo), ocorre aplicao de
13800/3 V no secundrio, implicando em danos imediatos s cargas ligadas a este lado, bem
como risco de vida para os usurios do sistema eltrico.
Isso faz com que os autotransformadores tenham sua aplicao limitada interligao de
sistemas que no apresentem tenses nominais significativamente diferentes. Nos sistemas
eltricos de potncia, eles so comumente empregados na interligao de redes de 230 kV e
345 kV, ou de 345 kV e 500 kV, proporcionando mais economia que os transformadores
convencionais.
93
Chagas DEE / UFCG
(a) (b)
Fig. 3.42 . ( a ) Autotransformador elevador; ( b ) representao simplificada.
Assim, o nmero de espiras pode ser alterado, funcionando como elemento abaixador ou
elevador de tenso.
Exemplo 13 - ( a ) Mostrar que a impedncia vista dos terminais a b do circuito da Fig. 3.44
dada por: Z ab ( 1 a ) 2 Z L . ( b ) Mostrar que se a polaridade de um dos enrolamentos for
invertida, tem-se Z ab ( 1 a ) 2 Z L , onde a = N1 / N 2 .
94
Chagas DEE / UFCG
Z ab (1 a ) 2 Z L
( b ) Invertendo-se a polaridade do enrolamento 2, tem-se:
V2 V2
ZL
IL I1 I 2
V1 V 2 aV 2 V 2 V2
Z ab (1 a)
I1 I1 I1
V2 V2 1 V2 V2
ZL (1 a) Z L
I1 I 2 I 1 aI 1 1 a I1 I1
Assim, a impedncia vista do lado do primrio :
Z ab (1 a) 2 Z L
Soluo - Tomando o equivalente de Norton para a fonte, tem-se o circuito da Fig. 3.33 ( b ),
onde o transformador e a carga de 400 so vistos como uma impedncia Zeq, dada por:
Bibliografia
96
Chagas DEE / UFCG
UNIDADE IV
RESPOSTA EM FREQUNCIA
1. Introduo
Esta unidade trata do estudo de circuitos no domnio da frequncia, em regime permanente,
considerando um sinal senoidal na entrada, com frequncia variando no intervalo [0,+).
estabelecido o conceito de funo de transferncia e sua aplicao na anlise dos filtros
eltricos. Tambm so descritas tcnicas para o traado de diagramas de Bode.
2. Funo de Transferncia
Sabe-se que o comportamento de um circuito RLC no domnio do tempo descrito por uma
equao diferencial de segunda ordem com coeficientes constantes. Considerando as equaes
iniciais nulas, a soluo da mesma fornece a resposta ao estado zero. De um modo geral, uma
equao diferencial que relaciona uma entrada x(t) a uma sada y(t) apresenta a seguinte
forma:
d n y (t ) d n1 y (t ) d m x(t ) d m1 x(t )
bn + bn1 + ... + b1 y (t ) + b0 = am + am1 + ... + a1 x(t ) + a0 (4.1)
dt n dt n1 dt m dt m1
As condies iniciais so consideradas nulas. Assim, a aplicao da transformada de Laplace
a ambos os membros produz o seguinte resultado:
a m s m + a m 1 s m 1 + ... + a1 s + a 0
Y (s) = X ( s) (4.2)
bn s n + bn 1 s n 1 + ... + b1 s + b0
Define-se funo de transferncia no domnio s, H(s), como sendo a razo entre Y(s) (sada)
e X(s) (entrada), com as condies iniciais nulas (resposta ao estado zero); assim:
m
Y (s) a i si
H ( s) = = i =1
n
(4.3)
X (s)
b
j =1
j s j
a (s z ) i
P(s)
H (s) = m i =1
n
=K (4.5)
bn Q(s)
(s p )
j =1
j
97
Chagas DEE / UFCG
3. Filtros Passivos
3.1. Definies
Denomina-se filtro eltrico um determinado circuito capaz de permitir que sinais de certas
faixas de frequncia sejam transmitidos atravs de si e, ao mesmo tempo, de no permitir a
passagem de sinais de outras faixas de frequncia.
Filtros eltricos passivos so circuitos compostos exclusivamente por elementos que no
geram energia, como o caso dos indutores e capacitores.
A aplicao de filtros realizada em engenharia eltrica nas reas de instrumentao,
telefonia, rdio, TV, eletrnica industrial e redes de energia eltrica.
Um filtro pode ser representado de forma genrica por um circuito denominado quadripolo,
mostrado na Fig. 4.2, o qual apresenta um par de terminais de entrada e outro de sada.
A funo H(j) define a resposta em frequncia do filtro. A mesma uma funo complexa
que apresenta a mesma forma de H(s), dada por (4.3), fazendo-se = 0 em s = + j.
98
Chagas DEE / UFCG
As faixas de frequncia que podem ser transmitidas atravs de um filtro chamam-se bandas
de passagem. J os sinais que esto fora destas faixas esto nas bandas de atenuao.
Denomina-se diagrama de resposta em frequncia o grfico que permite analisar o
desempenho de um filtro eltrico. O mesmo composto por duas partes: o diagrama de
amplitude e o diagrama do ngulo de fase, que fornecem, respectivamente, o mdulo e o
ngulo de H(j) em funo de . Esses grficos so mostrados na Fig. 4.3, para as quatro
principais categorias de filtros.
Fig. 4.3. Caractersticas ideais de filtros; (a) passa-baixas; (b) passa-altas; (c) passa-faixa; (d) rejeita-faixa.
Considera-se agora o filtro mostrado na Fig. 4.5, onde h uma fonte de tenso senoidal de
amplitude constante e frequncia varivel na entrada, bem como uma carga resistiva na sada.
Fig. 4.5. Filtro eltrico passivo com excitao senoidal e carga resistiva.
V2 (
V / 2
P = s RMS = sm
) 2
=
1 Vsm2
(4.8)
R R 2 R
Vs ( j ) = H ( j ) Ve ( j ) (4.9)
Tomando o mdulo:
Vsm ( ) = H ( ) Vem (4.10)
A frequncia ajustada para que Vsm seja mxima. Como Vem constante, conclui-se que,
nesta situao, H() apresenta valor mximo, Hmax; assim:
Vsm , max = H max Vem (4.11)
1 Vsm , max
Vsm (c ) = H ( c ) Vem = H max Vem = (4.13)
2 2
P (c ) = = = (4.14)
2 R 2 R 2 2 R
Substituindo (4.12) em (4.14):
Pmax
P (c ) = (4.15)
2
Esta expresso mostra que, na frequncia de corte, a potncia mdia entregue carga
igual metade da mxima potncia que pode ser entregue mesma. Por isso, c tambm
chamada de frequncia de meia potncia. Na banda de passagem, o valor da potncia fornecida
carga , no mnimo, 50% da mxima potncia que pode ser fornecida mesma.
medida que aumenta, XL cresce e a corrente se atrasa cada vez mais em relao
tenso, tornando-se o mdulo da tenso na carga torna-se cada vez menor;
quando 0, XL e o indutor comporta-se como um circuito aberto; assim, a tenso
na carga praticamente nula.
A concluso que o circuito funciona como um filtro passa-baixas.
Fig. 4.7. Diagramas de amplitude e de fase para um filtro passa-baixas tipo RL.
1
j
V ( j ) C
H ( j ) = s = (4.21)
Ve ( j ) R j 1
C
103
Chagas DEE / UFCG
Vs ( j ) R
H ( j ) = = (4.28)
Ve ( j ) R j 1
C
Fig. 4.10. Diagramas de amplitude e de fase para um filtro passa-altas tipo RC.
c = R / L (4.37)
Exemplo 1 - Para o circuito da Fig. 4.12, (a) classificar o tipo de filtro; (b) determinar a funo
de transferncia; (c) esboar os diagramas de amplitude e de fase.
Soluo - (a) Fazendo uma analogia com o circuito da Fig. 4.11, conclui-se que se trata de um
filtro passa-altas, onde RL corresponde resistncia da carga ligada aos terminais de sada.
(b) Aplicando o divisor de tenso e dividindo o numerador e o denominador por R + RL:
RL . jX
RL + jX RL . jX
H ( j ) = =
R+ L
R . jX R RL + jXR + jXRL
RL + jX
RL RL
. jX . jL
R + RL R + RL
H ( j ) = =
R RL R RL
+ jX + jL
R + RL R + RL
105
Chagas DEE / UFCG
L
( ) = tg 1
2 KR
Neste caso tem-se:
H(0) = 0 , H() = , Hmax = K , H(c) = Hmax / 2 = K / 2
K K KR
= c =
[ K R /(c L)]2 + 1 2 L
Verifica-se que o efeito da impedncia ligada sada do filtro consiste em reduzir o ganho de
tenso. Esse ganho assume o valor mximo K = 1 para RL = .
R
H ( ) = (4.40)
2
1
R 2 + L
C
2 LC - 1
( ) = tg 1 (4.41)
RC
As variaes de H() e () so mostradas na Fig. 4.15.
RC ( RC ) 2 + 4 LC
c1 = (4.46)
2 LC
Como c1 > 0, considera-se apenas:
2
RC + ( RC ) 2 + 4 LC R R 1
c1 = = + + (4.47)
2 LC 2L 2 L LC
RC ( RC ) 2 + 4 LC
c 2 = (4.48)
2 LC
Como c2 > 0, tem-se:
2
RC + ( RC ) 2 + 4 LC R R 1
c 2 = = + + (4.49)
2 LC 2L 2 L LC
A largura de faixa ou banda de passagem :
= c 2 c1 = R / L (4.50)
0 = c1.c 2 (4.53)
f0 = f c1. f c 2 (4.54)
2
c 2 = + + 02 (4.56)
2 2
A funo de transferncia no do filtro da Fig. 4.13(a) no domnio s :
R sRC sR / L
H ( s) = = = (4.57)
R + sL +
1 s LC + sRC + 1 s 2 + R s + 1
2
sC L LC
s
H (s) = (4.58)
s + s + 02
2
Exemplo 2 - Considerando o circuito da Fig. 4.16, pede-se: (a) classificar o tipo de filtro; (b)
calcular a funo de transferncia; (c) calcular as frequncias de corte, a largura de faixa e o
fator de qualidade.
2 LC 1
1
Y ( j ) = j C = j
jL L
Se =0 =1/(LC), tem-se Y(j) = 0, de modo a se ter um circuito aberto na sada; assim, Vs
= Ve. A concluso que o circuito constitui um filtro passa-faixa.
(b) A funo de transferncia do circuito dada por:
1
jL .
j C
1
jL +
j C L/C
H ( j ) = =
jL .
1 L 1
+ R jL +
j C C j C
R+
1
jL +
j C
L/C
H ( ) =
2 2
L 2 1
+ R L
C C
109
Chagas DEE / UFCG
(c) H() mxima quando L= 1/( C), ou quando =0 =1/(LC); neste caso, Hmax = 1.
Nas frequncias de corte, tem-se:
2 2
2 1
=
L/C 1 L
= R c L
2 2
2 c C C
L 2 1
+ R c L
C c C
RLC c2 L c R = 0
RLC c2 + L c R = 0
110
Chagas DEE / UFCG
Neste caso, H() mnima para =0 =1/(LC), sendo a frequncia de corte calculada por:
1
c2
LC 1
= (4.63)
2 2
1 R 2
c2 + c
LC L
111
Chagas DEE / UFCG
0 1 / LC 1 L
Q= = = (4.67)
R/L R C
25 s
H (s) = (4.70)
s + 4,5 s 2 + 102 s + 50
3
112
Chagas DEE / UFCG
5. Diagramas de Bode
O ganho de potncia de cada circuito definido como sendo a razo entre a potncia de
sada e a potncia de entrada, ou seja:
P1 P2 Ps
G1 = , G2 = , G3 = (4.71)
Pe P1 P2
O ganho de potncia total o produto dos ganhos individuais.
Ps P P P
= s 2 1 = G1 G2 G3 (4.72)
Pe P2 P1 Pe
Define-se bel como sendo o logaritmo decimal da razo entre as duas potncias. Para
calcular o ganho de potncia total em bis, basta somar os ganhos de potncia, tambm em
bis, de todos os blocos que representam os estgios intermedirios do sistema. Na prtica,
mais conveniente usar uma unidade 10 vezes menor que o bel, o decibel (dB). Como 1 bel tem
10 decibis, o nmero de decibis 10 vezes maior que o nmero de bis, ou seja:
Ps
Nmero de dB = 10 log (4.74)
Pe
2 2 2
Ps R I s2 I s Vs / R Vs
= = = = (4.75)
Pe R I e2 I e Ve / R Ve
A vantagem do uso do decibel consiste no fato de tornar mais simples o traado dos
diagramas de amplitude das funes de transferncia em faixas extensas de frequncia. Assim,
ao invs de traar o grfico de H() em escalas lineares, traa-se H(), expresso em dB, em
funo de , com o eixo horizontal em escala logartmica. Este grfico conhecido como
diagramas de Bode, descritos mais adiante.
Tabela 4.1
114
Chagas DEE / UFCG
1
= - 20 log 1 + ( / c )
2
H dB = 20 log H = 20 log (4.83)
1 + ( / c )
2
Essa equao uma reta horizontal. Como essa reta aproxima o ganho logartmico para
baixas frequncias, ela chamada de assntota horizontal do diagrama de Bode.
Para altas frequncias ( >> c), tem-se 1 + ( / c)2 ( / c)2; logo:
Essa equao descreve a assntota de alta frequncia. O seu coeficiente angular pode ser
dado em dB/dcada. A diferena entre os ganhos logartmicos em uma dcada (2 / 1 = 10)
para ( >> c) :
20 log H (1 ) 20 log H ( 2 ) = 20 log c 20 log 1 20 log c + 20 log 2 =
20 log 1 + 20 log 2 = 20 log ( 2 / 1 ) = 20 log 10 = 20 dB
115
Chagas DEE / UFCG
O diagrama de Bode mostrado na Fig. 4.22. Observa-se que para > c o filtro
proporciona uma taxa de atenuao de 20 dB/dcada.
116
Chagas DEE / UFCG
Exemplo 4 - Para o circuito da Fig. 4.24, (a) determinar a funo de transferncia, H(s); (b)
construir o grfico logartmico de amplitudes. (c) calcular o valor de HdB para = 50 rad/s e =
1000 rad/s.
117
Chagas DEE / UFCG
R 11 1 1
= = = 110 ; o2 = = = 1000
L 100 x 10 3 LC 100 x 10 x 10 x10 3
3
110 s 110 s
H (s) = =
s + 110 s + 1000 ( s + 10) ( s + 100)
2
j 0,11 x 50 j 5,5
(c) H ( j 50) = =
(1 + j 50 / 10) (1 + j 50 / 100) (1 + j 5) (1 + j 0,5)
0
H ( j50) = 0,9648 e 12, 25
(1 + j / z1 ) m
H ( j ) = K 0 (4.92)
( j ) q ( 1 + j / p1 ) n
m
1 + j / z1
e m 1 q.90 n1
0
H ( j ) = K 0 n
(4.93)
1 + j / p1
q
m
1 + j / z1
H ( ) = K 0 n
(4.94)
q 1 + j / p1
H dB = 20 log K 0 + 20 m log 1 + j / z1 20 q log 20 n log 1 + j / p1 (4.95)
( s + + j )( s + j ) = ( s + ) 2 + 2 (4.97)
s 2 + 2s + 2 + 2 = s 2 + 2 n s + n2 (4.98)
n = (4.99)
n2 = 2 + 2 (4.100)
s 2 + 2 n s + n2 = 0 (4.102)
A soluo da mesma :
2 n 4 2 n2 4 n2
s= s = n n 2 1 (4.103)
2
Se 1, as razes so reais, ou seja:
s 2 + 2 n s + n2 = ( s + p1 )( s + p2 ) (4.104)
Neste caso, o procedimento para o traado dos diagramas o mesmo dos plos simples de
1 ordem. Se < 1, as equao apresenta razes so complexas. Em (4.101), fazendo s = j :
a
119
Chagas DEE / UFCG
K K
H ( j ) = = (4.105)
s + 2 n s +
2 2
n ( j ) + j 2 n + n2
2
K K / n2
H ( j ) = = (4.106)
2 + j 2n + n2 ( / n ) 2 + j 2 ( / n ) + 1
Fazendo u = / n e K0 = K / n2:
K0
H ( j ) = (4.107)
1 u + j 2 u
2
K0
H ( ) = (4.108)
1 u + j 2 u
2
(
20 log 1 u 2 + j 2 u = 20 log (1 u 2 ) 2 + 4 2u 2 = 20 log 1 2u 2 + u 4 + 4 2 u 2 )
1/ 2
(4.110)
20 log 1 u 2 + j 2 u = 20 log (1 u 2 ) 2 + 4 2u 2
( ) =
= 20 log 1 2u 2 + u 4 + 4 2u 2 1/ 2
(4.111)
= 10 log [u + 2u (2 1) + 1]
4 2 2 1/ 2
Se 0, u 0 e 10 log [u + 2u (2 1) + 1] 0.
4 2 2 1/ 2
120
Chagas DEE / UFCG
25 s
H (s) =
s + 4,5 s 2 + 102 s + 50
3
6. Filtros Ativos
121
Chagas DEE / UFCG
Vo ( s ) Z f ( s)
H ( s) = = (4.112)
Vi ( s ) Z i ( s)
122
Chagas DEE / UFCG
Rf 1 /( R f C ) c
H (s) = = G (4.117)
Ri s + 1 /( R f C ) s + c
Assim, tem-se um filtro passa-baixas com ganho e frequncia de corte dados por:
Rf
G= (4.118)
Ri
1
c = (4.119)
Rf C
Assim, observa-se que o ganho pode ser maior que 1, sendo este determinado de modo
independente em relao frequncia de corte. Considerando Rf = 10 k, Ri = 5 k e C = 100
nF, tem-se na Fig. 4.30 os diagramas de Bode desse filtro, fornecidos pelo Matlab.
Fig. 4.30. Diagramas de Bode do filtro passa-baixas da Fig. 4.29, com Rf = 10 k, Ri = 5 k e C = 100 nF.
Para o filtro passa-altas de primeira ordem mostrado na Fig. 4.31, pode ser escrito:
Rf Rf 1
H ( s) = = (4.120)
Ri + 1 /( sC ) Ri 1 + 1 /( sRi C )
Rf s s
H ( s) = = G (4.121)
Ri s + 1 /( Ri C ) s + c
123
Chagas DEE / UFCG
Fig. 4.32. Diagramas de Bode do filtro passa-altas da Fig. 4.31, com Rf = 10 k, Ri = 5 k e C = 100 nF.
Observa-se que, como no caso do filtro passa-baixas do item anterior, o ganho superior a 1
(G = 10 / 5 = 2).
124
Chagas DEE / UFCG
Devido ligao em cascata, a funo de transferncia do filtro obtida pelo produto das
funes de transferncia dos elementos individuais; assim, tem-se:
Vo ( s ) cb s R f R cb s
H ( s) = = = f 2 (4.124)
Vi ( s ) s + cb s + ca Ri Ri s + ( ca + cb ) s + ca cb
Verifica-se que expresso (4.125) possui a mesma forma que a expresso (4.58),
correspondente funo de transferncia de um filtro passa-faixa padro.
O projeto de um filtro passa-faixa feito de acordo com o procedimento descrito a seguir.
Estabelecidas as frequncias de corte inferior e superior, c2 >> c1, calcula-se os valores de
Ra, Rb, Ca e Cb mediante as seguintes expresses:
125
Chagas DEE / UFCG
1
ca = (4.126)
Ra C a
1
cb = (4.127)
Rb Cb
Os valores de Ri e Ci devem ser tais que o ganho do filtro na banda de passagem tenha o
valor desejado; assim, na frequncia central o, tem-se de (4.125):
Rf c 2 ( j o ) Rf
H ( o ) = = (4.128)
Ri ( j o ) + c 2 ( j o ) + c1 c 2
2
Ri
126
Chagas DEE / UFCG
Mais uma vez, suposto que ca >>cb, de modo que os dois filtros em paralelo podem ser
projetados separadamente. A funo de transferncia do filtro completo a soma das funes
dos filtros de primeira ordem, com um ganho proporcionado pelo amplificador somador; assim:
Vo ( s ) cb s R f R f s 2 + 2 cb s + ca cb
H (s) = = + = 2 (4.129)
Vi ( s ) s + cb s + ca Ri Ri s + ( ca + cb ) s + ca cb
Como ca >>cb, (4.130) tende a assumir a mesma forma da expresso (4.69), que representa
a funo de transferncia de um filtro rejeita-faixa padro.
O projeto de um filtro rejeita-faixa feito segundo o modo descrito a seguir.
127
Chagas DEE / UFCG
Exemplo 6 - Projetar um filtro passa-faixa que apresente ganho fora da banda de rejeio
igual a 3, com frequncias de corte iguais a 20 Hz e 400 Hz. Usar capacitores de 200 nF.
Soluo - Como ca = 20 cb, pode-se calcular separadamente os estgios.
1 1 1 1
ca = Ra = = = 1989
Ra C a ca C a 2f a C a 2 x 400 x 200 x 10 9
1 1 1 1
cb = Rb = = = 39789
Rb Cb cb Cb 2 f b Cb 2 x 20 x 200 x 10 9
1 c2
H ( s) = = 2 (4.135)
(s / c )2 + k (s / )c + 1 s + kc s + c
2
1 500 3
H (s) = =
[( s / 500 ) + 1] [( s / 500 ) 2 + ( s / 500 ) + 1] ( s + 500 )( s 2 + 500 s + 250000 )
129
Chagas DEE / UFCG
500 3
H ( s) =
s 3 + 1000 s 2 + 500000 s + 500 3
Os diagramas de Bode correspondentes a essa funo acham-se mostrados na Fig. 4.39, a
seguir.
Fig. 4.39. Diagramas de Bode do filtro Butterworth passa-baixas de terceira ordem do Exemplo 7.
130
Chagas DEE / UFCG
V Vi V Vo
+ sC1 (V Vo ) + =0 (4.136)
R R
V V
s C 2 Vo + o =0 (4.137)
R
Simplificando, obtm-se:
(2 + RC1 s )V ( 1 + RC1 s )Vo = Vi (4.138)
V + ( 1 + RC 2 s )Vo = 0 (4.139)
131
Chagas DEE / UFCG
2 2
C1 = = C1 433 nF
k1c R 0,765 x 2 x 960 x 1000
1 1
C2 = = C2 63 nF
R C1c 1000 x 433 x 10 9 x (2 x 960) 2
2 2 2
c2 c2
H (s) = G
s 2 + k1 c s + c2 s 2 + k 2 c s + c2
G c4
=
s 4 + (k1 + k 2 ) c s 3 + (2 + k1k 2 ) c2 s 2 + (k1 + k 2 ) c3 s + c4
10 x 6031,86 4
s 4 + 2,613 x 6031,86 s 3 + 3,414 x 6031,86 2 s 2 + 2,613 x 6031,86 3 s + 6031,86 4
Fig. 4.42. Diagramas de Bode do filtro Butterworth passa-baixas de quarta ordem do Exemplo 8.
132
Chagas DEE / UFCG
H ( s) =
(s / c )2 =
s2
(4.145)
(s / c )2 + k (s / )c + 1 s 2 + kc s + c2
Um circuito que pode ser usado para implementar esse filtro mostrado na Fig. 4.43.
s2
H ( s) = (4.146)
2 1
s +
2
s+
R2 C R1 R2 C 2
133
Chagas DEE / UFCG
Fig. 4.43. Circuito empregado como filtro passa-faixa de alto fator de qualidade.
134
Chagas DEE / UFCG
Comparando (4.151) com (4.153), possvel determinar os parmetros do filtro atravs de:
1
G = (4.154)
R1C
2
= (4.155)
R3 C
1
o2 = (4.156)
Re R3 C 2
Exemplo 9 - Projetar um filtro passa-faixa com fator de qualidade igual a 20, frequncia
central de 8 kHz e ganho na banda de passagem de 40 dB.Usar capacitores de 300 pF.
Soluo - De acordo com o exposto, tem-se:
20 log10 G = 40 G = 100
Q = o / = 2 x 8000 / 20 = 800
1 1
R1 = = R1 13263
G C 100 x 800 x 300 x 10 12
2 2
R3 = = R1 = 1326291
C 800 x 300 x 10 12
1 1
Re = = Re 3316
R3 C
2
o
2 2
(
(2 x 8000 ) x 1326291 x 300 x 10 12 ) 2
Fig. 4.45. Circuito empregado como filtro rejeita-faixa de alto fator de qualidade ou filtro duplo T.
Vo =
(R C
2 2
)
s 2 + 1 Vi
(4.163)
R 2 C 2 s 2 + 4 RC (1 ) s + 1
136
Chagas DEE / UFCG
Essa expresso tem a forma da funo de transferncia padro de um filtro passa-faixa, dada
por:
s 2 + o2
H (s) = (4.165)
s 2 + s + o2
4(1 )
= (4.167)
RC
Exemplo 10 - Projetar um filtro rejeita-faixa com frequncia central de 5000 rad/s e banda
de rejeio de 5000 rad/s. Usar capacitores de 1 F.
Soluo - De acordo com (4.166) e (4.167), tem-se:
1
R= = 200
5000 x 1 x 10 6
RC 1000 x 200 x 1 x 10 6
=1 =1 = 0,95
4 4
Os diagramas de Bode so mostrados na Fig. 4.46.
137
Chagas DEE / UFCG
Bibliografia
138
Chagas DEE / UFCG
UNIDADE V
SNTESE DE CIRCUITOS
1. Introduo
O dicionrio Aurlio [4] define sntese como reunio de elementos concretos ou abstratos
em um todo; fuso, composio. No contexto de circuitos eltricos, este termo se refere a
uma composio de elementos de circuito vistos de uma forma integrada, em que a excitao
em um par de terminais de entrada produz uma resposta em um par de terminais de sada, a
qual pode ser calculada mediante o conhecimento de certos parmetros caractersticos do
circuito visto como um todo. Neste caso, a natureza dos elementos individuais que compem o
circuito pode ser ignorada, constituindo os mesmos uma associao contida em uma espcie de
caixa preta denominada quadripolo.
Este captulo trata das formas de caracterizao de quadripolos, ou seja, da determinao
dos diferentes tipos de parmetros (impedncia, admitncia, hbridos e de transmisso).
Tambm so analisadas as formas de associao dos quadripolos.
2. Definio de Quadripolo
Quadripolo um elemento com quatro terminais associados em dois pares, ligados aos
pontos aa e a bb, como mostrado na Fig. 5.1.
139
Chagas DEE / UFCG
V1 z11 z12 I1
V = z z I (5.3)
2 21 22 2
Os parmetros z, tambm chamados de parmetros de circuito aberto, so expressos em
ohms (). Os mesmos so dados pelas seguintes expresses:
V1
z11 = (5.4)
I1 I 2 =0
V1
z12 = (5.5)
I2 I1 =0
V2
z 21 = (5.6)
I1 I 2 =0
V2
z22 = (5.7)
I2 I1 =0
140
Chagas DEE / UFCG
O parmetro z11 relaciona a corrente e a tenso na porta aa. Ocorrendo o mesmo com z22
em relao porta bb. Por isso, eles so denominados impedncia de entrada ou impedncia
no ponto de excitao, supondo-se o terminal oposto em circuito aberto.
Os parmetros z12 e z21 relacionam a tenso em uma porta com a corrente na outra porta.
Por isso, eles so chamados de impedncias de transferncia em circuito aberto.
Considerando o circuito em T da Fig. 5.2, os parmetros z so:
V1 V1
z11 = = z a + zb z12 = = zb (5.8)
I1 I 2 =0
I2 I1 =0
V2 V2
z21 = = zb z22 = = zb + z c (5.9)
I1 I 2 =0
I2 I1 =0
Observa-se que z12 = z21. Quando isso ocorre, tem-se um quadripolo recproco, o qual
obedece ao teorema da reciprocidade. Neste caso, se h uma fonte de tenso ideal em uma
porta e um ampermetro ideal na outra, a troca desses elementos resulta em leituras iguais no
ampermetro. O mesmo ocorre em relao a uma fonte de corrente e um voltmetro.
Um quadripolo recproco dito simtrico ou bilateral se z11 = z22. Quando isto ocorre, as
portas podem ser trocadas sem que haja alterao dos valores de tenses e correntes nas
mesmas. No circuito em T, a simetria s ocorre se za = zc.
V1 z a ( zb + zc )
z11 = = (5.10)
I1 I 2 =0
z a + zb + zc
zc
za I2
V1 z I'
z a + zb + z c z a zc
z12 = = a 2
= = (5.11)
I2 I1 =0
I2 I2 z a + zb + zc
za
zc I1
V2 zI '
z a + zb + z c za zc
z 21 = = =
c 1
= (5.12)
I1 I 2 =0
I1 I1 z a + zb + z c
V2 z c ( z a + zb )
z 22 = = (5.13)
I2 I1 =0
z a + zb + z c
141
Chagas DEE / UFCG
V-se que z12 = z21, ou seja, o quadripolo recproco. Porm, o mesmo s ser simtrico se za
= zc pois, neste caso, z11 = z22 = za (za + zb)/ (2za + zb).
Na Fig. 5.4 so mostradas duas formas de ligao de impedncia, conhecidas como ligao
em (ou tringulo) e ligao em Y (ou estrela).
(a) (b)
Impedncia de transferncia:
z a zc
= z2 (5.15)
z a + zb + zc
142
Chagas DEE / UFCG
za zc
z2 = (5.18)
z a + zb + zc
z c (z a + zb ) z a zc zb zc
z3 = = (5.19)
z a + z b + z c z a + zb + z c z a + z b + z c
A transformao inversa (Y para ) pode ser obtida manipulando-se algebricamente as trs
equaes acima, partindo-se de z1, z2 e z3, no sentido de determinar za, zb e zc. Para isto, deve-
se observar que:
z a z b z c (z a + z b + z c ) z a zb zc
z1 z 2 + z 2 z 3 + z 3 z1 = = (5.20)
(z a + z b + z c ) 2
za + zb + zc
O circuito da Fig. 5.6 (a) conhecido como circuito T em ponte, o qual pode ser convertido
para o equivalente da Fig. 5.6 (b) utilizando-se a transformao Y- para za, zb e zc. Logo, as
impedncias zb e zd podem ser combinadas em paralelo, obtendo-se um circuito em ,
analisado no Exemplo 2.
(a) (b)
Fig. 5.6. (a) Circuito T em ponte; (b) circuito equivalente aps transformao Y-.
Na Fig. 5.7 (a) mostrado o circuito em trelia, que pode ser redesenhado como mostra a
Fig. 5.7 (b).
(a) (b)
z11 =
V1
=
(za + zb )(zc + zd )
(5.25)
I1 I 2 =0
z a + zb + zc + z d
zb + z d z a + zc
za I 2 + zb I 2
V1 z a + zb + zc + z d z a + zb + z c + z d zb z c z a z d
z12 = = = (5.26)
I2 I1 =0
I2 z a + zb + z c + z d
zc + z d z a + zb
z a I1 + z c I1
V2 z a + zb + zc + z d z a + zb + z c + z d zb z c z a z d
z 21 = = = (5.27)
I1 I 2 =0
I1 z a + zb + zc + z d
z 22 =
V2
=
(za + zc )(zb + zd ) (5.28)
I2 I1 =0
z a + zb + z c + z d
O quadripolo recproco, pois z12 = z21. O mesmo ser simtrico (z11 = z22) se zb = zc.
144
Chagas DEE / UFCG
I1 y11 y12 V1
I = y y V (5.31)
2 21 22 2
Os parmetros y11 e y22 so denominados admitncias de entrada ou admitncias no ponto
de excitao , com o terminal oposto em curto-circuito. y12 e y21 so chamados de admitncias
de transferncia em curto-circuito. Os mesmos so expressos em Siemens ( S ).
De (5.29) e (5.30), tem-se:
I1
y11 = (5.32)
V1 V2 =0
I1
y12 = (5.33)
V2 V1 =0
I2
y21 = (5.34)
V1 V2 =0
I2
y22 = (5.35)
V2 V1 =0
z z
[ y ] = [ z ] 1 = 1
{ cof [ z ]} T = 1 22 12 (5.38)
z z z 21 z11
y y
[ z ] = [ y ] 1 = 1
{ cof [ y ]} T = 1 22 12 (5.39)
y y y 21 y11
145
Chagas DEE / UFCG
V1 1 1 2 +1 3
z11 = = + = =
I1 I 2 =0
s 2s 2s 2s
V1 (1 / 2s) I 2 1
z12 = = =
I2 I1 =0
I2 2s
V2 (1 / 2s) I1 1
z21 = = =
I1 I 2 =0
I1 2s
V2 1
z 22 = =s +
I2 I1 =0
2s
I1 (1 / s + 2s) s 1 + 2s 2
y11 = = =
V1 V2 =0
1 / s + 2s + s 1 / s + 3s
I2 ( s + 2s)(1 / s) 3s
y22 = = = 2
V2 V1 =0
s + 2s + 1 / s 3s + 1
I1
y12 =
V2 V1 =0
1
V2 = sI 2 +(I1 + I 2 )
2s
0 = I1 + ( I1 + I 2 ) I 2 = 3 I 1
1 1
s 2s
Eliminando I2, obtm-se a relao y12 = I1 / V2, ou seja:
s
y12 =
3s 2 + 1
I2
y21 =
V1 V2 =0
No clculo de y21, utiliza-se o circuito da Fig. 5.10. Para o mesmo, pode-se escrever:
V1 = I1 + (I1 + I 2 )
1 1
s 2s
0 = sI 2 +
1
( I1 + I 2 )
2s
[y]= 1
{ cof [ z ] }T
z
3 1 1 1 1 1
2s s + 2s
2s s + 2s
2s
[z ] = 2 s , cof [ z ] = , { cof [ z ]}T =
1 s+
1 1 3 1 3
2 s 2 s 2 s 2 s 2 s 2 s
3 1
2s 2s 3 1 1 1 3s 2 + 1
z = = s + =
1 1 2s 2 s 2 s 2 s 2s 2
s+
2s 2s
s + 1 /(2 s ) 1 + 2s 2
y11 = =
(3s 2 + 1) /(2 s 2 ) 1 / s + 3s
147
Chagas DEE / UFCG
1 /(2 s) s
y12 = = 2
(3s + 1) /(2s ) 3s + 1
2 2
s
y 21 =
3s 2 + 1
3 /(2s) 3s
y 22 = = 2
(3s + 1) /(2s ) 3s + 1
2 2
I 2 = h 21 I1 + h 22 V2 (5.41)
V1 h11 h12 I1
I = (5.42)
2 h 21 h 22 V2
De (5.40), (5.41) e das expresses que definem os parmetros z e y, tem-se:
V1 1
h11 = = (5.43)
I1 V2 =0
y11
V1 V1 / I 2 z12
h12 = = = (5.44)
V2 I1 =0
V2 / I 2 I1 =0
z 22
I2 I 2 / V1 y21
h21 = = = (5.45)
I1 V2 =0
I1 / V1 V2 =0
y11
I2 1
h22 = = (5.46)
V2 I1 =0
z22
(
50 I1 + 50x106 + 1 / 5000 V2 = 0 ) 50 I1 + 2,5 x104 V2 = 0
Em termos de matriz:
V1 A B V2
I = C D I 2
(5.50)
1
O sinal menos que antecede I2 deve-se ao fato de que, no caso de linhas de transmisso,
normalmente considera-se a corrente saindo do terminal b no quadripolo da Fig. 5.1.
Os parmetros ABCD so determinados da seguinte forma:
149
Chagas DEE / UFCG
V1 V1 / I1 z11
A= = = (5.51)
V2 I 2 =0
V2 / I1 I 2 =0
z 21
V1 1
B= = (5.52)
I2 V2 =0
y21
I1 1
C= = (5.53)
V2 I 2 =0
z 21
I1 I1 / V1 y11
D= = = (5.54)
I2 V2 =0
I 2 / V1 V2 =0
y21
(a) (b)
Foi afirmado que um quadripolo recproco simtrico ou bilateral quando z11 = z22. Pode-se
mostrar que, neste caso, A = D. De (5.38), tem-se:
z 22
y11 = (5.59)
z
z 21
y 21 = (5.60)
z
150
Chagas DEE / UFCG
y11 z / z z 22 z11
D= = 22 = = =A (5.61)
y 21 z 21 / z z 21 z 21
V1 V1 z
A= = =1 + a
V2 zb zb
I 2 =0 V1
z a + zb
V1
B=
I2 V2 =0
(z b + z c )
0 = z c I 2 + z b ( I1 + I 2 ) I1 = I2
zb
( z a + z b )( z b + z c )
V1 = z b I 2 I2
zb
( z a + z b )( z b + z c )
B= zb
zb
I1 1
C= =
V2 I 2 =0
zb
I1 I1 zb + z c z
D= = = =1+ c
I2 zb zb zb
V2 =0 I1
zb + z c
Observa-se que o quadripolo recproco, pois ocorre a seguinte igualdade:
z z ( z + zb )(zb + zc ) 1
AD BC = 1 + a 1 + a a zb = 1
zb zb zb zb
O quadripolo ser simtrico se A = D, ou seja, se za = zc.
4. Associaes de Quadripolos
151
Chagas DEE / UFCG
V1 Ax Bx V2 x
I = C Dx I 2 x
(5.62)
1 x
V1 y Ay B y V2
= (5.63)
I 1 y C y D y I 2
V1 Ax Ay + Bx C y Ax B y + Bx D y V2
I =
Ax B y + Dx D y I 2
(5.65)
1 C x Ay + Dx C y
V2 = V2 x = V2 y (5.67)
I1 = I1 x + I1 y (5.68)
I2 = I2x + I2 y (5.69)
152
Chagas DEE / UFCG
I1 I1 x I1 y
I = I + I (5.70)
2 2x 2 y
Considerando os parmetros admitncia, tem-se:
V2 = V2 x + V2 y (5.74)
I1 = I1 x = I1 y (5.75)
I2 = I2x = I2 y (5.76)
V1 V1x V2 x
V = I + V (5.77)
2 1y 2y
Considerando os parmetros impedncia, tem-se:
153
Chagas DEE / UFCG
5. O Circuito Girador
Um girador um circuito de duas portas cuja representao grfica mostrada na Fig. 5.16.
As tenses e correntes so relacionadas do seguinte modo:
V1 = I2 (5.80)
V2 = I1 (5.81)
Em termos de matriz:
V1 0 I1
V = 0 I 2
(5.82)
2
O girador um elemento linear, pois as tenses e correntes se relacionam atravs da
constante , denominada raio de girao. Fazendo o produto cruzado de (5.52) e (5.53), pode-
se concluir que:
V1 I 1 + V2 I 2 = 0 (5.83)
Assim, como o transformador ideal, o girador no absorve energia nem a entrega ao mundo
exterior. Porm, mesmo sendo um elemento linear passivo, o girador no um elemento
recproco, ou seja, no obedece ao teorema da reciprocidade, pois a matriz impedncia de
(5.82) no simtrica (z12 z21).
Considerando uma carga ZL ligada porta 2, pode-se escrever:
I2 1
V2 = Z L I 2 = (5.84)
V2 Z L
A impedncia ZL vista da porta 1 dada por:
V1
Z L' = (5.85)
I1
De (5.85), (5.80) e (5.81), tem-se:
I2 I2
Z L' = = 2 (5.86)
V2 / V2
154
Chagas DEE / UFCG
Bibliografia
155