Circuitos Elétricos II

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Universidade Federal de Campina Grande

Centro de Engenharia Eltrica e Informtica


Departamento de Engenharia Eltrica

Circuitos Eltricos II
Notas de Aula

Francisco das Chagas Fernandes Guerra

Campina Grande - PB
Chagas DEE / UFCG

UNIDADE I
ANLISE DE CIRCUITOS EM REGIME SENOIDAL

1. Introduo
Este captulo trata da anlise de circuitos que operam em regime permanente sob excitao
senoidal. So estabelecidas as definies de fasor, impedncia e admitncia, formulando-se as
leis de Kirchhoff no domnio da frequncia. Descreve-se o processo de construo de diagramas
de impedncias e de diagramas fasoriais. Tambm estudado o fenmeno de ressonncia.
Em seguida, so apresentados os conceitos de potncia instantnea, ativa, reativa, aparente
e complexa, alm de fator de potncia.
Finalmente, so estudados aspectos relacionados transmisso de energia em circuitos de
corrente alternada, demonstrando-se o teorema da mxima transferncia de potncia e
estabelecendo-se consideraes sobre aplicao de capacitores para correo do fator de
potncia.

2. Resposta Excitao Senoidal


A Fig. 1.1 ilustra o fenmeno de curto-circuito que ocorre em uma linha de transmisso de
energia eltrica. Os parmetros R e L so, respectivamente, a resistncia e a indutncia em
srie da linha e RL a resistncia da carga. Na frequncia de 60 Hz, as capacitncias podem ser
desprezadas. Em t = 0, o curto-circuito estabelecido atravs do fechamento da chave, quando
o valor instantneo da corrente i(0) = I0.

Fig. 1.1. Simulao de um curto-circuito em uma linha de transmisso.

Se v(t) = Vm sen( t + ), tem-se:


d i (t )
L + R i (t ) = Vm sen( t + ) (1.1)
dt
Esta equao diferencial tem a seguinte soluo:

Vm Vm
i (t ) = sen( t + ) + I 0 sen( ) e ( R / L )t (1.2)
R + L
2 2 2
R + L
2 2 2

= tan 1 (L / R ) (1.3)

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Chagas DEE / UFCG

V-se que a corrente resultante apresenta duas componentes: uma componente transitria,
com decaimento exponencial, e uma componente senoidal de estado estacionrio, como
mostrado na Fig. 1.2.

Fig. 1.2. Forma de onda tpica de corrente de curto-circuito em uma rede eltrica.

O mtodo de resoluo mais indicada para (1.1) consiste no emprego da transformada de


Laplace. Neste caso, obtm-se uma equao algbrica expressa no domnio da frequncia
complexa, s = + j , a qual resolvida e a soluo transformada de volta para o domnio do
tempo. A constante a frequncia neperiana, que estabelece o modo de amortecimento da
onda de i(t), enquanto a frequncia angular estabelece o modo de oscilao.
O foco de interesse deste estudo o regime permanente senoidal, onde os amortecimentos
no so considerados ( = 0). Neste regime empregado um ente matemtico denominado
fasor, definido no item a seguir. A anlise fasorial consiste na descrio de grandezas senoidais
no domnio da frequncia s = j, de modo a se substituir as equaes integrodiferenciais no
domnio do tempo por equaes algbricas de coeficientes e variveis complexas.

3. Fasores
3.1 Definio de Fasor
Sendo e a base neperiana, a identidade de Euler estabelece que:

e j = cos + j sen (1.4)

Para um nmero complexo Z, tem-se:

Z = Z e j = Z cos + j Z sen = a + j b (1.5)

A constante j a unidade imaginria, definida como j = -1 = 1e j/2. Z o mdulo do


nmero complexo e a fase do mesmo. A primeira forma de representao, Z = Z ej,
denomina-se forma exponencial ou forma polar. A expresso Z =a + j b chamada forma
cartesiana.

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A representao de Z no plano complexo (plano Argand-Gauss) mostrada na Fig. 1.3.

Fig. 1.3. Representao de um nmero complexo no plano Argand-Gauss.

Z = a2+ b2 (1.6)

= tan 1 (b / a ) (1.7)

A seguir, so definidos os operadores Re e Im, que tomam, respectivamente, as parte real e


imaginria de Z, ou seja:

( )
Re( Z ) = Re Z e j = Re(Z cos + j Z sen ) = Z cos = a (1.8)
Im( Z ) = Im(Z e ) = Im(Z cos + j Z sen ) = Z sen = b
j
(1.9)

Seja uma funo expressa no domnio do tempo atravs da seguinte expresso:


f (t ) = Fm cos( t + ) (1.10)

A funo f( t ) identificada por:


Fm - Amplitude, em unidades de f( t ).
- Frequncia angular, em radianos/s.
- Defasagem angular, em radianos.
Para a frequncia angular, tem-se = 2f = 2 / T, onde f a frequncia em Hertz e T o
perodo em segundos.
Pode-se ainda escrever f( t ) como:

f (t ) = Re [ Fm cos ( t + ) + jFm sen ( t + ) ] = Re [ Fm e j ( t + ) ] = Re [ Fm e j . e j t ] (1.11)

A seguir, considera-se a seguinte grandeza complexa:


F = Fm e j (1.12)

Esta grandeza definida como o fasor de f (t). Assim, partindo-se da funo cosseno, o fasor
desta funo um nmero complexo cujo mdulo a amplitude Fm, e cujo ngulo de fase a
defasagem angular, .

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Uma observao importante que o fasor no contm a informao da frequncia angular,


. Isto pode ser entendido se considerado o operador F, tal que:
F = Fm e j = F [ f (t )] (1.13)

O operador F estabelece uma correspondncia entre as representaes do sinal no domnio


do tempo e no domnio da frequncia. Assim, a informao da frequncia torna-se implcita. Da
mesma forma, tem-se:

f (t ) = Fm cos ( t + ) = F -1 [F ] (1.14)

A maioria dos autores define fasor a partir da funo cosseno. Entretanto, esta definio
pode ser feita a partir da funo seno, desde que se faa:

f (t ) = Im [ Fm e j . e j t ] (1.15)

A representao de um fasor tambm pode ser feita pela notao de Steinmetz, ou seja:
F = Fm (1.16)

Outra observao que o mdulo de um fasor tambm pode ser tomado como sendo o
valor eficaz da onda (fasor eficaz), ao invs da amplitude (fasor amplitude). Assim, tambm
usual assumir:

( )
F = Fm / 2 = Fe (1.16)

Por enquanto, ser considerado o fasor amplitude. Nas aplicaes relacionadas a potncia
eltrica, o fasor eficaz passar a ser utilizado.

Exemplo 1 - Calcular o fasor de f (t ) = 220 2 cos(2 .60 t + / 3)

Soluo - Pela definio de fasor amplitude, tem-se:

F = 220 2 e j / 3 = 220 2 / 3

f (t ) = Re [ 220 2 e j / 3 . e j120 t ]

Exemplo 2 - Calcular a funo no domnio do tempo cujo fasor amplitude F = 1102-/3.


Soluo - Dos desenvolvimentos anteriores:

f (t ) = Re [110 2 e j / 3 . e jt ] = Re [110 2 e j (t / 3) ]
= Re [110 2 (cos t / 3) + j 110 2 sen( t / 3)]

f (t ) = 110 2 cos( t / 3)

Exemplo 3 - Calcular o fasor de f (t ) = 110 2 sen(2 .60 t / 2 ) .

Soluo - Transformando a funo em cosseno, tem-se:

f (t ) = 110 2 cos(2 .60 t / 2 / 2 ) = 110 2 cos(2 .60 t ) = 110 2 cos(2 .60 t )


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F = 110 2 e j = 110 2 e j 0
F = 110 2 = 110 2 0

O fasor tambm poderia ser determinado a partir da funo seno, resultando em:

F' = 110 2 e j / 2 = 110 2 / 2

Neste caso, todos os outros fasores relacionados ao problema tambm deveriam ser
determinados a partir da funo seno.

3.2 Representao Grfica de um Fasor


A funo F ejt denominada fasor girante, o qual consiste no fasor F exercendo um
movimento de rotao no plano complexo, no sentido anti-horrio, com uma velocidade
angular , igual frequncia angular do sinal, como mostrado na Fig. 1.4.

Fig. 1.4. Interpretao grfica do conceito de fasor.

Assim, pode-se definir fasor do sinal f(t) como o nmero complexo F que, ao girar no sentido
anti-horrio com velocidade angular , a projeo do mesmo no eixo horizontal (eixo real)
descreve a variao do referido sinal em funo do tempo.

4. Elementos Passivos no Domnio da Frequncia


4.1 Impedncia e Admitncia
Define-se impedncia de um elemento de circuito linear, passivo e bilateral como sendo a
relao entre o fasor tenso nos seus terminais e o fasor corrente que por ele circula, ou seja:
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V
Z= (1.17)
I
A unidade de impedncia ohm (). Apesar de ser um nmero complexo igual razo entre
dois fasores, a impedncia no um fasor, pois no representa uma grandeza que varia
senoidalmente com o tempo.
Considerando o mesmo elemento de circuito, define-se admitncia como a relao entre o
fasor corrente e o fasor tenso, ou seja, o inverso da impedncia:
I 1
Y= = (1.18)
V Z
A unidade de admitncia o Siemens ( S ).

4.2 Impedncia de um Resistor


No domnio do tempo, tem-se para o resistor:
v(t ) = R i(t ) (1.19)
i (t ) = Re [ I e jt ] (1.20)
Como o operador Re linear, tem-se:

v(t ) = R.Re [ I e jt ] = Re [ R.I e jt ] = Re [V e jt ] (1.21)


Assim, resulta:
V =RI (1.22)
Considerando o ngulo de fase da corrente igual a , v-se na Fig. 1.5 que, no caso do
resistor, os fasores tenso e corrente acham-se em fase.

Fig. 1.5. Fasores tenso e corrente no caso de um resistor.

Como Z = V / I, a impedncia do resistor numericamente igual sua resistncia (nmero


real), ou seja:
ZR = R (1.23)
A admitncia do resistor :
1 1
YR = = =G (1.24)
ZR R
A grandeza G recebe o nome de condutncia, expressa em siemens (S ).

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4.3 Impedncia de um Indutor


Para o indutor, pode-se escrever no domnio do tempo:

v(t ) = L
di (t )
dt
=L
d
dt
[ ] [ ] [
Re( I .e jt ) = Re jL I .e jt = Re V .e jt ] (1.25)

V = jL I (1.26)
V
ZL = = jL = jX L (1.27)
I
V-se que a impedncia de um indutor um nmero imaginria puro. A grandeza XL = L
denominada reatncia indutiva, expressa em ohms ().
Fazendo o ngulo de fase de V igual a , tem-se V = Vm e I = Im . o problema consiste
em calcular a defasagem entre a corrente e a tenso; assim:

Vm e j = jL I m e j =1e j / 2 L I m e j = L I m e j ( + / 2) (1.28)
Assim, tem-se + /2 = ou = - /2. mostrado na Fig. 1.6 que, no caso do indutor, a
corrente acha-se atrasada de 90o da tenso.

Fig. 1.6. Fasores tenso e corrente no caso de um indutor.

A admitncia do indutor :
1 1 1
YL = = =j = jBL (1.29)
Z L j L L
A grandeza BL = - 1/L denominada susceptncia indutiva, expressa em siemens (S).

4.4 Impedncia de um Capacitor


Para o capacitor, tem-se:

i (t ) = C
dv (t )
dt
=C
d
dt
[ ] [ ]
Re(V .e jt ) = Re j C V .e jt = Re I .e jt [ ] (1.30)

I = j CV (1.31)
V 1 1
ZC = = =j = jX C (1.32)
I j C C

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Como no caso do indutor, a impedncia do capacitor um nmero imaginria puro. A


grandeza XC = -1/ C recebe o nome de reatncia capacitiva, sendo expressa em ohms ().
Se o ngulo de fase de V igual a , tem-se V = Vm e I = Im . O problema consiste em
calcular a defasagem entre a corrente e a tenso; assim:
1 1 1 I
Vm e j = - j I m e j = 1e j / 2 I m e j = 1e - j / 2 I m e j = m e j ( / 2) (1.33)
C C C C
V-se que - /2 = ou = + /2. mostrado na Fig. 1.7 que, no caso do capacitor, a
corrente acha-se adiantada de 90o da tenso.

Fig. 1.7. Fasores tenso e corrente no caso de um capacitor.

A admitncia do capacitor :
1
YC = = j C = jBC (1.34)
ZC
A susceptncia capacitiva BC = C expressa em siemens (S).

5. Leis de Kirchhoff no Domnio da Frequncia


Se v1(t), v2(t), ..., vn(t) so as tenses nos elementos de um caminho fechado de um circuito,
expressas no domnio do tempo, tem-se pela lei de Kirchhoff das malhas:
v1 (t ) + v2 (t ) + ... + vn (t ) = 0 (1.35)
Em regime permanente senoidal:

Re [ Vm1e j1 . e jt ] + Re [ Vm 2 e j2 . e jt ] + ... + Re [ Vmn e jn . e jt ] =


Re [ Vm1e j1 . e jt + Vm 2 e j2 . e jt + ... + Vmn e jn . e jt ] = (1.36)
j1 j 2 j n jt
Re [ (Vm1e + Vm 2e + ... + Vmn e ). e ]=0
Como e jt 0 e Vmk e jk = Vk, k = 1, ..., n, tem-se:

V1 +V2 + ... +Vn = 0 (1.37)


Logo, a lei de Kirchhoff das malhas permanece vlida no domnio da frequncia.
No caso da lei de Kirchhoff dos ns, tem-se para as correntes que entram ou saem de um n:
i1 (t ) + i2 (t ) + ... + in (t ) = 0 (1.38)

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Atravs de desenvolvimento anlogo ao anterior, chega-se concluso de que a lei de


Kirchhoff dos ns tambm permanece vlida no domnio da frequncia, ou seja:

I1 + I 2 + ... + I n = 0 (1.39)
Neste ponto, conclui-se que os conceitos de fasor, impedncia e admitncia proporcionam
notvel simplificao na anlise de circuitos em regime estacionrio com excitao senoidal,
pois as equaes integrodiferenciais que descrevem os circuitos com capacitores e indutores
podem ser substitudas por equaes algbricas de variveis e coeficientes complexos.

6. Associaes de Elementos no Domnio da Frequncia


So mostradas na Fig. 1.8 n impedncias ligadas em srie. Para a tenso V, pode-se escrever:

V = Z1I + Z 2 I + ... + Z n I = (Z1 + Z 2 + ... + Z n )I = Z ab I (1.40)

Fig. 1.8. Associao de impedncias em srie.

A impedncia equivalente vista dos terminais ab :


Z ab = Z1 + Z 2 + ... + Z n (1.41)
Assim, a impedncia equivalente a vrias impedncias ligadas em srie igual soma dessas
impedncias.
Em termos de admitncias, a associao em srie feita da seguinte forma:
1 1 1 1
= + + ... + (1.42)
Yab Y1 Y2 Yn

Uma associao de n impedncias ligadas em paralelo mostrada na Fig. 1.9.

Fig. 1.9. Associao de impedncias em paralelo.

Para a corrente I, tem-se:

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V V V 1 1 1 V
I= + + ... + = + + ... + V = (1.43)
Z1 Z 2 Z n Z1 Z 2 Zn Z ab
1 1 1 1
= + + ... + (1.44)
Z ab Z1 Z 2 Zn

Esta impedncia indica que, numa associao em paralelo de impedncias, o inverso da


impedncia equivalente igual soma dos inversos das impedncias individuais.
Pela definio de admitncia, conclui-se que:
Yab = Y1 + Y2 + ... + Yn (1.45)
Na Fig. 1.10 so mostradas associaes RL e RC em srie.

(a) (b)

Fig. 1.10. ( a ) Associao RL em srie; ( b ) Associao RC em srie.

No caso da Fig. 1.10 (a) e da Fig. 1.10 (b) tem-se, respectivamente, as seguintes impedncias:
Z RL = R + jL (1.46)
1
Z RC = R j (1.47)
C
Para as admitncias, pode-se escrever:
1 R jL R L
YRL = = 2 = 2 j 2 (1.48)
R + jL R + (L) 2
R + (L) 2
R + (L) 2
1 1
R+ j
YRC =
1
= C = R
+j C
1 2 2 2 (1.49)
R j 1 1 1
C R + C R + R +
2 2 2

C C
Na Fig. 1.11 so mostradas associaes RL e RC em paralelo.

(a) (b)
Fig. 1.11. ( a ) Associao RL em paralelo; ( b ) Associao RC em paralelo.

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Para a Fig. 1.11 (a) e Fig. 1.11 (b) tem-se, respectivamente:


1 1
YRL = j (1.48)
R L
1
YRC = + jC (1.49)
R
Como exerccio, sugere-se calcular ZRL e ZRC.
No caso de uma associao RLC em srie, tem-se para a impedncia equivalente:

1 2 LC 1
Z RLC = R + jL j = R+ j (1.50)
C C
Numa associao RLC em paralelo, tem-se para a admitncia equivalente:
1 1 1 2 LC 1
YRLC = j + j C = + j
R L R L (1.51)

Exemplo 4 Por um elemento de circuito passa uma corrente i(t) = 2,5 cos(2500t - 30o),
estando este submetido a uma tenso v(t) = 5 sen(2500t - 30o). Qual o elemento?
Soluo Exprimindo v em termos de cosseno:

v(t ) = 5 cos (2500 t 30o 90o ) = 5 cos (2500 t 120o )

V = 5 120o , I = 2,5 30o

V 5 120o
Z= = = 2 90o Z =- j2
I 2,5 30 o

Conclui-se que o elemento um capacitor.


1 1 1
=2 C= = = 200 F
C 2 2 x 2500

Exemplo 5 Um resistor de 10 e um indutor de 5 mH esto em paralelo, como ,e


mostrado na Fig. 1.12. A corrente no ramo indutivo iL = 5 sen(2000t - 45o). Obter iT = iR + iL.

Fig. 1.12. Circuito do Exemplo 5.

Soluo Calculando o fasor IL a partir da funo seno:

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I L = 5 45o

X L = L = 2 000 x 5 x103 =10 Z L = j10 = 1090o

( )( )
V = Z L I L = 10 90o 5 45o = 50 45o

V 50 45o
IR = = = 5 45o
R 10
IT = I R + I L = 5 45o + 5 45o = 5 2 0o

iT = 5 2sen (2000t )

Exemplo 6 O capacitor de 35 F da Fig. 1.13 est em paralelo com um certo elemento.


Identificar o elemento, sabendo que a tenso e a corrente total so, respectivamente, v = 150
sen(3000t) e iT = 16,5 sen(3000t + 72,4o).

Fig. 1.13. Circuito do Exemplo 5.

Soluo Neste caso, os fasores so determinados a partir da funo seno; assim:

V =1500o , IT =16,5 72,4o


1 1
ZC = j =j 6
= j 9,52 = 9,52 90o
C 3000 x 35 x 10
V 150 0o
IC = = = 15,75 90o
Z C 9,52 90o
V 150 0o
I Z = I T I C = 16,572,4 15,7590 = 5,060
o o o
Z= = = 29,6
IZ 5,06
O elemento um resistor. Isso poderia ser concludo de imediato, pois os elementos so
ideais e v e iT apresentam defasagem de 72,4o.

7. Diagramas Fasoriais
Os diagramas fasoriais so representaes dos fasores tenso e/ou correntes no plano
complexo, de modo a reproduzirem graficamente as leis de Kirchhoff. Na Fig. 1.14, Fig. 1.15 e
Fig. 1.16 so mostrados esses diagramas para os circuitos RL, RC e RLC em srie. Na Fig. 1.17,
Fig. 1.18 e Fig. 1.19 so considerados os circuitos RL, RC e RLC em paralelo.

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Fig. 1.14. Associao RL em srie e diagrama fasorial.

Fig. 1.15. Associao RC em srie e diagrama fasorial.

Fig. 1.16. Associao RLC em srie e diagrama fasorial ( a ) |XL| < |XC|; ( b ) |XL| > |XC|.

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Fig. 1.17. Associao RL em paralelo e diagrama fasorial.

Fig. 1.18. Associao RC em paralelo e diagrama fasorial.

Fig. 1.19. Associao RLC em paralelo e diagrama fasorial ( a ) |XL| < |XC| ; ( b ) |XL| > |XC|.

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Chagas DEE / UFCG

Uma regra a ser seguida que a grandeza de referncia deve ser aquela que seja comum ao
maior nmero possvel de circuitos. Para os elementos em srie, foi tomada a corrente. Para os
elementos em paralelo, foi tomada a tenso. Por simplicidade, atribui-se a essa grandeza o
ngulo de fase 0o.

Exemplo 7 Em relao ao circuito da Fig. 1.20, determinar a corrente fornecida pela fonte,
a queda de tenso sobre cada elemento do circuito e esboar o diagrama fasorial. Considera-se
o fasor eficaz.

Fig. 1.20. Circuito do Exemplo 7.

Soluo A impedncia total do circuito :

ZT = 3 + j8 j 4 = 3 + j 4 = 553,1o
100 0 o
I= = 20 53,1o VR = R I = 3 x 20 53,1o = 60 53,1o
5 53,1o

VL = jX L I = j8 x 20 53,1o =160 (90o 53,1o ) =160 36,9o

VC = jX C I = 4 x 20 (90o 53,1o ) = 80 143,1o

O diagrama fasorial do circuito mostrado na Fig. 1.21.

Fig. 1.21. Diagrama fasorial do Exemplo 7.

Uma observao importante que a tenso da fonte 100 V, enquanto a tenso no indutor
160 V (explicar). Ainda mais, por que o diagrama da Fig. 1.21 mostra-se mais complicado que
o da Fig. 1.16 (b), se o circuito considerado o mesmo?

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Chagas DEE / UFCG

Exemplo 8 No circuito da Fig. 1.22, os valores medidos das correntes i, i1 e i2 so,


respectivamente, 29,9/2A, 22,3/2A e 8//2A. Determinar os valores de R e L para f = 60 Hz.

Fig. 1.22. Circuito do Exemplo 8.

Soluo - Os valores de pico de i, i1 e i2 so, respectivamente, 29,9 A, 22,3 A e 8 A. Arbitran-


do a fase de i2 em 0o, tem-se para o fasor amplitude de v:

V =15 I 2 =15 x 8 0o =120 0o


Como os elementos se acham ligados em paralelo, mais conveniente trabalhar com
admitncias. Assim, tem-se para o ramo RL:
I1 22,3
Y= = = 0,1858 , >0
V 120 0o
Y = 0,1858 ( cos j sen )

No diagrama fasorial da Fig. 1.23, tem-se:

29,9 2 22,32 82
I 2 = I12 + I 22 + 2 I1 I 2 cos cos = = 0,932
2 x 22,3 x 8

Fig. 1.23. Diagrama fasorial do Exemplo 8.

Assim, obtm-se = 21,25o. A admitncia do ramo RL , ento:


1 1
Y = 0,1858 cos 21,25o j 0,1858 sen21,25o = j
R L
1
R= = 5,77
0,1858 x 0,932

1
L= = 39,4 mH
0,1858 x 0,363x 2x60
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Chagas DEE / UFCG

8. Ressonncia

8.1 Definio
Na Fig. 1.24 mostrada uma fonte de tenso senoidal, a qual alimenta uma associao de
resistores, indutores e capacitores interligados de forma arbitrria. Diz-se que ocorre
ressonncia quando a tenso aplicada v(t) e a corrente resultante i(t) esto em fase. Assim, a
impedncia vista dos terminais de entrada do circuito apresenta-se como uma resistncia pura.

Fig. 1.24. Representao de um circuito RLC alimentado por fonte de tenso senoidal.

Nessas condies, as energias armazenadas nos campos eltricos dos capacitores e dos
indutores so compartilhadas exclusivamente por esses elementos de circuito, sem que a fonte
tome parte no processo. Assim, a interao entre a fonte e o resto do circuito resume-se ao
fornecimento da energia que dissipada nos elementos resistivos.
Para explicar esse fenmeno, considerando o circuito RLC em srie da Fig. 1.25. A
impedncia vista dos terminais da fonte dada por:

1
Z = R + j L = R + jX = Z Z (1.52)
C

Fig. 1.25. Circuito RLC em srie ressonante.

O circuito se acha em ressonncia quando a reatncia indutiva e a capacitiva se cancelam.


Assim, Z = R quando
1 1
L =0 = 0 = (1.53)
C LC
A frequncia angular 0 denominada frequncia de ressonncia, em rad/s. Em Hz, tem-se:
1
f0 = (1.54)
2 LC
De (1.52), tem-se para Z e Y, tem-se:
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Chagas DEE / UFCG

2
1
Z = R + L
2
(1.55)
C

2 LC - 1
Z = arctg (1.56)
RC
1
Y= (1.57)
2
1
R + L
2

C

2 LC - 1
Y = arctg (1.58)
RC
So mostradas na Fig. 1.26 e a Fig. 1.27 as variaes dos mdulos e dos ngulos da
impedncia Z e da admitncia Y vistas dos terminais de entrada do circuito.

Fig. 1.26. Variaes do mdulos e dos ngulo da impedncia Z.

Fig. 1.27. Variaes do mdulos e do ngulos da admitncia Y.

18
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8.2 Consideraes sobre Energia


Na anlise a seguir, o circuito RLC em srie interpretado como um oscilador, cujo critrio
de avaliao de desempenho estabelecido em termos de energia. Caso a resistncia seja
pequena, a energia dissipada em forma de calor tambm pequena. Assim, o oscilador
apresentar um comportamento prximo do ideal se as perdas hmicas forem muito menores
que a energia armazenada. Com isso, ao se fornecer energia ao circuito, o mesmo ser capaz de
manter uma troca ou oscilao de energia entre capacitor e indutor durante um longo perodo,
com um amortecimento mnimo nas amplitudes das ondas de tenso e de corrente.
Diante do exposto, necessrio estabelecer um parmetro de avaliao do grau de
influncia da resistncia R no processo de amortecimento das oscilaes. Esse critrio
expresso em termos do fator de qualidade, Q, o qual proporcional relao entre a energia
armazenada nos elementos armazenadores de energia, em qualquer instante, durante o
fenmeno de ressonncia, e a energia dissipada no resistor, considerando o intervalo de um
ciclo, ou seja:
ENERGIA ARMAZENADA EM RESSONNCIA
Q = 2 (1.59)
ENERGIA DISSIPADA POR CICLO

Se a corrente I = Im 0o, ento:

i(t ) = I mcost (1.60)


A energia armazenada no indutor :
1 1
WL (t ) = L i (t ) 2 = L I m2 cos 2t (1.61)
2 2
No capacitor, o fasor tenso :
1 I
VC = j I = m / 2 (1.62)
C C
No domnio do tempo:

Im I
VC (t ) = cos(t / 2) = m sent (1.63)
C C

A energia armazenada no capacitor dada por:

1 1 I m2
WC (t ) = C vC (t ) 2 = sen2t (1.64)
2 2 C
2

A energia total armazenada em qualquer dada por:

1 2 2 1
W (t ) = WL (t ) + WC (t ) = L I m cos t + 2 sen 2t (1.65)
2 LC
Para = 0 = 1/(LC), tem-se:

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1 2 1 1 1 2 2 1
W (t ) = L I m = L o2 C 2Vm2 = L C Vm = CVm2 (1.66)
2 2 2 LC 2
Isso mostra que, em condies de ressonncia, a energia total armazenada nos elementos
reativos constante, no havendo troca de energia entre esses elementos e a fonte.
A energia dissipada num circuito ressonante durante um ciclo o produto da potncia
mdia, P, pelo perodo T = 1/ fo = 2/ fo, ou seja:
2
Im R I m2
WD = P.T = R T= (1.67)
2 2 fo

Assim, da equao (1.59), o fator de qualidade do circuito :


1 2
L Im
2 2 f o L o L
Q = 2 2
= = (1.68)
1 R Im R R
2 fo

V-se que se R diminuir, o fator de qualidade aumenta, diminuindo o amortecimento. Assim,


o comportamento do circuito oscilador aproxima-se do ideal.
Para uma tenso de entrada V1 fixa, tem-se para o mdulo da corrente:
V1
I = Y V1 = (1.69)
2
1
R + L
2

C
V-se que o mximo valor de I ocorre para = o, ou seja:
V1
I = Io = (1.70)
R
A variao de I em funo de mostrada na Fig. 1.28, considerando uma tenso constante
na entrada.

Fig. 1.28. Variao da corrente I em funo de - Circuito RLC em srie.

20
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Exemplo 9: Uma tenso V = 10 0o, de frequncia = 1000 rad/s aplicada no circuito da


Fig. 1.29. Ajusta-se L de modo que a tenso no resistor seja mxima. Achara a tenso em cada
elemento.

Fig. 1.29. Circuito do Exemplo 9.

Soluo - Para que a tenso no resistor seja mxima, a corrente tambm dever ser mxima,
o que implica em uma impedncia total mnima. Para que isso ocorra, o circuito dever estar
em ressonncia, ou seja:
1 1
X L = L = = = 50.
C 1000 x20 x106
Z = R + j ( X L X C ) = R = 50o

V 100o
I= = = 2 0o
Z 5 0o
VR = R I = 5 0o x20o =10 0o

VL = jX L I = 5 090o x 20o =100 90o

VC = jX C I = jX L I = 5 0 90o x 20o =100 90o

Um fato interessante que as tenses no capacitor e no indutor apresentam mdulos 10


vezes maiores que a tenso da fonte. Assim, a ressonncia pode acarretar em valores muito
elevados de tenso e corrente, pondo em risco a integridade da instalao e a vida das pessoas.

Exemplo 10: Determinar o valor de C que torna o circuito da Fig. 1.30 ressonante em =
500 rad/s.

Fig. 1.30. Circuito do Exemplo 10.

Soluo A admitncia de entrada do circuito :

21
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1 1 8 j 6 8,34 + jX C 8 8,34 XC 6
Y= + = 2 2+ = + + j
8 + j 6 8,34 jX C 8 + 6 8,34 + X C 100 69,5 + X C2
2 2
69,5 + X C 100
2

Em ressonncia, tem-se:
XC 6
= X C2 16,7 X C + 69,5 = 0
69,5 + X C 100
2

16,7 16,7 2 4 x 69,5


XC = X C1 = 8,82 ou X C 2 = 7,88
2
1 1 1 1
C1 = = = 227 F , C2 = = = 2,53 F
X C1 500 x 8,82 X C 2 500 x 7,88

Exemplo 11: O circuito da Fig. 1.31 representa a ligao em paralelo de um capacitor e um


indutor no ideal, onde a resistncia da bobina RL. Achar a frequncia de ressonncia do
circuito.

Fig. 1.31. Circuito do Exemplo 11.

Soluo Para a admitncia de entrada do circuito, tem-se:

1 R jL R L
Y= + j C = 2L + j C = 2 L 2 2 + j C 2
2 2
RL + jL RL + L
2 2
RL + L RL + L

Em ressonncia, tem-se:
o L 1 RL2C
o C = o = 1
RL + o2 L2
2
LC L
Para RL = 0 (indutor ideal), tem-se o = 1/(LC). Considerando uma fonte de tenso v(t) =
Vm cost nos terminais de entrada do circuito, a corrente no indutor :
Vm 0 o V
IL = =j m
jo L o L
Como oC = 1 / (o L), tem-se no capacitor:
Vm
I C = jo C.Vm 0 o = j
o L
A corrente total :

22
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Vm V
I = I L + IC = j + j m =0
o L o L
Assim, tem-se um oscilador ideal, o qual recebe o nome de circuito tanque. No mesmo,
nenhuma energia trocada entre a fonte e o resto do circuito. Conforme ser visto em
detalhes mais adiante, durante meio ciclo de tenso, o indutor transfere energia do seu campo
magntico para o campo eltrico do capacitor, invertendo-se esse processo no meio ciclo de
tenso seguinte. Assim, o processo ocorre sem amortecimentos nas amplitudes da ondas de
tenso e de corrente, pois no h dissipao de energia.

9. Potncia em Regime Senoidal


9.1 Potncia Instantnea
Na Fig. 1.32 mostrada uma fonte de tenso senoidal que alimenta uma associao de
resistores, indutores e capacitores interligados de forma arbitrria.

Fig. 1.32. Circuito RLC alimentado por fonte de tenso senoidal.

Para a tenso e corrente, v(t) e i(t), suposto que:

v(t ) = Vm cost (1.71)

i(t ) = I mcos(t + ) (1.72)


Define-se potncia instantnea como sendo:

p(t ) = v(t ) i(t ) = Vm I m cost.cos(t + ) (1.73)


Da identidade trigonomtrica
1
cos a . cos b = [cos (a b ) + cos (a + b )] (1.74)
2
pode-se escrever para p(t):

1
p(t ) = Vm I m [cos(t t ) + cos(t + t + )] = Vm I m [cos + cos(2t + )] (1.75)
2 2 2
p(t ) = V I [cos + cos(2t + )] (1.76)
As grandezas V e I so os valores eficazes de v(t) e i(t).

23
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Na Fig. 1.33 so mostradas as variaes de v(t), i(t) e p(t).

Fig. 1.33. Variaes de v(t), i(t) e p(t) em um circuito RLC com excitao senoidal.

Assim, so tiradas as seguintes concluses:


o valor mdio de p(t) P = VIcos;
a onda de p(t) pulsa com frequncia 2 em torno de P = VIcos , ou seja, p(t) perfaz dois
ciclos completos para cada ciclo de v(t) e de i(t);
durante certos intervalos de tempo, p(t) assume valores negativos. Isto indica que a energia
fornecida fonte pelos elementos armazenadores de energia (indutores e capacitores);
a fonte entrega mais energia carga do que recebe; isto se deve existncia de elementos
resistivos, essencialmente dissipadores de energia, os quais impem um consumo
correspondente a P = VIcos.
Devido ao fato de p(t) apresentar o carter pulsante mostrado na Fig. 1.33, podem ocorrer
vibraes quando se aplica motores de induo monofsicos no acionamento de cargas como
compressores de refrigeradores, por exemplo. Tal fato no ocorre quando se aplica motores
trifsicos, pois a soma das potncias instantneas de cada fase resulta em um valor constante.
Isto faz com que os motores de grandes potncias sempre sejam do tipo trifsico.
Nos casos em que o circuito puramente resistivo ou ressonante, v(t) e i(t) se acham em
fase e = 0. Da equao
pR (t ) = V I (1 + cos2t ) (1.77)
Como mostrado na Fig. 1.34, p(t) assume apenas valores positivos, ou seja, o circuito
apenas absorve energia da fonte. O valor mdio de p(t) P = VI.
Se o circuito for puramente indutivo, = -90o na equao (1.76), de modo que:

24
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pL (t ) = V I sen2t (1.78)
Para o circuito puramente capacitivo, = 90 , e ento:
o

pC (t ) = V I sen 2t (1.79)
Na Fig. 1.35 e na Fig. 1.36 v-se que, em qualquer instante, pL(t) e pC(t) apresentam sinais
opostos.

Fig. 1.34. Onda da potncia instantnea em um circuito resistivo com excitao senoidal.

Fig. 1.35. Onda da potncia instantnea em um circuito indutivo com excitao senoidal.

Fig. 1.36. Onda da potncia instantnea em um circuito capacitivo com excitao senoidal.

25
Chagas DEE / UFCG

Os sinais opostos de pL(t) e pC(t) indicam que, durante um quarto de ciclo de tenso, o
indutor recebe energia da fonte, passando a fornecer no quarto de ciclo seguinte. O contrrio
ocorre com o capacitor. Ademais, essas potncias oscilam em torno de um valor mdio igual a
zero, indicando que no so convertidas em outras formas de potncias no-eltricas.

9.2 Potncia Mdia ou Ativa


Potncia mdia definida por:
1 T
P=
T
0
p(t ) dt (1.80)
Substituindo (1.76) em (1.80), obtm-se:
P = V I cos (1.81)
A potncia mdia tambm chamada de potncia real ou ativa. Ela corresponde energia
efetivamente consumida pela carga. No Sistema Internacional de Unidades, medida em watts
(W). Em indutores e capacitores, tem-se P = 0.

9.3 Potncia Reativa


A expresso (1.76) tambm pode ser escrita como:
p(t ) = VIcos + VI (cos2t.cos sen2t.sen ) = VIcos (1 + cos2t ) VIsen.sen2t (1.82)
p(t ) = P (1 + cos2t ) Q sen2t (1.83)
A componente P(1+cos2t) sempre positiva e possui valor mdio P = VIcos.
A componente Qsen2t pode ser positiva (sentido fonte-carga) ou negativa (sentido carga-
fonte). associada aos elementos armazenadores de energia (indutores e capacitores).
A grandeza
Q = VI sen (1.84)
definida como potncia reativa, a qual corresponde ao valor mximo da componente
Qsen2t. A potncia reativa medida em volt-ampres reativos (var). Para os resistores, Q = 0.
Nas redes de energia eltrica, a existncia de elevados valores de potncia reativa circulando
nas linhas constitui um fator indesejvel, pois ocorrem perdas hmicas nos condutores e
quedas de tenso nos terminais da carga. Alm disso, um consumidor que requer excesso de
potncia reativa do sistema penalizado com um acrscimo na sua conta de consumo de
energia, como ser visto em detalhes mais adiante.
Vale observar que a expresso (1.84) s vlida para o caso senoidal, assim como (1.81).

9.4 Potncia Aparente


Define-se potncia aparente como sendo o produto dos valores eficazes da tenso e da
corrente, ou seja:
S =V I (1.85)
26
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A potncia aparente medida em volts-ampres (VA). a potncia que se utiliza na


especificao de equipamentos eltricos, como geradores, transformadores, etc. mais usual
utilizar seus mltiplos (kVA, MVA).

9.5 Fator de Potncia


Define-se fator de potncia de uma instalao como a relao entre a potncia ativa
consumida e a potncia aparente, ou seja:
POTNCIA ATIVA
FP = (1.86)
POTNCIA APARENTE

Em regime senoidal, tem-se:


VI cos ( )
FP = V I
= cos ( ) = cos (1.87)
VI V I

O fator de potncia uma grandeza de extrema importncia na avaliao do desempenho


das cargas eltricas. Das expresses (1.81), (1.84) e (1.85), v-se que, para o mesmo valor de
potncia aparente, S, um baixo valor de FP implica em baixo valor de P e alto valor de Q, o que
no conveniente, conforme foi explicado.
Para circuitos puramente resistivos ou ressonantes, V =I e cos =1. No caso de circuitos
puramente indutivos ou capacitivos, a corrente e a tenso acham-se em quadratura e cos =0.
No primeiro caso, diz-se cos em atraso (corrente atrasada da tenso); no segundo caso, diz-
se cos em avano.

9.6 Potncia Complexa


No estudo de potncia em circuitos de corrente alternada, utiliza-se exclusivamente o
conceito de fasor eficaz. Assim, define-se potncia complexa como sendo:
S = V I* (1.88)
A grandeza I* o conjugado do fasor corrente. Se V = V V e I = I I, ento:

S = V I(V - I ) = VI cos (V - I ) + jVI sen (V - I ) (1.89)


Fazendo = V - I, tem-se:
S = V I = VIcos + jVIsen = P + jQ (1.90)

9.7 Relaes Adicionais para Potncias


Considerando uma impedncia Z = R + j X, submetida a uma tenso V e uma corrente I,
pode-se escrever:

( )
S = V I * = Z I * I * = Z I 2 = R I 2 + jX I 2 = P + jQ (1.91)
P = RI 2
(1.92)
Q = X I2 (1.93)
27
Chagas DEE / UFCG

S = Z I2 (1.94)

S = P2 + Q2 (1.95)
( )
S = V I * = V (V/Z ) = V V * /Z * = V 2 / Z *
*
(1.96)
S =V 2 / Z (1.97)
( ) ( ) ( )
S = V 2 / Z * = V 2 Z / Z 2 = V 2 /Z Z / Z = V 2 /Z = V 2 /Z (cos + jsen ) = P + jQ (1.98)
(
P = V 2 / Z cos ) (1.99)
Q = (V 2
/ Z ) sen (1.100)

9.8 Tringulo de Potncias


usual relacionar S, P, Q e atravs do tringulo de potncias, como mostrado na Fig.
1.37.

(a) Fator de potncia indutivo. (b) Fator de potncia capacitivo.

Fig. 1.37. Tringulos de potncias para cargas.

Como ser visto mais adiante, a representao grfica das potncias permite que diversos
problemas de soluo analtica laboriosa possam ser mais facilmente resolvidos atravs de
recursos da geometria euclidiana, como o teorema de Pitgoras, lei dos senos, lei dos cossenos,
etc.
Exemplo 12: Dado um circuito com uma tenso aplicada v(t) = 14,14 cost e uma corrente
i(t) = 17,1x10-3 cos(t-14,05o), determinar o tringulo de potncias.
Soluo Os fasores tenso e corrente so:
V = (14,14 / 2 )0o =10 0o

I = (17,1 x 103 / 2 ) 14,05o =12,09 x 103 14,05o


S =V I * = 10 x12,09 x103 14,05o = 0,12114,05o
S = 0,117 + j 0,0294

cos = 0,117 / 0,1172 + 0,02942 = 0,970

= cos-1 0,970 = 14,1o


O tringulo de potncias mostrado na Fig. 1.38.
28
Chagas DEE / UFCG

Fig. 1.38. Tringulos de potncias relacionado ao Exemplo 12.

Exemplo 13: A associao dos dois elementos da Fig. 1.39, com R = 5 e XL = 15 ,


apresenta uma tenso de 31,6 V no resistor. Achar a potncia complexa e o fator de potncia.

Fig. 1.39. Associao de elementos do Exemplo 13.

Soluo Arbitrando a fase de VR em 0o, tem-se:

VR = 31,60o , I = 31,60o / 5 = 6,320o

P = RI 2 = 5 x 6,322 200 W , Q = XI 2 =15 x 6,32 2 600 var

S = 2002 + 6002 = 632,4 VA

cos = P / S = 200 / 632,4 = 0,316 = 71,6o


S = P + j Q = 200 + j 600 = 632,471,6o
Exemplo 14: No circuito da Fig. 1.40, achar Z1 se a potncia aparente total 3373 VA, com
fator de potncia 0,938 adiantado, e o resistor de 3 dissipa uma potncia de 666W.

Fig. 1.40. Circuito do Exemplo 14.

Soluo No resistor de 3, tem-se:


P = R I 22 I 2 = 666 / 3 = 14,9 A
Q2 = X I 22 = 6 x14,9 2 = 1332 var
No circuito total, cos = 0,938, ou = 20,28o. Como cos adiantado, o efeito capacitivo
predomina sobre o indutivo. Assim, a potncia complexa total :

29
Chagas DEE / UFCG

S = 3373 20,28o = 3163,9 j 1169,1


S1 = S - S 2 = 3163,9 j 1169,1 666 j1332 = 2497,9 j 2501,01 = 3534,8 45o

S2 6662 + 13322
V= = = 100 V = 71,6o
I2 14,9

V2 1002
Z1 = = = 2,82 45o = 2 j 2
S1* 3534,845o

Exemplo 15: Determinar a potncia dissipada nos resistores de 15 e 8 do circuito da Fig.


1.41, sabendo que a potncia mdia total do circuito de 2000W.

Fig. 1.41. Circuito do Exemplo 15.

Soluo A impedncia total :


15(8 j 2)
Z= = 5,36 9,03o = 5,29 j 0,84
15 + 8 j 2

P=RI2 I = 2000 / 5,29 = 19,44 A


,
I =19,44 0 o

8 j2
I1 = x19,440 o = 6,94 9,06 o
15 + 8 j 2
P1 =15 I12 = 15 x 6,942 = 722,4 W
P2 = P P1 = 2000 722,4 = 1277,6 W

Outro mtodo:

I1 V / Z1 I1 Z 2 82 + 2 2
= = = = 0,55
I2 V / Z2 I 2 Z1 15
P1 15 I12 15
P1 =15 I12 , P2 = 8 I 22 = = x 0,552 = 0,567
P2 8 I 22 8
P1 0,567 P1
= = 0,362 = 0,362
P1 + P2 0,567 + 1 P

P1 = 2000 x 0,362 = 723,6 W


P2 = 2000 723,6 = 1276,3 W

30
Chagas DEE / UFCG

9.9 Teorema da Mxima Transferncia de Potncia

Considerando o circuito da Fig. 1.42, suposto que a impedncia da fonte, ZS = RS+j XS, seja
fixa. Deseja-se calcular a impedncia da carga, Z = R j X, de modo que a potncia nela
dissipada seja mxima.

Fig. 1.42. Fonte fornecendo potncia mxima a uma carga.

Sero considerados os seguintes casos:

Caso 1: R e X variveis.

Neste caso, o mdulo da corrente :


VS
I= (1.101)
( RS + R) + ( X S + X ) 2
2

A potncia dissipada :
R VS2
P = RI 2 = (1.102)
( RS + R) 2 + ( X S + X ) 2

Em relao a X, v-se de (1.101) que a potncia mxima ocorre para X = -XS, ou seja:
R VS2
P= (1.103)
( RS + R) 2

Para determinar R, faz-se dP/dR = 0, ou seja:


dP ( R + R) 2 R . 2( RS + R)
= VS2 S =0 (1.104)
dR ( RS + R) 4

Resolvendo a equao, chega-se a R = RS. Assim, a mxima potncia dissipada na carga


ocorre quando sua impedncia for igual ao conjugado da impedncia da carga. Assim, diz-se
que h casamento de impedncias quando:
Z = Z *S (1.105)
Isto quer dizer que o circuito ressonante. De (1.103), a mxima potncia dissipada em R :
VS2
PMAX = (1.106)
4 RS
31
Chagas DEE / UFCG

Como R = RS , a potncia total fornecida pela fonte :

VS2
PF , MAX = (1.107)
2 RS

Define-se rendimento ou eficincia na transmisso, , como a relao entre a potncia


mdia consumida pela carga e a potncia mdia fornecida pela fonte. Em condio de mxima
potncia transferida, tem-se:
PMAX
= 100 x = 50% (1.108)
PF , MAX

Os circuitos de comunicao e de instrumentao normalmente operam com impedncias


casadas. Por exemplo, a impedncia de sada de um amplificador deve estar casada com a
impedncia do alto-falante a ele ligado, de modo a se obter a mxima potncia de som. Assim,
nesses circuitos, a preocupao consiste em se obter a mxima potncia na sada, sem que haja
preocupao com o valor da potncia gerada.

Nos circuitos eltricos de potncia, a preocupao com o mximo rendimento na


transmisso, de modo a reduzir o custo da potncia gerada. As usinas de energia eltrica
devem entregar o mximo da energia por eles produzida aos centros consumidores com
rendimentos bem maiores que 50% (normalmente, acima de 95%). Assim, nas redes de energia
eltrica, as impedncias nunca so casadas.

Caso 2: R varivel, X fixo.

Neste caso, no se pode variar o valor de X. Da expresso (1.102), quando se iguala a zero a
derivada de P em relao a R, tem-se:

dP
= VS2
[
( RS + R) 2 + ( X S + X ) 2 R . 2( RS + R )]=0
dR [( RS + R) 2 + ( X S + X ) 2 ]2 (1.109)

Simplificando, obtm-se:

R 2 = RS2 + ( X S + X ) 2 R = RS2 + ( X S + X ) 2 (1.110)

Caso 3: R varivel, X = 0.

Neste caso, de (1.110), tem-se:

R = RS2 + X S2 = Z S (1.111)

Assim, a resistncia da carga dever ser igual ao mdulo da impedncia da fonte.

32
Chagas DEE / UFCG

10. Correo do Fator de Potncia

10.1 Consideraes Gerais

Os elementos tpicos que compes as cargas nos sistemas eltricos so lmpadas


incandescentes e equipamentos de aquecimento, alm de lmpadas fluorescentes e motores
de induo domsticos e industriais. Assim, pode-se afirmar que as cargas apresentam
caractersticas que podem ser atribudas a uma combinao de resistncia e indutncia.

sabido que a potncia til consumida pelas cargas a potncia ativa, P, a qual consiste na
componente real da potncia complexa, S = P + j Q. Em outras palavras, P a componente de
S que convertida pelo usurio final em formas de potncia no eltricas, correspondendo ao
valor mdio da potncia instantnea p(t), como indica a expresso (1.76).
A potncia reativa, Q, corresponde parte imaginria de S, que tambm o valor de pico de
uma componente senoidal de p(t), conforme indicado em (1.76). Como o valor mdio desta
componente nulo, Q pode ser associada a potncias trocadas entre a fonte e elementos
armazenadores de energia (capacitores e indutores), que no correspondem energia
efetivamente utilizada pelos consumidores. O transporte da potncia reativa Q atravs dos
circuitos deve ser minimizado, pelos motivos expostos a seguir.
Ainda que a potncia efetivamente utilizada pelo consumidor seja a potncia ativa P, a
concessionria de energia ter de fornecer uma potncia S = (P2+Q2), ou seja, alm da
potncia ativa, ela tambm dever fornecer a potncia reativa requerida pelo consumidor.
Isto implica em maior investimento nos sistemas de gerao, transmisso e distribuio, pois
os equipamentos sero sobredimensionados.
A potncia reativa est associada a uma componente da corrente I igual a I sen , a qual , ao
circular na linha, produz perdas hmicas, reduzindo o rendimento na transmisso.
Conforme ser visto, o transporte de potncia reativa atravs da linha implica em queda de
tenso nos terminais da carga.

A soluo mais simples e barata para evitar circulao de potncia reativa na rede consiste
em instalar bancos de capacitores junto carga, no sentido de compensar o efeito indutivo da
mesma, levando o circuito condio de ressonncia. Conforme foi visto, nessa condio no
h troca de potncia reativa entre a fonte e o resto do circuito, o que torna cos = 1.

Na prtica, no necessrio fazer cos = 1 (compensao total). O artigo 64 da Resoluo


456 de 29/11/2000, da ANEEL (Agncia Nacional de Energia Eltrica), estabelece o seguinte: o
fator de potncia de referncia, indutivo ou capacitivo, ter como limite mnimo permitido para
instalaes eltricas ou unidades consumidoras, o valor 0,92.

33
Chagas DEE / UFCG

Caso a instalao apresente cos < 0,92, o consumidor ter sua conta de energia acrescida
de acordo com o estabelecido no artigo 65 da citada resoluo.

A seguir, so feitas consideraes em relao instalao de capacitores junto s instalaes


dos consumidores.

10.2 Capacitores em Paralelo

A forma de correo de fator de potncia mais utilizada mostrada na Fig. 1.43.

Fig. 1.43. Banco de capacitores instalado em paralelo com a carga.

Os parmetros R e X so, respectivamente, a resistncia e a reatncia da linha. Considera-se


VR fixa e VS varivel. Com a chave S aberta, tem-se:

VS =VR + R I + jX I (1.112)
Com S fechada, resulta:

VS' =VR + R (I + I C ) + jX (I + I C ) = VR + R I ' + jX I ' (1.113)


Os diagramas fasoriais do circuito antes e aps a correo acham-se mostrados na Fig. 1.44.

Fig. 1.44. Diagramas fasoriais do circuito da Fig. 1.43 ( a ) S aberta; ( b ) S fechada.

Aps a correo, observa-se que:


H melhoria no fator de potncia da instalao (cos > cos ). Caso cos < 0,92 e cos
0,92, o consumidor deixa de ser penalizado por apresentar baixo fator de potncia.

34
Chagas DEE / UFCG

A queda de tenso ao longo da linha torna-se menor (VS - VR < VS - VR), ou seja, h melhor
regulao.
A corrente requerida pela carga torna-se menor ( I < I ), ocorrendo menores perdas ou
evitando-se sobredimensionamento dos condutores da linha e equipamentos.
H possibilidade de instalao de cargas adicionais no sistema, sem necessidade de aumento
das potncias nominais dos equipamentos existentes no sistema (gerador, linha de
transmisso, etc).

So mostrados na Fig. 1.45 os tringulos de potncias correspondentes s situaes de antes


e de aps a correo.

Fig. 1.45. Tringulos de potncias antes (S, P, Q) e aps a correo (S, P, Q).

A potncia ativa P permanece constante. A potncia reativa cai de Q para Q, de modo que
a potncia reativa e a capacitncia do banco de capacitores so dadas por:
QC = Q Q ' = P (tan - tan ') (1.114)
QC
C= (1.115)
2 f V 2

As grandezas f e V so, respectivamente, a frequncia e a tenso nominal do sistema.

Exemplo 16: Um transformador de 250 kVA, tenso secundria nominal de 220 V, est
funcionando a plena carga com fator de potncia igual a 0,85 em atraso. (a) Qual a capacitncia
do banco necessrio para corrigir o fator de potncia para 0,98 atrasado? (b) Aps a correo,
instalada outra carga em paralelo carga j existente, com fator de potncia igual a 0,85 em
atraso. Qual o mximo valor de potncia ativa dessa nova carga, sem que haja sobrecarga no
transformador?

Soluo ( a ) Considerando o tringulo de potncias da Fig. 1.45, tem-se:

cos = 0,85 , = 31,8o , sen = 0,53

35
Chagas DEE / UFCG

P = S cos = 250 x 0,85 = 212,5 kW


Q = S sen = 250 x 0,53 =132,5 kvar
cos ' = 0,98 , ' = 11,5o
Q' = P. tan ' = 212,5. tan 11,5o = 43,2 kvar
QC = Q Q' = 132,5 43,2 = 89,3 kvar
QC 89,3
C= = = 4,9 mF
2 f V 2
2 x 60 x2202

( b ) Com o banco de capacitores e as cargas em paralelo, tem-se os tringulos de potncia


da Fig. 1.46. Para a carga adicional, tem-se:

cos A = 0,85 A = 31,8o

Fig. 1.46. Tringulos de potncias das cargas do Exemplo 16.

Neste caso, S = S = 250 kVA, pois o transformador volta a operar a plena carga. Para o
tringulo maior, tem-se:

( P + PA ) 2 + (Q' + QA ) 2 = S 2 (212,5+ PA ) 2 + (43,2 + PA tan 31,8 o ) 2 = 2502


PA = 29,8 kW
importante observar que, mesmo com a instalao da nova carga, o fator de potncia
continua maior que 0,92, ou seja:
P + PA 212,5 + 29,8
cos " = = = 0,97
S 250
Exemplo 17: Uma fonte de tenso senoidal VS fornece energia em 60 Hz a uma carga atravs
de uma linha de transmisso. A linha pode ser representada pela associao em srie de um
resistor de 1 e um indutor de 8. A carga consiste em um resistor de 160 em paralelo com
um indutor de 240, havendo tambm um banco de capacitores em derivao, ajustado de
modo que as perdas na linha sejam mnimas. A tenso VS ajustada para que se tenha 4800 V
nos terminais da carga. (a) Qual o valor da capacitncia, em F? (b) Se o banco de capacitores
for desligado do circuito, qual deve ser o aumento percentual de VS para que a tenso na carga
continue no valor de 4800V? (c) Qual ser o aumento percentual das perdas na linha?
36
Chagas DEE / UFCG

Soluo ( a ) O sistema descrito representado pelo diagrama da Fig. 1.47.

Fig. 1.47. Circuito do Exemplo 17.

Para que as perdas na linha sejam mnimas, a corrente tambm dever ser mnima. Assim, o
banco de capacitores dever ser ajustado de modo que a impedncia total da carga seja
mxima. Isso ocorre quando o mdulo da admitncia do ramo capacitivo igual ao mdulo da
admitncia do ramo indutivo (condio de ressonncia), ou seja:
YC = YL oC =1 / X L
1
C= = 11,05 F
2 x 60 x 240

( b ) Sendo ZCC a impedncia da carga com o banco de capacitores ligado, tem-se:

VL 48000o
Z CC = 160 I CC = = = 300o A
Z CC 160
VS,CC = VL + Z L I CC = 48000o + (1 + j8) x 30 = 4835,962,84o V
Sendo ZSC a impedncia da carga sem o banco de capacitores, tem-se:
160 x j 240
Z SC = = 133,1333,69o
160 + j 240

VL 48000o
I SC = = = 36,05 33,69o A
Z SC 133,1333,69 o

VS,SC = VL + Z L I SC = 48000o + (1 + j8) x 36,05 33,69 o = 4994,772,51o V

4994,77 4835,96
V% = 100 x = 3,3%
4835,96

( c ) As perdas com e sem o banco de capacitores so, respectivamente:

PCC = RL I CC
2
=1 x 302 = 900 W

PSC = RL I SC
2
=1 x 36,052 = 1299,6 W

1299,6 900
P% = 100 x = 44,4%
900
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Chagas DEE / UFCG

10.3 Capacitores em Srie

A instalao de capacitores em srie com a carga, como mostrado na Fig. 1.48, tambm
causa aumento do fator de potncia. Isto se explica pelo fato de que a instalao tem parte de
sua reatncia indutiva cancelada, aproximando-se de um circuito em condio de ressonncia.

Fig. 1.48. Banco de capacitores instalado em srie com a carga.

Os diagramas fasoriais da Fig. 1.49 ilustram as situaes correspondentes ao banco de


capacitores desligado (S fechada) e ao banco ligado (S aberta).

Fig. 1.49. Diagramas fasoriais do circuito da Fig. 1.48 ( a ) S fechada; ( b ) S aberta.

Observa-se que, com S aberta, cos > cos , e tambm que VS < VS (reduo na queda de
tenso ao longo da linha). Entretanto, a instalao de capacitores em srie nunca utilizada
para correo de fator de potncia. Isto se deve ao fato de que as cargas so ligadas em
paralelo, sendo submetidas a tenses que devem variar dentro de faixas as mais estreitas
possveis. Com os capacitores em srie, a carga sofre uma queda de tenso igual ao produto da
corrente pela reatncia capacitiva. Assim, a tenso na carga sofre significativas variaes
quando a corrente de carga do sistema varia.

10.4 Considerao Final

Deve ficar claro que todos os desenvolvimentos efetuados se relacionam ao regime senoidal,
onde possveis distores nas formas de onda no so significativas. Em regime no senoidal,
necessrio efetuar uma anlise baseada em sries de Fourier. Nesse caso, as questes acerca
de potncia reativa e fator de potncia apresentam maior nvel de complexidade.

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Chagas DEE / UFCG

Bibliografia
[ 1 ] Alexander, C. K.; Sadiku, M. N. O. Fundamentos de Circuitos Eltricos, 5 ed., McGraw-Hill,
2008.
[ 2 ] Desoer, C. A.; Kuh, E. S. Basic Circuit Theory, McGraw-Hill, 1969.
[ 3 ] Dorf, , R. C. ; Svoboda, J. A. Introduo aos Circuitos Eltricos - 5 ed., LTC, 2003.
[ 4 ] Hayt Jr., W. H., Kemmerly, J. C. Anlise de Circuitos em Engenharia, McGraw-Hill, 1975.
[ 5 ] Irwin, J. D. Anlise Bsica de Circuitos para Engenharia, LTC, 2003.
[ 6 ] Nahvi, M.; Edminister, J. A. Circuitos Eltricos, Coleo Schaum, 5 ed., Bookman, 2003.
[ 7 ] Nilsson, J. W.; Riedel, S. Circuitos Eltricos, 5 ed., Addison-Wesley, 1996.

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Chagas DEE / UFCG

UNIDADE II
AMPLIFICADORES OPERACIONAIS

1. Introduo
Neste captulo so estudados os amplificadores operacionais (amp-ops), definidos como
amplificadores de acoplamento direto, de alto ganho, que usam realimentao para controle
de suas caractersticas. De modo anlogo s fontes de alimentao e aos resistores, capacitores
e indutores, eles podem ser vistos do ponto de vista externo como um dispositivo bsico que
compe os circuitos analgicos. Internamente, so constitudos por uma cascata de
amplificadores com transistores.
As primeiras aplicaes dos amp-ops foram feitas em computadores analgicos, realizando
operaes matemticas, como adio, subtrao, multiplicao, diviso, integrao e
diferenciao. Eles tambm so usados em inmeras aplicaes nos campos da instrumentao
eletrnica, sistemas de controle e processamento de sinais (amplificao, filtragem, controle de
processos, etc), em frequncias desde CC at vrios Megahertz.

2. Caractersticas Bsicas
Na Fig. 2.1 mostrado o aspecto externo superior mais comum do A741, com
encapsulamento do tipo DIP (Dual In-Line Package), lanado pela Fairchild em 1968, o qual
usado at hoje. O smbolo de um amp-op usualmente empregado em diagramas de circuitos
eletrnicos mostrado na Fig. 2.2.

Fig. 2.1. Aspecto externo do amplificador operacional A741.

Fig. 2.2. Smbolo do amplificador operacional.


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Chagas DEE / UFCG

A disposio de pinos deste dispositivo descrita a seguir.


1 - Pino para compensao do offset.
2 Entrada inversora.
3 Entrada no inversora.
4 Entrada para tenso de alimentao de polaridade negativa (-Vcc).
5 Pino para compensao do offset.
6 Sada.
7 Entrada para tenso de alimentao de polaridade positiva (+Vcc).
8 Pino sem conexo.
Essa pinagem pode ser diferente em outros amp-ops. Na Fig. 2.2, alguns pinos so omitidos,
(1 e 5, que podem ser ligados a um circuito externo de ajuste de offset, bem como 4 e 7, que
so ligados a uma fonte simtrica de tenso contnua, - VCC 0 + VCC).
A forma de ligao com a fonte de alimentao e as convenes de polaridades de tenso e
sentidos de correntes so mostradas na Fig. 2.3.

Fig. 2.3. Convenes de polaridades de tenso e sentidos de correntes.

O amplificador operacional pode ser visto como uma fonte de tenso controlada por tenso,
como mostrado na Fig. 2.4.

Fig. 2.4. Convenes de polaridades de tenso e sentidos de correntes.


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Chagas DEE / UFCG

Com esse dispositivo com o terminal de sada em aberto, tem-se:


vd v p vn (2.1)

vo A vd A v p vn (2.2)

i p in io ic ic 0 (2.3)

A tenso vd a tenso diferencial de entrada. A constante A o ganho de tenso de circuito


aberto do amplificador.
As caractersticas ideais de um amp-op so as seguintes:
ganho de tenso em circuito aberto infinito (A = );
impedncia de entrada infinita (Zi = );
impedncia de sada nula (Zo = 0);
resposta em frequncia infinita.
Como Zi = , pode-se dizer que as correntes em ambos os terminais de entrada so nulas,
ou seja:
i p in 0 (2.4)

Assim, da expresso (2.3), pode-se escrever:


io ic ic (2.5)

Idealmente, tambm vlida a seguinte relao:


v p vn vd 0 (2.6)

Assim, um amp-op ideal apresenta tenso diferencial nula nos terminais de entrada.
Uma limitao importante dos amp-ops a saturao. Essa propriedade descrita pela
caracterstica vo versus vd mostrada na Fig. 2.5.

Fig. 2.5. Caracterstica tenso de sada, vo, versus tenso diferencial, vd, de um amp-op.
42
Chagas DEE / UFCG

Pode-se ver que h trs modos de operao, dependendo da tenso diferencial de entrada:
saturao positiva , A vd > VCC;
regio linear , VCC A vd VCC;
saturao negativa , A vd < VCC;
Isso quer dizer que a tenso de sada fica limitada entre os valores VCC e VCC. Assim, se VCC +
= 15 V e VCC - = - 10 V, ento -10 V vo 15 V.
As caractersticas tpicas dos amp-ops reais so mostradas na Tabela 2.1.

Tabela 2.1 - Caractersticas tpicas dos amp-ops reais [ 1 ].

Parmetro Intervalo Tpico Valores Ideais

Ganho de tenso circuito aberto, A 105 a 108


Impedncia de entrada, Zi 105 a 1013
Impedncia de sada, Zo 10 a 100 0
Resposta em frequncia CC a alguns MHz CC a Hz
Tenso de alimentao, VCC 5 V a 24 V

Para os valores apresentados nesta tabela, o mximo valor absoluto que pode ser assumido
pela tenso diferencial vd calculado da seguinte maneira:
vd= VCC, MAX / AMIN = 24 / 105 = 0,24 mV.
Esse valor bastante baixo, mesmo considerando a condio mais desfavorvel. Assim, para
os valores de tenso de n nos circuitos usuais, pode-se dizer que vp vn.
Os amplificadores operacionais sero aqui considerados como elementos ideais. As
limitaes dos amp-ops reais sero estudadas em detalhes no curso de Eletrnica.

Exemplo 1: No circuito da Fig. 2.6, (a) calcular vo para va = 1 V, vb = 0 V; (b) repetir para va = 2
V, vb = 4 V; (c) para va = 3 V, especificar o intervalo de vb para que no haja saturao.

Fig. 2.6. Circuito do Exemplo 1.


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Chagas DEE / UFCG

Soluo (a) Para o n 1, pode-se escrever:


v1 va v1 vo
0 vo 7 v1 6 va 7 vb 6 va
20 120
vo 7 x 0 6 x 1 6 V

(b) Para este caso, tem-se:


vo 7 vb 6 va 7 x 4 6 x 2 16 V

Assim, o amplificador ir saturar, apresentando em sua sada uma tenso vo = 12 V.


(c) Do item (a), pode-se escrever:
vo 6 v a
vo 7 vb 6 v a vb
7
Para vo = 12 V, tem-se:
12 6 x 3
vb 4,28 V
7
Para vo = - 12 V, tem-se:
12 6 x 3
vb 0,86 V
7
Assim, a faixa de valores em que a tenso vb deve estar situada : 0,86 V vb 4,28 V.

3. Aplicaes Bsicas dos Amp-Ops


3.1 Circuito Amplificador Inversor
Na Fig. 2.7, o amp-op opera com realimentao negativa (realimentao da sada para a
entrada inversora). Para o circuito, pode ser escrito:
vg v0 Rf
0 v0 vg (2.7)
Rs Rf Rs

Assim, o circuito constitui um amplificador de tenso de ganho igual a Rf / Rs, o qual produz
na sada um sinal de polaridade inversa do sinal de entrada.

Fig. 2.7. Circuito amplificador inversor.


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Chagas DEE / UFCG

Se VCC + = VCC - , ento, para que no haja saturao:

Rf Rf VCC
- v g VCC (2.8)
Rs Rs vg

Supondo VCC + = VCC - = 15 V e vg = 10 mV, o mximo ganho (Rf / Rs ) que o amplificador deve
apresentar, sem que haja saturao, :
Rf 15
1500
Rs 10 x 10 3
No funcionamento em malha aberta, Rf = , e ento:
v o A v p v n A v n A v g (2.9)

Tomando o valor A = 105 na Tabela 2.1, resulta: v o 100000 v g

Obviamente, haver saturao.

3.2 Circuito Amplificador Somador


Na Fig. 2.8, tem-se:
va v v v
b c o 0 (2.10)
Ra Rb Rc R f

R R R
vo f va f vb f vc (2.11)
Ra Rb Rc

Se Ra = Rb = Rc = Rs, ento:
Rf
vo va vb vc (2.12)
Rs
Se Rf = Rs, tem-se ainda:
vo va vb vc (2.13)

Fig. 2.8. Circuito amplificador somador.

Assim, o sinal de sada igual soma dos trs sinais de entrada, com polaridade invertida.
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Chagas DEE / UFCG

3.3 Circuito Amplificador No-Inversor


Para o circuito da Fig. 2.9, pode-se escrever:

vg v g vo R
0 vo 1 f v g (2.14)
Rs Rf Rs

Assim, o circuito ampifica o sinal sem inverter sua polaridade.

Fig. 2.9. Circuito amplificador no-inversor.

3.4 Circuito Seguidor de Tenso


Um caso particular do circuito no-inversor mostrado na Fig. 2.10, onde feito Rs = e Rf
= 0. Esse circuito conhecido como seguidor de tenso ou buffer.

Fig. 2.10. Circuito seguidor de tenso ou buffer.

Neste caso, de (2.14), tem-se vo = vg, o que corresponde a um amplificador de ganho


unitrio. Este resultado tambm pode ser deduzido mediante avaliao das tenses vp e vn nas
entradas inversora e no-inversora; assim: vo = vn = vp= vg.
Neste ponto, pode surgir a seguinte questo: se vo = vg, por que usar um amp-op e no um
par de fios? Isto pode ser respondido mediante anlise do circuito da Fig. 2.11, para o qual
vlida a seguinte expresso:
vo v g R f i (2.15)

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Chagas DEE / UFCG

Fig. 2.11. Fonte alimentando rede resistiva e reta de carga correspondente.

Neste circuito, a tenso vo depende do carregamento do circuito. Agora, sera considerado o


circuito da Fig. 2.12.

Fig. 2.12. Fonte alimentando rede resistiva atravs de buffer.

Como ip = in = 0 e vg = vp = vn= vo, o amp-op isola a carga da fonte. Isto pode ser
interpretado do seguinte modo: a energia fornecida rede resistiva retirada da fonte de
alimentao do amp-op, e no da fonte vg. Assim, a rede no produz carregamento na fonte vg.

3.5 Circuito Amplificador Subtrator


Para o circuito subtrator da Fig. 2.13, tambm chamado amplificador diferena, tem-se:
v n v a v n vo
0 (2.16)
Ra Rb
vn vb vn
0 (2.17)
Rc Rd

Fig. 2.13. Circuito amplificador subtrator.


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Chagas DEE / UFCG

Combinando as expresses (2.16) e (2.17):


Rd Ra Rb R
vo vb b va (2.18)
Ra Rc Rd Ra
Escolhe-se os resistores de modo tal que os fatores de escala de va e vb sejam iguais, ou seja:
Rd Ra Rb Rb Ra Rc
(2.19)
Ra Rc Rd Ra Rb Rd
Assim, resulta:
Rb
vo vb va (2.20)
Ra

4. Tenses do Modo Diferencial e do Modo Comum


Considerando o amplificador diferena da Fig. 2.13, define-se como tenso do modo
diferencial, vmd, a diferena entre as tenses de entrada do circuito, ou seja:
vmd vb va (2.21)
Define-se tambm tenso do modo comum, vmc, como a mdia aritmtica de va e vb.
va vb
vmc (2.22)
2
Explicitando va em (2.21) e substituindo em (2.22), obtm-se:
1
vb vmc vmd (2.23)
2
Substituindo (2.23) em (2.21), obtm-se ainda:
1
va vmc vmd (2.24)
2
Substituindo (2.23) e (2.24) em (2.18), resulta:
Ra Rd Rb Rc R R Rb Rb Rc Rd
vo vmc d a vmd (2.25)
Ra Rc Rd 2 Ra Rc Rd
vo Amc vmc Amd vmd (2.26)
Assim, Amc o ganho de modo comum, e Amd o ganho do modo diferencial.
Se for feito Ra = Rc e Rb = Rd, a expresso (2.19) satisfeita. Substituindo essa condio em
(2.25), chega-se seguinte expresso simplificada:
Rb
vo 0 vmc vmd (2.27)
Ra
Conclui-se que, no caso ideal, o amplificador diferena tem Amc = 0, ou seja, ele amplifica
apenas a tenso do modo diferencial, eliminando a tenso do modo comum da tenso de
entrada. Assim, pode-se dizer que vmd corresponde s tenses de interesse, enquanto vmc
corresponde aos rudos presentes na entrada.
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Chagas DEE / UFCG

5. Aplicaes Avanadas dos Amp-Ops


5.1 Circuito Amplificador Inversor Generalizado
O circuito da Fig. 2.14 constitui uma generalizao do circuito da Fig. 2.7, onde os resistores
Rs e Rf foram substitudas pelas impedncias Zs e Zf, as quais podem representar associaes
de resistores, capacitores e, raramente, indutores.

Fig. 2.14. Circuito amplificador inversor generalizado.

De modo anlogo ao circuito da Fig. 2.7, pode-se escrever que, neste caso, o ganho :
Zf
G (2.28)
Zs

Esta expresso ser til nos desenvolvimentos a seguir.

5.2 Circuito Amplificador Diferenciador


No circuito diferenciador elementar da Fig. 2.15, tem-se:
dvi vo dvi
C 0 vo R f C (2.29)
dt R f dt

Fig. 2.15. Circuito amplificador diferenciador elementar.

Assim, o sinal de sada, vo, proporcional derivada do sinal de entrada, vi, com polaridade
invertida.
So mostradas na Fig. 2.16 e na Fig. 2.17 dois diferentes sinais na entrada do circuito (onda
triangular e onda retangular) e as sadas correspondentes.
49
Chagas DEE / UFCG

Fig. 2.16. Ondas de entrada (triangular) e de sada (retangular) do diferenciador.

Fig. 2.17. Ondas de entrada (retangular) e de sada (spikes) do diferenciador.

Da expresso (2.28), tem-se para o ganho do diferenciador:


Rf
G j R f C (2.30)
1
j C
Em mdulo, resulta:
G Rf C (2.31)
Como o ganho diretamente proporcional frequncia do sinal de entrada, o diferenciador
muito sensvel a variaes de frequncia. Assim, o diferenciador elementar apresenta as
seguintes desvantagens: instabilidade de ganho, sensibilidade a rudos e facilidade de saturar
rapidamente.
Uma soluo para os problemas acima citados consiste em efetuar as modificaes indicadas
no circuito da Fig. 2.18.
50
Chagas DEE / UFCG

Fig. 2.18. Circuito amplificador diferenciador prtico.

Neste caso, de (2.28), pode-se escrever para o ganho G e para seu mdulo:
Rf Rf
G (2.32)
1 1
R1 R1 j
j C C
Rf R f / R1
G (2.33)
2 2
1 1
R12 1
C R1C

Analisando (2.33), verifica-se que o ganho se estabiliza no valor dado por Rf / R1 medida
que a frequncia aumenta. Assim, em frequncias elevadas, o circuito se comporta como um
amplificador inversor. Ademais, h maior imunidade ao de rudos de alta frequncia.
Define-se frequncia de corte do circuito, c , como a frequncia em que a reatncia
capacitiva torna-se igual resistncia R1, ou seja:
1 1
R1 c (2.34)
c C R 1C
Rf R f / R1 Gmax
G( c ) (2.35)
2 2
R R 1 1
2 2

A variao de G em funo da frequncia mostrada na Fig. 2.19.

Fig. 2.19. Variao de G em funo da frequncia para o diferenciador.

51
Chagas DEE / UFCG

Assim, medida que a frequncia aumenta a partir de c, acentua-se o desempenho do


circuito como amplificador inversor. Abaixo de c, se a frequncia diminui, acentua-se o
desempenho como diferenciador.
Um circuito diferenciador ter desempenho satisfatrio se a frequncia do sinal aplicado na
entrada for muito menor que a frequncia de corte. Assim, com base em consideraes de
ordem prtica estabelecidas na referncia [3], tem-se as seguintes condies de projeto:
T 10 R1 C
(2.36)
R f 10 R1

Assim, o perodo do sinal de entrada, T, deve ser, pelo menos, 10 vezes maior que a cons-
tante de tempo R1C, e a estabilizao do ganho em altas frequncias deve ficar em torno de 10.

5.3 Circuito Amplificador Integrador


O circuito da Fig. 2.20 conhecido como integrador Miller. Para o mesmo, pode-se escrever:

dvo vi 1 t
C 0 v o v ( 0) vi dt (2.37)
dt R1 R1C 0

Fig. 2.20. Circuito amplificador integrador elementar.

A funo da chave S anular a tenso inicial v(0) no capacitor. Assim, S deve ser fechada
para descarregar C e reaberta no incio do processo de integrao.
Ao se aplicar uma onda retangular na entrada do integrador, obtida na sada uma onda
triangular, como visto na Fig. 2.21.
Da expresso (2.28), pode-se escrever para o ganho e para seu mdulo:
1
j C 1
G (2.38)
R1 j R1 C
1
G (2.39)
R1 C
52
Chagas DEE / UFCG

Fig. 2.21. Ondas de entrada (retangular) e de sada (triangular) do integrador.

Neste caso, o ganho inversamente proporcional frequncia, de modo que o circuito no


to sensvel a rudos de alta frequncia como o diferenciador. Porm, quando a frequncia
tende a zero, o ganho tende a infinito.
Uma forma de estabilizar o ganho em baixas frequncias consiste em empregar o circuito da
Fig. 2.22.

Fig. 2.22. Circuito amplificador integrador prtico.

O ganho desse integrador :


R f /( j C )
1
Rf
j C R f / R1
G (2.40)
R1 1 j R f C
Para o mdulo, tem-se:
R f / R1
G (2.41)
1 (R f C ) 2
53
Chagas DEE / UFCG

Assim, em altas frequncias, o circuito funciona como integrador e, em baixas frequncias,


como amplificador inversor. O ganho se estabiliza no valor Rf / R1 quando a frequncia nula.
Como no caso do diferenciador, define-se frequncia de corte como uma frequncia limite,
abaixo da qual o circuito se comporta como um amplificador inversor de ganho - Rf / R1, e
acima da qual tem-se um integrador. Tal frequncia dada por:
1
c (2.42)
Rf C
Nesta frequncia, o ganho :
R f / R1 Gmax
G( c ) (2.43)
2 2

A variao de G em funo da frequncia mostrada na Fig. 2.23.

Fig. 2.23. Variao de G em funo da frequncia para o integrador.

medida que a frequncia aumenta a partir de c, acentua-se o desempenho do circuito


como integrador. Abaixo de c, se a frequncia diminui, acentua-se o desempenho como
amplificador inversor. Assim, com base em consideraes de ordem prtica estabelecidas na
referncia [3], tem-se as seguintes condies de projeto:
T R f C / 10
(2.44)
R f 10 R1
A constante T o perodo do sinal aplicado na entrada do integrador.

5.4 Circuito Defasador


Um circuito defasador produz uma diferena de fase entre o sinal de sada e o sinal de
entrada sem produzir alterao de amplitude. Isto pode ser obtido atravs do circuito da Fig.
2.24. Em termos de fasores, pode ser escrito:
V Vi V V o V i Vo
0 V (2.45)
R R 2
V
j C V Vi 0 (2.46)
Ro
54
Chagas DEE / UFCG

Fig. 2.24. Circuito defasador.

Substituindo (2.45) em (2.46), obtm-se:


1 j Ro C
Vo Vi Vi Vi (180 o ) (2.47)
1 j Ro C
tg 1 Ro C tg 1 Ro C 2 tg 1 Ro C (2.48)

Assim, resulta:

V o Vi [180 o 2 tg 1 (Ro C )] (2.49)

Se Ro for variada de 0 a , a defasagem produzida no sinal de entrada ir variar de 180o a 0,


sem que haja alterao no mdulo.
Nos sistemas eltricos de gerao, transmisso e distribuio, os circuitos so do tipo
trifsico, onde as tenses normalmente possuem amplitudes iguais, achando-se defasadas de
120o entre si, na sequncia fase a fase b fase c. Assim, um sistema trifsico pode ser
simulado mediante emprego de amp-ops, da maneira mostrada na Fig. 2.25.

Fig. 2.25. Circuitos defasadores simulando um gerador de tenses trifsicas.

5.5 Circuito Amplificador de Instrumentao


Os amplificadores de instrumentao apresentam melhores caractersticas que os
amplificadores convencionais (impedncia de entrada muito maior, menor impedncia de
sada, menor tenso de offset, maior ganho de malha aberta, melhor desempenho em relao a
55
Chagas DEE / UFCG

rudos). So usados em aplicaes especiais, onde se requer maior grau de exatido, como
controle de processos industriais. O esquema desse tipo de amplificador mostrado na Fig.
2.26.

Fig. 2.26. Diagrama de um amplificador de instrumentao.

Tambm usada a representao compacta da Fig 2.27.

Fig. 2.27. Representao compacta de um amplificador de instrumentao.

Do circuito da Fig. 2.26, tem-se:

v x v1 v2 v1 Rg v1 R2 v1 R2 v2
0 vx (2.50)
R2 Rg Rg
v y v2 v1 v2 R2 v2 Rg v2 R2 v1
0 vy (2.51)
R2 Rg Rg

O estgio A3 um amplificador diferencial, j estudado, para o qual pode ser escrito:


vo v y v x (2.52)

Substituindo (2.50) e (2.51) em (2.52) e efetuando algumas simplificaes, chega-se a:


56
Chagas DEE / UFCG

2R
vo 1 2 v2 v1 (2.53)
Rg

Um tipo de amplificador de instrumentao bastante utilizado o INA101, ilustrado na Fig.
2.28, o qual confere excelente grau de exatido e de imunidade a rudos, no caso de medio
de sinais de baixa intensidade.

Fig. 2.28. Amplificador de instrumentao INA101.

O ganho do amplificador INA101 calculado mediante a seguinte expresso:

40k
G 1 . (2.54)
Rg

5.6 Circuito Multiplicador de Capacitncia


Este circuito mostrado na Fig. 2.29. A admitncia vista dos terminais de entrada :

I i j C Vi Vo V
Yi j C 1 o (2.55)
Vi Vi Vi

Fig. 2.29. Circuito multiplicador de capacitncia.


57
Chagas DEE / UFCG

Os dois estgios que compem o circuito so um buffer e um amplificador inversor. Para


este ltimo, tem-se:

R2
Vo Vi (2.56)
R1
Substituindo (2.56) em (2.55), resulta:

Ii R
Yi j C 1 2 j C eq (2.57)
Vi R1
R
C eq 1 2 C (2.58)
R1
Uma limitao do circuito consiste no fato de que, para se obter capacitncias elevadas, a
tenso de entrada deve ser baixa. Isto deve ocorrer para que no haja saturao.

5.7 Circuito Simulador de Indutncia


Os indutores so componentes grandes, pesados e caros, principalmente em baixas
frequncias. Um circuito que permite a implementao de indutncias dentro de um circuito
integrado o simulador de indutncia de Antoniou, mostrado na Fig. 2.30.

Fig. 2.30. Circuito simulador de indutncia.

Para este circuito, pode-se escrever:


Vi
Zi (2.59)
Ii
V4 Vi R4 I i (2.60)

R
V2 1 2 Vi (2.61)
R1
V3 - V 2 Vi - V 2
j C V3 V 4 0 j C Vi V 4 0 (2.62)
R3 R3

58
Chagas DEE / UFCG

Substituindo (2.60) e (2.61) em (2.62), obtm-se:

Vi RRR
Zi j C 1 3 4 j Leq (2.63)
Ii R2
R1 R3 R4
Leq C (2.64)
R2

5.8 Circuito Oscilador


Os osciladores so circuitos utilizados em instrumentao eletrnica, comunicaes e
microondas, os quais se destinam a gerar sinais de frequncias que variam entre 0 e algumas
dezenas de GHz, a partir de uma fonte de energia operando em corrente contnua. Para que as
oscilaes tenham carter sustentado, os osciladores devem atender aos critrios de
Barkhausen, ou seja:

o ganho total deve ser igual a 1, no mnimo;


a diferena de fase entre o sinal de entrada e o sinal de sada deve ser nula.

Um tipo de oscilador muito usado em frequncias abaixo de 1 MHz o oscilador com ponte
de Wien, mostrado na Fig. 2.31.

Fig. 2.31. Oscilador com ponte de Wien.

O circuito composto por um amplificador no inversor com uma realimentao para a


entrada positiva, para gerar oscilaes, e com outra realimentao para a entrada inversora,
para controlar o ganho; assim, feito:

1
Z 1 R1 j (2.65)
C1
59
Chagas DEE / UFCG

R2 .1 /( j C 2 ) R2
Z2 (2.66)
R2 1 /( j C 2 ) 1 j R2 C 2
A taxa de realimentao :

V Z2
(2.67)
Vo Z1 Z 2
Substituindo (2.65) e (2.66) em (2.67), obtm-se:
V R2 R2 C1
(2.68)
Vo
R2 R1
j
1 j R2 C 2

R2 C1 R1C1 R2 C 2 j 2 R1C1 R2 C 2 1
C1
De acordo com o segundo critrio de Barkhausen, V deve estar em fase com Vo, ou seja, a
parte imaginria do denominador de (2.68) deve ser nula; assim, a frequncia de oscilao
dada por:

o2 R1C1 R2 C 2 1 0 (2.69)
1
o (2.70)
R1C1 R2 C 2
Na maioria dos casos, R1 = R2 = R e C1 = C2 = C; assim, fica:

o 1
fo (2.71)
2 2RC
Substituindo R1 = R2 = R e C1 = C2 = C em (2.68), tem-se:

V 1
(2.72)
Vo 3
De acordo com o primeiro critrio de Barkhausen, o ganho total deve ser pelo menos igual a
1; logo, o amplificador no inversor deve proporcionar um ganho igual ou superior a 3; assim:

Vo Rf
1 3 (2.73)
V Rs
R f 2 Rs (2.74)

Bibliografia

[ 1 ] Alexander, C. K.; Sadiku, M. N. O. Fundamentos de Circuitos Eltricos, 5 ed., McGraw-Hill,


2008.
[ 2 ] Nilsson, J. W.; Riedel, S. Circuitos Eltricos, 5 ed., Addison-Wesley, 1996.
[ 3 ] Pertence Jr., A. Amplificadores Operacionais e Filtros Ativos, McGraw-Hill, 1988.

60
Chagas DEE / UFCG

UNIDADE III
CIRCUITOS COM ACOPLAMENTOS MAGNTICOS

1. Introduo
Estuda-se neste captulo elementos de acoplamento magntico e circuitos que contm esses
elementos. Ao contrrio dos resistores, capacitores e indutores no acoplados, tais dispositivos
no possuem uma caracterstica que possa ser associada a um s elemento fsico, pois o
acoplamento magntico resulta do compartilhamento das linhas de induo entre dois ou mais
indutores fisicamente prximos.
O estudo dos circuitos magneticamente acoplados serve de base para a teoria de mquinas
eltricas, transformadores e demais equipamentos magneteltricos.

2. Reviso de Conceitos Fundamentais


2.1 Fluxo de Enlace
Fluxo de enlace ou fluxo concatenado em um enrolamento o produto do nmero de
espiras desse enrolamento, N, pelo fluxo que efetivamente o atravessa, ou seja:
N (3.1)
No sistema internacional de unidades, medido em Weber - espiras (Wb - t).
Nos casos reais, o fluxo sofre disperso, ou seja, no enlaado por todas as espiras do
enrolamento. Assim, diferentes fluxos, 1, 2, ...,n, podem ser enlaados por diferentes
espiras, sendo o fluxo de enlace dado por:
N1 1 N 2 2 ... N n n (3.2)

So mostradas na Fig. 3.1 oito linhas de fluxo que atravessam uma bobina de cinco espiras,
onde se supe que cada linha corresponde a 1 Wb.

Fig. 3.1. Linhas de fluxo que atravessam uma bobina.

61
Chagas DEE / UFCG

Duas dessas linhas atravessam apenas uma espira, contribuindo com um fluxo concatenado
de 2 Wb-espiras. Outras duas linhas atravessam trs espiras, contribuindo com 6 Wb-espiras.
As quatro linhas restantes atravessam todas as cinco espiras, contribuindo com 20 Wb-espiras.
Assim, o fluxo concatenado total de 28 Wb-espiras.
Se todas as linhas de fluxo atravessassem todas as espiras do enrolamento, o fluxo conca-
tenado total seria de 8 Wb x 5 espiras = 40 Wb - espiras. Da equao (3.4), conclui-se que o
efeito de disperso do fluxo tende a reduzir a indutncia prpria da bobina. Este fato evitado
no projeto de equipamentos atravs da uniformizao e reduo do passo dos enrolamentos,
dispostos em camadas, e da utilizao de ncleos magnticos constitudos por materiais de alta
permeabilidade, de modo a minimizar a disperso das linhas de fluxo, como mostra a Fig. 3.2. S
a rea de seo reta e l o comprimento mdio da trajetria do fluxo magntico no ncleo.

Fig. 3.2. Indutor com ncleo de material magntico.

2.2 Indutncia Prpria


A lei de Faraday estabelece que uma variao de implica em uma fora eletromotriz auto-
induzida nos terminais do enrolamento, v, dada por:
d d ( N ) d
v N (3.3)
dt dt dt
A equao (3.3) tambm pode ser escrita como:
d d d i
v (3.4)
dt di dt
Se este enrolamento encontra-se em um meio no magntico, d/di constante, ou seja:
d
L (3.5)
di i
L definida como sendo a indutncia prpria do enrolamento. No sistema internacional de
unidades, medida em Henry (H). Assim, resulta a expresso:
di
vL (3.6)
dt
A relao entre a densidade de fluxo ou induo magntica, B, e o campo magntico H
definida como sendo a permeabilidade magntica do material, :
62
Chagas DEE / UFCG

B
(3.7)
H
Pode-se tambm escrever:
N N S B (3.8)

Pela lei circuital de Ampre, tem-se:


l
H . dl N i i H (3.9)
N
O produto N i denominado fora magnetomotriz, medida em Ampres - espiras.
Assim, de (3.5), (3.7), (3.8) e (3.9), resulta:

N2 S
L (3.10)
l
V-se que a indutncia prpria um parmetro que depende apenas das dimenses
geomtricas da bobina e do ncleo (rea de seo reta e comprimento), nmero de espiras e
permeabilidade do material magntico.
No projeto de um indutor, quando se quer aumentar L atravs do aumento da seo reta do
ncleo e do nmero de espiras, encontram-se restries em relao a tamanho e custo. Outra
restrio relacionada permeabilidade do material do ncleo. Os materiais magnticos
encontrados na natureza apresentam a propriedade da saturao, a qual se manifesta do modo
indicado na Fig. 3.3. Ao magnetizar o material da curva b a partir do estado de
desmagnetizao total, observa-se que o modo de variao da induo, B, em funo do campo
magntico aplicado, H, somente pode ser considerado linear at o ponto P1. A partir deste
ponto, cai bruscamente. Isto ocorre com uma liga ferro-silcio ou uma liga amorfa, por
exemplo. Na mesma figura tambm mostrada a curva de magnetizao B versus H de um
material no magntico (curva a), como o ar. Pelas equaes (3.8) e (3.9), deduz-se que a curva
de magnetizao versus i de um indutor apresenta-se semelhante curva B versus H.

Fig. 3.3. ( a ) Material no-magntico; ( b ) material magntico.

63
Chagas DEE / UFCG

Assim, alm de certo valor de campo aplicado (ponto P2), so necessrios incrementos cada
vez maiores de H (ou de i) para uma mesma variao de B (ou de ). Isto implica em variaes
muito acentuadas nos valores da permeabilidade e para a indutncia L. Este fato leva a
definir permeabilidade diferencial e indutncia diferencial atravs das seguintes expresses:
dB
(H ) (3.11)
dH
d
L( i ) (3.12)
di
As expresses (3.11) e (3.12) correspondem, respectivamente, s inclinaes das curvas B -
H e - i, as quais se reduzem significativamente medida que H e i aumentam.
Neste captulo somente sero considerados os indutores lineares.

2.3 Indutncia Prpria e Energia Armazenada


Considera-se que a bobina da Fig. 3.4 possui resistncia R e indutncia L. Fechando a chave
em t = 0, com i(0) = 0 e (0) = 0, pode-se escrever:
d
v Ri (3.13)
dt

Fig. 3.4. Energizao de uma bobina de resistncia R e indutncia L.

O termo e = d/dt corresponde fora eletromotriz auto-induzida na bobina (tambm


denominada fora contra-eletromotriz), a qual possui uma polaridade determinada pela lei de
Lenz. Assim, a fora eletromotriz auto-induzida manifesta-se de forma tal a produzir um fluxo
magntico que tende a contrariar as variaes do fluxo associado corrente imposta pela
fonte. Se i est crescendo, o sentido de e estabelece-se de modo que o terminal superior da
bobina da Fig. 3.4 apresenta sinal positivo e o terminal inferior apresenta sinal negativo. Se i
est decrescendo, os sinais apresentam-se invertidos. Multiplicando ambos os membros de
(3.13) por i dt:

v i dt R i 2 dt i d (3.14)

Considerando o perodo dt, o termo v i dt a energia fornecida ao circuito pela fonte, o


termo R i2 dt a energia dissipada pelo resistor e i d a energia dWm armazenada no campo
magntico da bobina isolada, estacionria e no deformvel, ou seja:
dWm i d (3.15)

64
Chagas DEE / UFCG

A energia total armazenada dada por:


m
Wm i d (3.16)
0

Se o meio no contm materiais ferromagnticos, L constante. Como = L i, tem-se:


I 1
Wm L i di LI2 (3.17)
0 2
onde I a corrente de regime permanente do circuito.

3. Indutncia Mtua

3.1 Definio
A Fig. 3.5 mostra duas bobinas prximas, 1 e 2, sendo a bobina 1 percorrida por uma
corrente varivel i1, de modo a se estabelecer um fluxo magntico 1, o qual possui duas
componentes: d1, que atravessa apenas a bobina 1, e m1, que atravessa as bobinas 1 e 2. d1
e m1 so denominados, respectivamente, fluxo de disperso e fluxo de acoplamento. Supe-se
inicialmente a bobina 2 em aberto.

Fig. 3.5. Bobinas magneticamente acopladas.

Sendo 1 = m1 + d1, os fluxos de enlace nas bobinas 1 e 2, produzidos por i1, so:
1 N1 1 L1 i1 (3.18)
m1 N 2 m1 M12 i1 (3.19)

O coeficiente de proporcionalidade M12 denominado indutncia mtua. Como no caso da


indutncia prpria, ela depende da permeabilidade magntica do meio e das dimenses
geomtricas das bobinas. Alm disso, M12 depende do posicionamento relativo das bobinas. No
Sistema Internacional de Unidades, a indutncia mtua expressa em Henrys (H).

3.2 Indutncia Mtua e Energia Armazenada


Considerando duas bobinas estacionrias e magneticamente acopladas, colocadas num meio
de permeabilidade constante, supe-se o seguinte procedimento:

65
Chagas DEE / UFCG

a. Liga-se uma fonte bobina 1, aumentando-se a corrente i1, de 0 a I1, com a bobina 2 em
aberto; aps isto, com I1 mantida constante, liga-se outra fonte bobina 2, aumentando-
se a corrente i2 de 0 a I2.
b. Liga-se a fonte bobina 2, aumentando-se a corrente i2, de 0 a I2, com a bobina 1 em
aberto; aps isto, com I2 mantida constante, liga-se outra fonte bobina 1, aumentando-
se a corrente i2 de 0 a I1.
No procedimento ( a ), a energia armazenada na bobina 1 devido ao aumento de i1 :
1' I1 1
i1 d1 i1 d ( L1 i1 ) L1 I12 (3.20)
0 0 2
Como a corrente na bobina 2 cresce de 0 a I2, com I1 mantida constante, ambas as bobinas
armazenaro energia. A energia armazenada na bobina 2 face ao aumento de i2 :
'2
i2 d 2
0

Caso os fluxos de enlace estejam no mesmo sentido ou em oposio, tem-se:


2 L2 i2 M 12 I1 (3.21)
Como I1 constante, pode-se escrever:
d 2 L2 di2 (3.22)
Logo, a energia armazenada na bobina 2 :
'2 I2 1
i2 d 2 i2 d ( L2 i2 ) L2 I 22 (3.23)
0 0 2
Para os fluxos de enlace no mesmo sentido ou em oposio, tem-se para 1:
1 L1 I1 M 21 i2 (3.24)
d1 M 21 di2 (3.25)
A energia armazenada na bobina 1 devido ao aumento de i2 :
1'' I2
I1 d1 I1 ( M 21 di2 ) M 21 I1 I 2 (3.26)
0 0

A energia total armazenada nas duas bobinas, Wm, aps o procedimento ( a ) dada pela
soma de (3.20), (3.23) e (3.26), ou seja:
1 1
Wm L1 I 12 L2 I 22 M 21 I 1 I 2 (3.27)
2 2
Obviamente, se for realizado o procedimento ( b ), a energia total armazenada resultar em:
1 1
Wm' L1 I 12 L2 I 22 M 12 I 1 I 2 (3.28)
2 2
fcil entender que Wm= Wm, pois a quantidade total de energia armazenada no campo
magntico do sistema independe da ordem segundo a qual as correntes so incrementadas.
Assim, resulta:
M 12 M 21 (3.29)

66
Chagas DEE / UFCG

4. Coeficiente de Acoplamento
No circuito da Fig. 3.6, m1 e m2 so os fluxos de acoplamento das bobinas 1 e 2. d1 e d2
so os fluxos de disperso. Considerando i2 = 0, a tenso induzida na bobina 2 dada por:
d m1
v2 N 2 (3.30)
dt
Da expresso (3.19), N2 m1 = M12 i1; assim:
d i1
v2 M (3.31)
dt

Fig. 3.6. Bobinas magneticamente acopladas.

Igualando (3.30) e (3.31):


d m1
M N2 (3.32)
di1
Se as bobinas se encontram em um meio onde no ocorre saturao magntica, pode-se
considerar que m1 varia linearmente com i1; assim:
m1
M N2 (3.33)
i1
Considerando agora i1 = 0 e uma corrente i2 circulando na bobina 2, o fluxo criado por esta
bobina que atravessa a bobina 1 est associado indutncia mtua M, dada por:
m2
M N1 (3.34)
i2
Define-se coeficiente de acoplamento entre as bobinas 1 e 2 como sendo a relao entre o
fluxo compartilhado pelas duas bobinas e o fluxo produzido por cada uma delas, ou seja:
m1 m 2
k (3.35)
1 2
Por outro lado:
1 m1 d 1 (3.36)
2 m2 d 2 (3.37)

67
Chagas DEE / UFCG

Como m1 1 e m2 2, conclui-se que 0 k 1. Multiplicando membro a membro (3.33)


e (3.34), obtm-se:
k 1 k 2 2 1
M 2 N 2 m1 N1 m 2 N 2 N1 k N1 N 2 2 k 2 L1 L1 (3.38)
i1 i2 i1 i2 i1 i2

M k L1 L2 (3.39)

5. Polaridades dos Enrolamentos


5.1 Corrente Induzida
Na anlise de circuitos contendo indutores acoplados magneticamente, indispensvel que
se tenha informao acerca dos sentidos dos enrolamentos dos indutores, uma vez que isto
influi diretamente nas polaridades das tenses associadas ao fenmeno da induo mtua.
A Fig. 3.7(a) mostra o enrolamento 1 ligado a uma fonte e o enrolamento 2 ligado a uma
carga passiva. A corrente i1 suposta crescente no sentido indicado. O efeito produzido na
bobina 1 consiste no surgimento de uma tenso v1 associada indutncia prpria. Conforme foi
visto anteriormente, esta tenso, denominada fora eletromotriz auto-induzida, apresenta um
sentido determinado pela lei de Lenz, estabelecendo-se de forma a se opor ao aumento de i1.

(a) (b)

Fig. 3.7. Influncia dos sentidos dos enrolamentos nos sinais das tenses induzidas.

O fluxo crescente 1, associado a i1, tambm atravessa a bobina 2, produzindo, pela lei de
Lenz, um fluxo 2 cujo sentido tal que se ope ao crescimento de 1. Se os terminais da
bobina 2 no se acham em aberto, surgir na mesma uma corrente i2 cujo sentido
determinado pela conhecida regra da mo direita. Esta corrente acha-se associada a uma
tenso induzida v2, com o sentido indicado em (a). A tenso v2 chamada fora eletromotriz
induzida, sendo causada pela indutncia mtua entre as duas bobinas.
Na Fig. 3.7(b), o sentido do enrolamento 2 oposto ao enrolamento 2 da Fig. 3.7(a).
Supondo i1 crescendo no sentido indicado e usando o raciocnio descrito anteriormente,
conclui-se que o sentido da fora eletromotriz induzida v2 oposto ao mostrado na Fig. 3.7(a).
Entretanto, no prtico representar os circuitos mostrando os sentidos dos enrolamentos,
uma vez que isto implica em detalhes que sobrecarregam os diagramas. Para contornar o
problema, as so utilizadas as representaes simplificadas da Fig. 3.8, mostradas a seguir.

68
Chagas DEE / UFCG

Tais simplificaes consistem no seguinte: dois terminais de um par de bobinas


magneticamente acopladas que apresentam mesma polaridade devem ser marcados com um
ponto. Esses terminais de mesma polaridade so ditos correspondentes.

(a) (b)

Fig. 3.8. Representao simplificada das polaridades relativas dos enrolamentos.

5.2 Correntes Impostas por Fontes em Ambos os Enrolamentos


Em relao Fig. 3.7, considerando os terminais de mesma polaridade j identificados com
pontos, supe-se que ambos os enrolamentos so agora percorridos com correntes impostas
por fontes externas, com os sentidos indicados na Fig. 3.9.

Fig. 3.9. Determinao dos sentidos dos fluxos produzidos por correntes de diferentes sentidos.

Neste caso, os sentidos das correntes no enrolamento 2 j no dependem do fenmeno de


induo mtua, mas das polaridades das fontes. Para os sentidos das correntes nos
enrolamentos, os sentidos dos fluxos por elas produzidos so determinados atravs da regra da
mo direita. Assim, constata-se o seguinte fato:
quando ambas as correntes entram ou saem nos terminais de mesma polaridade, elas criam
fluxos no mesmo sentido;
quando uma corrente entra num terminal com ponto e a outra sai, os fluxos so opostos.
69
Chagas DEE / UFCG

5.3 Teste de Polaridade Mtodo do Golpe Indutivo


Uma forma simples de determinar em laboratrio as polaridades dos enrolamentos consiste
na utilizao da montagem da Fig. 3.10, seguindo-se o procedimento descrito a seguir.
Marca-se um ponto no lado superior do enrolamento primrio. No enrolamento secun-
drio, liga-se um voltmetro CC (preferencialmente, do tipo com escala de zero central).
Fecha-se a chave e observa-se o sentido de deslocamento do ponteiro. Se o sentido for
horrio, o ponto no enrolamento secundrio marcado no terminal ligado ao borne positivo
do voltmetro; caso contrrio, o ponto marcado no terminal ligado ao borne negativo.

Fig. 3.10. Montagem para determinao de polaridades (mtodo do golpe indutivo).

6. Circuitos com Acoplamento Eltrico e Magntico

6.1 Consideraes Gerais


At aqui, somente foram considerados indutores com acoplamento puramente magntico. A
partir de agora sero tambm considerados indutores eletricamente acoplados. Inicialmente,
so consideradas ligaes de dois indutores em srie e em paralelo. Posteriormente, sero
analisadas configuraes mais gerais, as quais incluem resistores e capacitores.
O funcionamento em regime permanente senoidal permite o emprego da anlise fasorial.
Assim, as expresses v = L di / dt e v = M di / dt sero substitudas por V = j L I e V = j M I,
sendo j L e j M as reatncias prpria e mtua, respectivamente.

6.2 Indutores em Srie


Dois indutores magneticamente acoplados e ligados em srie so mostrados na Fig. 3.11.

(a) (b)

Fig. 3.11. Indutores magneticamente acoplados ligados em srie.

Para as configuraes ( a ) e ( b ), tem-se, respectivamente:


70
Chagas DEE / UFCG

V ( j L1 j M j L2 j M ) I (3.40)
Z V / I j ( L1 L2 2 M ) (3.41)

Isto sugere que, para os casos ( a ) e ( b ), as indutncias equivalentes so, respectivamente:


L L1 L2 2 M (3.42)

L L1 L2 2 M (3.43)

6.3 Indutores em Paralelo


O problema agora determinar um indutor equivalente associao de dois indutores em
paralelo. A Fig. 3.12 mostra duas situaes possveis.

(a) (b)

Fig. 3.12. Indutores magneticamente acoplados ligados em paralelo.

Aplicando a lei de de Kirchhoff das malhas no circuito da Fig. 3.12 (a):


V j L1 ( I1 I 2 ) j M I 2 (3.44)
0 j L1 ( I 2 I 1 ) j M I 2 j L2 I 2 j M ( I 2 I 1 ) (3.45)

Rearranjando os termos e colocando em forma matricial:

V j L1 j ( L1 M ) I1
0 j ( L M ) j ( L L 2 M ) I (3.46)
1 1 2 2
Pela regra de Cramer:

V j ( L1 M )
0 j ( L1 L2 2 M )
I1 (3.47)
j L1 j ( L1 M )
j ( L M ) j ( L L 2 M )
1 1 2

( L1 L2 2 M )
I1 V (3.48)
j ( L1 L2 M 2 )

A impedncia vista dos terminais da fonte :

V ( L1 L2 M 2 )
Z j (3.49)
I1 ( L1 L2 2 M )

71
Chagas DEE / UFCG

A indutncia equivalente da associao dada por:

( L1 L2 M 2 )
L (3.50)
( L1 L2 2 M )

Uma anlise semelhante em relao Fig. 3.12 ( b ) fornece:

( L1 L2 M 2 )
L (3.51)
( L1 L2 2 M )

Exemplo 1 - No circuito da Fig. 3.13, pede-se que se faa a marcao das polaridades dos
indutores com pontos, bem como o clculo da tenso sobre o capacitor.

Fig. 3.13. Circuito do Exemplo 1.

Soluo - Considera-se a corrente penetrando no terminal superior da bobina esquerda e


coloca-se a um ponto. Pela regra da mo direita, o sentido do fluxo correspondente de baixo
para cima. Considera-se agora o fluxo produzido pela corrente da bobina da direita orientado
de cima para baixo, no mesmo sentido do fluxo anterior. Para que isso ocorra, a corrente nesta
bobina tem de penetrar no terminal superior. Logo, esse terminal deve tambm ser marcado
com um ponto, pois, conforme foi anteriormente afirmado, se as correntes entram ambas em
terminais correspondentes, elas produzem fluxos no mesmo sentido. Assim, o circuito
redesenhado como mostra a Fig. 3.14.

Fig. 3.14. Circuito redesenhado do Exemplo 1.

72
Chagas DEE / UFCG

Convencionando as correntes de malha como o indicado e aplicando a lei de Kirchhoff das


malhas, obtm-se:
10 ( 5 j 5 ) ( I1 I 2 ) j 2 I 2 j 10 I1
10 - j 10 ( 5 j 5 ) ( I1 I 2 ) j 2 I 2 ( 5 j 5 ) I 2 j 2 ( I1 I 2 )

Simplificando e colocando em forma de matriz:

5 j5 5 j 3 I1 10
5 j3
10 j 6 I 2 10 - j 10

A primeira matriz desta equao (quadrada e simtrica) denominada matriz impedncia de


malha. Aplicando a regra de Cramer e calculando VC:

10 5 j 3
10 j 10 10 j 6
I1 1,01 e j 114 0

5 j5 5 j 3
5 j3 10 j 6

j 114 0 j 24 0
VC j 10 I1 j 10 x 1,01 e 10,1 e

Exemplo 2: No circuito da Fig. 3.15, determinar Z, de modo que haja mxima transferncia
de potncia nos terminais AB.

Fig. 3.15. Circuito do Exemplo 2.

Soluo - Inicialmente, ser determinado o circuito equivalente de Thvenin da Fig. 3.16,


visto dos terminais AB.

Fig. 3.16. Circuito equivalente de Thvenin.

A impedncia ZT dada por

73
Chagas DEE / UFCG

VT
ZT
IN

A tenso VT a tenso dos terminais AB em aberto, como mostrado na Fig. 3.17. A


corrente IN a corrente em um curto-circuito nos terminais AB, como ilustra a Fig. 3.18.

Fig. 3.17. Circuito com terminais AB em aberto.

Fig. 3.18. Circuito com terminais AB em curto-circuito.

Para o circuito da Fig. 3.17, so escritas as seguintes equaes:


V
V 5 I j 8 I j 4 I j 10 I j 4 I ( 5 j 26 ) I I
5 j 26
j 14V
VT j 10 I j 4 I j 14 I
5 j 26

Para o circuito da Fig. 3.18, tem-se:


V 5 I 1 j 8 I 1 j 4 ( I 1 I N ) j 10 ( I 1 I N ) j 4 I 1
14V
0 j 10 ( I N I 1 ) j 4 I 1 IN
50 j 64
importante observar nesta ltima equao que um curto-circuito nos terminais do indutor
no implica em sua eliminao. Isto se deve ao fato de que h uma tenso induzida nos
terminais do mesmo face ao efeito da indutncia mtua. Simplificando e eliminando I1, resulta:
VT j 14V / ( 5 j 26 ) 0
ZT 3,06 e j 62,9
I N j 14V / ( 50 j 64 )

74
Chagas DEE / UFCG

De acordo com o teorema da mxima transferncia de potncia, o valor da impedncia Z


para que haja mxima transferncia de potncia ativa para a carga Z = Z*, ou seja:
0
Z 3,06 e j 62,9

Exemplo 3 - No circuito da Fig. 3.19, determinar o valor do coeficiente de acoplamento entre


os indutores, sendo V = 20 V e 32 W a potncia no resistor de 10 .

Fig. 3.19. Circuito do Exemplo 3.

Soluo - Escrevendo as equaes de malha do circuito, obtm-se:


20 j 8 ( I 1 I 2 ) j X m I 2 10 I 1
0 j 8 ( I 2 I1 ) j X m I 2 j 5 I 2 j X m ( I 2 I1 )
Eliminando I2 , chega-se a

( X m 8 ) 2 20 20 j
10 j 8 e , >0
13 2 X m I 1 I1

Para o mdulo da corrente I1, tem-se:

I1 P / R 32 / 10 1,789

Das duas ltimas expresses, pode-se tirar:


20
10 cos 26,55 0
1,789

( X m 8 )2 20
8 sen 26,550 5
13 2 X m 1,789

Isto resulta na seguinte equao:


2
X m 10 X m 25 0 Xm 5

O coeficiente de acoplamento k :

k 5/ 8 x 5 0,79

75
Chagas DEE / UFCG

7. Construo da Matriz Impedncia de Malha por Inspeo

No exemplo do item anterior, aplicou-se a lei de Kirchhoff para determinao das correntes
de malha. A partir das mesmas, construiu-se uma equao matricial do tipo:
Z ( m x m ) I ( m x 1 ) V ( m x 1 ) (3.52)

onde m o nmero de malhas consideradas. Na formao dessa equao devem ser


considerados os acoplamentos magnticos em indutores, o que constitui um fato novo. Neste
item, a montagem de (3.52) ser sistematizada de modo direto, sem a aplicao da lei de
Kirchhoff das malhas. Para isto, adota-se o procedimento descrito a seguir.
a. Determina-se o nmero de equaes de malha necessrias e suficientes para a soluo
do problema, m, correspondente dimenso da equao matricial, dado por:
m=r-n+1 (3.53)
onde r o nmero de ramos principais e n o nmero de ramos principais do circuito.
b. Escolhe-se as malhas de acordo com os requisitos do problema e estabelece-se os
sentidos das correntes Ik ( k = 1, ..., m ). O vetor [ I ] da equao (3.52) ser formado por
essas correntes.
c. O vetor [ V ] da equao (3.52) formado pela soma algbrica das foras eletromotrizes
do lao considerado, atribuindo-se sinal mais quelas em que a corrente de malha sai do
terminal positivo e sinal menos quando a referida corrente sai do terminal negativo.
d. A matriz quadrada e simtrica [ Z ] denominada matriz impedncia de malha; a mesma
formada do seguinte modo:
os elementos da diagonal principal, Zk j , k = j, so formados pela soma simples das
impedncias prprias dos elementos existentes no lao mais a soma algbrica do dobro
da reatncia indutiva mtua de cada par de indutores que pertence a este lao; nesta
soma algbrica, o sinal de cada termo determinado atravs da regra do ponto,
considerando-se o sentido da corrente de malha.
os elementos no pertencentes diagonal principal, Zk j , k j, so formados pela soma
das impedncias prprias dos elementos comuns aos laos j e k , tendo o valor desta
soma sinal positivo se as correntes apresentarem mesmo sentido e sinal negativo em caso
contrrio, mais a soma algbrica das reatncias indutivas mtuas de cada par de
indutores formado por um indutor percorrido pela corrente Ij e um outro percorrido pela
corrente Ik.; nesta soma algbrica, o sinal de cada termo tambm determinado pela
regra do ponto, considerando-se os sentidos de Ij e Ik.

Exemplo 4 - No circuito da Fig. 3.14, determinar a equao matricial para o clculo das
correntes de malha, usando o mtodo de montagem de [ Z ] por inspeo.
Soluo - aplicando o procedimento sugerido, tem-se:
a. Nmero de equaes de malha: da equao (3.53), r = 3, n = 2 e m = 3 2 + 1 = 2.

76
Chagas DEE / UFCG

b. As malhas e os sentidos das correntes so indicados na Fig. 3.14.


c. O vetor coluna V :

V T 10 10 j 10 T
d. A matriz Z formada do seguinte modo:
Z11 5 j 5 j 10 5 j 5
Z 22 5 j 5 j 5 5 2 x j 2 10 j 6
Z12 Z 21 5 j 5 j 2 5 j 3

Isto resulta em:

5 j 5 5 j 3 I1 10
5 j3 10 j 6 I 10 - j 10
2

Exemplo 5 - No circuito da Fig. 3.20, determinar a equao matricial para o clculo das
correntes de malha, usando: (a) o mtodo de montagem de das matrizes pela lei de Kirchhoff;
(b) o mtodo da inspeo.

Fig. 3.20. Circuito do Exemplo 5.

Soluo - (a) Primeiro, emprega-se a lei de Kirchhoff. Para as trs malhas, com os sentidos
das correntes indicados, tem-se:
10 j 4 I1 j 2 ( I1 I 2 ) j 3 ( I1 I 2 ) j 2 I 2 j 4 I 3 j 3 I1 j 2 I 2 j 3 ( I 2 I 3 )

0 j 2 ( I 2 I 1 ) j 3 I 2 j 4 ( I 2 I 3 ) j 3 I1 j 2 I 2 j 3 ( I 2 I 3 ) j 2 I1 j 2 ( I 2 I1 )
j 3 ( I 2 I 3 ) j 4 I 3 j 3 ( I 2 I1 ) j 3 I 2 j 3 I 3

- 8 j 4 ( I 3 I 2 ) j 5 I 3 j 3 ( I 2 I1 ) j 3 I 2 j 3 I 3 j 4 I1 j 4 I 2 j 3 ( I 3 I 2 )

Simplificando e colocando em notao matricial:

j 12 j6 j 7 I1 10
j6
j1 j 3 I 2 0
j 7 j3 j 15 I 3 - 8

A seguir, aplicando o mtodo de montagem de Z por inspeo, tem-se:

77
Chagas DEE / UFCG

a. Nmero de equaes de malha: da equao (3.53), r = 3, n = 2 e m = 3 - 2 + 1 = 2.


b. As malhas e os sentidos das correntes so indicados na Fig. 3.20.
c. O vetor coluna V :

V T 10 0 8 T
d. A matriz [ Z ] formada segundo o algoritmo anteriormente descrito, ou seja:
Z11 j 4 j 2 2 x j 3 j 12
Z 22 j 2 j 3 j 4 2 x j 2 2 x j 3 2 x j 3 j 1
Z 33 j 4 j 5 2 x j 3 j 15
Z12 Z 21 j 2 j 3 j 2 j 2 j 3 j 6
Z 23 Z 32 j 4 j 3 j 3 j 4 j 3 j 3
Z 31 Z13 j 0 j 4 j 3 j 7

Estes resultados coincidem com aqueles anteriormente obtidos.

8. Circuitos Equivalentes sem Acoplamentos Magnticos


Em algumas aplicaes, necessrio substituir circuitos magneticamente acoplados por
equivalentes em que os componentes apresentem acoplamento puramente eltrico. Para o
circuito da Fig. 3.21, pode-se escrever:
( R1 j L1 ) I1 j M I 2 V1 (3.54)
( R2 j L2 ) I 2 j M I1 V2 (3.55)

Em forma de matriz:

R1 j L1 j M I1 V1
j M I V (3.56)
R2 j L2 2 2

Fig. 3.21. Indutores com acoplamento puramente magntico.

Para o circuito da Fig. 3.22, sem acoplamentos magnticos, tem-se:


[ R1 j ( L1 M ) ] I1 j M ( I1 - I 2 ) V1 (3.57)
[ R2 j ( L2 M ) ] I 2 j M ( I 2 - I1 ) V2 (3.58)

78
Chagas DEE / UFCG

Fig. 3.22. Circuito equivalente ao da Fig. 3.21, sem acoplamento magntico.

Este par de equaes tambm pode ser reduzido equao matricial (3.56), indicando a
equivalncia dos circuitos da Fig. 3.21 e da Fig. 3.22. Obviamente, este segundo circuito s ser
fisicamente realizvel se M L1 e M L2.
Exemplo 6 - ( a ) Determinar a reatncia indutiva Xm do circuito da Fig. 3.23 sabendo que a
potncia no resistor de 5 de 45,2 W; ( b ) desenvolver o circuito eltrico equivalente,
calculando I2 a partir do valor conhecido de Xm; ( c ) repetir os clculos considerando o ponto
de marcao de polaridade no terminal inferior do indutor de j 10 .

Fig. 3.23. Circuito do Exemplo 6.

Soluo - ( a ) Por inspeo, equao das correntes de malha do circuito :

4 j5 j Xm I1 50
j X 5 j 10 I 0
m 2
A corrente I2 dada por:
4 j 5 50
j Xm 0 j 50 X m j 50 X m
I2 2

4 j5 j Xm ( 4 j 5 ) ( 5 j 10 ) X m 30 j 65 X m2
j Xm 5 j 10

O mdulo da corrente I2 :

I2 P / R 45,2 / 5 3 A

Assim, tem-se:
50 X m
3 9 X m4 3040 X m2 46125 0
2 2 2
( X 30 ) 65
m

79
Chagas DEE / UFCG

Esta equao fornece as razes Xm = 18 e Xm = 4. As razes com sinal menos no possuem


significado fsico, assim como a raiz 18, pois esta ltima corresponde a um coeficiente de
acoplamento k > 1 (verificar). Assim, tem-se Xm = 4 .
( b ) O circuito eltrico equivalente, com indutores sem acoplamento magntico, mostrado
na Fig. 3.24. importante observar que, para o mesmo ser fisicamente realizvel, necessrio
que 0 < Xm < 5.

Fig. 3.24. Circuito equivalente ao da Fig. 3.23, com indutores sem acoplamento magntico.

Por inspeo, tem-se:

4 j5 j4 I 1 50
j 4 5 j 10 I 0
2

4 j5 50
j4 0 j 200 0
I2 2,94 j 0,63 3 e j12,1
4 j5 j4 14 j 65
j 4 5 j 10

( c ) Na Fig. 3.25, considerando o ponto de marcao de polaridade no terminal inferior do


indutor de j 10 , tem-se:

4 j5 j4 I1 50
j 4 5 j 10 I 0
2

4 j5 50
j4 0 j 200 0
I2 2,94 j 0,63 3 e j167,9
4 j5 j4 14 j 65
j 4 5 j 10

importante observar que, com a inverso da polaridade, o determinante do denominador


no muda de sinal.
Em relao ao determinante do numerador, como no h fonte no lado 2 do circuito, o
mesmo resulta em um complexo de mesmo mdulo, porm de sinal trocado. Assim, a corrente
apresenta-se defasada de 180 em relao ao caso anterior.
Invertendo o sentido da corrente I2 no circuito da Fig. 3.23, chega-se ao mesmo resultado do
circuito sem acoplamento eltrico (verificar).

80
Chagas DEE / UFCG

9. O Transformador Ideal

9.1 Descrio Geral


Um ncleo de material magntico mostrado na Fig. 3.25, em torno do qual h um
enrolamento ligado a uma fonte de tenso e outro ligado a uma impedncia. A Fig. 3.26 indica
as variaes da induo no ncleo em funo do tempo e em funo da intensidade de campo
(real e simplificada). Neste caso, so feitas as consideraes descritas a seguir.
a. As resistncias dos enrolamentos so muito pequenas, podendo ser consideradas nulas.
b. Os fluxos de disperso nos enrolamentos so desprezveis, ou seja, o coeficiente de
acoplamento magntico k igual a 1.
c. No caso real, as perdas no ncleo so proporcionais rea da curva caracterstica B - H
mostrada na Fig. 3.26 (b) (lao de histerese). Em corrente alternada, essas perdas
compreendem no apenas as perdas por histerese, como tambm as perdas por
correntes parasitas. No caso analisado, essas perdas so consideradas nulas, o que resulta
na curva singular linearizada por partes da Fig. 3.26 (c).
d. A permeabilidade do ncleo ( inclinao da curva B - H ) suposta infinita dentro da
faixa de valores assumidos pela induo magntica B. Logo, se a regio saturada da curva
B - H no for alcanada (Bm Bs), a intensidade de campo magntico H necessria para
magnetizar o ncleo praticamente nula.

(a) (b)
Fig. 3.25. ( a ) Transformador idealizado; ( b ) representao simplificada do circuito.

(a) (b) (c)

Fig. 3.26. Transformador idealizado; ( a ) variao da induo B; ( b ) caracterstica B - H real;


( c ) caracterstica B - H aproximada.

81
Chagas DEE / UFCG

As suposies c e d so cada vez mais prximas do comportamento dos materiais


magnticos desenvolvidos mais recentemente, pois os mesmos apresentam laos de histerese
cada vez mais estreitos (baixas perdas) e com inclinaes acentuadamente elevadas na regio
no-saturada (elevados valores de ).

9.2 Equaes Bsicas


Na Fig. 3.25, considerando uma fonte de tenso senoidal alimentando o enrolamento
primrio, o fluxo produzido no mesmo enlaado pelo secundrio, de modo a induzir uma
tenso v2 neste ltimo. Como no h disperso de fluxo, 1 = 2 = ; assim:
v 1 N1 d / dt (3.59)
v 2 N 2 d / dt (3.60)

Dividindo (3.59) e (3.60) membro a membro:


v1 / v 2 N 1 / N 2 a (3.61)

Isto mostra que, de um enrolamento para o outro, o transformador promove uma alterao
no valor da tenso determinado por um fator igual relao direta do nmero de espiras dos
enrolamentos.
Aplicando a lei circuital de Ampre no circuito da Fig. 3.25:

N1 i 1 N 2 i 2 H . dl 0 (3.62)

O sinal menos do segundo termo do primeiro membro deve-se ao fato de que o fluxo no
secundrio acha-se em oposio ao fluxo do primrio. A integral igual a zero pelo fato de que
H nulo na regio no-saturada, como mostra a Fig. 3.28 ( c ). Assim, resulta:
i1 / i 2 N2 / N 1 1 / a (3.63)

Assim, de um enrolamento para o outro, a corrente transformada segundo um fator igual


relao inversa do nmero de espiras dos enrolamentos.
Multiplicando (3.61) e (3.63) membro a membro, obtm-se:
v 1 i1 v 2 i 2 (3.64)

Isto quer dizer que, no transformador ideal, a potncia de entrada igual potncia de
sada (as perdas foram consideradas nulas). No caso real, o transformador um dispositivo que
apresenta perdas muito baixas, com rendimentos superiores a 95%. O desenvolvimento da
tecnologia de materiais magnticos tem proporcionado rendimentos superiores a 99%.
Considerando o regime senoidal, se V2 e I2 so os fasores de v2 e i2, tem-se para a
impedncia no secundrio:
Z 2 V2 / I 2 (3.65)

A impedncia vista do primrio :

82
Chagas DEE / UFCG

2 2
V ( N1 / N 2 ) V2 N1 V2 N1
Z1 1 Z2 a2 Z2 (3.66)
I 1 ( N 2 / N 1 ) I 2 N 2 I 2 N 2

Assim, uma impedncia Z2 ligada ao secundrio de um transformador vista do primrio


como sendo uma impedncia Z2 multiplicada pelo quadrado da relao entre os nmeros de
espiras do primrio e do secundrio. Este resultado til em algumas situaes, quando se
deseja refletir todas as impedncias para o mesmo lado, a fim de facilitar a anlise.
Na Fig. 3.27 mostrada uma aplicao prtica do princpio de reflexo de impedncias, que
consiste em utilizar um transformador monofsico entre a fonte e a carga, com o objetivo de
promover casamento de impedncias para que ocorra mxima transferncia de potncia.

(a) (b)
Fig. 3.27. Uso do transformador para casamento de impedncias.

Para isto, a resistncia da carga deveria apresentar o mesmo valor da resistncia fonte.
Entretanto, se RS e RL possuem valores predeterminados, uma soluo para o problema
consiste em usar o transformador indicado na Fig. 3.27. Assim, a resistncia vista do primrio,
RL, dada por:
2 2
'V ( N1 / N 2 ) V2 N 1 V2 N1
R 1 R2 a 2 R2 R1 (3.67)
I1 ( N 2 / N1 ) I 2 N 2 I 2 N 2
2

A relao de espiras do transformador necessrio para o casamento de impedncias :

N1 R1
a (3.68)
N2 R2

Por exemplo, a impedncia de entrada de um alto-falante normalmente da ordem de 8 .


Se a impedncia de sada do amplificador de 800 , o transformador a ser interposto para o
casamento deve possuir uma relao de espiras a = (800/8)1/2 = 10.
No caso em que as impedncias no so puramente resistivas, deve-se ter:
Z1 = a2 Z2* (3.69)
Observa-se que, ao se refletir a impedncia Z2 para o lado do primrio do transformador
ideal, o ngulo de fase no se altera, de modo que a equao (3.69) no obedecida. O
problema pode ser contornado colocando-se um capacitor em paralelo com Z2 (por que no em
srie?), como descrito no Exemplo 7, mais adiante.

83
Chagas DEE / UFCG

Se a tenso aplicada ao enrolamento primrio uma senide, pode-se dizer o mesmo em


relao induo no ncleo magntico. Assim, se B = Bm sen t, tem-se:
d dB
v1 N1 S N1 S Bm cos t (3.70)
dt dt
Como = 2 f , tem-se para o valor eficaz da tenso no primrio:

V1 2 f N1 S Bm / 2 4,44 N1 S f Bm (3.71)

Esta equao de importncia fundamental no projeto de transformadores. O valor da


induo de pico, Bm, normalmente escolhido no ponto de joelho da curva de magnetizao B
- H do material, o qual estabelece a transio do estado no-saturado para o estado saturado.
O mesmo uma caracterstica do material utilizado no ncleo. Valores tpicos de Bm so 1 Tesla
para ligas ferro-silcio de gros no-orientados (pequenos transformadores) e 1,5 Tesla para
ligas de ferro-silcio de gros orientados (transformadores de redes eltricas).
Desta forma, dadas a frequncia de operao, as tenses nominais dos enrolamentos e o
tipo de material utilizado no ncleo, pode-se determinar o produto N S relacionado a cada
enrolamento do transformador. O clculo dos valores de N e de S feito a partir de
consideraes particulares de projeto, o que foge do objetivo deste texto.
Exemplo 7 - Calcular a relao de espiras do transformador, a = N1/ N2, e a capacitncia C de
modo que haja mxima transferncia de potncia para a carga do circuito da Fig. 3.28.

Fig. 3.28. Uso de transformador e capacitor para casamento de impedncias.

Soluo - Para ocorrer mxima transferncia de potncia para a carga necessrio que:

Z1 a 2 Z 2* Y2* a 2 Y1
*
1 1
j C a 2
20 j10 1 j2

Desenvolvendo esta expresso, resulta:

20 j 10 500 C 100 a 2 j 200 a 2

a 2 0,2 a 0,2 0,45


10 500 C 200 a 2 200 x 0,2 40 C 0,1
0,1 0,1
C C 0,26 mF
2 f 2 x 60
84
Chagas DEE / UFCG

Exemplo 8 - Considerando o exemplo anterior, sabe-se que o ncleo magntico do transfor-


mador possui uma rea de seo reta de 4 cm2. Calcular os nmeros de espiras do primrio e
do secundrio, N1 e N2, sabendo que o ncleo constitudo de uma liga ferro-silcio de gros
no orientados.
Soluo - Para o material considerado, pode-se considerar Bm = 1 Tesla; assim, tem-se:
V1 12
N1 113
4,44 S f Bm 4,44 x 4 x 10 4 x 60 x 1,0
Se o primrio deve ter 113 espiras, o nmero de espiras do secundrio :
N1 113
N2 251 espiras.
a 0,45

9.3 Consideraes sobre Polaridades


Com base nas convenes adotadas na anlise de indutores magneticamente acoplados, so
mostradas na Fig. 3.29 as regras para os sinais das tenses e das correntes nos transforma-
dores ideais. Essas regras so enunciadas a seguir.
Se as tenses dos enrolamentos, v1 e v2 , forem ambas positivas ou ambas negativas nos ter-
minais marcados com ponto, usa-se o sinal positivo na equao que relaciona as tenses
com os nmeros de espiras; caso contrrio, usa-se o sinal negativo.
Se as correntes dos enrolamentos, i1 e i2 , entrarem ambas ou sarem ambas nos terminais
marcados com ponto, usa-se o sinal negativo na equao que relaciona as correntes com os
nmeros de espiras; caso contrrio, usa-se o sinal positivo.

Fig. 3.29. Convenes para os sinais das tenses e das correntes nos transformadores.

85
Chagas DEE / UFCG

Foi visto que, se ambas as correntes entram ou saem dos terminais marcados, os fluxos em
ambos os enrolamentos acham-se no mesmo sentido; assim, N1 I1 + N2 I2 = 0. Em ( b ) e ( c ),
uma corrente entra e a outra sai dos terminais marcados, indicando que os fluxos so opostos,
ou seja, N1 I1 - N2 I2 = 0.
Exemplo 9 - Determinar a potncia mdia associada fonte de corrente senoidal do circuito
da Fig. 3.30.

Fig. 3.30. Circuito do Exemplo 9.

Soluo - Em circuitos que contm transformadores ideais, recomendvel usar-se anlise


de malhas. A Fig. 3.31 mostra o circuito equivalente usado na soluo do problema.

Fig. 3.31. Circuito equivalente ao da Fig. 3.30.

Para este circuito, so escritas as seguintes equaes:


300 60 I1 V1 20 ( I1 I 2 )
0 20 ( I 2 I1 ) I1 V2 40 I 2

As outras duas equaes necessrias soluo do problema correspondem s condies


impostas pelo transformador ideal, as quais so:
V2 = ( N2 / N1 ) V1 = ( 100 / 400 ) V1 = V1 / 4
I2 = - ( N1 / N2 ) I1 = - ( 400 / 100 ) I1 = - 4 I1
Com as quatro equaes, determina-se as tenses e correntes:
V1 = 260 V, V2 = 65 V, I1 = 0,24 A, I2 = -1,0 A.
A tenso nos terminais da fonte de corrente :
86
Chagas DEE / UFCG

V5A = V1 + 20 ( I1 I2 ) = 260 + 20 x [ 0,25 ( - 1 )] = 285 V.


A conveno aqui adotada consiste em associar sinal positivo potncia fornecida pela
fonte. Assim, a potncia associada fonte de corrente :
P5A = V5A I5A = 285 x 5 = 1425 W.

Exemplo 10 - Calcular a relao de espiras do transformador da Fig. 3.32 para que se tenha a
mxima potncia dissipada no resistor de 400 .

Fig. 3.32. Circuito do Exemplo 9.

Soluo - Tomando o equivalente de Norton para a fonte, tem-se o circuito da Fig. 3.33,
onde o transformador e a carga de 400 so vistos como uma impedncia Zeq.

(a) (b)

Fig. 3.33. Circuito equivalente ao da Fig. 3.32.

Para que haja mxima transferncia de potncia, deve-se ter Zeq = 14,4 k; assim:
I1 = 288 / ( 2 x 14,4 x 103 ) = 0,01 A
Assim, para o transformador e a carga, tem-se o circuito reduzido da Fig. 3.34.

Fig. 3.34. Circuito reduzido do Exemplo 9.

Para a tenso de entrada do circuito e a corrente na carga, pode-se escrever:


87
Chagas DEE / UFCG

V1 + V2 = 288 / 2 = 144 V
I1 + I2 = V2 / 400
As relaes de tenso e de corrente do transformador so:

V1 / V2 = N1 / N2 = a ( V1 + V2 ) / V2= a +1

I1 / I2 = N2 / N1 = 1 / a ( I1 + I2 ) / I1= a +1
( V1 + V2 ) = ( a +1 ) V2 = 144
( I1 + I2 ) = 0.01 ( a + 1 ) = V2 / 400
Assim, so obtidas duas equaes com duas variveis, V2 e a. Eliminando V2, resulta:

( a +1 )2 = 144 / ( 400 x 0.01 ) = 36 a = N1 / N2 = 5

Exemplo 11 - Determinar o valor de RL no circuito da Fig. 3.37 para que a potncia dissipada
seja mxima. Determinar tambm o valor dessa potncia.

Fig. 3.35. Circuito do Exemplo 11.

Soluo - O resistor varivel dissipar potncia mxima quando RL = RTN, sendo RTN a impe-
dncia equivalente do resto do circuito, vista dos terminais a que o resistor acha-se ligado
(impedncia de Thvenin). A mesma igual a RTN = VT / IN, sendo VT e IN calculadas nos
circuitos da Fig. 3.36.

(a) (b)
Fig. 3.36. Circuitos usados nos clculos de VT e de IN no Exemplo 11.

O circuito da Fig. 3.36 ( a ) pode ainda ser simplificado, obtendo-se o circuito da Fig. 3.37.

88
Chagas DEE / UFCG

Fig. 3.37. Simplificao do circuito da Fig. 3.36 ( a ).

I1 = 180 / [ 5 + 5 x ( 1 / 2 )2 ] = 28,8 A
V1 = 180 - 5 x 28,8 = 36 V
Do circuito da Fig. 3.36 ( a ):
V2 = ( N2 / N1 ) x V1 = ( 200 / 100 ) x 36 = 72 V
I2 = ( N1 / N2 ) x I1 = ( 100 / 200 ) x 28,8 = 14,4 A
VT = Vab = 1 x 28,8 + 36 72 + 2 x 14,4 = 21,6 V
Do circuito da Fig. 3.36 ( b ):
180 = 4 I1 + ( I1 IN ) + V1
V2 = 2 ( I2 IN ) + 3 I2
-V1 + (IN I1 ) + 2 (IN I2) + V2 = 0
V1/V2 = N1 / N2 = 1 / 2
( I1 IN ) / ( I2 IN ) = N2 / N1 = 2
Este sistema fornece IN = 10 A; logo:
RL = RTN = VT / IN = 21,6 / 10 = 2,16
A potncia dissipada no resistor :
PL = ( VT / 2 )2 / RL = ( 21,6 / 2 )2 / 2,16 = 54 W

10. Transformadores Especiais


10.1 Transformadores com Mltiplos Enrolamentos
Esses transformadores so constitudos por um ncleo magntico em torno do qual h trs
ou mais enrolamentos. Em eletrnica, comum se utilizar transformadores com um primrio
ligado a uma fonte e dois secundrios alimentando cargas diferentes.
Num sistema de distribuio de energia eltrica, um transformador pode ter o enrolamento
primrio energizado por uma linha de transmisso de alta tenso, enquanto o secundrio
ligado a um alimentador de distribuio de mdia tenso, e um terceiro enrolamento (tercirio)
alimenta bancos de capacitores para correo do fator de potncia ou um sistema de
distribuio local.

89
Chagas DEE / UFCG

mostrada na Fig. 3.38 a forma mais elementar de um transformador de trs enrolamentos.


Considerando uma permeabilidade igual a infinito no ncleo magntico e aplicando a lei
circuital de Ampre, tem-se:

H . dl N i N 2 i 2 N3 i 3 0
1 1 (3.72)
N1 i 1 N 2 i 2 N 3 i 3 (3.73)

(a) (b)
Fig. 3.38. ( a ) Transformador de trs enrolamentos; ( b ) representao simplificada.

Exemplo 12 - Um transformador de trs enrolamentos apresenta os seguintes dados:


Primrio: 300 kVA, 600 espiras.
Secundrio: 150 kVA, 200 espiras.
Tercirio: 200 kVA, 100 espiras.
O secundrio alimenta uma carga resistiva no limite de sua capacidade, com tenso de 2 kV.
O tercirio alimenta um reator de indutncia varivel. Calcular a corrente no primrio no caso
em que o tercirio opera em plena carga.
Soluo - Ajustando o reator at que o tercirio esteja em plena carga, obtm-se:
I3 = S3 / V3= S3 / [ (N3 / N2 ) V2 ] = 200 / [ (100/200) x 2 ] = 200 A
I2 = S2 / V2= 150 / 2 = 75 A
Assim, tem-se:
600 I1 200 I 2 100 I 3

600 I1 200 I 2 100 I 3 200 x 75 100 x ( j 200) 15000 2 20000 2 25000


I1 = 25000 / 600 = 41,7 A
A corrente primria nominal :
I1N = S1N / V1N = S1N / [ (N1 / N2 ) V2N ] = 300 / [ (600 / 200) x 2 ] = 50 A
Observa-se que, mesmo com o secundrio e o tercirio funcionam a plena carga, isto no
ocorre com o primrio.
90
Chagas DEE / UFCG

Uma observao importante: este tipo de transformador no deve ser confundido com o
transformador com derivao (ou tape) central no secundrio. Este ltimo, mostrado na Fig.
3.39, destina-se principalmente a fontes de alimentao usadas em circuitos eletrnicos que
requerem tenses de polarizao de + 15 V (CC) e -15 V (CC). Neste caso, as duas sees do
enrolamento secundrio so ligadas a uma ponte retificadora de onda completa.

(a) (b)
Fig. 3.39. ( a ) Transformador com derivao central no secundrio; ( b ) representao simplificada.

10.2 Autotransformadores
Considerando o transformador convencional da Fig. 3.40 ( a ), suposto que o mesmo tenha
seus enrolamentos ligados do modo indicado na Fig. 3.40 ( b ).

(a)

(b)
Fig. 3.40. ( a ) Transformador convencional; ( b ) ligao como autotransformador.

91
Chagas DEE / UFCG

A caracterstica mais notvel de um transformador consiste no fato de que ele promove


transferncia de energia de uma regio do espao para outra sem necessidade de ligao
eltrica. Este processo se realiza por meio de um campo magntico associado a linhas de fluxo
que so compartilhadas pelos enrolamentos primrio e secundrio.
A ligao da Fig. 3.40 ( b ) caracteriza um autotransformador. O mesmo constitudo por um
transformador onde o enrolamento primrio dividido em duas sees, uma com N1 espiras e
outra com N2 espiras., e o secundrio composto pelo enrolamento de N2 espiras. Observa-se
que, alm do acoplamento magntico existente entre os enrolamentos, existe uma ligao
metlica entre os mesmos. Assim, a diferena fundamental entre o autotransformador e o
transformador convencional consiste no fato de que a energia transferida de um enrolamento
para o outro no apenas por um campo magntico, mas tambm por conduo de eletricidade.
Para o autotransformador, pode-se escrever:
d
v 1 N1 va v2 va vb (3.74)
dt
d
v 2 N2 vb (3.75)
dt
Colocando (3.74) e (3.75) em termos de fasor e dividindo membro a membro, obtm-se:
Va Vb N1
a (3.76)
Vb N2

Assim, para as tenses, a relao de transformao :


Va N
1 1 1 a (3.77)
Vb N2
Aplicando a lei circuital de Ampre no circuito da Fig. 3.40 ( b ):
I1 N2
H . dl N 1 I 1 N2 I 2 0 (3.78)
I2 N1
Como I1 = Ia e I2 = Ib - I1 = Ib Ia , obtm-se:
Ia N2
(3.79)
Ib Ia N1
Assim, a relao de transformao de correntes do autotransformador :
Ia N2 1 1
(3.80)
Ib N 1 N 2 N1 / N 2 1 a 1

Como as perdas nos enrolamentos e no ncleo do transformador convencional da Fig. 3.40


(a) so consideradas nulas, pode-se escrever:

S V1 I1* V 2 I 2* (3.81)

Para o autotransformador da Fig. 3.40 ( b ) pode-se escrever para as potncias complexas no


primrio e no secundrio:
92
Chagas DEE / UFCG

S a V a I a* (V1 V 2 ) I1* V 1 I1* V 2 I1* S V 2 I1* (3.82)

S b V b I b* V 2 ( I 1 I 2 )* V 2 I 2* V 2 I1* S V 2 I1* S a (3.83)

O termo V1 I1* corresponde parcela que transmitida do primrio para o secundrio pelo
efeito de acoplamento magntico (potncia transformada). O termo V2 I1* corresponde
parcela que transmitida pelo efeito de conduo eltrica (potncia transmitida).
Dividindo (3.82) por S, resulta:
Sa V 2 I1* V2 1
1 *
1 1 1 (3.84)
S V 1 I1 V1 a
Conclui-se que o autotransformador capaz de transmitir uma potncia maior que o
transformador convencional. Isto se deve ao fato de que o autotransformador transfere parte
da potncia de entrada por conduo. Tal constatao permite dizer que, sob o ponto de vista
de economia, mais vantajoso usar o autotransformador.
Para o mesmo valor de potncia transmitida, o uso do autotransformador implica em menos
ferro empregado no ncleo, uma vez que apenas parte dessa potncia transmitida por
acoplamento magntico. Isto implica em reduo de peso, tamanho e custo do ncleo.
Consequentemente, as perdas por histerese e por correntes de Foucault so menores.
As consideraes anteriores suscitam a uma pergunta: apesar dessas vantagens
apresentadas pelos autotransformadores, por que os transformadores isolados so mais
usados? A resposta pode ser dada pela anlise da Fig. 3.41. Se h abertura do circuito no ponto
indicado (ao de arcos voltaicos no interior do tanque, por exemplo), ocorre aplicao de
13800/3 V no secundrio, implicando em danos imediatos s cargas ligadas a este lado, bem
como risco de vida para os usurios do sistema eltrico.

Fig. 3.41 . Autotransformador abaixador com abertura no enrolamento secundrio.

Isso faz com que os autotransformadores tenham sua aplicao limitada interligao de
sistemas que no apresentem tenses nominais significativamente diferentes. Nos sistemas
eltricos de potncia, eles so comumente empregados na interligao de redes de 230 kV e
345 kV, ou de 345 kV e 500 kV, proporcionando mais economia que os transformadores
convencionais.
93
Chagas DEE / UFCG

Outra desvantagem que os surtos de tenso decorrentes de descargas atmosfricas ou


operaes de chaveamento propagam-se com mais facilidade atravs dos enrolamentos, face
ligao metlica entre eles.
mostrada na Fig. 3.42 a forma de ligao de um autotransformador destinado a elevar a
tenso. O seu equacionamento fica a cargo do leitor.

(a) (b)
Fig. 3.42 . ( a ) Autotransformador elevador; ( b ) representao simplificada.

H tambm autotransformadores onde a tenso secundria pode ser variada de modo


contnuo, como o caso dos variadores de tenso ou variacs. Esses dispositivos apresentam
pequenas potncias (normalmente, at 10 kVA). So usados em aplicaes de laboratrio (mais
frequentemente, para acionamento de mquinas eltricas). Como mostrado na Fig. 3.43, eles
possuem ncleo de forma toroidal, em torno do qual desliza uma escova de carvo.

Fig. 3.43. Autotransformador de sada varivel (variac).

Assim, o nmero de espiras pode ser alterado, funcionando como elemento abaixador ou
elevador de tenso.

Exemplo 13 - ( a ) Mostrar que a impedncia vista dos terminais a b do circuito da Fig. 3.44
dada por: Z ab ( 1 a ) 2 Z L . ( b ) Mostrar que se a polaridade de um dos enrolamentos for
invertida, tem-se Z ab ( 1 a ) 2 Z L , onde a = N1 / N 2 .
94
Chagas DEE / UFCG

Fig. 3.44. Circuito do Exemplo 13.

Soluo: ( a ) Para a impedncia vista do secundrio, pode-se escrever:


V2 V2
ZL
IL I1 I 2
Para a impedncia vista do primrio, Zab:
V1 V 2 aV 2 V 2 V2
Z ab (1 a)
I1 I1 I1
Pode-se ainda escrever:
V2 V2 1 V2 V2
ZL (1 a) Z L
I1 I 2 I 1 aI 1 1 a I1 I1
Assim, resulta:

Z ab (1 a ) 2 Z L
( b ) Invertendo-se a polaridade do enrolamento 2, tem-se:
V2 V2
ZL
IL I1 I 2
V1 V 2 aV 2 V 2 V2
Z ab (1 a)
I1 I1 I1
V2 V2 1 V2 V2
ZL (1 a) Z L
I1 I 2 I 1 aI 1 1 a I1 I1
Assim, a impedncia vista do lado do primrio :

Z ab (1 a) 2 Z L

Exemplo 14 - Calcular a relao de espiras do autotransformador do Exemplo 10, utilizando


agora o mtodo de reflexo de impedncias.
95
Chagas DEE / UFCG

Soluo - Tomando o equivalente de Norton para a fonte, tem-se o circuito da Fig. 3.33 ( b ),
onde o transformador e a carga de 400 so vistos como uma impedncia Zeq, dada por:

Z eq 400 (1 a) 2 (1 a) 2 14400 / 400 36


a=5

Bibliografia

[ 1 ] Alexander, C. K.; Sadiku, M. N. O. Fundamentos de Circuitos Eltricos, 5 ed., McGraw-Hill,


2008.
[ 2 ] Bessonov, L. Applied Electricity for Engineers, 2 nd. ed, MIR Publishers, Moscou, 1973.
[ 3 ] Desoer, C. A.; Kuh, E. S. Basic Circuit Theory, McGraw-Hill, 1969.
[ 4 ] Edminister, J. A. Circuitos Eltricos, Coleo Schaum, Makron - McGraw-Hill, 1991.
[ 5 ] Hayt Jr., W. H. ; Kemmerly, J. C. Anlise de Circuitos em Engenharia, McGraw-Hill, 1975.
[ 6 ] Kinariwala, B.; Kuo, F. F.; Tsao, N. Linear Circuits and Computation, John Wiley, 1973.
[ 7 ] MIT, Magnetic Circuits and Transformers, The M.I.T. Press, 1943.
[ 8 ] Nilsson, J. W.; Riedel, S. Circuitos Eltricos, 5 ed., Addison-Wesley, 1996.
[ 9 ] Slemon, G. R. Equipamentos Magneteltricos - Transdutores, Transformadores e Mqui-
nas Vol. 1, LTC / EDUSP, Rio de Janeiro, 1974.

96
Chagas DEE / UFCG

UNIDADE IV
RESPOSTA EM FREQUNCIA

1. Introduo
Esta unidade trata do estudo de circuitos no domnio da frequncia, em regime permanente,
considerando um sinal senoidal na entrada, com frequncia variando no intervalo [0,+).
estabelecido o conceito de funo de transferncia e sua aplicao na anlise dos filtros
eltricos. Tambm so descritas tcnicas para o traado de diagramas de Bode.

2. Funo de Transferncia
Sabe-se que o comportamento de um circuito RLC no domnio do tempo descrito por uma
equao diferencial de segunda ordem com coeficientes constantes. Considerando as equaes
iniciais nulas, a soluo da mesma fornece a resposta ao estado zero. De um modo geral, uma
equao diferencial que relaciona uma entrada x(t) a uma sada y(t) apresenta a seguinte
forma:

d n y (t ) d n1 y (t ) d m x(t ) d m1 x(t )
bn + bn1 + ... + b1 y (t ) + b0 = am + am1 + ... + a1 x(t ) + a0 (4.1)
dt n dt n1 dt m dt m1
As condies iniciais so consideradas nulas. Assim, a aplicao da transformada de Laplace
a ambos os membros produz o seguinte resultado:

a m s m + a m 1 s m 1 + ... + a1 s + a 0
Y (s) = X ( s) (4.2)
bn s n + bn 1 s n 1 + ... + b1 s + b0

Define-se funo de transferncia no domnio s, H(s), como sendo a razo entre Y(s) (sada)
e X(s) (entrada), com as condies iniciais nulas (resposta ao estado zero); assim:
m

Y (s) a i si
H ( s) = = i =1
n
(4.3)
X (s)
b
j =1
j s j

H(s) uma funo racional no domnio s = + j . Os coeficientes a e b so nmeros reais e


m e n so nmeros inteiros positivos. H(s) pode tambm ser expressa na forma fatorada:
Y ( s ) am ( s z1 ) ( s z 2 ) ... ( s z m )
H (s) = = (4.4)
X ( s ) bn ( s p1 ) ( s p2 ) ... ( s pn )
m

a (s z ) i
P(s)
H (s) = m i =1
n
=K (4.5)
bn Q(s)
(s p )
j =1
j

97
Chagas DEE / UFCG

O fator K = am / bn denominado ganho ou fator de escala. As razes de P(s), zi, chamam-se


zeros e as razes de Q(s), pi, chamam-se plos.
O conceito de funo de transferncia muito importante em engenharia. Tal funo
caracterizada pelos parmetros a e b da equao (4.3) ou pelo ganho, zeros e plos (K, z, p) de
(4.5). Assim, H(s) permite que se obtenha a resposta de um sistema dinmico quando se aplica
um sinal na sua entrada.
mostrada na Fig. 4.1 a representao grfica usual da funo de transferncia, realizada na
forma de diagrama de blocos.

Fig. 4.1. Funo de transferncia representada por diagrama de blocos.

3. Filtros Passivos

3.1. Definies
Denomina-se filtro eltrico um determinado circuito capaz de permitir que sinais de certas
faixas de frequncia sejam transmitidos atravs de si e, ao mesmo tempo, de no permitir a
passagem de sinais de outras faixas de frequncia.
Filtros eltricos passivos so circuitos compostos exclusivamente por elementos que no
geram energia, como o caso dos indutores e capacitores.
A aplicao de filtros realizada em engenharia eltrica nas reas de instrumentao,
telefonia, rdio, TV, eletrnica industrial e redes de energia eltrica.
Um filtro pode ser representado de forma genrica por um circuito denominado quadripolo,
mostrado na Fig. 4.2, o qual apresenta um par de terminais de entrada e outro de sada.

Fig. 4.2. Filtro eltrico passivo representado por um quadripolo.

A caracterizao de um filtro feita atravs de sua funo de transferncia, definida por:


FASOR DO SINAL DE SADA V ( j )
H ( j ) = = s (4.6)
FASOR DO SINAL DE ENTRADA Ve ( j )

A funo H(j) define a resposta em frequncia do filtro. A mesma uma funo complexa
que apresenta a mesma forma de H(s), dada por (4.3), fazendo-se = 0 em s = + j.
98
Chagas DEE / UFCG

As faixas de frequncia que podem ser transmitidas atravs de um filtro chamam-se bandas
de passagem. J os sinais que esto fora destas faixas esto nas bandas de atenuao.
Denomina-se diagrama de resposta em frequncia o grfico que permite analisar o
desempenho de um filtro eltrico. O mesmo composto por duas partes: o diagrama de
amplitude e o diagrama do ngulo de fase, que fornecem, respectivamente, o mdulo e o
ngulo de H(j) em funo de . Esses grficos so mostrados na Fig. 4.3, para as quatro
principais categorias de filtros.

Fig. 4.3. Caractersticas ideais de filtros; (a) passa-baixas; (b) passa-altas; (c) passa-faixa; (d) rejeita-faixa.

As regies de passagem e de rejeio so definidas pelas frequncias de corte, c. Na Fig.


4.3(a) tem-se um filtro passa-baixas. Na Fig. 4.3(b) tem-se um filtro passa-altas. Na Fig. 4.3(c)
so observadas duas frequncias de corte, c1 e c2, que estabelecem uma faixa de passagem
contnua e finita, caracterizando um filtro passa-faixa. Na Fig. 4.3(d), a faixa de passagem do
filtro interrompida por uma regio de rejeio, delimitada pelas frequncias de corte c1 e
c2, de modo a se obter um filtro rejeita-faixa.
importante observar que os diagramas de ngulo de fase de um filtro ideal limitam-se s
regies de passagem, uma vez que, fora delas, a amplitude de H(j) nula. Outro fato que
() varia linearmente. Isto necessrio para que no haja distoro de fase do sinal.

3.2. Frequncias de Corte em Filtros No Ideais


So mostrados na Fig. 4.4 os diagramas de amplitudes de filtros no ideais, mostrando que
as transies das regies de passagem para as regies de rejeio no se realizam de modo
abrupto, como foi mostrado na Fig. 4.3. Desta forma, necessrio estabelecer um critrio
preciso para as frequncias de corte.
99
Chagas DEE / UFCG

A frequncia de corte definida como a frequncia em que a amplitude da funo de


transferncia apresenta um decrscimo em relao ao seu valor mximo, Hmax, determinado
pelo fator 1/2. Assim, tem-se:
H max
H (c ) = (4.7)
2

Fig. 4.4. Caractersticas de filtros no ideais.

Considera-se agora o filtro mostrado na Fig. 4.5, onde h uma fonte de tenso senoidal de
amplitude constante e frequncia varivel na entrada, bem como uma carga resistiva na sada.

Fig. 4.5. Filtro eltrico passivo com excitao senoidal e carga resistiva.

A potncia mdia fornecida carga :

V2 (
V / 2
P = s RMS = sm
) 2

=
1 Vsm2
(4.8)
R R 2 R

Vsm a amplitude da tenso de sada e VsRMS o valor eficaz da mesma.


Se a frequncia da tenso de entrada V(j) for variada, mantendo-se sua amplitude Vem
constante, a amplitude da tenso de sada Vsm() tambm varia, uma vez que, da equao
(4.6), tem-se:
100
Chagas DEE / UFCG

Vs ( j ) = H ( j ) Ve ( j ) (4.9)

Tomando o mdulo:
Vsm ( ) = H ( ) Vem (4.10)

A frequncia ajustada para que Vsm seja mxima. Como Vem constante, conclui-se que,
nesta situao, H() apresenta valor mximo, Hmax; assim:
Vsm , max = H max Vem (4.11)

De (4.8), tem-se para a potncia mxima entregue carga:


2
1 Vsm , max
Pmax = (4.12)
2 R
Na frequncia de corte, tem-se de (4.10), (4.7) e (4.11):

1 Vsm , max
Vsm (c ) = H ( c ) Vem = H max Vem = (4.13)
2 2

De (4.8) e (4.13), tem-se para = c:

1 Vsm2 (c ) 1 (Vsm, max / 2 ) 1 1 Vsm , max


2 2

P (c ) = = = (4.14)
2 R 2 R 2 2 R
Substituindo (4.12) em (4.14):
Pmax
P (c ) = (4.15)
2
Esta expresso mostra que, na frequncia de corte, a potncia mdia entregue carga
igual metade da mxima potncia que pode ser entregue mesma. Por isso, c tambm
chamada de frequncia de meia potncia. Na banda de passagem, o valor da potncia fornecida
carga , no mnimo, 50% da mxima potncia que pode ser fornecida mesma.

3.3. Filtros Passa-Baixas


A funo de transferncia do circuito da Fig. 4.6(a) :
Vs ( j ) R R/L
H ( j ) = = = (4.16)
Ve ( j ) R + jL R / L + j
R/L
H ( ) = (4.17)
( R / L) 2 + 2
( ) = tg 1 ( L / R ) (4.18)

Variando de 0 a observa-se que:


para = 0, XL = L = 0, ou seja, o indutor se comporta como um curto-circuito, a
impedncia total do circuito puramente resistiva e toda a tenso da fonte aplicada
carga;
101
Chagas DEE / UFCG

medida que aumenta, XL cresce e a corrente se atrasa cada vez mais em relao
tenso, tornando-se o mdulo da tenso na carga torna-se cada vez menor;
quando 0, XL e o indutor comporta-se como um circuito aberto; assim, a tenso
na carga praticamente nula.
A concluso que o circuito funciona como um filtro passa-baixas.

Fig. 4.6. Filtro passa-baixas Circuito RL em srie.

As variaes de amplitude e ngulo de fase da funo de transferncia (4.17) so mostradas


na Fig. 4.7.

Fig. 4.7. Diagramas de amplitude e de fase para um filtro passa-baixas tipo RL.

Para a frequncia de corte, tem-se:


1 1 R/L
H (c ) = H max = .1 = (4.19)
2 2 ( R / L) 2 + c2
Resolvendo para = c, tem-se:
R
c = (4.20)
L
O circuito da Fig. 4.8 tambm funciona como um filtro passa-baixas. Nesse caso, toma-se a
tenso de sada sobre o capacitor.
A funo de transferncia para este circuito :
102
Chagas DEE / UFCG

1
j
V ( j ) C
H ( j ) = s = (4.21)
Ve ( j ) R j 1
C

Fig. 4.8. Filtro passa-baixas Circuito RC em srie.

Multiplicando o numerador e o denominador por j/R, obtm-se:


1
H ( j ) = RC (4.22)
1
+ j
RC
Para a amplitude e a fase de (4.22), tem-se:
1
H ( ) = RC (4.23)
2
1
+
2

RC
( ) = tg 1 ( RC ) (4.24)

Essas grandezas variam de modo semelhante s mostradas na Fig. 4.7.


Para a frequncia de corte, tem-se:
1
1 1 RC
H (c ) = H max = .1 = (4.25)
2
2 2 1
+ c
2

RC
Resolvendo para = c, resulta:
1
c = (4.26)
RC
Pode-se observar que, para as duas formas de filtro passa-baixas, a funo de transferncia
no domnio s apresenta a seguinte forma:
c
H ( s) = (4.27)
s + c

3.4. Filtros Passa-Altas


A funo de transferncia do circuito da Fig. 4.9(a) :

103
Chagas DEE / UFCG

Vs ( j ) R
H ( j ) = = (4.28)
Ve ( j ) R j 1
C

Fig. 4.9. Filtro passa-altas Circuito RC em srie.

Multiplicando o numerador e o denominador por j/R:


j
H ( j ) = (4.29)
1
+ j
RC

H ( ) = (4.30)
1 2 2
+
RC
( ) = / 2 tg 1 ( RC ) (4.31)

As variaes dessas grandezas so mostradas na Fig. 4.10.

Fig. 4.10. Diagramas de amplitude e de fase para um filtro passa-altas tipo RC.

A frequncia de corte calculada a seguir.


1 1 c
H (c ) = H max = .1 = (4.32)
2 2 1 /( RC ) 2 + c2
1
c = (4.33)
RC
O circuito RL da Fig. 4.11 tambm consiste num filtro passa-altas.
104
Chagas DEE / UFCG

Fig. 4.11. Filtro passa-altas Circuito RL em srie.

Para este circuito, tem-se:


Vs ( j ) jL j
H ( j ) = = = (4.34)
Ve ( j ) R + j L R / L + j

H ( ) = (4.35)
( R / L) 2 + 2
( ) = / 2 tg 1 (L/R ) (4.36)

c = R / L (4.37)

H() e () variam de modo semelhante s mostradas na Fig. 4.10.


Observando-se as equaes (4.29) e (4.34), as funes de transferncia dos filtros passa-
altas analisados no domnio s apresenta a seguinte forma:
s
H ( s) = (4.38)
s + c

Exemplo 1 - Para o circuito da Fig. 4.12, (a) classificar o tipo de filtro; (b) determinar a funo
de transferncia; (c) esboar os diagramas de amplitude e de fase.

Fig. 4.12. Filtro do Exemplo 1.

Soluo - (a) Fazendo uma analogia com o circuito da Fig. 4.11, conclui-se que se trata de um
filtro passa-altas, onde RL corresponde resistncia da carga ligada aos terminais de sada.
(b) Aplicando o divisor de tenso e dividindo o numerador e o denominador por R + RL:
RL . jX
RL + jX RL . jX
H ( j ) = =
R+ L
R . jX R RL + jXR + jXRL
RL + jX
RL RL
. jX . jL
R + RL R + RL
H ( j ) = =
R RL R RL
+ jX + jL
R + RL R + RL
105
Chagas DEE / UFCG

Multiplicando ambos os termos por 1/L e fazendo K = RL / (R + RL):


RL
. j
R + RL K . j
H ( j ) = =
R RL R
+ j K + j
L R + RL L
K K
H ( ) = =
( K R / L) +
2 2
[ K R /(L)]2 + 1

L
( ) = tg 1
2 KR
Neste caso tem-se:
H(0) = 0 , H() = , Hmax = K , H(c) = Hmax / 2 = K / 2
K K KR
= c =
[ K R /(c L)]2 + 1 2 L

(c) Os diagramas de amplitude e de fase so mostrados na Fig. 4.13.

Fig. 4.13. Diagramas de amplitude e de fase do filtro da Fig. 4.11.

Verifica-se que o efeito da impedncia ligada sada do filtro consiste em reduzir o ganho de
tenso. Esse ganho assume o valor mximo K = 1 para RL = .

3.5. Filtros Passa-Faixa


Esse filtro pode ser constitudo por um circuito RLC em srie, como mostrado na Fig. 4.14.
V-se que, nos casos extremos ( = 0 e = ), no h passagem de corrente no circuito. Por
outro lado, se =0 = (LC), as reatncias indutiva e capacitiva se cancelam. Assim, a tenso
da fonte integralmente aplicada nos terminais do resistor de sada. A concluso que o
circuito constitui um filtro passa-faixa.
A funo de transferncia do circuito dada por:
R
H ( j ) = (4.39)
1
R + j L
C
106
Chagas DEE / UFCG

Fig. 4.14. Filtro passa-faixa Circuito RLC em srie.

R
H ( ) = (4.40)
2
1
R 2 + L
C
2 LC - 1
( ) = tg 1 (4.41)
RC
As variaes de H() e () so mostradas na Fig. 4.15.

Fig. 4.15. Diagramas de amplitude e de fase para um filtro passa-faixa.

V-se que Hmax =1. Na frequncia de corte tem-se:


R 1
= .1 (4.42)
2
1 2
R 2 + c L
c C

Isto ocorre para:


1
c L = R (4.43)
c C

Simplificando, obtm-se as seguintes equaes:


107
Chagas DEE / UFCG

LC c21 + RCc1 1 = 0 (4.44)


LC c22 RCc 2 1 = 0 (4.45)

Para (4.44), obtm-se:

RC ( RC ) 2 + 4 LC
c1 = (4.46)
2 LC
Como c1 > 0, considera-se apenas:
2
RC + ( RC ) 2 + 4 LC R R 1
c1 = = + + (4.47)
2 LC 2L 2 L LC

Para (4.45), obtm-se:

RC ( RC ) 2 + 4 LC
c 2 = (4.48)
2 LC
Como c2 > 0, tem-se:
2
RC + ( RC ) 2 + 4 LC R R 1
c 2 = = + + (4.49)
2 LC 2L 2 L LC
A largura de faixa ou banda de passagem :
= c 2 c1 = R / L (4.50)

O fator de qualidade do circuito :


0 0 L 1 L
Q= = = (4.51)
R R C
V-se que quanto maior for o fator de qualidade, menor ser a faixa de passagem. Isto quer
dizer que o filtro torna-se cada vez mais seletivo.
De (4.47) e (4.49), o produto c1. c2 vale:
2 2
R 1 R 1
c 2 .c1 = + = = 02 (4.52)
2L LC 2 L LC

Assim, a frequncia de ressonncia a mdia geomtrica das frequncias de corte, ou seja:

0 = c1.c 2 (4.53)

Para a frequncia em Hz, tem-se:

f0 = f c1. f c 2 (4.54)

De (4.47), (4.49) e (4.50):


2

c1 = + + 02 (4.55)
2 2
108
Chagas DEE / UFCG

2

c 2 = + + 02 (4.56)
2 2
A funo de transferncia no do filtro da Fig. 4.13(a) no domnio s :
R sRC sR / L
H ( s) = = = (4.57)
R + sL +
1 s LC + sRC + 1 s 2 + R s + 1
2

sC L LC
s
H (s) = (4.58)
s + s + 02
2

Exemplo 2 - Considerando o circuito da Fig. 4.16, pede-se: (a) classificar o tipo de filtro; (b)
calcular a funo de transferncia; (c) calcular as frequncias de corte, a largura de faixa e o
fator de qualidade.

Fig. 4.16. Filtro do Exemplo 2.

Soluo - (a) Considerando os casos extremos ( = 0 e = ), o capacitor ou o indutor


estabelecem um curto-circuito na sada e a tenso Vs na sada nula. A admitncia do ramo LC
dada por:

2 LC 1
1
Y ( j ) = j C = j
jL L
Se =0 =1/(LC), tem-se Y(j) = 0, de modo a se ter um circuito aberto na sada; assim, Vs
= Ve. A concluso que o circuito constitui um filtro passa-faixa.
(b) A funo de transferncia do circuito dada por:
1
jL .
j C
1
jL +
j C L/C
H ( j ) = =
jL .
1 L 1
+ R jL +
j C C j C
R+
1
jL +
j C

L/C
H ( ) =
2 2
L 2 1
+ R L
C C

109
Chagas DEE / UFCG

(c) H() mxima quando L= 1/( C), ou quando =0 =1/(LC); neste caso, Hmax = 1.
Nas frequncias de corte, tem-se:
2 2
2 1
=
L/C 1 L
= R c L
2 2
2 c C C
L 2 1
+ R c L
C c C

Assim, tm-se duas equaes:

RLC c2 L c R = 0
RLC c2 + L c R = 0

Em ambas as equaes so rejeitadas as razes negativas; assim:


2
L + L2 + 4 R 2 LC 1 1 1
c1 = = + +
2 RLC 2 RC 2 RC LC
2
L + L2 + 4 R 2 LC 1 1 1
c 2 = = + +
2 RLC 2 RC 2 RC LC
1
= c 2 c1 =
RC
0 1 / LC C
Q= = =R
1 / ( RC ) L

3.6. Filtros Rejeita-Faixa


No circuito da Fig. 4.17 a tenso de sada tomada nos terminais da associao LC. V-se
que, nos casos extremos ( = 0 e = ), esta associao constitui um circuito aberto e a
tenso da fonte integralmente aplicada nos seus terminais. Por outro lado, se =0 = (LC),
as reatncias indutiva e capacitiva se cancelam e Vs = 0. Assim, conclui-se que o circuito
constitui um filtro rejeita-faixa.

Fig. 4.17. Filtro rejeita-faixa Circuito RLC em srie.

A funo de transferncia do circuito :


1
j L j
H ( j ) = C (4.59)
1
R + j L
C

110
Chagas DEE / UFCG

Multiplicando o numerador e o denominador por j/L, obtm-se:


1
2
H ( j ) = LC (4.60)
1 j R
2 +
LC L
1
2
H ( ) = LC (4.61)
2 2
1 2 R
+
LC L

R / L
( ) = tg 1 (4.62)
1 2

LC
As curvas de H() e de () so mostradas na Fig. 4.18.

Fig. 4.18. Diagramas de amplitude e de fase para um filtro rejeita-faixa.

Neste caso, H() mnima para =0 =1/(LC), sendo a frequncia de corte calculada por:
1
c2
LC 1
= (4.63)
2 2
1 R 2
c2 + c
LC L

Resolvendo (4.63), obtm-se:


2
R R 1
c1 = + + (4.64)
2L 2 L LC
2
R R 1
c1 = + + (4.65)
2L 2 L LC
A largura de faixa e o fator de qualidade so:
= c 2 c1 = R / L (4.66)

111
Chagas DEE / UFCG

0 1 / LC 1 L
Q= = = (4.67)
R/L R C

A funo de transferncia no do filtro da Fig. 4.16 no domnio s :


1 1
sL + s2 +
sC s 2 LC + 1 LC
H ( s) = = = (4.68)
1 s 2 LC + sRC + 1 R 1
R + sL + s2 + s +
sC L LC
s 2 + 02
H ( s) = (4.69)
s 2 + s + 02

4. Diagramas de Amplitude e de Fase Usando o MATLAB


Os grficos das amplitudes e os ngulos de fase de uma funo de transferncia podem ser
obtidos a partir da rotina freqs do MATLAB. Como exemplo, considera-se uma funo de
transferncia dada por:

25 s
H (s) = (4.70)
s + 4,5 s 2 + 102 s + 50
3

Com os seguintes comandos, so obtidos os grficos da Fig. 4.19. Os eixos horizontal e


vertical so marcados em escalas logartmicas.

>>n = [25 0];


>>d = [1 4.5 102 50];
>>freqs(n,d)

Fig. 4.19. Diagramas de amplitude e de fase gerados pelo MATLAB.

112
Chagas DEE / UFCG

5. Diagramas de Bode

5.1. Definio de Decibel


A amplitude de H(j) tambm expressa em decibis. O decibel foi definido para medir
perdas de potncia em circuitos telefnicos ligados em cascata, como mostrado na Fig. 4.20.

Fig. 4.20. Circuitos ligados em cascata.

O ganho de potncia de cada circuito definido como sendo a razo entre a potncia de
sada e a potncia de entrada, ou seja:
P1 P2 Ps
G1 = , G2 = , G3 = (4.71)
Pe P1 P2
O ganho de potncia total o produto dos ganhos individuais.
Ps P P P
= s 2 1 = G1 G2 G3 (4.72)
Pe P2 P1 Pe

Tomando o logaritmo decimal:


Ps
log10 = log G1 + log G2 + log G3 (4.73)
Pe

Define-se bel como sendo o logaritmo decimal da razo entre as duas potncias. Para
calcular o ganho de potncia total em bis, basta somar os ganhos de potncia, tambm em
bis, de todos os blocos que representam os estgios intermedirios do sistema. Na prtica,
mais conveniente usar uma unidade 10 vezes menor que o bel, o decibel (dB). Como 1 bel tem
10 decibis, o nmero de decibis 10 vezes maior que o nmero de bis, ou seja:
Ps
Nmero de dB = 10 log (4.74)
Pe

No circuito da Fig. 4.21 a resistncia de entrada igual resistncia da carga (casamento de


impedncias); assim, Re = Rs = R:

Fig. 4.21. Circuito com impedncias casadas.


113
Chagas DEE / UFCG

2 2 2
Ps R I s2 I s Vs / R Vs
= = = = (4.75)
Pe R I e2 I e Ve / R Ve

Assim, de (4.74) e (4.75), o nmero de decibis :


Vs
Nmero de dB = 20 log (4.76)
Ve
Considerando o mdulo de uma funo de transferncia H(j), tem-se:
Ganho em dB = 20 log H (s ) (4.77)

A vantagem do uso do decibel consiste no fato de tornar mais simples o traado dos
diagramas de amplitude das funes de transferncia em faixas extensas de frequncia. Assim,
ao invs de traar o grfico de H() em escalas lineares, traa-se H(), expresso em dB, em
funo de , com o eixo horizontal em escala logartmica. Este grfico conhecido como
diagramas de Bode, descritos mais adiante.

5.2. Propriedades do Decibel


A Tabela 4.1 fornece a equivalncia entre algumas grandezas de sada e de entrada, e os
respectivos ganhos em decibis.

Tabela 4.1

RAZO GANHO (dB) RAZO GANHO (dB)


0,01 -40 10,0 20
0,10 -20 31,6 30
1,00 0 102 40
1,41 3 103 60
2,00 6 104 80
3,16 10 105 100
5,62 15 106 120

Algumas das propriedades do decibel so descritas a seguir.


Os inversos das razes da Tabela 4.1 produzem valores em dB iguais em mdulo aos
indicados, porm com sinais opostos; por exemplo:
20 log(1/1,41) = 20 log(0,707) 3
20 log(1/x ) = 20 (log1 - log x ) = 20 (log1 - log x ) = 20 log x

Quando a razo dobra, o valor correspondente em dB aumenta de 6,02 6 dB.


20 log 1 = 0 , 20 log 2 6 , 20 log 4 12
20 log (2 x ) = 20 log 2 + 20 log x = 6 + 20 log x

Quando a razo aumenta de um fator 10, o valor correspondente em dB aumenta de 20.


20 log 1 = 0 , 20 log 10 = 20 , 20 log 100 = 40

114
Chagas DEE / UFCG

20 log (10 x ) = 20 log 10 + 20 log x = 20 + 20 log x

Define-se como oitava a faixa de frequncias entre f1 e f2 em que f2 / f1 = 2. O nmero de


oitavas entre f1 e f2 dado por:
log ( f 2 / f1 ) f
Nmero de oitavas = = 3,32 log 2 (4.78)
log 2 f1
Define-se como dcada a faixa de frequncias entre f1 e f2 em que f2 / f1 = 10. O nmero de
dcadas entre f1 e f2 dado por:
log ( f 2 / f1 ) f
Nmero de dcadas = = log 2 (4.79)
log 10 f1

5.3. Diagramas de Amplitude Plos e Zeros Simples


Sabe-se que a forma mais simples da funo de transferncia de um filtro passa-baixas a
seguinte:
c 1
H (s) = = (4.80)
s + c 1 + s / c
Pode-se ainda escrever:
1
H ( j ) = = H e j (4.81)
1 + j / c
1
H ( ) = (4.82)
1 + ( / c )
2

1
= - 20 log 1 + ( / c )
2
H dB = 20 log H = 20 log (4.83)
1 + ( / c )
2

Para baixas frequncias ( << c), tem-se 1 + ( / c)2 1; assim:

H dB = 20 log H 20 log 1 = 0 (4.84)

Essa equao uma reta horizontal. Como essa reta aproxima o ganho logartmico para
baixas frequncias, ela chamada de assntota horizontal do diagrama de Bode.
Para altas frequncias ( >> c), tem-se 1 + ( / c)2 ( / c)2; logo:

H dB = 20 log H 20 log ( / c )2 = 20 log c 20 log (4.85)

Essa equao descreve a assntota de alta frequncia. O seu coeficiente angular pode ser
dado em dB/dcada. A diferena entre os ganhos logartmicos em uma dcada (2 / 1 = 10)
para ( >> c) :
20 log H (1 ) 20 log H ( 2 ) = 20 log c 20 log 1 20 log c + 20 log 2 =
20 log 1 + 20 log 2 = 20 log ( 2 / 1 ) = 20 log 10 = 20 dB

115
Chagas DEE / UFCG

O diagrama de Bode mostrado na Fig. 4.22. Observa-se que para > c o filtro
proporciona uma taxa de atenuao de 20 dB/dcada.

Fig. 4.22. Diagrama de amplitude de H(s).

Na frequncia c, tambm chamada frequncia de quebra, o valor de H em dB :


1 1
H dB = 20 log H = 20 log = - 20 log = 3,01 dB
1 + ( / c )
2
2

Ou seja, o decrscimo de 1/2 corresponde a uma queda em dB de aproximadamente 3 dB.


Outra funo de transferncia mostrada a seguir.
s + z1
H ( s) = K (4.86)
s ( s + p1 )

Fazendo s = j e colocando os plos e zeros em evidncia:


z1 1 + j / z1
H ( j ) = K (4.87)
p1 j ( 1 + j / p1 )

Fazendo K0 = K z1 / p1, tem-se:


1 + j / z1
H ( j ) = K 0 (4.88)
j ( 1 + j / p1 )
1 + j / z1
H ( ) = K 0 (4.89)
1 + j / p1
1 + j / z1
H dB = 20 log K 0 (4.90)
1 + j / p1
H dB = 20 log K 0 + 20 log 1 + j / z1 20 log 20 log 1 + j / p1 (4.91)
Uma curva para cada termo traada separadamente em papel monolog, de modo que:
20 log K0 uma reta horizontal, sendo:
20 log K0 > 0 para K0 > 1;
20 log K0 = 0 para K0 = 1;
20 log K0 < 0 para K0 < 1.
20 log | 1 + j/z1 | aproximado por duas retas, de modo que:

116
Chagas DEE / UFCG

- para pequena: | 1 + j/z1 | 1 , 20 log | 1 + j/z1 | 0 quando 0;


- para grande: | 1 + j/z1 | /z1 , 20 log | 1 + j/z1 | 20 log (/z1).
- 20 log (/z1) = 20 log - 20 log z1 uma reta com inclinao de 20 dB/dcada; para
= z1 (frequncia de quebra), tem-se HdB 0.
- 20 log corta o eixo em = 1, com inclinao de -20 dB/dcada.
- 20 log | 1 + j/p1 | aproximado por duas retas, de modo que:
- para pequena: | 1 + j/p1 | 1 , - 20 log | 1 + j/p1 | 0 quando 0;
- para grande: | 1 + j/p1 | /p1 , - 20 log | 1 + j/p1 | - 20 log (/p1).

Exemplo 3 - Na expresso (4.89), para K0 = 10, z1 = 0,1 rad/s e p1 = 5 rad/s, tem-se o


diagrama de amplitudes da Fig. 4.23.

Fig. 4.23. Diagrama de amplitudes do Exemplo 3.

Exemplo 4 - Para o circuito da Fig. 4.24, (a) determinar a funo de transferncia, H(s); (b)
construir o grfico logartmico de amplitudes. (c) calcular o valor de HdB para = 50 rad/s e =
1000 rad/s.

Fig. 4.24. Circuito do Exemplo 4.

Soluo - (a) A funo de transferncia no do filtro da Fig. 4.24 no domnio s :


s
H (s) =
s + s + 02
2

117
Chagas DEE / UFCG

R 11 1 1
= = = 110 ; o2 = = = 1000
L 100 x 10 3 LC 100 x 10 x 10 x10 3
3

110 s 110 s
H (s) = =
s + 110 s + 1000 ( s + 10) ( s + 100)
2

(b) Fazendo s = j, tem-se:


j 110 j 11 j 0,11
H ( j ) = = =
(10 + j ) (100 + j ) (1 + j / 10) (100 + j ) (1 + j / 10) (1 + j / 100)
0,11
H ( ) =
1 + j / 10 1 + j / 100

H dB = 20 log 11 + 20 log 20 log 1 + j / 10 20 log 1 + j / 100

Fig. 4.25. Diagrama de amplitudes do Exemplo 4.

j 0,11 x 50 j 5,5
(c) H ( j 50) = =
(1 + j 50 / 10) (1 + j 50 / 100) (1 + j 5) (1 + j 0,5)
0
H ( j50) = 0,9648 e 12, 25

20 log H (50) = 20 log 0,9648 = 0,3116 dB

j 0,11 x 1000 j 110


H ( j1000) = =
(1 + j 1000 / 10) (1 + j 1000 / 100) (1 + j 100) (1 + j 10)
0
H ( j1000) = 0,1094 e 83.72

20 log H (1000) = 20 log 0,1094 = 19,22 dB

5.4. Diagramas de Amplitude Plos e Zeros Mltiplos


Considera-se a seguinte funo de transferncia:
118
Chagas DEE / UFCG

(1 + j / z1 ) m
H ( j ) = K 0 (4.92)
( j ) q ( 1 + j / p1 ) n
m
1 + j / z1
e m 1 q.90 n1
0
H ( j ) = K 0 n
(4.93)
1 + j / p1
q

m
1 + j / z1
H ( ) = K 0 n
(4.94)
q 1 + j / p1
H dB = 20 log K 0 + 20 m log 1 + j / z1 20 q log 20 n log 1 + j / p1 (4.95)

Por exemplo, se m = 2, q = 3 e n = 4, tem-se retas de inclinaes de 40 dB/dcada, -60


dB/dcada e -80 dB/dcada.
O procedimento o mesmo do caso de plos reais simples.

5.5. Diagramas de Amplitude Plos e Zeros Complexos


Os plos e zeros complexos sempre aparecem de forma conjugada, formando um nico
fator de segundo grau.
K
H ( s) = (4.96)
( s + + j )( s + j )

( s + + j )( s + j ) = ( s + ) 2 + 2 (4.97)
s 2 + 2s + 2 + 2 = s 2 + 2 n s + n2 (4.98)
n = (4.99)

n2 = 2 + 2 (4.100)

O parmetro n a frequncia de quebra e o coeficiente de amortecimento.


Assim, tem-se a seguinte forma alternativa para H(s):
K
H ( s) = (4.101)
s + 2 n s + n2
2

A seguir, considera-se a equao do segundo grau:

s 2 + 2 n s + n2 = 0 (4.102)

A soluo da mesma :

2 n 4 2 n2 4 n2
s= s = n n 2 1 (4.103)
2
Se 1, as razes so reais, ou seja:
s 2 + 2 n s + n2 = ( s + p1 )( s + p2 ) (4.104)

Neste caso, o procedimento para o traado dos diagramas o mesmo dos plos simples de
1 ordem. Se < 1, as equao apresenta razes so complexas. Em (4.101), fazendo s = j :
a

119
Chagas DEE / UFCG

K K
H ( j ) = = (4.105)
s + 2 n s +
2 2
n ( j ) + j 2 n + n2
2

K K / n2
H ( j ) = = (4.106)
2 + j 2n + n2 ( / n ) 2 + j 2 ( / n ) + 1
Fazendo u = / n e K0 = K / n2:
K0
H ( j ) = (4.107)
1 u + j 2 u
2

K0
H ( ) = (4.108)
1 u + j 2 u
2

H dB = 20 log K 0 20 log 1 u 2 + j 2 u (4.109)

Considerando o segundo termo do segundo membro de (4.109), tem-se:

(
20 log 1 u 2 + j 2 u = 20 log (1 u 2 ) 2 + 4 2u 2 = 20 log 1 2u 2 + u 4 + 4 2 u 2 )
1/ 2
(4.110)

20 log 1 u 2 + j 2 u = 20 log (1 u 2 ) 2 + 4 2u 2
( ) =
= 20 log 1 2u 2 + u 4 + 4 2u 2 1/ 2
(4.111)
= 10 log [u + 2u (2 1) + 1]
4 2 2 1/ 2

Se 0, u 0 e 10 log [u + 2u (2 1) + 1] 0.
4 2 2 1/ 2

Se , 10 log [u + 2u (2 1) + 1] 10 log u = 40 log u = 40 log ( / ) .


4 2 2 1/ 2 4
n

Assim, o diagrama de amplitudes da funo de transferncia (4.101) mostrado na Fig. 4.26.

Fig. 4.26. Diagrama de amplitudes do Exemplo 4.

5.6. Diagramas de Bode Usando o MATLAB


No item 4 foi apresentada a funo freqs do MATLAB para a obteno dos grficos das
amplitudes e os ngulos de fase de uma funo de transferncia. Uma alternativa rotina
bode, que fornece o grfico de amplitudes em decibis. Como exemplo, considera-se a mesma
funo do item 4.

120
Chagas DEE / UFCG

25 s
H (s) =
s + 4,5 s 2 + 102 s + 50
3

Com os seguintes comandos, so obtidos os grficos da Fig. 4.27.


>>n = [25 0];
>>d = [1 4.5 102 50];
>>bode(n,d,{0.01,100})

Fig. 4.27. Diagramas de Bode fornecidos pelo MATLAB.

6. Filtros Ativos

6.1. Consideraes Gerais


Os filtros passivos anteriormente considerados apresentam as seguintes limitaes:
no apresentam ganho superior a 1, pois no acrescentam energia ao circuito;
necessitam de indutores volumosos, pesados e caros, especialmente em baixas frequncias.
Os filtros ativos so constitudos por resistores, capacitores e amp-ops. Em relao aos filtros
passivos, apresentam as seguintes vantagens:
so menores, mais leves e mais baratos;
podem proporcionar ganho superior a 1;
apresentam maior facilidade de projeto, no caso de filtros mais complexos, mediante
associao em cascata de estgios simples;
h possibilidade de associao de estgios mediante buffers, de modo a isolar cada estgio
do filtro dos efeitos da impedncia da fonte e da carga.
Por outro lado, os filtros ativos apresentam as seguintes desvantagens:

121
Chagas DEE / UFCG

necessitam de fonte de alimentao;


no podem ser aplicados em sistemas de potncias elevadas (redes de concessionrias e
indstrias);
tm resposta em frequncia limitada capacidade de resposta dos amp-ops.

6.2. Filtros Passa-Baixas


Um filtro de primeira ordem mostrado na Fig. 4.28. A escolha dos componentes Zf e Zi.ir
determinar se ele do tipo passa-baixas ou passa-altas.

Fig. 4.28. Filtro ativo de primeira ordem generalizado.

A funo de transferncia desse filtro :

Vo ( s ) Z f ( s)
H ( s) = = (4.112)
Vi ( s ) Z i ( s)

A configurao mostrada na Fig. 4.29 constitui um filtro passa-baixas, onde:


R f .1 /( s C )
R f + 1 /( s C ) Rf 1 /( s C )
H ( s) = = (4.115)
Ri Ri R f + 1 /( s C )

Fig. 4.29. Filtro ativo passa-baixas de primeira ordem.

Multiplicando o numerador e o denominador de (4.116) por s / Rf, resulta:

122
Chagas DEE / UFCG

Rf 1 /( R f C ) c
H (s) = = G (4.117)
Ri s + 1 /( R f C ) s + c
Assim, tem-se um filtro passa-baixas com ganho e frequncia de corte dados por:
Rf
G= (4.118)
Ri
1
c = (4.119)
Rf C
Assim, observa-se que o ganho pode ser maior que 1, sendo este determinado de modo
independente em relao frequncia de corte. Considerando Rf = 10 k, Ri = 5 k e C = 100
nF, tem-se na Fig. 4.30 os diagramas de Bode desse filtro, fornecidos pelo Matlab.

Fig. 4.30. Diagramas de Bode do filtro passa-baixas da Fig. 4.29, com Rf = 10 k, Ri = 5 k e C = 100 nF.

6.3. Filtros Passa-Altas

Para o filtro passa-altas de primeira ordem mostrado na Fig. 4.31, pode ser escrito:
Rf Rf 1
H ( s) = = (4.120)
Ri + 1 /( sC ) Ri 1 + 1 /( sRi C )
Rf s s
H ( s) = = G (4.121)
Ri s + 1 /( Ri C ) s + c
123
Chagas DEE / UFCG

Fig. 4.31. Filtro ativo passa-altas de primeira ordem.

Assim, o filtro passa-altas apresenta ganho e frequncia de corte dados por:


Rf
G= (4.122)
Ri
1
c = (4.123)
Ri C
Para Rf = 10 k, Ri = 5 k e C = 100 nF, tem-se na Fig. 4.32 os diagramas de Bode desse
filtro.

Fig. 4.32. Diagramas de Bode do filtro passa-altas da Fig. 4.31, com Rf = 10 k, Ri = 5 k e C = 100 nF.

Observa-se que, como no caso do filtro passa-baixas do item anterior, o ganho superior a 1
(G = 10 / 5 = 2).
124
Chagas DEE / UFCG

6.4. Filtros Passa-Faixa


A forma mais intuitiva de implementar um filtro ativo passa-faixa descrita no diagrama de
blocos em cascata da Fig. 4.33.

Fig. 4.33. Diagrama de blocos de um filtro ativo passa-faixa.

Os componentes desse filtro so os seguintes:


um filtro passa baixas de ganho unitrio e frequncia de corte cb;
um filtro passa altas de ganho unitrio e frequncia de corte ca < cb;
um amplificador que fornece o ganho desejado dentro da banda de passagem.
O circuito usado para implementar esse tipo de filtro mostrado na Fig. 4.34.

Fig. 4.34. Filtro ativo passa-faixa.

Devido ligao em cascata, a funo de transferncia do filtro obtida pelo produto das
funes de transferncia dos elementos individuais; assim, tem-se:

Vo ( s ) cb s R f R cb s
H ( s) = = = f 2 (4.124)
Vi ( s ) s + cb s + ca Ri Ri s + ( ca + cb ) s + ca cb

Partindo da suposio de que cb >> ca, tem-se ca + cb cb, e assim:


Rf cb s
H (s) = (4.125)
Ri s + cb s + ca cb
2

Verifica-se que expresso (4.125) possui a mesma forma que a expresso (4.58),
correspondente funo de transferncia de um filtro passa-faixa padro.
O projeto de um filtro passa-faixa feito de acordo com o procedimento descrito a seguir.
Estabelecidas as frequncias de corte inferior e superior, c2 >> c1, calcula-se os valores de
Ra, Rb, Ca e Cb mediante as seguintes expresses:

125
Chagas DEE / UFCG

1
ca = (4.126)
Ra C a
1
cb = (4.127)
Rb Cb
Os valores de Ri e Ci devem ser tais que o ganho do filtro na banda de passagem tenha o
valor desejado; assim, na frequncia central o, tem-se de (4.125):

Rf c 2 ( j o ) Rf
H ( o ) = = (4.128)
Ri ( j o ) + c 2 ( j o ) + c1 c 2
2
Ri

Exemplo 5 - Projetar um filtro passa-faixa que apresente ganho igual a 2 e banda de


passagem entre 100 Hz e 10 kHz. Usar capacitores de 100 nF.
Soluo - Como c2 = 100 c1, pode-se calcular separadamente os estgios em cascata.
1 1 1 1
ca = Ra = = = 15915
Ra C a ca C a 2f a C a 2 x 100 x 100 x 10 9
1 1 1 1
cb = Rb = = = 159
Rb Cb cb Cb 2 f b Cb 2 x 10000 x 100 x 10 9

Para o amplificador inversor, fazendo Ri = 10 k, tem-se de (4.128):


R f = G Ri R f = 2 x 10 = 20 k.

importante lembrar que o mdulo da funo de transferncia nas duas frequncias de


corte igual ao valor no centro da banda de passagem dividido por 2 (verificar). O diagrama
de Bode do filtro mostrado na Fig. 4.35.

Fig. 4.35. Diagramas de Bode do filtro passa-faixa do Exemplo 5.

126
Chagas DEE / UFCG

6.5. Filtros Rejeita-Faixa


O diagrama da Fig. 4.36 descreve uma possvel estrutura de um filtro ativo rejeita-faixa.

Fig. 4.36. Diagrama de blocos de um filtro ativo rejeita--faixa.

Os componentes desse filtro so os seguintes:


um filtro passa baixas de ganho unitrio e frequncia de corte cb;
um filtro passa altas de ganho unitrio e frequncia de corte ca >cb;
um amplificador somador que fornece o ganho desejado dentro da banda de rejeio.
O circuito usado para implementar esse tipo de filtro mostrado na Fig. 4.37.

Fig. 4.37. Filtro ativo rejeita-faixa.

Mais uma vez, suposto que ca >>cb, de modo que os dois filtros em paralelo podem ser
projetados separadamente. A funo de transferncia do filtro completo a soma das funes
dos filtros de primeira ordem, com um ganho proporcionado pelo amplificador somador; assim:

Vo ( s ) cb s R f R f s 2 + 2 cb s + ca cb
H (s) = = + = 2 (4.129)
Vi ( s ) s + cb s + ca Ri Ri s + ( ca + cb ) s + ca cb

Como ca >>cb, (4.130) tende a assumir a mesma forma da expresso (4.69), que representa
a funo de transferncia de um filtro rejeita-faixa padro.
O projeto de um filtro rejeita-faixa feito segundo o modo descrito a seguir.
127
Chagas DEE / UFCG

Estabelecidas as frequncias de corte inferior e superior, cb << cb, calcula-se os valores de


Ra, Rb, Ca e Cb mediante as seguintes expresses:
1
ca = (4.130)
Ra C a
1
cb = (4.131)
Rb Cb
Fora da banda de rejeio (quando s 0 ou s ), v-se de (4.129) que o ganho da funo
de transferncia igual a Rf / Ri.; assim, esses resistores so calculados a partir de:
Rf
G= (4.132)
Ri

Exemplo 6 - Projetar um filtro passa-faixa que apresente ganho fora da banda de rejeio
igual a 3, com frequncias de corte iguais a 20 Hz e 400 Hz. Usar capacitores de 200 nF.
Soluo - Como ca = 20 cb, pode-se calcular separadamente os estgios.
1 1 1 1
ca = Ra = = = 1989
Ra C a ca C a 2f a C a 2 x 400 x 200 x 10 9
1 1 1 1
cb = Rb = = = 39789
Rb Cb cb Cb 2 f b Cb 2 x 20 x 200 x 10 9

Para o amplificador somador, fazendo Ri = 10 k, tem-se de (4.132):


R f = G Ri R f = 3 x 10 = 30 k.

O diagrama de Bode do filtro mostrado na Fig. 4.38.

Fig. 4.38. Diagramas de Bode do filtro rejeita-faixa do Exemplo 6.


128
Chagas DEE / UFCG

6.6. Filtros Butterworth Passa-Baixas


Para a frequncia de corte c = 1 rad/s, as funes de transferncia de um filtro passa-
baixas de Butterworth so dadas por:
1
H (s) = (4.133)
P( s)
A ordem do filtro e a frequncia de corte so estabelecidas pelo polinmio P(s), os quais so
mostrados na Tabela 4.2.

Tabela 4.2 - Polinmios de Butterworth, para a frequncia de corte c = 1 rad/s.

ORDEM POLINMIO, P(s)


1 s+1
2 s2 + 1,414 s + 1
3 (s + 1) (s2 + s + 1)
4 (s + 0,765 s + 1) (s2 + 1,848 s + 1)
2

5 (s + 1) (s2 + 0,618 s + 1) (s2 + 1,618 s + 1)


6 (s + 0,518 s + 1) (s2 + 1,414 s + 1) (s2 + 1,932 s + 1)
2

7 (s + 1) (s2 + 0,445 s + 1) (s2 + 1,247 s + 1) (s2 + 1,802 s + 1)


8 (s + 0,390 s + 1) (s2 + 1,111 s + 1) (s2 + 1,663 s + 1) (s2 + 1,962 s + 1)
2

9 (s + 1) (s2 + 0,347 s + 1) (s2 + 1 s + 1) (s2 + 1,532 s + 1) (s2 + 1,879 s + 1)


10 (s + 0,313 s + 1) (s2 + 0,908 s + 1) (s2 + 1,414 s + 1) (s2 + 1,782 s + 1) (s2 + 1,975 s + 1)
2

Os filtros de Butterworth apresentam desempenho mais prximo do ideal medida que a


ordem do filtro aumenta; porm, isto acarreta em maior complexidade e custo.
Uma tcnica chamada escalonamento de frequncias permite que se obtenha funes de
transferncia para frequncias de corte c diferentes de 1 rad/s. A mesma consiste em
substituir cada s em H(s) por s / c. Considerando um filtro de segunda ordem com frequncia
de corte de 1 rad/s, sua funo de transferncia, de acordo com a Tabela 4.2, dada por:
1
H n (s) = (4.134)
s + k s +1
2

Para uma frequncia de corte c, tem-se:

1 c2
H ( s) = = 2 (4.135)
(s / c )2 + k (s / )c + 1 s + kc s + c
2

Exemplo 7 Determinar a funo de transferncia de um filtro Butterworth passa-baixas de


terceira ordem que possua frequncia de corte igual a 500 rad/s.
Soluo - De (4.133) e da Tabela 4.2, tem-se a seguinte funo normalizada em 1 rad/s:
1
H n (s) =
( s + 1)( s 2 + s + 1)

Para c = 500 rad/s, tem-se:

1 500 3
H (s) = =
[( s / 500 ) + 1] [( s / 500 ) 2 + ( s / 500 ) + 1] ( s + 500 )( s 2 + 500 s + 250000 )

129
Chagas DEE / UFCG

500 3
H ( s) =
s 3 + 1000 s 2 + 500000 s + 500 3
Os diagramas de Bode correspondentes a essa funo acham-se mostrados na Fig. 4.39, a
seguir.

Fig. 4.39. Diagramas de Bode do filtro Butterworth passa-baixas de terceira ordem do Exemplo 7.

O problema agora consiste em projetar um circuito que reproduza as caractersticas de um


filtro passa-baixas de Butterworth. Observa-se na Tabela 4.2 que os filtros de ordem par so
compostos por termos de segunda ordem, e que os filtros de ordem mpar apresentam um
termo adicional de primeira ordem, o qual fcil de projetar (ver filtro da Fig. 4.29). Assim, s
resta caracterizar um circuito que apresente a funo de transferncia dada pela expresso
(4.135). Para isso, considera-se o circuito da Fig. 4.40.

Fig. 4.40. Circuito empregado como filtro Butterworth passa-baixas de ordem 2.

Para este circuito, pode-se escrever:

130
Chagas DEE / UFCG

V Vi V Vo
+ sC1 (V Vo ) + =0 (4.136)
R R
V V
s C 2 Vo + o =0 (4.137)
R
Simplificando, obtm-se:
(2 + RC1 s )V ( 1 + RC1 s )Vo = Vi (4.138)
V + ( 1 + RC 2 s )Vo = 0 (4.139)

Eliminando v, obtm-se a seguinte funo de transferncia para o filtro:


1
2
V R C1C 2
H (s) = o = (4.140)
Vi s 2 + 2 1
s+ 2
RC1 R C1C 2

Comparando (4.135) e (4.140), so obtidas as seguintes relaes:


1
2
= c2 (4.141)
R C1C2
2
= kc (4.142)
R C1
Assim, com os valores de k e c, arbitra-se um valor para R e determinam-se os valores de
C1 e C2 atravs de (4.141) e (4.142).

Exemplo 8 - Projetar um filtro de Butterworth passa-baixas de quarta ordem com uma


frequncia de corte de 960 Hz e ganho mximo de 10.
Soluo - De acordo com a Tabela 4.2, o polinmio de Butterworth
(s2 + 0,765 s + 1) (s2 + 1,848 s + 1)
Assim, so necessrios dois filtros de segunda ordem para se obter a funo de transferncia
de quarta ordem, mais um amplificador inversor para proporcionar o ganho igual a 10, todos
ligados em cascata. O circuito completo mostrado na Fig. 4.41.

Fig. 4.41. Circuito do filtro Butterworth passa-baixas de quarta ordem do Exemplo 8.

Inicialmente, implementado o primeiro estgio do filtro, relacionado ao polinmio s2 +


0,765 s + 1. O valor de R arbitrado em 1 k. De acordo com (4.141) e (4.142), tem-se:

131
Chagas DEE / UFCG

2 2
C1 = = C1 433 nF
k1c R 0,765 x 2 x 960 x 1000
1 1
C2 = = C2 63 nF
R C1c 1000 x 433 x 10 9 x (2 x 960) 2
2 2 2

Para o estgio relacionado ao polinmio s2 + 1,848 s + 1, tem-se:


2 2
C3 = = C3 = 179 nF
k 2c R 1,848 x 2 x 960 x 1000
1 1
C4 = = C2 = 153 nF
R C3c 1000 x 179 x 10 9 x (2 x 960) 2
2 2 2

Em relao ao amplificador inversor, arbitra-se Ri = 1 k; assim, Rf = 10Ri = 10 k.


A funo de transferncia do filtro a seguinte:

c2 c2
H (s) = G
s 2 + k1 c s + c2 s 2 + k 2 c s + c2
G c4
=
s 4 + (k1 + k 2 ) c s 3 + (2 + k1k 2 ) c2 s 2 + (k1 + k 2 ) c3 s + c4
10 x 6031,86 4
s 4 + 2,613 x 6031,86 s 3 + 3,414 x 6031,86 2 s 2 + 2,613 x 6031,86 3 s + 6031,86 4

Os diagramas de Bode desse filtro so mostrados na Fig. 4.42.

Fig. 4.42. Diagramas de Bode do filtro Butterworth passa-baixas de quarta ordem do Exemplo 8.
132
Chagas DEE / UFCG

6.7. Filtros Butterworth Passa-Altas


Considerando a frequncia de corte de 1 rad/s, as funes de transferncia de um filtro
passa-altas de Butterworth so dadas pela seguinte expresso:
sn
H (s) = (4.143)
P( s)
onde n a ordem do filtro e P(s) um dos polinmios da Tabela 4.2.
Como no caso dos filtros passa-baixas, so normalmente utilizados filtros de segunda ordem
isolados ou em em cascata. Assim, considera-se um circuito que apresenta a seguinte funo de
transferncia:
s2
H n (s) = 2 (4.144)
s + k s +1
Neste caso, a frequncia de corte 1 rad/s. Para uma frequncia de corte c, tem-se:

H ( s) =
(s / c )2 =
s2
(4.145)
(s / c )2 + k (s / )c + 1 s 2 + kc s + c2
Um circuito que pode ser usado para implementar esse filtro mostrado na Fig. 4.43.

Fig. 4.43. Circuito empregado como filtro Butterworth passa-altas de ordem 2.

A funo de transferncia desse filtro (verificar):

s2
H ( s) = (4.146)
2 1
s +
2
s+
R2 C R1 R2 C 2

Comparando (4.145) e (4.146), so obtidas as seguintes relaes:


2
= k c (4.147)
R2 C
1
2
= c2 (4.148)
R1 R2 C
Assim, com os valores de k e c, arbitra-se um valor para C e determinam-se os valores de
R1 e R2 atravs de (4.147) e (4.148).

133
Chagas DEE / UFCG

6.8. Filtros Butterworth Passa-Faixa e Rejeita-Faixa


Foi visto que um filtro passa-faixa pode ser obtido associando-se em cascata um filtro passa-
baixas, um filtro passa-altas e um amplificador inversor. Tambm foi visto que as sadas de dois
desses filtros podem ser ligadas s entradas de um amplificador somador, de modo a se obter
um filtro rejeita-faixa.
Pode-se constatar que os filtros de Butterworth tm melhor desempenho que os anterior-
mente estudados. Apresentam comportamento mais prximo do filtro ideal, pois a resposta
mais plana na banda de passagem e a queda do ganho mais abrupta nas regies de transio.

6.9. Filtro Passa-Faixa de Alto Fator de Qualidade


Um circuito capaz de funcionar como filtro passa-faixa de alto fator de qualidade (banda
passagem estreita) mostrado na Fig. 4.43.

Fig. 4.43. Circuito empregado como filtro passa-faixa de alto fator de qualidade.

Para este circuito, pode-se escrever:


Vo
sC V + =0 (4.149)
R3
V Vi V
+ + sC (V Vo ) + sC V = 0 (4.150)
R1 R2
Eliminando V, chega-se seguinte funo de transferncia (verificar):
s

R1C
H (s) = (4.151)
2 1
s2 + s+
R3C Re R3C 2
R1 R2
Re = (4.152)
R1 + R2

A expresso (4.151) apresenta a mesma forma da funo de transferncia padro de um


filtro passa-faixa, ou seja:
G s
H (s) = (4.153)
s + s + o2
2

134
Chagas DEE / UFCG

Comparando (4.151) com (4.153), possvel determinar os parmetros do filtro atravs de:
1
G = (4.154)
R1C
2
= (4.155)
R3 C
1
o2 = (4.156)
Re R3 C 2

Exemplo 9 - Projetar um filtro passa-faixa com fator de qualidade igual a 20, frequncia
central de 8 kHz e ganho na banda de passagem de 40 dB.Usar capacitores de 300 pF.
Soluo - De acordo com o exposto, tem-se:
20 log10 G = 40 G = 100
Q = o / = 2 x 8000 / 20 = 800
1 1
R1 = = R1 13263
G C 100 x 800 x 300 x 10 12
2 2
R3 = = R1 = 1326291
C 800 x 300 x 10 12
1 1
Re = = Re 3316
R3 C
2
o
2 2
(
(2 x 8000 ) x 1326291 x 300 x 10 12 ) 2

De (4.152), R2 4421 . Assim, os diagramas de Bode so mostrados na Fig.4.44.

Fig. 4.44. Diagramas de Bode do passa-faixa de segunda ordem do Exemplo 9.


135
Chagas DEE / UFCG

6.10. Filtro Rejeita-Faixa de Alto Fator de Qualidade


O circuito da Fig. 4.45 constitui um filtro rejeita-faixa de alto fator de qualidade, o qual
conhecido como filtro duplo T. Para os ns a, b e c, pode-se escrever:
2 (V a Vo )
sC (V a Vi ) + sC (V a Vo ) + =0 (4.157)
R
Vb Vi Vb Vo
+ + 2 sC (Vb Vo ) = 0 (4.158)
R R
V Vb
sC (Vo Va ) + o =0 (4.159)
R
Ordenando as equaes, chega-se ao seguinte sistema:
2 (RCs + 1)V a (RCs + 2 )Vo = sRCV i (4.160)
2 (RCs + 1)Vb (1 + 2 RCs )Vo = Vi (4.161)
RCsV a Vb (RCs + 1)Vo = 0 (4.162)

Fig. 4.45. Circuito empregado como filtro rejeita-faixa de alto fator de qualidade ou filtro duplo T.

Aplicando a regra de Cramer, obtm-se a seguinte soluo:

Vo =
(R C
2 2
)
s 2 + 1 Vi
(4.163)
R 2 C 2 s 2 + 4 RC (1 ) s + 1

Assim, a funo de transferncia dada por:


2
1
s + 2

H ( s) =
Vo
= RC
(4.164)
4(1 )
2
Vi 1
s +
2
s+
RC RC

136
Chagas DEE / UFCG

Essa expresso tem a forma da funo de transferncia padro de um filtro passa-faixa, dada
por:
s 2 + o2
H (s) = (4.165)
s 2 + s + o2

Comparando (4.164) e (4.165), so obtidas as expresses que fornecem os parmetros do


filtro, ou seja:
1
o2 = (4.166)
R C2
2

4(1 )
= (4.167)
RC

Exemplo 10 - Projetar um filtro rejeita-faixa com frequncia central de 5000 rad/s e banda
de rejeio de 5000 rad/s. Usar capacitores de 1 F.
Soluo - De acordo com (4.166) e (4.167), tem-se:
1
R= = 200
5000 x 1 x 10 6
RC 1000 x 200 x 1 x 10 6
=1 =1 = 0,95
4 4
Os diagramas de Bode so mostrados na Fig. 4.46.

Fig. 4.46. Diagramas de Bode do rejeita-faixa de segunda ordem do Exemplo 10.

137
Chagas DEE / UFCG

Bibliografia

[ 1 ] Alexander, C. K.; Sadiku, M. N. O. Fundamentos de Circuitos Eltricos, 5 ed., McGraw-Hill,


2008.
[ 2 ] Desoer, C. A.; Kuh, E. S. Basic Circuit Theory, McGraw-Hill, 1969.
[ 3 ] Dorf, , R. C.; Svoboda, J. A. Introduo aos Circuitos Eltricos - 5 ed., LTC, 2003.
[ 4 ] Hayt Jr., W. H.; Kemmerly, J. C. Anlise de Circuitos em Engenharia, McGraw-Hill, 1975.
[ 5 ] Irwin, J. D. Anlise Bsica de Circuitos para Engenharia, LTC, 2003.
[ 6 ] Nahvi, M.; Edminister, J. A. Circuitos Eltricos, Coleo Schaum, 5 ed., Bookman, 2003.
[ 7 ] Nilsson, J. W.; Riedel, S. Circuitos Eltricos, 5 ed., Addison-Wesley, 1996.

138
Chagas DEE / UFCG

UNIDADE V
SNTESE DE CIRCUITOS

1. Introduo
O dicionrio Aurlio [4] define sntese como reunio de elementos concretos ou abstratos
em um todo; fuso, composio. No contexto de circuitos eltricos, este termo se refere a
uma composio de elementos de circuito vistos de uma forma integrada, em que a excitao
em um par de terminais de entrada produz uma resposta em um par de terminais de sada, a
qual pode ser calculada mediante o conhecimento de certos parmetros caractersticos do
circuito visto como um todo. Neste caso, a natureza dos elementos individuais que compem o
circuito pode ser ignorada, constituindo os mesmos uma associao contida em uma espcie de
caixa preta denominada quadripolo.
Este captulo trata das formas de caracterizao de quadripolos, ou seja, da determinao
dos diferentes tipos de parmetros (impedncia, admitncia, hbridos e de transmisso).
Tambm so analisadas as formas de associao dos quadripolos.

2. Definio de Quadripolo
Quadripolo um elemento com quatro terminais associados em dois pares, ligados aos
pontos aa e a bb, como mostrado na Fig. 5.1.

Fig. 5.1. Representao grfica de um quadripolo.

Os quadripolos so tambm denominados redes de duas portas ou elementos de duas


portas. As hipteses bsicas feitas na anlise desses elementos so as seguintes:

No pode haver fontes independentes no interior do quadripolo. Porm, as fontes


dependentes so permitidas.
Neste elemento, a corrente que entra em a igual corrente que sai em a e a corrente que
entra em b a igual corrente que sai em b.
Todas as ligaes externas devem ser feitas porta de entrada ou porta de sada. No
permitido fazer nenhuma ligao entre as portas, ou seja, entre os terminais aa, bb, ab ou
ab.

139
Chagas DEE / UFCG

Os quadripolos so usados na representao de dispositivos eletrnicos (vlvulas e


transistores), linhas de transmisso (energia e comunicaes), dispositivos magneteltricos
(indutores com acoplamentos magnticos e transformadores), assim como circuitos mais
complexos, como amplificadores eletrnicos e filtros passivos e ativos.

3. Parmetros Caractersticos dos Quadripolos


3.1 Consideraes Gerais
A caracterizao dos quadripolos realizada por quatro classes de parmetros, ou seja:
parmetros impedncia ou parmetros z;
parmetros admitncia ou parmetros y;
parmetros hbridos ou parmetros h;
parmetros de transmisso ou parmetros ABCD.
Os dois primeiros tipos so usados na teoria geral de circuitos. Os parmetros h so
empregados na eletrnica, notadamente em modelos de amplificadores. Os parmetros ABCD
tm aplicao na modelagem de linhas de transmisso e transformadores de potncia.

3.2 Parmetros Impedncia


Os quadripolos podem ser descritos atravs das seguintes equaes, expressas em termos
dos parmetros impedncia ou parmetros z:
V1 = z11 I1 + z12 I 2 (5.1)
V2 = z 21 I1 + z22 I 2 (5.2)

Em notao matricial, tem-se para (5.1) e (5.2):

V1 z11 z12 I1
V = z z I (5.3)
2 21 22 2
Os parmetros z, tambm chamados de parmetros de circuito aberto, so expressos em
ohms (). Os mesmos so dados pelas seguintes expresses:

V1
z11 = (5.4)
I1 I 2 =0

V1
z12 = (5.5)
I2 I1 =0

V2
z 21 = (5.6)
I1 I 2 =0

V2
z22 = (5.7)
I2 I1 =0

140
Chagas DEE / UFCG

O parmetro z11 relaciona a corrente e a tenso na porta aa. Ocorrendo o mesmo com z22
em relao porta bb. Por isso, eles so denominados impedncia de entrada ou impedncia
no ponto de excitao, supondo-se o terminal oposto em circuito aberto.
Os parmetros z12 e z21 relacionam a tenso em uma porta com a corrente na outra porta.
Por isso, eles so chamados de impedncias de transferncia em circuito aberto.
Considerando o circuito em T da Fig. 5.2, os parmetros z so:

V1 V1
z11 = = z a + zb z12 = = zb (5.8)
I1 I 2 =0
I2 I1 =0

V2 V2
z21 = = zb z22 = = zb + z c (5.9)
I1 I 2 =0
I2 I1 =0

Fig. 5.2. Circuito em T.

Observa-se que z12 = z21. Quando isso ocorre, tem-se um quadripolo recproco, o qual
obedece ao teorema da reciprocidade. Neste caso, se h uma fonte de tenso ideal em uma
porta e um ampermetro ideal na outra, a troca desses elementos resulta em leituras iguais no
ampermetro. O mesmo ocorre em relao a uma fonte de corrente e um voltmetro.
Um quadripolo recproco dito simtrico ou bilateral se z11 = z22. Quando isto ocorre, as
portas podem ser trocadas sem que haja alterao dos valores de tenses e correntes nas
mesmas. No circuito em T, a simetria s ocorre se za = zc.

No circuito em da Fig. 5.3, os parmetros impedncia so dados por:

V1 z a ( zb + zc )
z11 = = (5.10)
I1 I 2 =0
z a + zb + zc

zc
za I2
V1 z I'
z a + zb + z c z a zc
z12 = = a 2
= = (5.11)
I2 I1 =0
I2 I2 z a + zb + zc

za
zc I1
V2 zI '
z a + zb + z c za zc
z 21 = = =
c 1
= (5.12)
I1 I 2 =0
I1 I1 z a + zb + z c

V2 z c ( z a + zb )
z 22 = = (5.13)
I2 I1 =0
z a + zb + z c
141
Chagas DEE / UFCG

Fig. 5.3. Circuito em .

V-se que z12 = z21, ou seja, o quadripolo recproco. Porm, o mesmo s ser simtrico se za
= zc pois, neste caso, z11 = z22 = za (za + zb)/ (2za + zb).

Na Fig. 5.4 so mostradas duas formas de ligao de impedncia, conhecidas como ligao
em (ou tringulo) e ligao em Y (ou estrela).

(a) (b)

Fig. 5.4. (a) ligao em ; (b) ligao em Y.

Sob o ponto de vista de quadripolo, a ligao em corresponde ligao em e a ligao


em Y corresponde ligao em T. O problema consiste em obter uma equivalncia entre as
duas ligaes. Partindo da ligao em , tem-se uma ligao equivalente em Y se as
impedncias de entrada e de transferncia dos quadripolos equivalentes forem iguais.
Dos dois exemplos anteriores, tem-se para a impedncia de entrada na porta aa:
z a ( zb + zc )
= z1 + z 2 (5.14)
z a + zb + z c

Impedncia de transferncia:
z a zc
= z2 (5.15)
z a + zb + zc

Impedncia de entrada na porta bb:


z c ( z a + zb )
= z 2 + z3 (5.16)
z a + zb + zc
Considerando a segunda expresso, se a mesma for substituda na primeira e na terceira,
obtm-se:
z a (zb + z c ) za zc z a zb
z1 = = (5.17)
z a + zb + z c z a + zb + zc z a + zb + z c

142
Chagas DEE / UFCG

za zc
z2 = (5.18)
z a + zb + zc

z c (z a + zb ) z a zc zb zc
z3 = = (5.19)
z a + z b + z c z a + zb + z c z a + z b + z c
A transformao inversa (Y para ) pode ser obtida manipulando-se algebricamente as trs
equaes acima, partindo-se de z1, z2 e z3, no sentido de determinar za, zb e zc. Para isto, deve-
se observar que:
z a z b z c (z a + z b + z c ) z a zb zc
z1 z 2 + z 2 z 3 + z 3 z1 = = (5.20)
(z a + z b + z c ) 2
za + zb + zc

Dividindo (5.20) pelas expresses (5.17) a (5.19), tem-se:


z1 z 2 + z 2 z3 + z3 z1
za = (5.21)
z3
z1 z 2 + z 2 z3 + z3 z1
zb = (5.22)
z2
z1 z 2 + z 2 z3 + z3 z1
zc = (5.23)
z1
Considerando a Fig. 5.5, so estabelecidas as seguintes regras mnemnicas:
Transformao - Y - Qualquer impedncia do arranjo em estrela igual ao produto das
duas impedncias adjacentes do tringulo dividida pela soma das trs impedncias do
tringulo.
Transformao Y - - Qualquer impedncia do arranjo em tringulo igual soma dos
produtos das combinaes das trs impedncias da estrela, tomadas duas a duas, dividida
pela impedncia da estrela que lhe oposta.

Fig. 5.5. Ligaes em e em Y.

Observa-se que na ligao em , se za = zb = zc = z, ento a impedncia do Y equivalente :


1
z Y = z1 = z 2 = z3 = z z = 3 zY (5.24)
3
143
Chagas DEE / UFCG

O circuito da Fig. 5.6 (a) conhecido como circuito T em ponte, o qual pode ser convertido
para o equivalente da Fig. 5.6 (b) utilizando-se a transformao Y- para za, zb e zc. Logo, as
impedncias zb e zd podem ser combinadas em paralelo, obtendo-se um circuito em ,
analisado no Exemplo 2.

(a) (b)

Fig. 5.6. (a) Circuito T em ponte; (b) circuito equivalente aps transformao Y-.

Na Fig. 5.7 (a) mostrado o circuito em trelia, que pode ser redesenhado como mostra a
Fig. 5.7 (b).

(a) (b)

Fig. 5.7. Circuito em trelia.

Para os parmetros impedncia, tem-se:

z11 =
V1
=
(za + zb )(zc + zd )
(5.25)
I1 I 2 =0
z a + zb + zc + z d

zb + z d z a + zc
za I 2 + zb I 2
V1 z a + zb + zc + z d z a + zb + z c + z d zb z c z a z d
z12 = = = (5.26)
I2 I1 =0
I2 z a + zb + z c + z d

zc + z d z a + zb
z a I1 + z c I1
V2 z a + zb + zc + z d z a + zb + z c + z d zb z c z a z d
z 21 = = = (5.27)
I1 I 2 =0
I1 z a + zb + zc + z d

z 22 =
V2
=
(za + zc )(zb + zd ) (5.28)
I2 I1 =0
z a + zb + z c + z d

O quadripolo recproco, pois z12 = z21. O mesmo ser simtrico (z11 = z22) se zb = zc.

144
Chagas DEE / UFCG

3.3 Parmetros Admitncia


Esses parmetros, tambm denominados parmetros y ou parmetros de curto-circuito,
relacionam as tenses e correntes nas duas portas do quadripolo da seguinte maneira:
I1 = y11 V1 + y12 V2 (5.29)
I 2 = y21 V1 + y22 V2 (5.30)

Em notao matricial, tem-se para (5.8) e (5.9):

I1 y11 y12 V1
I = y y V (5.31)
2 21 22 2
Os parmetros y11 e y22 so denominados admitncias de entrada ou admitncias no ponto
de excitao , com o terminal oposto em curto-circuito. y12 e y21 so chamados de admitncias
de transferncia em curto-circuito. Os mesmos so expressos em Siemens ( S ).
De (5.29) e (5.30), tem-se:

I1
y11 = (5.32)
V1 V2 =0

I1
y12 = (5.33)
V2 V1 =0

I2
y21 = (5.34)
V1 V2 =0

I2
y22 = (5.35)
V2 V1 =0

De (5.31), pode-se escrever:


1
V1 y11 y12 I1
V = y y I (5.36)
2 21 22 2
De (5.3) e (5.36), tem-se:
1 1
z11 z12 y11 y12 y11 y12 z11 z12
z z = y y y y = z z (5.37)
21 22 21 22 21 22 21 22
A matriz [ y ] igual inversa de [ z ], que a transposta da matriz cofator de [ z ] dividida
pelo determinante z, ou seja:

z z
[ y ] = [ z ] 1 = 1
{ cof [ z ]} T = 1 22 12 (5.38)
z z z 21 z11

y y
[ z ] = [ y ] 1 = 1
{ cof [ y ]} T = 1 22 12 (5.39)
y y y 21 y11
145
Chagas DEE / UFCG

Se y12 = y21, tem-se um quadripolo recproco, ou seja, obedece ao teorema da reciprocidade


Um quadripolo recproco dito simtrico ou bilateral se y11 = y22.
Exemplo 1 - ( a ) Determinar as matrizes [ z ] e [ y ] do circuito da Fig. 5.8 pelas respectivas
definies; ( b ) determinar [ y ] por inverso de [ z ].

Fig. 5.8. Circuito do Exemplo 6.

Soluo - ( a ) Os parmetros impedncia so calculados a seguir:

V1 1 1 2 +1 3
z11 = = + = =
I1 I 2 =0
s 2s 2s 2s

V1 (1 / 2s) I 2 1
z12 = = =
I2 I1 =0
I2 2s

V2 (1 / 2s) I1 1
z21 = = =
I1 I 2 =0
I1 2s

V2 1
z 22 = =s +
I2 I1 =0
2s

Os parmetros admitncia so:

I1 (1 / s + 2s) s 1 + 2s 2
y11 = = =
V1 V2 =0
1 / s + 2s + s 1 / s + 3s

I2 ( s + 2s)(1 / s) 3s
y22 = = = 2
V2 V1 =0
s + 2s + 1 / s 3s + 1

I1
y12 =
V2 V1 =0

O clculo de y12 requer a resoluo do circuito da Fig. 5.9.

Fig. 5.9. Circuito para clculo do parmetro y12 do Exemplo 6.


146
Chagas DEE / UFCG

1
V2 = sI 2 +(I1 + I 2 )
2s
0 = I1 + ( I1 + I 2 ) I 2 = 3 I 1
1 1
s 2s
Eliminando I2, obtm-se a relao y12 = I1 / V2, ou seja:
s
y12 =
3s 2 + 1
I2
y21 =
V1 V2 =0

No clculo de y21, utiliza-se o circuito da Fig. 5.10. Para o mesmo, pode-se escrever:

V1 = I1 + (I1 + I 2 )
1 1
s 2s

0 = sI 2 +
1
( I1 + I 2 )
2s

Fig. 5.10. Circuito para clculo do parmetro y21 do Exemplo 6.

Eliminando I1, obtm-se y21 = I2 / V1, ou seja:


s
y21 =
3s 2 + 1

( b ) A matriz [ y ] dada por:

[y]= 1
{ cof [ z ] }T
z

3 1 1 1 1 1
2s s + 2s
2s s + 2s
2s
[z ] = 2 s , cof [ z ] = , { cof [ z ]}T =
1 s+
1 1 3 1 3
2 s 2 s 2 s 2 s 2 s 2 s

3 1
2s 2s 3 1 1 1 3s 2 + 1
z = = s + =
1 1 2s 2 s 2 s 2 s 2s 2
s+
2s 2s

s + 1 /(2 s ) 1 + 2s 2
y11 = =
(3s 2 + 1) /(2 s 2 ) 1 / s + 3s
147
Chagas DEE / UFCG

1 /(2 s) s
y12 = = 2
(3s + 1) /(2s ) 3s + 1
2 2

s
y 21 =
3s 2 + 1
3 /(2s) 3s
y 22 = = 2
(3s + 1) /(2s ) 3s + 1
2 2

3.4 Parmetros Hbridos


Os parmetros, tambm denominados parmetros h, so utilizados na anlise de circuitos
com transistores. As tenses e correntes so relacionadas da seguinte forma:
V1 = h11 I1 + h12 V2 (5.40)

I 2 = h 21 I1 + h 22 V2 (5.41)

Em termos de matriz, tem-se:

V1 h11 h12 I1
I = (5.42)
2 h 21 h 22 V2
De (5.40), (5.41) e das expresses que definem os parmetros z e y, tem-se:

V1 1
h11 = = (5.43)
I1 V2 =0
y11

V1 V1 / I 2 z12
h12 = = = (5.44)
V2 I1 =0
V2 / I 2 I1 =0
z 22

I2 I 2 / V1 y21
h21 = = = (5.45)
I1 V2 =0
I1 / V1 V2 =0
y11

I2 1
h22 = = (5.46)
V2 I1 =0
z22

Esses parmetros recebem a seguinte denominao:


h11 - Impedncia de entrada em curto-circuito ().
h12 - Ganho reverso de tenso com a entrada em curto-circuito (adimensional).
h21 - Ganho de corrente com a sada em curto-circuito (adimensional).
h22 - Admitncia de sada em circuito aberto (S).
O quadripolo ser recproco se z12 = z21 e y12 = y21. De (5.44), (5.39) e (5.45), resulta:
z12 y12 / y y y
h12 = = = 12 = 21 = h21 (5.47)
z 22 y11 / y y11 y11
148
Chagas DEE / UFCG

Um quadripolo simtrico ou bilateral quando h = h11 h22 h12 h21 = 1 (mostrar).


Exemplo 2 - mostrado na Fig. 5.11 um circuito que apresenta valores para a representao
de um transistor na configurao emissor comum, onde h11 = 1200 , h12 = 2 x 10-4, h21 = 50 e
h22 = 50 x 10-6 S. Supondo uma fonte de Vs = 1 mV com resistncia interna R1 = 800 na
entrada e uma carga R2 = 5 k na sada, calcular os ganhos de corrente, tenso e potncia.

Fig. 5.11. Circuito para clculo do parmetro y21 do Exemplo 7.

Soluo - Para o circuito, pode-se escrever:


V1 = h11 I1 + h12 V2 = Vs R1 I1 (h11 + R1 ) I1 + h12 V2 = Vs
I 2 = h 21 I1 + h 22 V2 = V2 / R2 h 21 I1 + (h 22 + 1 / R2 )V2 = 0

(1200 + 800) I1 + 2 x104 V2 = 103 2000 I1 + 2 x104 V2 = 103

(
50 I1 + 50x106 + 1 / 5000 V2 = 0 ) 50 I1 + 2,5 x104 V2 = 0

I1 = 0,51 A , V2 = - 0,102 mV , I2 = 20,4 A , V1 = - 0,59 mV

Ganho de corrente: GI = I2 / I1 = 20,04 / 0,51 39,3.


Ganho de tenso: GV = V2 / V1 = 0,102 / 0,59 =0,172.
Ganho de potncia: GP = P2 / P1 = (V2 I2) / (V2 I2) = GV GI = 6,8.

3.5 Parmetros de Transmisso


Os parmetros de transmisso, tambm chamados parmetros ABCD, relacionam as tenses
e as correntes nas portas 1 e 2 da seguinte forma:
V1 = AV2 B I 2 (5.48)
I1 = C V2 D I 2 (5.49)

Em termos de matriz:

V1 A B V2
I = C D I 2
(5.50)
1
O sinal menos que antecede I2 deve-se ao fato de que, no caso de linhas de transmisso,
normalmente considera-se a corrente saindo do terminal b no quadripolo da Fig. 5.1.
Os parmetros ABCD so determinados da seguinte forma:

149
Chagas DEE / UFCG

V1 V1 / I1 z11
A= = = (5.51)
V2 I 2 =0
V2 / I1 I 2 =0
z 21

V1 1
B= = (5.52)
I2 V2 =0
y21

I1 1
C= = (5.53)
V2 I 2 =0
z 21

I1 I1 / V1 y11
D= = = (5.54)
I2 V2 =0
I 2 / V1 V2 =0
y21

Um quadripolo recproco aquele que obedece ao teorema da reciprocidade. Como


indicado na Fig. 5.12, se h uma fonte de tenso ideal em uma porta e um ampermetro ideal
na outra, a troca desses elementos resulta em leituras iguais no ampermetro. O mesmo ocorre
em relao a uma fonte de corrente e um voltmetro. Para este tipo de quadripolo, provar que
AD - BC = 1.

(a) (b)

Fig. 5.12. ( a ) Porta 2 em curto e V1 = U; ( b ) porta 1 em curto e V2 = U.

Para a configurao ( a ), tem-se:


U = A .0 B I 2 I 2 = U / B (5.55)

Para a configurao ( b ), pode-se escrever:


0 = AU B I 2' I 2' = ( A / B )U (5.56)
I 2 = C U D I 2' I 2 = CU ( D A / B) U (5.57)
U / B = CU ( D A / B) U AD BC = 1 (5.58)

Foi afirmado que um quadripolo recproco simtrico ou bilateral quando z11 = z22. Pode-se
mostrar que, neste caso, A = D. De (5.38), tem-se:
z 22
y11 = (5.59)
z
z 21
y 21 = (5.60)
z

De (5.51) e (5.54), resulta:

150
Chagas DEE / UFCG

y11 z / z z 22 z11
D= = 22 = = =A (5.61)
y 21 z 21 / z z 21 z 21

Exemplo 3 - Determinar as constantes ABCD do circuito em T da Fig. 5.2.


Soluo - Do circuito considerado, tem-se:

V1 V1 z
A= = =1 + a
V2 zb zb
I 2 =0 V1
z a + zb

V1
B=
I2 V2 =0

Para cada malha, pode-se escrever:


V1 = z a I1 + z b ( I1 + I 2 ) = ( z a + z b ) I1 + z b I 2

(z b + z c )
0 = z c I 2 + z b ( I1 + I 2 ) I1 = I2
zb
( z a + z b )( z b + z c )
V1 = z b I 2 I2
zb
( z a + z b )( z b + z c )
B= zb
zb

I1 1
C= =
V2 I 2 =0
zb

I1 I1 zb + z c z
D= = = =1+ c
I2 zb zb zb
V2 =0 I1
zb + z c
Observa-se que o quadripolo recproco, pois ocorre a seguinte igualdade:
z z ( z + zb )(zb + zc ) 1
AD BC = 1 + a 1 + a a zb = 1
zb zb zb zb
O quadripolo ser simtrico se A = D, ou seja, se za = zc.

4. Associaes de Quadripolos

4.1 Associao em Cascata


Esse tipo de associao mostrado na Fig. 5.13, sendo considerados os quadripolos x e y,
assim como seus parmetros de transmisso.

Para esses quadripolos, tem-se:

151
Chagas DEE / UFCG

V1 Ax Bx V2 x
I = C Dx I 2 x
(5.62)
1 x
V1 y Ay B y V2
= (5.63)
I 1 y C y D y I 2

Fig. 5.13. Associao de quadripolos em cascata.

Como V2x = V1y e - I2x = I1y, pode-se escrever:


V1 Ax Bx Ay B y V2
I = C
Dx C y

D y I 2
(5.64)
1 x

V1 Ax Ay + Bx C y Ax B y + Bx D y V2
I =
Ax B y + Dx D y I 2
(5.65)
1 C x Ay + Dx C y

4.2 Associao em Paralelo


Esta ligao mostrada na Fig. 5.14.

Fig. 5.14. Associao de quadripolos em paralelo.

Neste caso, tem-se:


V1 = V1x = V1 y (5.66)

V2 = V2 x = V2 y (5.67)

I1 = I1 x + I1 y (5.68)

I2 = I2x + I2 y (5.69)
152
Chagas DEE / UFCG

I1 I1 x I1 y
I = I + I (5.70)
2 2x 2 y
Considerando os parmetros admitncia, tem-se:

I1 y11x y12 x V1 y11y y12 y V1 y11x y12 x y11y y12 y V1


I = y V + y = + y (5.71)
2 21x 22 x 2 21y 22 y V2 y21x y22 x
y y 21y y22 y V2

I1 y11x + y11 y y12 x + y12 y V1


I = (5.72)
2 y21x + y21 y y22 x + y22 y V2

4.3 Associao em Srie

Esse tipo de associao mostrado na Fig. 5.15.

Fig. 5.15. Associao de quadripolos em srie.

Neste caso, tem-se:


V1 = V1x + V1 y (5.73)

V2 = V2 x + V2 y (5.74)

I1 = I1 x = I1 y (5.75)

I2 = I2x = I2 y (5.76)

V1 V1x V2 x
V = I + V (5.77)
2 1y 2y
Considerando os parmetros impedncia, tem-se:

V1 z11x z12 x V1 z11y z12 y I1 z11x z12 x z11y z12 y I1


V = z V + z = +z I (5.78)
2 21x 22 x 2 21y z22 y
z I 2 z21x z22 x 21y z22 y 2

153
Chagas DEE / UFCG

V1 z11x + z11y z12 x + z12 y I1


V = (5.79)
2 z21x + z21y z22 x + z22 y I 2

5. O Circuito Girador
Um girador um circuito de duas portas cuja representao grfica mostrada na Fig. 5.16.
As tenses e correntes so relacionadas do seguinte modo:
V1 = I2 (5.80)
V2 = I1 (5.81)

Fig. 5.16. Representao grfica de um girador.

Em termos de matriz:

V1 0 I1
V = 0 I 2
(5.82)
2
O girador um elemento linear, pois as tenses e correntes se relacionam atravs da
constante , denominada raio de girao. Fazendo o produto cruzado de (5.52) e (5.53), pode-
se concluir que:
V1 I 1 + V2 I 2 = 0 (5.83)
Assim, como o transformador ideal, o girador no absorve energia nem a entrega ao mundo
exterior. Porm, mesmo sendo um elemento linear passivo, o girador no um elemento
recproco, ou seja, no obedece ao teorema da reciprocidade, pois a matriz impedncia de
(5.82) no simtrica (z12 z21).
Considerando uma carga ZL ligada porta 2, pode-se escrever:
I2 1
V2 = Z L I 2 = (5.84)
V2 Z L
A impedncia ZL vista da porta 1 dada por:
V1
Z L' = (5.85)
I1
De (5.85), (5.80) e (5.81), tem-se:
I2 I2
Z L' = = 2 (5.86)
V2 / V2
154
Chagas DEE / UFCG

Combinando (5.86) e (5.84), obtm-se:


2
Z =
'
L (5.87)
ZL
Assim, pode-se observar que um capacitor de impedncia 1/sC colocado na porta 2
apresenta-se na porta 1 como um indutor de impedncia igual s2C = sL. Isso faz com que o
girador seja utilizado em aplicaes de baixa potncia para fazer com que um circuito
capacitivo se comporte como indutivo. Isto evita o uso de indutores volumosos, pesados e
caros (notadamente em aplicaes frequncias mais baixas) e de elevadas resistncias parasitas
(neste aspecto, os indutores apresentam um comportamento mais distante do ideal que os
capacitores).
Em circuitos com tenses elevadas e armazenamento de grandes quantidades de energia, os
giradores no podem ser utilizados, pois seus componentes no apresentam caractersticas
adequadas para tais finalidades.

Bibliografia

[ 1 ] Alexander, C. K.; Sadiku, M. N. O. Fundamentos de Circuitos Eltricos, 5 ed., McGraw-Hill,


2008.
[ 2 ] Desoer, C. A.; Kuh, E. S. Basic Circuit Theory, McGraw-Hill, 1969.
[ 3 ] Dorf, , R. C. ; Svoboda, J. A. Introduo aos Circuitos Eltricos - 5 ed., LTC, 2003.
[ 4 ] Edminister, J. A. Circuitos Eltricos, Coleo Schaum, Makron - McGraw-Hill, 1991.
[ 5 ] Ferreira, A. B. H. Novo Dicionrio Aurlio da Lngua Portuguesa - 3. ed., Edio
eletrnica, Positivo Informtica Ltda, 2004.
[ 6 ] Hayt Jr., W. H. ; Kemmerly, J. C. Anlise de Circuitos em Engenharia, McGraw-Hill, 1975.
[ 7 ] Irwin, J. D. Anlise Bsica de Circuitos para Engenharia, LTC, 2003.
[ 8 ] Nilsson, J. W.; Riedel, S. Circuitos Eltricos, 5 ed., Addison-Wesley, 1996.

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