07 - A Parábola Do Semeador PDF
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Projeto exclusivo de resgate de revistas antigas de
Escola Bblica Dominical.
A PARBOLA DO SEMEADOR
Mateus 13.1-9
Introduo
Em nossa sociedade pragmtica, o que funciona o certo. Vrios mtodos
evangelsticos tm surgido como propostas divinas para a evangelizao. Muitos tm
sua origem no desejo sincero de pregar o evangelho aos descrentes. Cristos sinceros
que desejam ver outras pessoas conhecendo Jesus como Senhor e Salvador.
1 - ENTENDENDO A PARBOLA
Jesus contou essa parbola para gente que estava acostumada ao trabalho no campo.
O cultivo do trigo era fundamental para o povo de Israel, sendo uma das principais
culturas da poca.
Em tempos mais primitivos, como aqueles, o cultivo do trigo seguia mtodos nada
sofisticados. O semeador saa com uma sacola tiracolo, na qual levava as sementes.
Elas eram lanadas sobre o solo. Em seguida, o agricultor usava um arado de trao
animal para revolver a terra. Com isso, as sementes eram cobertas, aguardando as
chuvas do inverno para germinar.
Outras caram sobre as rochas (v.5). Ainda outras em meio aos espinhos (v.6). Esse
desperdcio inaceitvel em nossos dias. Em nome de resultados melhores, os
agricultores modernos regulam seus equipamentos para plantar, para evitar
desperdiar sementes.
Mas, para os agricultores daquela poca, perder algumas sementes era algo normal e
fazia parte da tarefa diria. Simon Kistemaker1 afirma que "o semeador no estava
interessado nos gros que perdia enquanto semeava. Sua esperana estava no futuro,
na colheita, que ele esperava com ansiedade".
Outro detalhe a ser entendido acerca das dificuldades encontras pelas sementes
para germinar. Jesus usa elementos presentes no cotidiano dos agricultores, para
mostrar que durante a semeadura existe oposio.
As aves que comem a semente beira do caminho (v.4), os tipos de solo (vs.4-7) e os
espinhos (v.6). Essa referncia aponta para o fato de haver dificuldades naturais na
semeadura. So elementos presentes, sendo inevitvel que os mesmos impeam a
1
Simon Kistemaker. As Parbolas de Jesus. So Paulo, Editora Cultura Crist. 1992. p. 41.
Mas, por que Jesus contou esta parbola? Kistemaker afirma que essa parbola est
dentro de um contexto, que registra vrios acontecimentos significativos no ministrio
de Jesus.
Mateus relata que "tendo acabado Jesus de dar estas instrues a seus doze
discpulos, partiu dali a ensinar e a pregar nas cidades deles" (Mt 11.1). A partir disso,
o evangelista apresenta inmeras situaes em que o Senhor sofreu oposio.
Primeiramente, Joo levanta dvidas quanto misso de Jesus (Mt 11.3). Corazim,
Betsaida e Cafarnaum apresentam-se indiferentes mensagem e aos milagres do
Mestre (Mt 11.20-24). E, os lderes religiosos judeus hostilizam Jesus depois da cura
de um homem (Mt 12).
Diante de tudo isso, parece que o avano do Reino no teve sucesso. E justamente o
contrrio disso que Jesus desejou ensinar aos discpulos e multido. Portanto, o
objetivo da parbola do semeador alertar-nos "para a inesperada colheita
arrecadada no Reino de Deus".2
preciso lembrar que estamos numa luta no contra homens, mas contra as
potestades e principados, o reino parasita de Satans que tem dominado este mundo
(Ef 6.12; 1 Jo 5.19).
2
Ibid., 42.
Outro obstculo apresentado por Jesus o prprio solo, que se refere s pessoas
que ouvem o evangelho (vs. 19-22). Esta a oposio da carne, tipificada na parbola
pelos tipos de solo.
Ainda que cada solo tenha a sua particularidade, todos tm algo em comum: no eram
prprios para receba a semente.
Acerca deste tipo de pessoa, Kistemaker afirma: "quando chega a hora de tomar
posio e pagar o preo, mudam de interesse e se desligam da f que uma vez
abraaram com alegria".4 A apostasia vem como resultado da perseguio, e
manifesta aqueles que realmente so cristos ou no (1 Jo 2.19).
H ainda outro tipo de pessoa, aquele "cujo corao se assemelha ao solo infestado
de razes e brotos subterrneos de espinhos"5. Durante o inverno, poca da chuva em
Israel, a semente germinava e a planta crescia saudvel.
Mas chegava a primavera, e o sol fazia brotar os espinhos que tinham suas sementes
adormecidas sob aterra. Isso aponta para pessoas que tm o corao sujo, cheio de
interesses que no os do Reino de Deus. Chega um momento em que toda essa
sujeira surge do interior para consumir aquilo que o evangelho produziu em sua vida.
Um exemplo desse tipo de pessoa o jovem rico (Mc 10.17-22).
Por isso, Joo afirma: "No ameis o mundo nem as coisas que h no mundo. Se
algum amar o mundo, amor do Pai no est nele; porque tudo que h no mundo, a
concupiscncia da carne, a concupiscncia dos olhos e a soberba da vida, no
procede do Pai, mas procede do mundo" (lJo 2.15,16). O mundo a esfera de ao de
Satans, onde os valores corruptos e satnicos do origem a vrios sistemas de
oposio a Deus6.
3
Ibid., 48.
4
Ibid.,49.
5
William Hendriksen. Comentrio do Novo Testamento Mateus. Vol. 2. So Paulo. Editora
Cultura Crist. 2001. p. 84.
6
Ver argumento acerca do significado de mundo em John R. W. Stott. As epistolas de Joo -
introduo e comentrio. So Paulo Vida Nova, 1982, p.85-89.
A parbola nos informa que uma parte das sementes caiu em terra boa (v.8). Ou seja,
uma terra frtil e mida, que poderia receber uma semente e fornecer a ela o
necessrio para sua germinao.
Em sua explicao, Jesus afirmou que "o que foi semeado em boa terra o que ouve
a palavra e a compreende" (Mt 13.22). H por parte dessa pessoa um corao
receptivo Palavra de Deus. Mas, o que torna uma pessoa receptiva verdade de
Deus? O que fazia dessa terra uma terra boa e diferente das demais? Por que uns
crem e outros no?
Cremos que a graa do Senhor (Ef 2.8), que vem de Deus como uma ddiva. A
graa o movimento de Deus em direo ao homem. E essa graa sobre a vida do
homem que o torna receptivo semente do evangelho, fazendo com que esta possa
germinar, crescer e dar frutos (v.9). Chamamos isso de efeito da eleio e chamado
(Rm 8.30; 9.16).
A graa de Deus sobre a vida do homem a manifestao da sua eleio. Por ela,
Deus dar a seu tempo um corao sensvel, ouvidos atentos para entender e olhos
abertos para ver (Mt 13.9 cf. Is 6.10). A semente a pregao da Palavra de Deus.
Pela Palavra Deus chama os seus escolhidos (Rm 10.17).
Ainda que o evangelho seja pregado a todos, assim como a semente cai em vrios
terrenos, somente os que receberam a graa salvadora de Deus tero o entendimento
redentor da Palavra7(Rm 9.23,24; ICo 1.26; G11.15; Ef 4.4; IPe 2.9; 2Pe 1.10; Ap
17.14).
Baseado nisso, afirmou Joo Calvino: "quando Deus irradia em ns a luz de seu
Esprito que a Palavra logra produzir algum efeito. Da a vocao interna, que
eficaz no eleito e apropriada para ele, distingue-se da voz externa dos homens".8
Temos por certo, que o evangelho de Cristo alcanar aqueles a quem ele
especialmente destinado, executando todo o propsito de Deus e fazendo prosperar
todo o seu desgnio (Is 55.11).
CONCLUSO
Diante dessas consideraes, somos levados a repensar a nossa prtica
evangelstica. Se crermos que Deus soberano em seu propsito quanto eleio,
temos que crer mais ainda no seu propsito quanto ao chamado dos eleitos. Sendo
assim, a evangelizao como o meio por excelncia para o chamado deve ser
valorizado. E a evangelizao que cumprir os propsitos de Deus quanto salvao
do seu povo.
7
Para maior compreenso, ver: Anthony Hoekema. Salvos Pela Graa. So Paulo. Editora
Cultura Crist, 1997.
8
Joo Calvino. Comentrio Sagrada Escritura Romanos. So Bernardo do Campo.
Edies Paracletos, 1997, p.374.
Pensando assim, haver sempre a certeza de que o nosso trabalho gerar frutos.
Como o semeador, a nossa esperana no est nas sementes que se perdem pelo
caminho, mas em saber que algumas caem em terra boa e daro frutos a cem,
sessenta e a trinta por um (Mt 13.8). Todos aqueles que foram destinados salvao
havero de aceitar a mensagem do evangelho (At 13.48). Essa maneira de pensar
deve motivar os cristos em seu compromisso evangelstico.
Aplicao
Quando voc prega o evangelho, em que se baseia a esperana: no evangelho
ou no mtodo?
Enumere os mtodos evangelsticos que voc conhece. Depois, faa uma
avaliao dos pontos positivos e negativos que voc v neles. Faa ainda um
estudo de como estes mtodos esto em concordncia com a Bblia.
EVANGELIZAO E MISSES
A necessidade da evangelizao
Ser bblico ser evangelista porque o evangelho a mensagem central da Bblia.
Do incio ao fim ela indica o Salvador que deveria vir, veio, e vir novamente. O
nico meio de tomar-se aceitvel para o Pai por meio da f nele. Uma vez que
as pessoas no podem crer nele a no ser que saibam sobre ele, algum deve
contar-lhes (Rm 10.14). Isso exige evangelizao.
por isso que o apstolo Paulo, evangelista e missionrio por excelncia, insistia
que, se no fizesse nada mais, ele pregaria Cristo crucificado (1Co 1.17; 2.2).
Joo Calvino dizia "ns devemos tanto quanto possvel nos esforarmos para
levar todos os homens da terra para Deus" (Comentrio sobre Deuteronmio
33.18,19), acrescentando que nada poderia ser mais inconsistente com a natureza
de nossa f do que sonegar a verdade sobre Deus para os outros (Is 2.3).
Israel era a nao escolhida por Deus, mas era tambm usada por Deus para
atrair outras pessoas a ele, tais como Rute, a moabita, Naam, o srio e o povo de
Nnive. Deus prometeu enviar o Messias no tempo prprio como uma luz para as
naes que viviam na escurido (Is 60.1-3). O Messias se transformaria no
sacrifcio perfeito para o pecado humano, trazendo purificao s naes de forma
que a salvao de Deus seria levada aos confins da terra (Is 53.10,15). O prprio
templo era uma casa de orao e adorao para todas as naes (Mc 11.17,18).
O que o evangelho?
No h uma ordem particular na qual a mensagem evanglica deva ser
apresentada, e as palavras para explic-la no esto prescritas nas Escrituras,
mas h um ncleo legtimo arrependimento, o desejo sincero de abandonar o
pecado. A salvao pela graa por meio da f (Ef 2.8,9). Quando algum confia
em Cristo como Salvador, Deus perdoa e aceita essa pessoa como coberta
completamente pela justia do Cristo. O crente toma-se um filho de Deus e tem
assegurada a vida eterna (Jo 3.16).
A Soberania de Deus e a evangelizao
Como o povo do Senhor obedece a sua ordem de levar o evangelho para o mundo
todo, eles assim agem com a confiana de que seus esforos sero frutferos e
que a sua palavra no retornar vazia (Is 55.11). O sucesso da evangelizao no
depende do esforo humano, mas do trabalho regenerador do Esprito Santo.