Estrategia de Desenvolvimento Rural

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-i-

REPBLICA DE MOAMBIQUE
____
CONSELHO DE MINISTROS

ESTRATGIA DE DESENVOLVIMENTO RURAL

(EDR)

Maputo, 11 de Setembro de 2007


ii

SUMRIO EXECUTIVO

O presente documento apresenta a estratgia de desenvolvimento rural


em Moambique, designada por Estratgia de Desenvolvimento Rural,
ou de forma abreviada, EDR. Para a EDR, desenvolvimento rural o
processo de melhoria das condies de vida, trabalho, lazer e bem-estar
das pessoas que habitam nas reas rurais.
Consciente da experincia histrica e dos enormes desafios que o Pas ter
de enfrentar no futuro, o Governo de Moambique decidiu elaborar e
implementar uma estratgia de desenvolvimento rural, para que sirva de
instrumento de aco, inspirador e mobilizador, a todos os actores
empenhados na batalha pelo desenvolvimento rural.
No entanto, para alm dum processo real e social, a EDR tambm um
produto, neste caso, configurado no presente documento de referncia e
de aco estratgica. A principal funo e utilidade da EDR de contribuir
para que as polticas e os instrumentos de planeamento sejam
consistentes com uma perspectiva de transformao pro-rural do padro
de criao de riqueza em Moambique.
O presente documento est organizado em cinco captulos principais. O
Captulo 1, correspondente Introduo, fundamenta e enquadra a
necessidade duma estratgia de desenvolvimento rural, no contexto do
crescimento e desenvolvimento de Moambique, tanto na actualidade
como em termos das suas perspectivas de evoluo possveis e desejveis
para as prximas dcadas.
O Captulo 2 fornece um breve panorama da situao actual e dos desafios
futuros nas zonas rurais, com destaque para os seguintes factos: 1) At
2025, Moambique ter cerca de 9 milhes de moambicanos mais,
adicionados aos 19,5 milhes de habitantes existentes actualmente; 2) O
forte xodo rural associa-se em parte urbanizao e migrao, mas
tambm denuncia debilidades da economia rural; 3) Um tero dos
camponeses tem menos de 19 anos de idade, sendo este o principal grupo
etrio envolvido na actividade agrcola; 5) A baixa produtividade e
produo agrcola rural so preocupantes; 6) O actual crescimento
econmico nacional assenta numa forte dependncia em relao
economia urbana e ajuda externa; 7) O desenvolvimento humano tem
melhorado e a pobreza humana est a reduzir, mas continuam muito
diferenciados e desiguais em termos sociais e regional. O Captulo 2
termina com um sumrio dos pontos fortes e fracos, das ameaas e das
oportunidades nas reas rurais, bem como os determinantes de mudana
do padro de desenvolvimento rural.
O Captulo 3 comea por definir a viso estratgica da EDR, nos seguintes
termos:
Por volta de 2025, o desenvolvimento humano nas reas rurais
de Moambique ser trs vezes superior ao registado no ano
2005, entrando assim na faixa do desenvolvimento humano
mdio, derivado da transformao do padro de acumulao na
economia nacional, atravs duma economia rural mais

ESTRATGIA DE DESENVOLVIMENTO RURAL- EDR 09/2007


iii

competitiva e sustentvel, ambientalmente equilibrada e


socialmente estvel e atractiva.
O Governo est convicto que o desenvolvimento rural sustentvel a longo
prazo s poder ser concretizado e viabilizado, atravs de mudanas
substanciais no padro de acumulao na economia nacional, a favor dum
envolvimento eficaz e eficiente da economia rural. Aqui reside a essncia
e, de facto, a excelente oportunidade para uma estratgia de
desenvolvimento rural.
A partir da Viso da EDR identifica-se o tipo e a natureza das mudanas
ambicionadas para o meio rural, nas prximas duas dcadas. A Viso
concretizada em cinco objectivos estratgicos definidores do tipo de
mudana pro-rural do padro de acumulao nacional, nomeadamente: 1)
Aumento da competitividade, produtividade e acumulao de riqueza
rural; 2) Gesto produtiva e sustentvel dos recursos naturais e do
ambiente; 3) Expanso do capital humano, inovao e tecnologia; 4)
Diversificao e eficincia do capital social, de infra-estruturas e
institucional; 5) Boa governao e planeamento para o mercado.
Ainda no Captulo 3, alguns cenrios possveis para o crescimento
econmico nacional so equacionados, destacando-se aquele que mostra
ser o mais economicamente competitivo e socialmente estvel e atractivo
para a economia rural. Para cada um destes objectivos estratgicos so
detalhadas prioridades temticas e objectivos especficos, incluindo
indicadores de referncia, teis para a avaliao e monitoria no processo
de implementao da EDR.
O Captulo 4 aborda as implicaes financeiras da viso da EDR, com
destaque para a dimenso do investimento pblico e privado. Com base
nas projeces que possvel antecipar, a EDR mostra que, por volta de
2025, o produto interno bruto (PIB) de Moambique poder variar entre
30 e 60 mil milhes de dlares americanos. A explicao para esta
variao to expressiva e significativa encontra-se precisamente no grau
de sucesso que se conseguir alcanar na transformao da economia rural
e o contributo desta para a criao da riqueza nacional.
Quanto maior for o contributo da economia rural, mais robusta e dinmica
poder tornar-se a economia moambicana, incluindo a prpria economia
urbana. Em termos especficos e sumrios, a evoluo da dimenso do PIB
nacional depender do nvel de investimento produtivo, pblico ou
privado. Nos casos considerados como possveis, por volta de 2025 tal
investimento poder atingir entre 10 a 25 mil milhes de USD. Se o
investimento em capital se aproximar dos 25 mil milhes de USD, maior
ser a possibilidade do PIB de Moambique ser dez vezes maior do que
na actualidade.
O Captulo 5 equaciona aspectos de implementao, monitoria, avaliao
e as etapas para a execuo da EDR. Aponta ainda as vantagens
comparativas regionais, apresenta uma carteira de projectos ncora rurais
indicativos, e especifica o papel das entidades pblicas e privadas, da
sociedade civil e dos parceiros de cooperao internacional.

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iv

O horizonte temporal da EDR corresponde ao perodo da Agenda 2025,


documento definidor dos caminhos que a Nao moambicana deve
percorrer para alcanar a prosperidade e o desenvolvimento humano
sustentvel e virtuoso. Porm, em termos operacionais, o perodo 2007-
2015 dever ser subdivido em etapas principais de curto e mdio prazos,
sendo a primeira Etapa da EDR subdividida em duas fases. A Fase 2007-
2009 e a Fase 2010-2014.
O Governo de Moambique est consciente que a presente viso
estratgica para o desenvolvimento rural em Moambique ambiciosa,
mas acredita que poder ser realizvel e se encontra ao alcance das
capacidades e vontade dos moambicanos em prosperar e melhorar a sua
vida.
Para isso, ser preciso implementar com sucesso os objectivos
estratgicos identificados na EDR. Se isto acontecer, como sublinha a
Viso da EDR, por volta de 2025 o desenvolvimento humano nas reas
rurais de Moambique poder ser trs vezes superior ao nvel registado no
ano 2005. O padro de vida rural, medido pelo PIB per capita, ter
aumentado pelo menos dez vezes em relao ao ano 2000. Desta forma,
dentro de duas dcadas, as reas rurais podero entrar na faixa do
desenvolvimento humano mdio, em termos da classificao internacional
actualmente reconhecida.
Com a aprovao da presente Estratgia de Desenvolvimento Rural, o
Governo de Moambique acredita estarem criadas condies favorveis
para se avanar para novas etapas e desafios, com vista transformao
das reas rurais em espaos atractivos, economicamente competitivos,
saudveis e aprazveis para o bem-estar dos milhes de moambicanos
que nelas habitam.

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TABELA DE CONTEDOS

SUMRIO EXECUTIVO .................................................................................... II


LISTA DE SIGLAS E ACRNIMOS ................................................................................. VI

1 INTRODUO............................................................................................. 1
1.1 DEFINIO OPERACIONAL DE DESENVOLVIMENTO RURAL ..................................................... 3
1.2 ENQUADRAMENTO, METODOLOGIA E PROCESSO DE CONSULTA ............................................... 4

2 SITUAO ACTUAL E DESAFIOS PARA O MEIO RURAL ..................................... 7


2.1 TENDNCIAS DEMOGRFICAS, MOBILIDADE E XODO RURAL ................................................. 7
2.2 CRESCIMENTO ECONMICO E DESENVOLVIMENTO HUMANO RURAL ........................................ 12
2.3 SWOT DA SITUAO E DOS DESAFIOS NA ZONA RURAL ................................................... 16
2.4 DETERMINANTES DA MUDANA DO PADRO DE ACUMULAO .............................................. 18

3 VISO, OBJECTIVOS ESTRATGICOS E PRIORIDADES ................................... 20


3.1 VISO PARA O DESENVOLVIMENTO RURAL AT 2025........................................................ 20
3.2 QUE TIPO DE MUDANA SE AMBICIONA PARA O MEIO RURAL ............................................... 20
3.3 OBJECTIVOS ESTRATGICOS PARA A MUDANA PRO-RURAL DO PADRO DE ACUMULAO .............. 22
3.4 PRIORIDADES TEMTICAS E OBJECTIVOS ESPECFICOS DA EDR ........................................... 23

4 FINANCIAMENTO E ALOCAO DE RECURSOS NA PERSPECTIVA DA EDR ......... 56


4.1 INVESTIMENTO PBLICO E PRIVADO NACIONAL: ENQUADRAMENTO DA EDR .............................. 56

5 IMPLEMENTAO, MONITORIA, AVALIAO E ETAPAS DA EDR ....................... 64


5.1 VANTAGENS REGIONAIS: CARTEIRA DE PROJECTOS NCORA INDICATIVOS ............................... 65
5.2 COORDENAO MONITORIA, AVALIAO E ETAPAS DA EDR................................................ 73

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vi

LISTA DE SIGLAS E ACRNIMOS

ADELs Agncias de Desenvolvimento Local


AGOA African Growth and Opportunity Act
AMODER Associao Moambicana para o Desenvolvimento Rural
ANFP Autoridade Nacional da Funo Pblica
BdM Banco de Moambique
BM Banco Mundial
CAS Country Assistance Strategy, do Banco Mundial
CECOFI Centros Comunitrios de Formao e Informao
CFMP Cenrio Fiscal de Mdio Prazo
COMESA Common Market for Eastern and Southern Africa (Mercado Comum para a
frica Oriental e Meridional)
CTA Confederao das Associaes Econmicas de Moambique
DNPO Direco Nacional do Plano e Oramento
FAIJ Fundo de Apoio s Iniciativas Juvenis
FAO Food and Agriculture Organization
FARE Fundo de Apoio Reabilitao da Economia
FFA Fundo de Fomento Agrrio
FFHA Fundo de Fomento da Hidrulica Agrcola
FFP Fundo de Fomento Pesqueiro
FFPI Fundo de Fomento a Pequenas Industrias
FID Fundo de Investimento Distrital
FMI Fundo Monetrio Internacional
FUNAE Fundo Nacional de Energia
FUTUR Fundo Nacional do Turismo
GAPI, SARL Sociedade de Gesto e Financiamento para a Promoo das Pequenas e
Mdias Empresas
GdM Governo de Moambique
GPPE Gabinete de Promoo de Pequenas Empresas
IAF Inqurito aos Agregados Familiares (1996-97, 2002-03)
ICS/RM/TVM Instituto de Comunicao Social/Rdio Moambique/Televiso de
Moambique
IDIL Instituto Nacional de Desenvolvimento da Indstria Local
ILE ndice de Liberdade Econmica
INE Instituto Nacional de Estatstica
INGC Instituto Nacional de Gesto das Calamidades
IPI Instituto de Propriedade Industrial
LOLE Lei dos rgos Locais do Estado
MADER Ministrio da Agricultura e Desenvolvimento Rural
MAE Ministrio da Administrao Estatal
MCT Ministrio da Cincia e Tecnologia
MEC Ministrio da Educao e Cultura
MF Ministrio das Finanas
MIC Ministrio da Indstria e Comrcio
MICOA Ministrio para a Coordenao da Aco Ambiental
MINAG Ministrio da Agricultura
MINEC Ministrio dos Negcios Estrangeiros e Cooperao
MIPES Ministrio das Pescas
MIREME Ministrio dos Recursos Minerais
MISAU Ministrio da Sade
MITUR Ministrio do Turismo
MMAS Ministrio da Mulher e da Aco Social
MOPH Ministrio das Obras Pblicas e Habitao
MPD Ministrio de Planificao e Desenvolvimento
MPF Ministrio do Plano e Finanas
MT Ministrio do Trabalho
MTC Ministrio dos Transportes e Comunicaes
MTC Ministrio dos Transportes e Comunicaes
NEPAD New Parnership for Africas Development
ODM/MGDs Objectivos de Desenvolvimento do Milnio (Millenium Development Goals)
OE Oramento do Estado
OMC Organizao Mundial do Comrcio

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ONGs Organizaes No-Governamentais


ONGs Organizaes no-governamentais
OP Observatrio da Pobreza
OSC Organizaes da sociedade civil
OTM-CS Organizao dos Trabalhadores de Moambique Central Sindical
PAF Performance Assessment Framework (Quadro de Avaliao do Desempenho)
PAPs Parceiros para Apoio Programtico
PARPA Plano de Aco para a Reduo da Pobreza Absoluta
PE Planeamento Espacial
PEDD Plano Estratgico de Desenvolvimento Distrital
PES Plano Econmico e Social
PIB Produto Interno Bruto
PMEs Pequenas e Mdias Empresas
PNUD/UNDP Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento (United Nations
for Development Programmes)
PQG Programa Quinquenal do Governo
PRB Produto Rural Bruto
RRRTV Rede Rural de Rdio e Televiso
SADC Southern African Development Community
SISTAFE Sistema de Administrao Financeira do Estado
SOCREMO Sociedade de Crdito de Moambique
UNAC Unio Nacional de Camponeses
UNCTAD United Nations Conference on Trade and Development
UNICEF Fundo das Naes Unidas para a Infncia
UTRESP Unidade Tcnica da Reforma do Sector Pblico

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1 INTRODUO

1. O combate pobreza absoluta, assente num crescimento


econmico sustentvel e abrangente, constitui a principal finalidade
do Governo Moambicano na actualidade. Esta tarefa est a ser
implementada tanto nas reas urbanas como nas reas rurais de
Moambique.
2. A experincia histrica de Moambique demonstra que a batalha
pelo desenvolvimento humano s ser sustentvel e vivel se, a
longo prazo, a generalidade do territrio e da populao do Pas
forem integrados, de forma eficiente e equitativa, no processo de
crescimento e desenvolvimento econmico do Pas.
3. A maior parte do territrio Moambicano predominantemente
rural. No obstante o processo de urbanizao acelerado, nas
dcadas passadas, a maioria da populao moambicana continua a
nascer, residir e depender das reas rurais.
4. Mas o meio rural no existe isoladamente do resto do mundo. Ele
articula-se, tanto com as comunidades urbanas do Pas, como com
sociedades de pases vizinhos e inmeras comunidades estrangeiras.
Tal articulao concretiza-se por via de relaes de intercmbio,
cooperao e tambm competio, num dilogo multifacetado, de
natureza comercial, profissional e cultural, cada vez mais
intensificado pelo acesso s tecnologias modernas, mesmo nas partes
mais recnditas de Moambique.
5. Consciente da experincia histrica e dos enormes desafios que o
Pas ter de enfrentar no futuro, o Governo de Moambique tem
vindo a repensar e equacionar uma estratgia de desenvolvimento
especificamente para as reas rurais.
6. Algumas das aces recentes do Governo podero constituir um
apoio fundamental para a realizao com sucesso duma estratgia de
desenvolvimento rural sistemtica e ousada. Dois exemplos concretos
merecem ser mencionados. A nvel poltico e administrativo, a partir
de 2005 a Lei dos rgo Locais do Estado passou a dar cobertura
legal determinao do Governo de converter o distrito no plo
principal do desenvolvimento scio-econmico do Pas. Alm disso,
relativamente descentralizao das finanas pblicas, o Governo
Central passou recentemente a atribuir parte dos fundos oramentais
pblicos gesto directa dos prprios responsveis distritais.
7. No entanto, o desenvolvimento rural necessita de uma abordagem
mais sistemtica, substantiva, ampla e coerente. Uma abordagem
inspirada numa viso estratgica que estimule e incentive a
2

multiplicao de iniciativas profissionais mltiplas, em vez de se


condicionar a iniciativas meramente voluntaristas e ad hoc.
8. Quando o Governo invoca a ideia de estratgia, ou viso
estratgica, no por acaso, nem simples retrica. Neste caso, tem-
se em vista uma diferena substancial entre planeamento,
planificao ou programao, por um lado, e estratgia ou
pensamento estratgico, por outro.
9. Os planos e programas de aco definem os objectivos e metas,
directrizes e procedimentos para a concretizao de um certo
projecto ou empreendimento. Todavia, planos e programas de aco,
por si s, no constituem uma estratgia.
10. A finalidade e razo de ser duma estratgia consiste em
identificar, desenvolver e aplicar competncias e aptides especficas
e distintivas que confiram vantagens e capacidade de combate a
dificuldades e carncias, superao de desafios e obstculos, num
ambiente de relacionamentos geralmente conflituais ou competitivos.
11. As condies precrias e desvantajosas em que se encontram as
reas rurais em Moambique, mais do que meros planos e
programas, necessitam de aces estratgicas, com vista a mudar a
relao de foras, conquistando e expandindo vantagens
comparativas, tanto ao meio urbano como em relao economia
internacional.
12. S desta forma as reas rurais podero romper o ciclo vicioso de
pobreza extrema humana em que tm estado mergulhadas. Tal
processo de libertao no poder ser materializado por via da
confrontao armada e violenta, como aconteceu no processo de luta
pela independncia nacional do nosso Pas. To pouco ser vivel
investir em opes e mtodos voluntaristas ou meras aces de
caridade.
13. O combate contra a fome, a pobreza, absoluta e relativa, vence-
se pela conquista de superioridade e afirmao de aces alternativas
vencedoras: desenvolvendo capacidade tecnolgica, melhorando a
produtividade e produo de qualidade, criando e aperfeioando
canais de distribuio inovadores, intervindo em mercados
geogrficos ou em segmentos de mercado inexplorados,
conquistando quotas de mercado atravs de produtos mais
competitivos e melhorados, ou aproveitando com maior eficcia e
agressividade os canais de distribuio actuais, entre outros.
14. A competio internacional afecta no s os milhes de
produtores individuais, familiares e empresariais privados, mas
tambm a Administrao Pblica, trabalhadores assalariados e
qualificados, o sistema educativo, financeiro e cientfico. Isto , todo
o sistema de actividades econmicas e sociais que apenas podero

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sobreviver e expandir-se, se passarem a ser globalmente


competitivas.
15. A nvel nacional, a competio urbano-rural ir intensificar-se
com a urbanizao acelerada. A ansiedade por uma vida aprazvel,
saudvel e prspera acontece tanto nas zonas rurais como nas
urbanas. medida que a concentrao de pessoas aumenta,
sobretudo nos grandes meios urbanos, nomeadamente na Cidade de
Maputo, a presso demogrfica, social e poltica intensifica-se
comparativamente s reas rurais.
16. Neste contexto, o Governo decidiu elaborar e implementar uma
Estratgia de Desenvolvimento Rural (daqui em diante, designada
EDR) para que sirva de instrumento de aco, inspirador e
mobilizador, a todos os actores empenhados na batalha pelo
desenvolvimento rural.
17. Assim, a principal funo e utilidade da EDR deve ser contribuir
para que as polticas sectoriais e especficas, bem como os planos e
programas de aco tcnica e administrativa, sejam consistentes com
a perspectiva de transformao pro-rural do padro de criao de
riqueza em Moambique.

1.1 Definio Operacional de Desenvolvimento Rural

18. importante qualificar, desde o incio, o que se entende neste


documento por desenvolvimento rural, principalmente para se
evitar a tendncia contraproducente de reduzir o desenvolvimento
rural aos aspectos agrcolas ou mesmo agrrios.
19. Enquanto o desenvolvimento agrcola trata das condies da
produo agrcola e suas caractersticas, no sentido estritamente
produtivo, o desenvolvimento agrrio abrange condies de produo
mais amplas, tanto agrcolas como pecurias e florestais, incluindo as
relaes sociais em torno do uso da terra, relaes de trabalho e
mercados, entre outros. O termo desenvolvimento rural diferencia-se
dos dois anteriores pelo facto de abranger uma aco premeditada de
induo de mudanas num determinado ambiente rural. Neste
mbito, para alm do Estado agir como o agente fundamental, o
mbil principal das transformaes preconizadas a melhoria do
bem-estar das populaes rurais.
20. Desenvolvimento rural significa transformao da composio e
da estrutura social, econmica, poltica, cultural e ambiental das
reas rurais. Isto implica actuar sobre os estrangulamentos da
economia e das instituies da sociedade rural, nomeadamente sobre
as variveis simultaneamente importantes e onde a zona rural mais
dbil ou fraca. a transformao do importante, do fraco em forte,

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do improdutivo em produtivo, com vista a gerar progresso,


crescimento e expanso da economia rural.
21. Nesta perspectiva, o desenvolvimento rural no uma etapa de
curto prazo, nem um mero somatrio de objectivos e intenes, ou
simples acumulao de recursos e capacidades no campo. um
processo de mudana a longo prazo, cheio de variados conflitos,
compromissos e opes, muitos dos quais mutuamente exclusivos,
que requerem decises selectivas.

22. De forma simples, desenvolvimento rural entendido na


EDR como o processo de melhoria das condies de vida,
trabalho, lazer e bem-estar das pessoas que habitam nas
reas rurais.

1.2 Enquadramento, Metodologia e Processo de Consulta

23. O objectivo fundamental do Governo Moambicano a reduo


dos nveis de pobreza absoluta e a promoo do crescimento
econmico rpido, sustentvel e abrangente.
24. Este objectivo geral encontra-se traduzido nos instrumentos de
planeamento e gesto macroeconmica de mdio prazo (Programa do
Governo, PARPA e planos de aco sectoriais), os quais procuram
materializar os objectivos de mais longo prazo, expressos na Agenda
2025 e nos Objectivos de Desenvolvimento do Milnio.
25. O Plano de Aco para a Reduo da Pobreza Absoluta (PARPA
II), aprovado pelo Governo em Maio de 2006, define como meta
principal para o perodo 2006-2009 a diminuio da incidncia da
pobreza de 54%, em 2003, para 45% em 2009.
26. Sabendo que o Governo possui j uma vasta gama de
instrumentos de planeamento, a dvida que pode surgir a seguinte:
para qu mais um instrumento, neste caso, uma estratgia de
desenvolvimento rural?
27. O PARPA II representa um dos principais instrumentos de
planeamento de mdio prazo do GdM, a dois nveis principais. Um,
na articulao do prprio Programa Quinquenal do Governo com
outros instrumentos de planeamento, nacionais e sectoriais de mdio
e curto prazos. O outro nvel, no estabelecimento de parcerias e
mecanismos de coordenao com os parceiros, nacionais e
internacionais, para a concepo, implementao e monitoria do
plano de aco nacional de combate pobreza em Moambique.
28. Seria praticamente impossvel conceber-se um Grande Plano
com a capacidade de previsibilidade e antecipao das

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transformaes mltiplas de natureza social, econmica, cultural, a


nvel rural, urbano e internacional. Um plano de desenvolvimento uno
e monoltico a nvel nacional, afigura-se verdadeiramente
impraticvel e irrealista, por vrias razes: escassez da informao, e
imprevisibilidade dos acontecimentos futuros, nacionais e
internacionais.
29. Nestas circunstncias, o contexto macroeconmico estabelecido
pelo Programa Quinquenal do Governo, do PARPA II e do PES,
proporcionam a base, a partir da qual os diferentes agentes
econmicos e grupos sociais podero conceber as suas estratgias
especficas concretas.
30. Neste sentido, a mensagem complementar e crucial que a EDR
adiciona aos instrumentos de planeamento j disponveis,
nomeadamente ao PARPA II, que nem todo o crescimento
econmico nacional ser rpido, imediato e inevitavelmente benfico
para um desenvolvimento saudvel e sustentvel a longo prazo.
Crescimento econmico nacional rpido sim, mas que no seja
em detrimento da economia e da populao rurais.
31. A Tabela 1 coloca em paralelo os pilares da Agenda 2025 e do
PARPA II, e os cinco objectivos estratgicos identificados para a EDR.
A definio de objectivos estratgicos e no meramente pilares
consistente com o propsito assertivo e intencional da justificao
duma estratgia.

TABELA 1: Comparao dos Pilares da Agenda 2025 e


do PARPA II com os Objectivos Estratgicos da EDR

Agenda 2025 PARPA II EDR


Capital Humano Capital Humano Capital humano, Inovao e
tecnologia
Capital Social Capital Social, Eficcia e Eficincia
Institucional
Economia e Desenvolvimento Competitividade, Produtividade e
Desenvolvimento econmico Acumulao de Capital Rural
Governao Governao Boa Governao e Planeamento
para o Mercado
Assuntos Transversais:
- Gnero Gesto (Produtiva e Sustentvel) de
- HIV-SIDA Recursos Naturais e Ambiente
- Ambiente
- Segurana alimentar e nutrio
- Cincia e Tecnologia
- Desenvolvimento rural
- Calamidades
- Desminagem

32. Como se mostra mais adiante, numa perspectiva de aco


estratgica, os seus objectivos imediatos e explcitos so
determinados em conformidade com aspectos fundamentais em que

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preciso alterar a correlao de foras de forma substancial a favor das


reas rurais.
33. Desde 2000, na sequncia da aprovao do documento intitulado
Abordagem de Desenvolvimento Rural pelo Conselho de Ministros,
o processo que conduziu elaborao do presente documento,
envolveu mltiplos e profundos debates, tanto de carcter tcnico
como analtico e metodolgico.
34. A partir de 2003, a preparao da EDR envolveu um amplo
programa de consultas de opinio e auscultao pblica. As consultas
culminaram com trs seminrios regionais (realizados entre Julho e
Agosto de 2006, no Chkw, Murrupula e Dondo), recolha de
comentrios e sugestes dos Ministrios, Governos Provinciais e dos
parceiros de cooperao e outras Entidades. Desta forma, as reas
prioritrias de interveno identificadas no presente documento
reflectem as necessidades e sensibilidades reunidas nas mltiplas
consultas realizadas no decurso da elaborao da EDR.

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2 SITUAO ACTUAL E DESAFIOS PARA O MEIO RURAL

35. No decurso da preparao da EDR, foram muitos e bastante ricos


os diagnsticos feitos, sobre as tendncias recentes e a situao
actual nas zonas rurais, em termos demogrficos, econmicos,
sociais, culturais e morais. O breve panorama que se segue
circunscreve-se aos fenmenos fundamentais, nomeadamente
fenmenos representados por indicadores estatsticos, mas cuja
dimenso e complexidade no imediatamente evidente.

2.1 Tendncias Demogrficas, Mobilidade e xodo Rural

36. Entre os principais factores demogrficos que determinam,


directa ou indirectamente, as dinmicas rurais, existem pelo menos
quatros fenmenos que merecem destaque, pela sua importncia e
impacto para as prximas dcadas. Um dos fenmenos o
crescimento populacional, e o outro refere-se ao forte xodo rural em
curso. O terceiro fenmeno sobre a composio por idades e sexo
da populao camponesa, enquanto que o quarto destaca a
preocupante situao da baixa produtividade e produo agrcola.

2.1.1 Mais 9 Milhes de Moambicanos at 2025


37. Nas prximas duas dcadas, Moambique dever registar um
acrscimo populacional, aproximadamente de 9 milhes de pessoas,
adicionadas aos 19,5 milhes actualmente existentes. Ou seja, por
volta de 2025 o Pas dever possuir cerca de 28,5 milhes de
habitantes.

Tabela 2: Superfcie Total; Projeco da Populao e da Densidade Figura 1: Distribuio percentual da


Populacional por Regies e Provncias, Moambique, 2005 e 2025
populao de Moambique 2005
Populao Populao
Densidade
Regio/ Superfcie 2005 (1000 2025 (1000
Popul. Cabo
Provncia (Km2) (%) hab.) (%) hab.) (%) Delgado
Niassa
Total 799,380 19,420 28,542 36 8%
5% Norte
Rural 12,050 62% 12,427 44%
Urbana 7,370 38% 16,115 56% Nampula
Tete
8% 19%
Norte 293,292 37% 6,293 32% 9,345 33% Zambzia
Niassa 129,061 999 1,526 12 19%
Cabo Delgado 82,625 1,617 2,289 28 Centro
Nampula 81,606 3,676 5,530 68 7% Sofala

Centro 335,406 42% 8,180 42% 12,084 42% 8%


ica

Zambzia 105,008 3,710 5,376 51


an
M

Tete 100,724 1,512 2,284 23


Manica 61,656 1,320 2,036 33
Inhambane
Sofala 68,018 1,638 2,388 35 Gaza
7% 7%
Sul 170,682 21% 4,948 25% 7,113 25% Sul
Inhambane 68,615 1,381 1,998 29
Gaza 75,709 1,305 1,879 25 M a p u to P.
Maputo Prov. 26,058 1,045 1,510 58 5% M a p u to C id a d e
Maputo Cid. 300 1,217 1,726 5,754 6%
Nota: Projeco entre 2015 e 2025 com base na taxa de crescimento de UN, 2006 As cores apenas visam destacar as trs regies.
Fonte: INE,2004; UN, 2006: http://esa.un.org/unpp

ESTRATGIA DE DESENVOLVIMENTO RURAL- EDR 09/2007


8

38. Este crescimento populacional, acontecer predominantemente


no espao rural, o qual cobre mais de 95% dos 799.380 km2 do
territrio nacional (terra firme e guas interiores). As zonas rurais
abrigam actualmente cerca de dois teros da populao
moambicana. Produz entre 25 a 30% do valor acrescentado bruto,
contabilizado oficialmente no produto interno bruto (PIB) do Pas.
Proporcionam 80% das actividades econmicas e emprego para a
populao economicamente activa. Cerca de 45% do territrio,
corresponde terra arvel, da qual somente 5% so actualmente
cultivados. Dos 3,3 milhes de hectares irrigveis, apenas 0,13% so
actualmente irrigados.

2.1.2 xodo Rural Pe em Risco Futuro da Economia Rural

39. Por ocasio da independncia nacional (1975), a populao rural


moambicana representava 90% do total da populao do Pas. O
Censo de 1997 registou uma diminuio da populao rural para
70%. Presentemente, perto de 40% da populao moambicana vive
nas zonas urbanas e todas as indicaes disponveis so de que o
processo de urbanizao continue a um ritmo acelerado.1
40. Dentro de dez ou quinze anos, a maioria da populao
moambicana passar a residir em zonas reconhecidas como
urbanas. A dimenso e o ritmo desta mudana demogrfica
dependero dos determinantes do xodo rural. A tendncia futura
indica-nos taxas negativas a partir de 2010 para as zonas rurais, e
taxas elevadas para as zonas urbanas (Figura 2).
41. Outros inquritos nacionais, elaborados recentemente,
confirmam a crescente concentrao da populao no espao urbano.
Apesar das taxas de fecundidade da mulher urbana ser inferior das
reas rurais (4.4 contra 6.6 filhos por mulher), o tamanho dos
agregados familiares urbanos significativamente maior do que nas
reas rurais (5.6 contra 4.5 pessoas por agregado).2 Dentro do
urbano, a Cidade de Maputo apresenta-se com o maior nmero de
membros no agregado familiar em todo o Pas (6.4 pessoas por
agregado).3

1
A distino entre populao urbana e rural no obedece a um critrio internacional rgido e uniforme.
No caso de Moambique, a definio oficial define populao urbana as aglomeraes de 23 cidades e 68
vilas especficas do Pas. No caso especfico deste documento, as projeces sobre o urbano e o rural
consideram tambm estimativas das Naes Unidas, associadas mobilidade e mudanas nos
assentamentos populacionais.
2
Segundo o IDS 2003 a taxa de fecundidade rural no s maior mas aumentou no perodo 1997-2003
(de 5.8 para 6.6 filhos por mulher). J a taxa de fecundidade urbana reduziu de 5.1 para 4.4 filhos,
entre 1997-2003 (INE, 2003).
3
O PARPA II (p. 69) refere que em 2003 a populao rural rondava os 64%. Isto consistente com
estimativas, segundo as quais em 2005 a populao rural deveria rondar os 60% (UN, 2006).

ESTRATGIA DE DESENVOLVIMENTO RURAL- EDR 09/2007


9

Figura 2: Evoluo da Populao Urbana e Rural, 1950-2025

(em Milhes de Habitantes)

30.0

25.0
12.4
20.0 12.5
12.6

Pop (Milhes)
12.4
15.0
12.1
12.2
10.0
10.6 16.1
10.5 14.0
11.9
5.0 8.8 9.5
7.3 7.4
6.3 5.8
0.2 0.3 0.5 1.6 2.8
0.0
1950 1970 1990 2005Proj. 2015Proj. 2025Proj.
Anos

Series2 Series3
Fonte: INE, 2004; UN, 2006

42. Isto no significa que a urbanizao seja um fenmeno


predominantemente negativo. A urbanizao deriva e origina efeitos
principalmente positivos, porque determinada pelo progresso de
diversificao de infra-estruturas, melhoria das condies de vida e
das oportunidades de trabalho, bem como da recreao e bem-estar
social.
43. Todavia, os problemas surgem quando a urbanizao se
concentra, de forma desequilibrada e desordenada, num pequeno
nmero de zonas metropolitanas, sem condies de absoro dos
novos imigrantes, nem oportunidades de emprego, habitao,
saneamento entre outros.
44. Um dos aspectos mais preocupante no xodo rural a fuga dos
poucos profissionais e jovens com habilidades laborais que muita falta
fazem aos seus locais de origem.
45. Em contrapartida, existem relaes de interdependncia urbano-
rural que podem ser exploradas para amenizar e compensar as
consequncias negativas do xodo rural. Por exemplo, os recursos
financeiros familiares poderiam ser orientados para investimento nas
zonas rurais, permitindo gerar e expandir oportunidades que evitem
ou minimizem o despovoamento rural.
46. O Governo de Moambique acredita ser possvel refrear o afluxo
migratrio das zonas rurais, tanto para pases vizinhos como para os
centros urbanos, criando alternativas compensadoras e competitivas
nas prprias zonas rurais. Neste sentido, uma das finalidades cruciais
da EDR o fomento e expanso de oportunidades de emprego e
actividades econmicas por conta prpria nas reas rurais.

ESTRATGIA DE DESENVOLVIMENTO RURAL- EDR 09/2007


10

2.1.3 Um Tero dos Camponeses Tm Menos de 19 Anos de


Idade

47. O terceiro fenmeno importante para o desenvolvimento futuro


rural, diz respeito composio de idades e de sexos da principal
fora de trabalho, os camponeses. A populao feminina contribui
com o maior efectivo de trabalhadores agro-pecurios rurais (53%
mulheres e 47% homens). No entanto, por razes scio-culturais e
desequilbrios nas relaes de gnero, cerca de 80% das exploraes
agrcolas so chefiadas por homens.
48. Quanto composio por idades, como ilustra a pirmide na
Figura 3 cerca de um tero das pessoas envolvidas em actividades
agro-pecurias so crianas e jovens com idade entre 10 e 19 anos.
Segue-se, em ordem de proporo, o grupo de idades de 20-29 anos,
com 23%, e restantes grupos etrios 18% de 30-39 anos; 13% de
40-49 anos; 8% de 50-59 anos e 7% com mais de 50 anos de idade.
49. Seria incorrecto atribuir ao simples aumento da fecundidade, o
crescimento da pobreza e da Figura 3: Trabalhadores Rurais em Actividades Agro-pecurias
desigualdade. O elevado por Sexos e Idades, Moambique 2000-01
nmero de filhos pode ser
uma causa ou uma
consequncia da pobreza.
Uma famlia com muitos Homens Mulheres
filhos e renda baixa fica com
o oramento ainda mais
0
reduzido. As crianas so 60 +

impedidas de frequentar as 50 - 59
40 - 49
escolas, ou acabam por 30 - 39
20 - 29
abandonar os estudos para 10 - 19

trabalhar, diminuindo assim 0-9

as possibilidades de superar 20 15 10 5 0 0 5 10 15 20

as suas condies de
pobreza. Fonte:INE,2002:2

50. O Governo considera irrealista e invivel, a possibilidade de


mudanas estruturais rpidas na economia rural, suficientemente
produtivas para que as famlias rurais possam, a breve trecho,
dispensar o elevado nmero de crianas e jovens menores de idade,
nas actividades (agrcolas, pecurias e domsticas) que realizam
actualmente.
51. Apesar disso, a EDR considera, que atravs do aumento da
produtividade na economia rural, poder permitir que as famlias
rurais possam orientar as crianas e jovens das actividades agrcolas
para o estudo, formao e capacitao individual, a fim de mais tarde

ESTRATGIA DE DESENVOLVIMENTO RURAL- EDR 09/2007


11

poderem responder s mltiplas aspiraes econmicas, sociais e


culturais das suas comunidades.

2.1.4 Baixa Produtividade e Produo Agrcola Rural


Preocupante

52. No incio da dcada de 1970, Moambique tinha atingido uma


utilizao da terra na ordem dos 12,5%. Presentemente, dos cerca de
36 milhes de hectares de terra arvel do Pas, s 5%, ou seja, um
vinte avos do total da superfcie, esto a ser efectivamente utilizados
produtivamente. A produo agrcola per capita do Pas encontra-se
presentemente nos nveis de h 50 anos atrs (Figura 4).
53. O contraste do crescimento agrcola comparado com crescimento
populacional preocupante. Enquanto a utilizao agrcola representa
cerca de 40% do nvel atingido h cerca de trs dcada atrs,
Moambique possui actualmente o dobro da populao da que existia
naquele mesmo perodo. 4
54. A baixa
produtividade agrcola
Figura 4: Evoluo da Produo Agrcola per
nas reas rurais Capita em Moambique, 1961-2003
reflecte a baixa eficcia
e fraca eficincia na
200
utilizao do potencial
produtivo fundirio 150
In d ex: 1999-
2001=1000

disponvel no Pas.
100
55. Em
50
reconhecimento desta
situao especfica, o 0
Governo considera 1961 1970 1980 1990 2000 2003

importante que a EDR Anos

aponte solues Fonte: FAO, 2006

(organizativas,
tecnolgicas, institucionais e culturais) para uma gesto,
simultaneamente produtiva e sustentvel, dos recursos naturais
rurais, sobretudo dos recursos agrrios e agro-florestais.
56. Atravs duma gesto eficaz e eficiente dos recursos das
comunidades rurais (humanos, fundirios, financeiros e naturais),
ser possvel, dispensar gradualmente as crianas e jovens, para que
sejam orientados para a sua capacitao, diversificao e
enriquecimento profissional, laboral e social. O prprio xodo rural,
como alternativa falta de oportunidades econmicas locais, poder

4
Esta percentagem pode ser relativamente maior quando se considera a terra em pousio que, nas
actuais condies de produo agrcola, tambm faz parte do uso agrcola. Porm, a parte de terra em
pousio, como o prprio nome indica, no conta como uso efectivo.

ESTRATGIA DE DESENVOLVIMENTO RURAL- EDR 09/2007


12

ser travado medida que se criem oportunidades de gerao e


melhoria da renda individual e dos agregados familiares.

2.2 Crescimento Econmico e Desenvolvimento Humano Rural

57. Na actual situao econmica rural moambicana, a agricultura


continuar a ser a base do sustento e trabalho da maioria da
populao rural. Um dos grandes desafios, neste mbito, ser a
criao de bases para a transformao agrria e a integrao da
agricultura numa economia mais produtiva, competitiva e melhor
articulada com a economia da frica Austral e a economia
internacional.
58. A diversidade de opes disponveis implica ter que lidar com um
tipo de economia agrria de carcter dualista. Tal dualidade tem duas
facetas distintas, mas relacionadas entre si. Uma das formas de
dualidade, reside no facto de as actividades de desenvolvimento
agrrio, se basearem simultaneamente no estmulo das necessidades
econmicas dos grandes sectores comerciais, e, nas necessidades
sociais dos pequenos produtores de subsistncia. Estas diferenas
coexistem interagindo apenas marginalmente, atravs de contactos
limitados nos mercados de produtos e de mo-de-obra.
59. A outra faceta do dualismo est no comportamento perverso da
mo-de-obra, capital e mercado de produtos, no qual o sector
industrial moderno, interage com sociedades tradicionais, ou seja, a
coexistncia de um sector de alta produtividade voltado para as
exportaes, com um sector de baixa produtividade que produz para
a subsistncia e limitadamente para o mercado domstico.
60. O sector moderno importa tecnologias que economizam
basicamente a mo-de-obra, com coeficientes relativamente altos e
fixos de capital. O sector tradicional usa tecnologias com
possibilidades amplas de substituies entre capital e mo-de-obra. A
expanso do sector moderno ocorre, primeiramente, em resposta
procura dos mercados externos. A expanso do sector tradicional
limitada pela escassez da poupana interna.
61. As estratgias de desenvolvimento rural com base nas
especificidades regionais, no podem fugir necessidade de
convivncia da dualidade econmica, onde no se procure
obsessivamente a transformao da economia de subsistncia numa
economia dinmica e moderna, mas sim acelerar a taxa de
crescimento da produo e produtividade compatvel com o
crescimento de todos os sectores de economia a caminho da
modernizao.

ESTRATGIA DE DESENVOLVIMENTO RURAL- EDR 09/2007


13

62. O desenvolvimento agrrio no acontecer isoladamente dos


outros sectores econmicos. Ser preciso criar-se espao de
interaco positiva entre o crescimento sectorial e o das grandes,
mdias e, sobretudo, pequenas unidades produtivas. Isto requer uma
insero estrutural, em que o nvel de absoro dos recursos seja
redimensionado, racionalizado e orientado para a expanso da
eficcia e eficincia produtiva, comeando pela explorao mais
racional, produtiva e rentvel dos recursos naturais.

2.2.1 Enquadramento Macroeconmico da EDR

63. O Governo est preocupado em acompanhar e minimizar as


assimetrias regionais, particularmente as assimetrias rural-urbana.
Isto refora a necessidade de uma viso estratgica para o
desenvolvimento rural. Principalmente porque, na ltima dcada, as
despesas e os investimentos pblicos e privados concentraram-se nas
zonas urbanas. Entre 2000 e 2005, por exemplo, a comparticipao
industrial, concentrada principalmente nas reas urbanas, aumentou
de 16% para 27%, devido a um simples Mega-Projecto, a Mozal.
64. Em contrapartida, a contribuio da agricultura para a riqueza
nacional, da qual depende quatro/quintos da populao
economicamente activa, diminuiu de 30% para 23%. O sector de
servios, tambm predominantemente urbano, continua a ser o
sector econmico dominante, com quase 50% do produto interno
bruto (PIB).
65. Devido concentrao do investimento produtivo nacional em
mega-projectos, nas zonas urbanas ou peri-urbanas, a partir de 2000
as exportaes triplicaram, mas a composio dos produtos
exportados mudou radicalmente. O alumnio da Mozal ocupa
actualmente o peso principal nas exportaes. De 17% em 2000, o
alumnio passou a representar 60% em 2005, enquanto o peso de
produtos agrcolas e camaro diminuiu de 40% para 20%. Alm
disso, a economia de Moambique em geral, e a estabilidade
monetria e fiscal dos recursos pblicos oramentais, em particular,
continuam em cerca de 50% dependentes de doaes e outros
recursos externos.

2.2.2 Desenvolvimento Humano Rural

66. O desenvolvimento humano tem sido entendido, a nvel


internacional, como o processo de alargamento das escolhas das
pessoas, nomeadamente em termos de longevidade ou esperana de

ESTRATGIA DE DESENVOLVIMENTO RURAL- EDR 09/2007


14

vida, conhecimento e padro de vida individual medido pela renda


per capita.
67. O ndice de desenvolvimento humano em Moambique, no geral,
tem registado lentamente uma progressiva melhoria. No entanto,
existem algumas diferenas entre provncias e entre as zonas
urbanas e rurais. Tais diferenas so ilustradas no grfico da Figura
5, o qual apresenta a nvel mdio do desenvolvimento humano por
provncias no perodo 2000-2004.

Figura 5: Mdia do Desenvolvimento Humano Provincial


em Moambique, 2000-04

0.0 0.3 0.5 0.8 1.0

Mozambique 0.391

Sul 0.515
Maputo Cid. 0.634
Maputo Prov. 0.563
Gaza

Inhambane

Centro 0.365

Sofala

Manica

Tere

Zambezia

Norte 0.315
Nampula

Cabo Delgado 0.288


Niassa

Source: INE,2006

68. A Cidade e a Provncia de Maputo constituem a nica regio de


Moambique onde o ndice de Desenvolvimento Humano (IDH) j se
encontra na faixa de desenvolvimento humano mdio (acima de
0,500 numa escala de zero a um). O resto do Pas continua no nvel
de desenvolvimento humano baixo (entre zero e 0,500).
69. Em 2000, o rendimento bruto per capita da populao rural
moambicana era cerca de um dcimo do rendimento mdio da
principal zona urbana, a Cidade de Maputo.

2.2.3 Pobreza Absoluta e Pobreza Humana nas reas Rurais

70. O reverso do ndice de desenvolvimento humano (IDH) o ndice


de pobreza humana (IPH), baseado no conceito de privaes
humanas. Seis provncias apresentam-se com valores acima da mdia
nacional, contra cinco com valores abaixo da mdia. Por volta de
2000, o ndice de pobreza humana em Moambique, nas zonas rurais

ESTRATGIA DE DESENVOLVIMENTO RURAL- EDR 09/2007


15

foi estimado em 70%, sendo aproximadamente 45% na Cidade de


Maputo.
71. Dados disponveis indicam, semelhana do que os dados sobre
a pobreza absoluta revelaram, existirem indicaes de que outros
aspectos da pobreza humana nas reas rurais esto a diminuir, mas
de forma ainda bastante diferenciada e irregular.
72. Apesar dos avanos registados na ltima dcada o Governo, de
modo algum, pode sentir-se satisfeito e realizado com o actual nvel
de diminuio de privaes. As carncias so ainda to grandes no
Pas em geral e nas zonas rurais, em particular.
73. Os desafios colocados por todas as dimenses da pobreza
humana so enormes. O ndice mdio de pobreza humana nas reas
rurais no perodo 2000-2004 ronda os 56,2% (Figura 6).
74. Este nvel baseia-se na conjugao de vrios indicadores
especficos. A probabilidade de um moambicano morrer antes dos 40
anos ainda ronda os 60% nas reas rurais. A privao do
conhecimento, ou a excluso do mundo da escrita e leitura, medida
atravs da taxa de analfabetismo, atinge cerca de 55% da populao
rural. A privao de condies de vida minimamente dignas, como
por exemplo privao de acesso a fontes de gua potvel, afecta
cerca de 75% dos rurais, enquanto 24% das crianas rurais ainda
nascem com baixo peso para a sua idade.

Figura 6: ndice de Pobreza Humana por Provncias, Moambique 2000-04

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Tete 72.2

Cabo Delgado 68.9

Niassa 67.9

Norte 66.5
Nampula 63.1

Inhambane 58.9

Centro 58.6
Zambzia 57.9

Mdia Nacional 56.2


Sofala 55.6

Manica 55.0

Gaza 44.1

Sul 42.1
Maputo Prov. 40.1

Maputo Cidade 27.9


Fonte: INE, 2003, 2004; PNUD, 2001

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16

2.3 SWOT da Situao e dos Desafios na Zona Rural

75. A Tabela 3 resume os aspectos fundamentais da anlise SWOT,5


destacados no breve panorama apresentado e documentos
preliminares e de apoio a este.
76. O importante a reter na EDR que em tudo o que seja feito na e
pelas zonas rurais, ser sempre importante no esquecer que tais
zonas tm os pontos fortes a preservar, manter e reforar. Tm
tambm pontos fracos e erros a corrigir, tm amplas oportunidades
para valorizar os seus activos fsicos, naturais e humanos, de forma a
poder minimizar o impacto negativo dos pontos fracos e riscos.
77. Finalmente, ser ainda preciso no subestimar, nem esquecer,
ameaas que, na situao de subdesenvolvimento em que se
encontra o meio rural, subitamente podem reverter e destruir os
avanos alcanados. Ainda permanece bem viva nas nossas
memrias a recordao da destruio que as cheias causaram em
2000. Mais recentemente, se registaram sismos que, felizmente, no
tiveram consequncia de vulto.
78. Na actual situao, de privao e carncia, muitas pessoas das
zonas rurais vm-se frequentemente foradas a migrar, ou a
abandonarem temporria ou definitivamente, os locais onde vivem,
procura de melhor sorte ou oportunidades de vida. O Governo
considera urgente e indispensvel contrariar esta situao,
concentrando para tal esforos na superao das principais
desvantagens e limitaes enfrentadas pela economia rural.

Tabela 3: Anlise SWOT sobre o Desenvolvimento Rural em


Moambique
Pontos Fortes Ameaas
xodo rural massivo por falta de
Estabilidade poltica e social, bem
oportunidades locais, com destaque
como a necessidade de sobrevivncia
para a fuga de algumas das
e conservao da riqueza rural.
pessoas mais qualificadas.
Uma das economias com maior
crescimento em frica, 8-10% ao ano Natureza negativa e desfavorvel do
nos ltimos 5 anos, que poder padro de acumulao dominante na
acelerar o crescimento se conseguir economia rural.
uma economia rural competitiva.
Governo comprometido com o esforo Elevadas vulnerabilidades e risco de

5
SWOT o termo internacionalmente conhecido na designao em Ingls: strenghts (pontos fortes),
sobre as vantagens internas em relao a outras reas; weaknesses, ou pontos fracos e desvantagens
internas; opportunities (oportunidades), aspectos positivos e potencial para fazer crescer a vantagem
competitiva; e threats, ou ameaas, aspectos negativos com potencial de comprometer a vantagem
competitiva.

ESTRATGIA DE DESENVOLVIMENTO RURAL- EDR 09/2007


17

de crescimento econmico rpido e desastres naturais, incluindo cheias,


ambiente de negcios dinmico e secas, ciclones e sismos, que
competitivo. retardam o retorno dos capitais
investidos.
Instabilidade poltica nos pases
Atitude governamental tolerante e de
vizinhos e no sub-continente que
respeito pela diversidade cultural e
podem prejudicar o ambiente de
religiosa da populao.
investimento na frica Austral.
Concorrentes comerciais com maior
Iniciativas do Governo no tocante competitividade, ou burocratas
desconcentrao vo permitir acelerar urbanos e agentes vrios a nvel
o ritmo do desenvolvimento rural rural que beneficiam com o estado
(CCD e FIL). actual de subdesenvolvimento e sub-
gesto no campo.
Prticas e crenas locais anti-
crescimento econmico e melhoria
das condies de vida local, incluindo
Est em curso a implementao da
recurso ao roubo ou outras prticas
Estratgia Global de Reforma no
para prejudicar as pessoas que
Sector Pblico (EGRSP).
investem no bem-estar pessoal e
familiar ao nvel das suas reas
residenciais.
Pontos Fracos Oportunidades
Fracas infra-estruturas, tanto fsicas
Ampla diversidade natural e
(comunicaes, electricidade, etc.)
econmica, com vantagens
como institucionais (legais,
comparativas intra e inter-regionais.
administrativas, etc.).
Baixo nvel de capital humano, Bom relacionamento com entidades
produtividade e formao tcnico- internacionais e investidores
profissional. relevantes para futuro crescimento.
Desigualdade de gnero e Elevado potencial agrcola e ampla
desvantagens da mulher nas variedade de recursos florestais,
oportunidades de acesso a recursos pesqueiros e minerais inexplorados
diversos. (gs, areias pesadas, minerais semi-
Fraca investigao e divulgao preciosos, energia hidrulica) e
cientfica sobre produtos e prticas tursticos, para um uso sustentvel e
agrcolas. vivel.
Poltica fiscal no favorvel ao Compromisso com acordos e
sector privado produtivo, e a organismos regionais (SADC, NEPAD)
contribuio fiscal do meio rural e internacionais importantes (AGOA,
baixa. MDGs, OMC).
Baixa renda per capita, fraco poder de
compra e procura e falta de capital
Alterao na legislao com vista a
financeiro rural.
melhorar o ambiente de negcios e
Congestionamento de alguns
crescimento econmico sustentvel.
mercados rurais.
Elevados custos de transaco no

ESTRATGIA DE DESENVOLVIMENTO RURAL- EDR 09/2007


18

campo.
Fraco incentivo do sector privado,
nomeadamente do sector bancrio, Possibilidade de acesso a mercados
para investir na zona rural. regionais potencialmente
Reduzida sensibilidade e percepo significativos, em termos
dos riscos associados manuteno e demogrficos e procura.
conservao do ambiente.

2.4 Determinantes da Mudana do Padro de Acumulao

79. A relao entre os determinantes e os objectivos estratgicos da


EDR deve ser encarada como um processo social, envolvendo
relaes individuais e familiares, polticas, de gnero e geracionais,
bem como culturais e profissionais. Pretende-se que tal articulao
no seja tomada como rgida ou isolada das relaes nos restantes
determinantes, nem to pouco como um exerccio administrativo,
burocrtico, tcnico ou acadmico.
80. Quando se determina a direco e as perspectivas de mudana
na sociedade rural importante no esquecer que os indicadores
estatsticos procuram medir aspectos especficos, mas que fazem
parte dum organismo mais geral e integrado, no qual os mltiplos
funcionam de forma interligada e unificada.
81. A Tabela 4 identifica alguns dos principais determinantes de
mudana no padro de acumulao e desenvolvimento econmico,
com destaque para a articulao dos elementos integrantes dos
determinantes identificados.

Tabela 4: Factores Determinantes de Mudana do Padro de


Desenvolvimento em Moambique

Determinantes Contedo e Caracterstica


no (e do) campo que a maioria dos moambicanos
1. Interdependncia ainda vive, mas o futuro de Moambique tornar-se
rural urbana cada vez mais urbanizado. Uma dvida importante:
que tipo de urbano? Neste contexto, o
internacional
desenvolvimento rural articula-se intimamente ou
dependente do mercado urbano e internacional.
2. Crescimento No passado, a criao de riqueza nacional teve como
econmico fonte principal as zonas rurais, enquanto o destino dos
nacional e benefcios da acumulao rural migrava, quer para os
centros urbanos quer para o exterior do Pas. Esta
crescimento da
contradio constituiu o cerne principal dos problemas
economia rural
nas reas rurais, incluindo o intenso xodo rural.
3. Produo familiar e
trabalho O padro de acumulao de capital financeiro e
produtivo na famlia rural necessita de ser alterado,
assalariado

ESTRATGIA DE DESENVOLVIMENTO RURAL- EDR 09/2007


19

tomando em considerao a complexa mas crucial


relao entre os sistemas de (re) produo familiar e
trabalho assalariado, agrcola e no-agrcola. A relao
emprego/trabalho por conta prpria tem que passar
para o centro das polticas, evitando-se a viso
voluntarista e ilusria de que todo o produtor familiar
vive na subsistncia ou pode ser empresrio.
O ciclo vicioso da pobreza rural s pode ser rompido
se as reas rurais se tornarem economicamente
atractivas e os recursos humanos produtivos e
4. Capital humano e capacitados. O investimento no capital humano e
capital social deve ir alm do tradicional capital
Capital Social
financeiro e comercial, incluindo a melhoria da
participao das comunidades, a descentralizao do
poder de deciso e a responsabilizao individual e
social, o capital intelectual e cultural.
O investimento pblico deve respeitar a equidade no
fomento da capacidade produtiva nacional, tomando
5. Investimento em considerao a diversidade regional, a
produtivo e especializao regional e distrital na base das suas
vantagens comparativas. preciso equilibrar o
Consumo
investimento produtivo e o consumo, garantindo a
melhoria do bem-estar imediato e expandindo as
oportunidades de maior crescimento.
A melhoria das infra-estruturas contempla dois tipos de
6. Infra-estruturas: infra-estruturas: fsicas (comunicaes, escolas,
fsicas e saneamento, unidades sanitrias, electrificao, etc.) e
institucionais institucionais (administrao, instrumentos legais,
comunicao, etc.).

82. Na prtica, a EDR assume que qualquer aco de transformao


do meio rural a efectivar-se atravs de determinantes concretos,
poder produzir mudanas mais ou menos favorveis ao
desenvolvimento rural. No Captulo 3, os seis determinantes de
mudana do padro de desenvolvimento sero articulados com os
cinco objectivos estratgicos identificados para a EDR.

ESTRATGIA DE DESENVOLVIMENTO RURAL- EDR 09/2007


20

3 VISO, OBJECTIVOS ESTRATGICOS E PRIORIDADES

83. Para que o modelo econmico de desenvolvimento de


Moambique, a mdio e longo prazos, seja vivel e sustentvel, ser
necessrio consolidar o carcter multifuncional dos sistemas agro-
florestais, minerais e de outras actividades econmicas rurais,
garantindo que se afirmem com racionalidade econmica, em
mltiplas dimenses: econmica produtora de bens de mercado;
ambiental gestora de recursos e territrios de forma produtiva;
social integradora de actividades sociais e rentveis; cultural
geradora de capacidades criativas e empreendedoras.

3.1 Viso para o Desenvolvimento Rural at 2025

84. A declarao da viso, percebida como uma finalidade a alcanar


a mdio e longo prazos, representa o compromisso do Governo em
promover um ambiente dinmico, saudvel, estvel, vigoroso e
seguro para as comunidades rurais. Este compromisso representa
tambm o reconhecimento explcito e inequvoco do Governo de que,
a curto e mdio prazos, implementar polticas especficas e
programas de aco integrados e harmonizados com os propsitos de
sustentabilidade de longo prazo. Assim, a viso para a EDR a
seguinte:

Por volta de 2025 o desenvolvimento


humano nas reas rurais de Moambique
ser trs vezes superior ao registado em
2005, entrando assim na faixa do
desenvolvimento humano mdio, derivado da
transformao do padro de acumulao na
economia nacional, atravs duma economia
rural mais competitiva e sustentvel,
ambientalmente equilibrada e socialmente
estvel e atractiva.

3.2 Que tipo de Mudana se Ambiciona para o Meio Rural

85. No a primeira vez que se procura definir e implementar uma


estratgia de desenvolvimento rural em Moambique. No passado,
vrias foram as tentativas de implementao de estratgias de
fomento rural, com destaque pelo menos para trs iniciativas
principais implementadas no ltimo meio Sculo.

ESTRATGIA DE DESENVOLVIMENTO RURAL- EDR 09/2007


21

86. As iniciativas de desenvolvimento rural anteriores no lograram


erradicar a pobreza, por vrios motivos, desde histricos, sociais,
polticos e econmicos, at circunstanciais, ideolgicos e conjunturais.
87. Porm, pelo menos um denominador comum caracterizou o
fracasso das estratgias de desenvolvimento rural anteriores, tanto
as do passado mais remoto como as mais recentes. De uma maneira
geral, as estratgias passadas no foram capazes de mudar o padro
de acumulao na economia nacional, no sentido de tornar as reas
rurais economicamente competitivas, ambientalmente equilibradas e
socialmente estveis e atractivas.
88. Moambique encontra-se actualmente a dar os seus primeiros
passos na construo de um Estado de Direito, alicerado na cultura
moambicana e nas prticas e tecnologias modernas e de sucesso no
mundo mais desenvolvido.
89. Tanto os sistemas consuetudinrios prevalecentes nas zonas
rurais, como os mecanismos e prticas informais que dominam o
quotidiano dos moambicanos, colocam inmeros desafios ao
desenvolvimento de sistemas formais, em termos legais e
administrativos, integradores das dinmicas dos mercados urbanos e
rurais numa economia nacional unificada e coesa.
90. O Governo est convicto que o desenvolvimento rural
sustentvel a longo prazo s poder ser viabilizado se o padro de
acumulao na economia nacional sofrer mudanas a favor dum
envolvimento eficaz e eficiente da economia rural. Aqui reside a
essncia e, de facto, a excelente oportunidade preconizada pela
presente EDR.
91. Sem se pretender que esta EDR se converta num instrumento de
engenharia social, o Governo pretende que ela contribua para a
consolidao da confiana empreendedora, num ambiente
institucional saudvel e produtivo. Dever contribuir tambm para a
flexibilizao e agilizao do processo de transformao pro-rural do
padro de criao e acumulao de riqueza na economia nacional.
92. Se o conseguir, ento, a economia rural de Moambique deixar
de ser apenas fonte de acumulao, como aconteceu no passado, e
transformar-se- num destino de excelncia econmica e bem-estar
da Nao.

ESTRATGIA DE DESENVOLVIMENTO RURAL- EDR 09/2007


22

3.3 Objectivos Estratgicos Para a Mudana Pro-rural do


Padro de Acumulao

93. Se a viso fundamental do Governo, ao criar e implementar uma


EDR, melhorar o bem-estar e desenvolver as reas rurais do Pas, a
questo que imediatamente surge a seguinte: COMO?
94. Para responder a esta questo, o Governo considera que a via
prtica para se concretizar a viso da EDR atravs dos cinco
objectivos estratgicos enunciados no diagrama da Figura 7.
Figura 7: Diagrama dos Objectivos Estratgicos do
Desenvolvimento Rural em Moambique, 2006-2025
1. Competitividade,
Produtividade e
Acumulao de
Riqueza

2. Gesto
5. Boa Governao Produtiva e
Sustentvel
e Planeamento
dos Recursos
para o Mercado
Naturais e do
Ambiente

4. Expanso do 3. Diversificao e
Eficincia do
Capital Humano,
Capital Social, de
Inovao e
Infra-estruturas
Tecnologia
e Institucional

95. O significado estratgico dos cinco objectivos identificados na


Figura 7 reside no facto de, em caso de sucesso, proporcionarem uma
ruptura no sistema de foras adverso ao desenvolvimento das reas
rurais.
96. Cada um dos cinco objectivos estratgicos ser explicitado e
detalhado no Captulo 3, atravs da especificao das prioridades
temticas e objectivos especficos de interveno que reflectem as
necessidades e sensibilidades identificadas no processo de consultas
e estudos tcnicos efectuados no decurso da preparao da EDR.

ESTRATGIA DE DESENVOLVIMENTO RURAL- EDR 09/2007


23

3.4 Prioridades Temticas e Objectivos Especficos da EDR

3.4.1 Competitividade, Produtividade e Acumulao de Riqueza


Rural

97. Na EDR, o conceito de competitividade assume um sentido


principalmente macroeconmico, sendo entendida como a
capacidade, individual e colectiva, para produzir bens e servios num
ambiente de concorrncia, regional e internacional, com o intuito de
melhorar o bem-estar e qualidade de vida dos cidados.
98. Quanto produtividade, a EDR considera-a como um indicador
de medida da relao entre o valor acrescentado e os recursos totais
consumidos para gerar esse valor. O desempenho da produtividade
na economia rural deve ser visto como funo da combinao entre
eficcia (fazer as coisas certas) e eficincia (fazer coisas de forma
certa).
99. Em resumo e, de forma metafrica, a competitividade surge na
EDR como o motor da acumulao de capital na economia rural e a
produtividade o seu principal combustvel.

3.4.1.1 Tornar a Economia Rural Mais Competitiva

100. O Governo reconhece que Moambique tem um longo e difcil


percurso a percorrer na senda da competitividade. Na verdade, a
economia moambicana s passar a ser competitiva, a nvel Africano
e do mundo, quando possuir empresas competitivas, tanto a nvel
urbano como nas zonas rurais.
101. Presentemente, Moambique continua a ocupar um lugar
modesto na competitividade observada no Continente Africano. Em
2005 Moambique ocupou o 110 lugar entre 155 pases, no Doing
Business 2006 do Banco Mundial. No ndice de Liberdade Econmica
(ILE) de 2006, Moambique se classificou em 113 lugar entre 154
pases de todo o mundo.
102. A nvel Africano, como mostra a Figura 8, sobre o ndice de
competitividade em Africa, em 2004 Moambique ocupou o 20 lugar
entre 25 pases africanos.

ESTRATGIA DE DESENVOLVIMENTO RURAL- EDR 09/2007


24

103. preciso investir estrategicamente na competitividade da


economia rural, em intima articulao com o resto da economia
nacional. S assim os milhes
de produtores individuais e Figura 8: Posio de Moambique n ndice de
Competitividade em Africa, 2004
empresrios rurais podero
Botsw ana

aumentar a sua produtividade Tunisia

para nveis capazes de South Africa

Mauritius

competir, em qualidade e valor, Nam ibia

com os fornecedores de
Gam bia

Egypt

produtos e servios oriundos de Morocco

outras partes, sejam elas


Tanzania

Ghana

urbanas ou externas ao prprio Algeria

Malaw i

pas. Senegal

Uganda

104. Uma das dificuldades Kenya

imediatas, que preciso


Nigeria

Zam bia

superar com urgncia, diz Cam eroon

Ethiopia

respeito falta de dados Mozam bique

estatsticos actualizados e Madagascar

Zim babw e

adequados para uma monitoria Mali

efectiva e eficiente da realidade


Angola

Chad

rural. 0 20 40 60 80 100 120

105. Os indicadores econmicos


disponveis so inadequados e
pouco credveis. A ttulo de exemplo, a estimava da inflao em
Moambique baseia-se actualmente nos dados recolhidos a partir de
trs cidades apenas: Maputo, Beira e Nampula. Ou seja, a inflao
que se pode reconhecer como reflectindo minimamente a economia
urbana, assumida tambm como estatisticamente representativa da
economia rural.
106. Dificilmente poder mudar-se a economia rural no sentido
desejvel s suas necessidades, enquanto no for possvel medir e
avaliar com exactido as mudanas. Por isso, ser preciso
desenvolver indicadores de medida especficos e recolher dados
actualizados para a monitoria macroeconmica representativa da
economia rural.
107. As entidades responsveis pelo planeamento macroeconmico,
nomeadamente as entidades reguladoras e definidoras das polticas
monetrias, fiscais e econmicas do Pas (Ministrio das Finanas,
Ministrio da Planificao e Desenvolvimento e Banco Central),
devem tornar-se capazes de fornecer aos produtores e investidores,
dados representativos e actualizados sobre a dinmica da economia
rural, em todas as regies rurais do Pas e por Distrito, com destaque
para o peso e contributo nas variveis macroeconmicas nacionais,
em termos de: crescimento econmico, poltica comercial, carga
tributria do Governo, interveno do Governo na economia, poltica

ESTRATGIA DE DESENVOLVIMENTO RURAL- EDR 09/2007


25

monetria, fluxos de capital e investimentos estrangeiros, actividade


bancria, salrios e preos, direitos de propriedade, regulamentao
e mercado informal.

3.4.1.2 Produtividade e Crescimento Sustentvel Pro-Rural


108. primeira vista, as projeces da evoluo duma economia no
futuro, sobretudo a longo prazo, podem parecer um exerccio muito
arriscado, e por isso, desnecessrio. Contudo, na prtica, sobretudo
em termos de pensamento estratgico e de planeamento, as
projeces econmicas permitem identificar e prever cenrios de
evoluo, tanto os possveis como os mais ou menos desejveis.
109. Em termos temporais, um horizonte temporal relativamente
curto (apenas 5 ou mesmo 10 anos), dificilmente ser
suficientemente representativo de mudanas estruturais na economia
nacional. Mudanas de curto ou mdio prazos, podem ser estruturais,
mas frequentemente so apenas circunstanciais, cclicas e
temporrias. Neste caso, o horizonte de duas dcadas considerado
nesta EDR como um perodo mnimo razovel, para permitir observar
tendncias e mudanas estruturais no padro de acumulao da
economia nacional.
110. Apesar das limitaes dos dados disponveis, a sua anlise
permite observar as tendncias recentes e possibilidades de
crescimento da economia rural. Por exemplo, um indicador
importante o que mede o padro de vida das pessoas que vivem
nas zonas rurais. Na ltima dcada, o padro de vida rural rondou
uma mdia de 150 USD.
111. Para se reduzir o hiato e assimetrias no padro de vida rural,
comparativamente ao padro de vida urbano, indispensvel que a
economia rural cresa a uma taxa superior da economia urbana.
Doutra forma, a distncia entre nveis diferentes de padro de vida
aumentaro, ou quando muito, se as taxas de crescimento forem
iguais, mantm-se constante.
112. Neste mbito, o desafio para a economia rural enorme. Dois ou
trs exemplos so suficientes para se ficar com uma ideia da
dimenso do desafio em causa.
113. Assumindo que o PIB real per capita rural atingiu $200 em 2000,
se o mesmo crescer taxa dos ltimos cinco anos (cerca de 6,5% ao
ano), as reas rurais precisaro de quase trs dcada para atingirem
o padro de vida da Cidade de Maputo em 2000 (cerca de $1068).
114. Se a economia da Cidade de Maputo crescer a uma taxa de 9%,
por volta de 2025 o seu PIB real per capita atingir cerca de $9500
USD. Para que as reas rurais pudessem atingir igual nvel de padro

ESTRATGIA DE DESENVOLVIMENTO RURAL- EDR 09/2007


26

de vida at 2025, o PIB real per capita rural teria de crescer a uma
taxa mdia real de 16% ao ano.
115. Estes exemplos so reveladores da dimenso do esforo que as
reas rurais necessitaro de realizar, nem que seja para evitar que o
hiato e assimetrias rurais-urbanas diminuam lentamente. Ou seja,
mesmo para poderem alcanar um padro de vida digno e reduzir aos
poucos o hiato e assimetrias em relao s zonas urbanas mais
desenvolvidas no Pas, ser preciso um esforo adicional e
substantivo.
116. Para melhor exemplificar o tipo de mudana necessrio no
padro de acumulao na economia nacional, apresentam-se
seguidamente trs cenrios ilustrativos das alternativas, possveis e
mais ou menos desejveis. A Figura 9 ilustra a ideia principal em
cada cenrio.
117. Cenrio 1 O Crescimento espontneo actual pro-urbano: No
perodo 1995-2005, o PIB real per capita de Moambique cresceu a
uma taxa mdia de 8,6% ao ano. Se este ritmo de crescimento e a
mesma estrutura da economia se mantiverem como na dcada
passada, o PIB real per capita poder aumenta de $308 em 2005,
para $1.084 em 2025.
118. Alm disso, se a economia nacional mantiver o mesmo padro
de acumulao observado no perodo 2000-2005, o crescimento
econmico permanecer predominantemente pro-urbano; o PIB real
per capita urbano aumentar de $486 em 2005, para $1.492 em
2025, enquanto o PIB real per capita rural aumentar de $200 para
$555.
119. Cenrio 2 Intensificao do Crescimento Acelerado Pro-Urbano:
possvel imaginar um crescimento econmico relativamente maior
do que aquele que previsto no Cenrio 1. Mas um crescimento na
ordem dos 10 ou mais por cento ser irrealista e improvvel, a no
ser que se consiga mobilizar um investimento produtivo na economia
rural muito acima do que aquele que agora imaginvel.
120. Mesmo que o crescimento da economia nacional atinja os 10 por
cento, o desafio que necessita de ser considerado sobre o
contributo da economia rural. No Cenrio 2, projecta-se um
crescimento mais acelerado, mas ainda assente no mesmo tipo de
estrutura e padro do que se considera no Cenrio 1. Neste caso,
registar-se-ia uma melhoria do padro de vida tanto nas zonas rurais
como nas zonas urbanas. Contudo, a parte significativa e principal do
valor acrescentado continuaria a concentra-se nas zonas urbanas. Na
pior das hipteses, dependendo das diferenas no crescimento
regional, a assimetria urbano-rural poderia mesmo aumentar.

ESTRATGIA DE DESENVOLVIMENTO RURAL- EDR 09/2007


27

Figura 9: Trs Cenrios Alternativos na Evoluo da Renda


Rural e Urbana Per Capital em Moambique, 2000-2025

$3.000
C3-Urbana; $2.770

$2.500

$2.000 C2-Urbana; $1.959


Renda per capita ($US)

C1-Urbana; $1.492
$1.500

C3-Rural; $1.344

$1.000

C3-Urbana; $362 C1-Rural; $555


$500

C3-Rural; $168
$0
2000 2004 2005 2010 2015 2020 2025

C1-Rural C1-Urbana C2-Rural C2-Urbana C3-Rural C3-Urbana

121. Cenrio 3 Possibilidade dum Crescimento Acelerado Pro-Rural:


Existe um terceiro cenrio, resultante duma estratgia premeditada
para induzir um crescimento nacional pro-rural.
122. O Cenrio 3 projecta um crescimento do PIB per capita rural na
ordem dos 10,4% ao ano, contra um crescimento urbano mdio de
13%. Se isto for conseguido, ento, apesar do PIB real urbano
crescer a uma taxa superior ao da economia rural, a melhoria do
padro de vida rural acabar por ser mais rpida do que na zona
urbana.
123. Neste caso, afigura-se realstico admitir um crescimento da
economia nacional prximo dos 12% ao ano, resultante duma
estratgia rural capaz de garantir vantagens acrescidas para
conseguir um crescimento real da economia rural na ordem dos 10%
ao ano.
124. Como nas prximas dcadas o crescimento populacional rural
ser praticamente nulo ou estacionrio, um crescimento econmico
relativamente elevado traduzir-se- directamente em melhoria do
padro de vida. J no meio urbano, para que o padro de vida
continue a aumentar, a economia urbana deve manter-se acima do
crescimento populacional, ou seja, acima de 4-5% ao ano.
125. Se o Cenrio 3 prevalecer, a EDR ser um verdadeiro sucesso.
Por volta de 2025 as zonas rurais atingiriam um padro de vida
mdio per capita cerca de 10 vezes superior ao nvel atingido nos
cinco anos passados.
126. Seria possvel identificar muitas outras alternativas possveis do
crescimento futuro, mas pouco valor acrescentariam para esclarecer

ESTRATGIA DE DESENVOLVIMENTO RURAL- EDR 09/2007


28

a direco da viso da EDR. Os cenrios ilustrados evidenciam os dois


aspectos fundamentais que importa sublinhar.
127. Por um lado, fica claro que nem todo o crescimento econmico
nacional elevado pro-rural ou favorvel e desejvel para o
desenvolvimento rural. Por outro lado, do ponto de vista da coeso
social e territorial, mesmo sabendo que a assimetria urbano-rural ir
manter-se, indispensvel conseguir pelo menos a sua diminuio
progressiva. Como mostra o Cenrio 3, mesmo no sendo possvel
eliminar as assimetrias, possvel reduzi-las, sendo para tal
necessrio alterar o padro de acumulao de capital em
Moambique.

3.4.1.3 Prioridades para a Competitividade, Produtividade e Riqueza

128. Privatizar, por si s, no garante a concorrncia do mercado e,


em particular, um sistema de preos eficiente como representao
verdadeira do custo para os produtores, bem como representao
verdadeira do valor para os consumidores.
129. A melhoria da competitividade e da liberdade econmica nas
reas rurais passa pela adopo e implementao de uma srie de
polticas e programas macroeconmicos efectivamente pro-rurais, o
que pode ser alcanado pela melhoria da eficincia dos mercados.

A) Desafio

130. A melhoria do dinamismo da economia rural poder traduzir-se


num conjunto de mercados crescentemente competitivos e
interligados, em que os agentes econmicos passaro:
o A fazer as coisas da forma certa, reduzindo o desperdcio
dos recursos e uso de tecnologia inadequada;
o A fazer as coisas certas, em que o preo dos produtos se
aproximar do seu custo de produo, convertendo-se no
meio de comunicao directo entre o que os produtos
custam e o que os clientes preferem, e vice-versa;
o A produzir nas propores certas, porque em situaes de
competio livre o preo ser igual ao custo, e este igual ao
valor para o cliente;
o Os produtos iro para as pessoas certas, ou seja para as
pessoas que necessitam e esto dispostas a pagar o preo
adequado.

ESTRATGIA DE DESENVOLVIMENTO RURAL- EDR 09/2007


29

B) Como?

131. Criar e desenvolver prticas de natureza empresarial e


orientao para o mercado, num quadro favorvel economia rural,
atravs da articulao, monitoria e harmonizao das seguintes 10
dimenses macro e micro econmicas: 1) Poltica comercial; 2) Carga
tributria do Governo; 3) Interveno do Governo na Economia; 4)
Poltica monetria; 5) Fluxos de capital e investimento estrangeiro; 6)
Actividade bancria e financeira, incluindo a dinamizao de finanas
rurais e mercados agro-industriais; 7) Salrios e preos; 8) Direitos
de propriedade; 9) Regulamentao e actividade da Administrao
Pblica; 10) Mercado informal.
132. A Tabela 5 mostra os objectivos especficos, as aces
prioritrias, e os indicadores de referncia, no mbito da
implementao de servios bsicos para a melhoria da
competitividade na economia rural inserida na economia nacional.

C) Meta

133. Dependendo da conjugao destas 10 dimenses, o produto


final, permite estimar o chamado ndice de liberdade econmica (ILE)
ou tambm ndices de competitividade. No entanto, a conjugao dos
esforos enunciados no seu Programa Quinquenal do Governo, no
PARPA II e da EDR dever conduzir melhoria do ILE de
Moambique, com o propsito de fazer com que a classificao
internacional da economia de Moambique evolua de
maioritariamente controlada para maioritariamente livre.
134. Na prtica, podero surgir diversas combinaes. Uma das
possveis conjugaes das variveis acima referidas representada
na Figura 10. Na projeco ilustrada na Figura 10, a expectativa da
EDR que a economia nacional evolua em termos de liberdade
econmica, nomeadamente nas transaces competitivas e viveis a
nvel produtivo, comercial e financeiro, tanto no campo como na
cidade.
135. Obviamente, o ILE ou o ndice de competitividade so elaborados
por organismos internacionais independentes, sendo til que assim
continue, numa perspectiva de iseno, transparncia e
independncia da avaliao e monitoria. No entanto, seria de toda a
utilidade, a nvel interno, criar-se mecanismos nacionais de avaliao
e monitoria com expresso provincial e distrital.

ESTRATGIA DE DESENVOLVIMENTO RURAL- EDR 09/2007


30

TABELA 5:

OBJECTIVO 1 Prioridades para a Competitividade, Produtividade e


Acumulao de Riqueza Rural

Indicadores
Objectivos Especficos Aces Prioritrias de
Referncia
1. Criar indicadores macro e Definir indicadores para a monitoria do crescimento
micro econmicos econmico, rural e urbano, incluindo produto global bruto por
Indicadores
relevantes para o rural e distrito, preos correntes e salrios, entre outros.
urbano, distritos e a definir
Actualizar os indicadores de medida da mobilidade e
localidades
variaes nos assentamentos populacionais, urbano e rural.
Criar uma Autoridade da Concorrncia para promoo da
cultura estratgica empresarial e concorrncia de mercado Termos de
eficiente e justa, com destaque para: Referncia
1.Identificar as falhas quer do mercado quer do Governo, da
com respeito ao poder de escassez, s externalidades, Autoridade
informao imperfeita e a equidade; da
2.Enfoque da direco empresarial inovadora, criativa e
Concorrncia
2. Promover a cultura flexvel;
estratgica empresarial a definir,
3.Tomar decises profissionais e relaes de comunicao
envolvendo
caracterizadas por: brevidade, variedade, competncia
tcnica e sensibilidade ao risco e imprevistos. entidades
4.Princpios estratgicos relevantes: 1) Concentrar foras; como MPD,
2) Edificar sobre os pontos fortes e utilizar os potenciais CTA, IPI/MIC
sinergticos; 3) Utilizar as oportunidades de retorno e do e outros a
mercado; 4) Harmonizar os objectivos e os meios em definir
funo dos riscos; 5) Unidade de doutrina.
Identificar formas de minimizar dificuldades nos fluxos e 9% da taxa
servios transfronteirios e alfandegrios para fomento da mdia de
3. Melhoria da poltica economia rural ( as taxas mdias de importao encontram- importao
comercial se acima de 9%, nvel elevado internacionalmente). elevada a
Tornar mais clere, eficiente e barata a tramitao nvel
aduaneira. internacional
Menos de
10%
Racionalizar os gastos do Governo como percentagem do
4. Reduzir a carga tributria contribuiu
PIB que actualmente esto acima de 30%.
do Governo com
Aumentar a cobertura dos impostos.
impostos
directos
Aumentar a interveno do Governo na Economia. Esta Consumo do
5. Apoio Eficaz do Governo avaliao da interveno do Estado diferente do papel Governo
Economia Rural regulador do governo e complementa a avaliao da carga inferior a
tributria. 15% do PIB
Taxa de
Adoptar medidas de controle inflacionrio. Entre 1995 e 2004 inflao
a taxa mdia anual de inflao foi moderada alta. Mas esta
6. Melhoria da poltica superior a
medida baseia-se unicamente na economia urbana (Maputo,
monetria 6% mas
Beira e Nampula). No existem dados sobre inflao na
economia rural. inferior a
15%
7. Aumento dos fluxos de Criar condies para o aumento dos investimentos no meio
% de fluxos
capital e investimento rural. Os indicadores disponveis no mostram a proporo
estrangeiro nas reas de
do fluxo de capitais e investimentos estrangeiros aplicados
rurais investimento
nas zonas rurais. Os obstculos ao investimento so baixos,

ESTRATGIA DE DESENVOLVIMENTO RURAL- EDR 09/2007


31

mas o acesso propriedade privada da terra no permitido para zonas


constitucionalmente e os contratos de explorao mineira rurais
constitucionalmente e os contratos de explorao mineira
so sujeitos a requisitos de rendimento especficos.
Aumentar a cobertura bancria e financeira, incluindo
servios de seguros e valores, actualmente muito baixa nas
zonas rurais (taxas de juro bastante elevadas, devido aos
elevados riscos creditcios, obstculos e dificuldades
institucionais na recuperao de crdito).
Acesso a
8. Expandir a actividade Aumentar a garantia do cumprimento de obrigaes
crdito nas
bancria e financeira nas contratuais e criar mercados de propriedade como garantia.
reas rurais zonas rurais
Expandir os servios bancrios e financeiros (tipo GAPI e
inferior a 5%
micro-finanas) nas zonas rurais. Os fundos de
financiamento rural, incluindo o fundo de apoio aos distritos,
devero dinamizar as finanas rurais, nomeadamente
incentivar transferncias familiares inter-provinciais e inter-
distritais.
Garantir a manuteno pelo Governo do controle de preos Salrio rural
9. Melhoria dos salrios e de combustveis, transportes urbanos e produtos bsicos mnimo
preos rurais, pelo (electricidade, gua e po). Salrios mnimos para a indstria inferior a 50
aumento da produo e e agricultura so determinados por decreto ministerial, aps USD e fraca
produtividade
concertao social tripartida (sindicatos, empresrios e procura das
governo). famlias
Proteger a segurana da propriedade pessoal e privada. O
10. Reforar os direitos de sistema judicial dbil e moroso, com indcios de corrupo Titulao
propriedade individual e a vrios nveis. Poder judicial carece de meios humanos e inferior a 5%
comunitria materiais para expandir a sua cobertura a nvel nacional,
sobretudo para as reas rurais.
Atacar o burocratismo e corrupo, aumentar a eficincia da Baixa
11. Melhoria da administrao pblica (regulamentao desactualizada e eficincia e
regulamentao e servios processos complicados de abertura e encerramento de eficcia dos
de Administrao Pblica empresa). Regulamentao e licenciamento continuam a servios
exercer carga pesada nos agentes econmicos. pblicos
Mercado
Reduzir a informalidade dos mercados. Desconhecem-se os informal
nveis de mercado subterrneo, sobretudo contrabando de domina 90%
12. Reduzir o mercado produtos ilcitos ou subordinados a certa regulamentao,
subterrneo (ilcito e dos
mas existem indicaes de que exerce forte influncia, tanto
delituoso) e do mercado mercados de
informal no mercado formal como informal. Um amplo mercado
informal debilita a eficcia da economia formal e reduz o terra,
nmero de contribuintes nas receitas fiscais. trabalho e
capital

ESTRATGIA DE DESENVOLVIMENTO RURAL- EDR 09/2007


32

Figura 10: Projeco do Impacto das Reformas Institucionais no Indice de Liberdade


Econmica em Moambique, 2005-2025

1995 1999 2005 2010 2015 2025


1,0
(Melhor/Best)

1,5

1,99
2,0
2,55
2,5
2,85
3,0
3,34

3,5
3,95
4,0
4,39

4,5

5,0
Projeco 2005-2025 Evoluo 1995-2005 (Pior/Worst)

Fontes: Miles et al., 2005

3.4.2 Gesto Produtiva e Sustentvel dos Recursos Naturais e


do Ambiente

136. A emancipao econmica individual, familiar e comunitria


assenta, em grande parte, na propriedade dos recursos naturais, ou
melhor, de activos fundirios e outros. Neste contexto, a definio
dum enquadramento macroeconmico de mdio e longo prazos da
gesto dos recursos naturais implica que se d prioridade gesto do
ciclo econmico sobre o ciclo poltico-administrativo.
137. O objectivo mais amplo das polticas de ambiente e de
ordenamento territorial e populacional contribuir para o
aproveitamento racional e sustentvel dos recursos naturais e
humanos do Pas. Os interesses de natureza pblica e administrativa,
por um lado, e os interesses comunitrios, privados e individuais, por
outro, necessitam de ser harmonizados com o objectivo de promover
a qualidade de vida de todos os cidados, a segurana no uso dos
recursos naturais e a sustentabilidade ambiental.
138. O Governo deve harmonizar as polticas de mbito nacional e
sectorial, coordenar a negociao dos vrios interesses sociais e a
coordenao das aces de planeamento geogrfico, a vrios nveis.

3.4.2.1 Prioridades para a Gesto dos Recursos Naturais e do Ambiente


139. A prioridade do Governo centra-se numa gesto do uso e
aproveitamento dos recursos naturais que procure simultaneamente
minimizar conflitos sociais e maximizar o seu valor econmico
acrescentado.

ESTRATGIA DE DESENVOLVIMENTO RURAL- EDR 09/2007


33

140. A EDR deve encontrar as vias adequadas para uma gesto


sustentvel dos recursos naturais rurais e do ambiente, uma gesto
que conduza realmente valorizao econmica dos activos fundirio e
imobilirio rurais, actualmente maioritariamente desaproveitados e
totalmente margem do ciclo econmico produtivo.

A) Desafio

141. A melhoria do ordenamento populacional e da gesto sustentvel


dos espaos e dos recursos naturais rurais deve envolver duas
vertentes ou facetas fundamentais, intimamente ligadas entre si:
o Evitar conflitos - Cumprir as normas obrigatrias e regulao
dos direitos individuais e comunitrios no uso e
aproveitamento dos activos fundirios e evitar ou minimizar
conflitos sociais e polticos entre os usurrios.
o Integrar os activos fundirios e naturais na economia nacional
do Pas, numa forma cada vez mais eficiente em termos de
valorizao econmica e eficcia na converso do capital
improdutivo em capital produtivo e activo.
142. Adicionalmente, no que diz respeito especificamente questo do
ambiente, a EDR considera importante que se promova uma
abordagem ambientalista com uma dupla perspectiva:
o A perspectiva conservacionista do ambiente, correspondente
abordagem mais amplamente conhecida, associada
preservao da natureza, manuteno das florestas e uso
racional dos recursos naturais, martimos e terrestres;
o A perspectiva transformadora do ambiente, segundo a qual
preciso transformar o ambiente naqueles aspectos que esto
directamente relacionados com os impactos negativos da sade
das pessoas, nomeadamente: a malria, guas estagnadas e
imprprias para consumo, queimadas, desflorestao e eroso
causada pelo abate descontrolado de rvores, entre outros
aspectos. Esta perspectiva, importante para assegurar os
demais objectivos estratgicos, tanto os econmicos (por
exemplo, a melhoria do ambiente em termos de malria poder
ter impacto positivo no turismo) assim como os sociais (a
reduo das causas de morte ambientais).

B) Como?

143. Os instrumentos orientadores do ordenamento territorial so: A


Poltica e Lei do Ordenamento do Territrio que estabelecem
metodologias e regras de elaborao de planos de diferentes nveis e de
participao das comunidades no processo de elaborao e
implementao dos mesmos.
144. A Tabela 6 identifica, de forma resumida, os objectivos
especficos, as aces prioritrias, e os indicadores de referncia

ESTRATGIA DE DESENVOLVIMENTO RURAL- EDR 09/2007


34

para a melhoria da gesto produtiva dos recursos naturais e do


ambiente.

TABELA 6:

OBJECTIVO 2 Gesto Produtiva e Sustentvel dos Recursos Naturais e do


Ambiente

Indicadores
Objectivos Especficos Aces Prioritrias
de Referncia
Identificar as terras nos seus diferentes usos, com
1. Emancipar poltica destaque para quatro situaes principais:
e economicamente Situao 1: Zonas densamente ocupadas e com Divulgao
as comunidades elevada utilizao de recursos; pblica
com base na Situao 2: Zonas com baixa ocupao e utilizao; peridica do
segurana de Situao 3: zonas com recursos protegidos ou a zoneamento
posse sobre os proteger; (por Distrito)
recursos Situao 4: Zonas com recursos virtualmente no
explorados
Implementar o DUAT (Direito de Uso e
Aproveitamento da Terra), para fomento de
parcerias triangulares, entre Estado (proprietrio da
terra), Comunidades (usurios e possuidores
efectivos da terra) e Privados (gestores e parceiros At 2010 cada
econmicos). Governo
2. Implementar Legalizar as comunidades semelhana das boas Distrital deve
efectivamente a Lei experincias em Sofala, entre outras; atribuir pelo
da Terra, Preparar condies nos distritos para titulao menos 50% dos
nomeadamente do fundiria, com prioridade para comunidades com ttulos s
DUAT, com necessidade de entrar em parcerias com agentes comunidades
prioridade para as econmicos ou empresas privadas e pblicas (para rurais e pelo
comunidades que o tringulo no uso e aproveitamento seja eficaz e menos 20% a
rurais eficiente o Estado deve proceder titulao que proprietrios
permita s comunidades fazer uso de instrumentos individuais e
documentais de negociao em parcerias privados
comunitrio/privadas).
Fomentar o apoio jurdico no processo de legalizao
fundiria comunitria, bem como na criao de
comits de gesto de terras.
Identificar zonas com grande potencial mineiro,
turstico e reas ambientalmente sensveis e frgeis.
Identificar e mapear as reas potenciais para o
3. Gerir
desenvolvimento da aquacultura.
sincronizadamente
Identificar e mapear as reas potenciais para o Zoneamento
os recursos
desenvolvimento da pesca artesanal comercial, de
naturais
subsistncia e as zonas a proteger.
Fazer o levantamento, identificar locais de
concentrao de pescadores (aldeias).
4. Poltica ambiental Controlar os agentes nocivos e factores ambientais Indicadores de
que articule uma de mortalidade, como seja a malria, guas medida de
conservao e contaminadas, eroso, etc. impacto
transformao Desenvolver programas ambientais explicitamente negativo no ser
ambiental favorvel relevantes para a reduo da mortalidade, reduzindo humano:
ao bem-estar as condies ambientais nocivas sade pblica: controle de
humano malria, clera, guas estagnadas e lixo, pulmes malria, clera,

ESTRATGIA DE DESENVOLVIMENTO RURAL- EDR 09/2007


35

verdes, proteco de espcies tpicas de cada regio lixo, gua


e com valor ecolgico e cultural. imprpria para
consumo, etc.
5. Discriminar Implementar aces de preveno e mitigao dos
% de distritos
positivamente as efeitos de secas e cheias. Prioridades do plano
com capacidade
regies frgeis e director para a preveno e mitigao das
de diagnstico
sujeitas a calamidades naturais (INGC) - Integrar as
comunidades pesqueiras nestas aces de mitigao ambiental
calamidades
Apoiar a florestao, adaptao s condies
ambientais, e implementao de sistema
6. Incentivar os combinados agrcolas e silvicultura (Integrar a
sistemas agro- piscicultura nos sistemas agro-pecurios j % de reas
florestais existentes). reflorestadas;
.
compatveis com a Reordenar os espaos florestais na perspectiva da % de
Lei e Poltica do gesto integrada e sustentvel dos territrios. piscicultores;
Ambiente e a Lei Ordenamento das reas entre pesca artesanal e % reas
de Florestas e reas de conservao ordenadas
Fauna Bravia Promover a produo industrial ambientalmente
sustentvel, como por exemplo a produo de bio-
combustveis.
% de reservas
florestais
Promover investimentos que valorizem a adopo de protegidas;
prticas que privilegiem uma utilizao eficiente dos
% de reduo
recursos, numa perspectiva de crescimento
7. Promover a eco- de queimadas;
sustentvel.
eficincia % de reduo
Promover e valorizar os servios ambientais e
de eroso;
prticas agrcolas, pesqueiras e de aquacultura
sustentveis. % reduo de
artes de pesca
nocivas
8. Combater a Implementar a Lei da terra, envolvendo o sector % de mulheres
discriminao da pblico, privado e comunitrio na superao de formas com ttulo sobre
mulher no usufruto discriminatrias e tendentes a colocar a mulher em a terra e outros
dos recursos situao vulnervel no acesso terra e outros recursos
naturais recursos naturais. naturais

145. Para melhorar os servios prestados populao e


consequentemente a sua qualidade de vida, as administraes das
Localidades e dos Distritos devem:
Garantir a conservao dos valores naturais e paisagsticos no
espao rural;
Valorizar as externalidades positivas criadas pelos sistemas
agro-florestais;
146. As polticas de ambiente e de ordenamento do territrio
estabelecem que as actividades de ordenamento territorial sejam
sempre executadas no quadro das polticas sectoriais, numa base
consensual e por coordenao das suas aces e estratgias, visando o
desenvolvimento scio-econmico atravs do uso sustentvel da terra e
dos recursos naturais e considerando as formas existentes de
povoamento e de ocupao do espao.

ESTRATGIA DE DESENVOLVIMENTO RURAL- EDR 09/2007


36

C) Metas

Cada Governo Distrital deve esboar planos e metas


quantitativas anuais para a atribuio de ttulos s comunidades
e a proprietrios individuais e privados.

O Governo Distrital deve criar registos actualizados dos ttulos


de propriedade dos mveis e imveis, das potencialidades e
localizao de infra-estruturas econmicas e sociais nas
localidades, dos projectos em curso e das perspectivas de
desenvolvimento local.

3.4.3 Expanso do Capital Humano, Inovao e Tecnologia

147. Ser possvel desenvolver e transformar as reas rurais, sem


crescer economicamente? A resposta imediata, convencional e
conservadora, no. Mas a resposta pragmtica, pelo menos a
curto ou mdio prazos, a correcta, sim.
148. O crescimento econmico, sobretudo medido pela renda per
capita, ajuda de facto, e a longo prazo constitui o garantir do
progresso social e do desenvolvimento humano.
149. Todavia, uma parte significativa do progresso depende de
factores que nada tm a haver com dinheiro, mas sim com prticas,
percepes, comportamentos e atitude para com a vida. o caso, por
exemplo, da mudana de hbitos relativamente higiene e limpeza,
prticas seguras de sexo, atitude responsvel e cuidada para com
ambiente, etc.
150. O capital humano em Moambique, medido atravs de
indicadores como o ndice de desenvolvimento humano, posiciona-se
nos ltimos lugares na classificao internacional.

ESTRATGIA DE DESENVOLVIMENTO RURAL- EDR 09/2007


37

151. Nos passados dez ou quinze anos tm surgido melhorias no


desenvolvimento humano em geral, mas como se sublinhou no
Captulo 2 (Figura 6) as diferenas regionais e provinciais so ainda
significativas.
152. Como mostra a Figura 11, Moambique precisa de um grande
avano para se colocar numa
posio competitiva no Continente Figura 11: Posio de Moambique no ndice de Tecnologia
em Africa, 2004

Africano. South Africa

Mauritius

153. semelhana do que j foi Tunisia

dito para o capital financeiro, ao


Botswana

Namibia

falar-se de capital humano Egypt

preciso evitar-se a simplificao


Morocco

Kenya

reducionista da noo de capital Zimbabwe

Uganda
humano a caractersticas fsicas e Gambia

individuais. Estas ltimas s se Tanzania

Nigeria
convertem em capital quando Ghana

geram valor acrescentado e Senegal

Zambia
multiplicado em mais riqueza e Mozambique

mais valor na economia. Quando Cameroon

Malawi

as caractersticas fsicas e Algeria

intelectuais so usadas no Madagascar

Angola

processo de valorizao e Mali

acrscimo de valor, ento, Ethiopia

Chad

assumem a natureza de capital. 0 20 40 60 80 100 120

154. A EDR deve contribuir para a


consolidao dos avanos alcanados no desenvolvimento humano,
centrando a sua ateno nas reas mais dbeis e fracas (cuidados de
sade bsica, formao tcnico-profissional, gua potvel e causas de
morte ambientais e nutrio). Neste contexto, a prioridade
fundamental deve ser dada inovao, criatividade e domnio das
tecnologias modernas, no sentido de ampliar a cadeia de valor.

A) Desafio: Sair do Vermelho at 2025!

155. Mesmo com pouco dinheiro, amplamente conhecido que, em


vrios Pases (Africanos, Asiticos e da Amrica Latina), boas prticas
e costumes foram determinantes para o aumento substancial da
longevidade, saneamento pblico e sade da populao.
156. Se os outros Pases conseguiram, os Moambicanos tambm
podem conseguir avanos significativos imediatos no
desenvolvimento do capital humano com limitados recursos.
157. A meta ambicionada pela viso da EDR tirar as populaes das
reas rurais da mancha vermelha apresentada na Figura 12, com
vista a que os indicadores do desenvolvimento humano reduzam a
pobreza humana para os nveis representados pela mancha branca.

ESTRATGIA DE DESENVOLVIMENTO RURAL- EDR 09/2007


38

Figura 12: Objectivo da EDR para Alterao da Pobreza Humana no


Moambique Rural entre 2000 e 2025

HPI-Probreza Humana
100
90
80
70 70
60
50
40
Crianas com Peso Deficiente 30 28 66
Probab. de no-Sobreviver at 40 anos
20
10
27,1 7,9 0 40
8
9,5

86
83
Pop. Sem gua Potvel Analfabetismo

Fonte: UNDP, 2005

158. Sair do vermelho, no caso especfico das reas rurais, significa


reduzir a pobreza humana rural de 70% em 2000, para 30% em
2025.
159. Na prtica, esta meta implica que o desenvolvimento humano
nas reas rurais passe da faixa de desenvolvimento humano baixo
para a faixa de desenvolvimento humano mdio, aumentando cerca
de 2,6 vezes em relao ao nvel registado em 2000.

160. Tal melhoria no ndice de pobreza humana poder ser alcanada


atravs de diversas combinaes quer do aumento dos nveis dos
indicadores que compe o desenvolvimento humano (esperana de
vida, conhecimento e rendimento), quer pela reduo dos nveis de
privaes humanas, medidos atravs do analfabetismo, da
probabilidade de morrer antes dos 40 anos, do acesso a gua potvel
e do peso deficiente das crianas.

161. Na Figura 12, a faixa vermelha integra os indicadores que, no


conjunto, do origem ao valor mdio de 70% de pobreza humana
rural em 2000. Por seu turno, a faixa branca integra os indicadores
que, em termos de agregados, do origem ao valor mdio de 30% de
pobreza humana rural projectada para 2025.

162. Esta mudana pode ser alcanada se, nas prximas duas
dcadas, as privaes nas zonas rurais diminurem nas propores
seguintes: 1) o nmero de pessoas privadas de gua potvel diminuir
de 86% para menos de 10%; 2) O analfabetismo reduzir de 83%

ESTRATGIA DE DESENVOLVIMENTO RURAL- EDR 09/2007


39

para cerca de 24%; 3) A proporo de crianas com peso deficiente


reduzir de 27% para 8%; 4) a probabilidade de sobrevivncia dos
moambicanos at aos 40 anos aumentar de 40% para 66%.

163. Na prtica, claro que outras combinaes igualmente positivas


podem ocorrer, ao ponto de tambm resultar no mesmo objectivo
final de uma reduo da pobreza humana para cerca de 30% em
2025. No fundo, tal diversidade de possibilidades apenas confirma o
adgio popular sobre a possibilidade de se chegar uma determinada
meta ambicionada por vrios caminhos.

B) Metas

164. O PARPA II reconhece que uma parte privilegiada dos recursos do


Oramento do Estado deve ser usada para financiar os servios
sociais, abrangendo uma vasta proporo da populao, onde se
enquadram os mais pobres, nomeadamente nas zonas rurais.
Cada Governo Distrital deve esboar planos e metas
quantitativas anuais para aces de reduo da malria,
infeces causadas por guas imprprias ao consumo,
melhoria da higiene e limpeza individual.
O Governo Central dever proporcionar incentivos financeiros
e diferenciados consoante o grau de cumprimento das metas e
objectivos dos Governo Distritais, em termos de aces para a
melhoria do bem-estar, saneamento e sade pblica.

C) Como?

165. O terceiro objectivo estratgico da EDR procura compatibilizar os


planos e programas nacionais de desenvolvimento das capacidades de
trabalho, tcnicas e cientficas, bem como do bem-estar, sade e
sanitrio, acesso a recursos bsicos, em particular os alimentares,
gua potvel, saneamento adequado e reduo da incidncia de
doenas que afectam os grupos mais vulnerveis da populao,
focalizando em particular no combate ao HIV/SIDA, a malria e a
tuberculose.

166. Todos os sectores so relevantes para a promoo do


desenvolvimento rural. Por enquanto, a coordenao de iniciativas de
interveno no meio rural ainda fraca. Na sua fase de
implementao, a EDR deve encontrar mecanismos orientadores para
uma melhor coordenao multi-sectorial ao nvel provincial, distrital e
local.

ESTRATGIA DE DESENVOLVIMENTO RURAL- EDR 09/2007


40

167. Reconhecendo que a investigao cientfica e mesmo a


divulgao de pesquisa relevantes para as comunidades ainda so
fracas, a EDR deve priorizar a disseminao de tecnologia de
desenvolvimento rural. Aqui, a extenso rural desempenha um papel
crucial na modernizao da agricultura, atravs da assistncia tcnica
directa ao campons e adopo de tcnicas melhoradas no processo
de produo. A Tabela 7 identifica os objectivos especficos, as aces
prioritrias, e os indicadores de referncia para a diversificao e
coeso do capital humano e do capital social.

TABELA 7:
OBJECTIVO 3
Expanso do Capital Humano, Inovao e Tecnologia

Objectivos Indicadores de
Aces Prioritrias
Especficos Referncia
Combater a malria, as doenas respiratrias e
diarreicas. A chave para a melhoria da esperana de
vida a reduo da mortalidade infantil, com Dados de
incidncia nas causas externas de morte. Os esperana de
Governos Distritais devem esboar planos anuais para vida,
reduo das mortes causadas por: mortalidade
Malria distribuir redes mosquiteiras nas zonas infantil,
rurais. prevalncia e
Infeces respiratrias incidncia de
Uso de gua imprpria para consumo HIV/SIDA
Assegurar adicionalmente, o combate das epidemias,
sobretudo o HIV-SIDA.
Assegurar a concretizao destas prioridades
garantindo o acesso a recursos pblicos, melhoria das
condies habitacionais, do acesso gua potvel,
mas tambm a mudana de hbitos e
comportamentos individuais.
1. Longevidade
Reduzir a Razo da Mortalidade Materna:
1. Aumentar a Taxa de Cobertura de Partos 1. Taxa de
Institucionais Mortalidade
2. Aumentar o nmero de unidades sanitrias (US) Materna:
que prestam Cuidados Obsttricos de Emergncia 2003
Bsicos (nos Centros de Sade tipo I e II) e 408/100.000
Completos (nos Hospitais Rurais) 2009
3. Treinar e colocar pessoal treinado em nessas US 358/100.000
4. Apetrechar as US em equipamento e e colocar 2. Taxa de
medicamentos essenciais Cobertura de
5. Afectar ambulncias e Rdios de Comunicao nas Partos
US para transferncia de doentes e comunicao Institucionais:
quando haja complicaes 2005 49%
6. Construir Casas de Espera, prximo da Maternidade 2009 55%
para as mulheres grvidas esperarem no fim da 3. % de sedes
gravidez e terem o parto na Maternidade. distritais em
7. Educao para a Sade aos lderes comunitrios, que existem
Casas de
homens e mulheres para mobilizarem as mulheres
Espera:
para iniciarem as Consultas Pr Natais

ESTRATGIA DE DESENVOLVIMENTO RURAL- EDR 09/2007


41

precocemente, reconhecerem os sinais de perigo na 2005 15%


gravidez e quando prximo do fim da gravidez se 2009 50%
dirigirem Casa de Espera. 4. N de US por
8. Disponibilizar bicicletas ambulncias para o 500.000
transporte das grvidas, das crianas e de outros habitantes que
membros da comunidade sempre que haja alguma prestam
urgncia de sade. Cuidados
9. Disponibilizar redes mosquiteiras impregnadas com Obsttricos de
Emergncia
insecticida a todas as famlias, em particular
Bsicos:
mulher grvida
10. Dar educao nutricional s comunidades em 2005 1,23
particular s mulheres atravs de palestras e 2009 2,74
demonstraes culinrias usando os produtos 5. Taxa de
Cobertura
disponveis na sua produo
Anticoncepcion
11. Implementar o Tratamento Preventivo Intermitente al com
da Malria na Mulher Grvida mtodos
12. Implementar a Preveno da Transmisso Vertical modernos:
do HIV da Me para o Beb 2005 5%
2009 12%
6. Expanso do
Tratamento
Intermitente
Preventivo da
Malria na
Mulher
Grvida:
2005 0%
2009 60%
Complementar a abordagem do ambiente indo para
2. Saneamento
alm do simples conservacionismo, adoptando tambm
bsico e Indicadores
uma abordagem de transformao do ambiente
ambiente ambientais
causador de doenas e bitos por malria, clera e
outras doenas infecciosas.
Concentrar recursos pblicos substanciais no ensino
fundamental (profissional e mdio) por uma
qualidade satisfatria em termos internacionais;
Premiar os melhores alunos (talentosos) com bolsas
e aulas extras;
Racionalizar os recursos para dar melhores salrios Dados do MINED
3. Escolaridade
aos professores; sobre o nvel de
Investir em plos universitrios voltados para reas aproveitamento
produtivas e tecnolgicas; escolar
Atrair dinheiro das empresas para pesquisa aplicada
e qualificada;
Promover mais horas a actividades escolares;
Incentivar os pais a tornarem-se assduos
participantes nos estudos dos filhos.
Reorientar a educao e a capacitao com
objectivos, abordagens e contedos sobre o Meio % de adultos
Rural com particular destaque para os tcnicos e alfabetizados.
4. Alfabetizao
profissionais que tm no meio rural o seu cenrio Mudanas que
de adultos e
para o trabalho no futuro. Incorporar as matrias ocorrem
educao
sobre pescas nos currculos das zonas costeiras induzidas pela
vocacional
presena da
Tornar a educao formal mais orientada para as escola.
necessidades concretas do meio rural e apostar na

ESTRATGIA DE DESENVOLVIMENTO RURAL- EDR 09/2007


42

educao vocacional (escolas de artes e ofcios).


Promover a colocao dos professores nas zonas
rurais, lidando com a falta de professores
qualificados: (i) criao de um sistema de incentivos;
(ii) promoo de recrutamento local no contexto do
novo currculo e ensino em lnguas locais;
Fazer da escola um veculo da promoo de relaes
de gnero balanceadas.
Tornar a escola num Plo de desenvolvimento local.
Harmonizar e criar sinergias com o PROAGRI II, a
Estratgia de Segurana Alimentar e Nutricional
(ESAN II) e os aspectos relevantes no mbito do
Plano Estratgico do Subsector da Pesca Artesanal.
5. Nutrio Replicar as boas prticas do Programa de Apoio
Monitoria da
aos Mercados Agrcolas (PAMA), o qual j actua nas
nutrio
provncias de Maputo, Niassa e Cabo Delgado e o
Sistema de Informao de Preos de Produtos
Pesqueiros (SIMP) em algumas provincias e distritos
do pas.

Fomentar uma cultura de inovao, criatividade e


divulgao da tecnologia moderna. IPI/MIC;
6. Divulgao e Alterar a estrutura de incentivos de prticas Divulgao de
inovao inovadoras e punio de prticas prejudiciais e danos Marcas de
tecnolgica ao bem-estar das pessoas. produtos locais.
Acelerar a formao de recursos humanos qualificados MCT
inovadores e empreendedores.
Consolidar e alargar a rede de rdios e televises
rurais atravs da rplica do Projecto de Rede Rural de
Rdio e Televiso (RRRTV), tecnologias de
informao, centros multimdias comunitrios;
Divulgar a experincia de jornais comunitrios nos
N de rdios e
distritos de Manica, Gondola, Barue e Sussundenga
7. Fortalecimento cobertura da
liderados pelas comunidades locais.
da comunicao Televiso;
Difundir informao sobre preos e mercados
e informao % de programas
agrcolas e pesqueiros nas comunidades;
rural nas lnguas
Assegurar que a RM-EP amplie o leque de programas
locais;
educativos, informativos e recreativos emitidos nas
lnguas locais
Potenciar as experincias de comunicao e
informao sobre vigncias histrica nas comunidades
e papel dos lderes comunitrios de sucesso.
Criar Centros Comunitrios de Formao e
Informao (CECOFI) para promover o
associativismo das comunidades locais e parcerias
N de patentes
pblico-privadas. Os objectivos principais dos
de qualidade
CECOFIs seriam:
certificada;
8. Melhoria da Promover trocas de experincias e realizao de
Entidades
formao, feiras (incluindo de produtos pesqueiros);
envolvidas na
informao e Encorajar a formao de associaes e
disseminao de
inovao parcerias;
valores
Identificar oportunidades de negcios e
inovativos
emprego, incluindo novas oportunidades, em
novos sectores como o de bio combustveis;
Assegurar a formao e informao em
tecnologias de produo;

ESTRATGIA DE DESENVOLVIMENTO RURAL- EDR 09/2007


43

3.4.4 Diversificao e Eficincia do Capital Social, de Infra-


estruturas e Institucional

168. A Agenda 2025 presta destaque particular s componentes de


capital social, de infra-estruturas e institucional, com referncia para
a paz e a estabilidade poltica, coeso nacional, justia social (direitos
sociais e econmicos), diversificao de infra-estruturas bsicas e
fortalecimento da famlia e diminuio dos desequilbrios sociais e
assimetrias regionais.
169. De igual modo, o PARPA II tambm destaca as dimenses de
natureza cultural e moral fundamentais para a melhoria do capital
social, como por exemplo: o esprito de auto-estima dos cidados, a
valorizao da cultura do trabalho, o zelo, a honestidade e a
prestao de contas.
170. Todavia, a diversidade e coeso do capital social, e de outras
formas de capital, como o de infra-estruturas e institucional, no
dependem unicamente da boa vontade e conscincia individual. A
eficcia e eficincia destas formas de capital reflectem, acima de
tudo, a qualidade e o tipo de instituies existentes no pas, as quais
dependem, por seu turno, de pelo menos quatro caractersticas
essenciais:
o Mecanismos de proteco social efectiva dos direitos das pessoas,
tanto os direitos pessoais como os direitos de propriedade dos
seus bens, mveis e imveis, em grau de abrangncia, cobertura e
transparncia.
o Limitao das aces das elites predadoras, sobretudo as que
investem em actividades de rent-seeking ou comrcio de
privilgios governamentais que incentivam os empresrios a
preocuparem-se mais com tal comrcio do que com a produo
propriamente dita.
o Criao de infra-estruturas legais e de administrao pblica que
proporcionem igualdade de oportunidades para amplos segmentos
da sociedade.
o Relao de foras entre a informalidade social til e saudvel (a
qual precisa de ser legalmente enquadrada, num quadro
institucional-social relevante) e a informalidade anti-social
prejudicial para o desenvolvimento duma economia sustentvel a
longo prazo (a qual precisa de ser combatida, por todos os danos
que causa na proteco social e na persistncia da pobreza e da
excluso social).

ESTRATGIA DE DESENVOLVIMENTO RURAL- EDR 09/2007


44

171. Cerca de 90% da economia nacional, e da sociedade em geral,


encontram-se mergulhadas na informalidade. Isto vlido, tanto em
relao ao mercado de trabalho, como para os mercados dos demais
factores de produo: mercado de capitais produtivos e mercado de
capital improdutivo imobilirio.
172. A informalidade que predomina na economia e na sociedade
moambicana tem uma dupla natureza: uma socialmente til e
saudvel, e a outra anti-social e prejudicial para o desenvolvimento
duma economia prspera e sustentvel a longo prazo e dum sistema
de proteco social, vivel e estvel.
173. Adicionalmente, o
investimento pblico dever Figura 13: Posio de Moambique no ndice das
Instituies Pblicas em Africa, 2004
priorizar a capacidade produtiva,
Botswana
no s em termos de expanso, Tunisia

conservao e melhoria das Malawi


Gambia

infra-estruturas fsicas, mas South Africa

tambm das infra-estruturas no


Mauritius
Namibia

fsicas ou institucionais (polticas, Egypt


Tanzania

jurdicas e administrativas). Ghana


Algeria

174. A melhoria do ambiente Morocco


Zambia

institucional pblico est Ethiopia

directamente ligada melhoria


Senegal
Mozambique

do ambiente de negcio e das Mali


Uganda
condies de vida da populao, Zimbabwe

rural e urbana. Como mostra a Angola


Kenya

Figura 13, Moambique tem que Cameroon


Madagascar
enfrentar desafios significativos Nigeria

para conquistar uma posio Chad

0 20 40 60 80 100 120
mais elevada e prestigiante a
nvel Africano.

A) Desafio

175. Apostar em instituies polticas e econmicas inclusivas e justas


para a generalidade da populao moambicana, o desafio
fundamental associado ao quarto objectivo estratgico.
176. Para que o desenvolvimento rural em Moambique seja
saudvel, sustentvel e produtivo, o Governo deve investir e
empenhar-se em promover instituies eficazes e eficientes para toda
a sociedade, na extenso do territrio.
177. Por outras palavras, o Governo deve prestar particular ateno
ao quadro institucional, definido pelas regras de jogo estabelecidas
na sociedade. Isto particularmente relevante, no caso das zonas
rurais, onde as disposies consuetudinrias e informais

ESTRATGIA DE DESENVOLVIMENTO RURAL- EDR 09/2007


45

proporcionam o principal sistema de enquadramento e normao da


vida social, poltica e econmica.
178. Neste sentido, ser preciso transformar as instituies com vista
a tornarem-se socialmente relevantes, para que possam substituir a
informalidade por uma formalidade e legalidade favorveis ao
desenvolvimento sustentvel.

B) Como e que Metas?

179. O desempenho institucional funo da maneira como se


combina a componente ligada sua eficcia (fazer as coisas certas),
com a componente ligada sua eficincia (fazer as coisas de forma
certa). A Tabela 8 sumariza os objectivos especficos, as aces
prioritrias, e os indicadores de referncia para a diversificao e
coeso do capital social, eficcia e eficincia institucional.

TABELA 8:
OBJECTIVO 4 Diversificao e Eficincia do Capital Social, de Infra-Estruturas e
Institucional

Objectivos Indicadores
Aces Prioritrias
Especficos de Referncia

Prosseguir com a reforma do sector pblico em benefcio


do cidado.
Implementar reformas para a reduo da duplicao e Avaliao da
1.Reforma da
desperdcio de gastos pblicos. UTRESP, ANFP
administrao
Combater o burocratismo e a corrupo. e
pblica
Assegurar a simplificao de procedimentos. independentes
Operacionalizar a inspeco administrativa do Estado e
consolidar a inspeco financeira.
Divulgar os direitos e deveres cvicos, polticos, culturais
do cidado;
% de
Promover a cultura de pagamento do imposto a nvel
contribuintes
2. Cultura de rural compensada pela transparncia e prestao de
rurais;
responsabilidad contas das finanas pblicas s populaes;
Desempenho
e mtua Levar a Administrao Pblica a aspirar tornar-se a
na satisfao
melhor pagadora, o que implica a definio das
do cidado
responsabilidades dos executivos em termos de
celeridade, transparncia e servio eficiente ao cidado.
Melhorar a segurana pblica ao cidado e o sistema de N de casos
justia, fornecendo veredictos mais transparentes e julgados por
3. Melhoria do
rpidos para empresas e consumidores. ano; Reduo
sistema de
Garantir a melhoria da Justia na cobrana de dvidas do tempo
segurana
mal paradas para contribuir na reduo dos juros mdio de
pblica e justia
bancrios e aumentar a confiana no investimento tramitao
produtivo. processual
4. Proteco Reduzir a informalidade a partir da nascena, atravs Sistemas de

ESTRATGIA DE DESENVOLVIMENTO RURAL- EDR 09/2007


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social e da actualizao de registos de identificao individual e registos vitais e


reduo das contagem nas estatsticas socio-demogrficas. de ttulos a
condies de At 2010 devem ser criados os servios de registos criar em todo o
informalidade vitais, identificao e registo oficial (nascimento, bitos, Pas distritos e
estado civil e mobilidade). localidades
Enquadrar legal e formalmente a informalidade
socialmente til e saudvel, num quadro institucional
socialmente relevante e eficiente.
Combater e punir a informalidade anti-social,
nomeadamente o contrabando, a corrupo, trfico de
pessoas e de mercadorias, roubo, etc.
No de Agro-
indstrias
Fomentar a industrializao rural, sobretudo o agro-
existentes
processamento e o processamento de produtos
N.
pesqueiros. O maior desafio da industrializao so os
5. Processadores
custos iniciais de investimento, a maximizao das
Desenvolviment e
vantagens comparativas, para o mercado interno e
o do tecido estabeleciment
externo.
empresarial os de
Apoiar a criao e desenvolvimento de micro-empresas
rural processamento
rurais.
de pescado.
Apoiar a diversificao de actividades econmicas
% de reduo
complementares agricultura, pesca e aquacultura.
de perdas ps
capturas
6. Fomentar a produo, consumo, transformao e
Desenvolviment exportao de combustveis alternativos aos
o dum sector de convencionais, nomeadamente combustveis de
bio biomassa, atravs de culturas como cana-de-acar,
combustveis soja, girassol, amendoim, milho, jatrofa, entre outros.
Atrair e fixar os tcnicos mdios e superiores no campo,
envolvendo os Conselhos Consultivos Distritais.
N de tcnicos
Melhorar a formao tcnica, profissionalismo e
7. Capacitao mdios e
atendimento ao cidado.
local para atrair superiores por
Capacitar os recursos humanos a nvel distrital e de
e reter tcnicos distrito e por
localidade.
gnero
Estimular a mobilidade de tcnicos qualificados para os
distritos e localidades.
Alargar e melhorar os servios pblicos sociais (escolas
e centros de sade tm falta de servios
complementares tais como, internatos, bibliotecas,
campos desportivos, casa me espera, etc).
8. Melhoria da
Implantar creches, actividades extra-curriculares de
oferta de Monitoria do
incentivo auto-estima, preveno das calamidades
servios desempenho da
naturais, actividades culturais, utilizando o teatro como
pblicos e qualidade dos
forma educativa para promover as boas prticas
sociais nas servios
pesqueiras, etc.
localidades
Melhorar a alocao de recursos e a prestao de
servios nas reas rurais.
Premiar os responsveis pelo zelo, iniciativa criadora e
aces de utilidade pblica.
9. Manuteno e Expandir a rede de sistemas de energia elctrica,
expanso de transporte e comunicao, tanto nos distritos como nas Infra-
infra-estruturas localidades e aldeias. Os Conselhos Consultivos devem estruturas por
fsicas: energia, procurar opes de melhoria das infra-estruturas de distritos e
transporte e comunicao (rdio, TV e Internet). localidades
comunicaes Promover um sector agrrio, pesqueiro e de aquacultura

ESTRATGIA DE DESENVOLVIMENTO RURAL- EDR 09/2007


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competitivos e incentivos a zonas de mais difcil acesso.


Expandir e melhorar os sistemas de finanas rurais e a
rede de servios financeiros rurais:
o Bancos comerciais e instituies financeiras (GAPI,
AMODER, SOCREMO)
o Fundos de finanas rurais (FFPI, FDA, GPPE, FUTUR,
Indicadores
FUNAE, FARE, FFP, etc.)
estatsticos de
o Sistemas informais de poupana (replicar a
expanso dos
experincia dos esquemas de poupana e crdito
servios
10. Diversificao rotativo no sector pesqueiro), micro-finanas, fundos
financeiros
dos mercados e solidrios e segurana social comunitria, cantinas
rurais
finanas rurais rurais e caixas comunitrias de crdito e poupana
- No de
(sistemas de xitique, CARE-PCRs, IRAM-CCPs)
beneficirios
Buscar solues para crdito rural, nomeadamente:
por gnero
o Necessidades relacionadas com o agro-negcio
(insumos, financiamento) pesqueiro e de aquacultura
o Necessidade de associaes de produtores
independentes
o Iniciativas inovadoras do tipo da do GAPI Sarl.
Promover as Agncias de Desenvolvimento Econmico
Local (ADEL) nos Distritos.
Revitalizar instituies como o IDIL para a oferta de
servios empresariais - ADELs a
Apoiar as PMEs, incluindo a promoo de incubadoras funcionar no
de empresas, centros de servios para as empresas e Distrito
11. Promoo do centros de inovao nos Distritos. - Empregos
auto-emprego e Criar uma rede de extensionistas empresariais locais, criados
emprego rural para promoo das PMEs; Indicadores da
Fomento ao emprego, com recurso as Iniciativas Locais Estratgia de
de Emprego (ILE), para: (i) favorecer iniciativas emprego 2006-
empreendedoras locais; (ii) apoiar a formao contnua; 2015
(iii) aperfeioamento profissional; (iv) assessoria
econmica, financiamento e subvenes para emprego;
(v) disponibilizar informaes econmicas nos Distritos.
Consolidar e expandir Grupos de Referncia sobre:
Segurana Alimentar e Nutricional; Finanas Rurais;
Fundos de Fomento; Cantinas Rurais; Mercados
Agrcolas, pesqueiro e de aquacultura; Infra-estruturas
12. Grupos de Divulgao das
rurais; Infraestruras de apoio pesca; Gnero e
referncia iniciativas dos
Desenvolvimento; Associativismo Rural; Programa de
consolidados grupos
Desenvolvimento Econmico Local (monitoria das
ADELs); Formao; Afectao de quadros nos distritos;
HIV/SIDA; Ambiente; Minerao e feiras de gemas e
ouro, etc.

180. No mbito da EDR, o papel do Estado crucial para a


diversificao e coeso do capital social. O meio rural dominado por
redes sociais consuetudinrias (parentesco, familiares e comunidades)
e informais, muito influentes em termos de eficcia e eficincia
institucional. Acima de tudo, o Estado deve conquistar a confiana das
pessoas nas instituies legais e formais, o que s possvel, quando
estas se tornarem socialmente relevantes e teis.

ESTRATGIA DE DESENVOLVIMENTO RURAL- EDR 09/2007


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181. Uma outra maneira prtica de acelerar o desenvolvimento do


capital social rural atravs da promoo de mltiplas oportunidades
de auto-emprego e emprego para outrem. Desta forma, criam-se
oportunidades concretas de formao tcnico profissional, criao de
habilidades laborais, quer no local de trabalho ou em escolas
profissionais, tcnicas e de artes e ofcios, com relevncia para as
necessidades locais: artesos, latoeiros, alfaiates, pedreiros,
electricistas, mecnicos, criadores de gado, etc.
182. De igual modo, a promoo de iniciativas de auto-emprego,
criatividade, inovao e iniciativa individual, sobretudo dos jovens,
uma forma de valorizar o capital humano e criar alternativas para as
famlias reduzirem a necessidade de envolvimento de crianas e
jovens em actividades agrcolas no qualificadas.
183. As Agncias de Desenvolvimento Econmico Local (ADELs), que
actualmente existem nas provncias de Maputo, Gaza, Sofala, Manica,
Zambzia e Nampula, so a forma de estrutura organizativa utilizada
como instrumento para operacionalizar as estratgias de
desenvolvimento local, isto , para promover a actividade produtiva,
a inovao e o desenvolvimento tecnolgico, para enfrentar os
problemas de desemprego e de desequilbrios scio-econmicos, em
suma, para gerir as mudanas estruturais requeridas num dado
territrio, sero progressivamente expandidas at ao nvel local.

3.4.5 Boa Governao e Planeamento para o Mercado

184. No mbito da governao, o PARPA II identifica os seguintes


requisitos: (i) boa governao com combate corrupo; (ii)
descentralizao e desconcentrao; (iii) legalidade, fiscalidade e
inibio da evaso fiscal e doutras formas de fraude ao fisco.
185. O pilar da governao no PARPA II visa, assim, converter o
aparelho de Estado num agente dinamizador exemplar do
desenvolvimento do capital humano e da economia nacional. Neste
mbito, o Governo compromete-se a privilegiar a melhoria da qualidade
da anlise e desenho de programas, com vista a optimizar os resultados
da sua implementao. As autoridades devem guiar-se pelos princpios
e leis de um Estado de Direito, assegurando a transparncia, a
prestao de contas, e combate ao desvio e uso indevido de fundos e
recursos pblicos e a aplicao activa das leis contra os actos
criminosos e corruptos.
186. Numa economia subdesenvolvida, com mercados emergentes,
bastante deficientes e imperfeitos, as empresas muitas vezes adquirem
poder de escassez e podem fixar preos muito acima do seu custo real,
caractersticos de mercados competitivos.

ESTRATGIA DE DESENVOLVIMENTO RURAL- EDR 09/2007


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187. Para a EDR existe uma diferena muito importante entre promover
mercados e promover empresas, sobretudo privadas mas tambm
pblicas e com fins no-lucrativos. O planeamento para o mercado visa
priorizar o papel importante que a concorrncia livre e saudvel
desempenha, sobretudo no sentido de se evitar que as empresas
consigam demasiado poder de escassez.
188. Em contrapartida, um planeamento do mercado tende a agravar
as distores do mercado e fica sujeito influncia e presses de
grupos de presso empresarial.
189. Uma boa governao e o planeamento para o mercado
promovem o fortalecimento duma economia de mercado produtiva,
competitiva, dinmica, ambientalmente equilibrada e socialmente
estvel. Isto acontece, pelo facto do planeamento para o mercado
procurar minimizar as falhas do mercado, quer pela via da reduo do
poder de escassez por parte dos agentes econmicos, quer pela
minimizao das externalidades ou efeitos secundrios sobre terceiros,
quer ainda pela falta de informao adequada e actualizada.
190. O planeamento para o mercado fomenta a competio legal e
eficiente entre os agentes econmicos, a confiana e segurana nos
acordos comerciais, tica comercial e a participao dinmica dos
agentes privados, associativos e comunitrios.
191. Recentemente, duas reas importantes registaram passos
fundamentais em termos de descentralizao e desconcentrao de
funes e responsabilidades: uma no exerccio de funes e poder de
deciso, e a outra na gesto de recursos pblicos.
192. Estas duas reas proporcionam exemplos concretos do que neste
objectivo estratgico se entende por boa governao e planeamento
para o mercado.

3.4.5.1 Descentralizao e Desconcentrao de Funes e Poder de


Deciso
193. O desenvolvimento rural no pode ser um processo induzido de
fora, nem unicamente de cima para baixo. Tem que ser um processo
endgeno onde o Governo cria as condies para que o
desenvolvimento acontea como produto da iniciativa dos cidados.
194. Ademais, a heterogeneidade dos distritos do Pas tal que no
possvel impor o mesmo modelo a todos eles. Por exemplo, o
desenvolvimento agrrio do distrito de Sussundenga (Manica) de
nenhuma maneira pode ter o mesmo modelo que o distrito de
Funhalouro (Inhambane) ou Sanga (Niassa) pode ser comparado ao
Chkw (Gaza). Por isso, a descentralizao distrital e nalguns casos
regional, um imperativo sem o qual as dificuldades ou
impossibilidades de realizao vo ditar insucessos de governao.

ESTRATGIA DE DESENVOLVIMENTO RURAL- EDR 09/2007


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195. Neste contexto, existem cinco (5) reas de liderana do processo


de descentralizao, nomeadamente:
1. O planeamento oramentado,
2. A explorao de oportunidades induzidas pelo investimento
privado e pblico,
3. A implementao de programas que aumentem a oferta de
servios sociais de base (educao, sade e cultura),
4. A capacidade de atrair tcnicos para os distritos,
5. Desenvolvimento de infra-estruturas de comunicao e
transporte.
196. No mbito da descentralizao e desconcentrao, a definio do
distrito como unidade de planificao oramental coloca ao Estado
desafios especficos no processo de reestruturao funcional aos nveis
central e provincial.
197. Um dos aspectos principais na operacionalizao do processo de
descentralizao relaciona-se com a criao dos Conselhos
Consultivos Distritais e dos Postos Administrativos com capacidade de
apoiar o Governo Distrital e Posto Administrativo na implementao
de estratgias de desenvolvimento.
198. A estrutura orgnica do governo Distrital assenta no modelo
integrado de organizao institucional e deve ter em conta as
especificidades de cada distrito, e ainda responder a estratgia de
desenvolvimento rural no respectivo territrio. Isto equivale a dizer
que deve ter capacidade necessria em termos de recursos humanos
qualificados, materiais e financeiros, para responder s exigncias
decorrentes do exerccio das suas atribuies e competncias no
mbito do desenvolvimento rural.
199. A Lei dos rgos Locais do Estado atribuiu autoridade,
responsabilidade e recursos, para que o distrito tenha competncias
no s para representar e administrar o territrio, como tambm
induzir o desenvolvimento local participativo, realizado em parceria
com os vrios actores do desenvolvimento.
200. Do ponto de vista do desenvolvimento rural os rgos locais
podero coordenar a reabilitao e manuteno de estradas no
classificadas, pontes e outros equipamentos de travessia; promover a
utilizao de material local para melhorar as condies de habitao
da populao local; promover a construo de pequenos sistemas de
irrigao com uso de materiais locais e tecnologias apropriadas e de
baixo custo; promover a construo de fontes de abastecimento de
gua incluindo o aproveitamento da gua das chuvas, e gerir ou
promover a gesto de pequenos sistemas de abastecimento de gua
e energia; promover o planeamento e ordenamento do territrio e a
elaborao e execuo do plano de desenvolvimento distrital;

ESTRATGIA DE DESENVOLVIMENTO RURAL- EDR 09/2007


51

promover a criao de feiras rurais e a comercializao agrria, entre


outros.

A) Desafio

201. Alguns dos desafios imediatos a enfrentar em termos de


descentralizao e desconcentrao so os seguintes:
1. Adequar a estrutura orgnica de cada um dos 128 distritos s
caractersticas scio-econmicas, culturais, administrativas,
de recursos naturais e humanos diferenciados, para que os
Governos Distritais respondam aos desafios de prestao de
servios essenciais populao do respectivo distrito.
2. Identificar as actividades associveis ou relacionadas a cada
um dos cinco objectivos estratgicos da EDR a serem
asseguradas e monitoradas ao nvel do Governo Distrital.
3. Identificar as ambiguidades de competncias do distrito que
merecem ser clarificadas e superadas em coordenao com
rgos provinciais e centrais.
4. Determinar os recursos disponveis para cobrirem e
sustentarem as actividades e plano de execuo anuais.

3.4.5.2 Papel Crucial do Fundo de Investimento de Iniciativa Local (FIL)


no Planeamento Distrital

202. O distrito como base de planificao e desenvolvimento local


constitui o nvel de administrao e de prestao de servios de
utilidade pblica, mais adequado para a concretizao da dimenso
territorial da EDR.
203. Para isso, torna-se necessrio adequar a sua estrutura orgnica
para que se torne um verdadeiro instrumento virado para uma
administrao participada e orientada para o desenvolvimento, uma
vez que esto estabelecidos os mecanismos de participao, sistema
de informao e possvel identificar uma massa critica que assegure
o funcionamento dos instrumentos de prestao de servios bsicos
s comunidades e de prestao de contas.
204. Este exerccio est j a ser complementado pela alocao de
recursos financeiros de gesto local que, apesar de escassos
relativamente s necessidades, esto j trazendo impactos
considerveis no desenvolvimento distrital.
205. O Fundo de Investimento de Iniciativa Local (FIL) que o Governo
passou a atribuir a partir de 2006 directamente aos Distritos para
que, de forma participativa e inclusiva, as prioridades de
investimento sejam definidas localmente, uma aco concreta de

ESTRATGIA DE DESENVOLVIMENTO RURAL- EDR 09/2007


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fortalecimento da capacidade do Distrito como unidade de


planificao-oramentao e como actor activo na conduo e
implementao do desenvolvimento local6.
206. Com esta iniciativa deu-se um passo fundamental, em vrios
sentidos: i) Descentralizao financeira; ii) Empoderamento dos
rgos de base, neste caso com prioridade para o Governo Distrital;
ii) Aposta do Governo no planeamento para o mercado, expresso na
vontade poltica e fomento da transformao do padro de
acumulao na economia moambicana.
207. Este fundo deveria ser ampliado progressivamente e de forma
diferenciada, segundo critrios de eficcia, eficincia e equidade do
funcionamento das administraes pblicas distritais.

3.4.5.3 Parceria Pblico - Privada a Vrios Nveis

208. Os parceiros estratgicos do Governo na implementao da EDR


so as entidades nacionais e internacionais, com condies de
viabilizar o desenvolvimento rural.
209. Os parceiros nacionais do Governo incluem uma srie de
entidades, actores ou intervenientes indispensveis para o sucesso da
EDR, nomeadamente: o sector privado (e as suas associaes
representativas), os camponeses, os trabalhadores informais (atravs
de suas associaes), as organizaes religiosas, os partidos polticos,
as autoridades tradicionais, as associaes profissionais, e vrios
outros tipos de ONGs e associaes (de prestao de servios, de
advocacia, etc.).
210. Por seu turno, os parceiros internacionais, incluem organismos
multi-laterais e bilaterais, envolvidos tanto no apoio directo ao
Oramento de Estado como a diversos nveis, sectorial, provincial,
distrital e local.
211. Existem j algumas parcerias de elevado sucesso entre o
Governo e os parceiros internacionais, como o caso da que se
centra em torno do PARPA e de programas sectoriais, bem como
todos os mecanismos operativos de monitoria e avaliao conjunta da
implementao do PARPA, efectuada periodicamente entre Governo
de Moambique (GdM) e os Parceiros para Apoio Programtico
(PAPs). A nvel do desenvolvimento rural, tambm j existem
mecanismos regulares de apoio e interaco, como o caso do apoio
a programas agrrios e o prprio apoio preparao da EDR.

6
Os 7 milhes de MTn (aproximadamente 300 mil USD) que, a partir de 2006, o Governo Central passou
a atribuir gesto directa dos Distritos representa menos de 2% do Oramento de Estado. Importa,
entretanto, desmistificar e evitar a ideia de que apenas esse valor alocado aos Distritos como recurso
de investimento. Diversos Ministrios possuem oramentos com vista a serem aplicados nos Distritos, se
bem que as decises e gesto seja da responsabilidade central e/ou provincial.

ESTRATGIA DE DESENVOLVIMENTO RURAL- EDR 09/2007


53

212. Na perspectiva de alargamento da vocao da EDR como


instrumento de operacionalizao dos instrumentos de longo e mdio
prazos, possvel expandir as parcerias pblico-privadas no mbito
do desenvolvimento rural, quer com parceiros internacionais quer
com parceiros nacionais. A Tabela 9 sumariza os objectivos
especficos, as aces prioritrias, e os indicadores de referncia de
aco dos parceiros e actores directos no desenvolvimento rural.

TABELA 9:
OBJECTIVO 5
Boa Governao e Planeamento para o Mercado

Indicadores de
Objectivos Especficos Aces Prioritrias
Referncia
Assegurar a proteco do bem pblico, da
segurana do cidado e dos seus bens; Percentagem da
Minimizar as imperfeies do mercado em cobertura policial;
1. Papel do Estado
trs reas: poder da escassez das Sondagens de
empresas, externalidades negativas e opinio
insuficincia de informao.
Fomentar parcerias entre actores no
processo de desenvolvimento rural;
Criar mecanismos de mtua
responsabilizao, com configuraes
variveis quanto ao nmero e tipo de
participantes (Estado, privados, sociedade
civil e ONGs), durao (calendrio de
realizao preciso ou aberto, etc.) e
finalidade.
Assegurar mecanismos eficazes de parceria: - Modalidade de
grandes parcerias oficiais (alianas parcerias
estratgicas, na forma de parcerias realizadas.
jurdicas), acordos de colaborao (ou
2. Criao de
protocolos) com clareza de competncias, - Monitoria do
parcerias
direitos e obrigaes das partes. Alguns tipo e natureza
pblico-privadas
representantes dos agentes produtivos, das parcerias
como a CTA, os sindicatos, associaes de locais feita pelos
trabalhadores por conta prpria, etc., Governos
possuem j certas parcerias especficas com Distritais.
o Governo ( exemplo da Concertao
Social tripartida entre Governo, Sindicatos,
Comisso de Administrao Pesqueira
(CAP), Comits de Co-Gesto (CCG),
Conselho Comunitrios de Pesca (CCP) e
Associaes Empresariais para negociar o
salrio mnimo). Esta parceria poderia ser
ampliada para fins relevantes preconizado
pela EDR.
3. Organizaes Assegurar que as organizaes civis, tanto
civis com (ou profissionais como cvicas, religiosas, do Divulgao de
sem) fins consumidor, etc. tm funes ticas e iniciativas
lucrativos sociais fundamentais (ex. Observatrio da

ESTRATGIA DE DESENVOLVIMENTO RURAL- EDR 09/2007


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Pobreza, CTA, organizaes femininas,


Grupo Moambicano da Dvida, FDC, KEPA,
sindicatos, etc.).
Garantir no quadro da EDR assistncia
(capacitao, formao tcnica, alfabetiza-
o, informao de mercado, etc.), parceria
4. Organizaes
e proviso de servios.
No- Divulgao de
Assegurar o empoderamento de pequenos
Governamentais iniciativas
agricultores aquacultores e pescadores de
(ONGs)
baixo rendimento e a procura de solues
inovadoras para os pobres deve ser um dos
focos das ONGs.
Produzir e expandir-se com mais eficincia, Demonstraes
5. Sector privado
produtividade e rentabilidade de resultados
Fortalecer as associaes de produtores
rurais para melhoria da eficincia dos
mercados rurais: (i) disseminar e adoptar
novas prticas e tecnologias; incluindo de
pesca e de processamento (ii) aumentar a
quantidade e qualidade de excedentes
agrcolas e pesqueiros comercializveis; (iii)
reduzir os custos de transaco comercial e
produtiva; (iv) melhorar o poder de
negociao dos produtores; e (v) exercer
presso de grupo para elevar as taxas de
6. Papel das
reembolso de crdito e outros benefcios. Relatrios sobre
associaes de
Organizar as Associaes de Produtores em iniciativas e
operadores
grupos formando fruns, podendo originar divulgao nos
artesanais e
unies (A UGC e UNAC, so as maiores mdia (imprensa,
comerciantes
associaes de produtores, com mais de rdio e TV)
rurais
50.000 membros filiados em todo o Pas,
agrupados em 1.000 associaes e
cooperativas). Algumas associaes
regionais ou provinciais de segundo nvel
(ex. Unio dos Camponeses do Sul de
Niassa (UCASN, etc.), tm, contudo,
limitaes de funcionamento e flexibilidade
operativa. Alguns pescadores e
comerciantes rurais possuem associaes
provinciais, mas tambm sofrem de
mltiplas limitaes organizacionais.
Jogar um papel chave no financiamento das
iniciativas associadas EDR.
Alargar a monitoria da EDR e os
7. Papel dos
mecanismos operativos de monitoria e Avaliaes
parceiros
avaliao conjunta da implementao do independentes
internacionais
PARPA, efectuada periodicamente entre
Governo de Moambique (GdM) e os
Parceiros para Apoio Programtico (PAPs).
Assegurar o desenvolvimento do SISTAFE
8. Distrito como nos distritos e planos distritais (PEDD)
Superviso da
base do oramentados, com metas locais realistas e
execuo do
planeamento mensurveis.
SiISTAFE, LOLE e
oramentado Adequar a estrutura orgnica distrital, de
PEDD
pblico posto administrativo e de localidade, criando
uma massa critica, tcnica e administrativa,

ESTRATGIA DE DESENVOLVIMENTO RURAL- EDR 09/2007


55

para assegurar o funcionamento dos


servios bsicos e apropriao do oramento
pelo Distrito.
Assegurar a utilizao eficaz e eficiente do
FIL alocado ao Distrito.
Aprovar a Estratgia Nacional PPFD e a
Estratgia e Poltica de Desenvolvimento
Autrquico.
Capacitar os distritos para tirarem
vantagens dos investimentos locais e
aumentarem receitas prprias, a montante e
a jusante dos investimentos (considerar as
receitas por via do licenciamento pesqueiro).
Reforar as redes viveis e eficazes de
comercializao no Pas incluindo mercados
9. Oportunidades pesqueiros (ex., PAMA, ECA).
Execuo e
induzidas por Apoiar as associaes de produtores
actualizao da
projectos agrcolas pesqueiros e grupos de
Carteira de
ncora, finanas comercializao, bem como pequenos
Projectos ncora
e mercados comerciantes informais e itinerantes.
indicativos
rurais Garantir sinergias com a Estratgia de
Comercializao Agrcola (ECA) ), Sistema de
Informao sobre Mercados Pesqueiros
(SIMP)
Tirar maior proveito de acordos regionais e
internacionais, do tipo: AGOA (Africa Growth
Opportunity Bill), Acordo de Cotonu,
COMESA, SADC, NEPAD, etc.
Assegurar que com a constituio dos Conselhos
Consultivos Distritais e alocao de fundos, os
10. Capacitao N de tcnicos
distritos identifiquem incentivos para
local para atrair mobilizados por
recrutamento e emprego de tcnicos formados
e reter tcnicos em reas relevantes para o desenvolvimento distrito e gnero
rural.

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56

4 FINANCIAMENTO E ALOCAO DE RECURSOS NA


PERSPECTIVA DA EDR

213. Toda a aco estratgica ou poltica de planeamento


Governamental tem de tomar em considerao o envelope de
recursos financeiros disponvel, tanto pblico como privado.
214. No caso de Moambique, o quadro financeiro pblico actual
expresso no Oramento do Estado (OE), elaborado pelo Governo de
Moambique, na base do Cenrio Fiscal de Mdio Prazo (CFMP). O
CFMP proporciona a base analtica e estatstica para estimar o
envelope de recursos financeiros pblicos, num horizonte temporal de
mdio prazo (at 2010) complementado com projeces preliminares
at 2015. O PARPA II sustenta-se no CFMP e estabelece a estrutura
de alocao dos recursos pblicos para o combate pobreza em
Moambique, no perodo 2006-2009.
215. na base do quadro macroeconmico e fiscal definido pelo
PARPA e pelo Oramento de Estado que a EDR deve equacionar a
execuo e implementao dos seus objectivos estratgicos. Dado
que a principal finalidade da EDR induzir mudanas estruturais
sustentveis pro-rurais no padro de acumulao de capital da
economia nacional, preciso estimar a dimenso dos recursos
necessrios prossecuo dos objectivos estratgicos.

4.1 Investimento Pblico e Privado Nacional: Enquadramento


da EDR

216. A EDR, entanto que instrumento de operacionalizao do PARPA,


deve procurar garantir que a alocao dos recursos seja pro-rural e,
em particular, pro-pobre rural.
217. O grande desafio, do ponto de vista da EDR, equacionar o nvel
de alocao dos recursos e a forma dos mesmos melhor viabilizarem
a finalidade principal expressa na estratgia, nomeadamente a
finalidade principal de alterao da acumulao de capital a favor da
dinamizao e expanso do crescimento da economia rural.
218. Os trs cenrios resumidos na Figura 9 so consistentes com as
taxas mdias de crescimento do sector real da economia constantes
do PARPA II, mas unicamente em termos agregados a nvel nacional.
219. Porm, quando se desagrega a economia nacional em rural e
urbana, o que se observa que nem todos os cenrios possveis so
viveis, sustentveis e benficos para a economia rural.
220. A Tabela 10 apresenta um resumo comparativo das variaes
nas taxas de crescimento, demogrficas e econmicas, incluindo os
principais sectores de actividade econmica. Compara-se o cenrio

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57

recente (2000-2005), o Cenrio 1 que assume as taxas do cenrio


recente, o Cenrio 2 mais pro-urbano e o Cenrio 3 explicitamente
pro-rural.
221. Em todos os cenrios considerados o crescimento econmico
positivo e relativamente elevado. Mas s o Cenrio 3 mostra que o
crescimento econmico rpido contribui substancialmente para a
reduo da assimetria rural-urbana, de forma duradoira e sustentvel
a longo prazo. Isto explica-se pelas mudanas efectivas e eficientes
na estrutura da economia nacional, em que os recursos e activos
rurais passam a gerar os dividendos dum valor acrescentado superior
ao obtido no passado.
222. Uma outra vantagem revelada pelo Cenrio 3 que o aumento
da contribuio da economia rural para a economia nacional acabar
por beneficiar e acelerar a dinmica da prpria economia urbana.
Obviamente, como mostra o Cenrio 3, a economia urbana precisar
de manter taxas de crescimento muito mais elevadas do que a
prpria economia rural, a fim de garantir que o padro de vida
urbano seja compensador do seu crescimento demogrfico mais
acelerado.
223. O PARPA II, nas suas consideraes sobre a alocao dos
recursos e execuo oramental, no entra neste tipo de detalhes.
Mas precisamente por esta e outras razes, apresentadas no presente
documento, a EDR deve refinar e qualificar a operacionalizao do
PARPA e de outros instrumentos de planeamento sectorial e
multisectorial.

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58

Tabela 10: Crescimento Econmico Recente e Projeces de


Cenrios Possveis, Moambique 2000-2025
Cenrio
Recente Cenrio Cenrio Cenrio 3
1 2
(Crescimento a Preos constantes de 1996) 2000-05 2005-25 2005-25 2005-25
Produto Interno Bruto (%) 8,6 8,6 10,3 12,2
PIB rural 4,1 5,4 6,8 10,4
PIB Urbano 12,3 10,0 11,9 13,2
Agricultura 8,0 7,5 9,5 14,0
Minas 38,0 22,9 15,5 12,2
Industria, electricidade e gua 13,7 9,9 11,4 13,2
Construo 2,9 2,6 6,7 9,5
Comrcio 6,5 6,2 8,4 9,6
Transportes e Comunicaes 12,3 10,4 9,6 13,5
Restaurantes e Hotis 6,2 5,5 9,8 14,1
Outros 6,3 5,6 12,8 12,0
Populao de Moambique 2,4 1,9 2,0 2,0
Populao Rural 0,6 0,2 -0,2 0,4

Populao Urbana 6,2 4,0 4,4 4,0


PIB per capita Moambique 8,9 6,5 8,2 10,3
PIB per capita Rural 6,5 5,2 7,0 10,0
PIB per capita Urbano 9,1 5,8 7,2 9,1
Fonte: INE, 2006

4.1.1 Projeco do Crescimento Econmico Pro-Rural


Desejvel

224. medida que os dados estatsticos forem actualizados e


tornarem-se mais representativos das dinmicas recentes na
economia nacional, as projeces devero ser revistas e refinadas.

225. De imediato, a partir dos dados disponveis, a Tabela 11 destaca


os dados da projeco de crescimento demogrfico e econmico do
Cenrio 3, o cenrio desejvel do ponto de vista do desenvolvimento
rural.

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59

Tabela 11: Projeco Para um Crescimento Pro-Rural em Moambique, 2005-2025


6
PGB em USD 10 Mdia

(Preos constantes de 2000) 2005 2010 2015 2020 2025 2000-'25

(%)
Produto Interno Bruto (PIB) 5.989 9.808 16.919 30.905 60.121 12,2
% de variao anual 10,9 12,8 14,2
Produto Global Bruto (PGB) Rural 2.407 4.017 6.641 10.721 17.534 10,4
Produto Global Bruto (PGB) Urbano 3.582 5.791 10.278 20.184 42.587 13,2
% do PGB Rural sobre o PIB 40% 41% 39% 35% 29% 40%
Populao de Moambique 19.420 37.355 39.282 41.467 3,9
Populao Rural 12.050 21.890 24.538 26.435 28.420 4,4
Populao Urbana 7.370 12.484 12.817 12.847 13.046 2,9

PGB per capita de Moambique $308 $448 $689 $1.169 $2.115 10,1
PGB per capita Rural $200 $322 $518 $835 $1.344 10,0
PGB per capita Urbana $486 $616 $877 $1.485 $2.770 9,1

226. Os trs grficos apresentados na Figura 14 ilustram o tipo de


transformao na estrutura da economia nacional correspondente ao
padro da acumulao prevalecente, de acordo com as possibilidades
e perspectivas equacionadas no presente documento.
227. Como j foi referido anteriormente, os cenrios aqui
considerados so indicativos. De modo algum, se pretende descartar
outros cenrios tambm possveis. O mais importante, neste caso,
tomar as possibilidades identificadas como referncia para a conceber
decises e escolha de caminhos, numa base informada e reflectida.
228. Assim, de forma resumida, se as mudanas preconizadas pela
EDR acontecerem conforme preconizado, a partir dos dados
disponveis, dentro de duas dcadas a estrutura da economia de
Moambique poder ser profundamente diferente da actual e, mais
importante ainda, mais robusta e sustentvel a longo prazo.

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60

Figura 14: Comparao da Estrutura Econmica dos Trs


Cenrios Considerados

Cenrio 1: Projeco do Crescimento Espontneo, Cenrio 2 - Crescimento Econmico Pro-Urbano


Moambique, 2005-2025 Moambique, 2005-2025

2025 Out r o s
2025
O ut ro s
2015 2015
R est aur ant es e Ho t eis 2010
R e s t a ura nt e s e H o te is 2010

T ra ns po rt e s e T r ansp o r t es e
C o m unic a e s C o munica es

C o m rc io C o mr cio

C o ns t ru o C o nst r uo

Indus t ria , e le c t . e gua Ind ust r ia, elect . e g ua

M ina s M inas

A gric ult ura A g r icul t ur a

0 5.000 10.000 15.000 20.000 25.000 0 5.000 10.000 15.000 20.000 25.000

Cenrio 3 - Projeco do Crescimento Econmico


Pr-Rural de Moambique 2005-2025

2025
O ut ro s
2015
R e st a urant es e H o t eis 2010

T ranspo rt e s e
C o m unica es

C o m rcio

C o ns t ru o

Indust ria, e lec t . e gua

M inas

A gric ult ura

0 5.000 10.000 15.000 20.000 25.000

4.1.2 Projeco das Necessidades de Investimento Segundo a


EDR

229. O PARPA II apresenta o envelope de recursos disposio do


Governo, incluindo o peso elevado da ajuda externa nos recursos do
Estado. De acordo com as previses do PARPA II, o valor de recursos
externos disponveis para financiar os programas de despesas do
Estado, a partir de 2006, devero manter-se aproximadamente
constantes em termos de dlares.
230. O perdo da dvida de Moambique no representa, como
sublinha o PARPA II, uma entrada de recursos adicionais para o OE.
Apesar disso, o efeito do perdo da dvida, em termos de realizao
de recursos, poder ser positivo a longo prazo, principalmente na
conta de capital da balana de pagamentos e na possibilidade dos
programas beneficirios serem prioritariamente programas
directamente relevantes para as reas rurais.

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61

231. No entanto, a viso e os objectivos de desenvolvimento rural


identificados pela EDR equacionam novos desafios em torno da
necessidade de se equacionar a questo do investimento numa
perspectiva mais ampla e arrojada ou ambiciosa.
232. A experincia internacional mostra que o impacto do
investimento varia de pas para pas. No entanto, sabido que o rcio
capital/investimento oscila geralmente entre 3 a 4. Ou seja, por cada
dlar de crescimento so precisos 3 a 4 USD de investimento.
233. Nesta perspectiva, o crescimento adicional de 1% do PIB, requer
um investimento em capital na ordem dos 3-4% do PIB existente. Por
isso, se a meta de crescimento do PIB rondar os 10% de crescimento
real econmico, ser preciso um investimento em capital produtivo na
ordem dos 30-40% do PIB.
234. A Tabela 12 estima e compara as necessidades em investimento
de capital referentes aos trs cenrios considerados, assumindo
variaes na estrutura e aplicaes em termos de economia rural
versus economia urbana.
235. Assim, de acordo com a Tabela 12, por volta de 2025, o PIB de
Moambique poder variar entre 30, 42 ou 60 mil milhes de USD.
Assumindo que o investimento produtivo idntico em todas as
opes (cerca de 35% ao ano), a grande variao na gerao de
riqueza nacional depende da dimenso e eficincia nas
transformaes do padro de acumulao, associadas maior ou
menor capacidade dos sectores econmicos gerarem valor
acrescentado. Em termos mais especficos, a dimenso do PIB
nacional depender do nvel de investimento produtivo, pblico ou
privado, que nos casos considerados podero atingir em 2025 entre
10 a 25 mil milhes de USD.

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62

Tabela 12: Comparao da Estrutura Econmica dos Trs


Cenrios Considerados

Cenrio 1 (Crescimento Espontneo) - Projeco do PIB Rural SEM EDR, Moambique 2005-2025
6 6
PGB em USD 10 Growth % PGB em USD 10

(Preos constantes 1996) 1995 2000 2004 2005 2000-05 2010 2015 2020 2025
60% 42% 40% 34% 29% 25% 22%
Produto Interno Bruto 2.021 3.973 5.638 5.989 8,6 9.029 13.612 20.522 30.938

Investimento Total (Milhes de USD)


3.160 4.764 7.183 10.828
Investimento Rural (35%)
1.083 1.399 1.825 2.416
Investimento Urbano (35%)
2.077 3.366 5.357 8.412

Cenrio 2 (Crescimento Acelerado Pro-Urbano) - Projeco do PIB Rural, Moambique 2005-2025

Produto Interno Bruto 2.021 3.973 5.638 5.989 8,6 9.973 15.041 25.275 42.886

Investimento Total (Milhes de USD)


3.491 5.264 8.846 15.010
Investimento Rural (35%)
1.224 1.763 2.357 3.113
Investimento Urbano (35%)
2.266 3.501 6.489 11.897

Cenrio 3 (Crescimento Acelerado Pro-Rural) - Projeco do PIB Rural COM EDR, Moambique 2005-2025

Produto Interno Bruto 2.021 3.973 5.638 5.989 8,6 9.808 16.919 30.905 60.121
Investimento Total (Milhes de USD)
3.433 5.922 10.817 21.042
Investimento Rural (35%) 1.406 2.324 3.752 6.137
Investimento Urbano (35%)
2.027 3.597 7.064 14.906

236. Para cada cenrio, a Tabela 12 mostra a estimativa do valor do


investimento necessrio s diferentes estruturas da economia e
tomando em considerao o contributo dos sectores de actividade
tanto urbanos como rurais.
237. O Cenrio 3 surge, sem dvida, como o mais desejvel e
ambicioso, em termos de mobilizao de recursos produtivos que
necessita. Inevitavelmente, esta dimenso de esforo produtivo e
investimento toma em conta tanto o investimento pblico como o
investimento privado. Na verdade, o Cenrio 3 s ser concretizvel
se o sector empresarial passar a assumir um protagonismo diferente
e maior em termos de capacidade competitiva e produtiva.
238. As entidades competentes do Governo (ex. MPD, MF, BdM e
INE), conjuntamente com os parceiros nacionais e internacionais,
devem aprofundar atentamente as implicaes financeiras dos
cenrios enunciados na EDR, contribuindo para que tais cenrios
sejam actualizados, refinados e harmonizados com os cenrios de
crescimento de outros instrumentos de planeamento (PES, Programa
do Governo e PARPA).
239. No Captulo 5, que se segue, sero identificados e listados mais
de 50 projectos ncora indicativos para as reas rurais. Tais projectos
constituem uma parte reduzida das oportunidades possveis, a parte

ESTRATGIA DE DESENVOLVIMENTO RURAL- EDR 09/2007


63

que neste caso j beneficiou de estudos de pr-viabilidade


especficos. Porm, medida que as condies econmicas e do
mercado rural forem melhorando, ser possvel equacionar a
expanso e actualizao da carteira de projectos ncora indicativos
para a zona rural.

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64

5 IMPLEMENTAO, MONITORIA, AVALIAO E ETAPAS DA


EDR

240. No mbito do desenvolvimento rural regional e distrital, o


Planeamento Espacial (PE) pode servir de instrumento indutor sub-
nacional para a criao de pacotes de medidas integradas de fomento
do investimento que solte ou despolete o potencial econmico
dormente.
241. O mrito do mtodo de Planeamento Espacial e sua utilizao
associa-se perspectiva de viabilizao de projectos com retornos
gerados pela produo ou servios. Para que isso acontea, o mtodo
de PE identifica sempre um empreendimento capaz de multiplicar
outras oportunidades econmicas a montante e a jusante da sua
actividade principal.
242. Uma vez identificados e analisados os potenciais econmicos
com foco geogrfico, a metodologia movimenta-se do geral para o
especfico (forwarding planing) onde se detalha o plano sectorial. De
seguida, volta-se para o geral (backward planing) para o nvel
integrado, num processo analtico que toma em conta todas as
variveis e a sustentabilidade financeira, social e econmica. Este
processo refora vrios princpios adoptados pelo Governo:
1. O facto de o mtodo se concentrar nas vantagens
comparativas, cria condies para que o desenvolvimento de
uma regio se enquadra a partida no contexto da economia
globalizada a escala nacional e internacional. a
competitividade no mercado que conta e por isso a posio de
Moambique na economia mundial se conquistar com
investimentos rurais priorizados naquilo que so as vantagens
competitivas do Pas e dentro do Pas as vantagens da regio
rural onde se dirige o investimento.
2. O foco geogrfico alimenta o princpio da descentralizao,
3. O processo que parte do geral para o particular (e vice-versa)
cimenta a participao activa das autoridades e comunidades
locais com o Governo Central, criando assim um sentido mais
slido de responsabilidade partilhada e propriedade da
iniciativa do desenvolvimento.

ESTRATGIA DE DESENVOLVIMENTO RURAL- EDR 09/2007


65

5.1 Vantagens Regionais: Carteira de Projectos ncora


Indicativos

243. Uma vez identificados os plos de desenvolvimento e projectos


ncora, dever seguir-se a elaborao de programas de aco e
planos de actividades especficos, a eles associados, directa ou
indirectamente.
244. De forma breve, a ideia principal que deve nortear o
financiamento pblico dos objectivos estratgicos da EDR, que os
recursos se concentrem nos projectos, que apresentem evidncias
comprovadas e fidedignas de poderem induzir efeitos multiplicadores,
quer a nvel regional quer a nvel distrital e comunitrio. Isto
significa, como sugere a Figura 15, projectos que se enquadrem no
grupo de 20% de empreendimentos pblicos com potencial de
contribuir para os cerca de 80% de valor acrescentado gerado na
economia nacional (Koch, 1989).7
245. O PE traz consigo uma abordagem para um planeamento
integrado que no s combina vrios sectores econmicos, mas cria
plataforma para integrar o investimento pblico com o investimento
privado. Com o PE o plano comea com um foco geogrfico e o
potencial ou recursos existentes.
246. Os projectos ncora que se apresentam de seguida baseiam-se
em estudos de pr-viabilidade. No decurso da Etapa 1A o MPD,
conjuntamente com os Ministrios associveis aos projectos, devero
identificar o estdio em que se encontram este e outros possveis
projectos que entretanto tenham surgido.

7
As experincias regionais de identificao de projectos ncora e desenvolvimento espacial est assente
no Princpio de Pareto, segundo o qual cerca de 20% de inputs e recursos mais produtivos geram
geralmente 80% dos resultados. As evidncias empricas indicam que o rcio de produtividade de 20%
dos factores de produo pelo menos 16 vezes superior aos restantes 80% menos produtivos (Koch,
1989).

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66

247. Periodicamente, os organismos interessados devero monitorar e


actualizar a carteira de projectos ncora.

Figura 15: Parcerias no Financiamento do


Desenvolvimento Rural

Projectos ncora
Pblicos

Projectos ncora
Privados

Multiplicador da
Parceria

5.1.1 Regio Sul: Programas e Projectos ncora Indicativos

248. A Regio Sul do Pas caracterizada por uma maior escassez de


gua, quando comparada com as Regies Centro e Norte, o que por
si s uma maior desvantagem comparativa para um
desenvolvimento regional liderado pela agricultura, a no ser atravs
da intensificao agrcola com sistemas de regadio.
249. Os sectores que apresentam maior crescimento na regio sul so
os servios, construes e turismo e, eventualmente, o petrolfero.
Destes trs sectores, o turismo no s apresenta maior potencial de
um crescimento contnuo mas tambm das poucas indstrias que
actuam em cadeia (Agncias de Viagem, Linhas Areas, Transportes
de Superfcie, indstria hoteleira (animao/entretenimento, cultura,
etc), induz o crescimento de outros sectores tais como agricultura e
pecas para o abastecimento de hotis e restaurantes, construo,
cultura para informao e animao dos turistas, artesanato,
indstria naval, etc., aliando assim os grandes investimentos com os
mdios e pequenos. Neste caso, o turismo contribui mais rpida e
seguramente para o combate pobreza.
250. Parece razovel inferir que a estratgia do desenvolvimento rural
da regio sul deve ser conjugada entre a intensificao agrcola e
pecuria, em combinao com o turismo. Para alm do turismo, a
regio sul apresenta uma grande possibilidade de crescer na rea de
indstria extractiva, liderada pela explorao das areias pesadas de
Chibuto.
251. O desenvolvimento rural da regio sul deveria compreender trs
programas, nomeadamente: Intensificao agrria e pecuria,
Turismo e Indstria Mineira. A Tabela 13 identifica e lista alguns dos

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67

programas e projectos ncora viveis, em termos econmicos e


financeiros.

Tabela 13: REGIO SUL - Resumo dos Programas e


Projectos Lderes
Programa de intensificao Programa de Desenvolvimento
agrria: Mineiro:

PROJECTO S1: Processamento de arroz PROJECTO S10: Explorao das areias


PROJECTO S2: Processamento de pesadas em Chibuto titnio para
hortcolas, fruta e carne; exportao para a indstria
PROJECTO S3: Processamento de caju automvel e para a indstria de ferro,
PROJECTO S4: Processamento de coco ao e tintas;
PROJECTO S5: Outras indstrias PROJECTO S11: Gs de Pande/Temane
PROJECTOS S12: Projectos previstos
para Chigubo, Funhalouro, Chokwe-
Macarretane e Magude;

Programa de Desenvolvimento Programas Transversais e Sociais:


Turstico:

PROJECTO S6: Massingir como zona de PROJECTO S13: Combate ao HIV-SIDA


transio entre o Kruger Park, o PROJECTO S14: Combate malria
Parque Nacional do Limpopo e a PROJECTO S15: Mitigao e preveno
Costa de Moambique de calamidades naturais cclicas.
PROJECTO S7: Sub-hub na regio de PROJECTO S16: Rede Rural de Rdio e
Macarretane Televiso (RRRTV)
PROJECTO S8: Desenvolvimento de
infra-estruturas nas praias do Bilene,
Xai-Xai, Chidenguele, Tofo e
Vilanculos
PROJECTO S9: Desenvolvimento de
Projectos ecotursticos atravs de
empresas comunitrias.

5.1.2 Regio Centro: Programas e Projectos ncora Indicativos

252. A grande vantagem comparativa e competitiva da regio central


do Pas dominada pela abundncia de recursos hdricos, sobretudo
os do Vale do Zambeze, com o Rio Zambeze a tomar a liderana. Com
gua, pode se gerar mais energia, se alargar a agricultura de regadio
e incentivar a industrializao.
253. A riqueza gua secundada pela abundncia de recursos
minerais. Dentre estes, as hematites, magnetites, gs e carvo
podem levar Moambique a entrar na era do ferro e ao liderada hoje
pela China e ndia. Em terceiro lugar, o centro do Pas alberga mais
de 60% das espcies florestais de alto valor econmico do Pas e
maior concentrao de reas de Conservao para Fins Tursticos. E
finalmente, os solos e as chuvas so extremamente favorveis a
agricultura. Os problemas que bloqueiam estes desenvolvimentos so
os de infra-estruturas de transporte e comunicaes, a monetarizao

ESTRATGIA DE DESENVOLVIMENTO RURAL- EDR 09/2007


68

da economia e os problemas organizativos para facilitar os


investimentos.
254. No contexto da estratgia de desenvolvimento rural, se bem que
se deva basear na agricultura, deve tomar em conta o crescimento
dos outros sectores e as iniciativas que podem servir como ncoras
para o desenvolvimento global. Na perspectiva de dinamizar o
desenvolvimento da regio Centro do Pas h a considerar quatro
programas nas reas de agricultura, infra-estruturas, turismo de
aventura e minerao.
255. A Tabela 14 identifica e lista alguns dos programas e projectos
ncora viveis, em termos econmicos e financeiros.

Tabela 14: REGIO CENTRO - Resumo dos Programas e


Projectos Lderes
Programa de desenvolvimento agrrio Programa de Desenvolvimento de
e Pesqueiro: Infra-estruturas e Turismo

PROJECTO C1: Sistema agrcola integrado PROJECTO C14: Linha de Sena e outras
para o planalto de Angnia infra-estruturas relacionadas, como os
PROJECTO C2: Desenvolvimento pecurio porturios
PROJECTO C3: Produo intensiva de arroz PROJECTO C15: Construo das auto-
PROJECTO C4: Processamento de carne estradas Tete-Chiuta e Chifunde
PROJECTO C5: Horticultura baseada no PROJECTO C16: Comunicaes
estudo elaborado pela TechnoServe e PROJECTO C17: O turismo de Aventura e
lanado a nvel nacional sobre a conservao considerando a Reserva
horticultura no corredor da Beira. de Chimanimani, Parque Nacional da
PROJECTO C6: Desenvolvimento da pesca Gorongosa, Reserva do Gil e
artesanal (PPABAS) e aquacultura. coutadas 6 e 9 entre outros.
PROJECTO C7: Desenvolvimento de infra-
estruturas de apoio pesca.

Programa de Desenvolvimento Programas Transversais e Sociais:


Industrial

PROJECTO C8: Explorao dos magnetites PROJECTO C18: Combate ao HIV-SIDA


do Monte Muande PROJECTO C19: Combate malria e
PROJECTO C9: Explorao do calcrio de outras doenas infecciosas
Cheringoma PROJECTO C20: Programa de sade
PROJECTO C10: Explorao de areias reprodutiva
pesadas de Micane, Muio e Deia PROJECTO C21: Rede Rural de Rdio e
PROJECTO C11: Projecto de Carvo em Televiso (RRRTV)
Tete
PORJECTO C12: Explorao de gs em Bzi
e pesquisa sistemtica de
hidrocarbonetos
PROJECTO C13: Projecto de Tantalite de
Marropino

ESTRATGIA DE DESENVOLVIMENTO RURAL- EDR 09/2007


69

5.1.3 Regio Norte: Programas e Projectos ncora Indicativos

256. A Regio Norte foi pouco estudada em termos de planeamento


espacial. Contudo, de consenso comum, que o desenvolvimento da
regio norte se constitui nos plos ao longo do Corredor de
Desenvolvimento de Nacala e do Corredor de Mutwara.
257. Os trabalhos iniciados no mbito das Iniciativas de
Desenvolvimento Espacial (SDI) deveriam ser prosseguidos para se
estabelecer com maior preciso os projectos e as regies de plos de
desenvolvimento ao longo dos Corredores, sendo que existe
indubitavelmente um elevado potencial para o desenvolvimento de
turismo baseado nas reas de conservao, na Reserva de Niassa, de
sol e praia, ao longo da faixa costeira incluindo o Arquiplago das
Quirimbas e turismo cultural na Ilha de Moambique.
258. A Tabela 15 identifica e lista alguns dos programas e projectos
ncora viveis, em termos econmicos e financeiros.

Tabela 15: REGIO NORTE Resumo dos Programas e


Projectos Lderes
Programas agrcolas e agro-industriais Programa de Industrial Mineira:
e pesqueiros:

PROJECTO N1: Explorao e PROJECTO N19: Explorao das areias


processamento integrado do caju; pesadas de Moma e derivados;
PROJECTO N2: Expanso e processamento PROJECTO N20: Explorao de fosfato
do sisal; de Evate (Nampula) para produo
PROJECTO N3: Algodo e indstria txtil de fertilizantes;
associada; PROJECTO N21: Explorao do sal;
PROJECTO N4: Fruticultura e produo de PROJECTO N22: Explorao de grafite:
sumos; PROJECTO N23: Produo de soda
PROJECTO N5: Indstria de tabaco: castica;
PROJECTO N6: Produo de oleaginosas e PROJECTO N24: Explorao de pedras
indstria de leos. semi-preciosas;
PROJECTO N7: Desenvolvimento da pesca PROJECTO N25: Pesquisa de
artesanal (PPANCD) e aquacultura. hidrocarbonetos na bacia do
PROJECTO N8: Desenvolvimento de infra- Rovuma.
estruturas de apoio a pesca (fbricas de
gelo, mercados, desembarcadouros).

Programa de Desenvolvimento Programas Transversais e Sociais:


Turstico:
PROJECTO N26: Combate ao HIV-
PROJECTO N9: Restaurao da Ilha de SIDA;
Moambique; PROJECTO N27: Combate malria e
PROJECTO N10: Desenvolver turismo nas outras doenas infecciosas;
Chocas.
PROJECTO N11: Desenvolvimento de Infra-
estruturas de alojamento turstico em
Nacala, Praia Nova de Angoche e
Quirimbas entre outros e promoo do

ESTRATGIA DE DESENVOLVIMENTO RURAL- EDR 09/2007


70

turismo cultural.

No Corredor de Mutwara:

PROJECTO N12: Ponte sobre o Rovuma; PROJECTO N27: gua potvel e


PROJECTO N13: Produo e processamento nutrio.
integrado de caju; PROJECTO N28: Rede Rural de Rdio e
PROJECTO N14: Explorao e Televiso (RRRTV)
processamento de madeira;
PROJECTO N15: Explorao de grafite e de
mrmore;
PROJECTO N16: Turismo combinado entre
a costa de Cabo Delgado e fauna.
PROJECTO N17: Pescaria de Linha
PROJECTO N18: Cultivo da tilpia em
gaiolas no Lago Niassa

5.1.4 Resumo Geral dos Projectos ncora Indicativos

259. O nmero total dos projectos ncoras econmicos identificados


nas trs regies de 54, complementado por doze projectos
transversais e sociais, perfazendo 66. Obviamente que podero
existir muitos outros. O importante a identificao de projectos de
referncia associados s prioridades estratgicas regionais. Ao longo
do tempo, caber ao processo de implementao e monitoria
actualizar a identificao dos projectos nos principais plos de
desenvolvimento, acompanhar a sua execuo e os seus impactos
regionais, distritais e locais.

Tabela 16: RESUMO GERAL DOS PROGRAMAS E PROJECTOS


NCORA E LIDERES
TRANSVERSAIS
REGIES ECONMICOS TOTAL
E SOCIAIS
Sul 12 4 15
Centro 17 4 21
Norte 25 4 28
TOTAL 54 12 66

5.1.5 Criao e Desenvolvimento dum Sector de Bio-


combustveis e Modernizao da Agricultura em
Moambique

260. O sector moderno da economia moambicana depende


fortemente da energia de derivados de petrleo e,
consequentemente, da disponibilidade de divisas e dos preos

ESTRATGIA DE DESENVOLVIMENTO RURAL- EDR 09/2007


71

internacionais. A nvel dos agregados familiares, a maioria dos


cidados rurais no dispe de fontes de energia sustentveis, para
fins alimentares e iluminao, recorrendo principalmente ao uso de
combustvel lenhoso, com graves prejuzos ambientais, como por
exemplo a desflorestao. Adicionalmente, uma boa parte das
economias da frica Austral, nomeadamente a economia da frica do
Sul, apresenta sinais de dfices crescentes de fontes de energia,
sobretudo fontes de energia economicamente viveis e
ambientalmente sustentveis.
261. Todavia, este tipo de riscos, ameaas e obstculos energticos
expanso econmica em Moambique e na frica Austral, em vez de
constrangimentos sem alternativas vista, podero ser
transformados em fontes de novas oportunidades para a economia
rural de Moambique.
262. Moambique tem aqui uma oportunidade impar para criao e
desenvolvimento dum sector empresarial de bio-combustveis,
assente no fomento da produo, consumo, transformao e
exportao de combustveis alternativos aos combustveis
convencionais, nomeadamente os de combustveis de biomassa,
atravs de leos vegetais ou gordura animal.
263. Neste contexto, o Governo dever liderar a elaborao duma
estratgia nacional para o fomento duma indstria moderna de bio-
combustvel, capaz de fomentar a expanso da produo agrcola
com um duplo objectivo: a eliminao da vulnerabilidade alimentar
das populaes rurais e a criao de fontes adicionais de rendimento
para os agregados familiares.
264. A lista de produtos agrcolas, com o duplo benefcio de serem
fonte de segurana alimentar das famlias rurais e fonte de
combustvel de biomassa, pode incluir uma vasta gama de culturas:
cana-de-acar, soja, girassol, amendoim, milho, entre outros.
265. A curto prazo, o Governo deve promover estudos sistemticos de
oportunidade e de pr-viabilidade, com vista ao apoio organizativo,
financeiro e tecnolgico do novo sector empresarial, bem como a
seleco e execuo de projectos reconhecidamente viveis, em toda
a cadeia de valor da produo de bio-combustveis.
266. Uma boa parte dos projectos j identificados na EDR poder
integrar-se e contribuir para o fomento do novo sector empresarial de
bio-combustveis. No entanto, acredita-se que uma pesquisa mais
detalhada e sistemtica do potencial de produo bio-combustvel
latente, permitir ampliar significativamente a gama de projectos
ncora relevantes para a economia rural e, em particular, para o
desenvolvimento dum novo e moderno sector de bio-combustveis
moambicano.

ESTRATGIA DE DESENVOLVIMENTO RURAL- EDR 09/2007


72

267. A modernizao e intensificao da agricultura em Moambique


ser implementada no quadro das directrizes do Governo no
concernente Revoluo Verde. Os esforos estaro orientados para
o incremento dos nveis de produo, prodututividade e renda dos
produtores agrrios atravs do aprovisionamento de sementes
melhoradas, fertilizantes, instrumentos de produo, uso de
tecnologias de produo adequadas realidade local, construo e
manuteno de infraestruturas de fomento agrrio, entre outras
aces.
268. A agricultura das actividades fundamentais que contribuem
para a erradicao da pobreza rural. Esse objectivo vai ser alcanado
atravs da garantia da segurana alimentar e nutricional, gerao de
novos empregos e renda, agregao de valor aos produtos agrrios
atravs da agro-indstria e orientao da produo inclusivamente
para a exportao.
269. No quadro da implementao da EDR vo ser potenciados os
mecanismos de implementao da Revoluo Verde, mas
enquadrados dentro duma perspectiva holstica do Desenvolvimento
Rural Integrado e redinamizao da economia intersectorial rural,
tendo em conta as seguintes componentes-chave: i) Recursos
Naturais (terra, gua, floresta e fauna bravia); ii) Tecnologias
Melhoradas (investigao e extenso); iii) Mercados e Informao; iv)
Servios Financeiros Rurais; v) Infraestruturas Produtivas e Sociais
que Atraem Investimento para o Campo e para a Agricultura, e; vi)
Desenvolvimento do Capital Humano e Social.
270. Os instrumentos para a operacionalizao da Revoluo Verde
so os j existentes e em funcionamento, nomeadamente os
programas de investigao e extenso, de apoio aos mercados
agrrios e as finanas rurais, de comunicao em prol do
desenvolvimento rural, as iniciativas de implantao de
infraestruturas bsicas que fomentam a agricultura e o agro-
processamento, tendo em conta uma abordagem integrada da cadeia
de produo e valor. Nesse quadro, uma equipa intersectorial
constituda pelo MINAG, MPD, MF, MAE, MIC, MOPH, MCT e MEC vai
ter um papel relevante na coordenao do processo de
implementao e monitoria da Revoluo Verde em Moambique, no
quadro duma mais ampla e abrangente estratgia de
desenvolvimento do pas.
271. Os mecanismos de coordenao e implementao referidos
devero estar em consonncia com as polticas de descentralizao
em curso no pas que encaram o Distrito como o epicentro do
desenvolvimento integrado, e os Conselhos Consultivos Locais e o
Fundo de Investimento de Iniciativa Local so instituies
protagnicas de promoo do desenvolvimento rural.

ESTRATGIA DE DESENVOLVIMENTO RURAL- EDR 09/2007


73

5.2 Coordenao Monitoria, Avaliao e Etapas da EDR

272. A dimenso multi-sectorial do processo de desenvolvimento rural


implica, inevitavelmente, a concertao de polticas e programas
sectoriais e a coordenao intersectorial e interinstitucional na fase de
implementao da EDR para se atingir o objectivo geral de
erradicao da pobreza.
273. A promoo do dilogo e da negociao entre os diversos
intervenientes e da sua efectiva participao nas diferentes etapas do
desenvolvimento de cada regio rural, no pode ser vista como
atribuio apenas de um ou outro Ministrio isolado.

5.2.1 Mecanismo de Promoo e Coordenao do


Desenvolvimento Rural Integrado

274. Considerando a dimenso, alcance e horizonte temporal da EDR,


a coordenao, monitoria e avaliao deve envolver, para alm dos
Ministrios, outras instituies com jurisdio e autoridade na
matria, como o Gabinete do Plano do Zambeze (GPZ), as entidades
gestoras dos Corredores de Desenvolvimento, as Universidades e
instituies de pesquisa, bem como organismos como o CTA, a
AMECON, a UNAC, entre outros.
275. O Governo reforar os seus mecanismos de Promoo,
Coordenao e Monitoria do Desenvolvimento Rural Integrado,
envolvendo sectores e instituies a identificar oportunamente. A
principal funo do Mecanismo ser de monitorar a implementao da
EDR, garantindo que os objectivos e aces prioritrias possam ser
executados e os impactos sobre as comunidades rurais possam ser
mais significativos. Entre os mecanismos existentes e a funcionar
actualmente importa destacar os seguintes: Comit Tcnico de
Coordenao do Desenvolvimento Rural, Comit de Superviso do
Programa de Planificao e Finanas Descentralizadas (PPFD), Grupos
de Referncia que tratam de assuntos especficos - ao nvel central -,
Equipas Tcnicas de Planificao Provincial e Equipas Tcnicas de
Planificao Distritais. Ao nvel Provincial e Distrital, a coordenao
estar sob a responsabilidade do Governador Provincial e
Administrador Distrital, respectivamente.

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74

5.2.2 Papel Executivo e Operativo do MPD e Outros Ministrios

276. Em termos operacionais, o MPD dever coordenar e dinamizar as


actividades do sector pblico, atravs dos seus rgos e instrumentos
de interveno (ver Figura 16).

Figura 16: Ministrio da Planificao e Desenvolvimento


(MPD)

MPD-NACIONAL PARPA
EDR

MPD-REGIONAL & PROVINCIAL PEP


PES/OE PROVINCIAL REGISTO PROVINCIAL
Deadlie: 01/01/01
Budget Ceilings

DISTRITO PES/OE DISTRITO/REGISTOS


PEDD
PES/OE VITAIS & TITULOS

PARPA = Plano de Aco para a Reduo da Pobreza Absoluta OE = Oramento de Estado


EDR = Estratgia de Desenvolvimento Rural PES= Plano Econmico e Social
PD = Plo Regional de Desenvolvimento (e.g. GPZ, Corredores) Ttulos = Registo de Mveis e Imveis
Registos Vitais = Nascimentos, bitos, Identificao Pessoal, PEDD = Plano Estratgico de Desenvolvimento Distrital
etc.

277. O MPD o rgo central do aparelho de Estado que, de acordo


com os princpios, objectivos e tarefas definidos pelo Governo, dirige
e coordena o processo de planificao e orienta o desenvolvimento
econmico e social integrado e equilibrado do Pas.
278. O MPD planifica, promove, harmoniza e coordena as aces de
desenvolvimento rural implementadas por outros sectores centrando-
se nos seguintes comandos: Promotor de iniciativas e dilogo;
Facilitador de processos; Pesquisador de processos; Coordenador de
aces; Criador dum ambiente propcio ao desenvolvimento (legal e
institucional), e supervisor das intervenes que se orientem para as
zonas rurais.

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75

279. Cada um dos cinco objectivos estratgicos da EDR podem ser


implementados com recurso a diversos mecanismos, dependendo da
sua natureza, caractersticas e das reas prioritrias identificadas. A
Tabela 17 contm o modelo bsico que, uma vez aprovado, poder
ser expandido e completado no processo de preparao dum
programa de aco e de implementao concreto da EDR.

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76

Tabela 17. Mecanismos de Implementao dos Objectivos Estratgicos,


Entidades Chaves e Tipos de Interveno
OBJECTIVO ESTRATGICO ENTIDADE TIPO DE INTERVENO
CHAVE
1. Aumento da Competitividade, Produtividade e Acumulao na Economia Rural
Fortalecimento da economia MPD, BdM, MF, INE Assegurar a harmonizao e coordenao das polticas macroeconmicas,
Multisectorial MAE incluindo o aperfeioamento e expanso do sistema de dados econmicos
relevantes desagregados e representativos da realidade dos distritos e
localidades.
MAE, ANFP Regulamentar a actividade da administrao pblica
MINAG, M.Energia, Agricultura (PROAGRI II), Estratgia da Revoluo Verde, Bio-
MITUR, MIPES, MIREMI Combustveis, Turismo, Pescas, Recursos Minerais, Energia e Comrcio e
e MIC Indstria
MIC, MPD-PAMA/PAFR, Poltica comercial, Poltica Industrial, Estratgia de Comercializao
MINAG, MIREMI, Agrcola (ECA), agro-indstrias, Estratgia da Aquacultura, Fomento
M.Pescas pesqueiro, Fomento mineiro
MOPH, MPD-PAMA, Assegurar a expanso e manuteno das infra-estruturas rurais bsicas de
M.Energia e MTC suporte a um crescimento econmico rpido.
MF, BdM, Parceiros Poltica oramental, poltica monetria, Poltica fiscal

2. Gesto Produtiva e Sustentvel dos Recursos naturais e Ambiente


Planificao distrital integrada MPD, MF, MAE, MINAG Garantir a planificao e coordenao distrital integrada
MAE-DNAL/MICOA, Assegurar a Governao local na elaborao dos planos de ordenamento
MINAG e MPD territorial
MF, BdM, Bancos Tesouro pblico no distrito, PA como clula base p/arrecadao das
receitas
MOPH, MIREM Distrito como dono de obra
MICOA, MINAG, MEC Ambiente e ordenamento territorial, Poltica e Lei do Ordenamento
Territorial, Educao ambiental, Aspectos culturais

3. Expanso do Capital Humano, Inovao e Tecnologia


Fomento da Educao Vocacional MEC, MISAU, MMAS, MT Assegurar a harmonizao e coordenao entre as entidades directamente
e MPD, M. Juv&Desp. ligadas a aspectos do capital humano
Fortalecimento da comunicao e MEC, MMAS, MCT, MPD, Assegurar a adaptao dos curricula ao contexto rural, desenvolvimento da
informao MINAG, FAIJ, Min. Da formao tcnico profissional em artes e ofcios com recurso capacidade
Juv. E Desportos local, alfabetizao de adultos
MAE, MIC, MAE, MIC Apoiar a capacitao local
MPD-PAMA, FAIJ, MCT, Assegurar a harmonizao e coordenao; revitalizao e expanso das
MINAG-SIMA + INCM, redes rurais de rdio e televiso (RRRTV), comunicao para a extenso
ICS/RM/TVM-GABINFO rural, informao sobre mercados agrcolas;

4. Diversificao e Eficincia do Capital Social, de Infra-estruturas e Institucional


Consolidao do tecido rural MPD-FARE/PAFR Garantir a harmonizao e coordenao, finanas rurais
MF, MMAS, MT Poltica oramental, poltica monetria, Poltica fiscal
MIC, FFA, FFP Poltica comercial
MINAG, MPD, MAE, Expandir a Extenso rural, investigao agrria
MIC, FFA, Instituies
de Pesquisa, FFPI, GAPI
MOPH, M.Energia e MTC Infra-estruturas rurais
MTC, SOCREMO, GAPI Transporte rural, Infra-estruturas de desembarque de passageiros
MPD, CTA, UNAC, Associativismo e empreendedorismo rurais, investigao aplicada
AMECON, AMODER,
Universidades, FAIJ
Coeso territorial e social MPD, MAE, MF Assegurar a Harmonizao, coordenao, consulta e participao
comunitria
MAE, ANFP, MPD, MF, Poltica de descentralizao e desconcentrao, reforma dos governos
MOPH distritais, rgos locais
MMAS, MPD, MISAU, Implementao da Poltica do Gnero e Estratgia de Implementao nos
MEC aspectos transversais e importantes para a coeso e equidade social
Revitalizao e diversificao MPD, MOPH, MINAG, Incentivar programas com utilizao de mo-de-obra intensiva
econmica nas zonas rurais MFG Governos locais
MITUR, MIPES, FFP Envolvimento da comunidade nas iniciativas tursticas locais e pescas
MIC-IDIL, GPPE Desenvolvimento da indstria local
MPD-ADELs e MAE Garantir a dinamizao das actividades econmicas locais
MPD, MINAG, Apoio inovao e ao desenvolvimento empresarial, associativismo rural.
CTA,UNAC e Revoluo Verde e incremento da produo de bio-combustveis.
Universidades

5. Boa Governao e Planeamento para o Mercado


MPD, MF, BM, INE, Poltica oramental, Poltica monetria, Poltica fiscal
Parceiros, MINEC
MPD, MAE, MF, ANFP, Desburocratizao e maior flexibilizao na alocao dos recursos aos
UTRESP distritos
MPD, MIC, MIPES, Distrito como fonte e destino da riqueza produzida

ESTRATGIA DE DESENVOLVIMENTO RURAL- EDR 09/2007


77

MITUR, MINAG e outros

5.2.3 Etapas Gerais de Execuo da EDR

280. Fica claro, a partir do presente documento, que o Governo


entende o desenvolvimento rural e, em particular, a EDR, como um
processo e como um produto.
281. Como processo, o desenvolvimento rural significa e implica
transformaes contnuas, visando o progresso e a melhoria das
condies de vida e do bem-estar do meio rural. Como produto, neste
caso o presente documento, a EDR constitui-se como um instrumento
de referncia e de aco que, em momento algum, deve ser
entendido como algo esttico e acabado.
282. A EDR deve ser vista como um instrumento de aco estratgica,
rolante, dinmico e adaptativo, tanto actualizao dos dados
melhorados que devero ser regularmente recolhidos como aos
desafios derivados de novas situaes e mudanas reais.
283. A implementao com sucesso da EDR implicar mudanas na
cultura de gesto estratgica e de planeamento, acontecer ao longo
do tempo, progressivamente ou em etapas. Este processo dever
envolver todos os actores, tanto do sector pblico, como do sector
privado e da sociedade civil, como tambm dos parceiros e
investidores internacionais.
284. Ainda que a EDR faa referncia ao papel dos actores privados,
da sociedade civil e dos parceiros internacionais no processo de
desenvolvimento rural, isto no feito com pretenso de
instrumentalizar, limitar ou condicionar o seu envolvimento.
285. O Governo acredita que, a partir da explicitao da sua viso
estratgica do desenvolvimento rural na EDR, os demais actores no
governamentais adiram e contribuam com as suas competncias para
a prossecuo dos objectivos estratgicos aqui enunciados.
286. Uma das vrias questes que a presente EDR certamente ir
suscitar , por exemplo, a seguinte: existe, actualmente e/ou
potencialmente a mdio prazo, capacidade de investimento privado
na dimenso que a EDR preconiza para o desenvolvimento rural? Os
projectos ncora indicativos reflectem o ambiente de competitividade
regional e internacional? Em que medida e, de que forma, poder o
investimento privado, nacional e internacional, expandir para
fomentar e acelerar o dinamismo da economia rural moambicana?

ESTRATGIA DE DESENVOLVIMENTO RURAL- EDR 09/2007


78

287. O Governo acredita que os representantes do sector privado e da


sociedade civil sabero responder, no mbito das suas competncias,
s expectativas e ao papel que deles se espera para o sucesso da
EDR.

288. Em termos programticos, a EDR foi concebida num horizonte


temporal de longo prazo, cobrindo o perodo 2006-2025. Desta
forma, ficava-se com uma viso ampla e de longo prazo
suficientemente flexvel para observar e ajustar polticas s
tendncias e mudanas reais que ocorram.

289. Porm, a execuo e implementao da EDR exige que se


avance passo a passo, por etapas de curto e mdio prazos, de forma
especfica e detalhada. A Tabela 18 identifica o faseamento da
implementao da EDR em duas etapas, a primeira at 2014 e, a
segunda, abrangendo o perodo 2015-2025.

ESTRATGIA DE DESENVOLVIMENTO RURAL- EDR 09/2007


79

TABELA 18: Etapas de Implementao e Oramentao da Fase 1A da


EDR: 2007-2009
ETAPA II:
ETAPA I: 2007-2014 2015-25
FASE 1A: FASE 1B:
2007-2009 2010-2014

A DEFINIR APS
IMPLEMENTA0 DA FASE 1A DA EDR: CONSOLIDAO DA AVALIAO
Aces Imediatas Prioritrias EXECUO DA EDR DA ETAPA I

Aprovao oficial e formal da EDR;


Definio dos termos de referncia e composio do
Mecanismo de Promoo e Coordenao do
Desenvolvimento Rural Integrado;
Criao duma Autoridade para a Competitividade;
Imediatamente aps a aprovao da EDR o MPD deve:
o Executar um programa de disseminao ampla da EDR,
por diversos meios (seminrios, artigos de divulgao
nos mdia, pesquisas aprofundadas, etc.)
o Fornecer metodologias orientadoras para a elaborao
de planos de aco a diferentes nveis, inspirados e
consistentes com a EDR;

Investigao e preparao de metodologias de dados


estatsticos rurais, de nvel distrital e de localidade, para a
monitoria do desempenho da economia rural. Isto requer um
trabalho aprofundado de pesquisa e criao de sistemas de
recolha de dados estatisticamente representativos a nvel
nacional.
MPD, MF e INE devem aprofundar a anlise sobre as
implicaes do cenrio de crescimento econmico mais
promissor para a prossecuo da viso da EDR,
nomeadamente as implicaes da proposta de alocao
financeira e de investimento proposta.
O MPD, conjuntamente com os Ministrios associveis aos
projectos ncora, devem avaliar o estdio em que se
encontram os projectos indicativos, e outros que entretanto
surjam, particularmente no mbito das oportunidades que
eventualmente forem identificadas para a criao e
desenvolvimento dum novo sector de bio-combustvel.
Monitoria e actualizao peridica do estado de situao da
carteira de projectos ncora rurais.
Montagem de banco de dados no MPD e nas Provncias para
monitoria do desenvolvimento scio-econmico dos Distritos.
Acompanhamento do Desenvolvimento Econmico Local
(DEL) e dos Grupos de Referncia.

290. A Etapa 1 pode ainda ser subdividida em dois perodos mais


curtos, cada um abrangendo cinco anos. Desta forma, a Fase 1A da
1 Etapa de implementao da EDR inicia imediatamente aps a
aprovao oficial da EDR pelo Governo.
291. A Tabela 18 enumera algumas das aces imediatas prioritrias.
No entanto, uma vez que a EDR seja aprovada ser preciso criar
planos de aco harmonizados e coordenados com as metas do
PARPA II (2006-2009), as metas dos Objectivos do Desenvolvimento
do Milnio (at 2015) e de outros programas estratgicos sectoriais e

ESTRATGIA DE DESENVOLVIMENTO RURAL- EDR 09/2007


80

transversais (ex. ECA, Plano de Aco para o Combate ao HIV/SIDA,


Poltica de Planeamento e Ordenamento Territorial, Estratgia de
Planificao e Finanas Descentralizadas e Poltica Nacional de
Descentralizao8, entre outros).
292. Para alm da harmonizao e compatibilizao do plano de aco
de operacionalizao dos objectivos estratgicos da EDR com outros
instrumentos estratgicos e de planeamento, ser preciso detalhar os
recursos de financiamento e meio materiais e humanos a mobilizar.

5.2.4 Oramentao Preliminar da Execuo da Fase 1A da EDR

293. medida que o tempo avanar, os programas e planos de aco


associados implementao da EDR devero ser actualizados em
conformidade com o grau de realizao dos objectivos estratgicos da
EDR.
294. Para efeitos de implementao da EDR foi esboada uma
oramentao preliminar abrangendo a Fase 1A. Assim, em
conformidade com as aces especficas aos objectivos estratgicos
da EDR, preparou-se uma oramentao preliminar da Fase 1A de
implementao da EDR, cobrindo o perodo 2007-2009.
295. A Tabela 19 resume a oramentao preliminar de execuo da
EDR a nvel nacional, estimando o valor para o perodo 2007-2009
em cerca de 20 milhes de USD dlares.9 A oramentao assenta
nos seguintes pressupostos:
o Determinao de um valor bsico a ser dispendido anual em
benefcio directo de cada um dos 128 distritos por entidades e
entidade e actores directamente envolvidos em aces
relevantes para a EDR;
o Determinao de um valor bsico tanto a nvel as entidades
provinciais com a nvel das entidades de nvel central;
o Oramentao preliminar das aces especficas e
directamente ligadas a cada um dos cinco objectivos
estratgicos, conforme as aces arroladas nas Tabelas
respectivas no presente documento.
296. Tratando-se de uma oramentao indicativa, os valores
apresentados na Tabela 19 so, por enquanto, indicativos apenas.
Oportunamente, as entidades competentes devero considerar de
forma mais detalhada os procedimentos e formas de concretizao da
mobilizao de recursos e actualizao do oramento de execuo s
mudanas que ocorram no decurso da implementao da EDR.

8
Esses dois instrumentos ainda esto em fase de elaborao.
9
A oramentao em USD visa facilitar a considerao e melhor converso dos valores financeiros pelos
diferentes utilizadores, ainda em processo de adaptao ao Metical da nova famlia.

ESTRATGIA DE DESENVOLVIMENTO RURAL- EDR 09/2007


81

Quadro Organizacional Geral da EDR 4,070 4,070 4,070

- Valor a ser dispendido em benefcio directo de cada um


dos 128 distritos, para aces e com entidades especficas
associadas EDR, tanto nos distritos como nas localidades
e comunidades (128 distritos x 25 mil USD por distrito). 3,200 3,200 3,200
- Valor a ser dispendido em benefcio directo das entidades
das 10 provncias em aces associadas EDR (50 mil USD
por provncia) 500 500 500
- Valor a ser dispendido em benefcio dor organismos
centrais em aces associadas EDR (10% do valor total
distrital e provincial) 370 370 370

Objectivo Estratgico 1 500 500 500


- Preparao dos indicadores econmicos, incluindo PIBs
desagregados por distrito e localidade, ndices desagregados
de medio da competitividade, produtividade e acumulao.
Criao e divulgao de metodologias adequadas, 250 250 250
- Promoo da cultura estratgica empresarial e
concorrencia 100 100 100
- Apoio s aces da Autoridade da Concorrncia 150 150 150

Objectivo Estratgico 2 500 500 500


- Apoio implementao do DUAT e tramitao da
atribuio de ttulos s comunidades. Criao dos registos
de activos distritais e de localidade. 150 150 150
- Financiamento de estudos ambientais associdados aos
objectivos especficos da EDR 100 100 100
- Subsdio dum Centro de informao e formao
tecnolgica agro-industrial 150 150 150
- Aces de promoo da eco-eficincia 100 100 100

Objectivo Estratgico 3 500 500 500


- Apoio a aces de expanso do capital humano, com
incidncia para a esperana de vida, conhecimento,
saneamento e nutrio 250 250 250
- Apoio a aces de divulgao de informao e formao
tecnolgica 100 100 100
- Apoio a iniciativas tecnologicas e escolas de formao
profissional 150 150 150

Objectivo Estratgico 4 500 500 500


- Financiamento da actualizao de registos vitais nas
localidades e distritos 150 150 150
- Promoo de auto-emprego e emprego rural 100 100 100
- Reforo da capacidade de manuteno das infra-
estruturas bsicas existentes ou criadas 150 150 150
- Apoio aos Grupos de Referncia consolidados 100 100 100

Objectivo Estratgico 5 500 500 500


- Financiamento de sondagens de opinio pblica sobre os
servios ao cidado 100 100 100
- Apoio a ONGs com enfore rural 150 150 150
- Acompanhamento, actualizao e monitoria dos Projectos
ncora Indicativos 250 250 250

ESTRATGIA DE DESENVOLVIMENTO RURAL- EDR 09/2007

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