Resumo - Francisco de Oliveira PDF
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Planejamento e
conflitos de classe. 5. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
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OBSERVATORIUM: Revista Eletrnica de Geografia, v.6, n.16, p. 138-142, mai. 2014.
Resenha: OLIVEIRA, Francisco de. Elegia Para uma Re(li)gio. Sudene, Nordeste.
Planejamento e conflitos de classe. 5. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987
Hiago Pereira Barbosa
A metodologia a ser realizada nas aes de planejamento deve recusar qualquer
finalismo na anlise da emergncia do processo de planejamento regional, ou seja, preciso
analisar o desdobramento da investigao a partir dos fatos, do ritmo e do momento de
atuao/interao de cada agente, fora poltica e econmica. Nesse sentido, vrias propostas
de planejamento se equivocam nesse mbito, pois desconsideram os pontos supracitados, ou
seja, os fatos, os ritmos e o momento de atuao, bem como a relao entre as escalas de
anlise, poder e espao-temporal, que so aspectos importantssimos a serem considerados no
momento de elaborao da metodologia.
O conceito de regio segundo Oliveira (1987, p. 27) entendido como:
A partir desse conceito de regio, pode-se perceber que h a juno de fatores no mbito
da poltica e da economia. O autor se fundamenta na especificidade da reproduo do
capital, nas formas que o processo de acumulao assume, na estrutura de classes peculiar a
essas formas e, portanto, tambm nas formas da luta de classes e do conflito social em escala
mais geral.
Para o autor a expanso do capitalismo monopolista no pas assinala, no limite, para a
dissoluo das regies, enquanto espaos de produo e apropriao do valor especiais e
diferenciados. E essa expanso gera desdobramentos diferentes segundo a rea em que esta
atua com consequncias e imposies.
E por fim (no que concerne ao conceito de regio - proposto pelo autor), o autor
apresenta um conceito de regio onde essa, o espao onde se imbricam dialeticamente uma
forma especial de luta de classes, onde o econmico e o poltico se fundem e assumem uma
forma especial de aparecer no produto social.
Nesse sentido, outro assunto interessante e que deve ser debatido a questo das
especificidades de cada regio e como se d as relaes dessas regies com as demais,
inseridas num contexto de escalas nacional, regional e at mesmo local. Pensando ainda,
numa economia nacional que globalmente se reproduz sob arranjos da reproduo ampliada
do capital.
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OBSERVATORIUM: Revista Eletrnica de Geografia, v.6, n.16, p. 138-142, mai. 2014.
Resenha: OLIVEIRA, Francisco de. Elegia Para uma Re(li)gio. Sudene, Nordeste.
Planejamento e conflitos de classe. 5. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987
Hiago Pereira Barbosa
Dessa forma, o autor prope a utilizao do enfoque de diferenas na diviso regional
do trabalho, pode encontrar terreno prprio para o entendimento das relaes inter-regionais,
abandonando a abordagem dos desequilbrios regionais, ou seja, o enfoque se centra nas
contradies postas pelas formas diferenciadas de reproduo do capital e das relaes de
produo.
nesse sentido, que o planejamento ascende como uma forma de interveno do Estado
sobre as contradies entre a reproduo do capital em escala nacional e regional. E ainda
assim, procurar refletir sobre a articulao com a escala local, haja vista que o planejamento
regional trar resultados, sobretudo na escala da rede urbana que est inserida numa escala
regional (que constituda por comandos globais e nacionais), ou seja, est inserida num
processo de regionalizao, que apresenta certas especificidades segundo as suas formas
distintas de reproduo do capital e de relaes de produo.
Para o autor fica claro que essa interveno que ocorreu no Nordeste (via SUDENE)
no pode ser caracterizada como planejamento, pois a SUDENE um mecanismo de
destruio acelerada da prpria economia regional do Nordeste, no contexto do movimento de
integrao nacional mais amplo.
Segundo Oliveira (1987) o "planejamento , pois, essa forma de transformao dos
pressupostos da produo, essa passagem da mais-valia captada pelo Estado como imposto, e
sua converso em capital entregue grande burguesia do Centro-Sul (p. 113).
As contradies da reproduo do capital e das relaes de produo em cada uma, ou
pelo menos, duas principais regies do Brasil (Centro-Sul e Nordeste), entendida como sinal
de uma redefinio da diviso regional do trabalho no conjunto do territrio nacional, que
comeam a aparecer como conflito entre duas regies, uma em crescimento, e outra em
estagnao, respectivamente.
O autor ainda afirma que nesse contexto, e tendo por objetivo explcito a atenuao
ou pelo menos a conteno da intensificao das disparidades regionais, a correo dos
desequilbrios regionais, que nasce o planejamento regional para o Nordeste (p. 37).
Por meio da leitura da obra de Francisco de Oliveira, produzida na dcada de 1970,
possvel identificar alguns pontos importantes associados s prticas de planejamento
regional, como a presena dos agentes econmicos e polticos nesta prtica, sendo estes
carregados de interesses prprios; a presena do capital internacional que atua nessas aes
de planejamento; a interao das escalas do planejamento regional, que so fortemente
influenciadas pelo mercado global; a prpria questo do conceito de regio, como tambm as
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OBSERVATORIUM: Revista Eletrnica de Geografia, v.6, n.16, p. 138-142, mai. 2014.
Resenha: OLIVEIRA, Francisco de. Elegia Para uma Re(li)gio. Sudene, Nordeste.
Planejamento e conflitos de classe. 5. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987
Hiago Pereira Barbosa
diferenciaes entre as regies presentes no territrio brasileiro; a acumulao de capital
privado e estatal ao participar e fomentar as aes de planejamento; e por fim, a prpria
questo da diviso regional do trabalho na escala nacional.
Oliveira desta forma traz um apanhado de questes sobre o planejamento regional,
tendo como base a regio Nordeste e sua poltica de desenvolvimento, a SUDENE. E tambm,
a prpria questo da acumulao de capital e a diviso regional do trabalho, que intensificam
os conflitos de classes, consequentemente aumentando as desigualdades intra e entre as
regies.
Nesse ponto em relao prtica do planejamento regional, Oliveira (1987) deixa claro
que o planejamento em um sistema capitalista no mais que a forma de racionalizao da
reproduo ampliada do capital (p. 24), ou seja, o planejamento uma importante arma para
se reproduzir mais capital, que consequentemente gerar uma maior acumulao de capital
por parte dos agentes (econmicos e polticos) que realizam a prtica do planejamento.
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OBSERVATORIUM: Revista Eletrnica de Geografia, v.6, n.16, p. 138-142, mai. 2014.