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IT - 012
UNICAMP/FEEC/DSE
APRESENTAO
a
Sigmar Maurer Deckmann possui graduao em Engenharia Eltrica pela Universidade Estadual de
Campinas (1973), mestrado em Engenharia Eltrica (1976) e doutorado em Engenharia Eltrica pela
Universidade Estadual de Campinas (1980) e curso tcnico em Eletrotcnica pela Escola Tcnica Parob,
Porto Alegre (1965). Atuou em inmeros projetos junto a empresas de energia (CEMIG, CPFL, Elektro,
Eletropaulo) em projetos pioneiros na rea de Qualidade da Energia Eltrica, inclusive com o
desenvolvimento de equipamentos de medio especializada. Aposentou-se como Professor Titular da
Universidade Estadual de Campinas.
b
Jos Antenor Pomilio engenheiro eletricista (1983), mestre (1986) e doutor (1991) em Eng. Eltrica
pela Universidade Estadual de Campinas. De 1988 a 1991 foi chefe do grupo de eletrnica de potncia do
Laboratrio Nacional de Luz Sncrotron. Realizou estgios de ps-doutoramento junto Universidade de
Pdua (1993/1994 e 2015) e Terceira Universidade de Roma (2003), ambas na Itlia. Foi presidente da
Associao Brasileira de Eletrnica de Potncia - SOBRAEP e membro de diversas diretorias desta
entidade. Foi coordenador do Comit de Eletrnica de Potncia e Mquinas Eltricas da Sociedade
Brasileira de Automtica, SBA (duas gestes) e membro eleito do Conselho Superior desta Sociedade. Foi
membro do comit administrativo da IEEE Power Electronics Society por 4 anos. editor associado da
Transactions on Power Electroncs (IEEE). Foi editor de Eletrnica de Potncia, publicao cientfica da
SOBRAEP. Professor Titular da Faculdade de Engenharia Eltrica e de Computao da Unicamp, onde
atua desde 1984.
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Avaliao da Qualidade da Energia Eltrica S.M.Deckmann e J. A. Pomilio
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A preocupao com a QEE decorrente em parte da reformulao que o setor eltrico vem
experimentando, para viabilizar a implantao de um mercado consumidor, no qual o produto
comercializado passa a ser a prpria energia eltrica. Parece evidente que o consumidor prefere
adquirir a energia que apresenta parmetros adequados de qualidade ao custo mais baixo possvel.
Nesse contexto, as operadoras de sistemas eltricos so estimuladas, tanto pelas agncias
reguladoras (ANEEL) como pelo prprio mercado, a prestar informaes sobre as condies de
operao ou fornecer detalhes acerca de eventos ocorridos e que afetaram os consumidores. Esse
um dos papis do monitoramento e da anlise da qualidade de energia eltrica.
Est-se tornando praxe tambm incluir clusulas contratuais sobre as condies de
fornecimento de energia pelos agentes fornecedores (gerador, transmissor, distribuidor) aos
agentes compradores (distribuidor, consumidor final). Tais contratos podem prever multas por
violao das condies previstas. Isso aumenta a necessidade de se dispor de normas com limites
adequados, que possam ser satisfeitas pelo lado do fornecedor, sem onerar os custos e que
atendam ao consumidor, sem maiores prejuzos devido a perdas inaceitveis.
Alm disso, deve-se levar em conta que a eletricidade atingiu o status de bem comum e
essencial para o funcionamento da nossa sociedade, em todas as reas. Deve-se, portanto, tratar de
tal recurso, que essencial vida moderna, de modo que todas as atividades humanas possam
utiliz-lo, sem criar interferncias com outras atividades, sejam processos tecnolgicos ou
biolgicos. Para tanto, os conceitos de QEE devem estar submetidos aos princpios que regem a
compatibilidade eletromagntica (CEM).
Para definir o que seja qualidade de energia eltrica, tem-se que tratar de vrios problemas
que afetam os consumidores da energia eltrica ou seus usurios indiretos. Esses problemas vo
desde os incmodos visuais provocados pela variao luminosa devido m regulao da tenso
at a interferncia em equipamentos eletrnicos sensveis, causada por interrupes no
fornecimento de energia ou por fenmenos de mais alta frequncia.
Verifica-se que tanto no nvel de cargas domsticas, comerciais como em aplicaes
industriais, os consumidores e seus equipamentos esto cada vez mais sensveis e dependentes das
condies de operao do sistema de energia eltrica. Isso se deve ao aumento da complexidade
das funes que as cargas eltricas devem desempenhar atravs de controle de processos, mesmo
em equipamentos domsticos (fornos de microondas, mquinas de lavar, relgios digitais, etc. ).
Basta lembrar as dificuldades enfrentadas pelos consumidores, quando se verificaram interrupes
de energia eltrica, causando perda de produtos perecveis, paralisao de servios em escritrios,
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A mquina de refrigerante
Especialistas em qualidade de energia eltrica nos Estados Unidos foram chamados para
investigar um problema no sistema de alimentao de um centro de processamento de dados de
uma grande empresa. Foram instalados equipamentos para monitorar a tenso de alimentao do
computador que era mais afetado e se constatou que aproximadamente a cada 15 minutos ocorria
um transitrio na tenso que interferia no funcionamento dos computadores.
Feito o levantamento das cargas ligadas ao ramal, se verificou que no corredor em frente
sala dos computadores havia uma mquina de refrigerante para uso dos funcionrios. Na falta de
alimentador prprio, o refrigerador havia sido ligado no mesmo circuito que alimentava a sala dos
computadores. Quando o motor do refrigerador partia a cada 15 minutos, ocorria uma subtenso
que interferia no funcionamento dos computadores. Identificado o problema e a sua causa, a
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soluo bvia era mudar a alimentao da mquina de refrigerante. Por falta de outra tomada,
deslocou-se a mquina para outro local no mesmo corredor, verificando-se que o problema estava
resolvido.
Quinze dias depois, os especialistas foram novamente chamados, porque o problema tinha
voltado a aparecer. Nova monitorao na sala dos micros e os tais transitrios l estavam. A
equipe foi verificar e constatou que a mquina de refrigerante tinha sido recolocada no corredor.
Por qu? Porque os usurios no tinham sido informados sobre a causa do problema. Por isso
trataram de colocar a mquina de volta, para ficar mais perto do local de trabalho! Evidentemente,
quem acompanhou o processo errou por no ter esclarecido os usurios sobre a causa do
problema.
O vilo da histria
Em outro caso, uma concessionria foi interpelada por uma indstria siderrgica com a
reclamao de que suas novas e modernas mquinas de laminao no estavam funcionando
adequadamente, ocorrendo muitas falhas do sistema de controle do processo de laminao. O
fabricante das mquinas foi chamado e diagnosticou que se tratava de um problema com a baixa
qualidade da tenso de alimentao, cuja forma de onda interferia na operao dos sistemas
digitais de controle.
Foram feitas medies no local pela concessionria e se constatou que de fato os nveis de
harmnicas e de flicker estavam acima dos limites permitidos. Encaminhado o relatrio da
concessionria sobre essas medies, a diretoria da indstria solicitou que a concessionria
tomasse providncias urgentes para sanar o problema observado na tenso de alimentao.
Restou concessionria explicar que os problemas com os laminadores eram causados
pelo forno a arco instalado na prpria indstria e que, portanto era ela quem causava as
perturbaes da tenso de alimentao em toda a regio circunvizinha. Neste caso o consumidor
foi causa e vtima da perda de QEE.
Questo de economia
Um terceiro caso se passa em uma indstria americana que operava uma ponte retificadora
de 6 pulsos, responsvel pela gerao de 5a e 7a harmnicas (caractersticas nesse tipo de
conversor).
Devido a reclamaes de outros consumidores, foi solicitado ao consumidor que tomasse
providncias para reduzir a emisso dessas harmnicas com a instalao de filtros. O consumidor
respondeu que j dispunha desses filtros e que estavam desligados por razes de reduo no
consumo de energia eltrica.
Estranhando essa resposta, um tcnico da concessionria foi designado para verificar o que
estava acontecendo. Em conversa no bar, esse tcnico soube que a questo de economia era a
seguinte: quando os filtros eram ligados, a conta de energia da empresa subia em at 25%, por isso
o filtro ficava desligado. Depois de analisar o caso acharam-se duas explicaes para o que se
passava:
i) com a compensao reativa dos filtros, a componente fundamental da tenso de fato
tende a subir e o consumo de energia associado a cargas do tipo impedncia constante,
deve subir proporcionalmente ao quadrado da elevao;
ii) a presena de harmnicas na corrente pode afetar o medidor de energia, a depender de
seu modo de operao. Especialmente em medidores eletromagnticos, de tecnologia
antiga, o efeito da 5 harmnica de reduo do valor medido. Assim, poderia haver uma
diminuio na leitura da energia consumida, explicando a "economia" quando o filtro
ficava desligado.
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Neste caso a economia tem os seus prprios riscos e preciso explicar o que pode
ocorrer com a presena de harmnicas, como por exemplo, a exploso de capacitores em bancos
para correo de fator de potncia, devido a ressonncias srie ou paralela.
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Vendendo iluses
fcil encontrar na internet a oferta de produtos que prometem economizar energia a partir
da instalao de um filtro de energia, ou qualquer outra denominao semelhante. O material de
divulgao em geral faz afirmaes do tipo:
Como o prprio nome diz ele filtra todas as impurezas da rede eltrica, frequncias
indesejadas que causa danos aos equipamentos eletrnicos, o filtro de rede formado por
um banco de condensadores projetados para eliminar qualquer tipo de impurezas da rede
eltrica mantendo sempre uma energia limpa.
Tudo isso acontece por causa da frequncia desestabilizada, e atravs do dispositivo
Estabilizador de frequncia todo esse problema eliminado, deixado apenas frequncia
correta para o perfeito funcionamento dos aparelhos eltricos.
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c
Nome comercial omitido
d
Nome comercial alterado
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A inevitvel variabilidade das cargas impossibilita que testes dessa natureza possam ser
realizados diretamente nos ambientes de uso final, o que inviabiliza a demonstrao de
qualquer efeito de economia de energia. Se a temperatura se altera, o uso de ar-condicionado
muda. Se o dia est mais iluminado, o uso de iluminao artificial varia. Ou seja, sem a garantia
de que as mesmas condies de carga se reproduzam, nada se pode concluir sobre qualquer
aspecto de funcionamento do aparelho.
Os testes feitos no LCEE ocorreram sempre em condies controladas, com exatamente
as mesmas cargas. Os estudos do indicaram que a nica possibilidade de que, eventualmente, de
fato ocorra alguma reduo de consumo se deve, exclusivamente, ao aterramento que refeito
para a instalao do filtro. Assim, principalmente em instalaes antigas e que cresceram a
carga sem cuidados com o aterramento e a distribuio entre as fases, o grau de desequilbrio pode
ser elevado. Ao refazer o aterramento e equilibrar as tenses, pode-se obter uma melhor operao
das cargas. Novamente, nada se relaciona com esses filtros.
O projeto de filtros passivos uma rea muito estudada, que exige conhecimento
especfico de cargas e do alimentador. No existem solues genricas.
Tornando a situao ainda mais grave, durante a crise de energia de 2001, a revista Veja
(edio 1703) incluiu dentre as alternativas para reduo de consumo a instalao desse tipo de
aparelho. Sejamos generosos e acreditemos que isso foi feito apenas por ignorncia e preguia da
editoria, que no se preocupou em verificar a eficcia dessa soluo.
Diante da inverdade das afirmaes, a SOBRAEP (Associao Brasileira de Eletrnica de
Potncia) e a SBMag (Soc. Brasileira de Magnetismo) manifestaram-se (Veja, edio 1705). Foi
tambm encaminhada denncia ao Ministrio Pblico do Consumidor, bem como um
questionamento ABINEE.
Resultados? Basta comprar o produto na internet para saber... Agora, inclusive, com
financiamento do BNDES!
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REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
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boeing-383483/ Acesso em 26/01/2016.
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