O Ensino de Ciências para Deficientes Auditivos
O Ensino de Ciências para Deficientes Auditivos
O Ensino de Ciências para Deficientes Auditivos
Braslia
2011
LADYANA DIAS MACHADO
Braslia
2011
LADYANA DIAS MACHADO
________________________________
Prof. Esp. Lvio Dantas Carneiro
Nome da Instituio
Orientador
________________________________
Profa. Esp.Aline Gonalves de Siqueira
Nome da Instituio
Avaliador I
________________________________
Prof.Ms Paulo Franco
Nome da Instituio
Avaliador II
Braslia
2011
Dedico o presente trabalho ao meu Deus que sempre
cuida de mim, ao meu esposo e filho pela ausncia
em horas especiais.
Agradeo,
Introduo........................................................................................................... 9
1. Incluso no Brasil......................................................................................... 11
2. Histrico da Educao Especial.................................................................. 14
3. Contextualizao........................................................................................... 21
3.1 Ensino de Cincia e Surdez................................................................ 25
4. Concluso...................................................................................................... 27
5. Referncias Bibliogrficas........................................................................... 28
INTRODUO
1. Incluso no Brasil
Assim percebe-se, neste sentido, que a fragilidade das propostas de incluso reside
no fato de que, frequentemente, o discurso contradiz a realidade educacional brasileira,
caracterizada por classes superlotadas, instalaes fsicas insuficientes, quadros docentes cuja
formao deixa a desejar.
Essas condies de existncia do sistema educacional pem em questo a prpria
idia de incluso como poltica que, simplesmente, prope a insero dos alunos nos
contextos escolares presentes.
Compreende-se que o discurso mais corrente da incluso a circunscreve no mbito da
educao formal, ignorando as relaes desta com outras instituies sociais, apagando
tenses e contradies nas quais se insere a poltica inclusiva, compreendida de forma mais
ampla (LAPLANE, 2004).
A questo das dificuldades de comunicao dos surdos bastante conhecida, mas, na
realidade brasileira, as leis 10.436, 24 de abril de 2002, que dispe sobre a lngua de sinais
brasileira, e mais recentemente o Decreto 5626/05, que regulamenta as leis 10.098/94 e
10.436/02 e orienta aes para o atendimento pessoa surda e este conhecimento no tem
sido suficientes para propiciar que o aluno surdo, que frequente uma escola de ouvintes, seja
acompanhado por um intrprete.
Alm disso, a presena do intrprete de lngua de sinais no suficiente para uma
incluso satisfatria, sendo necessria uma srie de outras providncias para que este aluno
possa ser atendido adequadamente: adequao curricular, aspectos didticos e metodolgicos,
conhecimentos sobre a surdez e sobre a lngua de sinais, entre outros.
A questo da incluso no algo que envolve apenas a surdez, mas se refere a uma
reflexo mais ampla da sociedade, buscando formas de melhor se relacionar com sujeitos de
outra cultura, que falam outra lngua, que professam outra f religiosa, entre outros.
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Trata-se de um tema muito debatido atualmente e que busca refletir sobre formas
adequadas de convivncia, ampliando os conhecimentos sobre a realidade cultural do outro,
sem restrio ou exigncia de adaptao s regras do grupo majoritrio.
Trata-se de uma discusso sobre os modos de convivncia dos grupos humanos nas
suas diferenas que no simples e que no se mostra ainda bem resolvida, seja na esfera
poltica, religiosa, econmica ou educacional.
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mtodos sistematizados para o ensino de deficientes, ele estava certo de que a inteligncia de
seu aluno era educvel, a partir de um diagnstico de idiotia que havia recebido.
Outro importante representante dessa poca foi o tambm mdico Edward Seguin
(1812-1880), que, influenciado por Itard, criou o mtodo fisiolgico de treinamento, que
consistia em estimular o crebro por meio de atividades fsicas e sensoriais.
Seguin no se preocupou apenas com os estudos tericos sobre o conceito de idiotia
e desenvolvimento de um mtodo educacional, ele tambm se dedicou ao desenvolvimento de
servios, fundando em 1837, uma escola para idiotas, e ainda foi o primeiro presidente de
uma organizao de profissionais, que atualmente conhecida como Associao Americana
sobre Retardamento Mental (AAMR).
Maria Montessori (1870-1956) foi outra importante educadora que contribuiu para a
evoluo da educao especial. Tambm influenciada por Itard, desenvolveu um programa de
treinamento para crianas deficientes mentais, baseado no uso sistemtico e manipulao de
objetos concretos. Suas tcnicas para o ensino de deficientes mentais foram experimentadas
em vrios pases da Europa e da sia.
Entende-se que as metodologias desenvolvidas por esses trs estudiosos, durante
quase todo o sculo XIX, utilizaram para ensinar as pessoas chamadas de idiotas que se
encontravam em instituies. Todas essas tentativas de educabilidade eram realizadas tendo
em vista a cura ou eliminao da deficincia atravs da educao.
Vrios pesquisadores j evidenciaram que descrever a histria da Educao Especial
para deficientes mentais no Brasil no uma tarefa simples. MIRANDA (2003) apud
(FERREIRA, 1989; EDLER, 1993; MENDES, 1995), uma vez no encontrado na literatura
disponvel estudos sistematizados sobre o assunto.
Quando dirigimos o nosso olhar para a histria da Educao Especial no Brasil,
verificamos que a evoluo do atendimento educacional especial ir ocorrer com
caractersticas diferentes daquelas observadas nos pases europeus e norte-americanos. Os
quatro estgios identificados em tais pases no parecem estar estampados na realidade
brasileira. MIRANDA (2003) apud (MENDES, 1995; DECHICHI, 2001).
At o sculo XVII pode ser observada em outros pases a fase da negligncia ou
omisso; no Brasil estendeu-se at o incio da dcada de 50. De acordo com MIRANDA
(2003) apud MENDES (1995), durante esse tempo, observamos que a produo terica
referente deficincia mental esteve restrita aos meios acadmicos, com escassas ofertas de
atendimento educacional para os deficientes mentais.
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JANNUZZI (1992) mostrou-nos que a defesa da educao dos deficientes mentais visava
economia para os cofres pblicos, pois assim evitaria a segregao destes em manicmios,
asilos ou penitencirias.
Enquanto o movimento pela institucionalizao dos deficientes mentais, em vrios
pases, era crescente, com a criao de escolas especiais comunitrias e de classes especiais
em escolas pblicas, no nosso pas havia uma despreocupao com a conceituao,
identificao e classificao dos deficientes mentais.
Entre a dcada de 30 e 40 observamos vrias mudanas na educao brasileira,
como, por exemplo, a expanso do ensino primrio e secundrio, a fundao da Universidade
de So Paulo etc. Podemos dizer que a educao do deficiente mental ainda no era
considerada um problema a ser resolvido. A preocupao era com as reformas na educao da
pessoa normal neste perodo.
A dcada de 50, no panorama mundial, foi marcada por discusses sobre os objetivos
e qualidade dos servios educacionais especiais. Enquanto isso, no Brasil acontecia uma
rpida expanso das classes e escolas especiais nas escolas pblicas e de escolas especiais
comunitrias privadas e sem fins lucrativos.
O nmero de estabelecimentos de ensino especial aumentou entre 1950 e 1959,
sendo que a maioria destes eram pblicos em escolas regulares.
Em 1967, a Sociedade Pestalozzi do Brasil, criada em 1945, j contava com 16
instituies por todo o pas. Criada em 1954, a Associao de Pais e Amigos dos
Excepcionais j contava tambm com 16 instituies em 1962. Nessa poca, foi criada a
Federao Nacional das APAES (FENAPAES) que, em 1963, realizou seu primeiro
congresso. MIRANDA (2003) apud (MENDES, 1995).
Pode-se dizer nesta poca houve uma expanso de instituies privadas de carter
filantrpico sem fins lucrativos, isentando assim o governo da obrigatoriedade de oferecer
atendimento aos deficientes na rede pblica de ensino.
Mas a partir dos anos 50, mais especificamente no ano de 1957, foi assumido
explicitamente pelo governo federal o atendimento educacional aos indivduos que
apresentavam deficincia, em mbito nacional, com a criao de campanhas voltadas
especificamente para este fim.
Em 1957 a primeira campanha foi feita, voltada para os deficientes auditivos
Campanha para a Educao do Surdo Brasileiro. Campanha esta que objetivava promover
medidas necessrias para a educao e assistncia dos surdos, em todo o Brasil. Em seguida
criada a Campanha Nacional da Educao e Reabilitao do Deficiente da Viso, em 1958.
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cooperao nas interaes humanas. Portanto, para que as diferenas sejam respeitadas e se
aprenda a viver na diversidade, necessria uma nova concepo de escola, de aluno, de
ensinar e de aprender.
A efetivao de uma prtica educacional inclusiva no ser garantida por meio de
leis, decretos ou portarias que obriguem as escolas regulares a aceitarem os alunos com
necessidades especiais, mas sim que a escola esteja preparada para dar conta de trabalhar com
os alunos que chegam at ela, independentemente de suas diferenas ou caractersticas
individuais.
A literatura evidencia que no cotidiano da escola os alunos com necessidades
educacionais especiais inseridos nas salas de aula regulares vivem uma situao de
experincia escolar precria ficando quase sempre margem dos acontecimentos e das
atividades em classe, porque muito pouco de especial realizado em relao s caractersticas
de sua diferena.
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3. Contextualizao
A partir do final dos anos 90, a rea de Ensino de Cincias vem sendo perpassada por
uma discusso que vai alm dos estudos realizados tradicionalmente nas reas de Ensino de
Fsica, Qumica e Biologia; isso se justifica pela aproximao do tema da aprendizagem em
cincias das discusses em Cincias Humanas, da ideia de que a construo de conhecimento
cientfico constituda a partir do contexto histrico-social, tomando o sujeito da
aprendizagem como sujeito social. Essa abordagem epistemolgica aproxima a rea de Ensino
de Cincias das concepes mais polticas, que favorecem a afirmao do sujeito. Tenrio
(2009).
Sobre as ideias de Maria Montessori (1870-1956), novas demandas foram surgindo
no cenrio do Ensino de Cincias, onde uma delas conhecida como a da incluso social,
fundamentada pela ideia de que a Alfabetizao Cientfica fundamental para que esse
processo se d, desde o incio da Modernidade, tendo como principal tipo de conhecimento o
da Cincia, constituindo assimetricamente como espao de domnio para poucos, os
especialistas, tornando como instrumento de controle, vigilncia e normatizao da sociedade.
Buscam solues a atividade cientfica ao confrontar, o que poderia ser feito com
aquilo que TENRIO (2009) apud (JACOB, 1997). Ela a principal realizao do mundo
atual e, talvez mais do que qualquer outra atividade, distingue este sculo dos demais.
Devido natureza social da cincia, a sua divulgao crucial para o seu progresso,
sendo que o avano da cincia da informao afeta todos os campos cientficos. TENRIO
(2009) apud (RUTHERFORD e ALGREEN, 1990). Os benefcios da cincia so, no entanto,
distribudos assimetricamente entre pases, grupos sociais e sexos. TENRIO (2009) apud
(ZANCAN, 2000, p. 3).
Compreende-se que um dos caminhos a escola para possibilitar um maior acesso ao
conhecimento cientfico, sendo responsvel pela construo e aplicao de metodologias de
ensino. Discusso essa que geralmente trata da Escola Regular como espao oficial de
divulgao do conhecimento cientfico.
Assim, so propostos diferentes espaos de ensino para a construo do
conhecimento cientfico, como museus, centros de cincias, entre outros, entretanto, h
pouqussimos estudos acerca da interface entre a Educao Especial e o Ensino de Cincias.
Segundo TENRIO (2009) apud VYGOTSKY (1984), a relao do sujeito com o
mundo mediada pelos instrumentos tcnicos e pelo sistema de signos construdos
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Cincias que, mesmo ao ser desenvolvida e analisada a partir de um cenrio especfico uma
escola especial de ensino de surdos , pode ser vivenciada tambm em outros espaos de
educao, incluindo a escola regular, os espaos no-formais de ensino.
Para SANTOS e MANGA (2009) apud BORGES e COSTA (2010), um estudo que
busca compreender como se correlaciona a prtica pedaggica (ensino de Cincias) e a surdez
deve, necessariamente, envolver os professores que atuam no ensino desses estudantes.
A incompreenso acerca das coisas do universo da surdez define uma prtica escolar
que deficiente o uso (didtico) de linguagens imprprias e as expectativas
normalistas so exemplos de elementos presentes no imaginrio dos entrevistados
que contribuem para a consagrao dessa tese. Por outro, os seus perfis ideogrficos
so igualmente positivos ao permitirem que sejam concebidos caminhos menos
inseguros para buscar-se a reverso desse quadro, como o caso do encorajamento
da reflexo sistemtica sobre as questes da surdez. (BORGES, F. A.; COSTA, L.
G. 2010, p. 578).
CONCLUSO
REFERNCIAS BIBIOGRFICAS
ALMEIDA, R.C.N. e FERRARI, M.F. Vivendo Cincias- volume 1 livro do aluno. Rio de
Janeiro: INES, s/ano.
BRACHT, V. Educao Fsica e Cincia: cenas de um casamento (in) feliz. Iju: Uniju:
2003.
LACERDA, Cristina Broglia Feitosa de. A Incluso Escolar de Alunos Surdos. Cad. Cedes,
Campinas, vol. 26, n. 69, p. 163-184, maio/ago. 2006 163. Disponvel em
<http://www.cedes.unicamp.br> acesso em 20 de Abril de 2011.
SANTOS. Camila Reis dos, MANGA. Vanessa Pita Barreira Burgos, Deficincia Visual e
Ensino de Biologia: Pressupostos Inclusivos. Revista FACEVV. Vila Velha, Nmero 3
Jul./Dez. 2009