PNLD 2018 Arte
PNLD 2018 Arte
PNLD 2018 Arte
PNLD
2017
B823p Brasil. Ministrio da Educao. PNLD 2017: arte Ensino fundamental anos finais /
Ministrio da Educao Secretria de Educao Bsica SEB Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educao.
Braslia, DF: Ministrio da Educao, Secretria de Educao Bsica, 2016.
068 p.
ISBN: 978-85-7783-221-7
MINISTRIO DA EDUCAO
SECRETARIA DE EDUCAO BSICA
Esplanada dos Ministrios, Bloco L, Sala 500
CEP: 70047-900
Braslia/DF
EQUIPE RESPONSVEL PELA AVALIAO
COORDENAO PEDAGGICA
Paola Zordan (UFRGS) - Doutora em Educao
COORDENAO INSTITUCIONAL
Luciane Uberti (UFRGS) - Doutora em Educao
063 REFERNCIAS
POR QUE LER O GUIA?
com satisfao que entregamos a vocs o Guia do PNLD 2017 do componente curricular
Arte, referente aos anos finais do Ensino Fundamental. Para comear a leitura e conhecer o
que hoje se apresenta nos livros didticos de Arte, convidamos todos a entrar numa ciranda
e, uma vez na berlinda, responder sim.
Quem a dana maracatu? Ou alguma vez se deparou com uma Videocriatura? Algum j viu
azulejo de papel? J escutou banda de pfano? Pode dizer por quantos lugares desse Brasil
h festejo de Boi? J ouviu falar de Chico Rei? Para que serve um parangol? Sabe o que
um zootrpio? Alguma vez pensou que 99 centavos pode ser motivo para a arte? J pensou
que mesmo para quem nunca estudou msica possvel identificar a entrada de vozes den-
tro de um cnone? Quem pode responder o que o Teatro devota ao Stiro? Reconhece pela
voz o brasileiro Nelson Machado? Alguma vez sua comunidade pensou em autoconstruo?
Ser difcil tocar um xequer? O que se pode pensar ao olhar uma pintura de Benedito Ca-
lixto? Pode imaginar que Rosana Urbes mostra que ilustraes podem ser feitas com caneta
esferogrfica? Sabia que uma msica pode ser silncio? Por que um DJ to importante? E a
sonoplastia, por que o mundo seria outra coisa sem ela? E o que sabe sobre o but, que veio
depois da exploso de uma bomba atmica? E os desenhos kusiwa, algum j tentou imitar?
Que tal cantar o Rap do real?
Sentiram curiosidade sobre todas essas coisas? Se no souberem dizer sim, timo! muito
bom descobrir o que no se sabe. As colees aprovadas no PNLD 2017 Arte trazem isso.
Feito especialmente para vocs, este Guia tem como objetivo auxiliar na escolha dos livros
didticos de Arte a serem usados nas escolas pblicas brasileiras. Alm de responder ao
tanto que no sabemos sobre as muitas artes do Brasil e do restante do mundo, entende-
mos que o livro didtico se caracteriza como um apoio fundamental ao desenvolvimento
do trabalho pedaggico nas escolas, seja pelo desafio que possibilita as aprendizagens dos
estudantes, seja pelas contribuies para a formao continuada de professoras e profes-
sores. Os livros trazem referncias, atividades, imagens, propostas e textos adequados aos
desafios necessrios aos estudantes, bem como orientaes, no Manual do Professor, que
auxiliam no planejamento do ensino de Arte.
Este Guia traz o resultado de um criterioso processo de avaliao realizado por uma equipe
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de professoras e professores, especialistas e pesquisadoras e pesquisadores da rea de
Arte e de Ensino de Arte das diferentes regies do pas, de modo a contribuir com vises e
com experincias diversificadas. O intuito expandir as possibilidades do que tratado nas
aulas de Arte.
Pretende-se que este Guia colabore para a reflexo a respeito da prtica docente neste
componente curricular e para dar conta de algumas das principais questes que perpassam
o cotidiano escolar, a partir das colees aprovadas. O Guia contm uma parte inicial com
apresentao geral das obras aprovadas, com comentrios sobre como os livros didticos
podem ser usados e que tipos de abordagem metodolgica suscitam, bem como quais fo-
ram os conceitos e critrios norteadores da avaliao e qual o instrumento utilizado. Con-
tm, tambm, na seo das resenhas, uma descrio mais detalhada de cada uma das duas
colees aprovadas, destacando aspectos relevantes para auxiliar na escolha de uma delas.
Acreditamos que, aps a leitura deste Guia, vocs contaro com vrios elementos necess-
rios para fazer a escolha da obra que melhor se adequar ao seu contexto de trabalho. Espe-
ramos que o conhecimento das especificidades das obras, aliado ao conhecimento que cada
professora e professor tm sobre a realidade sociocultural de sua escola e de seu respectivo
Projeto Poltico-Pedaggico, contribua para a escolha pedagogicamente mais produtiva.
Boa leitura!
Equipe de Arte
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ARTE NOS ANOS FINAIS DO
ENSINO FUNDAMENTAL
A atual poltica educacional reconhece Arte como rea do conhecimento legtima e insti-
tui seu ensino como obrigatrio nas comunidades escolares do Brasil. As diversas expres-
ses dessa rea apresentam multiplicidades de saberes junto a conhecimentos especficos,
produzindo conexes entre cada uma das modalidades artsticas e aglutinando todas suas
possibilidades em produes acsticas, grficas, plsticas, cnicas, audiovisuais e literrias.
A amplitude de temas que podemos encontrar na Arte, por um lado, extrapola referncias
clebres e j canonizadas para mostrar contextos diversos, tradies advindas de muitos
povos e culturas, criaes coletivas, aes comunitrias e manifestaes variadas. Por outro
lado, tambm abarca um rol de nomes e obras histricas, contextualizados junto a eixos de
tempos e espaos que demandam classificaes tipolgicas, compreenso historiogrfica,
identificao topolgica de localidades e regies, requerendo noo das diferenas conti-
nentais, noo da atual situao planetria e questionamentos tico-estticos sobre a vida
na Terra.
Para o povo iorub, da costa oeste da frica, situado no que hoje denominamos Nigria, esse
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conhecimento que expressa as coisas, as caractersticas das pessoas, a fora dos elementos
materiais presentes na natureza e os desgnios da vida na terra onde se nasce, cresce e se
morre, chama-se bori, palavra que os estudiosos de origem europeia traduzem como fazer a
cabea, mas cujo sentido muito mais parecido com um rito de comunho. O que h na ca-
bea - fora que esse povo considera determinante na vida daquele que a recebia - nada nem
ningum pode tirar. Quem adquire o bori ganha um conhecimento de afazeres e conceitos
que tambm podemos traduzir como uma cincia e uma arte. Nas culturas indgenas, que
tm incontveis idiomas, uma palavra desse aporte no encontrada, talvez porque todas
as manifestaes que hoje, em portugus, consideramos arte, so parte integrante da vida
desses que viviam nas terras hoje conhecidas como Brasil, territrio dos indgenas desde
antes da chegada de portugueses, holandeses e espanhis. Os iorubanos vieram, contra sua
vontade, em grande nmero para o Brasil e a influncia de sua cultura to importante para
a arte brasileira quanto a influncia das culturas indgenas e europeias.
A arte implica as relaes do corpo com as criaes naturais e humanas, interagindo dire-
tamente com a matria criada para lidar com os movimentos do corpo, com instrumentos,
cenas, ambientes, roupagens, modos de vida. As performances, interaes, situaes, explo-
raes e apropriao de materiais e tcnicas, as propostas e experincias investigativas, as
quais desenvolvem os saberes complexos e abrangentes da arte, jamais se esgotam num
livro; porm por meio dos livros que muitas das referncias desse universo sero conhe-
cidas.
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o de um material que traz esse entrelaamento de saberes e modalidades. Hoje os livros
didticos de Arte trazem elementos que podem ser base para propostas de diversos compo-
nentes curriculares, sem, no entanto, perder suas caractersticas estticas e poticas. O livro
didtico de Arte pode ser utilizado em aulas de outras reas do saber, mas no se trata de
usar as matrias e possibilidades prprias da arte para tornar divertidas ou mais atraen-
tes propostas pedaggicas de outros componentes curriculares e, sim, operar com elemen-
tos da arte que povoam o cotidiano. Arte pode ser aprendida junto a objetos, na cidade, nos
meios de transporte, nas vestimentas, nos alimentos, nos jardins, nos rudos, no excesso de
informao e publicidade, na imensa oferta de produtos, imagens e possibilidades de ao.
Quem so os adolescentes, os jovens que habitam as nossas salas de aula em todo o Brasil?
Responder a esta pergunta no uma tarefa fcil. Tambm no seria fcil responder sobre
quais seriam os conceitos que circulam sobre as artes, em geral, dentro das escolas brasilei-
ras, pois o que nossos jovens nos trazem sobre esse assunto vem de diversas fontes do seu
cotidiano: da internet, das diferentes mdias, das famlias, amigos. Enfim, os discursos que
permeiam o cotidiano deles e o nosso, vm construindo e afirmando diferentes conceitos
de arte para todos ns, professoras, professores e estudantes. Assim, pergunta-se ainda:
como os nossos adolescentes e jovens se relacionam com o que proposto pelas escolas
nas aulas de Arte, nas suas quatro modalidades: Artes Audiovisuais e Visuais, Dana, Msica
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e Teatro? para trazer algumas contribuies s professoras e aos professores que, nestes
tempos ps-modernos, veem-se emaranhados nas mais diversas vivncias e experincias
com os seus estudantes, que os livros didticos podem ajudar a dar mais visibilidade s artes
em geral e s suas diferentes ramificaes nesse campo to vasto.
Nas colees, de diferentes formas, vemos adolescentes e jovens de diversas etnias, regies
brasileiras e segmentos sociais, que escrevem, danam, atuam, do formas visuais s suas vi-
das e nos convidam a ver os seus sonhos, seus lazeres, o que experimentam e entendem por
arte. Enfim, apontam para as mltiplas fases e faces que podem ter a adolescncia e a juven-
tude. Os jovens querem se ver representados em diversos lugares, tanto nas artes como em
outras reas, e os livros didticos no estariam fora desse contexto. De tal modo, possvel
destacar, nos livros das colees aprovadas, as diversas representaes de culturas juvenis,
que vo desde a presena de jovens das grandes cidades e suas experincias nas artes, at
dos que vivem em localidades no urbanas e pequenas comunidades do nosso pas, tambm
expressando suas experincias no campo da arte. Nas colees aprovadas temos diversos
exemplos de jovens indgenas da etnia guarani mby, grupos de hip hop, de apresentaes
de maracatu, um jovem brmane hindu entoando um canto sagrado na ndia, jovens partici-
pando de uma Batalha do Conhecimento nos pilotis do Museu de Arte do Rio de Janeiro,
jovens em apresentaes de orquestra, uma menina da etnia fulani, jovens e adolescentes
brasileiros participantes do projeto Educafro, uma adolescente tocando violino em uma es-
cola estadunidense, jovens de outros tempos, como os que so retratados no Festival de
Woodstock. Alm dessas, outras imagens sobre os jovens e suas aes povoam os livros
das colees em diferentes modalidades da arte. Os livros possibilitam aos estudantes, pro-
fessoras e professores, nesse percurso, que conheam mais manifestaes, expresses e
crenas, contextos de grupos sobre os quais os currculos se calaram durante uma centena
de anos sob o manto da igualdade formal (Edital PNLD 2017, p.40-41), segundo o Edital do
PNLD 2017. Item muito pertinente do Edital, principalmente por propiciar o respeito pelo
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outro, por considerar a existncia de diferenas, procurando, assim, tambm a participao
dos estudantes que ocupam as nossas salas de aula, valorizando suas diversidades tnicas,
regionais e sociais. Enfim, proporcionam conhecimentos sobre diferentes culturas, que ou-
trora eram carregadas de discriminaes tnico-raciais, de gnero e diversidade sexual, de
pessoas com deficincia e outras, assim como os processos de dominao que tm, historica-
mente, reservado a poucos o direto de aprender, que de todos (Edital PNLD 2017, p.40-41).
Desta forma, as colees propiciam que o professor e a professora faam aproximaes com
o que prope, por exemplo, o item 10 das Diretrizes Curriculares Nacionais da Educao B-
sica - DCNEB, quando so mencionados os valores da realidade concreta dos sujeitos que do
vida ao currculo e s instituies de educao bsica (DCNEB, 2015, p.22).
As imagens e textos presentes nos livros das colees tambm convidam os estudantes a
pensarem sobre diversos temas, como o do consumo, por exemplo. Junto a discursos, hbi-
tos e imagens de jovens de diferentes localidades do Brasil, h um convite para refletir sobre
algo que trata do campo das necessidades, dos hibridismos culturais que envolvem diferen-
tes culturas: a do corpo, a artstica, a espiritual, a intelectual, a mercadolgica, a individual
e a coletiva. A ordem seria no separar estas necessidades das condies nas quais estas se
expressam na sociedade, enraizadas na vida cotidiana. Assim, cabe tambm dialogar com o
que indicam as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educao Bsica, sobre a importncia de
o conhecimento ser multidimensional e interdisciplinar sobre o ser humano e prticas educati-
vas, incluindo conhecimento de processos de desenvolvimento de crianas, adolescentes, jovens
e adultos (DCNEB, 2015, p. 29) nas diversas dimenses, entre elas a cognitiva, a afetiva, a
esttica, a artstica e a cultural.
Hoje, limitar as experincias dos jovens somente ao contato direto com as obras de arte
que esto em museus ou galerias, na maior parte das vezes presentes apenas em grandes
centros urbanos, vai em direo oposta ao exerccio de pensarmos em como tem acontecido
a arte em encontro tanto com a natureza quanto com o prprio corpo humano. Esses encon-
tros acontecem da ornamentao domstica at a vestimenta corporal, desde as tatuagens
primitivas e pinturas rupestres at os cosmticos contemporneos. As diversas realidades
dos estudantes, nessa direo, so contextualizadas nos espaos e nos tempos pelos livros
das colees. Nesse caminho, as colees mostram-se atentas s caractersticas dos adoles-
centes e dos jovens, possibilitando, desta forma, reflexes sobre as relaes entre as vidas
destes com os conhecimentos multidimensionais sobre o ser humano e sobre as prticas
educativas. Assim, os estudantes de diferentes idades do Brasil podero ter a possibilidade
de reverem suas culturas, conhecerem as que no conheciam e analisarem modos de vida
prximos deles e outros, mais distantes de si, porm no menos importantes.
Os estudantes, em aulas de Arte nas escolas do Brasil, em geral, envolvem-se com as pro-
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postas de trabalho com uma dedicao cada vez mais veloz, independente da faixa etria
em que se encontram. Isso ocorre desde as crianas bem pequenas at os jovens de Ensino
Mdio. As propostas de trabalho em arte, frequentemente, necessitam de um tempo maior
de envolvimento e exigem, tambm, continuidade para que o estudante possa desenvolver
um processo pessoal de trabalho. As experincias neste campo tm apontado vises de uma
continuidade estabelecida atravs de constantes descontinuidades, ou seja, grosso modo,
os estudantes esto fazendo trabalhos velozmente, envolvendo-se o mnimo possvel, per-
guntando qual ser a prxima proposta, quanto tempo vo ter para finaliz-la e, mesmo
sabendo que tm um tempo prprio para cada uma das diferentes propostas apresentadas
(de semanas ou meses, dependendo do trabalho), eles comeam a trabalhar rapidamente
perguntando, ainda: quantos pontos vai valer esta atividade? Pergunta-se ento: o cl-
culo sobre o ato inventivo? a economia sobre o tempo da reflexo dedicada arte? Enfim,
continuamos trabalhando descontinuamente, ou seja, faltaria equacionar melhor a relao
diversificada que os adolescentes tm com os estmulos sonoros e visuais (sons e imagens
oriundos dos vdeos, televiso, internet, textos etc.).
Adolescentes e jovens j entram em aula com o olhar contemporneo de quem no tem mui-
to tempo a perder. Eles, muitas vezes, parecem estar nos dizendo com seus comportamen-
tos e aes que j leram tudo ou que j fizeram tudo, esboado, por exemplo, s vezes
em um gesto que se resume apenas a um risco no meio da folha de desenho, dizendo em um
tom irnico: arte contempornea! Nesse sentido, ao intercalar textos no muito longos,
recursos sonoros e imagens, as colees aprovadas procuram se conectar aos novos ritmos
do olhar contemporneo dos jovens. Nessa direo, importante marcar o questionamento
sobre como trabalhar com o tempo dos jovens em que a relao produo/apreciao da
arte tem que ser rpida. Os livros didticos podem ser os aliados das professoras e dos
professores diante desse fato, j que organizam contedos com imagens e textos pertinen-
tes s faixas etrias para as quais se destinam e, ao mesmo tempo, no se restringem a elas,
podendo a professora ou o professor, dependendo do contexto escolar em que atua, usar os
quatro livros de cada coleo da forma que lhe for mais apropriada.
Importante lembrar que a condio principal para que a fruio acontea, tanto na aprecia-
o das obras de arte quanto nas suas produes, o tempo. Em posse dos livros, a profes-
sora e o professor tm esses recursos (os livros didticos) para os auxiliarem a resolver com
mais tranquilidade essa equao: apreciao + produo = tempo. Simplesmente deixar que
os adolescentes e jovens trabalhem com uma velocidade acelerada em relao arte, tanto
na sua produo como na sua apreciao, pode dissolver muitas propostas de ensino em
arte, fazendo com que elas percam a sua consistncia como experincia e conhecimento,
deixando a desejar tanto a produo desses estudantes quanto a sua relao de fruio
com as artes em geral (Artes Audiovisuais e Visuais, Dana, Msica, Teatro). Nessa direo,
as colees aprovadas procuram propiciar seus mltiplos contedos de forma diversificada,
apresentados em textos e imagens que estabelecem vnculos tanto pela linguagem ade-
quada, que utilizam nos textos, quanto pelas imagens selecionadas. Essa combinao de
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elementos procura aproximaes com os leitores em foco, os estudantes dos anos finais do
Ensino Fundamental. Tambm os textos e imagens dos livros auxiliam na leitura das per-
cepes distradas que regulam, nos dias de hoje, o pensamento da maioria dos jovens, por
exemplo, sobre certas obras de arte contempornea.
A discusso dos diversos cenrios escolares do Brasil seria longa, mas nos permite pensar
que algo sempre escapa ao presente, parecendo, muitas vezes, que realizamos experincias
no Ensino de Arte onde as frestas aparecem mais do que a construo como um todo. Para
contribuir com esse desaparecimento de frestas, as colees procuraram incluir contedos
que ampliam o leque de conhecimentos dos estudantes, propiciando s professoras e aos
professores tambm a ampliao do seu leque de escolhas dos assuntos para as suas aulas.
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ractersticas regionais e culturais da sua escola e da sua comunidade escolar. importante
lembrar que a carga horria do componente curricular Arte varia de escola para escola e de
regio para regio, e que a conquista de maior espao para Arte nas diferentes organizaes
curriculares depende muito da atuao e da qualidade do trabalho desenvolvido pelas pro-
fessoras e pelos professores de Arte em parceria com a comunidade escolar (estudantes,
pais e demais professores). Os livros didticos selecionados oferecem amplos subsdios para
que isso se efetive.
muito recente a presena de livros didticos para o componente curricular Arte no Progra-
ma Nacional do Livro Didtico. No PNLD 2015, foram distribudos livros de Arte para o En-
sino Mdio e, no PNLD 2016, para os anos iniciais do Ensino Fundamental. Os anos finais do
Ensino Fundamental recebem seus primeiros livros de Arte no PNLD 2017. A cada processo
avaliativo possvel refletir sobre a importncia e uso desse tipo de material nas situaes
de aprendizagem em Artes Audiovisuais e Visuais, Dana, Msica e Teatro.
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objeto de estudo, reflexo e reavaliao constantes por parte dos educadores que atuam
nesta rea.
Por privilegiar artistas consagrados na Europa e nos Estados Unidos e por abordar movimen-
tos e escolas artsticas ligados a museus e outros espaos da cultura dominante, a Histria da
Arte foi repensada e, hoje, vem sendo contextualizada em uma historiografia multicultural
que inclui diversos povos, culturas e saberes. recente, tambm, a incluso das Artes Audio-
visuais, da Dana e do Teatro em seus contedos, assim como a juno com os materiais que
envolvem as especificidades do ensino de Msica, no mais atrelado apenas ao aprendizado
do cnone musical, do solfejo e a referncias eruditas, mas, agora, envolvendo a msica em
diversas culturas, nos mais variados estilos, com artistas e grupos de todas as regies do pas
e do mundo. A notao musical experimentada tambm por formas alternativas de regis-
tro e codificao, de modo a ser enfatizada a experimentao e a compreenso de msicas
e no a aquisio dos padres clssicos. O mesmo ocorre nas outras modalidades artsticas,
junto s quais o livro didtico amplia repertrios, propondo experincias de aprendizagem e
dando meios para o ensino dos elementos constitutivos da arte.
Cabe a ressalva de que qualquer material didtico, incluindo os livros, estar sempre rela-
cionado a uma proposta autoral, com foco em alguns temas, abordando determinadas ques-
tes e produes, articulando contedos e propondo aes a partir de um feixe de inten-
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es. Cada obra nica, e nenhuma abarcar a completude do que h para ser estudado e
conhecido em arte.
Uma caracterstica especial dos livros didticos para Arte a necessidade de apresentao
de muitas produes artsticas, que se d por imagens e pelos CDs de udio prioritariamen-
te, e a articulao destas com textos reflexivos e com proposies de aes por parte dos
estudantes e professora ou professor. Nosso principal objeto de estudo so obras artsticas,
produzidas por diversos meios e de diversas formas, as quais necessitamos conhecer de al-
guma maneira, com o objetivo de desenvolver o pensamento artstico. Pensar artisticamen-
te implica pensar com o corpo e com as sensaes que o atravessam. Trata-se de um pensa-
mento que envolve sons, formas, luzes, apreenses de tempo e espao, e outros aspectos
que nem sempre podem ser traduzidos em nmeros e palavras, ainda que possam utilizar
cdigos diversos. O uso de tecnologia digital e de indicaes de acesso a material comple-
mentar, no textual e restrito imagem impressa, de extrema importncia neste sentido.
O livro didtico no se constitui como um manual a ser seguido risca por professoras,
professores e estudantes, mas como um importante material a dar suporte aos estudos, s
prticas e s investigaes tericas, ticas, estticas e poticas a respeito de produes ar-
tsticas e do pensamento que as acompanha e as integra. um elemento a mais na mediao
com o campo de conhecimento. Como qualquer material a ser utilizado em aula, neces-
srio que seja cuidadosamente elaborado, contendo elementos que propiciem a reflexo
crtica sobre as realidades e os contextos de vida, que estimulem a elaborao pessoal e
convoquem participao de cada um no processo de aprender.
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as aulas de Arte no tinham outro recurso alm dos que os providenciados pelas prprias
professoras e professores. Com o PNLD 2015, que avaliou livros para uso no Ensino Mdio,
e o PNLD 2016, que avaliou livros para os anos iniciais do Ensino Fundamental, as profes-
soras e os professores do Brasil agora dispem de textos, udios, imagens e sugestes de
propostas a serem desenvolvidos em sala de aula. Ao invs de contedos a partir de listas,
cujos temas e tcnicas so obsoletos aos estudantes, temos uma gama de possibilidades
oferecidas pelo material de base que as colees oferecem.
Embora no seja o caso dos livros aqui apresentados, recomenda-se que livros no reutili-
zveis e cujos textos se tornam desatualizados sejam reciclados tanto como matria prima
para confeco de papel artesanal, como material para criaes de recortes e colagens, en-
tre outras possibilidades. Livros de consulta, fruio e leitura, como os promovidos pelo
PNLD, so patrimnio da humanidade e, como tal, devem ser preservados. A escola res-
ponsvel por esse patrimnio, adquirido com custos pelo poder pblico, ou seja, com dinhei-
ro dos cidados, sendo dever de todos os seus agentes, professores, gestores, funcionrios
e estudantes preserv-lo. Uma vida sustentvel evita desperdcios e o consumo irracional
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e inadequado que prejudica a vida no planeta. Todo e qualquer objeto implica extrao de
recursos planetrios e produo de resduos que demandam manejo correto para no se
tornarem prejudiciais, sendo necessrio entender que os livros so objetos a serem conser-
vados. O bom uso do livro didtico um compromisso poltico assumido por todos: autores,
avaliadores, leitores, gestores, professores e estudantes.
Os livros trazem o legado secular das escolas medievais nas quais eram estudadas as artes
liberais, ou ars liberalis. Liber, em latim, o mesmo que livro. Desde essa poca, os livros so
compreendidos como veculos para a liberdade de se aprender tudo o que h no mundo. Em
seu significado social comum, os livros se tornaram smbolos de informaes importantes
para a construo de conhecimento. Seguindo a simbologia dessa tradio, entendemos que
o que est no livro est sendo liberto para ser conhecido por todos os que se aventurarem a
estudar as matrias que os livros trazem.
O nosso pas tem uma diversidade cultural e artstica enorme que, por pouco constar nos
livros, nem sempre foi considerada como conhecimento. Da mesma forma, h uma produ-
o artstica contempornea em suas diferentes modalidades, em vrias partes do mundo,
qual temos pouco acesso. Muitas vezes no tivemos a oportunidade de enriquecer nosso
repertrio de experincias a partir desse conhecimento, nem sempre livresco. Aprender e
conhecer mais sobre o mundo atravs de suas diferentes interpretaes artsticas e cultu-
rais, em forma de Artes Audiovisuais e Visuais, Dana, Msica e Teatro, pode nos tornar pes-
soas mais abertas e sensveis ao mundo em que vivemos e s pessoas que o habitam. Saber
mais sobre arte e a partir da arte to importante quanto os demais saberes aprendidos na
escola. Muitas vezes, a escola um dos espaos privilegiados, e certamente vocacionado,
para que esses encontros com o conhecimento que a arte proporciona aconteam.
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PRINCPIOS E CRITRIOS
DE AVALIAO
O fato de Arte no ter que cumprir com um programa de contedos sistematizados possibi-
lita um efetivo trabalho com projetos de ensino-aprendizagem gerados por temas de toda e
qualquer rea do conhecimento. Ao se avaliar a seleo dos contedos de um livro didtico
de Arte, deve-se considerar a variedade dos temas, como estes criam relaes entre os re-
pertrios culturais e as atividades e as leituras propostas, observando as dinmicas peran-
te as experincias concretas dos estudantes. Os contedos precisam ter sentido e, mesmo
ao tratarem de obras e culturas de outros tempos, relacionar-se com a realidade dos estu-
dantes. No Brasil essa realidade se apresenta bastante diversificada, tanto de localidade
para localidade, quanto perante toda sua complexidade global contempornea. Assim, tais
contedos apresentam snteses que trazem eventos, movimentos e convenes historio-
grficas que auxiliam na compreenso de situaes vividas e de produtos apreciados pelos
estudantes. O cuidado com o patrimnio no pode advir de proibies e coeres de cunho
moral, mas sim da valorizao de distintas tendncias, estilos e acontecimentos histricos.
Nesta perspectiva, para os anos finais do Ensino Fundamental, os seguintes conceitos foram
considerados:
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te, valorizando seus traos, suas singularidades e diferenas.
Aquisio de cdigos a fim de que produes culturais dos mais diversos tipos pos-
sam ser compreendidas dentro de seus contextos espaciais, temporais e em relao a toda
gama de saberes que, por exemplo, uma pea, um filme, um quadro, uma casa e uma cano
podem comportar. A apreenso desses cdigos deve partir da realidade e dos referenciais
do estudante, de modo que os interesses da faixa etria sejam observados na elaborao do
material didtico.
Reflexes crticas no que tange apropriao dos referenciais das grandes mdias e
de outras produes culturais massivas, procurando instigar o pensamento sobre as razes
de determinados produtos, de modo a exercitar a autonomia e a autoria no seu pensar.
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a avaliao das colees nos seguintes tpicos de observao:
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Fontes de consulta, sites e obras adequadamente referendados.
Todos estes tpicos convergem nos critrios estabelecidos pelo Edital PNLD 2017, o qual
observa respeito cidadania de todas as regies brasileiras e seus mltiplos e miscigenados
grupos tnicos. So pontos chaves para incluir manifestaes artsticas de todos os segmen-
tos sociais e grupos identitrios, dando mais visibilidade s mulheres, cujas obras e produ-
es foram, por muito tempo, pouco representadas nos livros de Arte. A ateno aos povos
indgenas e africanos no apenas se deteve na representatividade e sim ao carter das re-
presentaes. As caractersticas e conceitos articulados nas representaes de indgenas,
afrodescendentes e povos africanos, assim como de outros povos no europeus, foram ava-
liadas em relao adequao de contedo, articulao com demais propostas e atividades,
e iseno de estereotipias dentro das imagens e dos textos.
Uma ateno especial foi dada s diversas abordagens pedaggicas em torno do corpo, suas
representaes histricas e a no mistificao de cnones, hbitos e traos pessoais. O cui-
dado com o planeta, a preservao ambiental e a promoo de uma vida sustentvel so as
metas para a arte hoje e para uma arte no futuro. Apresentar uma arte que problematize a
violncia, os estigmas sociais, que questione os hbitos de consumo, que construa uma pos-
tura crtica frente valorizao de determinados cones foram balizas amplas consideradas
junto s especificidades da rea, que foram avaliadas em seus pormenores.
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promovem a produo de conhecimentos nas modalidades artsticas.
Em seu conjunto, cada coleo foi avaliada a partir da perspectiva da aprendizagem, sendo
considerados como positivos textos e imagens que instiguem a estudar temas e assuntos
alm daquilo que apresenta o livro. Embora os critrios visem diversidade de concepes
de arte e de abordagens no dogmticas, foi observado rigor frente literatura especfica
e aos conceitos que, embora pertenam arte, advm de outros campos de conhecimento,
como acstica, teoria da cor, fisiologia e tecnologias. Embora o livro didtico de Arte no
vise ao domnio de qualquer tcnica, informaes corretas sobre procedimentos, mdias,
instrumentos, materiais e conceitos pertinentes a cada fazer foram analisadas. O acesso
correto a determinadas tcnicas, apresentadas junto aos contextos que lhe concernem, foi
considerado como parte integrante da aprendizagem de arte.
O projeto grfico foi avaliado tanto no aspecto visual quanto na qualidade da impresso e
do som do CD, diagramao, harmonia de fontes e cores, curadoria de imagens e relao en-
tre contedos de imagens, multimdias e textos. Na perspectiva da prpria arte, considera-
se que o projeto grfico ensina tanto quanto os contedos que nele se organizam. A obra
didtica pode constituir, pela composio entre textos, imagens e contedos, livros que em
si tero poticas prprias. Autores e usurios podem criar novas referncias, invertendo po-
sies, de modo a colocar estudantes, professoras e professores como protagonistas em
certas produes a serem apresentadas.
Tendo em vista o processo de avaliao por duplos-cegos, sem identificao das obras, au-
tores e editores, os ttulos e as capas dos livros no foram avaliados. Porm, ao trmino do
processo, com uma viso panormica das colees inscritas, possvel afirmar que a maior
parte dos ttulos das obras exprimem caractersticas presentes nas mesmas, reforando
acepes, obscurantismos, confuses, modismos e alguns acertos na articulao entre pala-
vra e obra didtica quanto ao que se espera do ensino e da aprendizagem em Arte.
25
COLEES APROVADAS
Partes em composio
Nesta terceira edio do PNLD para o componente curricular Arte, foram selecionadas duas
colees para os anos finais do Ensino Fundamental. Uma das obras selecionadas inclui Ma-
nual do Professor Multimdia com proposio de contedos por meio de Objetos Educacio-
nais Digitais OED, os quais so apresentados em diversas modalidades, tais como vdeo,
udio e imagem.
Ao abrir cada um desses livros, de qualquer ano, em qualquer pgina, possvel encontrar
algo sobre o que vale a pena se deter. Imagens so adequadamente escolhidas, comple-
mentam os conceitos e comentrios dos textos e permitem melhor compreenso e desen-
volvimento das propostas cujas sugestes sempre estendem o que o livro apresenta a uma
prtica no desvinculada do que teoricamente se apresenta. As informaes so pontuais
e sucintas, afinal, um livro para o Ensino Fundamental e no um tratado sobre os tantos
assuntos que pertencem rea da Arte.
Os livros oferecem contedos especficos das quatro modalidades de Arte, com espao para
dilogo com outras reas do conhecimento. O que oferecem propicia trabalhar interdiscipli-
narmente a fim de que os temas sejam aprendidos tambm junto a outros saberes e proces-
sos. As colees aprovadas so apropriadas para o trabalho com projetos interdisciplinares,
visto desenvolverem temticas abertas a inmeras interconexes. Imagens, textos e ativi-
dades podero ser usados para compor descobertas e produes individuais e coletivas,
de acordo com interesses e temas geradores que necessariamente no precisam estar nos
livros, mas que com seus contedos dialogam. Se a professora ou o professor optar por no
trabalhar com projetos, poder se valer da ordem de um sumrio, pois um encadeamento
26
aleatrio, mas dialogvel, tambm acontece. Os livros expressam, em sua forma e conte-
dos, tanto a especificidade quanto a transdisciplinaridade da arte.
Suporte para criaes e estudos de projetos transdisciplinares, sem perder os temas espe-
cficos da arte, as colees potencializam o trabalho da professora e do professor enquanto
autores de suas aulas. Estes tm a liberdade para escolher quais imagens, textos e obras
sero apresentados, observados, analisados e trabalhados. So contedos que promovem
pesquisas, trazem indicaes para novos estudos, abrem-se a inmeras articulaes. Permi-
tem, tambm, a criao de planos de aula circulares, que no seguem necessariamente uma
listagem fechada de contedos ou dependem de pr-requisitos. So livros que propiciam a
elaborao de aulas organizadas por diagramas, cujo desenho articula referncias cotidia-
nas, conceitos, indicaes bibliogrficas, obras de arte e modalidades artsticas no desenvol-
vimento de atividades que promovam o aprendizado dos temas escolhidos ao longo de cada
unidade de ensino. O traado de diagramas a partir do que os livros oferecem permite seguir
um plano de ensino aberto s descobertas e aos interesses dos estudantes, sendo os livros
apenas um trampolim para tudo que o mundo descortina a quem se aventura a aprender.
O material didtico aprovado transitou para alm da Histria da Arte branca, masculina,
judaico-crist e predominantemente europeia que frequentemente encontramos nos livros
de Arte, dialogando com as manifestaes variadas, que envolvem as artes no dia-a-dia, pro-
blematizando os limites do que vem a ser arte, mostrando o quanto a relao entre vida e
o que vem a ser a vida tnue e depende da intencionalidade dos meios, dos artistas e dos
modos de se compreender a arte.
27
de formao para a cidadania, promover positivamente a imagem da mulher, a imagem de
afrodescendentes e dos povos do campo, a cultura e histria afro-brasileira e dos povos indge-
nas brasileiros (Edital PNLD 2017, p. 40).
As obras didticas para o componente curricular Arte tm avanado nesse sentido, apresen-
tando um espectro maior do que pode ser considerado arte, conduzindo estudantes, pro-
fessoras e professores a conhecerem e valorizarem a diversidade cultural e artstica do pas
e do mundo, provocando-os e os levando a pensar sobre seus prprios contextos culturais.
Ressalta-se, no entanto, que ainda preciso aprofundar essas questes nas obras didticas
destinadas ao componente curricular Arte. Promover positivamente a imagem da mulher
nos livros didticos de Arte no quer dizer apenas apresentar representaes femininas em
artes visuais ou tematiz-las em composies musicais ou espetculos cnicos. As mulheres
tambm so produtoras, criadoras e protagonistas nas diferentes modalidades artsticas no
Brasil e no mundo. Estudantes dos anos finais do Ensino Fundamental tm o direito de ter
acesso a esses conhecimentos e entender as razes que levaram escassa participao da
mulher nos cenrios das artes, cultura e cincias.
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que somos, acreditamos e fazemos. Muito mais do que um organismo, o corpo um espao
e um tempo que diz mais do que o avistado na pessoa. No corpo so inscritas as narrativas
de todos os povos e culturas que o geraram e o tornaram como . H corpos de muitos tipos,
advindos de muitas etnias, moldados por hbitos e costumes muito diferentes. Se pensar-
mos em extremos, possvel dizer que h corpos grandes e corpos pequenos; h corpos
quietos e corpos agitados; h corpos curvilneos e corpos retos; h corpos inclumes e cor-
pos acidentados; porm h corpos retos e ao mesmo tempo curvilneos, nem grandes e nem
pequenos, de modo que muito difcil dizer, afinal, o que um corpo .
O fato que sem o corpo no haveria arte. Sem corpo no se dana, no se pode cantar, nem
tocar instrumentos. Sem corpos atuando no haveria cena. Sem corpo ningum bate um cin-
zel numa pedra para esculpi-la. Sem corpo no se desenharia, pintaria, gravaria. Alm de ve-
culo para a existncia da arte corpos foram, e diramos que ainda so, objetos de exaustiva
ateno e fascinao no campo das artes. Adornados, mutilados ou reverenciados, so inter-
pretados imaginativamente na arte das mais diversas formas. Na medicina, por exemplo, as
ilustraes anatmicas renascentistas de Vesalius em De humani corporis fabrica, apelavam
para o uso de convenes artsticas e de poses reconhecidas da histria da arte.
Alm de outros campos, falar sobre o corpo, do seu estatuto e construo, tambm tem
sido uma marca no campo da educao em diferentes nveis de ensino. Nessa direo, as
colees aprovadas do a ver corpos em diferentes focos, tais como afeto, beleza, anatomia,
movimento, performance e festa e, ainda, poltica e diversidade, som, gesto, morte, sade,
esporte, conscincia, diferena, fala, adorno corporal e identidade. O corpo pode ter tratado
de muitas interrogaes e contextos histricos, descrevendo a sociedade e as artes intrnse-
cas a toda e qualquer organizao social. Por fazer parte do conjunto de contedos que per-
passam as colees, o corpo, fundamental tambm para outros componentes curriculares,
constitui-se como um dos contedos imprescindveis ao Ensino de Arte. Ao cercar o tema
em suas diversidades, as autoras e os autores dos livros procuram propiciar aproximaes
com temas emergentes, como a incluso de projetos que relacionam o tema do corpo com
a deficincia e a autoestima, com a pintura corporal, com as danas brasileiras, com a moda
e a beleza, com gestos e atitudes. Assim, vemos exemplos que vo desde o corpo presente
nas danas urbanas, como aparece na batalha do passinho nas favelas cariocas, at a marca
dos movimentos nos estudos do fotgrafo Muybridge.
A arte trata de como corpos de vrios gneros, de todas as idades e etnias, apresentam-se,
o que podem, o que superam, o que conseguem fazer, como so transformados por artistas,
coletivos, crianas, jovens, homens e mulheres, e de como ns podemos repens-los. Corpos
diferentes, corpos em suas mltiplas expresses, estilos, formas e tendncias a serem pen-
sadas. Corpos de muitos povos, grupos e tipos de famlia. Todas essas abordagens tornam
o corpo, no livro didtico de Arte, um tema de grande interesse para adolescentes e jovens.
Trata-se de perceber como esses diferentes corpos representados na arte no se separam,
muitas vezes, dos modos como se apresentam os corpos nos espaos da cultura atual, como
29
agem, como se vestem, como se locomovem, como circulam pelas cidades e paisagens nas
quais vivem. O corpo organismo, mas tambm a colorao da pele, o estilo das vestimen-
tas, a casa que habita, a cidade por onde circula, o planeta em que vive. Os corpos tm caras.
Em todas essas instncias a arte o que faz figurar a expresso dos corpos. As produes
visuais, sonoras, hpticas que a arte produz a esse corpo-casa, corpo-cidade, corpo-familiar
e tantos outros corpos que fazem um corpo, mostram as mltiplas maneiras de pensar tais
corpos, os quais, por sua vez, operam como multiplicadores de novos sentidos, figurados ou
no. Nessa direo, importante ver, ler nesses livros, as marcas dos estatutos de corpos em
diferentes pocas e na cultura atual em imagens, textos, udios e proposies encontradas
em cada volume.
30
riqueza, variedades e sincretismos. Ao mesmo tempo, as cidades, a tecnologia e as mdias
contemporneas, incluindo a performance, tambm so apresentadas junto sua aplica-
o e aos seus usos nas artes contemporneas, como o teatro ps-dramtico, a situao, as
intervenes, o rap, o hip hop, o grafite, os quadrinhos, os filmes animados, montagens e
dublagens. Histria da arte e apresentao de mdias histricas, como o rdio e pelculas em
preto e branco, tambm se encontram nos livros. Estes abordam com a mesma importncia
a ilustrao e a pintura de Sales, o repentista e o tenor, o bal russo e as experimentaes
de Trisha Brown, Fezinho Patatyy e as cirandas de roda. Obras de artistas, j amplamente co-
nhecidos, como o renascentista Leonardo da Vinci ou contemporneos, como Anish Kapoor;
coletivos como o grupo Poro ou o do grupo de teatro The Living Theatre; o povo kalapalo,
do Xingu aparecem sem perder referncias eruditas como os sons de uma orquestra; assim
como h referncias de impacto miditico, como o cinema de Hitchcock ou da obra de artis-
tas mulheres como Chiquinha Gonzaga. Estilos musicais e suas danas, a percusso, alfaia,
compasso musical, introduo interpretao de notaes musicais tambm so contem-
plados. As colees tratam de vrios contedos que vo desde a pr-histria at chegar na
arte de rua das grandes metrpoles contemporneas.
Podemos encontrar muitas coisas nas colees: um guerreiro do povo maori, considerado um
dos primeiros habitantes das ilhas da Nova Zelndia; uma xilogravura que retrata a prtica
da tatuagem na cultura japonesa; uma menina yanomami da Amaznia brasileira, para falar
de pinturas, adornos e perfuraes corporais; o Bloco Ilu Ob de Min de So Paulo para falar
de performance; um Encontro de Catira e Viola em Gois para falar de dana popular no Bra-
sil; os hasta mudra numa representao escultrica do Deus Shiva para tratar da coreografia;
a festa do Boi de Mamo de Santa Catarina e o grupo de Bumba Meu Boi de Maranho para
falar de dana; um bailarino/coregrafo com paralisia cerebral para tratar de corpo, diferen-
a e dana; a dupla de artistas cubanos Los carpinteiros para discutir as cidades; os proces-
sos fsico-qumicos que envolvem a fotografia; os dispositivos pticos que deram origem ao
cinema; a imagem de um abrigo emergencial do arquiteto japons Shigeruban para mostrar
construes para vtimas de tragdias; as fotografias Cores Danantes de Fabian Oefner para
se tratar da altura do som; as casas de barro do povo africano nananki; a construo de um
iglu na Ilha Baffin (Canad), fazendo meno ao povo inuit; o projeto Frida de mobilirio ur-
bano para a cidade equatoriana de Quito; o pernambucano Paulo Bruscky com a performan-
ce O que Arte? Para que serve?; obras audiovisuais do gacho Jorge Furtado; a imagem de
uma escultura de Ednaldo Vitalino para introduzir o tema Migraes; o artista acreano Hlio
Melo para tratar da Floresta; as esculturas de madeira de Patrick Puruntatameri (Austrlia);
uma escultura em cermica antiga (500.d.C) para introduzir seo sobre as danas circulares;
uma ilustrao a partir de lenda do povo ticuna; as flores de couro de peixe produzidas no
Mato Grosso do Sul; para tratar das foras da msica africana, o msico nigeriano FelaKuti
em festival de jazz em Berlim; a cerimnia de canto wa em aldeia xavante; Pixinguinha para
explicar o chorinho; Poembiles (1974), dos artistas Augusto de Campos e Julio Plaza; Baden
Powell e msicos de diversas etnias e tribos; a toyart; a instrumentista Helena Meirelles; um
machado de Xang de Rubem Valentim; o conceito de smbolos; slabas grficas do povo
31
baniwa do Rio Negro; samba de roda no Recncavo Baiano; ganz e caxixi; a luta Huka-huka
do kuarup no Alto Xingu; a berlinda de Nossa Senhora de Nazar em Belm do Par; um ri-
tual mascarado do povo dogon; dana chinesa do drago com fogos de artifcio na provncia
de Yunnan, para tratar da luz e da cor nas Artes Visuais; a azulejaria portuguesa colonial em
Salvador. Para tratar da crtica, uma imagem de Jos Abelardo de Barbosa Medeiros, o Cha-
crinha, desmistifica as hierarquias entre culturas aps pontuar diferenas entre historiado-
res, tericos e crticos de arte. Referncias relevantes como as instalaes sonoras e a obra
hbrida de John Cage tambm so contempladas. Relao entre modalidades distintas so
feitas, por exemplo, quando a capa do CD Maritmo, 1997, de Adriana Calcanhotto, e a cano
Parangol Pamplona so apresentados junto aos parangols de Helio Oiticica. Os materiais
do a ver a quebra de fronteiras fixas entre as diversas possibilidades da arte.
Encontramos tambm nos livros referncias ao mundo das produes visuais, sonoras e ani-
madas que povoam o cotidiano de milhares de crianas e jovens brasileiros pelos filmes e
pela televiso. Entre produes televisivas, memes na internet, emoticons e outros elemen-
tos, muitas referncias se constroem. Um exemplo, para pensar a influncia dessas produ-
es, so as histrias em quadrinhos e os desenhos animados, que criaram um universo a
parte, em cujas histrias todas as crianas e adultos esto convidados a entrar. A animao
uma das artes mais recentes em termos de desenvolvimento tcnico. Seus resultados fas-
cinam, especialmente se articulados a narrativas envolventes, arquetpicas, com as quais to-
dos se identificam. Desenhos em histrias e vinhetas animadas fazem parte da cultura global
32
desde o sculo XX, com a entrada da televiso dentro dos lares e com a produo de filmes
longa-metragem de animao. Muitos estudantes dos anos finais do Ensino Fundamental
devem estar familiarizados com personagens de desenhos animados e produtos da inds-
tria do entretenimento a eles relacionados, em especial com os advindos das grandes corpo-
raes estadunidenses. So produes de alta distribuio, que, alm de serem propagadas
por filmes e livros ilustrados e/ou recreativos, fazem-se estampar em produtos dos mais
diversos tipos, tais como roupas, material escolar, copos, guardanapos, pratos descartveis
e artefatos decorativos diversos, entre outros itens, incluindo embalagens de alimentos. Por
suas estratgias mercadolgicas, esses produtos acabam por se constituir como objetos de
desejo e ter grande impacto no gosto, nas crenas e hbitos de jovens e crianas, qui de
muitos adultos. Como criaes conhecidas e que pertencem cultura visual contempornea,
no podem ser ignoradas, especialmente porque constituem referenciais contundentes, os
quais podem ser citados para criar mais conexes entre estudantes e contedos a serem
aprendidos. Entretanto, preciso observar parcimnia no uso destas referncias, sempre
junto a outros produtos de menor impacto miditico, evitando a promoo do consumis-
mo desenfreado que determinados cones abarcam. No cabe ao livro didtico reforar o
consumo do que se consome abusivamente, sendo fundamental trazer outros tipos de refe-
renciais para contrabalanar os cones de grande disseminao. Ao se tratar do universo da
indstria do entretenimento em sala de aula, preciso promover uma apreciao crtica de
seus produtos, contextualizando tais referncias nos contedos especficos de Arte.
33
minado em exposies, intervenes e espetculos, podem ser exemplos interessantes e
instigantes a serem mostrados nas colees.
Concepes e contedos
34
cdigos simples presentes em diversas escritas musicais, incluindo as partituras tradicionais.
Embora os livros privilegiem obras e criaes brasileiras, a Arte tem tambm um saber uni-
versal, sendo que produes de todos os lugares do mundo contribuem em sua aprendiza-
gem. Porm observa-se que os livros didticos no tm um padro quanto a traduzir ou no
diversos ttulos de obras ou manifestaes culturais. Isso acontece porque h termos intra-
duzveis, cuja traduo implica tornar a palavra outra coisa, como o exemplo da palavra io-
rub. De qualquer modo, o cuidado com as tradues, crditos de imagens e dados tcnicos
das obras, trabalhos e manifestaes apresentadas precisa ser observado, pois no cabe, no
contexto de sala de aula, professores e professoras terem que retificar essas informaes.
Novas palavras, em geral conceitos, mas tambm aes ou artefatos especficos, constam
em glossrios ou definies em nota de pgina, acompanhando o texto, seja no Manual do
Professor ou no Livro do Estudante, favorecendo a compreenso de textos, imagens e con-
tedos. O vocabulrio especfico de cada modalidade artstica introduzido ou abordado
junto aos contedos, permitindo que, em cada local do pas, o estudante tenha uma viso do
Brasil em termos e costumes diferentes dos da sua regio e que visualize as tradies que
se repetem em diversos estados, como as comemoraes do Boi, nomeadas e explicadas
guisa de imagens e textos.
Os udios que os Livros do Estudante contm em CD, embora tragam um repertrio variado,
articulado aos temas tratados nas colees e exemplificaes sonoras necessrias ao apren-
dizado da Msica, oferecem menos exemplos que os textos e imagens da obra impressa.
Os Objetos Educacionais Digitais trazem udios; vdeos com documentrios sobre alguns
temas de estudo e a respeito de produes artsticas; vdeos que mostram produes arts-
ticas em diversas modalidades; manifestaes de espetculos cnicos, em Teatro e Dana;
textos e demonstraes tericas sobre questes abordadas pelo livro impresso; mapas con-
ceituais que ajudam a entender a proposta geral de cada livro.
Para o componente curricular Arte, as demais mdias, com seus recursos para reprodues
sonoras e audiovisuais, so to importantes quanto as mdias impressas. No existem ape-
nas para exemplificar contedos presentes nos textos, ainda que o faam, mas como arte a
ser apreciada tal qual imagens ou poemas, no livro impresso. Os CDs podem ser escutados
ininterruptamente e trazem o piano dos sales, a roda de samba, viola, msicas e canes
brasileiras de todos os estilos. A parte sonora complementa a obra impressa, sendo indis-
pensvel para que o livro didtico no seja apenas um repositrio de informaes, mas um
propositor de experincias artsticas.
35
Aprender e ensinar Arte com Livros Didticos
Os exemplos aqui elencados mostram como as colees intencionam abrir as artes diver-
sidade de manifestaes, tanto as tradicionais quanto as contemporneas. A impossibilida-
de de uma listagem de contedos sequenciais, com pr-requisitos para obteno de uma
compreenso aps outra, permite que cada parte de cada um dos livros seja usada em cada
ano que bem aprouver professora e ao professor, e permite, tambm, melhor encadear a
construo de conhecimentos junto aos estudantes. No h uma escala de dificuldades e
complexificao de textos, sendo possvel trabalhar de acordo com a pertinncia dos temas
e no com a sequencialidade dos contedos. Os temas advindos dos movimentos da histria
da arte e outros contextos, no necessariamente prprios da arte, aparecem num encadea-
mento no histrico-cronolgico, alinear, com linhas do tempo provisrias e incompletas, as
quais podem sugerir novas pesquisas e anlise de contextos espao-temporais.
36
saberes advindos de narrativas, tradies e outros elementos que ainda no constam em li-
vros, enriquecendo, a partir dos instrumentos que os livros didticos trazem, as experincias
estticas e poticas prprias da aprendizagem artstica.
Mas como usar essas colees? Como transformar essas colees em aliados para que es-
tudantes, professoras e professores ampliem a sua experincia com e a partir da produo
artstica da humanidade? As colees apresentam textos, sons e imagens, com uma riqueza
de informaes e oportunidades para que a vontade de saber mais sobre arte se realize. Po-
demos pensar essas colees como amplos lbuns de imagens instigantes que no servem
simplesmente para ilustrar contedos ou para tornar os textos mais agradveis aos estu-
dantes. As imagens aqui so tambm o prprio contedo, preciso prestar bem ateno. Se
nem sempre temos a possibilidade e a oportunidade de levar nossos estudantes a museus,
centros e instituies culturais, festividades regionais, espetculos de dana, teatro ou m-
sica, os livros podem faz-los viajar atravs das imagens, instigando-os a querer saber mais e
aguar a sua curiosidade, tornando este saber como algo que tambm faz parte de sua vida.
As experincias provocadas por essas imagens e pela mediao atenta das professoras e dos
professores podem provocar os estudantes a querer viver e a produzir tais experincias em
suas prprias localidades (como produtores e espectadores), desde a regio mais remota
e pequena at as cidades mais populosas do pas. Sendo assim, as imagens dispostas nos
livros se oferecem tambm para leituras e interpretaes variadas, em consonncia e par-
ceria com os textos.
Os livros didticos tambm oferecem textos importantes que ampliam a compreenso a res-
peito dos conhecimentos sobre as diferentes modalidades artsticas. Muitos podem pergun-
tar: arte tem contedo? Tem sim, e este pode ser lido e explorado de diferentes maneiras
por professoras, professores e estudantes. Mas este um contedo especial, que deve ser
vivido, experimentado, saboreado, interpretado, redimensionado a partir das experincias e
conhecimentos de seus leitores. importante pensar que os textos podem funcionar como
hipertextos, que levam os leitores a uma rede de novos textos, sons e imagens, como jane-
las para diferentes apropriaes de conhecimento sobre arte. No h necessidade de seguir
uma ordem linear em que cada captulo, proposio ou conhecimento necessariamente
disposto um aps o outro, como as antigas cartilhas. Professoras e professores podem criar
diferentes roteiros, inventando caminhos de leitura de textos e imagens ao longo dos qua-
tro livros referentes aos anos finais do Ensino Fundamental. O uso dos livros, dessa forma,
no prescinde de um planejamento prvio. Os textos necessitam de uma leitura atenta e
de uma interpretao mediada pela professora e pelo professor. No so textos feitos para
serem copiados ou utilizados como uma matria a ser decorada para testes ou provas que
exijam respostas objetivas. Os textos, aliados s imagens, oferecidos generosa e cuidado-
samente nos livros selecionados, trazem saberes importantes que podem ser ampliados e
reinventados a partir de boas e convidativas aulas de Arte. Os livros podem ser pensados
como bssolas que podem guiar o caminho para o trabalho com o componente curricular
Arte nos anos finais do Ensino Fundamental, mas quem escolhe o melhor roteiro para essa
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viagem so os seus protagonistas: estudantes, professoras e professores nas mais diversas
escolas e contextos culturais desse grande Brasil. Cara professora e caro professor, que tal
comear logo a criar o seu prprio roteiro atravs das colees de Arte?
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RESENHAS
DE ARTE
PROJETO MOSAICO - ARTE
Be Meira
Rafael Presto
Ricardo Elia
Silvia Soter
EDITORA SCIPIONE
1 edio - 2015
0035P17062
Coleo Tipo 1
www.scipione.com.br/pnld2017/projetomosaico/arte
Viso geral
A coleo Projeto Mosaico - Arte prope um trabalho transdisciplinar por meio de quatro ei-
xos temticos: corpo, cidade, planeta e ancestralidade. Cada um desses eixos est articulado
com uma determinada modalidade artstica, estando assim distribudos: 6 ano: o corpo com
a Dana; 7 ano: a cidade com as Artes Visuais e Audiovisuais; 8 ano: o planeta com a M-
sica; e 9 ano: a ancestralidade com o Teatro. As informaes so precisas e cada atividade
ou imagem se conecta s questes que cada proposta de projeto de estudo traz. Cada uma
de suas pginas pode ser usada independentemente, conforme a organizao do projeto. O
nome da coleo expressa o processo pedaggico proposto, estando em consonncia com
os conceitos terico-metodolgicos assumidos, os quais compatibilizam a juno de peque-
nos pedaos ou partes num todo mais amplo e coeso.
Apresenta as contribuies das diferentes culturas e etnias para a formao do povo brasi-
leiro e para a arte contempornea, especialmente as de matrizes indgena, africana e euro-
peia, mostrando as mltiplas realidades das cinco regies brasileiras. Isso se evidencia na
estratgia de abordar temas e modalidades artsticas que, por seu carter, evocam questes
que podem ser problematizadas aos diferentes contextos sociais dos estudantes. A manei-
ra como imagens, textos e atividades se apresentam potencializa uma atitude crtica sobre
as realidades a serem estudadas.
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Descrio
Trata-se de coleo composta por quatro Livros do Estudante, quatro Manuais do Professor
e quatro Manuais do Professor Multimdia, correspondente aos anos finais do Ensino Funda-
mental, 6, 7, 8 e 9 anos. Cada volume impresso possui, em anexo, um CD de udio.
A estrutura de cada livro constituda por Apresentao; Por dentro da obra; Sumrio; Intro-
duo ao volume; Abertura de captulo; Comeando por voc; Painel; Fala o artista; Pensando
com a histria; Hora da troca; Debate; Teoria e tcnica; Atividades; Caderno de projetos; Jeitos
de mudar o mundo; Explore tambm; e Bibliografia. A abertura da seo Comeando por voc
uma linha, na parte superior da pgina, indicando os aspectos metodolgicos que sintetizam
como o assunto ser explorado, apresentando: tema, objeto, conceito, tema transversal, tc-
nica e habilidade. O Painel apresenta um conjunto de obras de lugares e pocas diferentes,
sempre buscando estabelecer conexes entre a obra e o contexto dos estudantes. Fala o
artista uma seo que, por meio do relato de um artista sobre seu trabalho, prope discus-
ses coletivas, contribuindo para aproximaes com o tema. Pensando com a histria evoca
a contextualizao do que est sendo tratado. Em Hora da troca, parte-se de um recorte
do tema convidando o estudante a trazer suas referncias para o trabalho em sala de aula,
valorizando-o como protagonista. Na seo Debate, um conjunto de obras apresentado
para provocar a discusso sobre o tema, e Teoria e tcnica centra-se em tcnicas e conceitos
tericos como preparo para a prtica artstica. Os captulos so finalizados com a seo Ati-
vidades, na qual experimentaes por meio do fazer artstico so propostas junto aos temas
e s obras que foram apresentados.
Cada livro apresenta em sua Abertura conceitos, questes e temas especficos acompanha-
dos de imagens. No Livro do 6 ano, A Arte e o corpo, so apresentados e contextualizados:
Afeto, Beleza, Anatomia, O corpo pensa?, Movimento, Sade, Esporte, Conscincia, Diferena,
O corpo ama?, O som do corpo, Gesto e Morte. No Livro do 7 ano, A arte e a cidade, os temas
apresentados e contextualizados so: Encontro, Mobilidade, Mercado, Poluio, Patrimnio,
Segurana, A cidade fala, Trabalho, Consumo, Uma cidade de lixo?, Festa, Interveno no espa-
o, Pblico e Privado, e Mapa da minha cidade. No Livro do 8 ano, A arte e o planeta, so apre-
sentados e contextualizados: Natureza, Uma chance para a paz, Dinheiro, Diversidade, Clima,
Rede mundial, Migraes, Populao, Uma s voz, Energia, Consumo, gua e O fim do mundo?.
No Livro do 9 ano, Arte e Ancestralidade, so apresentados e contextualizados: Passado
remoto, Tradio, Mito, Ritos, Religies, Identidade, Smbolos, Histria de Famlia, Quem conta
a Histria?, Etnias, Voc sabe brincar?, Lugares sagrados, e Culinria.
Cada Captulo inicia com uma imagem e questes que anunciam o tema a ser explorado.
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do corpo ; Captulo 2: O corpo na arte; Captulo 3: A roupa e a arte; Captulo 4: A Performance;
Captulo 5: Danas populares; Captulo 6: Dana contempornea.
Aps os captulos, encontra-se o Caderno de projetos, que composto por: Projeto 1, que pro-
pe um trabalho interdisciplinar coletivo; Projeto 2, que instrui os estudantes a realizarem
um projeto sobre a modalidade artstica e o tema tratado no volume. Em seguida apresenta-
-se a seo Jeitos de mudar o mundo, que traz exemplos de como a arte pode funcionar como
instrumento de transformao da realidade. Explore tambm a seo reservada para indi-
cao de livros, sites, filmes, documentrios, msicas, peas teatrais, espetculos de dana
e links relacionados aos temas, recomendados aos estudantes, professoras e professores.
A seo Bibliografia est a seguir, apresentando referncias de Artes Visuais e Audiovisuais,
Dana, Msica e Teatro.
O Manual do Professor Multimdia apresenta-se com um design grfico que possibilita fcil
acesso ao contedo. Possui a mesma estrutura do Manual do Professor impresso, possuindo
contedos extras que so acessados atravs do menu e por meio dos cones indicativos nas
pginas.
42
o CD de udio que acompanha o volume. Essa descrio apresenta a relao completa das
faixas do CD de udio, enumerando: as faixas; os captulos e as pginas nos quais as faixas
so sugeridas; o contedo das faixas (ttulo, gnero); as fontes de referncia; e a durao
das faixas. Os CDs de udio do Livro do Estudante e do Manual do Professor apresentam
contedos de Msica presentes nos livros. O CD do 6 ano traz canes da Msica Popular
Brasileira, canes da Era do Rdio, msicas populares folclricas e cirandas, msica popu-
lar de vrias regies brasileiras como caxinguel e maracatu. O CD do 7 ano apresenta o
Rap do real, Legio Urbana, Vitor Ramil, canes de MPB e base de hip-hop instrumental. O
CD do 8 ano, cujo livro enfoca o aprendizado da Msica, apresenta vinte e trs faixas com
amostragens dos seguintes contedos musicais: altura, direo, intensidade e timbre, rit-
mos, pulso, harmonia e melodia, tipos de voz, consonncia e dissonncia, sons da orquestra,
sustenidos e bemis, msica popular africana, msica ritual xavante, msica instrumental da
frica, Baio, exemplos de msica erudita, msica sacra, assim como tambm inclui vrias
canes de Msica Popular Brasileira , como Garota de Ipanema, As rosas no falam, Qui nem
jil, entre outras. O CD do 9 ano apresenta canes de Msica Popular Brasileira, como
Tropiclia, samba de roda, o samba Batuque na cozinha, Fandango e outras msicas tpicas,
como Cururu. A gravao de sons, msicas e canes apresenta boa qualidade sonora na
reproduo.
Anlise da coleo
A coleo Mosaico organiza temas de acordo com cada etapa dos anos finais do Ensino Fun-
damental, seguindo orientao de trabalhos com projetos. Cada um dos livros traz obras de
arte que dialogam com o tema norteador do ano, apresentando contedos especficos de
cada modalidade sem deixar de tratar das demais. Junto aos grandes temas para cada ano
esto articuladas as quatro modalidades da rea de Arte, sendo que cada livro se aprofunda
em uma, sem deixar de tratar das outras. Apresenta artistas, monumentos, movimentos e
outras formas de expresso, de vrios lugares e pocas conjuntamente, unificando os con-
tedos ao articular prticas e conceitos.
43
os pressupostos terico-metodolgicos da coleo que, em sua perspectiva multicultural
transdisciplinar, usa dos eixos temticos para abordar a abrangncia histrico-temporal da
Arte de diversos povos, tempos e lugares. Cada livro apresenta muitas questes que proble-
matizam seu tema norteador e, ao mesmo tempo, convocam o estudante a respond-las.
A superao dos problemas sociais contemporneos trabalhada na seo Jeitos de mudar
o mundo, que envolve as sugestes de projetos em articulao com os textos e imagens de
cada captulo.
Observa-se coerncia entre todos os volumes dos Manuais do Professor Multimdia, os Ma-
nuais do Professor e os Livros do Estudante. O Livro do Estudante apresenta textos, ima-
gens, indicaes de textos, msicas e vdeos e atividades destinadas ao estudante. O Manual
do Professor se constitui de tudo o que h no Livro do Estudante, contando com o acrscimo
de textos indicativos que auxiliam como utilizar o material em aula, ampliando as explica-
es sobre o que consta no Livro do Estudante. Os Manuais do Professor Multimdia esto
articulados com o Livro do Estudante e com o Manual do Professor, apresentando os mes-
mos contedos, sendo complementados com os Objetos Educacionais Digitais, com indica-
es extras de vdeos, breves textos e sites que possibilitam professora e ao professor ter
44
acesso a mais informaes sobre os temas transdisciplinares e modalidades artsticas trata-
das na coleo. Os Manuais do Professor Multimdia contm os mapas conceituais de cada
um dos quatro livros da coleo, de modo que todos possam ser acessados em qualquer um
dos anos, podendo ser explorados como recurso para a abordagem dos contedos e articu-
lados de forma interdisciplinar. Esses mapas trazem trechos em udio de diversos autores
e so acompanhados por um vdeo. No final, um conjunto de referncias se mostra como
Sugestes de leitura para o professor sobre multimdia e contedos educacionais digitais em
geral. Quanto ao uso didtico do Manual do Professor Multimdia, o Manual do Professor,
ao longo do texto impresso, vai pontuando com cones dos links que remetem aos recursos
disponveis no Manual do Professor Multimdia.
Observa-se uma ateno especial na descrio das atividades a serem executadas, desde o
emprego dos materiais e dos procedimentos a serem adotados at as etapas de realizao e
da apreciao dos resultados obtidos. O Manual do Professor tambm apresenta esquemas
e quadros que demonstram como sua concepo terico-metodolgica opera e como a for-
ma de sua estrutura se organiza. Tais quadros e diagramas apontam recursos, possibilidades
e instrumentos para estruturao de projetos de ensino e avaliao da aprendizagem. Os
textos do Manual do Professor orientam na utilizao dos recursos e na conduo de proje-
tos em torno dos temas apresentados, tendo em considerao as dificuldades encontradas
no cotidiano escolar, como a falta de recursos e materiais.
Ao contemplar Artes Audiovisuais e Visuais, Dana, Msica e Teatro, a coleo tem como en-
foque os processos de ensino-aprendizagem prprios do campo de conhecimento da Arte,
estendidos a temticas sociais e culturais mais amplas. Por meio das vrias modalidades
artsticas o estudante provocado a desenvolver novas formas de pensar, interpretar, cons-
truir, formular hipteses e produzir vises de mundo diferenciadas. A estratgia adotada
enfatiza a arte como campo de conhecimento que investe em mediaes interdisciplinares
que, ao ampliar seu raio de ao por conta de seu carter multicultural, possibilita ao estu-
dante estabelecer novas e diferentes relaes entre os processos artsticos e as questes
objetivas relacionadas com seu cotidiano.
45
especificamente na seo Projeto 1, os Temas para o projeto, que sugerem atividades tem-
ticas para a realizao de um projeto interdisciplinar, onde h articulao de conhecimentos
de diferentes componentes curriculares. As atividades, muitas vezes desenvolvidas interdis-
ciplinarmente, possibilitam a amostragem da produo como uma avaliao qualitativa dos
resultados.
Os conceitos apresentados na coleo podem ser vistos na pgina inicial de cada captulo,
em uma linha na parte superior da pgina. Tais conceitos esto relacionados diretamente
aos temas transdisciplinares e s modalidades artsticas. Nessa concepo estrutural, ativi-
dades, textos, imagens, conceitos e contedos digitais esto articulados, em seus respec-
tivos captulos, por meio do tema do livro e dos conceitos temticos junto a uma ou mais
modalidades artsticas.
A coleo apresenta um projeto grfico simples e claro, em consonncia com sua organi-
zao conceitual, assegurando sua legibilidade e compreenso. A coleo apresenta uma
unidade visual que diferencia, por cor, os volumes por ano e resulta numa estrutura coesa
que proporciona equilbrio entre texto principal, ilustraes e textos complementares. Es-
tes se encontram identificados adequadamente e no se confundem com o texto principal,
cumprindo seu papel de ampliar os conhecimentos sobre os respectivos temas. Os recursos
e intervenes grficas so usados com parcimnia e objetividade, no sentido de valorizar a
explorao do material didtico, o que busca facilitar a compreenso, aplicao e avaliao
do processo de ensino-aprendizagem. Faz-se a ressalva de que faltam nos livros algumas
indicaes do nmero das faixas do CD de udio correspondentes aos contedos e alguns
links indicados no funcionam.
Em sala de aula
46
damentais para ampliar a contextualizao alm do que oferecido no Livro do Estudante.
Por exemplo, manifestaes populares tradicionais, como a Congada, so representaes
cnicas que tm uma origem histrica e cultural, de contexto bem demarcado, cuja con-
cepo muito anterior ao conceito contemporneo de performance. O fato de ser uma
manifestao coletiva de reinveno do cotidiano, simplesmente, no a classifica como tal.
Mais apropriado seria considerar que a Congada pode ser compreendida como uma perfor-
mance por apresentar elementos usualmente explorados por essa modalidade artstica con-
tempornea. No entanto, originalmente, a Congada no foi criada conceitualmente como
performance, pois o termo performance, no contexto da arte contempornea, no pode ser
aplicado indistintamente a todo e qualquer tipo de manifestao cnica, embora esta possa,
de alguma forma, usar de elementos que so prprios da modalidade artstica Performance,
cujas especificidades e hibridismos so de extrema importncia no aprendizado da Arte.
Assim, como neste caso, um aprofundamento sobre assuntos que possam vir a ter maior
significado em sala de aula pode ser requerido ao longo do desenvolvimento de um projeto.
Vrias atividades prticas propostas na coleo contribuem para uma iniciao tcnica no
universo das modalidades artsticas. Porm muitas tcnicas das Artes Visuais exigem uma
aplicao que requer repetio e, devido a sua complexidade em relao a tcnicas, mdias,
suportes e gestos, pouco conseguem ser aprendidas dentro da escola. Observa-se que as
propostas em que o estudante levado a experimentar o contato com as tcnicas conven-
cionais do desenho e da pintura so escassas. Deste modo, no caso de a professora ou o
professor se deparar com interesse por esse tipo de atividade por parte dos estudantes,
necessrio buscar propostas que no sejam as enunciadas pela coleo. O mesmo pode ser
observado em relao Msica, no caso de surgir interesse dos estudantes em conhecerem
ou aprenderem a notao musical. Ser preciso buscar partituras, pois a coleo apresenta
apenas uma partitura, a ttulo de demonstrao.
47
POR TODA PARTE
Bruno Fischer
Carlos Kater
Pascoal Ferrari
Solange Utuari
FTD
1 edio - 2015
0088P17062
Coleo Tipo 2
www.ftd.com.br/pnld2017/portodaparte
Viso geral
A coleo Por toda parte prope um trabalho interdisciplinar entre as Artes Audiovisuais e
Visuais, Dana, Msica e Teatro, oferecendo referncias bastante diversificadas, especial-
mente em manifestaes regionais com ateno aos aspectos multiculturais e sincrticos
do povo brasileiro. Cada livro da coleo se organiza com trs unidades com temas distintos,
divididas em dois captulos cada. Cada captulo subdividido em trs temas e sees vari-
veis. possvel que as unidades sejam trabalhadas na ordem que melhor convier, porm
h articulao nas referncias encontradas dentro de cada unidade, embora no existam
contedos sequenciais. O nome Por toda parte j diz da fragmentao encadeada que as
diversas concepes metodolgicas adotadas pela coleo provoca.
48
Descrio
Trata-se de coleo composta por quatro Livros do Estudante e quatro Manuais do Profes-
sor, correspondente aos anos finais do Ensino Fundamental, 6, 7, 8 e 9 anos. Cada volu-
me impresso possui, em anexo, um CD de udio.
A estrutura de cada livro constituda por Apresentao, Caro aluno, conhea o seu livro
de estudo da Arte!, Sumrio, Unidade 1, Unidade 2, Unidade 3 e Pginas finais. Inicia com um
mapeamento dos tpicos, intitulado Caro aluno, conhea o seu livro de estudo da Arte!, que
apresenta ao estudante a organizao e o que tem em cada tpico do livro. Na Apresentao
h um texto em tom de conversa com o estudante, convidando-o a estudar Arte. No Sumrio
apresentada a estrutura do livro, que se compe de unidades, captulos e temas e a seo
Misturando tudo, a qual, ao final de cada captulo, traz questes especficas de cada modali-
dade em relao aos temas, obras e atividades apresentados. Ao final do livro, h as sees
Ampliando e Referncias. Em Ampliando apresentado o ndice remissivo com uma lista de
palavras e assuntos que foram tratados ao longo do livro; em Referncias so apresentadas
as referncias bibliogrficas utilizadas na elaborao do Livro do Estudante. Ao final das Uni-
dades temos os seguintes tpicos: Expedio cultural; Dirio de artista; seo Conexo arte,
onde h sugestes de sites, livros, msicas, filmes, animaes e documentrios e, por fim,
uma linha de tempo sucinta referente aos tpicos tratados em cada unidade.
Cada Livro do Estudante dividido em trs unidades, com dois captulos em cada Unidade;
cada Captulo tem dois ou trs temas, assim organizados:
Livro do Estudante do 6 ano: Unidade 1 - Arte: cada um tem a sua - Captulo 1: #Arte, Captu-
lo 2: O lugar da arte e Linha do Tempo A pintura em grandes dimenses; Unidade 2 - Razes
- Captulo 1: A floresta, Captulo 2: A caravela e Linha do Tempo: A imagem da pessoa indge-
na: pelo prprio olhar e pelo olhar do outro; Unidade 3 - Povos arteiros - Captulo 1: Sementes,
Captulo 2: O reino e Linha do Tempo Afrodescendentes: arte e sua cultura.
49
Imagem fixa e em movimento e Linha do Tempo Fotografia: registros marcantes de arte e his-
tria; Unidade 3 - Tecnologia, corpo e voz - Captulo 1: Batucadas e batidas, Captulo 2: Olho e
voz e Linha do Tempo Animao: da Pr-Histria contemporaneidade (das paredes s telas).
50
Anlise da obra
A coleo Por toda parte procura oferecer possibilidades de fruio, contextualizao, ex-
presso e criao artstica atravs da diversidade de referncias apresentadas em suas
unidades. Cada unidade tende a privilegiar uma das modalidades artsticas, distinguindo e
articulando diferentes modalidades artsticas entre si. Ao no privilegiar uma modalidade
artstica mais do que outra em seu conjunto, respeita a especificidade de cada modalidade
de forma interdisciplinar e em dilogo com contedos advindos de outros componentes cur-
riculares. A coleo inclui vocabulrio tcnico especfico das modalidades artsticas e os con-
tedos so contextualizados em exerccios, atividades, ilustraes ou imagens. A proposta
que atravessa toda coleo a escrita e confeco de um Dirio de Bordo, cuja elaborao se
enuncia na seo Expedio cultural.
51
um ndice do que ser estudado nos quatro volumes e, em outro quadro, so apresentados
os perodos musicais e estilos, com datas e referncia de localizao da histria humana.
52
Em sala de aula
Para trabalhar com a coleo Por toda parte, necessrio fazer as devidas relaes entre
temas, modalidades e referncias que os livros apresentam, a fim de desenvolver o trabalho
com projetos sugerido no Manual do Professor. A construo de um projeto no est enun-
ciada no Livro do Estudante, cabendo professora e ao professor desenvolver as articula-
es metodolgicas. Como os ttulos de Unidades e Captulos no so descritivos e, muitas
vezes, no indicam claramente os contedos tratados, fundamental se familiarizar com a
coleo antes de se elaborar projetos e planejar aulas.
H vrios textos extensos que, especialmente para o sexto ano, possvel que requeiram a
mediao docente para seu pleno aproveitamento. Em algumas sees, h sobreposio de
informaes, como, por exemplo, um conceito ser apresentado e, logo aps, em um novo
pargrafo, se referir a uma imagem que no trata diretamente do conceito introduzido,
cabendo s professoras e aos professores buscar as possveis relaes. Sugere-se que as
professoras e os professores procurem uma fundamentao terica, que no se encontra
suficientemente explicitada nos muitos textos do Manual do Professor, para poderem expli-
car em sala de aula a concepo de que a arte linguagem, adotada pela coleo. Nos Livros
do Estudante, o termo "linguagem" aparece, no apenas para se referir s modalidades ar-
tsticas, mas para designar imagens, gestos e tudo o mais que se apresenta como contedo,
podendo ser, inclusive, tomado como razo das coisas e significado para o mundo, esse tam-
bm tratado como linguagem dentro da coleo. Ao introduzir, no livro do stimo ano, clas-
sificaes de linguagem, e operar com um determinado conceito, explicando que a ideia
apenas uma metfora, corre-se o risco das contextualizaes, fruies e prticas pertinentes
aprendizagem da Arte subsumirem-se em abstraes. Para tanto, cabe professora ou ao
professor mediar as passagens nas quais a coleo enuncia questes de mbito filosfico no
Livro do Estudante, procurando tornar os conceitos apresentados prximos a experincias
concretas e mais propcios ao aprendizado das modalidades artsticas.
A teoria da cor um dos contedos bsicos das Artes Visuais. Como teoria est tambm im-
plicada nas modalidades cnicas da arte, em especial na fotografia de cena e de iluminao.
um contedo interdisciplinar com a cincia, sendo a cor luz contedo tambm de Fsica e a
cor pigmento, tambm, da Qumica. A teoria da cor, em seu princpio, refere-se s cores-luz e
53
s cores-pigmento. Um princpio bsico que as cores-luz primrias so cores-pigmento se-
cundrias e vice-versa, ou seja, as cores-pigmento primrias so cores-luz secundrias. Cores
primrias so as que se encontram em estado puro, ou seja, no podem ser obtidas pela mis-
tura de outras cores. As cores-pigmento primrias so ciano, amarelo e magenta. Por se tra-
tar de materialidade ttil, so encontradas em estado puro na natureza. As cores-luz prim-
rias so violeta, vermelho e verde. Por se tratar de ondas fsicas, so detectadas pela viso a
partir da decomposio da luz. Assim, as cores-pigmento secundrias so violeta, vermelho
e verde. O violeta a mistura do magenta com o ciano; o vermelho a mistura do magenta
com o amarelo; o verde a mistura do amarelo com o ciano. As cores-luz secundrias so
magenta, ciano e amarelo. O magenta a mistura do violeta com o vermelho; o amarelo a
mistura do verde com o vermelho; o ciano a mistura do violeta com o verde. Encontramos
cor-pigmento em tecidos, objetos, impresses de imagens, pinturas etc. Neste caso, o que
se v a cor refletida pelos materiais. So exemplos de cor-luz a tela da televiso, tela do
computador, as lmpadas de iluminao etc. Neste caso, o que se v a cor emitida pela luz.
Como quanto a todo elemento isolado, o aprendizado da teoria da cor mais eficaz quando
experimentado concretamente, atravs de misturas e projees e ao olhar obras nas quais
as cores podem ser analisadas quanto a seus valores, contrastes, gradaes e nas relaes
entre si. Para uma aprendizagem eficaz necessrio que as professoras e os professores
busquem modelos de crculos cromticos com as cores corretas dentro de referncias da
Arte. Sugere-se evitar as convenes utilizadas pelos sistemas de impresso grfica, que so
voltados a usos tcnicos e industriais, com nomenclaturas em ingls.
A maior parte das tradues de ttulos de obras segue o padro de como tal obra ou produto
exibido, sendo que, em casos muito clebres, o ttulo permanece no idioma original. Po-
rm, na coleo, foram observados casos em que o nome presente no livro no condiz com
as tradues da literatura em torno de obras de arte e o nome traduzido pelas distribuido-
ras, no caso de ttulos de filmes e, com menos ocorrncia, pelas editoras, no caso de livros de
fico. Isso acontece em indicaes e em legendas de imagens, sendo recomendado, no caso
do exemplo se tornar significativo no desenvolvimento das aulas, que estudantes, professo-
ras e professores procurem as diversificadas nomeaes que tal obra ou produo possui.
54
FICHA DE AVALIAO
As incidncias que pudessem ferir aspectos ticos e legais, conforme determinado pelo Edi-
tal PNLD 2017, foram listadas e analisadas em suas ocorrncias e contextos, de acordo com
o prescrito na legislao. Foram analisados os aspectos ticos e sociais, a conexo entre as
concepes terico-metodolgicas afirmadas no Manual do Professor e os aspectos peda-
ggicos do Livro do Estudante os quais envolvem a organizao geral da coleo, a relao
entre a matria a ser aprendida, as atividades e a escolha de textos, msicas, sons e ima-
gens. O Manual do Professor foi avaliado no pela concepo adotada, mas pela coerncia
entre as teorias que afirma seguir e o que se apresenta na proposta geral da coleo, ou
seja, contedos, atividades, aspectos visuais e sonoros efetivados nos livros. As correes
conceituais foram apontadas caso a caso, sendo diferenciadas das falhas pontuais, listadas e
organizadas em quadros. A materialidade dos livros, em sua apresentao grfica e plstica,
tambm considerada um elemento de extrema importncia para a aprendizagem, sendo,
portanto, avaliada sob vrios aspectos. A sequncia de cada tpico avaliado observou os
critrios do Edital PNLD 2017.
A funo principal deste instrumento foi reunir os requisitos que permitissem uma avaliao
fundamentada e de qualidade, atendendo aos critrios exigidos pelo Edital PNLD 2017, sub-
sidiando tambm a discusso a respeito das propostas apresentadas e visando contribuir
para futuras proposies neste campo.
55
I) DESCRIO GLOBAL DA OBRA (Apresentao sumria dos livros que consti-
tuem a obra didtica).
LEIS OBSERVADAS
1 Constituio da Repblica Federativa do Brasil.
Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional, com as respectivas alteraes introduzidas pelas
Leis n 10.639/2003 e n 11.645/2008 (que tratam da obrigatoriedade da incluso da temtica
2
Histria e Cultura Afro-Brasileira e Indgena na educao bsica), e Lei n 11.525/2007 (que trata dos
direitos das crianas e adolescentes no ensino fundamental).
3 Estatuto da Criana e do Adolescente.
4 Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 anos (CNE/CEB 7-2010 ).
Parecer Conselho Nacional de Educao CEB n 15, de 04/07/2000 sobre uso de imagens comerciais
5
nos Livros Didticos.
6 LEI N 11.769, de 18 de agosto de 2008, sobre obrigatoriedade do ensino de Msica.
Parecer Conselho Nacional de Educao CNE/CP n 03, de 10/03/2004 sobre as relaes tnico-
7
raciais e o ensino de Histria e Cultura Afro-Brasileira e Africana.
Parecer Conselho Nacional de Educao CNE/CP n 03, de 10/03/2004 sobre as relaes tnico-
8
raciais e o ensino de Histria e Cultura Afro-Brasileira e Africana.
Resoluo Conselho Nacional de Educao CNE/CP n 01 de 17/06/2004 sobre as relaes tnico-
9
raciais e o ensino de Histria e Cultura Afro-Brasileira e Africana.
56
LEI N 11.645, DE 10 MARO DE 2008. O art. 26-A da Lei n 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa
a vigorar com a seguinte redao:
Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino mdio, pblicos e priva-
dos, torna-se obrigatrio o estudo da Histria e da Cultura Afro-brasileira e Indgena.
1o O contedo programtico a que se refere este artigo incluir diversos aspectos da histria
10
e da cultura que caracterizam a formao da populao brasileira, a partir desses dois grupos
tnicos, tais como o estudo da Histria da frica e dos africanos, a luta dos negros e dos povos
indgenas no Brasil, a cultura negra e indgena brasileira e o negro e o ndio na formao da
sociedade nacional, resgatando as suas contribuies nas reas social, econmica e poltica, per-
tinentes Histria do Brasil.
57
Promove positivamente a cultura afro-brasileira e a dos povos indgenas brasileiros, dando
visibilidade aos seus valores, tradies, organizaes e saberes scio e cientficos, alm de
3
considerar seus direitos e sua participao em diferentes processos histricos que marcam a
formao cultural brasileira?
58
No Manual do Professor, so apresentadas orientaes sobre o modo de utilizao adequada do
5 Livro do Estudante, inclusive no que se refere s estratgias e aos recursos de ensino a serem
empregados?
O Manual do Professor impresso contm sugesto de leituras que favoream a formao e a
6
atualizao do professor?
7 No Manual do Professor, h incentivo reflexo sobre a prtica docente por parte do professor?
No Manual do Professor, so apresentados textos de aprofundamento e propostas de atividades
8
complementares s do Livro do Estudante?
No Manual do Professor so dadas orientaes quanto ao uso didtico do Manual do Professor
9
Multimdia?
O Manual do Professor apresenta discusso especfica a respeito dos anos finais do Ensino
10 Fundamental, coerente com a legislao, as diretrizes e as normas oficiais referentes ao ensino de
Arte?
O Manual do Professor contm orientaes que auxiliem o trabalho com as imagens, partituras e
11
outros veculos especficos que constam no Livro do Estudante?
O Manual do Professor indica as possibilidades de trabalho interdisciplinar na escola, oferecendo
12 bibliografia, orientao terico-metodolgica e formas de articulao dos contedos do(s) Livro(s)
do Estudante com outros componentes curriculares e outras reas do conhecimento?
O Manual do Professor oferece propostas de atividades individuais ou em grupo que propiciem a
13
compreenso das modalidades artsticas?
O Manual do Professor sugere bibliografia pertinente e atualizada no campo da Arte e do ensino de
14
Arte e/ou outras referncias que contribuam para a formao do professor?
59
3 O texto principal est escrito em preto?
4 Os ttulos e subttulos esto claramente hierarquizados?
Apresenta referncias bibliogrficas especializadas, considerando a diversidade de manifestaes
5
artsticas abordadas?
6 Apresenta ndice remissivo?
7 Apresenta indicao de leituras complementares?
8 O sumrio reflete claramente a estrutura da obra e permite o rpido acesso s informaes?
9 A impresso no prejudica a legibilidade no verso da pgina?
10 As ilustraes apresentadas so adequadas s finalidades para as quais foram elaboradas?
As ilustraes retratam a diversidade tnica da populao brasileira, a pluralidade social e cultural
13
do pas?
Caso possua ilustraes, apresenta os respectivos crditos e clara identificao dos locais onde
14
esto os acervos aos quais pertence a imagem?
15 Caso possua grficos e tabelas, apresenta os respectivos ttulos, fontes e datas?
Caso possua mapas ou imagens similares, apresenta as respectivas legendas em conformidade com
16
as convenes cartogrficas?
O projeto grfico proporciona equilbrio entre texto principal, ilustraes, textos complementares
17 e as demais intervenes grficas, permitindo o uso do material didtico visando compreenso,
aplicao e avaliao da aprendizagem?
Os textos complementares esto identificados adequadamente, evitando sua confuso com o texto
18
principal?
60
Os OEDs contribuem para a construo da cidadania e para o convvio social republicano,
10
considerando todos os critrios de avaliao contidos no Bloco A desta ficha?
O Manual do Professor Multimdia e os OEDs esto isentos de contedos inadequados e de qualquer
11
tipo de propaganda?
Os OEDs contribuem para a apropriao dos conhecimentos e para a compreenso de conceitos
12
artsticos?
13 Os OEDs veiculam informaes e representaes corretas, contextualizadas e atualizadas?
Os OEDs apresentam crditos, fontes e demais referncias, de acordo com as normas especificadas
14
para a Coleo impressa?
15 No Manual do Professor Multimdia h ndice de Referncia dos OEDs?
No Manual do Professor Multimdia o acesso aos OEDs pode ser feito igualmente, tanto pelo ndice
16
de Referncia quanto por meio de cones?
17 Os OEDs so facilmente identificveis nos livros Impressos por meio de cone especfico?
14 Nos OEDs do tipo vdeo, h legenda?
61
3 Os itens que atende plenamente.
62
REFERNCIAS
BRASIL. MEC. Parecer CNE/CP n 003, de 10 de maro de 2004. Trata das Diretrizes
Curriculares Nacionais para a Educao das Relaes tnico-Raciais e para o Ensino de
Histria e Cultura Afro-Brasileira e Africana.
BRASIL. MEC. Parecer CNE/CP n 14, de 06 de junho de 2012. Trata das Diretrizes
Curriculares Nacionais para a Educao Ambiental.
BRASIL. MEC. Portaria Normativa n 21, de 28 de agosto de 2013. Dispe sobre a incluso
da educao para as relaes tnico-raciais, do ensino de Histria e Cultura Afro-Brasileira e
Africana, promoo da igualdade racial e enfrentamento ao racismo nos programas e aes
do Ministrio da Educao, e d outras providncias.
63
BRASIL. MEC. Resoluo n 2, de 15 de junho de 2012. Trata das Diretrizes Curriculares
Nacionais para a Educao Ambiental.
64