Ttulo: O LIVRO DE ESTER

Autor: WILLIAM KELLY

Traduo: MRIO PERSONA
Reviso: LUIZ A. P. AMALFI

Ttulo original: LECTURE ON THE BOOK OF ESTHER

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O que respondi:
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ndice
INTRODUO....................................................................................................................................4
PRIMEIRO CAPTULO......................................................................................................................5
SEGUNDO CAPTULO......................................................................................................................7
TERCEIRO CAPTULO......................................................................................................................9
QUARTO CAPTULO.......................................................................................................................10
QUINTO CAPTULO........................................................................................................................12
SEXTO CAPTULO...........................................................................................................................13
STIMO CAPTULO........................................................................................................................14
OITAVO CAPTULO.........................................................................................................................15
NONO CAPTULO............................................................................................................................16
DCIMO CAPTULO........................................................................................................................17
 LIVRO DE ESTER

INTRODUO

O livro de Ester uma das poucas pores das Escrituras que nos chamam a ateno
pela ausncia do nome de Deus. Isto tem, com frequncia, surpreendido a muitos: os
prprios judeus no eram capazes de compreender o por qu, e h hoje muitos cristos
que no diferem muito deles. E isto chegou ao ponto de se ter tornado um hbito para
alguns, especialmente nestes ltimos tempos, tratarem o livro de Ester com uma certa
medida de descrdito, como se a ausncia do nome do Senhor fosse algo suspeito

como se o livro no fosse de Deus pelo fato de o nome de Deus no ser encontrado
nele. Espero mostrar que o fato do nome de Deus no ser encontrado faz parte da
excelncia do livro, pois h ocasies em que Deus encobre Sua glria. No h ocasio
em que Ele no opere, mas Ele nem sempre permite que Seu nome seja escutado, ou
que Seus caminhos sejam vistos. Quero mostrar que precisamente este o carter que o
livro exigia que o nome de Deus no fosse encontrado ali. Por conseguinte, ao invs
de despertar uma discusso quanto participao de Ester no volume sagrado, isto ir
mostrar a perfeio dos caminhos de Deus, at mesmo neste fato to excepcional que a
ausncia de Seu nome em todo um livro.

Devemos entender, ento, o que Deus tem em vista. E a resposta esta: Ele est falando
aqui de Seu povo na antiguidade, vivendo em circunstncias tais que Ele no poderia ter
o Seu nome associado a eles, uma vez que ocupavam uma posio completamente
irregular. Na verdade, no livro de Ester eles no ocupam posio alguma. No
poderamos dizer o mesmo acerca daqueles judeus que saram de Babilnia aproveitando
a permisso que lhes havia dado Ciro, o Persa, em cumprimento ao que fora predito pelos
profetas. verdade que, mesmo no que diz respeito quele remanescente, Deus no os
chama de meu povo. Ao permitir que Nabucodonosor devastasse a terra da casa de
Davi e das tribos que haviam continuado fiis sua aliana, Deus tirou deles, por um
breve perodo, o ttulo que tinham, e aquele ttulo ainda no lhes foi devolvido. Est, no
entanto, bem guardado. Ele tem a inteno de restaur-los terra de sua herana; mas o
ttulo de posse encontra-se, momentaneamente, desaparecido. No est perdido, mas
reservado; guardado em segredo, para eles, pelo prprio Deus. Quando chegar o dia de
Israel ser levado de volta sua terra, Deus ir gradualmente introduzi-los na posio e no
relacionamento que lhes so prprios, e ento viro os dias de cu sobre a terra.

Mas isto estava longe de acontecer, mesmo com o remanescente que voltou a Jerusalm.
L, como sabemos, o livro de Esdras os mostra juntos, com a ateno voltada para o altar
de Deus, e construindo Sua casa; e o Livro de Neemias os apresenta assinalando sua
posio distinta. Muito embora tivessem perdido seu ttulo, ainda assim eles no haviam
perdido o seu Deus. Se Deus no os chamava de Seu povo, eles, ao menos, O
chamavam de seu Deus. A f se agarrava naquilo que Deus era para eles, mesmo
quando Deus no podia cham-los de Sua possesso. Portanto, eles realmente
construram os muros da Jerusalm para que o povo de Deus pudesse ter, ainda que em
fraqueza, o sentimento de sua separao para Deus. Isso caracterizou todos os aspectos
da vida deles. Enquanto Esdras enfoca a vida religiosa, Neemias trata da vida do povo
integralmente consagrada a Jeov.

Porm o Livro de Ester traz tona uma viso bem diferente. O que aconteceu aos judeus
que no subiram a Jerusalm? O que aconteceu queles que estavam surdos
permisso, ou no deram valor liberdade para subirem terra onde Deus tinha posto os
Seus olhos, e onde Ele ainda deseja exaltar o Seu nome Seu Filho o Messias bem
como o povo da Sua escolha, que ainda est para ser manifestadamente reconhecido por
Ele? O Livro de Ester a resposta a esta pergunta, e nos mostra que quando Deus no
podia reconhec-los de nenhuma maneira e no lugar onde eles igualmente no O
estivessem reconhecendo publicamente , quando no havia nenhum sinal da parte de
Deus, nem da parte do povo onde o nome de Deus, portanto, encontrava-se ento
inteiramente envolto em segredo, no sendo mencionado uma nica vez sequer atravs
de todo o livro ainda onde exista isso tudo, pode-se ver a mo e a obra de Deus agindo
secretamente a favor de Seu povo, mesmo nas condies mais irregulares em que
pudessem se encontrar. Esta a natureza do livro, e isto, creio, a soluo para a
dificuldade quanto ao fato de o nome de Deus no ser mencionado ali. Iremos ver farta
confirmao do que estou mencionando, quando olharmos mais adiante neste livro.
Apenas dou, at aqui, uma pequena amostra de seu carter a fim de podermos dar a ele
a maior ateno, medida que os vrios incidentes vo se desenrolando diante de ns.

PRIMEIRO CAPTULO

Mergulhamos, de relance, em uma extraordinria festa promovida pelo rei Assuero, o

qual, eu presumo, seja aquele que conhecido na histria secular como Xerxes. No
assunto de grande importncia se foi Xerxes ou Artaxerxes, ou mesmo algum outro que
tenha sido sugerido como a soluo para esta questo. Devemos nos lembrar que o ttulo
de Assuero era um ttulo genrico, assim como era Fara no Egito, e Abimeleque entre os
Filisteus; isto , havia muitos Faras e muitos Abimeleques. Assim tambm entre os
persas houve muitos que levaram o nome de Assuero. De qual Assuero se trata uma
dvida, mas trata-se de assunto sem importncia; se fosse importante, Deus no-lo teria
dito. No entanto, eu presumo que era realmente Xerxes, em parte por causa do carter do
homem um homem de prdigos recursos, ilimitada riqueza, imensa luxria e vaidade
um homem, tambm, da mais extrema arbitrariedade e caprichos de carter.

Iremos ver isto em sua conduta para com sua esposa e tambm para com o povo judeu.
Veremos, igualmente, a histria de uma extraordinria faceta do reino deste caprichoso
monarca; pois se houve um nico rei persa do qual se possa dizer que tratou com dureza
o povo judeu, esse rei foi Xerxes. Dario foi um grande admirador de Ciro e,
consequentemente, um grande amigo dos judeus. Xerxes no era amigo de ningum
alm de si mesmo. Ele era simplesmente um homem que viveu para agradar a si prprio
para gratificar os seus desejos e paixes em conformidade com os abundantes meios
que a providncia de Deus colocou em suas mos, mas que ele desperdiou em sua
prpria luxria, como, oh!, faz a maioria dos homens.

Bem, ele nos mostrado aqui naquela poca do imprio persa quando este era
constitudo, no de 120 provncias apenas, como era o caso quando Dario, o Medo, e
Ciro, o Persa, reinaram. Encontramos, no livro de Daniel, que havia sete provncias que
foram mais tardes anexadas por meio de conquistas. Xerxes reinou em uma poca,
portanto, quando o imprio persa estava no auge de sua glria e de seus recursos, e ele
tinha toda a pompa e esplendor do imprio ao redor de si todos os prncipes e strapas
de seu vasto imprio.

sob tais circunstncias que ele chama por Vasti, a qual se recusa a vir. Isso foi uma
provocao para aquele monarca arbitrrio e cheio de caprichos. Vasti havia
desobedecido ao rei. Ela se recusou, fazendo jus ao desejo de recato que caracterizava
as mulheres persas. Ela se recusou a cumprir os desejos do rei. Ele desejava apresentar
sua formosura a todo o mundo e ela se recusou. Como consequncia o rei buscou
aconselhamento com seus nobres, e um deles arriscou-se a dar um conselho de srias
consequncias, a saber, a demisso de Vasti. Este , na verdade, o primeiro grande
passo na providncia de Deus que colocado diante de ns neste livro, e dele decorrem
todos os extraordinrios desdobramentos. Isto, por si s, j de grande interesse, mas h
ainda mais.

O livro no apenas um livro da providncia da secreta providncia de Deus

quando Ele no podia associar o Seu nome em prol de Seu povo dos judeus em sua
condio pobre e dispersa no meio dos gentios; mas, indo mais alm, trata-se de um tipo,
ou figura, dos grandes atos de Deus que ainda esto para acontecer, pois qual o
assunto principal com que o livro aberto? Este: a eminente esposa gentia do grande rei
dispensada, e uma judia ocupa o seu lugar. No posso duvidar de que trata-se do que
ir acontecer aps o gentio haver demonstrado ser desobediente, e ter falhado em exibir
a beleza que deveria ser o testemunho de Deus diante do mundo. Em resumo, o que
est acontecendo agora, isto , nesta poca atual, quando o gentio que ocupa, sobre a
terra, uma certa posio diante de Deus.

Como se sabe, o judeu no agora o testemunho de Deus, e sim o gentio. Mas o gentio
falhou completamente. De acordo com a linguagem usada em Romanos 11, os ramos da
oliveira selvagem o gentio sero quebrados, e o judeu ser novamente enxertado
nela. Bem, Vasti a esposa gentia que colocada de lado por sua desobedincia e por
haver falhado em exibir sua beleza diante do mundo. E era isto que a cristandade deveria
ter feito. O gentio, volto a dizer, ser quebrado e dispensado, e o judeu ser trazido
cena. Isto representado pelo chamado de Ester. Ela torna-se o objeto das afeies do
grande rei, e Vasti descartada para nunca mais ser restaurada. Mas eu fao este
comentrio meramente para mostrar a conexo que tem este livro, na forma de tipo ou
figura, com o grande curso dos conselhos de Deus nas Escrituras.

SEGUNDO CAPTULO

Volto agora a expor um pouco dos fatos que so alinhados no livro como o grande
desenvolvimento da secreta providncia, quando o nome de Deus no pode ser usado.
Deus pode trabalhar quando Ele no pode proclamar-Se a Si mesmo, e isto
extraordinariamente ilustrado no fato de que quando a ordem saiu para que as jovens
virgens fossem procuradas para o rei, para que ele pudesse escolher, encontramos, entre
elas, aquela de que fala esta poro: Havia ento um homem judeu na fortaleza de Sus,
cujo nome era Mardoqueu, filho de Jair, filho de Simei, filho de Quis, homem benjamita,
que fora transportado de Jerusalm, com os cativos que foram levados com Jeconias, rei
de Jud, o qual transportara Nabucodonosor, rei de Babilnia. Este criara a Hadassa (que
Ester, filha do seu tio), porque no tinha pai nem me; e era moa bela de parecer, e
formosa vista; e, morrendo seu pai e sua me, Mardoqueu a tomara por filha. Sucedeu
pois que, divulgando-se o mandado do rei e a sua lei, e ajuntando-se muitas moas na
fortaleza de Sus, debaixo da mo de Hegai, tambm levaram Ester casa do rei,
debaixo da mo de Hegai, guarda das mulheres. E a moa pareceu formosa aos seus
olhos, e alcanou graa perante ele; pelo que se apressou a dar-lhe os seus enfeites, e os
seus alimentos, como tambm em lhe dar sete moas de respeito da casa do rei; e a fez
passar com as suas moas ao melhor lugar da casa das mulheres (vv. 5-9).

E, resumindo, depois das vrias virgens se apresentarem, ao chegar a vez de Ester, esta
no apenas achou favor aos olhos do guarda das mulheres mas, ainda mais, aos olhos do
rei. Assim foi levada Ester ao rei Assuero, sua casa real, no dcimo ms, que o ms
de <MI>Tebete<D>, no stimo ano do seu reinado (v. 16). A propsito, devo observar que
a extraordinria confirmao do fato de que essas operaes de Assuero pertenam ao
perodo de Xerxes que foi no terceiro ano do reino de Xerxes, como nos diz a Histria,
que ele promoveu um grande conclio de todos os grandes personagens de seu imprio.
O objetivo poltico era o de tentar conquistar a Grcia, e ele retornou no stimo ano de
seu reinado as mesmas datas que so mencionadas neste livro de Ester. Durante o
tempo que ficou longe de seu pas, ocupou-se no vo esforo que terminou na completa
destruio da esquadra persa, e na derrota de seus exrcitos pelo poder
comparativamente pequeno dos gregos. Mas, seja como for, fao a observao aqui
meramente para mostrar a maneira maravilhosa com que a providncia de Deus preserva
at mesmo as datas, e o modo como os fatos se encaixam. Isto, no entanto, um
pequeno detalhe, pois o grande assunto este: que a judia foi a preferida entre as outras.
A judia aquela que ser, s ela, na terra, a esposa do grande Rei. Sabemos o que
significa o grande Rei. Suponho que todos estejam cientes de que grande Rei era o
ttulo especial dado ao monarca persa. Agora as Escrituras usam a expresso grande
Rei referindo-se ao Senhor. No tenho como duvidar, portanto, que exista a inteno de
se referir a Ele por meio desta figura.

Ester torna-se, ento, a esposa a rainha do grande rei depois que a gentia foi
dispensada por causa de sua desobedincia, e o rei faz, em seguida, uma grande festa.
Como sabemos, ele envia um convite s provncias. Quando o judeu for introduzido no
favor de Deus, ser como lev-lo da morte para a vida, no importa qual seja a
misericrdia de Deus hoje, a qual da maior riqueza; mas, no que concerne terra, essa
misericrdia totalmente desperdiada pelo mundanismo, pelo egosmo e pela vaidade.
Todas essas coisas tm destrudo o carter do Reino de Deus naquilo que diz respeito ao
seu testemunho sobre a terra. Sem dvida Deus cumpre Seu propsito celestial, mas isso
nada tem a ver com este livro. A figura das coisas celestiais no encontrada aqui. Trata-
se apenas da terra e do aspecto terrenal da cristandade, que colocada de lado,
entrando, ento, em cena o judeu. Ester torna-se a esposa permanente do Rei.

Nos dito aqui, no final do segundo captulo, que no apenas Mardoqueu senta-se ao
porto do Rei, mas que ele se torna em um meio de tornar conhecido ao grande rei um
atentado para tirar sua vida. Dois dos guardas do rei, que guardavam a porta, planejavam
pr as mos no grande rei, mas o plano foi descoberto. Foi feito um inqurito e ambos
foram enforcados. Ns bem sabemos que todo ofensor, no dia vindouro, ser descoberto
e tratado imediatamente. No haver mais a incerteza da lei. Naquele dia reinar um Rei
com justia (Is 32.1). Haver uma completa revelao e punio de todos os que
levantarem suas mos contra o Senhor.

TERCEIRO CAPTULO

No terceiro captulo temos uma cena muito diferente. Depois destas cousas o rei Assuero
engrandeceu a Ham, filho de Hamedata, agagita, e o exaltou; e ps o seu lugar acima de
todos os prncipes que estavam com ele (v. 1).
Por tratar-se apenas de um tipo de uma sombra, e no da imagem real, no dia milenial
no haver um Ham. At que chegue aquele dia, seja qual for a nitidez da imagem da
bno vindoura, haver sempre uma sombra escura. H um inimigo; h um que tenta
frustrar todos os planos de Deus. E, de todas as raas sobre a terra, havia uma que era
particularmente hostil ao povo de Deus na antiguidade os amalequitas , a ponto de
Jeov haver jurado e exortado Seu povo a manter uma guerra perptua contra aquela
raa. Ele os exterminaria de debaixo do cu. Os amalequitas eram o objeto peculiar do
mais justo juzo de Deus por causa do dio deles ao Seu povo. E esse Ham pertencia
no somente a Amaleque, mas prpria famlia real de Amaleque (ver 1 Samuel 15.8).
Ele era um descendente de Hamedata, agagita, como nos dito, e Assuero engrandece
esse nobre posio mais elevada.
Mas, no caminho quela honra conjunta, havia um espinho! Mardoqueu no se prostrou.
Como consequncia, Mardoqueu tornou-se reprovvel. Os servos do rei lhe perguntaram:
Por que traspassas o mandado do rei? (v. 3). E depois disso ter se repetido durante
algum tempo, Ham ficou sabendo. Ele lhes tinha declarado que era judeu (v. 4). A
estava o segredo. Deus no aparece. No existe nessa histria nenhuma insinuao de
que Deus tenha falado de Si. No entanto era esta a razo secreta; mas a nica razo
pblica que aparece que Mardoqueu era um judeu. Vendo pois Ham que Mardoqueu
se no inclinava nem se prostrava diante dele, Ham se encheu de furor. Porm em seus
olhos teve em pouco o pr as mos s em Mardoqueu (porque lhe haviam declarado o
povo de Mardoqueu); Ham pois procurou destruir a todos os judeus que havia em todo o
reino de Assuero, ao povo de Mardoqueu (vv. 5,6). E Ham cumpre isso da seguinte
maneira. Ele relata ao rei, sendo ele o principal nobre em sua posio, que havia,
espalhado e dividido entre os povos em todas as provncias do teu reino um povo, cujas
leis so diferentes das leis de todos os povos, e que no cumpre as leis do rei; pelo que
no convm ao rei deix-lo ficar. Se bem parecer ao rei, escreva-se que os matem; e eu
porei nas mos dos que fizerem a obra dez mil talentos de prata, para que entrem nos
tesouros do rei (vv. 8,9).

O rei, em conformidade com o carter que eu j descrevi, fez mui pouca objeo a esse
tremendo pedido de Ham. Ele tirou o anel de seu dedo e o deu a Ham, e disse-lhe que
conservasse para si a prata. Ele enviou escribas para levarem adiante seu pedido, de
modo que os correios foram por todas as provncias do rei. Os persas, como se sabe,
foram os primeiros criadores do sistema postal que continua at nossos dias. E as cartas
se enviaram pela mo dos correios a todas as provncias do rei, que destrussem,
matassem e lanassem a perder a todos os judeus desde o moo at ao velho, crianas e
mulheres, em um mesmo dia, a treze do duodcimo ms (que ms de Adar), e que
saqueassem o seu despojo. O rei e seu ministro sentaram-se para beber, mas a cidade
de Sus estava perplexa.

QUARTO CAPTULO

Bem grande devia ser o pranto que saa do povo judeu. Sua sorte estava selada. Ao
menos era o que parecia. Alm do mais era sempre uma das mximas do imprio persa
que uma lei, uma vez estabelecida, nunca poderia ser revogada conforme a lei dos
medos e dos persas, que se no pode revogar (Dn 6.8). Nada, portanto, ao que parecia,
poderia ter salvo o povo. O soberano sobre 127 provncias havia dado sua palavra real,
assinado com seu selo, e enviado por seus correios por toda a extenso de seu imprio.
O dia estava marcado; o povo assinalado. A destruio parecia ser inevitvel; mas
Mardoqueu rasga seus vestidos, veste-se de saco, e vai para o meio da cidade, e chora
com grande e amargo pranto (v. 1). E, se o nome de Deus no est escrito e nem
aparece, nem por isso os Seus ouvidos escutam menos. Mardoqueu foi at a porta do rei,
onde ningum podia entrar vestido de saco. Ele chegou diante da porta, no passou por
ela, e Ester escutou. Contaram a ela e a rainha ficou extremamente amargurada. E Ester
envia um dos guardas a Mardoqueu, e este lhe conta tudo o que havia acontecido a ele, e
o que Ham havia prometido dar em troca: a destruio que estava para cair sobre o povo
judeu.

Com base nisso, conforme sabemos, Ester d a Hataque a ordem para que v dizer a
Mardoqueu que no h esperana para tal situao. O caso era que ela poderia ir ao rei e
suplicar, mas como faz-lo? Uma das leis do imprio persa era que ningum poderia
entrar na presena do rei. O rei teria que chamar, e o rei no a chamava j h trinta dias.
Era contra a lei aventurar-se a entrar ali. Em vista disso, Mardoqueu envia a ela uma
clara, porm severa mensagem: No imagines em teu nimo, disse ele, que escapars
na casa do rei, mais do que todos os outros judeus. Porque se de todo te calares neste
tempo, socorro e livramento doutra parte vir para os judeus, mas tu e a casa de teu pai
perecereis; e quem sabe se para tal tempo como este chegaste a este reino? (vv. 13,14).

Dessa maneira, Ester foi colocada devidamente a par da situao. Ela compartilha
perfeitamente do sentimento que Mardoqueu tem pelo povo e sua confiana no livramento
que viria de outra parte. Assim ela manda dizer a Mardoqueu: Vai, ajunta a todos os
judeus que se acharem em Sus, e jejuai por mim, e no comais nem bebais por trs
dias, nem de dia nem de noite. E, conforme diz, ela prpria iria fazer o mesmo. E eu e as
minhas moas tambm assim jejuaremos; e assim irei ter com o rei (v. 16). Agora nada
dito acerca de perfumes. Nenhuma palavra acerca de suaves aromas para a prepararem
para a presena do rei. Ela j havia se sujeitado quilo antes; era a ordem do rei; mas
agora, embora ela no faa meno de Deus, est evidente onde se encontra o seu
corao. Ela vai com a mais singular preparao, mas uma preparao admirvel para
aquela ocasio jejum um grande sinal de humilhao diante de Deus; embora nem
mesmo aqui Deus seja mencionado. No se pode duvidar do fato de Deus estar acima de
tudo isso, e que Deus esteja por trs dos cenrios; mas tudo o que aparece meramente
o jejum do homem, e no o Deus diante do qual o jejum era feito. E, perecendo, pereo
(v. 16). Ela havia tomado a deciso.

QUINTO CAPTULO

Assim sendo, no terceiro dia, Ester se vestiu com seus vestidos reais, e se ps no ptio
interior da casa do rei, defronte do aposento do rei; e o rei estava assentado sobre o seu
trono real, na casa real, defronte da porta do aposento. E sucedeu que, vendo o rei a
rainha Ester, que estava no ptio, ela alcanou graa aos seus olhos, e o rei apontou para
Ester com o cetro de ouro, que tinha na sua mo (vv. 1,2), pois a f era grande na
bondade de Deus. Tudo isso parece meramente vindo do homem, no entanto a mo
invisvel estava ali. Foi isto que ela buscou e foi isto que ela encontrou. E Ester chegou, e
tocou a ponta do cetro. Ento o rei lhe disse: Que que tens, rainha Ester, ou qual a tua
petio? At metade do reino se te dar (v. 3).

Ento Ester responde, Se bem parecer ao rei, venha o rei e Ham hoje ao banquete que
lhe tenho preparado (v. 4). Deus deu sabedoria a ela. Ela no revela de uma vez o que
era o fardo to pesado que havia em seu corao. Aquele que crer no se apresse (Is
28.16). O Deus invisvel, que era o objeto de sua confiana, capacitou sua alma para
esperar. Ela no pede apenas que o rei v ao banquete, mas o rei e Ham. Com
frequncia ocorre assim. Assim ocorreu com o Senhor quando deu o bocado molhado a
Judas logo antes da terrvel traio que o levaria cruz. Ham no podia nem imaginar o
que o Deus que no aparece estava preparando para ele. E no banquete o rei volta a
fazer a pergunta, pois ele bem sabia que havia algo mais do que um banquete na mente
de Ester. Qual a tua petio? E se te dar. E qual o teu requerimento? E se far,
ainda at metade do reino (v. 6).

Uma vez mais a rainha pede que possa ter a companhia de ambos para outro banquete.
E amanh farei conforme ao mandado do rei (v. 8). Ento saiu Ham naquele dia alegre
e de bom nimo, mas quando v Mardoqueu, o judeu, e que este no levanta-se ou
move-se perante ele, fica cheio de indignao contra Mardoqueu. No entanto, Ham se
refreou. Quando vai para sua casa, para sua esposa e para seus amigos, e conta-lhes da
glria de suas riquezas, e da multido de seus filhos, e de todas as coisas com que o rei o
havia engrandecido, e como o havia colocado sobre os prncipes e os servos do rei, ele
menciona, como coroa de tudo, a honra especial recebida no convite feito pela rainha
Ester, para um banquete onde ningum mais tinha ido alm do prprio rei. E tambm
amanh, diz ele, estou convidado por ela juntamente com o rei. Porm tudo isto me no
satisfaz, enquanto vir o judeu Mardoqueu assentado porta do rei. (vv 12,13.) Do mesmo
modo a esposa, com a fraqueza que prpria de sua natureza, sugeriu que fosse feita
uma forca para esse perverso Mardoqueu. Faa-se uma forca de cinquenta cvados de
altura, e amanh dize ao rei que enforquem nela Mardoqueu, e ento entra alegre com o
rei ao banquete(v. 14). Isso agradou bastante a Ham, e assim fez.

SEXTO CAPTULO

Mas, naquela noite, o Deus invisvel estava trabalhando. O rei no podia dormir, caso
contrrio teria havido uma amarga comemorao para Ester antes da festa com o rei.
Naquela mesma noite fugiu o sono do rei (v. 1). Ele mandou trazer o livro de registros do
reino. A providncia de Deus estava trabalhando. Foi encontrado escrito que Mardoqueu
havia denunciado a traio dos guardas, e o rei pergunta, Que honra e galardo se deu
por isto a Mardoqueu? Cousa nenhuma se lhe fez (v. 3), disseram os servos. Naquele
exato momento Ham entra na corte. Ele queria ver o rei, para pedir a vida de
Mardoqueu. Ele nem imaginava o que estava no corao do rei. Ele levado rapidamente
presena do rei, a pedido deste, e o rei, cheio daquilo que estava em seu corao, foi
providencialmente guiado a perguntar o que deveria fazer por algum a quem desejasse
honrar. Que se far ao homem de cuja honra o rei se agrada? (v. 6).

Ham no havia pensado em ningum mais alm de si prprio. Assim ele foi pego em sua
prpria armadilha. Ele pediu sem medir quantidades. Ele sugeriu ao rei a mais alta honra
honra mais elevada do que jamais havia sido dada a algum antes. O homem de cuja
honra o rei se agrada, traga o vestido real de que o rei se costuma vestir, monte tambm
o cavalo em que o rei costuma andar montado, e ponha-se-lhe a coroa real na sua
cabea; e entregue-se o vestido e o cavalo, mo dum dos prncipes do rei, dos maiores
senhores, e vistam dele aquele homem de cuja honra se agrada; e levem-no a cavalo
pelas ruas da cidade, e apregoe-se diante dele: Assim se far ao homem de cuja honra o
rei se agrada! (vv. 7-9). E assim o rei repentinamente diz a Ham, Apressa-te, toma o
vestido e o cavalo, como disseste, e faze assim para com o judeu Mardoqueu, que est
assentado porta do rei; e cousa nenhuma deixes cair de tudo quanto disseste (v. 10).
Oh! que queda! Que horror dos horrores deve ter enchido o corao desse homem mpio,
pois aquele que ele mais odiava dentre todos os homens vivos, era o prprio a quem ele
mesmo, como principal nobre do imprio, deveria conceder essa honra, de acordo com
sua prpria sugesto! Entretanto era impossvel mudar a palavra do rei. E Ham tomou o
vestido e o cavalo, e vestiu a Mardoqueu, e o levou a cavalo pelas ruas da cidade, e
apregoou diante dele: Assim se far ao homem de cuja honra o rei se agrada! (v. 11). Foi
muito diferente a maneira como Ham voltou para sua mulher e amigos naquele dia.
Ham se retirou correndo a sua casa, anojado, e coberta a cabea. E contou Ham a
Zeres, sua mulher, e a todos os seus amigos, tudo quanto lhe tinha sucedido. Ento os
seus sbios, e Zeres, sua mulher lhe disseram: Se Mardoqueu, diante de quem j
comeaste a cair, da semente dos judeus, no prevalecers contra ele, antes
certamente cairs perante ele (vv. 12,13). esse o secreto sentimento do gentio para
com o judeu. Tudo parece estar muito bem para o gentio, enquanto o judeu estiver
afastado da presena de Deus, mas quando chegar o dia da exaltao do judeu, a
grandiosidade do gentio deve ento desaparecer da face da terra. O judeu o escolhido
para ser senhor aqui na terra. O judeu ser a cabea, o gentio, a cauda.

STIMO CAPTULO

Segue-se, ento, o banquete, e o rei e Ham so encontrados ali, pois no havia tempo a
perder. O guarda tinha vindo e convocado Ham para o banquete, e agora o rei, pela
terceira vez, pergunta rainha qual o seu pedido. Qual a tua petio, rainha Ester? E
se te dar. E qual o teu requerimento? At metade do reino, se far. Ento respondeu a
rainha ester, e disse: Se, rei, achei graa aos teus olhos, e se bem parecer ao rei, d-
se-me a minha vida como minha petio (v. 3). O que! teria que ser assim? a rainha
mendigar por sua prpria vida? D-se-me a minha vida como minha petio, e o meu
povo como meu requerimento. Porque estamos vendidos, eu e o meu povo, para nos
destrurem, matarem, e lanarem a perder; se ainda por servos e por servas nos
vendessem, calar-me-ia; ainda que o opressor no recompensaria a perda do rei (v. 4).
Ela havia tocado a corda certa. No somente todas as afeies do rei explodiram a esse
insulto que era feito quela que ele amava acima de tudo no reino; mas ainda mais: havia
a audaciosa presuno de que se tentasse a destruio da rainha e de todo o povo da
rainha de todo o povo dela sem ao menos o conhecimento do rei. Quem seria o
traidor? Ento falou o rei Assuero, e disse rainha Ester: Quem esse? E onde est
esse, cujo corao o instigou a fazer assim? E disse Ester: O homem, o opressor, e o
inimigo, este mau Ham. Ento Ham se perturbou, como era de se esperar, perante o
rei e a rainha. E o rei no seu furor se levantou do banquete do vinho para o jardim do
palcio (vv. 5-7). Bem sabia Ham que fora uma sentena de morte o que havia sido
pronunciado contra ele. E Ham se ps em p, para rogar rainha Ester pela sua vida;
porque viu que j o mal lhe era determinado pelo rei (v. 7). E quando o rei retorna,
encontra Ham, em sua agonia, cado sobre a leito onde Ester estava, e o rei no vacila
em pensar o pior disso. A palavra sai de sua boca e a cabea de Ham coberta para a
execuo imediata. E Harbona, um dos eunucos, sugeriu ao rei a forca que j estava
pronta pelo prprio desejo de Ham, e isso tambm atendeu ao desejo do rei. Ento
disse o rei: Enforcai-o nela. Enforcaram pois a Ham na forca, que ele tinha preparado
para Mardoqueu. Ento o furor do rei se aplacou (vv. 9,10).

OITAVO CAPTULO

Mas isso no era tudo. No apenas Deus pegou, em sua prpria cilada, o cruel adversrio
de Seu povo, mas Ele iria cuidar dos judeus em todos os domnios do rei, onde eles ainda
se achavam sob a sentena de morte. O livramento ainda no estava completo. O
primeiro inimigo fora destrudo, mas eles ainda continuavam em perigo; e assim
Mardoqueu, conforme nos dito, compareceu perante o rei, porque Ester tinha declarado
o que lhe era (v. 1). O rei tira seu anel e o d a Mardoqueu. O judeu, consequentemente,
passa agora para o lugar de governo sobre a terra. Seus inimigos esto destrudos, mas
eles ainda precisam ser defendidos e livrados completamente por todo o imprio. E Ester
se lana aos ps do rei e lhe suplica, com lgrimas, que revogue a maldade de Ham, e
mais uma vez o rei estende-lhe o cetro de ouro, e Ester explica que os correios, que
saram com as cartas do rei, estavam carregando destruio para o judeu em todas as
provncias. O rei responde, Eis que dei a Ester a casa de Ham, e a ele enforcaram
numa forca, porquanto quisera pr as mos nos judeus. Escrevei pois aos judeus, como
parecer bem aos vossos olhos, e em nome do rei, e selai-o com o anel do rei; porque a
escritura que se escreve em nome do rei, e se sela com o anel do rei, no para revogar
(vv. 7,8).

Como seria ento tratada aquela questo? Desta maneira que por todo o imprio
fossem enviadas cartas por meio de correios a cavalo. Nelas o rei concedia aos judeus,
que havia em cada cidade, que se reunissem, e se dispusessem para defenderem as
suas vidas, e para destrurem, matarem e assolarem a todas as foras do povo e
provncia que com eles apertassem, crianas e mulheres, e que se saqueassem os seus
despojos (v. 11). E assim se fez. Ento Mardoqueu saiu da presena do rei, agora com
todo sinal de dignidade real. E para os judeus houve luz, e alegria, e gozo e honra (v.
16).

NONO CAPTULO

Portanto foi feito assim (cap. 9). Os judeus se ajuntaram e puseram suas mos sobre
todos os que queriam tirar-lhes a vida. Ningum podia resistir-lhes. Esse um claro tipo
do dia quando o judeu ser novamente restaurado ao seu prprio lugar de direito na terra.
E Mardoqueu era grande na casa do rei, e a sua fama saa por todas as provncias;
porque o homem Mardoqueu se ia engrandecendo. Feriram pois os judeus a todos os
seus inimigos, a golpes de espada, e com matana e com destruio; e fizeram dos seus
aborrecedores o que quiseram (vv. 4,5). Temos, ento, o resultado. H, porm, ainda
mais. E disse o rei rainha Ester: Na fortaleza de Sus mataram e destruram os judeus
quinhentos homens, e os dez filhos de Ham; nas mais provncias do rei que fariam? Qual
pois a tua petio? E dar-se-te-. Ou qual ainda o teu requerimento? E far-se-. Ento
disse Ester: Se bem parecer ao rei, conceda-se tambm amanh aos judeus que se
acham em Sus que faam conforme ao mandado de hoje; e enforquem os dez filhos de
Ham numa forca (vv. 12,13).

H muitos que no podem entender isso. E no para menos! Eles tomam o livro de
Ester como um tipo do tratamento do Senhor para com a Igreja. Pode-se ver logo que
grande confuso decorre disso. Mas no assim. Trata-se do gentio sendo colocado de
lado, e do judeu sendo introduzido; e justia ser o carter do reino ento. Graa o que
cabe Igreja no presente. Seria, portanto, completamente ininteligvel ter Ester
representando a Igreja agora. A execuo de uma justa vingana seria totalmente
incompatvel com o chamado do cristo

com o lugar ocupado pela Igreja. Mas para o judeu que ser ento chamado a
compartilhar do reino introduzido nas honras do reino perfeitamente cabvel. Ento
quando o Messias reinar, e Jerusalm for sua rainha esta palavra ser cumprida: A
nao e o reino que Te no servirem perecero (Is 60.12).

Assim foi naquele dia. Como pode-se ver, sempre que buscamos a verdade, a Palavra de
Deus se encaixa em seu devido lugar. Ns a entendemos e distinguimos entre as coisas
que diferem; manejamos bem a palavra da verdade. Quando, pelo contrrio, ns, em
nossa ansiedade, aplicamos as coisas quilo que nos concerne, camos em grande erro,
arruinando o lugar que prprio Igreja de Deus nas Escrituras, e deixamos de
compartilhar das afeies celestiais de Deus. A posio que agora nos cabe a de
agirmos em conformidade com Senhor, que est destra de Deus. Mas quando o Senhor
Jesus deixar o cu para vir terra quando Ele vier reinar, ento a justia ser o carter
de Seu reino, e coisas terrveis sero feitas em justia, conforme o Salmo 45. Assim,
quando se tem isto em mente, a execuo dos dez filhos de Ham no apresenta a
mnima dificuldade de compreenso, pois o Senhor no ir apenas destruir no princpio,
mas haver uma repetio do golpe: haver um completo extermnio do adversrio e de
todo aquele que render obedincia fingida ao Senhor. O Senhor tratar com eles naquele
dia vindouro.

Assim tambm o rei deu ordem, e os judeus se juntaram para outro dia. No somente
aqueles em Sus, mas tambm os demais judeus que se achavam nas provncias do rei
se reuniram para se porem em defesa da sua vida, e tiveram repouso dos seus inimigos;
e mataram dos seus aborrecedores setenta e cinco mil; porm ao despojo no
estenderam a sua mo (v. 16). Assim, gozo e gratido encheu o corao do judeu. E
Mardoqueu escreve e envia cartas a todas as provncias, e assim o gozo espalhado por
toda a terra. E no s isso, mas nos dito tambm que os judeus estabeleceram uma
festa sobre essa maravilhosa interveno da providncia de Deus.

DCIMO CAPTULO

O livro termina, neste captulo, com um relato da grandeza do domnio do rei, e tambm
de Mardoqueu, seu ministro. Porque o judeu Mardoqueu foi o segundo depois do rei
Assuero, e grande para com os judeus, e agradvel para com a multido de seus irmos,
procurando o bem do seu povo, e trabalhando pela prosperidade de toda a sua nao (v.
3). Dessa maneira to digna termina este livro to maravilhoso. O judeu, liberto de todos
os perigos, introduzido na maior proximidade do grande rei, e apesar de ter sido, ele
prprio, a vtima de toda a averso do gentio, tem agora autoridade sobre todos para
executar vingana sobre todos os que buscassem matar a semente de Abrao.

Que o Senhor possa nos fazer deleitar nos caminhos de Deus! Que possamos ler Sua
Palavra e obter, por Sua Palavra, toda a sabedoria e discernimento espiritual! Este livro
no deixar de ser menos proveitoso a ns pelo fato de o compreendermos. Aplic-lo a
ns mesmos (como Igreja) s ir nos enganar. Vemos neste livro o lugar do povo de Deus
da antiguidade, quando o orgulhoso gentio for deposto por causa de sua desobedincia e
o judeu for trazido cena em toda a amabilidade que Deus pode derramar sobre ele;
colocado no lugar que lhe pertence diante do mundo. esta a perspectiva que este livro
traa diante de ns. E no somente esta, mas sua mais linda caracterstica, creio eu, voc
pode ver que plenamente mantida do comeo ao fim que tudo isso foi dado durante o
dia de nuvens dia de trevas, da disperso e do no- reconhecimento do judeu. Por isso
o nome de Deus est totalmente ausente no livro. Trata-se do poder secreto de Deus
trabalhando em meio s circunstncias que parecem ser desalentadores. Mas que
conforto nos traz! Ns, tambm, desfrutamos da mesma providncia de Deus ainda
que esta no esteja trabalhando para o mesmo fim; pois no o objetivo de Deus nos dar
a vingana sobre o inimigo; no de nos exaltar grandeza terrenal. Mas temos a ver
com o mesmo Deus; graas a Deus, com Ele somente! Ele no nos rejeita. Ele nos
colocou em uma relao de parentesco Consigo mesmo que nunca mais poder ser
perdida um parentesco que depende de Cristo e que selado pelo Esprito Santo.
Consequentemente, Ele nunca impede que O chamemos nosso Deus e Pai; tampouco
Ele jamais Se recusa a nos considerar como filhos do Seu amor.

Portanto voc pode ver que o livro no se aplica, em nenhum detalhe, a ns, quanto ao
que Ester significa; mas podemos, certamente e com toda razo, receber todo o conforto
da poderosa mo de Deus. Onde os homens no conseguem ver mais do que as
circunstncias que se desenvolvem ao nosso redor, ns sabemos que todas as coisas
contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que so
chamados por seu decreto (Rm 8.28). Talvez no vejamos a maneira, mas conhecemos
o Deus, vemos o Deus, podemos nos aproximar do Deus que controla todas as coisas a
nosso favor. Em resumo, portanto, a providncia de Deus uma verdade universal, at
que venha o dia em que as tratativas de Deus sero pblicas e manifestas, e Seu nome
estar sobre o Seu povo. Entrementes podemos contar com isso para Israel. Sabemos
que agora eles esto dispersos

que agora encontram-se em uma condio completamente irregular, mas chegar o dia
quando Deus ir colocar o gentio de lado, e tratar com Israel, e nossos coraes podem
se regozijar com isso. No ser uma perda para ns, sermos deixados de lado, se o
motivo for tratar de Israel. Sim, na verdade no ser mesmo uma perda para ns.
Estaremos com o Senhor Jesus nas alturas, e ser s depois que isto acontecer que
Deus julgar o gentio e chamar de volta o judeu.

William Kelly