Pastilha Peltier

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Universidade Luterana do Brasil

Centro Tecnolgico da ULBRA

Douglas Pacheco dos Santos


Thomaz de Souza Rocha

O USO DE PASTILHAS TERMOELTRICAS NA RECUPERAO DE


ENERGIAS RESIDUAIS

Professor Orientador: Gilmar Sales

Escola ULBRA So Lucas


Rua 25 de julho, 550
Bairro: Vargas
CEP 93.218-200

Sapucaia do Sul, 2011


.
Dedicamos este trabalho aos
nossos pais e nossos mestres que
acreditam na capacidade inovadora e
visionria do grupo.
Agradecemos ao Professor
Orientador Gilmar Sales, pelo apoio e
orientao tcnica proposta na construo
do projeto, aos nossos pais pelo apoio
financeiro e moral na elaborao do
prottipo.
Resumo

Nos dias de hoje, toda a pesquisa e dedicao em encontrar formas


mais racionais e sustentveis no consumo de energia so vlidas, pois sero o
legado que deixaremos para as prximas geraes.
Seguindo uma linha de microeconomias de energia, onde o
aproveitamento de parte de uma energia desperdiada pode ser recuperado e
usado no prprio local gerador deste desperdcio, apresentamos nossa
contribuio para a gerao termoeltrica a partir de uma energia residual, que
tanto pode ser em um simples banho domstico como o uso acoplado a uma
surdina de um automvel, aproveitando neste mesmo veculo a energia
acumulada.
As pesquisas mundiais sobre geradores termoeltricos ainda so muito
incipientes, mas acreditamos no potencial e no futuro desenvolvimento das
tecnologias, a ponto de que no futuro deixemos de ser considerados
consumidores inconsequentes de energia.
Sumrio
1. Introduo ................................................................................................................. 7
2. Objetivos ................................................................................................................... 8
3. Justificativa ............................................................................................................... 9
4. Referencial Terico ................................................................................................ 10

4.1 Pastilha Termoeltrica ............................................................................................... 10

4.2 Materiais Termoeltricos ........................................................................................... 16

4.3 Descries e Especificaes de Pastilhas ................................................................... 18

4.4 Desempenho do Mdulo ............................................................................................. 20

4.5 Controle de Temperatura .......................................................................................... 22

4.6 Efeito Peltier................................................................................................................ 25

4.7 Efeito Seebeck ............................................................................................................. 26

4.8 Pesquisas de Otimizao ............................................................................................ 27

4.8.1 Utilizao automotiva............................................................................................ 28


4.8.2 Utilizao em processos industriais ...................................................................... 30

4.8.3 Utilizaes avanadas............................................................................................ 31


4.8.4 Utilizao em Iluminao ...................................................................................... 33

4.9 Tipos de Lmpadas..................................................................................................... 34

5.1 Instrumentao Utilizada........................................................................................... 38

5.2 Montagem do Prottipo ............................................................................................. 39

5.3 Controlador de Carga ................................................................................................ 41

5.4 Custos Aproximados................................................................................................... 43

6 Resultados ................................................................................................................... 43

7 Concluses ................................................................................................................... 44

8 Referncias Bibliogrficas ......................................................................................... 45


6

ndice de Figuras
Figura 1- Pastilha Termoeltrica ..............................................................................10
Figura 2 - Pastilha Termoeltrica Comercial ............................................................11
Figura 3 Separao entre termoelementos ............................................................14
Figura 4 Relao de Qw com dT .............................................................................15
Figura 5 - Esboo de um sistema termoeltrico ........................................................16
Figura 6 Estrutura Cristalina Simplificada...........................................................17
Figura 7 - Grfico Comparativo dos Materiais Termoeltricos ................................18
Figura 8 Diferentes Modelos de Pastilhas .............................................................19
Figura 9 Esboo Construtivo do Mdulo ................................................................20
Figura 10 Balano de Energia ................................................................................21
Figura 11 - Curvas de COP versus dT, Analisadas de acordo com variaes de Z...21
Figura 12 - Comparao Eficincia de Carnot Termoeltrico com o do Ciclo de
Compresso a Vapor ..........................................................................................22
Figura 13 - Comparao da Variao de Temperatura Entre um Refrigerador -
Compressor e um MTE ......................................................................................22
Figura 14 - Distribuio de Temperatura Dentro de um MTE .................................23
Figura 15 - Circuito Eletrnico de Controle de Temperatura...................................24
Figura 16 Conjunto de Termopares Ligados Eletricamente ..................................25
Figura 17 Efeito Seebeck ........................................................................................26
Figura 18 Aplicao do Efeito Seebeck ...................................................................27
Figura 19 - Fluxo de eltrons nos termoelementos ...................................................27
Figura 20 Experincias de Vans equipadas com pastilhas ....................................28
Figura 21 - Diagrama da localizao dos trocadores de calor ...................................28
Figura 22 Prottipos da californiana BSST ..............................................................29
Figura 23- recuperador de calor residual da BSST ...................................................30
Figura 24- Pesquisa de sistema de alta eficincia ar-ar (BSST) ..............................30
Figura 25 - dispositivos para recuperao industrial de calor..................................31
Figura 26- Gerador termoeltrico lquido -lquido ....................................................31
Figura 27 - Funcionamento do "efeito Seebeck". .......................................................32
Figura 28 - prottipo do green TEG ..........................................................................33
Figura 29 Lmpada Fluorescente Tubular ............................................................35
Figura 30 Lmpadas Fluorescentes Compactas ....................................................36
Figura 31- Lmpadas de LEDs..................................................................................36
Figura 32 Lmpadas Halogneas ...........................................................................37
Figura 33 Lmpada Incandecente ..........................................................................37
Figura 34 Multmetro - Ampermetro Digital Minipa ET - 1110 ..........................38
Figura 35 Termmetro Digital Tipo Vareta Minipa ..............................................39
Figura 36 - Aquecedor eltrico simulando chuveiro..................................................39
Figura 37 - montagem do prottipo em bancada ......................................................40
Figura 38 Circuito do Controlador de Carga..........................................................41
1. Introduo

Este trabalho foi feito com intuito de desenvolver tcnicas de gerao


termoeltrica atravs da recuperao de energias residuais de processos
industriais ou domsticos. Entendemos por energias residuais aquelas que so
desperdiadas no nosso dia-a-dia, e que no se traduzem em trabalho til.
A inteno foi a criao de um dispositivo que possa analisar a
quantidade de energia que se pode recuperar atravs do uso incomum de
pastilhas termoeltricas.
Incomum pois a quase totalidade dos projetos que fazem uso desta
novssima tecnologia de pastilhas (que tambm so chamadas de Pastilhas de
Peltier), aplica uma diferena de potencial eltrico nos seus terminais afim de
gerar duas superfcies termicamente bem diferenciadas ( uma superfcie fria de
um lado da cermica e outra superfcie quente no outro), gerando com isto um
fluxo de calor que se comporta como um compressor sem peas mveis.
No nosso presente projeto idealizamos o inverso: atravs de uma
superfcie quente, que recebeu energia de um processo domstico ou
industrial, e que desperdiaria esta energia para o ambiente, queremos gerar
uma diferena de potencial e um fluxo de energia eltrica que possa ser
armazenada para um uso til.
O prottipo tentar provar que a gua quente gerada num banho de
chuveiro (eltrico ou gs), poder ser utilizada para converter diretamente o
calor em energia eltrica que, aps armazenamento, poder ser utilizado para
acender uma lmpada de tecnologia LED para a iluminao do prprio
ambiente onde se encontra o chuveiro.
A converso de energia trmica em energia eltrica (que alimentar a
lmpada LED) se dar pela aplicao de conceitos como o princpio fsico
chamado Efeito de Seebeck que utiliza a diferena de temperatura para
produzir eletricidade.
Queremos demonstrar que as pesquisas neste sentido podero nos
levar a formas inovadoras de economia de energia e at de novos conceitos de
iluminao para banheiros, j que parte de premissas de sustentabilidade de
construes residenciais ecosustentveis.
8

2. Objetivos

O projeto denominado O Uso De Pastilhas Termoeltricas Na


Recuperao De Energias Residuais tem como objetivo mostrar que podemos
recuperar o calor perdido em duas das formas usuais de aquecimento de
banhos de conforto

na gua de ps-banho pelo esgoto pluvial, ou


na chamin de aquecedores gs
para gerar energia eltrica, aplicando alguns conceitos de gerao de
energia eltrica a partir do Efeito Seebeck, que uma derivao do Efeito
Peltier. Neste a energia trmica gerada pelo chuveiro ser transformada
diretamente em energia eltrica atravs de pastilhas termoeltricas chamadas
de Pastilhas de Peltier.
A diferena de potencial gerada por junes PNP do interior destas
placas cermicas faz circular uma corrente eltrica que, se devidamente
armazenada em pequenas baterias, poder servir para alimentar a iluminao
do ambiente onde est localizado este chuveiro.
Em todas as pesquisas realizadas pela internet no foram encontrados
projetos semelhantes, o que pode conferir uma caracterstica de ineditismo ao
nosso trabalho.
3. Justificativa

A escolha desse tema para o projeto se deu principalmente pela leitura


do conjunto de dicas encontradas em um e-mail recebido ocasionalmente,
falando sobre a gerao de energia eltrica. Este artigo trazia como fonte o site
Feira de Cincias, para onde navegamos e retiramos todo o conceito bsico de
funcionamento de uma Clula Peltier.
Se adotarmos por base o principio fsico conhecido como Efeito Seebeck
que diz que quando as extremidades de um fio, eletricamente isolado, so
colocadas em diferentes temperaturas h o aparecimento de uma tenso
eltrica entre estas pontas e se fizermos com que a diferena de temperatura
possa vir de um fluido que contenha energia que seria lanada ao meio
ambiente como desperdcio, poderemos desenvolver um projeto que
condicione e armazene esta energia e a utilize para propostas mais nobres.
Com base nesse princpio parece-nos vivel e economicamente possvel
gerar energia eltrica atravs da diferena de temperatura aplicada em uma ou
em uma srie de clulas Peltier.
4. Referencial Terico

Todo o referencial terico deste projeto est sendo baseado em


pesquisas realizadas pela rede mundial de computadores (internet) e em
bibliografias especficas tambm encontradas na rede. Foi divido nos seguintes
tpicos, distribudos para prospeco de cada um dos componentes do grupo.
A base de toda a pesquisa terica envolve a clula termoeltrica descrita
abaixo:

Figura 1- Pastilha Termoeltrica


S que ao invs de aplicar corrente eltrica nos condutores para ter
duas superfcies (uma quente e uma fria) na pastilha, ns iremos inverter o
conceito e aplicar duas fontes (a gua fria e a gua quente) de um banho, para
ver se conseguimos extrair uma tenso eltrica nas pontas dos condutores, e
uma posterior circulao de corrente eltrica num circuito armazenador
armazenador de energia (baterias).

4.1 Pastilha Termoeltrica

Os aparelhos termoeltricos (mdulos termoeltricos) podem converter


energia eltrica em um gradiente de temperatura. Este fenmeno foi
descoberto por Peltier em 1834. A aplicao desse fenmeno permaneceu
mnima at o desenvolvimento dos materiais semicondutores nos anos 50.
11

Com o advento dos materiais semicondutores veio a capacidade de uma


grande variedade de aplicaes praticas de refrigerao termoeltrica.

Figura 2 - Pastilha Termoeltrica Comercial

Dispositivos termoeltricos podem tambm converter a energia trmica


de um gradiente de temperatura em energia eltrica; este fenmeno foi
descoberto em 1821 e foi chamado Efeito Seebeck. Como mencionado
anteriormente, quando um diferencial de temperatura estabelecido entre as
extremidades quentes e frias do material semicondutor, uma tenso gerada;
isto , a tenso de Seebeck. Realmente, o efeito de Seebeck um efeito
inverso do efeito de Peltier. Baseado neste efeito de Seebeck, os dispositivos
termoeltricos podem agir tambm como geradores de energia eltrica. Se o
calor fornecido na juno fizer com que uma corrente eltrica flua no circuito
uma potncia eltrica gerada. Na pratica, necessrio um grande nmero de
termopares conectados eletricamente em srie para formar um mdulo.
Geralmente mais de um par de semicondutores so montados juntos
para dar forma a um dispositivo termoeltrico (mdulo). Dentro do mdulo,
cada um dos semicondutores so chamados termoelementos e um par dos
termoelementos chamado um termopar. Para descrever o funcionamento dos
mdulos termoeltricos podemos compar-los com os termopares. Os
termopares so dispositivos que geram uma corrente eltrica a partir de duas
junes de metais diferentes que se encontram a diferentes temperaturas.
Devido a esta caracterstica, eles so utilizados para indicao e
controle de temperatura em muitos processos industriais. Tal sinal pode ser
12

transformado para anlise comparativa de outra grandeza, como temperatura,


ou at deformao.
Os mdulos termoeltricos funcionam conforme o efeito Peltier e
possuem comportamento inverso aos termopares. Nesses mdulos, como
previamente descrito, um fluxo de eltrons forado entre as junes dos
metais dissimilares, e, conseqentemente, uma regio aquecida e outra
resfriada; ou seja, o calor transferido de um lado do mdulo ao outro, o que
descreve o funcionamento do dispositivo como um refrigerador sem partes
mveis. J os termopares utilizam-se de metais nas junes e os valores de
tenso e corrente captados por eles so bastante baixos. Contudo, isso no
de grande importncia pois a finalidade apenas medio.
Os dispositivos prticos do efeito Peltier, tambm conhecidos como
pastilhas termoeltricas, usam semicondutores para uma maior densidade de
corrente e, assim, de potncia. Em geral, eles utilizam materiais
semicondutores, como o telureto de bismuto altamente dopado, para criar
semicondutores tipo-p e tipo-n. Esses elementos semicondutores so soldados
entre duas placas cermicas, eletricamente em srie e termicamente em
paralelo. A direo do fluxo trmico pode ser modificada por uma alterao na
corrente contnua gerada pela polaridade aplicada entre os plos do mdulo.

Figura 3 Fluxo Trmico

Um dispositivo termoeltrico tpico composto por duas carcaas


cermicas, as quais servem como estrutura para preservar a integridade
mecnica do mdulo e como isolao eltrica para os termoelementos de
13

telureto de bismuto tipo-n e tipo-p (que so conectados eletricamente em srie


e termicamente em paralelo entre as placas cermicas). Os dispositivos
termoeltricos convencionais tm vrias especificaes para vrias aplicaes.
As dimenses variam de 3 mm de lado por 4 mm de espessura, at 60 mm de
lado por 5 mm de espessura. A taxa de calor bombeado mxima varia de 1 a
125 W. A mxima diferena da temperatura entre o lado quente e frio pode
alcanar os 70 C. Os dispositivos em geral contm de 3 a 127 termopares.
Existem alguns dispositivos termopares que so dispostos em srie (cascata)
funcionando em vrios estgios com a finalidade de obter diferenciais de
temperatura maiores (at 130 C). A temperatura mais baixa alcanada na
prtica de aproximadamente 100 C. Como o lado frio do dispositivo contrai
enquanto o lado quente expande, os aparatos que possuem rea quadrada de
lado superior a 50 mm geralmente sofrem estresse trmico induzido (o que
pode gerar um curto-circuito em certos pontos na conexo eltrica), assim eles
no so comumente utilizados. As reas maiores do que um nico MTE podem
ser resfriadas ou terem a temperatura controlada pelo uso de vrios mdulos.
Dois tipos de dispositivos termoeltricos multipares comercialmente
disponveis so representados na figura abaixo foi originalmente projetado para
aplicaes de refrigerao e possui a separao entre os termoelementos
significativa. Neste tipo de dispositivo, o termoelementos semicondutor do tipo-
n e o tipo-p so conectados eletricamente em srie por tiras de metal altamente
condutoras e so prensados entre placas, as quais agem como condutoras
trmicas e isoladoras eltricas. Na figura abaixo tem sido desenvolvido
recentemente para a gerao de energia eltrica, sendo construdo
compactadamente com uma separao muito pequena entre os
termoelementos com o objetivo de aumentar a potncia obtida por rea.
Entretanto, as tiras condutoras do metal no dispositivo anterior no so
isoladas e portanto o mdulo no pode ser conectado diretamente ao condutor
eltrico, tal como o dissipador de calor metlico.
Existem alguns materiais de uso comum na construo da carcaa dos
mdulos termoeltricos, por exemplo: o xido de alumnio (Al2O3), nitrito de
alumnio (AlN) ou xido de berlio (BeO). O (Al2O3) mais utilizado devido
sua relao custo benefcio e a tcnica de fabricao desenvolvida. Os outros
14

dois materiais cermicos so melhores condutores trmicos, de cinco a sete


vezes melhor que o (Al2O3), mas so mais caros; alm do mais, o xido de
berlio (BeO) venenoso. O cobre usado como material condutor eltrico
entre os semicondutores postados em paralelo; estes, como previamente
descritos, so do tipo-n composto por Bismuto-Telureto-Selenium (BiTeSe) e
do tipop, Bismuto-Telureto-Antimnio (BiTeSb). O sistema conectado por
solda. As aplicaes do mdulo para gerao de energia exigem uma
compactao maior dos termoelementos do que no caso da gerao ou
absoro de calor.

Figura 3 Separao entre termoelementos

As soldas fornecem a montagem do MTE, elas incluem ligas de


antimnio. O ponto de derretimento de uma solda o fator limitante da
temperatura da operao do mdulo. Ele representa a temperatura em que
ocorre o superaquecimento a qual pode haver dissociao entre as soldas de
cobre e semicondutores, e entre as dos prprios semicondutores em si,
causando falha na transferncia eltrica e/ou trmica. Para longo da vida do
mdulo, a temperatura da operao deve ser mais baixa do que o ponto de
derretimento da solda tanto quanto possvel ou procurar utilizar mdulos que
possuam solda resistente temperaturas elevadas.
Pastilhas termoeltricas so utilizadas em aplicaes pequenas de
resfriamento como chips microprocessadores ou at mdias como geladeiras
portteis. As pastilhas podem ser empilhadas para se chegar a temperaturas
mais baixas, embora alcanar nveis criognicos requer processos muito
complexos. Vale ressaltar que cada pastilha tem seu prprio limite mximo da
quantidade de calor que ela pode transferir, Qmax. A corrente eltrica
associada ao Qmax conhecida como Imax e a voltagem correspondente
15

como Vmax. Para se evitar superaquecimento das placas, o uso de


dissipadores de calor e ventiladores obrigatrio tanto do lado quente quanto
do lado frio. Para a montagem, recomenda-se o uso de pasta trmica entre a
placa e o dissipador para que se aumente a eficincia de troca trmica. Na
figura abaixo apresenta-se um grfico de um mdulo termoeltrico
convencional, que correlaciona Qw com dT.

Figura 4 Relao de Qw com dT

Os dispositivos termoeltricos no podem ser usados


independentemente, eles devem ser conectados com os trocadores trmicos
para dissipar o calor, que constituem o sistema termoeltrico. A teoria bsica e
a operao dos sistemas termoeltricos foram desenvolvidas por muitos anos.
Os sistemas termoeltricos so geralmente microbombas de calor ou os
pequenos geradores de potncia (que seguem as leis da termodinmica da
mesma maneira que bombas de calor mecnicas, compressores do vapor
associados com os refrigeradores convencionais, ou qualquer outro
instrumento utilizado para transferir energia).
16

Figura 5 - Esboo de um sistema termoeltrico

4.2 Materiais Termoeltricos

Podem-se classificar os materiais em relao ao seu carter


macroscpico de ser permissivo ou no de cargas eltricas e,
conseqentemente, calor. Dado esse parmetro, classificam-se os materiais,
em geral, em condutores, semi-condutores e isolantes. No mbito
microscpico, a classificao se refere ao comportamento do eltron da
camada de valncia do material sob ao de um campo eltrico gerado dada
uma diferena de potencial.
Obviamente os materiais isolantes possuem os eltrons de valncia
fortemente ligados aos seus tomos, e os eltrons dos materiais condutores se
deslocam facilmente do seu tomo. Os materiais semicondutores so slidos
cristalinos que a 0 K seus eltrons preenchem todos os estados disponveis da
banda de energia mais alta, ou seja, a banda de valncia. Eles apresentam
uma caracterstica intermediria aos isolantes e semicondutores. Contudo, eles
podem ser tratados qumicamente com a adio de impurezas incorporadas a
sua estrutura cristalina (dopagem) que aumentam a sua condutibilidade eltrica
gerando semicondutores chamados extrnsecos. A dopagem pode, por
exemplo, estabelecer um sentido preferencial para o fluxo eltrico, ou seja, o
material pode se tornar condutor em um sentido e isolante no outro. Um esboo
simplificado da rede cristalina de um material semicondutor exemplificado de
17

acordo com a figura abaixo, assim como os sistema de transporte de calor e


cargas eltricas.

Figura 6 Estrutura Cristalina Simplificada

Em relao aos semicondutores comerciais, h uma classificao em


relao temperatura de trabalho dos mesmos. Tal estipulao deve-se a
possvel mudana de carter condutor com o aumento da temperatura.
Estipula-se para o uso de at 450 K, a aplicao de ligas cristalinas baseadas
em antimnio, selnio e telrio. Para uma faixa de operao superior de at
850 K disponibilizam-se semi-metais com ligaes de telureto, e para altas
faixas de operao, acima de 1300 K, utilizam-se de ligas de Silcio-Germnio
dopadas com Arsnio.
Os novos materiais termoeltricos com grande figura de mrito Z podem
ampliar as aplicaes dos dispositivos termoeltricos em vrios campos. No
h caminho fcil para obter um grande valor de Z , mas h muitas
aproximaes plausveis que ainda podem ser tentadas. Venkatasubramanian
e pesquisadores associados (Triangle Institute, EUA) relataram no Journal
Nature (2005) um ZT = 2, 4 no semicondutores pelcula fina de
Bi2Te3/Sb2Te3.3 do tipo-p. Estes materiais parecem alcanar elevados valores
de Z.T devido sua estrutura incomum, uma super compactao formada por
camadas alternadas de semicondutores Bi2Te3 e Sb2Te3. O registro anterior
para Z.T na temperatura ambiente era em torno de 1, alcanado por uma liga
semicondutora baseada em Bi2Te3 e em Sb2Te33. A estrutura compactada
parece aumentar o transporte de corrente eltrica enquanto inibe o transporte
de calor pelos fnons (vibraes quantizadas do cristal), ambos efeitos
18

aumentam Z.T. A Figura 2.13 contm um grfico comparativo da eficincia do


Bi2Te3 em relao a outros materiais cermicos.
Um grande nmero estudos de dispositivos e materiais termoeltricos se
baseiam no (Bi, Sb) e (Te, Se) por causa de seu desempenho excelente na
refrigerao e na gerao de energia termoeltrica temperatura ambiente. Os
termoelementos so geralmente fabricados por blocos sintetizados desses
materiais. H, entretanto, algumas dificuldades determinadas e limitaes em
fazer mdulos altamente miniaturizados (como a natureza frgil destes
materiais). Alm disso, o nmero de pares p/n possvel de ser acoplado em um
espao limitado disponvel torna impossvel obter uma tenso relativamente
alta na sada para a gerao de energia.

Figura 7 - Grfico Comparativo dos Materiais Termoeltricos

4.3 Descries e Especificaes de Pastilhas

Os refrigeradores termoeltricos podem ser feitos de diferentes formas e


tamanhos, sendo as formas mais comuns da carcaa a retangular e a
quadrada. O tamanho usual de um MTE de simples estgio varia entre 3 mm x
3 mm e 60 mm x 60 mm. A limitao de tamanho em 60 mm x 60 mm devido
ao estresse trmico que causa a expanso de deformao entre as junes
frias e quentes do RTE; tal estresse pode desconectar as soldas. Para obter
uma diferena maior de temperatura entre as faces, pode-se construir um
sistemas com RTEs de vrios estgios. A disposio dos RTEs de mltiplos
19

estgios se faz usualmente na forma de cascata e seis estgios so o limite


prtico. Na figura abaixo pode-se observar RTEs de vrios tamanhos.

Figura 8 Diferentes Modelos de Pastilhas

A figura que segue abaixo apresenta um exemplo de caractersticas de


um mdulo comercial simples.
Como previamente citado, ocorre gerao de calor em um material
devido s resistncias trmicas de conduo quando impe-se uma corrente
eltrica. Este fator ento se torna determinante para a quantidade mxima de
calor Qmax transferida por um MTE. A corrente eltrica associada ao Qmax
definida como Imax, e a voltagem correspondente como Vmax. Numa situao
em que o mdulo se apresenta trabalhando isoladamente do sistema a Imax
ele produzir a diferena mxima de temperatura entre os lados quente e frio,
definida como dTmax.
Os mdulos termoeltricos funcionam corrente direta, DC. Uma fonte
chaveada pode ser utilizada, mas suas variaes devem estar limitadas a
10A. A freqncia ideal entre 50 e 60 Hz. A fonte no precisa estar ajustada
exatamente aos nveis de Vmax e Imax, embora no seja recomendvel que
eles sejam ultrapassados. muito comum, por exemplo, se operar uma
pastilha cujo Vmax seja 15.4V com uma fonte de 12V. Caso uma corrente e/ou
tenso menores sejam utilizados, a pastilha transferir menos calor em watts.
20

Figura 9 Esboo Construtivo do Mdulo

4.4 Desempenho do Mdulo

O funcionamento do mdulo termoeltrico como agente resfriador


acontece pela remoo de uma taxa de calor Qc de um lugar ou um aparato a
ser resfriado que se encontra uma temperatura Tc. O calor lquido dissipado
na extremidade quente a soma do calor lquido absorvido na extremidade fria
mais a potncia eltrica aplicada. O coeficiente de performance (COP) usado
definir a eficincia de refrigerao definido como o calor lquido absorvido na
extremidade fria dividido pela potncia eltrica aplicada, e pode ser definida
como:
Onde:
COP = Coeficiente de Performance
Qc = Calor Lquido Absorvido
Pin = Potncia de Entrada

e
Onde:
Pin = Potncia de Entrada
Qh = Calor Dissipado
Qc = Calor Lquido Absorvido
21

Figura 10 Balano de Energia

Sendo assim, o COP representa quantas vezes o calor removido por


unidade de potncia de entrada. Usualmente, o valor encontrado para esse
fator entre 0.4 e 0.7 para aplicaes com um mdulo comum de simples
estgio, ou de nico mdulo. Contudo, COP mais altos podem ser conseguidos
via utilizao de mdulos feitos sob medida. Existe uma relao entre o COP, a
figura de mrito Z e a diferena de temperatura imposta (dT ), tal relao
quantificada no grfico.

Figura 11 - Curvas de COP versus dT,


Analisadas de acordo com variaes de Z
22

Pode-se comparar a eficincia de um mdulo termoeltrico com o de um


compressor refrigerador domstico, tomando como base a mxima eficincia
alcanada entre as temperaturas de trabalho: Th e Tc; definida pelo ciclo de
Carnot. A Figura 2.18 mostra que um RTE tem uma eficincia de 5-10%,
enquanto um compressor refrigerador tem a mxima eficincia em torno de
45%.

Figura 12 - Comparao Eficincia de Carnot


Termoeltrico com o do Ciclo de Compresso a Vapor

4.5 Controle de Temperatura


Nos refrigeradores-compressores convencionais, em geral, o controle de
temperatura conseguido por uma simples operao de ligar e desligar usando
um sensor/interruptor de expanso trmica. Este tipo de controle de
temperatura causa flutuaes senoidais de temperatura, conforme se vislumbra
na figura abaixo:

Figura 13 - Comparao da Variao de Temperatura Entre


um Refrigerador - Compressor e um MTE
23

A distribuio da temperatura dentro do mdulo representada de


acordo com a figura abaixo. Porm, tratando-se de refrigeradores
termoeltricos, essas flutuaes no ocorrem pelas seguintes razes:

Figura 14 - Distribuio de Temperatura Dentro de um MTE

A fim de minimizar a conduo do calor atravs do mdulo, um controle


de temperatura que usa a tcnica de PID (derivativo integral proporcional) deve
ser empregado. O mtodo permite o RTE operar em modo de grande
capacidade de retirada de calor quando um resfriamento rpido necessrio e,
tambm, operar em um modo de baixa da capacidade de retirada, quando s
se deseja manter a temperatura, de forma a obter um consumo mnimo de
energia. Consequentemente, a transferncia de calor atravs do mdulo de
Peltier pode ser impedido, assim como o controle exato da temperatura da
carcaa pode ser conseguido.
Relata-se que a confiabilidade dos MTE pode ser reduzida
significativamente ao impor vrios ciclos de operao devido uma tenso
lateral induzida pela contrao no lado frio e pela expanso no lado quente.
Dessa forma, o uso do controle PID permite que os mdulos de Peltier operem
num modo relativamente baixo de estresse comparada com o modo liga-
desliga repetido. Assim, o problema da confiabilidade pode ser minimizado
24

Como a capacidade de absoro de calor de um RTE proporcional a


potncia de entrada, a taxa de absoro pode ser prontamente controlada
alterando a potncia de entrada de seus mdulos. Esta flexibilidade permite
aos MTE operarem de duas formas diferentes: um modo de grande capacidade
de absoro, quando uma taxa de refrigerao rpida requerida; e um modo
de elevado COP, quando se preferir o menor consumo de energia.
Alm disso, o controle de PID pode ser prontamente incorporado ao
computador para obter-se uma operao de refrigerao programvel. Uma
vantagem clara da operao programvel que a temperatura do refrigerador
pode ser pr-ajustada e controlada convenientemente para obter um perfil de
refrigerao requerido e um grau mais elevado de estabilidade. Um RTE com
caractersticas programveis fornece uma facilidade de refrigerao controlvel
que pode ser til em uma variedade de aplicaes, em particular, na medicina
e na bio-tecnologia.

Os controladores de temperatura so formados por uma srie de placas


de circuito conectadas em paralelo que fazem o ajuste de temperatura do
mdulo de forma automtica, a abaixo representa um circuito eletrnico de
controle de temperatura com oito placas em paralelo.

Figura 15 - Circuito Eletrnico de Controle de Temperatura


25

1
4.6 Efeito Peltier
O efeito Peltier, responsvel pela refrigerao termoeltrica, trata do
surgimento de um gradiente de temperatura entre dois materiais diferentes
quando expostos a uma tenso. A refrigerao termoeltrica baseada no efeito
Peltier ativada quando uma corrente direta forada atravs de um ou mais
pares de materiais semicondutores do tipo-n e do tipo-p.
Para obter a operao de resfriamento, a corrente deve passar do
material semicondutor tipo-n para o tipo-p. Dessa forma haver uma absoro
de calor do ambiente e a temperatura da placa fria Tc diminuir. Em termos de
microanlise, o resfriamento ocorre quando eltrons passam do nvel baixo de
energia no semicondutor do material tipo-p atravs do condutor interconectado
para um nvel de energia mais elevado no material semicondutor tipo-n. O calor
absorvido transferido atravs dos materiais semicondutores por transporte
eletrnico at a outra juno final que se encontra a temperatura quente Th,
sendo liberado medida que os eltrons retornam ao baixo nvel de energia no
material tipo-p. A este fenmeno d-se o nome de Efeito Peltier.

Figura 16 Conjunto de Termopares Ligados Eletricamente

O transporte eletrnico ocorre ao impor-se uma tenso. Os eltrons, do


material que os contm em excesso, fluem para o material que possui carncia
eletrnica, gerando um fluxo livre de eltrons (corrente eltrica). Tal comportamento
observado semelhante ao dos fluidos de trabalhos em ciclos de refrigerao por

1
Artigo Publicado por Diego Henrique Cunha De Souza, no Projeto de Graduao Otimizao Do Uso
De Refrigeradores Termoeltricos Em Processos De Refrigerao na Universidade de Braslia.
26

compresso ou por absoro. Sendo assim, eles aquecem um lado e refrigeram o


outro, sendo necessria a interposio de um isolante trmico entre os mesmos com a
finalidade de diminuir a conduo de calor natural gerada pelo gradiente de
temperatura.

2
4.7 Efeito Seebeck

O Efeito Seebeck, que trata de um segundo fenmeno tambm


importante na refrigerao termoeltrica. Quando uma variao trmica
estabelecida entre as interfaces mantidas a diferentes temperaturas do material
semicondutor, uma fora eletromotriz gerada. A esta fora eletromotora d-se
o nome de voltagem de Seebeck, a qual diretamente proporcional variao
trmica. A constante de proporcionalidade referida como coeficiente de
Seebeck, parmetro muito significativo para a efetividade de um material
semicondutor j que avalia entraves impostos pela resistncia passagem de
eltrons e fnons, assim como sua interao. Na verdade, esse efeito pode ser
observado em qualquer junta de metais dissimilares. Porm, h materiais,
como os semicondutores, em que a captao mais eficiente. Na figura
abaixo, o efeito Seebeck esboado de maneira simples.

Figura 17 Efeito Seebeck

Uma demonstrao da aplicao do Efeito Seebeck se faz na figura 18,


em que dois reservatrios de gua a temperatura diferentes aquecem um
mdulo termoeltrico, o qual gera uma diferena de potencial (d.d.p.) que
fornece energia a um miniventilador.

2
Artigo Publicado por Diego Henrique Cunha De Souza, no Projeto de Graduao Otimizao Do Uso
De Refrigeradores Termoeltricos Em Processos De Refrigerao na Universidade de Braslia.
27

Figura 18 Aplicao do Efeito Seebeck

Uma aplicao relevante do efeito Seebeck ocorre nos termopares,


amplamente utilizados na engenharia. Eles obtm uma corrente eltrica devido
variao de temperatura da junta bimetlica quando em contato com um
corpo, por meio dessa corrente, pode se mensurar a temperatura deste corpo.
Outra aplicao interessante a obteno de energia eltrica em veculos
espaciais pela diferena de temperatura entre a parte exposta ao sol e a parte
sombreada. Na figura 19, esboa-se a passagem dos eltrons nos
termoelementos semicondutores que constituem o mdulo.

Figura 19 - Fluxo de eltrons nos termoelementos

4.8 Pesquisas de Otimizao

Os pesquisadores desta rea de conhecimento tem desenvolvido


trabalhos para encontrar novos materiais (que aumentem a performance da
28

troca trmica) e novas utilizaes para a tecnologia (pesquisa aplicada).


Apresentamos a seguir nossa prospeco sobre os principais avanos nesta
rea.

4.8.1 Utilizao automotiva

Segundo o site de pesquisa de energias alternativas denominado


greenoptimistic (www.greenoptimist.com/2011/05/25/bmw-gm-ford-thermeletric)
alguns dos maiores fabricantes mundiais de automveis (BMW, Ford e GM)
assumiram o compromisso de equipar os carros de teste com o prottipos de
dispositivos termoeltricos at o final do vero de 2011 para ver como eles vo
se comportar.

Figura 20 Experincias de Vans equipadas com pastilhas

Eles esperam que a eficincia nas SUVs (utilitrios) e sedans equipados


com pastilhas peltier podero aumentar em at 5 por cento a economia do
carro. Os dispositivos so feitos pela BSST em Irwindale, um manufaturador de
pastilhas com sede na Califrnia e pela equipe de P & D global da General
Motors.

Figura 21 - Diagrama da localizao dos trocadores de calor


29

Utilizando novos materiais, como misturas de hfnio e zircnio, os


dispositivos da BSST vo funcionar bem em temperaturas acima de 250 graus
Celsius, temperatura que o limite superior de uma pastilha termoeltrica usual
de telureto de bismuto. Eficincias de cerca de 40 por cento foram
mencionadas, o que denota bem uma tecnologia revolucionria.
A abordagem que a GM est usando a de uma outra classe de
materiais termoeltricos, chamado skutterudites. Esses so mais baratos que
os teluretos e diz-se trabalharem melhor a altas temperaturas. Algumas
simulaes de computador ainda rendem potncias to elevadas quanto 350
watts em um Chevrolet Suburban, o que pode melhorar a eficincia do veculo
por cerca de 3%.
A desvantagem de skutterudites que difcil incorpor-los em
dispositivos, como diz o cientista da GM Gregory Meisner: isso acontece por
causa do grande gradiente de temperatura e o estresse mecnico sobre o
dispositivo de contato termoeltrico.
"Neste momento, o dispositivo apenas inserido no sistema de escape",
diz Meisner: "A seo de tubo cortado e o dispositivo, que se parece com um
silenciador, inserido. Precisamos projetar algo que mais integrado ao
sistema do veculo, em vez de um dispositivo add-on. Tenho certeza que com
este passo fabricantes de automveis sero capazes de aprender a integrar
melhor os dispositivos termoeltricos em todos os tipos de carros. Em poucos
anos (Meisner faz estimativas de quatro anos) eles podero ser to familiares a
ns como catalisadores so agora.

Figura 22 Prottipos da californiana BSST


30

Alguns prottipos da fabricante BSST, que esto na fase de pesquisa


prometem um grande avano nesta tecnologia e a miniaturizao dos mdulos3

Figura 23- recuperador de calor residual da BSST

O uso em sistemas de recuperao de calor atravs do ar tambm so


possveis e esto na fase embrionria de pesquisa:

Figura 24- Pesquisa de sistema de alta eficincia ar-ar (BSST)

4.8.2 Utilizao em processos industriais

Alguns pesquisadores esto desenvolvendo mdulos baseados em


Efeito Seebeck para recuperao de calor em fornos industriais e processos
onde a energia desperdiada, como dutos e chamins4.

3
Segundo site http://www.bsst.com/heating-cooling-electronics.php#liquid_to_air acessado em 23.10.2011
4
Segundo site www.engenhalogia.wordpress.com visitado em 22.10.2011
31

Figura 25 - dispositivos para recuperao industrial de calor

Bem como em processos onde o efluente lquido do processo industrial


pode gerar um fluxo de calor com outro efluente mais frio, como este gerador
de 180 W da chinesa Thermonamic5, que possui 16 pastilhas ligadas em srie,
e produz 96V DC e 3,8 A.

Figura 26- Gerador termoeltrico lquido -lquido

4.8.3 Utilizaes avanadas

Para demonstrar o quo avanadas podem ser as aplicaes de


microgerao termoeltrica de energia, transcrevemos a reportagem em que
um pesquisador ganhou recentemente um prmio internacional pelo seu
trabalho, inicialmente acadmico, e que hoje j virou uma patente:

5
http://www.thermonamic.com acessado em 22.10.2011
32

No dia 16 de setembro de 2009, em Berna (Sua), o engenheiro Wulf


Glatz, PhD. pelo Instituto Federal de Tecnologia de Zurique, recebeu o
Swisselectric Research Award 2009 pelo desenvolvimento de micro-
geradores termoeltricos flexveis.
Para evitar confuses: um microgerador termoeltrico funciona segundo
um princpio diferente de uma usina termoeltrica. Enquanto esta se
utiliza de algum combustvel (gs, carvo, urnio) para, por exemplo,
ferver gua e fazer girar uma turbina, o gerador termoeltrico
propriamente dito transforma calor em eletricidade sem qualquer
processo intermedirio no caso citado, o aquecimento da gua.
O efeito Seebeck causado pelo aumento de portadores de
carga (eltrons livres ou imperfeies em arranjos atmicos, como
defeitos Frenkel, por exemplo) em metais e materiais semicondutores
em funo do aumento de temperatura e sua posterior difuso, devido
ao gradiente trmico.

Figura 27 - Funcionamento do "efeito Seebeck".

No entanto, a grande contribuio de Wulf Glatz ao


amadurecimento da tecnologia de geradores termoeltricos foi a de
conceber e construir um dispositivo pequeno, verstil, flexvel (facilidade
de aplicao) e sem partes mveis (baixos custos de manuteno), cujo
prottipo j era dez vezes mais barato e 30 vezes mais eficiente do que
33

as mquinas atualmente existentes. Ao substituir a liga de nquel-cobre


(Ni-Cu) utilizada por uma de telureto de bismuto (Bi2Te3), a gerao de
potncia eltrica observada foi duas vezes maior do a maior potncia j
observada em dispositivos segundo esse princpio.
Para fazer seu projeto chegar ao mercado, o inventor j fundou
sua companhia a greenTEG. Por ora, seu produto no funciona em
faixas de temperatura como a do corpo humano. No entanto, tal objetivo
encontra-se entre os prximos a serem alcanados, juntamente com a
possibilidade de se reverter o processo transformando eletricidade
diretamente em calor (fenmeno conhecido como efeito Peltier).

Figura 28 - prottipo do green TEG


Sistemas como o de Wulf Glatz consistem, portanto, em uma
das mais promissoras formas de gerao de energia no-poluente.
Soma-se a isso o fato de o greenTEG resfriar ambientes ao sequestrar
calor, gerando ao invs de gastar energia para faz-lo. Alm disso, sua
motivao um exemplo bem sucedido da extenso de um projeto
inicialmente acadmico ao mercado6.

4.8.4 Utilizao em Iluminao

Segundo exaustivas pesquisas pela rede internet, o uso de geradores


termoeltricos para utilizao em iluminao ainda no existe como

6
Extrado de http://engenhalogia.wordpress.com/2009/10/05/efeito-termoeletrico/ acessado em 25.10.2011
34

metodologia cientfica, portanto, passamos a rever alguns tpicos do tema


Iluminao, para fundamentar a nossa aplicao presente.
A iluminao numa casa responsvel por cerca de 10 a 15% do
consumo de eletricidade total da habitao, o que corresponde a uma emisso
anual de 450g de CO2 equivalente (450 000 000 000 g)7.
A escolha da iluminao correta para cada diviso, tendo em conta o
tipo de atividades que se realizam em cada espao, muito importante para
um maior conforto e um consumo mais racional de energia, traduzindo-se
numa reduo da fatura da luz, ao final do ms.
O uso de lmpadas tecnologicamente mais eficientes permite poupar
dinheiro, por consumir menos energia, e ao poupar energia estaremos
preservando o ambiente.
A mudana do tipo de lmpadas utilizadas cada vez menos restringida,
graas adaptao das novas lmpadas ao sistema das incandescentes.
Atualmente obrigatria a presena da etiqueta de eficincia energtica
nas embalagens das lmpadas, como forma de distinguir as lmpadas que so
mais eficientes (do ponto de vista energtico), das que so menos eficientes.
tambm muito importante reparar na sua classificao quando tm a
designao de ecolgicas/econmicas, pois existem no mercado lmpadas
com esta designao que tm uma baixa eficincia energtica (classe D ou at
menos).
preciso ter tambm ateno potncia de lmpadas que indicada
para cada luminria, sob pena de degrad-los rapidamente.
prefervel utilizar menos lmpadas, mas com maior potncia: uma
lmpada de 100 Watts consome a mesma energia que 4 de 25 Watts, mas
produz aproximadamente o dobro da luz. No entanto a melhor opo a
utilizao de uma lmpada fluorescente compacta que, com uma menor
potncia, atinge o mesmo grau de iluminao.

4.9 Tipos de Lmpadas8


Lmpadas fluorescentes

7
Extrado do artigo publicado no blog Sala de Estar em Junho de 2008 e acessado em 15.10.2011
8
Artigo Publicado no Site http://www.ecocasa.pt em Outubro de 2009 e acessado em 15.10.2011
35

As lmpadas fluorescentes podem ser classificadas de acordo com o


seu formato: as mais vulgares so geralmente utilizadas nas cozinhas e
designam-se por Lmpadas Fluorescentes Tubulares. As Lmpadas
Fluorescente Compactas no so mais do que uma lmpada fluorescente
miniaturizada que se destina a substituir as vulgares lmpadas incandescentes.

Tubulares

Estas lmpadas so muito utilizadas, pois proporcionam uma boa


iluminao com pouca potncia e baixo consumo energtico, sendo as mais
adequadas para locais com necessidades de longa iluminao.
Estas lmpadas tm uma elevada eficcia e um perodo de vida muito
elevado (cerca de 12.000 horas), permitindo economizar energia em at 85 %,
dependendo do modelo e da potncia.

Figura 29 Lmpada Fluorescente Tubular

Compactas

As lmpadas fluorescentes compactas apresentam as mesmas


vantagens das tubulares e tm uma instalao compatvel com as roscas
tradicionais usadas para as lmpadas incandescentes. So especialmente
recomendadas quando se necessita de utilizao contnua por perodos de
tempo superiores a 01 hora. Existem lmpadas indicadas para zonas de
descanso (branco quente) e outras adequadas para zonas de atividade (branca
fria). Estas lmpadas tm um nmero elevado de horas de utilizao, de 6 a 15
mil horas, e j esto preparadas para um nmero elevado de ciclos de ligar e
desligar.
36

Figura 30 Lmpadas Fluorescentes Compactas

Dodos Emissores de Luz (LEDs)

A reduo do consumo de energia eltrica na iluminao passa


indiscutivelmente pela utilizao de LEDs.
Atualmente j existem LEDs com potncias equivalentes s lmpadas
incandescentes. Estas lmpadas tm um preo mais elevado que as lmpadas
fluorescentes compactas, mas tm um perodo de vida muito superior (20 a 45
mil horas em oposio a 6 a 15 mil horas).

Figura 31- Lmpadas de LEDs

Lmpadas de halognio

As lmpadas de halognio tm tido uma melhoria na sua eficincia


energtica. Atualmente j existem lmpadas 20 a 60% mais eficientes que as
tradicionais, e com um tempo de vida til tambm superior que pode atingir as
5.000 horas de utilizao.
Estas lmpadas tm um funcionamento semelhante ao das lmpadas
incandescentes. No entanto, apresentam a vantagem de conseguirem
recuperar o calor libertado pela lmpada, reduzindo a necessidade de
eletricidade para manter a sua iluminao. Estas lmpadas emitem uma
claridade constante.
Outra vantagem deste tipo de lmpadas, quando comparadas com as
lmpadas incandescentes, a possibilidade de orientao da emisso de luz
segundo diversos ngulos de abertura.
37

Figura 32 Lmpadas Halogneas

Lmpadas Incandescentes
Este tipo de lmpada est ainda muito presente nas habitaes. Este .
no entanto o tipo de iluminao com menor eficincia luminosa (15 lm/W) e
com o menor tempo de vida mdia (cerca de 1 000 horas).

Figura 33 Lmpada Incandecente


A sua baixa eficincia em relao aos restantes tipos de lmpadas deve-
se ao fato de converterem a maior parte da eletricidade (90 a 95%) em calor e
apenas uma percentagem muito reduzida (5 a 10%) em luz. Da ficarem
bastante quentes muito pouco tempo aps terem sido acesas.
A sua elevada ineficincia conduziu a que a Unio Europeia aprovasse
uma diretiva com o objetivo de retirar estas lmpadas do mercado. Este
processo teve incio em 2009 com o seguinte calendrio de proibio de venda:
Lmpadas acima de 80W proibidas a partir de 1 de Setembro 2009;
Lmpadas acima de 65W proibidas a partir de 1 de Setembro 2010;
Lmpadas acima de 45W proibidas a partir de 1 de Setembro 2011;
Lmpadas acima de 7W proibidas a partir de 1 de Setembro 2012.
38

Partimos de experincias pesquisadas na internet (de boa eficincia


porm elevadas temperaturas) para projetar esse nosso conjunto, onde o
objetivo essencial reaproveitar qualquer energia trmica residual para gerar
energia eltrica e avaliar se este aproveitamento vivel termo
economicamente.
A montagem inicialmente concebida para simulao (um circuito
hidrulico com chuveiro eltrico, um ralo coletor e um bombinha de
recirculao), foi substituda no incio das montagens, pois no se tornava
prtica para alteraes de temperaturas e vazes. No seu lugar criamos um
dispositivo hidrulico com 02 compartimentos, para fazer circular dois sistemas
hdricos de temperaturas dissimilares (um simulando a gua quente e outro
simulando a gua fria).
Futuras alteraes de quais fludos usar, como aproveitar os gases
exaustos de aquecedores gs, podem fazer as pastilhas terem um
desempenho ainda melhor.

5.1 Instrumentao Utilizada

Todos os testes esto sendo realizados ao decorrer da construo do


prottipo com auxilio de multmetro/ampermetro e termmetro digital onde est
sendo coletado dados de tenses, corrente e temperatura e analisando o
comportamento da pastilha em relao a variao de temperatura.

Figura 34 Multmetro - Ampermetro Digital Minipa ET - 1110


39

Figura 35 Termmetro Digital Tipo Vareta Minipa


Aquecedor eltrico para elevao das temperaturas da gua quente,
utilizado por aquaristas e adquirido em loja do ramo

Figura 36 - Aquecedor eltrico simulando chuveiro

5.2 Montagem do Prottipo

A metodologia usar um pequeno kit construdo em tubos de alumnio


(um para a gua fria de entrada e outro para a gua quente residual) e
conexes pneumticas comerciais, como forma de estabelecer o lado frio e o
lado quente da clula de Peltier. A clula dever ficar rigidamente fixada entre
duas placas planas de alumnio, formando a juno termoeltrica requerida
pela tecnologia Peltier, registrar os passos para construo e montagem do
prottipo e coletar dados sobre o comportamento da pastilha termoeltrica com
diferentes temperaturas e demonstrar dados das variaes de tenses e
corrente de acordo com as temperaturas aplicadas na pastilha.
Utilizamos uma bomba de recirculao retirada de uma processadora de
anlises clnicas velha, como forma de manter homognea a gua no circuito
quente, simulando a fonte de energia residual.
40

Montamos e adaptamos (reforamos a capacidade de corrente) de uma


fonte de corrente contnua existente, como forma de alimentar a bomba de
recirculao de gua quente residual.
Alternativamente, utilizamos uma fonte de alimentao de CPU que
gerasse 12 VDC e com uma boa capacidade de corrente (10 A), para
experimentar a alimentao de uma das 03 clulas de Peltier compradas, para
que a mesma gerasse duas superfcies com diferenas de temperaturas
significativas, para apropriar os dados de tenso e corrente das outras 02
clulas restantes.

Figura 37 - montagem do prottipo em bancada

Na foto podemos ver as 03 pastilhas Peltier entre os 02 tubos de alumnio


(trocadores de calor) e as tubulaes que levam os fludos frio e quente aos
seus respectivos circuitos. Ao fundo aparece o sistema de circulao e
bombeamento de gua quente, com a resistncia simulando uma fonte de
aquecimento, o termmetro mergulhado no banho, a bomba de 24 VDC e sua
respectiva fonte de alimentao. Em primeiro plano aparece a medio da
tenso eltrica gerada pelas pastilhas e uma fonte chaveada 12 VDC que
usamos para injetar tenso em uma das pastilhas (a central), para
41

experimentar se a mesma gerava um fluxo de calor e frio para aumentar a


diferena de temperatura que estvamos tendo (para mais de 65 C).
O mdulo trocador do nosso projeto est apoiado sob um bloco de gelo o
que garantiu temperaturas na parte fria em torno de 15 a 20 C, similares as
encontradas em gua corrente no nosso clima.

5.3 Controlador de Carga

Este dispositivo9 destina-se sobretudo a proteger as baterias, regulando


a carga especifica e atuando de modo a proteger a bateria de sobrecargas.
utilizado entre a fonte de energia (mdulos fotovoltaicos, painis fotovoltaicos)
e as baterias. Quando a bateria fica com a carga mxima, o regulador de carga
desvia a corrente com origem na fonte de energia (pastilhas Peltier) para outra
utilizao ou simplesmente evita que as baterias continuem a carregar.

Figura 38 Circuito do Controlador de Carga


No estgio atual do projeto tivemos que adquirir os microprocessadores
deste circuito no mercado internacional (Farnell Newark) pois no foram

9
Circuito Publicado no Site http://www.electronica-pt.com/index.php/content/view/22/36/ em
Outubro de 2007.
42

encontrados no mercado local. Isto fez com que a etapa de regulao ficasse
para uma continuao do projeto, j que a demora na chegada dos
componentes (greve dos correios) impediu a validao do circuito, projetado
inicialmente para painis solares. Como inicialmente cremos que as tenses
obtidas ainda no ultrapassaro os 10-12 VDC, no teremos perdas
significativas nos resultados esperados.
43

5.4 Custos Aproximados

No se pode medir exatamente os custos envolvidos num projeto deste


tipo, no s por envolver alguns componentes j adquiridos para experincias
anteriores, bem como por saber que uma pesquisa cientfica envolve custos de
montagem que no existiro em um projeto de uso comercial da tecnologia. S
para constar, descrevemos alguns dos valores at agora desembolsados:

Material Quantidade Local Valor


Tubo de Alumnio 1,50 Metro Ferro Velho R$ 15,00
Componentes Eletrnicos divs Severo Roth R$ 21,50
Componentes Eletrnicos divs Radional R$ 23,50
Controladores Farnell divs Farnell RS 32,50
Pastilha Peltier 3 Unidades Mercado Livre R$ 90,00
Aquecedor de Aqurio 1 Unidade Aquarista R$ 13,50
Lmpada LED 1 unidade Severo Roth R$ 12,00
Total R$ 208,00

6 Resultados

Conseguimos atravs do sistema prottipo tenses de at 7,0 VDC e


correntes de at 800 mA. Estes parmetros foram para uma diferena de
temperatura em mdia de 65C. Estes valores j so suficientes para alimentar
um circuito elevador de tenso DC-DC que possa alimentar uma ou mais
baterias instaladas no controlador de carga mencionado no captulo 5.3 .
Nossa projeo (baseada nos grficos apresentados no referencial
terico) a de que, em aquecedores gs, com o mdulo colocado na sada
dos gases da chamin (parte quente) e a parte fria na rede de alimentao
dgua do aparelho , as tenses iro chegar a 14,5 V e as correntes podero
passar dos 2.200 mA.
44

7 Concluses

Todos os dados extrados da experimentao prtica, mesmo que ainda


em fase de desenvolvimento, nos levam a crer na plena possibilidade de, em
futuro muito prximo, seja possvel disseminar a utilizao de mdulos
microgeradores de energia termoeltrica para uso domstico, como forma de
garantir uma melhor eficincia no uso da energia.
Em indstrias que possuem processos onde existem gerao de calor e
por consequncia o seu desperdcio, tambm vemos uma fonte potencial de
uso de um economizador baseado neste nosso projeto.
Nos casos de automotiva e eletrnica embarcada, as prprias
montadoras de automveis j esto com suas unidades de pesquisa e
desenvolvimento trabalhando nesta linha de inovao, o que nos d certeza da
plena viabilidade tcnica e econmica desta idia de economizadores
energticos baseados na microgerao termoeltrica.
45

8 Referncias Bibliogrficas

Conceito do Princpio Fsico Efeito Seebeck, extrado de


http://www.professandofisica.com/category/efeito-seebeck/. Dia 20/09/2011 s
19:33.

Conceito de Pastilha Peltier, extrado de


http://www.feiradeciencias.com.br/sala12/12_08.asp. Dia 23/09/2011 s 14:40.

Conceito de Iluminao, extrado de http://www.ecocasa.pt. Dia 14/10/2011.

Sitio da empresa http://www.thermonamic.com acessado em 22.10.2011

Artigo Publicado por Diego Henrique Cunha De Souza, baseado no seu projeto de
graduao Otimizao Do Uso De Refrigeradores Termoeltricos Em Processos
De Refrigerao na Universidade de Braslia.

Acessos ao site http://www.bsst.com/heating-cooling-electronics.php#liquid_to_air


acessado em 23.10.2011

Site denominado www.engenhalogia.wordpress.com visitado em 22.10.2011

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