Aguas Continentais Final PDF
Aguas Continentais Final PDF
Aguas Continentais Final PDF
Espcies Exticas
Invasoras de guas
Continentais no Brasil
Biodiversidade 39
Editores Cientficos
Anderson Oliveira Latini (UFSJ)
Daniela Chaves Resende (UFV)
Editores Tcnicos
Vivian Beck Pombo (SBF/MMA)
Lidio Coradin (SBF/MMA)
Braslia - DF
2016
Equipe do Informe Nacional: Alexandre Francisco da Silva (In memoriam); Anderson Oliveira
Latini; Daniela Chaves Resende; Fernando Alves Ferreira; Marcos Rogrio Ttola e Paulo de Marco Jnior
(Coordenadores temticos). Alessandra Marins; Dilermando Pereira Lima-Jr.; Francisca Ana Soares dos
Santos; Gssia Bolognani Cardoso; Helder Mateus Viana Esprito Santo; Letcia Almeida de Paula e Lorena
Torres Oporto (Bolsistas); Flvia Monteiro Coelho Ferreira e Ricardo Oliveira Latini (Consultores).
Especialistas convidados (validao dos dados): Alice Mishyo Takeda (UEM); ngelo Antnio
Agostinho (UEM); Clio Ubirajara Magalhes (INPA); Fernando Gertum Becker (UFRGS); Francisco Antnio
Barbosa (UFMG); Guarino Rinaldi Coli (UNB); Henrique Correa Giacomini (UNESP); Mnica de Cssia Souza
Campos (CETEC-MG) e Robson Pitelli (UNESP).
Catalogao na Fonte
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis
E77
Espcies exticas invasoras de guas Continentais no Brasil. / Anderson Oliveira Latini..., [et al];
organizadores Braslia: MMA, 2016.
791p. : il. color. (Srie Biodiversidade, 39)
ISBN 978-85-7738-176-0
1. Biodiversidade. 2. Espcies exticas Brasil. 3. guas Continentais Brasil. I. Latini,
Anderson Oliveira. II. Resende, Daniela Chaves. III. Pombo, Vivian Beck. IV. Coradin, Lidio.
V. Ministrio do Meio Ambiente. VI. Ttulo. VII. Srie.
CDU (2.ed.)581.5
Impresso no Brasil
Printed in Brazil
A reproduo total ou parcial desta obra permitida desde que citada a fonte.
VENDA PROIBIDA.
ndice
Prefcio................................................................................................................................................ 7
CAPTULO 1 - INTRODUO
Introduo................................................................................................................................ 11
As espcies exticas invasoras e as guas continentais................................................................. 12
A suscetibilidade das bacias hidrogrficas no Brasil................................................................... 13
Reservatrios artificiais e as espcies exticas invasoras.............................................................. 14
Referncias. ...............................................................................................................................17
CAPTULO 2 - ESTRATGIAS PARA O INVENTRIO DE ESPCIES EXTICAS
Introduo................................................................................................................................ 21
Detalhamento das metodologias aplicadas.................................................................................. 22
Reunio de trabalho com especialistas........................................................................................ 23
Categorias adotadas para a classificao das espcies exticas.................................................... 24
Referncias. .............................................................................................................................. 25
CAPTULO 3 - ESTATSTICAS SOBRE AS ESPCIES EXTICAS DE GUAS CONTINENTAIS
Resultados................................................................................................................................ 29
Registro das espcies exticas nos domnios vegetacionais brasileiros.......................................... 31
Registro das espcies exticas na rede hidrogrfica brasileira..................................................... 32
Referncias. .............................................................................................................................. 34
CAPTULO 4 - MICROORGANISMOS AQUTICOS
Introduo................................................................................................................................ 37
Sntese dos resultados............................................................................................................... 37
Referncias. .............................................................................................................................. 40
Fichas das espcies - Cianobactrias. .......................................................................................... 41
Ficha da espcie - Protozorio.................................................................................................... 75
Ficha da espcie - Rotfero......................................................................................................... 78
CAPTULO 5 - CNIDRIOS LMNICOS
Introduo................................................................................................................................ 83
Referncias. .............................................................................................................................. 87
Fichas das espcies..................................................................................................................... 90
CAPTULO 6 - HELMINTOS E ANELDEOS
Introduo............................................................................................................................... 103
Referncias. ............................................................................................................................. 106
Fichas das espcies - Helmintos................................................................................................. 108
Ficha da espcie - Aneldeo........................................................................................................ 118
Prefcio
Os ecossistemas aquticos continentais so reconhecidos por sua importncia ecolgica, seus valores social, econmico, cultural, cientfico e recreativo, por fornecerem servios ecolgicos, fundamentais manuteno das espcies da fauna e da flora, bem como ao
bem-estar das populaes humanas. Estes ambientes so de mltiplos usos, o que amplia a
complexidade das aes de manejo, planejamento, e uso dos recursos naturais, cuja gesto
deve ser compartilhada entre os diferentes setores envolvidos.
O Brasil um pas privilegiado em recursos hdricos e em biodiversidade associada.
O pas agraciado com a maior das bacias hidrogrficas - a Amaznica e, tambm, com a
maior riqueza de espcies em mbito mundial. Mais de 3 mil diferentes espcies de peixes
so encontradas nas guas continentais brasileiras, mais do que qualquer outro pas. Toda
esta riqueza biolgica e ambiental pode apresentar-se como um imenso potencial econmico
e social, se manejada adequadamente.
A rpida transformao dos ambientes pelo homem e as alteraes impostas pelas
mudanas climticas tem causado drstica reduo da diversidade biolgica, o que levou os
pases a discutirem e a tomarem decises para minimizar os impactos das agresses crescentes aos ecossistemas e s diversas formas de vida a eles associadas. Nesse contexto,
nas ltimas dcadas foram negociados e ratificados pelo pas uma srie de acordos internacionais voltados temtica, a exemplo da Conveno sobre Diversidade Biolgica e da
Conveno de Ramsar.
As espcies exticas invasoras representam a segunda maior causa global de perda de
biodiversidade, com significativos impactos negativos aos ambientes onde se estabelecem,
sade humana e animal e, tambm, aos sistemas de produo. A globalizao e o desenvolvimento de novas tecnologias de transporte proporcionaram ao homem a capacidade de se
deslocar e de disseminar espcies animais, vegetais e de microrganismos com maior rapidez
e intensidade. Em razo da grande ameaa que as espcies exticas invasoras representam,
o tema tornou-se prioritrio nas diferentes esferas de governo, com o desenvolvimento de
novas polticas pblicas. Para tanto, o pas busca desenvolver estratgias, a exemplo dos
projetos aqucolas, voltadas incluso produtiva e social e promoo da segurana alimentar e nutricional da populao brasileira.
Neste sentido, a Estratgia Nacional sobre Espcies Exticas Invasoras, aprovada no
mbito da Comisso Nacional da Biodiversidade - CONABIO, representa um grande avano.
A Estratgia Nacional com seus oito componentes traz diretrizes que orientam o poder pblico, nas esferas federal, estadual e municipal, assim como os diferentes setores da sociedade
civil, na construo de planos para o enfretamento desta temtica e atendimento dos compromissos assumidos pelo pas em mbito internacional.
O conhecimento sobre o tema das espcies exticas invasoras no Brasil, alm de
escasso, encontrava-se disperso. Com vistas a melhorar este quadro, o MMA coordenou a
realizao de um levantamento de informaes para auxiliar a tomada de decises diante do
Ambiente de guas Continentais
SARNEY FILHO
Ministro do Meio Ambiente
Captulo 1
Introduo
Captulo 1 - Introduo
Anderson Oliveira Latini
Daniela Chaves Resende
1
2
Introduo
O Brasil ocupa lugar de destaque entre as naes detentoras de megadiversidade, j que considerado o pas da maior
biodiversidade do planeta, concentrando
entre 15 e 20% de todas as espcies descritas em mbito mundial. Esta biodiversidade est relacionada, principalmente, sua
grande diversidade geogrfica e climtica,
sua extenso territorial e diversidade de
biomas e tambm presena da maior cobertura de florestas tropicais do mundo.
Situao semelhante tambm poder
ser observada se considerarmos apenas os
habitats de gua doce, que correspondem a
0,01% de toda a gua da Terra, sendo que
0,003% se encontra na regio Neotropical.
Aproximadamente 24% de todas as espcies de peixes do mundo e 1/8 de toda a
biodiversidade de vertebrados encontra-se
em menos de 0,003% da gua do planeta.
Dessa maneira, o Brasil, por suas dimenses gerais e por manter, integral ou parcialmente, as maiores bacias de gua doce
da regio Neotropical, concentra grande
parte da biodiversidade reportada para esta
unidade biogeogrfica (Bizerril, 2001).
Nas ltimas dcadas, em boa parte
dos pases do mundo, dentre eles o Brasil,
as atenes tem se voltado para a perda de
biodiversidade nos principais biomas da Terra, como uma consequncia direta das profundas alteraes provocadas pelo homem
no Planeta, na busca de um crescimento
econmico, ainda em bases insustentveis.
1
2
11
12
13
14
Reservatrios artificiais e as
espcies exticas invasoras
Reservatrios artificiais causam impactos ambientais j bem conhecidos (Fearnside, 2004; Agostinho et al., 2005b; Fearnside, 2006), como a transformao de um
ambiente ltico em lntico, a alterao do
regime de pulsos dos rios e a fragmentao
de populaes migradoras, se estas existirem (Rahel, 2000; Park et al., 2003). Alm
disso, tambm so aumentadas as chances
de estabelecimento de espcies exticas,
devido simplificao da comunidade nativa e a consequente reduo da sua resistncia s invases por estes organismos.
Organismos como o mexilho-dourado (L. fortunei), gramneas (a exemplo de
Urochloa mutica), a pescada-do-Piau (P.
squamossissimus) e as cianobactrias (e.g.
A. circinalis) so beneficiados por essa nova
condio do rio. Medidas equivocadas adotadas na tentativa de incrementar os usos
mltiplos de reservatrios (pesca esportiva,
aquacultura, turismo e lazer) tambm so
responsveis pela introduo e posterior
estabelecimento de espcies exticas. A introduo de peixes de outras bacias (povoamento) para reduzir o passivo ambiental
foi muito comum nos ltimos vinte anos. A
tilpia (Tilapia spp e Oreochromis spp), a
Segundo dados do Sistema de Informaes Georreferenciadas do Setor Eltrico - SIGEL, da Agncia Nacional de Energia Eltrica - ANEEL (http://sigel.aneel.
gov.br/), h hoje no Brasil, 310 Pequenas
Centrais Hidreltricas (PCHs) em operao,
77 em construo, 161 com outorga e mais
895 em fase de estudos para licenciamento, totalizando uma previso de 1.443 PCHs
em operao no pas nos prximos anos.
Ainda segundo o SIGEL, h 159 Usinas
Hidreltricas (UHE) em operao, 21 em
construo, 15 com outorga e mais 139 em
fase de estudos para licenciamento, totalizando uma previso de 334 UHEs em ope-
rao nos prximos anos no Brasil. Somando PCHs e UHEs em operao e previstas
para operarem em futuro prximo, teremos
1.777 reservatrios de diversos tamanhos
espalhados pelo pas (Figura 1). A ANEEL
ainda reconhece a existncia de 238 audes
na Regio Nordeste. Um estudo recente realizado pela FUNCEME, MI e ANA gerou um
mapa de recursos hdricos superficiais para
o Brasil, onde so apontados 23.036 espelhos dgua com mais de 20ha e destes,
6.900 so artificiais (disponvel em: http://
www.funceme.br/index.php/areas/acudes-e-rios/espelhos-dagua).
Estes novos reservatrios que esto
para ser implantados na malha hidrogrfica Brasileira representam facilitadores da
disperso de espcies exticas nas guas
continentais e representam uma fonte de
preocupao de rgos licenciadores com
relao a medidas atenuadoras do processo de invaso destas espcies exticas, sob
pena do panorama brasileiro se tornar cada
vez pior.
15
de PCHs e os pontos vermelhos, os reservatrios de UHEs. Fonte dos dados: SIGEL (ANEEL) 2008
(http://sigel.aneel.gov.br/).
16
Referncias
AGOSTINHO, A. A.; THOMAZ, S. M. & GOMES L. C. Conservao da biodiversidade
em guas continentais do Brasil. Megadiversidade, v. 1, p. 70-78, 2005b.
BIZERRIL C. R. S. F. & PRIMO P. B. S. Peixes de guas Interiores do Estado do
Rio de Janeiro. FEMAR-SEMADS, Rio de
Janeiro, p. 417, 2001.
BRASIL. Ministrio do Meio Ambiente.
Conveno sobre Diversidade Biolgica: Conferncia para Adoo do Texto
Acordado da CDB Ato Final de Nairobi. Braslia, DF: MMA/SBF, 2000. 60p. (Biodiversidade, 2).
17
BUCHAN, L. A. J. & D. K. PADILLA. Estimating the probability of long-distance overland dispersal of invading aquatic insects.
Ecological Applications, v. 9, p. 254-265,
1999.
COHEN, A. N., & CARLTON, J. T. Accelerating invasion rate in a highly invaded estuary. Science, v. 279, p. 555-558, 1998.
COLAUTTI, R. I., BAILEY, S. A. VAN OVERDIJK, C. D. A. AMUNDSEN, K. & MACISAAC,
H. J. Characterised and projected costs of
nonindigenous species in Canada. Biological Invasions, v. 8, p. 45-59, 2006.
FEARNSIDE, P. M. Greenhouse gas emissions from hydroelectric dams: controversies provide a springboard for rethinking a
supposedly clean energy source. Climatic
Change, v. 66, p. 1-8, 2004.
FEARNSIDE, P. M. Dams in the Amazon:
Belo Monte and Brazils Hydroelectric Development of the Xingu River Basin. Environmental Management, v. 38, p. 16-27,
2006.
HAVEL, J. E.; LEE, C. E. & ZANDEN, J. V. Do
reservoirs faciltate invasions into landscapes? BioScience, v. 55, p. 518-525, 2005.
18
Captulo 2
19
Introduo
A maior parte das informaes aqui
apresentadas resultam do relatrio final do
levantamento sobre as espcies exticas
e exticas invasoras atuais e potenciais. A
iniciativa Informe Nacional sobre Espcies
Exticas Invasoras, do Ministrio do Meio
Ambiente que, por meio do seu Departamento de Conservao da Biodiversidade
DCBio, da Secretaria de Biodiversidade e
Florestas SBF, promoveu a execuo deste
estudo com recursos financeiros do Projeto
de Conservao e Utilizao Sustentvel da
Diversidade Biolgica Brasileira (PROBIO).
O MMA, lanou em agosto de 2003
carta consulta selecionando cinco subprojetos para a execuo do levantamento de
informaes sobre a biologia e a ecologia
das espcies exticas invasoras atuais e potenciais, de abrangncia geogrfica nacional, bem como sobre a estrutura existente
no pas para a preveno de introduo e o
controle das espcies invasoras j presentes
no territrio brasileiro. Os cinco subprojetos
se ocuparam dos seguintes temas:
Organismos que afetam o ambiente
terrestre (fauna, flora, microorganismos);
Organismos que afetam guas continentais (fauna, flora, microorganismos);
1
2
21
22
Reviso bibliogrfica
Esta atividade incluiu pesquisas de
material de diversas fontes de informao
que possussem ou no, vnculo cientfico
com organismos exticos invasores. Para
que fosse obtido um sistema operacional
que pudesse atingir este objetivo, as fontes
de informaes foram divididas em grupos
distintos, de forma a facilitar a obteno
dos dados, como aquelas provenientes da
produo cientfica e aquelas provenientes
da produo comercial destes organismos.
Assim, os grupos atravs dos quais organizamos a pesquisa bibliogrfica foram:
a) agentes de disperso dos organismos exticos invasores atuais e invasores
potenciais;
b) comunidade acadmica e cientfica
que estuda os organismos e seus efeitos sobre ecossistemas invadidos;
c) rgos governamentais ou no governamentais que demandam ou realizam
trabalhos com os organismos exticos invasores;
d) outras fontes diversas.
No primeiro grupo, representado pelos
agentes de disperso dos organismos exticos invasores atuais e invasores potenciais,
se concentram entidades com ou sem fins
lucrativos que, devido ao tipo de atividade
exercida, se comportam como agentes de
disperso de espcies exticas invasoras.
Desta maneira, toda instituio responsvel
por pesquisa, reproduo, produo e comercializao de organismos aquticos que
estivesse disponvel em alguma base de dados, foi rastreada e identificada, a princpio,
como potencial dispersor de organismos
exticos invasoras em guas continentais.
No grupo representado pela comunidade acadmica e cientfica que estuda os
organismos e seus efeitos sobre ecossiste-
23
Categorias Genricas
Extica: espcie registrada fora de
sua rea de distribuio original;
Nativa: espcies que vive em sua
regio de origem (em contraste espcie
extica);
Criptognica: espcie de origem
biogeogrfica desconhecida ou incerta. Este
termo deve ser empregado quando no
existe uma evidncia clara de que a espcie
seja nativa ou extica (Carlton, 1996).
24
Esta falta de informaes sobre as espcies exticas foi, muitas vezes, refletida
em suas fichas, onde foi indicada uma carncia de estudos para a especie em questo.
Referncias
AGOSTINHO, A. A.; PELICICE, F. M. & JLIO
JR H. F. Introduo de espcies de peixes
em guas continentais brasileiras: uma sntese. p. 13-24. In: ROCHA, O.; ESPNDOLA,
E. L. G.; FENERICH-VERANI, N.; VERANI,
J. R. & RIETZLER, A. C. Espcies invasoras em guas doces - estudos de caso
e propostas de manejo. Editora Universidade Federal de So Carlos, So Carlos,
SP, 2005a.
CARLTON, J. T. Biological invasions and
cryptogenic species. Ecology, v. 77, v.
1653-1655, 1996.
COLAUTTI, R. I. & MACISAAC, H. J. A neutral terminology to define invasive species. Diversity and Distributions, v. 10,
p. 135-141, 2004.
ISMAEL D.; VALENTI, W. C.; MATSUMURATUNDISI, T. & ROCHA, O. Biodiversidade
do estado de So Paulo, Brasil: Sntese do conhecimento ao final do sculo XX.
FAPESP, So Paulo, 1998.
25
Captulo 3
27
Foto: www.sxc.hu
Resultados
O total de registros sobre espcies
exticas para os ecossistemas aquticos
no Brasil, somando os resultados obtidos a
partir da consulta ampla e da reviso bibliogrfica, alcanou 1612 ocorrncias (Figura
3.1), com destaque para os registros de
peixes (67%) e de moluscos (12%). Estes
registros totalizaram a ocorrncia de 163
diferentes organismos, estando entre estes,
trs hbridos (dois peixes e uma macrfita
aqutica). Dentre as espcies registradas,
1
2
3
tido e validado (n=1612) para os diferentes grupos de organismos nos ecossistemas aquticos
continentais brasileiros.
1
2
3
29
Figura 3.2: Distribuio do nmero de espcies exticas obtido e validado (n=163) para os
diferentes grupos de organismos nos ecossistemas aquticos continentais brasileiros.
Assim, o nmero de organismos
aquticos exticos detectados neste estudo
foi muito superior s 18 espcies apontadas
em 2004, para os ecossistemas brasileiros,
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE 2004).
A figura 3 apresenta um mapa temtico com a distribuio de todos os registros
obtidos para organismos exticos em guas
continentais no Brasil, considerando as unidades de paisagem do pas (Figura 3.3a) e
as bacias hidrogrficas (Figura 3.3b). Com
uma observao mais atenta desta figura,
possvel perceber que h locais de concentrao de ocorrncia de exticos no territrio nacional.
A regio Norte a menos invadida do
pas, seguida pela regio Centro-Oeste.
possvel que o melhor estado de conservao dos sistemas naturais destas duas regies possa estar atuando de duas formas
sobre a disperso de organismos exticos.
A primeira forma seria oferecendo uma
30
Figura 3.3a: Distribuio dos registros obtidos de organismos exticos aquticos para as
guas continentais do territrio nacional, com base nos Domnios Vegetacionais do Brasil. Cada
ponto apresentado no mapa ilustra uma sede municipal com ao menos uma ocorrncia de
organismo extico.
31
Figura 3.3b: Distribuio dos registros obtidos de organismos exticos aquticos para as
guas continentais do territrio nacional, distribudos na rede hidrogrfica brasileira. Cada ponto
apresentado no mapa ilustra uma sede municipal com ao menos uma ocorrncia de organismo
extico.
32
Tabela 3.1: Classificao das espcies nas diferentes categorias de exticos, para os diferentes grupos
de organismos de guas continentais brasileiras estudados.
Contidas
Detectadas
em ambiente
natural
Estabelecida
em ambiente
natural
Criptognicas
Invasoras
Total
Aneldeos
Anfbios
Macrfitas aquticas
12
12
Crustceos
11
Cnidrios
Peixes
77
16
14
109
Microorganismos
12
Moluscos
Nematides
Platelmintos
Grupo de espcies
Rpteis
Total
85
21
39
163
33
Outro aspecto importante o incentivo a pesquisa cientfica sobre espcies exticas. So diversas as reas que carecem de
conhecimento e que devem ser fomentadas
para ampliar o conhecimento e embasar
aes prticas sobre a questo. Embora o
tema esteja presente nas universidades, a
maior parte das pesquisas ainda est voltada para o inventariamento dessas espcies
e poucos so os estudos focados na ecologia
e na fisiologia dos organismos no ambiente
invadido, fundamental para a determinao
do seu potencial invasor.
Referncias
BALTZ, D. M. & MOYLE, P. B. Invasion Resistance to Introduced Species by a Native Assemblage of California Stream Fishes.
Ecological Applications, v. 3, p. 246-255,
1993.
CROWDER, L. B., & COOPER, W. E. Habitat structural complexity and the interaction
between bluegills and their prey. Ecology,
v. 63, p. 1802-1813, 1982.
ELTON C. S. The Ecology of Invasions
by Animals and Plants. 1 ed, Wiley, New
York, USA, 1958.
34
Captulo 4
Microorganismos Aquticos
35
Introduo
Microorganismo uma nomenclatura artificial que, convenientemente, engloba diversos grupos naturais de organismos
com dimenses diminutas que ocorrem virtualmente em todos os hbitats na natureza. Esta definio inclui as bactrias, algas,
leveduras, fungos filamentosos, protozorios, vrus, entre outros organismos. Estima-se que, em escala global, a diversidade
de microorganismos exceda em muito a diversidade de plantas e animais, entretanto, o conhecimento sobre este grupo ainda
muito escasso (Manfio, 2003). De forma
similar, as informaes acerca da diversidade de microorganismos presentes nos
ecossistemas aquticos continentais ainda
so deficientes. No Brasil, so conhecidas
414 espcies de fungos e aproximadamente 10.000 espcies de algas nos ambientes
de gua doce, entretanto, h pouqussima
informao disponvel sobre bactrias, protozorios ou vrus (Rocha, 2003).
Os microorganismos participam e
afetam importantes funes nos processos
ecolgicos, tais como fotossntese, produo de oxignio, ciclagem de matria orgnica, entre outros. O papel das algas nos
ecossistemas aquticos, por exemplo, de
extrema importncia pois so os produtores
primrios destes sistemas (Rocha, 2003).
Dentre as algas, para este estudo, as cianobactrias ou algas cianofceas detm particular interesse, em funo da capacidade
destes organismos produzirem cianotoxinas
o que, associado aos frequentes crescimen-
N de espcies
10
Protozorio
Rotfero
Total
12
37
Cianobactrias
possvel que a maior parte das cianobactrias seja composta por espcies de
ocorrncia pantropical e, portanto, que no
sejam de fato espcies exticas. Frequentemente, essas espcies chamam ateno,
apenas quando ocorre uma alterao nas
condies do corpo dgua onde habitam,
principalmente, em funo de processos de
eutrofizao. Nessas circunstncias, pode
ocorrer uma exploso populacional da espcie, devido elevada disponibilidade de
recursos nutricionais, tais como nitrognio
e fsforo, sendo, ento, visualizadas pela
primeira vez pelas populaes locais.
Na tabela 4.2, so apresentados os
dados do levantamento feito para o Informe
Nacional sobre Espcies Exticas Invasoras,
no qual foram registradas trs espcies do
gnero Anabaena, uma espcie do gnero Cylindrospermopsis, quatro espcies do
gnero Microcystis, uma do gnero Oscillatoria, uma do gnero Planktothrix, uma do
gnero Pseudoanabaena e uma do gnero
Synechocystis.
Tabela 4.2: Espcies de cianobactrias em
guas continentais, com registro de ocorrncia no levantamento do Informe Nacional sobre Espcies Exticas Invasoras.
Gnero
Espcie
Anabaena
A. circinalis
A. planctnica
A. spiroides
Cylindrospermopsis
C. raciborskii
Microcystis
M.
M.
M.
M.
aeruginosa
botrys
protocystis
viridis
Planktothrix
P. mougeotii
Synechocystis
S. aquatilis
38
a eutrofizao do corpo dgua. Este problema dificulta a classificao desses organismos em exticos, exticos invasores ou
em nativos que apresentam problemas associados quando ocorrem em abundncias
populacionais explosivas.
Protozorios
Santos-Wisniewski e colaboradores
(2007), registraram a ocorrncia do dinoflagelado Ceratium furcoide (Protista: Dinophyta) como espcie extica na Represa
de Furnas, em Minas Gerais. Apesar de no
apresentar toxicidade associada ocorrncia desta espcie no ambiente aqutico, os
autores discutem que crescimentos populacionais explosivos, associados elevada
abundncia de nutrientes em ambientes
eutrficos, podem causar mortalidade de
peixes e invertebrados em funo da competio por oxignio.
Rotfero
O rotfero Kellicottia bostoniensis
uma espcie planctnica comum na Amrica
do Norte e foi recentemente introduzido no
Brasil. O tipo de introduo dessa espcie
no Pas foi, possivelmente, no intencional
por meio de embarcaes e, sua disperso
para outras reas, pode ocorrer tambm
por ocasio de enchentes. No momento, a
presena deste rotfero foi confirmada em
trs localidades: no reservatrio de Furnas
(Carmo do Rio Claro) e na lagoa do Nado
(Belo Horizonte) em Minas Gerais e no reservatrio Segredo, no estado do Paran.
39
Tabela 5.3: Classificao dos trs grupos de microrganismos exticos aquticos por estado da
introduo como, espcies exticas contidas, detectadas em ambiente natural, invasoras e criptognicas.
Grupo
Gnero
Espcies
Estado da introduo
Anabaena
Anabaena circinalis
Anabaena planctonica
Anabaena spiroides
Criptognica
Criptognica
Criptognica
Cylindrospermopsis
Cylindrospermopsis raciborski
Invasora
Microcystis
Microcystis
Microcystis
Microcystis
Microcystis
aeruginosa
botrys
protocystis
viridis
Criptognica
Criptognica
Criptognica
Criptognica
Planktothrix
Planktothrix mougeotii
Criptognica
Synechocystis
Synechocystis aquatilis
Criptognica
Protozorio
Ceratium
Ceratium furcoides
Detectada
Rotfero
Kellicottia
Invasora
Cianobactrias
Referncias
MANFIO, G.P. 2003. Microorganisms.
In: BRAZIL. Evaluation of the state of knowledge on biological diversity in Brazil: executive summaty. Natonal Biological Diversity Strategy Project. Brasilia, MMA. 64p.
ROCHA, O. 2003. Freshwater Organisms. In: BRAZIL. Evaluation of the state
of knowledge on biological diversity in Brazil: executive summaty. Natonal Biological
Diversity Strategy Project. Brasilia, MMA.
64p.
40
Reino: Bacteria
Filo: Cyanophyta
Classe: Cyanophyceae
Ordem: Nostocales
Famlia: Nostocaceae
Gnero: Anabaena
Espcie: Anabaena circinalis
Nomes populares
Cianobactria.
Situao Populacional
Espcie criptognica.
41
Lugar de origem
Ainda no definido. A espcie uma cianobactria de gua doce bastante comum, com
isolados identificados provenientes da Europa, Amrica do Norte, Amrica do Sul, sia, frica,
Japo, Nova Zelndia e Austrlia. possvel que seja nativa do Brasil e esteja apresentando
exploses populacionais em funo dos elevados nveis de eutrofizao dos corpos dgua.
Ecologia
As cianobactrias, ou algas cianofceas, so organismos autotrficos, procariotas
e possuem cerca de 150 gneros conhecidos, dos quais 40 so potencialmente txicos.
Floraes de cianobactrias so resultantes do crescimento exponencial de suas clulas,
favorecido pela elevada temperatura e pelo aumento da disponibilidade de fsforo e
nitrognio inorgnico nos corpos dgua. Em geral, as cianobactrias so menos eficientes
na assimilao dos nutrientes disponveis nos corpos dgua que as microalgas (algas verdes
ou diatomceas, por exemplo), mas, em situao de eutrofizao, esta situao pode se
inverter. O grupo das Cianobacterias conhecido por produzir metablitos secundrios
txicos, como as hepatotoxinas, neurotoxinas, saxitoxinas e uma variedade de outros
compostos bioativos. As toxinas so intracelulares, onde permanecem at que a clula
atinja o estado senescente ou morte, ou, sejam liberadas por fatores que provoquem a
ruptura celular. O gnero Anabaena bastante comum no Brasil e possui cinco espcies
associadas produo de toxinas. Algumas de suas neurotoxinas (anatoxina-a e anatoxinaa(S)) so 50 vezes mais txicas que o cianeto de sdio. O gnero Anabaena composto por
espcies preferencialmente de gua doce, mas, s vezes, esto presentes em guas salobras
e marinhas, preferindo tambm corpos de gua fechados, estagnados, estratificados e com
temperatura relativamente elevada.
Tipo de introduo
Informao no disponvel.
Histrico de introduo
Informao no disponvel.
Distribuio geogrfica
Os registros apontam a ocorrncia desta espcie em diversos reservatrios da regio
sul, sudeste, centro-oeste e nordeste do pas. No Rio Grande do Sul, essa espcie foi
registrada em Itapeva, Erechim e na Lagoa dos Patos. No Paran, foi registrada no rio
Paran, prximo ao municpio de Porto Rico. Em So Paulo, foi registrada nos reservatrios
de Jurumirim e Monjolinho, no Paran em Itaipu, e Minas Gerais no reservatrio de So
Simo. Alm disso, foi registrada a ocorrncia de A. circinalis no rio Paraguai, no canal do
Tamento (MS), em lagos marginais do rio Turiac (MA) e na barragem Armando Ribeiro
Gonalves, no Rio Grande do Norte.
42
Distribuio ecolgica
Populaes da espcie geralmente so encontradas em ecossistema aqutico eutrofizado
da Mata Atlntica, Campos Sulinos, Pantanal e Caatinga.
Impactos Ecolgicos
A exploso desta espcie em sistemas eutrofizados causa a mortandade de grande
parte dos organismos da comunidade local. Produz neurotoxinas (saxitoxina e neosaxitoxina)
que podem afetar a vida animal nos ecossistemas aquticos onde ocorrem floraes.
Impactos Scio-econmicos
Esta espcie produz neurotoxinas (saxitoxina e neosaxitoxina) que podem ser prejudiciais
sade humana, principalmente, se seu crescimento estiver associado a represas para
abastecimento e consumo de gua humano. As exploses populacionais de cianobactrias
representam riscos para a sade humana e perdas nas atividades econmicas de cultivo
em todo o mundo. As floraes de cianobactrias podem causar gosto e odor desagradvel,
diminuindo a qualidade da gua em sistemas de abastecimento. As toxinas produzidas pelas
cianobactrias no so retiradas da gua pelos sistemas convencionais de tratamento da
rede pblica de abastecimento e so resistentes fervura. Entretanto, esse problema est
associado com a alta proliferao da espcie em ambientes eutrofizados, o que normalmente
ocorre em funo do aporte excessivo de nutrientes causado pelas atividades no interior e
entorno das represas.
Anlise de risco
A identificao dos organismos causadores das floraes txicas , normalmente, o
melhor mtodo de monitoramento da qualidade da gua, principalmente em regies com
mais aporte de nutrientes (esgotos), mais sujeitas s proliferaes. Estudos neste campo
so conduzidos a partir da identificao das espcies por microscopia e pela identificao das
toxinas por bioensaios. possvel que a espcie seja nativa e simplesmente esteja explodindo
populacionalmente aps a alterao das condies aquticas e produzindo toxinas que podem
prejudicar a sade humana se a gua for para consumo. Alm disto, o crescimento explosivo
da espcie produz gosto e odor desagradvel na gua, podendo causar anoxia e assim
impacto negativo sobre a biodiversidade, matando peixes e outros animais. No h tcnicas
de controle, mas, h tcnicas de preveno que envolvem a reduo do aporte de esgotos
domsticos e industriais e do aporte de nutrientes provenientes de atividades agrcolas ou
aqucolas.
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44
Reino: Bacteria
Filo: Cyanophyta
Classe: Cyanophyceae
Ordem: Nostocales
Famlia: Nostocaceae
Gnero: Anabaena
Espcie: Anabaena planctonica
Nomes populares
Cianobactria.
Situao Populacional
Espcie criptognica.
Lugar de origem
Ainda no definido. possvel que esta espcie seja nativa do Brasil e esteja
apresentando exploses populacionais em funo dos elevados nveis de eutrofizao dos
corpos dgua.
Ecologia
As cianobactrias, ou algas cianofceas, so organismos autotrficos, procariotas
e possuem cerca de 150 gneros conhecidos, dos quais 40 so potencialmente txicos.
Floraes de cianobactrias so resultantes do crescimento exponencial de suas clulas,
favorecidos pela elevada temperatura e pelo aumento da disponibilidade de fsforo e
nitrognio inorgnico nos corpos dgua. Em geral, as cianobactrias so menos eficientes na
assimilao dos nutrientes disponveis nos corpos dgua que as microalgas (algas verdes ou
diatomceas, por exemplo), mas, em situao de eutrofizao, esta situao pode se inverter.
Este grupo conhecido por produzir metablitos secundrios txicos, como as hepatotoxinas,
neurotoxinas, saxitoxinas e uma variedade de outros compostos bioativos. As toxinas so
intracelulares, onde permanecem at que a clula atinja o estado senescente ou morte, ou,
Ambiente de guas Continentais
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sejam liberadas por fatores que provoquem a ruptura celular. O gnero Anabaena bastante
comum no Brasil e possui cinco espcies associadas produo de toxinas. Algumas de suas
neurotoxinas (anatoxina-a e anatoxina-a(S)) so 50 vezes mais txicas que o cianeto de
sdio. O gnero Anabaena composto por espcies preferencialmente de gua doce, mas,
s vezes, esto presentes em guas salobras e marinhas, preferindo tambm corpos de gua
fechados, estagnados, estratificados e com temperatura relativamente elevada.
Tipo de introduo
Informao no disponvel.
Histrico de introduo
Informao no disponvel.
Distribuio geogrfica
Os registros apontaram a ocorrncia desta espcie em diversos reservatrios da regio
sul, sudeste e nordeste do pas. No Rio Grande do Sul, esta espcie foi registrada em Caxias
do Sul e no Paran, foi detectada na plancie de inundao do Alto Paran. Em So Paulo,
houve registros nos reservatrios Billings e Guarapiranga e nas bacias dos rios Piracicaba,
Capivari e Jundia. Em Minas Gerais, a espcie foi detectada na Represa de Furnas no
municpio de Fama, no rio Grande nos municpios de Fronteira e Planura e em Pitangui. No
nordeste, a espcie foi coletada em lagos marginais do rio Turiac (MA).
Distribuio ecolgica
Em ecossistema aqutico eutrofizado da Mata Atlntica, Campos Sulinos e Caatinga.
Impactos ecolgicos
A exploso desta espcie em sistemas eutrofizados causa a mortandade de grande
parte dos organismos da comunidade local. Produz neurotoxinas (saxitoxina e neosaxitoxina)
que podem ser prejudiciais sade humana, principalmente, se seu crescimento ocorrer em
represas para abastecimento e consumo de gua humano. As exploses populacionais de
cianobactrias representam riscos para a sade humana e perdas econmicas em todo o
mundo.
Impactos scio-econmicos
As floraes de cianobactrias podem causar gosto e odor desagradvel, diminuindo a
qualidade da gua em sistemas de abastecimento, inviabilizando o uso e / ou aumentando
o custo de tratamento. As toxinas produzidas pelas cianobactrias no so retiradas da
gua pelos sistemas convencionais de tratamento da rede pblica de abastecimento e so
resistentes fervura. Entretanto, este problema est associado com a alta proliferao
desta espcie em ambientes eutrofizados, o que normalmente ocorre em funo do aporte
excessivo de nutrientes causado pelas atividades no interior ou entorno das represas.
46
Anlise de risco
A identificao dos organismos causadores das floraes txicas , normalmente, o
melhor mtodo de monitoramento da qualidade da gua, principalmente em regies mais
sujeitas s proliferaes. Estudos neste campo so conduzidos a partir da identificao
das espcies por microscopia e pela identificao das toxinas por bioensaios. possvel
que seja nativa e esteja explodindo populacionalmente aps a alterao das condies nos
corpos dgua, produzindo toxinas que podem prejudicar a sade humana se a gua for
para consumo. Considerando que a presena da espcie pode afetar a sade do homem, a
biodiversidade, a pesca e a qualidade da gua dos reservatrios, ela representa elevados
riscos biolgicos, sociais e econmicos.
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Reino: Bacteria
Filo: Cyanophyta
Classe: Cyanophyceae
Ordem: Nostocales
Famlia: Nostocaceae
Gnero: Anabaena
Espcie: Anabaena spiroides
Nomes populares
Cianobactria.
Situao Populacional
Espcie criptognica.
Lugar de origem
Ainda no definido. possvel que esta espcie seja nativa do Brasil e esteja
apresentando exploses populacionais em funo dos elevados nveis de eutrofizao dos
corpos dgua.
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Ecologia
As cianobactrias, ou algas cianofceas, so organismos autotrficos, procariotas
e possuem cerca de 150 gneros conhecidos, dos quais 40 so potencialmente txicos.
Floraes de cianobactrias so resultantes do crescimento exponencial de suas clulas,
favorecidos pela elevada temperatura e pelo aumento da disponibilidade de fsforo e
nitrognio inorgnico nos corpos dgua. Em geral, as cianobactrias so menos eficientes na
assimilao dos nutrientes disponveis nos corpos dgua que as microalgas (algas verdes ou
diatomceas, por exemplo), mas, em situao de eutrofizao, esta situao pode se inverter.
Este grupo conhecido por produzir metablitos secundrios txicos, como as hepatotoxinas,
neurotoxinas, saxitoxinas e uma variedade de outros compostos bioativos. As toxinas so
intracelulares, onde permanecem at que a clula atinja o estado senescente ou morte, ou,
sejam liberadas por fatores que provoquem a ruptura celular. O gnero Anabaena bastante
comum no Brasil e possui cinco espcies associadas produo de toxinas. Algumas de suas
neurotoxinas (anatoxina-a e anatoxina-a(S)) so 50 vezes mais txicas que o cianeto de
sdio. O gnero Anabaena composto por espcies preferencialmente de gua doce, mas,
s vezes, esto presentes em guas salobras e marinhas, preferindo tambm corpos de gua
fechados, estagnados, estratificados e com temperatura relativamente elevada. A. spiroides
uma espcie que se desenvolve em locais de baixa salinidade.
Tipo de introduo
Informao no disponvel.
Histrico de introduo
Informao no disponvel.
Distribuio geogrfica
Os registros obtidos apontaram a ocorrncia desta espcie em diversos reservatrios
na regio sul e sudeste do pas. No Rio Grande do Sul, foi registrada no Rio Grande, em
Itapeva, Itaba, Caxias do Sul e na Lagoa dos Patos. No Paran, foi registrada na represa
Capivara. Em So Paulo, foi registrada no reservatrio de Barra Bonita, na UHE Americana,
nos Reservatrios Billings e Guarapiranga e em um pesque-pague de Descalvado. Em Minas
Gerais, a espcie foi detectada em Pitangui.
Distribuio ecolgica
Em ecossistema aqutico eutrofizado da Mata Atlntica e Campos Sulinos.
Impactos ecolgicos
Esta espcie produz neurotoxinas (saxitoxina e neosaxitoxina) que podem ser prejudiciais
sade humana, principalmente, se seu crescimento estiver associado a represas para
abastecimento e consumo de gua humano. As exploses populacionais de cianobactrias
representam riscos para a sade humana e perdas econmicas em todo o mundo.
49
Impactos scio-econmicos
As floraes de cianobactrias podem causar gosto e odor desagradvel, diminuindo a
qualidade da gua em sistemas de abastecimento. As toxinas produzidas pelas cianobactrias
no so retiradas da gua pelos sistemas convencionais de tratamento da rede pblica de
abastecimento e so resistentes fervura. Entretanto, este problema est associado com a
alta proliferao desta espcie em ambientes eutrofizados, o que normalmente ocorre em
funo do aporte excessivo de nutrientes causado pelas atividades de entorno de represas.
Anlise de risco
A identificao dos organismos causadores das floraes txicas , normalmente, o
melhor mtodo de monitoramento da qualidade da gua, principalmente em regies mais
sujeitas s proliferaes. Estudos neste campo so conduzidos a partir da identificao das
espcies por microscopia e pela identificao das toxinas por bioensaios. possvel que a
espcie seja nativa e esteja explodindo populacionalmente aps a alterao das condies
nos corpos dgua, produzindo. toxinas que podem prejudicar a sade humana se a gua
for para consumo. Alm disto, o crescimento explosivo da espcie produz gosto e odor
desagradvel na gua, podendo causar impacto sobre a biodiversidade, matando peixes e
outros animais. Considerando que a presena da espcie pode afetar a sade do homem,
a biodiversidade, a pesca e a qualidade da gua dos reservatrios, ela representa elevados
riscos biolgicos, sociais e econmicos.
50
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Reino: Bacteria
Filo: Cyanobacteria
Classe: Cyanophyceae
Ordem: Nostocales
Famlia: Nostocaceae
Gnero: Cylindrospermopsis
Espcie: Cylindrospermopsis raciborskii
Nomes populares
Cianobactria.
Situao populacional
Espcie extica invasora, atual.
Lugar de origem
Java
Ecologia
Floraes de C. raciborskii tm sido cada vez mais frequentes em reservatrios
brasileiros, o que torna a espcie uma das mais importantes componentes das comunidades
fitoplanctnicas. Sua alta competitividade em ambientes eutrofizados, aliada sua
capacidade de formar floraes e produzir toxinas, a tornam uma das cianobactrias mais
estudadas tanto do ponto de vista ecolgico, como de sade pblica. O sucesso ecolgico de
C. raciborskii est diretamente relacionado aos seguintes fatores: capacidade de migrao
na coluna dgua, tolerncia baixa luminosidade, habilidade em utilizar fontes internas de
fsforo, alta afinidade com fsforo e amnio, capacidade de fixar nitrognio atmosfrico,
resistncia herbivoria pelo zooplncton, alta capacidade de disperso (acinetos resistentes,
disperso por cursos de rios, aves, barcos etc.) e sobrevivncia em condies levemente
salinas. Esta cianobactria capaz de persistir em ambientes com quantidades limitantes de
52
fsforo, o que geralmente causa a substituio de outras espcies de algas por esta. Duas
das toxinas produzidas pela espcie so a cilindrospermopsina, um alcalide com ao no
fgado e rins e a potente toxina paralisante do tipo PSP (Paralytic Shellfish Poisons), que age
no sistema neuro-muscular.
Tipo de introduo
Informao no disponvel.
Histrico de introduo
No Brasil, o primeiro relato da ocorrncia de C. raciborskii foi feito por Palmer (1969)
para o Lago Parano em Braslia. Apenas na dcada de 80 surgiram referncias da ocorrncia
da espcie para outras regies do Brasil. SantAnna et al. (1988), a registraram para a
represa de Serraria, SP e Torgan & Garcia (1989), para a Lagoa dos Patos, RS. A grande
expanso na distribuio de C. raciborskii deu-se a partir da dcada de 90 e continua at
os dias atuais, coincidindo com o aumento da eutrofizao dos sistemas aquticos nas mais
diversas regies do pas. H indcios de que o forte evento El Nio, no perodo de 1997 a
1998, tenha tambm favorecido o estabelecimento desta espcie em outras regies do pas.
Estudos moleculares indicam similaridade entre cepas presentes no Brasil e nos Estados
Unidos, o que pode estar relacionado ao histrico de introduo da espcie no pas.
Distribuio geogrfica
Os registros apontam a ocorrncia desta espcie no Rio Grande do Sul (na bacia
dos Sinos e do Ca, no municpio de So Francisco de Paula e na represa do rio Duro, no
municpio de Camaqu); no Paran (na represa dos Alagados, municpio de Ponta Grossa e
na plancie de inundao do alto rio Paran); em Santa Catarina (na lagoa do Peri); em So
Paulo (na represa Taraupeba, na represa Billings, no lago das Garas no Parque Estadual das
Fontes do Ipiranga na capital, alm de registros nos municpios de Amparo e Itaquacetuba
e na bacia dos rios Piracicaba, Capivari e Jundia); em Minas Gerais (em lagoas urbanas
de Confins, no reservatrio de Furnas e reservatrio de Alfenas, em Carmo do Rio Claro,
na represa Vargem das Flores, nos rios Pomba e Paraibuna). Alm disso, h registros da
espcie no Distrito Federal (lago Parano, em Braslia); em Gois (reservatrio de Corumb,
em Caldas Novas); em Pernambuco (reservatrio Tapacur e reservatrio da Ingazeira); no
Maranho, (em lagoas marginais do rio Turiau e na barragem Armando Ribeiro Gonalves);
(reservatrio de Cruzeta e reservatrio Marechal Dutra), no Rio Grande do Norte.
53
Distribuio ecolgica
A espcie encontrada em ecossistema aqutico lntico ou lticos de grande porte,
especialmente, naqueles eutrofizados. Esta espcie est amplamente difundida no sul,
sudeste, centro-oeste e nordeste do Brasil. Isso , nos biomas Campos Sulinos, Mata
Atlntica, Pantanal, Cerrado e Caatinga, locais onde frequentemente ocorrem exploses
populacionais (floraes).
Impactos ecolgicos
A exploso populacional da espcie em sistemas eutrofizados causa a mortandade
de grande parte dos organismos. Alm disso, aparentemente uma cianobactria bastante
resistente e produz metablitos secundrios associados alelopatia, o que est alterando
tambm a comunidade fitoplanctnica em diversos ambientes invadidos. Produz neurotoxinas
(saxitoxina e neosaxitoxina), que podem ser prejudiciais sade humana, principalmente,
se seu crescimento estiver associado a represas para abastecimento e consumo de gua
humano.
Impactos scio-econmicos
As floraes de cianobactrias podem causar gosto e odor desagradvel, diminuindo a
qualidade da gua em sistemas de abastecimento. As toxinas produzidas pelas cianobactrias
no so retiradas da gua pelos sistemas convencionais de tratamento da rede pblica de
abastecimento e so resistentes fervura, exigindo, assim sistemas mais sofisticados e
mais caros para o tratamento. Entretanto, a alta proliferao desta espcie est associada
a ambientes eutrofizados, o que normalmente ocorre em funo do aporte excessivo de
nutrientes causado pelas atividades no entorno das represas.
Anlise de risco
A espcie produz toxinas que alteram o gosto e o odor da gua e que podem prejudicar
seriamente a sade humana, principalmente, quando sua ocorrncia est associada a
reservatrio dgua para consumo humano. Exploses populacionais desta cianobactria
tambm podem resultar na mortandade de grande parte dos organismos dos ambientes
aquticos, alm de alterarem a comunidade fitoplanctnica dos ambienes invadidos. Desta
forma, a introduo da espcie representa riscos ambientais ( fauna e flora), riscos sociais
(relativos ao fornecimento de gua) e econmicos (referentes ao aumento do custo de
tratamento da gua). As exploses populacionais desta espcie j representam um srio
problema enfrentado por diversos pases. O controle populacional e a preveno destes
problemas envolvem a reduo do aporte de esgotos domsticos e industriais e do aporte de
nutrientes de atividades agrcolas.
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Reino: Bacteria
Filo: Cyanobacteria
Classe: Cyanophyceae
Ordem: Chroococales
Famlia: Microcystaceae
Gnero: Microcystis
Espcie: Microcystis aeruginosa
Nomes populares
Cianobactria, verdete.
Situao Populacional
Espcie criptognica.
Lugar de origem
Ainda no definido. possvel que esta espcie seja nativa e esteja apresentando
exploses populacionais em funo dos elevados nveis de eutrofizao dos corpos dgua. A
espcie j foi registrada em diversos continentes.
Ecologia
As cianobactrias, ou algas cianofceas, so organismos autotrficos, procariotas
e possuem cerca de 150 gneros conhecidos, dos quais 40 so potencialmente txicos.
Floraes de cianobactrias so resultantes do crescimento exponencial de suas clulas,
favorecidos pela elevada temperatura e pelo aumento da disponibilidade de fsforo e
56
Tipo de introduo
Informao no disponvel.
Histrico de introduo
Informao no disponvel.
Distribuio geogrfica
Os registros apontaram a ocorrncia desta espcie em reservatrios da regio sul,
sudeste e nordeste do pas. No Rio Grande do Sul, a espcie foi registrada na Lagoa dos
Patos e em Caxias do Sul. Em So Paulo, foi registrada no reservatrio das Garas, lagoa
Jacarepagu, reservatrio de Taiaupeba, Guarapiranga, Barra Bonita e lago Monte Alegre,
Ribeiro Preto e, em Minas Gerais, no reservatrio de Funil. Alm disso, a espcie foi
registrada no esturio de Manguaba, estado de Alagoas; reservatrio de Tapacura, no Cear
e no reservatrio de Marechal Dutra, no Rio Grande do Norte.
Distribuio ecolgica
Em ecossistema aqutico eutrofizado dos biomas Mata Atlntica, Campos Sulinos e
Ecossistema Costeiro.
Impactos ecolgicos
A exploso desta espcie em sistemas eutrofizados causa toxicidade e morte de
parte dos organismos, principalmente, microcrustceos. Produz hepatotoxinas que podem
ser prejudiciais sade humana, principalmente, se seu crescimento estiver associado a
represas para abastecimento e consumo de gua humano. Os sintomas observados em
animais aps a inoculao destas toxinas foram diarria, convulses, fraqueza muscular,
taquicardia, entre outros.
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Impactos scio-econmicos
As floraes de cianobactrias podem causar gosto e odor desagradvel na gua,
diminuindo a qualidade em sistemas de abastecimento. As toxinas produzidas pelas
cianobactrias no so retiradas da gua pelos sistemas convencionais de tratamento
da rede pblica de abastecimento e so resistentes fervura. Entretanto, este problema
est associado com a alta proliferao desta espcie em ambientes eutrofizados, o que
normalmente ocorre em funo do aporte excessivo de nutrientes, causado pelas atividades
no entorno de represas. Entretanto, j foi demonstrado que a ocorrncia de outras espcies
exticas Dreissena polymorpha, na Amrica do Norte pode facilitar a ocorrncia e a
dominncia de M. aeruginosa no sistema aqutico, mesmo com baixa disponibildade de
nutrientes dissolvidos. Este tipo de interao entre organismos exticos pode complicar
ainda mais os processos de controle e conteno de invases, bem como, do controle de
perda da qualidade de gua em reservatrios.
Anlise de risco
A espcie produz toxinas que alteram o gosto e o odor da gua e podem prejudicar a sade
humana. Alm disso, estas toxinas podem matar boa parte dos organismos, principalmente,
em ambientes que favorecem o seu crescimento explosivo. Sua ocorrncia representa,
portanto, riscos ambientais ( fauna e flora do corpo dgua onde se encontram), riscos
sociais (relativos ao fornecimento de gua) e econmicos (referentes ao custo aumentado
do tratamento). A reduo do aporte de esgotos domsticos e industriais e do aporte de
nutrientes de atividades agrcolas deve estar entre as principais alternativas de preveno.
58
PORFIRIO, Z.; RIBEIRO, M. P.; ESTEVAM, C. S.; HOULY, R. L. S.; SANTANA, A. E. G. Hepatosplenomegaly caused by an extract of cyanobacterium Microcystis aeruginosa bloom collected in the Manguaba Lagoon, Alagoas - Brazil. Revista de Microbiologia, 30 (3): 278285, 1999.
RAIKOW, D. F.; SARNELLE, O.; WILSON, A. E.; HAMILTON, S. K. Dominance of the noxious
cyanobacterium Microcystis aeruginosa in low-nutrient lakes is associated with exotic zebra
mussels. Limnology and Oceanography, 49(2): 482-487, 2004.
REYNOLDS, C. S.; HUSZAR, V. L. M.; KRUK, C.; FLORES, L. N.; MELO, S. Towards a functional classification of the freshwater phytoplankton. Journal of Plankton Research, 24:
417-428, 2002.
SANTANNA, C. L.; AZEVEDO, M. T. D. Contribution to the knowledge of potentially toxic Cyanobacteria from Brazil. Nova Hedwigia, 71 (3-4): 359-385m, 2000.
SANTANNA, C. L.; AZEVEDO, M. T. P.; SENNA, P. A. C.; KOMREK, J.; KOMRKOV, J.
Planktic Cyanobacteria from So Paulo State, Brazil: Chroococcales. Revista Brasileira de
Botnica, 27 (2): 213-227, 2004.
59
Situao Populacional
Espcie criptognica.
Lugar de origem
Ainda no definido. possvel que esta espcie seja nativa e esteja apresentando
exploses populacionais em funo dos elevados nveis de eutrofizao dos corpos dgua. A
espcie j foi registrada em diversos continentes.
Ecologia
As cianobactrias, ou algas cianofceas, so organismos autotrficos, procariotas
e possuem cerca de 150 gneros conhecidos, dos quais 40 so potencialmente txicos.
Floraes de cianobactrias so resultantes do crescimento exponencial de suas clulas,
favorecidos pela elevada temperatura e pelo aumento da disponibilidade de fsforo e
nitrognio inorgnico nos corpos dgua. Em geral, as cianobactrias so menos eficientes
na assimilao dos nutrientes disponveis nos corpos dgua que as microalgas (algas verdes
ou diatomceas, por exemplo), mas, em corpos dgua eutrofizados, esta situao pode
se inverter. O grupo conhecido por produzir metablitos secundrios txicos, como as
hepatotoxinas, neurotoxinas, saxitoxinas e uma variedade de outros compostos bioativos. As
toxinas so intracelulares, onde permanecem at que a clula atinja o estado senescente ou
morte, ou, sejam liberadas por fatores que provoquem a lise celular. Microcystis o gnero
de Chroococcales mais comum no Brasil e produz, frequentemente, microcystinas, que so
hepatotoxinas responsveis pela intoxicao e necrose nos rins. Por ser frequentemente
confundida com M. aeruginosa, M. botrys deve apresentar uma distribuio geogrfica mais
ampla do que tem sido relatado na literatura.
60
Tipo de introduo
Informao no disponvel.
Histrico de introduo
Informao no disponvel.
Distribuio geogrfica
Reservatrio de Americana, em So Paulo. Fora do Brasil, esta espcie frequentemente
registrada na sia, mas, tambm j foi registrada na Europa e Austrlia.
Distribuio ecolgica
Em ecossistema aqutico eutrofizado da Mata Atlntica.
Impactos ecolgicos
A exploso desta espcie em sistemas eutrofizados pode causar toxicidade e morte de
parte dos organismos, principalmente, microcrustceos. Produz hepatotoxinas que podem
ser prejudiciais sade humana, principalmente, se seu crescimento estiver associado a
represas para abastecimento e consumo de gua humano. Os sintomas observados em
animais aps a inoculao destas toxinas foram diarria, convulses, fraqueza muscular,
taquicardia, entre outros.
Impactos scio-econmicos
As floraes de cianobactrias podem causar gosto e odor desagradvel na gua,
diminuindo a qualidade em sistemas de abastecimento. As toxinas produzidas pelas
cianobactrias no so retiradas da gua pelos sistemas convencionais de tratamento
da rede pblica de abastecimento e so resistentes fervura. Entretanto, este problema
est associado com a alta proliferao desta espcie em ambientes eutrofizados, o que
normalmente ocorre em funo do aporte excessivo de nutrientes causado pelas atividades
no entorno das represas.
Anlise de risco
Esta espcie produz toxinas que alteram o gosto e o odor da gua e podem prejudicar a
sade humana. Alm disso, estas toxinas podem matar parte dos organismos, principalmente,
em ambientes que favorecem o crescimento explosivo da espcie. Representam, portanto,
riscos ambientais ( fauna e flora do corpo dgua onde se encontram), riscos sociais (relativos
a interrupo do fornecimento de gua) e econmicos (referentes ao custo aumentado
do tratamento dgua e o comprometimento da produo, dos sistemas de cultivos da
aquicultura). A reduo do aporte de esgotos domsticos e industriais e do aporte de
nutrientes de atividades agrcolas deve estar entre as principais alternativas de preveno.
Ambiente de guas Continentais
61
62
Reino: Bacteria
Filo: Cyanobacteria
Classe: Cyanophyceae
Ordem: Chroococales
Famlia: Microcystaceae
Gnero: Microcystis
Espcie: Microcystis protocystis
Nomes populares
Cianobactria, verdete.
Situao Populacional
Espcie criptognica.
Lugar de origem
Ainda no definido. possvel que seja nativa e esteja apresentando exploses
populacionais em funo dos elevados nveis de eutrofizao dos corpos dgua. A espcie j
foi registrada tambm no Vietnan.
Ecologia
As cianobactrias, ou algas cianofceas, so organismos autotrficos, procariotas
e possuem cerca de 150 gneros conhecidos, dos quais 40 so potencialmente txicos.
Floraes de cianobactrias so resultantes do crescimento exponencial de suas clulas,
favorecidos pela elevada temperatura e pelo aumento da disponibilidade de fsforo e
nitrognio inorgnico nos corpos dgua. Em geral, as cianobactrias so menos eficientes
na assimilao dos nutrientes disponveis nos corpos dgua que as microalgas (algas verdes
ou diatomceas, por exemplo), mas, em situao de eutrofizao, esta situao pode se
Ambiente de guas Continentais
63
inverter. Este grupo conhecido por produzir metablitos secundrios txicos, como as
hepatotoxinas, neurotoxinas, saxitoxinas e uma variedade de outros compostos bioativos. As
toxinas so intracelulares, onde permanecem at que a clula atinja o estado senescente ou
morte, ou, sejam liberadas por fatores que provoquem a lise celular. Microcystis o gnero de
Chroococcales mais comum no Brasil. Microcystis o gnero de Chroococcales mais comum
no Brasil e produz, frequentemente, microcystinas, que so hepatotoxinas responsveis
pela intoxicao e necrose nos rins. As colnias de M. protocystis, por apresentar aspecto
semelhante a colnias senescentes de outras espcies, podem apresentar distribuio
geogrfica mais ampla do que o relatado na literatura.
Tipo de introduo
Informao no disponvel.
Histrico de introduo
Informao no disponvel.
Distribuio geogrfica
Foi detectada em um lago e em um pesqueiro dentro da cidade de So Paulo, na
represa Billings, na represa Guarapiranga e no reservatrio de Americana, no estado de So
Paulo. No Paran, foi detectada na praia artificial de Entre Rios do Oeste no reservatrio de
Itaipu. Tambm foi detectada na barragem Armando Ribeiro Gonalves, no Rio Grande do
Norte.
Distribuio ecolgica
Em ecossistema aqutico eutrofizado dos biomas Mata Atlntica e Caatinga.
Impactos ecolgicos
A exploso desta espcie em sistemas eutrofizados causa toxicidade e morte de
parte dos organismos. Produz hepatotoxinas que podem ser prejudiciais sade humana,
principalmente, se seu crescimento estiver associado a represas para abastecimento e
consumo de gua humano. Os sintomas observados em animais aps a inoculao destas
toxinas foram diarria, convulses, fraqueza muscular, taquicardia, entre outros.
Impactos scio-econmicos
As floraes de cianobactrias podem causar gosto e odor desagradvel na gua,
diminuindo a qualidade da mesma em sistemas de abastecimento. As toxinas produzidas
pelas cianobactrias no so retiradas da gua pelos sistemas convencionais de tratamento
da rede pblica de abastecimento e so resistentes fervura. Entretanto, este problema
est associado com a alta proliferao desta espcie em ambientes eutrofizados, o que
normalmente ocorre em funo do aporte excessivo de nutrientes causado pelas atividades
de entorno de represas.
64
Anlise de risco
Esta espcie produz toxinas que alteram o gosto e o odor da gua e podem prejudicar
a sade humana. Alm disso, estas toxinas podem matar boa parte dos organismos,
principalmente, em ambientes que favorecem o crescimento explosivo da espcie.
Representam, portanto, riscos ambientais ( fauna e flora do corpo dgua onde se
encontram), riscos sociais (relativos ao fornecimento de gua) e econmicos (referentes ao
custo aumentado do tratamento). A reduo do aporte de esgotos domsticos e industriais
e do aporte de nutrientes de atividades agrcolas deve estar entre as principais alternativas
de preveno.
65
Situao Populacional
Espcie criptognica.
Lugar de origem
Ainda no definido. possvel que seja nativa e esteja apresentando exploses
populacionais em funo dos elevados nveis de eutrofizao dos corpos dgua. A espcie j
foi registrada em outros continentes.
Ecologia
As cianobactrias, ou algas cianofceas, so organismos autotrficos, procariotas
e possuem cerca de 150 gneros conhecidos, dos quais 40 so potencialmente txicos.
Floraes de cianobactrias so resultantes do crescimento exponencial de suas clulas,
favorecidos pela elevada temperatura e pelo aumento da disponibilidade de fsforo e
nitrognio inorgnico nos corpos dgua. Em geral, as cianobactrias so menos eficientes
na assimilao dos nutrientes disponveis nos corpos dgua que as microalgas (algas verdes
ou diatomceas, por exemplo), mas, em situao de eutrofizao, esta situao pode se
inverter. Este grupo conhecido por produzir metablitos secundrios txicos, como as
hepatotoxinas, neurotoxinas, saxitoxinas e uma variedade de outros compostos bioativos.
As toxinas so intracelulares, onde permanecem at que a clula atinja o estado senescente
ou morte, ou, sejam liberadas por fatores que provoquem a lise celular. Microcystis o
gnero de Chroococcales mais comum no Brasil e produz, frequentemente, microcystinas,
que so hepatotoxinas responsveis pela intoxicao e necrose nos rins.
66
Tipo de introduo
Informao no disponvel.
Histrico de introduo
Informao no disponvel.
Distribuio geogrfica
Esta espcie foi detectada em Minas Gerais, no reservatrio da Pampulha e na represa
Vargem das Flores em Belo Horizonte, no reservatrio de Furnas, nas cidades de Carmo
do Rio Claro, Alfenas e Fama, no rio Grande, nos municpios de Fronteira e Planura e em
ribeires em Montes Claros e Ub, no reservatrio de Billings em So Paulo, em lagoas
marginais do rio Turiau, no Maranho e no reservatrio de Utinga, no Par.
Distribuio ecolgica
Em ecossistema aqutico eutrofizado dos biomas Mata Atlntica, Cerrado, Caatinga e
Amaznia.
Impactos ecolgicos
A exploso desta espcie em sistemas eutrofizados causa toxicidade e morte de
parte dos organismos. Produz hepatotoxinas que podem ser prejudiciais sade humana,
principalmente, se seu crescimento estiver associado a represas para abastecimento e
consumo de gua humano. Os sintomas observados em animais aps a inoculao destas
toxinas foram diarria, convulses, fraqueza muscular, taquicardia, entre outros.
Impactos scio-econmicos
As floraes de cianobactrias podem causar gosto e odor desagradvel na gua,
diminuindo a qualidade da mesma em sistemas de abastecimento. As toxinas produzidas
pelas cianobactrias no so retiradas da gua pelos sistemas convencionais de tratamento
da rede pblica de abastecimento e so resistentes fervura. Entretanto, este problema
est associado com a alta proliferao desta espcie em ambientes eutrofizados, o que
normalmente ocorre em funo do aporte excessivo de nutrientes causado pelas atividades
do entorno de represas.
Anlise de risco
Esta espcie produz toxinas que alteram o gosto e o odor da gua e podem prejudicar
a sade humana. Alm disso, estas toxinas podem matar boa parte dos organismos,
principalmente, em ambientes que favorecem o crescimento explosivo da espcie.
Representam, portanto, riscos ambientais ( fauna e flora do corpo dgua onde se
encontram), riscos sociais (relativos ao fornecimento de gua) e econmicos (referentes ao
custo aumentado do tratamento). A reduo do aporte de esgotos domsticos e industriais
e do aporte de nutrientes de atividades agrcolas deve estar entre as principais alternativas
de preveno.
Ambiente de guas Continentais
67
68
Situao Populacional
Espcie criptognica.
Lugar de origem
Ainda no definido. possvel que esta espcie seja nativa e esteja apresentando
exploses populacionais em funo dos elevados nveis de eutrofizao dos corpos dgua.
Ecologia
As cianobactrias, ou algas cianofceas, so organismos autotrficos, procariotas
e possuem cerca de 150 gneros conhecidos, dos quais 40 so potencialmente txicos.
Floraes de cianobactrias so resultantes do crescimento exponencial de suas clulas,
favorecidos pela elevada temperatura e pelo aumento da disponibilidade de fsforo e
nitrognio inorgnico nos corpos dgua. Em geral, as cianobactrias so menos eficientes
na assimilao dos nutrientes disponveis nos corpos dgua que as microalgas (algas verdes
ou diatomceas, por exemplo), mas, em situao de eutrofizao, esta situao pode se
inverter. Este grupo conhecido por produzir metablitos secundrios txicos, como as
hepatotoxinas, neurotoxinas, saxitoxinas e uma variedade de outros compostos bioativos.
As toxinas so intracelulares, onde permanecem at que a clula atinja o estado senescente
ou morte, ou, sejam liberadas por fatores que provoquem a lise celular.
Tipo de introduo
Informao no disponvel.
69
Histrico de introduo
Nos ltimos cinco anos, esta espcie comeou a ser detectada em alguns reservatrios
do pas.
Distribuio geogrfica
Esta espcie foi detectada no lago Guaba, em Porto Alegre no estado do Rio Grande
do Sul, na bacia dos rios Piracicaba, Capivari e Jundia no estado de So Paulo e em lagos
marginais do rio Turiau, no Maranho.
Distribuio ecolgica
Em ecossistema aqutico eutrofizado dos biomas Mata Atlntica, Campos Sulinos e
Caatinga.
Impactos ecolgicos
A exploso desta espcie em sistemas eutrofizados causa toxicidade e morte dos
organismos que vivem nos corpos dgua. Produz toxina do tipo microcystinas que podem
ser prejudiciais sade humana, principalmente, se seu crescimento estiver associado a
represas para abastecimento e consumo de gua humano.
Impactos scio-econmicos
As floraes de cianobactrias podem causar gosto e odor desagradvel na gua,
diminuindo a qualidade da gua em sistemas de abastecimento. As toxinas produzidas
pelas cianobactrias no so retiradas da gua pelos sistemas convencionais de tratamento
da rede pblica de abastecimento e so resistentes fervura. Entretanto, este problema
est associado com a alta proliferao desta espcie em ambientes eutrofizados, o que
normalmente ocorre em funo do aporte excessivo de nutrientes causado pelas atividades
no entorno de represas.
Anlise de risco
Esta espcie produz toxinas que alteram o gosto e o odor da gua e podem prejudicar
a sade humana. Alm disso, estas toxinas podem matar boa parte dos organismos,
principalmente, em ambientes que favorecem o crescimento explosivo da espcie.
Representam, portanto, riscos ambientais ( fauna e flora do corpo dgua onde se
encontram), riscos sociais (relativos ao fornecimento de gua) e econmicos (referentes ao
custo aumentado do tratamento). A reduo do aporte de esgotos domsticos e industriais
e do aporte de nutrientes de atividades agrcolas deve estar entre as principais alternativas
de preveno.
70
71
Reino: Bacteria
Filo: Cyanobacteria
Classe: Cyanophyceae
Ordem: Chroococales
Famlia: Merismopediaceae
Gnero: Synechocystis
Espcie: Synechocystis aquatilis
Nomes populares
Cianobactria.
Situao Populacional
Espcie criptognica.
Lugar de origem
Ainda no definido. possvel que esta espcie seja nativa e esteja apresentando
exploses populacionais em funo dos elevados nveis de eutrofizao dos corpos dgua. A
espcie j foi registrada em outros continentes.
Ecologia
As cianobactrias, ou algas cianofceas, so organismos autotrficos, procariotas
e possuem cerca de 150 gneros conhecidos, dos quais 40 so potencialmente txicos.
Floraes de cianobactrias so resultantes do crescimento exponencial de suas clulas,
favorecidos pela elevada temperatura e pelo aumento da disponibilidade de fsforo e
nitrognio inorgnico nos corpos dgua. Em geral, as cianobactrias so menos eficientes
na assimilao dos nutrientes disponveis nos corpos dgua que as microalgas (algas verdes
ou diatomceas, por exemplo), mas, em situao de eutrofizao, esta situao pode se
inverter. Este grupo conhecido por produzir metablitos secundrios txicos, como as
hepatotoxinas, neurotoxinas, saxitoxinas e uma variedade de outros compostos bioativos. As
toxinas so intracelulares, onde permanecem at que a clula atinja o estado senescente ou
morte, ou, sejam liberadas por fatores que provoquem a lise celular. S. aquatilis tolerante a
72
contaminao por zinco e outros metais pesados. Apresenta hepatotoxinas. Seu crescimento
est associado a baixos nveis de razo N/P, pH elevado e baixa transparncia na coluna
dgua.
Tipo de introduo
Informao no disponvel.
Histrico de introduo
Informao no disponvel.
Distribuio geogrfica
Esta espcie foi detectada na lagoa da Barra, lagoa Rodrigo de Freitas, lagoa de
Saquarema, no municpio do Rio de Janeiro, na Baa de Sepetiba (municpios do Rio de
Janeiro, Mangaratiba e Itagua) e na Lagoa da Barra em Maric. Em So Paulo, foi detectada
nas bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundia, no lago Monte Alegre em Ribeiro Preto e
na bacia hidrogrfica do ribeiro Lajeado, em Penpolis e tambm foi detectada na plancie
de inundao do alto rio Paran, no estado do Paran.
Distribuio ecolgica
Em ecossistema aqutico eutrofizado, da Mata Atlntica e Ecossistema Costeiro.
Impactos ecolgicos
A exploso desta espcie em sistemas eutrofizados causa toxicidade e morte dos
organismos. Causou a mortalidade de peixes na lagoa da Barra, RJ. Produz toxina do
tipo hepatotoxinas que podem ser prejudiciais sade humana, principalmente, se seu
crescimento estiver associado a represas para abastecimento e consumo de gua humano.
Impactos scio-econmicos
As floraes de cianobactrias podem causar gosto e odor desagradvel na gua,
diminuindo a qualidade da mesma em sistemas de abastecimento. As toxinas produzidas
pelas cianobactrias no so retiradas da gua pelos sistemas convencionais de tratamento
da rede pblica de abastecimento e so resistentes fervura. Entretanto, este problema est
associado com a alta proliferao da espcie em ambientes eutrofizados, o que normalmente
ocorre em funo do aporte excessivo de nutrientes causado pelas atividades de entorno de
represas.
73
Anlise de risco
Esta espcie produz toxinas que alteram o gosto e o odor da gua e podem prejudicar
a sade humana. Alm disso, estas toxinas podem matar boa parte dos organismos,
principalmente, em ambientes que favorecem o crescimento explosivo da espcie.
Representam, portanto, riscos ambientais ( fauna e flora do corpo dgua onde se
encontram), riscos sociais (relativos ao fornecimento de gua) e econmicos (referentes ao
custo aumentado do tratamento).
74
Situao Populacional
Espcie extica detectada em ambiente natural.
Lugar de origem
Informao no disponvel. Porm, a espcie encontrada mais comumente na Eursia
e no Oriente.
Ecologia
A ocorrncia de C. furcoides parece ser facilitada pela eutrofizao dos corpos dgua.
A abundncia da espcie foi positivamente correlacionada com a concentrao de fsforo
e carbono total e, aparentemente, a espcie competiu melhor com as cianobactrias do
que outras espcies planctnicas, possivelmente, em funo de sua capacidade de migrar
verticalmente na gua. O gnero Ceratium considerado no txico, apesar de sua
impalatabilidade, mas, sua presena em abundncias elevadas considerada perigosa,
em funo da diminuio de nutrientes disponveis. Na Tailndia e no Japo, crescimentos
explosivos da espcie causaram elevada mortalidade de peixes, aparentemente, em funo
da diminuio de oxignio dissolvido.
75
Tipo de introduo
Informao no disponvel.
Histrico de introduo
A espcie foi detectada em 15, das 37 estaes de coleta do reservatrio de Furnas,
em Minas Gerais, em maro de 2007.
Distribuio geogrfica
A espcie foi detectada no reservatrio de Furnas, bacia do rio Grande, em Minas
Gerais. C. furcoides muito similar a C. hirundinella e exploses populacionais desta j
foram observadas em vrios corpos dgua de regies tropicais, como por exemplo, na
Argentina, frica do Sul e Austrlia. Desta forma, possvel que a distribuio geogrfica
esteja subestimada em funo de erros na determinao de espcies do grupo.
Distribuio ecolgica
Em ecossistema aqutico eutrofizado da Mata Atlntica.
Impactos ecolgicos
O estabelecimento e crescimento populacional de C. furcoides parece ser facilitado
por processos de eutrofizao dos cursos dgua e o crescimento excessivo da espcie pode
reduzir acentuadamente recursos importantes para a sobrevivncia de outros organismos,
entre eles, peixes.
Impactos scio-econmicos
Informao no disponvel.
Anlise de risco
O estabelecimento e crescimento populacional de C. furcoides parece ser facilitado
por processos de eutrofizao dos cursos dgua e o crescimento excessivo da espcie pode
reduzir acentuadamente recursos importantes para a sobrevivncia de outros organismos da
fauna, entre eles, peixes. A espcie pode representar, portanto, riscos ambientais ( fauna
e flora do corpo dgua onde se encontram). No h estudos demonstrando riscos sociais ou
econmicos associados presena da espcie no ambiente natural. A reduo do aporte de
esgotos domsticos e industriais e do aporte de nutrientes de atividades agrcolas deve estar
entre as principais alternativas de preveno.
76
77
Situao populacional
Espcie extica invasora, atual.
Lugar de origem
Amrica do Norte.
Ecologia
uma espcie planctnica de vida livre. Ocorre variao sazonal na abundncia desta
espcie em ambiente tropical, ocorrendo as menores taxas na estao seca e o pico de
abundncia na estao chuvosa, o que pode estar relacionado ao aumento do aporte de
nutrientes neste perodo, uma vez que a alimentao da espcie envolve detritos, pequenas
algas e bactrias. K. bostoniensis parece ser bastante oportunista e sua abundncia
aumenta no perodo em que outras espcies competitivamente superiores no conseguem
se desenvolver bem, tais como, Daphnia spp. A distribuio da espcie no Brasil parece estar
aumentando bastante e sua ocorrncia parece ser favorecida pelo processo de eutrofizao
avanado em diversos corpos dgua.
78
Tipo de introduo
No intencional. Alguns trabalhos sugerem que a ampla distribuio global atual da
espcie deva ser resultante da troca de gua de lastro de navios.
Histrico de introduo
Sua introduo no Brasil parece ter ocorrido a partir de aves e embarcaes que
circulam entre a Amrica do Norte e o Brasil.
Distribuio geogrfica
No estado do Paran, foi detectado no reservatrio de Segredo e nas plancies de
inundao do rio Paran. Foi detectada tambm em Minas Gerais, na lagoa do Nado, na
cidade de Belo Horizonte, no reservatrio Vrzea das Flores em Betim e na bacia do rio
Grande, reservatrio de Furnas. Em So Paulo, foi detectada no reservatrio de Salto Grande,
em Americana. possvel que sua rea de ocorrncia no Brasil seja ainda mais ampla do
que a detectada.
Distribuio ecolgica
Urbana e periurbana, em corpos dgua eutrofizados da Mata Atlntica.
Impactos ecolgicos
Aparentemente, uma espcie oportunista e cresce em condies especficas que
surgem durante o perodo de chuvas. Esta estratgia tambm usada por vrias espcies
planctnicas nativas, como outros rotferos, o que sugere que K. bostoniensis possa ser um
forte competidor com estas espcies, j que est tendo um rpido aumento em sua rea de
ocorrncia e na abundncia nos ambientes invadidos.
Impactos scio-econmicos
Informao no disponvel.
Anlise de risco
A distribuio conhecida da espcie no Brasil parece ser ainda restrita, mas, sua
rpida disperso por diversos locais no mundo mostra que a espcie pode representar riscos
ambientais, especialmente, sobre a estrutura da comunidade zooplanctnica dos locais
invadidos. No h estudos que possibilitem produzir uma previso de riscos econmicos
e riscos sociais. No se conhecem tambm estudos sobre o controle da espcie aps sua
invaso, mas, a reduo do aporte de nutrientes em corpos dgua auxiliaria este processo.
79
80
Captulo 5
Cnidrios Lmnicos
81
Introduo
O filo Cnidaria formado por animais
relativamente simples, com aproximadamente 11 mil espcies descritas (daly et
al., 2007; haddad, 2006; entre outros), que
compreende os corais, guas vivas, anmonas do mar e as hidras. So essencialmente
marinhos, com poucos representantes de
gua doce.
So animais diploblsticos, de simetria radial primria. O eixo ntero-posterior
da larva torna-se o eixo oral-aboral do adulto e a boca, nica abertura corporal, rodeada por tentculos. As espcies unem-se
pela habilidade de sintetizar um produto celular altamente complexo, a cnida, organela
em forma de cpsula com um tbulo interno
eversvel. O tipo de cnida comum a todos
os cnidrios o nematocisto, presente em
grande quantidade na epiderme dos tentculos. A conhecida irritao causada pelas
guas-vivas deve-se aos nematocistos, que
descarregam substncias txicas quando
os tentculos tocam a pele. Desse atributo,
derivou o nome Cnidaria, da palavra grega knide, urtiga, que arde, queima, irrita. A
presena das cnidas indica a condio monofiltica de Cnidaria (haddad, 2006).
O plano corporal apresenta-se em dois
padres bsicos, o plipo e a medusa. Os
plipos tpicos so bentnicos e tm forma
1
2
3
4
2
83
Os Cnidaria dividem-se em dois grupos monofilticos, Anthozoa, com uma nica classe, e Medusozoa, reunindo as demais
classes Hydrozoa, Scyphozoa, Cubozoa e
Staurozoa (marques & collins, 2004). As espcies de Anthozoa so exclusivamente polipides, enquanto os Medusozoa tm como
condio ancestral a presena da medusa
e do plipo no ciclo de vida (metagnese
ou alternncia de geraes). Os plipos se
reproduzem assexuadamente e as medusas
tm gnadas, representando, tipicamente,
a fase sexuada do ciclo de vida. Durante a
evoluo dos Hydrozoa, vrias alteraes
secundrias ocorreram neste ciclo de vida:
em vrias espcies, gneros, ou mesmo famlias, as medusas no so liberadas, formando gonforos fixos, e em outras, o plipo ou a medusa esto ausentes. A classe
Hydrozoa compreende cerca de 3.500 espcies, sendo a nica presente em ambientes
de gua doce. Os hidrozorios, de modo geral, so formas coloniais polimrficas com
ciclo de vida metagentico, porm, existem
espcies que no apresentam estgio polipide, outras em que esta fase se apresenta
sob a forma de um pequeno plipo, como
o caso dos gneros de gua doce Gonionemus e Craspedacusta, e as hidras, que
no produzem medusas (ruppert & barnes,
1996).
A diversidade global de hidrozorios
de guas interiores baixa, contendo cerca
de 40 espcies pertencentes a grupos filogeneticamente distintos, que possivelmente
representam independentes eventos de invaso da gua doce (jankowski, 2008). So
eles: as comuns e cosmopolitas hidras (12
15 espcies); as medusas que ocorrem
esporadicamente (6 16 spp); o Cordylophorinae (2 spp); o parasita Polypodium (1
sp); medusas que ocorrem em lagos salinos
(4 spp). Cnidrios de gua doce habitam
quase todos os continentes (exceto Antrtica), mas somente algumas espcies tm
84
Tabela 5.1: Espcies exticas de cnidrios de gua doce reportadas para o Brasil e sua situao
populacional. Inv. = Invasora; Est. = Estabelecida; Det.= Detectada; Crip. = Criptognica.
Classe
Hydrozoa (Huxley, 1856)
Famlia
Espcie
Clavidae
Cordylophora caspia
(Pallas, 1771)
Olindiidae
Craspedacusta swerbyi
(Lankaster, 1880)
Inv.
Est.
Det.
Crip.
85
Tabela 5.2: Regio de origem das espcies de cnidrios de gua doce introduzidas no Brasil
Classe
Famlia
Espcie Detectada
Clavidade
Cordylophora caspia
(Pallas 1771)
Olindiidae
Craspedacusta swerbyi
(Lankaster, 1880)
Mar Cspio e
Mar Negro
China - Rio
Yangtze
x
x
Tabela 5.3: Vetores de disperso potenciais e atuais para as espcies de cnidrios de gua doce
introduzidos no Brasil. AL: gu de Lastro; A: Aquariofilia; AV: Aves Migratrias; IN: Incrustrao; AQ: Aquicultura; SC: Sem Comprovao.
Espcies
Detectadas
86
Vetores Potenciais
AL
Cordylophora caspia
(Pallas 1771)
Craspedacusta sowerbii
(Lankaster, 1880)
Vetores Atuais
AV
IN
AQ
SC
AL
AV
IN
AQ
SC
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87
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88
89
Reino: Animalia
Filo: Cnidaria
Classe: Hydrozoa
Ordem: Hydroida
Famlia: Clavidae
Gnero: Cordylophora
Espcie: Cordylophora caspia
Nomes populares
Hidrozorio, hidride.
Situao populacional
Espcie extica invasora, atual.
90
Lugar de origem
Mar Cspio e Mar Negro, entre o continente europeu e o asitico.
Ecologia
A espcie pode ser encontrada sobre conchas, algas, pedras e vrios objetos submersos
(cordero, 1941; roos, 1979). Os hidroides so predadores passivos, que capturam as presas
trazidas pelas correntes quando elas esto ao seu alcance (gili & hughes, 1995). Em seus
tentculos encontram-se os nematocistos, que imobilizam e matam a presa e a levam
boca para alimentao. A dieta desses animais varia, mas, basicamente, inclui zooplncton
como microcrustceos, principalmente coppodes, oligoquetos e uma variedade de larvas e
pequenos adultos de diversos invertebrados. Sobrevivem a temperaturas entre 8C e 30C,
porm a temperatura tima de crescimento e desenvolvimento encontra-se entre 18C e
26C. Abaixo ou acima desse patamar h um crescimento mais lento da colnia (fulton 1962;
folino & indelicato, 2005). Essa temperatura tima pode variar muito, conforme a regio e
salinidade da gua. Alm de apresentarem reproduo sexuada, por meio de gonforos,
tambm se reproduzem assexuadamente, por meio da disperso de pequenos fragmentos
de tecido, que se soltam da colnia ou do substrato e alcanam grandes distncias. Nesta
fase, observa-se grande resistncia tanto a temperaturas extremas quanto seca. Esses
fragmentos permanecem na coluna dgua em fase de latncia, at que as condies
ambientais se tornem novamente favorveis, quando, ento, a colnia volta a se desenvolver
(roos, 1979). Por esta grande capacidade de adaptao e reproduo, C. caspia pode ser
considerada um animal potencialmente invasor. A espcie consegue invadir uma gama de
ambientes por ser capaz de ajustar suas necessidades ecolgicas e fisiolgicas (smith et al.,
2002).
Tipo de introduo
A introduo da espcie foi no intencional, possivelmente via gua de lastro ou
aderidas em cascos de navios e hoje por disperso natural encontra-se presente em diferentes
bacias.
91
Histrico de introduo
No considerando o Brasil, o primeiro registro da espcie, na Amrica do Sul, data de
1923, no esturio do rio da Prata, na Argentina e mais tarde, em 1941, foi registrada sua
ocorrncia na margem oposta do esturio do rio da Prata, no Uruguai (CORDERO, 1941).
No Brasil, h um relato de roch (1924), citando seu registro por van Beneden, no Rio de
Janeiro, em meados do sculo XIX, tal registro considerado por silveira & boscolo (1996)
como duvidoso. haddad & nakatami (1996) encontraram a espcie em 1991, no Rio Paran,
considerando, este, seu primeiro registro. Em 1996, a espcie foi assinalada no Estado de
So Paulo, no rio Escuro, em Ubatuba. Mais recentemente, em 2007, colnias de C. caspia
foram encontradas em Itatiaia, Rio de Janeiro, na usina hidreltrica de Funil (grohmann,
2008). Novamente no estado do Paran, a espcie foi encontrada no rio Iguau, em 2004,
nos reservatrios das usinas hidreltricas de Salto Caxias, Segredo e Salto Santiago (lactec,
2008). Seu ltimo registro ocorreu na regio norte do pas, em 2009, na usina hidreltrica
de Tucuru, estado do Par (lactec, 2010).
Distribuio geogrfica
A espcie j foi assinalada em vrios estados: Paran, no reservatrio da usina
hidreltrica de Itaipu, no rio Paran, municpio de Foz do Iguau; no rio Iguau, nos
reservatrios das usinas hidreltricas Governador Jos Richa - Salto Caxias, e Governador
Ney Braga - Segredo (COPEL) e usina de Salto Santiago e Salto Osrio (Tractebel Energia);
So Paulo, no rio Escuro, Ubatuba; Rio de Janeiro, no reservatrio da Usina Hidreltrica
de Funil, Itatiaia (Furnas Centrais Eltricas), abastecida com gua do rio Paraba do Sul e no
Par, no reservatrio da usina hidreltrica de Tucuru.
Distribuio ecolgica
Ecossistemas aquticos naturais e artificiais. Esta espcie encontra-se, provavelmente,
disseminada por todo o Brasil, mas so poucos os registros de sua ocorrncia, possivelmente
devido falta de conhecimento sobre a espcie e pequena quantidade de pesquisas voltadas
ao grupo.
Impactos ecolgicos
No h estudos especficos abordando as alteraes ambientais causadas pela invaso
de C. caspia, mas possvel presumir que, como consequncia de sua introduo, em se
tratando de um organismo oportunista C. caspia acabe colonizando rapidamente os diversos
substratos que poderiam ser essenciais para a instalao de espcies nativas, alterando a
composio das comunidades, competindo por alimento e substrato. Fora do Brasil, j foi
citada colonizando conchas do mexilho-zebra, Dreissena polymorpha, comprometendo sua
respirao e filtrao (walton, 1996, folino et al., 2006), fato que pode vir a ser observado em
92
Impactos scio-econmicos
O crescimento descontrolado desta espcie ocasiona obstrues em tubulaes e
queda na eficincia nos sistemas de troca trmica de usinas hidreltricas, fazendo com que,
muitas vezes, o sistema permanea inoperante por longos perodos, gerando altos custos de
manuteno.
Anlise de risco
A espcie possui reproduo sexuada e fase larval livre-natante, que pode ocorrer na
coluna dgua. Apresenta, tambm, reproduo assexuada e, aliada prpria caracterstica
de alguns hidrozorios polipides, a permanncia em latncia em condies desfavorveis.
Conseguindo se regenerar a partir de simples fragmentos de alguma parte da colnia,
Cordylophora caspia apresenta disperso eficaz e considerada uma espcie de fcil
introduo em novos ambientes. Assim, a espcie representa um elevado risco ecolgico,
econmico e social. Contudo so ainda escassos os estudos sobre a espcie, merecendo
maior ateno os fatos ligados sua distribuio e disperso.
93
BORGES, Aspectos do ciclo de vida da espcie invasora Cordylophora caspia (CNIDARIA) no reservatrio da usina hidreltrica Governador Jos Richa, rio Iguau,
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95
Reino: Animalia
Filo: Cnidaria
Classe: Hydrozoa
Ordem: Limnomedusae
Famlia: Olindiidae
Gnero: Craspedacusta
Espcie: Craspedacusta sowerbii
Observao: Fritz et al., 2007 comenta que o nome vlido C. sowerbii, de acordo com a
descrio de Lankester.
Nome popular
gua viva, medusa de gua doce.
Situao populacional
Espcie detectada em ambiente natural e provavelmente invasora. Apesar de haver
pouco conhecimento e pesquisas sobre a espcie, possvel presumir que a sua presena,
em locais distintos de sua origem, possa causar interferncia no ecossistema local por meio
de competio por alimento e espao, bem como alterao na composio e abundncia de
espcies do plncton que so por ela predadas.
96
Lugar de origem
Provavelmente China, na sia, embora sua origem tenha sido considerada da Amrica
do Sul (Amaznia), sugeriu-se na dcada de 1950, que sua origem a bacia do Rio
Yangtsekiang, na China (kramp 1950; fritz et al., 2007).
Ecologia
Craspedacusta sowerbii ocupa uma variedade de habitats de gua doce. Na China
habita normalmente piscinas rasas, ao longo do rio Yangtze, s vezes coexistindo com
outra espcie cogenrica, C. sinensis. Nesse ambiente, mudanas no nvel de gua, na
temperatura e nas populaes de plncton, expem a gua-viva a flutuaes populacionais.
Quando introduzida, C. sowerbii mais comumente encontrada em guas rasas, lentas ou
estagnadas de ambientes artificiais, tais como pequenas lagoas ornamentais, reservatrios,
escavaes em pedreiras, entre outros (pennak, 1956). Nos Estados Unidos, tambm foi
registrada em sistemas de grandes rios, incluindo os rios Ohio e Tennessee, mas geralmente
no so vistos em ambientes de fluxo rpido. Geralmente aparecem no final do vero,
no hemisfrio Norte, e agosto e setembro so meses de pico de gua-viva em lagos
mornos e com recurso alimentar abundante (mckercher et al., 2010). As guas-viva flutuam
ou nadam, suavemente, logo abaixo da superfcie da gua, sendo facilmente visveis a
olho nu, frequentemente aparecendo em grande nmero (blooms) em dias ensolarados.
Os plipos vivem sobre superfcies subaquticas como razes de plantas, rochas ou
troncos de rvore. As microscpicas colnias de plipos se alimentam e se reproduzem
assexuadamente, por frstulas, diviso transversal e podocistos, formando novos plipos.
Durante os meses de primavera e vero, formam, por brotamentos, os gonforos ou brotos
de medusas. Estes gonforos se desprendem do plipo e crescem, tornando-se guasvivas. As medusas reproduzem-se sexuadamente. Os ovos fertilizados evoluem para larvas
plnula que, ao assentarem, originam os plipos. Nos Estados Unidos, entretanto, a maioria
das populaes dessas guas-vivas so femininas ou masculinas; portanto, a reproduo
sexual provavelmente rara (peard, 2005). O aparecimento das medusas de C. sowerbii
tem sido descrito como espordico e imprevisvel. Muitas vezes, aparece em grande nmero
em locais onde nunca foram encontrados antes. No ano seguinte, podem estar ausentes
e no reaparecer at vrios anos mais tarde. Tambm possvel aparecerem uma nica
vez e nunca mais aparecerem no mesmo corpo de gua. Durante o Inverno, os plipos se
contraem, tornando-se elementos latentes denominados podocistos, capazes de sobreviver
a baixas temperaturas. Alguns cientistas acreditam que a espcie transportada de um lago
para outro na forma de podocisto, em plantas aquticas, por animais aquticos, ou talvez
nas patas de aves. Quando as condies so favorveis, os podocistos se desenvolvem em
plipos e continuam o ciclo de vida. No Brasil, silva & roche (2007) citam a ocorrncia da
espcie em abril de 2006, que corresponde ao final da estao chuvosa no estado do Mato
Grosso do Sul, quando a gua tem elevados nveis de material suspenso provenientes da
rea circundante, usada para a cultura extensiva de gado. A anlise fsico-qumica da gua
onde coletaram as medusas indica um sistema meso-eutrofizado (mckercher et al., 2010;
peard, 2005).
97
Tipo de introduo
No intencional, possivelmente junto com plantas exticas ornamentais utilizadas em
aqurios e parques, ou transporte de podocistos juntamente com a gua.
Histrico de introduo
De acordo com silva & roche (2007), o primeiro registro para o Brasil e Amrica do
Sul de gliesch (1930), em Porto Alegre (conforme citado em sawaia, 1957). Depois desta
data, a espcie j foi citada em oito estados brasileiros, na forma de medusa: Rio Grande do
Sul, Paran, So Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Gois e Tocantins
(detalhes em silveira & schlenz, 1999 e silva & roche, 2007).
Distribuio geogrfica
A medusa de Craspedacusta sowerbii foi primeiramente descrita por Lankester, com
base em exemplares coletados em 1880 em tanques de vitria-rgia no Regents Park,
Londres. Plipos descobertos na Filadlfia foram inicialmente descritos como uma espcie
distinta e, mais tarde, determinados como uma forma de C. sowerbii . Atualmente comum
em climas temperados e subtropicais, em quase todo o mundo, ocorrendo com frequncia na
Amrica do Norte e Sul, Europa, sia e Austrlia . Embora haja registros em locais tropicais,
incluindo o arquiplago do Hava, Mxico e frica do Sul, sua extenso e status em climas
tropicais no so bem conhecidos (mckercher et al., 2010).
Distribuio ecolgica
Ecossistemas aquticos naturais e artificiais, em regies urbanas e rurais.
Impactos ecolgicos
No h estudos especficos abordando os impactos ambientais causadas pela introduo
de C. sowerbii, mas possvel presumir que, em grandes quantidades, a espcie venha a
interferir diretamente no ecossistema local, uma vez que medusas so predadoras ativas e,
quando moderadamente abundantes, podem ser um fator-chave que influencia a dinmica
populacional do zooplncton (moreno-leon & ortega-rubio, 2009). Organismos do zooplncton
so afetados, principalmente coppodes e tambm ovos e larvas de peixes so consumidos
pelos plipos e medusas.
Impactos scio-econmicos
No foram encontrados registros no Brasil ou em outros pases. H poucos registros
da espcie no Brasil, possivelmente devido falta de conhecimento e inexistncia de
pesquisas voltadas ao grupo.
98
Anlise de risco
A espcie pode ser transportada na forma de podocisto, em plantas aquticas, por
animais aquticos, ou talvez nas patas de aves. Nesta fase, difcil identificar sua presena.
Quando as condies so favorveis, os podocistos se desenvolvem em plipos e continuam
o ciclo de vida. Desta forma, a espcie representa um alto risco, porm os estudos sobre
C. sowerbii so escassos e merecem maior ateno aos fatos ligados sua distribuio e
disperso.
http://
PENNAK, R. W., Coelentera. In: Fresh-water invertebrates of the United States: Protozoa to Mollusca, 3rd ed. Wiley, New York, pp 110127, 1989, 628 pp
99
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Paulo (FAPESP), So Paulo, Brazil.
100
Captulo 6
Helmintos e Aneldeos
101
Introduo
medida que a globalizao da economia e o comrcio internacional se expandem, aumenta tambm o nmero de
introdues no intencionais de espcies,
por diferentes vias (Torchin et al., 2002).
Isso tem sido demonstrado em pesquisas e
estudos, como o trabalho de Carlton & Geller (1993) que analisando a gua de lastro
de navios cargueiros, em Coos Bay, Oregan
USA, estes autores encontraram um mnimo de 367 taxa distintos, o que os levou
estimativa de que, em um nico dia, mais
de 3.000 espcies podem atravessar os
oceanos e viajar de um continente a outro.
Outra via no intencional de introdues de
espcies exticas, ocorre atravs da associao de patgenos a espcies importantes
para o comrcio internacional, que podem
carregar consigo parasitas.
Populaes de espcies introduzidas
em novas reas tendem a apresentar menor nmero de parasitas do que suas populaes de origem em funo de diversos fatores (Torchin et al. 2003): i) as introdues
ocorrem a partir de um pequeno conjunto de
indivduos da populao nativa, diminuindo
a probabilidade da introduo associada de
parasitas; ii) muitas espcies de parasitas
apresentam ciclos de vida complexos, com
mais de um hospedeiro e, muitas vezes,
apenas parte das espcies hospedeiras foram introduzidas na nova rea e iii) a introduo pode ocorrer atravs de propgulos
em estgios de vida mais resistentes ou que
1
2
1
2
103
Tab 6.1: Filo, classe e situao populacional das espcies de parasitas introduzidas em ecossistemas aquticos continentais brasileiros em funo do comrcio internacional de peixes.
Filo
Classe
Espcie
Annelida
Hirudinea
Barbronia weberi
Extica detectada em
ambiente natural
Arthropoda
Maxillopoda
(Crustacea)
Lernaea cyprinacea*
Extica invasora
Nematoda
Phasmida
Camallanus cotti
Bothriocephalus acheilognathi
Diphyllobothrium latum
Platyhelminthes
Cestoda
104
Situao populacional
105
Font, W.F. Parasites of Hawaiian stream fishes: sources and impacts. In: Biology of
Hawaiian Streams and Estuaries. Evenhuis,
N.L. & Fitzsimons, J.M. (eds.). Bishop Museum Bulletim in Cultural and Environmental Studies, 3, p. 157-169, 2007.
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106
107
Situao populacional
Espcie extica contida em ambiente artificial.
Lugar de origem
China e Leste da Rssia.
Ecologia
uma espcie parasita de peixes e pode causar elevados danos ao animal parasitado
em funo das altas densidades que atinge, cerca de 20 a 40 parasitas por peixe. Peixes
mais velhos (de aproximadamente dois anos) podem apresentar densidades ainda maiores,
com mais de 300 parasitas por indivduo. Sua ao parasita resulta em anemia nos peixes,
podendo causar a morte dos indivduos. A infeco ocorre a partir da ingesto de larvas procercdias, cujo hospedeiro intermedirio um cyclopoidea (Crustacea: Copepoda) de vida
livre.
108
Tipo de introduo
No intencional.
Histrico da introduo
B. acheilognathi foi visualizado em indivduos de carpas Cyprinus carpio carpio importados da Europa.
Distribuio geogrfica
No existem registros da espcie em ambiente natural, mas, foi detectada em tanques
de cultivo no Paran e conversas com aquariofilistas sugerem que ela tambm ocorra em
peixes vendidos em So Paulo.
Distribuio ecolgica
reas urbanas e periurbanas, em tanques de cultivo de peixes e contida em aqurios
em lojas de venda de animais de estimao.
Impactos ecolgicos
Esta espcie pode causar danos piscicultura, j que parasita da carpa, espcie
difundida nos criadouros em todo o Brasil. Este verme foi introduzido nos Estados Unidos
h mais de 20 anos e , atualmente, o maior problema para a criao de carpas, porque os
custos associados atividade aumentaram em funo de medidas sanitrias para impedir a
translocao da espcie para novas regies.
Impactos scio-econmicos
Bothriocephalus acheilognathi parasita da carpa, C. carpio carpio e, no h relatos
sobre outras espcies de peixes parasitadas por este verme, no Brasil. Entretanto, em outros
locais, houve registro da sua ao parasitria sobre outras espcies. No Hawa, a espcie j
foi detectada em Poecilia reticulata, P. mexica e Xiphophorus hellerii. De qualquer forma,
possvel que esta venha causar danos futuros piscicultura. Este verme foi introduzido nos
Estados Unidos h mais de 20 anos e , atualmente, o maior problema para a criao de carpas, porque os custos associados atividade aumentaram em funo de medidas sanitrias
para impedir a translocao da espcie para novas regies.
Anlise de risco
A disperso de B. acheilognathi est associada ao cultivo de peixes e, portanto, a
ambientes fragmentados, apesar de bastante difundidos pelo pas. No h estudos sobre a
velocidade de sua disperso e nem sobre o possvel ataque deste parasita a outras espcies,
incluindo espcies nativas. A infeco por esta espcie ocasiona perdas econmicas piscicultura no pas, pois, causa anemia nos indivduos afetados. Cuidados sanitrios, incluindo
o uso de anti-helmnticos, deveriam ser empregados nos sistemas de venda e transporte de
peixes pelo pas.
109
110
Situao populacional
Espcie extica contida em ambiente artificial.
Lugar de origem
Sudeste, Sul e Leste da sia.
Ecologia
uma espcie parasita de peixes, principalmente, cyprinoformes e pode causar danos ao animal parasitado em funo de leses intestinais severas, inflamaes e anemia,
podendo levar inclusive a morte. No apresenta forte especificidade por hospedeiros, mas,
aparentemente este parasita necessita de um coppoda ciclopidea como hospedeiro intermedirio. Alguns trabalhos, entretanto, sugerem que em aqurio, a espcie completou seu
ciclo de vida sem a presena deste hospedeiro intermedirio. Em seu habitat nativo, a espcie apresenta alteraes sazonais na abundncia populacional, entretanto, este padro no
foi observado no Hawa, o que pode estar relacionado ao clima mais estvel nesta regio. A
taxa de infeco de peixes por este parasita est diretamente relacionada ao tamanho corporal dos mesmos.
Tipo de introduo
Possivelmente no intencional.
Histrico da introduo
A distribuio geogrfica ampla da espcie no mundo parece ter ocorrido em funo do
comrcio e translocao de peixes entre diferentes bacias hidrogrficas no mundo.
111
Distribuio geogrfica
A espcie j foi detectada em diversas regies do mundo, tais como, Hawa, Europa,
Amrica do Norte e Austrlia. No Brasil, ela foi detectada em peixes comprados no Rio de
Janeiro, provenientes do estado de So Paulo, mas, ainda no foi detectada em ambiente
natural.
Distribuio ecolgica
Em reas urbanas, C. cotti foi registrada em aqurios e lojas de animais. A espcie
foi registrada em indivduos do guppy (Poecilia reticulata) e do beta (Betta splendens),
comprados em uma loja de animais de estimao, em Niteri, estado do Rio de Janeiro. Os
peixes comprados, entretanto, eram provenientes de uma fazenda localizada no estado de
So Paulo.
Impactos ecolgicos
Esta espcie parasita de diversos peixes cypriniformes, mas, no Brasil ela foi observada parasitando o guppy (Poecilia reticulata) e o beta (Betta splendens). No h relatos de
outras espcies parasitadas por este verme no Brasil, como ocorre em outros pases.
Impactos scio-econmicos
Esta espcie pode causar danos piscicultura e ao aquarismo, j que parasita de peixes comercializados para estas duas atividades. Os danos piscicultura esto relacionados
ao aumento dos custos associados com a criao e transporte de peixes comerciais.
Anlise de risco
A disperso de C. cotti est associada a cultivos de peixes e, portanto, a ambientes
fragmentados, apesar de bastante difundidos pelo pas. No h estudos sobre a velocidade
de sua disperso e nem sobre o possvel ataque deste parasita a outras espcies, incluindo
espcies nativas. A infeco por esta espcie pode causar perdas econmicas piscicultura
e ao aquarismo no pas. Cuidados sanitrios, incluindo o uso de anti-helmnticos, deveriam
ser empregados nos sistemas de venda e transporte de peixes pelo pas.
112
113
Situao populacional
Espcie extica contida em ambiente artificial.
Lugar de origem
Hemisfrio Norte, provavelmente, Europa e sia.
Ecologia
uma espcie parasita de peixes e de carnvoros piscvoros, incluindo diversos mamferos e o homem. As cpsulas ovgeras so depositadas na gua, junto com as fezes, de
onde eclode uma oncosfera livre-natante e ciliada (coracdeo), aps aproximadamente dez
dias de desenvolvimento. O coracdio ingerido por crustceos coppodos, onde ele penetra
na parede intestinal e se desenvolve dentro da hemocele em uma procercide. Quando o coppodo ingerido por um peixe de gua doce, o procercide penetra no intestino do peixe e
migra para os msculos estriados, onde se transforma em um metacestodo, conhecido neste
estgio como plerocercide. O plerocercide se desenvolve em uma solitria adulta, quando
ingerido por um hospedeiro definitivo.
114
Tipo de introduo
No intencional.
Histrico da introduo
At 2004, apenas trs casos de difilobotriose j tinha sido registrados no Brasil, todos
eles associados a viagens internacionais. No entanto, a partir de 2004, pelo menos 13 casos
da doena foram registrados na cidade de So Paulo, um caso em Salvador e outro em Braslia. Esse histrico de casos est levando a difilobotriose ao status de doena emergente
no Brasil.
Distribuio geogrfica
A espcie no foi detectada em ambiente natural, mas, ocorreram casos de difilobotriose (infeco por D. latum em humanos), em So Paulo (SP), Salvador (BA) e Braslia
(DF), aparentemente, associados ingesto de alimento contendo peixe cru. No h registros, entretanto, de D. latum em peixes cultivados no Brasil.
Distribuio ecolgica
reas urbanas, a espcie foi registrada em pessoas contaminadas, aps o consumo de
peixe cru.
Impactos ecolgicos
No h registro de D. latum em peixes vivos, sejam cultivados ou em sistemas naturais, no Brasil.
Impactos scio-econmicos
D. latum pode causar danos piscicultura j que parasita de peixes comercializados
nesta atividade. A espcie pode ainda, parasitar o trato intestinal de humanos, resultando
na doena denominada difilobotriose. A doena pode ocorrer de forma assintomtica, mas
tambm, pode causar incmodos, dores abdominais e diarria. Se no tratado, o parasita
pode persistir no trato intestinal por at 25 anos.
115
Anlise de risco
A disperso de D. latum est associada ao cultivo de peixes e, apesar de ainda no
ter sido registrada em espcies cultivadas no Brasil, o comrcio de espcimes originados de
regies mais frias aumenta o risco da introduo da espcie. A infeco por esta, em seres
humanos, causa a difilobotriose. Cuidados sanitrios, o que inclui o uso de substncias antihelmnticas, devem ser mantidos nos sistemas de cultivo de peixes, principalmente, para
espcies utilizadas no preparo de alimentos, que utilizam a carne sem cozimento.
116
117
Reino: Animalia
Filo: Annelida
Classe: Hirudinea
Ordem: Arhynchobdellida
Famlia: Salifidae
Gnero: Barbronia
Espcie: Barbronia weberi
Nomes populares
Sanguessuga.
Situao populacional
Espcie extica detectada em ambiente natural.
Lugar de origem
A espcie tem distribuio original no Sudeste da China, Afeganisto e a regio do
Paquisto at Java.
118
Ecologia
Esta sanguessuga ocorre tanto em pequenos crregos dgua como em lagos e lagoas,
podendo tambm ocorrer em ambientes eutrofizados. Alimenta-se de invertebrados aquticos como moluscos, crustceos e insetos e utiliza macrfitas aquticas como substrato, o
que pode facilitar sua disperso. A espcie possui hbito predatrio, apresenta uma elevada
taxa reprodutiva e tolerncia a uma ampla variedade de condies abitica.
Tipo de introduo
Introduo no intencional, em funo de sua associao com macrfitas comercializadas como organismos ornamentais nas prticas de aquarismo.
Histrico da introduo
O primeiro registro da espcie no Brasil foi feito por Pamplin & Rocha (2000) no rio
Atibaia, em So Paulo. Uma vez que a espcie utiliza macrfitas aquticas como substrato,
sua introduo em diversas regies do mundo foi provavelmente no intencional, ligada introduo de plantas associadas ao aquarismo. Em 2006, Pamplin e colaboradores relataram
a ocorrncia desta sanguessuga extica na represa de Americana, em So Paulo.
Distribuio geogrfica
A espcie foi detectada no rio Atibaia e na represa de Americana, no estado de So
Paulo.
Distribuio ecolgica
Ecossistemas aquticos naturais no bioma da Mata Atlntica.
Impactos ecolgicos
No h estudos detalhados sobre possveis impactos causados pela espcie em ambiente natural, no Brasil. Entretanto, as caractersticas bionmicas da espcie sugerem que
ela possa representar impactos negativos para a fauna aqutica local.
Impactos scio-econmicos
Nenhum descrito para o Brasil.
119
Anlise de risco
No h informaes detalhadas para a elaborao de uma anlise de risco sobre a
espcie e, ainda no houve descrio de impactos decorrentes da introduo da espcie no
Brasil. Entretanto, possvel que venha causar impactos sobre as espcies nativas dos ambientes onde foi detectada, em funo de suas elevadas taxas de crescimento populacional
e seu hbito predatrio.
120
Captulo 7
Moluscos Lmnicos
121
Introduo
Os moluscos lmnicos desempenham
importante papel nos ecossistemas aquticos, em diferentes nveis trficos podendo
ser carnvoros, predadores, herbvoros raspadores e filtradores. Apresentam grande
importncia econmica, pois muitas espcies so usadas como alimento desde os
primrdios da evoluo humana mediante
a extrao de estoques naturais, e mais recentemente em cultivos (aquicultura).
Em relao aos ambientes limncos,
estima-se a existncia de 490 espcies de
gua doce, sendo 117 bivalves e 373 gastrpodes (Simone, 2006). Os bivalves nativos, por serem filtradores, desempenham
importante papel na manuteno da dinmica dos ambientes lmnicos (MMA, 2008),
inclusive servem como bioindicadores de
qualidade ambiental em guas continentais.
A degradao dos ambientes aquticos e a destruio dos habitats naturais,
por atividades antrpicas, vm provocando
o desaparecimento de muitas espcies. As
principais fontes de ameaa biodiversidade nativa so a alterao de habitats e a introduo de espcies exticas (Cox, 1999),
cujos efeitos so globais, refletindo-se na
homogeneizao da fauna (Cowie, 2001).
A introduo intencional ou no intencional de espcies exticas em comunidades e ecossistemas, aos quais eles no pertencem (exticos), tem levado extino
de muitas espcies nativas, a modificaes
relevantes nas cadeias trficas e no balano
123
Alm da preocupao quanto perda de biodiversidade, h tambm a preocupao com a possibilidade de transmisso
de patgenos, portanto, com implicaes
sade pblica no Brasil.
Espcies exticas de gastrpodes
tambm foram introduzidas no pas, a
exemplo de Physa acuta (potencial hospedeira de Fasciola heptica e Echinostoma
spp.) e Melanoides tuberculatus (potencial
hospedeiro intermedirio de trematdeos
de importncia mdica).
Neste contexto, o cuidado com os
ambientes de guas continentais passa a
no ser mais um problema dos ambientalistas e sim caso de sade pblica, onde
precisamos de planejamento conjunto para
a elaborao de polticas pblicas responsveis, que visem a permanncia e manuteno das condies da vida. Assim, um
Plano Nacional de manejo e conservao
dos ambientes de guas continentais deve
ser construido urgentemente, que contemple a utilizao dos recursos naturais com
manejo sustentvel e desenvolvimento, que
promova a incluso social e cultural.
preciso captar a relao vida; homem; natureza numa perspectiva globalizante, isto , admitir que a biosfera e o sistema social tem uma confluncia, levando
a necessidade de reconstruirmos a relao
entre ecologia, economia e desenvolvimento (Pena-Vega, 2005).
A ecologia aps o pensamento complexo de Edgar Morin passa a ver a conservao em diferentes nveis e ao mesmo
tempo como sistemas auto-organizantes
com frgil equilbrio, onde o homem e suas
atividades esto inseridos. O pensamento ecolgico nos conduz, necessariamente,
ao pensamento complexo e o pensamento
complexo integrar necessariamente em si
a dimenso ecolgica (Edgar Morin, 1993).
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124
In:
Moluscos Lmnicos
Bivalves
125
Introduo
No ambiente lmnico brasileiro temos uma fauna de moluscos nativos rica
em espcies, com muitas endmicas, tanto
para as principais bacias hidrogrficas como
sub-bacias. Somam-se aproximadamente
117 espcies de bivalves (Simone, 2006).
1
1
1
1
2
127
128
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MANSUR, M. C. D.; QUEVEDO, C. B.; SANTOS, C. P.; CALLIL, C. T.. Provveis vias da
introduo de Limnoperna fortunei (Dunker,
1857) (Mollusca, Bivalvia, Mytilidae) na Ba-
129
130
Reino: Animallia
Filo: Mollusca
Classe: Bivalvia
Ordem: Veneroida
Famlia: Corbiculidae
Gnero: Corbicula Megerle von Mhlfeld, 1811
Espcie: C. fluminalis (Mller, 1774)
Sinonmia
Tellina fluminalis Mller, 1774; Corbicula fluminalis, Araujo et al., 1993; Korniushin, 2004;
Corbicula fluminea, Pereira et al., 2000; Corbicula aff. fluminalis, Martins et al., 2004;
2006; Mansur et al., 2010.
Nome popular
Idioma
Ameijoa-asitica
Portugus de Portugal
Corbcula
Marisco-de-gua-doce
Portugus
131
O nome da famlia Corbiculidae e do gnero Corbicula vem do termo latino corbis que
significa cesto, como foi definido para as espcies afins Corbicula fluminea e C. largillierti
(ver respectivas fichas). O nome especfico fluminalis, vem do latim flumen que significa
rio. Corbicula fluminalis poderia ser definida como a espcie com a concha, em forma de
cestinha, que vive nos rios.
O nome popular s citado nas enciclopdias portuguesas como ameija-asitica.
No Brasil no existe nome comum. Em meios acadmicos conhecida simplesmente por
corbcula asitica ou simplesmente corbcula, j que todas as espcies do gnero Corbicula
que ocorrem na Amrica do Sul, so de origem asitica.
No Brasil no existe um nome popular especfico. Todas as espcies de bivalves de
gua doce so chamadas de marisco ou mexilho de gua doce, embora o nome marisco seja
oriundo de nomes populares de bivalves marinhos e o termo mexilho se refira aos bivalves
marinhos que incrustam rochas por meio de fio de bisso. O nico verdadeiro mexilho de
gua doce o mexilho-dourado, Limnoperna fortunei.
Forma biolgica
Bivalve, filtrador, endobionte, endoplico.
Situao populacional
Espcie extica estabelecida em ambiente natural.
Caractersticas morfolgicas
C. fluminalis (Mller, 1774) apresenta concha robusta quase equilateral, inflada, altura
igual ou maior que o comprimento (<3cm), linhas comarginais semelhantes s de C. fluminea,
porm menos espaadas (uma a cada 0,7 mm) e baixas, charneira muito arqueada, umbos
muito altos e praticamente centrados (quase na metade do comprimento), cor mais escura,
tendendo ao roxo forte internamente e o peristraco do marrom ou negro.
Martins et al. (2004) apresentaram uma chave para identificao com base nas
caractersticas da concha das espcies de Corbicula que vivem em simpatria no lago Guaba,
RS, Brasil. Estudos de Martins et al. (2004; 2006) definiram aspectos morfolgicos da concha,
aberturas do manto e brnquias, diferenciando-a de C. fluminea e C. largillierti, com base
no estudo comparado de populaes do lago Guaba, no sul do Brasil, RS. Nestes trabalhos,
os autores acima citados, descreveram o manto das trs espcies de Corbicula como muito
semelhantes, ou seja, o lobo mediano das bordas do manto apresenta papilas desde a regio
dos sifes at mais ou menos a metade do comprimento do animal. O tamanho destas
papilas diminui gradativamente na direo postero-anterior. No entanto, estes mesmos
autores (op. cit.), constataram uma diferena na pigmentao dos sifes e na organizao
dos tentculos junto s aberturas. Em C. fluminalis no ocorre um segundo anel externo na
base dos sifes, que seja pigmentado como descrito para as outras espcies, C. fluminea
e C. largillierti. Alm disto, em C. fluminalis os tentculos do sifo inalante apresentam-se
em trs ou quatro fileiras onde se destacam: uma fileira externa de tentculos menores
duas internas de tentculos maiores entre os quais se intercalam tentculos de tamanhos
intermedirios. Em C. fluminea os tentculos do sifo inalante esto organizados em duas
fileiras e em C. largillierti com trs fileiras de tentculos, das quais, as mais internas,
apresentam os tentculos maiores desencontrados. Quanto as observao das brnquias,
132
os mesmos autores (op cit) constataram que C. fluminalis apresenta incubao branquial
nas quatro brnquias, portanto tetrabranquial e as demibrnquias externas atingindo a
metade da altura das demibrnquias internas. Em C. fluminea a incubao s foi vista nas
demibrnquias internas, portanto endobranquial, e a altura das demibrnquias externas
coincidem com as das C. fluminalis. J em C. largillierti a incubao coincide com a da C.
fluminea, no entanto, a altura das demibrnquias externas se restringe tera parte das
internas, no alcanando a metade da altura das mesmas.
Korniushin (2004), tambm revisou a espcie quanto aos aspectos da concha, da
anatomia interna, tipo de incubao branquial e caracteres reprodutivos, redefinindo a
espcie com base no estudo de exemplares oriundos da Asia Central, da frica e China.
Aps estes estudos, o mesmo autor (op cit.) considerou que a espcie de Corbicula no
incubadora de larvas, identificada anteriormente por Morton (1982) como C. fluminalis,
apresenta caracteres anatmicos e reprodutivos diferentes e foi por ele re-considerada como
C. cf japonica (Prime, 1864).
Lugar de origem
Originalmente descrita do rio Eufrates, na Mesopotmia, sia menor (Araujo et al.,
1993). Posteriormente, com base em trabalhos revisivos tambm foi registrada para sia
central, Caucaso, Africa (Korniushin, 2004) e China (Glaubrecht et al., 2006), sendo esta
provavelmente a distribuio original da espcie.
Ecologia
A espcie habita ambientes bentnicos de gua doce, tanto lticos como lnticos,
dando preferncia por guas mais oxigenadas e substrato arenoso.
No existem estudos especficos sobre a dinmica das populaes desta espcie em
ecossistemas lmnicos brasileiros. Martins et al. (2004) revelaram que de 317 exemplares do
gnero Corbicula coletados entre junho de 2002 a junho de 2003 no lago Guaba, RS, 185
corresponderam a C. fluminea, 98 a C. fluminalis e 34 a C. largillierti. Estudos realizados por
Mouthon & Parghentanian (2004) sobre a dinmica populacional de C. fluminalis na Frana,
revelaram que existem dois perodos reprodutivos: o primeiro ocorrendo no inverno com um
baixo nmero de larvas incubadas, o segundo se estende de maro a outubro, alcanando sua
intensidade mxima em junho e julho. Os autores verificaram tambm a presena de quatro
coortes e uma longevidade de quatro anos. As conchas atingiram comprimento mximo de
24mm. Constataram tambm que esta espcie cresce mais lentamente e mais sensvel ao
frio do que C. fluminea. Ainda notaram que quando a concentrao de clorofila-a alta, a
liberao de gametas e a incubao so estimuladas.
Quanto ao comportamento e ecofisiologia, C. fluminalis, segundo Korniushin (2004)
vive em gua doce, tolerando baixos nveis de salinidade, portanto, no seria estuarina. No
estado do Rio Grande do Sul, os ambientes lmnicos preferidos, situam-se em rio e lagos,
onde convive com C. fluminea e C. largillierti, nas reas mais prximas das margens e de
pouca profundidade, portanto mais oxigenadas. semelhana das corbculas acima citadas,
C. fluminalis apresenta comportamento infaunal, ou seja, afunda-se no substrato, onde vive
total ou semi-enterrada.
133
134
Os registros mais antigos so para as localidades situadas na bacia do baixo rio Jacui
e no lago Guaba. Fonte: Em Pereira et al (2000) exemplar da espcie coletado no porto
Belinho, baixo Jacu, aparece figurado sob o nome de C. fluminea; por Martins et al (2004) e
Mansur et al. (2010) foi identificada como Corbicula aff. fluminalis e por Mansur et al. (2004)
como espcie Corbicula b.
Tipo de introduo
Provavelmente no intencional, por meio da gua de lastro. No entanto, a possibilidade
de introduo via aquariofilia tambm deve ser considerada.
Histrico da introduo
Mouthon (1981) e Araujo et al. (1993) registraram a introduo desta espcie na
Europa, pela pennsula Ibrica e Frana. Por ter sido confundida com C. fluminea com a qual
vive em simpatria (Martins et al., 2004), no se encontram dados sobre sua introduo e a
data de chegada na Amrica do Sul. Os primeiros registros de corbculas invasoras no nosso
continente ocorreram na dcada de 1970 (Ituarte, 1981, 1984, 1994; Veitenheimer-Mendes,
1981). Provavelmente a introduo de C. fluminalis tenha ocorrido a partir desta dcada.
Como os primeiros registros destas invasoras foram prximos a reas porturias, suspeitase que a introduo tenha ocorrido via gua de lastro, de navios transocenicos (Mansur et
al., 2004). Outra via de introduo poderia ser a aquariofilia (Veitenheimer-Mendes, 1981).
Distribuio geogrfica
Segundo Korniushin (2004) C. fluminalis apresenta ampla distribuio geogrfica
nos rios da sia menor, norte e sul da frica. O autor tambm esclarece que a espcie
anteriormente considerada por Morton (1982) como C. fluminalis, encontrada em reas
estuarinas da China, seria, na realidade, uma espcie muito afim estuarina Corbicula
japonica. O autor Mouthon (1981) cita, pela primeira vez, a presena de C. fluminalis na
Europa, especialmente na Frana e no rio Tejo em Portugal. Atualmente est se expandindo
pelos rios da Frana (Girardi, 1989-1990; Vincent & Brancotte, 2002; Marescaux et al.,
2010), Espanha e Portugal (Araujo et al.,1993) e no rio Reno (Rajagopal et al., 2000).
135
Impactos ecolgicos
At o momento observou-se que na presena de C. fluminea as populaes de C.
fluminalis diminuem gradativamente em nmero. Porm, por ser uma espcie extica,
ainda pouco conhecida, no sabemos das suas qualidades invasivas nem do seu perodo
de repouso no novo ambiente. Segundo Darrigran & Damborenea (2009) o crescimento
populacional de uma espcie invasora apresenta vrias fases. Quando ela chega num novo
ambiente a ser invadido, seu crescimento inicial lento, compreendendo a fase do repouso
ou espera. Este perodo varia para cada espcie e pode at levar muitos anos. A seguir,
na segunda fase, denominada de pnico, a populao cresce e se expande rapidamente.
Na terceira fase acontece um freio e uma reduo no crescimento populacional com um
declnio na densidade. a fase do equilbrio oscilatrio. No entanto, dependendo das
condies ambientais de cada local, a fase do pnico pode retornar.
Impactos scio-econmicos
Ainda no observados. Mas assim como documentado para outras espcies invasoras
do gnero, poderia acarretar na diminuio da qualidade do concreto, caso a areia utilizada
em construes contenha conchas desta espcie e causar o entupimento de tubulaes e
filtros em hidreltricas, embora se desconhea casos documentados.
Impactos na sade
Pode atuar como bioacumulador de toxinas e ou de metais pesados que possam
integrar a cadeia alimentar.
Anlise de risco
Inexistente para esta espcie.
136
137
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Reino: Animallia
Filo: Mollusca
Classe: Bivalvia
Ordem: Veneroida
Famlia: Corbiculidae
Gnero: Corbicula (Megerle von Mhlfeld, 1811)
Espcie: C. fluminea (Mller, 1774)
Sinonmia: Corbicula manilensis (Philippi, 1884); Veitenheimer-Mendes (1981).
Nome popular
Idioma
Corbcula
Marisco-de-gua-doce
Portugus
Ameijoa-asitica
Portugus de Portugal
Asian clam
Ingls
Prosperity clam
Ingls
Forma biolgica
Molusco; bivalve.
Situao populacional
Espcie extica invasora, atual.
140
Lugar de origem
sia, Coria e sudeste da Rssia. Atualmente , C. fluminea encontra-se introduzida na
Amrica do Sul, do Norte, na frica e na Europa, com registros para ilhas do Pacfico (Araujo
et al. 1993).
Ecologia
A espcie habita em ambientes bentnicos de gua doce tanto lticos como lnticos,
dando preferncia por guas mais oxigenadas, declive suave do terreno, substrato macio
com a presena de areia (Mansur et al., 1994).
Quanto a abundncia, Mansur & Garces (1988) registraram C. fluminea para a Lagoa
Mirim e canais adjacentes, em densidades de at 5.191 indivduos por m. Mansur et al.
(1994) constataram densidades de at 4.173 indivduos por m2 em pequeno canal de ligao
entre um aude e o rio Ca, no Rio Grande do Sul.
Na Amrica do Norte, em poucos anos, aps o primeiro registro, a espcie atingiu
densidades com mais de 10.000 indivduos por m2, provocando drstico declnio das
populaes de moluscos bivalves nativos (Gardner et al. 1976; Rodgers et al., 1977).
C. fluminea uma espcie tpica de gua doce, tolerando baixos nveis de salinidade,
no mximo 13%. Desenvolve-se bem em ambientes aquticos lticos bem oxigenados e
apresenta o comportamento infaunal, ou seja, afunda-se no substrato, onde vive total ou
semi-enterrada.
Britton & Morton (1982) descrevem o comportamento reprodutivo desta espcie como
algo excepcional e comentam que, devido s estratgias que apresenta, pode ser caracterizada
como estrategista r no entanto, tambm como estrategista k, o que explicaria seu grande
sucesso como invasora nos mananciais norte-americanos.
Ambiente de guas Continentais
141
142
a um fio de bisso que se adere ao substrato medida que o animal rasteja, mesmo contra a
correnteza. Esse fio tambm auxilia o animal a assumir sua vida bentnica infaunal (Kraemer
& Galloway, 1986) na fase juvenil. Quando adulto este fio desaparece.
Tipo de introduo
Provavelmente no intencional, por meio da gua de lastro.
Histrico de introduo
Esta espcie foi introduzida na Amrica do Sul e no Brasil, provavelmente via gua de
lastro. O primeiro registro desta espcie, na Amrica do Sul, ocorreu em 1981, mencionando
a ocorrncia para o rio da Prata, nas cercanias de Buenos Aires, Argentina. Estima-se
que ela tenha atingido as reas porturias do rio da Prata na dcada de 1970 (Ituarte,
1981). No Brasil, o primeiro registro tambm foi publicado no mesmo ano, com a coleta
nas proximidades da rea porturia da cidade de Porto Alegre (bacia do Guaba, Ponta
da Cadeia), RS (Veitenheimer-Mendes, 1981). Alguns anos depois, esta espcie j havia
surgido em canais e lagoas no extremo sul do Brasil, junto Estao Ecolgica do Taim
(Mansur & Garces, 1988) e num pequeno canal em direo ao rio Ca, onde apresentou
grandes densidades populacionais (Mansur et al., 1994). Em 1997, a espcie foi detectada
no Alto Paran, especificamente, no rio Tibagi, no estado do Paran (Pereira, 1997). A partir
de ento, a espcie foi detectada em diversos pontos do Brasil, cada vez mais ao norte. No
rio Cuiab, bacia do alto rio Paraguai (Callil & Mansur, 2002), nas nascentes do Tocantins,
em 1999 (Thiengo et al., 2005), no baixo rio Tocantins (Beasley et al., 2003) e no rio Negro,
Amaznia Central, prximo de Manaus (Pimpo & Martins, 2008 e Pimpo et al., 2008).
143
Distribuio ecolgica
A espcie prefere ambientes bem oxigenados como rios e canais. Nos ambientes
lagunares, reservatrios ou audes, a espcie ocupa as reas mais prximas das margens.
Impactos ambientais
Diminuio drstica das populaes da fauna nativa de moluscos bentnicos,
principalmente os bivalves das famlias Mycetopodidae, Hyriidae. Este lamentvel fato foi
observado e relatado aps vrios anos de trabalho de campo, por Takeda et al. (2000)
no Paran e por Beasley et al. (2003) no Par. Em todas as bacias ocupadas por esta
espcie, ela passou a apresentar, em poucos anos, densidades populacionais bem maiores
do que as espcies nativas. Houve alterao no sedimento dos rios, canais e lagos pelo
acmulo de grandes quantidades de pseudofezes produzidas pela espcie e entupimentos ou
macrofouling de canais, indstrias, usinas atmicas (nos EUA) e hidreltricas.
Impactos scio-econmicos
A espcie tem causado obstrues em sistemas de resfriamento de hidreltricas e
indstrias. A entrada dos exemplares nos sistemas d-se na fase de pediveliger que devido
s pequenas dimenses e leveza so sugados para dentro do sistema, passando pelos filtros
protetores. Geralmente crescem dentro dos trocadores de calor obstruindo as aberturas,
provocando consequentemente, um super aquecimento do sistema. J houve registro
de paralisao no funcionamento de usinas hidreltricas, bem como, de dificuldades no
abastecimento urbano de gua, em funo dessa espcie, no Brasil.
Nos Estados Unidos, onde a espcie foi introduzida em torno do ano de 1924, passou
a despertar grande interesse devido aos problemas ambientais e econmicos ocasionados.
Foram realizados vrios simpsios, com publicao de inmeros trabalhos. Calcula-se
144
Analise de risco
Os maiores impactos causados pela Corbicula fluminea recaem sobre o meio ambiente,
no que se refere degradao do habitat, afastamento da fauna nativa, interferindo
inclusive na estrutura dos ecossistemas onde invadem. Causa tambm uma srie de
impactos econmicos, em unidades geradoras de energia, estaes de tratamento de gua,
canalizaes, etc., que podem ser previstos caso se constate a presena da invasora no
manancial de contato. Uma vez a espcie introduzida numa bacia, a disperso ao longo
da mesma acontece rapidamente. Assim, todo estudo ou anlise de risco seguido de um
trabalho de preveno seria imprescindvel, pois poderia retardar o avano da invasora.
Cada ano representa uma economia em termos financeiros e de mo de obra. No entanto,
todo trabalho de preveno depende de uma pesquisa cientfica local fundamentada no
conhecimento do ambiente, do comportamento e da dinmica da espcie. A areia contendo
conchas de corbculas e que tem sido comercializada para a construo, constitui no s
um risco de disperso da invasora, como tambm desqualifica o concreto. No podemos
esquecer tambm que os moluscos, de uma maneira geral, e a Corbicula no foge regra,
so hospedeiros preferenciais de parasitos e patgenos, portanto merecem um ateno
especial neste sentido. Mansur et al (2004) mencionaram a possibilidade de trematdeos
estarem castrando a espcie por denso parasitismo das gnadas, exercendo um certo tipo
de controle parcial na expanso populacional de C. fluminea no lago Guaba, RS.
145
146
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149
Reino: Animallia
Filo: Mollusca
Classe: Bivalvia
Ordem: Veneroida
Famlia: Corbiculidae
Gnero: Corbicula Megerle von Mhlfeld, 1811
Espcie: C. largillierti (Philippi, 1844)
Sinonmia: Corbicula leana Prime, 1864; Ituarte 1981.
Nome popular
Idioma
Corbcula-roxa
Marisco-de-gua-doce
Portugus
150
Forma biolgica
Molusco; bivalve.
Situao populacional
Espcie extica invasora, atual.
Lugar de origem
Originalmente descrita como do rio Yangtse-Kiang na China. Sua distribuio
compreende a China central e norte, assim como a pennsula Coreana (Ituarte, 1994).
Ecologia
A espcie habita em ambientes bentnicos de gua doce, tanto lticos como lnticos,
dando preferncia por guas mais oxigenadas, declive suave do terreno, substrato macio
com a presena de areia. Geralmente mais abundante em audes e reservatrios do que
a C. fluminea. Segundo Ituarte (1994), grandes populaes de C. fluminea e C. largillierti
convivem ao longo de extensas superfcies arenosas na poro intertidal do esturio do rio
da Prata.
Callil & Mansur (2002) coletaram C. largillierti no incio da invaso do rio Cuiab, em
baixas densidades.
Quanto ao comportamento e ecofisiologia, C. largillierti vive em gua doce, tolerando
baixos nveis de salinidade. No rio da Prata, convive com C. fluminea, ocupando as reas
mais prximas do delta do rio Paran, que recebem a influncia dos picos mais altos de
mars (Ituarte, 1994). Desenvolve-se bem em ambientes aquticos lnticos e lticos bem
oxigenados e apresenta o comportamento infaunal, ou seja, afunda-se no substrato, onde
vive total ou semi-enterrada.
151
Tipo de introduo
Provavelmente no intencional, por meio de gua de lastro.
Histrico da introduo
C. largillierti, espcie de origem asitica foi introduzida na Amrica do Sul e no Brasil,
provavelmente via gua de lastro. Foi registrada pela primeira vez por Ituarte (1982) para
a bacia do rio da Prata, na margem uruguaia, junto ao departamento de Colnia. Coletas
realizadas por C. Ituarte em 30/X/1979, no arroio La Guardia, afluente da bacia do rio
da Prata, prximo de Buenos Aires (Mansur et al., 2004), testemunham que a espcie j
estava h mais tempo na Argentina e que o incio da invaso desta espcie, na Amrica
do Sul, possa at ter ocorrido no mesmo perodo da outra invasora do mesmo gnero, C.
fluminea. Devido s dificuldades iniciais na identificao das duas espcies, ambas foram
confundidas, mesmo por especialistas, como relatou Ituarte (1994). Veitenheimer-Mendes &
152
Olazarri (1983) citaram apenas o gnero Corbicula para os vrios exemplares das invasoras
inventariados em diferentes localidades ao longo do baixo rio Uruguai, sem chegarem
precisamente identificao especfica. Mais tarde Olazarri (1986), reconheceu a presena
das duas espcies do gnero Corbicula no Uruguai. Corbicula largillierti guarda tambm
certas semelhanas com a Corbiculidae nativa, Cyanocyclas (= Neocorbicula) limosa. Esse
foi mais um fator que favoreceu que a invasora passasse despercebida no incio da invaso.
Pelos dados de coleta e motivos acima expostos, o ingresso C. largillierti no rio da Prata foi
estimado para o mesmo perodo que C. fluminea, entre 1965 e 1970 (Ituarte, 1994). No
Brasil, esta espcie foi reconhecida e registrada bem mais tarde que na Argentina, tendo os
especialistas brasileiros se defrontado com as mesmas dificuldades no reconhecimento da
espcie. Segundo Mansur et al. (2004), as coletas com registros mais antigos foram no rio
Uruguai (trecho mdio), junto a Itaqui e So Borja, RS, em 1988; no alto rio Uruguai,SC, a
espcie foi coletada em 1996; no rio Cuiab,MT, sua chegada foi estimada para os anos de
1997/8 segundo Callil & Mansur (2002). Em 2000, foram coletados exemplares no mdio
rio So Francisco; em 2002, no rio Doce, MG, e no rio Camocim, Cear. Atualmente, ela
predomina no sudeste e nordeste do Brasil (Mansur et al., 2004, 2009).
153
Distribuio ecolgica
C. largillierti encontra-se introduzida na Amrica do Sul (Ituarte, 1981, 1982, 1984a e
1994; Olazarri, 1986; Mansur et al., 2004, 2009). Tendo como ambientes lmnicos naturais
preferenciais para invaso os bens oxigenados como rios, canais naturais, sangradouros
e lagos. Os ambientes construdos como reservatrios, canais, tubulaes de estaes de
154
Impactos ambientais
A presena de C. largillierti causa a diminuio drstica das populaes da fauna nativa
de moluscos bentnicos, principalmente do Corbiculidae nativo, Cyanocyclas (=Neocorbicula)
limosa. Em todas as bacias ocupadas por esta espcie, ela passou a apresentar, em poucos
anos, densidades populacionais bem maiores do que das espcies nativas. Populaes em
grandes densidades provocam alteraes no sedimento dos mananciais pelo acmulo da
quantidade de pseudofezes produzidas pelos organismos invasores, bem como, o entupimento
ou macrofouling em canais, e no interior de sistemas de resfriamento de indstrias e usinas
geradoras de energia.
Impactos scio-econmicos
A espcie tem causado obstrues em sistemas de resfriamento de hidreltricas,
termoeltrica e de abastecimento urbano de gua no Brasil, exigindo mo de obra
especializada para a limpeza e muitas vezes a paralizao parcial ou total do funcionamento
das usinas, com consequentes perdas econmicas. A entrada dos exemplares nos sistemas
d-se na fase de vliger tardio ou pedivliger, que devido s pequenas dimenses passam
pelos filtros protetores. Geralmente crescem dentro dos trocadores de calor, obstruindo as
aberturas, provocando consequentemente, super aquecimento do sistema ou dificuldades no
abastecimento urbano de gua, em funo dos entupimentos que esta espcie provoca nos
encanamentos pelo acmulo de conchas. Deve-se considerar tambm que a areia contendo
corbculas forma um concreto de pssima qualidade, com alto risco para as construes. As
conchas se descalcificam rapidamente, favorecendo infiltraes de gua, que danificam a
estrutura, provocando rachaduras.
Segundo Bendati (2000), o bivalve Neocorbicula limosa, por ser um filtrador, como
os demais Corbiculidae, atua como bioacumulador inclusive de metais pesados que podem
entrar na cadeia alimentar. Os moluscos constituem alimento para os peixes carnvoros,
que por sua vez servem de alimento para populaes humanas, o que implica em risco para
sade.
Analise de risco
Apesar de ainda pouco conhecida Corbicula largillierti vem provocando danos nos
sistemas de resfriamento de usina, tanto termo como hidroeltricas, trazendo perdas
financeiras e, assim como a espcie Corbicula fluminea, tambm causa impactos negativos
sobre o meio ambiente no que se refere degradao de habitats, com consequente
afastamento da fauna nativa, interferindo inclusive na estrutura do ecossistema. A s s i m ,
todo estudo ou anlise de risco seguido de um trabalho de preveno seria imprescindvel,
pois poderia retardar o avano da invasora. A preveno depende de uma pesquisa cientfica
local fundamentada no conhecimento do ambiente, do comportamento e da dinmica da
espcie. Como a espcie em questo ainda pouco conhecida, pois atua como invasora,
apenas na Amrica do Sul, so necessrios estudos mais aprofundados sobre a mesma.
A areia contendo conchas de corbculas e que tem sido comercializada para a construo,
constitui no s um risco de disperso da invasora, como tambm desqualifica o concreto.
Ambiente de guas Continentais
155
156
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Reino: Animallia
Filo: Mollusca
Classe: Bivalvia
Ordem: Mytiloida
Famlia: Mytilidae
Gnero: Limnoperna Rochebrune, 1882
Espcie: Limnoperna fortunei (Dunker, 1857)
Nome popular
Idioma
Mexilho-dourado
Portugus
Golden mussel
Ingls
Forma biolgica
Molusco; bivalve.
Situao populacional
Espcie extica invasora, atual.
159
Lugar de origem
Limnoperna fortunei (Dunker, 1857) nativa do sudeste asitico, vivendo nos ambientes
de gua doce como, lagos, rios e regies estuarinas, com baixa salinidade (<13 o/oo), da
Coria, China, Laos, Camboja, Vietnam, Indonsia e Tailndia (Ricciardi, 1998).
Ecologia
L. fortunei um filtrador muito ativo que tem como habitat natural a gua doce.
epifaunal, ou seja, vive fixo sobre substratos duros de qualquer tipo, formando grandes
aglomerados incrustantes. J foi encontrado formando incrustaes sobre a regio posterior
de bivalves nativos, gastrpodes , crustceos, e outros. Fixa-se em embarcaes, no
somente no casco, mas tambm no interior dos motores, dos encanamentos, das bombas,
nos lemes e nas hlices. D preferncia por guas bem oxigenadas, mas tambm ocorre em
guas pobres em oxignios, com elevada poluio. Tem sido encontrado em ambientes de
lagos, represas, marinas, portos, etc. No lago Guaba o mexilho se fixou na base dos juncos
e para as laterais dos juncais, formando verdadeiros colches sobre o sedimento (Mansur et
160
al., 2003). Mais para o interior do lago, forma aglomerados sobre o sedimento, na forma de
esferas, nas quais os mexilhes mais velhos acabam perecendo, mas servindo de base aos
mais novos. Segundo Oliveira (2009) e Oliveira et al (2010), o mexilho-dourado apresenta
ampla tolerncia a condies ambientais extremas, como por exemplo, no Pantanal SulMatogrossense, que seriam inspitas maioria dos bivalves. No entanto, os autores (op. cit.)
observaram a mortalidade das populaes durante os fenmenos peridicos da decoada ou
dequada, quando o oxignio cai zero (depleo do oxignio). Este fenmeno ocorre todos
os anos em maior ou menor intensidade no perodo da enchente, porm em certas reas do
Pantanal, no impedindo a disperso de L. fortunei pelos tributrios principais do Paraguai
como o Cuiab e o Miranda, mas apenas retardando-a.
Mansur et al. (2003), observaram crescimento nas densidades do mexilho-dourado
sobre os rizomas de juncos, na margens do Guaba, desde o incio da invaso. Constataram,
na fase adulta, uma densidade mxima de 27.275 ind/m-2 em um ano e cinco meses,
de 62.100 ind/m-2 no segundo ano e no terceiro ano, o mximo de 143.500 ind/m-2.
Depois, as densidades baixaram e se estabilizaram entre 80.000 a 40.000 ind/m-2. Algo
semelhante tambm foi observado na Argentina, onde, a densidade mxima chegou a
150.000 ind/m-2, depois decresceu e estabilizou em torno de 40.000 ind/m-2 (Darrigran
& Mansur, 2009). J na fase larval a densidade seguiu padres sazonais, que dependem
da temperatura da gua. Quando inferior a 16 C, no foram encontradas larvas, no rio da
Prata. A maior densidade larval foi reportada por Darrigran et al. (2003) para o interior de
um sistema de refrigerao de uma central hidroeltrica na Argentina, na quantidade de
259.300 larvas/m-3, em novembro de 1999. Em substratos artificiais foram encontrados os
seguintes valores de densidade populacional: substrato cermico, 118.000 ind/m2, sendo
10.316 adultos e 107.684 recrutas (Bergonci et al., 2009); substrato de madeira, 17.177,4
ind/m2 adultos (Mansur et al., 2009); substrato de madeira, 34.691 ind/m2 recrutas e 9.228
ind/m2 adultos (Mansur et al., 2008) substrato garrafa PET com malha de nylon, 8.229 ind/
m2, dentre adultos e recrutas (Pereira et al., 2010).
Quanto ao comportamento e ecofisiologia, o L. fortunei difere dos seus parentes
marinhos por ser o nico mitildeo de gua doce, tolerando nveis de salinidade entre 0 e
13%. Desenvolve-se preferencialmente em ambientes lticos bem oxigenados e apresenta
um comportamento invasivo (Morton, 1973; 1977), ou transformador do meio ambiente,
pois altera a paisagem ribeirinha (Mansur et al., 2004b). Forma grandes aglomerados,
incrustantes, que podem obstruir poos de captao, tomadas de gua e sistemas que
utilizam gua bruta para abastecimento, refrigerao ou gerao de energia. Segundo Morton
(1973; 1977), o potencial invasivo e os padres de colonizao do mexilho-dourado seriam
muito semelhantes ao de outro bivalve de gua doce conhecido pelo nome de mexilhozebra (Dreissena polymorpha Pallas, 1771), originrio da Europa Oriental. Na formao
dos aglomerados, os espaos existentes entre os indivduos maiores so preenchidos por
indivduos de tamanhos medianos e as frestas restantes pelos menores (Santos et al.,
2008). O aglomerado torna-se assim, uma estrutura muito compacta, dificilmente removida
por predadores (Morton, 1973).
Uryu et al., (1996), estudaram o comportamento do mexilho-dourado e observaram
um tigmotactismo (sensibilidade ao toque) altamente positivo dos juvenis para o
assentamento em rachaduras ou frestas ou junto aos indivduos maiores e que, os indivduos
Ambiente de guas Continentais
161
162
adulta. L. fortunei um organismo suspensvoro que apresenta uma das taxas mais elevadas
de filtrao em comparao com outros bivalves marinhos e de gua doce (Sylvester et al.,
2005, 2006).
A disperso do invasor promovida principalmente por atividades humanas. Desta
forma sua distribuio pelo continente sul-americano tem sido muito acelerada. Na fase
larval pode ser arrastado a favor das correntes apenas a jusante dos rios. Quando adulto,
transportado montante dos rios ou por hidrovias, fixo nas embarcaes. Pode facilmente
alcanar bacias ou reservatrios ainda no contaminados pela translocao de peixes ou
embarcaes; como isca ou at pela construo de canais ou bombeamento de gua.
Segundo Callil et al. (2007), o sucesso da rpida disperso e instalao do mexilhodourado est atrelada a alta fecundidade, ao crescimento muito rpido e tolerncia a
diferentes condies ambientais. As autoras citam Deaton et al. (1989) cujos experimentos
demonstram a grande capacidade de osmoregulao da espcie. Esse fenmeno j se observa
na larva que se origina de um embrio fecundado externamente. Todas as fases larvais
so livres no plncton, sem cpsula ou qualquer proteo at recrutar o ambiente, quando
passam a produzir fios de bisso. Os demais bivalves de gua doce, nativos e, mesmo as
corbculas asiticas, apresentam suas larvas encapsuladas e protegidas dentro das brnquias
da concha me, onde se desenvolvem at serem liberadas numa fase ps-larval ou juvenil.
Exceo seriam os Unionoida que liberam as larvas na fase de um veliger transformado,
conhecidos pelo nome de gloqudio (Hyriidae) ou lasdio (Mycetopodidae) que passam a fase
larval seguinte como parasita de peixes onde formam temporariamente cistos.
A espcie tem preferncia para invadir: ambientes naturais lmnicos bem oxigenados
como rios, lagos, reservatrios ou salobre, de baixa salinidade (<13 o/oo) como esturios
ou lagunas; ambientes construdos submersos em mananciais hdricos como, cascos de
embarcaes, trapiches, cisternas, ou bombas de suco, encanamentos e sistemas de
resfriamento de indstrias e geradoras de energia que utilizam gua bruta, marinas, clubes
nuticos, eclusas e comportas.
Oliveira (2009) analisou os fatores ambientais que influenciam e limitam a disperso e
instalao populacional do mexilho na Bacia do Alto Paraguai.
Tipo de introduo
Provavelmente ocorreram dois meios de introduo no intencionais, um por meio da
gua de lastro contaminada com larvas, bacia do rio da Prata, na Argentina e lago Guaba
em Porto Alegre, Rio Grande do Sul; e outro via disperso de adultos fixos aos cascos das
embarcaes no rio Paran em Corumb, Mato Grosso do Sul.
163
Histrico da introduo
Limnoperna fortunei (Dunker, 1857) um organismo nativo do sudeste asitico,
vivendo nos ambientes de gua doce como, lagos, rios e regies estuarinas com baixa
salinidade (<13 o/oo) da Coria, China, Laos, Camboja, Vietnam, Indonsia e Tailndia
(Ricciardi, 1998). Em 1967, foi introduzido no intencionalmente em uma represa construda
para abastecer com gua potvel a cidade de Hong Kong. A contaminao se deu atravs
do estabelecimento de conexo entre a represa e o rio Leste, afluente do rio das Prolas
na China, onde o mexilho nativo (Morton, 1973, 1977). No incio da dcada dos 90, L.
fortunei invadiu Taiwan e foi encontrada em rios e lagos do Japo (Ricciardi, 1998).
Em 1991, foi registrado na Argentina. Na Amrica do Sul foi primeiramente vista no
rio da Prata (Pastorino et al., 1993; Darrigran & Pastorino, 1995), e subindo pelos rios
Uruguai e Paran dispersou-se em direo norte alcanando em 10 anos, cinco pases:
Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Bolvia (Darrigran & Dreher-Mansur, 2006). Uma
invaso secundria, originria, provavelmente, da gua de lastro de navios argentinos,
trouxe o mexilho-dourado at o porto de Porto Alegre, junto ao lago Guaba, no Rio Grande
do Sul (Mansur et al., 2004a) onde foi detectado pela primeira vez em 1998. Desse lago o
mexilho-dourado se dispersou montante da bacia do rio Jacu e a jusante para as lagunas
Patos e Mirim avanando em direo ao extremo sul do Estado, pelo lado Leste, em direo
a Republica Oriental do Uruguai.
164
dos gros cultivados em Mato Grosso que seguem a rota Paran-Paraguai at o Porto de
Buenos Aires. Observou-se tambm no rio Jacu que, estabelecimentos conectados ao rio,
que recolhem e que armazenam areia apresentam pequenos portos ou trapiches altamente
contaminados pelo mexilho-dourado.
Como vetores de disperso potenciais, temos: gua de lastro, tanto dentro de navios
que circulam em alto mar, como nos de cabotagem que lastram e deslastram em pequenos
portos ao longo da costa brasileira; hidrovias; embarcaes tursticas, comerciais e de pesca
esportiva; gua bruta dentro de cisternas ou nos motores de embarcaes; aqicultura; isca
e redes de pesca; peixes malacfagos; transporte de barcos, veleiros, lanchas, jetskys,
etc., por trailers, via terrestre de um corpo dgua contaminado para outros.
Os vetores de disperso atuais, so: gua de lastro de navios internacionais e de
cabotagem; gua doce dentro de cisternas, nos motores e cascos de embarcaes que
circulam de reas contaminadas para livres do invasor; redes e isca para pesca retirada de
mananciais hdricos contaminados; peixes malacfagos.
165
Impactos ecolgicos
A espcie invasora provoca mudanas drsticas nas populaes de moluscos nativos
bentnicos, principalmente os bivalves nativos das famlias Mycetopodidae, Hyriidae e
Corbiculidae (gnero Cyanocyclas (= Neocorbicula limosa); altera a estrutura da comunidade
de macroinvertebrados bentnicos (Darrigran & Damborenea, 2009; Martin & Darrigran,
1994); altera a composio dieta de alguns peixes (Garcia & Montalto, 2009); transforma
a paisagem ribeirinha (Mansur et al., 2003; 2004b) de lagos por meio do impacto sobre as
macrfitas aquticas emergentes marginais.
Impactos scio-econmicos
Devido a sua alta capacidade reprodutiva e falta de inimigos naturais eficientes no
ambiente invadido, esta espcie forma grande aglomeraes incrustantes que causam:
o entupimento em sistemas de coleta e bombeamento de gua bruta, nos sistemas de
refrigerao de indstrias e de gerao de energia, como hidroeltricas; dificuldades no
deslocamento de embarcaes; prejuzos pesca devido ao rompimento de redes, em
consequncia do peso e tamanho dos aglomerados; afundamento de tanques-rede. Por
atapetarem superfcies submersas de concreto, metal ou madeira, podem acelerar o processo
de corroso ou apodrecimento dos mesmos. O mexilho-dourado propicia a formao de um
ambiente anxico junto base da incrustao, portanto, propcio instalao de bactrias
que produzem cido sulfrico durante seu metabolismo.
Por ser um filtrador muito ativo, pode atuar como bioacumulador de metais pesados
que podem entrar na cadeia alimentar, uma vez que o mexilho-dourado predado por
peixes muito apreciados pela populao humana (Garcia & Montalto, 2009). Desde a
chegada do mexilho-dourado ao lago Guaba, os peixes carnvoros do local, como a piava,
abandonaram a busca pelos alimentos tradicionais, consumindo apenas L. fortunei. Doenas
de risco sanitrio para a malacofauna principalmente em bivalves estuarinos e marinhos
e tambm para a populao humana que os consome em todo o territrio nacional, so
produzidas por espcies de Nematopsis Schneider, 1892, (Siqueira et al., 1999; Azevedo &
Matos, 1993, 1999; Matos et al., 2001, b; Magalhes et al., 2002; Giese et al., 2002). Assim
recomendam-se investigaes no mexilho-dourado, sobre a possibilidade de ocorrncia
deste agente e outros parasitos comumente encontrados em moluscos, como por exemplo,
os trematdeos.
Anlises de risco
Os maiores impactos causados pelo L. fortunei recaem sobre o meio ambiente no que
se refere degradao do habitat, afastamento da fauna nativa, interferindo inclusive na
estrutura do ecossistema. Causa tambm uma srie de impactos econmicos, em unidades
166
geradoras de energia, estaes de tratamento de gua, canalizaes, etc., que podem ser
previstos caso se constate a presena da invasora no manancial de contato. Uma vez a espcie
introduzida numa bacia, a disperso ao longo da mesma acontece rapidamente. Assim, todo
estudo ou anlise de risco seguido de um trabalho de preveno seria imprescindvel, pois
poderia retardar o avano da invasora. Cada ano representa uma economia em termos
financeiros e de mo de obra. Anlises de risco da bioinvaso do mexilho-dourado para a
bacia e reservatrios do estado do Paran em especial no rio Iguau foi efetivada por Belz
(2006, 2009). Darrigran & Damborenea (2009) analisaram os riscos e os meios de mitigao
da invaso de L. fortunei na Amrica do Sul.
Oliveira et al. (2010), com base no conhecimento dos fatores ambientais limitantes
para mexilho-dourado, levantados no Pantanal, predizem seu potencial de disperso para
o restante do rio Paraguai e demais bacias brasileiras, caso seja dada oportunidade de
invaso. Estas previses tm como suporte os limites fsicos e qumicos para a calcificao
da concha, quais sejam, o limite inferior das concentraes de clcio dissolvido e o ndice de
saturao do carbonato de clcio (calcita) que seria um melhor indicador para o potencial
de calcificao em guas com baixa concentrao de clcio do que somente a concentrao
de clcio.
167
et al., 2002) foi muito utilizado em ETAS (estaes de tratamento de gua) e indstrias na
Grande Porto Alegre para o controle do mexilho-dourado. Testes de bancada efetivados com
sulfato de cobre (CuSO4.5H2O) por Soares et al. (2009), demonstraram que as concentraes
efetivas de cobre necessrias para causar a mortalidade de 50% da populao do mexilhodourado, so superiores aos padres permitidos para lanamentos de efluentes lquidos (0,5
mg L-1 de cobre) em guas superficiais segundo a resoluo n. 128 do CONSEMA (2006) e
os padres para guas de classe 3 (0,013 mg L-1 de cobre) segundo a resoluo n. 357 do
CONAMA (2005), portanto extremamente txica para o ambiente, no permitida de acordo
com as leis ambientais brasileiras (CONAMA). Experimentos com radiao ultravioleta esto
sendo realizados em estao experimental montada no Centro de Ecologia (CENECO) na
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Os resultados do projeto em unidade
piloto demonstraram eficincia no controle das larvas do mexilho-dourado em torno de 90%
dos indivduos em gua deionizada. Pinturas anti incrustantes para evitar as incrustaes
em embarcaes, consideradas no agressivas ao meio ambiente (com baixa toxicidade), e
eficientes para o mexilho-dourado, foram selecionadas no Laboratrio de Bioincrustao do
IEAPM da Marinha do Brasil e testadas nos cascos de embarcaes que circularam durante trs
meses em ambiente contaminado pelo mexilho-dourado. Os estudos foram acompanhados
pelo monitoramento das larvas. Os resultados foram divulgados nos relatrios do projeto
CNPq - CTHIDRO50.7675/2004-5.
Bergmann et al. (no prelo a, no prelo b) selecionaram revestimentos com base em
eletrodeposio, asperso trmica e tintas para o controle de incrustaes do mexilhodourado em hidreltricas por meio de diferentes experimentos de campo. Alguns dos
revestimentos esto sendo utilizados na UHE Ibitinga apresentando resultados satisfatrios.
Atualmente a toxicidade destas tintas, sobre peixes e microcrustceos, tambm esta sendo
avaliada em laboratrio. Pinturas anti-incrustantes tambm esto sendo desenvolvidas e
testadas para o mexilho-dourado no CIDEPINT, La Plata Argentina, sob coordenao do Dr.
J. J. Caprari conforme Darrigran & Damborenea (2009).
O tratamento com Bio bullets segundo Aldridge et al. (2006) consiste no uso de
partculas microscpicas de um ingrediente base de KCL encapsuladas por um produto
aceitvel pelo filtrador. O molusco inala as micropartculas e por serem aceitveis no fecha
as valvas. Trata-se, no entanto, de um processo de engenharia sofisticado que poderia ser
utilizado apenas em sistemas fechados, pois fatalmente atingiria outros moluscos filtradores
existentes no meio ambiente.
Ainda no existem estudos direcionados ao controle biolgico de L. fortunei. Todos os
peixes carnvoros, nos ambientes colonizados pelo mexilho-dourado, modificaram a dieta
e aprenderam a se alimentar do mesmo. Garcia & Montalto (2009) referem vrios trabalhos
sobre o tema e oferecem uma lista com 18 espcie de peixes, entre eles, cascudos, bagres,
piavas, pacu, armados, carpa, raia e corvina que se alimentam do mexilho-dourado na
bacia do rio da Prata. No entanto comentam que apesar da predao dos peixes sobre o
mexilho-dourado ser importante, no parece suficiente para controlar, ou frear a populao
do invasor.
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Introduo
Espcies exticas tm invadido em taxas alarmantes ecossistemas aquticos continentais por todo o mundo (Berkman et al. 2000). Na dcada passada, por falta de uma
legislao direcionada ao controle e fiscalizao da qualidade da gua utilizada em lastro
de embarcaes, uma enorme gama de organismos foi introduzida na Amrica do Sul. J
so trs espcies de bivalves exticos e de comportamento invasor que atingiram a regio
central da Amrica do Sul. Dois pertencentes famlia Corbiculidae, Corbicula largillierti (Philippi, 1844) e C. fluminea (Mller, 1774), e uma espcie de Mytillidae, Limnoperna fortunei
(Dunker, 1857) (Callil et al., 2003).
Os primeiros registros sobre a presena de Limnoperna fortunei no Pantanal foram no
rio Paraguai, na regio de Corumb e nas adjacncias do Parque Nacional do Pantanal (Oliveira & Barros, 2003). A regio conhecida por ser uma das wetlands com maior abundncia e
diversidade de organismos aquticos do planeta (Wantzen et al., 2005). Esta abundante fauna est associada direta ou indiretamente aos rios, lagoas e campos inundveis (Junk et al.,
1989) que so por sua vez detentores de elevada produtividade intensificada pela presena
de vegetao marginal. Composta principalmente por macrfitas flutuantes, tais ambientes
podem ser caracterizados por uma elevada complexidade estrutural que promove a riqueza e
abundncia de espcies, e consequentemente as interaes ecolgicas (Cooper et al., 1997;
Hargeby et al., 1994; Harrison, 2000; Tolonen et al., 2005; Szalay & Resh, 2000; Takeda et
al., 2003). Considerando a icitiofauna, estes ambientes compostos por bancos de macrfitas
constituem um importante habitat, promovendo alimento, refugio para desova e proteo
contra predadores (Dibble et al., 1996; Agostinho et al., 2003; Pelicice et al., 2004), uma
vez que muitas espcies apresentam uma dependncia desses ambientes para completar
seu ciclo de vida (Savino & Stein, 1989; Winemiller & Jepsen, 1998).
Sabemos que o mexilho-dourado (Mytiloida) produz fios de bisso que possibilitam a
formao de macroaglomerados compactados sobre substratos duros, caracterstica esta,
que os diferencia dos demais bivalves nativos do Brasil (Unionoida e Veneroida), os quais
vivem enterrados nos substratos arenosos, a exceo das espcies bissadas de Eupera que
176
no formam macroaglomeraes (Mansur & Pereira, 2006). Por conta destas caractersticas,
para o estabelecimento e viabilizao da populao, a ausncia ou pouca disponibilidade de
substratos duros no Pantanal, fez com que este bioinvasor utilizasse razes e estoles de macrfitas aquticas para se fixar (Callil et al., 2006). Tal estratgia aumentou as preocupaes
com o crescimento populacional deste bivalve nos rios e lagoas do Pantanal Matogrossense,
uma vez que em altas densidades, o adensamento dos indivduos poderia alterar a composio e abundncia da comunidade associada a este habitat (Darrigran & Pastorino, 1993).
O interesse em entender qual o efeito da presena de Limnoperna fortunei na estrutura
da comunidade associada macrfitas aquticas flutuantes no Pantanal motivou o desenvolvimento dos experimentos aqui apresentados (Fig.01), contribuindo assim para o conhecimento da fauna que vive em associao com macrfitas em lagoas marginais na plancie de
inundao, frente problemtica mexilho-dourado como um fator de risco integridade
bitica do Pantanal.
brados aquticos e Limnoperna fortunei associados Eichhornia crassipes (organizado por Maral
e Callil, 2007).
Materiais e Mtodos
rea de Estudo
Inserido na Plancie aluvial do pantanal, o rio Paraguai nasce na Chapada dos Parecis,
torna-se tributrio do rio Paran, que por sua vez compe a bacia do Prata, com 3.100.000
km2 (Carvalho, 1986; PCBAP, 1997). A regio que compreende a Bacia do Alto Rio Paraguai
(BAP) possui cerca de 362.000 Km2 de rea em domnio brasileiro (Silva & Abdon, 1998).
O rio Paraguai constitui o principal canal de drenagem da Bacia do Alto rio Paraguai. Coleta
gua de grandes tributrios a sua esquerda, incluindo os rios Cuiab, Taquari, Negro e Miranda e a sua direita dos rios Jauru, Cabaal e Sepotuba, alm de conectar a extensas lagoas,
cercado por terras altas (Calheiros & Oliveira, 1996; Oliveira et al., 2006).
177
Figura 02 Mapa de localizao das 15 lagoas marginais (01 a 15) ao rio Paraguai, Mato Grosso,
Brasil, amostradas em setembro de 2005.
178
Tabela I - Valores mdios e desvio padro das variveis fsico - qumicas da gua e coordenadas
geogrficas das 15 lagoas marginais ao rio Paraguai, Mato Grosso amostradas em setembro de
2005. L1 a L15 = Lagoas, OD = Oxignio dissolvido, Cond. = Condutividade, Temp.gua = Temperatura da gua, Prof. = Profundidade.
Lagoas
L1
L2
Acurizal
Caracar
L3 Joozinho
L4
L5
L6
Comprida
Piuval
Desprezo
L7
Turco
L8
Bigueirinho
L9
Canafisto
CaracaraL10
zinho
L12
Claudia
L13 Sandrinha
L14
L15
Ins
Figueira
Ph
OD
(mg.1-1)
Cond.
(S.cm-1)
Temp.
gua
( C)
Prof.
(cm)
Disco de
Secchi
(cm)
6,51
1,32
74,13
21,53
40,00
20,00
0,06
0,16
1,40
0,81
1,73
6,51
1,26
65,17
20,13
44
0,10
0,06
0,86
0,93
6,42
1,18
67,73
20,9
0,14
0,11
0,40
0,96
6,79
1,57
83,43
19,4
41,67
10
0,30
0,07
1,30
20,21
0,0
6,69
1,35
90,4
21
46,67
38,33
0,2
0,03
14,18
0,62
5,57
12,58
7,28
1,56
81,13
20,57
58,33
10
0,07
0,28
7,01
1,31
20,21
0,0
6,39
1,57
72,23
22,27
60,00
15,00
0,07
0,67
0,85
2,37
6,43
1,51
71,87
25,83
46,67
11,67
0,08
0,10
4,53
0,38
22,55
2,89
6,34
1,57
68,97
25,77
90
20
0,05
0,06
0,67
0,32
0,0
5,0
6,3
1,73
55,6
25,23
78,33
11,67
0,02
0,09
0,72
0,21
27,54
2,89
6,43
2,20
46,27
22,67
61,67
5,67
0,05
0,27
5,25
0,23
10,41
1,15
6,36
1,92
68,63
23,67
68,33
18,33
0,14
0,22
4,09
0,25
7,64
2,89
6,47
1,83
69,98
24,50
96,67
19,3
0,08
0,19
1,35
0,44
15,28
4,4
6,45
1,46
71,50
25,87
98,33
20
0,07
0,12
1,14
0,91
12,58
0,0
6,36
1,55
55,23
26,10
56,67
15
0,19
0,05
25,59
0,72
10,41
0,0
S 17 49 24,8
W 57 33 48,9
13,33
5,77
30,00
Coordenadas
lat/long
S 17 52 50,9
W 57 28 24,8
20,00
S 17 52 13,2
W 57 28 51,8
S 17 52 36,9
W 57 30 39,3
S 17 53 37,6
W 57 29 57,4
S17 53 53,4
W 57 29 00,8
S 17 48 05,9
W 57 15 35,9
S 17 48 07,7
W 57 34 05,5
S 17 47 33,8
W 57 33 18,9
S 17 50 23,2
W 57 29 12,1
S 17 51 21,1
W 57 28
57,1
S 17 51 20,1
W 57 30 11,2
S 17 51 02,9
W 57 29 45,0
S 17 49 54,9
W 57 31 46,4
S 17 48 32,5
W 57 32 35,3
179
Delineamento amostral
Com a inteno de executar um experimento simples e tentar neutralizar as possveis
influencias de um sistema de estrutura to complexa quanto regio litornea das lagoas
marginais do Pantanal, ns trabalhamos em bancos monoespecificos de Eichhornia crassipes. Para analise da biomassa vegetal as plantas foram amostradas em trpiclas (boca,
meio e fundo), com um quadrado de 25 x 25 cm, em 15 lagoas. Ainda em campo, para a
estimativa de biomassa, as razes (parte submersa), os colmos e as folhas (parte emersa) de
E. crassipes foram secos ao sol. Em laboratrio, as pores da planta foram levadas estufa
a 60o C at atingir peso constante (cerca de 72 horas) e pesadas em balana analtica para
estimar a biomassa em gramas de peso seco por metro quadrado (g.m-2).
As variveis profundidade e transparncia (disco de Secchi), temperatura (C) (Termistor Oximtro 200 WSI), pH (medidor de pH 100 YSI), oxignio dissolvido (mg.l-1) (Oximtro 200WSI ) e condutividade eltrica (S.cm-1) (Condutivmetro OREON 1150A+) foram
obtidas nos mesmos pontos onde as macrfitas foram coletadas.
As amostras de invertebrados associados a E. crassipes seguiram o mesmo procedimento descrito acima sendo que a massa de razes das plantas foram lavadas em peneiras
de 2mm, 1mm e 0,25mm, pr-triada e a parte resultante retida na ltima peneira foi fixada
em lcool 70%. Os invertebrados foram triados, contados e identificados sob microscpio
estereoscpico com base em Merritt & Cummins (1996), MacCafferty & Provonsha (1981),
Prez (1988) e Fernndez & Dominguez (2001). Os Trichoptera foram identificados com
base em Wiggins (2000), Angrisano & Korob (2001), Ps et al. (2005). A identificao dos
Coleoptera seguiu Barror & Delong (1998), Merritt. & Cummins (1996), Arnett (2000). Para
moluscos Simone (2006) e especificamente Mansur et al (1992, 2006) e Simone (2006),
para Bivalvia e Gomes et al. (2004) para Ancylidae.
Para amostrar a ictiofauna, utilizamos peneiras (tipo trow trap) com um metro cbico
de rea. As amostragens tambm foram realizadas em trplica em trs pores distintas
de cada lagoa (boca, meio e fundo). Em laboratrio os peixes foram triados com auxlio de
chaves de identificao (Britiski et al., 1999) e revisados com o banco de dados eletrnico
Fish Base (Frose & Pauly, 2006).
Cabe ressaltar que todos os exemplares amostrados esto acondicionados no laboratrio de Biologia e Zoologia e sero depositados na coleo de referncia do centro de Biodiversidade do Pantanal no IB / UFMT.
180
A abundncia de invertebrados e a biomassa de E. crassipes obtidas nas rplicas foram somadas, totalizando uma rea amostrada de 0,1875 m2 por lagoa. A partir da rea
amostrada, a biomassa das razes e a biomassa total da planta em g.m-2 foram estimadas .
A densidade de invertebrados associados foi expressa em nmero de indivduos por 100g de
peso seco de raiz (ind.1001 PS) e indivduos por metro quadrado (ind.m-2). Para cada grupo
distinto de organismos os quais refinamos a identificao (invertebrados total, tricpteros,
colepteros, moluscos e peixes) calculamos o ndice de Diversidade de Shannon e a Equitabilidade. A relao entre a abundncia das taxas de invertebrados totais com as variveis
fisico-qumicas e abundncia de L. fortunei foram estabelecidas atravs de uma anlise
correlao (rs > 0,5 p < 0,05). Ainda aplicamos uma anlise de regresso linear simples
a fim de demonstrar se existe alguma relao entre a densidade dos referidos grupos e L.
fortunei.
Resultados e Discusso
Caracterizao fsico-qumica das lagoas amostradas
As lagoas amostradas apresentaram baixas concentraes de oxignio dissolvido (1,10
2,20 mg.1-1) e variao expressiva na temperatura da gua (19,40 -26,10 C). Em funo
da reduzida profundidade e decomposio de macrfitas, a saturao de oxignio na regio
marginal das lagoas tende a diminuir (Abdo, 1999; Poi de Neiff & Carignan, 1997; Toft et al.,
2003; Ezcurra de Drago et al., 2004; Marchese et al., 2005; Tarr et al., 2005). Essa variao
na concentrao de oxignio dissolvido obtida para o rio Paraguai no perodo de guas baixas, tambm tem sido observada no rio Paran por Poi de Neiff & Bruquetas (1989), Melo et
al. (2002) e Poi de Neiff & Neiff (2006) e no rio Cuiab por Bleich (2005).
Nas quinze lagoas estudadas a profundidade foi menor que um metro e a transparncia no ultrapassou os 40,00 cm. A gua manteve-se neutra com uma leve tendncia
acidez, sendo que os valores mdios para o pH variaram entre 6,30 a 7,28.
A condutividade esteve dentro dos padres para as guas do Pantanal, sempre entre
45 e 100 S.cm-3 (Tabela I). Esta varivel, por ser mais conservativa, no so observadas
grandes amplitudes de variao (Marchese et al., 2005; Carvalho et al., 2001), podendo durante a seca apresentar valores mais elevados em detrimento da maior concentrao de ons
(Carignan & Neiff, 1992; Poi de Neiff & Carignan, 1997. Em relao ao pH, as guas do rio
Paraguai nesta regio geralmente apresentam valores acima de 6,5 (Oliveira. et al., 2006,
Marchese et al., 2005), coincidindo com aqueles observados durante este estudo.
181
Apesar de no avaliado nesse trabalho, alteraes observadas na comunidade de invertebrados podem ser atribudas, entre outros fatores, s mudanas na densidade e biomassa de macrfitas (Butler et al., 1992).
Tabela II - Biomassa de E. crassipes (raz e total) e a densidade de invertebrados e de L. fortu-
nei nas 15 lagoas marginais ao rio Paraguai, Mato Grosso amostradas em setembro de 2005. L1
a L15 = Lagoas, PS = Peso seco.
Lagoas
L1
L2
L3
L4
L5
L6
L7
L8
L9
L10
Densidade de Invertebrados
L. fortunei
Raiz (g.m- 2)
Planta (g.m- 2)
ind/100g OS
ind.m- 2
ind.m- 2
Acurizal
Caracar
Joozinho
609,76
881,07
1248,16
1274,51
1600,53
2109,01
6399
2884
2348
39019
25408
29301
21
283
1792
Comprida
Piuval
Desprezo
Turco
Bigueirinho
Canafisto
Caracarazinho
Trs Bocas
Cladia
Sandrinha
Ins
853,76
707,09
997,76
658,83
1041,65
749,60
1509,76
1865,39
1633,76
1535,79
1956,48
1677,92
6111
4124
1930
5388
2091
2888
52171
29157
19259
35499
21776
21648
533
827
384
3616
725
3008
941,92
1162,08
1071,79
1220,80
1772,36
1839,79
1973,33
1936,80
1851,41
3738,45
2099
1460
5501
2446
1838
19771
16971
58955
29856
32568
219
2917
443
2539
2426
991,68
1845,12
2920
28960
1483
L11
L12
L13
L14
L15 Figueira
182
mm
10
Comprimento mdio
Somente a lagoa Cludia, que apresentou as maiores densidades teve seu comprimento modal na classe que compreende os valores de comprimentos entre, 14.40-15.70mm.
Estes valores so compatveis com aqueles descritos por Santos et al., (2004) e Marcelo et
al., (2004) ambos no rio Paraguai, os quais relatam que as amplitudes de comprimento variam entre 1 a 28mm e de 5 a 13mm, respectivamente.
9
7
6
5
4
3
2
1
0
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
Densidade
4000
ind.m-2
Numero de ind.
Densidade ind.m-2
Canafisto
501
3008
1,96
Bigueirino
143
725
2,44
Turco
576
3616
3,14
Figueira
250
1483
2,43
Acurizal
Ins
432
2426
3,14
Carazinho
35
219
1,8
Sandrinha
351
2539
3,18
Cludia
70
443
9,26
Trs Bocas
477
2917
3,08
Joozinho
284
1792
3,93
Comprida
94
533
3,7
Caracar
75
283
2,82
Piuval
146
827
6,38
Desprezo
76
384
3,74
183
Figura 4 - Histograma de frequncia absoluta por classes de tamanho dos indivduos de Limnoperna fortunei (Dunker, 1857), referente s 15 lagoas, onde indica os intervalos de comprimento
mximo das valvas em mm. Intervalos de comprimento em mm:1= 0 a 1,3mm; 2 = 1,31mm a
2,62mm; 3 = 2,62mm a 3,94mm; 4 = 3,94mm a 5,24mm; 5 = 5,24mm a 6,55mm; 6 = 6,55mm
a 7,86mm; 7 = 7,86mm a 9,17mm; 8 = 9,17mm a 10,47mm; 9 = 10,47mm a 11,47mm; 10 =
11,47mm a 13,09mm; 11 = 13,09mm a 14,4mm; 12 = 14,4mm a 15,71mm; 13 = 15,71mm a
17,02mm; 14 = maior que 17,02mm.
184
Abundncia total
2
999
1689
4025
7966
116
18
226
16
65
104
127
274
21
3656
17966
11353
17872
176
185
Abundncia total
Ordem Conchostraca
Classe Maxillopoda
Subclasse Copepoda
Classe Malacostraca
Ordem Decapoda
Ordem Isopoda
Classe Insecta
Ordem Diptera
Ceratopogonidae
Chironomidae
Culicidae
Dixidae
Empididae
Ordem Hemiptera
Ordem Coleoptera
Byphyllidae
Brentidae
Carabidae*
Coccinellidae
Cerambycidae
Crysomelidae*
Curculionidae*
Pistiacola sp.
Neochitina sp.
N. eichchorniae
N. bruchi
Estenopeumnia sp.
Dytiscidae*
Celina sp.
Hydrovatus sp.
Eretes sp.
Laccophilus sp.
Uvarus sp.
Copelatus sp.
Coptotomus sp.
Pachydrus sp.
Stictotarsus sp.
Bidessini
Derovatelus sp.
Elateridae
Elmidae*
Hydraenidae*
Hydrophilidae*
Tropisternus sp.
Deralus sp.
186
1625
2110
43
1
727
6089
228
1
16
1551
1
1
3
1
9
1
1
13
4
3
30
15
1
8
4
9
1
1
2
20
1
5
2
6
11
7
Abundncia total
Helochares sp.
Paracymus sp.
Helobata sp.
18
1
7
Hydrochus sp.
12
Crinitis sp.
Morfotipo 1
9
Limnichidae*
Noteridae*
Suphisellus sp.
543
Canthidrus sp.
Suphis sp.
Pronoterus sp.
160
Notomicrus sp.
Hidrocantus sp.
13
Pselaphidae*
Scarabaeidae
Scirtidae*
12
Scolytinae
Scydmaenidae
Staphilinidae*
Ordem Collembola
7
12
Ordem Ephemeroptera
840
Ordem Lepidoptera
228
Ordem Odonata
567
Ordem Trichoptera
Hydroptilidae
Flintiella sp.
Hydroptila (aff.Paucicalcaria)
Neotrichia sp.
Aff .Neotrichia sp.1
Oxyethira sp.
Aff. Orthotrichia sp.
20
2740
25
9
Polycentropodidae
Cyrnellus sp.
Polycentropus sp.
92
841
Hydropsychidae
187
Abundncia total
Macronema sp.
261
Smicridea sp.
Leptoceridae
Oecetis sp.
617
89
63
Odontoceridae NI
Total
86440
100%
Others
80%
Eupera
60%
Hydracarina
Ostracoda
40%
Hydrobiidae
20%
0%
L1
L2
L3
L4
L5
L6
L7
L8
L9
Lakes
Figura 5 - Abundncia relativa (%) dos taxa de invertebrados associados a E. crassipes nas 15
lagoas marginais ao rio Paraguai, Mato Grosso amostradas em setembro de 2005. (Lagoas = L1
a L15).
188
189
Diversidade
Equitabilidade
1,19
0,31
Diversidade
Equitabilidade
0,78
Equitabilidade
0,69
2,07
20
18
2,25
Riqueza
Diversidade
Abundancia total
0,46
1,30
655
0,49
1,68
154
0,19
Equitabilidade
85
11
218
0,64
Diversidade
PEIXES
1035
11
Abundancia total
Riqueza
MOLUSCOS
123
14
Abundancia total
Riqueza
COLEOPTERA
1,81
1,18
0,42
Diversidade
Equitabilidade
0,60
654
Abundancia total
834
0,80
Riqueza
TRICOPTERA
3,55
3,04
0,67
Riqueza
4764
22
7316
23
INVERT. TOTAL
Abundancia total
L2
L1
Lagoas
0,73
2,12
18
236
0,48
1,67
11
2042
0,67
2,22
10
56
0,52
1,79
11
602
0,78
3,67
26
5494
L3
0,87
2,60
20
108
0,26
0,82
7215
0,61
1,95
34
0,74
2,08
213
0,50
2,34
26
9782
L4
0,74
2,13
18
132
0,51
1,84
12
1879
0,91
3,26
12
21
0,63
1,77
448
0,78
3,57
24
5467
L5
0,90
2,56
17
66
0,59
1,77
309
0,37
1,31
12
134
0,66
2,09
546
0,83
3,73
23
3611
L6
0,81
2,57
24
201
0,54
1,86
11
2020
0,42
1,53
12
139
0,59
1,96
10
409
0,74
3,40
24
6656
L7
0,88
2,64
20
119
0,42
1,4
10
1877
0,78
2,18
22
0,65
1,94
134
0,72
3,32
24
4083
L8
0,78
2,34
20
143
0,6
1,68
1659
0,65
1,82
30
0,56
1,45
237
0,79
3,59
23
4059
L9
0,79
2,41
21
105
0,43
1,43
10
1114
0,56
1,86
10
70
0,55
1,29
206
0,74
3,40
24
3707
L10
0,73
2,07
17
119
0,35
0,99
704
0,69
1,92
19
0,63
1,47
82
0,69
2,99
20
3182
L11
0,87
2,0
10
72
0,27
0,85
4174
0,47
1,41
115
0,90
1,80
67
0,58
2,63
23
11054
L12
0,79
2,29
18
133
0,53
1,76
10
2243
0,64
2,12
10
34
0,73
1,90
72
0,70
3,11
22
5598
L13
0,79
2,43
22
157
0,47
0,75
11
3789
0,47
0,75
0,67
1,89
137
0,67
3,01
23
6740
L14
0,77
2,40
23
176
0,62
1,61
11
2067
0,62
1,61
23
0,61
1,59
120
0,68
3,05
22
5430
L15
Tabela V Abundncia total, riqueza, diversidade e equitabilidade para a comunidade de invertebrados, tricpteros, colepteros, moluscos e
peixes que vivem em associao com E. crassipes em lagoas conectadas ao rio Paraguai, MT em setembro de 2005.
Neste estudo, observamos uma fraca correlao negativa da abundncia total de invertebrados (R = - 0,277) com a densidade de L. fortunei nas lagoas amostradas (Fig. 6).
Considerando a influncia direta de L. fortunei frente biodiversidade da fauna associada a
E. crassipes, Maral & Callil (2008), reduziram as variveis ambientais usando uma PCA e
todos os taxa de invertebrados foram representados por trs eixos da PCoA, que explicaram
73,92 % (41,83 % no primeiro eixo, 18,11% no segundo e 13,98% no terceiro) da variao
dos dados de composio e abundncia.
Atravs de uma regresso mltipla multivariada os autores demonstraram que a comunidade de invertebrados, no tem relao significativa com o gradiente de abundncia
de L. fortunei (Pillai Trace = 0,096; F3, 9 = 0,318; p = 0,813), nem com as variveis fsicoqumicas.
190
191
A lagoa do Turco foi a mais abundante com 14,91% (145) dos indivduos coletados, e
as lagoas Trs Bocas e Ins apresentaram menor abundncia, com apenas 1,44% (14) do
total de indivduos. A lagoa Piuval apresentou a maior diversidade e equitabilidade de Colepteros (3,26 bits e 0,91) e a lagoa Ins foi a que apresentou menor diversidade para esse
grupo (0,75 bits).
Os gneros da famlia Noteridae foram os que mais contriburam para abundncia total
das famlias (Tabela IV), entretanto, a de maior riqueza foi Dytiscidae, pois esta contribuiu
com 11 gneros. A lagoa do Turco alm de ter a maior abundncia total obteve tambm
maior abundncia de indivduos da famlia Noteridae dos quais 88,57% (124) eram pertencentes esta famlia. O gnero Suphisellus sp. (Noteridae) foi o mais representativo em
todas as lagoas contribuindo no total com 59,47% (543) indivduos, seguido por Pronoterus
sp. (Noteridae) com 17,52% (160) ind. e Celina sp. (Dytiscidae) com 3,28% (30) indivduos.
A maior abundncia de Noteridae, pode estar associado ao fato de que as larvas destes colepteros cavam galerias ao redor das razes das plantas aquticas (Barror & Delong, 1988),
para proteo contra o ataque de predadores.
O histrico de colonizao das espcies em cada lagoa, nos quais, processos biolgicos como predao e competio, alm de fatores abiticos e suas interaes podem influenciar a estruturas das comunidades, nas variaes da distribuio dos taxa e consequentemente variao no ndice de diversidade (Robinson & Toon, 1989; Rodrigues & Lewis, 1997
apud Cardoso, 2005). A ordem coleptera, em relao aos outros grupos investigados foi a
que apresentou correlao negativa mais forte com a densidade de L. fortunei no presente
estudo. As correlaes foram negativas, tanto para a abundncia (R= - 0,227) como para
riqueza (R= - 0,382) (Fig. 6). Tal informao pode indicar uma supresso da comunidade
de Colepteros em decorrncia do aumento da densidade de mexilho possivelmente ligado
a diminuio de rea de colonizao nas razes da macrfita.
192
Famlia
Espcie
Abundncia
Perciformes
Cichlidae
Aequidens plagiozonatus
Apistogramma borellii
20
Apistogramma commbrae
20
Apistogramma trifasciata
235
Crenicichla lepidota
25
Hyphessobricon eques
134
Hyphessobrycon megalopterus
23
Moenckhausia dichoura
20
Jupiaba acanthogaster
Astyanax bimaculatus
Astronotus ocellatus
Characidium lateralis
131
Characidium zebra
115
M. sanctaefilomenae
13
Prionobrama paraguayensis
20
Psellogrammus kennedyi
16
Holoschestes pequira
Leporinus striatus
Leporinus friderici
Liposarcus Anisitsi
35
Hypopomus sp.B
246
Hypoptopoma guentheri
30
Curimatidade
Schizodon borellii
Lebiasinidae
Pyrrhulina australis
37
Erythrynidae
Hoplias malabaricus
11
Aspredinidae
Amaralia hypsiura
Characiformes
Characidae
Anostomidae
Hipopomidae
Siluriformes
193
Gymnotiformes
Famlia
Espcie
Abundncia
Apteronotus albifrons
Auchenipteridae
Entomocorus benjamini
Pimelodidae
Nannorhamdia sticnotus
Doradidae
Doras eigenmanni
Loricariidae
Otocinclus vittatus
34
Pimelodella mucosa
Loricariicthys platymotopon
Loricaria sp.B
Rineloricaria parva
57
Gymnotidae
Gymnotus carapo
Rhamphichthyidae
Gymnorhamphichthys hypostomus
Sternopygidae
Eigenmannia trilineata
229
Eigenmannia virescens
10
Sternopygus macrurus
34
Cypriniformes
Callichthydae
Corydoras hastatus
Synbranchiformes
Synbranchidae
Synbranchus marmoratus
12
194
300
30
200
20
Riqueza
de peixes
RIQUZAICTIO
Abundncia
de Peixes
ABUNDICTIO
Grandes Lagos na Amrica do Norte, uma maior abundncia e riqueza de invertebrados foram observadas devido a uma ampliao na rea superficial do substrato bntico, resultando
em habitats mais complexos (Stewart, Miner, & Lowe, 1998), estveis (Bially & MacIsaac,
2000) e com maior abundncia de recursos alimentares tais como detritos de fezes e pseudofezes (Ricciardi et al, 1997). No entanto, somente aps a realizao de estudos mais deta-
100
10
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201
Introduo
Originria do Sudeste Asitico, Corbicula fluminea (Mller, 1774), uma espcie
de ampla distribuio geogrfica que vem ocupando diversos ambientes de gua doce em
todo o mundo (Sinclair & Ison, 1963). Suas populaes costumam apresentar densidades
altssimas (Boltovskoy, 1999), causando alteraes significativas nos processos ecolgicos
dos sistemas onde se instala (Foe & Kninght, 1985; Briton & Morton, 1986; Hakenkamp &
Palmer, 1999; Hakenkamp et al., 2001; Takeda et al., 2000; Mansur et al., 2004).
A sua grande capacidade invasiva atribuda as suas caractersticas de r- estrategista,
como altas taxas de fecundidade, crescimento e disperso, bem como seu curto ciclo de vida
(Ortamann, C. E & Grieshaber, M. K., 2003). Tais atributos populacionais aliados a eficiente
disperso, via gua de lastro, caracteriza essa espcie como invasora de sucesso (Silva &
Souza, 2004).
O primeiro registro de C. fluminea na bacia do rio Cuiab data de 1998, segundo
estimativas de Callil & Mansur, (2002). No estado de Mato Grosso, foram registradas ocorrncias ao longo do rio Cuiab nos municpios de Rosrio DOeste, Vrzea Grande, Cuiab e
Santo Antnio do Leverger. Atualmente, alm destes municpios pertencentes bacia do rio
Cuiab, as Corbiculas tambm tm sido observadas nos municpios de Nobres e de Cceres,
no rio Paraguai, Sorriso e Sinop no rio Teles Pires, e tambm no rio Araguaia (Callil et al.,
2006b).
Na plancie de inundao do rio Cuiab, as condies hidrolgicas seguem o regime
de inundao tpico do Pantanal, com perodos de seca e cheia pronunciados (Junk et al.,
1989). Desde a colonizao de C. fluminea na bacia do rio Cuiab, sua populao vem sendo
submetida s condies hidrolgicas e climticas complemente diferentes das encontradas
Amrica do Norte, Europa e Sul do Brasil, ambientes onde essa espcie demonstrou todo seu
potencial de invaso.
Desta forma, ns acreditamos que o regime hidrolgico do Pantanal possa atuar como
fator crtico para o estabelecimento da populao de Corbicula fluminea nesse sistema.
Considerando isso, o objetivo deste trabalho foi descrever a densidade, estrutura etria e a
atividade reprodutiva de Corbicula fluminea ao longo da variao anual do nvel fluviomtrico
em um trecho do rio Cuiab no municpio de Santo Antonio do Leverger - MT.
202
Metodologia
rea de Estudo
O rio Cuiab, afluente do rio Paraguai, juntamente com outros corpos dgua, compem a bacia de drenagem do Pantanal de Mato Grosso. Suas nascentes esto localizadas
na Serra Azul e sua rea de drenagem ocupa aproximadamente 100.000 Km (Alvarenga et
al., 1984).
A Praia da Vereda est situada na poro mdia da sub-bacia do rio Cuiab, no municpio de Santo Antonio do Leverger, MT. Essa regio, conhecida como baixada Cuiabana,
compreende uma rea de depresso que fica entre as partes mais altas do planalto e o incio
da plancie inundvel (Vital et al., 1996).
As condies ambientais da Praia Vereda so determinadas pelo regime hidrolgico
tpico do Pantanal. Segundo Alvarenga et al., (1984), tal regime dado principalmente pelo
volume de gua oriundo da rede de afluentes do rio Paraguai, que aliado baixa declividade
do terreno, conferem regio um ciclo sazonal de seca e cheia com inundaes peridicas.
As condies neste trecho do rio Cuiab, tambm so influenciadas pela intensificao
dos impactos ambientais, oriundos da concentrao de atividades industriais como minerao, frigorficos, curtumes e bebidas, dos lanamentos dos esgotos domsticos e do uso de
dragas de areia (Vital et al.,1996).
Delineamento Amostral
Dinmica populacional
Foram obtidas amostras peridicas entre novembro de 2004 a fevereiro de 2006. Estas
foram quinzenais no perodo de seca e estiagem (junho a novembro), e mensais no perodo
de cheia (novembro de 2004 a maio de 2005). Os exemplares de C. fluminea foram coletados manualmente utilizando peneiras com malha de 3 mm de abertura, o esforo amostral
foi padronizado em 100 peneiradas, que corresponderam a 50 m2 de rea amostrada. Os
exemplares foram acondicionados em potes plsticos e transportados para laboratrio, onde
foram obtidas medidas referentes ao comprimento total da concha (mm) com auxlio de
paqumetro digital.
Simultaneamente a coleta de bivalves, medimos as principais variveis limnolgicas:
pH e temperatura (C); condutividade (S.cm-1); Oxignio dissolvido (mg/l-1). Os dados referentes ao nvel fluviomtrico foram cedidos pela defesa civil.
Aplicamos uma correlao de Pearson para avaliar a relao ente a densidades e o
nvel fluviomtrico do rio Cuiab. Estudamos a estrutura etria da populao, utilizando um
grfico de distribuio de frequncias por classes de comprimento.
203
Resultados
Caracterizao Limnolgica
A tabela I apresenta os valores obtidos para as principais variveis fsicas e qumicas
da gua na Praia da Vereda ao longo de perodo de estudo. A gua mostrou-se neutra durante o perodo de cheia, com tendncias a alcalinas nos meses de seca. O pH oscilou entre
6,13 e 10,1 e a condutividade de 40 a 90S.cm-1. Observamos elevadas concentraes de
oxignio dissolvido e altas temperaturas. O oxignio dissolvido variou de 5,4 a 8,35 mg/L e a
temperatura da gua entre 25 e 30,07 C . O nvel fluviomtrico do rio Cuiab, no trecho do
municpio Santo Antonio do Leverger, mostrou uma variao superior a trs metros ao longo
do perodo amostral. A menor cota foi observada no ms de setembro, com 3,33 metros e a
maior em fevereiro com 6,66 metros.
Dinmica populacional
A ocorrncia de Corbicula fluminea da Praia da Vereda apresentou marcada variao
temporal, estando restrita aos perodos de estiagem e seca (junho a novembro de 2005)
(Figura 02). A densidade populacional mxima foi observada nos meses de setembro e outubro de 2005, com 3,12 e 3,26 ind/m respectivamente. Observamos uma fraca correlao
negativa entre o nvel fluviomtrico mdio e a densidade populacional (R = - 0, 309).
204
Tabela I Variveis fsicas e qumicas do rio Cuiab na Praia da Vereda ao longo do perodo de
estudo (Temp temperatura); (OD oxignio dissolvido);(Cond-Condutividade eltrica).
Temp
30,07
OD
6,72
26,7
25,6
26,5
28,5
25
27,3
28
29,8
32,5
29,6
28,8
8,1
7,61
8,26
8,35
8,27
5,4
7,94
7,9
6,8
pH
7,63
7,3
7,3
10,1
9,08
9,4
8,5
9,5
7,1
6,8
7,9
6,8
6,13
Cond.
90
78
71
64
74
68
74
75
40
40
76,4
62,5
3.5
3
2.5
2
1.5
1
0.5
0
7
6
5
4
3
2
1
0
metros
Nvel do rio
3,79
3,51
3,5
3,39
3,35
3,34
3,33
3,33
3,44
3,7
3,51
4,96
5,49
6,66
no
v/
0
de 4
z/
04
ja
n/
05
fe
v/
m 05
ar
/0
ab 5
r/0
m 5
a
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n/
0
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1
05
-2
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ag l/0
o/ 5
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t/0 5
5
se - 1
t/0
5
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t/0
ou 5 - 1
t/0
5
no 2
v/
0
de 5
z/
05
ja
n/
06
fe
v/
06
indivduos/m
Amostra
Nov/04
Jun/05 - 1
Jun/05 - 2
Jul/05
Ago/05 - 1
Ago/05 - 2
Set/05 - 1
Set/05 - 2
Out/05 - 1
Out/05 - 2
Nov/05
Dez/05
Jan/05
Fev/05
Densidade
Nvel fluviomtrico
205
nesse estudo. No inicio do perodo chuvoso (novembro de 2005), observamos uma diminuio na frequencia de trs classes etrias (2 a 6 mm), permanecendo somente as classes
intermedirias (6 a 12 mm) e altas (14 a 20 mm) (Figura 04).
Tabela II Estatsticas descritivas dos comprimentos de Corbicula fluminea na Praia da Vereda,
rio Cuiab ao longo do perodo amostral. Min mnimo; Max- mximo; Var varincia.
Peso (g)
Amostra
Nov/04
Jun/05 - 1
Jun/05 - 2
Jul/05
Ago/05 - 1
Ago/05
Set/05 - 1
Set/05 - 2
Out/05 - 1
Out/05 - 2
Nov/05
Min
3,34
3,18
5,19
4,19
5,31
3,37
6,15
3,31
3,24
5,12
5,54
Max
22,67
10,6
12,94
15,75
15,32
18,48
21,16
22,99
24,14
23,43
17,56
Mdia e Desvios
14,63 1,92
5,35 1,42
7,73 1,71
8,88 3,49
10,86 3,37
12,25 4,35
14,17 3,93
14,29 5,03
12,91 5,04
15,61 4,42
9,7 3,76
3.5
3
2.5
2
1.5
1
0.5
0
Var
3,7
2,01
2,93
12,21
11,34
18,92
15,43
25,29
25,39
19,5
14,12
N
220
52
60
34
21
33
46
156
163
88
10
y = 0.0007x2.7558
R2 = 0.8799
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
Comprimento (mm)
Figura 03 Relao entre peso e comprimento de Corbicula fluminea na Praia da Vereda, rio
Cuiab.
206
Jun/05 - 1
N = 52
70
60
50
40
30
20
10
0
Jun/05 - 2
N = 60
70
60
50
40
30
20
10
0
Set/05 - 1
N = 46
70
60
50
40
30
20
10
0
Set/05 - 2
N = 156
70
60
50
40
30
20
10
0
Jul/05
N = 34
70
60
50
40
30
20
10
0
Out/05 - 1
N = 163
70
60
50
40
30
20
10
0
Ago/05 - 1
N = 21
70
60
50
40
30
20
10
0
Out/05 - 2
N = 88
70
60
50
40
30
20
10
Nov/05
N =10
24 - 26
22 - 24
20 - 22
18 - 20
16 - 18
14 - 16
12 - 14
8 - 10
10 - 12
6-8
4-6
2-4
50
40
30
20
10
0
0-2
24 - 26
20 - 22
18 - 20
16 - 18
14 - 16
12 - 14
10 - 12
8 - 10
6-8
4-6
2-4
0-2
70
60
50
40
30
20
10
0
22 - 24
0
Ago/05 - 1
Ago/05
2
N = 33
70
N = 33
60
207
Tabela III Dados biomtricos dos indivduos analisados sexualmente na Praia da Vereda; comprimento (Ct); peso (Pt); mdia (Med); ovcito (Ovc); folculo feminino (Fol).
Amostra
Nov/04
Jun/05 - 1
Jun/05 - 2
Jul/05
Ago/05 - 1
Ago/05
Set/05 - 1
Set/05 - 2
Out/05 - 1
Out/05 - 2
Nov/05
N ind.
ativos
6
3
8
8
8
9
10
10
9
10
4
Ct
Pt
21,12 4,92
8,25 2,10
10,16 1,67
12,52 2,86
12,53 2,80
13,8 2,54
14,64 4,09
18,86 1,47
11,79 3,12
15,15 4,27
12,69 3,75
2,61
0,09
0,42
0,85
0,78
0,80
1,45
2,03
0,62
1,74
0,43
1,61
0,15
0,197
0,50
0,54
0,11
1,13
0,079
0,74
1,17
0,53
N Ovcitos Dimetro
Med Ovc.
442
73,56
518
84,48
45
38,78
249
36,14
558
63,41
437
52,35
668
59,05
1054
80,09
395
76,14
620
73,03
222
64,79
Dimetro
Med Fol
264,73
132,78
141,83
215,96
317,19
213,60
275,72
300,79
288,59
258,78
230,44
A
esperm
Fol
ovoc
C
ovoc
Fol
Fol
Esper
40x
40x
Figura 05 Categorias de folculos reprodutivas de Corbicula Fluminea; (A) Folculo Hermafrodita; (B) Folculo Masculino e (C) Feminino.
Fem
Mas
No
v/
05
Ag
o/
05
-1
Ag
o/
05
-2
Se
t/0
5
-1
Se
t/0
5
-2
O
ut
/0
5
-1
O
ut
/0
5
-2
ju
l/ 0
5
-2
ju
n/
05
ju
n/
05
-1
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
Herm
Figura 06 Proporo das categorias sexuais de Corbicula fluminea na Praia da Vereda, rio
Cuiab ao longo do perodo de estudo.
208
209
Dinmica reprodutiva
Atravs da anlise de varincia observamos diferenas significativas nos dimetros dos
folculos femininos entre as amostras (F = 45,78 p = 0,000). O teste de Cheff demonstrou
que as maiores diferenas em dimetro dos folculos esto entre os meses de junho e setembro de 2005.
Considerando todos os meses amostrados, a maior parte dos folculos analisados estiveram maturos (35%), seguido pelos em maturao com (24%). Folculos no estgio de
incio de maturao representaram 17 %, os imaturos 15 % e os em eliminao representaram 9 % do total.
Os exemplares imaturos ocorreram em novembro de 2004, junho, outubro e novembro de 2005, com maior porcentagem em junho de 2005. Indivduos em incio de maturao
apareceram em todos os meses exceto novembro de 2004 e 2005, apresentando maior
porcentagem em junho de 2005. Indivduos em maturao estiveram ausentes somente
nas amostras de agosto e comeo de outubro de 2005, com pico em novembro. Os maturos
ocorreram em novembro de 2004 e de julho a outubro de 2005, com pico em setembro. J
os em eliminao, estiveram restritos ao perodo de agosto a outubro de 2005, apresentando
pico em setembro (Figura 08).
Fem
Mas
No
v/
05
Ag
o/
05
-1
Ag
o/
05
-2
Se
t/0
5
-1
Se
t/0
5
-2
O
ut
/0
5
-1
O
ut
/0
5
-2
ju
l/ 0
5
-2
ju
n/
05
ju
n/
05
-1
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
Herm
Figura 08 Proporo dos estdios de maturao dos folculos femininos de Corbicula fluminea
na Praia da Vereda, rio Cuiab municpio de Santo Antonio do Leverger, MT.
A anlise de varincia demonstrou haver diferena significativa entre as amostras
quando considerada a varivel dimetro dos ovcitos (F = 95.73 p= 0.000). O teste de Cheff demonstrou que as maiores diferenas em termos dimetro dos ovcitos tambm esto
entre os meses de junho e setembro de 2005.
Nas amostras de junho de 2005, a maioria dos ovcitos esteve em incio de maturao, ( 60 m). A partir de julho at o incio de setembro, houve um aumento na frequncia
dos ovcitos em maturao (92 a 175 m) e maturos (> 175 m), e uma diminuio nos
ovcitos em incio de maturao ( 60 m). Entre setembro e outubro, houve um pico nas
frequncias dos ovcitos em maturao e maturos. De outubro a novembro, h um novo
recrutamento dos ovcitos em incio de maturao, ( 60 m) (Figura -09).
210
25
Jun/ 05
N = 45
25
20
15
10
5
0
15
10
5
0
25
Jun/ 05 2
N = 511
20
15
25
Set/ 05 2
N = 902
20
15
10
10
25
Jul /05
N = 498
20
15
20
15
10
Ago/ 05
N = 496
25
20
Out/ 05
N = 364
25
10
Out/ 05 2
N = 566
25
20
15
15
10
10
5
0
180-192
168-180
156-168
144-156
132-144
120-132
84-96
96-108
72-84
60-72
48-60
36-48
24-36
Nov/ 05
N = 171
0-12
25
20
15
10
5
0
12-24
180-192
168-180
156-168
144-156
120-132
108-120
84-96
96-108
72-84
60-72
48-60
36-48
24-36
0-12
12-24
15
10
132-144
Ago/ 05 -2
N = 384
25
20
108-120
5
0
Set/ 05 2
N = 391
20
Discusso
Distribuio espacial e estrutura etria
A distibuio de organismos bentnicos, principalmete os invertebrados lmnicos, tem
sido descrita por apresentar um padro agregado (Takeda et al., 1997, Aburaya & Callil,
2007). Massoli & Calllil (2006) estudando a mesma populao do presente estudo confirmaram tal afirmao, corroborando tambm com os dados disponveis para bivalves nativos
apresentado por Henry & Simo (1985), para Diplodon delodontus expansus (Kuster,1856)
e Callil et al. (2006a) para Anodontides trapesialis (Lamarck, 1819) e Anodontides elongatus
(Swainson, 1823). Tal padro pode ser determinado por fatores qumicos (Dussart, 1976
apud Henry & Simo, 1985), fsicos (Lvque, 1972 apud Henry & Simo) e biolgicos (Briton & Morton, 1982). Lvque (1972) demonstrou que, dentre os fatores fsicos, a natureza
211
212
fluminea nessa regio. Assim, mesmo que o regime hidrolgico de cheia e seca do Pantanal
seja um fator depleciador para a populao, as condies trmicas podem ser favorveis
para o seu restabelecimento no comeo da estiagem.
A preferncia por ambientes com menores profundidades (Massoli & Callil, 2006), a
marcada diminuio nas densidades durante os perodos de cheia, bem como o comprimento
mdio inferior, so caractersticas que distinguem a populao de C. fluminea, no rio Cuiab
das populaes de regies temperadas e do Sul do Brasil. Tais caractersticas so condicionadas pelas condies hidrolgicas do Pantanal, que devido s alternncias sazonais de
cheia e seca, promovem perturbaes peridicas, que podem limitam o seu desenvolvimento
populacional.
Atividade reprodutiva
A predominncia de folculos femininos em relao aos masculinos e hermafroditas
demonstrada nesse estudo, tambm observada nos trabalhos de Kraemer (1978) para C.
fluminea e Ituarte (1984) estudando Corbicula largillierti ( Phillipi, 1844).
Coe, (1943) descreveu algumas condies de hermafroditismo para bivalves de acordo
com a sequncia de eventos reprodutivos: (1) A sexualidade consecutiva, tambm chamada de reverso sexual ou prtandria; (2) Sexualidade alternativa, adultos que apresentam
alterao sazonal de sexo; (3) O hermafroditismo funcional, ocorre em casos de amadurecimento simultneo das estruturas masculinas e femininas. A ltima categoria se subdivide
em dois grupos, os hermafroditas normais tpicos de espcies monicas e os acidentais que
normalmente ocorrem em espcies diicas.
Neste estudo, observamos uma condio de hermafroditismo onde os folculos masculinos e hermafroditas ocorreram em todas as amostras, com exceo de junho de 2005,
porm sempre em baixas porcentagens. Park & Chung, (2004) relataram a ocorrncia de
hermafroditismo em Corbicula fluminea ao longo de todo do ciclo de vida. O alto potencial
reprodutivo, caracterstica esta que define C. fluminea como espcie invasora pode explicar
essa estratgia, uma vez que devido diferena de tamanho inerente aos gametas femininos, quando comparado aos masculinos, so necessrios mais folculos femininos para garantir um eficincia reprodutiva, fato este que tambm pode estar relacionada a plasticidade
da espcie frente a condies desfavorveis do ambiente.
Os dimetros dos ovcitos em todos estdios de desenvolvimento observados neste
estudo, so consideravelmente maiores que os apresentados por Park & Chung (2004).
Estes autores fizeram uma descrio dos estdios de desenvolvimento dos folculos de C.
fluminea, e apresentaram os intervalos de dimetro para cada destes estdios. Ao compararmos com os dados do trabalho de Ituarte, (1984) que estudou a biologia reprodutiva de
Neocorbicula limosa, uma espcie de bivalve nativa da Amrica do Sul, tambm observamos
valores inferiores em relao a populao de C. fluminea da Praia da Vereda.
No presente estudo, observamos uma alta atividade reprodutiva entre os meses de
julho e setembro de 2005, com pico em setembro, demonstrado pelas maiores medidas de
dimetro e altas porcentagens de indivduos em maturao e maturos.
213
Estudos reprodutivos realizados com Corbicula fluminea demonstram que normalmente ocorre apenas um perodo reprodutivo no ano (Cataldo & Boltovskoy, 1999). Tais autores
relatam que no rio Paran, o perodo reprodutivo ocorre entre os meses de outubro e novembro. Ituarte (1985) apresentou um pico no ms de setembro, no rio da Plata. J Ituarte
(1984), estudando uma populao Neocorbicula limosa, tambm no rio da Plata, relatou o
pico reprodutivo em dezembro.
O perodo reprodutivo de Corbicula fluminea na regio do Pantanal, concentrado nos
meses de seca, isto corrobora com as informaes que vem sendo produzidas para os bivalves nativos da regio, Anodontites trapesialis e Anodontites elongatus (Callil, 2003) e tambm para outra espcie invasora, o mexilho-dourado Limnoperna fortunei (Dunker,1857)
na regio Sul do Brasil (Marcelo, 2006) .
No final do perodo de seca (setembro de 2005), as Corbiculas do rio Cuiab apresentam os maiores comprimentos mdios. Nesse mesmo perodo, observamos um maior nmero de indivduos no estdio maturo na populao. Considerando que o recrutamento ocorreu
em junho, a maioria dos indivduos alcanaram a maturao no fim da seca. Desta forma, a
composio etria de C. fluminea no fim da seca, pode explicar a maior atividade reprodutiva
da populao nesse perodo.
Consideraes Finais
Ao reconhecermos os diferentes estdios de desenvolvimento folicular, utilizando de
forma integrada, dados quantitativos e qualitativos, observamos que o dimetro de folculos
e ovcitos em cada um dos estdios de desenvolvimento, variaram dentro de um mesmo
intervalo de dimetro. Essa informao, aliada ao fato dos valores mximos destas estruturas coincidirem com os picos de maturao, demonstra a eficincia da anlise integrada de
dados qualitativos e quantitativos.
Considerando os dados deste trabalho, e a literatura disponvel a respeito da dinmica
populacional de Corbicula fluminea em outras regies, podemos concluir que a populao
do rio Cuiab, apresenta um desempenho populacional diferente das populaes da Amrica
do Norte, Europa e Sul do Brasil. Essa diferena demonstrada pelos valores inferiores de
densidade e comprimento mdio em relao a outras regies. Tais caractersticas podem ser
atribudas, entre outras coisas, as condies hdricas da plancie de inundao do Pantanal,
que podem atuar como fator regulador para a populao de Corbicula nessa regio.
Ressaltamos a necessidade de estudos em escalas espaciais mais amplas, bem como a
quantificao das larvas planctnicas e uma amostragem mais completa dos fatores ambientais, para o entendimento da dinmica populacional dessa espcie ao longo da toda bacia do
Pantanal.
Referncias
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214
215
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216
217
218
Moluscos Lmnicos
Gastrpodes
219
Introduo
Os moluscos constituem o segundo
maior grupo em biodiversidade, com
estimativas que variam de 50.000 a
100.000 espcies (Boss, 1971; Solem,
1984), podendo atingir 200.000 espcies
(Gaston & Spicer, 1998). Dessas, de
2.400 a 3.000 espcies so conhecidas
para o Brasil (Lewinsohn & Prado, 2004,
2005). Em relao aos ambientes lmnicos,
Avelar (1999) e Rocha (2003) estimam a
existncia de 308 espcies de gua doce,
sendo 193 gastrpodes e 115 bivalves.
Estimativas mais recentes apontam 490
espcies nominais, sendo 373 gastrpodes
e 117 bivalves (Simone, 2006). Conforme
apontado por diversos autores (Lewinsohn
& Prado, 2005), essas estimativas so
subestimadas por diversas razes, entre
elas, as grandes disparidades entre as
regies brasileiras em relao presena
de especialistas para boa parte dos grupos
taxonmicos de nossa fauna, o incipiente
conhecimento sobre vrios de nossos
biomas, a falta de inventrios dirigidos e
a falta de especialistas para boa parte dos
grupos taxonmicos presentes em nossa
fauna. Esse insuficiente conhecimento
sobre a nossa diversidade de invertebrados
1
2
2
1
2
2
1
1
1
1 Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Inst. de Biologia, Lab. de Malacologia Lmnica e Terrestre Rio de Janeiro, RJ
2 Instituto Oswaldo Cruz (IOC), Centro de Referncia Nacional em Malacologia- Rio de Janeiro, RJ
221
Referncias
222
Reino: Animalia
Filo: Mollusca
Classe: Gastropoda
Ordem Caenogastropoda
Super-famlia: Cerithioidea
Famlia: Thiaridae
Gnero: Melanoides Oliver, 1804
Espcie: Melanoides tuberculatus (Mller, 1774)
Sinonmia
Nerita tuberculata Mller, 1774; Melania tuberculata (Mller, 1774); Thiara tuberculata
(Mller, 1774); Thiara (Melanoides) tuberculatus (Mller, 1774); Melanoides tuberculata
(Mller, 1774); Melanoides tuberculatus (Mller, 1774).
Nome popular
melanoides, caramujo-asitico
caramujo
caramujo-trombeta
red-rimmed melania
Idioma
Portugus, em meio acadmico
Portugus
Portugus, em aquariofilia
Ingls
O sufixo latino oides vem do grego eidos, que significa forma, aparncia, semelhana.
Logo, Melanoides significa de forma similar Melania, que outro gnero do grupo
Cerithioidea. A palavra tuberculata significa tubrculos, certamente se referindo escultura
Ambiente de guas Continentais
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em forma de tubrculos que cobre a concha do animal. Embora seja comum na literatura
a combinao Melanoides tuberculata, o sufixo oides denota uma palavra masculina,
portanto, M. tuberculatus a combinao correta.
No Brasil, no existe nome popular amplamente reconhecido. No meio acadmico
chamado melanoides ou caramujo asitico.
Forma biolgica
Molusco; gastrpode
Situao populacional
Espcie extica invasora atual, que pode alcanar grandes densidades populacionais,
como ilustrado na imagem de abertura do captulo.
Caractersticas morfolgicas
A concha moderadamente grossa, alongada, turriforme, com 12 a 16 voltas, pice e
voltas ps-nucleares frequentemente erodidas ou descoloradas. As voltas so pouco convexas
ou quase planas, crescendo regulamente em tamanho. A base da concha arredondada.
O umblico fechado. O peristraco amarronzado, amarelado ou olivceo. So comuns
flmulas e bandas marrons ornamentando a concha. A escultura da concha consiste de
cristas ou estrias espirais (horizontais), as quais so frequentemente cortadas por costelas
proeminentes. Pode existir na volta corporal uma banda de cor marrom (banda columelar). A
abertura oval, o perstoma afiado e a columela curvada (Benthem-Jutting, 1956; Brandt,
1974). Oprculo crneo, oval, paucispiral e de cor marrom-escura.
O animal apresenta cor cinza escura com pontos amarelados. Probscide (focinho)
larga, ventralmente achatada, extremidade anterior bilobada. Tentculos com comprimento
aproximadamente igual ao da probscide. Olhos na base dos tentculos, com colorao escura
e sem omatforo (Simone, 2001). A borda do manto franjada (Benthem-Jutting, 1956;
Brandt, 1974). Dorsalmente, posterior cabea, existe o marspio, onde so encontrados
jovens com at seis voltas (Ben-Ami & Hodgson, 2005). O tamanho desta espcie fornecido
por Brandt (1974) pode variar entre 22-42 mm de altura e 7-14 mm de largura e por
Benthem-Jutting (1956) entre 30-35mm de altura, 10-12 mm de largura e 8-10 mm de
altura da abertura.
Melanoides tuberculatus uma espcie altamente polimrfica (Pointier, 1989; Pointier
et al., 1992; Samadi et al., 1999; Facon et al., 2003; Genner et al., 2004), cujos diferentes
morfotipos corresponderiam a linhagens clonais (Samadi, 1999). Nas Antilhas Francesas
Pontier (1989) encontrou quatro morfotipos de conchas de M. tuberculatus em populaes
de Cuba, Repblica Dominicana, Santa Lcia e Venezuela. Samadi et al. (1999), analisando
amostras de Israel, Madagascar, alguns pases da Amrica Central e Brasil, distinguiram 16
morfotipos baseados nas caractersticas morfolgicas enquanto que Facon et al. (2003) em
amostras do Caribe, Amrica, Europa, frica, Oriente Mdio, sia e Polinsia, encontraram 21
morfotipos segundo anlises moleculares e caractersticas morfolgicas da concha. Algumas
linhagens tambm podem ser formadas atravs da hibridizao de duas linhagens clonais,
quando estas possuem machos em suas populaes (Facon et al. 2005).
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Lugar de origem
A localidade-tipo da espcie na costa Coromandel, no sudeste da ndia. Pilsbry &
Bequaert (1927) indicam como rea de distribuio original o norte e leste da frica, Oriente
Mdio e sul da sia, incluindo a Indonsia. Porm essa rea de distribuio original varivel,
sendo includa, em alguns casos, at a Austrlia (Facon et al. 2003).
Ecologia
A espcie habita todos os tipos de corpos d gua continentais, podendo ocorrer em
ambientes estuarinos (Santos et al., 2007; Barroso & Matthews-Cascon, 2009a,b) e at
em guas salgadas (Englund et al., 2000; Wingard et al., 2008). Rasteja em substratos
bentnicos, consolidado e inconsolidado, com preferncia por argila e silte (Dudgeon, 1989),
tendo em sua dieta matria orgnica em decomposio e algas verdes (Benthem-Jutting,
1956; Beeston & Morgan, 1979). Toleram bem variaes de temperatura ocorrendo inclusive
em riachos termais (Benthem-Jutting, 1956; Duggan, 2002). Quanto qualidade da gua
pode ocorrer em ambientes preservados (Cruz-Ascencio et al., 2003; Santos et al. 2003;
Boga et al., 2005) e em ambientes impactados em diferentes graus (Dundee & Paine, 1977;
Freitas et al., 1987; Frana et al., 2007; Suriani et al., 2007; Santos et al., 2007; Miyahira,
2010). Frana et al. (2007) e Suriani et al. (2007) demonstraram que a espcie generalista
frente diversas variveis ambientais.
No h concordncia sobre o tempo de vida nesta espcie, existindo referncias que
vo de menos de um ano at cinco anos (Dudgeon, 1986, 1989; Pointier et al., 1992;
Elkarmi & Ismail, 2007). Os sexos so separados, os machos so raros, porm a proporo
de machos e fmeas pode variar, sendo frequente o encontro de populaes inteiramente
femininas, partenogenticas (Facon et al., 2005). Assim como em diversos moluscos de
gua doce, M. tuberculatus suprimiu a fase de larva livre natante. Os jovens so incubados
em um marspio localizado acima da cabea, de onde so liberados aps sua formao
completa, eclodindo como miniaturas dos adultos. A maturidade reprodutiva ocorre cedo.
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Animais com 3 mm de largura, com 90 a 120 dias de vida, se reproduzem pela primeira vez
(Dudgeon, 1986). A espcie essencialmente semlpara, com alguns indivduos iterparos.
(Dudgeon, 1989). Uma pequena parcela da populao sobrevive a mais de um evento
reprodutivo, sendo essencialmente semlparos (Dudgeon, 1989). Barry & Kadri (1974), na
Malsia, encontraram jovens no marspio ao longo do ano em M. tuberculatus enquanto que
Dudgeon (1986,1989), em Hong Kong, observou uma poca preferencial de reproduo indo
de julho a novembro (vero) e Ismail & Arif (1993) informaram que nos Emirados rabes
Unidos foram encontrados dois perodos de liberao de juvenis. Ximenes et al. (2011)
observaram dois picos na produo de juvenis ao longo de um ano, em uma populao
de M.tuberculatus na Ilha Grande, Rio de Janeiro. Keller et al. (2007) informaram que M.
tuberculatus seria capaz de liberar 365 jovens ao longo de um ano. Ximenes et al. (2011)
em trabalho realizado com espcimes de M. tuberculatus coletados em um riacho na Vila do
Abrao (Ilha Grande, RJ), encontraram juvenis em diferentes estgios de desenvolvimento
no marspio ao longo de um ano, em moluscos de diferentes tamanhos.
A dinmica populacional foi estudada no Brasil e no exterior (Dudgeon, 1986; Ismail
& Arif, 1993; Freitas & Santos, 1995; Giovanelli et al., 2005), sendo observados diferentes
padres de variao das populaes dependendo do ambiente em questo e do nmero
de indivduos introduzidos. O crescimento populacional de espcies exticas usualmente
associado com uma curva sigmide que apresenta trs fases: crescimento lento (lag),
crescimento exponencial e estabilizao (e.g. Mack et al., 2000, Giovanelli et al., 2005).
Estudos empricos que avaliem o processo inicial de introduo so raros (Puth & Post, 2005).
Pointier et al. (1989) introduziram em torno de 10.000 exemplares em uma ilha do Caribe com
o intuito de realizar controle biolgico das espcies vetoras da esquistossomose. Como neste
caso o nmero de individuos foi muito grande no se observou a fase de crescimento lento.
Freitas et al. (1987), na Lagoa da Pampulha, em Belo Horizonte, MG, tambm observaram
um pequeno nmero inicial de indivduos de M. tuberculatus, com posterior aumento, fato
tambm observado por Santos et al. (2007) na Ilha Grande, RJ. A estabilizao das populaes
ocorre posteriormente a este crescimento acentuado, usualmente explosivo. Outros autores
sugerem uma dinmica populacional em quatro fases (Hicks, 2004; Darrigran & Damborenea,
2006). Aps o crescimento exponencial, a populao extrapolaria a capacidade de suporte
do ambiente, seguindo-se uma queda do tamanho populacional (Krebs, 2001) e depois
uma estabilizao. Dudgeon (1986) em um dos trabalhos mais completos sobre populaes
de M. tuberculatus, na rea natural de distribuio da espcie, observou flutuaes das
populaes em torno de uma mdia, comportamento populacional tpico de espcies que
esto estabilizadas no ambiente. Grande parte dos estudos populacionais de M. tuberculatus
realizados fora da rea natural de distribuio da espcie teve como principal objetivo o
controle biolgico das espcies vetoras da esquistossomose (Pointier et al., 1989, 1991, 1993;
Pointier, 1993; Freitas & Santos, 1995; Giovanelli et al., 2005). Melanoides tuberculatus
capaz de formar grandes agregados populacionais (Dudgeon, 1986; Pointier, 2001; Duggan,
2002; Santos et al., 2007; Miyahira, 2010). Outras espcies de moluscos exticos invasores,
como os bivalves, Corbicula fluminea (Mller, 1774) e Limnoperna fortunei (Dunker, 1857),
possuem essa mesma caracterstica.
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Tipo de introduo
No Brasil M. tuberculatus deve ter sido introduzido de forma no intencional, via
comrcio praticado por aquaristas ou pela introduo de peixes para piscicultura.
Histrico da Introduo
O primeiro registro de M. tuberculatus no continente americano foi nos Estados Unidos,
por volta de 1963 e em seguida expandiu-se para a Amrica Central (Mxico, Porto Rico,
Panam, Repblica Dominicana) (Abott, 1973; Chrosciechowsky, 1973; Dundee & Paine,
1977; Gomez-Perez et al., 1991). Tambm foram encontrados registros da introduo de M.
tuberculatus na Nova Zelndia (Duggan, 2002), no Hava (Englund et al., 2000), em ilhas
do Caribe (Pointier et al 1993a), Ilhas Martinica (Pointier, 2001), Santa Lcia (Pointier &
Jourdane, 2000), Guadalupe. (Pointier et al., 1993b)e Brasil (Vaz et al., 1986; Bed, 1992;
Ablio, 1997; Guimares et al., 2001; Thiengo et al., 2007). No Brasil, a partir da referncia
inicial em 1967, para o municpio de Santos, So Paulo (Vaz et al., 1986) sua presena foi
reportada para o Lago Parano, Braslia, em 1984 (Vaz et al., 1986), Rio de Janeiro, Minas
Gerais, Gois, Paraba e Esprito Santo (Fernandez et al., 2003). Levantamentos recentes
mostram a ampla disperso da espcie em praticamente todo o territrio nacional.
Distribuio geogrfica
Melanoides tuberculatus possui ampla distribuio geogrfica, tropical e subtropical
(Madsen & Fradsen, 1989; Pointier, 1993; Pointier, 1999; Giovanelli et al., 2005), e alguns
registros em reas de clima temperado (Stagl, 1993; Jurickov, 2006). Esta ampla distribuio
levou alguns autores a classificarem como esta espcie cosmopolita (Ismail & Arif, 1993;
Elkarmi & Ismail, 2007; Miyahira, 2010). Est presente em diversos pases da frica (Pilsbry
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& Bequaert, 1927; Appleton, 1996; Yassen, 1996; Samadi et al. 1999), da sia (Pilsbry &
Bequaert, 1927; Crook et al., 1968; Ismail & Arif, 1993; Yousif et al., 2010), da Oceania
(Glaubrecht et al. 2009), da Europa (Stagl, 1993; Jurickov, 2006), e das Amricas (Abbott,
1973; Chrosciechowsky, 1973; Vaz et al., 1986; Pointier et al., 1989; Larrea et al., 1990;
Pointier, 1993; Amaya-Huerta & Almeyda-Artigas, 1994; Pointier & Delay, 1995; Peso &
Quintana, 1999), incluindo todos os pases da Amrica do Sul (Brown, 1994).
Impactos ecolgicos
A espcie altamente prolfera, formando grandes agregados populacionais, que
afetam a dinmica dos processos ecolgicos. No Brasil a possvel reduo das espcies
nativas Aylacostoma tenuilabris (Reeve, 1860), Biomphalaria glabrata (Say, 1818) e Pomacea
lineata (Spix in Wagner, 1827) foi atribuda introduo e expanso de M. tuberculatus
(Fernandez et al. 2001;Thiengo et al., 2005). Miyahira (2010) observou o deslocamento de
macroinvertebrados frente ao crescimento da populao de M. tuberculatus em um riacho na
Ilha Grande, Angra dos Reis, RJ.
Impactos scio-econmicos
Ainda no observados, mas poderia acarretar diminuio da qualidade do concreto,
caso a areia utilizada em construes contenha conchas desta espcie, assim como j foi
documentado para espcies de Corbicula (Sinclair & Isom, 1961). Outros impactos possveis
referem-se s atividades de piscicultura, por colonizarem os tanques de criao (Thiengo
et al. 1998; Pinto & Melo, 2010) e prejudicarem a conservao de peixes ameaados de
extino (Mitchell et al. 2002).
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Impactos na sade
Melanoides tuberculatus pode atuar como hospedeiro intermedirio de vrios
trematdeos de importncia mdica, principalmente na sia: Clonorchis sinensis (Cobbold,
1875), parasito do fgado de vertebrados; Paragonimus westermani (Kerbert, 1878), parasito
do pulmo; Philophthalmus gralli Mathis and Leger, 1910, parasito do olho e Centrocestus
formosanus (Nishigori, 1924), parasito do intestino. Com relao ao Continente Americano,
dentre os vrios registros esto C. formosanus (Brasil, Colmbia, Estados Unidos, Mxico
e Venezuela), Paragonimus caliensis Little, 1968 (Colmbia), Paragonimus kellicotti Ward,
1908 (Estados Unidos), Paragonimus mexicanus Miyazaki & Ishi (Mxico) (Vaz et al., 1986;
Pointier, 1999; Levy, 2004; Velsquez et al., 2006; Derraik, 2008; Procop, 2009; Pinto &
Melo, 2010).
Melanoides tuberculatus tambm foi apontado como hospedeiro intermedirio do
nematdeo Angiostrongylus cantonensis (Chen, 1935), agente etiolgico da meningite
eosinoflica, em Israel (Ibrahim, 2007). Esta zoonose, endmica do sudeste asitico e
de Ilhas do Pacfico, possui atualmente vrios registros nas Amricas, inclusive no Brasil
(Esprito Santo, Pernambuco, Rio de Janeiro, So Paulo e Santa Catarina) (Caldeira et al.,
2007; Thiengo et al., 2010; Maldonado et al., 2010). Recentemente Pinto & Melo (2010)
relataram a ocorrncia de Centrocestus formosanus parasitando M. tuberculatus em Minas
Gerais, o que exige um monitoramento de M. tuberculatus na rea para evitar a ocorrncia
de casos humanos da doena.
Anlise de risco
Os impactos causados por M. tuberculatus esto relacionados primeiramente ao meio
ambiente, no que se refere degradao do habitat, deslocamento da fauna nativa, e
alterao na estrutura dos ecossistemas que invadem. No devem ser desconsiderados os
riscos para a sade pblica devido ao seu papel como hospedeiro intermedirio de diversos
helmintos e em atividades ligadas aquacultura.
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Ambiente de guas Continentais
235
236
Reino: Animalia
Filo: Mollusca
Classe: Gastropoda
Infraclasse: Heterobranchia
Superordem: Euthyneura
Ordem: Pulmonata
Sub-ordem: Basommatophora
Famlia: Physidae
Gnero: Physa Draparnaud, 1801
Espcie: Physa acuta Draparnaud, 1805
Sinonmia
Physa cubensis Pfeiffer, 1839; Physa acuta Draparnaud, 1805.
Paraense (2011) listou 155 espcies em sinonmia com Physa acuta: Physa alata Gould,
1860; Physa albofilata (Sampson, 1892); Physa altonensis Lea, 1864; Physa ampularia Say,
1859; Physa ampullacea Gold, 1855; Physa amygdalus Sowerby II, 1873; Physa anatina
Lea, 1864; Physa ancillaria Say, 1825; Physa aplectoides Sterki, 1900; Physa ariomus
Clench, 1925; Archiphysa ashmuni Dall,1905; Aplexa aurantia Carpenter, 1857; Physa
aurea Lea, 1838; Physa barberi Clench, 1925; Physella baylfildensis F.C. Baker, 1928. Physa
billingsii Heron, 1880; Physa blandii Lea, 1864; Physa bottimeri Clench, 1924; Physa var.
heterostrophella brevis Cockerell, 1889; Physa brevispira Lea, 1864; Physa bullata Potiez &
Michaud, 1838; Physa carltonii Lea, 1869; Physa charpentieri Kster, 1850; Physa chetekensis
F.C. Baker, 1928; Physa columbiana Hemphill, 1890; Physa concolor Haldeman, 1841;
Physa mexicana var. coniformis Strebel, 1874; Physa cooperi Tryon, 1865; Physa costata
Newcomb, 1861; Physa crandalli F.C.Baker, 1906; Physa ancillaria var. crassa Walker, 1901;
Bulla crassula Dillwyn, 1817; Physa crocata Lea,1864; Physa cupreonitens Cockerell, 1889;
Physa cylindrica De Kay, 1843; Physa elliptica var. decollata Cockerell, 1888; Physa deformis
Currier, 1867; Physa diaphana Tryon, 1865; Physa distinguenda Tryon, 1865; Physa distorta
Haldeman, 1843; Physa dorbigniana Lea, 1867; Physa elata Gold,1853; Physa elliptica Lea,
Ambiente de guas Continentais
237
1834; Physa elongata Say, 1821; Physa elongatina Lewis, 1855; Physa febigerii Lea, 1864;
Physa fontana Haldeman, 1841; Physa forsheyi Lea, 1864; Physa fragilis De Kay, 1843;
Physa gabbii Tryon, 1863; Physa glabra De Kay, 1843; Physa globosa Haldeman, 1841;
Physa goodrichi Clench, 1926; Physa gouldi Clench, 1935; Physa grosvenorii Lea, 1864;
Physa gyrina Say, 1821; Physa halei Lea, 1864; Physa hawnii Lea, 1864; Physella hemphilli
Lea, 1864; Physa pomillia hendersoni Clench, 1925; Physa heterostropha Say, 1817; Physa
hildrethiana Lea, 1841; Physa hordacea Lea, 1864; Physa humerosa Gould, 1855; Physa
hypnorum (Linnaeus, 1758); Physa inflata Lea, 1841; Physa integra Haldeman, 1841; Physa
humerosa interioris Ferriss, 1920; Physella laphami F.C. Baker, 1928; Physa lata Tryon,
1865; Physa lordi Baird, 1863; Physa ancillaria var. magnalacustris Walker, 1901; Physa
malleata Tryon, 1865; Physa marci F.C. Baker, 1924; Physa megalochlamys Taylor,1988;
Physa michiganensis Clench, 1926; Physa microstoma Haldeman, 1840; Aplexa microstriata
Chamberlin & Berry, 1930; Physa acuta var. minor Bourguignat, 1864; Physa natricina Taylor,
1988; Physa niagarensis Lea, 1864; Physa nicklinii Lea, 1864; Physa nuttallii Lea, 1864;
Physa obesa De Kay, 1843; Physa obstrussoides F.C. Baker, 1928; Physa occidentalis Tryon,
1865; Physa oleacea Tryon, 1866; Physa oneida F.C. Baker, 1919; Physa parkeri Currier,
1868; Physa parva Lea, 1864; Physa peninsulae Pilsbry, 1899; Physa philippii Kster, 1844;
Physa pilsbryi Aguayo, 1935; Physa plena Clench, 1930; Physa plicata De Kay, 1843; Physa
politissima Tryon, 1865; Physa pomilia Conrad, 1834; Physa primeana, Tryon, 1865; Physa
propinqua Tryon, 1865; Physa remingtoni Clench, 1930; Physa rhomboidea Crandal, 1901;
Physa saffordii Lea, 1864; Physa salina Clench, 1930; Physa sayii Tappan, 1839; Physa
scalaris Jay, 1839; Physa showalterii Lea, 1864; Physa smithiana F.C. Baker, 1920; Physa
smithsoniana Lea, 1864; Physa solida Philippi, 1841; Physa sparsestriata Tryon, 1865; Physa
spelunca Turner & Clench, 1974; Physa striata Menke, 1928; Physa subarata Menke, 1928;
Physa subrotunda Sowerby II, 1873; Physa tenuissima Lea, 1864; Physa traskii Lea,1864;
Physa triticea Lea,1856; Physa troostensis Lea, 1841; Physa troostiana, Lea, 1844; Bulinus
tryoni Currier,1867; Bulinus crassulus typica Beck, 1838; Physa lordi utahensis Clench, 1925;
Physa venusta Lea, 1864; Physa vernalis Taylor & Jokinen, 1985; Physa vinosa Gould, 1847;
Physa virgata Gould, 1855; Physa virginea Gould, 1847; Physa walkeri Crandall, 1901; Physa
warreniana Lea, 1864; Physa whitei Lea, 1864; Physa wolfiana Lea, 1869; Physa zionis
Pilsbry, 1926; Physa lordi zomos Baily & Baily, 1952; Aplexa abbreviata Beck, 1838; Physa
fontinalis var. albina Jeffreys, 1862; Physa antonii Kster, 1844; Physa aspii Holmberg,
1909; Aplexa rivalis brasiliana Beck, 1838; Physa brasiliensis Koch Kster, 1844; Physa
cornea Massot, 1845; Aplecta gualbertoi Cousin, 1887; Physa loosii Holmberg, 1909; Aplecta
martinidella Jousseaume Cousin, 1887; Physa mediana Parreyss Dupuy, 1850; Physa
nodulosa Biese, 1949; Physa papaveroi Leme, 1966; Physa peruviana Gray, 1828; Physa
simoni Jousseaume, 1889; Physa venezuelensis Martens, 1860; Physa venustula Gould,
1847. Estes dados reduzem a informao de Taylor (2003) quanto ao nmero de espcies de
Physidae, cerca de 80 distribudas mundialmente.
Nome popular
238
Idioma
Fisa
Caramujo
Portugus
O nome Physidae, assim como o do gnero Physa originrio do termo grego physao,
que significa saco, bolsa, enquanto o epteto especfico vem do termo em latim acutus, cujo
significado agudo, afiado. Physa acuta Draparnaud, 1805 poderia ser definida como uma
espcie com a concha em forma de bolsa com uma das extremidades afiada, a qual seria o
pice da concha (Te, 1980).
Forma biolgica
Molusco; gastrpode
Situao populacional
Espcie extica invasora, atual.
Caractersticas morfolgicas
Physa acuta apresenta concha oval-alongada, fina, lisa, moderadamente brilhante
e translcida; cinco giros, espira curta e sutura ligeiramente marcada. Abertura grande,
sinistrgira, cerca de do total do comprimento da concha. Massa cefalopodal uniforme, de
cor cinza escuro, teto da cavidade palial profundamente pigmentado, tubo renal firmemente
pregueado e em zigue-zague, terminando num curto ureter que se abre atravs de um
meato subterminal atrs do pneumstoma. O aparelho reprodutor apresenta como carter
diagnstico, uma glndula localizada na metade proximal da parede do prepcio (Paraense,
2003).
Lugar de origem
A localidade-tipo de Physa acuta a bacia do rio Garonne, Frana (Draparnaud,
1805).
Ecologia
um molusco encontrado em ambientes de gua doce, como tanques pequenos,
represas, lagos e crregos, geralmente de curso lento. uma espcie bastante cosmopolita,
capaz de se dispersar rapidamente e colonizar diversas reas. Caractersticas do ciclo de
vida, como elevada taxa de reproduo e tolerncia a ambientes eutrofizados aumentam a
capacidade de invaso e estabelecimento desta espcie. Pode alcanar elevadas densidades
populacionais, como registrado por Frana et al. (2007), em reservatrios do baixo Tiet,
onde a espcie alcanou 4.350 ind./m2 no perodo chuvoso. Elevadas concentraes de
nitrognio total e valores elevados de pH podem explicar a abundncia de P. acuta (Frana
et al., 2007). Na frica do Sul h registros de ocorrncia em ambientes poludos, podendo
atingir at 3.000 indivduos/m2 (Appleton, 1996).
Tipo de introduo
provvel que P. acuta tenha sido introduzida de forma no intencional, por meio do
comrcio ou transporte de plantas aquticas e atividades de aquariofilistas.
239
Histrico da introduo
Physa acuta foi descrita por Draparnaud em 1805, baseada em espcimes coletados na
bacia do rio Garonne, na Frana. Muitos registros dessa espcie fora de sua localidade-tipo
tm sido relatados em pases da Europa, sia, frica, alm de registros na Austrlia, Hava
e nos Estados Unidos (Paraense & Pointier, 2003). No Brasil os registros so para o Estado
do Rio de Janeiro nos municpios de Guapimirim, Mag, Petrpolis, So Jos do Vale do Rio
Preto e Terespolis (Thiengo et. al, 1998); em Belford Roxo, Cachoeiras de Macacu, Duque
de Caxias, Itagua e Mangaratiba (Thiengo et. al, 2001); Bom Jardim, Cantagalo, Carmo,
Cordeiro, Duas Barras, Nova Friburgo e Sumidouro (Thiengo et. al, 2002) e Barra Mansa,
Barra do Pira, Itatiaia, Pira, Rio das Flores e Valena (Thiengo et. al, 2004). Os demais
registros so para o municpio de Santos, SP, em 1964 e no municpio de Caravelas, BA, em
1995 (dados da Coleo Malacolgica do Instituto Oswaldo Cruz- CMIOC).
Distribuio geogrfica
Segundo Paraense & Pointier (2003) e Madsen & Frandsen (1989), P. acuta apresenta
ampla distribuio geogrfica na Europa (Alemanha, ustria, Blgica, Bulgria, Esccia,
Espanha, Grcia, Holanda, Hungria, Inglaterra, Irlanda do Norte, Itlia, Polnia, Portugal,
Repblica Tcheca), sia (Azerbaijo, Bangladesh, China, Gergia, ndia, Ir, Iraque, Israel,
Japo, Jordnia, Coria e Macau), frica (Arglia, Egito, Etipia, Qunia, Ilhas Maurcio,
Rodsia, Madagascar, La Reunion, Zimbbue, Marrocos, Nambia, Nigria, frica do Sul,
Uganda, Sudo, Tunsia, Zaire), Austrlia, Hava, Estados Unidos (Massachusetts, Virgnia).
H ainda ocorrncia dessa espcie nas Amricas Central e do Sul (Argentina, Barbados,
Bolvia, Brasil, Chile, Colmbia, Cuba, Equador, El Salvador, Guatemala, Jamaica, Martinica,
Mxico, Nicargua, Panam, Peru, Porto Rico, Santa Cruz, So Toms, Trinidade, Uruguai,
Venezuela. (Pointier, 2003).
Impactos ecolgicos
No h registros.
Impactos scio-econmicos
No h registros.
240
Impactos na sade
No h registros. Todavia, existem evidncias, atravs de infeces experimentais, de
que P. cubensis possa atuar como hospedeiro intermedirio de Fasciola hepatica (Barros et
al., 2002) e de Echinostoma spp. (Morales et al., 1987).
Anlise de risco
No h registros.
241
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243
Reino: Animalia
Filo: Mollusca
Classe: Gastropoda
Infraclasse: Heterobranchia
Superordem: Euthyneura
Ordem: Pulmonata
Sub-ordem: Basommatophora
Famlia: Planorbidae
Gnero: Helisoma Swainson, 1840
Espcie: Helisoma duryi (Wetherby, 1879)
Sinonmia
Planorbis (Helisoma) duryi Wetherby, 1879; Planorbella duryi (Wetherby, 1879),
Helisoma duryi (Wetherby, 1879).
Nome popular
No existe nome popular no Brasil para esta espcie. Planorbdeos, principalmente
Biomphalaria, so popularmente conhecidos como corond.
Os moluscos pertencentes Sub-Ordem Basommatophora possuem os olhos
medialmente junto s bases dos tentculos, segundo a etimologia grega: basis significa
base, ommatos, olho e pherein, portar. Quanto ao Helisoma a origem do nome vem do
grego onde helis, significa enrolado em espiral e soma, corpo. O nome da espcie foi em
homenagem ao naturalista Charles Dury.
244
Forma biolgica
Molusco; gastrpode.
Situao populacional
Espcie extica detectada em ambiente natural eem ambiente artificial (aqurios de
lojas de aquariofilistas e particulares, pisciculturas).
Caractersticas morfolgicas
Possui concha planispiral com cinco giros arredondados no lado direito e subangulosos,
ou mesmo carenados, no lado esquerdo. Tamanho mximo da concha: 18 mm de largura
e 8,5 mm de largura. Os giros crescem rapidamente em dimetro e so bem visveis em
ambos os lados, exceto os mais internos direita que se aprofundam em estreita depresso
afunilada; sutura bem marcada em ambos os lados. Abertura da concha tipo cordiforme ou
deltide, geralmente transversal. As principais caractersticas diagnsticas encontram-se no
sistema reprodutor, sendo elas: bainha do pnis piriforme; prepcio com parede projetada
lateralmente pelo rgo prepucial; e canal do rgo prepucial justaposto projeo lateral
do prepcio apresentando poucas circunvolues. Estas descries morfolgicas so de
Paraense (1975).
Lugar de origem
A localidade-tipo Everglades, Florida, Estados Unidos da Amrica (Paraense, 1975).
Ecologia
So moluscos pulmonados, capazes de realizar a respirao atmosfrica e aqutica,
o que lhes proporciona uma grande capacidade de adaptao. Embora seja uma espcie
hermafrodita, H. duryi no tem a autofecundao como um meio alternativo de reproduo
to eficiente quanto a dos demais planorbdeos (Paraense & Corra, 1988), o que dificulta
seu estabelecimento em ambientes temporrios, quando a maior parte da populao no
consegue sobreviver.
Tipo de introduo
Seguramente
ornamentais.
por
ao
humana
atravs
do
comrcio
de
peixes
plantas
Histrico da introduo
Segundo Paraense (1976a), o gnero Helisoma se expandiu de seu domnio Nertico
original para a Amrica do Sul a oeste dos Andes at o Peru (Colombia, Equador, Jamaica,
Haiti, Mxico e Peru), sendo que H. duryi foi introduzido em diversas reas a leste dos
Andes. Os registros da introduo desta espcie no Brasil relataram a ao humana como
a causa da ocorrncia de H. duryi nos diferentes estados, sendo inicialmente assinalado em
Gois (Paraense, 1976b), em agosto de 1972. O prximo registro ocorreu no municpio de
Guapimirim, Estado do Rio de Janeiro em junho de 1997 (Thiengo et al. 1998). No Estado do
Cear foram feitos registros nos municpios de Redeno e Guaiba, em outubro de 2006.
245
Tanto no Estado do Rio de Janeiro, quanto no do Cear, a introduo de H. duryi foi associada
ao peixe ornamental Beta splendens Regan, 1910, destinado ao comrcio e como uma forma
de controle biolgico das larvas de Aedes aegypti Linnaeus, 1758, respectivamente.
Distribuio geogrfica
Estados Unidos (Flrida), Arbia Saudita, Egito (Nilo), frica (frica do Sul, Cape Point,
Congo, Johannesgurg, Mandini, Mauritius, Nambia, Qunia, Reunion, Spitzkoppe, Tanznia,
Uganda, Zambia e Zimbbue), Israel, Peru, Saint Croix e Costa Rica (Madsen & Frandsen,
1989). Na Argentina, Rumi et al. (2002) alertaram para o problema de sua introduo no
pas, uma vez que foram encontrados em aqurios.
Impactos ecolgicos
No h registros.
Impactos scio-econmicos
No h registros.
Impactos na sade
No h registros.
246
Anlise de risco
Desconhecida.
247
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94, 2002.
248
Captulo 8
Microcrustceos e Crustceos
249
Introduo
O nmero de espcies atuais estimado
para os crustceos de aproximadamente
52.000. O elevado grau de desconhecimento, que ainda persiste, sobre o grupo resulta
em dvidas sobre o monofiletismo de Crustacea, bem como sobre o nvel taxonmico
ideal para inclu-lo. O grupo , por vezes,
tratado como subfilo, superclasse e classe
dentro do filo Arthropoda. Seis principais
grupos podem ser reconhecidos dentro de
Crustacea (Branchiopoda, Remipedia, Cephalocarida, Maxillopoda, Ostracoda e Malacostraca) e atualmente esto descritas
pelo menos 849 famlias (Martin & Davis,
2001).
Uma caracterstica importante dos
crustceos a diversidade morfolgica. Os
animais deste grupo apresentam elevada
diversidade de forma entre as espcies,
o que reflete tambm na diversidade funcional e na importncia destes organismos
para os ecossistemas aquticos. A diferena
de tamanho de indivduos adultos, entre espcies, por exemplo, tem razo superior a
1.000, podendo ocorrer espcies com mais
de 4m de comprimento, como o caso da
espcie de caranguejo japons Macrocheira
kaempferi, ou com poucos milmetros (Martin & Davis 2001), comumente chamados
de microcrustceos.
O grupo mais popular e tambm mais
estudado, dentre os crustceos, sem dvida a ordem Decapoda (camares, lagosta,
caranguejos), tanto em funo de sua diversidade quanto de sua importncia eco-
1
2
1
2
251
Tab 8.1 Ordem (de acordo com Martin & Davis 2001) e situao populacional das espcies
de crustceos exticos registrados para as guas continentais brasileiras.
Ordem
Espcie
Situao populacional
Anostraca
Dendrocephalus brasiliensis
Daphnia lumholtzi
Daphnia magna
Daphnia similis
Procambarus clarkii
Extica invasora
Macrobrachium amazonicum
Macrobrachium jelskii
Extica invasora
Macrobrachium rosenbergii
Dilocarcinus pagei
Mesocyclops ogunnus
Extica invasora
Lernaea cyprinacea
Extica invasora
Diplostraca
Decapoda
Cyclopoida
252
sob condies favorveis, o que lhes confere crescimento populacional muito rpido,
enquanto, os coppodos apresentam reproduo sexuada obrigatria e se utilizam de
reservas durante estgios de desenvolvimento, o que os tornam menos suscetveis
s condies ambientais (Melo, 1999).
Uma questo importante sobre a introduo desses organismos no Brasil o
fato de que algumas espcies do grupo so
parasitas de outros organismos, a exemplo de alguns peixes economicamente importantes. Tambm h informaes sobre
espcies hospedeiras de organismos que
afetam a sade humana, como o caso
de espcies de Mesocyclops, na frica, que
so hospedeiras do nematdeo Dracunculus
medinensis, que causa leses subcutneas
e cutneas, podendo levar a cegueira (Bimi,
2001).
A pulga dgua Daphnia lumholtzi
um cladcero (Crustacea) que foi encontrado no reservatrio de Trs Irmos, em
2000. A espcie nativa no sudeste da
sia, frica e Austrlia e, possivelmente, a
sua introduo est associada introduo
de peixes exticos destas regies do mundo. Uma vez aqui, a sua disperso pode ser
continuada do mesmo modo ou, atravs de
embarcaes. uma espcie que apresenta um espinho peculiar em sua carapaa,
que pode torn-la menos susceptvel aos
predadores invertebrados. Outras duas pulgas dgua exticas presentes no pas so
a Daphnia magna e a Daphnia similis, ambas encontradas em ambientes aquticos
dos Estados Unidos e da Europa e que so
amplamente utilizadas em experimentos de
ecotoxicologia bem como, na alimentao
de organismos aquticos. No entanto, no
conhecido nenhum caso de reconhecimento destas espcies em ambiente natural no
Brasil.
253
254
A grande maioria dos registros obtidos neste estudo para L. cyprinacea ocorreu no estado do Paran, mas, h tambm
registros em So Paulo, Minas Gerais, Paraba e no estado de Pernambuco. Nos registros do levantamento, foi destacado que
espcies nativas de peixes esto sendo parasitadas por este copepoddeo em ambiente natural. Devido sua forma de propagao, aos problemas econmicos que pode
causar aquicultura e aos casos de lerniose
em espcies nativas de peixes, esta espcie
considerada extica invasora.
Mesocyclops ogunnus outro copepoddeo extico, com origem nativa nos lagos
da frica e, atualmente, possui uma ampla
distribuio na Amrica do Sul. Os registros
obtidos mostram a distribuio desta espcie por vrios dos reservatrios de Minas
Gerais e So Paulo e, aparentemente, em
sistemas eutrficos, este se torna o Cyclopoidea dominante (Matsumura-Tundisi &
Silva, 2002). A espcie chegou a ser erroneamente identificada como Mesocyclops
kieferi, registrada em 1985 no reservatrio
de Barra Bonita, So Paulo (MatsumuraTundisi et al., 1990; Matsumura-Tundisi &
Silva, 2002).
Referncias
BIMI, L. Vector species of Dracunculus medinensis in West Akim District of southern
Ghana. West African Journal of Applied
Ecology, v. 2, 77-82, 2001.
DIEGUEZ-URIBEONDO, J. The dispersion of
the Aphanomyces astaci-carrier Pacifastacus leniusculus by humans represents the
main cause of disappearance of the indigenous crayfish Austropotamobius pallipes in
Navarra. Bulletin Franais de la Peche
et de la Pisciculture, v. 380-81, p. 13031312, 2006.
255
256
Situao populacional
Espcie extica detectada em ambiente natural.
Lugar de origem
Austrlia, sudeste da sia e frica.
Ecologia
Este microcrustceo pode ser classificado como zooplncton e tem um papel importante na teia trfica de sistemas aquticos. As fmeas se reproduzem por partenognese e
os ovos apresentam dormncia. Essas caractersticas podem favorecer sua disperso para
novas reas. Em regies onde foi introduzida, como na Amrica do Norte, colonizou rapidamente diversos rios, reservatrios e lagos e se tornou uma das espcies predominantes
257
do zooplncton. Parece ser resistente a ambientes com nveis mais elevados de salinidade,
o que sugere que no apenas ambientes de gua doce, mas tambm, ambientes costeiros
pode ser suscetveis invaso por estes organismos.
Tipo de introduo
No intencional.
Histrico da introduo
Desconhecido.
Distribuio geogrfica
D. lumholtzi tem sido encontrada em ambientes aquticos no bioma Mata Atlntica,
estado de So Paulo.
Distribuio ecolgica
Comumente encontrados em ecossistemas aquticos eutrofizados do bioma Mata
Atlntica.
Impactos ecolgicos
Nenhum impacto ambiental foi descrito para o Brasil. Entretanto, possvel que ocorra
competio desta espcie extica com espcies nativas do zooplncton. Estudos sugerem
que, aps a invaso de D. lumholtzi em lagos, represas e rios da Amrica do Norte, ela se
tornou competitivamente superior s espcies nativas de Daphnia, sendo capaz de produzir
uma quantidade maior de ovos em condies similares.
Impactos scio-econmicos
Ainda no existem registros.
Anlise de risco
Estudos biogeogrficos apontam que a disperso de espcies de zooplncton entre
continentes, originalmente, era um evento raro, mas, no ltimo sculo sua frequncia aumentou muito em funo da expanso do comrcio internacional. Assim, muitas alteraes
de comunidades nativas zooplanctnicas ainda podem ocorrer. No h estudos indicando
taxas de disperso e estabelecimento de D. lumholtzi no Brasil, possivelmente, porque o seu
apontamento para o pas ainda recente, entretanto, possvel que represente risco para
espcies nativas do zooplncton e fitoplncton, pois, parece ser uma espcie competitivamente superior e apresenta resistncia a condies ambientais bastante adversas. Assim,
258
esta espcie pode ser considerada uma extica invasora potencial. No h estudos que
possibilitem produzir uma previso de riscos econmicos e riscos sociais. No se conhecem
estudos sobre controle da espcie.
259
Reino: Animalia
Filo: Arthropoda
Classe: Branchiopoda
Ordem: Diplostraca
Famlia: Daphniidae
Gnero: Daphnia
Espcie: Daphnia magna
Nomes populares
Pulga-dgua.
Situao populacional
Espcie extica contida em ambiente artificial.
Lugar de origem
A espcie originria da China.
Ecologia
Estes microcrustceos so classificados como zooplncton e tm papel importante na
teia trfica de sistemas aquticos. As fmeas se reproduzem por partenognese. A espcie
apresenta uma tolerncia ampla variao de temperatura, mas, a temperatura tima ocorre entre 18 e 22C.
260
Tipo de introduo
Intencional, para bio-ensaios e aquicultura.
Histrico de introduo
Desconhecido.
Distribuio geogrfica
A espcie foi detectada em praticamente todas as regies do Brasil, sempre em criaes controladas em laboratrio.
Distribuio ecolgica
reas urbanas, em laboratrios e tanques experimentais.
Impactos ecolgicos
A espcie D. magna pode ser infectada pelo protozorio microspordeo Pleistophora intestinalis, parasita do epitlio intestinal. Este parasita pode ser transmitido quando D. magna
defeca na gua. Diversas regies na Europa apresentam este microspordeo e, por isto, a
introduo deste organismo no Brasil aumentou o risco do surgimento de novas doenas em
ecossistemas naturais.
Impactos scio-econmicos
Desconhecidos.
Anlise de risco
As espcies D. magna e D. similis ainda no foram detectadas em ambientes naturais
no Brasil. Em funo do aumento da disperso de espcies de zooplncton entre continentes,
decorrente do comrcio internacional de espcies aquticas, ainda podero ser detectadas
alteraes nas comunidades nativas zooplanctnicas. A espcie D. magna, por exemplo,
pode ser infectada pelo protozorio microspordeo parasita do epitlio intestinal Pleistophora
intestinalis e, neste caso, pode transmitir este parasita, inclusive para outras espcies de
Daphnia, atravs da defecao na gua. Assim, a espcie pode ser considerada uma extica
invasora potencial. No h estudos que possibilitem produzir uma previso mais especfica
261
sobre os riscos econmicos e sociais associados introduo destas espcies. No se conhecem tambm estudos sobre o controle da espcie, aps sua introduo em ambiente
natural.
262
Situao populacional
Espcie extica contida em ambiente artificial.
Caractersticas morfolgicas
No gnero Daphnia, os adultos apresentam um espinho pelo menos quatro vezes mais
longo do que largo no final do corpo e no apresentam cavidade cervical. D. similis apresenta este espinho particularmente longo. A margem posterior ps-abdominal no curvada e
ocorrem de 10 a 14 espinhos anais. As fmeas apresentam comprimento de 3,0mm.
Lugar de origem
China.
Ecologia
Esta espcie de microcrustceo pode ser classificada como zooplncton e desempenha
papel importante na teia trfica de sistemas aquticos. As fmeas se reproduzem por partenognese. O crescimento populacional desta espcie parece ocorrer melhor em temperaturas mais baixas.
Tipo de introduo
Intencional, para bio-ensaios e aquicultura.
Histrico da introduo
Desconhecido.
Distribuio geogrfica
A espcie foi detectada em praticamente todas as regies do Brasil, sempre em criaes controladas em laboratrio.
263
Distribuio ecolgica
reas urbanas, em laboratrios e tanques experimentais.
Impactos ecolgicos
No descritos, uma vez que a espcie ainda no foi detectada em ambiente natural.
Impactos scio-econmicos
Desconhecidos.
Anlise de risco
As espcies D. magna e D. similis ainda no foram detectadas em ambientes naturais
no Brasil. Em funo do aumento da disperso de espcies de zooplncton entre continentes,
decorrente do comrcio internacional de espcies aquticas, ainda podero ser detectadas
alteraes nas comunidades nativas zooplanctnicas. No h estudos que possibilitem produzir uma previso mais especfica sobre os riscos econmicos e riscos sociais associados
introduo destas espcies. No se conhecem tambm estudos sobre o controle da espcie,
aps sua introduo em ambiente natural.
264
Situao populacional
Espcie extica contida em ambiente artificial.
Lugar de origem
D. brasiliensis ocorre naturalmente desde a Argentina at o Nordeste do Brasil, em
poas temporrias. A espcie comumente encontrada nos estados de Minas Gerais, Bahia,
Paraba, Rio Grande do Norte e Piau.
Ecologia
Esta espcie apresenta ciclo de vida curto, de 8 a 13 dias. Ao atingir o estgio adulto,
ela produz cistos (de 100 a 230 cistos por desova), que so resistentes seca e a outras
condies desfavorveis. um animal filtrador. A razo sexual observada em algumas populaes ligeiramente desviada para as fmeas. Aparentemente, a espcie necessita de
perodos de seca para completar seu ciclo de vida e, por isto, a distribuio da espcie
descontnua, ocorrendo apenas em habitats com esta caracterstica.
Tipo de introduo
No intencional.
265
Histrico da introduo
A espcie foi introduzida no intencionalmente na bacia do rio Tiet, no municpio de
Tabatinga, So Paulo, em funo da aquisio de um lote de peixes provenientes do nordeste
brasileiro, em 1997. Nesta regio, a espcie se manteve restrita aos tanques de cultivo, pois,
estes so anualmente esvaziados, promovendo as condies de seca s quais a espcie est
adaptada.
Distribuio geogrfica
A espcie ocorre nos estados de Minas Gerais, Bahia, Paraba, Rio Grande do Norte e
Piau, como nativa, mas, foi introduzida no intencionalmente em So Paulo, no municpio
de Tabatinga.
Distribuio ecolgica
Em ecossistemas aquticos naturais efmeros, no bioma Mata Atlntica.
Impactos ecolgicos
A literatura sugere que o crescimento explosivo da espcie pode afetar a diversidade
do fitoplncton em ambientes invadidos. No houve descrio de impactos negativos sobre
qualquer organismo, decorrente da presena da espcie no Brasil.
Impactos scio-econmicos
Nenhum descrito.
Anlise de risco
O uso da branchoneta como alimento em sistemas de cultivo, bem como, sua habilidade de produzir cistos de resistncia podem facilitar a disperso da espcie para novas reas
no Brasil. Ainda no h conhecimento suficiente para avaliar possveis danos biodiversidade
local, entretanto, foi sugerido que a espcie possa representar riscos a manuteno da biodiversidade de fitoplncton nos sistemas onde a espcie foi introduzida, pois, seu crescimento
explosivo, provoca o consumo acelerado do mesmo. Aparentemente, no h riscos sociais
ou econmicos associados presena da espcie, mas, no houve estudos suficientes para
esta afirmao. A principal forma de prevenir e controlar a disperso da espcie propor
cuidados sanitrios especficos associados ao cultivo de peixes e camares, principalmente,
durante o transporte de espcimes de uma regio para outra.
266
267
268
Situao populacional
Espcie extica detectada em ambiente natural.
Lugar de origem
Amrica do Sul: bacia do rio Amazonas, rio Paraguai e baixo Paran.
Ecologia
A longevidade de D. pagei de cerca de 4,5 anos, sendo que a espcie atinge a maturidade sexual por volta de 1 ano e tamanho mximo por volta de 2,5 anos. A ecloso das
larvas aps a postura dos ovos pode ocorrer em 15 dias, mas, este perodo dependente
da temperatura de desenvolvimento dos ovos. Ocorre disputa entre os machos para o acesso ao acasalamento e, em funo disso, o tamanho corporal pode estar diretamente ligado
ao sucesso reprodutivo dos machos. Apesar disso, as fmeas apresentam um crescimento
mais acelerado, o que significa que elas atingem a maturidade sexual antes dos machos. A
fecundidade das fmeas diretamente correlacionada com seu tamanho corporal. O peso
269
dos rgos das fmeas varia em funo do perodo da vida, diminuindo consideravelmente
no perodo que antecede o estgio reprodutivo, quando as reservas energticas so direcionadas para as gnadas.
Tipo de introduo
Intencional, pois, a espcie usada como isca viva.
Histrico da introduo
No descrito.
Distribuio geogrfica
A distribuio original da espcie inclui a bacia do rio Amazonas, rio Paraguai e baixo
Paran. Recentemente, sabe-se que foi introduzida no trecho alto do rio Paran, nos estados
de So Paulo e Paran.
Distribuio ecolgica
reas periurbanas, em locais de pesca.
Impactos ecolgicos
Possvel competio com espcies nativas das bacias onde introduzida, mas, no
h dados confirmando. No h registro de estudos que mostre organismos afetados pela
espcie.
Impactos scio-econmicos
Nenhum descrito.
Anlise de risco
No h conhecimento cientfico suficiente sobre o estabelecimento e a disperso desta
espcie em ambientes naturais, assim como, no h informaes sobre possveis impactos.
Entretanto, sem um amplo trabalho de educao ambiental com pescadores, a espcie poder se difundir por todo Brasil, j que o uso desta como isca-viva comum, ocasionando
intensa disperso de propgulos. Assim, possvel que resulte em impactos negativos ao
equilbrio ecolgico nos ambientes aquticos onde for introduzida (stios receptores). Como
grande parte das espcies, sua erradicao aps o estabelecimento pode ser impossvel, o
que refora a necessidade de trabalhos preventivos para conter a expanso da distribuio
geogrfica da espcie. necessrio gerar conhecimento, sobre a espcie na condio de
extica.
270
271
Situao populacional
Espcie extica invasora.
Lugar de origem
Eursia.
Ecologia
L. cyprinacea um copepoddeo parasita de vrios peixes de gua doce, pois, no
apresenta forte relao especfica com seus hospedeiros. A fecundao da fmea ocorre na
gua e, aps serem fecundadas, as fmeas sofrem metamorfose, dando incio s atividades
parasitrias. A fmea adulta apresenta um cefalotrax semiesfrico, pequeno, que contm
a boca e, ao lado desta, h um rgo de fixao bem desenvolvido. L. cyprinacea necessita
somente de um hospedeiro para completar o seu ciclo de vida, mas, apresenta trs estgios
de vida livre (os nuplius) e cinco estgios parasitrios (os copepoditos). Os estgios de vida
livre facilitam a disperso da espcie pela nova regio, uma vez estabelecida. O macho
livre e a fmea ps-metamorfoseada fixa. Os machos morrem logo aps a fecundao.
272
Tipo de introduo
No intencional, a partir da introduo de espcies de peixes de interesse comercial.
Histrico da introduo
Na Amrica do Sul, a espcie foi introduzida no incio do sculo 20, a partir de carpas
hngaras importadas. Atualmente, ela ocorre por praticamente em todo o pas, tanto no
ambiente natural quanto nos sistemas de cultivo.
Distribuio geogrfica
Os registros obtidos indicaram que a espcie est presente nos estados do Paran (Bacia do rio Paran), Santa Catarina, So Paulo, Minas Gerais, Paraba e Pernambuco; biomas
Mata Atlntica, Cerrado e Caatinga e, possivelmente, outros.
Distribuio ecolgica
reas periurbanas, associada aos sistemas de cultivo de peixes e tambm em ecossistemas aquticos naturais.
Impactos ecolgicos
Este copepoddeo j foi detectado parasitando espcies nativas de peixes. Estudos na
bacia do rio Paran, mostraram que em poucos anos a espcie se alastrou por diferentes
corpos dgua, em diversos municpios e, por parasitar um grande nmero de espcies e
indivduos, pode se tornar um possvel vetor de doenas.
Impactos scio-econmicos
A presena desta espcie, em uma regio, pode representar perdas econmicas e diminuio da produtividade em sistemas de cultivo de peixes comercialmente importantes.
Organismos afetados
Diversas espcies de peixes so parasitadas por este coppoda e estudos sobre a infestao mostraram intensas linfocitopenia e neutrofilia nos peixes infectados, assim como,
um consistente aumento dos valores percentuais de moncitos. Leves infestaes deste
parasita podem fazer os peixes rasparem o corpo nas laterais e no fundo dos viveiros. Altas
infestaes causam letargia, dificuldade para manter o equilbrio e fazem com que os peixes procurem as laterais dos viveiros. Alguns peixes nadam repentina e repetidamente na
tentativa de retirar o parasito e em seguida param exaustos, adotando posio lateral ou de
ventre para cima.
273
Anlise de risco
Comprovadamente a espcie se dispersa pelo pas atravs do cultivo de peixes. H evidncias de que a sua disperso pode ser rpida e de que, o seu ataque a espcies de peixes
em cativeiro e nativas no meio natural pode causar mortandade. Assim, a espcie representa
riscos ambientais e econmicos evidentes. Cuidados sanitrios nos sistemas de cultivo devem ser empregados para reduzir a sua disperso e realizar o seu controle.
274
Reino: Animalia
Filo: Arthropoda
Classe: Malacostraca
Ordem: Decapoda
Famlia: Palaemonidae
Gnero: Macrobrachium
Espcie: Macrobrachium amazonicum
Nomes populares
Camaro-canela ou camaro-sossego.
Situao populacional
Espcie extica detectada em ambiente natural.
Lugar de origem
Amrica do Sul: bacia do rio Amazonas, bacia do rio Orinoco e rio Paraguai.
275
Ecologia
Esta espcie caracterstica dos lagos de vrzea da Amaznia. M. amazonicum
uma espcie bastante utilizada para o cultivo, devido ao seu crescimento rpido, fcil manuteno em cativeiro, baixa agressividade e elevada resistncia a doenas e predadores.
A fecundidade das fmeas varia em funo do tamanho e do peso corporal, aumentando
consideravelmente nas fmeas maiores. O nmero mdio de ovos colocados em uma desova
pode chegar a mais de 2000, valor inferior ao observado para outras espcies cultivadas.
Entretanto, a espcie pode completar todo o seu ciclo de vida somente na gua doce e realiza desovas mensalmente, o que poderia compensar a baixa fecundidade por desova. Para
algumas populaes, j foram detectados dois picos reprodutivos para a espcie, um prximo de novembro (estao seca) e outro prximo de fevereiro (estao chuvosa). As larvas
eclodem aps 15 a 17 dias da postura dos ovos e o estgio larval dura entre 21 a 31 dias,
com 10 ou 11 estgios distintos.
Tipo de introduo
Intencional, para cultivo.
Histrico da introduo
Os estudos sobre as espcies de camaro de gua doce e seu potencial para a produo, no Brasil, ocorreram na dcada de 70, principalmente sobre as espcies Macrobrachium
acanthurus, Macrobrachium amazonicum e Macrobrachium carcinus. Entretanto, estes estudos e sua produo diminuram consideravelmente aps a introduo de M. rosenbergii no
pas. No nordeste, por exemplo, M. amazonicum foi introduzido inicialmente para ser usado
como alimento no cultivo do pirarucu e, s posteriormente, foi explorado na carcinocultura.
Esta espcie, juntamente com M. jelskii, foi introduzida na plancie inundvel do rio Paran
como espcies forrageiras de peixes originrios das regies Norte e Nordeste, introduzidos
pela CESP (Companhia Energtica de So Paulo), como parte de programa de repovoamento
de suas represas.
Distribuio geogrfica
A espcie foi introduzida no estado de So Paulo (regies do rio Grande, rio Tiet, rio
Paran, rio do Peixe, rio Paranapanema e diversas hidreltricas como, Hidreltrica de Rosana, Salto Grande, Chavantes), Paran (rio Paran, Primavera) e em praticamente todo o
nordeste brasileiro.
Distribuio ecolgica
reas periurbanas e ambientes naturais nos biomas Caatinga e Mata Atlntica.
276
Impactos ecolgicos
Possvel competio com espcies de outras bacias. Esta espcie se apresenta abundante, principalmente, associada a regies de elevado crescimento de macrfitas aquticas.
Impactos scio-econmicos
Diminuio da qualidade da gua, em funo do aumento de aporte de matria orgnica resultante dos cultivos.
Anlise de risco
J existem alguns trabalhos sugerindo os riscos associados introduo de M. amazonicum em algumas regies do Brasil. Estes trabalhos sugerem que a disperso desta espcie
pode ser bastante facilitada pelas tcnicas de cultivo de peixes, pelos constantes escapes e
pelas atividades de Pesque & Pague. Outro fator importante e que deve estar favorecendo o
estabelecimento desta espcie o fim do isolamento geogrfico que existia entre as regies
do alto e baixo Paran, a partir da construo da hidreltrica de Itaipu. Possivelmente porque
esta espcie caracterstica de ambiente de gua doce, seu estabelecimento no ambiente
natural tem sido favorecido, o que resultou em algumas populaes j registradas em localidades de So Paulo e Paran. Especialistas sugerem, entretanto, que seu estabelecimento
permanea mais restrito a esta regio, em funo das baixas temperaturas que ocorrem
mais ao sul. No h registros de impactos ecolgicos, econmicos ou sociais provenientes
do estabelecimento desta espcie, mas, o elevado crescimento populacional registrado para
algumas regies, sugere que possa representar um risco competitivo para espcies nativas.
Assim, preciso gerar conhecimento sobre a mesma na condio de extica no Brasil e,
sobretudo, garantir tcnicas de cultivo com elevado rigor sanitrio e minimizao do escape
dos tanques de cultivo.
277
278
Situao populacional
Espcie extica invasora.
Lugar de origem
Amrica do Sul: Bacia do rio Amazonas, bacia do rio Orinoco e rio Paraguai.
Ecologia
uma espcie tpica de guas doce, o que a torna bastante interessante para o cultivo fora das regies estuarinas. A fecundidade desta espcie no to elevada quanto a de
outras espcies, tambm cultivadas, como M. rosenbergii, uma vez que as fmeas colocam
poucos ovos por vez. Entretanto, esses ovos, apresentam um maior tamanho e as larvas
eclodem j mais desenvolvidas, restando apenas trs estgios antes da metamorfose.
Tipo de introduo
Intencional, para cultivo.
Histrico de introduo
Esta espcie, juntamente com M. amazonicum, foi introduzida na plancie inundvel
do rio Paran, como espcies forrageiras de peixes originrios das regies Norte e Nordeste
introduzidos pela CESP (Companhia Energtica de So Paulo), como parte do programa de
repovoamento de suas represas.
279
Distribuio geogrfica
A espcie foi introduzida no estado de So Paulo (represas do rio Tiet, rio Bonito e rio
Mogi-Guau) e foi relatada em diversos rios de bacias nos estados de So Paulo e Paran,
alm de estar presente tambm em todo o Nordeste Brasileiro.
Distribuio ecolgica
reas periurbanas e ambientes naturais.
Impactos ecolgicos
possvel que a diminuio de Macrobrachium carcinus e M. acanthurus observada no
aude Santo Anastcio, no Cear, possa ter sido causada em funo do aumento da abundncia de M. jelskii no local.
Impactos scio-econmicos
Diminuio da qualidade da gua, em funo do aumento de aporte de matria orgnica em funo dos cultivos.
Anlise de risco
J existem alguns trabalhos sugerindo os riscos associados introduo de M. jeiskii
em algumas regies do Brasil. Estes trabalhos sugerem que a disperso desta espcie pode
ser facilitada pelas tcnicas de cultivo de peixes, pelos constantes escapes e pelas atividades
de Pesque & Pague. Outro fator importante e que deve estar favorecendo o estabelecimento desta espcie o fim do isolamento geogrfico que existia entre as regies do alto e baixo
Paran, a partir da construo da hidreltrica de Itaipu. Possivelmente porque esta espcie
caracterstica de ambiente de gua doce, seu estabelecimento no ambiente natural tem sido
favorecido, o que resultou em populaes j bem estabelecidas e registradas em localidades
de So Paulo e Paran. Houve, ao menos, um registro de impacto ecolgico resultante da
introduo desta espcie no nordeste: a diminuio de Macrobrachium carcinus e M. acanthurus observada no aude Santo Anastcio, no Cear e, alm disso, o elevado crescimento
populacional registrado para algumas regies sugere que esta espcie possa representar um
risco para espcies nativas. Assim, preciso gerar conhecimento sobre a mesma, na condio de extica no Brasil e, sobretudo, garantir tcnicas de cultivo com elevado rigor sanitrio
e minimizao do escape.
280
281
Situao populacional
Espcie extica detectada em ambiente natural.
Lugar de origem
Indo-Oeste Pacfico.
Ecologia
Esta espcie tropical vive em habitats aquticos dulccolas de influncia marinha (gua
salobra), o que favorece seu cultivo em regies mais estuarinas. As fmeas, aps a reproduo, migram para os esturios, onde depositam seus ovos. As larvas so de vida livre,
planctnicas e necessitam de um grau mais elevado de salinidade para sobreviverem. Aps a
metamorfose, as ps-larvas apresentam um hbito mais bentnico e comeam a migrar em
direo aos ambientes de gua doce. As larvas se alimentam de zooplncton (principalmente crustceos). As ps-larvas e os adultos so onvoros, alimentando-se de algas, plantas
aquticas, moluscos, insetos aquticos, larvas e outros crustceos. Os machos apresentam
trs fases distintas durante seu crescimento: i) numa primeira fase, eles so pequenos, finos e apresentam colorao translcida; ii) numa segunda fase, apresentam uma colorao
282
Tipo de introduo
Intencional, para cultivo.
Histrico da introduo
No Brasil, esta espcie foi introduzida em 1977, a partir de espcimes importados de
fazendas no Hawaii. Na dcada de 1980, ela se difundiu entre os produtores (carcinocultores).
Distribuio geogrfica
Esta espcie est presente em cultivos e tanques experimentais na bacia do rio Tiet,
municpio de Brejo Alegre (SP), no Instituto de Pesca de Pindamonhagaba e de So Paulo
(SP). Em ambiente natural, j foi detectada no esturio Amazonas, na rea de Proteo
Ambiental da Baixada Maranhense, esturio do rio Caet (PA) e nas ilhas do Mosqueiro (PA)
e Maraj (PA).
Distribuio ecolgica
Agroecossistemas costeiros e insulares; bioma Costeiro. A espcie bastante difundida no Brasil, principalmente nas regies prximas aos cultivos. Os registros obtidos indicam
que a espcie j ocorre em ambiente natural, principalmente, em regies estuarinas.
Impactos ecolgicos
Ainda no foram descritos impactos associados introduo desta espcie no Brasil.
Existem diversas doenas associadas a ela em seu habitat nativo, o que pode resultar em
problemas futuros. Entretanto, ainda no houve relato de caso de transmisso de doenas
de M. rosenbergii para espcies nativas.
Impactos scio-econmicos
As prticas de carcinocultura provocam a diminuio da qualidade da gua, em funo do aumento de aporte de matria orgnica e, importao de camares, para cultivo,
podem introduzir diferentes parasitas ou patgenos, causando doenas aos organismos cultivados, bem como, aos nativos dos ambientes que recebem os despejos dos tanques de
carcinocultura.
283
Anlise de risco
J existem alguns trabalhos sugerindo possveis riscos associados introduo de M.
rosenbergii em algumas regies do Brasil. Estes trabalhos sugerem que a presena desta
espcie em regies mais interioranas deve ser resultante de escapes de tanques de cultivo,
uma vez que a mesma bastante restrita a regies mais estuarinas. A espcie j cultivada em diversos pases, h mais de 30 anos e no h relatos sobre sua invaso em reas
naturais. Alm disso, no h registros de impactos ecolgicos, econmicos ou sociais provenientes da introduo da espcie, entretanto, h pouco conhecimento sobre sua condio de
extica no Brasil, conhecimento de grande importncia ser gerado.
284
Situao populacional
Espcie extica invasora.
Lugar de origem
frica e sia.
Ecologia
Os coppodos, de modo geral, apresentam reproduo sexuada obrigatria e se utilizam de reservas garantidas pelas fmeas durante estgios de desenvolvimento, o que os
tornam menos suscetveis s condies ambientais. Podem ser facilmente transportados de
uma regio para outra, presos em plantas ou no corpo de animais como peixes e aves, tanto
como indivduos ativos quanto como formas resistentes. Aparentemente, ocorrem em ambientes lnticos e sua presena est fortemente ligada presena de macrfitas aquticas.
Ocorrem em ambientes eutrofizados e poludos.
285
Tipo de introduo
No intencional.
Histrico de introduo
Detalhes so desconhecidos, mas, a hiptese mais provvel que sua introduo
tenha se dado a partir de espcimes de peixes introduzidos em novos stios receptores, a
exemplo dos reservatrios.
Distribuio geogrfica
A espcie foi detectada na plancie de inundao do rio Paran, no estado do Paran,
em diversos reservatrios de So Paulo (Barra Bonita, Promisso, Bariri, Ibitinga, Nova Avanhandava, Trs Irmos), no rio Turvo e no reservatrio de Furnas, em Fama, Itaci e Porto
Fernandes em Minas Gerais.
Distribuio ecolgica
reas urbanas e periurbanas, nos biomas Mata Atlntica e Cerrado. A distribuio da
espcie no Brasil est aumentando, o que parece estar sendo favorecido pelo avanado processo de eutrofizao em diversos corpos dgua.
Impactos ecolgicos
uma espcie bastante resistente s condies adversas e tem sido muito favorecida
pelo processo de eutrofizao que vem ocorrendo em diversos reservatrios brasileiros e,
assim, apesar da elevada diversidade de espcies de coppodas nativas, M. ogunnus tem
ampliado sua distribuio geogrfica facilmente no Brasil. No reservatrio de Barra Bonita,
em So Paulo, a espcie j se tornou o Cyclopoidea co-dominante, uma vez que atualmente to abundante quando o nativo Thermocyclops decipiens. Desta forma, diversas espcies
de coppodas nativas, bem como, a estrutura da comunidade planctnica podem estar ameaadas nos ambientes invadidos.
Impactos scio-econmicos
Nenhum descrito.
286
Anlise de risco
A presena da espcie em uma regio representa riscos ambientais, especialmente,
sobre a estrutura da comunidade zooplanctnica. Estudos tm apontado a importncia de
espcies de coppodes ciclopidas, entre elas M. ogunnus, como predadores de espcies
herbvoras de zooplncton. Logo, a presena desta espcie tambm pode acelerar processos
de eutrofizao dos reservatrios, comprometendo a qualidade da gua disponvel nos mesmos. Alm disso, a introduo desta espcie pode tambm, representar risco para a sade
humana. O nematide Dracunculus medinensis um parasita humano causador da doena
dracunculase e cujo vetor conhecido a espcie Mesocyclops leukarti. Um estudo na frica
apontou que outras duas espcies de Mesocyclops tambm podem estar atuando como vetor
da doena, assim, ainda no possvel assegurar que M. ogunnus no seja capaz de atuar
como vetor desta doena. Logo, a espcie pode representar tambm, riscos sociais e econmicos. No so descritos mtodos de controle da espcie, a no ser, atravs da reduo de
aporte de nutrientes nos corpos dgua.
287
Reino: Animalia
Filo: Arthropoda
Classe: Malacostraca
Ordem: Decapoda
Famlia: Cambaridae
Gnero: Procambarus
Espcie: Procambarus clarkii
Nomes populares
Lagostim-extico, Lagostim-vermelho, Pitu.
Situao populacional
Espcie extica invasora.
Lugar de origem
Do norte do Mxico at a Flrida, sul de Illinois e Ohio; Estados Unidos.
Ecologia
Pode ocorrer em ambientes lnticos, como poas, lagoas, pntanos ou em ambientes
mais lticos, como riachos de baixa correnteza. Permanece, normalmente, sobre a vegetao ou sedimentos vegetais. Possui um comportamento territorial com elevada agressividade intraespecfica. uma espcie tpica de ambiente bntico e apresenta hbito alimentar
288
onvoro, usando como recurso insetos, larvas e detritos de origem vegetal. Em perodos de
estiagem ou inverno, os indivduos podem permanecer escondidos em refgios. As fmeas
constroem ninhos nas margens, no perodo reprodutivo, onde colocam seus ovos e, sua
fecundidade chega a 500 ovos. uma espcie de crescimento rpido: em condies ideais
as larvas eclodem em aproximadamente 21 dias de incubao e atingem cerca de 8cm de
comprimento em trs meses.
Tipo de introduo
Intencional, com fins ornamentais.
Histrico de introduo
A espcie amplamente cultivada em diversos pases, mas, no Brasil, no foi introduzida para cultivo. Entretanto, ela muito apreciada para o aquarismo, principalmente, em
funo da variao de cores que apresenta, indo desde o azul claro at um vermelho muito
intenso. Sua venda em lojas de animais exticos parece ocorrer a cerca de 20 anos em So
Paulo.
Distribuio geogrfica
Em ambiente natural, foi relatada a presena da espcie na cidade de So Paulo (Parque Municipal Alfredo Volpi, Bairro do Butant), em rios e riachos de Embu (SP) e no crrego
do bairro Vila Nogueira, em Taubat, estado de So Paulo. Estes registros indicam que a
espcie pode estar se espalhando pelo estado de So Paulo. Alm disso, sua ocorrncia foi
relatada em lojas de espcies exticas (Pet shops), em Manaus (AM) e em criadouros no
estado do Cear.
Distribuio ecolgica
A espcie encontrada em reas urbanas e periurbanas, no bioma Mata Atlntica.
Impactos ecolgicos
Ainda no foram descritos quaisquer organismos afetados ou impactos resultantes da
presena desta espcie no Brasil. Entretanto, estudos apontam que a politrofia da espcie
torna-a competitivamente superior, alterando e controlando a composio de espcie de
ecossistemas aquticos. Na Europa, esta espcie causou a introduo do fungo patgeno
Aphanomices astaci, que causou uma elevada mortalidade de indivduos de espcies nativas
e de espcies cultivadas na carcinocultura. Assim, um possvel impacto associado presena
desta espcie em novas reas a transmisso de doenas para espcies nativas e cultivadas.
289
Impactos scio-econmicos
Ainda no relatados para o Brasil. Em outros pases, a introduo desta espcie causou
srios prejuzos em sistemas de cultivo com solos encharcados, como o caso dos arrozais.
Anlise de risco
J existem trabalhos sugerindo possveis riscos associados introduo de P. clarkii
em algumas regies do Brasil. Estes trabalhos sugerem que a disperso da espcie no Brasil
est diretamente ligada ao cultivo ilegal e seus escapes. Uma vez dispersa no ambiente natural, o estabelecimento desta espcie bastante favorecido pela sua capacidade de tolerar
condies bastante adversas, como baixa oxigenao da gua ou mesmo a ausncia completa de gua. Alm disso, o desenvolvimento desta espcie no apresenta fase larval (diminuindo seu controle por predadores) e o crescimento populacional muito rpido. H uma
srie de impactos associados presena desta espcie relatados para outros pases, como,
diminuio da diversidade de espcies nativas e prejuzos em plantaes, principalmente,
em regies de solos midos e doenas associadas (como a causada pelo fungo patgeno A.
astaci) que representam ameaas carcinocultura e biodiversidade nativa. Logo, a presena desta espcie pode representar um elevado risco ecolgico, econmico e social. Assim,
preciso gerar conhecimento sobre a espcie na condio de extica no Brasil e, sobretudo,
tomar medidas rpidas para impedir sua disperso por novas reas, j que sua distribuio
ainda se encontra restrita a alguns locais.
290
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292
Captulo 9
Peixes
293
Captulo 9 - Peixes
Anderson Oliveira Latini
Lorena Torres Oporto
Dilermando Pereira Lima-Jnior
Daniela Chaves Resende
Ricardo oliveira Latini
Introduo
Em todo o mundo so retratados fatores ambientais e econmicos que afetam
direta ou indiretamente os peixes (Wootton,
1999; Latini, 2001; Latini & Petrere, 2004;
Agostinho et al., 2005a). Dentre os fatores
ambientais, temos os problemas derivados
da introduo de espcies exticas de peixes em corpos de gua doce (Pimentel et
al., 1999; Pimentel et al., 2001). Estas introdues produzem considerveis mudanas na composio da comunidade nativa
nestes ecossistemas, causando alteraes
no ambiente e a extino de diversas espcies de vertebrados e de invertebrados (Ricciardi & Maclssac, 2000; Figueredo & Giani,
2005; Latini et al., 2005; Latini & Petrere,
2007; Giacomini et al., 2011).
Em todo mundo as principais justificativas para a introduo de peixes em
guas continentais so: i) a expectativa do
aumento da produo de alimentos em uma
regio ou em uma localidade, ii) a insero
de novas oportunidades para o desenvolvimento da pesca esportiva em uma regio,
iii) o uso com objetivo ornamental das espcies, como em aqurios pblicos ou em
aqurios particulares e iv) a compensao
ou a mitigao da perda de estoques naturais excessivamente explorados e algumas
vezes, extintos comercialmente ou ecologi-
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295
296
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298
Situao populacional
Espcie extica detectada em ambiente natural.
Lugar de origem
Espcie tem como rea de distribuio natural a Amrica do Sul: nas bacias Amaznica
e do Orinoco; Guianas e bacia do rio Paran.
Ecologia
Ocorre em alagados ou plancies de inundao em partes baixas das bacias. So
carnvoros e nadam prximos ao fundo dos corpos dgua se alimentando principalmente de
peixes de pequeno tamanho corporal e de invertebrados.
Tipo de introduo
A espcie se dispersou naturalmente aps a construo da hidreltrica de Itaipu, que
desfez a barreira fsica entre o alto Paran e as outras ecorregies a jusante, a exemplo do
baixo Paran.
299
Histrico de introduo
Aps a construo da hidreltrica de Itaipu e do enchimento de seu reservatrio,
estabeleceu-se contato entre um trecho a jusante do rio Paran com um trecho a montante,
que antes eram isolados pelos Saltos de Sete Quedas. Isto, possibilitou a colonizao e o
estabelecimento de pelo menos 33 espcies de peixes no trecho a montante, sendo que uma
delas Ageneiosus ucayalensis.
Distribuio geogrfica
Como extica, uma espcie restrita plancie de inundao do rio Paran.
Distribuio ecolgica
Plancie de inundao do rio Paran, localizada no bioma Mata Atlntica.
Impactos ambientais
Informaes sobre a biologia da espcie permitem estrapolar que a mesma esteja se
alimentando de espcies nativas que ocorriam no trecho a montante, antes da destruio
da barreira fsica. Entretanto, ainda no h trabalhos cientficos que comprovem esta
circunstncia.
Impactos scio-econmicos
No h relatos.
Anlise de risco
A espcie foi identificada em estudos da plancie de inundao do rio Paran, na regio
de desgue do rio Ivinhema. Nesta regio se forma uma plancie de inundao que deve
beneficiar a espcie. Entretanto, aps ser detectada no perodo entre 1986 e 1988, no
foi novamente capturada em novas amostragens feitas entre os anos de 1993 e 1995,
2000 e 2001 e 2005 e 2006. Isto sugere que a espcie reduziu sua abundncia e, pode
estar sofrendo extino local. Deste modo, no h indcios de que a espcie dever se
dispersar nos ambientes naturais do entorno e que representar risco para as espcies
nativas. Entretanto, interessante que se faa uma investigao especfica sobre a espcie
na condio de extica.
300
301
Nomes populares
Acar, acar-zebra, cicldeo-zebra, achiba, burra, serica, conga.
Situao populacional
Espcie extica detectada em ambiente natural.
Lugar de origem
Amrica Central: Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Honduras, Nicargua e
Panam.
Ecologia
A espcie tem tolerncia a variaes de pH entre 7 e 8; vive em clima tropical com
temperaturas mnimas em torno de 20 e mximas em torno de 30C; habita pequenos
tributrios e trechos rasos de rios com correntes mais fortes. Seleciona habitats com fendas,
ou com maior quantidade de galhos e razes, onde se refugia. Alimentam-se de crustceos,
insetos, peixes e plantas aquticas. Cerca de 150g de ovos so postos em um ninho, na
superfcie de pedras limpas, onde os pais os guardaro. Ambientes escuros so preferidos
para a postura dos ovos. Quando em buracos, o casal protege a sua entrada para evitar
predadores.
Tipo de introduo
Informao no disponvel.
Histrico de introduo
Informao tambm no disponvel.
302
Distribuio geogrfica
Restrita a corpos dgua localizados no bioma caatinga.
Distribuio ecolgica
Um nico registro de ocorrncia como espcie extica em ecossistema natural no pas,
na Serra do Baturit (CE).
Impactos ambientais
No Brasil no h estudos que registrem os impactos gerados pela presena da espcie
extica nos stios receptores onde ocorreram as introdues. Entretanto, considerada como
uma espcie potencial invasora, devido ao seu histrico em outros pases, como: i) reduo
de abundncia de um cicldeo importante para alimentao de populaes ribeirinhas no
Mxico; ii) raridade ou no existncia de algumas espcies nativas aquticas em riachos no
Hawa quando o acar zebra tambm ocorre.
Impactos scio-econmicos
Possibilidade de modificar a composio da ictiofauna nativa e alterar a pesca, a
exemplo do que ocorreu no Mxico.
Anlise de risco
A espcie comercializada em lojas de peixes, como espcie ornamental. Apesar
disto, somente um registro isolado foi obtido para a espcie no pas, e a menos que a sua
produo e venda no pas aumente muito rpido, no deve representar, ainda, risco para a
biodiversidade. A espcie j foi detectada como estabelecida na Austrlia, no Japo, Estados
Unidos, Mxico e no Hawa, em todos os casos, devido soltura intencional por criadores de
peixes ornamentais. necessrio produzir conhecimento sobre a espcie, na condio de
extica, na regio onde encontrada.
303
CORFIELD, J.; DIGGLES, B.; JUBB, C.; MCDOWALL, R. M.; MOORE, A.; RICHARDS, A. AND
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304
Reino: Animalia
Phylum: Chordata
Classe: Actinopterygii
Ordem: Osteoglossiformes
Famlia: Arapaimidae
Gnero: Arapaima
Espcie: Arapaima gigas
Nomes populares
Pirarucu, no Brasil e paiche, no Peru e Equador.
Situao populacional
Espcie extica contida em ambientes artificiais.
Lugar de origem
Tem distribuio natural restrita bacia Amaznica, na Amrica do Sul. Ocorre nos rios
da Guiana, Brasil, Colmbia, Peru e Equador.
Ecologia
Peixes desta espcie, constroem ninhos de aproximadamente 15cm de profundidade e
50cm de largura em fundos arenosos. A maturidade reprodutiva alcanada aps os 4 anos
de vida e cerca de 1,7m de comprimento padro. Tem a estao reprodutiva concentrada
entre os meses de abril e maio e faz guarda tanto dos ovos como dos alevinos. So
predominantemente piscvoros. Obrigatoriamente precisa respirar ar na superfcie dgua,
305
quando emite um som caracterstico, o que facilita sua localizao por pescadores. Suas
populaes sofrem grande presso de pesca e a espcie encontra-se ameaada de extino
e tem o seu comrcio internacional restrito desde 1975 (CITES II).
Tipo de introduo
Intencional, para cultivo em cativeiro.
Histrico de introduo
Nos lagos do Museu Emlio Goeldi (PA) ocorreram as primeiras desovas conhecidas
da espcie fora de seu ambiente natural em 1939. Destas primeiras desovas, exemplares
foram levados para Fortaleza e para a estao de piscicultura Pedro Azevedo em Ic (cidades
do estado do Cear), onde se reproduziram em 1944. Sabe-se tambm que a espcie foi
utilizada na tentativa de controle de piranhas em vrios reservatrios do Nordeste Brasileiro.
H especulaes de que cerca de 40 anos aps as primeiras introdues, os estoques de
pirarucu foram esgotados. Atualmente, desde o ano 2000, o DNOCS vem desenvolvendo um
novo programa de introduo, mas com seu manejo em cativeiro.
Distribuio geogrfica
Restrita a reservatrios no nordeste e a criatrios no sul e sudeste do pas.
Distribuio ecolgica
Audes e tanques de cultivo presentes nos biomas Caatinga, Cerrado e Mata
Atlntica.
Impactos ambientais
A espcie tem hbito predador, generalista, com grande potencial para uso de muitas
espcies nativas como recurso alimentar. Podendo assim, reduzir significativamente as
populaes nativas locais. Redues drsticas no tamanho ( n) de populaes pode levar a
processos de eroso gentica.
Impactos scio-econmicos
No h impactos deste tipo relatados.
306
Anlise de risco
So muito isoladas as ocorrncias da espcie. Na Amaznia sofre risco de extino. Em
um ambiente introduzido, facilmente chamar a ateno de populaes locais ou ribeirinhas
e dificilmente deve alcanar abundncia populacional elevada. Entretanto, se conseguir
colonizar um novo ambiente como rios da bacia do Pernambuco e ou do Rio Grande do Sul,
poder se alimentar de peixes de praticamente todas as espcies e tamanhos. Vale ressaltar
que no caso do estado do RS, as temperaturas daquele ambiente se encontram muito abaixo
das temperaturas que o pirarucu encontra em seu domnio de ocorrncia natural o que deve
reduzir muito a sua chance de colonizao caso escape de criatrios. Introdues desta
espcie j foram detectadas no Mxico, em Cuba, nas Filipinas, na China e em Singapura.
Nos trs primeiros sabe-se que a espcie no se estabeleceu. Para os dois ltimos no se
tm informaes a respeito, alm do registro. Portanto, no h conhecimento cientfico sobre
o estabelecimento e sobre a disperso da espcie em ambientes naturais e em ambientes
impactados invadidos. necessrio gerar conhecimento sobre a espcie na condio de
extica.
307
Reino: Animalia
Phylum: Chordata
Classe: Actinopterygii
Ordem: Perciformes
Famlia: Cichlidae
Gnero: Astronotus
Espcie: Astronotus ocellatus
Sinonmias
Acara compressus Cope, 1872; Acara hyposticta Cope, 1878; Astronotus ocellatus
ocellatus (Agassiz, 1831); Astronotus ocellatus zebra Pellegrin, 1904; Astronotus orbiculatus
Haseman, 1911; Cychla rubroocellata Jardine & Schomburgk, 1843; Lobotes ocellatus
Agassiz, 1831.
Nomes populares
Acar-do-Amazonas, Acar-A, Apaiari, Dorminhoco, Oscar, Astronotus.
Situao populacional
Espcie extica detectada em ambiente natural.
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Lugar de origem
Amrica do Sul: bacia do rio Amazonas no Peru, Colmbia e Brasil.
Ecologia
Estes peixes habitam rios e riachos, mas, tm preferncia por guas mais calmas
(Goulding, 1981). Alimentam-se de outros peixes, camares, vermes e larvas de insetos,
obtidos principalmente em trechos de lagos e rios com o fundo lodoso ou arenoso. Para a
captura de presas, pode usar a tcnica de captura ativa ou por emboscada, fazendo automimetismo, se sujando em lama (isso camuflagem e no mimetismo) e se tornando,
por consequncia, menos visveis para suas presas e seus predadores (Machado, 2003).
A mcula escura que apresentam na cauda funciona como defesa contra predadores
(Winemiller, 1990). Sugesto: Sobrevive normalmente em grandes flutuaes de oxignio
disponvel, caracterstica de ambientes de lagos de vrzeas (Muusze et al., 1998). Esta
adaptao pode aumentar a sobrevivncia de propgulos e sua habilidade de disperso em
novos ecossistemas (Latini, 2005). Apresentam grande cuidado prole, defendendo ninhos
e filhotes (Beeching, 1997; Lowe-McConnell, 1999).
Tipo de introduo
As informaes obtidas das comunidades que habitam regies onde a espcie foi
introduzida, tem seu uso econmico associado aquariofilia, sugerem que sua introduo
tenha sido feita de modo intencional. Entretanto o seu escape de sistemas de cultivo consiste
tambm, em uma possibilidade de introduo.
Distribuio geogrfica
A espcie tem registros de ocorrncia nos estados do Rio Grande do Sul, Paran, So
Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Pernambuco e no Mato Grasso do Sul.
Distribuio ecolgica
A espcie tem sido encontrada em ecossistemas naturais e artificiais (lagos, reservatrios
de hidreltricas, represas e audes), em reas urbanas e periurbanas, afetando os biomas
Campos Sulinos, Mata Atlntica, Cerrado, Caatinga e Pantanal.
impactos ecolgicos
Existem relatos cientficos demonstrando a reduo da diversidade da fauna nativa
de peixes aps a introduo da espcie em ambientes naturais, mas em conjunto com a
introduo de outras espcies de peixes (Latini & Petrere, 2004). Caracdeos de pequeno porte
309
Impactos scio-econmicos
A espcie usada na piscicultura, na pesca esportiva e principalmente, cultivada como
organismo ornamental. A sua presena pode levar alterao da composio da fauna
nativa local e comprometimento de pescado na regio onde ocorreram as introdues da
espcie (Latini et al., 2004).
Anlise de risco
A espcie est entre os peixes exticos mais detectados neste Levantamento. Representa
grande risco ecolgico para peixes e invertebrados nativos, dos ambientes onde a espcie
foi detectada, devido sua grande amplitude de dieta (Froese & Pauly, 2010). Problemas
sociais e econmicos no so registrados para a espcie no Brasil. Apesar da espcie estar
amplamente distribuda no Brasil e alm de poder se dispersar sozinha, conta com criatrios
comerciais e amadores que podem dar continuidade sua disperso.
310
311
Nomes populares
Boz, palmitinho, surumanha, mandi-peruano, olho-de-gato.
Situao populacional
Espcie extica detectada em ambiente natural.
Lugar de origem
Amrica do Sul: Bacia da Prata, Rio Tocantins e alguns rios do trecho baixo da bacia
do Amazonas.
Ecologia
Habita principalmente a gua parada e possui hbitos noturnos. A espcie tem desova
parcelada e fecundao interna com o perodo reprodutivo se estendendo de setembro a
novembro. Durante o perodo reprodutivo os barbilhes maxilares dos machos se ossificam.
Tipo de introduo
A espcie se dispersou naturalmente aps a construo da usina hidreltrica de
Itaipu, que inundou o Salto de Sete Quedas que separava duas provincias ictiofaunsticas
distintas.
Histrico de introduo
A bacia do rio Paran, antes da construo da hidreltrica de Itaipu, apresentava
regies ecolgicas ou ecoregies bem delimitadas pela barreira fsica das Sete Quedas,
com o desaparecimento de tal barreira ambiental as espcie passaram a ter acesso a reas
antes no possveis de se alcanar. Assim, a espcie A. osteomystax ampliou sua rea de
ocorrncia.
312
Distribuio geogrfica
Restrita plancie de inundao do rio Paran, nos rios Paran, Ivinheima e Baa.
Distribuio ecolgica
Plancie de inundao. No bioma Mata Atlntica.
Impactos ambientais
Potencial predao sobre espcies nativas, mas sem confirmao cientfica ainda, de
consequncias ambientais.
Impactos scio-econmicos
Informao no disponvel.
Anlise de risco
A espcie foi identificada em 1986, em estudos desenvolvidos na plancie de inundao
do rio Paran. No rio Baa, existem registros de 1986 a 2006 apresentando crescimento
populacional comprovado. No rio Paran apresenta decrscimo populacional e no rio
Ivinhema sua populao est estvel (Oporto, 2008). Os dados de capturas apresentados
por Oporto sugerem o estabelecimento da espcie, que pode estar se dispersando localmente
e causando impactos comunidade nativa. Apesar de no haverem indcios de que a espcie
se dispersar mais para o alto Paran e, de no haver dados mostrando os seus efeitos sobre
as populaes nativas das quais ela est se alimentando, o seu crescimento populacional
certamente indicativo de que representa fator adverso comunidade onde se encontra.
313
314
Situao populacional
Espcie extica detectada em ambiente natural.
Lugar de origem
Drenagens da costa do Uruguai e Rio Grande do Sul e Bacia do rio Paran.
Ecologia
uma espcie de gua doce e hbito bentopelgico. Alimenta-se de detritos e pequenos
invertebrados. Apresenta fecundao externa e apresenta cuidado parental atravs da
construo de ninhos. O potencial reprodutivo desta espcie elevado, podendo dobrar
o tamanho de sua populao em 1,4 a 4,4 anos. Pode ser encontrada em riachos, rios,
alagados e lagoas.
Tipo de introduo
Possivelmente intencional, j que a espcie apresenta caractersticas interessantes
para o aquarismo.
Histrico de introduo
Informao no disponvel.
315
Distribuio geogrfica
Foi registrada como extica na represa Custdio, no Parque Estadual do Itacolomi,
MG.
Distribuio ecolgica
Encontrada em ecossistemas artificiais (reservatrios e represas) e naturais. Afetando
o bioma Mata Atlntica.
Impactos ambientais
bastante provvel que reduza a diversidade biolgica dos locais onde a espcie foi
detectada. Isto se deve competio estabelecida com espcies nativas, j que a espcie
apresenta uma dieta muito generalista e bastante flexvel, sendo diferente entre habitats
ocupados e apresentando flutuao no tempo, indicando oportunismo em usar os recursos
mais abundantes disponveis.
Impactos scio-econmicos
Informao no disponvel.
Anlise de risco
No se dispe de conhecimento cientfico sobre a espcie na situao de extica em
ambientes naturais brasileiros. H extrapolaes de que sua invaso muito bem suscedida na
Guadiana (Espanha) tenha iniciado a partir de Portugal, indicando habilidade em dispersarse em grandes rios. Neste pas h trabalhos indicando uma maior flexibilidade de dieta da
espcie do que os nativos dos locais invadidos, o que constitui uma vantagem considervel
afetando o seu sucesso de estabelecimento e disperso na regio, com consequentes
efeitos negativos sobre a fauna nativa. Sua ocorrncia no Brasil restrita a uma represa,
local artificialmente constitudo, mas importante produzir conhecimento sobre a espcie
na condio de extica no local para embasar a necessidade de aes futuras, caso seja
detectada fora da distribuio natural em outros locais.
316
KULLANDER, S.O. Cichlidae (Cichlids). p. 605-654. In: R.E. REIS, S.O. KULLANDER and C.J.
FERRARIS, Jr. (eds.) Checklist of the Freshwater Fishes of South and Central America. Porto Alegre: EDIPUCRS, Brasil. 2003.
RIBEIRO, F., ORJUELA, R. L., MAGALHES, M. F. and COLLARES-PEREIRA, M. J. Variability in
feeding ecology of a South American cichlid: a reason for successful invasion in mediterranean-type rivers? Ecology of Freshwater Fish, 16:559569, 2007.
317
Reino: Animalia
Phylum: Chordata
Classe: Actinopterygii
Ordem: Perciformes
Famlia: Osphronemidae
Sub-famlia: Macropodusinae
Gnero: Betta
Espcie: Betta splendens
Nomes populares
Beta, peixe-de-briga, peixe-siams, peixe-siams-de-briga, peixe-paraso.
Situao populacional
Espcie extica detectada em ambiente natural.
Lugar de origem
sia, bacia do Mekong.
318
Ecologia
A espcie B. splendens tolera variaes de pH entre 6 e 8 e temperaturas entre 24
e 30c; apresenta htito bentopelgico de gua doce e o tamanho de sua populao pode
dobrar em menos de 15 meses. A fmea desova sob o ninho no qual o macho aguarda
para fecundar os ovos. So postos entre 400 e 500 ovos que o macho recolhe com a boca
e deposita no ninho. Aps 24 a 40 dias os filhotes eclodem dos ovos e recebem cuidado
parental do macho.
Tipo de introduo
sugerido que este peixe alcanou o ambiente natural atravs de fugas de sistemas
de cultivo. possvel que tambm tenha se dado por solturas intencionais j que h famlias
que vendem peixes ornamentais que capturam no ambiente natural.
Histrico de introduo
A regio de Muria, no estado de Minas Gerais, se constitui no principal plo de
produo de peixes ornamentais do pas. Possui aproximadamente 60 diferentes espcies
sendo criadas, por um montante de 250 produtores, em aproximadamente 3000 tanques.
Durante o manejo dos tanques alguns peixes escapam e quando ocorrem enchentes. Alm
disto, lotes de indivduos da espcie so soltos intencionalmente quando seu valor de
mercado esta baixo, podendo assim, suas proles futuras serem coletadas naturalmente no
ambiente, para venda.
Distribuio geogrfica
Restrita s restingas e riachos proximos, em Pernambuco, no riacho Pratinha, na bacia
do rio Paraba do Sul, no municpio de Muria, estado de Minas Gerais. Em 1840 a espcie
j era cultivada em Singapura, fora das bacias originais e o primeiro registro como extico,
em Singapura, foi em 1937.
Distribuio ecolgica
A espcie foi detectada em ecossistemas naturais, nos biomas Zona Costeira e marinha
e Mata Atlntica.
Impactos ambientais
No existem estudos apontando o comportamento da espcie extica quando introduzida
em ambientes naturais (riachos) e nem das alteraes nas comunidade e ambiente, causadas
pela sua presena.
319
Impactos scio-econmicos
Na Austrlia foi detectada a introduo das bactrias Edwardsiella tarda e Edwardsiella
ictaluri atravs do beta. Estas bactrias podem causar septcemia entrica em bagres,
aparecendo cavidades mal cheirosas na carne dos peixes. No Brasil no h estudos.
Anlise de risco
uma espcie comercializada em lojas especializadas em venda de peixes com fins
ornamentais. nacionalmente conhecida pelo pblico que pratica aquariofilia, ou aquarismo,
mas, poucos registros foram obtidos em ambiente natural no pas. Apesar da inexistncia
ou restrio de acesso de dados cientficos, possvel que o seu estabelecimento seja raro.
Entretanto, caso acontea, pode representar ameaa a peixes de pequeno porte e invertebrados
aquticos, principalmente, em riachos de pequena ordem e em ambientes lnticos, nas
regies mais quentes. necessrio produzir estudos visando conhecer cientificamente as
consequncias da introduo e estabelecimento de populaes em ambientes naturais. uma
espcie com grande potencial de uso, assim esse uso, deve estar muito bem regulamentado,
embasado em experincias de manejo sustentveis ambiental e socialmente. preciso gerar
conhecimentos sobre a espcie em ambiente natural.
320
ELDREDGE, L.G. Freshwater fishes. p. 73-84. In: L.G. ELDREDGE, Perspectives in aquatic exotic species management in the Pacific Islands. Vol. 1. Introductions of commercially significant aquatic organisms to the Pacific Islands. South Pacific Commission, New
Caledonia, 1994.
HUMPHREY, J.D.; LANCASTER, C.; GUDKOVS, N.; MCDONALD, W. Exotic bacterial pathogens
Edwardsiella tarda and Edwardsiella ictaluri from imported ornamental fish Betta splendens
and Puntius conchonius, respectively: isolation and quarantine significance. Australian Veterinary Journal, 63: 369-370, 1986.
LIMA, J. W. O.; CAVALCANTI, L. P. G.; PONTES, R. J. S.; HEUKELBACH, J. Survival of Betta
splendens fish (Regan, 1910) in domestic water containers and its effectiveness in controlling Aedes aegypti larvae (Linnaeus, 1762) in Northeast Brazil. Tropical Medicine & International Health, 15(12): 15251532, 2010.
MAGALHES, A. L. B.; JACOBI, C. M. Ornamental exotic fish introduced into Atlantic Forest
water bodies, Brazil. Neotropical Biology and Conservation, 3(2): 73-77, 2008.
OJASTI, J.; JIMNEZ, E. G.; OTAHOLA, E. S.; ROMN, L. B. G. Levantamento sobre las
Especies Exticas en Venezuela, Caracas, Venezuela. Ministerio del Ambiente y de los
Recursos Naturales, 2001.
WELCOMME, R.L. International introductions of inland aquatic species. FAO Fish. Tech. Pap.
294. 318 p., 1988.
321
Situao populacional
Espcie extica detectada em ambiente natural.
Lugar de origem
Alto Amazonas no Peru e Bolvia.
Ecologia
uma espcie de hbito bento-pelgico. Ocorre em rios, riachos e lagos. Alimentamse principalmente de frutos, sementes e insetos, alm de detritos. Na natureza a matrinch
encontrada em meio a pedras e razes submersas.
Tipo de introduo
No intencional, por meio de escapes de sistemas de cultivos e intencional, para a
atividade de pesca, j que uma espcie muito esportiva.
Histrico de introduo
Centenas de tanques de criao de peixes usados para a atividade de pesque e pague
esto localizados na bacia do rio Mogi-Guau, o que contribui para a disperso da espcie.
A matrinch muito encontrada nestes tanques e foi observada em pequena quantidade na
Cachoeira de Emas durante a piracema nos anos de 2002 a 2004.
322
Distribuio geogrfica
Rio Mogi-Guau e Vale do Ribeira, ambos no estado de So Paulo.
Distribuio ecolgica
A espcie tem sido detectada em aude, rios e reas periurbanas, no bioma Mata
Atlntica.
Impactos ambientais
No h estudos de monitoramento ambiental, apresentando as consequncias da
introduo deste peixe em habitats fora da sua distribuio natural.
Impactos scio-econmicos
No h informaes disponveis a este respeito uma vez que no existem estudos de
monitoramento ambiental que possam demonstrar possveis impactos sobre atividades que
utilizem recursos ambientais (pesca artesanal, profissional e esportiva).
Anlise de risco
Apesar de o levantamento registrar a espcie em somente duas regies, provvel que
a sua distribuio como extica seja bem maior porque muito apreciada na pesca esportiva
e na produo de alimentos. No h conhecimento cientfico sobre o seu estabelecimento
e impactos que possa estar causando, tornando importante produzir conhecimento sobre a
espcie na condio de extica.
323
324
Reino: Animalia
Phylum: Chordata
Classe: Actinopterygii
Ordem: Characiformes
Famlia: Characidae
Sub-famlia: Bryconinae
Gnero: Brycon
Espcie: Brycon hilarii
Nomes populares
Piraputanga.
Situao populacional
Espcie extica contida em ambientes artificiais.
Lugar de origem
Espcie brasileira original da Bacia do rio Paraguai.
Ecologia
uma espcie tpica de gua doce, de hbito bento-pelgico. Ocorre em riachos,
geralmente, apresentando mata ciliar. Alimenta-se, principalmente, de material vegetal e
detritos. Foi registrado que a sua alimentao pode ocorrer associada ao forrageamento
325
de macacos na borda de riachos, uma vez que estes deixam cair frutos e folhas que so
utilizados por B. hilarii. Apresenta grande potencial reprodutivo, levando cerca de 1,4 a 4,4
anos para duplicar seu tamanho populacional.
Tipo de introduo
Intencional, com fins de pesca esportiva e produo de alimento.
Histrico de introduo
Foi introduzido pelo Departamento Nacional de Obras Contra a Seca - DNOCs desde os
tempos da Comisso Tcnica de Piscicultura, nos audes nordestinos, por ter sido considerado
espcie importante para a pesca entre 1933 e 1986.
Distribuio geogrfica
Esta espcie nativa na bacia do rio Paraguai foi introduzida em vrios reservatrios
do Nordeste. H registros atuais para o aude Maranguape (CE) e na hidreltrica de Salto
Osrio em So Jos do Oeste (PR).
Distribuio ecolgica
reas periurbanas, reservatrio no bioma de Mata Atlntica e em audes do bioma
Caatinga.
Impactos ambientais
No h descrio de impactos ambientais causados pela espcie.
Impactos scio-econmicos
No h descrio de impactos scio-econmicos causados pela espcie.
326
Anlise de risco
A espcie muito cobiada por pescadores o que provavelmente faz a sua distribuio
como extica ser maior do que a relatada aqui. No h conhecimento cientfico sobre o
estabelecimento e sobre a disperso da espcie em ambientes naturais e em ambientes
impactados. necessrio produzir conhecimento sobre a espcie na condio de extica
para subsidiar as anlises de risco de introduo em novos ambientes.
327
Situao populacional
Espcie extica detectada em ambiente natural.
Lugar de origem
Grande parte das bacias Cis-andinas da Amrica do Sul e drenagens ao norte de
Buenos Aires.
Ecologia
uma espcie demersal, que tolera grande variao de pH da gua (pH = 5,8 e 8,3),
de oxignio (tolera ambientes com elevado grau de eutrofizao), mas mais encontrada
em ambientes lnticos. Se o ambiente onde se encontra seca, esta espcie pode se mover
para um outro corpo dgua, graas a um sistema de respirao acessria que possui no
intestino. uma espcie onvora, podendo se alimentar de peixes, insetos e de matria
vegetal. A fecundao externa e possui cuidado parental, que realizado principalmente
pelo macho. O macho constri um ninho de bolhas de saliva abaixo de folhas de plantas e
o protege exaustivamente aps a desova da fmea. Aps a ecloso dos filhotes, eles ainda
so guardados pelo pai. Os juvenis se alimentam de rotferos, microcrustceos e larvas de
insetos aquticos. Apresenta um elevado potencial reprodutivo, em condies favorveis
pode dobrar sua populao em 15 meses.
328
Tipo de introduo
Intencional, com fins de aquarismo e no intencional, em funo do uso desta espcie
como isca viva na pesca de outras espcies.
Histrico de introduo
No h uma descrio sobre como ocorreu sua introduo no Brasil.
Distribuio geogrfica
No Brasil, a espcie foi introduzida nos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e
Maranho, e os registros deste estudo apontam tambm a presena da espcie, em
reservatrios do estado de So Paulo, em reas prximas a cultivo de espcies para aquarismo
e no nordeste brasileiro.
Distribuio ecolgica
reas periurbanas, em lagoas, lagos e riachos, afetando os biomas Mata Atlntica,
Cerrado e Caatinga.
Impactos ambientais
Provvel perda da diversidade biolgica de espcies de peixes nativos, em funo da
predao e competio que a espcie pode impor sobre as espcies nativas locais. Porm,
preciso mais estudos para atender princpios de biossegurana nas autorizaes e tomada
de decises.
Impactos scio-econmicos
No h informaes disponveis.
Anlise de risco
H trabalhos sobre a ecologia bsica, dieta e interaes da espcie com outras nativas
e exticas. Porm, no h conhecimento cientfico sobre o estabelecimento e disperso da
espcie em ambientes naturais e nem em ambientes impactados onde a espcie ocupou.
Assim, no possvel prever adequadamente os riscos ecolgicos, sociais e econmicos,
decorrentes da introduo da espcie. Monitoramentos ambientais para conhecer o
comportamento da espcie nos ambientes naturais onde foi introduzida so necessrios para
gerar conhecimentos e embasar a anlise de risco de introduo e risco de impactos. Pelas
caractersticas da espcie, aps o seu estabelecimento, o seu controle e erradicao podem
ser difceis ou at mesmo inviveis, o que comum para as espcies exticas invasoras em
ambientes aquticos. Por isso, devemos recorrer mais uma vez ao princpio da precauo
quando da tomada de deciso de uso. Apesar de sua ocorrncia no Brasil ser ainda restrita,
necessrio gerar conhecimento sobre a espcie na condio de extica em ambiente natural.
Ambiente de guas Continentais
329
330
Reino: Animalia
Phylum: Chordata
Classe: Actinopterygii
Ordem: Cypriniformes
Famlia: Cyprinidae
Gnero: Carassius
Espcie: Carassius auratus auratus
Nomes populares
Dourado, peixe-dourado, peixe-vermelho.
Situao populacional
Espcie extica detectada em ambiente natural.
Lugar de origem
sia continental e Japo.
Ecologia
Estes peixes habitam rios, lagos, poas e represas com guas estagnadas. Alimentamse de uma grande diversidade de plantas, crustceos, insetos e detritos. Vivem melhor
em gua fria. So ovparos e tm larvas pelgicas. Pe seus ovos na vegetao submersa.
Toleram pH entre 6 e 8 e temperaturas entre 0 e 41 C. Sua cor alaranjada muito
caracterstica. Sua populao pode dobrar aps 1,4 - 4,4 anos. Suas caractersticas de
resistncia a mudanas ambientais so bastante altas o que aumenta muito suas chances de
adaptao a ambientes variados.
Ambiente de guas Continentais
331
Tipo de introduo
Possivelmente trata-se de introduo intencional, a partir da ao de aquariofilistas e
no intencional, por meio escapes de tanques de cultivo.
Histrico de introduo
Esta informao no foi disponibilizada pelas fontes dos registros.
Distribuio geogrfica
No mundo, esta espcie foi detectada como extica em pelo menos 65 pases. No
Brasil, foi detectado no lago Parano (DF) e em um crrego (Boa Vista) prximo cidade de
Caratinga, MG.
Distribuio ecolgica
reas urbanas e periurbanas, nos biomas Cerrado e Mata Atlntica.
Impactos ambientais
Os peixes-dourados so conhecidos por serem vetores de introduo de doenas,
predadores de peixes nativos, seus ovos e larvas, alm de reduzirem a biomassa de plantas
aquticas e de suspenderem nutrientes para a coluna dgua causando booms de algas.
Impactos scio-econmicos
Informao no disponvel.
Anlise de risco
Apesar de ser uma espcie mundial e nacionalmente conhecida em termos de aquarismo,
somente dois registros foram obtidos em ambiente natural em todo o pas. possvel que
o seu estabelecimento seja raro. Entretanto, caso acontea, representa ameaa a peixes
de pequeno porte e invertebrados aquticos. Uma previso de riscos ecolgicos, sociais e
econmicos no possvel de ser feita para a espcie. necessrio gerar conhecimento
sobre a espcie na condio de extica.
332
333
Reino: Animalia
Phylum: Chordata
Classe: Actinopterygii
Ordem: Perciformes
Famlia: Cichlidae
Gnero: Cichla
Espcies: Cichla ocellaris Bloch & Schneider, 1801; Cichla monoculus Spix and Agassiz,
1831; Cichla intermedia Machado-Allison, 1971; Cichla temensis Humboldt, 1821; Cichla
kelberi Kullander & Ferreira, 2006; Cichla orinocensis Humboldt, 1821.
Nomes populares
Tucunar, tucunar-amarelo, tucunar-a, tucunar-paca (Brasil), pavn (Venezuela),
toekoenali (Suriname) e Lukanani (Guiana).
Situao populacional
Espcies exticas invasoras.
334
Lugar de origem
Amrica do Sul: Rios da Guiana (da drenagem do Marowijne); Suriname e Guiana
Francesa (drenagem do Essequibo); bacia do rio Amazonas, no Peru, Colmbia e Brasil; e
no rio Oiapoque, no Brasil.
Ecologia
Os peixes do gnero Cichla so piscvoros e predam e competem por recursos com
outros peixes nativos e frequentemente causam um efeito cascata nos corpos dgua onde
so introduzidos. Estes peixes so predominantemente predadores visuais ativos e de
hbito diurno (Gomiero & Braga, 2004). Constroem ninhos onde estabelecida a desova.
Normalmente os ninhos so construdos em cima de troncos ou no fundo dos corpos dgua
onde h vegetao submersa. Possuem processo reprodutivo complexo, incluindo a aerao
dos ovos (Zaret, 1980). Machos e fmeas vigiam ovos, larvas e alevinos (cuidado biparental)
at atingirem cerca de 2-3cm de comprimento padro. Alimentam-se principalmente de
peixes e camares. Quando jovem se alimentam de zooplncton (Lowe-McConnell, 1999) e
inicia seu hbito piscvoro a partir dos 4 cm de comprimento total (Velludo et al., 2003).
H indcios de grande sucesso de invaso destes peixes em lagos (Magalhes et al.,
1996) e maior sucesso nos lagos mais profundos, transparentes e mais quentes, como o que
ocorre com C. kelberi no sudeste do Brasil (Espinola et al., 2010). Estas espcies, apresentam
comumente grande plasticidade em alocao de recursos (Latini & Petrere, 2004) e de
reproduo (Chellappa et al., 2003; Vieira et al., 2009), podendo j ter maturidade gonadal
por volta de 11 meses de idade (Fontenele, 1950) o que incrementa suas chances de sucesso
como exticos invasores. Pelicice e Agostinho (2009) mostraram que o tempo de dois anos
aps a introduo foi suficiente para C. kelberi causar o colapso de assemblias de peixes.
Tipo de introduo
Intencional, a partir de pescadores e no intencional por meio de sistemas de cultivo.
Histrico de introduo
As espcies deste gnero so muito utilizadas para a pesca esportiva e profissional.
Mais raramente e, principalmente no passado, elas foram usadas para o controle biolgico
de outras espcies introduzidas, como o que ocorreu no reservatrio de Lajes, RJ, para
o controle de tilpias e em reservatrios do semi-rido (Nosdeste Brasil) para controle
biolgico de piranhas (e.g. Nomura, 1976).
335
Distribuio geogrfica
Muito ampla, em termos de macro-regies, a espcie no detectada somente no
extremo sul do Brasil. O tucunar est muito difundido no Brasil, com registros confirmados
abrangendo os estados: Rio de Janeiro, So Paulo, Minas Gerais, Esprito Santo, Rio Grande
do Norte, Paraba, Pernambuco, Distrito Federal, Goas, Paran, Mato Grasso do Sul; ocorre
frequentemente em lagos de hidreltricas e audes, mas tambm encontrado em rios, com
menor frequncia. O gnero Cichla o gnero de peixe extico mais citado nos registros
do levantamento realizado para o I Informe Nacional sobre Espcies Exticas Invasoras, em
2005.
Distribuio ecolgica
Os registros da espcie apontam sua presena em ecossistemas naturais e artificiais
(reservatrios e represas), em reas urbanas e periurbanas, nos biomas: Mata Atlntica,
Cerrado, Caatinga, Pantanal e Zona Costeira e Marinha.
impactos ecolgicos
Godinho (1994), comparando a ictiofauna dos lagos do Vale do Rio Doce, MG, constatou
que naqueles colonizados por Cichla cf. ocellaris houve o desaparecimento de espcies de
pequeno porte. Os impactos do tucunar sobre as espcies nativas, nos lagos do Vale do
Rio Doce, tambm foram avaliados por Pompeu & Godinho (2001), Grombone et al. (2003),
Latini et al. (2003), Latini & Petrere (2007), Lima et al., 2010 e outros estudos. Por meio
destes estudos, h deteco de efeitos do tucunar sobre a diversidade e riqueza de espcies
nativas, abundncia e tamanho mdio de populaes de peixes nativos, sobre a dieta e
comportamento de peixes nativos. No reservatrio da hidreltrica de Corumb (GO), a
presena de tucunars alterou a dieta do peixe-cachorro (Galeocharax knerii), possivelmente
porque reduziu o nmero de presas disponveis para o peixe nativo (Fugi et al., 2008).
Fragoso et al. (2005), mostraram que a introduo do tucunar na represa do Lobo (SP) teve
impacto, a curto-prazo, sobre a riqueza de espcies e a equitatividade das espcies nativas,
sugerindo a raridade ou extino local de quatro espcies de peixes nativos.
Impactos scio-econmicos
A introduo destes peixes acarreta em profundas modificaes na estrutura original
da ictiofauna dos ambientes aquticos onde so introduzidos, podendo representar efeitos
scio-econmicos negativos (Welcomme, 1988). Apesar de ser muito comum a introduo de
tucunars para a disponibilidade de pesca, a sua presena, segundo vrios estudos citados
acima, pode alterar parmetros populacionais importantes de espcies nativas, podendo
lev-las a abundncias baixas e sua indisponibilidade na pesca.
336
Anlise de risco
Locais de nidificao como vegetao submersa, galhos e troncos, so facilmente
encontrados aps a construo de barragens para usos diversos. Aliado s condies
abiticas dominantes de grandes reservatrios que so, frequentemente, profundos e de
elevada transparncia, os reservatrios artificiais constituem ambientes formidveis para o
estabelecimento destas espcies. Deste modo, o peixamento destes ambientes com peixes
do gnero Cichla constituir sempre um problema.
As espcies de Cichla esto entre os peixes exticos mais detectados no estudo,
alcanando 122 registros vlidos no Brasil. So predadores eficazes, principalmente em
ambientes com maior transparncia da coluna dgua como em reservatrios artificiais e
lagos naturais. Sua disperso continua no pas e considerada uma das melhores espcies
de gua doce para pesca esportiva. Tambm uma das espcies de peixe com histrico de
translocao de bacias, mais estudadas no pas na condio de espcie extica. A continuidade
de sua disperso reduzir a diversidade de comunidades aquticas atravs de efeitos diretos
e indiretos.
Os tucunars em ambientes fora de seus lugares de origem representam grande
risco ecolgico para as comunidades aquticas invadidas e pode afetar estoques pesqueiros
preferenciais em determinadas localidades, podendo gerar consequncias econmicas e sociais
negativas. O controle da disperso da espcie s parece possvel com a conscientizao dos
pescadores e o desenvolvimento de legislao para implantao de sistemas de biossegurana
em sistemas de cultivo. A erradicao em ambientes invadidos naturais ou fragmentados
praticamente impossvel. Suas caractersticas reprodutivas e alimentares fazem com que
seja difcil a existncia de competidores ou predadores naturais e torna difcil o controle da
sua disperso e a sua erradicao (Gomiero et al. 2009).
337
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340
Reino: Animalia
Phylum: Chordata
Classe: Actinopterygii
Ordem: Siluriformes
Famlia: Clariidae
Gnero: Clarias
Espcie: Clarias gariepinus
Nomes populares
Bagre-africano, africano, peixe-africano.
Situao populacional
Espcie extica invasora.
Lugar de origem
frica: maior parte da Pan-frica, exceto do Maghreb, o alto e baixo Guinea e as
provncias do Cabo e Nogal. sia: Jordnia, Israel, Lbano, Sria e sudeste da Turquia.
Ecologia
Tolerante a variaes ambientais extremas. Possui rgo acessrio de respirao
que o permite absorver oxignio do ar atmosfrico em situaes e anoxia no corpo dgua
ou de seca. onvoro, se alimentando de insetos, plncton, cobras, peixes, aves jovens,
341
rpteis, anfbios, plantas, frutos (Yalin et al., 2001). Sua reproduo no ambiente natural se
concentra entre julho e dezembro, durante as cheias dos rios. No Brasil parece concentrar o
perodo reprodutivo entre novembro e maro.
Tipo de introduo
Intencional para cultivo e, no intencional em ambiente natural, por escapes de
sistemas de cultivo.
Histrico de introduo
Na dcada de 90 a espcie comeou a ser cultivada na Europa, sia e Amrica
Latina, iniciando o seu cultivo tambm no Brasil (Verreth et al. 1993). H muitos relatos de
piscicultores que liberaram seus bagres africanos no meio natural devido baixa demanda do
mercado ou que tiveram perdas acidentais em perodos de cheia de corpos dgua prximos
a seus tanques.
Distribuio geogrfica
Foi muito difundido no Brasil principalmente nos estados: Rio de Janeiro, So Paulo,
Minas Gerais, Esprito Santo, Goas, Paran, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, alm do
Distrito Federal; ocorrem em lagos de hidreltricas e audes e tambm em rios, riachos,
brejos, alagados, lagoas marginais e lagos naturais.
Distribuio ecolgica
Os biomas afetados pela espcie so: Mata Atlntica, Cerrado, Caatinga, Pantanal,
e bioma Costeiro. A espcie tem sido encontrada em ecossistemas naturais e artificiais
(reservatrios e represas), em reas urbanas e periurbanas.
impactos ecolgicos
Esta espcie possui dieta muito generalista, se alimentando de invertebrados e
vertebrados, incluindo rpteis, anfbios, peixes e aves (Froese & Pauly, 2008). Assim, tem
condies de provocar a reduo da diversidade da fauna nativa de organismos aquticos.
Impactos scio-econmicos
A introduo do bagre africano no rio Itanhm (extremo sul da Bahia) provocou
alteraes na pesca do robalo e prejuzos aos pescadores da regio de Alcobaa (Rabelo,
2009).
342
Anlise de risco
A espcie se encontra entre os peixes exticos mais detectados neste levantamento.
Sua condio de predador generalista somada possibilidade de aclimatao a ambientes
de gua parada e corrente com grande variao de suas condies abiticas, sugerem que
possui estabelecimento fcil em ambientes novos. O principal meio para sua disperso ainda
deve ser a piscicultura, que frequentemente no possuem aparatus que impeam o seu
escape (Vitule et al., 2006). H uma legislao nacional que probe a introduo, tranferncia,
cultivo e comercializao do bagre africano nas bacias hidrogrficas do Amazonas e do
Paraguai (IBAMA, 1994). A sua disperso no Pantanal ou na Amaznia seria desastrosa
para a biodiversidade. A erradicao em ambientes invadidos naturais ou fragmentados
praticamente impossvel.
343
VERRETH, J., EDING, E. H., RAO, G. R. M., HUSKENS, F. and SEGNER, H. A review of feeding
practices, growth and nutritional physiology in larvae of the catfishes Clarias gariepinus and
Clarias batrachus. Journal of the World Aquaculture Society, 24: 135144, 1993.
VITULE, J. R. S.; UMBRIA, S. C. and ARANHA, J. M. R. Introduction of the African catfish Clarias gariepinus (BURCHELL, 1822) into Southern Brazil. Biological Invasions,8(4): 677681, 2006.
VITULE, J. R. S.; UMBRIA, S. C. and ARANHA, J. M. R. Record of native amphibian predation
by the alien African catfish in the BrazilianAtlantic Rain Forest. Pan-American Journal of
Aquatic Sciences, PANAMJAS 3(2):105-107, 2008.
344
Reino: Animalia
Phylum: Chordata
Classe: Actinopterygii
Ordem: Perciformes
Famlia: Osphronemidae
Sub-famlia: Luciocephalinae
Gnero: Colisa
Espcie: Colisa lalia
Nomes populares
Colisa.
Situao populacional
Espcie extica detectada em ambiente natural.
Lugar de origem
sia: Paquisto, ndia e Bangladesh.
Ecologia
uma espcie extica ao Brasil, de hbito bentopelgico. Habita ambientes de guas
com baixa correnteza e lagos cobertos de vegetao. Tolera certa variao de pH (6 a 8).
A reproduo desta espcie ocorre a partir de fecundao externa, com cuidado parental.
Ambiente de guas Continentais
345
Os machos constroem ninhos com bolhas e os protegem. Podem ocorrer desovas com at
600 ovos e a espcie pode dobrar o tamanho populacional em cerca de 1,4 a 4,4 anos. Esta
espcie uma das menores e mais populares espcies no aquarismo.
Tipo de introduo
Provavelmente a introduo tenha sido feita tanto de forma intencional como no
intencional.
Histrico de introduo
Segundo o levantamento feito para o informe nacional, a introduo pode ter se dado
tanto intencionalmente para recaptura da prole no ambiente natural, como a introduo
pode ter sido no intencionalmente, em decorrncia de inundaes atingindo os tanques de
criao ou ainda, por escape de espcimes durante o manejo dos tanques.
Distribuio geogrfica
Foi registrada no crrego Boa Vista, em Caratinga, Minas Gerais.
Distribuio ecolgica
reas periurbanas e ecossistemas naturais; prximos a tanques de cultivo. Bioma
afetado Mata Atlntica.
Impactos ambientais
Potencial de diminuio da populao de outros organismos competidores, nativos da
regio onde a espcie foi introduzida. Tambm possvel a introduo conjunta de patgenos
exticos na fauna nativa. Contudo, para a introduo especificamente citada, ainda no h
relatos de impactos ambientais.
impactos scio-econmicos
No h registros ainda.
Anlise de risco
Na sia, a espcie vetora de patgenos. Tambm na sia, h trabalhos indicando o
seu uso para controle de mosquitos transmissores de doenas, o que representa um risco
associado ao seu potencial de disperso. Entretanto, o nico registro da espcie est associado
a um grande plo produtor de peixes ornamentais, o que sugere uma real concentrao das
ocorrncias. Apesar de sua ocorrncia no Brasil ser ainda restrita a uma regio, necessrio
gerar conhecimento sobre a espcie na condio de extica.
346
347
Reino: Animalia
Phylum: Chordata
Classe: Actinopterygii
Ordem: Characiformes
Famlia: Characidae
Sub-famlia: Serrasalminae
Gnero: Colossoma
Espcie: Colossoma macropomum
Nomes populares
Tambaqui, ruelo, cachama.
Situao populacional
Espcie extica detectada em ambiente natural.
Lugar de origem
Amrica do Sul: Bacias do Amazonas e Orinoco.
Ecologia
Alimentam-se principalmente de frutos, sementes, macrfitas aquticas, zooplancton,
moluscos, crustceos e larvas de insetos. Apesar de triturarem castanhas, seus dentes esto
sempre em condies prximas de perfeitas. A espcie no se aclimata em temperaturas
348
mdias anuais abaixo de 22c. Sua distribuio natural est associada a guas barrentas.
Em rios de guas pretas a sua distribuio mais restrita. Na natureza pode atingir ao redor
de 30kg.
Tipo de introduo
Intencional por pescadores amadores e a partir de sistemas de cultivo. Na bacia do rio
Paraguai, em seu trecho superior, ocorreu campanha para a soltura de alevinos desta e de
outras espcies durante quase 10 anos.
Histrico de introduo
A espcie tem grande aptido para a criao intensiva e semi-extensiva. O seu cultivo
ganhou impulso na dcada de 90, de modo geral, em todo o pas.
Distribuio geogrfica
Muito difundido no Brasil principalmente para criao em piscicultura. No levantamento
est registrado em rios e lagos naturais e artificiais nos estados do Rio de Janeiro, Mato
Grosso do Sul, So Paulo, Minas Gerais, Paran, Santa Catarina, Sergipe, Pernamburo,
Bahia, Paraba, Cera e no Distrito Federal.
Distribuio ecolgica
A espcie vem sendo detectada nos biomas: Mata Atlntica, Cerrado, Caatinga,
Pantanal, com registros em ecossistemas naturais e artificiais (reservatrios, represas,
piscicultura) e em rea urbana e periurbana.
impactos ecolgicos
No houve registros de pesquisas sobre o seu impacto no meio natural.
Impactos Scio-econmicos
Tambm no h registros relatando impactos scio-econmicos negativos.
349
Anlise de risco
Est entre os peixes exticos mais detectados no levantamento. Sua deteco no pas
no se restringe as reas de cultivo, estando presente em corpos dgua naturais. Tem
grande aceitabilidade na piscicultura e possivelmente continuar a sua disperso no pas,
sendo uma das espcies mais estudadas em termos zootcnicos. Entretanto, no existem
estudos cientficos sobre o seu estabelecimento e disperso em ambientes naturais onde foi
introduzido e se torna difcil apontar com preciso os riscos que representa ao ambiente,
sociedade e economia. Sua disperso movida principalmente por piscicultores e pescadores
esportivos. Para o controle da disperso da espcie ser necessrio trabalhar junto com
os pescadores. A erradicao em ambientes naturais ou fragmentados praticamente
impossvel.
350
Situao populacional
Espcie extica detectada em ambiente natural.
Lugar de origem
Trecho baixo da bacia do Paran e alguns rios costeiros no sudeste do Brasil.
Ecologia
So obrigatoriamente respiradores de ar, que coletado na superfcie do corpo dgua
e passado para o rgo acessrio de respirao no intestino. Tm hbito bentnico e dieta
onvora. Tm um comportamento elaborado de desova e pem os ovos aderentes no substrato.
Durante a cpula os machos agarram os barbilhes da fmea com suas nadadeiras peitorais,
adquirindo uma posio de T, formada pelo arranjo de seus corpos e a fmea ingere o seu
esperma que passa atravs de seu intestino e expelido junto com os ovos dentro da bolsa
que ela forma com suas nadadeiras plvicas, que garante a fertilizao.
Tipo de introduo
Possivelmente a introduo foi intencional a partir de aquariofilistas.
Histrico de introduo
Informao sobre o histrico de translocao e introduo da espcie como extica em
novos ambientes tambm no disponvel.
Ambiente de guas Continentais
351
Distribuio geogrfica
Restrita Laguna dos Patos.
Distribuio ecolgica
Ecosistema natural do bioma Mata Atlntica.
Impactos ambientais
No h impactos ambientais conhecidos associados a esta espcie em novos
ambientes.
Impactos scio-econmicos
No h impactos scio-econmicos conhecidos associados novos ambientes ocupados
por essa espcie.
Anlise de risco
No se conhece possveis consequncias dada introduo e estabelecimento desta
espcie. Mas, a incluso de uma nova espcie em um sistema, certamente implica em algum
tipo de impacto j que ela muito provavelmente utiliza-se de recursos de espcies nativas.
necessrio investir em pesquisas para a produo de conhecimento sobre a espcie na
condio de extica.
352
Situao populacional
Espcie extica detectada em ambiente natural.
Lugar de origem
Espcie brasileira, original da Bacia do rio Amazonas, rio Negro, Uatum, Tapajs,
Xingu e Trombetas.
Ecologia
uma espcie de hbito bentopelgico. A fecundao da espcie externa e apresenta
cuidado parental, atravs da construo e da guarda de ninhos. Apresenta elevada fecundidade
e potencial reprodutivo, sendo que o tamanho populacional pode dobrar em 15 meses sob
condies adequadas.
Tipo de introduo
Possivelmente intencional para uso ornamental.
Histrico de introduo
Apesar desta informao no ser disponvel atividade constante de pesca esportiva
aumenta as chances de ter sido introduzida, com a inteno de incrementar as espcies
disponveis para pesca.
353
Distribuio geogrfica
Represa de Ribeiro das Lages, no Rio de Janeiro.
Distribuio ecolgica
Ecossistemas artificiais (reservatrios) contidos no bioma Mata Atlntica.
Impactos ambientais
No h registros de impactos desta espcie na condio de extica em nenhuma
localidade.
Impactos scio-econmicos
Informao no disponvel.
Anlise de risco
No h informaes disponveis sobre a invaso desta espcie em ambiente natural.
Isto faz especialmente importante o estudo da situao desta espcie em reservatrios,
o que pode embasar uma previso adequada de riscos ecolgicos, sociais e econmicos
associados espcie.
354
Reino: Animalia
Phylum: Chordata
Classe: Actinopterygii
Ordem: Cypriniformes
Famlia: Cyprinidae
Gnero: Ctenopharyndodon
Espcie: Ctenopharyndodon idella
Nomes populares
Carpa-capim.
Situao populacional
Espcie extica detectada em ambiente natural.
Lugar de origem
Amplamente distribuda pela China e Rssia.
Ecologia
Habita lagos, reservatrios e rios. naturalmente herbvoro, mas, as larvas e alevinos
comem zooplncton. Prefere guas mais claras e faz migraes no perodo reprodutivo.
Para reproduzir em cativeiro precisa de induo, por uso de hormnios. O maior peso j
355
Tipo de introduo
As introdues desta espcie so mais frequentes de modo intencional, mas, provvel
a sua introduo no intencional via escapes de tanques de criao.
Histrico de introduo
No h uma descrio sobre o histrico de introduo.
Distribuio geogrfica
A espcie foi detectada em poucos estados do Brasil: RJ, PR, RS, PE e SP, mas
certamente mais difundida graas a seu uso na piscicultura.
Distribuio ecolgica
Ecossistemas naturais e artificiais (reservatrios, represas, piscicultura); rea urbana
e periurbana (piscicultura). Bioma afetado Mata Atlntica, Caatinga.
Impactos ambientais
A espcie vetora de um nematide parasita (Bothriocephalus opsarichthydis),
do crustceo parasita Lernaea cyprinacea Linnaeus, 1758 (Copepoda, Lernaeidae), que
comprovadamente infesta peixes nativos no Brasil, tanto em ambiente natural como em
cativeiro e de um platelminto parasita nativo da China. Indivduos estreis so usados para
controle biolgico de plantas, entretanto, no h registro de retirada destes indivduos do local
aps o controle. Como o perodo de vida pode ser longo, isto significa que os espcimes se
mantm por anos no local se alimentando de plantas, detritos e invertebrados, aumentando
as chances de impactar negativamente o sistema.
Impactos scio-econmicos
A sua presena pode estar associada a introduo de parasitas de peixes em sistemas
de cultivo, o que afeta os ganhos nesta atividade.
Anlise de risco
uma espcie que j foi introduzida em 40 pases. H quase quatro dcadas produzida
em cativeiro no Brasil e no h pesquisas e estudos cientficos, nem mesmo monitoramento
dos indivduos introduzidos para avaliar os registros de impactos no ambiente natural.
356
Entretanto, isto pode ser em funo das raras pesquisas sobre o assunto no pas. O seu
uso na piscicultura continuar a dispersar a espcie, assim como o seu uso como agente de
controle biolgico. Talvez o maior risco da propagao da espcie para o ambiente natural
esteja relacionado a rusticidade elevada que apresenta, o que permite a sua sobrevivncia
com vrios parasitas, fungos e bactrias, que podem se propagar para espcies nativas no
meio natural. Diversos centros de aquicultura desenvolvem pesquisas para aumentar a sua
produtividade em cativeiro. Outros centros desenvolvem trabalhos sobre sua capacidade de
controlar macrfitas aquticas. No houve registros de pesquisas sobre o seu impacto no
meio natural, somente registros de ocorrncia.
357
Reino: Animalia
Phylum: Chordata
Classe: Actinopterygii
Ordem: Cypriniformes
Famlia: Cyprinidae
Gnero: Cyprinus
Espcie: Cyprinus carpio carpio
Nomes populares
Carpa-comum, carpa, carpa-escama, carpa-espelho, carpa-linha, carpa-couro.
Situao populacional
Espcie extica detectada em ambiente natural.
Lugar de origem
originria da sia e Eursia.
Ecologia
As condies naturais preferidas pela espcie so aquelas onde se pode encontrar
vegetao abundante, que lhes derivam alimento e refgio. Requerem temperatura de
no mnimo 18c para desovarem, o que limitou o seu sucesso em algumas regies onde
foi introduzida na Europa, como na Gr-Bretanha. So onvoras e comem principalmente
358
larvas de insetos associadas ao fundo dos corpos dgua, caramujos, crustceos e alguma
matria vegetal. So especialmente ativas a noite e comem muito pouco sob condies de
temperatura baixa. Jovens se alimentam de zooplncton e as larvas, de fitoplncton.
Tipo de introduo
Intencional e no intencional a partir dos sistemas de cultivo.
Histrico de introduo
A introduo da espcie est relacionada ao desenvolvimento da piscicultura no pas.
Segundo texto (extrado na ntegra) do trabalho de Graeff & Pruner (2000): No Brasil, a
carpa foi primeiramente introduzida em 1882 (NOMURA, 1984), sendo trazida dos Estados
Unidos para o Rio de Janeiro (SILVA, 1983). Em So Paulo, chegou em 1904, segundo
MAKINOUCHI (1980), o qual indica que novas amostras da Alemanha foram enviadas para
o municpio de Piracicaba, transferindo-se, em 1932, para Pindamonhangaba. No ano de
1934, implantou-se o sistema de produo de alevinos de carpa e sua distribuio para
interessados, dando incio criao da carpa em gua parada no Brasil.
Distribuio geogrfica
Muito ampla em muitos estados brasileiros, tendo registros seguros para 15 estados
de todas as regies brasileiras. a espcie mais citada no I Informe Nacional sobre Espcies
Exticas Invasoras, em 2005, e tambm, a mais produzida em todo o mundo.
Distribuio ecolgica
Os biomas afetados pela espcie so: Pantanal, Floresta Amaznica, Cerrado, Caatinga,
Mata Atlntica e bioma Costeiro. Esses organismos so encontrados em ecossistemas naturais
e artificiais como, reservatrios de hidreltricas, represas, tanques de piscicultura; ocorrem
em rea urbana e periurbana.
impactos ecolgicos
A sua presena reduz a diversidade de invertebrados nos corpos dgua em que ocorre,
entretanto, no h estudos sobre quais os organismos afetados nos ambientes naturais.
Alm, da introduo de novos parasitas no stio receptor onde so introduzidas.
Impactos scio-econmicos
Introduo da Laernea cyprinacea que parasita da espcie e de vrias outras espcies
cultivadas e em ambiente natural no Brasil.
359
Anlise de risco
Espcie muito dispersada no Brasil. Os registros de impactos no ambiente natural
se restringem principalmente alterao das condies abiticas onde ocorre j que
pode aumentar muito a turbidez da coluna dgua devido ao comportamento de algumas
variedades removerem o fundo em busca de recursos alimentares. O seu uso na piscicultura
continuar a dispersar a espcie e a sua distribuio no pas deve continuar aumentando,
mas lentamente, j que no mais uma novidade atraente e que a sua atratividade para
consumo est caindo devido fama de produzir carne com sabor desagradvel e competio
com novas espcies. O desenvolvimento de tcnicas de bio-segurana para os criatrios e o
uso de espcimens triplides essencial para a reduo de chances de sua disperso.
360
Reino: Animalia
Phylum: Chordata
Classe: Actinopterygii
Ordem: Cypriniformes
Famlia: Cyprinidae
Gnero: Danio
Espcie: Danio rerio
Nomes populares
Danio-zebra, paulistinha.
Situao populacional
Espcie extica detectada em ambiente natural.
Lugar de origem
sia: Paquisto, ndia, Bangladesh e Nepal.
Ecologia
uma espcie de hbito bentopelgico, que ocorre em riachos, canais, diques e
poas, preferindo ambientes com guas calmas ou paradas. Alimenta-se de larvas, insetos e
microcrustceos. Foi amplamente difundido como espcie ornamental. A fecundao, nesta
espcie, externa e no apresenta cuidado parental. Tem elevado potencial reprodutivo,
podendo dobrar o tamanho populacional em aproximadamente 15 meses, caso as condies
locais sejam favorveis.
361
Tipo de introduo
Intencional e no intencional.
Histrico de introduo
A regio onde a espcie foi detectada como extica plo de produo de peixes
ornamentais possuindo cerca de 60 espcies sendo criadas por 250 produtores. Espcimes
escapam dos sitemas de cultivo durante o manejo dos tanques. Outra forma de introduo
no intencional, em ambientes naturais, ocorreu em decorrncia de enchentes. Introdues
intencionais tambm foram feitas para possibilitar a coleta de proles futuras no ambiente
natural.
Distribuio geogrfica
Houve dois registros para esta espcie, ambos no crrego Boa Vista em Caratinga,
MG.
Distribuio ecolgica
Ecossistemas naturais (riachos) e artificiais (tanques de cultivo). Bioma afetado Mata
Atlntica.
Impactos ambientais
No h informaes sobre os impactos que esta espcie pode estar causando no meio
ambiente.
Impactos scio-econmicos
No h informaes sobre os impactos scio-econmico que a espcie pode estar
causando nos locais onde foi detectada.
Anlise de risco
No h conhecimento cientfico sobre o estabelecimento e sobre a disperso da
espcie em ambientes naturais. Assim, no possvel fazer uma previso adequada de
riscos ecolgicos, sociais e econmicos decorrentes da introduo da espcie. Apesar de sua
ocorrncia no Brasil ser ainda, oficialmente, restrita a uma regio, necessrio pesquisa
para produzir conhecimento sobre a mesma na condio de extica.
362
363
Situao populacional
Espcie extica detectada em ambiente natural.
Lugar de origem
sia: costa oeste da ndia e Sri Lanka.
Ecologia
Indivduos desta espcie podem ser encontrados em diversos hbitats, desde riachos com
correntezas at poas, apesar de serem mais frequentes em ambientes lticos. Apresentam
hbito bentopelgico. Formam cardumes, alimentam-se de insetos e detritos. As desovas
so colocadas em reas marginais alagadas, em meio s razes de plantas, normalmente
aps um perodo longo de chuvas. A ecloso dos filhotes rpida, normalmente em 1 a 2
dias aps a desova. Os adultos no guardam os filhotes e pode ocorrer canibalismo.
Tipo de introduo
Tanto no intencional como intencional.
Histrico de introduo
Foi introduzida intencionalmente para recaptura da prole no ambiente natural e no
intencionalmente, devido a inundaes sazonais que atingem os tanques de criao ou ainda,
escape de espcimes enquanto feito o manejo nos tanques.
364
Distribuio geogrfica
Houve um nico registro para essa espcie, no crrego Boa Vista, em Caratinga, Minas
Gerais.
Distribuio ecolgica
Ecossistemas naturais (riachos) e artificiais (tanques de cultivo). Bioma afetado Mata
Atlntica.
Impactos ambientais
No h conhecimento sobre impactos que esta espcie possa estar causando na regio
em que ocorre.
Impactos scio-econmicos
Tambm no h conhecimento de impactos scio-econmicos associados a esta
espcie.
Anlise de risco
No se conhece detalhes sobre o estabelecimento e disperso da espcie em ambientes
naturais. Assim, difcil fazer uma previso adequada de riscos ecolgicos, sociais e
econmicos. Entretanto, aps o seu estabelecimento, o controle e a sua erradicao podem
ser difceis, o que torna importante estudar as peculiaridades associadas a esta espcie onde
ocorre como extica.
365
Situao populacional
Espcie extica detectada em ambiente natural.
Lugar de origem
Bacia do rio So Francisco.
Ecologia
uma espcie de hbito bentnico, onvora. A maturidade sexual pode ser atingida com
cerca de 20cm e, os ovos so adesivos. Apresenta potencial reprodutivo mediano, podendo
duplicar o tamanho populacional em 1,4 a 4,4 anos em condies ambientais favorveis. No
realiza migraes na fase reprodutiva.
Tipo de introduo
Intencional, para produo de alimentos pela atividade de pesca.
Histrico de introduo
Desde 1915 at pelo menos 1999 h registros de operaes feitas pelo DNOCS
(Departamento Nacional de Obras contra a Seca) para povoamento de reservatrios com
alevinos de dezenas de peixes exticos. Estes peixamentos foram considerados importantes
para a pesca e fornecimento de alimento para as populaes adjacentes aos audes e, por
isto, houve um nmero considervel de introdues realizadas de 1933 at 1986. Entre as
dezenas de espcies introduzidas est o F. marmoratus.
366
Distribuio geogrfica
A espcie encontra-se difundida em reservatrios no Nordeste do Brasil.
Distribuio ecolgica
Ecossistemas artificiais (reservatrios). Bioma afetado, Caatinga.
Iimpactos ambientais
No h informaes registradas sobre impactos ambientais causados pela espcie
nos ambientes que foi detectada, provavelmente por falta de estudos de monitoramento
ambiental.
Impactos scio-econmicos
No foram produzidas informaes que relatem os possveis impactos scio-econmicos
causados pela espcie.
Anlise de risco
Em funo da falta de estudos de monitoramento ambiental, no h conhecimento
cientfico registrados sobre o estabelecimento e disperso da espcie em ambientes naturais.
O mesmo ocorre com outras vrias espcies que foram introduzidas e detectadas nestes
audes nordestinos. Contudo, possvel que Franciscodoras marmoratus no mais se constitua
em espcie alvo de peixamentos realizados no nordeste brasileiro, o que reduziria muito seu
risco de disperso.
367
SANTOS, M. D. Comunidade de Parasitos Metazorios de Franciscodoras marmoratus (Reinhardt, 1874), serrudo, (Siluriformes, Doradidae) do rio So Francisco,
Brasil. Rio de Janeiro, 2004. Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro - Cincias Veterinrias. Dissertao de Mestrado. 51p.
368
Reino: Animalia
Phylum: Chordata
Classe: Actinopterygii
Ordem: Perciformes
Famlia: Cichlidae
Sub-famlia: Geophaginae
Gnero: Geophagus
Espcie: Geophagus proximus
Nomes populares
Acar, caratinga, acar-tinga.
Situao populacional
Espcie extica invasora.
Lugar de origem
Amrica do Sul: bacia do Amazonas, drenagem do rio Ucayali no Peru, SolimesAmazonas at o rio Trombetas.
Ecologia
uma espcie de hbito bentopelgico, que pode ser encontrada em guas calmas.
Preferem ambientes com areia ou lama no fundo. onvora e obtm alimento a partir do
substrato. A fecundao externa e ocorre, em geral, em cavidades escavadas na areia.
Dentre seus hbitos de reproduo inclui-se o cuidado parental.
369
Tipo de introduo
Intencional, com fins de aquarismo ou soltura de animais de aqurio.
Histrico de introduo
No h um relato demonstrando o histrico de sua introduo.
Distribuio geogrfica
Esta espcie foi registrada em ambientes artificiais, a exemplo de reservatrios em
Ibitinga, Nova Avanhandava e Trs Irmos em So Paulo. J em ambiente natural, foi
registrada no rio Tiet, estado de So Paulo.
Distribuio ecolgica
A espcie apresenta registro de ocorrncia em ecossistemas artificiais (reservatrios)
conectados com corpos dgua naturais, afetando os biomas Mata Atlntica e Cerrado.
Impactos ecolgicos
A espcie vem sendo responsabilizada pela reduo da abundncia do peixe nativo
Geophagus brasiliensis, provavelmente por competio por recurso alimentar. O hbito
alimentar de G. proximus em muito se assemelha com o hbito alimentar do peixe nativo
Geophagus brasiliensis. H relatos de que a abundncia de G. brasiliensis vem se tornando
muito baixa em funo da sobreposio de nicho com G. proximus, no reservatrio de Trs
Irmos (Moretto et al., 2008). Os mesmos autores sugerem que h possibilidade de, at
mesmo, extino local da espcie nativa.
Impactos scio-econmicos
As populaes de pescadores artesanais e outras populaes locais vem sendo
afetadas pela diminuio do G. brasiliensis. Pois, a reduo da abundncia da nativa, reduz
a oferta dessa espcie para gerao de renda e alimentao local. Estes so impactos scioeconmicos drsticos a mdio e longo prazos.
Anlise de risco
Com a confirmao do estabelecimento da populao no rio Tiet, especialmente
no reservatrio de Trs Irmos, preocupante agora o estabelecimento da espcie em
outros reservatrios. De fato isto j aconteceu com outras espcies exticas e tudo indica a
possibilidade de ocorrer com G. proximus. O estabelecimento desta espcie, principalmente
370
em trechos mais lentos da bacia pode representar risco s espcies nativas locais em funo
da competio por recursos naturais. A estratgia de pesca seletiva para reduzir a presso
sobre os seus competidores nativos interessante, especialmente em regies de trechos
lentos, como so os reservatrios. Entretanto, por experincias acumuladas, vividas com
outras espcies exticas introduzidas, a sua erradicao poder ser difcil, seno impossvel.
importante assegurar que no ocorram mais transposioes de G. proximus, desta bacia,
para outras onde ainda no foi introduzida.
371
Reino: Animalia
Phylum: Chordata
Classe: Actinopterygii
Ordem: Perciformes
Famlia: Cichlidae
Sub-famlia: Geophaginae
Gnero: Geophagus
Espcie: Geophagus surinamensis
Nomes populares
Acar, acar-tinga, caratinga.
Situao populacional
Espcie extica detectada em ambiente natural.
Lugar de origem
Rios Suriname e Saramacca, no Suriname e rio Marowijne, no Suriname e na Guiana
Francesa. originrio tambm do Rio Amazonas, no Brasil e Peru.
Ecologia
uma espcie de hbito bentopelgico, que pode ser encontrada em guas mais
calmas de zonas de cascatas. G. surinamensis prefere ambientes com areia ou lama no
fundo. uma espcie onvora-herbvora e obtm alimento buscando-o no substrato, por
372
meio de sua boca prottil. A fecundao externa e ocorre sobre pedras ou buracos na areia.
Os pais, geralmente, mantm a desova na boca at que ocorra e ecloso dos filhotes e os
mantm na boca at, trs dias aps a desova. O cuidado parental aos filhotes, se estende
durante mais de trs semanas. Estes tendem a se esconder na boca dos pais, sob qualquer
sinal de ameaa.
Tipo de introduo
Intencional, com fins de aquarismo e ou pesca.
Histrico de introduo
Esta informao no foi encontrada.
Distribuio geogrfica
Esta espcie foi registrada nos reservatrios Trs Irmos, Ilha Solteira e Nova
Avanhadava em So Paulo, hidreltrica de Tucuru em Tocantins e no lago Melancia em Minas
Gerais. Tambm foi citada sua presena em reservatrios artificiais no Maranho e Piau.
Presena da espcie tambm foi registrada nos Estados Unidos, Filipinas e Singapura.
Distribuio ecolgica
A espcie foi detectada em ecossistemas artificiais (reservatrios), presentes nos
biomas Mata Atlntica e Cerrado.
Impactos ambientais
No h estudos que avaliem os impactos ambientais da espcie nos locais onde foi
detectada.
Impactos scio-econmicos
No h estudos que avaliem impactos sociais e econmicos da espcie nos locais onde
foi detectada.
Anlise de risco
A disperso da espcie se iniciou pelos reservatrios de Ilha Solteira e Trs Irmos,
muito provavelmente depois do ano 2000. Tudo indica que conseguir se dispersar entre os
reservatrios da regio, como j ocorreu com outros peixes exticos. necessrio considerla rapidamente em planos de manejo para reduzir as chances de introduo em novos stios
receptores, uma vez que seu controle ou erradicao podem ser inviveis e muito onerosos
aps seu estabelecimento. No se tem estudos sobre os impactos causados sobre a fauna
nativa. Certamente, devido sua grande capacidade como competidora, deve estar utilizando
os recursos locais usados pelas espcies nativas e contribuindo para reduo da abundncia
destas.
Ambiente de guas Continentais
373
374
Reino: Animalia
Phylum: Chordata
Classe: Actinopterygii
Ordem: Characiformes
Famlia: Characidae
Gnero: Gymnocorymbus
Espcie: Gymnocorymbus ternetzi
Nomes populares
Tetra-preto.
Situao populacional
Espcie extica detectada em ambiente natural.
Lugar de origem
Bacia dos rios Paraguai e Guapor.
375
Ecologia
uma espcie pelgica, ocorrendo nas camadas superiores da gua. Alimenta-se de
larvas, pequenos crustceos e insetos. Pode ser encontrada em riachos e em lagos. Sua
reproduo ocorre atravs da fertilizao externa e a desova feita diretamente na gua.
No apresentam cuidado parental, mas tm fecundidade bastante elevada. Sua populao
pode dobrar em menos de 15 meses se as condies ambientais forem favorveis.
Tipo de introduo
Intencional, para cultivo e venda como peixe ornamental.
Histrico de introduo
A espcie faz parte de um conjunto de espcies exticas que vem sendo introduzidas
no plo de piscicultura ornamental de Muria, MG e possivelmente vem sofrendo solturas
pontuais em outras localidades. H registros de sua soltura intencional, tambm no estado
de So Paulo. Foi primeiramente registrada sua ocorrncia, no reservatrio de Glria e no
crrego Boa Vista, bacia do rio Paraba do Sul.
Distribuio geogrfica
Os registros obtidos apontam a presena da espcie em So Paulo (rio Grande e lagos
Diogo e Inferno, em Luiz Antnio) e em Minas Gerais, no reservatrio Glria e nos crregos
Boa Vista, Pinheiros, Santo Antnio, Chato e Gavio nas cidades de Muria, Miradouro e
Vieiras.
Distribuio ecolgica
Ecossistemas naturais (rios e riachos) e artificiais (represas), bioma Mata Atlntica.
Impactos ambientais
A presena desta espcie no ambiente natural implica em competio s espcies nativas,
j que, uma espcie com fecundidade elevada. Porm, preciso desenvolver pesquisas de
monitoramento dos impactos gerados biocenose, em funo da sua presena.
Impactos scio-econmicos
Ainda no h nenhum registro publicado.
376
Anlise de risco
A espcie tem grande apreo por criadores de peixes ornamentais, o que mantm alta
a predisposio para continuar sendo introduzida, em novos stios receptores. O comrcio
eletrnico (internet) potencializa sua capacidade de disperso mediada pelo Homem. No
so conhecidos seus efeitos sobre o ambiente onde foi detectada e, difcil analisar seu
potencial de risco. Contudo, importante produzir informaes sobre os possveis efeitos
desta espcie nos ambientes naturais onde foi introduzida.
377
Reino: Animalia
Phylum: Chordata
Classe: Actinopterygii
Ordem: Perciformes
Famlia: Helostomatidae
Gnero: Helostoma
Espcie: Helostoma temminkii
Nomes populares
Beijador.
Situao populacional
Espcie extica detectada em ambiente natural.
Lugar de origem
sia: Tailndia e Indonsia.
Ecologia
So peixes de pequeno porte, que ocorre em lagos e em rios. Prefere trechos com
pequena correnteza e vegetao densa. Tem hbito bento-pelgico e se alimenta de plantas
e animais, incluindo plncton. Tem cuidado parental. So capazes de viver em ambientes
pouco oxigenados.
378
Tipo de introduo
Intencional, para aquicultura com fins de comercializao para aquaristas.
Histrico de introduo
A introduo da espcie est associada ao plo de piscicultura ornamental de Muria,
Estado de Minas Gerais. A sua presena no meio natural certamente se deve escapes dos
tanques de cultivo.
Distribuio geogrfica
Esta espcie foi registrada nos arredores do rio Glria, Muria, Minas Gerais. Esta
espcie j foi detectada nos Estados Unidos, Canad, Singapura, Filipinas, Sri Lanka e
Colmbia.
Distribuio ecolgica
Ecossistemas naturais (riachos) e artificiais (tanques). Bioma afetado Mata Atlntica.
Impactos ambientais
No h relatos disponveis mostrando os impactos ambientais causados pela espcie
nos ambientes em que ocorre como extica.
Impactos scio-econmicos
Tambm no h disponveis informaes sobre possveis impactos scio-econmicos.
Anlise de risco
Apesar de representar risco potencial para invertebrados nativos nas regies onde
foi detectada, ainda no h conhecimento cientfico sobre o seu estabelecimento e a sua
disperso nestes ambientes. Entretanto, muito provvel que se estabelea, j que realiza
cuidado parental e que pode viver em guas quentes e com pouca oxigenao, o que
aumenta suas chanches de estabelecimento. difcil fazer previses de riscos ecolgicos,
sociais e econmicos. Apesar de sua ocorrncia no Brasil ser ainda restrita, necessrio
gerar conhecimento sobre a espcie na condio de extica.
379
Reino: Animalia
Phylum: Chordata
Classe: Actinopterygii
Ordem: Perciformes
Famlia: Cichlidae
Sub-famlia: Pseudocrenilabrinae
Gnero: Hemichromis
Espcie: Hemichromis bimaculatus
Nomes populares
Acar-jia, peixe-jia.
Situao populacional
Espcie extica detectada em ambiente natural.
Lugar de origem
frica, nas bacias da costa sudeste da Guin e na regio central da Libria, associada a
ambientes florestados. Tambm foi descrito para a Gana, Camares, Repblica Democrtica
do Congo, Gmbia e Senegal, e na bacia do rio Nilo.
380
Ecologia
uma espcie bentopelgica e vive em ambientes lticos. Pode ser encontrada em rios
e em canais, com substrato arenoso ou lodoso. Ocorre associada a ambientes com cobertura
de mata. Alimenta-se de escamas de outros peixes e de insetos. Tolera grandes variaes de
salinidade, podendo ser encontrada em regies de esturios. A reproduo ocorre a partir de
fecundao externa com a desova concentrada e os pais apresentando comportamento de
guarda de ovos e de filhotes. Podem dobrar o tamanho populacional em menos de 15 meses,
com as condies favorveis.
Tipo de introduo
Intencional, para o comrcio de peixes ornamentais.
Histrico de introduo
A produo de peixes ornamentais e o seu comrcio vm crescendo muito nos ltimos
anos, o que estimula a manuteno e o crescimento do plo de peixes ornamentais da regio
de Muria, MG. Esta uma das espcies recentemente incluida nos sistemas de produo
locais, somando-se a outras espcies exticas, criadas em mais de 3.000 tanques com
peixes ornamentais.
Distribuio geogrfica
Esta espcie foi registrada no crrego Boa Vista, municpio de Caratinga, Minas
Gerais.
Distribuio ecolgica
Ecossistemas naturais (riachos) e artificiais (tanques), presentes no bioma Mata
Atlntica.
Impactos ambientais
Apesar de que a sua sobrevivncia no ambiente natural implica em uso de recursos
locais o que pode se reverter em prejuzos s espcies nativas, no h informao sobre
outros impactos ambientais causados por esta espcie.
Impactos scio-econmicos
Nenhum tipo de impacto scio-econmico foi descrito para a ocorrncia desta espcie
em habitats fora da sua distribuio natural.
381
Anlise de risco
Apesar de poder representar um risco para invertebrados na regio onde foi detectada,
os dados no so conclusivos sobre o seu estabelecimento e a sua disperso em ambientes
adjacentes. difcil fazer previses de riscos ecolgicos, sociais e econmicos. No entanto,
bastante importante gerar conhecimento sobre a espcie na condio de extica.
382
Reino: Animalia
Phylum: Chordata
Classe: Actinopterygii
Ordem: Characiformes
Famlia: Erythrinidae
Gnero: Hoplias
Espcie: Hoplias lacerdae
Nomes populares
Trairo-do-Amazonas, trairo, traira, tariputanga.
Situao populacional
Espcie extica detectada em ambiente natural.
Lugar de origem
originria da bacia do Ribeira do Iguape em SP e PR.
Ecologia
O pico de atividade da espcie se concentra no horrio vespertino. So predadores
de outros peixes, mas quando jovens se alimentam preferencialmente de invertebrados
aquticos. Os ovos so adesivos e h forte cuidado prole, por parte do casal, enquanto no
ocorre a ecloso dos ovos.
Ambiente de guas Continentais
383
Tipo de introduo
Intencional, principalmente por pescadores amadores e no intencional, apartir de
escapes de sistemas de cultivo.
Histrico de introduo
A disperso pelas bacias brasileiras est certamente associada sua produo em
piscicultura, entretanto, no h disponvel um histrico sobre a mesma.
Distribuio geogrfica
Rios So Francisco, Doce, So Marcos, Paranaba, Jequitinhonha, Grande e Juramento
em Minas Gerais.
Distribuio ecolgica
Ecossistemas naturais e artificiais (reservatrios, represas e estaes de piscicultura);
rea urbana e periurbana (piscicultura). Os biomas afetados so: Cerrado, Caatinga e Mata
Atlntica.
Impactos ecolgicos
Os conhecimento sobre as caractersticas desta espcie induzem compreenso de
que pode causar grandes impactos biodiversidade, nos locais em que introduzida, porm
no h na literatura estudos cientficos disponveis, com a comprovao destes impactos.
Impactos scio-econmicos
No h na literatura estudos com a comprovao destes impactos.
Anlise de risco
Apesar de terem sido encontrados 33 registros vlidos para esta espcie, sabe-se
que o trairo muito dispersado pela piscicultura no Brasil. Portanto, os apontamentos do
levantamento so, certamente, uma subestimativa da regio de ocorrncia deste peixe como
espcie extica. Particularmente os registros apontam para um uso intenso na regio sudeste.
384
385
Reino: Animalia
Phylum: Chordata
Classe: Actinopterygii
Ordem: Siluriformes
Famlia: Callichthyidae
Sub-famlia: Callichthyinae
Gnero: Hoplosternum
Espcie: Hoplosternum littorale
Nomes populares
Tamoat, tamboat, camboat, hassar.
Situao populacional
Espcie extica detectada em ambiente natural.
Lugar de origem
A espcie originria da Amrica do Sul, ocorrendo na maior parte das drenagens cisandinas at o norte de Buenos Aires.
386
Ecologia
So peixes de natao vagarosa. Habitam reas de brejo, durante a estao mida os
adultos consomem uma grande quantidade de quironomdeos associados a detritos. J na
estao seca alimentam-se principalmente de insetos terrestres, micro-crustceos, dipteros
aquticos e detritos. O casal faz um ninho na superfcie da coluna dgua com bolhas e
detritos para a proteo dos filhotes e o macho permanece de viglia no ninho. A reproduo
se concentra em meses chuvosos e o macho em defesa do ninho se torna agressivo.
Tipo de introduo
Provavelmente, no intencional, em funo do uso da espcie como isca viva na pesca
amadora.
Histrico de introduo
No h um relato oficial.
Distribuio geogrfica
uma espcie de ocorrncia comum no pas. H muitos casos de introduo da mesma
em pequenos tributrios e lagoas. A espcie foi registrada como extica nas bacias do rio
Paraba do Sul, do rio Doce, do Alto Paran e do rio So Francisco.
Distribuio ecolgica
Esses organismos tm sido encontrados em ecossistemas naturais e artificiais
(reservatrios, represas, tanques de piscicultura), afetando ecossistemas aquticos nos
biomas Cerrado e Mata Atlntica.
Impactos ecolgicos
A espcie extica compete com as espcies nativas. A sua dieta inclui principalmente
invertebrados o que, contribui para impactar a diversidade local, no ambiente que est
ocupando. Esta espcie, quando extica, pode atingir abundncia elevada e competir com
outras espcies nativas. H, ao menos, um registro na literatura sobre impacto causado
por esta espcie, no lago central do municpio de Lagoa Santa, no estado de Minas Gerais,
onde cerca de 70% da fauna original de peixes teriam sido extintos, aps a introduo do
tucunar (Cichla cf. monoculus), do trairo (Hoplias lacerdae), da tilpia (Tilapia rendalli) e
do tamboat (H. littorale). A espcie tambm ocorre em lagos da regio do mdio rio Doce,
prximos ao Parque Estadual do Rio Doce, onde espcies nativas de peixes tambm foram
extintas em funo da introduo de peixes exticos, mas, no h dados isolados de H.
littorale, na literatura cientfica, o que sugere a necessidade de estudos de monitoramento
das populaes da espcie e avaliao dos impactos diretos e indiretos sobre as espcies
nativas.
387
Impactos scio-econmicos
Sendo uma espcie competidora com espcies nativas, por recursos alimentares e
outros, pode causar a diminuio do pescado para populaes humanas locais (a exemplo
dos pescadores artesanais).
Anlise de risco
Esta espcie , provavelmente, dispersada alm de sua distribuio original no Brasil
de forma no intencional por pescadores, em funo de seu uso como isca viva. Alm disso,
uma espcie apreciada para fins ornamentais e, neste caso, possvel que ocorram solturas
propositais por aquariofilistas. O fato de possuir uma distribuio espacial to ampla no
pas pode indicar elevado nvel de adaptao a diferentes condies ambientais, o que, em
princpio, pode facilitar a colonizao de novas regies pela mesma. Espcie com elevado
nvel de competitividade com espcies da fauna nativa. possvel que represente um risco
para espcies de invertebrados nas regies onde foi detectada, mas, no h registros
cientficos sobre as consequncias e as alteraes resultantes de seu estabelecimento.
388
LIMA-JNIOR, D. P. Antes mal acompanhado do que s! Facilitao indireta potencializando a invases de peixes exticos nos lagos do mdio rio Doce. Viosa, 2004. Curso de
Cincias Biolgicas, Universidade Federal de Viosa, Viosa, MG. Dissertao de mestrado.
35p.
REIS, R. E. Callichthyidae (Armored catfishes). p. 291-309. In: R.E. REIS, S.O. KULLANDER
and C.J. FERRARIS, Jr. (eds.) Checklist of the Freshwater Fishes of South and Central
America. EDIPUCRS. Porto Alegre, Brasil, 2003.
389
Reino: Animalia
Phylum: Chordata
Classe: Actinopterygii
Ordem: Characiformes
Famlia: Erythrinidae
Gnero: Hoplerythrinus
Espcie: Hoplerythrinus unitaeniatus
Nomes populares
Jej, trara-pixuna, marob.
Situao populacional
Espcie extica detectada em ambiente natural.
Lugar de origem
Bacias do rio So Francisco, rio Paran, rio Amazonas, rio Orinoco, rio Magdalena e rios
na costa da Guiana, Suriname e Guiana Francesa.
Ecologia
encontrada em reas encharcadas e em riachos de pequena correnteza e em reas
de florestas inundadas. Continuamente sobe superfcie para respirar e pode sobreviver
fora dgua por longos perodos. Seu comportamento de subir superfcie torna-a bastante
suscetvel pesca. uma espcie predadora-onvora, alimentando-se principalmente de
insetos e de peixes.
390
Tipo de introduo
Possivelmente no intencional, em funo de escapes de tanques de cultivo, devido
inundao em corpos dgua naturais.
Histrico de introduo
Sugere-se que a inundao de tanques de criao tenha sido responsvel por sua
introduo em ambiente natural.
Distribuio geogrfica
Esta espcie foi detectada como extica no sistema da Lagoa dos Patos, bacia
hidrogrfica do Guaba, RS.
Distribuio ecolgica
Ecossistemas naturais de guas correntes (rio) e paradas (brejos e lagoa). Bioma
afetado Mata Atlntica.
Impactos ambientais
No h indcios destes impactos.
Impactos scio-econmicos
No h nenhum registro sobre esta possibilidade.
Anlise de risco
Representa risco potencial para vertebrados e invertebrados onde invade, mas ainda
no h conhecimento cientfico sobre o seu estabelecimento e a sua disperso em ambientes
naturais. difcil fazer previses de riscos ecolgicos, sociais e econmicos, mesmo porque
o nmero de indivduos capturados foi somente dois. necessrio gerar conhecimento sobre
a espcie na condio de extica.
391
Reino: Animalia
Phylum: Chordata
Classe: Actinopterygii
Ordem: Characiformes
Famlia: Characidae
Gnero: Hyphessobrycon
Espcie: Hyphessobrycon eques
Nomes populares
Mato-grosso.
Situao populacional
Espcie extica detectada em ambiente natural.
Lugar de origem
Bacias dos rios Amazonas, Paraguai e Guapor.
Ecologia
Ocorre, geralmente, em ambientes lnticos. Permanece prximo da superfcie d gua,
posicionando-se junto dos ramos de vegetaes aquticas emersas. Alimenta-se de larvas,
insetos, pequenos crustceos e plantas. Pode apresentar comportamento bastante agressivo,
principalmente, contra co-especficos. Esta espcie faz parte de um complexo de hbridos.
392
Tipo de introduo
Intencional, com fins de aquarismo.
Histrico de introduo
Informao no disponvel.
Distribuio geogrfica
Os registros apontam que esta espcie ocorre como extica no Paran (Londrina), em
So Paulo ( lagos Diogo e Inferno), no Rio de Janeiro (Resende, Volta Redonda) e em Minas
Gerais (Muria).
Distribuio ecolgica
Ecossistemas naturais (rios) e artificiais (reservatrios e represas). A distribuio desta
espcie, fora de sua rea natural de distribuio no Brasil, deve estar associada aos sistemas
de cultivo de peixes ornamentais. Bioma afetado Mata Atlntica.
Impactos ambientais
Apesar de no haver nenhuma informao sobre seus impactos, a espcie tem potencial
para afetar a biodiversidade nativa nos locais onde foi introduzida, devido aos efeitos da
competio.
Impactos scio-econmicos
No so conhecidos impactos desta natureza.
Anlise de risco
Apesar da espcie representar um risco para invertebrados, nos novos stios receptores,
ainda no h conhecimento cientfico sobre o seu estabelecimento e a sua disperso nestes
ambientes ocupados. difcil prever riscos ecolgicos, sociais e econmicos, mas, certo
que, aps o estabelecimento, o seu controle e erradicao podero ser impossveis, como
ocorre para grande parte das espcies exticas invasoras em guas continentais.
393
394
Reino: Animalia
Phylum: Chordata
Classe: Actinopterygii
Ordem: Cypriniformes
Famlia: Cyprinidae
Gnero: Hypophthalmichthys
Espcie: Hypophthalmichthys molitrix
Nomes populares
Carpa prateada.
Situao populacional
Espcie extica detectada em ambiente natural.
Lugar de origem
sia: grandes rios chineses e russos.
Ecologia
Prefere condies temperadas de temperatura (de 6 a 28c). Demanda ambientes
lnticos ou com fluxo pequeno de gua. Faz migraes para reproduzir e seus ovos e larvas
flutuam na corrente at alcanarem regies de inundao dos rios. filtrador de plncton,
mas tambm se alimenta de crustceos. Reproduz-se nos meses mais quentes. Seus ovos
no so adesivos e afundam em guas calmas e descem as corredeiras em locais de guas
rpidas.
Ambiente de guas Continentais
395
Tipo de introduo
Intencional para cultivo em cativeiro.
Histrico de introduo
Em 1968 houve tentativa de introduo da China, do Japo e na Hungria, mas, segundo
a FAO, a sua introduo no Brasil foi efetiva em 1983. A espcie foi introduzida para cultivo
consorciado com outros peixes e cultivo isolado.
Distribuio geogrfica
Ocorre em muitos estados brasileiros e sua disseminao abrange praticamente todo
o pas. espcie extica confirmada em 65 pases no mundo.
Distribuio ecolgica
Ecossistemas naturais e artificiais (reservatrios, represas, piscicultura); rea urbana
e periurbana. Reservatrios do DNOCS, rio So Francisco, Lago Parano, DF, Lagoa dos Patos
e Lagoa Mirim, RS. Biomas afetados Mata Atlntica, Cerrado, Campos Sulinos, Caatinga.
bastante difundida na piscicultura, principalmente em cultivos mistos com outras espcies.
Certamente a espcie apresenta uma ocorrncia muito maior do que a confirmada neste
informe.
Impactos ambientais
um dos peixes considerados como catalisadores de impactos ambientais negativos,
no Brasil e em vrios pases do mundo.
Impactos scio-econmicos
No h registros de impactos deste tipo.
Anlise de risco
Esta espcie foi rotineiramente usada para controle de algas nos anos 70-80, chegando
reduzir em at 25%, quantidade suficiente para prevenir booms (exploses populacionais).
Na dcada de 80 foi importada para a Nova Zelndia para a mesma finalidade. H pelo
menos 3 dcadas produzida em cativeiro no Brasil e no h registros de impactos no
396
ambiente natural. Entretanto, isto pode ser em funo das raras pesquisas sobre o assunto
que ainda esto se iniciando no pas. O seu uso na piscicultura continuar a dispersar a
espcie, assim como o seu uso como agente de controle biolgico. Diversos centros de
aquicultura desenvolvem pesquisas para aumentar a sua produtividade em cativeiro. Outros
centros desenvolvem trabalhos sobre sua capacidade de controlar organismos planctnicos
(e.g. UCB). No se reproduzem em corpos lnticos, mas as re-introdues podem estar
acontecendo frequentemente nestes locais, o que pode equivaler a efeitos tpicos de uma
populao com reproduo espordica. difcil fazer previses de riscos ecolgicos, sociais e
econmicos e necessrio gerar conhecimento sobre a espcie na condio de extica.
397
PEREIRA, A. J. Desenvolvimento de tecnologia para produo e utilizao da polpa de carne de carpa prateada (Hypophthalmichthys molitrix) na elaborao de
produtos reestruturados: fishburger e nugget. Curitiba, 2003. Universidade Federal do
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WU, L.; XIE, P.; DAI, M. and WANG, J. Effects of silver carp density on zooplankton and water quality: implications for eutrophic lakes in China. Journal of Freshwater Ecology, 13:
43744, 1997.
398
Situao populacional
Espcie extica detectada em ambiente natural.
Lugar de origem
sia, China.
Ecologia
Se estabelece em uma grande faixa de variao de temperatura, indo de 4 a 30c.
Alimenta-se principalmente de zooplncton. No protegem os ovos e nem as larvas ou
alevinos. Podem por de uma s vez, 100.000 ovos.
Tipo de introduo
Intencional por soltura e no intencional quando ocorre escapes a partir dos sistemas
de cultivo.
Histrico de introduo
Introduzida no pas para cultivo em piscicultura, muito difundida e utilizada
principalmente em cultivos que fazem consrcios entre diferentes espcies de peixes. hoje
uma das espcies mais cultivadas do pas, segundo dados da FAO.
399
Distribuio geogrfica
Os registros obtidos vo do estado do Rio Grande do Sul a Pernambuco. O montante de
informaes obtido no levantamento certamente subestima a rea de ocorrncia da espcie
no pas.
Distribuio ecolgica
uma espcie muito difundida pela atividade de piscicultura e hoje amplamente
dispersa em ecossistemas naturais e artificiais (reservatrios e represas), tanto em reas
urbanas, como em reas periurbanas. detectada nos biomas Campos Sulinos, Mata Atlntica,
Cerrado, Caatinga.
Impactos ambientais
No Brasil ainda no existe registros de impactos, muito possivelmente devido ausncia
de estudos que tenham esta finalidade. Entretanto, nos Estados Unidos, Iraque, China, Rssia,
Sua, Romnia, Vietnam e Hungria, h apontamentos cientficos de alterao da composio
planctnica nos corpos dgua invadidos por esta espcie, suportando a possibilidade de
estarem ocorrendo impactos em guas continentais brasileiras. Particularmente na Europa,
ocorre em 10 pases, sendo que em trs, h impactos confirmados relacionados alterao
de cadeias trficas, competio por alimentos, alterao na estrutura de comunidades e
hibridao com espcies nativas. Devido variao de impactos que causa, uma das 8
espcies exticas de guas continentais mais importantes a ser trabalhada nos prximos
anos na Europa.
Impactos scio-econmicos
Informao no disponvel na literatura.
Anlise de risco
Este um peixe muito difundido no Brasil, assim como em todo o mundo, como
importante espcie em cultivos. No h relatos de impactos para o territrio nacional, mesmo
j sendo cultivado desde a dcada de 70 e sendo to difundido. Se houver impactos diretos, o
grupo de organismos que mais deve sofrer com eles provavelmente o zooplncton. Apesar
de no detectado em nenhum estudo, o seu uso para o controle biolgico de zooplncton
permite deduzir que este deve ser o grupo que sofre mais os impactos da colonizao desta
espcie em meio natural.
Iraque, China, Rssia, Sua, Romnia, Vietn e Hungria, apresentam trabalhos
apontando a alterao da composio planctnica nos corpos dgua onde este peixe se
estabeleceu. Apesar de conhecidos os impactos (fora do Brasil), uma espcie que dificilmente
conseguir emitir propgulos a partir de ambientes lnticos e aumentar sua distribuio.
400
401
SAMPSON, S. J.; CHICK, J. H. and PEGG, M. A. Diet overlap among two Asian carp and three
native fishes in backwater lakes on the Illinois and Mississippi rivers. Biological Invasions,
(11) 3: 483-496, 2009.
SAVINI, D., OCCHIPINTIAMBROGI, A., MARCHINI, A., TRICARICO, E., GHERARDI, F.,
OLENIN, S. AND GOLLASCH, S. The top 27 animal alien species introduced into Europe for
aquaculture and related activities. Journal of Applied Ichthyology, 26: 17, 2010.
402
Situao populacional
Espcie extica invasora. Esta espcie um dos dois principais produtos da pesca em
Itaipu.
Lugar de origem
Bacias dos rios Amazonas e Orinoco e rios da costa atlntica da Guiana e do
Suriname.
Ecologia
uma espcie de hbito pelgico, caracterstica de ambientes lticos, como riachos
e rios. Tolera elevados nveis de salinidade, podendo ocorrer em regies esturinas.
Alimenta-se de crustceos planctnicos, como coppodas, cladceras ou ostrcodas. Sua
movimentao na coluna dgua parece ocorrer em funo da movimentao do plncton,
tolerando grandes variaes de profundidade (37m). O perodo reprodutivo se inicia em
novembro e as desovas ocorrem geralmente de fevereiro a abril. So reoflicos, o que indica
que precisam executar migraes para reproduzirem. A desova parcelada, mas, as fmeas
podem colocar de 50.000 a 100.000 ovos, variando em funo do seu tamanho corporal. Os
juvenis so encontrados em regies mais prximas aos esturios, enquanto os adultos em
guas mais interiores.
Tipo de introduo
No intencional, a espcie migrou rio acima.
403
Histrico de introduo
Com a destruio da barreira geogrfica, constituida pelos Saltos das Sete Quedas,
a espcie se dispersou naturalmente para as plancies de inundao, aps a construo do
reservatrio de Itaipu.
Distribuio geogrfica
Esta espcie foi registrada no Paran, em diversos reservatrios e foi tambm utilizada
para peixamento em audes do Nordeste do Brasil.
Distribuio ecolgica
Ecossistemas naturais e artificiais (rios e reservatrios). Biomas afetados pela espcie,
Mata Atlntica, Caatinga.
Impactos ambientais
Ainda no h registros, mas, possivelmente a espcie extica reduz as populaes de
espcies nativas de peixes devido a competio por recursos alimentares e espao.
Impactos scio-econmicos
No h informaes publicadas. Porm, existem relatos das populaes de pescadores
locais que afirmam hoje ser a espcie de maior abundncia onde foi introduzida, reduzindo
drsticamente as populaes de peixes nativos.
Anlise de risco
Como uma espcie de importncia para a pesca em Itaipu, h risco potencial para sua
introduo em novos stios receptores. No h trabalhos que demonstrem os efeitos diretos
desta espcie no estado de extica, sobre espcies nativas, o que torna difcil previses de
riscos ecolgicos e sociais. Apesar de haver muitos trabalhos sobre sua biologia, especialmente
no rio Paran, importante questionar seus efeitos diretos sobre outras espcies.
404
405
Reino: Animalia
Phylum: Chordata
Classe: Actinopterygii
Ordem: Siluriformes
Famlia: Ictaluridae
Gnero: Ictalurus
Espcie: Ictalurus punctatus
Nomes populares
Bagre do canal, bagre americano, channel catfish.
Situao populacional
Espcie extica detectada em ambiente natural.
Lugar de origem
Amrica do Norte: drenagens centrais dos Estados Unidos at o Sudeste do Canad e
Nordeste do Mxico.
Ecologia
Vive em rios e riachos e prefere guas limpas e bem oxigenadas. Tambm
encontrado em reservatrios artificiais. Alimenta-se principalmente de peixes, mas tambm
come crustceos e caramujos. Mais raramente, podem tambm comer insetos aquticos e
pequenos mamferos.
406
Tipo de introduo
No intencional, por escape dos sistemas de cultivo (para os rios) e intencional, com
soltura para cultivo com propsito de produzir alimento ou para pesca esportiva.
Histrico de introduo
No h descrio disponvel sobre o histrico de introduo.
Distribuio geogrfica
O levantamento identificou somente 4 localidades em que esta espcie ocorre como
extica no pas. Foi registrada na Lagoa dos Patos, em dois audes no estado do Cear e no
rio Guaragau, no estado do Paran.
Distribuio ecolgica
Ecossistemas naturais e artificiais (rios e audes). Biomas afetados Mata Atlntica,
Cerrado, Zona Costeira e Marinha.
Impactos ambientais
Com populao estabelecida em ambientes naturais de quatro pases da Europa, esta
uma das vinte e cinco mais importantes espcies em ecossistemas aquticos daquele
continente. Ainda assim, at mesmo os pesquisadores europeus se queixam da inexistncia
de trabalhos que demonstrem claramente seus impactos.
Impactos scio-econmicos
No h informao disponvel sobre este tipo de impacto.
Anlise de risco
H evidncias de impactos negativos da espcie pelo menos no Mxico e nas Filipinas.
No h estudos especficos sobre a influncia desta espcie em meio natural no Brasil. Mas
certamente ela pode alterar a comunidade nativa de peixes e de invertebrados. Representa
grande risco ecolgico para as comunidades aquticas invadidas e poder causar problemas
econmicos e sociais atravs da alterao do produto da pesca profissional em regies
especificas. Para o controle da disperso da espcie ser necessrio trabalhar junto com os
produtores de peixes. A erradicao em ambientes invadidos naturais ou fragmentados
praticamente impossvel.
407
408
Reino: Animalia
Phylum: Chordata
Classe: Actinopterygii
Ordem: Perciformes
Famlia: Cichlidae
Sub-famlia: Cichlasomatinae
Gnero: Laetacara
Espcie: Laetacara curviceps
Nomes populares
Acar bandeira.
Situao populacional
Espcie extica detectada em ambiente natural.
Lugar de origem
Bacia do rio Amazonas, nas partes mais baixas dos seus tributrios.
Ecologia
uma espcie bentopelgica, que tolera uma considervel variao de pH (5,2 a 7,5).
Ocorre geralmente em ambientes de gua parada e rasa (lagoas). A reproduo ocorre
atravs da fecundao externa e na desova, a fmea chega a colocar 300 ovos. A desova
Ambiente de guas Continentais
409
Tipo de introduo
A introduo na regio foi certamente intencional, mas, no ambiente natural h grandes
chances de ter sido tanto intencional quanto no intencional, por escapes.
Histrico de introduo
Esta uma das dezenas de espcies que so cultivadas no plo de piscicultura
ornamental de Muria, MG. Apesar de no haver um histrico bem documentado, sua
introduo certamente est associada seu cultivo como espcie ornamental neste plo.
Distribuio geogrfica
Esta espcie foi registrada no rio da Glria, em Muria e no crrego Boa Vista, em
Caratinga, ambos municpios do estado de Minas Gerais.
Distribuio ecolgica
Ecossistemas naturais e artificiais (riachos e reservatrios). A distribuio desta espcie
no Brasil, fora de sua rea natural de ocorrncia, parece estar associada a regies de cultivo
de espcies com uso ornamental. Bioma afetado Mata Atlntica.
Impactos ambientais
No h nenhum registro de impactos ambientais causados por esta espcie. Sem
pesquisa.
Impctos scio-econmicos
No h informaes produzidas sobre impactos scio-econmicos que esta espcie
possa ter causado. Sem pesquisa.
Anlise de risco
Apesar de poder representar risco para invertebrados da regio que esta ocupando,
ainda no h conhecimento cientfico sobre o a sua disperso e invaso em ambientes
naturais. difcil fazer previses de riscos, mas, aps o seu estabelecimento, o seu controle
410
e erradicao podem ser muito difceis, como para a maior parte das espcies exticas
invasoras. Apesar de sua ocorrncia no Brasil ser ainda restrita a uma regio, importante
produzir conhecimento sobre a espcie na condio de extica.
411
Reino: Animalia
Phylum: Chordata
Classe: Actinopterygii
Ordem: Perciformes
Famlia: Centrarchidae
Gnero: Lepomis
Espcie: Lepomis gibbosus
Nomes populares
Peixe sol, perca sol.
Situao populacional
Espcie extica detectada em ambiente natural.
Lugar de origem
Nativo da Amrica do Norte.
Ecologia
Habitam lagos e pequenos riachos, podendo ocorrer em esturios. Preferem lagos
com muita vegetao. Alimentam-se principalmente de vermes, crustceos, insetos, peixes
pequenos e outros vertebrados de porte diminuto, alm de ovos de peixes. Na Europa h
registros de grande variedade de invertebrados sendo predados por esta espcie.
412
Tipo de introduo
Intencional, para uso em cultivo e venda como espcie ornamental ou ainda, para
pesca esportiva.
Histrico de introduo
A espcie foi introduzida para alimentar outra espcie extica: Micropterus salmoides
e para atividades de pesca esportiva local.
Distribuio geogrfica
Restrita ao municpio de Ouro Preto, MG.
Distribuio ecolgica
Ecossistema artificiai (reservatrio); rea periurbana. Bioma afetado Mata Atlntica.
Impactos ambientais
Na Europa est introduzido em 22 pases e causa impactos em dez. Entre os impactos
estam registrados o domnio da comunidade nativa, a predao de espcies nativas e
alteraes fsico-qumicas no ambiente e na gua, causadas pela espcie no habitat invadido.
Para o Brasil no h, ainda, informao disponvel, mas dever reduzir a diversidade na
ictiofauna e nas populaes de invertebrados.
Impactos scio-econmicos
No h informaes discritas.
Anlise de risco
A princpio a espcie est contida em um reservatrio. Deve haver chances de disperso
da espcie para novos stios receptores, em funo das solturas realizadas por pescadores
ou criadores, atores de introdues anteriores. A medida mais adequada no momento seria
tentar a sua erradicao, enquanto a espcie esta restrita a uma pequena regio e, evitar
novas introdues e consequncias desastrosas biodiversidade e ao equilbrio ambiental.
possvel que a sua erradicao j seja difcil ou impossvel.
413
414
Reino: Animalia
Phylum: Chordata
Classe: Actinopterygii
Ordem: Perciformes
Famlia: Centrarchidae
Gnero: Lepomis
Espcie: Lepomis macrochirus
Nomes populares
Perca.
Situao populacional
Espcie extica detectada em ambiente natural.
Lugar de origem
Amrica do Norte: bacia do rio Mississipi e nos Grandes Lagos, de Quebec ao norte do
Mxico.
Ecologia
bentopelgica, encontrada frequentemente em lagos, lagoas, reservatrios e riachos
de guas mais calmas. Alimenta-se de moluscos, pequenos crustceos, insetos e larvas. A
reproduo ocorre por fecundao externa e h cuidado parental, por meio da construo
Ambiente de guas Continentais
415
Tipo de introduo
Intencional, para a pesca esportiva.
Histrico de introduo
Aparentemente, um ano aps o enchimento do Lago Parano, em 1960, foram colocados
7.000 indivduos desta perca, juntamente com tilpias, mandis, piaparas e black bass, para
fomentar a pesca esportiva. Tambm houve novos peixamentos da espcie nas dcadas de
1970, 80 e 90.
Distribuio geogrfica
Foi registrada no lago Parano, Braslia, Distrito Federal. Fora do Brasil, ocorre como
espcie extica em dezenas de pases, com registro de ocorrncia em todos os continentes.
Distribuio ecolgica
Ecossistemas artificiais (reservatrio), localizados no bioma Cerrado.
Impactos ambientais
Apesar de no haver dados especficos para o lago Parano, estudos indicam que
organismos desta espcie so fortes competidores pelos recursos alimentares existentes
nos corpos dgua onde esto inseridos, podendo reduzir a diversidade da ictiofauna e de
invertebrados aquticos.
Impactos scio-econmicos
No h informaes disponveis sobre este tipo de impacto.
Anlise de risco
O lago Parano no apresenta uma estrutura de comunidades de peixes representativa
da regio. O ambiente artificial mais o grande nmero de espcies exticas a introduzidas
reduziram a representatividade e estrutura de comunidades naturais. Entretanto, a perca
pode representar um risco para comunidades de regies adjacentes, por conseguir manter
416
populao no lago e, quando possvel, migrar para outros corpos hdricos tributrios, no
entorno. Apesar disto, difcil prever riscos ecolgicos, sociais e econmicos j que no
contamos com estudos sobre os efeitos da espcies nestes ambientes.
417
Reino: Animalia
Phylum: Chordata
Classe: Actinopterygii
Ordem: Characiformes
Famlia: Anostomidae
Gnero: Leporinus
Espcie: Leporinus elongatus
Nomes populares
Piapara, piau, piau verdadeiro, boga.
Situao populacional
Espcie extica detectada em ambiente natural.
Lugar de origem
Ocorre na Argentina, e no Brasil nas bacias do rio So Francisco, Prata e Paran.
Ecologia
uma espcie bentopelgica, herbvora com tendncia onivoria. Alimenta-se de
insetos, larvas e vegetais. Apresenta elevado potencial reprodutivo, podendo dobrar seu
tamanho populacional em menos de 15 meses sob boas condies. No se reproduz
naturalmente em ambientes lnticos.
418
Tipo de introduo
Intencional, para cultivo e para a pesca.
Histrico de introduo
A Comisso Tcnica de Piscicultura do Nordeste (CTPN), vinculada ao Departamento
Nacional de Obras Contra a Seca (DNOCS), foi responsvel por estudar espcies de peixes
de outras bacias para incrementar o potencial pesqueiro das bacias nordestinas. Entre
estas espcies estava o L. elongatus, que foi translocado do rio So Francisco para bacias
nordestinas.
Distribuio geogrfica
Esta espcie foi registrada no Rio Grande do Sul (delta do Jacu e drenagem da Lagoa
dos Patos), em Minas Gerais (bacia do rio Grande), Rio de Janeiro (Lagoa Feia), em audes
de Pernambuco (rios Brgida e Paje), no estado do Cear, alm de rios da Paraba. Foi
introduzida em diversos reservatrios da regio Sul, Sudeste e Nordeste do Brasil.
Distribuio ecolgica
Ecossistema artificiais (reservatrios) e naturais (rios). Esta presente nos biomas
Pampa, Mata Atlntica e Caatinga.
Impactos ambientais
No h registros, mas poder reduzir a diversidade da ictiofauna devido a sua eficcia
de forrageamento. H literatura que cita a possibilidade de causar desequilbrio na teia
trfica a seu favor, mas, sem comprovaes especficas.
Impactos scio-econmicos
No h informaes sobre estes tipos de impactos.
Anlise de risco
Apesar de poder representar um risco para invertebrados e competidores na regio
invadida, ainda no h conhecimento cientfico sobre o seu estabelecimento e a sua disperso
nos ambientes onde ocorre como extica. Previses de riscos ecolgicos, sociais e econmicos
so difceis de serem feitas, j que no h trabalhos que avaliem as consequncias de sua
introduo em novos stios receptores.
419
420
Reino: Animalia
Phylum: Chordata
Classe: Actinopterygii
Ordem: Characiformes
Famlia: Anostomidae
Gnero: Leporinus
Espcie: Leporinus friderici
Nomes populares
Arau cabea gorda, Piau cabea gorda, piau, piava.
Situao populacional
Espcie extica detectada em ambiente natural.
Lugar de origem
Bacia do rio Amazonas e Suriname.
Ecologia
uma espcie bentopelgica. Apresenta uma elevada atividade no perodo das chuvas,
quando penetra na floresta inundada. Na estao seca, permanece restrita s regies mais
profundas do rio. Alimenta-se principalmente de frutos, sementes e insetos. Os machos
Ambiente de guas Continentais
421
apresentam maturidade sexual por volta de um ano enquanto as fmeas aos dois anos.
uma espcie migratria, mas pode se reproduzir em ambientes lnticos. A reproduo
ocorre de novembro a junho, com picos em dezembro e maro. As fmeas desovam cerca
de 100.000 a 200.000 ovos,e apresentam um crescimento ligeiramente mais acelerado que
os machos.
Tipo de introduo
Intencional, para a pesca.
Histrico de introduo
No obtivemos acesso ao histrico de introduo.
Distribuio geogrfica
Esta espcie foi registrada nos estados de So Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro,
Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Gois, Pernambuco e Piau. Foi amplamente difundida pelo
Brasil em funo de seus atributos favorveis pesca.
Distribuio ecolgica
Fora de seu local de origem, a espcie tem sido encontrada em ecossistemas artificiais
(reservatrios) e naturais (rios). Os biomas afetados so: Campos Sulinos, Mata Atlntica e
Caatinga.
Impactos ecolgicos
No h registros, mas poder reduzir a diversidade da ictiofauna por competio com
espcies nativas.
Impactos scio-econmicos
Informao no descrita na literatura recente. Mas, se a espcie potencialmente
competidora com peixes nativos, poder causar diminuio populacional destes e, assim,
provocar diminuio de recursos pesqueiros s populaes humanas que fazem uso da
mesma, para alimentao ou gerao de renda (pesca artesanal, ribeirinhos).
422
Anlise de risco
Ainda no h conhecimento cientfico sobre o seu estabelecimento e a sua disperso em
ambientes onde foi introduzida. Portanto, difcil fazer previses de riscos ecolgicos, sociais
e econmicos. Ainda assim, aps o seu estabelecimento, o controle e erradicao podem
ser impossveis, como para a maior parte das espcies exticas invasoras em ambientes
aquticos.
423
Situao populacional
Espcie extica detectada em ambiente natural.
Lugar de origem
Se distribui entre a Argentina e o Brasil, ocorrendo originalmente na bacia do rio
Paraguai.
Ecologia
uma espcie onvora com tendncia herbivoria. Vive tanto nas margens como
no canal principal dos rios. Tambm ocorre em baas e a jusante de quedas dgua onde
geralmente busca recursos junto aos bancos de macrfitas aquticas. So migradores anuais
e no se reproduzem naturalmente em ambientes lnticos.
Tipo de introduo
Introduo intencional voltada a piscicultura.
Histrico de introduo
Esta espcie apresenta bom ganho de peso em cativeiro e tambm valorizada para
a pesca esportiva. Assim, foi intensivamente estocada em pisciculturas, principalmente na
regio sudeste do Brasil, e da sofre frequentes escapes.
424
Distribuio geogrfica
A espcie Leporinus macrocephalus encontra-se ocorrendo em reservatrios e rios nos
estados de Minas Gerais (e.g. bacia do rio Doce), Paran e So Paulo (e.g. alto Paran) e Rio
de Janeiro (e.g. bacia do Paraba do Sul). Alm disto, h possibilidade de ter sido dispersada
tambm em reservatrios do nordeste do Brasil.
Distribuio ecolgica
Ecossistema artificiais (reservatrios) e naturais (rios). Presente nos biomas Mata
Atlntica e Cerrado.
Impactos ambientais
Informao no disponvel, mas a introduo da espcie poder reduzir a diversidade
da ictiofauna em funo da competio por recursos alimentares.
Impactos scio-econmicos
No h informaes disponveis sobre possveis impactos scio-econmicos.
Anlise de risco
Ainda no h conhecimento cientfico sobre o seu estabelecimento e sobre a sua
disperso em ambientes invadidos, mas possvel que esteja acontecendo, j que foi
detectada em ambientes naturais. difcil fazer previses de riscos ecolgicos, sociais e
econmicos sem registros cientficos.
425
CASTELLANI, D. & BARRELLA, W. Impactos da atividade de piscicultura na bacia do rio Ribeira de Iguape, SP Brasil. Boletim do Instituto de Pesca, 32(2): 161-171, So Paulo,
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426
Reino: Animalia
Phylum: Chordata
Classe: Actinopterygii
Ordem: Siluriformes
Famlia: Pseudopimelodidae
Gnero: Lophiosilurus
Espcie: Lophiosilurus alexandri
Nomes populares
Pacam, pacum, pacamo, peixe sapo, niquim.
Situao populacional
Espcie extica detectada em ambiente natural.
Lugar de origem
Amrica do Sul, bacia do rio So Francisco.
Ecologia
Espcie sedentria que vive em guas calmas e adota a estratgia de emboscada para
a captura de suas presas. Seus ovos so adesivos e apresentam dimetro de at 1,5mm, so
liberados em substrato arenoso. Os machos, realizam cuidado parental prole e protegem
as larvas. Organismos desta espcie habitam ambientes com troncos de rvores e buracos
no fundo do rio. Em sua rea de distribuio nativa (bacia do rio So Francisco), a espcie
considerada ameaada de extino.
Ambiente de guas Continentais
427
Tipo de introduo
Provavelmente intencional, devido ao interesse pela espcie para a pesca.
Histrico de introduo
O mdio e baixo rio Doce foram regies importantes para a manuteno da pesca
profissional em Minas Gerais e, at meados de 1970, vrias espcies migradoras eram
importantes para o comrcio na regio. Aps a construo da hidreltrica de Mascarenhas,
em 1974, estas espcies ficaram restritas regio a jusante do reservatrio. Neste contexto,
diversas espcies exticas foram introduzidas na tentativa de recuperar a pesca na regio,
entre elas, L. alexandri., o que agravou a reduo dos estoques pesqueiros de espcies
nativas. Atualmente, vrias das espcies exticas introduzidas so consideradas de grande
valor para a pesca profissional, em substituio das nativas.
Distribuio geogrfica
A espcie encontrada como extica na bacia do rio Doce, no estado de Minas Gerais
e no estado do Esprito Santo.
Distribuio ecolgica
A espcie tem sido registrada afetando ecossistemas naturais (rios), no bioma Mata
Atlntica.
Impactos ecolgicos
A abundncia de L. alexandri bastante alta em alguns trechos do rio Doce. No h
dados que comprovem o impacto desta espcie sobre espcies nativas da bacia do rio Doce,
entretanto, o impacto de predao e de competio desta espcie deve ser elevado, o que
certamente compromete a permanncia de outras espcies.
Impactos scio-econmicos
No h registros descritos na literatura.
428
da sua carne sem espinhos intramusculares e pelo bom sabor que apresenta. Apesar de ser
uma espcie predadora, os juvenis de L. alexandri aceitam bem a rao, favorecendo o seu
cultivo.
Anlise de risco
uma espcie com elevada abundncia no trecho mdio da bacia do rio Doce e
atualmente, vista como de elevado valor para a pesca profissional na regio. Alm disso,
tambm uma espcie de grande interesse para a piscicultura. Assim, diversos estudos tm
sido realizados para o desenvolvimento de tecnologias para aperfeioar seu cultivo. Desta
forma, alm da espcie ter sido detectada, pode estar em processo de estabelecimento na
bacia do rio Doce. provvel que a disperso da espcie para outras regies seja favorecida
e at estimulada. O estabelecimento desta espcie na bacia do rio Doce pode comprometer
a persistncia de espcies nativas, tanto de vertebrados quanto de invertebrados, apesar de
ainda serem necessrios estudos para avaliar estes impactos.
429
Reino: Animalia
Phylum: Chordata
Classe: Actinopterygii
Ordem: Siluriformes
Famlia: Loricariidae
Sub-famlia: Loricariinae
Gnero: Loricariichthys
Espcie: Loricariichthys platymetopon
Nomes populares
Acari, cari, rapa-canoa, cascudo-viola, cascudo-chinelo.
Situao populacional
Espcie extica detectada em ambiente natural.
Lugar de origem
Amrica do Sul: Bacia do rio da Prata.
430
Ecologia
No hbitat onde extica, a plancie de inundao do alto rio Panan, a espcie tem
preferncia por ambientes lnticos e semi-lticos, onde a velocidade da gua e a oxigenao
so menores. Se reproduz em ambientes menos oxigenados e de maior trbidez, nos meses
mais quentes do ano, indo de setembro a janeiro. Os machos carregam os ovos nos lbios
at o momento da sua ecloso. O tamanho dos perodos entre a primeira maturao e o
perodo reprodutivo subsequentes so maiores quando as cheias nesta plancie so mais
intensas.
Tipo de introduo
Disperso natural, aps quebra da barreira geogrfica por obra humana (construo
da hidreltrica de Itaipu).
Histrico de introduo
A presena de L. platymetopon no alto rio Paran relacionada com a construo
da hidreltrica de Itaipu, que submergiu o Salto de Sete Quedas. Este. era uma barreira
natural sua disperso a montante do rio. Aps o represamento, os registros da espcie
passaram de rara para abundante e sua disperso pela regio do alto Paran ainda deve
estar acontecendo. L. platyhetopon foi registrada na regio da represa Capivara (rio Tibagi),
pela primeira vez em 1999 e, atualmente, uma das espcies mais abundantes na regio.
Distribuio geogrfica
A espcie encontra-se como extica na plancie de inundao e em rios da bacia do
alto rio Panan.
Distribuio ecolgica
A espcie encontra-se como extica na Plancie de inundao do alto rio Paran;
afetando o bioma Mata Atlntica.
Impactos ecolgicos
Esta uma das trs mais abundantes espcies de peixes nos ambientes da plancie
de inundao, o que sugere que seja competitivamente superior s espcies nativas e que
podem estar diminuindo o recrutamento destas.
Impactos scio-econmicos
No relatados.
431
Anlise de risco
A espcie foi identificada em estudos da plancie de inundao do rio Paran. Foi
capturada nos rios Paran, Ivinheima, Baa e Tibagi. Apresentou, segundo estudos recentes,
crescimento populacional nos rios Ivinheima e Baa, identificado por meio de dados coletados
entre 1986 e 1988, 1993 e 1995, 2000 e 2001 e 2005 e 2006. Estes so indcios de seu
estabelecimento e de seu potencial de disperso nas regies adjacentes, o que representa
risco para as espcies nativas, especialmente as que sofrem competio pelas exticas. A
espcie tem bom rendimento para o cultivo e a explorao comercial, o que aumenta suas
chances de disperso para outros stios receptores dentro de uma mesma bacia, ou mesmo,
para outras bacias.
432
433
Reino: Animalia
Phylum: Chordata
Classe: Actinopterygii
Ordem: Perciformes
Famlia: Osphronemidae
Gnero: Macropodus
Espcie: Macropodus opercularis
Nomes populares
Paraso, peixe-do-paraso.
Situao populacional
Espcie extica detectada em ambiente natural.
Lugar de origem
China, da bacia do Yangtze ao norte do Vietn.
434
Ecologia
Os organismos desta espcie habitam qualquer tipo de rea inundvel, sejam elas
de rios, riachos, sistemas de irrigao ou fazendas de criao. Colonizam ambientes com
gua estagnada e baixa concentrao de oxignio, j que podem respirar ar na superfcie
dgua. Alimentam-se de pequenos animais, o que inclui pequenos peixes. Os machos so
territorialistas e brigam entre si.
Tipo de introduo
No intencional, escapes de tanques de cultivo.
Histrico de introduo
A introduo desta espcie em ambiente natural deve estar associada ao seu cultivo em
tanques de piscicultura, uma vez que uma espcie visada para o comrcio de ornamentais.
Foi registrada em ambiente natural, em Muria (MG), em 2002.
Distribuio geogrfica
Restrita aos municpios de Muria e Vieiras, no estado de Minas Gerais.
Distribuio ecolgica
Tem sido encontrada em ambientes naturaisl em reas periurbana (riachos prximos a
sistemas de cultivo). Afeta o bioma Mata Atlntica.
Impactos ambientais
Apesar da espcie j se encontrar estabelecida em alguns pases, como no Japo e
Madagascar, no h registros cientfico dos impactos sobre a biodiversidade no Brasil.
Impactos scio-econmicos
Tambm no h nenhum registro cientfico de impacto scio-econmico disponvel.
Anlise de risco
uma espcie muito conhecida em funo das atividades de aquarismo, entretanto,
somente foi detectada para um municpio no Brasil. Ainda no h estudos demonstrando
os efeitos que possa ter sobre a biodiversidade, sociedade ou economia. possvel que o
seu estabelecimento seja dificultado, mas se sua presena em ambiente natural decorra
de escapes contnuos, a frequencia dos escapes e a presso de propagulos pode mudar
a situao populacional da espcie, nos stios receptores onde foi detectada. Entretanto,
435
caso a espcie se estabelea possvel que esta, represente ameaa a peixes de pequeno
porte e invertebrados aquticos. Macropodus opercularis j foi usada em ensaio acadmico
para controle de larvas de mosquitos do gnero Aedes e mostrou-se eficiente predador de
larvas.
436
Reino: Animalia
Phylum: Chordata
Classe: Actinopterygii
Ordem: Characiformes
Famlia: Characidae
Sub-Famlia: Serrasalminae
Gnero: Metynnis
Espcie: Metynnis maculatus
Nomes populares
Pacu-peva, pacu-pintado, pacu-prata, pacu-cd, cdzinho.
Situao populacional
Espcie extica detectada em ambiente natural.
Lugar de origem
Amrica do Sul: Bacias do Amazonas e do Paraguai.
Ecologia
Em geral as espcies do gnero Metynnis so herbvoras, se alimentam de material
vegetal e algas, com tendncia a serem frugvoras. Podem ser encontrados em diferentes
ambientes, como rios, lagos e na floresta inundada.
437
Tipo de introduo
Possivelmente, intencional, em funo do interesse para a pesca e tambm no
intencional, em funo de escapes de sistemas de cultivo.
Histrico de introduo
Apesar de ser registrada em vrios estudos no estado do Rio de Janeiro e So Paulo
como extica, no h, em nenhum, histrico de sua introduo.
Distribuio geogrfica
Restrita a poucas localidades, mas, a espcie j foi registrada nos estados de So Paulo
(e.g. reservatrios de Nova Avanhadava, Bariri, Barra Bonita, Ibitinga, Limoeiro e Promisso)
Minas Gerais (Rio Glria e no reservatrio do Rio Glria), Rio de Janeiro (reservatrio de
Lages, Vigrio, Santana e Ribeiro das Lages, no Paraba do Sul no trecho Barra Mansa
Barra do Pira) e Bahia (e.g. Rio de Contas).
Distribuio ecolgica
A espcie encontra-se bastante difundida, principalmente, para criao em piscicultura.
Os registros apontaram sua ocorrncia em rios e lagos, naturais e artificiais (reservatrios,
represas, tanques de piscicultura); rea urbana e periurbana (piscicultura). Biomas afetados,
Mata Atlntica, Cerrado.
Impactos ambientais
No h registros, mas, possvel que a ocorrncia desta espcie extica, em ambiente
natural, aumente a competio por recursos alimentares com as espcies nativas.
Impactos scio-econmicos
No h informaes disponveis.
Anlise de risco
No h conhecimento cientfico sobre o estabelecimento e disperso da espcie nos
ambientes onde foi detectada. Em alguns estudos apontado que possui alta abundncia
o que sugere que a espcie se encontra estabelecida, mas, em outros somente citada
sua ocorrncia. No h descries ecolgicas especficas para a espcie como extica,
tornando difcil prever riscos ecolgicos, sociais e econmicos, apesar de serem possveis.
Sua translocao deve ser evitada j que o controle e erradicao da espcie podem ser
impossveis aps seu estabelecimento.
438
439
Reino: Animalia
Phylum: Chordata
Classe: Actinopterygii
Ordem: Perciformes
Famlia: Centrarchidae
Gnero: Micropterus
Espcie: Micropterus salmoides
Nomes populares
Achig, black bass.
Situao populacional
Espcie extica estabelecida em ambiente natural. H trabalho no Brasil que mostra
diversas medidas de populao estabelecida do Black bass nos novos stios onde foi
introduzida.
Lugar de origem
Nativo da Amrica do Norte.
Ecologia
A espcie se reproduz sem realizar migrao. Os machos constroem os ninhos a cerca
de 1m de profundidade e a fmea deposita cerca de 4.000 ovos. O tempo de incubao de
aproximadamente 10 dias e o macho cuida de seus filhotes por aproximadamente 30 dias.
440
Tipo de introduo
Intencional, principalmente para incremento da pesca esportiva, mas, tambm para o
cultivo.
Histrico de introduo
A espcie foi introduzida em Belo Horizonte, inicialmente para atividades de piscicultura,
entretanto, sua disperso posterior est relacionada pesca esportiva.
Distribuio geogrfica
A espcie praticamente cosmopolita, tendo registro de ocorrncia confirmado como
extica em pelo menos 78 pases, distribudos entre todos os continentes. No Brasil houve
registros da espcie em So Paulo, Minas Gerais, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e no
Distrito Federal.
Distribuio ecolgica
O alcane da disperso da espcie no Brasil no conhecidao mas, a principal razo para
sua continuidade a pesca esportiva. Atualmente encontra-se distribuida em ecossistemas
artificiais (reservatrios); rea periurbana (piscicultura), nos biomas Mata Atlntica, Cerrado
e Pampa.
Impactos ambientais
considerado uma das 100 espcies mais importantes entre as invasoras, em todo
o mundo, causando impactos sobre invertebrados e vertebrados (peixes e anfbios). Para
o Brasil no h registros de impactos em literatura especializada, mas, muito provvel
que impactos negativos sobre a comunidade invadida estejam ocorrendo em muitas
localidades.
Impactos scio-econmicos
No h descrio de impactos scio-econmicos no Brasil.
Anlise de risco
uma espcie comum de se encontrar em reservatrios de hidreltricas e audes
onde h pesca esportiva. Apesar de poder ser encontrada em pisciculturas, tem grande
atratividade para a pesca esportiva, sendo mais comum esta causa de introduo. No
h estudos especficos sobre a influncia desta espcie em meio natural, no Brasil. Mas
Ambiente de guas Continentais
441
no exterior, h muitos trabalhos mostrando seu impacto direto sobre espcies nativas.
fundamental fomentar trabalhos que tenham o propsito de aferir o impacto direto desta
espcie sobre a biodiversidade nativa.
442
Mikrogeophagus spp
Reino: Animalia
Phylum: Chordata
Classe: Actinopterygii
Ordem: Perciformes
Famlia: Cichlidae
Sub-Famlia: Geophaginae
Gnero: Mikrogeophagus
Espcie: Mikrogeophagus altispinosus (Haseman, 1911), Mikrogeophagus ramirezi (Myers
& Harry, 1948)
Nomes populares
Ramirezi, Ramirezi boliviano.
Situao populacional
Espcies exticas detectadas em ambiente natural.
Lugar de origem
Amrica do Sul (Bolvia, Brasil, Colmbia e Venezuela): bacia do rio Amazonas, na
drenagem do rio Guapor e na drenagem do rio Mamor (M. altispinosos); bacia do rio
Orinoco na Colmbia e Venezuela (M. ramirezi).
Ecologia
Estas espcies apresentam dieta onvora e cuidado biparental relativo aos ovos, larvas
e alevinos. A taxa reprodutiva elevada e a populao pode aumentar muito rpido. Estas
caractersticas podem facilitar o estabelecimento das espcies em ambiente natural. So
bento-pelgicas e a temperatura ideal para sua ocorrncia est entre 22 e 26C, faixa que
se sobrepe s temperaturas observadas nos novos stios ocupados por essas espcies.
443
Tipo de introduo
No intencional, em funo de escapes de sistemas de cultivo e tambm intencional,
por motivos de descarte e ou para captura futura da proles dos indivduos introduzidos.
Histrico de introduo
No municpio de Muria (MG) e seu entorno ocorre um plo de piscicultura ornamental
contendo cerca de 250 produtores e mais de 3000 tanques de criao que so abastecidos
por centenas de pequenos riachos. Estes produtores contam com cerca de 70 espcies de
peixes ornamentais, mas no contam com equipamentos de biosegurana para o cultivo, no
apresentando, por exemplo, telas de proteo nas sadas dos canos efluentes, o que facilita
os escapes e permite a disperso das espcies exticas cultivadas para os riachos e rios da
regio de entorno.
Distribuio geogrfica
A espcie foi detectada somente na bacia do Paraba do Sul, municpio de Muria, no
estado de Minas Gerais.
Distribuio ecolgica
Ecossistema naturais e artificiais, no bioma Mata Atlntica.
Impactos ambientais
No h registros. Esta espcie, entretanto, nunca foi registrada como extica em
nenhum outro local no mundo e, portanto, possvel que venha causar impactos ainda no
previstos.
Impactos scio-econmicos
No se dispe de informaes a este respeito.
Anlise de risco
No h registros de introduo desta espcie em nenhuma outra regio do mundo e,
portanto, difcil fazer qualquer previso sobre seus riscos ecolgicos, sociais e econmicos.
possvel que sua introduo afete a biodiversidade local e importante gerar conhecimento
sobre a espcie na condio de extica.
444
445
Reino: Animalia
Phylum: Chordata
Classe: Actinopterygii
Ordem: Perciformes
Famlia: Cobitidae
Sub-Famlia: Cobitinae
Gnero: Misgurnus
Espcie: Misgurnus anguillicaudatus
Nomes populares
Peixe oriental, doj.
Situao populacional
Espcie extica detectada em ambiente natural.
Lugar de origem
Espcie de ampla distribuio natural na sia, ocorrendo na Sibria, Coria, Japo,
China e Vietnam.
Ecologia
A espcie coloniza rios, lagos, poas e pequenos cursos dgua. Prefere o fundo dos
corpos dgua com substrato lamoso, onde permanece escondida alimentando-se de vermes,
pequenos crustceos, insetos, larvas de insetos e outros organismos de pequeno porte.
A fmea pode depositar at 2000 ovos. A espcie pode tolerar baixas concentraes de
446
Tipo de introduo
No intencional por escapes de cultivos e intencional, por solturas.
Histrico de introduo
Na regio do municpio de Muria, MG, foi implantado um plo de piscicultura ornamental
onde se produzem ao menos 70 espcies de peixes. Estes criatrios so possveis graas
uma ampla malha de pequenos riachos, que so colonizados por aes intencionais de
solturas e no intencionais, por escape dos peixes cultivados. O histrico para sua ocorrncia
nos rios Iguau e Barigui, PR, no conhecido.
Distribuio geogrfica
A espcie foi detectada no municpio de Muria, MG e no alto Rio Iguau e no rio
Barigui em 2004, ambos no Paran. Fora do Brasil a espcie bem dispersa na Europa,
Hava, Mxico, Palau, Filipinas e Estados Unidos.
Distribuio ecolgica
Ecossistema natural e artificial, no bioma Mata Atlntica.
Impactos ambientais
No h informao disponvel sobre os impactos que a espcie pode estar causando
nos ambientes naturais em que foi detectada.
Impactos scio-econmicos
Assim como para o quisito impactos ambientais, no h informaes sobre impactos
scio-econmicos causados por esta espcie. Possivelmente por falta de estudos sobre a
espcie na condio de extica.
447
Anlise de risco
Esta espcie causou redues no nmero e biomassa de invertebrados em condies
experimentais, alm de alterar a qualidade da gua elevando a turbidez, como fazem
as carpas. Apesar disto, ainda no se dispe de conhecimento cientfico sobre o seu
estabelecimento e sobre a sua disperso em ambientes onde foi introduzida. Como citado
por Vitule (2009), nada se sabe ou se tem buscado saber sobre suas interaes com a
biota local o que evidencia a importncia de produzirmos conhecimento sobre a espcie na
condio de extica. concenso entre especialistas em todo o mundo que a espcie tem
grande habilidade competitiva, grande capacidade reprodutiva e grande habilidade em se
dispersar, o que, associado ao fato de poder impactar espcies nativas de peixes faz com
seja considerada uma potencial espcie extica invasora.
448
Situao populacional
Espcie extica detectada em ambiente natural.
Lugar de origem
Amrica do Sul: bacias dos rios Amazonas e do Orinoco e bacias dos rios Paraguai e
Paran.
Ecologia
um peixe onvoro, alimenta-se principalmente de itens alctones como frutos,
sementes e insetos terrestres. Apesar disto, a espcie pode apresentar material autctone
na dieta, tais como zooplncton, insetos aquticos, macrfitas e detritos. Os adultos vivem
principalmente em florestas inundadas e suas larvas so mais abundantes no fundo do corpo
dgua.
Tipo de introduo
Introduo intencional, possivelmente associada pesca esportiva.
Histrico de introduo
No h registro detalhado.
449
Distribuio geogrfica
A espcie foi registrada na bacia do rio So Francisco, na regio a montante de Pirapora,
e tambm na bacia do Paraba do Sul, na represa de Ribeiro das Lajes.
Distribuio ecolgica
Existe registros de ocorrncia da espcie em ecossistemas naturais e artificiais, nos
biomas Caatinga e Mata Atlntica.
Impactos ambientais
No h estudos que retratem impactos de M. duriventre nos stios receptores onde foi
introduzida. Mas, um possvel competidor para espcies nativas.
Impactos scio-econmicos
Tambm no se dispe de informao sobre impactos scio-econmicos desta
espcie.
Anlise de risco
No h disponvel nenhuma publicao que confirme o estabelecimento da espcie
e, impactos consequentes sobre outras espcies. Alm disto, tambm no se dispe de
conhecimento cientfico sobre a sua disperso nos ambientes onde foi detectada, tornandose difcil realizar anlise de riscos ecolgicos, sociais e econmicos. Dado este quadro,
de grande valor o investimento em estudos para a gerao de conhecimentos sobre M.
duriventre, enquanto espcie extica.
450
Situao populacional
Espcie extica detectada em ambiente natural.
Lugar de origem
Amrica do Sul: Guiana e Norte do Brasil (bacia do rio Amazonas e rio Negro).
Ecologia
A espcie apresenta hbito bentopelgioco e onvora. Ocorre, frequentemente, em
pequenos riachos e alagados. comum se observar grupos, onde os machos se enfrentam
na defesa de territrios.
Tipo de introduo
No intencional, a partir de escapes de tanques de cultivo ou intencional, por meio de
solturas realizadas pelos prprios criadores.
Histrico de introduo
A regio do municpio de Muria, MG, um importante plo de piscicultura ornamental
onde h mais de 3000 tanques de criao e pelo menos 70 espcies de peixes cultivadas.
Nestes tanques incomum encontrar telas de proteo nas sadas dos canos efluentes, o
que facilita os escapes de espcies exticas. At 2008, foram registradas 56 espcies de
peixes exticas na regio, entre elas, N. beckfordi.
451
Distribuio geogrfica
A espcie foi detectada na bacia do rio Paraba do Sul, MG, na Represa Maurcio (subbacia do rio Pinho, municpio de Itamarati de Minas).
Distribuio ecolgica
Ecossistema artiticiais (reservatrios, audes) e naturais (rios, corregos e lagoas),
sendo o Bioma afetado, Mata Atlntica.
Impactos ambientais
Apesar desta informao no ser disponvel, possvel que a introduo desta espcie
em abientes naturais, afete negativamente a biodiversidade nativa, especialmente se
conseguir se dispersar para crregos da regio.
Impactos scio-econmicos
No h nenhuma informao disponvel.
Anlise de risco
A ocorrncia desta espcie em ambientes naturais est associada soltura intencional
por criadores ou aos escapes dos tanques de cultivo. Logo, importante trabalhar com a
sensibilizao de criadores e pessoas que trabalham nestes locais de criao, para reduzir a
chance de disperso desses organismos exticos para o ambientes natural. No h informaes
sobre riscos ambientais associados sua presena, mas, estes podem existir em funo da
inerente competio da espcie extica com espcies nativas de peixes para se estabelecer.
Riscos sociais e econmicos no so ainda descritos. Apesar da falta de informaes sobre
as consequncias desta espcie na condio de extica, h um estudo realizado no rio Cereja
(Bragana, PA) que relaciona sua presena regies conservadas, o que, em primeira anlise
pode indicar uma baixa adaptabilidade da espcie a locais impactados.
452
Situao populacional
Espcie extica detectada em ambiente natural.
Lugar de origem
Amrica do Sul: Sudeste da Argentina e rio da Prata.
Ecologia
A espcie vive em ambientes de gua doce e em guas costeiras rasas. um predador
de guas frias e se alimenta principalmente de peixes. Possui dois picos reprodutivos no ano.
Sua dieta varia com o tamanho do indivduo: indivduos mais jovens preferem invertebrados
e os adultos preferem outros peixes, como itens principais da dieta. Os jovens predam
principalmente crustceos, moluscos, plncton, plantas e invertebrados.
Tipo de introduo
Intencional, associada inicialmente criao comercial e posteriormente, pesca.
Histrico de introduo
No h uma descrio precisa de como ocorreram as introdues.
453
Distribuio geogrfica
Atualmente h registros no Rio Iguau, na Usina Hidreltrica de Salto Santiago (Saudade
do Iguau, PR) e na Usina de Salto Segredo (Mangueirinha, PR). Tambm foi introduzida em
lagoas da cidade de Fortaleza (CE), por exemplo, na lagoa do bairro Messejana, mas sem
confirmao atual de ocorrncia.
Distribuio ecolgica
A espcie ocorre em ecossistema artificial (reservatrios) dos biomas Caatinga e Mata
Atlntica.
Impactos ambientais
No h ainda, registros sobre quais organismos nativos a espcie extica tem afetado.
Mas, um forte competidor para espcies predadoras nativas. Estudos no Chile mostraram
que logo que introduzida, a espcie contribuiu como recurso pesqueiro, mas, aps se
estabelecer, pode ter sido responsvel pela extino local de peixes dos gneros Orestias e
Trichomycterus.
Impactos scio-econmicos
No h informaes disponveis sobre este tipo de impactos.
Anlise de risco
No h registros cientficos sobre o estabelecimento e a disperso da espcie em
ambientes naturais, no Brasil. Mas, estudos no Chile mostram que ela pode representar
riscos ecolgicos considerveis para espcies nativas de peixes, principalmente para
aquelas de menor porte. Estes mesmos estudos mostraram que, logo que introduzida, a
espcie contribuiu como recurso pesqueiro, mas, que tambm pode ter sido responsvel
pela extino local de peixes dos gneros Orestias e Trichomycterus. Quanto aos impactos
sociais negativos existe a possbilidade de extino de peixes de importncia econmica, o
que diminuir a gerao de renda das populaes locais de pescadores artesanais. Sob estas
condies, ressalta-se a importncia de se gerar conhecimento sobre a espcie na condio
de extica.
454
455
Reino: Animalia
Phylum: Chordata
Classe: Actinopterygii
Ordem: Salmoniformes
Famlia: Salmonidae
Gnero: Oncorhynchus
Espcie: Oncorhynchus mykiss
Nomes populares
Truta, truta-arco-ris, rainbow trout.
Situao populacional
Espcie extica invasora.
Lugar de origem
Nativo da Amrica do Norte.
Ecologia
O habitat natural da truta compreende ambiente de gua doce com temperatura mdia
de 12C, variando entre 0 e 25 C. A maturidade sexual pode variar em funo do sexo,
temperatura e da disponibilidade de alimento e, no Brasil, ela ocorre nos machos a partir
do primeiro ano e nas fmeas a partir do segundo. No Brasil, a desova ocorre no outono e
inverno e, a espcie realiza migraes para reproduzir. Necessitam de guas bem oxigenadas,
mas, podem viver em ambientes lnticos. As trutas so predadoras seletivas por tamanho
e se alimentam predominantemente de invertebrados aquticos e terrestres, deriva, tais
456
como larvas de insetos, moluscos e crustceos. Podem mudar seus hbitos alimentares em
resposta a mudanas na disponibilidade de alimento, se alimentando, inclusive, de outros
peixes.
Tipo de introduo
Intencional, para criao e para a pesca esportiva.
Histrico de introduo
A truta arco-ris teve sua primeira introduo no Brasil em 1913, para ser cultivada
na piscicultura comercial da serra da Mantiqueira, em Minas Gerais. Posteriormente, foi
introduzida na Serra da Bocaina, no estado de So Paulo em 1949, atravs de escape de
alevinos nos rios Jacu Pintado e Bonito. Em 1950, uma grande quantidade de alevinos foi
novamente distribuda em rios da regio da Serra da Bocaina. Em 1951, foi observada uma
desova em ambiente natural, o que confirmou a capacidade da espcie prosperar em rios
de regies de elevada altitude no Brasi. A partir de 1950 foi solta em riachos da regio para
atrair a pesca esportiva. Desde ento, introdues da truta tm sido realizadas em diversos
rios do pas, com o objetivo de estimular a pesca esportiva.
Distribuio geogrfica
A espcie foi registrada nas Serras Gachas, Serra da Mantiqueira, Serra do Itatiaia,
Serra da Bocaina e Serra dos rgos. Sua ocorrncia est sempre associada a riachos de
pequena ordem com alta oxigenao e baixa temperatura dgua. Distribuda em torno de
regies com criatrios antigos extintos ou atuais em funcionamento.
Distribuio ecolgica
No Brasil, a ocorrncia da truta est associada s regies de altitude, geralmente,
em riachos de pequena ordem, com alta oxigenao e baixa temperatura dgua. A espcie
encontra-se distribuda em ecossistemas artificiais e naturais em reas periurbanas, em
funo das atividades de piscicultura. O bioma afetado Mata Atlntica.
Impactos ecolgicos
Ao menos um estudo no Brasil demonstrou o impacto da introduo da truta em
riachos de altitude. Este estudo mostrou que ocorreu diminuio no nmero de indivduos/ha
e da biomassa das espcies nativas nos locais onde havia registro da presena de trutas, a
exemplo da bacia hidrogrfica do rio Silveira, no municpio de So Jos dos Ausentes, no Rio
Grande do Sul. Vale ressaltar que, das 12 espcies nativas encontradas nos riachos de altitude
da regio, duas (Astyanax brachpteringium e Hemipsilychtys hystis) foram recentemente
descritas para a cincia e outras quatro ainda no esto descritas. Na Repblica Dominicana,
Ambiente de guas Continentais
457
Impactos scio-econmicos
No h registros.
Anlise de risco
A espcie se torna bastante abundante nas regies onde introduzida e seu
estabelecimento, certamente, esta associado reduo da abundncia e diversidade de
peixes nativos. Aparentemente, este impacto causado em funo da competio exercida
pela extica sobre as espcies nativas, pois, apenas as trutas de maior tamanho corporal
passam a se alimentar de peixes. Os rios de cabeceira, os locais onde a espcie consegue
se estabelecer tem como caractersticas um menor nmero de espcies do que trechos
inferiores, alm de um maior grau de endemismos. Ainda, a ictiofauna de rios de baixa ordem
muito pouco conhecida no Brasil. Logo, a presena desta espcie extica no pas representa
uma ameaa, no apenas s espcies nativas, mas tambm, ao prprio conhecimento desta
biodiversidade, pela cincia. importante gerar mais conhecimento sobre a espcie na
condio de extica.
458
SOZINSKI, L. T. W. Introduo da truta arco-ris (Oncorhynchus mykiss) e suas consequncias para a comunidade aqutica dos rios de altitude do Sul do Brasil. Porto
alegre, 2004. Universidade Federal de Rio Grande do Sul. Tese de doutorado.
WELCOMME, R. L. International introductions of inland aquatic species. FAO Fish., 1988.
Tech. Pap. 294. 318 p.
459
Situao populacional
Espcie extica detectada em ambiente natural.
Lugar de origem
Peixe nativo da frica, ocorrendo no trecho alto do rio Zambezi e no rio Congo.
Ecologia
A espcie prefere guas profundas e calmas com presena de vegetao aqutica e
pode ser encontrada em locais com temperatura variando entre 18 e 35C. A formao de
cardumes no constante na natureza. As atividades da espcie so principalmente diurnas
e sua alimentao baseada, principalmente, em detritos e algas. Os indivduos constroem
o territrio de acasalamento como uma elevao de material do sedimento com o topo
cncavo. A fmea incuba os ovos e guarda os filhotes na boca. Jovens se alimentam de
invertebrados e zooplncton, mas perdem esta tendncia com o avanar da idade.
Tipo de introduo
No intencional, possivelmente, em funo de escapes relacionados s atividades de
piscicultura.
Histrico de introduo
Informao no disponvel.
460
Distribuio geogrfica
A distribuio da espcie no Brasil parece restrita bacia do rio Buranhm, na Bahia e
outros dez reservatrios, no estado da Paraba.
Distribuio ecolgica
Ecossistemas naturais, afetando o bioma Mata Atlntica.
Impactos ambientais
No h registros de impactos para Oreochromis macrochir como extica. Entretanto,
assim como sua congnere Oreochromis niloticus e as outras espcies de tilpia, bastante
provvel que esta seja forte competidora, ameaando espcies nativas. Alm disso, possvel
que sua presena acarrete em alteraes na qualidade da gua, na composio do plncton
e em alteraes nas condies abiticas (turbidez da gua).
Impactos scio-econmicos
A espcie vem sendo cultivada em tanques rede no rio Grande, municpio de Barra, no
estado da Bahia. Segundo informaes de lideranas da Pesca Artesanal (colnia de pesca
do municpio de Xique Xique) a carne da espcie no bem aceita no mercado local, se os
parques aqucolas tem como um dos propsitos incentivar o desenvolvimento sustentvel
local e a incluso social dos atores locais, a troca de conhecimentos com esses atores, pode
se reverter em cultivo de espcies nativas desta bacia, que estejam sobreexplotadas.
No h registros de impactos deste tipo relacionados espcie.
Anlise de risco
possvel que esta espcie possa causar alteraes fsico-qumicas nos corpos dgua,
em funo de seu hbito de revolver o fundo para construir ninhos, afetando a qualidade da
gua e encarecendo processos de manuteno de reservatrios.Alm disso, sua presena deve
representar uma ameaa sobre a biota, especialmente sobre os invertebrados. Semelhante
s outras tilpias, esta espcie possui grande capacidade reprodutiva e cuidado parental, o
que contribui para o estabelecimento de suas populaes, mais uma caracterstica de um
potencial organismo invasor. Porm, apesar de todos os riscos (ecolgicos, econmicos e
sociais), ela pode fornecer ganhos sociais e econmicos associados pesca amadora e de
subsistncia, o que torna sua disperso ainda mais provvel. Aumentando a necessidade de
monitoramento do comportamento da espcie nos novos stios receptores, onde extica.
Um estudo recente mostrou que espcies de tilpia podem acumular microcistinas (toxina
produzida por cianobactrias) nos msculos, o que poderia causar intoxicao ao homem se
ocorrer infestao dos organismos. preciso que planos de controle, em ambientes naturais,
sejam urgentemente adotados nos locais onde esta estabelecida. necessrio tambm,
estudar os efeitos da espcie na condio de extica.
461
462
Reino: Animalia
Phylum: Chordata
Classe: Actinopterygii
Ordem: Perciformes
Famlia: Cichlidae
Gnero: Oreochromis
Espcie: Oreochromis niloticus niloticus
Nomes populares
Tilpia, tilpia do Nilo.
Situao populacional
Espcie extica invasora.
Lugar de origem
Nativa do continente africano.
Ecologia
Esse peixe extico suporta uma variao de temperatura entre 8 e 42c e, por isto,
capaz de ocorrer em uma grande variedade de corpos dgua doce. Sua atividade
principalmente diurna e alimenta-se, preferencialmente, de fitoplncton ou algas bentnicas,
mas, tambm utiliza plantas. Seus ovos e larvas so incubados na boca pelas fmeas.
Caractersticas biolgicas e ecolgicas que tornam esta espcie to atrativa para o cultivo
Ambiente de guas Continentais
463
Tipo de introduo
Intencional, para a pesca e no intencional, por escapes, relacionados s atividades
de piscicultura.
Histrico de introduo
Depois da carpa comum, as tilpias so os peixes mais cultivados em todo o mundo.
No Brasil, a espcie de tilpia mais difundida a tilpia-do-Nilo, mas, a Tilapia rendalli foi e
ainda muito difundida. A T. rendalli foi trazida para o Brasil na dcada de 50, entre 1950
e 1952, com o objetivo de combater plantas aquticas que estavam entupindo turbinas de
hidreltricas, instaladas no estado de So Paulo. Aparentemente, o controle biolgico no foi
to efetivo quando se esperava e a espcie comeou a chamar a ateno, principalmente, na
piscicultura. Entretanto, por iniciar sua fase reprodutiva muito precocemente, a T. rendalli
parece ter ganhado a fama de no atingir tamanho corporal satisfatrio, o que levou os
produtores a importar, em 1972, mais espcies de tilpias, entre elas, a tilpia-do-Nilo.
Distribuio geogrfica
A espcie foi registrada em bacias hidrogrficas de todo o pas, mas, sua abundncia
e frequncia so maiores nas regies Nordeste e Sudeste. Foi registrada tambm em
reservatrios de hidreltricas no estado do Amazonas.
Distribuio ecolgica
Ecossistemas artificiais (reservatrios) e naturais (lagos e trechos lentos de rios e
riachos). Os biomas afetados so: Mata Atlntica, Cerrado, Pantanal, Caatinga e Amazonas.
Impactos ecolgicos
Reduo da diversidade da ictiofauna nativa e da fauna de invertebrados. Em vrios
pases, j foi detectado o seu estabelecimento com sucesso na natureza, aps sua importao
para uso na piscicultura e, frequentemente, a espcie apontada como responsvel por
alteraes na qualidade da gua, na composio do plncton e em alteraes das condies
abiticas, reduzindo a sobrevivncia de espcies nativas. Apesar desta e outras espcies,
onvoras ou herbvoras, serem recomendadas para realizao de controle biolgico de
macrfitas aquticas e diminuio do grau de eutrofizao de corpos dgua, condio
sine qua non para reduzir a ploriferao das macrtitas aquticos este tipo de procedimento
pode apresentar consequncias problemticas. Estudos apontam que pode haver uma
relao entre a presena da tilpia em reservatrios, com mudanas na comunidade
464
Impactos scio-econmicos
A rusticidade da tilpia, caracterstica que a torna uma excelente espcie para cultivo,
permite sua sobrevivncia em ambientes com elevado grau de eutrofizao. Um estudo
recente mostrou, entretanto, que pode ocorrer acmulo de microcistinas (toxina produzida
por cianobactrias) nos msculos da tilpia, o que poderia causar intoxicao ao homem.
Em sistemas de cultivo por tanque-rede, a biomassa desta tilpia pode atingir entre 200 e
300 peixes/m3, o que resulta em um enriquecimento considervel de matria orgnica no
sistema, podendo gerar processos de eutrofizao artificiais.
Anlise de risco
A espcie muito cultivada em todo o pas. Seu estabelecimento pode estar associado
a grandes alteraes fsico-qumicas nos corpos dgua e tambm com a reduo da biota,
especialmente, a fauna de invertebrados. Devido capacidade reprodutiva e ao cuidado
parental, ela se constitui um competidor muito eficaz e representa uma forte ameaa para
peixes nativos, o que resulta na reduo da diversidade local. O seu estabelecimento mais
comum em corpos lnticos, mas, tambm ocorre em corpos lticos. Alm do risco ecolgico
associado presena desta espcie, possvel haver tambm riscos econmicos e sociais
(uma vez que sua presena pode acelerar processos de eutrofizao de reservatrios) e para
a sade humana (j que possvel ocorrer acmulo de toxinas em sua carne, quando esta
produzida em altas densidades ou em sistemas aquticos j eutrofizados). Apesar disso, esta
e outras espcies exticas introduzidas representam ganhos econmicos ligados pesca
amadora e de subsistncia e, por isto, sua disperso pelo pas provavelmente deve continuar
acontecendo. Assim, muito importante estudar os efeitos da introduo desta espcie em
diversos sistemas e realizar aes de conscientizao e educao das populaes locais,
para um possvel controle de sua disperso e mitigao de seus impactos. H uma linha de
pesquisa na Universidade Federal da Paraba - UFPB para avaliar os efeitos da espcie sobre
a diversidade nativa de peixes e sobre a qualidade da gua. Alm disso, h uma srie de
pesquisas zootcnicas relacionadas aos mais diferentes usos para a espcie.
465
466
Situao populacional
Espcie extica detectada em ambiente natural.
Lugar de origem
Tem como distribuio nativa as bacias dos rios Kilombero, Kingani, Mbenkuru, Ruaha,
Rufigi e Wami, todos na frica.
Ecologia
Esta espcie capaz de sobreviver em habitats com alta salinidade. Tem preferncia
por se alimentar de algas e detritos, incluindo fragmentos de macrfitas flutuantes, mas,
experimentos na Tanznia mostraram que a espcie no consome algas filamentosas e
pequenos invertebrados. uma espcie ocasionalmente territorial.
Tipo de introduo
Aparentemente, no intencioal em funo de escapes relacionados s atividades de
piscicultura.
Histrico de introduo
No h informao disponvel que detalhe seu histrico de introduo.
467
Distribuio geogrfica
A distribuio confirmada, da espcie no Brasil, refere-se bacia do rio So
Francisco.
Distribuio ecolgica
Ecossistemas artificiais (reservatrios). O bioma afetado a Caatinga.
Impactos ambientais
No h relatos na literatura sobre impactos resultantes da introduo desta espcie no
ambiente natural, no Brasil ou em qualquer outra regio do mundo. Entretanto, partindo do
conhecimento que existe sobre a sua congnere Oreochromis niloticus e vrias outras espcies
de tilpia, muito provvel que O. urolepis hornorum seja forte competidora, ameaando
espcies nativas e que altere a qualidade da gua tanto na composio planctnica como
nas condies abiticas.
Impactos scio-econmicos
No h registros, mas, pode haver relao entre processos de eutrofizao e a presena
desta tilpia, onerando a manuteno e comprometendo a vida til de reservatrios. Um
estudo recente mostrou que espcies de tilpia podem acumular microcistinas (toxina
produzida por cianobactrias) nos msculos, o que poderia causar intoxicao ao homem.
Anlise de risco
Assim como seus congneres, possvel que esta espcie possa causar alteraes
fsico-qumicas nos corpos dgua, afetando a qualidade da mesma e encarecendo processos
de manuteno de reservatrios. Alm disso, sua presena deve representar uma ameaa
sobre a biota, especialmente sobre os invertebrados. Semelhante s outras tilpias, esta
espcie possui grande capacidade reprodutiva e cuidado parental, o que deve torn-la uma
boa invasora. E, apesar de todos os riscos (ecolgicos, econmicos e sociais), ela pode
fornecer ganhos sociais e econmicos associados pesca amadora e de subsistncia, o
que torna sua disperso ainda mais provvel. necessrio estudar os efeitos da espcie na
condio de extica.
Indivduos hbridos de O. urolepis hornorum x O. mossambicus, chamados de Tilpia
vermelha ou vermelha da Flrida, so utilizados em pesquisas, como por exemplo, em
Botucatu e Pindamonhangaba no Estado de So Paulo e em Pelotas no estado do Rio Grande
do Sul. H relatos de amplo povoamento deste hbrido no Nordeste desde o ano de 1971,
mas, como o nome do hbrido indica, ele foi obtido na Flrida (EUA) e tilpias O. urolepis
hornorum provavelmente no so disponveis nestes locais.
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Situao populacional
Espcie extica estabelecida em ambiente natural.
Lugar de origem
Amrica do Sul; bacias dos rios Uruguai, Paraguai e baixo rio Paran.
Ecologia
Tem hbito alimentar onvoro, consumindo principalmente pequenos insetos, crustceos,
oligoquetas e ovos. Tem preferncia por guas pouco profundas especialmente os bancos de
areia e praias.
Tipo de introduo
H possibilidade que sua introduo tenha ocorrido tanto de forma intencional, quanto
no intencional. Mais provvel, para este caso, a introduo intencional.
Histrico de introduo
A introduo desta espcie est possivelmente associada a canais de irrigao,
construdos para atenderem cultivos de arroz, ou ainda, sua introduo se d por atos de
soltura e escapes, cujos vetores so atividades praticadas por pescadores e piscicultores.
470
Distribuio geogrfica
A espcie encontrada como extica no sistema da Lagoa dos Patos, RS, encontrandose bem distribuda neste sistema, abrange vrias localidades como Arambar, Barra do
Ribeiro, Capo do Leo, Mostardas, Osrio, Pelotas, Rio Grande, So Loureno do Sul, Tapes
e Turuu.
Distribuio ecolgica
Ecossistema natural, afetando o bioma de Mata Atlntica e sistema costeiro.
Impactos ambientais
Apesar da confirmao de estabelecimento da espcie, no h registros de impactos
causados.
Impactos scio-econmicos
No h impactos desta natureza detectados para esta espcie.
Anlise de risco
Pode reduzir a diversidade da biota na Lagoa dos Patos, devido a predao de pequenos
vertebrados e invertebrados, podendo representar risco ecolgico para as comunidades
naturais na regio. Alm disso, como pode fornecer ganhos sociais e econmicos associados
atividade de pesca, sua disperso pode ser potencializada. Equipes da Universidade Estadual
de Maring, Universidade Federal do Rio Grande do Sul e Universidade de Santa Maria,
realizam pesquisas sobre caractersticas biolgicas da espcie e, particularmente, sobre a
invaso desta no sistema da Lagoa dos Patos, registrando inclusive, que est ocorrendo a
disperso da espcie no entorno do sistema da laguna dos Patos.
471
DO, L. & ER, B. Feeding ecology of Pachyurus bonariensis Steindachner, 1879 (Sciaenidae:
Perciformes) in the Ibicu River, Southern Brazil: ontogenetic, seasonal and spatial variations. Braz. J. Biol., 70(3): 503-509, 2010.
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FUGI, R.; HAHN, N. S.; NOVAKOWSKI, G. C. & BALASSA, G. C. Ecologia alimentar da corvina, Pachyurus bonariensis (Perciformes, Sciaenidae) em duas baas do Pantanal, Mato
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registro de Pachyurus bonariensis (Steindachner, 1879) (Perciformes, Sciaenidae) para o
sistema da Laguna dos Patos, Rio Grande do Sul, Brasil. In: XIV Encontro Brasileiro de Ictiologia, 2001, So Leopoldo. Resumo... Unisinos, So Leopoldo. 2001.
472
Estado da introduo
Espcie extica detectada em ambiente natural.
Lugar de origem
A espcie naturalmente encontrada na Costa Rica (bacia do rio Matina) e em Honduras
(bacia do rio Ulua).
Ecologia
So espcimes que preferem habitar lagos, especialmente os de gua mais trbidas e
mais eutrfizadas. Deste modo, preferem guas onde a temperatura maior e a quantidade
de oxignio dissolvido menor. So peixes de grande habilidade predatria e se alimentam
principalmente de outros peixes e de invertebrados de maior porte. So peixes ovparos e j
foram registrados exemplares de 63cm.
Tipo de introduo
Intencional, para cultivo em piscicultura.
Histrico de introduo
Espcie introduzida por piscicultores na bacia do So Francisco para comercializao
de alevinos.
473
Distribuio geogrfica
Restrita bacia do rio So Francisco.
Distribuio ecolgica
Bioma da Caatinga e da Mata Atlntica.
Impactos ambientais
Devem ocorrer impactos sobre invertebrados e vertebrados (competidores ou presas),
mas ainda no descritos em estudos cientficos.
Impactos scio-econmicos
No se dispe de informaes sobre estes impactos, nos locais onde foi detectada.
Anlise de risco
A espcie agressiva e predadora eficaz. Tem sido vendida com o rtulo de novo
tipo de tucunar ou de tilpia predadora. Portanto representa novidade no trecho baixo da
bacia do So Francisco e possui grandes chances de continuar a ser dispersa. Tem potencial
para predar vertebrados e macro-invertebrados na regio onde se encontra, mas no h
comprovao cientfica sobre estas possveis consequncias. difcil fazer previses de riscos
ecolgicos, sociais e econmicos, mas o seu controle e erradicao aps o estabelecimento
podem ser muito difceis.
474
KULLANDER, S. O. Family Cichlidae (cichlids). p. 605-654. In: R.E. REIS, S.O. KULLANDER
and C.J. FERRARIS, Jr. (eds.). Checklist of the Freshwater Fishes of South and Central
America. EDIPUCRS. Porto Alegre, Brasil, 2003.
475
Reino: Animalia
Phylum: Chordata
Classe: Actinopterygii
Ordem: Perciformes
Famlia: Cichlidae
Sub-famlia: Pseudocrenilabrinae
Gnero: Pelvicachromis
Espcie: Pelvicachromis pulcher
Nomes populares
Kribensis.
Situao populacional
Espcie extica detectada em ambiente natural.
Lugar de origem
Regio centro-ocidental do continente Africano, notadamente na Nigria e Camares.
Ecologia
A espcie apresenta dieta onvora e cuidado biparental relativo aos ovos, larvas e
alevinos. A taxa reprodutiva da espcie elevada e a populao pode dobrar de tamanho
em menos de 15 meses, caractersticas estas, que podem facilitar o estabelecimento da
476
espcie no ambiente natural. A temperatura ideal para sua ocorrncia est entre 24 e 25C,
faixa que se sobrepe s temperaturas observadas na regio onde a espcie foi detectada.
Alimenta-se de larvas, crustceos e insetos.
Tipo de introduo
No intencional, em funo de escapes de sistemas de cultivo.
Histrico de introduo
A regio do municpio de Muria, MG, possui centenas de produtores de peixes
ornamentais que criam pelo menos 70 espcies de peixes. Contudo, os sistemas de criao
da regio no dispem, normalmente, de mecanismos para assegurar o menor risco possvel
de escapes destes peixes para os cursos dgua da regio. Alm disto, h tambm registros
de circunstncias onde os proprietrios e seus funcionrios, descartam peixes nos cursos
dgua da regio.
Distribuio geogrfica
A espcie foi detectada no municpio de Vieiras, MG, (vizinho do municpio de Muria),
no riacho Gavio.
Distribuio ecolgica
Ecossistema natural e artificial. O bioma afetado a Mata Atlntica.
Impactos ambientais
Apesar da espcie ocorrer em outros quatro pases como extica (Estados Unidos,
Colmbia, Singapura e Filipinas) no h informaes sobre os impactos que causa.
Impactos scio-econmicos
Informaes indisponveis.
Anlise de risco
No h estudos suficientes para permitir previses sobre os riscos ecolgicos, sociais
e econmicos advindos da introduo desta espcie. possvel que sua pressena afete
a biodiversidade local na regio onde foi introduzida, tornando de grande importncia a
produo de conhecimento sobre a espcie na condio de extica.
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Situao populacional
Espcie extica detectada em ambiente natural.
Lugar de origem
Amrica do Sul: bacias dos rios Amazonas e Orinoco, ocorrendo no Brasil, Bolvia,
Colmbia, Peru e Venezuela.
Ecologia
A pirapitinga um peixe onvoro e alimenta-se principalmente de frutos, sementes,
plantas, gros e, mais raramente, pode comer moluscos, crustceos e insetos. reoflico
e no desova sem realizar migrao. No tem cuidado prole, mas, seus membros jovens
mimetizam a piranha vermelha Pygocentrus nattereri Kner, 1858. comum ficarem debaixo
de rvores quando os frutos e sementes esto caindo na gua. Ficam nos rios durante a
poca seca e entram nos lagos/lagoas e matas inundadas durante as cheias.
Tipo de introduo
A introduo intencional deste peixe est associada sua produo em cativeiro.
479
Histrico de introduo
Matrizes da pirapitinga P. brachypomus foram obtidas pelo DNOCS a partir de pouco
menos de uma centena de alevinos que foram trazidos de Iquitos, Peru, e distribudos por
estaes de piscicultura do Nordeste do Brasil.
Distribuio geogrfica
H registros da espcie para a Bacia do rio So Francisco, no prprio rio e em audes
prximos. A espcie tambm pode ser encontrada em outras regies do pas, mas, at
ento, contida em sistemas de cultivo.
Distribuio ecolgica
Ecossistema natural (rios, lagos e lagoas marginais) e artificial (reservatrios e audes).
O bioma afetado a Caatinga.
Impactos ambientais
No h estudos de monitoramento que tenham abordado estes impactos que podem
estar sendo causados por P. brachypomus.
Impactos scio-econmicos
Tambm no h estudos avaliando estes aspectos, aps a introduo desta espcie nos
novos stios receptores onde foram introduzidos exemplares de P. brachypomus.
Anlise de risco
Esta uma espcie de grande importncia econmica para a piscicultura desenvolvida
no Brasil. Alm disto, hbridos chamados de tambacu, obtidos do cruzamento de tambaqui
Colossoma macropomum (Cuvier, 1816) e pacu P. brachypomus so bastante produzidos.
Uma vez que representa ganhos sociais e econmicos associados, sua disperso para novas
reas pode ser potencializada. A presena desta espcie em reas fora de sua ocorrncia
original pode afetar a disponibilidade de recursos para peixes com dieta semelhante e
representar riscos para a diversidade de peixes nativos.
480
JGU, M. Subfamily Serrasalminae (Pacus and Piranhas). p. 182-196. In: R. E. REIS; S.O.
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481
Reino: Animalia
Phylum: Chordata
Classe: Actinopterygii
Ordem: Characiformes
Famlia: Characidae
Sub-famlia: Serrasalminae
Gnero: Piaractus
Espcie: Piaractus mesopotamicus
Nomes populares
Pacu, pacu-caranha, caranha, pacu-guau.
Situao populacional
Espcie extica detectada em ambiente natural.
Lugar de origem
A espcie ocorre originalmente nas bacias dos rios Paran e Paraguai (Amrica do
Sul).
Ecologia
um peixe onvoro e alimentam-se principalmente de frutos, sementes, plantas e
detritos. Pode se alimentar de crustceos e at mesmo de peixes, mas, raramente. reoflico
e no desova sem realizar migrao. No apresenta cuidado da prole.
482
Tipo de introduo
Intencional, com o objetivo de cultivo.
Histrico de introduo
No ano de 1986 foi levada de viveiros do interior de So Paulo para o Cear.
Distribuio geogrfica
Foi detectada no rio Paraba do Sul, em seu curso mdio, abrangendo os municpios
de Cantagalo, So Fidlis e Carmo (RJ). Ainda no Estado do Rio de Janeiro, foi tambm
detectada na represa do ribeiro das Lajes (Bacia do rio Guandu) e no rio So Joo, na
Regio dos Lagos. A espcie tambm encontrada em outras regies do pas, em sistemas
de cultivo, mas, at o momento, descrita como contida. H registros do ano de 2002 que
apontam para a produo desta espcie em audes do DNOCS, nos Estados do Cear e
Rio Grande do Norte, mas, sem expeculaes sobre sua ocorrncia em ambiente natural.
Tambm h registros para sua ocorrncia em reservatrios no estado de Pernambuco.
Distribuio ecolgica
A espcie ocorre em ambientes artificial (reservatrios) e naturais (rios). Bioma afetado
Caatinga.
Impactos ambientais
No se dispe de informaes sobre impactos ambientais causados por esta espcie.
Impactos scio-econmicos
No h descries a respeito de impactos scio-econmicos que a espcie possa ter
causado na condio de extica.
Anlise de risco
No h pesquisas no Brasil assumindo a espcie como extica e avaliando seus efeitos
nos ambientes onde foram feitas introdues intencionais ou no intencionais. Contudo,
o elevado valor comercial, as facilidades de aceitao de alimento artificial e de produo
de larvas de forma induzida, fazem com que P. mesopotamicus seja um dos trs peixes
brasileiros mais cultivados no Brasil. Esta espcie muito conhecida em termos de produo
aqucola, por meio de trabalhos que abordam doenas, manejo, reproduo e dieta. Alm
destas linhas de pesquisa, so bem conhecidos alguns aspectos bsicos da biologia da
espcie, contudo, no h conhecimentos divulgados sobre a espcie em ambientes naturais,
em que ocorre como extica. Considerando-se o fato da espcie ser bem estudada para fins
483
484
Reino: Animalia
Phylum: Chordata
Classe: Actinopterygii
Ordem: Perciformes
Famlia: Sciaenidae
Gnero: Plagioscion
Espcie: Plagioscion squamosissimus
Nomes populares
Pescada-do-piau, pescada branca, corvina, corvina do rio, soleira, tortinha, pescada
amarela, pescada foguete.
Situao populacional
Espcie extica detectada em ambiente natural.
Lugar de origem
Amrica do Sul: Bacias dos rios Amazonas, Orinoco, rios das Guianas, Paraguai e
Paran.
Ecologia
A corvina sobrevive em uma grande diversidade de habitas, podendo se reproduzir tanto
em gua doce como em guas salobras. Os jovens se alimentam principalmente de crustceos
(como os do gnero Macrobrachium), de insetos aquticos e de coppodas. Os adultos so
predadores de outros peixes. A espcie reoflica e apresenta hbito bentopelgica, mas,
ocorre com frequncia em reservatrios.
Ambiente de guas Continentais
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Tipo de introduo
Intencional, em funo da pesca esportiva.
Histrico de introduo
O primeiro registro de introduo data de 1966, quando a espcie foi introduzida nos rios
Pardo e depois no Grande e Paran, alm dos reservatrios de Jupi e Ilha Solteira, a partir
dos quais alcanou outros reservatrios no rio Tiet.
Distribuio geogrfica
A espcie foi registrada em reservatrios e em alguns rios nos estados de So Paulo,
Minas Gerais, Bahia, Pernambuco e Rio Grande do Norte, alm de registros em lagos naturais
como os do mdio rio Doce. Esta a segunda espcie do Informe em termos de nmero de
registros e uma das que apresentam ampla distribuio geogrfica no pas.
Distribuio ecolgica
Ecossistema natural (rios e lagos) e artificial (reservatrios). Os biomas afetados so:
Caatinga, Cerrado e Mata Atlntica.
Impactos ecolgicos
H especulaes sobre a possvel reduo de abundncia populacional de peixes em
vrios reservatrios onde foi introduzida, entretanto, no h relaes claras de causa-efeito
demonstradas, aparentemente por no ter havido esta preocupao na metodologia dos
trabalhos.
Impactos scio-econmicos
No h registros de impactos deste tipo.
Anlise de risco
um dos peixes exticos mais detectados no levantamento. um predador eficaz,
principalmente, em ambientes com maior transparncia da coluna dgua. considerada
uma boa espcie de gua doce para pesca esportiva, o que estimula a sua disperso,
sobretudo, em reservatrios artificiais. Este peixe apresenta hbito alimentar piscvoro
o que significa que peixes constituem seu principal item alimentar, especialmente entre
os adultos, podendo reduzir as populaes locais onde introduzido. Apesar da grande
possibilidade de sua disperso estar associada queda da diversidade de comunidades
aquticas, em reservatrios de todo o pas, devido a efeitos diretos e indiretos, no h
trabalhos que mostrem claramente a relao entre a sua presena e efeitos negativos diretos
sobre espcies nativas. Representa grande risco ecolgico para as comunidades aquticas
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Situao populacional
Espcie extica detectada em ambiente natural.
Lugar de origem
Amrica do Sul: Bacias dos rios Amazonas, Magdalena e rios costeiros do Suriname.
Ecologia
Vivem em esturios e trechos baixos dos rios. Quando adultos so principalmente
predadores, mas, os jovens apresentam dieta mais generalista, podendo se alimentar de
crustceos, insetos aquticos e coppodas. Apresenta taxa de crescimento populacional
mediana e hbito bentopelgico.
Tipo de introduo
Intencional, em funo da pesca.
Histrico de introduo
At o ano de 1948, o DNOCS havia distribudo prximo de 82.000 alevinos de P.
surinamensis em audes particulares e audes pblicos espalhados no Nordeste do Brasil.
Distribuio geogrfica
O registro de suas ocorrncias est restrito a reservatrios particulares e pblicos da
regio Nordeste do Brasil.
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Distribuio ecolgica
Ecossistema artificial do tipo reservatrios, sem confirmao de ocorrncia em trechos
lticos dos corpos dgua. Presente no bioma Caatinga.
Impactos ambientais
Seu estabelecimento em reas fora de sua ocorrncia natural pode implicar na reduo
da abundncia de populaes nativas de peixes e, em piores casos, na extino local de
espcies.
Impactos scio-econmicos
No se dispe de informaes sobre impactos deste tipo causados pela espcie.
Anlise de risco
Assim como sua congnere P. squamosissimus, tambm registrada neste informe,
apreciada para pesca esportiva, o que pode estimular a sua disperso. Sua presena
em locais fora de sua rea de ocorrncia original pode causar a reduo da diversidade
nas comunidades aquticas. Assim, ela pode representar risco ecolgico e pode tambm
afetar estoques pesqueiros preferenciais em determinadas localidades, o que causaria
consequncias econmicas e sociais negativas. Contudo, o peixamento com seus alevinos
foi feito no passado por rgo pblico que julgou esta espcie importante para os audes que
os receberam, no Nordeste do Brasil.
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Reino: Animalia
Phylum: Chordata
Classe: Actinopterygii
Ordem: Cyprinodontiformes
Famlia: Poeciliidae
Sub-famlia: Poeciliinae
Gnero: Poecilia
Espcie: Poecilia latipinna
Nomes populares
Guppy, guppy bandeira, molinsia.
Situao populacional
Espcie extica detectada em ambiente natural.
Lugar de origem
Amrica do Norte, do sudeste dos Estados Unidos ao Mxico.
Ecologia
No migratria e ocorre em uma ampla variedade de ambientes, indo de lagos,
riachos, rios a esturios, ocupando preferencialmente ambientes com vegetao, onde
consegue reduzir sua vulnerabilidade a predadores. Tem habilidade para colonizar ambientes
construdos pelo Homem o que sugere flexibilidade em termos de requerimentos ambientais.
Apesar disto, parece ter preferncia por trechos lentos ou de guas paradas, sugerindo
certas limitaes hidrolgicas. Alimenta-se principalmente de plncton, mas, tambm
490
Tipo de introduo
No intenciional, possivelmente, a partir de escapes dos tanques de cultivo.
Histrico de introduo
Descrio para a regio de Muria: A regio de Muria, MG, representa um plo da
piscicultura ornamental contendo mais de 3000 tanques de criao e cerca de 70 espcies de
peixes cultivadas. Trabalhos vm apontando que a maior parte dos tanques no apresenta
sistema de proteo para impedir escapes dos peixes cultivados e a grande introduo
de novas espcies exticas ornamentais que vem ocorrendo nesta regio, se deve a esta
estrutura de produo sem proteo adequada ao escape e, por vezes, tambm, soltura
intencional por parte das pessoas envolvidas na criao destes peixes.
Distribuio geogrfica
Detectado no Nordeste, na bacia do rio Piranhas Assu (RN), em reservatrios da bacia
do rio So Francisco e na bacia do rio Paraba do Sul (RJ e MG), incluindo a subacia do rio da
Glria, nas proximidades do municpio de Vieiras (MG).
Distribuio ecolgica
Presente em ambientes naturais e artificiais (reservatrios e audes).
Impactos ambientais
possvel que ocasione reduo da diversidade da ictiofauna nativa, principalmente,
em ambientes lnticos, mas, no h dados cientficos apresentando estes impactos. Os
biomas afetados pela espcie tem sido a Caatinga e a Mata Atlntica.
Impactos scio-econmicos
No h informaes disponveis a este respeito.
Anlise de risco
um peixe onvoro, com diversas caractersticas que o tornam um bom invasor e
que, portanto, representa ameaa ecolgica aos invertebrados e outras espcies de peixes
competidoras, nativas dos locais onde for introduzido. A espcie exerce atrao sobre criadores
amadores e comerciais, o que torna maior a sua capacidade de disperso. A erradicao
em ambientes invadidos naturais ou fragmentados praticamente impossvel, portanto,
importante trabalhar a conscientizao dos possveis criadores, amadores ou comerciais.
Ambiente de guas Continentais
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492
Reino: Animalia
Phylum: Chordata
Classe: Actinopterygii
Ordem: Cyprinodontiformes
Famlia: Poeciliidae
Gnero: Poecilia
Espcie: Poecilia reticulata
Nomes populares
Barrigudinho, Guppy, Lebiste.
Situao populacional
Espcie extica detectada em ambiente natural.
Lugar de origem
Venezuela, Barbados, Trinidad, Guianas e Nordeste do Brasil.
Ecologia
uma espcie de gua doce, bentopelgica; no migratria. Ocorre em uma ampla
variedade de ambientes, em nascentes de guas quentes e seus efluentes e em ambientes
com elevado grau de trofia. Tolera amplas variaes no teor de salinidade, variao de pH
de 7 a 8, mas, requer temperatura da gua mais elevada (de 23 a 24 C). Beneficia-se de
ambientes com elevada alterao antrpica, como retirada de mata ciliar, lanamento de
efluentes na gua e assoreamento. Alimenta-se de zooplncton, pequenos insetos e detritos.
uma das espcies mais populares para o aquarismo. A longevidade dos machos de cerca
de 2 meses e das fmeas de 3 meses. Apresenta elevada taxa de fecundidade.
Ambiente de guas Continentais
493
Tipo de introduo
No intencional, possivelmente, a partir de escapes de tanques de cultivo.
Histrico de introduo
Em diversos locais do mundo, esta espcie foi introduzida para controle de espcies
de mosquitos transmissores de doenas Humanas. No Brasil, a principal causa associada
introduo desta espcie parece ser seu uso difundido nas atividades de aquarismo,
entretanto, em algumas regies especficas possvel que tenha ocorrido introduo desta
espcie para controle biolgico. H, inclusive, trabalhos cientficos recentes que avaliam sua
competncia como predador de larvas de Aedes aegypti.
Distribuio geogrfica
Ocorre no Nordeste como espcie nativa e est amplamente difundida por todo o
Brasil, como espcie extica. Pelos registros obtidos, a espcie est presente como extica,
em estados da regio Sul (Paran); Sudeste (Rio de Janeiro, Minas Gerais, So Paulo);
Centro-Oeste (Mato Grosso do Sul e Distrito Federal) e Norte (Amazonas).
Distribuio ecolgica
Ambiente aqutico urbano e periurbano. Os biomas afetados so: Mata Atlntica,
Cerrado, Pantanal e Amazonas.
Impactos ecolgicos
Entre os ictilogos e fontes oficiais de informaes sobre a espcie h sempre dados
apontando que a espcie capaz de reduzir a diversidade da ictiofauna nativa, principalmente,
em ambientes que sofrem com outros impactos antrpicos. H tambm informaes de
instituies internacionais (e.g. Invasive Species Specialist Group) que em diversos locais
onde houve a introduo da espcie, ocorreu uma dominncia na abundncia desta espcie
e, consequente, reduo da abundncia de populaes nativas de peixes. Contudo, no
encontramos trabalhos cientficos que atestem metodologicamente isto, no podendo ento,
atestar impactos negativos da espcie.
Impactos scio-econmicos
No h impactos demonstrados.
494
Anlise de risco
Assim como seus congneres, a espcie onvora e representa ameaa diversidade
de invertebrados e de outras pequenas espcies de peixes onde introduzida. muito
apreciada por criadores amadores, o que torna sua disperso mais eficiente. H estudos
avaliando a sua eficcia como predador de larvas de Aedes aegypti em reservatrios. A
espcie, particularmente as fmeas, tem se mostrado eficaz, o que aumenta suas chances
de disperso intencional em novos ambientes para o conbrole da dengue. A erradicao em
ambientes invadidos naturais ou fragmentados praticamente impossvel. Assim, estudos
descrevendo a ocorrncia da espcie no Brasil, tcnicas de cultivo, estudos ecotoxicolgicos,
relao da espcie no controle de mosquitos transmissores de doenas, so de extrema
importncia.
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Situao populacional
Espcie extica detectada em ambiente natural.
Lugar de origem
Amrica Central e Amrica do Sul: do Mxico Colmbia.
Ecologia
A espcie se alimenta de crustceos, insetos e outros invertebrados diversos em
macrfitas aquticas e no fundo dos corpos dgua. uma espcie de gua doce e no
migratria e prefere ambientes lnticos. Suporta variaes de pH de 7,5 a 8,2. Possui
fecundao interna e seu desenvolvimento vivparo; o macho apresenta gonopdio e as
fmeas podem ter de 10 a 100 filhotes. muito popular para o aquarismo, especialmente,
o chamado moli preto.
Tipo de introduo
No intencional a partir de escapes em tanques de cultivo e intencional por criadores.
Histrico de introduo
A principal causa associada introduo desta espcie parece ser seu uso difundido
em aquarismo.
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Distribuio geogrfica
Registrado no riacho Santo Antnio, municpio de Vieiras (MG). Registrado tambm,
no Crrego da Serra (parque das Mangabeiras), em Belo Horizonte, MG. H muitos registros
como espcie extica contida em ambientes artificiais. O bioma afetado Mata Atlntica.
Distribuio ecolgica
Pequenos riachos e represas.
Impactos ambientais
Em locais onde houve introduo de espcies do mesmo gnero, ocorreu dominncia na
abundncia destas espcies e, consequente, reduo da abundncia de populaes nativas
de peixes, ocasionando a reduo da diversidade da ictiofauna nativa, principalmente, em
ambientes lnticos. possvel que as consequncias de sua introduo no sejam muito
diferentes, mas, no h dados que ilustrem o impacto desta espcie em guas invadidas no
Brasil.
Impactos scio-econmicos
No se dispe de informaes desta natureza.
Anlise de risco
Como seus congneres, a espcie onvora e pode representar uma ameaa aos
invertebrados que constituem suas presas e a outras espcies de peixes competidores. Ela
bastante apreciada por criadores amadores e profissionais, o que deve tornar sua disperso
mais eficiente. Alm disto, h trabalho publicado em congresso que indica possibilidade de
seu uso para controle de larvas de mosquito, o que um risco adicional sua disperso, caso
realmente seja utilizada para este fim. Pesquisas sobre a espcie so abundantes abrangendo
tcnicas de cultivo, ecotoxicologia e controle de mosquitos transmissores de doenas, o que
indica grande disperso da mesma, na condio de contida. A erradicao em ambientes
invadidos naturais ou fragmentados praticamente impossvel o que torna importante aes
para preveno de introdues.
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Reino: Animalia
Phylum: Chordata
Classe: Actinopterygii
Ordem: Perciformes
Famlia: Poeciliidae
Sub-famlia: Poeciliinae
Gnero: Poecilia
Espcie: Poecilia velifera
Nomes populares
Molinsia velfera vermelha, molinsia mexicana.
Situao populacional
Espcie extica estabelecida em ambiente natural.
Lugar de origem
Amrica Central; sudeste do Mxico.
Ecologia
Diversas espcies do gnero Poecilia so muito apreciadas na aquicultura e apresentam
uma grande variabilidade nos padres de colorao e morfologia. P. velifera uma espcie
de hbito bentopelgico e dieta onvora. Ela apresenta elevada taxa reprodutiva, podendo
duplicar o tamanho da populao em menos de 15 meses.
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Tipo de introduo
No intencional, a partir de escapes em tanques de cultivo e intencional, por parte dos
prprios envolvidos na criao.
Histrico de introduo
O registro da espcie se deve ao desenvolvimento do plo de piscicultura ornamental
de Muria, possivelmente o maior do pas, com cerca de 250 produtores e mais de 3000
tanques de criao, que apresentam baixssima segurana contra escapes dos peixes.
Distribuio geogrfica
Registrado no riacho Santo Antnio, municpio de Vieiras (MG), Bacia do rio Paraba
do Sul.
Distribuio ecolgica
Encontra-se em ecossistemas naturais. O bioma afetado o de Mata Atlntica.
Impactos ambientais
Informao no disponvel. Mas, possvel que a introduo desta espcie na regio
afete negativamente a biodiversidade nativa, como faz sua co-gnere P. reticulata em muitos
pases do mundo.
Impactos scio-econmicos
Informao no so disponveis a este respeito.
Anlise de risco
A ocorrncia desta espcie em ambientes naturais est associada soltura intencional
pelos criadores ou aos escapes dos sistemas de cultivo. Logo, importante trabalhar com
estes grupos para reduzir as chances de disperso das mesmas para o ambiente natural. No
h informaes sobre riscos ambientais associados presena desta espcie, entretanto,
estes podem existir em funo da competio com espcies nativas de peixes. Riscos sociais
e econmicos so at ento, improvveis. possvel que a erradicao em ambientes onde
a espcie foi introduzida, especialmente, aps o seu estabelecimento seja impossvel.
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Reino: Animalia
Phylum: Chordata
Classe: Actinopterygii
Ordem: Perciformes
Famlia: Polycentridae
Gnero: Polycentrus
Espcie: Polycentrus schomburgkii
Nomes populares
Peixe folha, peixe folha da Guiana.
Situao populacional
Espcie extica estabelecida em ambiente natural.
Lugar de origem
Amrica do Sul: Trinidade e rios costeiros da Venezuela, Guiana, Suriname, Guiana
Francesa e do Brasil (no estado do Amap).
Ecologia
Peixes de gua doce que vivem em ambientes bentnicos e pelgicos, permanecendo
bem em locais com diferentes graus de turbidez na coluna dgua. A fecundao externa.
Alimentam-se de vermes, invertebrados aquticos e peixes.
Tipo de introduo
No intencional, a partir de escapes de tanques de cultivo. H possibilidade de soltura
intencional por parte dos prprios criadores.
Ambiente de guas Continentais
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Histrico de introduo
A principal causa associada introduo desta espcie parece ser seu uso difundido
em aquarismo. Devido a este fato, desenvolve-se na regio do municpio de Muria, MG, um
dos maiores plos de cultivo de peixes ornamentais do Brasil. Este plo possui centenas de
produtores com pelo menos 3000 tanques de cultivo que no atendem, de modo geral, s
normas de biosegurana para conteno dos organismos criados, o que aumenta as chances
de escapes do sistema de cultivo.
Distribuio geogrfica
A espcie tem distribuio restrita ao reservatrio do Glria e ao crrego Boa Vista,
bacia do rio Paraba do Sul, Estado de Minas Gerais.
Distribuio ecolgica
Ecossistema natural (riachos) e artificial (reservatrio). O bioma afetado de Mata
Atlntica.
Impactos ambientais
Possvel reduo da diversidade da ictiofauna nativa e invertebrados aquticos.
Impactos scio-econmicos
A presena desta espcie no ambiente natural representa ganhos sociais para famlias
que no tm criatrios de peixes: aparentemente elas capturam os peixes no ambiente
natural para venda posterior.
Anlise de risco
Pode representar um risco para invertebrados e peixes na regio invadida. Ainda
no se dispe de conhecimento cientfico sobre a sua disperso nos ambientes invadidos,
mas, os dados do trabalho que retrata sua ocorrncia apontam para o seu estabelecimento
no ambiente invadido, inclusive, como sendo uma das duas espcies mais abundante. A
ausncia de informaes cientficas dificulta o estabelecimento de riscos ecolgicos, sociais
e econmicos de modo adequado.
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Situao populacional
Espcie extica detectada em ambiente natural.
Lugar de origem
Bacia do rio So Francisco.
Ecologia
Esta espcie explora detritos e perifton no fundo dos corpos dgua, mas, tambm
se alimenta de pequenos animais como microcrustceos. Devido a seu habito alimentar,
estima-se que sejam muito importantes para o fluxo de nutrientes na cadeia trfica. Realizam
grandes migraes reprodutivas e tm grande importncia na pesca comercial. Durante o
perodo reprodutivo os machos emitem sons que podem ser escutados fora dgua e que tm
funo associada reproduo.
Tipo de introduo
Intencional, para pesca e piscicultura.
Histrico de introduo
Quase 36.000 alevinos da espcie foram distribudos em reservatrios do DNOCS
espalhados por todo o Nordeste Brasileiro at o ano de 1948.
Distribuio geogrfica
Audes pblicos do polgono das secas, na regio Nordeste.So divulgados dados de
pesca destes audes que mostram sua presena em muitos deles, por exemplo, para audes
dos estados de Rio Grande do Norte e do Cear.
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Distribuio ecolgica
Ambientes aquticos naturais e reservatrios. Foi introduzido em vrios audes pblicos
do nordeste do Brasil e tambm em rios.
Impactos ambientais
possvel que a espcie esteja causando perda de diversidade biolgica, quando ocorre
em ambientes naturais fora de sua rea de origem. Existe a possibilidade de a espcie estar
afetando as condies trficas e a ciclagem de nutrientes nos ambientes aquticos do bioma
Caatinga, onde foi introduzida e, por consequncia, afetar toda a comunidade nativa.
Impactos scio-econmicos
No h descrio de impactos desta natureza que a espcie esteja causando.
Anlise de risco
A espcie de interesse para a produo em cativeiro, o que deve ser uma das principais
causas de sua disperso. Alm disto, elencada como uma das espcies utilizadas para
enriquecimento da ictiofauna onde h naturalmente baixa riqueza de espcies, esses atos
de soltura promove sua disperso. No h estudos cientficos sobre o seu estabelecimento
e disperso em ambientes naturais onde foi introduzida e, por isto, difcil apontar riscos
ambientais, sociais e econmicos. Para o controle da disperso da espcie ser necessrio
informar e trabalhar junto a pescadores e produtores , novas idias e tcnicas de cultivo,
visando a preveno de novas introdues de espcies exticas, uma vez que em ambientes
aquticos naturais, aps o estabelecimento da espcie sua erradicao ou mesmo o controle
vo despender de muitos recursos financeiro e humano.
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Reino: Animalia
Phylum: Chordata
Classe: Actinopterygii
Ordem: Characiformes
Famlia: Prochilodontidae
Gnero: Prochilodus
Espcie: Prochilodus costatus
Nomes populares
Grumat, curimat-piau, curimat-piau, curimbat, curimbat-pia.
Situao populacional
Espcie extica estabelecida em ambiente natural.
Lugar de origem
Bacia do rio So Francisco.
Ecologia
Alimenta-se principalmente de detritos e de lodo, encontrados no fundo dos corpos
dgua, mas, tambm so encontrados microcrustceos em seu contedo estomacal.
Realizam migraes reprodutivas muito longas e possuem grande importncia ecolgica e
tambm importncia de destaque na pesca comercial.
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Tipo de introduo
A principal forma de introduo intencional, para cultivo em piscicultura e pesca.
Histrico de introduo
No h, entre os registros obtidos, histrico de introduo da espcie.
Distribuio geogrfica
Foi introduzida na bacia do rio Doce, no vale do Ribeira, na bacia do Rio de Contas e
na bacia do rio Jequitinhonha.
Distribuio ecolgica
Ambientes aquticos naturais e artificiais, afetando os biomas Caatinga, Cerrado e
Mata Atlntica.
Impactos ambientais
possvel que a presena desta espcie em locais fora de sua rea de ocorrncia original
afete as condies trficas e a ciclagem de nutrientes no ambiente onde est presente e, por
consequncia, afete toda a comunidade nativa, ocasionando perda de diversidade biolgica
nessas reas, mas, ainda se trata de especulao baseada nas caractersticas da espcie,
sem estudos que confirmem.
Impactos scio-econmicos
No h descries destes tipos de impactos, mas possvel que ocorra empobrecimento
cultural das comunidades que vivem da pesca artesanal de espcies nativas.
Anlise de risco
uma espcie bastante atrativa para produo em cativeiro, constituindo esta atividade,
uma importante causa de sua disperso. No h estudos que abordem especificamente o
seu estabelecimento ou a sua disperso em ambientes naturais, existem somente, registros
pontuais da espcie em regies onde foi introduzida. Os riscos ambientais desta introduo
devem estar associados interferncia sobre espcies nativas, mas, ainda no foram
demonstrados cientficamente. Alm disso, riscos sociais e econmicos no so perceptveis
atualmente. Para prevenir a invaso da espcie importante trabalhar junto aos pescadores
e produtores, j que a erradicao em ambientes invadidos conservados ou perturbados
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Situao populacional
Espcie extica estabelecida em ambiente natural.
Lugar de origem
Bacia do rio Paran, bacia do rio Paraguai e bacia do rio Paraba do Sul.
Ecologia
Esta espcie se alimenta principalmente do perifton, pequenas partculas e pequenos
animais como microcrustceos. Geralmente, ela se alimenta no fundo, apesar de possuir
boca terminal. Ela pode ocorrer em uma ampla variedade de ambientes, como riachos, rios,
lagoas e reservatrios, mas apresenta preferncia por ambientes lticos. uma espcie que
realiza migraes para reproduzir.
Tipo de introduo
Intencional, para cultivo em piscicultura e peixamento de rios e lagos.
Histrico de introduo
No h descrio de como se deu a introduo.
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Distribuio geogrfica
Esta espcie brasileira, originria das Bacias do rio Paran, do rio Paraguai e do rio
Paraba do Sul, foi translocada de seus habitats naturais e segundo registros, a espcie foi
introduzida na bacia do rio So Francisco.
Distribuio ecolgica
Ambientes aquticos naturais (rios e lagoas) e artificiais (reservatrios). Afeta os
biomas Pampa e Cerrado.
Impactos ambientais
No h descrio de impactos desta espcie nas bacias onde extica, mas,
possvelmente a presena da espcie em locais fora de sua rea de ocorrncia original, afete
as condies trficas e a ciclagem de nutrientes no ambiente onde ocorre.
Impactos scio-econmicos
Tambm no h descries disponveis destes tipos de impactos. As condies
ambientais, resultantes dos hbitos da espcie extica, podem provocar turbidez da gua,
o que poode se transformar em custos para tratamento, alm disto, essas modificaes
na qualidade ambiental, muitas vezes, prejudicam a sobrevivncia de algumas outras
espcies.
Anlise de risco
Do mesmo modo que Prochilodus costatus e P. argenteus, P. lineatus uma espcie
atrativa para produo em cativeiro e para a pesca, constituindo esta, portanto, importante
causa de sua disperso. No banco de teses da CAPES, h pelo menos 110 trabalhos, de ps
graduao stricto sensu, que abordam a espcie. O que comprova o grande conhecimento
que se tem sobre ela, tanto em meio natural, como em sistemas de cultivo. Apesar disto, no
so descritos os riscos ambientais que sua introduo deve oferecer ao stio receptor onde
introduzida. Pelas caractersticas da espcie, provavelmente os riscos esto associados
interferncia nas condies ambientais, sobre as espcies nativas, aps as alteraes
produzidas. Possveis riscos sociais e econmicos, ainda, no so perceptveis. Porm, se faz
importante a gerao de conhecimentos sobre o comportamento da espcie como extica
e das populaes nativas que estejam compartilhando recursos (espao, alimento, locais
para reproduo). As aes de preveno da invaso de reas pela espcie devem visar
dilogos, aes de monitoramento, parcerias, incentivos, junto a pescadores e produtores,
na busca de espcies nativas para substituio s exticas. Transferncia de conhecimentos
acumulados sobre a espcie extica escolhida para a introduo e, as caractersticas do
ambiente, mais as outras espcies que vivem no stio receptor, so dados fundamentais para
anlise de risco de introduo.
512
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PESOA, N. A. Migrao e Movimentos do Grumat (Prochilodus lineatus, Valenciennes, 1836) (Characiformes, Prochilodontidae) no Rio dos Sinos, RS, Brasil, determinados por Radiotelemetria. So Leopoldo, 2004. Universidade do Vale do Rio dos Sinos
Biologia. Dissertao de Mestrado, 51p.
REZENDE, C. F. Comparao Cariotpica de duas Populaes de Prochilodus lineatus
(PISCES, ROCHILODONTIDAE). Londrina, 2004. Universidade Estadual de Londrina - Gentica e Biologia Molecular. Dissertao de Mestrado, 71p.
YAZBECK, G. M. Microssatlites em estudos populacionais de peixes migratrios.
Belo Horizonte, 2007. Universidade Federal de Minas Gerais Gentica. Tese de Doutorado,
193p.
SILVA, J. R. Anlise da viabilidade econmica da produo de peixes em tanquesrede no reservatrio de Itaipu. Santa Maria, 2008. Universidade Federal de Santa Maria
- Engenharia de Produo. Dissertao de Mestrado, 138p.
514
Situao populacional
Espcie extica estabelecida em ambiente natural.
Lugar de origem
Bacia do rio Amazonas, rio Essequibo, rio Orinoco e rio Paran.
Ecologia
Esta espcie ocorre, principalmente, no leito principal de rios. Tem atividade
predominantemente noturna e hbito alimentar piscvoro, apesar de predar invertebrados. As
fmeas geralmente se tornam sexualmente maduras apartir de 56cm, enquanto, os machos
a partir de 45cm. A espcie apresenta fecundidade extremamente elevada.
Tipo de introduo
Intencional, para piscicultura ou incremento de pesca.
Histrico de introduo
Informao no disponvel para as introdues encontradas.
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Distribuio geogrfica
H registro da espcie em represas no semi rido Nordestino. Hbridos da espcie so
registrados para a bacia do rio Doce (MG). Estes ltimos so obtidos do cruzamento de P.
fasciatum com Pseudoplatystoma corruscan.
Distribuio ecolgica
Ambientes aquticos naturais e artificiais (reservatrios). Afetam o bioma da Caatinga,
Cerrado e Mata Atlntica.
Impactos ambientais
No h registros de impactos ambientais em funo da introduo desta espcie. H
especulaes sobre impactos negativos de seus hbridos para a bacia do rio Doce (MG).
Impactos scio-econmicos
Possvel empobrecimento econmico e cultural das comunidades que vivem da pesca
artesanal de espcies nativas.
Anlise de risco
Siluriformes do gnero Pseudoplatistoma sempre exerceram e continuaro a exercer
atrao para pesca e criao em cativeiro. Esta a principal causa de sua disseminao
e ocorrncia alm de suas bacias de origem. possvel obter hbridos de P. fasciatum
com P. corruscans (surubim-ponto-e-vrgula) ou de P. fasciatum com Phractocephalus
hemioliopterus (cachapira), cujos produtos so bem aceitos na piscicultura inclusive para
o abastecimento de pesque-pagues. No h estudos sobre o seu estabelecimento e a sua
disperso nos ambientes onde foi introduzida. Os riscos ambientais destas introdues esto
principalmente associados interferncia da espcie extica sobre espcies nativas. No
possvel fazer uma previso de possveis riscos sociais e econmicos. Para prevenir a invaso
da espcie importante trabalhar junto aos pescadores e produtores, j que a erradicao
em ambientes naturais, conservados ou perturbados, praticamente impossvel. Estudos
bsicos sobre a ecologia, habitat e dieta da espcie e tcnicas para melhoramento do cultivo
so amplamente disponveis. Entretanto, no h trabalhos considerando a espcie como
extica e seus impactos possveis.
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Situao populacional
Espcie extica detectada em ambiente natural.
Lugar de origem
Amrica do Sul: bacia do rio Amazonas, drenagens costeiras da Guiana, Suriname e
poro inferior da bacia do rio Paran.
Ecologia
O armado a principal espcie da pesca comercial no reservatrio de Itaipu. uma
espcie onvora, mas, com tendncia herbivoria, de crescimento relativamente lento,
podendo atingir at 10 anos. Sua abundncia populacional na bacia do rio Paran foi baixa
at a construo do reservatrio de Itaipu, quando a espcie, aparentemente beneficiada
por este represamento, comeou a aumentar o seu tamanho populacional.
Tipo de introduo
No intencional, por disperso natural para as plancies de inundao aps a construo
de Itaipu.
Histrico de introduo
A bacia do rio Paran apresenta um alto nmero de represamentos, entre eles,
destacam-se as hidreltricas de Jupi, Porto Primavera e Itaipu. O enchimento de Itaipu
submergiu os Saltos de Sete Quedas, barreira geogrfica natural que separava duas provncias
ictiofaunsticas na bacia. A submerso desta barreira permitiu a invaso de espcies exticas
na poro superior da bacia, possibilitando a ocupao desta rea pela espcie.
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Distribuio geogrfica
Ocorre na bacia do rio Amazonas e na poro inferior da bacia do rio Paran como
espcie nativa. Como espcie extica, foi detectada nas plancies de inundao do rio
Paran.
Distribuio ecolgica
Ecossistema natural (rios e plancies de inundao). Como extica, a espcie foi
registrada na plancie de inundao do rio Paran. O bioma afetado a Mata Atlntica.
Impactos ecolgicos
A introduo desta e outras espcies exticas, na plancie de inundao do rio Paran,
esto causando a diminuio da populao de espcies de peixes nativos tais como, Rhynodoras
dorbignyi. Alteraes e substituio da ictiofauna nativa, alm de outros possveis impactos
nas espcies nativas, ainda no foram especificamente detectados em estudo cientficos.
Impactos scio-econmicos
Nenhum descrito.
Anlise de risco
A espcie foi identificada em estudos na plancie de inundao do rio Paran, na regio
de desgue do rio Ivinhema. A presena desta e outras espcies exticas ao sistema, parece
correlacionada com a diminuio de espcies nativas de peixes. Assim, aparentemente,
a introduo da espcie est relacionada substituio da fauna nativa, fator que pode,
inclusive, afetar os estoques pesqueiros e a captura de espcies preferenciais na regio.
Entretanto, concluses mais especficas exigem a continuidade da investigao, sobre os
impactos causados pela introduo da espcie. Estudos sobre a biologia bsica da espcie,
bem como, interao com patgenos. Estudos sobre o efeito da introduo, desta espcie na
bacia do rio Paran, so relativamente recentes.
519
LUZ, K. D. G.; FUGI, R.; ABUJANRA, F.; AGOSTINHO, A. A. Alterations in the Pterodoras
granulosus (Valenciennes, 1833) (Osteichthyes, Doradidae) diet due the abundance variation of a bivalve invader species in the Itaipu Reservoir, Brazil. Acta Scientiarum, 24 (2):
427-432, 2002.
MARTIN, R. V. Agroindustrializao da carne do armado (Pterodoras granulosus), do
reservatrio de itaipu, sob a forma de salsicha: avaliao sensorial e valor agregado. 2003. Universidade Estadual do Oeste do Paran - Engenharia Agrcola. Dissertao de
Mestrado. 67p.
OPORTO, L. T. Modificaes em longo prazo na ictiofauna da plancie de inundao do alto rio Paran, Brasil. Maring, 2008. Dissertao de Mestrado em Ecologia de
Ambientes Aquticos Continentais - Universidade Estadual de Maring. Orientador: Horacio
Ferreira Julio Junior.
520
Situao populacional
Espcie extica detectada em ambiente natural.
Lugar de origem
Bacia do rio Amazonas, rio Essequibo, rio Orinoco, rio Oiapoque e rios do Estado do
Amap.
Ecologia
uma espcie bentopelgica. Normalmente, habita regies pantanosas ou alagadas,
com elevada densidade de plantas, guas claras e de sedimentos finos. A reproduo se
inicia por volta de oito meses a um ano de idade e apresenta um comportamento reprodutivo
complexo, uma vez que a espcie apresenta comportamento territorial (seleo de substrato
para desova), competio pelo parceiro, corte e cuidado biparental. Os machos apresentam
maior agressividade e empenho no cuidado da prole. A fecundidade da espcie moderada
(entre 19 a 445 ovos), mas, o crescimento populacional pode ocorrer relativamente rpido.
Tipo de introduo
Grande possibilidade das introdues se darem no intencionalmente, por escapes,
mas, experincias na regio relatam casos de introduo de peixes ornamentais em riachos,
feitas de forma intencional pelos prprios cultivadores.
Ambiente de guas Continentais
521
Histrico de introduo
Esta regio (Muria, MG) tem pelo menos 3000 tanques de criao, em sua maioria,
peixes ornamentais. Esta malha de cultivo abastecida por dezenas de pequenos riachos
que recebem, com grande facilidade, peixes ornamentais que conseguem escapar destes
tanques durante o manejo e ainda, durante perodos de cheias. A maior parte destes tanques
no apresenta telas de proteo nas sadas dos canos efluentes, facilitando os escapes e
permitindo a introduo de peixes exticos nos riachos da regio.
Distribuio geogrfica
Em ambiente natural, esta espcie foi registrada apenas na regio do municpio de
Muria e Miaradouro, em Minas Gerais, na bacia do rio Paraba do Sul.
Distribuio ecolgica
Ecossistemas artificiais e naturais do bioma Mata Atlntica.
Impactos ambientais
No h registros, mas, possvel que o estabelecimento desta espcie em ambiente natural
cause impactos comunidade de peixes nativa, ocasionando possvel perda de diversidade
biolgica.
Impactos scio-econmicos
No h informaes disponveis sobre possveis impactos desta natureza.
Anlise de risco
Assim como outras espcies utilizadas com fins ornamentais e criadas em aqurios, a
sua ocorrncia em ambientes naturais fora de sua rea natural de ocorrncia, est associada
soltura intencional por ex-criadores ou, escapes de tanques de produo. A sua ocorrncia
522
523
Reino: Animalia
Phylum: Chordata
Classe: Actinopterygii
Ordem: Characiformes
Famlia: Characidae
Sub-famlia: Serrasalminae
Gnero: Pygocentrus
Espcie: Pygocentrus piraya
Nomes populares
Piranha, piranha do So Francisco.
Estado da introduo
Espcie extica estabelecida em ambiente natural.
Lugar de origem
Bacia do rio So Francisco, Brasil.
Ecologia
uma espcie piscvora, bastante oportunista. Apesar de seu hbito alimentar ser
principalmente predador, outros itens podem ser importantes como recurso alimentar, tais
como, insetos, moluscos e at mesmo, plantas e sementes. Tpica de ambientes de gua
doce, P. piraya possui hbito pelgico. O perodo reprodutivo da espcie longo e apresenta
524
desova parcelada. A maturidade sexual atingida com cerca de 40% do tamanho mximo
da espcie. Causam prejuzos pesca e algumas vezes so responsveis por acidentes com
seres humanos e animais de criao.
Tipo de introduo
Intencional, para incremento de pesca e controle de outros peixes.
Histrico de introduo
Para a barragem da Pedra no Rio de Contas (BA), h informaes de que a disperso
ocorreu devido a ruptura de reservatrios particulares, aps uma enchente, no final da
dcada de 1990.
Distribuio geogrfica
Pelos registros obtidos, a espcie foi introduzida em muitos audes do Piau, Cear,
Pernambuco e Bahia. Talvez entre estas localidades, a circunstncia mais estudada a
introduo na barragem da Pedra no Rio de Contas, BA.
Distribuio ecolgica
Ecossistemas artificiais (reservatrios) do bioma Caatinga e cursos dgua naturais
(riachos) no seu entorno.
Impactos ambientais
Apesar de no haver descrio especfica para os impactos desta espcie nos locais
onde foi introduzida, possvel que ocorra perda de diversidade biolgica, j que, a espcie
consegue colonizar os ambientes onde foi introduzida. Alm disto, este peixe hospedeiro
de diversos parasitas (a exemplo, nematides), o que representa uma ameaa adicional
a fauna nativa. Assim como, ocorre para sua congnere P. nattereri, possvel que sua
presena represente uma ameaa a espcies de peixes nativas, pois, a espcie pode se
tornar dominante nestes novos ambientes.
Impactos scio-econmicos
Em reservatrios onde foi introduzida, apesar de representar recurso pesqueiro
adicional, reduz a disponibilidade de outros recursos pesqueiros alm de, significar impacto
negativo importante j que danifica as redes que os pescadores utilizam.
525
Anlise de risco
Como a sua congnere, P. nattereri, esta espcie possui cuidado parental, grande
amplitude de dieta e boa aclimatao em ambientes lticos e principalmente em lnticos.
Sua disperso se d, principalmente, devido prtica de povoamento de ambientes pobres
em peixes (quantidade e qualidade) e sua ocorrncia pode representar riscos ecolgicos
para as comunidades aquticas invadidas. Alm disto, pode causar tambm problemas
sociais e econmicos, principalmente, no que se refere a estoques pesqueiros preferenciais
em determinadas localidades e conservao dos petrechos de pesca utilizados para a
sua captura. O controle da disperso e a erradicao em ambientes invadidos naturais ou
fragmentados so praticamente impossveis. H poucos estudos bsicos sobre a ecologia,
habitat e dieta da espcie e no h estudos detalhados sobre os efeitos desta espcie sobre
o ambiente natural quando ocorre como extica.
526
TRINDADE, M. E. J. & JUC-CHAGAS, R. Ecologia trfica de Serrasalmus brandtii e Pygocentrus piraya (Pisces, Characidae, Serrasalminae) no Rio de Contas, BA. In: Reunio Anual da
SBPC, 2003, Fortaleza. Anais... Fortaleza, 2003.
TRINDADE, M. E. J. & JUC-CHAGAS, R. Diet of two serrasalmin species, Pygocentrus piraya
and Serrasalmus brandtii (Teleostei: Characidae), along a stretch of the rio de Contas, Bahia,
Brazil. Neotrop. Ichthyol., 6(4): 645-650, 2008.
527
Reino: Animalia
Phylum: Chordata
Classe: Actinopterygii
Ordem: Perciformes
Famlia: Cyprinidae
Sub-famlia: Barbinae
Gnero: Puntius
Espcies: Puntius arulius (Jerdon, 1849); Puntius conchonius (Hamilton, 1822); Puntius
nigrofasciatus (Gnther, 1868); Puntius oligolepis (Bleeker, 1853); Puntius sachsii (Ahl,
1923); Puntius semifasciolatus (Gnther, 1868); Puntius tetrazona Bleeker, 1860; Puntius
ticto (Hamilton, 1822); Puntius titteya Deraniyagala, 1929.
Nomes populares
Barbo arulius (P. arulius); Barbo rosado ou conchnio (Puntius conchonius); Barbo
listado, barbo nigrofasciato ou barbo rubi (Puntius nigrofasciatus); Barbo quadriculado
(Puntius oligolepis); Barbo dourado (Puntius sachsii); Barbo ouro (Puntius semifasciolatus);
Barbo Sumatra (Puntius tetrazona); barbo ticto (Puntius ticto); barbo cereja (Puntius
titteya).
Situao populacional
Estas espcies foram detectadas em ambiente natural, sendo que h indcios do
estabelecimento de pelo menos P. arulius, P. tetrazona, P. oligolepis e P. ticto.
528
quase vermelho. P. conchonius possui o corpo com cor dominante laranja a vermelho e
nadadeira dorsal escura. P. nigrofasciatus possui nadadeiras dorsal e plvica negras, caudal
e anal transparentes, bandas muito escuras e cabea vermelha. P. semifasciolatus possui o
dorso prateado e parte inferior do corpo tendendo a dourado, o que destaca suas pontuaes
negras pelo corpo. P. tetrazona possui o corpo dourado e quatro manchas negras indo do
dorso ao ventre, sendo que a primeira passa pelos olhos, a terceira na nadadeira dorsal e
a ltima no pednculo caudal. Neste peixe ainda, a extremidade das nadadeiras dorsal e
pelvicas so de cor dourada.
Lugar de origem
Todos estes peixes so originrios da sia, entre ndia, Sumatra, Indonsia, Paquisto,
Nepal, Sri Lanka, Bangladesh, Miamar, Tailndia e China.
Ecologia
As escamas grandes, coloridas e a fcil reproduo destes peixes, em cativeiro, tornaram
este grupo muito atrativo para a aquicultura de espcies ornamentais. So mais de 70
espcies comercialmente importantes dentro do gnero Puntius. Todas as espcies descritas
nesta ficha apresentam hbito bentopelgico e dieta onvora. Alm disso, apresentam uma
elevada resilincia e taxa reprodutiva, podendo duplicar o tamanho da populao muito
rapidamente, se as condies ambientais forem favorveis.
Tipo de introduo
Algumas destas espcies so liberadas intencionalmente, por exemplo, as fmeas de
P. conchonius que so pouco coloridas. Mas, h tambm introdues no intencionais, por
escape dos sistemas de cultivo.
Histrico de introduo
A regio de Muria, no estado de Minas Gerais, um importante plo da piscicultura
ornamental do Brasil. Nesta regio h pelo menos 250 produtores, que possuem juntos mais
de 3.000 tanques de criao. A maior parte destes tanques, no apresenta telas de proteo
na sada dos efluentes, facilitando os escapes de peixes exticos e sua disperso para corpos
dgua naturais adjacentes. Entretanto, a soltura intencional ocorre tanto de exemplares de
muito baixo valor comercial, como de exemplares de variedades com maior valor comercial,
para captura futura de suas proles.
529
Distribuio geogrfica
Bacia do rio Paraba do Sul em Minas Gerais para todas as espcies. Todas as espcies
exceto P. sachsii ocorrem no municpio de Miradouro, na bacia do rio Glria. P. conchonius,
P. sachsii, P. nigrofasciatus, P. semifasciolatus e P. tetrazona ocorrem em corpos dgua no
municpio de Muria. Por ltimo, P. sachsii ocorre em corpos dgua de Santo Antnio do
Glria.
Distribuio ecolgica
Ecossistema natural, em riachos e ecossistema artificial, reservatrios.
Impactos ambientais
No h, ainda, impactos demonstrados e descritos que sejam derivados da introduo
destas espcies no ambiente natural. Entretanto h especulaes de que afetem negativamente
a biodiversidade nativa dada a competio que devem impor s espcies nativas.
Impactos scio-econmicos
Ironicamente, a presena destes peixes no ambiente natural significa provvel renda
para os empregados dos sistemas de cultivo no futuro, j que re-capturam as proles dos
peixes soltos. Portanto, o impacto, em primeira instncia tende a ser positivo.
Anlise de risco
A ocorrncia dessas espcies em ambientes naturais est associada soltura intencional
pelos criadores ou aos escapes a partir dos sistemas de cultivo ou criadores domsticos
(aquariofilistas). Especificamente para o plo de piscicultura mencionado aqui, o principal
problema deve ser a inexistncia de mecanismos que confiram segurana ao manejo dirio
destes peixes impedindo o seu escape. Logo, importante trabalhar com estes grupos de
atores, para reduzir a chance de disperso das espcies para o ambiente natural. No caso dos
criadores, devem ser desenvolvidos mecanismos que consigam garantir o uso de medidas
de segurana nos tanques de cultivo, sob a pena de que a presso de propgulos liberadas
no ambiente leve a eventos de invases biolgicas por estas e outras espcies citadas. No
mbito da aquriofilia, importante que se disssemine informaes sobre os riscos advindos
das introdues feitas sem anlise de risco.
No h informaes publicadas sobre os impactos ambientais decorrentes da presena
destas espcies, entretanto, estes podem existir em funo da competio exercida pelas
espcies exticas sobre as espcies nativas de peixes. Os riscos, sociais e econmicos, podem
ir desde perdas econmicas, em funo da diminuio de pescados nativos at, perdas
culturais e desestruturao social, em decorrncia das mudanas de hbitos e de prticas
sociais. Sabe-se ainda que, a erradicao de espcies exticas em ambientes naturais,
especialmente, aps o seu estabelecimento de extrema dificuldade e possivelmente de
custos elevadissimos. bastante importante estimular a produo de conhecimento que, de
fato, avalie os impactos destas introdues.
530
531
Reino: Animalia
Phylum: Chordata
Classe: Actinopterygii
Ordem: Characiformes
Famlia: Characidae
Sub-famlia: Serrasalminae
Gnero: Pygocentrus
Espcie: Pygocentrus nattereri
Nomes populares
Piranha, piranha vermelha, piranha caju.
Situao populacional
Espcie extica invasora.
Lugar de origem
Amrica do Sul: bacia do rio Amazonas, bacia do rio Paran-Paraguai, rios costeiros do
Nordeste do Brasil e Bacia do Essequibo, na Venezuela.
532
Ecologia
Quando adulta a espcie tem hbito predador, piscvoros com grande capacidade
de adaptao em ambientes lnticos, como audes e em poes de rios. Possuem grande
plasticidade de dieta, podendo se alimentar tambm, de insetos, frutos, sementes e outras
partes de vegetais. Quando se alimenta de peixes, opta por indivduos mais jovens ou mais
velhos. A espcie apresenta cuidado parental, fazendo ninhos na estao reprodutiva.
Tipo de introduo
Intencional, para pesca.
Histrico de introduo
Certamente, a introduo desta espcie nas diferentes regies apresentou razes e
histria bastante distintas. Em lagoas marginais do rio Doce, em regio prxima ao municpio
de Timteo e Marliria, em Minas Gerais (incluindo a rea do Parque Estadual do Rio Doce),
a espcie foi introduzida, aparentemente, para controle populacional do tucunar Cichla
ocellares. O controle no foi efetivo e, atualmente, as espcies nativas, j foram extintas em
vrios destas lagoas.
Distribuio geogrfica
A espcie foi registrada na bacia dos Sinos e rio Guaba, no Rio Grande do Sul, na bacia
do rio So Francisco e na bacia do rio Doce.
Distribuio ecolgica
Ecossistemas naturais e artificiais (reservatrios). Os biomas afetados so: Pampa,
Mata Atlntica, Caatinga e Cerrado.
Impactos ecolgicos
Perda de diversidade biolgica de espcies nativas de peixes, nas bacias onde esta
espcie foi introduzida e registrada como invasora. Na regio do Parque Estadual do Rio Doce,
a introduo desta e outras espcies piscvoras, causaram a extino local de grande nmero
de espcies nativas, em diversos lagos. Alm disto, alteraes no fitoplncton (e.g. dominncia
de Cyanophyceae), no zooplncton (e.g. perda de cladceros limnticos), em predadores
invertebrados (e.g. Diptera) e nas condies abiticas da gua, so constatadas.
Impactos scio-econmicos
Prejuzos provocados na pesca, alm de possveis danos causados ao gado e acidentes
com pessoas (em geral, pescadores).
533
Anlise de risco
A espcie apresenta cuidado parental, grande amplitude de dieta e boa aclimatao
em ambientes lticos e lnticos. Estas caractersticas tornam a espcie boa invasora de
ambientes naturais. Sua disperso continua no pas, principalmente, devido prtica de pesca
esportiva e, sua disperso reduz a diversidade de comunidades aquticas, atravs de efeitos
diretos de predao sobre populaes de peixes) e indiretos por competio com espcies
nativas, por alimento, espao. Assim, sua presena representa um grande risco ecolgico
para as comunidades aquticas invadidas e pode afetar estoques pesqueiros preferenciais
em determinadas localidades, o que gera consequncias econmicas e sociais negativas. O
controle da disperso e a erradicao em ambientes invadidos naturais ou fragmentados so
praticamente impossveis.
534
535
Reino: Animalia
Phylum: Chordata
Classe: Actinopterygii
Ordem: Characiformes
Famlia: Characidae
Gnero: Salminus
Espcie: Salminus brasiliensis
Nomes populares
Dourado, dorado, tabarana, tuburana.
Situao populacional
Espcie extica detectada em ambiente natural.
Lugar de origem
Bacia do rio So Francisco, bacia do rio Tocantins, Alto Paran, Alto Amazonas e bacia
do Orinoco.
Ecologia
S. brasiliensis uma espcie migradora. Apresenta hbito bento-pelgico e
potamdroma. Os juvenis se alimentam de pequenos peixes, insetos e crustceos,
principalmente. J os adultos so tipicamente predadores, se alimentando principalmente
de outros peixes. H registros de predao inclusive sobre aves aquticas. A longevidade
mxima registrada foi de nove anos. A reproduo ocorre por fertilizao externa. A desova
536
Tipo de introduo
A introduo ocorreu apartir de soltura intencional de alevinos na bacia do rio Doce e
tambm na bacia do rio Paraba do Sul. Outra forma possvel atravs da piscicultura, com
escape dos tanques de cultivo.
Histrico de introduo
Em Minas Gerais, h registros de solturas realizadas na Lagoa da Pampulha (em Belo
Horizonte, Minas Gerais) pela SUDEPE em outubro e dezembro de 1982 e em fevereiro de
1984. Estas solturas foram realizadas com cerca de 3.000 alevinos da espcie, oriundos
da Estao de Hidrobiologia e Piscicultura de Furnas (Centrais Eltricas de Minas Gerais),
localizada em Conceio das Alagoas, MG, e do Parque Municipal de Belo Horizonte.
possvel que tenham ocorrido outras solturas em muitos cursos dgua da regio. Na bacia
do Rio Doce, a partir da estao de piscicultura de Aimors (MG), a espcie foi introduzida na
dcada de 60. No Paran, em 2008, a espcie foi detectada no reservatrio Salto Santiago,
bacia do rio Iguau.
Distribuio geogrfica
Pelos registros obtidos, a espcie foi introduzida em praticamente toda a bacia do rio
Doce e bacia do rio Paraba do Sul em Minas Gerais e no Rio de Janeiro.
Distribuio ecolgica
Ecossistemas naturais em rios e em reservatrios de hidreltricas. Bioma afetado Mata
Atlntica.
Impactos ecolgicos
Perda de diversidade biolgica. Dados ainda no publicados sugerem que a introduo
desta espcie est causando a reduo populacional de diversas espcies nativas da bacia do
rio Doce, inclusive, das Pirapitingas, que j apresentam estoques bastante reduzidos e podem
estar ameaadas de extino. A espcie hospedeira de diversos parasitas (nematides e
protozorios) e a sua introduo pode levar introduo de novos parasitas no ambiente,
representando uma ameaa adicional fauna nativa.
Impactos scio-econmicos
Potenciais prejuzos provocados na pesca, mas, sem dados publicados comprovando
esta possibilidade.
537
Anlise de risco
uma espcie bastante procurada nas atividades de pesca esportiva e pesca artesanal
por populaes ribeirinhas. Estes atores, devem ser os seus principais dispersores atuais. A
disperso em outras bacias, como ocorreu no passado, com a finalidade de povoamento, tem
poucas chances de ainda acontecer. Entretanto, importante trabalhar com os rgos ligados
a repovoamentos para eliminar as chances de uso da espcie novamente. Sua ocorrncia
ameaa a diversidade de populaes de peixes que possam constituir itens alimentares. As
consequncias sobre a economia e os diversos grupos sociais locais, nunca foram avaliadas,
mas apesar de aparentemente positivas, devido incluso de nova espcie com atrao
econmica, a mdio e longo prazo podem ser negativas devido excluso de vrias outras
espcies nativas de peixes. A erradicao de espcies exticas em ambientes invadidos,
naturais ou fragmentados, praticamente impossvel. Em razo disso, estudos bsicos
sobre a ecologia, habitat e a dieta da espcie, bem como, sobre a distribuio no pas, a
melhoria das tcnicas de cultivo desta espcie so fundamentais para tomada de decises
que atendam o princpio da preveno, da precauo e reparao.
538
GUBIANI, E. A.; FRANA, V. A.; MACIEL, A. L. and BAUMGARTNER, D. Occurrence of the nonnative fish Salminus brasiliensis (Cuvier, 1816), in a global biodiversity ecoregion, Iguau
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539
situao populacional
Espcie extica detectada em ambiente natural.
Lugar de origem
Bacia do rio Amazonas, incluindo o Peru, Equador, Bolvia, Colmbia e o Brasil.
Ecologia
uma espcie tpica de gua doce, mas tolera salinidade, ocorrendo em regies menos
salinas de esturios. Prefere regies de guas lnticas. Apresenta hbito bento-pelgico e
uma espcie onvora, se alimentando de sementes e pequenos animais, como crustceos e
insetos. Tolera pequena variao de pH na gua (de 6,3 a 7) e ocorre geralmente em ambientes
de temperaturas mais altas (de 24 a 26 C). A reproduo ocorre a partir de fertilizao
externa dos ovos, mas possui cuidado parental. Os pais limpam um substrato rochoso antes
da desova e a incubao dos ovos ocorre dentro da boca. Os juvenis permanecem utilizando
a boca como refgio por vrias semanas.
Tipo de introduo
Intencional, para pesca.
540
Histrico de introduo
A espcie ocorre naturalmente na bacia do rio Amazonas, mas no existem registros
disponveis de quando a translocao para outras bacias.
Distribuio geogrfica
Pelos registros obtidos, a espcie foi introduzida em diversos reservatrios da bacia do
rio Tiet, como em Bariri, Barra Bonita, Ibitinga, Limoeiro, Nova Avanhandava e Promisso.
Tambm foi detectada no lago da usina hidreltrica de Serra da Mesa , estado de Gois.
Distribuio ecolgica
Reservatrios presentes nos biomas Mata Atlntica e Cerrado.
Impactos ambientais
Devem ocorrer impactos negativos sobre invertebrados e vertebrados competidores,
mas nada ainda descrito em trabalhos cientficos.
Impactos scio-econmicos
No h informaes disponveis.
Anlise de risco
A presena da espcie representa riscos para invertebrados na regio onde ocorre,
mas no h conhecimento cientfico sobre consequncias do seu estabelecimento e sobre
seu potencial de disperso a partir dos ambientes ocupados. muito difcil fazer previses
de riscos ecolgicos, sociais e econmicos. Aps o seu estabelecimento, o seu controle e
erradicao podem ser muito difceis. H muitos estudos nacionais que abordam aspectos
relacionados reproduo desta espcie, especialmente histolgicos e celulares.
541
542
Situao populacional
Espcie extica estabelecida em ambiente natural.
Lugar de origem
Amrica do Sul: Bacia do rio Amazonas, no rio Guapor no Brasil e Bolvia; Bacia do rio
Paran, na drenagem do Paraguai; rio Aquidabn no Paraguai.
Ecologia
Habita riachos e lagoas com fundo arenoso e argiloso. Forrageia peneirando o
sedimento no local em que ocorre e separando os itens alimentares de interesse atravs
de seus rostros branquiais. O excesso de sedimento expelido pelas aberturas operculares.
Neste sedimento, alimentam-se principalmente de larvas de insetos, crustceos, restos de
plantas e escamas de peixes. Repelem a predao de outros peixes abrindo o oprculo e
expondo os espinhos de sua nadadeira dorsal. Possui cuidado parental construindo ninhos e
cuidando dos filhotes.
Tipo de introduo
Intencional, para pesca.
543
Histrico de introduo
No h um registro histrico de introduo desta espcie.
Distribuio geogrfica
Rio Tiet, em seu trecho baixo e vrios reservatrios. Tambm foi registrada no mdio
rio Paranaba, no reservatrio de Cachoeira Dourada alm do rio Grande (MG e SP) e do
sistema dos Patos (RS).
Distribuio ecolgica
Ambientes de guas lnticas dos biomas Mata Atlntica e Cerrado.
Impactos ambientais
Os impactos devero ocorrer principalmente sobre os invertebrados utilizados pela
espcie como recurso alimentar, alm claro, sobre as condies abiticas dominantes nos
ambientes onde est estabelecida. Entretanto, no h registros acadmicos confirmando
estas possibilidades.
Impactos scio-econmicos
No h impactos descritos.
Anlise de risco
S. pappaterra chegou a ser a terceira espcie mais abundante no desembarque
pesqueiro do baixo rio Tiet (SP), no final da dcada de 90. Assim, deve ter boa aceitao
pelos pescadores, representando estes, risco constante para sua disperso. No h impactos
descritos da espcie sobre o ambiente nativo, portanto, difcil fazer previses de riscos
ecolgicos, sociais e econmicos. Ainda assim, aps o seu estabelecimento, o seu controle
e erradicao podem ser prximos de impossvel. Muito se conhece sobre a alimentao,
reproduo e desenvolvimento deste peixe. Em um trabalho de 2004, levanta-se a
possibilidade deste peixe ser nativo da bacia do rio Tiet, mas, em trabalhos posteriores a
sua ocorrncia apontada como extica (alctone).
544
CAMPOS, M. O. F.; VELLUDO, M. R.; LUIZ, T. F.; SOUZA, J. E.; PERET, A. C. Anlise preliminar
da dieta de Satanoperca pappaterra (Perciformes, Cichlidae) do Reservatrio de Cachoeira
Dourada, GO-MG. In: III Simpsio de Ecologia do PPGERN, 2009.
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545
Situao populacional
Espcie extica estabelecida em ambiente natural.
Lugar de origem
Bacia do rio So Francisco.
Ecologia
uma espcie bentopelgica que se desenvolve bem em ambientes lnticos ou semilnticos. So predadores mutiladores que ingerem nadadeiras, escamas e outras partes
das suas presas. Consomem insetos, frutos e sementes podendo ser classificadas como
onvoras. oportunista e apresenta elevado potencial reprodutivo. O tempo de duplicao de
sua populao pode ser menor do que 15 meses sob boas condies ambientais. H cuidado
parental com os ninhos.
Tipo de introduo
Intencional, possivelmente devido a povoamentos (peixamentos) em corpos dgua
pobres em espcies, principalmente reservatrios.
Histrico de introduo
No h descrio de histrico de introduo deste peixe onde ocorre como extico.
546
Distribuio geogrfica
A espcie foi registrada no lago Viana, localizado na baixada Maranhense (MA), tambm,
no Rio Grande do Norte, no rio Piranhas-a e na laguna de Jiqui e no rio de Contas (BA).
Ainda, h informaes sobre sua possvel introduo em diversos audes do Nordeste.
Distribuio Ecolgica
Ecossistemas naturais em rios e em lagos e em ecossistemas artificiais como as
represas.
Impactos ambientais
Outras espcies de peixes e invertebrados nativos podem ser afetados pela predao e
competio, mas, no h estudos que apresentem confirmao destes efeitos.
Impactos scio-econmicos
Como outras piranhas, a sua presena em reservatrios do nordeste do Brasil pode
causar a perda precoce de petrechos de pesca e, portanto, atrapalhar o desempenho
dos pescadores. Alm disto, acidentes envolvendo piranhas no so raros, em funo,
principalmente, da explorao turstica dos locais onde ocorrem, associada estrutura de
alimentao para as pessoas. Aparentemente estes peixes confundem extremidades dos
corpos das pessoas com alimentos disponibilizados na gua.
Anlise De Risco
Sua disperso principalmente movida pela pesca. A sua ocorrncia deve reduzir
a diversidade de comunidades aquticas atravs de efeitos diretos sobre animais que
constituam suas presas e sobre outros predadores que constituam seus competidores.
Representa grande risco ecolgico para as comunidades aquticas invadidas e pode afetar
estoques pesqueiros preferenciais em determinadas localidades, podendo, portanto, gerar
consequncias econmicas e sociais negativas. A erradicao em ambientes invadidos
naturais ou fragmentados muito difcil.
547
GURGEL, H. C. B. & CANAN, B. Feeding of six fish species in Jiqui Lagoon, eastern coast of
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548
Reino: Animalia
Phylum: Chordata
Classe: Actinopterygii
Ordem: Characiformes
Famlia: Characidae
Sub-famlia: Serrasalminae
Gnero: Serrasalmus
Espcie: Serrasalmus marginatus
Nomes populares
Piranha, pirambeba.
Situao populacional
Espcie extica invasora.
Lugar de origem
Amrica do Sul: bacia do rio Paraguai e baixo Paran.
Ecologia
Esta espcie brasileira no migradora, apresentando desova parcelada, fecundao
externa e cuidado parental. O hbito alimentar piscvoro, alimentando-se principalmente
de fragmentos de msculos e nadadeiras de outros peixes. A vantagem da alimentao
549
Tipo de introduo
No intencional, por disperso natural para as plancies de inundao.
Histrico de introduo
Em 1982, o enchimento do reservatrio de Itaipu submergiu os Saltos de Sete Quedas,
anulando a barreira geogrfica natural que separava a ictiofauna a jusante da ictiofauna a
montante destas cachoeiras. A submerso desta barreira permitiu a invaso pelas espcies
da poro jusante, na poro a montante da bacia, o que representa um caso singular de
introduo de espcies. Dentre estas espcies, se encontra Serrasalmus marginatus.
Distribuio geogrfica
Como espcie extica, foi detectada em Itaip e nas plancies de inundao do rio
Paran.
Distribuio ecolgica
Ecossistema natural (rios e plancies de inundao). A Mata Atlntica o bioma
afetado.
Impactos ecolgicos
Nas plancies de inundao do alto Paran, Serrasalmus spilopleura era a nica
espcie de piranha registrada at o enchimento do reservatrio de Itaipu e a submerso de
Saltos de Sete Quedas. Aps este evento, S. marginatus, mais outras espcies de peixes,
tiveram acesso a esta rea e existem registros de que tenha aumentado sua abundncia, em
detrimento populacional de sua congnere nativa, S. spilopleura. Uma avaliao da dieta das
duas espcies mostrou que, h uma grande sobreposio de dieta, entre as duas espcies, o
que, associado maior agressividade de S. marginatus, leva concluso de autores, que a
espcie extica invasora responsvel pela reduo da abundncia de indivduos adultos da
nativa, bem como, da atividade reprodutiva de S. spilopleura. Existem muitos estudos sobre
a biologia bsica da espcie extica, que mostram que este um dos casos de invaso bem
documentados, inclusive com estudos indicando efeitos da competio de S. marginatus
sobre S. spilopleura.
550
Impactos scio-econmicos
Ataques por piranhas vem sendo registrados em reas utilizadas por banhistas em
locais represados, o que caracteriza o comportamento agressivo da espcie na defesa de
seus ninhos. Frequentemente medidas simples como a remoo da vegetao aqutica
(retirada do substrato usado para construo de ninhos) e o isolamento da rea com redes
de malhas finas resolvem a questo.
Anlise de risco
A espcie foi identificada em estudos da plancie de inundao do rio Paran, na regio
de desgue do rio Ivinhema. O aumento populacional desta e outras espcies exticas ao
sistema parece correlacionado com a diminuio de espcies nativas de peixes, entre elas,
de S. spilopleura. Assim, aparentemente, a introduo desta espcie est relacionada
substituio da fauna nativa, fator que pode, inclusive, afetar os estoques pesqueiros e a
captura de espcies preferenciais na regio. necessrio continuar os estudos sobre os
impactos causados aps a introduo da espcie nas plancies de inundao do alto Paran.
551
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552
Situao populacional
Espcie extica estabelecida em ambiente natural.
Lugar de origem
Bacia do rio Guapor e bacia do rio Paran.
Ecologia
uma espcie bentopelgica. Possui alimentao predominantemente piscvora em
todas as fases de vida. Tambm ingerem crustceos, insetos, sementes e frutos, principalmente
quando tm menores tamanhos corporais e quando faltam recursos preferenciais. Quando
maiores, tornam-se principalmente piscvoras.
Tipo de introduo
Certamente intencional.
Histrico de introduo
No foi encontrada descrio sobre o histrico de introduo da espcie, em novos
stios receptores.
553
Distribuio geogrfica
Foi detectada na lagoa de Extremoz nas proximidades de Natal (RN) e h indcios de
sua presena em reservatrios do Nordeste, mas, sem confirmao adequada.
Distribuio ecolgica
Foi introduzida em reservatrios no Nordeste e no Sudeste, afetando assim, os biomas
Caatinga e Mata Atlntica.
Impactos ambientais
No foram encontrados estudos apontando impactos ambientais desta espcie na
condio de extica.
Impactos scio-econmicos
Em reservatrios pode causar a perda de petrechos de pesca dos pescadores. H
possibilidade de ocorrerem acidentes com pessoas em regies exploradas para o turismo,
como ocorre com outras espcies de piranhas. Exemplos destes ataques no so raros,
mas, normalmente tratam da confuso que estes peixes fazem entre partes do corpo de
banhistas com alimentos disponibilizados nas praias de gua doce pelos prprios banhistas,
por pescadores (com o propsito de cevar peixes) ou pela estrutura de lazer fixada nas
proximidades.
Anlise de risco
Sua disperso principalmente movida pela pesca e por aes de povoamento em
reservatrios. Sua presena, deve diminuir a diversidade de comunidades nativas de peixes
por meio da predao. Representa grande risco ecolgico para as comunidades aquticas
onde introduzida e pode afetar estoques pesqueiros preferenciais, gerando consequncias
econmicas e sociais negativas. Sua erradicao em ambientes naturais ou fragmentados
pode ser praticamente impossvel.
554
555
Situao populacional
Espcie extica estabelecida em ambiente natural.
Lugar de origem
Amrica do Sul; bacias do rio Paraguai e baixo Paran.
Ecologia
A famlia Curimatidae compreende diversas espcies, geralmente abundantes e de
grande importncia nas comunidades de peixes neotropicais em funo, principalmente,
do seu hbito detritvoro. O perodo reprodutivo de S. brevipinna ocorre entre setembro e
novembro.
Tipo de introduo
No intencional, por disperso natural para as plancies de inundao, aps a construo
da barragem de Itaipu, que eliminou barreiras naturais anteriores.
Histrico de introduo
A bacia do rio Paran apresenta um alto nmero de represamentos, entre eles, destacamse as hidreltricas de Jupi, Porto Primavera e Itaipu. O enchimento do reservatrio de
Itaipu submergiu os Saltos de Sete Quedas que constituam uma barreira geogrfica natural
capaz de isolar espcies no trecho a jusante do rio. A submerso desta barreira permitiu a
colonizao do reservatrio e do trecho alto do rio Paran por novas espcies, anteriormente
556
Distribuio geogrfica
Como espcie extica, foi detectada no reservatrio de Itaip e nas plancies de
inundao do rio Paran. muito provvel que ocorra em trechos mais a montantes da
bacia.
Distribuio ecolgica
Ecossistema natural (rios e plancies de inundao), no bioma de Mata Atlntica.
Impactos ambientais
Possvel alterao e substituio da ictiofauna nativa. No existe registro bibliogrfico
sobre que organismos que estejam sendo afetados pela espcie. Contudo, S. brevipinna vem
aumentando sua populao na rea, o que sugere que possa estar afetando espcies nativas
por competio ou predao. Por enquanto isto apenas especulao, no havendo estudos
associando diretamente seu crescimento populacional impactos sobre outras espcies.
Impactos scio-econmicos
No se dispe de informaes a este respeito.
Anlise de risco
A espcie foi identificada em estudos da plancie de inundao do rio Paran, na regio
de desgue do rio Ivinhema. O aumento populacional desta e de outras espcies exticas
sugere que espcies nativas possam estar sendo prejudicadas em funo deste processo
de colonizao. Assim, aparentemente, o estabelecimento desta espcie est relacionada
substituio da fauna nativa. Entretanto, concluses mais especficas exigem estudos sobre
os impactos decorrentes do estabelecimento da espcie.
557
558
Reino: Animalia
Phylum: Chordata
Classe: Actinopterygii
Ordem: Cypriniformes
Famlia: Cyprinidae
Gnero: Tanichthys
Espcie: Tanichthys albonubes
Nomes populares
Nuvem branca, nen, tanictis.
Situao populacional
Espcie extica detectada em ambiente natural.
Lugar de origem
A espcie nativa na sia, ocorrendo na China e no Vietnam.
Ecologia
uma espcie de gua doce que pode suportar temperaturas abaixo de 5C. Alimentase, principalmente, de zooplncton e detritos disponveis no fundo dos corpos dgua.
559
Tipo de introduo
No intencional, em funo de escapes dos sistemas de cultivo, com possibilidade
de haver introduo intencional devido a solturas, por parte dos produtores e tambm
aquariofilistas.
Histrico de introduo
A regio onde T. albonubes foi registrada, uma regio com grande desenvolvimento da
piscicultura ornamental. H dezenas de espcies sendo cultivadas nesta mesma regio, mas,
em propriedades que, em geral, no dispe de mecanismos de segurana que garantam a
conteno dos peixes exticos dentro dos sistemas de cultivo. Mecanismos simples como telas
de proteo nas sadas dos canos dos tanques de criao so raros de serem encontrados.
Distribuio geogrfica
Foi registrada como espcie extica introduzida nos municpios de Miradouro, Muria e
Vieiras, na bacia do rio Paraba do Sul (MG).
Distribuio ecolgica
Ecossistemas naturais (crregos), no bioma Mata Atlntica.
Impactos ambientais
Ainda no h registros na literatura, mas, possvel que a presena da espcie extica
cause perda de diversidade biolgica.
Impactos scio-econmicos
Como para outras espcies exticas, possvel que a sua recaptura em ambiente
natural, na regio de Muria, gere algum benefcio econmico para famlias de baixa renda
e que no detm pisciculturas de peixes ornamentais.
Anlise de risco
Suas restrita ocorrncia est associada introduo intencional (soltura) ou introduo
no intencional (escapes) a partir de sistemas de criao de peixes ornamentais na bacia
do rio Paraba do Sul (MG). A espcie considerada como sendo de alto potencial invasor
por autoridades australianas e j foi detectada na Colmbia, Canad, Estados Unidos e
Filipinas, mas, apesar disto, no h ainda estudos ilustrando seus provveis impactos sobre
o ambiente onde foi detectada sua presena no Brasil. importante gerar conhecimento
sobre a espcie na condio de extica.
560
561
Reino: Animalia
Phylum: Chordata
Classe: Actinopterygii
Ordem: Perciformes
Famlia: Cichlidae
Sub-famlia: Pseudocrenilabrinae
Gnero: Tilapia
Espcie: Tilapia rendalli
Nomes populares
Tilpia.
Situao populacional
Espcie extica invasora.
Lugar de origem
frica: rio Senegal e Niger, bacia do rio Congo, bacia do rio Zambezi, lago Tanganyika
e Malagarazi.
562
Ecologia
uma espcie de gua doce, bentopelgica, mas tolera elevados nveis de salinidade.
Ocorre na regio litornea de ambientes lnticos e prefere ambientes com vegetao. Os
juvenis se alimentam de plncton, enquanto, os adultos so onvoros e alimentam-se de
plantas, algas e invertebrados como, insetos e microcrustceos. A reproduo ocorre atravs
de fertilizao externa, mas, a espcie apresenta cuidado biparental, atravs da construo
de ninhos. As desovas so realizadas na regio litornea, em bancos de plantas. Em condies
favorveis de temperatura, as desovas podem ocorrer a cada 50 ou 60 dias. A maturidade
sexual ocorre muito cedo (com cerca de 50g, principalmente, em cativeiro), o que aumenta
muito sua taxa reprodutiva. Sua populao pode se duplicar em menos de 4,5 anos.
Tipo de introduo
Intencional, para piscicultura, pesca e controle biolgico de macrfitas aquticas.
Histrico de introduo
Depois da carpa comum, as tilpias so os peixes mais cultivados em todo o mundo.
No Brasil, a espcie de tilpia mais difundida a tilpia-do-Nilo (Oreochromis niloticus), mas
a T. rendalli foi e ainda muito difundida. A T. rendalli foi trazida para o Brasil na dcada
de 50, com o objetivo de controlar plantas aquticas que estavam entupindo tomadas de
gua de turbinas de hidreltricas, instaladas no estado de So Paulo. Aparentemente, o
controle biolgico no foi to efetivo quando se esperava e a espcie chamou a ateno da
piscicultura. Entretanto, ganhou fama de no atingir o tamanho corporal satisfatrio devido
sua precocidade reprodutiva, o que, levou importao pelos produtores, de mais espcies
de tilpias, entre elas, a tilpia-do-Nilo.
Distribuio geogrfica
Foi registrada como espcie extica introduzida nos estados do Rio Grande do Sul,
Santa Catarina, Paran, So Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul, Distrito
Federal, Pernambuco e Amap. Encontra-se amplamente difundida pelo Brasil.
Distribuio ecolgica
Ecossistemas naturais (rios) e artificiais (represas, reservatrios e pequenas barragens).
Os biomas afetados so: Campos sulinos, Mata Atlntica, Pantanal, Cerrado e Caatinga.
Impactos ecolgicos
Reduo da diversidade da ictiofauna nativa e da fauna de invertebrados, alterao da
qualidade da gua e at mesmo, transferncia de parasitas para espcies nativas de peixes. A
rusticidade da tilpia, caracterstica que a torna uma excelente espcie para cultivo, permite
sua sobrevivncia em ambientes com elevado grau de eutrofizao. Um estudo recente
mostrou que pode ocorrer acmulo de microcistinas (toxina produzida por cianobactrias)
Ambiente de guas Continentais
563
nos msculos da tilpia, o que poderia causar intoxicao ao homem. Em vrios pases, j foi
detectado o seu estabelecimento com sucesso na natureza, aps sua importao para uso na
piscicultura e escapes posteriores. Frequentemente, a espcie apontada como responsvel
por alteraes na qualidade da gua, na composio do plncton e em alteraes das
condies abiticas, reduzindo a sobrevivncia de espcies nativas de peixes. Alm disto,
podem se alimentar de ovos de espcie nativas.
Impactos scio-econmicos
Apesar desta e outras espcies, onvoras ou herbvoras, serem recomendadas para
realizao de controle biolgico de macrfitas aquticas e diminuio do grau de eutrofizao
de corpos dgua, este tipo de procedimento pode apresentar consequncias problemticas.
Estudos apontam que pode haver uma relao entre a presena da tilpia em reservatrios,
com mudanas na comunidade phytoplanctnica e com processos que aceleram eutrofizao,
comprometendo a qualidade da gua em reservatrios. Assim, um manejo inadequado
poderia resultar em um processo cclico de controle e acelerao da eutrofizao nos corpos
dgua, onerando a manuteno e comprometendo seriamente a vida til de reservatrios.
Anlise de risco
De modo geral, todos os pases que cultivam tilpias, as tm como espcies
exticas ocorrendo no ambiente natural. A espcie muito cultivada em todo o pas. Seu
estabelecimento pode estar associado a grandes alteraes fsico-qumicas nos corpos dgua
e tambm sobre a biota, especialmente, a fauna de invertebrados. Devido capacidade
reprodutiva e ao cuidado parental, ela se constitui um competidor muito eficaz e representa
uma forte ameaa para peixes nativos, o que resulta na reduo da diversidade local. O seu
estabelecimento mais comum em corpos lnticos, mas, tambm ocorre em corpos lticos.
Alm do risco ecolgico associado presena desta espcie, possvel haver tambm riscos
econmicos e sociais (uma vez que sua presena pode acelerar processos de eutrofizao
de reservatrios) e para a sade humana (j que possvel ocorrer acmulo de toxinas em
sua carne, quando esta produzida em sistemas muito eutrofizados). Apesar disso, esta
e outras espcies exticas introduzidas representam ganhos econmicos ligados pesca
amadora e de subsistncia e, por isto, sua disperso pelo pas provavelmente deve continuar
acontecendo. Assim, muito importante estudar os efeitos da introduo desta espcie em
diversos sistemas e realizar aes de conscientizao e educao da populao para um
possvel controle de sua disperso e de seus impactos.
564
565
Situao populacional
Espcie extica detectada em ambiente natural.
Lugar de origem
Amplamente difundida no Norte e Nordeste do Brasil. Ocorre tambm no Peru e
Argentina.
Ecologia
A espcie ocorre em alagados ou plancies de inundao, sendo bem adaptvel a
ambientes com baixa concentrao de oxignio. Apresenta hbito alimentar onvoro,
alimentando-se de pequenos peixes, artrpodes e outros invertebrados e, algumas vezes, de
frutos. T. galeatus apresenta fecundao interna, o que uma estratgia ecolgica eficiente,
pois, diminui o tempo de exposio da prole ao ambiente e a predadores. Logo aps o
nascimento, os alevinos apresentam fototropismo negativo, escondendo-se em rochas ou
galhos, comportamento que tambm diminui a taxa de predao sobre os mesmos. Os
alevinos se alimentam de zooplncton.
Tipo de introduo
No intencional, disperso natural para as plancies de inundao.
Histrico de introduo
Esta espcie faz parte do conjunto de espcies do baixo rio Paran que conseguiu
alcanar o alto rio Paran aps a submerso dos Saltos de Sete Quedas, que separavam
estas regies, aps o enchimento do reservatrio da hidreltrica de Itaipu.
566
Distribuio geogrfica
Ocorre nas regies Norte e Nordeste do Brasil como espcie nativa. Como espcie
extica, foi detectada em Itaip e nas plancies de inundao do rio Paran.
Distribuio ecolgica
Ecossistema natural (rios e plancies de inundao) e artificial (reservatrios). A Mata
Atlntica o bioma afetado.
Impactos ambientais
A introduo desta e outras espcies exticas, na plancie de inundao do rio Paran,
esto causando a diminuio da populao de, pelo menos, duas espcies de peixes nativos:
Serrasalmus maculatus e Prochilodus lineatus. Contudo, no h dados especficos (estudos
cientficos) que possam retratar que a espcie seja responsvel por efeitos negativos sobre
o ambiente invadido ou organismos que nele vivem.
Impactos scio-econmicos
Nenhum descrito.
Anlise de risco
A espcie foi identificada em estudos da plancie de inundao do rio Paran, na regio
de desgue do rio Ivinhema. O aumento populacional desta e outras espcies exticas ao
sistema parece correlacionado com a diminuio de espcies nativas de peixes. Assim,
aparentemente, a introduo da espcie est relacionada substituio da fauna nativa,
fator que pode, inclusive, afetar os estoques pesqueiros e a captura de espcies preferenciais
na regio. Entretanto, concluses mais especficas exigem a continuidade da investigao
sobre os impactos causados pela introduo da espcie.
567
568
Situao populacional
Espcie extica detectada em ambiente natural.
Lugar de origem
Amrica do Sul: bacia do baixo rio Paran.
Ecologia
uma espcie no migradora de hbito bentnico. Apresenta hbito alimentar baseado
em invertebrados bentnicos. Apesar de extica e ter se tornado comum no trecho acima
da barragem de Itaipu, atualmente considerada espcie vulnervel que necessita ateno
especial no mdio rio Paran, na Argentina.
Tipo de introduo
No intencional, disperso natural para as plancies de inundao.
Histrico de introduo
O enchimento do reservatrio da hidreltrica de Itaipu submergiu os Saltos de Sete
Quedas, barreira geogrfica natural que separava duas ecorregies distintas (o alto rio
Paran do baixo rio Paran), consequentemente as duas ecoregies apresentavam ictiofauna
distintas, o que muito comum nas bacias hidrogrficas. A submerso de Sete Quedas
569
Distribuio geogrfica
Como espcie extica, foi detectada nas plancies de inundao do rio Paran.
Distribuio ecolgica
Ecossistema natural (rios e plancies de inundao). O bioma afetado Mata
Atlntica.
Impactos ambientais
Possvel alterao e substituio da ictiofauna nativa. A introduo desta e outras
espcies exticas, na plancie de inundao do rio Paran, podem estar causando a
diminuio das populaes de espcies de peixes nativos. Entretanto, no h para esta
espcie, confirmao cientfica.
Impactos scio-econmicos
No h impactos scio-econmicos descritos.
Anlise de risco
A espcie foi identificada em estudos da plancie de inundao do rio Paran, na regio
de desgue do rio Ivinhema. O aumento populacional desta e de outras espcies exticas
ao sistema, parece correlacionado com a diminuio de espcies nativas de peixes. Assim,
aparentemente, a introduo desta espcie est relacionada substituio da fauna nativa.
Entretanto, concluses mais especficas exigem estudos sobre os impactos causados pela
introduo da espcie.
570
571
Nomes populares
Para T. chuna: colisa chuna, tricogaster-chuna; para T. pectoralis: Guorami de pele de
cobra, tricogaster cobra; para T. trichopterus: tricogaster; para T. leerii: tricolri, tricogaster
lri.
Situao populacional
As espcies T. chuna, T. pectoralis e T. leerii so espcies exticas detectadas em
ambiente natural. T. trichopterus se encontra estabelecida em ambiente natural.
572
Lugar de origem
Para T. chuna: ndia e Bangladesh. Para T. pectoralis: Laos, Tailndia, Cambdia e
Malsia. Para T. trichopterus: Laos, Tailndia, Cambdia e Vietnam. Para T. leerii: Malay,
Tailndia, Sumatra e Borno.
Ecologia
So espcies de gua doce que conseguem sobreviver em guas com pH bsico, entre
6 e 8 e, alm disto, em guas com baixa quantidade de oxignio dissolvido, como em
poas, campos inundados ou lagoas, mas, tambm em rios. Se alimentam de zooplncton,
crustceos e larvas de insetos. Apesar desta diversidade de ambientes, todas tm preferncia
por habitats com presena de vegetao. Possuem cuidado parental aps a fertilizao
externa dos ovos. Os machos constroem ninhos, protegidos com bolhas de saliva, e persistem
protegendo-os.
Tipo de introduo
No intencional, em funo de escapes de sistemas de cultivo ou, ainda, intencional
por aquariofilistas, para futuras capturas.
Histrico de introduo
O primeiro registro deste gnero em ambiente natural no Brasil, ocorreu em um rio
da bacia do Paraba do Sul, na regio de Muria (MG). A espcie foi T. chuna, coletado
em 2002. Apesar de no ter apresentado abundncia muito elevada, quando comparada
a outras espcies exticas coletadas. A regio de entorno de Muria tem se destacado na
produo de peixes ornamentais e apresenta muitas espcies exticas liberadas intencional
e no intencionamente, para o ambiente natural.
Distribuio geogrfica
Bacia do rio Paraba do Sul (MG) e bacia Amaznica (suspeita).
Distribuio ecolgica
Ecossistemas naturais, nos biomas Mata Atlntica e Floresta Amaznica.
Impactos ambientais
No h impactos descritos, mas, possvel que a introduo destas espcies afete
negativamente a biodiversidade nativa.
573
Impactos scio-econmicos
No h informaes disponveis a este respeito.
Anlise de risco
A ocorrncia destas espcies em ambientes naturais est associada soltura intencional
pelos criadores ou aos escapes dos sistemas de cultivo. Desta forma, importante trabalhar
com estes grupos para reduzir a chance de disperso da mema para o ambiente natural.
No h informaes sobre riscos ambientais associados sua presena no Brasil, entretanto,
estes podem existir em funo da competio com espcies nativas de peixes. Na Austrlia T.
tricopterus considerada espcie de extremo risco de invaso. possvel que a erradicao
em ambientes invadidos, especialmente, aps seu estabelecimento seja muito difcil.
574
Reino: Animalia
Phylum: Chordata
Classe: Actinopterygii
Ordem: Characiformes
Famlia: Characidae
Sub-famlia: Bryconinae
Gnero: Triportheus
Espcies: Triportheus angulatus
Nomes populares
Sardinha, arenca, sardinha chata.
Situao populacional
Espcie extica estabelecida em ambiente natural.
Lugar de origem
Bacia do rio Amazonas.
Ecologia
A espcie explora ambientes alagados pelas cheias do rio Amazonas. bastante
resistente, sobrevivendo em ambientes de baixa oxigenao. provvel que esta espcie
persista bem em ambientes de lagos e reservatrios. Apresenta hbito bentopelgico,
alimentando-se de frutos, sementes, insetos e zooplncton e suas atividades so diurnas.
Apresenta uma taxa reprodutiva bastante elevada, podendo duplicar a populao em 15
meses.
575
Tipo de introduo
Provavelmente, intencional, objetivando a pesca.
Histrico de introduo
No h um histrico que descreva a introduo da espcie.
Distribuio geogrfica
A espcie foi introduzida em represas do rio Tiet e Paranapanema. Tambm foi
introduzida em reservatrios do estado de Pernambuco; no lago de Viana, no igarap do
Engenho (MA) e no lago de Furnas (MG).
Distribuio ecolgica
Ecossistemas naturais e artificiais (reservatrios), nos biomas Mata Atlntica e
Caatinga.
Impactos ambientais
No h estudos sobre os impactos dessa espcie nos ambientes onde foi introduzida.
Impactos scio-econmicos
No h informaes disponveis desta natureza.
Anlise de risco
No h conhecimento cientfico sobre as consequncias do seu estabelecimento e da
sua disperso nos ambientes de introduo e, por isto, tambm no possvel prever riscos
sociais e econmicos. Os estudos existentes so sobre a taxonomia, ecologia bsica e dieta
da espcie.
576
LIMA, F. C. T.; MALABARBA, L. R.; BUCKUP, P. A.; PEZZI DA SILVA, J. F.; VARI, R. P. ; HAROLD, A. ; BENINE, R.; OYAKAWA, O. T.; PAVANELLI, C. S.; MENEZES, N. A.; LUCENA, C.
A. S.; MALABARBA, M. C. S. L.; LUCENA, Z. M. S.; REIS, R. E.; LANGEANI, F.; CASSATI,
L.; BERTACO, V. A. Genera Incertae Sedis in Characidae. p. 106-168. In: R. E. REIS; S. O.
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Central America. Porto Alegre: EDIPUCRS, Brasil, 2003.
MALABARBA, M. C. S. L. A revision of the Neotropical genus Triportheus Cope, 1872 (Characiformes, Characidae). Neotropical Ichthyology, 2 (4): 167-204, 2004.
QUEIROZ, M. F. M. Biologia Reprodutiva de Triportheus angulatus (Spix e Agassiz,
1829) (Characiformes: Characidae) do Mdio Rio Araguaia. Universidade Federal de
Mato Grosso Ecologia e Conservao da Biodiversidade. Dissertao de Mestrado, 2005.
61p.
SANTOS, G. B. & FORMAGIO, P. S. Caracterizao da ictiofauna e da pesca artesanal do reservatrio de Furnas. In: Pinto-Coelho, R. M. (Ed). Estudo tcnico-cientfico visando a
delimitao de parques aqucolas nos lagos das usinas hidroeltricas de Furnas e
Trs Marias MG, 2007. 63p.
VIDOTTO, A. P. Estrutura da Comunidade de peixes do reservatrio de nova Avanhandava (baixo rio Tiet, SP), com nfase na dinmica populacional e dietas das
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YAMAMOTO, K. C.; SOARES, M. G. M.; FREITAS, C. E. C. Alimentao de Triportheus angulatus (Spix & Agassiz, 1829) no lago Camaleo, Manaus, AM, Brasil. Acta Amaz., 34(4):
653-659, 2004.
577
Reino: Animalia
Phylum: Chordata
Classe: Actinopterygii
Ordem: Cyprinodontiformes
Famlia: Poeciliidae
Sub-famlia: Poeciliinae
Gnero: Xiphophorus
Espcies: Xiphophorus hellerii Heckel, 1848; Xiphophorus maculatus (Gnther, 1866);
Nomes populares
Respectivamente, para a ordem de citao acima das espcies: espada, plati, pr-dosol.
Situao populacional
X. hellerii e X. maculatus foram encontradas estabelecidas em ambiente natural,
enquanto que X. variatus foi detectada em ambiente natural.
578
variaes na colorao do corpo. Para X. variatus: A colorao pode ser muito variada,
principalmente, por que houve selees de variantes muito distintas para o aquarismo. Talvez
a mais famosa seja a chamada pr-do-sol, que apresenta colorao variando de laranja a
vermelho se assemelhando a um por de sol de inverno (da o nome dado).
Lugar de origem
As trs espcies ocorrem naturalmente na Amrica do Norte. X. hellerii e X. maculatus
tambm ocorrem naturalmente na Amrica Central.
Ecologia
Estas espcies so encontradas em grande diversidade de ambientes, indo de riachos
e rios de elevada correnteza at lagoas. Algumas populaes ocorrem em locais muito
antropizados como em canais e barragens de guas quentes e em locais com movimento
lento da gua. Tm hbito bentopelgico se alimentando de larvas, crustceos, insetos e
material vegetal. Especialmente os indivduos de colorao vermelha so muito populares
no aquarismo, em funo no s de sua cor, mas, tambm, da agressividade normalmente
exibida nos aqurios. A maturidade sexual ocorre entre 3 e 12 meses. A reproduo ocorre
atravs da fecundao interna. Aps 24 a 30 dias de gestao, a fmea libera de 20 a 200
filhotes, que permanecem protegidos em ninhos. So bastante resilientes e possuem taxa
reprodutiva elevada, podendo dobrar o tamanho da populao em at 15 meses.
Tipo de introduo
No intencional a partir de escapes dos tanques de cultivo e soltura intencional por
parte de piscicultores e criadores domsticos.
Histrico de introduo
Independentes da localidade so duas as causas de introduo mais apontadas,
inclusive em nvel global: a soltura intencional por parte de criadores, que planejam soltar
o seu peixe de aqurio e o escape, a partir de tanques de cultivo. No caso do municpio de
Muria e entorno, onde ocorre um plo de piscicultura ornamental, tambm ocorre liberao
intencional de espcimes nos corpos dgua da regio, feita pelos piscicultores.
Distribuio geogrfica
X. hellerii tem ampla distribuio e foi registrada no rio Corumb em Caldas Novas
(GO); no lago Parano, em Braslia (DF); em corpos dgua dos municpios de Miradouro,
Muria, Vieiras e So Francisco do Glria (bacia do Paraba do Sul, MG); no trecho baixo e
mdio do rio So Francisco, no ribeiro Esperana (bacia do Tibagi, PR); no Vale do Ribeira
(SP) e no macio da Pedra Branca e seus arredores (RJ). X. maculatus e X. variatus foram
579
Distribuio ecolgica
Ecossistemas naturais (riachos) e artificiais (reservatrios), nos biomas Mata Atlntica
e Cerrado.
Impactos ambientais
No Brasil no h estudos sobre possveis impactos desta espcie sobre o ambiente
invadido. Fora do Brasil h inmeros estudos associando a presena de X. hellerii alteraes
ambientais e at mesmo reduo de abundncia de invertebrados.
Impactos scio-econmicos
No h informao disponvel.
Anlise de risco
580
581
Estudos de Caso
Influncia da introduo de Oreochromis Niloticus (Hasselquist, 1757), na estrutura de populaes de peixes de um riacho
da bacia do rio Tibagi.
Mrio Lus Orsi1
Armando Csar Rodrigues Casimiro2
Fernando Yuldi Ashikaga2
Gregrio Kurchevski3
Fernanda Simes de Almeida1
Introduo
O livre comrcio global e as facilidades de transporte facilitam a translocao de
organismos de suas regies de ocorrncia natural outras reas, onde sua permanncia
pode se tornar um problema ecolgico e ambiental. Com as exportaes agrcolas, o comrcio
de animais, o controle biolgico, a manipulao de ecossistemas, a recreao e mesmo
introdues no intencionais incrementaram progressivamente o movimento de espcies
que vem alcanando, nveis sem precedentes (Agostinho & Julio Jr, 1996; Moyle & Light,
1996; Orsi & Agostinho, 1999; Mack et al., 2000).
Este fator associado a grandes alteraes de ecossistemas e a consequente reduo
da resistncia ecolgica dos ambientes tem favorecido o sucesso do processo de invaso de
inmeras espcies, nos mais diferentes ecossistemas (Richardson et al., 2000).
Algumas espcies no se estabelecem, isto , falham na invaso, e sua populao pode
extinguir-se, ou ainda permanecer latente (espcies no invasoras), at que ocorra alguma
mudana favorvel nas condies vigentes da rea ou por repetidas introdues (presso de
propgulo), tornando-se abundantes (a maioria das invases bem sucedidas ocorre desta
forma). Como resultado, a espcie invasora modifica caractersticas na nova comunidade,
geralmente associadas excluso de espcies nativas, tanto por competio como por
predao. Este processo traz como consequncia o fenmeno chamado homogeneizao
bitica (Mack et al., 2000).
A homogeneizao bitica resulta diretamente na diminuio da diversidade biolgica
das comunidades, sendo causada por fatores como extirpao, hibridao, tanto intra como
interespecfica (Rahel, 2000; Simberloff, 2003), modificao do habitat e de interaes
ecolgicas que no ocorreriam naturalmente com a mesma velocidade (Rahel, 2000; Latini
e Petrere, 2004).
1 Universidade Estadual de Londrina
2 Ps Graduandos Universidade Estadual Paulista
3 Ps Graduando Instituto Filadlfia
582
583
Material e Mtodos
O seguinte trabalho foi realizado em rea situada entre 230847 e 235546 de
latitude sul e entre 505223 e 511911 a oeste, inserido na poro sul do municpio de
Londrina, estado do Paran. Os dados foram coletados de uma das vertentes da microbacia do Ribeiro do Salto que afluente direto do ribeiro Cafezal, um dos principais
mananciais de Londrina (Figura 1). A rea composta por uma regio com forte ao
antrpica devido expanso urbana e uso pela agricultura e lazer de pesca. O riacho
afluente possui aproximadamente 4,2 km de extenso, mas com cinco reservatrios (para
abastecimento animal e irrigao) artificiais, sendo que em dois deles, aps dois anos de
nossa avaliao (final de 2001) foram soltas O. niloticus (tilpias) pelos proprietrios em
nmero desconhecido, e apenas para lazer de pesca. Dessa forma o estudo procurou avaliar
trs reservatrios de reas aproximadamente equivalentes com e sem a presena de O.
niloticus, denominados, de montante a jusante, de pontos 1, 2 e 3, onde os pontos 1 e 2
contendo a espcie extica introduzida
O estudo foi realizado no perodo total de 1999 at inicio de 2007, sendo efetuadas
apenas duas coletas no perodo de 1999 a 2000 e posteriormente com coletas quadrimestrais,
por meio de redes de arrasto (malha de 5mm), tarrafas e peneiras, com esforo amostral
padronizado em 150 m2 de captura por unidade de esforo, realizados em trs reservatrios,
com aproximadamente 100 metros de distncia entre os dois primeiros e 1000 metros do
ltimo jusante. Ambos os reservatrios com reas aproximadas de 2300 metros quadrados.
As espcies capturadas foram identificadas e ordenadas quanto distribuio e abundncia
em relao ao perodo de estudo. Aplicando-se biometria tradicional e identificao de sexo e
peso dos rgos reprodutores. O material depois foi depositado no laboratrio de zooecologia
do Instituto Filadlfia e Museu de Zoologia da Universidade Estadual de Londrina.
Na avaliao de uma provvel mudana na estrutura da comunidade, o perodo total
de estudo foi dividido em dois, a fase antes da introduo da espcie extica e aps a
introduo, com intuito de facilitar as interpretaes e tornar mais didtica visualizao
dos resultados.
Neste sentido foram aplicados testes de anlise de diversidade biolgica antes e aps
a introduo e o ndice de dominncia, utilizando-se a anlise de dominncia pelo mtodo de
Beaumond (1991 apud Dias, 2003), com o intuito de determinar quais eram as espcies mais
representativas nos reservatrios, sob um ponto de vista ecolgico. Para isso, foi utilizada a
frmula
ID (%):
Sendo: Ni = ao nmero de indivduos amostrados e Pi= ao peso total dos indivduos
amostrados.
Foi tambm aplicado a analise de similaridade entre os trechos nos perodos antes e
aps sobre itens qualitativos da dieta (por frequencia de ocorrncia e percentual de ocorrncia
dos itens utilizados, agrupados em classes de alimento) das principais espcies envolvidas,
conforme preconizado por BENNEMANN et al. (2005).
584
FIGURA 1. Mapa da bacia hidrogrfica do ribeiro Cafezal, com destaque em cinza para a subbacia do ribeiro do Salto e os pontos de coleta na vertente do ribeiro, marcados os pontos 1, 2
e 3 com setas em negrito.
585
Visando dessa maneira comparar a variao da dieta das espcies entre os pontos,
para verificar se houve sobreposio alimentar, aplicou-se o coeficiente de Morisita/Horn
(Zaret & Rand, 1971; Esteves & Galetti, 1995).
O Coeficiente de similaridade (C - sobreposio) pode ter os valores variando entre
0 at 1, no qual os valores tendendo a zero representam dietas bem diferentes, enquanto
espcimes com valores tendendo a 1, apresentam dieta similar. Seguindo os padres
verificados por ESTEVES & GALETTI (op cit.), foram considerados apenas os valores
acima de 0,60 como ocorrncia de uma alta similaridade na dieta alimentar entre espcies
(sobreposio alimentar). A equao usada apresentada como segue:
Onde,
S = nmero total de itens;
Xi = proporo do item i na dieta da espcie no trecho x;
Alm de uma qualificao por visualizao direta de uso do hbitat, entre espcies
nativas e a extica (ocupao de provveis nichos), em que estabelecemos uma pontuao
de 0 a 3 (0 ausente, 1- pouco abundante, 2- abundante e 3 muito abundante) conforme
a abundncia das espcies em cada tipo de ambiente, margem, meia gua e fundo, baseado
no estudo de PILCHER & COPP (1997), em ambos os perodos, correlacionamos tambm os
dados dominncia, para realizar uma verificao de ordenao espacial das espcies, aps
o perodo de introduo nos pontos 1 e 2. Para tal aplicou-se uma anlise de componentes
principais (ACP) como forma de melhor comparar o uso do recurso espao.
Em relao ao esforo reprodutivo das mesmas, foi utilizado do ndice de atividade
reprodutiva IAR (Vazzoler, 1996), comparando-se os perodos antes e aps a introduo
da espcie extica, optou-se tambm por inserir as espcies nativas em um s grupo e
compar-las a espcie extica, objetivando verificar se houve efeito nas nativas sobre essa
estratgia de vida.
No intuito de avaliar se ocorreram mudanas limnolgicas antes e aps a introduo
da espcie extica nos dois reservatrios e comparar com aquele sem a espcie, realizou-se
medies, como as condies de transparncia da gua utilizando disco de Secchi e turbidez
com auxlio de turbidmetro digital, alm de pH e oxignio dissolvido, com auxlio de aparelho
de anlise multiparmetro e, alm de anlise visual do estado ambiental da poro marginal
litornea dos reservatrios.
586
Resultados
No total de capturas foram obtidas 19 espcies de quatro ordens para os trs
reservatrios como um todo, sendo 18 espcies nativas e apenas uma introduzida (O. niloticus),
totalizando 3016 indivduos analisados . Todas ocorreram em ambos os reservatrios, porm
com pequenas diferenas de abundncia entre eles na fase anterior a introduo. Porem na
fase aps a introduo as diferenas tornaram-se marcantes e evidentes, nos reservatrios
1 e 2, com a presena da espcie extica e apenas o reservatrio 3 manteve as mesmas
propores de abundncia, como pode ser evidenciado na Tabela 1.
Espcies como Corydoras aeneus (Gill, 1858), Odontostilbe stenodon, Microlepidogaster
sp. e Trichomycterus sp. foram raras naturalmente nas amostragens, porm no ocorreram
mais nas amostragens seguintes.
Tabela I Relao das espcies amostradas e locais de captura, com as abundancias
relativas demonstradas antes e aps a introduo de Orechormis niloticus.
Ordens e espcies
Characiformes
23
19
27
29
76
59
43
55
38
24
29
31
12
21
39
20
34
58
37
29
36
12
14
14
19
121
79
84
12
61
14
16
11
21
84
102
123
107
11
18
29
16
Microlepidogaster sp.
11
13
14
Trichomycterus sp.
12
22
18
12
28
33
26
442
509
Siluriformes
Gymnotiformes
Gyminotus sylvius Albert & Fernandes Matioli
1999
Perciformes
587
N de indivduos
analisados
N de exemplares
com contedo
Frequncia relativa
com contedo (%)
Ponto 1
349
299
85,7
Ponto 2
544
486
89,4
Ponto 3
527
478
90,7
588
O. niloticus
G. brasiliensis
G. sylvius
Trichomycterus sp.
R. quelen
P. meeki
I. schubarti
C. aeneus
S. notomelas
O. paranense
O. stenodon
H. anisitsi
H. malabaricus
P. argentea
B. iheringii
O. niloticus
G. brasiliensis
G. sylvius
Trichomycterus sp.
R. quelen
P. meeki
Microlepidogaster sp.
espcies
Microlepidogaster sp.
I. schubarti
C. aeneus
S. notomelas
O. paranense
O. stenodon
H. anisitsi
H. malabaricus
P. argentea
A. altiparanae
A. paranae
A. piracicabae
B. iheringii
A. altiparanae
A. paranae
A. piracicabae
ndice de dominncia
ndice de dominncia
Antes
100
90
80
70
60
50
ponto 1
ponto 2
ponto 3
40
30
20
10
Aps
100
90
80
70
60
50
40
ponto 1
ponto 2
ponto 3
30
20
10
espcies
FIGURA 2. ndice de dominncia para os 3 pontos (1,2 e 3) antes (A) e aps (B) a introduo
de espcie extica.
589
590
1,00
0,90
0,80
0,70
0,60
O. niloticus
nativas
0,50
0,40
0,30
0,20
0,10
0,00
Antes P1
Antes P2
Antes P3
Aps P1
Aps P2
Aps P3
Figura 3. Variao no perodo temporal espacial do coeficiente de similaridade alimentar (Morisita) agrupando as espcies nativas (cinza) e relacionando com a espcie extica O. niloticus
(preto), nos trs pontos (P1, P2 e P3), durante o perodo de estudo antes e aps a introduo.
Valores acima de 0,60 foram considerados como sobreposio alimentar.
591
Utilizando-se a ACP para a ordenao das espcies, foram observados trs grupos
distintos no que concerne s caractersticas de ocupao do espao, como pode ser visualizado
na figura 4.
Figura 4. Ordenao das principais espcies de peixes dos pontos de estudo pela anlise de
componentes principais (ACP), com base em variveis obtidas da abundancia e dominncia por
ponto. Os escores 1 e 2 somaram 99,3 % de explicao da ordenao, com a indicao das reas
preferenciais em azul.
592
O. niloticus aps o primeiro ano de introduo j apresentou atividade intensa e logo aps
atingindo a categoria de muito intensa, onde foram observadas fmeas maduras em todas
as coletas do ano.
As variveis ambientais no perodo antes da introduo apresentaram mnima variao
nos valores mdios e devem estar relacionadas as mudanas climticas padro das estaes.
J quanto ao perodo aps a introduo, valores de transparncia da gua foram reduzidos
nos pontos 1 e 2 e consequentemente os de turbidez foram elevados em at cinco vezes,
onde cabe destacar os de oxignio dissolvido tambm, pois ficaram bem reduzidos, como
pode ser observado na Tabela V.
Apesar de serem medidas pontuais por coleta, as variaes do perodo aps a introduo
nos pontos 1 e 2 se mantiveram at o final dos estudos. E as condies ambientais vigentes
ao redor da rea geral de estudo foram as mesmas do ponto 3, no indicando alteraes
antrpicas nesse sentido, que possam ter alterado as variveis avaliadas. Dessa forma as
variaes observadas podem ter sido geradas de maneira autctone, ou seja, de dentro dos
sistemas.
Discusso
Dentre os processos que atingem a fauna aqutica negativamente em rios continuos,
est a fragmentao de habitats, com a formao de reservatrios, como o caso dos
pequenos reservatrios estudados nesse trabalho. A descaracterizao de hbitats fluviais
preexistentes e as conseqentes alteraes da sua composio fsica, qumica e biolgica so
caractersticas da formao desses sistemas (Agostinho et al. 2007).
ESPNDOLA et al. (2003), observam que alm da destruio de habitats, as invases
biolgicas tm sido consideradas uma ameaa constante biodiversidade e freqentemente
so seguidas de extino total ou parcial de espcies nativas. Algumas das extines esto
diretamente relacionadas introduo de espcies aliengenas, enquanto outras decorrem
de efeitos combinados, configurando situaes mais complexas.
Conforme observou SUZUKI (1999) em seu trabalho na bacia do rio Iguau, os novos
hbitats formados pelos reservatrios, como o pelgico, para os quais as espcies locais no
apresentam pr-adaptaes, tornam-se expressivos. De forma geral, os ambientes que se
formam aps a construo de barragens so naturalmente ocupados pela ictiofauna original,
mas esta depende da sua capacidade de ajuste s novas condies ambientais. Redues
populacionais e at mesmo extines so comuns nesses ambientes artificiais, principalmente
nas espcies com estratgias reprodutivas e alimentares especializadas (Lowe-McConnell,
1999). J a persistncia e a proliferao de outras espcies, nesses ambientes, podem estar
relacionadas com a sua valncia ecolgica em aplicar o potencial reprodutivo e com a sua
capacidade de explorar, de forma eficiente, o novo nicho ocupado (Orsi et al. 2002; Veregue
& Orsi, 2003; Ricklefs, 2004).
No caso foco desse estudo, as espcies presentes na fase antes da introduo
apresentavam indicativos de j estarem ajustadas ao ambiente vigente desses pequenos
reservatrios, principalmente as espcies de lambaris, como as do gnero Astyanax,
Hyphessobrycon e Piabina, e que geralmente so consideradas como bioindicadoras ambientais
Ambiente de guas Continentais
593
594
O tamanho do invasor ainda outro fator a ser considerado (Nystrom, 2002), como
uma vantagem adaptativa das invasoras na competio com nativas, haja vista, que as
tilpias atingem tamanho maiores que a maioria das espcies nativas ali encontradas, com
exceo de H. malabaricus, o principal predador do ribeiro, mas que os resultados mostram
que no foi eficaz no controle da extica.
HERDER & FREYHOF (2006), observaram que mecanismos de excluso competitiva e
mudanas na diversidade local de espcies coexistentes so comuns em pequenos mananciais,
mas a incluso de novas espcies menos especializadas podem provocar alteraes drsticas
nessas comunidades e que tais situaes devem ser melhor investigadas, pois podem at
ocasionar extines locais.
Nesse sentido foi possvel observar que O. niloticus realmente compete com as espcies
nativas por recursos, tanto alimentares como por espao, e de forma eficaz, a despeito do
que diversas organizaes criadoras da espcie preconizam, colocando a espcie como pouco
competidora e que no causa impactos onde introduzida. Os resultados nos possibilitaram
observar a ocorrncia de uma intensa competio com as nativas e ainda sobre recursos
diversos, o que amplia a capacidade de possvel excluso competitiva com as nativas, mais
especializadas e coexistentes, frente a capacidade competitiva da extica.
Outro efeito possvel da introduo de tilpia e que contribuiu para excluso de
espcies nativas nesse sistema, foi a sua superior capacidade de utilizar plncton na dieta e
comportamento de revolver o substrato e assim, alterar toda a comunidade planctnica do
local, principalmente eliminando grande parte dos zooplanctons e dessa forma, ocasionando
um efeito de cascata trfica, onde como efeito direto percebemos a mudana na transparncia
da gua e o acumulo de algas, principalmente as de menor tamanho. Nossas constataes
corroboram aos estudos de FIGUEIREDO & GIANI (2005) que observaram impactos severos
da introduo de O. niloticus em Furnas, principalmente nas baas litorneas do reservatrio,
onde provocaram eutrofizao e deslocamento das espcies nativas, o mesmo tambm
observado por ATTAYDE et al. (2007) em audes do nordeste.
Ao consumir fitoplncton, zooplncton e detritos em suspenso, a tilpia do Nilo pode
reduzir a bio
massa de zooplncton tanto diretamente pelo consu
mo desses organismos
como indiretamente pelo con
sumo dos seus principais recursos alimentares (Diana et al
1991; Figueredo & Giani, 2005).
O zooplncton a base de sustentao de grande parte das espcies nativas,
especialmente dos microcrust
ceos, como principal recurso alimentar na fase jovem, a
tilpia do Nilo pode prejudicar o recrutamento das outras espcies de peixe, atravs da
competio por zooplncton com os alevinos dessas espcies. Por ser uma espcie muito
prolfica, com tendncia a formar densas populaes, a tilpia do Nilo pode competir no
s por alimento, mas tambm por espao com outras espcies (Lowe-McConnel, 2000), o
que objetivamente observamos no estudo. A mesma autora destacou tambm que alm da
competio por recursos e locais de desova, a tilpia do Nilo pode afetar outras espcies atra
vs de modificaes na qualidade do habitat. O hbito desta espcie de revolver e suspender
o sedimento para a construo de ninhos (Lowe-McConnell, 2000) deve alterar a turbidez da
gua e consequentemente a transparncia da gua.
595
A tilpia do Nilo uma espcie agressiva com forte comportamento territorial (LoweMcConnel, 2000) ocupando diversos micro-habitats, como as margens. Portanto, a forte
territorialidade da tilpia do Nilo associada a sua preferncia por habitats litorneos deve
prejudicar a desova de outras espcies de peixe, contribuindo para a reduo de suas
populaes. Este fato, provavelmente, decorrente tambm da depleo dos recursos
alimentares para as espcies nativas, que acabam por perder importante fonte energtica e
desse modo, no direcion-la aos produtos reprodutivos (Orsi, 2005). Uma forte evidncia
disso foi a ocupao da tilpia em diversas partes da margem e meia gua dos reservatrios
e com mais incidncia nos meses de desova da maioria das espcies nativas.
A continuidade desse processo de competio por recursos, diminuio da desova
efetiva e alterao da comunidade aqutica e de fatores abiticos como a transparncia da
gua e oxignio disponvel nesses reservatrios estudados, podero certamente modificar
totalmente a fauna e flora desses sistemas, como j observado pelos autores supra citados
e, excluir definitivamente as populaes nativas.
Cosideraes Finais
Devido a sua enorme capacidade de suportar as variaes do ambiente onde introduzida
e sua facilidade de cultivo, a tilpia do Nilo tm sido, h vrios anos, o modelo zootcnico
da piscicultura nacional e tem sido a espcie preferida para estocagem nos reservatrios do
Brasil, na modalidade de tanques-rede. No entanto, as mesmas caractersticas que a tornam
uma espcie atrativa para a aquicultura a tornam uma espcie invasora bem sucedida, com
grande potencial de alterar os ambientes aquticos onde introduzida.
Portanto, os riscos scio-ambientais associados s introdues de tilpias devem ser
rigorosamente avaliados e pesados contra os possveis benefcios scio-econmicos dessas
introdues.
Os rgos de fomento atividade de produo aqucola no Brasil, devem priorizar
a pesquisa e desenvolvimento de pacotes de produo com espcies nativas, diminuindo
assim os riscos com as exticas e o meio ambiente e, dessa forma, possibilitando ganhos
reais a toda sociedade e ao meio ambiente.
Agradecimentos
Gostaramos de agradecer a todos os alunos de Cincias Biolgicas da UNIFIL que
de forma direta e indireta colaboraram com esse estudo e particularmente a Joo Antonio
Cyrino Zequi, coordenador do curso que tanto nos ajudou. Somos gratos tambm aos
tcnicos Edson Santana da Silva e Aparecido de Souza e a Doutora Sirlei Bennemann da
Universidade Estadual de Londrina pelo auxlio em diversas coletas e pela contribuio no
desenvolvimento do trabalho.
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598
599
RESUMO
No intervalo de 2001 a 2006, realizou-se um estudo no polo de piscicultura ornamental
de Muria, bacia do rio Paraba do Sul, estado de Minas Gerais para verificar quais famlias/
espcies de peixes de aqurio so cultivadas e quais esto introduzidas (isto , presentes em
ambiente natural). So cultivadas por mais de 350 piscicultores, 70 espcies, pertencentes a
15 famlias, em 4.500 tanques de terra e alvenaria, distribudos em 13 municpios e dois distritos. A maioria dos tanques no possuem telas protetoras nas sadas dos efluentes, possibilitando assim, a fuga dos espcimes para os corpos dgua naturais. Os registros mostram
que as famlias mais cultivadas no polo so Cichlidae, Cyprinidae, Characidae, Poeciliidae,
Osphronemidae e, a Correlao de Spearman revelou que famlias com maior nmero de
espcies cultivadas, tambm apresentam um maior nmero de representantes introduzidos
em ambiente natural. Algumas medidas conservacionistas devem ser adotadas, como equipamentos para baixar o nvel de gua dos tanques; sada dos tanques devem conter telas
e filtros que impeam a fuga de peixes; promover esclarecimentos do tema espcie nonativa para as pessoas que trabalham nas pisciculturas ornamentais; cumprimento da Lei
Ambiental 6.938, a qual se remete ao princpio do poluidor-pagador, quando visa obrigar
os responsveis pelas pisciculturas, adotarem medidas de segurana para evitar a degradao ambiental em funoda introduo de peixes ornamentais no-nativos em corpos dgua
naturais, na regio.
Palavras-chave: Piscicultura ornamental, rio Paraba do Sul, Minas Gerais, espcie
no-nativa, peixes ornamentais no-nativos
600
601
2007; Falleiros et al., 2008; Magalhes & Jacobi, 2008; Brando et al., 2009; Jlio Jr. et al.,
2009; Magalhes et al., 2009; Vieira et al., 2009; Oliveira et al., 2009; Neto, 2010). Estas
introdues ocorreram basicamente nas regies nordeste, sudeste e sul do pas e, segundo
os autores citados anteriormente, vrias destas espcies esto estabelecidas atravs da
reproduo natural e, na maioria dos casos, sem anlise dos impactos ecolgicos e scio-econmicos causados por estes peixes.
Dos 26 estados do Brasil, Minas Gerais possui uma ictiofauna nativa com cerca de 354
espcies distribudas em 17 bacias hidrogrficas, o que representa 11,80% do total encontrado no pas (cerca de 3.000) (MacAllister et al., 1997). Em relao regio neotropical
com 4.475 espcies de peixes de gua doce, esse percentual seria de 7,91%, conforme informaes mais recentes (Reis et al., 2003). Apesar de o estado ter um nmero elevado de
espcies nativas, esta ictiofauna est ameaada, pois Minas Gerais o principal local de introdues no Brasil/Amrica do Sul, com 79 espcies de peixes no-nativos, sendo 58 ornamentais (Magalhes & Jacobi, 2008; Neto, 2010; Magalhes, 2010). Do ponto de vista ecolgico, problemas atribudos a peixes no-nativos como predao de espcies autctones,
mudana na estrutura de comunidades nativas e disseminao de parasitas, so comuns nas
bacias de Minas Gerais, entretanto, este assunto no foi at agora suficientemente discutido e considerado. Sabe-se que a bacia mais contaminada a do rio Paraba do Sul com 57
espcies, seguida pelas dos rios Doce (n=30); Alto Paran (n=20); So Francisco (n=16);
Mucuri (n=12) e Jequitinhonha (n=10) (Alves et al., 2007; Magalhes & Jacobi, 2008; Neto,
2010; Magalhes, 2010). O alto nvel de introdues na drenagem do rio Paraba do Sul, em
Minas Gerais, se deve ao polo de piscicultura ornamental de Muria, considerado o maior do
Brasil (Magalhes, 2007b).
Todavia, apesar destas invases ocorrerem, estudos sobre as fontes de introdues
so raros no Brasil e Amrica do Sul. Neste trabalho, foi analisado uma sntese de dados
relacionados ao cultivo e introdues de espcies no-nativas de peixes no mais importante
polo de piscicultura ornamental do pas localizado na regio de Muria, Zona da Mata do estado de Minas Gerais, bacia do rio Paraba do Sul, sudeste do Brasil.
602
A maioria dos tanques no possui telas protetoras nas sadas dos canos efluentes,
alm do manejo incorreto para se evitar a fuga dos espcimes para os corpos dgua da
regio (Magalhes, observao pessoal) (Figura 2).
So cultivadas 70 espcies de inmeras variedades pertencentes a 15 famlias (Magalhes, observao pessoal) como o japons Carassius auratus (variedades calico; oranda,
red cap, telescpio); carpa-Nishikigoi Cyprinus carpio (mais de 15 variedades como ogon,
platinum), guppy Poecilia reticulata, espadinha Xiphophorus hellerii (variedades domin,
lira, marigold, negra, sangue, tuxedo, wagtail); peixe-de-briga Betta splendens; colisa Colisa lalia (variedades comum, sangue), acar-disco Symphysodon aequifasciata (mais de 20
variedades como pigeon, red marlboro, blue diamond); ramirezi Mikrogeophagus ramirezi
(variedades comum, ouro); mato-grosso Hyphessobrycon eques; tetra-preto Gymnocorymbus ternetzi (Figura 3), em espaos que variam desde pequenas estufas domiciliares de 4 m2
(Peixenobre, 2000), a pisciculturas com 70 hectares de espelho dgua (Rasguido & Albanez,
2000).
603
604
H tambm o cultivo em menor escala (separadamente ou associado com peixes ornamentais) de plantas aquticas ornamentais como a amblia-an Limnophila sessiliflora;
eldea Egeria densa; cabomba Cabomba caroliniana; valisnria Valisneria spiralis; aguap
Eichornia crassipes; alface-dgua Pistia stratiotes; invertebrados como caranguejo chamamar Uca rapax; camaro-fantasma Macrobrachium sp.; ampulria-dourada Pomacea spp.
e anfbios como r-touro Lithobates catesbeianus e r-albina Xenopus leavis (Magalhes,
2007b; Magalhes & Jacobi, 2008) (Figura 4).
A regio est inserida nos domnios da Mata Atlntica (Drummond et al., 2005), o
clima quente, e a temperatura oscila entre 21,4 e 35,0 oC. Entre os meses de dezembro
a maro, a temperatura mxima absoluta ultrapassa 40,0 oC (INPE, 2006). Na maior parte do ano, a temperatura da gua fica acima de 18,0 oC, ultrapassando 31,0 oC no vero,
caractersticas que representam bom potencial de invaso (invasibilidade) para as espcies
ornamentais no-nativas (Magalhes et al., 2002).
Ambiente de guas Continentais
605
606
Figura 5. Peixes ornamentais no-nativos coletados nos corpos dgua do polo de piscicultura ornamental de Muria. A) barbo Puntius arulius no municpio de Miradouro, B) neon-negro
Hyphessobrycon herbertaxelrodi no municpio de Muria, C) kribensis Pelvicachromis pulcher no
municpio de Vieiras, D) plati-variado Xiphophorus variatus no municpio de So Francisco do Glria. Barra = 2,5 cm. Fotos: Andr L. B. Magalhes.
607
Cypriniformes
Cyprinidae
Carassius auratus (Linnaeus, 1758)
Danio sp.
sia (Miradouro) *
sia (Miradouro) *
sia (Miradouro) *
sia (Miradouro) *
Cobitidae
Misgurnus aguillicaudatus (Cantor, 1842)
CHARACIFORMES
Hemiodontidae
Hemiodopsis gracilis Gnther 1864
Lebiasinidae
Pyrrhulina brevis Steindachner 1876
Characidae
608
Ordem/Famlia/Espcie/Autor/Ano
SILURIFORMES
Ariidae
Ariopsis seemanni (Gnther 1864)
Heptapteridae
Rhamdioglanis transfasciatus Miranda Ribeiro,
1908
Callichthyidae
Callichthys callichthys (Linnaeus, 1758)
Loricariidae
Ancistrus multispinis (Regan, 1912)
Melanotaeniidae
Melanotaenia praecox (Weber & de Beaufort
1922)
sia (Muria)
CYPRINODONTIFORMES
Poeciliidae
Poecilia reticulata (Peters, 1877)
PERCIFORMES
Polycentridae
609
Ordem/Famlia/Espcie/Autor/Ano
Cichlidae
Laetacara curviceps (Ahl, 1923)
frica (Vieiras) *
frica (Vieiras) *
Osphronemidae
Betta splendens Regan 1910
sia (Eugenpolis) *
sia (Muria) *
Trichogaster leerii
sia (Muria)
(Bleeker 1852)
sia (Miradouro) *
Helostomatidae
Helostoma temminkii Cuvier, 1829
610
sia (Vieiras) *
Spearman
Significncia (p)
n=8
n=8
0,95
0,00 *
611
aprecidado pelos aquaristas de Belo Horizonte) e baixo valor de mercado (Poecilia spp., Xiphophorus spp., devido ao pequeno tamanho comercial, fmeas de barbo-conchnio Puntius
conhonius menos coloridas que os machos) (Figura 6), 2) fugas dos tanques devido falta
de cuidado no manejo, 3) transbordamento dos tanques no perodo chuvoso (dezembro a
maro), e 4) ausncia de esclarecimentos sobre a questo das liberaes/descartes/fugas
das espcies no-nativas, pois a maioria das pessoas que trabalham no polo de piscicultura
ornamental, no tem conscincia do problema das invases. Elas sabem das solturas e fugas, mas pelo desconhecimento do assunto que restrito praticamente ao meio cientfico/
acadmico, no percebem o perigo ambiental que estes eventos podem causar.
Figura 6. Exemplares de poecildeos ornamentais Poecilia spp., Xiphophorus spp. com tamanhos
abaixo do valor de mercado e separados para serem descartados nos corpos dgua do municpio
de Vieiras (A, B, C, D). Barra = 2,5 cm. Fotos: Andr L. B. Magalhes.
612
613
Queremos deixar claro aqui que a inteno dessas medidas sugeridas obviamente
no prejudicar as atividades deste centro de piscicultura pois sabemos de sua inegvel
importncia econmica para Minas Gerais, Brasil e mundo, mas enquanto no houver providncias, as fugas das espcies no-nativas nos 4.500 tanques continuaro, proporcionando
uma baixa resilincia dos corpos dgua por toda a rea de abrangncia do polo, alm do
empobrecimento da diversidade local provocada pelo fenmeno da homogenizao (introduo de mesmas espcies no-nativas em corpos dgua diferentes), diferenciao biticas
(introduo de espcies no-nativas diferentes em corpos dgua diferentes) (Olden, 2008) e
assim, ameaando permanentemente as espcies nativas de plantas, invertebrados, peixes
e anfbios da regio.
Agradecimentos
US Fish and Wildlife Service pelo apoio financeiro, aos Profs. Roberto Esser dos
Reis (Museu de Cincias & Tecnologia da Pontifcia Universidade Catlica do Rio Grande do
Sul) e Mauro Lus Triques (Coleo Ictiolgica do Departamento de Zoologia da Universidade Federal de Minas Gerais) pela identificao e tombamento dos peixes. Aos piscicultores
Jorge Clementino de Farias e Deleon Farias pela ajuda nos trabalhos de campo e a todos os
piscicultures do polo de piscicultura ornamental de Muria por permitirem o acesso suas
propriedades.
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618
Introduo
Ecossistemas lmnicos esto sofrendo rpidas e drsticas alteraes em funo de
atividades humanas (Allan & Flecker, 1993; Magurran, 2009). Considerada a segunda maior
causa de perda de diversidade, a introduo de espcies exticas trs consequncias inesperadas aos ambientes naturais (Moyle & Light, 1996). Efeitos deletrios dessa introduo
so observados principalmente quando espcies predadoras (topo de cadeias trficas) so
introduzidas (Rodrguez, 2001; Junk et al., 2006; Vitule et al., 2006). Em consequncia ao
declnio das espcies nativas e a introduo de espcies exticas observado o fenmeno
da homogeneizao bitica (McKinney & Lockwood, 1999). Esse fenmeno ocorre devido a
reduo da diversidade , pela reduo de endemismos locais, e disseminao de poucas
espcies exticas oportunistas e bastante tolerantes (Olden, 2006; Olden et al., 2010).
A forma com a qual as espcies exticas alcanam o ambiente natural e suas distribuies naturais podem fornecer informaes gerais demonstrando o potencial de risco de
invaso e impacto que essas espcies apresentam (Moyle & Light, 1996). O uso de uma
espcie, com sua soltura no ambiente natural, certamente aumenta as chances de seu estabelecimento. Da mesma forma, possuindo o ambiente invadido caractersticas ambientais
prximas s do local da espcie invasora, a possibilidade da espcie extica se integrar ao
novo ambiente aumenta.
O Distrito Federal (DF), localizado no Brasil central, apresentou nos ltimos anos um
expressivo aumento populacional e consequente interferncia nos ambientes naturais (Bastos, 1980; Pinto, 1993; Boaventura & Freitas, 2006; Costa et al., 2009). Os primeiros relatos
de introduo de espcies exticas de peixes no DF remetem-se construo de Braslia,
ento capital do Brasil, com o barramento do rio Parano e formao do reservatrio do lago
Parano (Bastos, 1980; Ribeiro et al., 2001). Entretanto, poucos estudos buscaram inventariar e mapear as espcies exticas em riachos no DF e os motivos de sua introduo (ver
Bastos, 1980). Buscando a conservao da biodiversidade, onde aes conservacionistas
necessitam de informaes bsicas da biologia e ecologia das espcies (Angermeier, 2010),
o presente estudo de caso elenca informaes quanto aos aspectos relacionados ocorrncia de espcies exticas de peixes (i.e., distribuio natural e uso da espcie) em riachos no
Distrito Federal.
Espcies exticas
De 101 trechos de riachos amostrados no Distrito Federal, 33 apresentaram espcies
de peixes no nativas (Figura 1). A Tabela 1 lista as seis espcies encontradas, o qual distribuem-se em trs ordens e trs famlias.
A famlia Characidae apresenta a maior diversidade de espcies na ordem Characiformes. Muitas dessas espcies, por exemplo lambaris, piabas e tetras, apresentam pequeno
porte e so bastante abundantes em riachos (Buckup, 1999; Menezes et al., 2007). O cara1 Departamento de Zoologia, Instituto de Cincias Biolgicas, Universidade de Braslia (UnB). Compus Darcy
Ribeiro, CEP 70910-900, Braslia, DF, Brasil
619
Figura. 1. Mapa com os locais de ocorrncia de espcies de peixes exticos em riachos do Distrito
Federal (DF), Brasil Ccentral.
620
cdeo Hyphessobrycon eques, espcie nativa das bacias do Amazonas e Paraguai (Buckup et
al., 2007), por ser bastante popular entre os aquariofilistas (Froese & Pauly, 2011), pode ter
sua ocorrncia em riachos do DF relacionada solturas intencionais. A perda de interesse em
criar animais em cativeiro faz com que seus donos soltem os indivduos exticos em ecossistemas naturais acreditando estar fazendo um bem ao animal e se eximindo da culpa em no
mais cri-lo. Entretanto, as consequncias, no apenas para esses indivduos introduzidos
mas tambm ao ecossistema como um todo, mostram-se bastante inesperadas e difceis de
serem mensuradas (Moyle & Light, 1996; Magurran, 2009).
Tabela 1. Lista de peixes exticos em riachos do Distrito Federal, Brasil central. So apresentados os nomes populares, causas pelas quais as espcies podem ter sido introduzidas
e os lotes testemunhos de cada espcie (voucher) tombados na Coleo Ictiolgica da Universidade de Braslia (CIUnB).
Txan
Nome popular
Causa
Voucher
Mato-grosso
Aquarismo
CIUnB 419
Piaba
Reservatrio
de Itaipu
CIUnB 4
Guppy, Lebiste
Aquarismo
CIUnB 97
Espadinha
Aquarismo
CIUnB 353
Tilpia do Nilo
Aquicultura
CIUnB 505
Tilpia
Aquicultura
CIUnB 360
Ordem Characiformes
Famlia Characidae
Ordem Cyprinodontiformes
Famlia Poeciliidae
Ordem Perciformes
Famlia Cichlidae
621
alcance dessa espcie s nascentes no Distrito Federal. K. moenkhausii, por ser uma espcie
onvora oportunista, consegue utilizar os recursos disponveis e se estabelecer em diversos
ambientes (Casatti et al., 2006; Ceneviva-Bastos & Casatti, 2007; Schneider et al., 2011).
Algumas espcies de Cyprinodontifirmes tm sido utilizadas como indicadoras de qualidade ambiental, com sua ocorrncia em ambientes no nativos relacionada locais alterados (Karr, 1981; Arajo, 1998). A presena de espcies da famlia Poeciliidae (i.e., riqueza
e abundncia de espcies) tambm utilizada em ndices de Integridade Bitica (Kennard
et al., 2005). Estudos em ambientes impactados da bacia do Alto Paran tm mostrado que
Poecilia reticulata Peters, 1859, espcie pertencente famlia Poeciliidae, a mais comum
(Casatti & Castro, 2006; Casatti et al., 2006). Sua distribuio natural era restrita apenas
ao norte da Amrica do Sul e Amrica Central. No se sabe ao certo o histrico de introduo dessa espcie; no entanto, acredita-se que tenha sido introduzida por aquariofilistas
(Bastos, 1980) ou ainda, que sua ampla distribuio em diversas bacias do mundo seja
decorrente do seu uso para controle sanitrio de mosquitos transmissores de doenas, visto
que estes peixes se alimentam das larvas de insetos vetores. Essa espcie extica invasora
se alimenta de qualquer recurso disponvel (onvoras), aproveitando o enriquecimento orgnico da gua (oriundo do lanamento de esgoto, por exemplo) e, ainda, possui fecundao
interna permitindo, assim, maiores chances de sobrevivncia aos alevinos. Esses indivduos
podem permanecer nos cursos dgua muito tempo, mesmo depois que todas as demais
espcies desaparecem.
Da mesma forma, Xiphophorus hellerii Heckel, 1848, espcie tambm pertencente
famlia Poeciliidae e nativa da Amrica do Norte e Central, tem sua ocorrncia relacionada
solturas por aquariofilistas. Ambientes aquticos que apresentam fcil acesso humano (e.g.,
parques urbanos), podem apresentar um grande nmero de espcies ornamentais (Figura
2).
Espcies da famlia Cichlidae (ordem Perciformes) geralmente apresentam hbito
diurno e ocorrem preferencialmente em locais lnticos. Os cicldeos Oreochromis niloticus
(Linnaeus, 1758) e Tilapia rendalli (Boulenger, 1897), ambas nativas de bacias africanas,
so mundialmente utilizadas na aquicultura (Froese & Pauly, 2011). O desenvolvimento de
tecnologias facilitando a manuteno em tanques para aquicultura (locais de gua parada
similar ao hbitat natural dessas espcies) permitiu que fossem mundialmente utilizadas
para o consumo humano. No entanto, sua introduo em ambientes naturais trs drsticas
alteraes em populaes de espcies nativas devido a competio por recursos e intercruzamento com a formao de hbridos (Ahmad et al., 2010; Njiru et al., 2010). A ocorrncia
dessas tilpias em crregos do Distrito Federal podem estar relacionadas a fugas ocorridas
em tanques de criao e/ou solturas intencionais realizadas no Lago Parano com a a inteno de povoar esse ambiente artificial (Ribeiro et al., 2001). Apesar de seus ambientes
naturais serem caractersticos de guas paradas (lnticos), essas espcies conseguem permanecer em ambientes lticos em trechos que formam remansos.
A maioria dos ambientes que essas espcies exticas ocorrem est inserido em locais
com forte ocupao humana (Figura 1). A retirada da vegetao ripria e emisso de efluentes esto entre as atividades humanas que causam maiores alteraes aos riachos do Distrito Federal. Essas alteraes levam a reduo do nmero de espcies nativas e permite que
622
Figura 2. Cardume de Xiphophorus hellerii em riacho de um parque urbano em Braslia, DF, Brasil. (Foto: Pedro de Podest Ucha de Aquino)
623
Concluso
As espcies da famlia Characidae (ordem Characiformes), que possuem hbitat natural similar aos ambientes lticos encontrados no DF, apresentam registro recente no sendo
possvel saber se essas populaes encontram-se estabelecidas. J as espcies de Poeciliidae
(ordem Cyprinodontiformes) aparentemente se estabelecem quando as caractersticas dos
riachos encontram-se bastante alteradas. Essas espcies de pequeno porte so presas fceis
para espcies nativas, que, ao se extinguirem localmente, deixam de predar esses indivduos
exticos. As espcies de Cichlidae (ordem Perciformes), que apresentam maiores riscos para
as espcies nativas de peixes por serem predadoras (Rodrguez, 2001; Junk et al., 2006;
Vitule et al., 2006), parecem ter ocorrncia incidental para os riachos do DF, uma vez que
ocorrem preferencialmente em locais lnticos (guas paradas).
A realidade Neotropical (i.e., grande riqueza de espcies e ambientes) (Abell et al.,
2008; Albert et al., 2011) para a formulao de padres gerais e sntese do conhecimento
para o entendimento da bioinvaso e sua gesto, requer ainda esforos em estudos de caso
individuais. Buscando preservar as espcies nativas de peixes de riachos no DF, aes de
manejo devem agir principalmente na manuteno dos ambientes e no permitir que espcies exticas alcancem os ecossistemas lmnicos naturais. Essa listagem preliminar pode
sofrer alteraes em funo de novos estudos nos mais diversos ambientes lticos do DF e
sobre diferentes situaes de uso humano. Entretanto, esses dados podem subsidiar medidas conservacionistas permitindo efetivas aes mitigadoras frente s invases biolgicas.
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626
627
Captulo 10
Anfbios e Rpteis
629
Anfbios Exticos
A fauna de anfbios no Brasil possui
836 espcies conhecidas segundo a Sociedade Brasileira de Hepertologia. Mesmo
com tamanha diversidade, apenas quatro
espcies de anfbios exticos foram registradas no levantamento dentro do territrio
nacional, sendo duas espcies brasileiras e
duas estrangeiras.
Dentre as quatro espcies registradas,
a classificao quanto a situao populacional das mesmas foi: espcie extica contida para uma, espcie extica estabelecida
para duas e uma espcie extica invasora.
A espcie que deteve mais casos de ocorrncia foi a r touro americana Lithobates
catesbeianus (Shaw, 1802), anteriormente nomeada como Rana catesbeiana Shaw,
1802. As outras trs espcies registradas
foram o sapo cururu Rhinella schneideri, a
perereca de banheiro Scinax ruber e a r
africana Xenopus laevis. As quatro espcies
apresentaram somadas apenas 84 registros
neste estudo.
O sapo cururu (R. schneideri) ocorre
naturalmente no Brasil, Uruguai, Paraguai,
Argentina e na Bolvia. A perereca de banheiro (S. ruber) outro anfbio com distribuio natural no Brasil e cuja distribuio se estende ao Peru, Colmbia, Equador,
Guianas, Tobago, Trinidad, Antilhas e Porto
Rico. No Brasil o sapo cururu e a perereca
de banheiro foram registrados como exti-
631
632
633
Rpteis Exticos
Foram identificadas apenas duas espcies de rpteis exticos introduzidos em
guas continentais do Brasil, sendo ambas
quelnios, com o mesmo nome comum:
tigre dgua. As duas espcies so de pequeno tamanho corporal e disseminadas
atravs de lojas que vendem pequenos animais, as chamadas pet shops. Estas duas
espcies de quelnios so espcies exticas
detectadas no Brasil.
O tigre dgua (Trachemys scripta
elegans) uma tartaruga nativa da bacia
do rio Mississipi, nos Estados Unidos, e
634
Referncias
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635
636
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Amphibia
Ordem: Anura
Famlia: Ranidae
Gnero: Lithobates
Espcie: Lithobates catesbeianus
Nomes populares
R-touro, R-touro gigante, Sapo boi.
Situao populacional
Espcie extica invasora, atual.
637
Lugar de origem
Amrica do Norte, na regio central e leste dos Estados Unidos e sudeste do Canad.
Ecologia
Apesar de ser tipicamente de ambiente temperado, esta espcie se aclimatou bem
no ambiente tropical. Seu perodo reprodutivo, no ambiente temperado de cerca de trs
meses, entretanto, pode durar seis meses na regio tropical (de setembro a fevereiro), em
funo das condies de temperatura e umidade. A fecundidade das fmeas dependente
de sua idade e pode ser bastante elevada em condies favorveis de cultivo. Fmeas
de maior porte produzem ninhadas maiores. Estes anfbios so predadores generalistas
e incluem em sua dieta, invertebrados aquticos e terrestres, alm de vertebrados como
outros anfbios e aves. O desenvolvimento dos ovos tambm dependente da temperatura
e, em ambientes tropicais, a ecloso pode ocorrer 48 horas aps a postura. Aps a ecloso,
as larvas se desenvolvem graas a uma bolsa vitelnica durante cerca de 70 horas, quando
ento, comeam a nadar em busca de alimento. Em habitat natural, a larvas comeam a
se alimentar de fitoplncton, mas, sua dieta vai gradualmente se modificando, passam a se
alimentar tambm de algas bentnicas, tornam-se detritvoras e, ocasionalmente, predam
girinos de anfbios nativos. Quando adultos, tornam-se predadores. Nesta fase, alimentamse de quaisquer invertebrados ou vertebrados que possam capturar e manipular, apesar de
apresentar certa preferncia por outros anfbios. A hiptese mais provvel que a partir dos
tanques de cultivo, as rs touro se dispersaram ou foram liberadas para os corpos dgua
vizinhos.
Tipo de introduo
Intencional, para fins de cultivo.
Histrico de introduo
No Brasil, a espcie L. catesbeianus foi introduzida no ano de 1935 atravs da importao
de exemplares dos Estados Unidos. Seu cultivo despertou grande interesse econmico, graas
s elevadas taxas de crescimento populacional, precocidade de crescimento, resistncia a
enfermidades e pelo fato da carne ser bastante apreciada na alimentao humana. O escape
de indivduos dessa espcie comum, em decorrncia de falhas estruturais e metodolgicas
nos criadouros registrados junto ao Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento,
animais desta espcie so facilmente encontrados nos cursos dgua que drenam a rea dos
criadouros, demonstrando que a introduo recorrente, o que potencializa a situao de
invaso nesses locais.
638
Distribuio geogrfica
A espcie tem sido detectada em ambiente natural por todo o Brasil, principalmente
em regies prximas a sistemas de aquicultura. Ela est amplamente distribuda na regio
Sul e Sudeste, e existem tambm registros de ocorrncia da espcie no Nordeste do Brasil.
Distribuio ecolgica
A espcie est distribuda, principalmente, em regies Periurbanas, tanto prximo
a sistemas de cultivo, quanto em ecossistemas naturais. Utilizam com sucesso pequenas
represas artificiais como locais de reproduo. Campos Sulinos, Mata Atlntica, Cerrado e
Caatinga.
Impactos ecolgicos
Alm de ameaa biodiversidade brasileira, j que L. catesbeianus j foi registrada
inclusive dentro de reas de Unidades de Conservao, tm sido sugerido por especialistas
que a introduo desta espcie possa resultar na introduo de patgenos no nativos, o
que se tornaria mais uma grave ameaa s espcies nativas e tambm s atividades de
ranicultura no pas.
Organismos afetados
Predadora de vrios animais, inclusive de algumas espcies de rpteis e anfbios de
menor porte. Esta espcie parece estar competindo com outros anfbios e modificando toda
a estrutura e composio das comunidades invadidas. H registro de reduo populacional
de espcies de anfbios nativos e, inclusive, de extino local das espcies Leptodactylus
ocellatus e L. labirinthycus aps a introduo de L. catesbeianus.
Impactos scio-econmicos
Devido a proximidade dos locais de cultivo com corpos d`gua naturais, isso pode elevar
os nveis de eutrofizao desses corpos dgua e alterar a qualidade da gua, aumentando os
custos de tratamento da gua.
Anlise de risco
A espcie est amplamente difundida pelo Brasil, mas ainda existem poucos estudos
que se propuseram avaliar os impactos decorrentes da introduo de L. catesbeianus, sobre
a fauna nativa. Alguns trabalhos j mostraram que esta espcie est predando espcies
nativas de anfbios e pode ter sido responsvel pelo declnio populacional e extino local de
algumas delas. Considera-se necessrio estudos que avaliem a taxa de disperso e o sucesso
de estabelecimento de L. catesbeianus.
639
640
RYAN, M.J. 1980. The reproductive behavior of the bullfrog Rana catesbeiana. Copeia, 1:108114.
Espcies Exticas Invasoras de guas Continentais no Brasil
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Amphibia
Ordem: Anura
Famlia: Bufonidae
Gnero: Bufo
Espcie: Bufo schneideri
Nomes populares
Sapo cururu.
Situao populacional
Espcie extica estabelecida em ambiente natural.
Lugar de origem
Amrica do Sul, formaes naturais abertas do Brasil, Uruguai, Paraguai, Argentina e
Bolvia.
641
Ecologia
A estao reprodutiva e o perodo de vocalizao da espcie parecem concentrados
nos meses de junho, agosto e setembro. Os machos desta espcie permanecem no nvel da
gua, parcialmente submersos, sustentados ou agarrados vegetao aqutica. Os imaturos
desta espcie se alimentam principalmente de algas planctnicas.
Tipo de introduo
Possivelmente a introduo foi no intencional.
Histrico de introduo
A introduo feita em Fernando de Noronha, possivelmente foi no intencional, por
meio do transporte de materiais para ilha, em embarcaes. Foi registrada em 1981 por
Olson S.L. na publicao Natural history of vertebrates on the Brazilian Islands of the Mid
south Atlantic na revista National Geographic Society Research Reports, volume 13: 481492.
Distribuio geogrfica
A espcie como nativa, tem registro de ocorrncia ampla em ecossistemas abertos no
Brasil, como espcie extica foi registrada em Fernando de Noronha.
Distribuio ecolgica
Como espcie extica, ecossistema insular natural.
Bioma afetado
Bioma Costeiro e Marinho, ecossistema Insular.
Organismos afetados
Ainda no foram descritos impactos resultantes desta introduo dessa espcie no
ecossistema insular de Fernando de Noronha, entretanto, na ilha no havia originalmente
nenhuma espcie de anfbio e atualmente existe, alm do B. schneideri, S. ruber, outra
espcie tambm introduzida na ilha. A pele de B. schneideri apresenta glndulas que
secretam substncias de ao txica, que podem causar convulses, nuseas e morte de
animais que tentem pred-la.
Impactos ecolgicos
Informao no disponvel.
Impactos scio-econmicos
Informao no disponvel.
642
Anlise de risco
No houve estudos sobre a taxa de disperso ou sobre o estabelecimento desta espcie
fora de seu ambiente natural e, desta forma, no possvel fazer uma anlise detalhada
sobre os riscos ecolgicos, sociais e econmicos decorrentes da introduo dessa espcie.
Entretanto, as introdues de B. schneideri e S. ruber significam a introduo de um novo
grupo na ilha (os anfbios) e, assim, esperado que estas introdues possam representar
srias mudanas na estrutura e composio da comunidade da ilha. Assim, necessrio
gerar conhecimento sobre esta espcie na condio de extica, em Fernando de Noronha e,
sobretudo, garantir que a utilizao da ilha pela populao local, pela comunidade cientfica
e pelos turistas no resulte em novas introdues de espcies exticas na ilha.
643
Situao populacional
Espcie extica estabelecida.
Lugar de origem
Amrica do Sul.
Ecologia
A reproduo dessa espcie dependente da estao chuvosa e da formao de poas
temporrias. uma espcie oportunista, que vive muito bem em habitaes humanas.
Tipo de introduo
Possivelmente no intencional.
Histrico de introduo
Informao no disponvel.
644
Distribuio geogrfica
De ocorrncia generalizada no Brasil como nativa e em Fernando de Noronha, registrada
como espcie extica estabelecida.
Distribuio ecolgica
Como espcie extica, em ecossistema insular natural.
Bioma afetado
Bioma Costeiro e Marinho, ecossistema Insular.
Organismos afetados
Ainda no foram descritos impactos resultantes dessa introduo, entretanto, na ilha
de Fernando de Noronha no havia originalmente nenhuma espcie de anfbio e atualmente
existe, alm de S. ruber, B. schneideri, outra espcie tambm introduzida na ilha.
Impactos ecolgicos
Informao no disponvel.
Impactos scio-econmicos
Informao no disponvel.
Anlise de risco
No houve estudos sobre a taxa de disperso ou sobre o estabelecimento desta espcie
fora de seu ambiente natural e, desta forma, no possvel fazer uma anlise detalhada
sobre os riscos ecolgicos, sociais e econmicos provenientes da introduo dessa espcie.
Entretanto, as introdues de B. schneideri e S. ruber significam a introduo de um novo
grupo na ilha (os anfbios) e, assim, esperado que estas introdues possam representar
srias mudanas na estrutura e composio de espcies na ilha. Assim, necessrio gerar
conhecimento sobre a espcie em questo, nessa condio de extica em Fernando de
Noronha e, sobretudo, garantir que a utilizao da ilha pela populao local, pela comunidade
cientfica e pelos turistas no resulte em novas introdues de espcies exticas na ilha.
645
646
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Amphibia
Ordem: Anura
Famlia: Pipidae
Gnero: Xenopus
Espcie: Xenopus laevis
Nome popular
R africana.
Situao populacional
Espcie extica contida.
647
Lugar de origem
frica.
Ecologia
A espcie apresenta hbito aqutico e geralmente sai deste ambiente apenas para
realizar migraes. As migraes podem ser facilitadas por inundaes, resultantes do
perodo chuvoso. A espcie capaz de usar e reproduzir-se em diversos tipos de ambientes,
desde poas temporrias at rios de maior porte. A presena de vegetao importante
para seu desenvolvimento. Ambientes artificiais lnticos, como represas e canais, parecem
facilitar seu estabelecimento. Alimenta-se de zooplncton, insetos, moluscos e crustceos.
Tipo de introduo
Intencional.
Histrico de introduo
Informao no disponvel.
Distribuio ecolgica
Permetro urbana, em lojas.
Bioma afetado
A espcie ainda no encontra-se contida, assim no existem registros da em ambiente
naturais afetados.
Organismos afetados
Estudos na Califrnia sugerem que a introduo desta espcie no ambiente natural
possa favorecer predadores generalistas. No Chile, poucas espcies de aves so capazes
de predar X. laevis, o que pode dificultar no controle populacional da espcie em ambientes
naturais. No Brasil, ainda no houve qualquer relato sobre impacto desta espcie sobre
espcies nativas, uma vez que ela ainda no se encontra em ambiente natural.
Impactos ecolgicos
Nenhum descrito para o Brasil, entretanto, esta espcie j foi registrada como extica
no sudeste da Califnia e no Arizona (Estados Unidos), no Chile, no Mxico, em Java, na
Indonsia e no Reino Unido, tendo se estabelecido em ambientes naturais.
Impactos scio-econmicos
Informao no disponvel.
648
Anlise de risco
Tm-se poucos estudos sobre a taxa de disperso ou sobre o estabelecimento desta
espcie fora de seu ambiente natural, mas, estes estudos apontam para a possibilidade
desta espcie conseguir se estabelecer e causar modificaes na estrutura e composio da
fauna de anuros nativos. Apesar da espcie ainda no ser encontrada em ambiente natural,
no Brasil, a falta de controle sobre espcies exticas comercializadas e sobre as condies de
comercializao tornam a espcie um potencial risco biodiversidade nativa.
649
650
Situao populacional
Espcie extica estabelecida em ambiente natural.
Lugar de origem
Sul do Brasil (Rio Grande do Sul), Uruguai e Argentina.
Ecologia
o quelnio mais abundante do Rio Grande do Sul, ocupando uma grande variedade
de ambientes, como rios, lagoas e banhados. As desovas ocorrem a partir da primeira
quinzena de outubro at a primeira quinzena de janeiro. Os ovos postos pelas fmeas ficam
enterrados, incubando durante um perodo aproximado de 110 dias. Os ovos so elpticos e
a casca tem consistncia pergaminosa. Em seu ambiente natural, as desovas e os filhotes
sofrem predao por diversos animais, alm da captura para abastecer o comrcio de animais
de estimao, o que resulta em uma sobrevivncia muito baixa, nos estgios iniciais de vida.
A taxa de predao de ninhos pode chegar a 98%. Normalmente, os adultos permanecem
sobre pedras, troncos e na beira de rios e lagos. Os jovens so carnvoros e os adultos
herbvoros.
651
Tipo de introduo
Intencional.
Histrico de introduo
Informao no disponvel. Mas, provavelmente associado ao comrcio de pequenos
animais.
Distribuio geogrfica
Alm de sua rea de ocorrncia como nativa, a espcie foi tambm registrada como
extica em Juiz de Fora (MG), Ribeiro Preto (SP) e Minau (GO).
Distribuio ecolgica
Em ecossistema aqutico urbano.
Bioma afetado
Floresta Atlntica, Cerrado.
Organismos afetados
No h estudos notificando impactos desta espcie sobre qualquer organismo no Brasil,
mas, possvel que a espcie possa afetar a fauna e flora locais, quando estabelecida.
Impactos ecolgicos
possvel que a espcie acarrete impactos sobre a fauna e flora constituintes de sua
dieta.
Impactos scio-econmicos
Nenhum relatado.
Anlise de risco
No h estudos e conhecimento cientfico sobre esta espcie como invasora. possvel
que a sua disperso seja limitada pela temperatura ou outros fatores climticos e ecolgicos
observados nas bacias hidrogrficas de regies fora de sua ocorrncia nativa. possvel,
entretanto, que uma vez estabelecida ela represente um risco sobre a fauna e flora locais,
mas, no h evidncias de riscos sociais e econmicos associados espcie. importante
suprir a falta de informaes sobre esta espcie como organismo extico.
652
653
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Reptilia
Ordem: Testudines
Famlia: Emydidae
Gnero: Trachemys
Espcie: Trachemys scripta elegans
Nomes populares
Tartaruga americana, tartaruga de orelha vermelha, tartaruga tigre.
Situao populacional
Espcie extica estabelecida.
Lugar de origem
Amrica do Norte, do sudeste dos Grandes Lagos at ao oeste do estado da Virgnia
(EUA).
654
Ecologia
uma espcie de habito alimentar onvora, sendo os s jovens preferencialmente
carnvoros e os adultos herbvoros. Quando adultos os indivduos podem atingir at 30 cm
de comprimento e chegam a 3 kg. Os machos esto maduros sexualmente entre 3 e 5 anos
de idade. As fmeas, entre 5 e 7 anos. Tornam-se inativos em temperaturas abaixo de
10C. Animais com 42 anos de idade j foram encontrados na natureza na Amrica do Norte.
Normalmente permanecem sobre pedras, troncos, ou ainda, na beira de rios e lagos. O
Tipo de introduo
Intencional, para comercializao como animal de estimao.
Histrico de introduo
No descrito, mas a espcie foi amplamente vendida em lojas de animais de estimao
na dcada de 90, hoje proibida pelo IBAMA.
Distribuio geogrfica
Braslia (DF), Juiz de Fora (MG), Ribeiro Preto (SP) e Americana (SP).
Distribuio ecolgica
So encontrados principalmente em ecossistema aqutico urbano, mas existem
registros da espcie em ambientes naturais.
Bioma afetado
Floresta Atlntica, Cerrado.
Organismos afetados
No h estudos notificando impactos desta espcie sobre qualquer organismo no
Brasil. Na Europa, a introduo desta espcie resultou na diminuio de peso e aumento da
mortalidade de indivduos de uma espcie nativa de tartaruga.
Impactos ecolgicos
No h impactos relatados associados presena desta espcie em ambientes naturais
no Brasil. Entretanto, possvel que ocorram impactos sobre a biodiversidade nativa por
competio por recursos ambientais.
Impactos scio-econmicos
Informao no disponvel.
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Anlise de risco
No h conhecimento cientfico sobre o processo de invaso desta espcie no Brasil.
656
Captulo 11
Macrfitas Aquticas
657
Introduo
A terminologia utilizada para descrever o conjunto de vegetais adaptados
ao ambiente aqutico muito variada. Podemos encontrar termos como hidrfitas,
helifitas, euhidrfitas, limnfitas, plantas
aquticas, macrfitas, macrfitos e traquefitos aquticos (Pompo & Moschini-Carlos, 2003; Esteves, 1998).
A criao do termo macrfita aqutica
de 1938 (Ariadne et all., 2010). Contudo, hoje j um termo consagrado, adotado pelo International Programa of Biology
sendo a denominao mais adequada para
caracterizar vegetais que habitam desde
brejos at ambientes verdadeiramente
aquticos, desta forma incluem vegetais
desde macroalgas at plantas vasculares
(Esteves, 1998). Vale salientar que o trabalho pioneiro de macrfitas aquticas no
Brasil foi realizado por Hoehne (1948).
Durante muitos anos, as macrfitas
foram consideradas pouco importantes para
o metabolismo dos ecossistemas aquticos (Esteves, 1998). Entretanto com a realizao de estudos nas regies tropicais,
foi evidenciado seu importante papel nos
ecossistemas em que ocorrem, sendo capazes de estabelecer uma forte ligao entre
o sistema aqutico e o ambiente terrestre
(Scremin-Dias et all., 1999). Nos ambientes de guas continentais so extremamen1
2
3
1
1
1
2
3
659
Controle de Macrfitas na Usina Hidreltrica de Aimors, MG. Fotos: Humberto Oliveira Barbosa
660
661
662
A invaso de Echinochloa polystachya causa extino local da vegetao nativa nas regies marginais de lagos e rios
e pode causar entupimento de tomadas de
gua em hidreltricas, estaes elevatrias
e bombas de irrigao e a formao de ilhas
flutuantes, que podem provocar acidentes
com embarcaes e bloqueio de pontes (Pitelli et al., 2008).
Hedychium coronarium uma invasora com caractersticas biolgicas (propagao por rizomas, alelopatia) que a tornam
particularmente agressiva (Santos et al.,
2005) e competitiva, sobrepujando plantas
nativas em vegetao natural, como no Parque Nacional de Foz do Iguau.
As braquirias exticas Urochloa arrecta e U. mutica tiveram disperso favorecida porque so utilizadas como forrageiras,
especialmente em terrenos mais midos,
onde se estabelecem com facilidade. Dos
pastos para o lago foi um passo, por isto,
uma enxurrada. Dentre os impactos associados a estas gramneas africanas esto
substituio da flora nativa, o entupimento
de tomadas dgua de hidreltricas, o bloqueio de canais e pontes e a reduo de
produo pesqueira em reservatrios; U.
arrecta j invadiu o Pantanal.
A recente introduo e a rpida infestao de Hydrilla no Brasil indicam que
a preveno de invaso biolgica deve ser
mais rigorosa, podendo-se tomar como bsicas as recomendaes de Menninger & Johnson (2011): remover quaisquer plantas,
lama ou cisco de barcos ou equipamentos
que estiveram em contato com gua, drenar toda gua de barcos antes de deixar a
rea, limpar e secar tudo que esteve em
contato com gua, incluindo botas, carretas
de barcos, tralha de pescaria, roupas, ces,
etc., e nunca colocar plantas, peixe ou iscas num corpo dgua. A invaso de Hydrilla
nos Estados Unidos comeou com material
663
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665
666
Ceratophyllum demersum
Reino: Plantae
Filo: Magnoliophyta
Classe: Monocotiledonea
Ordem: Ceratophylales
Famlia: Ceratophyllaceae
Gnero: Ceratophyllum
Espcie: Ceratophyllum demersum L.
Sinonmia
Ceratophyllum apiculatum Cham.; Ceratophyllum chilense Leyb.; Ceratophyllum
demersum var. commune A.Gray
Nomes populares
Candelabro-dgua, candelabro-aqutico, chifre-de-alce, rabo-de-raposa, pinheirinhodgua, lodo.
Situao populacional
Espcie extica invasora, atual.
667
Lugar de origem
Desconhecido, de distribuio cosmopolita. nativa nos jardins aquticos da Serra da
Bodoquena (Pott, 1999), no Pantanal (Pott & Pott, 2000) e em outras regies do Brasil.
Ecologia
A espcie habita reservatrio e lagos, mesmo que a transparncia no seja muito
alta. Tem sido detectada por todo o Brasil em reservatrios, lagos e outros ambientes
lnticos. componente em equilbrio em reas midas naturais, fonte de alimento para
aves e herbvoros aquticos (Sainty, 1988), caso do Pantanal. Onde invasora, a planta
atinge populaes densas, formando bancos de vrios metros de profundidade. Prolifera em
guas poludas, ricas em nutrientes, principalmente nitrognio, mesmo meio turvas. Mas a
transparncia e a baixa velocidade da gua favorece a infestao da planta em reservatrios
(Pitelli et al., 2008).
uma planta totalmente aqutica, at as flores so submersas, mas os estames
flutuam e liberam o plen, que afunda e chega flor feminina. Propaga-se por sementes e
por fragmentao do caule, ambos os tipos de propgulos disseminados pela gua. Os frutos
tm espinhos, que funcionam como ncoras no lodo e se engancham em penas de aves e
pelos de mamferos. A grande capacidade de propagao vegetativa desta planta que a
torna agressiva.
Tipo de introduo
Natural, na bacia hidrogrfica onde era nativa, e intencional, como planta ornamental
de aqurio, mas de disseminao acidental. Tanaka et al., (2002).
Histrico de introduo
Informao no disponvel.
Distribuio geogrfica
Cosmopolita, exceto regies mais frias (Wilmot-Dear, 1985).
668
Distribuio ecolgica
guas paradas ou pouco correntes, em lagoas e corichos (brao de rio, ativo na cheia),
geralmente ricas em nutrientes (Pott & Pott, 2000). Invasora de reservatrios, lagos e canais
(Lorenzi, 2000). Cresce melhor em gua levemente alcalina e rica em nitrognio (Sainty,
1988). Na Serra da Bodoquena, seu local de origem, ocorre em guas muito transparentes
(Pott, 1999).
Impactos ecolgicos
Substituio da flora nativa com reduo de biodiversidade e entupimento de tomadas
dgua em hidreltricas, estaes elevatrias e bombas de irrigao. Tem sido registrado
impactos negativos da espcie sobre algumas plantas aquticas submersas como ,Utricularia
spp., Cabomba spp. Didiplis diandra, Eichhornia azurea e populaes de peixes, afetados
pela anoxia noturna. Dificulta o fluxo da gua. Bioma afetado: Mata Atlntica. Seus efeitos
negativos acentuan-se quando ocorre introduo de peixes carnvoros como tucunar, que
causa reduo das populaes de peixes herbvoros e outros organismos que controlam
macrfitas submersas.
Impactos scio-econmicos
Apesar da consistncia frgil, uma das principais plantas que pode entupir grades
protetoras das turbinas hidroeltricas, causando custos de remoo e perdas de gerao
de energia (Tanaka et al., 2002, Velini et al., 2005, Pitelli et al., 2008). Entupimento de
tomadas dgua para abastecimento e bombas de irrigao. Reduo da produo pesqueira
e aumento da dificuldade na pesca. Dificulta a navegao e esportes aquticos (Lorenzi,
2000).
669
Anlise de risco
Os riscos de introduo esto associados formao de novos reservatrios em reas
sujeitas a eutrofizao.
Os riscos de invaso ocorre em funo da espcie apresentar grande facilidade de
disperso, principalmente a partir de corpos dgua lnticos como reservatrios dgua. Assim,
a sua disperso pode estar associada a esses habitats (habitats fragmentados). Representa
riscos biolgicos diretos e indiretos para fauna e flora nativas e riscos econmicos e sociais,
relacionados produo de energia hidreltrica e irrigao de cultivos agricolas, alm da
diminuio da disponibilidade de pesca em reservatrios.
670
BOVE, C.P. Hydrocharitaceae. In: Forzza, R.C. et al. Catlogo de fungos e plantas do
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671
Nomes populares
Capituva, canarana, canarana-pilosa, capim-arroz, capim-mandante, capim-camalote,
capim-da-praia, capim-de-angola, capim-de-peixe, capim-capivara.
Situao populacional
Espcie extica invasora, atual.
Lugar de origem
Brasil, na Amaznia (Martius, 1877a), no Pantanal (Pott & Pott, 2000) e vrzeas do
Rio Paran. Tambm na frica tropical, por isto um nome capim-de-angola (Correa, 1984).
Ecologia
Esta espcie adaptada a condies parcialmente estressantes na Amaznia, onde
durante um perodo do ano h fortes inundaes e em outro perodo h seca. Para persistir
em ambientes to instveis, a espcie apresenta grande plasticidade morfolgica e fisiolgica,
como a formao de razes adventcias, aumento na produo de matria seca (hastes e
raiz) e diminuio das folhas. Essa plasticidade possibilita a sobrevivncia da espcie tanto
em ambientes inundados quanto secos, a exemplo dos campos midos e banhados, bordas e
vrzeas de rios e lagoas, em solos de fertilidade mdia a alta, mal drenados ou de inundao
sazonal.
De crescimento vigoroso, geralmente forma densas populaes monodominantes
(Correa, 1984). muito frequente na maioria dos rios e lagoas no Brasil (Lorenzi, 2000).
Plancies de inundao e margens de rios e lagoas com sedimentos argilosos e ricos em
nutrientes na Amaznia (Piedade, 1993), Pantanal (Pott & Pott, 2000) e Rio Paran (Ferreira
et al., 2011).
672
Tipo de introduo
Intencional, para pastagens em reas midas.
Histrico de introduo
A planta nativa no Brasil, como j consta na Flora Brasiliensis, coletada na Amaznia
(Martius, 1877a). Expandiu-se a partir de populaes a montante dos reservatrios e de
reas infestadas.
Distribuio geogrfica
Praticamente por todo o Brasil, amplamente distribuda (Lorenzi, 2000), principalmente
na Amaznia (Piedade, 1993) e no Pantanal (Pott & Pott, 2000). Colonizaes ao longo de
rios, como Mogi-Guau e Pardo no norte do Estado de So Paulo (Pitelli et al., 2008).
Distribuio ecolgica
encontrada como invasora em reservatrios, rios e lagos, podendo ser dentro da
rea urbana ou rural, especialmente se os corpos dgua apresentarem elevado nvel de
eutrofizao, nos biomas Mata Atlntica, Cerrado, Caatinga.
Impactos ecolgicos
Substituio da flora nativa com reduo da biodiversidade. A ocorrncia da espcie
causa anoxia noturna, que pode afetar negativamente a fauna local. Os organismos afetados
so as plantas aquticas marginais como Typha spp., Polygonum spp., Eleocharis spp.,
Ludwigia spp. Cyperus spp. e outras cujo nicho completamente ocupado pela E. polystachya.
Capivaras podem at ser beneficiadas. Biomas afetados: Mata Atlntica, Cerrado, Caatinga.
673
Impactos scio-econmicos
uma das principais plantas que causam obstruo na aduo de gua s turbinas
de hidroeltricas. Bancos da planta podem bloquear um corpo dgua e grades de proteo
de usinas hidroeltricas (Lorenzi, 2000, Pitelli et al., 2008).Tambm causa entupimento de
tomadas dgua em estaes elevatrias e bombas de irrigao. Forma ilhas flutuantes que
podem bloquear e at danificar pontes. Invasora de canais (Lorenzi, 2000) e de arroz irrigado
(Amaral et al., 2008). Reduo da produo pesqueira e na captura do pescado, uma vez que
impede a pesca com redes e dificulta a navegao. Pode ser txica ao gado por ter grandes
concentraes de nitritos e nitratos em regies ridas, onde h a ocorrncia de chuvas
aps uma grande estiagem, o que comum no Nordeste brasileiro (Silva et al., 2006). Trs
impactos negativos pra sade, pois, propicia ambiente para moluscos e mosquitos vetores
de doenas humanas. A decomposio da biomassa pode reduzir a qualidade da gua em
mananciais, o que eleva os custos de tratamento da gua. Alm disso, forma ilhas que
podem se deslocar e provocar acidentes graves com pequenas embarcaes ou entupimento
de pontes, e dificultar o fluxo da gua, causando inundaes.
Anlise de risco
Sua introduo significa riscos biolgicos diretos e indiretos de reduo de diversidade
de fauna e flora aquticas, bem como os de ordem econmica e social, relacionados a
problemas na gerao de energia hidreltrica, nos sistemas de transporte de gua, na pesca,
e na navegao, bem como no valor cnico para turismo. uma das espcies mais temidas
em outros continentes como potencial invasora (Barreto et al., 2000).A espcie tem grande
facilidade de disperso e representa riscos biolgicos diretos para outras plantas e riscos
indiretos para herbvoros especialistas em plantas nativas. Alm disso, representa ainda
riscos econmicos e sociais, relacionados criao de gado e sua intoxicao (Silva et al.,
2006, ao acesso do homem pesca (dificultando tambm o seu deslocamento nos corpos
dgua) e produo de energia hidreltrica.
674
675
POTT, V.J.; POTT, A.; LIMA, L.C.P.; MOREIRA, S.N.; OLIVEIRA, A.K.M. Aquatic macrophyte
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TANAKA, R. H.; CARDOSO, L.R.; MARTINS, D.; MARCONDES, D.A.S.; MUSTAF, A.L. Ocorrncia de plantas aquticas nos reservatrios da Companhia Energtica de So Paulo. Planta Daninha, v. 20, 2002. p. 99-111. (Edio especial).
THOMAZ, S.M. & BINI, L.M. (eds.) Ecologia e Manejo de macrfitas aquticas. Maring:
Ed. Universidade Estadual de Maring, 2003.
676
Reino: Plantae
Filo: Magnoliophyta
Classe: Monocotiledonea
Ordem: Alismatales
Famlia: Hydrocharitaceae
Gnero: Egeria
Espcie: Egeria densa Planch.
Sinonmia
Elodea densa (Planch.) Caspary
Nomes populares
Gramaia, Rabo de gato, Eldea.
Situao populacional
Espcie extica invasora, atual.
Lugar de origem
Brasil, regio Sul; Argentina e Uruguai.
Ambiente de guas Continentais
677
Ecologia
tpica de ambientes lnticos ou de pouca corrente. No persiste em corpos dgua
intermitentes (Sainty, 1988).
H densas infestaes desta macrfita em lagoas e reas alagadas rasas, como, por
exemplo, na entrada do zoolgico de Curitiba e em arrozais inundados no Rio Grande do Sul,
tambm em gua profunda como em muitos reservatrios de hidroeltricas no estado de
So Paulo.
A espcie favorecida por transparncia, represamento (Pitelli et al., 2008) e riqueza
de nutrientes da gua. As razes podem se fixar no fundo ou, ainda, a planta pode ser
submersa livre, como em reservatrios profundos. A polinizao realizada por insetos
(Kissmann & Groth, 1997). Semente de 7-8 mm compr. (Kissmann & Groth, 1997). A
propagao maior vegetativa e pode se efetuar rapidamente a partir de fragmentos, que,
mesmo com apenas um n e um par de gemas, donde saem razes adventcias, so capazes
de gerar uma nova planta, o que acelera muito a disperso.
Tipo de introduo
Intencional, para prtica de aquarismo.
Histrico de introduo
No descrito, mas j era nativa no sistema do Rio Paran (Neiff, 1986). A descrio da
espcie por Planchon baseada em exemplar da Argentina.
Distribuio geogrfica
Sudeste e Sul do Brasil, do Esprito Santo ao Rio Grande do Sul (Aona & Amaral, 2002,
Amaral et al., 2008, Ferreira et al., 2011), tambm Nordeste, em Cerrado, Mata Atlntica e
Pampa (Bove, 2010), at Uruguai e Argentina (Aona & Amaral, 2002). Invasora nos Estados
Unidos (Brazilian waterweed), Austrlia, Nova Zelndia, Japo e pases da Europa (Cook &
Urmi-Knig, 1984, NAS, 2011).
Distribuio ecolgica
invasora de reservatrio e lagos, desde que haja transparncia suficiente (Pitelli et
al., 2008). H densas infestaes desta macrfita em lagoas, como por exemplo, na entrada
do zoolgico de Curitiba, em campos de arroz inundados no Rio Grande do Sul e em muitos
reservatrios no estado de So Paulo. A eutrofizao causa grande crescimento vegetativo
da planta (Amaral et al., 2008), favorecendo os eventos de invaso.
678
Impactos ecolgicos
Substituio da flora nativa com reduo de biodiversidade. Plantas aquticas
submersas como Utricularia spp. e Cabomba spp. diminuem por competio. Alta densidade
da planta causa anoxia noturna, pelo sombreamento do fitoplncton e respirao, que pode
afetar negativamente a fauna aqutica. Didiplis diandra, Eichhornia azurea e populaes
de peixes que so afetados pela anoxia noturna. A introduo de peixes carnvoros como
tucunar causam reduo das populaes de peixes herbvoros e outros organismos que se
alimentam de macrfitas submersas. Biomas afetados: Caatinga, Mata Atlntica.
Impactos scio-econmicos
uma das plantas mais comuns no entupimento de tomadas dgua em hidreltricas,
a exemplo de Jupi e Castilho (SP), e de Paulo Afonso (PE) (Pompu 1999, Pitelli et al.,
2008), estaes elevatrias e bombas de irrigao. Reduo da produo pesqueira e na
captura do pescado, uma vez que a massa emaranhada da espcie dificulta ou impede a
pesca e a movimentao de embarcaes. Causa diminuio e perda da qualidade da gua
e encarece a manuteno de reservatrios. Favorece a proliferao de vetores de doenas
humanas, como moluscos e mosquitos. Atrapalha atividades de recreao e turismo.
Anlise de risco
A espcie tem grande facilidade de disperso, considerando sua disperso natural
e a carreada pelo homem atravs de seu uso como planta ornamental. Sua propagao
eficaz. Seu estabelecimento representa riscos biolgicos diretos e indiretos para fauna e flora
aquticas e, alm disso, representa riscos econmicos e sociais, relacionados produo de
energia hidreltrica, aos sistemas de transporte de gua, pesca e navegao.
679
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680
Reino: Plantae
Filo: Magnoliophyta
Classe: Monocotiledonea
Ordem: Alismatales
Famlia: Hydrocharitaceae
Gnero: Egeria
Espcie: Egeria najas Planch.
Nomes populares
Gramaia, Rabo de gato, Eldea, , lodinho-branco, macarro-de-capivara.
Situao populacional
Espcie extica invasora, atual.
Lugar de origem
Brasil, regio do Pantanal (Pott & Pott, 2000); Bolvia, Argentina e Uruguai.
Ecologia
Egeria najas uma planta perene, disseminada principalmente por reproduo
vegetativa, diica, o que dificulta sua reproduo sexuada. favorecida por guas lnticas,
eutrofizadas e pouco turvas. Comumente presente em reservatrio e lagos, desde que haja
681
Embora em seu local de origem, o Pantanal, a espcie prefira gua eutrofizada, tambm
ocorre em lagoas no to ricas em fsforo e nitrognio (Pott & Pott, 2000).
Tipo de introduo
Intencional, a fonte primria de propgulos deve ter sido os alagados marginais da
prpria Bacia do Rio Paran, alm da possibilidade de inadvertida contaminao oriunda de
aquarismo.
Histrico de introduo
Informao no disponvel.
Distribuio geogrfica
De ocorrncia mais concentrada na regio Centro-Oeste. A espcie tem distribuio
geogrfica em todo o Pantanal, como nativa (Pott & Pott, 2000). Como invasora tem sido
detectada nos reservatrios dos Rios Grande, Tiet, Paranapanema e Paran (Tanaka et al.,
2002).
Distribuio ecolgica
Reservatrio e lagos, desde que haja transparncia suficiente.
682
Impactos ecolgicos
Substituio da flora nativa com reduo de biodiversidade, principalmente de plantas
aquticas submersas como Utricularia spp., Cabomba spp. Serve de suporte para o bivalve
invasor mexilho-dourado. A ocorrncia da espcie causa anoxia noturna, que pode afetar
negativamente a fauna aqutica, principalmente a populaes de peixes. Bioma afetado:
Mata Atlntica.
Impactos scio-econmicos
Entupimento de tomadas dgua em hidreltricas (p. ex., Jupi, SP) (Pitelli et al.,
2008), estaes elevatrias e bombas de irrigao. Reduo da produo pesqueira e
aumento da dificuldade na captura do pescado e dificulta a movimentao de embarcaes.
Causa diminuio e perda da qualidade da gua e encarece a manuteno de reservatrios.
Pode favorecer a proliferao de vetores de doenas, como moluscos e mosquitos. Dificulta
atividades recreativas e tursticas.
Anlise de risco
A espcie tem grande facilidade de disperso, considerando sua disperso natural
pela gua e a carreada pelo homem atravs de embarcaes e de seu uso como planta
ornamental, porm o principal risco a formao de novos reservatrios em guas com
boa transparncia. Seu estabelecimento representa riscos biolgicos diretos e indiretos para
fauna e flora aquticas e, alm disso, representa riscos econmicos e sociais, relacionados
produo de energia hidreltrica, aos sistemas de transporte de gua, pesca e navegao.
683
684
COOK, C. D. K. & K. URMI-KNIG. A revision of the genus Egeria (Hydrocharitaceae)CORRA, M.P. 1984. Aquatic Botany, 19(12), 1984. pp. 7396.
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Planta Daninha, 23 (2), 2005. pp. 269-275.
CORREA, M. R.; VELINI, E. D.; ARRUDA, D. P.; ALVES, E.; SILVA, J. R. M. Evaluation of
aquatic plant decomposition on soil through CO2 release. Planta Daninha, 23 (2), 2005.
pp.243-248.
685
Reino: Plantae
Filo: Magnoliophyta
Classe: Liliopisida
Ordem: Liliales
Famlia: Pontederiaceae
Gnero: Eichhornia
Espcie: Eichhornia crassipes (Mart.) Solms.
Nomes populares
Aguap, baronesa, jigoga, camalote, rainha-dgua, orqudea-dgua.
Situao populacional
Espcie extica invasora, atual.
686
Lugar de origem
Amrica do Sul. Brasil: Pantanal e Amaznia. O centro de origem nos Neotrpicos
ainda no foi definido (Barreto et al., 2000). Brasileiros a apresentaram numa exposio
internacional de flores e dali foi levada para outros continentes.
Ecologia
uma planta resistente, persistindo em ambientes com alta variao de nvel dgua,
de disponibilidade de nutrientes e de velocidade da correnteza, mas cresce melhor em
ambientes lnticos, geralmente de guas rasas, em solos argilosos. Alm disso, tolera bem
variaes em pH e temperatura e a presena de substncias txicas (Gopal, 1987). Forma
tapetes densos, frequentemente monodominantes. uma planta aqutica herbcea e perene.
Permanece livre na superfcie dgua ou enraizada se a gua for rasa. Em gua parada
e eutrofizada tem desenvolvimento muito rpido e em um ms pode cobrir a superfcie
do corpo dgua, pois a partir de poucos indivduos pode formar grandes aglomeraes.
Gopal (1987) produziu um verdadeiro tratado sobre a espcie. A semente pode germinar em
poucos dias ou permanecer dormente at 15 anos (Sainty, 1988).
A disperso pode ocorrer atravs de estolhos e de sementes, geralmente abundantes,
transportados pela gua. uma espcie entomfila, mas pode ter autopolinizao, ento
uma planta suficiente para iniciar a infestao. A semente tem ca. 1 mm compr., cor escura
(Kissmann & Groth, 1997), e pode permancer 15 anos dormente (Lorenzi, 2000). Invasora
de reservatrios em reas urbanas, periurbanas e rurais, e tambm em reas naturais,
sempre em densas populaes em guas eutrofizadas, paradas ou de correnteza fraca.
Em seu local de origem encontrada em gua parada ou pouco corrente, de meandros
a lagoas, em solos frteis. No Pantanal a planta dominante em poucos habitats, como
corixos (meandros abandonados) (Pott & Pott, 2000).
Tipo de introduo
Intencional, utilizada como planta ornamental.
Histrico de introduo
No descrito, porque a espcie j existia
naturalmente no Brasil, mas tem sido levada a novas
reas como ornamental e para tanques de piscicultura.
687
Distribuio geogrfica
Ocorre do sul dos Estados Unidos
Argentina, e hoje praticamente cosmopolita
(Gopal, 1987). Atualmente, a espcie apresenta
ocorrncia generalizada no Brasil.
Distribuio ecolgica
Detectadas em reas urbanas, periurbanas
e rurais e reas naturais, sempre se apresentando
em altas colonizaes quando em guas
eutrofizadas. Tem sido detectada por todo o Brasil
em rios, reservatrios, lagos, canais de irrigao
e drenagem.
Impactos ecolgicos
Biomas afetados: Mata Atlntica e Cerrado.
A densa cobertura nos corpos dgua reduz a
sobrevivncia de vrias populaes animais e
vegetais, e provoca reduo de biodiversidade
por substituio da flora nativa. As elevadas
densidades desta planta causa significativas
Foto: Arnildo Pott
perdas dgua por evapotranspirao em represas
rurais, canais de irrigao e drenagem. O sombreamento do fitoplncton e a decomposio
da matria orgnica da planta causam queda no nvel de O2 da gua. Alterao da qualidade
da gua, especialmente, em funo de anoxia noturna, prejudicial aos peixes. Existe ainda
o impacto ambiental nas reas de descarte da biomassa proveniente da colheita mecnica.
Impactos scio-econmicos
Elevao das perdas dgua por evapotranspirao e da vazo em represas rurais,
canais de irrigao e drenagem. Um lago coberto de aguap perde de 2 a 8 vezes mais
gua do que sem plantas (Lorenzi, 2000). Reduo do nmero de espcies de peixes e da
produo pesqueira e aumento da dificuldade na captura do pescado, uma vez que infestao
da espcie dificulta ou impede a pesca e a navegao. Tambm causa problemas estticos,
quando as plantas comeam a morrer. Em outros pases os problemas causados so ainda
maiores. A queda de qualidade da gua para consumo humano, aumenta a incidncia de
doenas, por favorecer a proliferao de insetos e moluscos, vetores de doenas humanas
e animais, como Anopheles spp., Coquillettidia, Culex spp., Mansonia spp. e Biomphalaria
spp. As larvas de insetos e moluscos encontram habitat favorvel entre as bases das plantas,
escondidas de inimigos naturais (Pitelli et al., 2008). Pode impedir o uso de rios e lagos para
esportes aquticos e outras atividades de lazer. Reduo da produo pesqueira e aumento
da dificuldade na captura do pescado, uma vez que a presena da espcie impede a pesca
com redes e dificulta a movimentao de embarcaes. Aumento de incidncia de doenas,
dificuldade na nevegao e problemas estticos.
688
Anlise de risco
A espcie se dispersa com grande facilidade, mas, tem taxas de crescimento aceleradas
quando os ambientes so mais eutrficos. Seu estabelecimento representa a mudana das
condies fsico-qumicas dgua e a alterao de toda a comunidade aqutica e, dentre estas
mudanas, algumas espcies nativas so prejudicadas e algumas exticas so beneficiadas.
Aumenta a populao de organismos transmissores de doenas, j que seus predadores e
competidores exercem menor presso sobre sua taxa de crescimento populacional. Tambm
afeta a navegao, a esttica, a pesca e os odores no entorno do local invadido. A construo
de mais hidroeltricas e o aumento de eutrofizao resultaro em maior nmero de casos
em que a planta ser daninha.
689
podem ser utilizadas como fertilizantes ou forragem devido ao alto teor de metais pesados.
A espcie tem sido sugerida tambm como possvel planta medicinal, com ao depurativa,
diurtica, apesar destes estudos serem ainda preliminares.
690
Situao populacional
Espcie extica invasora, atual.
Lugar de origem
sia, da ndia at a China. Ou Himalaia e Madagascar (Correa, 1984, Lorenzi, 2000).
Em Martius (1877b) consta Nepal. Mas seria nativa nas ndias Ocidentais, segundo Hoehne
(1948), que suspeita que a planta tambm possa ser nativa no Brasil, por ser to comum na
zona litornea e rios de MG, SC e PR.
Ecologia
Palustre (Correa, 1984), cresce em vrzeas, nascentes e margens de rios, reservatrios
e lagos. muito frequente em baixadas pantanosas do pas (Lorenzi, 2000). Prefere solos
hidromrficos e, por isto, frequentemente associada a brejos ou formaes pioneiras
de influncia fluvial. Detectada em reas urbanas, periurbanas e rurais e reas naturais,
sempre colonizando reas midas ou com pouca profundidade de gua, tanto parada quanto
corrente. J infestou at o Parque Nacional de Iguau, na parte de cima das cataratas. Tende
a ser abundante, em populaes densas, dominantes. Tem efeito aleloptico sobre outras
plantas (Santos et al., 2005). Os polinizadores so noturnos (e.g. mariposas), em virtude
da cor branca e do aroma atrativo das flores. Tolera ambientes parcialmente sombreados.
As fenofases parecem ser sincronizadas, com florao em janeiro a maro e frutificao em
junho. A espcie apresenta tanto propagao sexuada, por sementes, quanto assexuada
atravs do rizoma. As sementes vermelhas (Amaral et al., 2008) so espalhadas por aves.
Fragmentos dos rizomas podem se dispersar pela gua, atravs de bacias hidrogrficas e
691
colonizar novas reas. Invasora de reas alagadas rasas, brejos, vrzeas e bordas de matas
ciliares. Tem sido vista em veredas e crregos cortados por estradas, o que indica que a
planta favorecida por perturbao.
Tipo de introduo
Intencional, como planta ornamental
Histrico de introduo
Provavelmente trazida como planta ornamental e medicinal nos tempos coloniais para
o Rio de Janeiro. Fonte: Martius (1877b).
Distribuio geogrfica
Ocorre nas Amricas, desde os Estados Unidos at a Argentina (Santos et al., 2005) e
sia (Maas & Kamer, 2010). Subespontnea no Brasil, na Caatinga, Cerrado, Mata Atlntica
e Pantanal (Maas & Kamer 2010). De ocorrncia generalizada em todas regies do Brasil.
Abundante na plancie litornea do Sul e Sudeste (Lorenzi, 2000).
Distribuio ecolgica
Detectada em reas urbanas, periurbanas e rurais e rea naturais, sempre colonizando
reas midas ou com pouca profundidade da lmina dgua. Tem sido detectada por todo o
Brasil, em vrzeas, nascentes e margens de rios, reservatrios e lagos. Afetando os biomas
Pantanal e Mata Atlntica, especialmente, em reas alagadas rasas, brejos e vrzeas.
Impactos ecolgicos
Biomas afetados: alta bacia do Pantanal e Mata Atlntica, especialmente em reas
alagadas rasas, brejos e vrzeas. Invade buritizais de nascentes e crregos. Substituio
da flora nativa com reduo de biodiversidade, p. ex., de plantas de reas midas ou com
pouca profundidade da lmina dgua, como Eleocharis spp., Ludwigia spp. Polygonum spp.,
Leersia hexandra, Cyperus spp., entre outras, incluindo plantas muito competitivas como
Typha spp. um dos fatores de risco espcie ameaada de extino Peripatus acacioi, na
Estao Ecolgica do Tripu (MG), onde este animal endmico e relicto.
Impactos scio-econmicos
Hoehne (1948) a considerou um dos mais terrveis obstruidores de cursos dgua
de rios e crregos. Sua presena provoca a reduo da qualidade da gua e aumento do
custo de conservao de canais e drenos. Causa elevao nas taxas de perda dgua por
evapotranspirao. Pode favorecer a proliferao de mosquitos, aumentando os gastos em
sade publica. Embora a flor seja muito ornamental, a monotonia do conjunto prejudica o
valor cnico dos ambientes naturais infestados.
692
Anlise de risco
Com a continuada antropizao de reas midas, apesar da proteo legal, aumenta
a oferta de habitats para a invasora. A espcie mais agressiva em ambientes inundados
e possui disperso e estabelecimento eficientes. Representa riscos ecolgicos para fauna
e flora, principalmente, em ambientes inundados ou encharcados. um risco econmico e
social, principalmente no que diz respeito conservao dgua.
693
MAAS, P.; KAMER, H.M. Zingiberaceae. In: Forzza, R.C. et al. Catlogo de fungos e plantas do Brasil. vol. 1. Rio de Janeiro: Andrea Jakobsson Estdio/Instituto de Pesquisas Jardim Botnico do Rio de Janeiro, 2010. p. 1699.
MARTIUS, C.F.P. Flora Brasiliensis vol. III, Part III, Fasc.107, Coluna 37-38, 1877b. Publicado em 01/3/1877. Acesso em 23/8/2011: http://flora brasiliensis.cria.org.br/fviewer.
SANTOS, S. B.; PEDRALLI, G.; MEYER, S. T. Phenological and ecological aspects of Hedychium coronarium (Zingiberaceae) at the Tripu ecological station, Ouro Preto-MG. Planta
Daninha, 23 (2), 2005. pp. 175-180.
694
Reino: Plantae
Filo: Magnoliophyta
Classe: Angiosperma
Ordem: Alismatales
Famlia: Hydrocharitaceae
Gnero: Hydrilla
Espcie: Hydrilla verticillata (L. f.) Royle
Nomes populares
No h nomes no Brasil, por enquanto denominada pelo gnero.
Situao populacional
Espcie extica invasora, atual.
H. verticillata uma planta aqutica submersa perene. Apresenta caules muito ramificados,
que se espalham sob a superfcie da gua. O caule fino com at 9 m de comprimento. Apresenta
pequenos tubrculos na base dos caules, e trios (gemas) nos ns. As folhas em verticilos de 4 a
8 tem cerca de 6-20 mm compr. x 2-4 mm larg., pice retorcido, margem serrilhada e acleos na
nervura central dorsal. A cor das folhas pode variar de verde, translcida, amarelada a marrom.
Flores pequenas, unissexuadas, poucas vezes bissexuadas; as femininas so brancas e crescem
sobre um ramo fino, enquanto as masculinas so verdes, livres e apresentam a forma de um
sino invertido. Frequentemente est enraizada no substrato, mas tambm pode crescer como
flutuante flor dgua.
Lugar de origem
Regies clidas da sia (Cook & Lnd, 1982).
Ecologia
695
guas pobres ou ricas em nutrientes, como carbono, fsforo e nitrognio (Cook & Lnd, 1982).
Pode crescer em ambientes com baixa disponibilidade de luz (1%) e o hbito de crescimento a
torna competitiva por luz, pois pode elongar-se rapidamente, at 2,5 cm por dia, e prximo
superfcie ela se ramifica mais e cresce a profundidades maiores (15 m) do que as outras espcies
submersas, sombreando-as e excluindo-as (Langland, 1996; Menninger & Johnson, 2011). A
temperatura ideal ao crescimento est entre 20 e 27C. Pode crescer enraizada a 12 m de
profundidade (Sainty, 1988; Menninger & Johnson, 2011). A espcie apresenta anemogamia, i.,
o plen flutuante espalhado pelo vento (Hoehne, 1948), a polinizao ocorre na superfcie da
gua (Sainty, 1988). muito eficiente em se propagar, por fragmentos, tubrculos, gemas do
caule (trios) e sementes (Langland, 1996; Menninger & Johnson, 2011). Um fragmento com
apenas um a trs ns pode resultar em nova planta, assim pequenas pores aderidas a barcos
e em baldes de iscas podem espalhar a espcie(Langland, 1996), bem como por aquarismo e
atravs de animais e correnteza. Uma gema axilar pode produzir 2.800 novas gemas por m2
(Langland, 1996). invasora de reservatrios e lagos, podendo ser em reas urbanas ou rurais,
desde que haja transparncia suficiente.
Tipo de introduo
Intencional, em funo da prtica de aquarismo e no intencional pela eventual liberao
de propgulos na rede pluvial e contaminao do rio receptor. Esta invasora extica ilustra
bem o risco que a atividade de aquarismo pode trazer, apesar dos mecanismos existentes para
importao comercial de plantas, mas possivelmente tenha sido clandestina.
Histrico de introduo
Distribuio geogrfica
Distribuio ecolgica
Reservatrios e lagos, podendo ser em reas urbanas ou rurais, desde que haja transparncia
suficiente.
Impactos ecolgicos
696
Impactos scio-econmicos
Anlise de risco
Monitoramento nos reservatrios de Porto Primavera (SP). Estudos sobre controle biolgico
com Fusarium sp., Hydrellia spp. e biologia do crescimento e desenvolvimento. Todos os estudos
ainda esto em fases iniciais.
697
698
Pistia stratiotes L.
Reino: Plantae
Filo: Magnoliophyta
Classe: Angiosperma
Ordem: Alismatales
Famlia: Araceae
Gnero: Pistia
Espcie: Pistia stratiotes
Sinonmia
Apiospermum obcordatum (Schleid.) Klotzsch; Limnonesis commutata (Schleid.)
Klotzsch; Limnonesis friedrichsthaliana Klotzsch; Pistia aegyptiaca Schleid.; Pistia aethiopica
Fenzl ex Klotzsch; Pistia africana C.Presl; Pistia amazonica C.Presl; Pistia brasiliensis Klotzsch;
Pistia commutata Schleid.; Pistia crispata Blume; Pistia cumingii Klotzsch; Pistia gardneri
Klotzsch; Pistia horkeliana Miq.; Pistia leprieuri Blume; Pistia linguiformis Blume; Pistia minor
Blume; Pistia natalensis Klotzsch; Pistia obcordata Schleid.; Pistia occidentalis Blume; Pistia
schleideniana Klotzsch; Pistia spathulata Michx.; Pistia Stratiotes var. obcordata (Schleid.)
Engl.; Pistia stratiotes var. spathulata (Michx.) Engl.; Pistia texensis Klotzsch; Pistia turpinii
K.Koch; Pistia weigeltiana C.Presl; Zala asiatica Lour.
Nomes populares
Alface-dgua, santa-luzia.
Situao populacional
Espcie extica invasora, atual.
699
Lugar de origem
Incerto, por ser cosmopolita tropical e subtropical. Nativa at no norte da Austrlia
(Sainty, 1988).
Ecologia
Cresce em ambientes lnticos ou lticos e, algumas vezes, em ambientes pantanosos,
sempre de guas eutrofizadas ou naturalmente ricas em nutrientes. Detectada em rea
antropizadas urbanas, periurbanas e rurais e em ambientes naturais. Sobrevive na lama
mida (Sainty, 1988). Geralmente ocorre em densas colonizaes. Pode cobrir totalmente
uma lagoa, podendo ento ser reconhecida at de avio, pela cor verde clara. Prolifera muito
em guas poludas (Lorenzi, 2000), ricas em nutrientes, onde o porte da planta avantajado.
Apresenta elevada capacidade de propagao vegetativa, atravs de estoles, rebentos
e sementes, o que facilita a colonizao de novos ambientes favorveis. A reproduo
sexuada ocorre com baixa frequncia, necessitando de polinizadores eficientes, sendo fcil
de ver plntulas no Pantanal. Tende a florir no final da cheia. Sendo a terceira planta aqutica
invasora em importncia no mundo (Barreto et al., 2000), ela invade guas eutrofizadas,
paradas ou pouco correntes. Em seu local de origem, geralmente, a densidade baixa,
ocupando claros da vegetao aqutica, e se torna dominante ou codominante em lagoas
recm reenchidas aps a seca ou perturbadas.
Tipo de introduo
Intencional, como planta ornamental
Histrico de introduo
No descrito, mas pantropical. A espcie j foi descrita por Lineu em 1753, como
tendo ocorrncia na Amrica do Sul.
Distribuio geogrfica
De ocorrncia generalizada no Brasil. Tem sido detectada por todo o Brasil, em
reservatrios, lagos, canais de irrigao e drenagem. Regio Norte (Amap, Par, Amazonas,
Acre), Nordeste (Piau, Cear, Rio Grande do Norte, Paraba, Pernambuco, Bahia, Alagoas,
Sergipe), Centro-Oeste (Mato Grosso, Mato Grosso do Sul), Sudeste (Minas Gerais, Esprito
Santo, So Paulo, Rio de Janeiro), Sul (Paran, Santa Catarina, Rio Grande do Sul). Ocorre
at em Fernando de Noronha.
Distribuio ecolgica
Detectadas em rea urbanas, periurbanas e rurais e rea naturais, sempre se
apresentando em altas colonizaes em guas eutrofizadas.
700
Impactos ecolgicos
A densa cobertura das plantas
rosuladas reduz a populao e as
oportunidades de sobrevivncia de vrios
animais e vegetais, causando substituio
da flora nativa com consequente reduo
de
biodiversidade.
A
massa
morta
causa alterao da qualidade da gua,
especialmente por anoxia, que afeta a
fauna aqutica. Biomas afetados: Mata
Atlntica, Cerrado, Caatinga, Costeiro,
Campo Sulinos.
Impactos scio-econmicos
Reduo da produo pesqueira e
aumento da dificuldade na captura do
pescado, uma vez que a presena da espcie
impede a pesca com redes e dificulta a
movimentao de embarcaes. Apesar
de ser filtradora, pode causar diminuio
de qualidade de gua quando as plantas
morrem e se decompem. Perdas dgua
por evapotranspirao em represas rurais,
canais de irrigao e drenagem. As plantas
podem cobrir totalmente um lago e as
mais velhas comeam a morrer, afetando
o aspecto cnico, diminuindo assim, o
interesse em reas prprias para lazer e
esportes aquticos. A espcie fornece habitat
adequado para o molusco Biomphalaria
glabrata, vetor de Schistosoma (Pointier et
al.,1991).
701
Anlise de risco
Em
gua
com
nutrientes,
forma massa obstruidora e propicia
mosquitos (Sainty, 1988). A espcie
se propaga vegetativamente, se
dispersa e se estabelece com facilidade
e rapidez, alterando as condies
de reservatrios, lagos e canais de
irrigao, afetando a biota, a pesca
e a conservao dgua. Portanto,
a planta representa srios riscos
ambientais, sociais e econmicos.
Tcnicas
controle
de
preveno
A preveno da invaso em
novas reas envolve tratamento de
esgoto para diminuio da carga
orgnica na gua, controle de eroso,
e educao para evitar introduo da
planta em outros locais.
Foto: Arnildo Pott
O
controle
mecnico
por
remoo o mais utilizado, mas ocorre
certo impacto ambiental nas reas de descarte da biomassa resultante da colheita. feito
monitoramento em vrios reservatrios. So feitos estudos sobre fenologia, controle biolgico,
qumico e mecnico. O molusco Marisa cornuarietis controla a populao de Pistia (Pointier
et al., 1991). O controle biolgico teve sucesso na Austrlia com o inseto Neohydronomous
affinis , um besouro do Brasil (Barreto et al., 2000). No serve como forrageira para animais
domsticos, dado o teor elevado de oxalato, mas no Brasil frequente ver a planta com
muitos danos de insetos e caramujos. O controle qumico funciona com Fluridone, 2,4-D e
Diquat, mas seu uso vedado em ambientes aquticos no Brasil.
702
COELHO, M.A.N. Pistia In: Lista de Espcies da Flora do Brasil. Jardim Botnico do Rio
de Janeiro, 2010. (http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2010/FB005070).
CORREA, M.P. Dicionrio das plantas teis do Brasil e das exticas cultivadas. Rio de
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KISSMANN, K. G; GROTH, D. Plantas infestantes e nocivas. So Paulo: Basf Brasileira,
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LEOPOLDO, P.R.; GUIMARES, A.P.; PIEDADE, A.R. Emprego de plantas aquticas em sistema integrado de tratamento de esgoto de pequena comunidade rural. Resumo... XXVII
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LORENZI, H. Plantas daninhas do Brasil: terrestres, aquticas parasitas e txicas.
Nova Odessa: Plantarum, 2000. 608 p.
703
Reino: Plantae
Filo: Pteriodophyta
Classe: Pteridopsida
Ordem: Salviniales
Famlia: Salviniaceae
Gnero: Salvinia
Espcie: Salvinia auriculata (Micheli) Adans.
Sinonmia
A identificao de espcies de Salvinia complicada, havendo opinies controversas.
Alguns consideram S. auriculata um complexo de quatro espcies: S. auriculata, S. biloba,
S. molesta e S. herzogii, as duas ltimas sendo hbridos estreis (Keys, 2011), e todas
tm crescimento agressivo (Jacono et al., 2001), entretanto, as Salvinia sem plos do tipo
p de batedeira no so invasoras (Keys, 2011). Uns consideram esta espcie de folha
aplanada apenas uma forma inicial de crescimento devida a populaes pouco densas e
que depois a folha se dobra (Keys, 2011), mas no Pantanal e nas vrzeas do Rio Paran a
plana (S. auriculata) e a dobrada (S. biloba) existem em vrias densidades sem tal mudana
morfolgica, exceto quando ainda na fase juvenil. As diferenas entre as espcies desse
complexo so bem ilustradas em USGS (2011). Aqui foi seguido o senso de Forno (1983),
adotado por Pott & Pott (2000).
Nomes populares
Orelha-de-ona, murer, marrequinha, salvnia, carrapatinho, erva-de-sapo, lixo-depiaoca.
Situao populacional
Espcie extica invasora, atual.
704
Lugar de origem
Brasil: Pantanal e Amaznia. Tambm na Bolvia, Paraguai, Argentina e Uruguai (Bove
& Paz, 2009), Guiana Francesa (de onde a descrio original, do botnico francs Aublet),
Amrica Central e Mxico.
Ecologia
uma planta tpica de guas lnticas, ou pouco correntes, de lagoas, rios, brejos
e arrozais (Keys, 2011), pobres em nutrientes ou eutrofizadas, em climas tropicais e
subtropicais. Ocorre sempre em altas densidades em guas eutrofizadas, muitas vezes como
nica espcie. O vento pode empilhar vrias camadas da planta. O crescimento favorecido
por altos nveis de concentrao de nutrientes dissolvidos na gua (ambientes eutrficos).
Tolera apenas baixos nveis de salinidade. O comportamento de pioneira tambm se verifica
no Pantanal em lagoas que haviam secado e em caixas de emprstimo ao longo de estradas
e aps a retirada de baceiros (vegetao aqutica flutuante) por catadores de iscas, depois
se tornam substrato para outra planta infestante maior, Oxycaryum cubense (Pott & Pott,
2000), cipercea que invasora em novos reservatrios de PCHs no Centro-Oeste. Propagase tanto sexuadamente por meio de esporos, os quais funcionam como sementes, liberados
pelos esporocarpos submersos e espalhados pela gua, como vegetativamente por meio da
brotao da planta, que se separa em pedaos pela ao das ondas e de animais. Os esporos
provavelmente podem ser transportados por aves aquticas (Kissmann & Groth, 1997). Os
esporos so flutuantes, nos quais comeam a germinar os protalos (Cook, 1990). Invasora
de gua represada de reservatrios e lagos, e de ambientes perturbados como canais de
irrigao e drenagem. Muitas vezes a primeira macrfita que coloniza um reservatrio,
rapidamente. Em seu local de origem a planta se instala em meandros, lagoas, de gua
pobre ou rica em nutrientes (Pott & Pott, 2000).
Tipo de introduo
Intencional, utilizada como planta ornamental.
705
Histrico de introduo
No descrito, porque tem origem no Brasil
(Mitchell, 1972; Salino & Almeida, 2010).
Distribuio geogrfica
Ocorre em todas regies do Brasil (Salino
& Almeida, 2010). Est espalhada nos trpicos e
subtrpicos na Amrica do Sul, frica, sia e Oceania
(Keys, 2011).
Distribuio ecolgica
Detectadas em reas urbanas, periurbanas e
rurais e em reas naturais, sempre se apresentando
em altas colonizaes em guas eutrofizadas. Tem
sido detectada por todo o Brasil em rios, reservatrios,
lagos, canais de irrigao e drenagem. Bioma Mata
Atlntica.
Impactos ecolgicos
Substituio da flora nativa, com grande reduo de biodiversidade, pois a elevada cobertura
reduz as oportunidades de sobrevivncia de vrias populaes animais e vegetais. H alterao da
qualidade da gua, especialmente por anoxia causada por decomposio das plantas velhas e das
que morrem por auto-sombreamento. Biomas afetados: Mata Atlntica e Cerrado.
Impactos scio-econmicos
A exploso populacional da espcie causa reduo na produo de peixes e aumento
da dificuldade da coleta do pescado, dificuldades na navegao e problemas estticos.
Entupimento de tomadas dgua em hidreltricas, estaes elevatrias e bombas de irrigao;
perdas dgua por evapotranspirao em represas rurais e canais de irrigao e drenagem.
A decomposio das plantas mortas interfere na qualidade de gua de consumo humano.
Problemas na recreao em lagos, na esttica.
706
Anlise de risco
Pode ocupar um lago muito rapidamente e tornar-se uma invasora de difcil controle.
A espcie possui grande facilidade de disperso. O vento pode empilhar mais de 2 m de
camadas da planta. O que altera as condies no habitat invadido, reduzindo a entrada
de luz e a produo de oxignio na coluna dgua (Keys). noite pode ocorrer anoxia e
mortandade de vertebrados. Em sistemas de transporte de gua, aumenta a evaporao e
dificultando a manuteno. Dificulta a pesca e a navegao.
707
KEYS. Salvinia auriculata complex (consisting of Salvinia auriculata Aubl., Salvinia biloba Raddi, Salvinia herzogii de la Sota, Salvinia molesta D.S. Mitch), 2011. Acesso
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html
708
Reino: Plantae
Filo: Pteridophyta
Classe: Pteridopsida
Ordem: Salviniales
Famlia: Salviniaceae
Gnero: Salvinia
Espcie: Salvinia biloba Raddi emend. de la Sota
Sinonmia
Salvinia herzogii de la Sota.
Muitas vezes denominada de S. molesta D.S. Mitch., que segundo Mitchell (1972)
um hbrido estril que se dispersa apenas por fragmentao, originrio do Brasil. Entretanto,
S. molesta no consta entre as oito espcies do Brasil (Salino & Almeida, 2010). Salvinia
herzogii de la Sota (De La Sota, 1976) foi citada para Santa Catarina e Rio Grande do Sul
(Sehnem, 1979), mas tambm no consta entre as espcies vlidas do Brasil (Salino &
Almeida, 2010), sendo que o prprio De La Sota tornou S. herzogii sinnimo de S. biloba
(Irgang & Gastal Junior, 2003), nome vlido que consta no portal Tropicos. A identificao
de espcies de Salvinia considerada complicada (Irgang & Gastal, 2003), havendo opinies
controversas. Alguns explicam que esta de folha plissada apenas uma forma de crescimento
de estdio avanado que se dobra quando a populao muito densa (Cook, 1990; Keys
2011; Kissmann & Groth, 1997). Entretanto, no Pantanal e nas vrzeas do Rio Paran a
forma plana (S. auriculata) e a dobrada (S. biloba) existem em vrias densidades sem
tal mudana morfolgica, exceto ainda na fase juvenil, quando S. biloba menos erguida,
mas j ondulada, enquanto S. auriculata em populao densa ergue os bordos, mas no
plissada; cultivadas em tanques, ambas se mantiveram distintas. Outros consideram S.
biloba como parte de um complexo de quatro espcies: S. auriculata, S. biloba, S. molesta
e S. herzogii, as duas ltimas sendo hbridos estreis (Keys, 2011; USGS, 2011), todas de
709
crescimento agressivo (Jacono et al., 2001). As diferenas entre as espcies desse complexo
so bem ilustradas em USGS (2011). Aqui foi seguida a identificao do especialista Elias R.
de la Sota para material do Pantanal, conforme Pott & Pott (2000).
Nomes populares
Orelha-de-ona, murer, marrequinha, salvnia.
Situao populacional
Espcie extica invasora, atual.
Lugar de origem
Nativa do Brasil, no endmica (Salino & Almeida, 2010).
Ecologia
A espcie habita rios, reservatrios, lagos, canais de irrigao e drenagem, principalmente
em guas eutrofizadas. Detectada em reas urbanas, periurbanas, rurais e reas naturais.
Ocorre em altas densidades e os ventos causam sua acumulao junto s margens. Em
Salvinia h dois tipos de folhas, as flutuantes e as submersas, as quais so modificadas,
filiformes, e funcionam como razes. Os tricomas do lado superior das folhas repelem gua.
Propaga-se tanto sexuadamente por meio de esporos, os quais funcionam como sementes,
como vegetativamente por meio da brotao de pedaos da planta, que so separados pela
ao das ondas e animais. Os esporos so flutuantes, nos quais comeam a germinar os
protalos (Cook, 1990). Tanto partes vegetativas quanto esporos so transportados por gua
e vento sobre a superfcie do corpo dgua. Esporos provavelmente tambm so levados por
aves aquticas (Kissmann & Groth, 1997). A espcie tem comportamento invasor e prolifera
muito em habitats lnticos e eutrofizados. As condies em seu local de origem so lagoas
de meandro da plancie de inundao dos rios Paraguai (Pott & Pott, 2000) e Paran (Ferreira
et al., 2011), solos argilosos ou siltosos frteis.
Tipo de introduo
Intencional, utilizada como planta ornamental.
Histrico de introduo
No descrito.
710
Distribuio geogrfica
Ocorre em toda a bacia do Rio da Prata (de la Sota & Jankowski, 1996), incluindo o
Pantanal, hoje espalhada pelo mundo tropical. Surgiu na Austrlia em 1952 (CSIRO, 1952).
Distribuio ecolgica
Detectada em reas urbanas, periurbanas, rurais e reas naturais, apresentando-se
em altas densidades em guas eutrofizadas. Tem sido detectada por todo o Brasil em rios,
reservatrios, lagos, canais de irrigao e drenagem. Bioma Mata Atlntica.
Impactos ecolgicos
Substituio da flora nativa, por competio, com reduo de biodiversidade. Alterao
da qualidade da gua, especialmente por anoxia, devido reduo da luz para a fotossntese
do fitoplncton e decomposio de folhas mortas. Sua cobertura densa reduz a sobrevivncia
de vrias populaes animais e vegetais. Impacto ambiental adicional ocorre nas reas de
descarte da biomassa removida. Bioma afetado: Mata Atlntica.
Impactos scio-econmicos
Elevao das perdas dgua por evapotranspirao em represas rurais e de
hidroeltricas, canais de irrigao e drenagem, e entupimentos. Reduo na produo de
peixes, e dificuldades na pesca e na navegao. Embora na fase inicial a planta auxilie na
retirada de sedimentos e poluentes, depois a qualidade da gua de consumo fica prejudicada
pela decomposio da matria orgnica, encarecendo seu tratamento para consumo humano.
A grande densidade da planta nos eventos de invaso, prejudica atividades recreativas e
esportivas, alm da esttica da paisagem.
Anlise de risco
Pode ocupar a superfcie de um lago muito rapidamente e tornar-se uma invasora de
difcil controle. A espcie apresenta propagao vegetativa, se dispersa e se estabelece com
facilidade e rapidez. Altera as condies nos habitats invadidos, a exemplo de reservatrios,
lagos e canais de irrigao, afetando a biota, a pesca e a conservao, reduzindo a entrada
de luz e a produo de oxignio na coluna dgua. noite pode ocorrer anoxia e mortandade
de vertebrados aquticos. Em sistemas de transporte de gua, aumenta a evaporao,
711
712
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html
713
Reino: Plantae
Filo: Magnoliophyta
Classe: Liliopsida
Ordem: Cyperales
Famlia: Poaceae
Gnero: Urochloa
Espcie: Urochloa arrecta (Hack. ex T. Durand & Schinz) Morrone & Zuloaga.
Sinonmia
Brachiaria arrecta (Hack.) Stent., B. radicans Napper.
Nos ltimos anos houve confuso de identificao desta planta com Urochloa
subquadripara ou Brachiaria subquadripara. O nome B. subquadripara (Trin.) Hitchc. foi
citado por Sendulsky como sinnimo de B. arrecta, e assim foi difundido (p. ex., Kissmann
& Groth, 1991; Pott & Pott, 2011). Tal equvoco se deve coincidncia do uso do mesmo
epteto especfico subquadriparum na descrio de duas gramneas distintas, por Trinius e
por Nees: Panicum subquadriparum Trin. e P. subquadriparum Nees, prevalecendo vlido
o primeiro (de Trinius), mais antigo, enquanto o segundo (de Nees) se torna nulo (para
no gerar confuso!). O gnero Brachiaria foi desmembrado de Panicum, e posteriormente
esta Brachiaria foi enquadrada no gnero Urochloa (Morone & Zuloaga, 1992). Nos sites
do Missouri Botanical Garden (Tropicos) e do IPNI (The International Plant Names Index)
Urochloa subquadripara (Trin.) R.D. Webster consta como outra espcie, e as imagens em
714
Nomes populares
Tanner-grass, braquiria-dgua.
Situao populacional
Espcie extica invasora, atual.
Lugar de origem
Em estado nativo ocorre dispersa em muitas reas na frica Tropical (Camares,
Zaire, Ruanda, Etipia, Sudo, Uganda e Tanznia). As formas cultivadas so originrias do
Zimbbue (antiga Rodsia), de onde foram trazidas para o Brasil.
Ecologia
A espcie habita reas midas de ambientes urbanos e rurais e ecossistemas naturais
de reas alagadas. Resiste a inundaes temporrias e se desenvolve bem em solos midos,
inclusive nas margens de corpos dgua. dominante, formando cobertura muito densa,
principalmente em solos argilosos muito midos e frteis. Apresenta comportamento de
planta daninha perene e estolonfera que se propaga facilmente via vegetativa, apartir de
abundantes estoles. Cresce sobre bancos de outras macrfitas, que ao serem deslocados
e fragmentados auxiliam na disperso (Pott & Pott, 2001). Produz poucas sementes, de
baixa viabilidade. Elevada turbidez pode favorec-la. Tem fotossntese pelo ciclo C4 e tipo
bioqumico PCK, i. , (parede celular da bainha do feixe do tipo PCK (Kissmann & Groth,
1991), produzindo abundante massa verde, que pode ser flutuante. Floresce quando o solo
comea a secar. A propagao somente vegetativa (Lorenzi, 2000). O principal vetor de
disperso o homem, em atividades pecurias, porm sua disperso pode se dar natural
por fragmentos e ilhas flutuantes levadas pela gua. Invasora de margens de crregos e
reservatrios, brejos e vrzeas, inclusive canais de lavouras de arroz irrigado. Em seu local
de origem, a espcie prefere condies ambientais de reas encharcadas e margens de rios
(Seiffert, 1980).
Tipo de introduo
Intencional, trazida antes da regulamentao, sem registro, como forrageira para reas
alagadas e assim foi difundida, mas secundariamente houve disperso natural.
Ambiente de guas Continentais
715
Histrico de introduo
Joe Tanner, fazendeiro da Rodsia, atual Zimbbue, levou a gramnea para
Marandella Grassland Research Station, onde foi testada como forrageira e posteriormente
intencionalmente introduzida em outros pases da frica, na Guiana Francesa e no Brasil,
e tem sido cultivada com sucesso (Seiffert, 1980). Foi introduzida inadvertidamente como
forrageira no Pantanal em Pocon, onde denominada capim-gabriel ou capim-do-gabriel, e
se espalhou espontaneamente durante as inundaes.
Distribuio geogrfica
No Brasil a rea de ocorrncia est mais concentrada nas regies Sul, Sudeste e
Centro-Oeste. J alcanou o Pantanal (Fanzeres, 2011), em reas alagveis de solos argilosos
frteis, desde a sub-regio de Pocon de Porto Murtinho (Pott et al., 2011). Na dcada de
1980 foi um problema nas reas do Projeto Formoso, em Gois. Hoje a maior infestao se
encontra nos estados de So Paulo, Paran e Mato Grosso do Sul e ao longo do Litoral do
Brasil.
Distribuio ecolgica
Invasora de margens de crregos e reservatrios, brejos e vrzeas, inclusive canais de
lavouras de arroz irrigado.
Impactos ecolgicos
atualmente a pior planta invasora aqutica extica no Brasil. Os biomas afetados
so Mata Atlntica, Cerrado e Pantanal. Substitui a flora nativa palustre, com grande reduo
de biodiversidade. So prejudicadas espcies vegetais nativas de porte herbceo das
margens de corpos hdricos e toda cadeia alimentar que tem tais espcies como forrageiras
principais no primeiro nvel trfico. Sua elevada evapotranspirao causa reduo do volume
de crregos, afetando a biota. O excesso de biomassa reduz a oxigenao superficial da
gua. Segundo Michelan et al. (2010), a infestao reduz a riqueza de espcies emergentes,.
So plantas emergentes com caules flutuantes e submersas fixas, enquanto as flutuantes
livres e epfitas (principalmente Oxycaryum cubense) podem ser beneficiadas, talvez devido
estrutura fsica para ancoragem. Entretanto, no Pantanal foram vistas ilhas flutuantes em
que U. arrecta se tornou dominante. J invadiu o Parque Nacional do Pantanal Matogrossense
(Pott & Pott, 2011; Fanzeres, 2011).
Impactos scio-econmicos
Bloqueia tomadas dgua em hidreltricas, estaes elevatrias e bombas de irrigao.
Em lagos, represas e canais de irrigao causa perda de gua por evapotranspirao, alm
de reduzir a velocidade da gua nos canais, aumentando a sedimentao e os custos de
manuteno. invasora de arroz irrigado, principalmente em canais de irrigao e drenagem.
Pode ser txica ao gado, devido ao alto teor de nitratos, produz intoxicaes severas em
bovinos, com sintomas de dificuldade no andar, diarria verde e urina avermelhada, at morte
(Kissmann & Groth, 1991). Diminui a vazo de afluentes de rios e o consequente aporte
716
Anlise de risco
Com o aumento da construo de hidroeltricas, principalmente em reas menos
antropizadas, certamente haver aumento de riscos de introduo desta invasora em novos
locais. Habitats fragmentados e perturbados facilitam a sua disperso. A espcie tem grande
facilidade de disperso, considerando a natural pela gua e a carreada pelo homem. Apesar
de no haver previso da velocidade de invaso, acelerada, pois relativamente fcil
dentro e entre bacias. Representa grandes riscos biolgicos diretos e indiretos para plantas
e herbvoros nativos. Tambm h riscos econmicos e sociais, relacionados pecuria e
s culturas de vrzea como o arroz, alm do aumento da evaporao dgua em canais
de irrigao e de drenagem e em reservatrios, aumentando custos de manuteno.
feito o monitoramento nos reservatrios de Porto Primavera (SP), Jupi (SP), Salto Grande
(MG), Nova Ponte (MG), Santana (RJ), Santa Branca (SP), Ita (SC), Machadinho (SC). So
necessrios estudos de agentes de controle biolgico. A maioria das pesquisas no Brasil
envolve trabalhos agronmicos.
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718
719
Nomes populares
Capim-fino, capim-angola, angolinha, braquiria, capim-branco, capim-bengo, capimdo-par, capim-planta, capim-colnia.
Situao populacional
Espcie extica invasora, atual.
720
Lugar de origem
A espcie originria da frica tropical (Sainty, 1988). incerto onde nativa, mas o
exemplar tipo do Egito, enquanto o de B. purpurascens j do Brasil, de 1823 (Reinvoize,
1998).
Ecologia
Ocorre em reas midas e alagadas, margens de rios e barragens, resistindo muito
bem a inundaes temporrias. Cresce em guas rasas ou forma tapetes flutuantes (Sainty,
1988). muito abundante em reas midas de ambientes urbanos e peri-urbanos e reas
alagadas de ecossistemas naturais. Pode se tornar muito densa. Expande-se rapidamente,
pois uma planta atinge vrios metros de comprimento. Em condies de solo mido e
alagado apresenta aprecivel massa verde flutuante. Fotossntese pelo ciclo C4., do tipo
PCK (Kissmann & Groth, 1997). Alta turbidez da gua parece favorecer o estabelecimento
da espcie. Tem efeito aleloptico (Kissmann & Groth, 1997). Produz poucas sementes,
de baixa viabilidade, na poca de guas baixas. uma planta daninha que se propaga
facilmente por meio vegetativo, a partir de estoles formados em abundncia. Os vetores
de disperso so o homem por meio das atividades pecurias. Porm, a planta apresenta
tambm, disperso natural, por meio de fragmentos e ilhas flutuantes levados pela gua.
Invasora de solos frteis e midos ou alagados. As condies ambientais em seus locais de
origem so reas brejosas e beira de cursos dgua (Seiffert, 1980; FAO, 2011).
Tipo de introduo
Intencional, trazida como pastagem para reas alagadas e no intencional por disperso
natural de fragmentos ou ilhas de vegetao.
Histrico de introduo
Foi introduzida em tempos coloniais, provavelmente, formando camas de palhas em
navios negreiros. Foi dispersa pelo homem como planta forrageira, sendo hoje encontrada
em muitas regies no Brasil, exceto nas reas sujeitas a geadas fortes.
Distribuio geogrfica
A ocorrncia desta espcie hoje encontrada em muitas regies do Brasil, mais
concentrada no Sul e no Sudeste, exceto reas sujeitas a geadas fortes.
Distribuio ecolgica
reas midas de ambientes urbanos e peri-urbanos e ecossistemas naturais em suas
reas alagadas. Os biomas afetados tem sido o Pantanal e Mata Atlntica.
721
Impactos ecolgicos
Biomas afetados: Pantanal e Mata Atlntica. Devido ao vigor competitivo (Seiffert, 1980),
a invaso desta espcie leva substituio da flora nativa, com reduo de biodiversidade,
causada por sombreamento e alelopatia sobre espcies vegetais nativas de porte herbceo
de margens de corpos hdricos, bem como afeta a cadeia trfica que delas dependem, alm
de reduzir luz para o fitoplncton.
Impactos scio-econmicos
Invasora de canais de irrigao e drenagem, de difcil controle (Sainty, 1988). Tambm
invasora em culturas de inundao (como o arroz). No vale do Paraba srio problema
em canais de irrigao de arroz e outras culturas (Kissmann & Groth, 1997), como banana
e cana-de-acar, e margens de estradas. Tolera certo sombreamento (Kissmann & Groth,
1997). A ocorrncia desta planta daninha em lagos, represas e canais de irrigao ocasiona
elevada perda de gua por evapotranspirao, alm de reduo da velocidade da gua em
canais, aumentando a sedimentao e encarecendo a manuteno destes sistemas. Tambm
diminui o nvel de crregos e, consequentemente, a contribuio para reservatrios de
abastecimento urbano e de usinas hidroeltricas (Pitelli et al., 2008). Prejudica a agricultura
como hospedeiro intermedirio do fungo Helmintosporium sacchari e do agente da bruzone
do arroz Piricularia oryzae (Kissmann & Groth, 1991). Pode causar cara inchada no gado
(Kissmann & Groth, 1997). O microambiente sombreado propicia condies favorveis a
vetores de doenas (insetos, moluscos). Reduo da produo pesqueira em reservatrios.
Ocorre a formao de ilhas flutuantes que representam riscos para embarcaes e podem
causar o entupimento de pontes, promovendo enchentes. Entupimento de tomadas dgua
em hidreltricas, estaes elevatrias e bombas de irrigao.
Anlise de risco
Diante da expanso de empreendimentos para energia hidroeltrica, novas reas
estaro sujeitas invaso da planta, por sua grande capacidade de colonizao. Invasora
de margens de crregos e reservatrios, brejos e vrzeas. A espcie tem grande facilidade
de disperso, considerando sua disperso natural e antrpica, o que possivelmente produz
elevadas taxas de disperso (no h informaes cientficas). Habitats fragmentados devem
facilitar o seu crescimento em funo da ausncia de sombreamento na borda dos corpos
dgua. Seu fcil estabelecimento representa grandes riscos biolgicos diretos para outras
plantas e indiretos para herbvoros especialistas de plantas nativas que diminuem. Tambm
representa grandes riscos econmicos e sociais, relacionados criao de gado e de culturas
irrigadas, alm do aumento da evaporao dgua em canais de irrigao, drenagens e
reservatrios, aumentando a perda dgua e encarecendo a manuteno destes sistemas.
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723
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726
Captulo 12
Gesto e Normas
727
729
730
Colautti
MacIsaac
731
732
Para
finalizar
as
normas
que
tratam especificamente da introduo e
reintroduo de espcies aquticas, existe
a Portaria Ibama n 05/2008. Ela tambm
trata de uma nica espcie, o lagostim de
gua doce - Procambarus clarkii, e no tem
por objetivo regulamentar a introduo
ou reintroduo dessa espcie, mas, sim
o de erradic-la do pas. Esta deciso foi
subsidiada pela existncia de uma literatura
robusta relatando os problemas gerados pela
espcie e sua baixa importncia econmica.
Outro aspecto interessante nessa norma a
previso de vrias fases de proibio. Foram
estabelecidos diferentes prazos para que os
ltimos exemplares fossem comercializados
por aquicultores e comerciantes e, aqueles
espcimes que estivessem de posse de
aquariofilistas, deveriam ser mantidos em
cativeiro por mais 2 anos (o que corresponde
ao ciclo de vida natural da espcie). Assim,
o setor produtivo teria prazo para esgotar
seus estoques, o que evitaria solturas em
massa dos animais.
Assim,
se
pensarmos
em
biossegurana, chega-se concluso que
cada espcie deve passar por uma anlise
de risco de introduo, contemplando, no
mnimo, caractersticas da espcie, do
uso para o qual ser destinada, dos riscos
de soltura ou escape de exemplares e de
caractersticas do ambiente onde ela ser
introduzida.
733
734
735
736
737
738
Disposies finais
No Brasil, hoje, existem poucas
normas e diplomas legais que trabalham o
assunto, os quais so restritos a algumas
espcies, e iniciativas de governana locais
precisam ser efetivadas. A quantidade de
aquicultores que no possuem licenciamento
ambiental, bem como os registros exigidos
pelo Ibama e pelo MPA significativa. A
fiscalizao da atividade de aquicultura,
seja para produo de protena animal
Ambiente de guas Continentais
739
740
Referncias
Colautti R.I. e MacIsaac H.J. 2004. A neutral terminology to define invasive species.
741
Captulo 13
743
1
1
1
1
1
Gerncia de Conservao de Espcies, Departamento de Conservao da Biodiversidade, Ministrio do Meio
Ambiente
745
746
Ameaas
aos
ecossistemas
aquticos brasileiros
A constante interferncia antrpica
nos ambientes aquticos em geral tem gerado significativos impactos diretos e indiretos a esses ambientes, com consequncias
negativas qualidade da gua, biota aqutica e ao funcionamento desses ecossistemas, diminuindo, com isso, sua capacidade
de resilincia e de uso. As principais causas
da perda direta de biodiversidade em ecossistemas aquticos continentais brasileiros
esto relacionadas poluio e eutrofizao, assoreamento, construo de represas
e controle do regime de cheias e secas,
pesca predatria e presena de espcies
exticas invasoras. Dentre estes fatores e
atividades humanas que mais ameaam o
equilbrio e a qualidade dos ecossistemas
aquticos continentais esto os processos
de eutrofizao dos corpos dgua, os barramentos e os impactos decorrentes da presena de espcies exticas invasoras.
Entre as consequncias causadas pelo
impacto antrpico, a eutrofizao se refere
a um dos fatores mais agravantes para o
florescimento de microalgas planctnicas,
com predominncia de cianobactrias (Tundisi et al., 2006). Esse florescimento reflete a situao comprometedora desses mananciais, com srios prejuzos sade das
populaes que dependem desses recursos
para sua sobrevivncia. A eutrofizao leva
deteriorao da qualidade da gua, resultando em uma significativa perda de valor
econmico e ambiental (Heo & Kim, 2004;
Molica et al., 2005).
Eutrofizao
A eutrofizao dos corpos dgua se
refere a um dos grandes problemas da qualidade da gua do pas e tambm a uma das
principais ameaas ao equilbrio dos ecossistemas aquticos continentais. Este fenmeno ocorre em decorrncia do aumento
da concentrao de nutrientes, particularmente o nitrognio e o fsforo, responsveis pelo crescimento excessivo das plantas
aquticas, a nveis tais que interferem nos
usos desejveis dos corpos dgua. Tal processo acontece principalmente em lagos e
represas, embora possa ocorrer mais raramente em rios, uma vez que as condies
ambientais destes so menos favorveis ao
crescimento de algas e plantas, haja vista o
maior movimento da gua.
A proliferao desordenada de plantas aquticas exticas (macrfitas exticas)
em reservatrios de usinas hidreltricas
tem, por exemplo, como principal causa o
processo de eutrofizao. O nvel de eutrofizao est normalmente associado ao uso
e ocupao do solo na bacia hidrogrfica.
As atividades agrcolas, a drenagem pluvial
urbana e o lanamento de esgotos so fatores que contribuem diretamente para a
elevao dos nutrientes em corpos dgua.
A grande quantidade de matria orgnica
introduzida nesses corpos dgua tem favorecido o crescimento desordenado de ma-
747
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750
organizao dos diferentes setores da sociedade. Aos poucos, as organizaes-no-governamentais e os movimentos sociais
se organizaram e se agigantaram. Em decorrncia, os problemas ambientais entraram definitivamente na pauta dos governos
(federal, estadual e municipal), dos empresrios e dos pesquisadores e da academia
nos diversos pases do mundo.
Nas ltimas dcadas inmeras reunies, discusses e negociaes foram realizadas e muitos acordos foram logrados
ao longo desse perodo. Nesse sentido, vale
destacar dois importantes compromissos
aprovados pelos pases dentro na rea ambiental, com nfase para a agenda de conservao de habitats, onde se destaca a
Conveno de Ramsar, e a de conservao da biodiversidade, onde se sobressai a
Conveno sobre Diversidade Biolgica
CDB, sem dvida um dos mais importantes acordos ambientais de todos os tempos.
A Conveno sobre Zonas midas,
mais conhecida como Conveno de Ramsar, foi estabelecida em fevereiro de 1971
na cidade iraniana de Ramsar. Mesmo em
vigor desde 1975, esse acordo veio a ser
aprovado pelo Congresso Nacional somente em 16 de junho de 1992, por meio do
Decreto Legislativo n 33. A Conveno de
Ramsar entrou em vigor no Brasil em 24
de setembro de 1993. Posteriormente, em
maio de 1996, veio a ser promulgada pelo
Presidente da Repblica, por meio do Decreto n 1.905/1996, tendo, desde ento,
efeito de lei. Com a ratificao e posterior
promulgao o Brasil assumiu o compromisso de incluir as questes referentes s zonas midas no planejamento territorial em
mbito nacional. Isso implica o compromisso do pas em promover o uso sustentvel
de tais reas, estabelecer unidades de conservao que incluam zonas midas, alm
da promoo da capacitao no campo da
pesquisa, da gesto e da conservao.
Ambiente de guas Continentais
751
Considerada o primeiro tratado intergovernamental a fornecer uma base estrutural para a cooperao internacional, bem
como para aes nacionais no sentido da
conservao e uso sustentvel dos recursos
naturais, particularmente das zonas midas,
a Conveno de Ramsar estabelece marcos
para aes nacionais e para a cooperao
entre pases, com o objetivo de promover,
em mbito mundial, a conservao e o uso
racional das zonas midas. Essas aes esto fundamentadas no reconhecimento, pelos pases signatrios, da importncia ecolgica, econmica e social de tais reas.
A Conveno de Ramsar confere um
sentido bastante amplo ao conceito de zona
mida, que inclui ambientes continentais
de gua doce, salobra ou salgada caso
do pantanal, das vrzeas, lagoas, plancies
inundveis, banhados, salinas e, tambm,
de ambientes costeiros e marinhos onde
se inserem os manguezais, lagunas e os recifes de coral. A Conveno, tambm, contempla reas midas artificiais, a exemplo
das represas, lagos e audes, haja vista
que, originalmente, esse acordo se destinava a proteger ambientes utilizados por aves
aquticas migratrias (MMA, 2010).
A Conveno sobre Diversidade
Biolgica - CDB, foi assinada pelo Governo
Brasileiro durante a Conferncia das Naes
Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, tambm conhecida como CNUMAD
ou Rio 92. A CDB foi ratificada pelo Congresso Nacional, por meio do Decreto Legislativo n 02, de 3 de fevereiro de 1994.
A promulgao, realizada pela Presidncia
da Repblica, ocorreu em 16 de maro de
1998, por meio do Decreto no 2.519, quando
passou a ter valor de lei nacional. A CDB
considerada o mais importante e abrangente acordo j assinado pelos pases na rea
ambiental. um dos acordos no mbito da
Organizao das Naes Unidas de maior
752
753
754
civil.
A normativa tem como objetivo geral
a promoo, de forma integrada, da conservao da biodiversidade e da utilizao
sustentvel de seus componentes, com a
repartio justa e equitativa dos benefcios derivados da utilizao dos recursos
genticos, de componentes do patrimnio
gentico e dos conhecimentos tradicionais
associados a esses recursos. Ademais, a
normativa reconhece, conforme abaixo,
sete grandes componentes e seus respectivos objetivos especficos, estabelecidos
com base na Conveno sobre Diversidade
Biolgica, e considerados os eixos temticos que orientam as etapas de implementao desse processo:
755
Os componentes 1, 2 e 4 apresentam, conforme abaixo, diretrizes e objetivos especficos com relao direta sobre a questo das espcies exticas invasoras com a indicao de
aes necessrias para a mitigao dos impactos da presena dessas espcies no territrio
brasileiro:
Primeira diretriz
Objetivo especfico10.1.8. Inventariar e mapear as espcies exticas invasoras e as espcies-problema, bem como
os ecossistemas em que foram introduzidas para nortear
estudos dos impactos gerados e aes de controle.
Terceira diretriz
Componente 1
Primeira diretriz
Componente 2
Segunda diretriz
Primeira diretriz
Objetivo especfico 11.2.3. Apoiar as aes do rgo oficial de controle fitossanitrio com vistas a evitar a introduo de pragas e espcies exticas invasoras em reas no
entorno e no interior de unidades de conservao.
Componente 4
Segunda diretriz
756
757
758
5. H necessidade da promoo de
maior coordenao e cooperao
entre os setores agrcolas, florestais, pesqueiros e ambientais nacionais no tratamento dessa questo,
incluindo a criao de comisses
nacionais sobre espcies exticas invasoras e, do envolvimento
de outros setores relacionados ao
tema, a exemplo da sade, turismo, transporte e comrcio, bem
como do setor privado;
6. essencial, portanto, a promoo de maior cooperao entre
os pases da regio, quanto preveno e controle de um inimigo
comum, incluindo a elaborao de
estratgia regional sul-americana
para espcies exticas invasoras,
bem como cooperar com os demais pases das Amricas e com o
esforo global para solucionar um
problema, liderado pela FAO, CDB
e GISP;
7. Constata-se, entretanto, que existe
falta de sensibilizao pblica em
relao importncia desse tema,
o que facilita a introduo acidental
de espcies exticas invasoras;
8. Uma efetiva preveno da introduo de novas espcies, bem como o
controle de espcies exticas invasoras na Amrica do Sul necessita
de apoio financeiro e tcnico adequado.
Com o objetivo de resgatar algumas
das recomendaes resultantes dessa reunio internacional, o MMA, em estreita articulao com os diferentes setores da sociedade brasileira, vem desenvolvendo, uma
srie de aes voltadas : preveno de novas introdues; deteco precoce; monitoramento; controle/manejo; e erradicao.
759
Estes diferentes rgos do poder pblico federal e estadual, sob a coordenao do MMA, elaboraram um Plano de Ao
Emergencial (PAE) com propostas de aes
de divulgao, capacitao, monitoramento e fiscalizao. A Portaria de criao da
FTN determinou, tambm, que os membros avaliassem tambm os resultados obtidos na execuo das medidas planejadas
e apresentassem sugestes para possveis
etapas posteriores.
Ao final dos trabalhos, as medidas
de conteno e controle recomendadas
pela Fora Tarefa Nacional se relacionavam
principalmente ao controle de vetores, tais
como:
Trfego hidrovirio obrigatoriedade de pintura das obras vivas das
embarcaes que transitam entre as
regies infestadas e no infestadas,
com tinta anti-incrustante, compatvel com a legislao ambiental;
Pesca esportiva limpeza das
embarcaes de pequeno porte
(sempre que transportadas entre
diferentes corpo dgua) para eliminao de larvas e formas incrustadas;
Transporte de produtos de piscicultura adoo de procedimentos de quarentena previamente ao
transporte de espcies aquticas,
a partir das reas infestadas e de
risco; e
Irrigao e transposio de
guas proibio de transposio
de gua, a qualquer ttulo, entre bacias infestadas e no infestadas;
Ratificao da Conveno Internacional sobre o Controle de
gua de Lastro e Sedimentos de
Navios, de 2004;
760
ainda a constatao da carncia de informaes sobre a situao nacional das espcies exticas invasoras, para enfrentar o
problema das invases biolgicas no Pas, o
Departamento de Conservao da Biodiversidade DCBio, do MMA decidiu, em 2003,
elaborar, com recursos financeiros do Projeto de Conservao e Utilizao Sustentvel
da Diversidade Biolgica Brasileira - PROBio, o Primeiro Informe Nacional sobre Espcies Exticas Invasoras.
Este foi o primeiro esforo organizado
pelo pas para a compilao de dados sobre
o assunto. Por meio do lanamento de cartas convite, foram selecionados cinco subprojetos, propostos por instituies que ficaram responsveis por conduzir os estudos
sobre as espcies que afetam o ambiente
(guas continentais, marinho e terrestre),
a sade humana e o sistema de produo
(agricultura, pecuria e silvicultura). Assim,
por meio da realizao de convnios foram
contratados a Fundao Arthur Bernardes
Funarbe (para o levantamento de dados em
relao ao ambiente de guas continentais;
a Fundao de Estudos e Pesquisas Aquticas Fundespa (ambiente marinho); a The
Nature Conservancy/Instituto Hrus (ambiente terrestre); a Fundao para o Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico em
Sade Fiotec (para o levantamento das
espcies que afetam a sade humana); e
a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria Embrapa (para o sistema de produo).
Na realizao destes levantamentos
objetivou-se, entre outras, a busca de informaes sobre quais espcies (nativas ou
exticas) estavam ocorrendo fora de sua
rea de distribuio natural. Com base nos
resultados dos levantamentos, foram organizadas fichas com informaes sobre cada
uma das espcies que estavam ou que poderiam no futuro afetar o ambiente, a sade humana ou o sistema de produo, ou
seja: situao populacional; local de origem; bioma onde foi introduzida como extica; distribuio geogrfica; usos; impactos socioeconmicos e ambientais; formas
de controle conhecidas; setores afetados;
como ocorreu a introduo; vetores de introduo e disseminao.
Esse Informe, elaborado ao longo de
2004 e 2005, consistiu de dois diagnsticos bsicos, um sobre as Espcies Exticas Invasoras Atuais e Potenciais e outro
sobre a Estrutura Existente no Pas para a
Preveno e Controle. De acordo com os
resultados do Informe, 543 espcies foram
classificadas como espcies exticas com
histrico invasor, sendo 176 de organismos
que afetam o ambiente terrestre; 66 que
afetam o ambiente marinho; 49 que afetam
o ambiente de guas continentais; 155 que
afetam o sistema de produo; e 97 que
afetam a sade humana.
Os resultados dos estudos, apresentados ao MMA por meio de relatrios especficos para cada ambiente proporcionaram
ao Ministrio, particularmente Secretaria
de Biodiversidade e Florestas SBF, subsdios fundamentais para o conhecimento e
entendimento da situao nacional sobre as
espcies exticas e para o planejamento de
aes, especialmente no que diz respeito
elaborao de normas e regulamentos, que
possam contribuir na preveno de novas
introdues, monitoramento e controle das
espcies exticas invasoras presentes no
pas.
761
762
LEVANDO EM CONTA que, embora significativos avanos venham sendo alcanados nas diferentes iniciativas empreendidas, so requeridos esforos conjuntos
entre os pases para enfrentar de maneira mais efetiva o acelerado ritmo atual de
perda da biodiversidade;
CONVENCIDOS da importncia de se desenvolver uma estratgia conjunta, no
mbito do MERCOSUL, que estimule
adoo de polticas e aes integradas,
visando assegurar a conservao, a recuperao e o uso sustentvel da biodiversidade, alm de assegurar a participao
justa e equitativa nos benefcios derivados da utilizao dos recursos genticos;
CONSCIENTES DE QUE tal objetivo, para
ser alcanado, requer o fortalecimento e
a coordenao das iniciativas nacionais
de conservao, mediante um conjunto
de aes que permitam sua concretizao;
CONSOANTES COM o Acordo sobre Lineamento para uma Estratgia do MERCOSUL sobre Conservao e Manejo Sustentvel da Biodiversidade, aprovado pelos
Ministros de Meio Ambiente do MERCOSUL, na IV Reunio realizada em novembro de 2005, em Montevidu;
CONVENCIDOS DE QUE, dada a importncia da biodiversidade para a qualidade
de vida das sociedades e para o desenvolvimento econmico em escalas nacional, regional e global, essa Estratgia
contribuir para fortalecer o processo de
integrao do MERCOSUL.
763
Os pases pactuaram um marco normativo, a Estratgia de Biodiversidade do MERCOSUL, com princpios, objetivos e diretrizes baseados: na Declarao do Rio de Janeiro
sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, de 1992; no estabelecimento da Conveno sobre
Diversidade Biolgica -CDB; no estabelecimento do Acordo Marco sobre Meio Ambiente do
MERCOSUL; e nas orientaes contidas nas Estratgias Nacionais de Biodiversidade dos Estados Partes.
A Estratgia do MERCOSUL se estrutura, conforme abaixo, em sete componentes com
diversas diretrizes:
764
Componente
Diretrizes
IConhecimento e informao da
Biodiversidade
h) Memorando de Entendimento
com o Gisp
765
766
m) Aprovao da Norman 20
Ainda em 2005, a Marinha do Brasil, por meio de sua Diretoria de Portos e
Costas, editou a Portaria n 52, criando a
Norma da Autoridade Martima para o Gerenciamento da gua de Lastro de Navios,
um dos maiores vetores de disseminao
de organismos exticos. Essa normativa
tem como objetivo principal internalizar as
diretrizes explicitadas na Conveno Internacional sobre Controle e Gesto de gua
de Lastro e Sedimentos de Navios, aprovada em 2004 e assinada pelo Brasil em 2005.
A Norman 20 foi revisada pela Diretoria de
Portos e Costas em 2014.
767
Consideraes finais
Desde o incio da dcada de 1990 o
Ministrio do Meio Ambiente vem desenvolvendo um intenso e efetivo trabalho
com vistas : (i) preveno da introduo
no pas de espcies exticas com histrico
invasor; (ii) deteco precoce; (iii) erradicao; (iv) monitoramento do impacto negativo causado no mbito de cada espcie;
e (v) desenvolvimento de aes de controle
e manejo.
Para a consecuo desse objetivo o
MMA desenvolveu, em parceria com uma
srie de instituies governamentais, aca-
768
Referncias
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126.
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ZANELLA, O. & MARENDA, L. D. Ocorrncia
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Instituto de Biocincias USP. So Paulo,
Brasil: 2002. p. 41.
769
Glossrio
771
GLOSSRIO
A
Aclimatao: adaptao do fenotpica a
flutuaes ambientais; ajuste gradual e reversvel da fisiologia ou morfologia a mudanas nas condies ambientais. Termo
frequentemente usado para se referir a mudanas observadas na espcie em um determinado numero de geraes.
Adaptao: resposta gentica cumulativa
de uma populao s presses seletivas do
ambiente. Processo de modificao evolutiva que resulta na melhoria da eficincia reprodutiva e sobrevivncia. Processo terminal de ajustamento fenotpico ou gentico,
de organismos ou populaes, s condies
ambientais particulares, que lhes permitam
sobreviver, reproduzir e desenvolver.
Anoxia: referente ao estado de anxico.
Situao permanente ou temporria sem
oxignio.
Aquarismo: prtica de criao de animais
e vegetais aquticos em aqurios. Em geral
se refere a peixes ornamentais.
Auto-ecologia: parte da ecologia que investiga os processos adaptativos dos organismos.
B
Barramento: refere-se a uma barreira fsica. Aqui refere-se construo de barragens em rios.
Bens ambientais: servios de ecossistema. Processos naturais que ocorrem no ambiente que, do ponto de vista humano, tm
um valor agregado.
C
Caractersticas bionmicas: caractersticas referentes bionomia da espcie. A
bionomia designa estudos biolgicos, ecoogicos e comportamentais das espcies.
Compensao: substituir algo que falta.
Comunidade: quaisquer conjuntos de organismos de qualquer tamanho e longevidade. Conjunto de populaes co-ocorrentes e que usualmente interagem de forma
organizada. Conjunto de espcies vivendo
na mesma rea.
Congnere: que pertence ao mesmo gnero.
D
Detritvo: organismo que se alimenta de
material sedimentvel e finamente dividido,
consistindo de detritos orgnicos e inorgnicos.
773
E
Ecossistema: sistemas naturais ou artificiais, limitados fisicamente, onde interagem
fatores biticos e abiticos caracterizando
estruturas e funes.
Endemismo: referente a endmico. Endmico constitui um txon que nativo e restrito a uma determinada regio geogrfica.
Espcie criptognica: espcie de origem
biogeogrfica desconhecida ou incerta.
Espcie especialista: aquela que possui
pequena tolerncia a condies ambientais.
Espcie que possui preferncia por algum
item dietrio. Possui nicho estreito.
Espcie extica: aquela presente em uma
rea geogrfica da qual no originria, introduzida pelo homem.
Espcie extica contida: aquela espcie
extica detectada em ambientes artificiais
isolados total ou parcialmente de ambientes
naturais.
Espcie extica detectada em ambiente natural: aquela espcie extica detectada no ambiente natural, mas, sem registro
de aumento populacional ou sem novos registros a respeito.
Espcie extica estabelecida: espcie extica detectada de modo recorrente, apresentando indivduos de diferentes
classes etrias, mas, que ainda no causa
ou no tem registros de problemas sociais,
econmicos ou ambientais, ou todos estes
em conjunto.
Espcie extica invasora: aquela presente em uma rea geogrfica da qual no
originria, introduzida pelo homem e que
causa problemas sociais, econmicos ou
ambientais, ou todos estes em conjunto.
774
F
Fauna: toda a vida animal de uma rea ou
de outro limite espacial e termporal especficos indicados.
Flora: conjunto de plantas de um determinado local ou perodo de tempo.
Forragear: comportamento de obteno
de recursos.
Fragmentao: reduzir a pedaos. Aqui se
refere reduo de ecossistemas contnuos
a manchas no espao, com conseqncias
para a comunidade nativa.
H
Habitat: ambiente que oferece um conjunto de condies favorveis para o desenvolvimento, sobrevivncia e reproduo de
determinados organismos.
Herbvoro: organismo com dieta a base de
vegetais.
I
Incidncia: regio de ocorrncia.
Incrustrao (biolgica): comunidade
que se desenvolve sobre superfcies duras
artificiais em contato com a gua.
Invasibilidade: susceptibilidade de um
ambiente invaso de novos organismos.
O
Onvoro: organismo que se alimenta de
recursos encontrados em mais do que um
nvel trfico.
P
Perene: organismo ou ambiente que persiste por vrios anos.
Piscvoro: que se alimenta de peixes.
Plasticidade: habilidade de variar.
Propgulo invasor: conjunto de indivduos de uma espcie extica que alcana um
novo ambiente.
775
776
ndices remissivos
777
Autores
M
Magalhes, Andr Lincoln Barroso de -
C
Callil, Claudia Tasso - 127, 176, 202
Casimiro, Armando Csar Rodrigues - 582
Chapla, Tatiani Elisa - 745
Coradin, Lidio - 745
F
Fernandez, Monica Ammon - 221
600
Mansur, Maria Cristina Dreher - 127, 136,
146
Maral, Sandra F. - 176
Massoli Jr., Edson V. - 176, 202
Miyahira, Igor Christo - 221, 223
N
Netto, Otto Samuel Mder - 83
G
Gonalves, Isabela Cristina Brito - 221
O
Oporto, Lorena Torres - 295
Orsi, Mrio Lus - 582
H
Haddad, Maria Anglica - 83
P
Pereira, Daniel - 127, 136
Pombo, Vivian Beck - 123, 745
K
Kurchevski, Gregrio - 582
779
R
Ramos, Henrique Anatole Cardoso - 729
Resende, Daniela Chaves - 11, 21, 29, 37,
103, 251, 295, 659
S
Santos, Cintia Pinheiro dos - 127
Santos, Sonia Barbosa dos - 221
Silva, Alberto Jorge da Rocha - 745
Silva, Elizangela Feitosa da - 221
Surubim, Marilene - 176
T
Thiengo, Silvana Carvalho - 221
U
Uhde, Vera - 176
X
Ximenes, Renata de Freitas - 221
780
Nomes cientficos
A
Ageneiosus ucayalensis - 299-301
601, 610
Auchenipterus osteomystax - 312
Australoheros facetus - 315
D
Danio rerio - 361, 608, 612
Daphnia lumholtzi - 252, 253, 257
265
Devario malabaricus - 364, 608, 612
781
E
Echinochloa polystachya - 662, 663, 672
Egeria densa - 605, 662, 677, 681
I
Ictalurus punctatus - 406
K
Kellicottia bostoniensis - 39, 40, 78
662
782
M
Macrobrachium amazonicum - 251, 252,
274, 276
Macrobrachium jelskii - 251, 252, 279
Macrobrachium rosenbergii - 251, 252,
282, 284
Macropodus opercularis - 434, 436, 610
Melanoides tuberculatus - 124, 223, 224,
226, 227, 229
440, 601
612
Mylossoma duriventre - 449
N
Nannostomus beckfordi - 451
P
Pachyurus bonariensis - 470
Parachromis managuensis - 473
Pelvicachromis pulcher - 476, 607, 610
Physa acuta - 124, 237, 239, 240
783
621-623
Xiphophorus maculatus - 578, 609, 612
Xiphophorus spp - 578
Xiphophorus variatus - 578, 607, 609
T
Tanichthys albonubes - 559, 608
Tilapia rendalli - 296, 387, 464, 562, 601,
610, 621, 622
Trachelyopterus galeatus - 566
Trachemys dorbigni - 634, 651
Trachemys scripta elegans - 634, 654
Trachydoras paraguayensis - 569, 570
Trichogaster chuna - 572, 610
Trichogaster leerii - 572
Trichogaster pectoralis - 572, 610
Trichogaster trichopterus - 572, 610
Triportheus angulatus - 575
U
Urochloa arrecta - 662, 663, 714
Urochloa mutica - 14, 720
784
Nomes populares
Acar-a 308
Bagre-americano 406
Acar-chibante 540
Barbo-dourado 528
Acar-do-Amazonas 308
Barbo-listado 528
Acar-do-Pantanal 543
Barbo-nigrofasciato 528
Acaraje 543
Barbo-rosado 528
Acar-jia 380
Barbo-Sumatra 528
Baronesa 686
Barrigudinho 493
Acari 430
Bastiana 353
Achiba 302
Beijador 378
Achig 440
Aucena 691
Bicudo 453
Africano 341
Biru 556
gua-viva 97
Bocudo 299
Boga 418
Borboleta 691
Angolinha 720
Boz 312
Arau-cabea-gorda 421
Braquiria 720
Arenca 575
Braquiria-dgua 715
Burra 302
Armal 569
Armalzinho-branco 569
Asian clam 140
Astronotus 308
C
Caborja 328
Cachama 348
785
Cachara 515
Caramujo-trombeta 223
Camaro-canela 275
Caranguejo-de-gua-doce 269
Camaro-da-malsia 282
Caranguejo-vermelho 269
Camaro-gigante-da-malsia 282
Caranha 482
Camboat 386
Camboatazinho 351
Canarana 672
Canarana-pilosa 672
Candelabro-aqutico 667
Candelabro-dgua 667
Cangati 566
Capim-angola 720
Capim-arroz 672
Capim-bengo 720
Capim-branco 720
Capim-camalote 672
Capim-capivara 672
Capim-colnia 720
Capim-da-praia 672
Capim-de-angola 672
Capim-de-peixe 672
Capim-do-par 720
Capim-fino 720
Capim-mandante 672
Capim-planta 720
Capituva 672
Car-bandeira 521
786
Cicldeo-zebra 302
Colisa 345
Colisa-chuna 572
Conchnio 528
Conga 302
Corbcula 131, 140
F
Fidalgo 299
Fisa 238
Flor-de-lis 691
Corbicula-roxa 150
Coridora 351
Corimbat 511
Gengibre-branco 691
Corvina-de-rio 470
Curimat 505
Curimat-pacu 505
Grumato 511
Curimat-pacu 505
Guorami-de-pele-de-cobra 572
Curimat-piau 508
Curimat-piau 508
Curimat-pia 508
621
Guppy-bandeira 490
Curimba 511
Hassar 386
D
Danio 364, 601
Hidride 90
Hidrozorio 90, 749
Danio-malabrico 364
Danio-zebra 361
Jacund 353
Jasmim 691
Dorado 536
Jasmim-borboleta 691
Dorminhoco 308
Jej 390
Jigoga 686
Jurupari 540
K
Kribensis 476, 607
Espada 578
787
L
Lagostim-extico 288
Lagostim-vermelho 288
Lgrima-de-venus 691
Lpis-dourado 451
Lebiste 493, 621
Lrio-branco 691
Lrio-dgua 691
Lirio-do-brejo 691
Lixo-de-piaoca 704
Lodinho-branco 681
Lodo 667
Lukanani 334
N
Napoleo 691
Macarro-de-capivara 681
Mamarreis 453
Mandi-peruano 312
Mandi-serrudo 366
Nen 559
Niquim 427
Nuvem-branca 559
Manduv 299
Manjuba 453
Olho-de-gato 312
Mapar 403
Maparate 403
Orqudea-d'gua 686
Maria-luzia 470
Mariazinha-do-brejo 691
Medusa-de-gua-doce 96
788
Pacu-caranha 482
Peixe-sol 412
Pacu-cd 437
Peixe-vermelho 331
Pacu-comum - 449
Perca 416
Pacu-guau 482
Perca-sol 412
Pacu-manteiga 449
Pacu-peva 437
Perereca-rapa-cuia 644
Pacu-pintado 437
Pacu-prata 437
Pescada-amarela 485
Paiche 305
Pescada-branca 485
Palmitinho 312
Pescada-cacunda 488
Palmito-de-ferro 299
Paraso 434
Pescada-foguete 485
Patinha 299
Piapara 418
Pavn 334
Piau-cabea-gorda 421
Peixe-africano 341
Piauu 424
Peixe-anjo 521
Piau-verdadeiro 418
Peixe-do-paraso 434
Piavuu 424
Pinheirinho-d'gua 667
Peixe-folha-da-guiana 503
Peixe-jaguar 473
Peixe-jia 380
Piranha-branca 546
Peixe-oriental 446
Piranha-caju 532
Peixe-paraso 318
Piranha-do-So-Francisco 524
Peixe-pedra 328
Peixe-rei 453
Peixe-sapo 427
Piraputanga 325
Peixe-siams 318
Peixe-siams-de-briga 318
Pitu 288
789
Soleira 485
Pr-do-sol 578
Surubim 565
Porquinho 543
Surumanha 312
T
Tabarana 536
Tamoat 386
Rabo-de-raposa 667
Tamuat 328
Tanictis 559
Rainha-d'gua 686
Tariputanga 383
Tartaruga-americana 654
Ramirezi-boliviano 443
Tartaruga-de-orelha-vermelha 654
Rapa-canoa 430
Tartaruga-tigre 654
Tartaruga-tigre-dgua 651
Ruelo 348
Tilpia 14, 296, 349, 388, 460, 461, 463465, 468, 562-564, 583, 594-596, 621,
679, 684
S
Salvinia 704, 710, 712, 713
Sanguessuga 105, 106, 118, 119
Santa-luzia 699
Sapo-boi 637
Sapo-cururu 631, 641
Sardalete 403
Sardinha 575
Sardinha-chata 575
Serica 302
Serrudo 366
790
Tilpia-carnivora 473
Tilpia-de-zanzibar 467
Tilpia-do-Nilo 463, 464, 563, 583, 595,
596, 621
Tilpia-do-Wami 467
Toekoenali 334
Tortinha 485
Traira 383
Trairo 296, 383, 384, 387
Trairo-do-Amazonas 383
Trara-pixuna 390
Tricogaster 572
Tricogaster-chuna 572
Tricogaster-cobra 572
Tricogaster-leri 572
Tricoleri 572
Truta 456-458
Truta-arco-ris 296, 456, 457
Tuburana 536
Tucunar 15, 296, 334-337, 387, 417,
473, 474, 533, 565, 669, 679, 730
Tucunar-a 334
Tucunar-amarelo 334
Tucunar-paca 334
Tucunar-preto 473
V
Verdete 56, 60, 63, 66
Z
Zepelim-dourado 451
Zoido 543
791
Espcies Exticas
Invasoras de guas
Continentais no Brasil
Biodiversidade 39