Caeiro

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O livro que escolhi para apresentar est intitulado como Conversas

inacabadas com Alberto Caeiro da autoria de Jos Flrido. Aqui retratado,


como Pessoa diria, o Mestre Caeiro. Assim, numa linguagem simples e
coloquial, o autor coloca em destaque as caractersticas fundamentais deste
heternimo, isto , a sua forma de estar na vida, vivendo o presente em
plenitude, de acordo com as leis da Natureza e captando a realidade fsica
ao nvel sensorial. Como disse Victor Mendanha, felizmente, o Caeiro aqui
retratado e ressuscitado por Jos Florido em nada mudou, trazendo os
mesmos princpios e desejo autolibertador manifestados na sua anterior
reencarnao pessoana.
Como j do conhecimento de todos, Caeiro encontra-se numa linha
de oposio face a Pessoa ortnimo visto que no passa para alm do
realismo sensorial sendo espontneo, intuitivo e desligado do pensamento.
Deste modo, ao anular o pensamento metafsico e ao voltar-se apenas para
a viso total perante o mundo, sem necessidade de explicaes, consegue
eliminar a dor de pensar e sofrimento que tanto afetam o Ortnimo. Talvez
por isso, Pessoa reconhea neste heternimo um mestre no s para ele,
enquanto ortnimo, como tambm para Reis e Campos. Como disse o poeta
no h que buscar em quaisquer deles (Caeiro, Ricardo Reis ou lvaro de
Campos) ideias ou sentimentos meus, pois muitos deles exprimem ideias
que no aceito, sentimentos que no tive, como o caso de Caeiro.
Falando agora da obra a que me propus apresentar, esta constituda
por vrias histrias, se assim que lhes posso chamar, nas quais o autor
entra numa espcie de viagem em busca da compreenso no que diz
respeito no filosofa de Caeiro e onde entre conversas que ficariam
sempre inacabadas acaba por desenvolver no s a ideia que tem sobre ele
e acerca da qual rapidamente se prontifica a esclarecer-nos logo no inicio da
obra como tambm desenvolve uma grande admirao por este Mestre
Vou falar-vos um pouco sobre as duas primeiras que esto intituladas,
respetivamente, como: Ao Alberto Caeiro que possa existir em cada um
de ns e A Chvena de Ch.
O autor inicia-a dirigindo-se, de certa forma Ao Alberto Caeiro
que possa existir em cada um de ns e explora o Mestre expondo o
seu ponto de vista acerca do mesmo e mostrando-se surpreendido com o
Caeiro que conhecera: no um Caeiro iletrado como Fernando Pessoa
sempre pensou que ele era mas um Caeiro que estudara e aprendera muito,
um Caeiro que inclusive aprendera a desaprender, sendo este o seu grande
segredo, o segredo que o tornara sbio mas o fazia passar por inculto e que
lhe permitia reduzir tudo simplicidade mas que nem por isso o fazia ser
facilmente compreendido. Antes pelo contrrio: quanto mais simples
procurou ser, mais difcil se tornou ao entendimento dos outros porque
esses outros, entre os quais se encontram Pessoa, Campos e Reis, o
olhavam sempre com os olhos limitados do pensador.
desta forma que Florido nos apresenta o Caeiro que conheceu.
Posteriormente, em A Chvena de Ch, o autor fala-nos do seu primeiro
encontro com Alberto Caeiro que se sucedera num caf situado na vila de
Sintra. Conta-nos, ento, que este lhe tivera sido apresentado por um amigo

comum como um homem de saber transcendente. Como tal, viu nele a


vitima perfeita para derramar todo conhecimento que durante anos tinha
adquirido atravs de livros. No entanto rapidamente se apercebe que estava
redondamente enganado: Caeiro, aps o escutar conta-lhe uma histria em
tom de lio que passo a ler:.
Com isto, o heternimo de Pessoa tenta transmitir ao autor a sua posio e
desacordo perante o mundo em que vivem: o mundo da opinio, opinio
essa que limita, divide e no nos deixa ver as coisas como so e em seguida
afirma:
J no final do livro, em O dilogo, o diabo e o mito de Teseu, feita uma
espcie de abordagem ao ttulo no sentido de melhor o compreendermos: O
autor comea por dizer-nos que todas as conversas que tivera com Alberto
Caeiro acabavam sempre por ficar inacabadas, chegando mesmo a afirmar
que Caeiro deixou sempre qualquer coia incompleta ou que no foi possvel
dizer e que E foi no segredo isto porque lhe faltava ainda esgotar todos
os recursos do pensamento e da linguagem de modo a ser capaz de
compreender a () de Caeiro.
ainda explicada a relao de oposio existente entre dilogo e conversa:
enquanto o primeiro, tal como um diabo, separa e divide os dialogantes que
jamais sero capazes de chegar a um acordo por estarem ideologicamente
separados, o ato de conversar consegue ultrapassar essa atitude dualista do
dilogo e chegara uma atitude de convergncia.
E da surgem ento as famosas conversas inacabadas com Aberto Caeiro.

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Como j referi, o livro engloba vrias histrias que no foi possvel serem
abordadas.

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