Flare

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2 Conceitos Bsicos

Este captulo apresenta alguns conceitos bsicos para o melhor


entendimento das questes abordadas na presente dissertao.

2.1. Gs Natural

De acordo com o inciso II, do artigo 6, da Lei n 9.478/97, gs natural ou


gs todo hidrocarboneto que permanea em estado gasoso nas condies
atmosfricas normais, extrado diretamente a partir de reservatrios petrolferos
ou gaseferos, incluindo gases midos, secos, residuais e gases raros.
O gs natural uma mistura constituda por hidrocarbonetos (metano,
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etano, propano etc), na maior proporo, e por outros componentes conhecidos


como contaminantes, tais como inertes (N2), gs cidos (CO2, H2S) e vapor dgua
em menor proporo.
O gs natural pode ser classificado quanto fase em subsuperfcie, quanto
existncia em sistemas de fases e quanto ocorrncia simultnea de petrleo e
gs. As definies que se seguem foram retiradas da Portaria ANP n 09/2000,
que institui o Regulamento Tcnico de Reservas de Petrleo e Gs Natural no
Brasil.
Classificao quanto fase em subsuperfcie

Quanto fase em que se encontra em subsuperfcie, o


gs natural pode ser classificado em:

Gs Livre - todo gs natural que se encontra na fase


gasosa nas condies originais de presso e temperatura
do reservatrio.

Gs em Soluo - todo gs natural que se encontra em


soluo no petrleo nas condies originais de presso e
temperatura do reservatrio.

Classificao quanto existncia em sistemas de fases


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Quanto existncia em um sistema monofsico ou


bifsico, o gs natural pode ser classificado em:

Gs Seco - todo hidrocarboneto ou mistura de


hidrocarbonetos que permanea inteiramente na fase
gasosa em quaisquer condies de reservatrio ou de
superfcie.

Gs mido - todo hidrocarboneto ou mistura de


hidrocarbonetos que, embora originalmente na fase
gasosa, venha a apresentar a formao de lquidos em
diferentes condies de reservatrio ou de superfcie.

Classificao quanto ocorrncia simultnea de


petrleo e gs

Quanto ocorrncia simultnea com petrleo em


subsuperfcie, o gs natural pode ser classificado em:
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Gs Associado ao Petrleo - gs natural produzido de


jazida onde ele encontrado dissolvido no petrleo ou
em contato com petrleo subjacente saturado de gs.

Gs No Associado ao Petrleo - gs natural produzido


de jazida de gs seco ou de jazida de gs e condensado
(gs mido).

Figura 3 Origem e extrao do gs natural (adaptado BAHIAGS, 2005)


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A maior parcela das queimas de gs natural refere-se ao gs associado ao


petrleo. Ao produzir o leo inevitavelmente ocorre a produo de gs. Quanto
este no comercializado de imediato ou consumido nas facilidades de produo,
ocorre a queima deste gs associado. A quantidade de gs associado produzido vai
depender da razo gs-leo (RGO), ou seja, da relao entre a vazo de gs e a
vazo de leo, medidas nas condies de superfcie.
A RGO pode variar ao longo do tempo em um mesmo reservatrio,
podendo aumentar significativamente caso no haja a aplicao das melhores
prticas para a manuteno da presso do reservatrio e um bom gerenciamento
do comportamento deste. A elevao da RGO implica na movimentao de um
maior volume de gs natural, podendo gerar um aumento na queima de gs, caso
no seja possvel comercializ-lo ou consumi-lo, bem como se no houver
maiores aes no sentido de prevenir eventos que incorram em liberao de gs
para os queimadores (flares). Neste caso, para no ocorrer o fechamento do poo,
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opta-se por continuar produzindo o volume de leo, em detrimento da queima ou


ventilao de gs natural.
Campos que produzem exclusivamente gs no associado normalmente
funcionam em funo da demanda do mercado de transporte e distribuio de gs
para o imediato consumo e, desta forma, o gs produzido no queimado nos
flares em operao normal nas respectivas instalaes, exceto por questes de
segurana.

2.2. Queima e Ventilao de Gs Natural

Os itens 4.1 e 4.2 do Regulamento Tcnico de Queimas e Perdas de


Petrleo e Gs Natural, institudo pela Portaria ANP no 249/2000, definem o que
so queimas e perdas de gs natural:
4.1 Queimas de gs natural -significa o ato de queimar
em flares um determinado volume de gs natural.

4.2 Perdas de gs natural - significa o ato de ventilar no


meio ambiente um determinado volume de gs natural.
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A perda ou ventilao de gs a liberao controlada de gases para a


atmosfera, sem que haja a queima. Uma ventilao segura realizada quando o
gs liberado a alta presso e mais leve que o ar.
Normalmente, a ventilao no um processo visvel. No entanto, ela
pode gerar algum rudo, dependendo da presso e da vazo dos gases ventilados.
Em alguns casos, a ventilao a melhor opo para o escoamento do gs
associado, como por exemplo, no caso onde haja elevada concentrao de gases
inertes no gs natural. Sem um teor de hidrocarboneto suficientemente elevado, o
gs no vai queimar e a queima torna-se uma opo invivel. A limpeza de
sistemas de processo com gs inerte pode, por si s, justificar a ventilao como o
mais seguro meio de alvio. (OGP, 2000)
A queima de gs j engloba um sistema composto principalmente por um
queimador (flare) e por tubulaes que recolhem os gases para serem queimados.
Um vaso na base do queimador (flare) remove e armazena todos os lquidos
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advindos com o fluxo do gs de tocha. Dependendo do projeto, um ou mais


queimadores (flares) podem ser necessrios. (OGP, 2000)
A queima normalmente visvel e gera tanto rudo quanto calor. Durante a
queima, o gs queimado gera principalmente vapor de gua e dixido de carbono.
A combusto eficiente depende do alcance de uma boa mistura entre o gs
combustvel e o ar, e da ausncia de lquidos.
Os gases que esto sendo queimados ou dispersados podem vir de uma
variedade de fontes, como o gs de consumo, o vazamento em vlvulas e selos de
bombas, os vapores recolhidos dos topos dos tanques ou at mesmo todo o
inventrio de gs da planta em casos de emergncia (shutdown). Alm disso,
podem incluir uma mistura de gs natural ou outros vapores de hidrocarbonetos,
vapor de gua, dixido de carbono etc.
Cumpre salientar que as caractersticas da medio de gs de flare tambm
se aplicam quando o gs apenas ventilado no ambiente. Para simplificao,
utiliza-se apenas a expresso medio de gs de flare.

2.3. Sistema de Flare (Tocha)

O dispositivo utilizado em instalaes de produo para queima de gs


usualmente denominado flare, do ingls, podendo ser traduzido como
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queimador ou tocha. Em instalaes de perfurao este queimador pode ser


utilizado tambm para queima de petrleo, em eventos de teste.
O objetivo do sistema de flare (tocha) a eliminao segura e eficaz dos
gases no aproveitados ou a recuperao destes. Refinarias, plantas petroqumicas
e outras instalaes de processamento de hidrocarbonetos tm a necessidade de
eliminar resduos combustveis, a fim de manter o controle do processo e a
segurana dos equipamentos e das pessoas. Para alcanar este objetivo, os
resduos so recolhidos em um sistema coletor (flare header) e encaminhados para
a tocha.
Alm do fluxo para o queimador, oriundo do controle de processo e das
vlvulas de alvio de segurana, o sistema coletor deve estar fluindo gs para
manter a si mesmo e os sistemas associados purgados de ar. Adicionalmente, gs
deve ser injetado no sistema coletor para elevar o calor do gs a ser queimado. A
complexidade do sistema de flare (tocha) pode variar de uma simples aplicao,
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como a eliminao de gases em uma locao de poo, a sistemas de componentes


mltiplos atendendo a uma refinaria.
O queimador (flare) normalmente formado por trs componentes: a torre,
o selo e o queimador (do ingls stack, seal e tip). O sistema, por sua vez, contm
elementos adicionais como um vaso de separao de lquido (do ingls knock-out
drum, tambm chamado de vaso de flare), um vaso de selagem hidrulica (do
ingls water seal) opcional e alguns componentes auxiliares como pilotos,
ignitores, retentores de chama, instrumentos de controle etc.
Os projetos dos sistemas de tocha levam em considerao uma srie de
fatores como sua localizao, rea disponvel, velocidade do vento, nvel de rudo
posio, radiao trmica entre outros.
Segundo a Norma API MPMS 14, seo 10 (Measurement of Flow to
Flares) os tipos mais comuns de sistemas de tochas so aqueles de um nico
queimador, de um queimador enclausurado ou de mltiplos queimadores.
Sistemas de queimadores individuais quase sempre incluem uma estrutura vertical
de suporte que coloca a sada do queimador (flare) em uma posio elevada em
relao aos seus arredores para reduzir a intensidade da radiao e ajudar na
disperso. Em contraste, sistemas de vrios queimadores (flares) so quase
sempre localizados no nvel do solo e muitas vezes rodeados por alguma cerca que
reduz a visibilidade da chama e restringe o acesso ao trabalhador. Queimadores
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(flares) enclausurados escondem completamente a chama e minimizam os nveis


de visibilidade e de som. Um queimador enclausurado ou multi-queimadores
podem ser vantajosamente combinados com um queimador vertical para
minimizar chamas abertas queimando no dia-a-dia, mantendo a capacidade de
lidar com requisitos de queimas emergenciais.
A Figura 4 apresenta um fuxograma bsico de um sistema de flare (tocha).
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Figura 4 Fluxograma bsico de um Sistema de Flare (KRCONTROL, 2012)

Cumpre salientar que a Norma API 537:2008 e a ISO 25457:2008 tratam


exclusivamente dos detalhes dos sistemas de tochas (flares) aplicados s
petroqumicas e refinarias.

2.4. Sistema de Medio de Vazo

Medio o conjunto de operaes com objetivo de determinar o valor de


uma grandeza. Estas operaes podem ser realizadas automaticamente. (ISO
GUM, 1998).
Um sistema de medio pode ser definido como um conjunto de
instrumentos, padres, operaes, mtodos, software ou outras premissas
utilizadas para quantificar a unidade de medio ou corrigir a avaliao de uma
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caracterstica medida, sendo o processo completo para obter o valor de uma


grandeza. Um sistema de medio de vazo constitudo basicamente por trs
elementos principais:
1) Elemento primrio o medidor em si, cuja funo transformar a vazo
em uma grandeza fsica mensurvel. o instrumento que fica em contato
direto com o fluido e interage com o mesmo. Essa interao pode ser na
forma de uma restrio ao fluxo (placa de orifcio, por exemplo),
ultrassom, resistncias eltricas, rotores, entre outros.
2) Elemento secundrio So os instrumentos de presso, temperatura e
presso diferencial, e analisadores de BS&W (teor de gua no petrleo),
por exemplo. Estes instrumentos fazem medies secundrias para
converso da leitura do elemento primrio em informao desejada. Os
elementos de presso e temperatura, por exemplo, fornecem as respectivas
medidas nas condies de processo, que so necessrias para converso da
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vazo para as condies de referncia ou de base (no Brasil tais condies


so 20 C e 0,101325 MPa). Os analisadores de BS&W, por sua vez,
fornecem o percentual de gua e sedimentos no lquido, podendo da ser
quantificada a vazo de leo apenas. Em alguns casos o elemento
secundrio pode transformar a medidas do elemento primrio em vazo,
ficando o elemento tercirio apenas responsvel pela totalizao desta (por
exemplo, volume).
2) Elemento tercirio o computador de vazo, ou seja, aquele que recebe
os sinais do elemento primrio e dos elementos secundrios e os
transforma em vazo nas condies de processo ou de referncia,
totalizando-a. A Figura 5 apresenta um diagrama esquemtico de
funcionamento de um computador de vazo.
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Figura 5 - Diagrama de funcionamento do computador de vazo (LAZARI et al, 2011)

Os computadores de vazo podem ser divididos em computadores de vazo


para uso geral e computadores de vazo para transaes comerciais (ou legais). As
funes comuns ao dois so: clculo da vazo, a capacidade de integr-la e
totaliz-la, clculo da massa especfica (densidade) e da compressibilidade de
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gases, clculo da massa especfica de lquidos. A nica diferena entre os dois


elementos est no fato de que, nos computadores de vazo para uso comercial, as
informaes devem ser rastreveis e auditadas (DELME, 2003), alm de serem
inviolveis.

importante destacar que alm dos elementos principais descritos


anteriormente, um sistema de medio pode conter outros elementos como, por
exemplo, os condicionadores de fluxo para uniformizar o perfil de velocidade no
escoamento do fluido, contribuindo para a preciso das medies e permitindo a
reduo do trecho reto a montante nas tubulaes; os indicadores para
monitoramento in loco das medidas (temperatura e presso, por exemplo); os
misturadores estticos que homogenezam o fluido que est escoando pela
tubulao para que as amostragens de fluido que sero feitas na sequncia sejam
mais prximas da realidade; os amostradores automticos que retiram, de tempos
em tempos, pequenas amostras do fluido, sendo estas armazenadas em cilindros
para posterior anlise laboratorial em uma amostra global mais realista do fluido
medido; e os amostradores manuais isocinticos que permitem a retirada de uma
amostra pontual do fluido para sua anlise.
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Como exemplo de um sistema de medio de gs, a Figura 6 apresenta um


esquemtico de um sistema de medio de gs por diferencial de presso, atravs
do emprego de uma placa de orifcio.
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Figura 6 Sistema de medio com placa de orifcio (PINHEIRO, 2010)

Neste caso, o elemento primrio a placa de orifcio. A insero desta na


tubulao gera uma restrio ao fluxo e consequentemente, uma reduo da
presso esttica aps a placa. O diferencial entre as tomadas de presso antes e
depois da placa proporcional vazo de gs que est passando. Os elementos
secundrios so os transmissores de diferencial de presso, presso e temperatura.
Essas medidas so enviadas ao elemento tercirio, o computador de vazo,
responsvel por convert-las em vazo e totaliz-las em volume ou massa.
A tecnologia ultrassnica a mais empregada nas medies de gs de
tocha, pelos motivos j expostos na introduo e que sero detalhados no captulo
IV. A Figura 7 apresenta um tpico sistema de medio ultrassnica de gs de
tocha. Neste caso, o elemento primrio o medidor ultrassnico de um feixe ou
trajetria, os elementos secundrios so os transmissores de presso e temperatura
e o elemento tercirio o computador de vazo.
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Figura 7 Tpico Sistema de Medio de gs de flare (FLUENTA, 2012)

Diferentemente das aplicaes de placa de orifcio, o sistema de medio


de gs de flare no permite a utilizao de condicionadores de fluxo, tendo em
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vista que estes impem restrio ao fluxo, o que no deve ocorrer nos sistemas de
alvio, pois estes sistemas devem ser capazes de manusear grandes quantidades de
gs em eventos emergenciais de despressurizao da planta.

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