O poema descreve como uma manhã é tecida gradualmente através da colaboração de muitos galos, cujos gritos se cruzam e se ampliam. A educação pela pedra é retratada de duas formas: através de lições aprendidas diretamente com a pedra, e no sertão, onde a pedra faz parte da alma desde o nascimento.
O poema descreve como uma manhã é tecida gradualmente através da colaboração de muitos galos, cujos gritos se cruzam e se ampliam. A educação pela pedra é retratada de duas formas: através de lições aprendidas diretamente com a pedra, e no sertão, onde a pedra faz parte da alma desde o nascimento.
O poema descreve como uma manhã é tecida gradualmente através da colaboração de muitos galos, cujos gritos se cruzam e se ampliam. A educação pela pedra é retratada de duas formas: através de lições aprendidas diretamente com a pedra, e no sertão, onde a pedra faz parte da alma desde o nascimento.
O poema descreve como uma manhã é tecida gradualmente através da colaboração de muitos galos, cujos gritos se cruzam e se ampliam. A educação pela pedra é retratada de duas formas: através de lições aprendidas diretamente com a pedra, e no sertão, onde a pedra faz parte da alma desde o nascimento.
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Morte e Vida Severina
Joo Cabral de Melo Neto
O RETIRANTE EXPLICA AO LEITOR QUEM E A QUE VAI O meu nome Severino, Mas isso ainda diz pouco: de velhice antes dos trinta, como no tenho outro de pia. se ao menos mais cinco havia de emboscada antes dos vinte Como h muitos Severinos, com nome de Severino de fome um pouco por dia que santo de romaria, filhos de tantas Marias (de fraqueza e de doena deram ento de me chamar mulheres de outros tantos, que a morte severina Severino de Maria j finados, Zacarias, ataca em qualquer idade, como h muitos Severinos vivendo na mesma serra e at gente no nascida). com mes chamadas Maria, magra e ossuda em que eu vivia. Somos muitos Severinos fiquei sendo o da Maria Somos muitos Severinos iguais em tudo e na sina: do finado Zacarias. iguais em tudo na vida: a de abrandar estas pedras Mais isso ainda diz pouco: na mesma cabea grande suando-se muito em cima, h muitos na freguesia, que a custo que se equilibra, a de tentar despertar por causa de um coronel no mesmo ventre crescido terra sempre mais extinta, que se chamou Zacarias sobre as mesmas pernas finas a de querer arrancar e que foi o mais antigo e iguais tambm porque o alguns roado da cinza. senhor desta sesmaria. sangue, Mas, para que me conheam que usamos tem pouca tinta. Como ento dizer quem falo melhor Vossas Senhorias ora a Vossas Senhorias? E se somos Severinos e melhor possam seguir Vejamos: o Severino iguais em tudo na vida, a histria de minha vida, da Maria do Zacarias, morremos de morte igual, passo a ser o Severino l da serra da Costela, mesma morte severina: que em vossa presena emigra. limites da Paraba. que a morte de que se morre
Morte e Vida Severina Joo Cabral de Melo Neto
O RETIRANTE EXPLICA AO LEITOR QUEM E A QUE VAI
O meu nome Severino, Vejamos: o Severino e iguais tambm porque o
como no tenho outro de pia. da Maria do Zacarias, sangue, Como h muitos Severinos, l da serra da Costela, que usamos tem pouca tinta. que santo de romaria, limites da Paraba. E se somos Severinos deram ento de me chamar Mas isso ainda diz pouco: iguais em tudo na vida, Severino de Maria se ao menos mais cinco havia morremos de morte igual, como h muitos Severinos com nome de Severino mesma morte severina: com mes chamadas Maria, filhos de tantas Marias que a morte de que se morre fiquei sendo o da Maria mulheres de outros tantos, de velhice antes dos trinta, do finado Zacarias. j finados, Zacarias, de emboscada antes dos vinte Mais isso ainda diz pouco: vivendo na mesma serra de fome um pouco por dia h muitos na freguesia, magra e ossuda em que eu vivia. (de fraqueza e de doena por causa de um coronel que a morte severina Somos muitos Severinos que se chamou Zacarias ataca em qualquer idade, iguais em tudo na vida: e que foi o mais antigo e at gente no nascida). na mesma cabea grande senhor desta sesmaria. que a custo que se equilibra, Somos muitos Severinos Como ento dizer quem falo no mesmo ventre crescido iguais em tudo e na sina: ora a Vossas Senhorias? sobre as mesmas pernas finas a de abrandar estas pedras suando-se muito em cima, a de querer arrancar e melhor possam seguir a de tentar despertar alguns roado da cinza. a histria de minha vida, terra sempre mais extinta, Mas, para que me conheam passo a ser o Severino melhor Vossas Senhorias que em vossa presena emigra. Tecendo a Manh A educao pela pedra 1. Um galo sozinho no tece uma manh: Uma educao pela pedra: por lies; ele precisar sempre de outros galos. para aprender da pedra, freqent-la; De um que apanhe esse grito que ele captar sua voz inenftica, impessoal e o lance a outro; de um outro galo (pela de dico ela comea as aulas). que apanhe o grito de um galo antes A lio de moral, sua resistncia fria e o lance a outro; e de outros galos ao que flui e a fluir, a ser maleada; que com muitos outros galos se cruzem os fios de sol de seus gritos de galo, a de economia, seu adensar-se compacta: para que a manh, desde uma teia tnue, lies de pedra (de fora para dentro, se v tecendo, entre todos os galos. cartilha muda), para quem soletr-la. 2. Outra educao pela pedra: no Serto E se encorpando em tela, entre todos, (de dentro para fora, e pr-didtica). se erguendo tenda, onde entrem todos, No Serto a pedra no sabe lecionar, se entretendendo para todos, no toldo e se lecionasse no ensinaria nada; (a manh) que plana livre de armao. l no se aprende a pedra: l a pedra, A manh, toldo de um tecido to areo uma pedra de nascena, entranha a alma que, tecido, se eleva por si: luz balo. Joo Cabral de Melo Neto Joo Cabral de Melo Neto
Tecendo a Manh A manh, toldo de um tecido to areo
que, tecido, se eleva por si: luz balo. 1. Um galo sozinho no tece uma manh: Joopedra A educao pela Cabral de Melo Neto ele precisar sempre de outros galos. Uma educao pela pedra: por lies; De um que apanhe esse grito que ele para aprender da pedra, freqent-la; e o lance a outro; de um outro galo captar sua voz inenftica, impessoal que apanhe o grito de um galo antes e o lance a outro; e de outros galos (pela de dico ela comea as aulas). que com muitos outros galos se cruzem A lio de moral, sua resistncia fria os fios de sol de seus gritos de galo, ao que flui e a fluir, a ser maleada; para que a manh, desde uma teia tnue, se v tecendo, entre todos os galos. a de economia, seu adensar-se compacta: lies de pedra (de fora para dentro, 2. cartilha muda), para quem soletr-la. E se encorpando em tela, entre todos, se erguendo tenda, onde entrem todos, Outra educao pela pedra: no Serto se entretendendo para todos, no toldo (de dentro para fora, e pr-didtica). (a manh) que plana livre de armao. No Serto a pedra no sabe lecionar, e se lecionasse no ensinaria nada; l no se aprende a pedra: l a pedra, uma pedra de nascena, entranha a alma