Frenagem Regenerativa em Motores de Corrente Contínua

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TRABALHO INTERDISCILINAR DIRIGIDO II

INSTITUTO POLITCNICO Centro Universitrio UNA

FRENAGEM REGENERATIVA EM MOTORES DE CORRENTE CONTNUA

CURSO: Engenharia de Controle e Automao

Professor: TIDIR Edson Rezende

Alunos: Antnio Cassimiro Neto, Ariane Gomes, Breno Moreira, rlon Alexander, Hugo Lima, Paulo
Henrique, Victor Morato.

Resumo Este trabalho aborda a tecnologia de frenagem regenerativa em motores


de corrente contnua. A energia cintica presente nestes motores nos instantes de
frenagem ou desligamento pode ser regenerada em energia eltrica e devolvida
rede de alimentao ou armazenada em capacitores. Desta forma o motor se
converte em gerador nos momentos de frenagem, reduzindo o consumo energtico.
Palavras-chave: Frenagem regenerativa. Motor de corrente contnua. Sustentabilidade energtica.

Introduo

Parte da energia consumida em processos produtivos desperdiada ou


utilizada de forma ineficiente. Segundo Guardia (2010), a energia um dos
principais insumos da indstria e sua disponibilidade, custo e qualidade so
determinantes fundamentais da capacidade competitiva do setor produtivo,
afirmando que cerca de 40% da energia no Brasil consumida pelo setor industrial
e, deste percentual, aproximadamente 45% corresponde energia eltrica. Panesi
(2006) menciona que no setor industrial, entre 50 e 60% da energia utilizada
consumida pelos motores eltricos. Este trabalho abordar a tecnologia de
frenagem regenerativa em motores de corrente contnua, adequada ao contexto de
sustentabilidade e eficincia energtica uma vez que permite reduzir o consumo da
energia fornecida pelas concessionrias de energia.
2. Reviso bibliogrfica
2.1 Estado da Arte

Um sistema de frenagem regenerativa converte a energia cintica durante a


frenagem ou parada de motores eltricos. Dugonski (2011) afirma que este sistema
utilizado em bondes e locomotivas desde o sculo XX, em que geradores eram
empregados como freios e convertiam energia cintica em eletricidade. Atualmente,
a energia gerada na frenagem em metrs dissipada em forma de calor, atravs de
resistores, ou devolvida rede eltrica quando est receptiva (Kansbock,2012).

2.2 Mquina de corrente contnua: Princpio de funcionamento

O funcionamento dos motores e geradores de corrente contnua se baseia


nos princpios do eletromagnetismo. Ao se aplicar uma corrente eltrica em um fio
condutor, criado ao seu redor um campo magntico que, estando sob ao de um
campo magntico fixo, sofre uma fora tal que provoca sua movimentao e a
energia convertida em trabalho. A direo e sentido da fora f obtida atravs da
Regra do Tapa, figura 1. De modo anlogo, trabalho se converte em energia se um
condutor movimentado mecanicamente em um campo magntico fixo. Nesta
situao, ocorre uma separao de cargas no condutor, ficando uma parte eletrizada
positivamente e a outra, negativamente, o que provoca o surgimento de uma
diferena de potencial. Trabalho converte-se em energia.

Com a mo direita aberta, o polegar dirigido no


sentido da corrente convencional v e os dedos
restantes orientados ao longo do campo magntico,
B. O sentido da fora F aquele para onde fica
voltada a palma da mo.
H

semelhana

entre

as

f = q v sin )
Figura 1 Alvarenga. Curso de Fsica, 1987. ),

formulas
e

(
(

em que ambas

Para compreenso do funcionamento do motor de corrente contnua, de


forma simples e genrica, Nascimento (2011) prope a reduo a trs componentes
bsicos: armadura, estator e comutador, sendo os dois primeiros os componentes
que utilizam a corrente para gerar campos magnticos. A armadura a parte mvel
girante do motor, designada tambm como bobina ou rotor, composta de bobinas de
2

fio condutor, que percorrida pela corrente, e sob a ao de um campo fixo, sofre a
ao de uma fora que promove a rotao. Estator o componente que estabelece
o campo magntico fixo, composto de enrolamentos de fio condutor por onde
tambm circula a corrente. O Comutador a pea responsvel pela circulao da
corrente na armadura sempre no mesmo sentido, garantindo a continuidade das
rotaes. No diagrama de circuito eltrico armadura e estator so representados
conforme mostrado na figura 2.

Figura 2 Nascimento. Mquinas eltricas, 2011. (Adaptado)

De acordo como a finalidade e utilizao do motor, os enrolamentos de campo


do estator podem ser conectados em srie (figura 3.b) com os enrolamentos da
armadura, o que classificado como excitao em srie, ou conectada em paralelo
(figura 3.a), classificado como excitao separada, conexo em shunt e ainda, motor
em derivao. H um terceiro tipo de conexo, compound ou mista (figura 3.c), que
mescla os dois tipos de ligao.

Figura 3 Almeida. Eletricidade Geral Dispositivos E Aplicaes, 2004. (Adaptado)

2.3 Frenagem regenerativa.

A frenagem regenerativa implica na reduo ou cessao do movimento de


motores eltricos, convertendo a energia cintica da rotao em energia eltrica,
sem utilizao de freios mecnicos. Pillai (2004) a define como operao do motor
3

como um gerador, enquanto ele ainda est ligado rede de alimentao. A energia
mecnica convertida em energia eltrica, parte da qual devolvida rede. O
restante da energia perdida na forma de calor nos enrolamentos e nos mancais da
mquina eltrica. O autor afirma ainda que a maioria das mquinas eltricas passa
suavemente de motor ao regime de gerao, quando a carga produz alta velocidade
de f.c.e.m. maior que a tenso de alimentao, o motor passa a gerar energia.
Isto ocorre nos motores de elevadores, guindastes e trens quando em movimento
descendente, ou seja, a velocidade da carga excede a velocidade normal do motor e
a corrente no estator permanece a mesma, ento a f.e.m. de volta torna-se maior do
que a tenso de alimentao.
Freios regenerativos eltricos derivam de freios dinmicos, conhecidos como
freios reostticos (Dugonski, 2011). Na frenagem reosttica, a ligao do estator
para a fonte mantida, mas a armadura desligada e ento ligada de novo a um
resistor. A mquina gera potncia de dissipao no resistor que a libera na forma de
calor. Na frenagem regenerativa a energia pode ser armazenada em um banco de
capacitores e, no instante em que a tenso dos capacitores atingir a tenso limite, a
energia adicional pode ser ento dissipada em resistores (Dugonski, 2011).

Figura 4 Brown. Troubleshooting of Electrical Equipment And Control Circuit, 2005. (Adaptado)

A frenagem regenerativa praticvel, no caso dos motores de corrente contnua,


apenas nos motores com excitao em paralelo. Em motores em srie no
possvel fazer a corrente de campo exceder a corrente do induzido e ter uma f.e.m.
maior do que a tenso do terminal. Na figura apresentado o sentido da corrente I
durante o funcionamento do motor (a.) e durante a frenagem regenerativa (b.)
3. Materiais e Mtodos
4

Foi realizada reviso bibliogrfica, para identificar os princpios de funcionamento


do motor de corrente contnua e da frenagem regenerativa, e feita a montagem de
um circuito para aplicar a frenagem. Atravs da reviso, verificou-se que a aplicao
da frenagem s possvel em motores de excitao separada (shunt), ou seja, ter
uma alimentao individual entre o estator e o rotor. O desenvolvimento da atividade
se deu no laboratrio 609 de fsica do Instituto Politcnico do Centro Universitrio
UNA e na residncia de integrantes do grupo. A montagem de um circuito para
realizao do estudo sobre a frenagem regenerativa est de acordo com os
diagramas de circuito obtidos na reviso bibliogrfica. Os materiais empregados
constam na tabela 1. Foram tomadas notas da tenso fornecida ao motor e a
corrente gerada no circuito de funcionamento do motor, permitindo assim a
realizao do clculo da potncia dissipada pelo motor, atravs de [1], [2] e [3],
respectivamente.
P=V . I

w
Kw=
1000
E=P. t

[1]
[2]
[3]

Tabela 1 Material utilizado no circuito regenerativo


Material

Quantidade

Transformador de 24v/3A

Ponte retificadora

Interruptor de duas posies

Capacitor de 100 v

Um motor de 100w/110v (adaptado para adquirir maior inrcia)

Fonte: Autores

A frenagem foi realizada aps o motor estabilizar sua rotao, interrompendo


a alimentao de energia do rotor, mantendo a energia do estator, e alimentando o
capacitor com a energia cintica gerada pelo motor. Desta forma, obteve-se a tenso
gerada a certo pico de corrente para que, posteriormente, fosse evidenciada uma
possvel reutilizao da energia gerada na frenagem regenerativa do motor no
circuito. Atravs de [4] obteve-se a quantidade de energia armazenada.

[4]

Considerando
=0

4. Resultados

Com base nas medies do circuito montado, foi estimada a potncia em que
o motor trabalhou para estipular o consumo hora (60 minutos). (Dados: corrente
gerada no circuito primrio =2,10A, tenso fornecida de V=39,80v). Utilizando [1],
[2] e [3]:
P 2,10 39,8=83,58 w

Kw=

83,58
1000

8,358 x 102

E=8, 358 x 102 60=5,014 Kwh


Para calcular a energia regenerada a cada frenagem no motor (figura 6),
foram realizados os procedimentos a seguir. (Dados: tenso armazenada V=33,20v,
capacitncia do capacitor C=1000mf = 1F). Utilizando o resultado de [4]:

32

t(s
Figura 6 Fonte: Autores)

1
2
c ( t )= 1 (33,20) =551,12 w=0,551 Kw
2
Estimando que o motor em questo trabalhe 10 horas (t) por dia realizando
uma parada programada (p) a cada 6 minutos, considerando que a tarifa (T) do Kwh
seja de R$ 0,62, em um ms, obtem-se reaproveitamento de aproximadamente 11%
de energia. Os resultados, atravs de [6], constam na tabela 2.

( E t c p ) T

[6]

Tabela 2 Resultados de economia


Relao

Valor

Gasto por dia com a frenagem = (5,014600-

R$ 1831,05

Gasto
por dia sem a frenagem = 5,0146000,62=R$
0,551100)0,62

R$ 1865,21

Economia
1865,208 em um ms = (1865,20830)-

R$ 1024,86

(1831,04630)
Fonte:
Autores

5. Concluso

A pesquisa proporcionou uma melhor viso sobre o reaproveitamento


da energia, tendo como foco a energia eltrica e cintica. No principio de
regenerao, o motor estudado obteve um reaproveitamento de aproximadamente
11% de energia, sendo que, na condio de experimento, o RPM adquirido foi baixo,
gerando no ato da frenagem um tempo de parada absoluta entre 10 e 15 segundos.
Tendo em vista que o reaproveitamento da energia diretamente proporcional a
inrcia, conclui-se que, quanto maior a inrcia, melhor ser o rendimento de energia
reaproveitada. Sendo assim, motores com grande inrcia obtm um resultado
satisfatrio na gerao de energia. Uma questo importante com relao frenagem
quanto energia gerada, devido a ser invivel o armazenamento em grande
quantidade em baterias. Isto implica em montar uma rede receptiva para que a
energia gerada para outros equipamentos ou, em ltimo caso, se no houver
receptividade momentnea, dissip-la atravs de resistores.
Referncias Bibliogrficas

[1] ALMEIDA, Manoel Simes de, Eletricidade Geral Dispositivos e Aplicaes, 1ed.
Hemus, 2004.

[2] ALVARENGA, Beatriz Alvarenga, LUZ, Antonio Mximo Ribeiro da, Curso de
Fsica, volume 3, 2 ed, Harbra, 1987.

[3] BROWN, Mark, Practical Troubleshooting Of Electrical Equipment And Control


Circuits, 1 Ed., Elsevier, Burlington, 2005.

[4] DUGONSKI, Carolina; ZOSCHKE, Loane Maria. Estudo de um sistema de


aproveitamento da energia armazenada na frenagem regenerativa eltrica em
elevadores. Trabalho de Concluso de Curso Engenharia Eltrica - Universidade
Tecnolgica Federal do Paran, Curitiba, 2011.

[5] GUARDIA, Eduardo [et al]. Oportunidades de eficincia energtica para a


indstria: uma viso institucional: sumrio executivo. Braslia: CNI, 2010. Acesso:
19/09/12. Disponvel em:<http://www.procelinfo.com.br/main.asp?View={CC3073493D35-47FE-B77C-3C548F6DB747}>
[6] HONDA, Flvio, Motores de corrente contnua: Guia rpido para uma
especificao precisa,Publicao Tcnica. Siemens, ed. 01.2006.
[7] Nascimento Junior, Geraldo Carvalho, Mquinas eltricas: teoria e ensaios. 4 Ed,
So Paulo: rica, 2011.

[8] PANESI, Andr R. Q. Fundamentos de eficincia energtica: Industrial, comercial


e residencial. So Paulo: Ensino Profissional, 2006

[9] PILLAI, S.K.,A First Course On Electrical Drives, 2ed, New Age International, New
Delhi, 2004.

[10] SURYANARAYANA, N.V, Utilisation of Electric Power: Including Electric


Drives and Electric Traction, New Age International Ltd, 1ed. New Delhi, 2005.
[11] RODRIGUES, Silvio Lobo, Capacitores e Indutores. Disponvel em:
<http://www.feng.pucrs.br/~virgilio/Circuitos_Eletricos_I/Capitulo4_ckt1.pdf> Acesso
em: 19/11/12.

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