Revista Do IHGP Vol.7
Revista Do IHGP Vol.7
Revista Do IHGP Vol.7
GEOGRFICO DE
PIRACICABA
INSTITUTO
HISTRICO E
GEOGRFICO DE
PIRACICABA
INSTITUTO HISTRICO E
GEOGRFICO DE PIRACICABA
DIRETORIA
(02I<l212000 a 2010312002)
Presidente
MOACYR DE OLIVEIRA
CAMPONEZ DO BRASIL
SOBRINHO
Vice-Presidente
Perecin
1 Secrelrio
AYRES
2: Secretrio
1"Tesoureiro
DCIO DE AZEVEDO
20 Tesoureiro
Orador
ELIASSALUM
Bibliotecrio
OSWALDO CAMBIAGHI
SUMRIO
Geogtfico de Piracicaba
hIsloncos ou geog
!cos. IUUOS os
. '
.......
GEOGARCO DE
PIRACICABA
. CGC 508.538.78.0001-48
Rua do Rosrio, 761
13400180 PiracicabaSP Brasil
Telelone: (1~) 34348811
EDITORAAO E IMPAESSAO
Grfica e Editora Oegaspari
R. Baro de Piracicamirim, 1926
1341&150 Piracicaba.sp
. u. . . . . . . . . . , . . . . . . . . H
RELATRIO DE ATIVIDADES
DA DIRETORIA
Moacyr de Oliveira Camponez do
Brasil Sobrinho
Presidente do IHGP
2. Manuteno da sede
Foram feitas reformas no telhado e nas instalaes eltricas e
sanitrios da sede, visando a sua perfeita conservao.
3. Atividades Culturais
3.1. Assemblia para apresentao do relatrio de atividades, pres
tao de contas e posse de novos scios
Na data de 28 de abril de 1999 foi realizada a Assemblia de
apresentao do Relatrio de Atividades e Prestao de Contas da
Tesouraria do 1 ano da gesto da Diretoria. sendo ambos aprovados.
tes Japoneses na sua l' parte, feita pelo engenheiro Toshio Icizuca,
filho de imigrantes, que discorreu sobre os problemas sentidos pelo
seu povo no nosso Pas ..
Na 2' parte do programa, falou o Prof. Jos Faganello, dos col
gios ClO e Anglo, que discorreu sobre o imigrante Italiano e apresen
tou um filme com entrevistas de antigos imigrantes e Italianos residen
tes na Itlia sobre o assunto Imigrao. Ambas as palestras desperta
ram muito interesse e debates entre os presentes. Os italianos que
permaneceram na Itlia acham que esto em melhores condies de
vida do que os emigrantes, pois as suas atividades so voltadas para
o comrcio e indstria, enquanto que os nossos imigrantes tiveram de
se dedicar s atividades rurais.
2.3. Visita dos Alunos de Turismo do SENAC ao IHGP
Palestra para Os alunos sobre as finalidades e os processos de
pesquisa utilizados pelo IHGP com a presena do Diretor do curso
Prol Hugo Pedro Carradore.
2.4. Palestra sobre os Imigrantes Portugueses, Alemes e Judeus
(12.04.00)
Palestra sobre os Imigrantes Portugueses, desde os primeiros
vindos ao Brasil e sobre os Imigrantes Alemes e Judeus Novos, pro
nunciada pelo nosso scio correspondente Marcelo Meira do Amaral
Bogaciovas, que agradou, plenamente, o seleto auditrio de 100 peso
soas. A reunio foi realizada nasala Dona Helena Benetton, do Museu
Histrico e Pedaggico Prudente de Morais. Nos meses de abril e maio
ficaram'expostas ao pblico, no museu, 46 pranchas coloridas, proce
dentes da Comisso de Festejos dos 500 anos dos Descobrimentos
Portugueses, enviadas pelo governo portugus ao IHGP. Passaram,
nesse perodo, peta museu, cerca de 1700 visitantes, constitudos de
estudantes, professores e pelo pblico geral.
2.5. Imigrao Negra (10.05.00)
Dentro da continuidade da programao dos 500 anos do Bra
sil, foi realizada na sala Profa. Helena Benetton, no Museu Histrico e
Pedaggico Prudente de Morais, s 20 horas, com a participao do
IHGP. uma palestra da Prola. Lourdes Aparecida da Rocha Carvalho
sobre o tema A Importncia da Mulher Negra na Histria do Brasil,
assunto que agradou multo a platia, pela qualidade da oradora e pela
riqueza dos detalhes, fotografias e tabelas. O IHGP e o Museu olere
ceram um certificado conjunto oradora.
2.6. Imigrao Negra (11.05.00)
Sobre a Imigrao Negra, a Pro!a. Fabiola Aparecida Rocha
Carvalho lez uma palestra na sala Pro!a. Helena Benneton, s 14 ho
ras, sobre as personalidades negras na literatura brasileira. Recebeu
um certificado de participao emitido pelo IHGP em conjunto com o
Museu, j sob a direo do Prol Francislldio Beduschi. Fez a apresen
tao da oradora o Presidente do IHGP.
VIDA ACADMICA DE
PRUDENTE
curso.
Naquela poca, a Academia de Direito abrigava uma rutilante
mocidade, que, por assim dizer se tornou a. intromissora de novas
idias, de nOVOs rumos no tradicionalismo da velha Paulicia. Prolife
raram os grmios estudantinos, bem como teve nomeada, se bem que
efmera, um sem numero de peridicos de diversos matizes sociais
polticos. redigidos por acadmicos que, mais tarde, vieram a tornar
se astros de primeira grandeza, assim na poltica, na alta magistratu
ra, na imprensa, como na edio de obras de carter cultural, ou me
ramente literrias, Germinava o advento de uma era nova.
O velho burguezismo paulistano sentia frouxos Os seus alicer
ces. Uma verdadeira 'horda de iconoclastas', conforme lhe parecia,
infiltrava-se no mago das antigas convices, dos auslerssimos cos
tumes, para reagir sarcasticamente contra as rdicularias da soceda~
de existente e levava de vencida a compostura exagerada, a
j
vazia,..
Retraldo, de poucas palavras, avesso ao barulho, pndega,
ao suato, s noitadas pelos mortos becos - arena preferida de teimo
sos estudantes seranateiros e de insignes capoeiras - ou aOs espeta
culares sabbats das repblicas, onde imperava a escola de Um Byron
infernalesco que muitos pulmes destruiu, e almas de artista, multas
gnios, muitos coraes, Prudente de Moraes no foi precisamente
um estudante popular nas rodas estudantlnas. Parecia antes um ve
lho, tal a compenetrao do seu papel de moo "precisado' que ali no
viera
dvertir~se,
Blbllografia:
Spencer Vampr
Memri
Nogueira - Tradies e Re
miniscncias. Jos Jacinto
RibeIro - Cronologia
Paulista.
Gazela
de
Piracicaba no. 2926. de
qUa.r1afeira., 3 de dezembro
de 1902. Roberto Caprf ~
Piracicaba, 1914.
o PRIMEIRO TRIUNFO
Qualificado eleitor em Janeiro de 1864, perante uma junta de
qualilicao de votantes, composla por maioria conservadora, pro
vvel no desejasse Prudente de Morais imiscuir-se to de pronto em
assuntos polfticos, a no ser discretamente, lanto mais que urgia reu
nir clientela, garantir a subsistncia, praticar o seu ofcio, para o qual
sentia atrao irresistivel.
Mas, Joaquim Jos de Moraes Barros, vereador da minoria libe
rai ento em exerccio, influenciou-o, rogou-lhe a anuncia, prometeu
lhe toda a ajuda, todo o apoio dos companheiros, cansados j de sem
pre viver "debaixo", dos contrrios, Ademais, as hastes do liberalismo
acabavam de sofrer a perda de um dos seus mais ilustres chefes, ve
reador em exerccio, com a mudana do notvel advogado Dr, Joa
quim de Almeida Leite Morais, e se fazia necessrio preencher a sens
vellacuna, pela adeso de um elemento em condies semelhantes.
Preparava-se uma reao sem precedentes, para a qual se im
punha o aproveitamento de todos os valores e o comparecimento em
massa dos votantes, esquecido o abstencionismo que muitos vinham
praticando, por se terem irremediavelmente convencido de que nunca
sairiam vencedores. A marcha dos acontecimentos, as solicitaes de
amigos, as insistncias do prprio irmo o empurraram 11 luta, compa
recendo na chapa dos candidatos a vereador. Gesto arriscado este,
para quem s tinha 23 anos, o competir com velhos e experimentados
paredros locais,
E a campanha comeou. Vieram as propagandas, os aprestos
para o grande pleito, Mas, com geral surpresa, no loi preciso luta. A
sucesso de vrios e transitrios gabinetes liberais, que agravou as
condies da pOltica interna, e as ocorrncias da nova orientao,
parece, impressionaram os cheles conservadores, que, s vsperas
das eleies, resolveram no participar das mesmas, determinando a
absteno dos seus correligionrios,
Elegeram, assim, os liberais a tolalidade dos vereadores, em
nmero de nove, os Juizes de Paz da Sede e das Freguesias, e todos
os suplentes_
Prudente de Moraes, por ser o mais votado, com 420 votos, loi
escolhido para Presidenle da Cmara - justamente o mais moo - aquele
que a menos de um ano vivia sob o regime palerno e cursava ainda a
escola superior, Como isso havia de doer aos conservadores, a esses
mesmOS que, mais tarde, o veriam alar-se suprema chefia do Pas,
depois de uma trajetria belssima no cenrio da poltica brasileira.
Piracicaba, 30-09-1941 (Dirio de Piracicaba)
(I)
Nelson de Oliveira Camponez do Brasil
A queda do segundo e ltimo gabinete liberal progressista do
conselheiro Zacarias (o de 03-07-1868), ocorrida em 16 de julho de
1868, que provocou a substituio do Presidente desta Provncia para
nomear-se o Baro de Ilana; que decretou a demisso das autorida
des policiais; que arrastou consigo a liberalssima poltica dos Andradas,
e com ela Jos Bonifcio, o Moo
" a encarnao mais fascinadora
das idias liberais" - o orador mais consumado do seu tempo, O pol
tico mais querido das bancas acadmicas, genuna expresso super
lativa que reunia em suas aulas de Direito Civil no s a classe estu
dantil mas tambm pessoas alheias Faculdade, genle qualificada
advogados de renome, funcionrios do governo, desembargadores da
relao - repercutiu fundamente em todo o Pas, com especialidade
no interior do Estado de So Paulo, e foi o rastilho de graves aconteci
mentos, que iriam seguir-se nas eleies para renovao de mandato
das Cmaras Municipais.
Divulgado o "o estelionato poltico" que ruiu por terra o partido
liberal progressista, restava coligarem-se os dissidentes, num esforo
supremo, a fim de opor o mais desesperado revide s manobras do
partido conservador e 11 poltica subterrnea do Palcio de S. Crislo
vo, Histricos e progressistas, esquecidos velhos rancores, foram
convergindo atividades para um congraamento que, pouco depois,
deu origem ao partido radical teto de onde assomou histria brasi
leira o partido republicano.
Sob a direo calma e enrgica de Prudente de Morais, ento
deputado, achava-se a faco liberal piracicabana em maioria esma
gadora, de posse total da Cmara e dos juizados de Paz, malgrado o
largo prestgio que desfrutavam os conservadores, representados pela
elite "rural" do municpio, pelos maiores patrimnios agrcolas e co
merciais, enfim, por gente de prl, gente que j se havia distinguido
em precedenles mandatos e anteriores competies eleite cais,
No padecia dvida que os liberais iriam repetir a memorvel
vitria de1864, para conquistar galhardamente a representao inte
grai na chapa de vereadores.
Alm de outros prognsticos infalveis, a atuao desassombrada
do preclaro chefe, quando na Assemblia Provincial, cominara elo
qente e acremente os desmandos do partido adversrio, constitua
mais um ndice no elevado conceito
Em to pouco tempo granjeado aos seus muncipes de que se
ria assegurada a continuidade de uma poltica de evoluo social, sem
as graves consequncias das bruscas transies,
Esperava-se no Municpio de Constituio um pleito de extraor
dinrias propores, indilo, de marcar poca ... A campanha eleitoral
recrudescia, aproximao do tempo das eleies, Agentes de am
bos os partidos percorriam O eleitorado a angariar simpatias e proble
(11)
Nelson de Oliveira Camponez do Brasil
Chegou o grande momenlo! Eleio renhidfssima, puxada de
parte a parte, a que se realizou! Mas no brilhante, pois, empanada
por cenas de verdadeira selvageria, somente no derivou em espan
toso conflito, graas interveno serena, prudente do "prudente Pru
denle de Moraes", que ordenou O abandono ao pleito.
Inslalada a sesso eleitoral no dia 7 de Setembro de 1868, con
soanle as disposies vigentes, deviam recolher-se os votos duran
te trs chamadas, realizada uma por dia a partir da abertura dos
trabalhos.
Nos primeiro e segundo dias era patente a maioria da ala liberal.
Choviam votos ao partido ameaado pelos esbirros,
Desesperados, os conservadores, revelia ou no do dr. Dele
gado de Polcia, cometeram, ento, os maiores desatinos e com ajuda
de capangas invadiram as residncias particulares, sem mandato do
Juiz, recrutando "voluntrios", dando vaias a pacfficos e respeitveis
cidados, que foram ameaados de agresso aos olhos pvidos de
mulheres e crianas, despertadas sob o tinido das armas, palavres, a
risos grosseiros da gentalha enlurecida. Ex autoridades, ancios pro
bos, incapacitados, prestimosos chefes de lamilia, validos para o ser
vio de guerra sofreram odiosos vexames de alguns "valientes" que
pr sua vez, se julgavam isentos de prestar os servios de campanha,
atribuindo a si prprios o " pesadfssimo" encargo e "tremenda" respon
sabilidade de zelar, dessa forma, pela sorte das nossas armas, cum
prindo solenemente os deveres do patriotismo a uma boa retaguarda
de centenas de lguas do inimigo ...
Para que S8 tenha ligeira idia da "satumal" promovida plos
capangas do sub-delegado de polrcia Francisco Jos da Silva - cai
xeiro na casa comercial do Comendador Francisco Jos da Concei
o, chefe dos Conservadores - basta dizerse que as ostentaes de
fora se registraram nos dois primeiros dias do pleito; porm, s 22
horas de oito para nove de setembro, vspera da terceira chamada e
encerramento da votao, sentindo os adversrios que, no obstante
os maneias censurveis dos seus asseclas, os liberais inevitavelmen
te os derrotariam, passaram a executar as prometidas arbitrariedades.
Com rumorosa escoUa de cerca de vinle pessoas armadas, sob
as ordens diretas do subdelegado em exerccio, tentaram, com fteis
pretexlos, devassar numerosas casas de famlia, entre as quais a de
Jos Mariano de Matos, valetudinrio, para recrutar como fizeram, no
leito em que dormia, um dos filhos daquele ancio - Diogo Antnio de
Matos-que no dia seguinte deveria votar com a oposio. s vinte e
trs horas, foi varejado o domiclio do porteiro da Cmara, Maximiliano
Lopes da Silva, onde prenderam para recruta um sobrinho do mesmo
- Joo Lopes do Carmo casado, com trs filhos. Depois, repeliram
igual faanha nas residncias do velho Joo Batista Frana, Claudino
ms e ano.
Entretanto, no ficaram a as irregularidades cometidas pelo
partido do governo. No querendo participar dos atos de prepotncia
dos Conservadores, nem os sancionar com a sua coadjuvao nos
trabathos eletorais, os juizes de paz da Freguesia da cidade, convo
Blbl10graflai
SPENCER VAMPR - Me
mrias para a His!tla da
Academia de So Paulo
TOMO 11 ; livro de Atas, e
livro NO. 3 de Registro de
Ofcios da Cmara Munlci
pai de Piracicaba"
Bibliografia:
Tladfes e Reminiscncias
Nogueira.
23 e 2S dezembro de 1902.
De 05 e 07 de novembro de
MAGNA CENTRIA
Nelson de Oliveira Camponez do Brasil
Na lendria lIu, A Fidelssima, a Roma Brasileira, bero de
ousados preadores que penetraram o recesso da selva americana,
em busca de ouro, de pedra rias, de amerndios, de aventuras - gente
rude, insocivel, incapaz de manter-se inerme pelos povoados, a de
senhar curvaturas de espinha e a tecer frases blandiciosas aos orgu
lhosos quo pirracentos capites - mores; gente que escorraou os
deste morosos castelhanos e os renilenles selvcolas para as ante-fral
das da Cordilheira andina, no fito de conquistar para a nossa ptria
imensos territrios at hoje pouco devassados! Bero de insignes ar
tislas, que enriqueceram os nossos Templos, com as concepes in
dfgenas da sua arte, tosca sim, mas de um valor inestimvel, com
maviosos cnticos sacros enloados ao som de instrumentos feitos s
suas prprias mosl Bero de abnegados Servos do Senhor que, nos
Conventos, no Plpito, nas Assemblias Legislativas, honraram a Igreja
e a Ptria, profligaram os erros da turba, reinvindicaram direitos
conspurcados pela tirania metropolitana, imortalizaram as notcias das
SUaS benemerncias, e acrescentaram pginas do mais puro quilate
nas grandiosas tradies histricas da sua terra natal! Bero de lidimas
expresses intelectuais, que influram decisivamente nos rumos polti
cos do Brasil emancipadol Na lIu das igrejas, dos Conventos, das
magnificentes cerimnias religiosas, das festivas comemoraes sa
cras, que arrastavam bandos e bandos de romeiros de toda Provncia,
para beberem o verbo dos Missionrios, para deliciarem os ouvidos ao
som majestoso dos rgos, dos coros, dos hinos -tudo obra exclusi
va dos modestos e inspiradssimos 'Miguelzinho", "Venerando", Eliseu,
Elias Lobo, Bernardino de Senne, e outros, para "estanharem" olhos
na contemplao dos pingos ardentes que se derramav,n do cu e
que se desatavam em rudos, em cores, em ouros, em pratas, em
policromias fugitivas, engendrados do gnio pirotcnico de ignorados
artllices, manufaturados s mutiladas mos de bisonhos logueteiros
gente smples e lrica, que passava toda uma existncia de misrias
na feitura daqueles poemas luminosos, barulheiras, com que erguiam
graas ao Senhor. NA ITU dos antigos engenhos, de 'bugio", dos
monjolos, dos cafezais floridos, dos edifcios assotarados
curiosa
expresso da arquitetnica colonial- nasceu a 4 de outubro de 1841,
na modesta residncia de seus Paes, Jos Marcelino de Barros e dona
Catarina Maria de Moraes, o grande 'piracicaba no' o nclito brasileiro
Prudente Jos de Moraes Barros.
PIRACICABA, 04 de Outubro de 1941
(Centenrio do Nascimento de Prudente.).
CONSERVADORES
anular o pleito.
Para a execuo desse intento, parece, tudo vinha favorecer,
inclusive o estado de coisas que predominava enlre os vereadores em
exerccio. Ocorria, desde o princpio daquela gesto, uma srie de
interinidades, de substituies no isentas de certas hostilidades par
tidrias, que, a se culminarem teriam fcil pretexto e explicao nas
eventualidades que as vinham determinando,
A Cmara do mandato 1861- 64 fora inlegrada inicialmente pr
oito membros conservadores: senhores Jos Bento de Matos, presi
dente, capo Salvador de Ramos Correia, capo Jos Venceslau de
Almeida Cunha, alferes Inocncio de Paula Eduardo, larmaculico
Auguslo Csar de Oliveira, Antnio Correia de Lemos e Jos de Almeida
Leite Ribeiro; e um vereador liberal, possivelmente do matiz 'histri
co", alferes Afonso Agostinho Gentil de Andrade.
Logo na posse, que se verilicou a 7 de janeiro de 1861, o candi
dato mais valado, senhor Jos Bento de Matos, deixou de assumir a
presidncia, por achar-se doente, s o fazendo a 16 de junho do mes
mo ano.
Entretanto, os liberais, malgrado s terem conseguido um edil,
estavam represenlados por grande nmero de suplentes e como ti
vessem excelentes motivos para impugnar a validade da eleio de
alguns adversrios, j empossados, dirigiram representaes ao go
convocou sesso.
No dia determinado, 21 de setembro, s compareceu a minoria
liberal, composta do Dr. Rios, Joaquim Jos de Moraes Barros e Joo
Batista de Campos Pinto, no se instalando sesso, por falta de n
mero. Tornou-se necessrio convidar suplentes para tomarem assen
to. Surgiam, porm, srias dificuldades que se prestavam a fornecer,
OS CAMINHOS DA
LIBERDADE NO OESTE
PAULISTA (1750 -1846)
Marly Therezinha Germano
Perecin'
RESUMO
1. Ex.Presidente do lHGP,
Rural em Piracicaba ~ No
Tempo do !mprlo, p 74 e
86-89_
(6) OHclo ao VlceRel,1 600.
Cf. 0.1.,44, p.191.
(7) Observe-se o descanso
agroexportao.
Pequena Histria da Agri~
se
com
a alta dos preos dos produtos coloniais, aps a crise da pro
Em outros autores observa~
mosmrerncias~melha(1les
En~
(1836), p.23.
(... ) Os processos de
roietlmenlo conJinuavam os
mesmos que Unham usado
0$ indfgenas e que forma o
caracler(sfico dos seculo$
antedoteS, 1s/0 ti, a queima,
s roada e o p/anUa at o es
fJotamento da terra. (,.,)Nos
Inventrios da ptimeirt1 meta
de do sculo XIX, que pude
os animaIs
poso
do Vlgrlo-e Representao
A.C.M.P
a grande propriedade e
criatrio. As observaes ros
1ringemge s 1 e 2' Com
panhias , dotadas de 11 e 14
Esquadrascada uma. abran
gendo diversos bairos rurais
e a Frepuesi8 de Santa Br
bara (2 Cia.) O maior mime
ro de engenhos enconiravrl
se fia II Cia" em decorrn
cia da proximidade do Vale
Mdio do Tiet e da
agroexportao, vollada para
as estradas de Ih.! e Porto
Feliz. Cf. Lista Geral dos
M
sexo e o:Jf
ela. H
I N"
M
8 P C N
143 19 129 32 01
2' 194 00 171 30 01
Tolal 337 27 300 62 02 ~
--
'"
162
: 202
34
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844
784
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xo (12)
DISTRIBUiO DOS SETORES DA POPULAO
64.6
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SObro os
Fogos %
7,601
6."
46.60
.....
t,30
'.02
:
1822.DAESP.
(12) A amoslragem colhida
sobre o Censo no deva fu~
AgriCUltores em geral
EnaeMeiros' Partldistas Reoobem %
s,. sn!.
(naO coost.a)
02
26
17 02
OS
00
07
06
43 06
'"
5.90
grande$praptielriosbelrava
os 0,5% da populao total
da Oeste paulista. Cf, CarlOS
de
Almeida
Prado
BAC!!LLAR, Os Senhores
da rerra. p.32.
(13) Cf. 12" Vereao de
dinria de 1211011822. 1v u
wo de Atas, A.C.tt
(14)Cf. Mrio NEM!!, op, dI.,
p.217-19
(15) Cf. Mario NEME. op. cito
p.179
p.340-354
(18ICf.Srgio ADORNO, op.
cll. p,53-54
(19) Cf.
dt,p.40
(20)
Cf.
Autos
da
Devassa.Cartrlodo200ffclo
de Piracicaba. Ao de
Vergue:lroJalr Taledo VEIGA,
As Comemoraes da Inde~
pendencia em Piracicaba,
,p.124
(22) Nas Reflexes de Itu,
bem entendida"
sObre as
convenincias do arranio po
If!ico. manifesto na preserva
o do legislalivo frente ao
agganlamenlo dos outfs
Poderes. preocupao que
se matller na linha da polili
ca chimanga do Oeste
paurlSta.
sileiro antecipou-se, em
1832, na obra de instalao
das lojas. Era dotado de c0
eso e forte representao
Imptef\sa doutrinria de
Evaristo da Vei.Qa e as lide
ranas regionaiS projetadas
na Assemblia Geral do
Im~
preterentemente. as suas
Lojas no Vale do Parafba e
no litoral. Cf. Jos
CASTELlAN. HistrIa do
Grande Oriente de So Pau-
lo, p.1739.
(25) Os agro-senhores do
beste se ptepararam para a
grande eleio do Regente
ca do Impr!o do Brasil,
p.23S.
(21) Complemontadoras da
1.ei de Interpretao do Ato
Adicional, as leis da "relonna"
chamaram-se "opfessoras~
ou "1.els do Cabresto~. A lei
de 2311111841, resgatava o
Conselho de Estado, com~
posto por doze membros com
funes vitaHclas, alm do
poderem participar os Minls~
tros de Estado, significando
um reingresso na delestada
polflica dos bastido.res. A Lei
de 0311211841 aretava O' C
lgo do Processo Criminal de
1832 e o pretendido
municipalismo judkrio, sob
pretexto de que este eslimu~
lava os despotismos locais a
se e!em4afem no poder, gra*
as a disposio de uma po
lcia cMI e uma magistratuta
de encomenda; a mdio e
longo prazo,liqidava as pre
tenses dos moderados, via
{Z8)
ferida(Rafaef
Tobias),
inconrormao chimanga
ante as p!?rdas polticas, ro
jelo de Costa Carvalho por
parte das trs famhias mais
importantes de So Paulo,
Tlbyrla e a Revoluo de
1842.
planejada no interior da So.
Invi~
Nmero 7
~2::7~ ~,'"
.<,<'~
- 1.. .)Eu
se desejava recuperao do
na poca,
reno,
p,97,
Tobias de Aguiar.
(34) Locke compreendia a
propriedade sob um vis an
tropolgico individualista. O
Homem vivendo em estado
nalural,
segundo
os
caracteres biolgicos co
muns, apresentave uma
igualdade que no estado CQ
lelivo se sujeitava caracle
1- Arquivos
DAESP (Depto, de Arquivos do Estado de So Paula),
Documentos Interessantes, volA5,
Lista Geral dos Habitantes que Integram o corpo das 3 Compa
nhias da Vila Nova da Constituio, In Maos de Populao,
ACMP (Arquivo da Cmara Municipal de Piracicaba),
l' Livro de Atas. 1822.
Atestao do Vigrio e Representao dos Povos,Livro de Ins
talao da Vila de Constituio, N' 002,
Cartrio do 2' Oficio de Piracicaba,
Autos da Devassa, Ao de Vergueiro"
11 - PUBLICAeS
TESE
Lisant Filho, Luis, Comrcio e Capitalismo; o Brasil e a Europa
entre o fim do sculo XVIII e o inicio do XIX,O exemplo de trs Vilas
Paulistas, Campinas, lIu e Porto Feliz,1798-1828, Oepto. de Histria,
FFLCHlUSP, 1962,
PERiDICOS
REVISTA
ALMEIDA, Alusio de, Apaixonado Manifesto de Rafael Tobias
de Aguiar. So Paulo, Revista do Arquivo Municipal (RAM), 1973, Se
parata, XXXVI (CLXXXV)
tabelecla as relaes de
guals,
se prolonga na oocedade
cM!mente coostiMda, o di
de domnaosodaJ<l3orlan
do liberalismo. p,73-74.
(35)Se o jus nalurallsmo con
cedeu embasamento ferico
ao Manifesto, acreSCntou
selhe um conteudo de natu
reza morar, por tralar-se da
guerra do acar dos agro
JORNAIS
O Independente, Rio de Janeiro, ed. de 1410311832, nO 64, BI
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MEMRIAS DA ESCRAVIDO
DIVISO DE CLASSES
continuamente"
(Aristteles, Poltica)
1, Scio Titular O:
Presidente: do IHGP.
Ex~
gio e poder.
Possuir escravos tornou-se um imperativo sobrevivncia. No,
2, Sobrados o Mocambos,
op. dI.
3. Jacobus 11M Soolon, VIA
Freyre In Sobrados e
Mocambos.
4. Oebret. Jean Baptista,
Voyage plttor9sque et
HistOfl'que au Bmsi!... 1816~
1831, Paris. 18341839.
Aquarelas relativas ao Sra
sll publicadas por Robor!
Heymann, Paris, 1939,
5. Rugendas, J. Maurlce.
voyage Pittoresque au
8rsil, Parls/Mulhoese,
1835, Viagens Pitorescas
attavs do Brasil (trad.), So
PaulO, '949
6. Barbinals, Lo Gentil de
La. Nouveaux voyage
Autour
du
Monde.
comprando a liberdade.
Ex-escravos. alfoniados. atuando ao lado dos escravos de ganho, que, acreditando na sua sin~
formavam um peclio. que lhes permitia estabelecer-se. Os mulatos vandoa para o Rio de Ja~
social
cere,
8. SobradOs 9 Mocambos,
ob. cit
9. Cunha, Matos. Corogralia
HistriCa da Provlncla de
Gois, Revista Ins1. Hist.
Geog. 8r. T. XXXVIfI, p.l, Rio
de Janeiro, 1674,
Inteiramente branco.
Inteiramente negro".
Gerais I/ na organizao de
Chico fiei, o prenncio do
cooperativismo ou do socr~
alismo cristo no Brasil,
11. Bastida, 110gor, Los
Religlons Afrcaines au
BrsiJ, Paris, 1960, (lrad.)
Maria EJvisa Capellato
neira Ed,
da
Lacoura
no
b,ados e Mocambos.
15. W.R. Robertson na sua
Hstria da Amrica diz que:
na Quinta gerao a cor do
negro se desvaneceu de tal
sorte, que o nacional prove~
n/ente desta mistura, j se
no distingue do Europeu, e
participa de rodos os privi~
lgiOs desle, Freyre, op. Clt,
HISTRICO DO
&
TEATRO SO JOS
Caio Tabajara Esteves de Lima'
do lHGP
INTRODUO
Os edifcios da sede do Clube Coronel Barbosa e o Teatro
So Jos, anexo, destacam-se pela suntuosidade arquitetnica, jun
to praa central de Piracicaba. alm de constiturem o teslemu
nho de uma poca. Este sucinto histrico foi elaborado atendendo
a solicitao da diretoria do Clube Coronel Barbosa, que ainda no
possua registro organizado de suas origens.
O trabalho demandou pesquisas em publicaes. jornais. atas
do clube e da Cmara de Vereadores, arquivos do Instituto Histri
co e Geogrfico de Piracicaba. mas mui!as das informaes foram
obtidas junto aos parentes do Coronel Jos Baroosa Ferraz e cida
dos que o conheceram, os quais nos prestigiaram com especial
1. Oterri!rio, quealualmen
te constitui o Municlplo de
Rio Claro pertenceu a
Piracicaba at o ano de
1842, quando passou a ser
Dislrito de Limeira.
2. CC - Manoel de
CAMARGO. Almaoak de
TRAOS BIOGRFICOS
o MECENAS DE PIRACICABA
Jos Barbosa Ferraz foi uma das mais insignes personalidades
da sociedade piracicabana, entre muitas outras que viveram desde
meados do sculo XIX at as primeiras dcadas do sculo XX.
Nasceu no municipio de Rio Claro, em 8 de abril de 1865, na
Fazenda Jardim, cuja sede ficava bem prximo da divisa com o muni
clplo de Piracicaba, onde hoje se localiza o ncleo de Tanquinho, Dis
trito de Guamlum (1).
Seu pai, proprietrio da Fazenda Jardim, chamava-se Antnio
Barbosa Ferraz e sua mae Ambrosina de Campos Ferraz. Seu av
materno, Jos Ferraz de Camargo, tambm foi cidado notvel em
Piracicaba, tanto que mereceu destaque nas efemrides do "Almanak
de Piracicaba para o anno 1900 (2), onde encontra-se um histrico
deste personagem, que assim pode ser resumido: Jos Ferraz de
Camargo possuia o mesmo nome de seu pai, sendo sua me Maria da
Annunciao Camargo. Jos Ferraz de Camargo nasceu em
em
18 de outubro de 1812 e veio para Piracicaba aos 8 anos de idade,
provavelmente porque seu pai adquirira propriedade neste municipio,
nas proximidades de Iracempolis, hoje Distrito de Guamium
(Tanquinho). Ainda rapaz, foi trabalhar como feitor no stio de Igncio
Ferreira e depois no sitio do Tenente Chicana. Mais tarde, foi exercer
as funes de feitor no Engenho de Monte Alegre. Muito dedicado,
consta que nunca faltou ao trabalho. Casou-se, em Capivari, com
Gertrudes Ferraz de Campos e foi administrar o sitio de sua sogra. La
no permaneceu por muito tempo, pois velo administrar o Engenho da
gua Santa, de propriedade do Dr. Bento Paes de Barros, depois Ba
ro de Itu. Durantees!e perodo seu pai veio a falecere Jos Ferraz de
"U
3, O primognito do Coronel
Barbosa, Jos Barbosa
Ferraz Jnior (Jquila),
casouse com Alberlina de
Paula Leile. a qu.allambm
periencia a u.m dos ramos
da rvore goneatgica do
Capito Antnio Antunes
Maciel (1640 - 1725), o as
cendente mais distante dos
Barbosa Ferraz.
4,
cr.
Sablno
Joo Guilherme
OMETTO,
Os
Ometio.
5. A dala da venda da
zenda
So
Jos
D,.
fa~
foi
fornecida pelo
Cyro 8ar
bosa Ferraz, um dos netos
No pode, no deve ser esquecido. Por isso hoje, eu, sua neta,
YULE
A CIDADE DOS CORONIS
O Coronel Jos Barbosa Ferraz teve o privilgio de viver em um
dos perOdOS mais profcuos de Piracicaba, quando a cidade era co
mandada pelas bares, capites e coronis, tlulos concedidos pelo
Imperador a pessoas influentes e, principalmente, grandes proprietri
os de terras, sesmeiros e oligarcas. Aps a libartao dos escravos
(1888), queda da Monarquia e proclamao da Repblica (1889), da
qual participou um dos seus mais ilustres cidados, Prudente de
Moraes, Piracicaba passou por grande desenvolvimento na rea eCO
nmica, social e principalmente cultural. Acentuou-se o processo
imigratrio, com a vinda principalmente de lavradores italianos, que se
fixaram nas fazendas, e tambm artesos, marceneiros, carpinteiros,
mecnicos, farmacuticos, artistas, mestres construtores, enfim, pro
fissionais das diversas reas do conhecimento humano, portadores
da cultura europia, os quais permaneceram na cidade e colaboraram
para o surto de desenvolvimento que se verificou. No inicio do Sculo
XX (1900) o municpio j contava com cerca de 25.374 habitantes (9) ,
a maioria residindo na zona rural e produzindo as riquezas da poca
o caf e a cana-de-acar. Os grandes proprietrios rurais, alm de
manterem seu poder polftico, amealharam riqueza suficiente para usu
fruir elevado padro de vida. Atravs da Cmara de Vereadores, onde
se revezavam no poder, modernizaram a cidade com importantes rea
p. 120.
Piradcaba,
12. Cf.
Mano{;el de
CAMARGO, Almanak de
Piracicaba para 1900, p, 70
- TIpografia Hermes e Ir~
mos.
13. Cf, -IbIdem. p, 239,
nio Fischer;
- Sociedade Danante - estabelecida Rua Sanla Cruz, no
Bairro dos Alemes, sob a direo de Joo Theodoro
Hulfenbacher,
- Sociedade Danante Recreio Familiar estabelecida Rua
da Esperana,
H tambm citao ao Clube Republicano (PRP), fundado em
19 de outubro de 1889, com finalidades mais voltadas pollica parti
dria.
Dentre outros clubes recreativos, surgidos no sculo XIX, des
tacava-se o tradicional Clube Piracicabano, pelo fato de congregar a
elite dominante da poca. Aps a primeira sede, no sobrado da Rua
Direita (Moraes Barros), transferiu-se para a Rua So Jos, esquina
com a Rua Governador Pedro de Toledo. Na mesma esquina funcio
nou, posteriormente, o Clube Cristvo Colombo, Ceclia Elias Netto
em seu Almanaque 2000 - Memorial de Piracicaba (14), comenta: O
Clube Piracicabano era o grande ponto de encontro das famlias
piracicabanas, que eram recebidas por damas como Lydia de Rezende,
Julia Prudente de Moraes, Adelalde Zanotla, Elisa Sal/es de Moraes
Barros, entre outras.
O Coronel Barbosa gostava multo de reunies sociais, certa
mente freqentava o Clube Piracicabano e teve a idia de construir
um local especffico para reunir-se com os amigos. Adquiriu antigos
imveis, localizados na esquina da rua So Jos com a Praa Jos
Bonifcio, providenciou a demolio deles e, com a venda de caf, de
sua fazenda, conseguiu recursos suficientes para ali construir o Teatro
So Jos e o denominado Palacete Barbosa, qual passou a ser a
sede do Clube Piracicabano,
No foi possvel precisar a data de Inaugurao do Palacete
Barbosa, sendo certo, entretanto, que o Clube Piracicabano ali passou
a funcionar antes mesmo da construo do Teatro So Jos, como se
comprova em fotografia da poca. As obras foram executadas pelo
construtor Antnio Borja Medina, sob a responsabilidade do engenhei
ro Orlando Carneiro (15),
De acordo com depoimentos de familiares, o Coronel Barbosa
gostava de jogar cartas como diverso, evitando participar de jogatinas
que envolvessem altas apostas. Por isso, freqentava as salas dos
jovens associados, na maioria estudantes da Escola Superior de Agri
cultura Luiz de Queiroz. Aps a morte do Coronel, em 1937, alguns
scios entraram em atrito com a diretoria do clube, sob a presidnCia
do Sr. Antnio Martins Bermudes de Toledo. Esses scios, entre os
quais figurava o professor e pintor Arqulmedes Dutra, preferiram dedi
car-se mais prtica esportiva, principalmente o tnis, jogado em qua
dras localizadas onde atualmente se encontra a praa fronteirla ao
Colgio Dom Bosco e Escola SENAI, no bairro Cidade Alta, Tal proce
dimento provocou um esvaziamento do clube, mais voltado para os
eventos sociais e contrariando os princpios estabelecidos pelo Coro
nel Barbosa, Face a essa dissidncia, a viva do Coronet, Carolina
Silveira Mello, solicitou a desocupao do prdio. O Clube Piraclcabano
0911940.
(18) Cf.
1940.
TEATRO SO JOS
Jos,
26. Cf. - Jomal de
Piracicaba, edio de 12/07/
1927, l' pgina O valor tOI
revelado om matria
publicada
pelo iornal "O
Estado de So Paulo", edi
ode 10107/1927, transcri
la pelo Jomafde PiraciCba.
A ma.tria do ~Estado~ lam~
bm a.nunciava: '1nauf}ura
se amanh, em PiracIcaba..
o Ttlealro So Jos, ampla
casa de diverses, com lo
lao de 1949 foaaJjdades".
27. Cf. Jomalde PiracJcaba,
edio de domingo, 10 de
julho de 1927 -1' pgina.
28. Cf. - Cecilia !ELIAS
NETTO, Almanaque 2000
Memorial de Piracicaba, p.
171.
cidade, da qual o 'Otpheoo" faz parte, num geslo mUito gentil, quis pro
mover esse recital em homenagem ao & Coronel Jos Barbosa Ferraz,
O programa a ser executado o seguinte:
/I
Cascata de Risos - Canlo sem palavras L Lozano,
Dorme, filhinho! - Lelra anonyma Melodia popular,
Devaneio - Lelra de Pedro de Mello - Msica de R, Schumann.
Ptria Brasileira - Letra de Pedro de MellO - Msica de Carlos Gomes,
J/I
Marcha dos Gnomos - Canto sem palavras R, Gomis,
_a.
Comunicao da ESALQ.
municao da ESAlQ,
36. CL - Livro de Atas, Vo
lume 21. da Cmara de Ve
readores, pgina in. Titu
lo conceddo atravs do De
. INSTITUTO .
.. HISTRICO E
GEOGRFICO
CURRicULO DE
(1976).
De Petrpolis: Medalha de Prata (1977),
De Limeira: Medalha de Ouro (1986),
De Rio Claro: Pequena Medalha de Ouro (1983),
De Piracicaba (Mostra Almeida Jnior): Prmio Renato Wagner
(1986).
90
ANTIGOS SESMEIROS
DE PIRACICABA
Scio Correspondente do
IHGP.
1, O concelho de Monte
Longo h muito esl extinto
e couesponderia. mais ou
menos. ao alual concelho de
Fafo que hoje abriga So
Gem.
1609.1634.
3, Sl, VIII, 329. Sllva Leme,
seguindo Pedro Taques, er
roneamente o faz. filho de
Joo Lopes de Oliveira e de
Sua mulher Maria da Rocha
do GanIa. naturais de So
Bartolomeu de So Gens,
4. Inventrios e Testamenlos,
XXXVIII, p. 55.
5. Inventarias e Testamen
fos. XL. p. 33.
6. Ascena de Pinha tinha 6
anos de idade em 1630,
conforme consiou da rela
o de herdeiros no Inven
trio de sua me.
7. Joo de Pinha, depois de
vivo. passou com seus fi
lhos para a vila de Santana
de Pamalba. ento em fran
co desenvolvimento. onde
se casou com Andreza Dias.
da famlia dos Fornandes
FUndadores, Ela era natural
da vila de So Paulo, filha
de Belchior Dias Carneiro e
de sua mulher Hilria Lu(s.
Andreza fez lestamento
(DAESP, nQ de ordem 609)
a 25 de agosl0 de 1681 na
vila de Santana de
Parnalba, desejando ser
sepullada na sua igreja ma~
triz, "na sepullura de minha
tia zuzana dias", Andreze
ela viva de Antnio Pires
e. viva de Joo de Pinha.
casouse terceIra e ullfma
Bicudo (SL, VI, 456; NPHG, 3' ed., 111, 188), filha do portugus Domin
gos Gonalves da Maia, falecido com testamento em 1627 em So
Paulo e de sua 3' mulher, Marta de Mendona, esta filha de Antnio
Bicudo (no era Carneiro, como afirmou Pedro Taques e se lhe seguiu
Silva Leme), tronco dos Bicudos de So Paulo, nascido por valia de 1545
na Ilha de So Miguel, tabelio em Santos antes de 1570, da governana
da terra em So Paulo, ouvidor da capitania pelos anos de 1585 e de
(casados por valia de 1570) Isabel Rodrigues, natural da vila de So Pau
lo, filha de povoadores e conquistadores da capitania de So Vicente.
Joo Pereira faleceu, correndo inventrio no ano de 1653 em
Mogi das Cruzes (este inventrio no existe mais no Arquivo do Esta
do, apenas se v seu extrato em Originais de Silva Leme, depositados
no Arquivo da Cria Metropolitana de So Paulo), deixando viva Ma
ria Bicudo e rfos, que eram sobrinhos de Antnio Gonalves de
Mendona. Segundo Pedro Taques (NPHG, 3' ed., 111, 188) foi mora
dor em Jundiai e sua mulher Maria Bicudo faleceu em 1675, no estado
de viva, estando sepullada na cova de seu marido, em Jundiai.
Isabel Ribeiro nasceu cerca de 1630 em So Paulo e faleceu
em junho de 1689 em Itu, sendo enterrada na igreja matriz de lIu, ten
do feito testamento" a 14 de fevereiro de 1688 em lIu, onde foi apro
vado a 18 do mesmo ms. Fez codicilo a 6 de junho de 1689, j doen
te. Declarou, nesse ltimo instrumento, que depois que fez o testamen
to, "Cazamos [ela e seu marido] noSsa filha Com Joo aRanha lhe demos
a fazendo o Seu dote Com que ficou a dita fazenda em demenuio". Seu
codicilo recebeu o "cumpra-se" a 13 de junho de 1689, data que pode ser
considerada a de seu bito. O auto de inventrio" se deu a 21 de junho
de 1689, sendo inventariante seu marido o Capito Antnio Pereira
Temudo. Isabel Ribeiro era filha de Joo Ribeiro de Alvarenga, ou Joo
Ribeiro Baio (SL, V, 412), natural de So Paulo, falecido em 1693 em lIu
e de sua mulher (casados em 1631 em So Paulo) Antnia da Cunha (SL,
111,243), falecida em 1686 em lIu; neta por parte paterna de Estevo Ri
beiro de Alvarenga (SL, V, 343), morador na vila de So Paulo, com fa
zenda em Juqueri (atual Mairipor) e de Maria Missel; falecida em 1660
em So Paulo; neta por parte matema de Joo Gago da Cunha (SL, V,
136), falecido em 1636 em So Paulo e de Catarina do Prado (SL, 111,
201), natural da vila de So Vicente e falecida em 1649 em So Paulo.
Catarina Borges era filha de Simo Borges de Cerqueira e de
Isabel da Costa Tavares; neta por parte paterna de Francisco Barreto
e de (casados em janeiro de 1633 em So Paulo, na S, fls. 2-v) Maria
Borges de Cerqueira; neta por parte materna do Capito Diogo da Costa
Tavares (irmo inteiro do grande sertanista o Mestre de Campo Ant
nio Raposo Tavares), que saiu de So Paulo para a restaurao de
Pernambuco frente de uma companhia de infantaria e de sua 1D
mulher Maria Bicudo (SL, VI, 450). Catarina casou-se 2' vez, cerca de
1699, com Manoel lvares Monteiro e desse casamento nasceu Gui
lherme Borges Monteiro, nascido cerca de 1700. Catarina faleceu em
novembro de 1727, com testamento no acostado ao inventrio, que
correu no ano de 1728.
Aps o seu 1. casamento, o Capito Antnio Pereira Temudo
lamentos, I, p. 373) a 13
de maro de 1600 na vila
de So Paulo, estando do
ente de cama. Deixava por
herdeira da tera sua mu
lher, a quem nomeou por
testamenteira; declarou ser
casado com Domingas
Antunes, filha de AntOnio
Preto. Por sua morte se fez
auto de inventrio a 17 de
abril de 1600 no lermo da
vila de So Paulo, na para
gem chamada Imbiassava.
12. Domingas Antunes fez
teslamento (Inventrios e
Testamentos, VI, p. 243) a
16 de fevereiro de 1624 na
vila de So Paulo, pedindo
para seu corpo ser sepul.
tado na igreja de N.S" do
Monte do Carmo, como
confreira que era, na mes
ma sepultura de seu mari
do Gaspar Fernandes. Pe
diu
para
ser
seu
testamenteiro ao primo
Bernardo da Mota. Seu tes-
tamento recebeu o ~cum
pra-se~ a 22 de fevereiro de
1624 na vila de So Paulo.
Por sua morte se rez auto
de inventrio no mesmo
ano, sem data, no sitio e
fazenda que ficou da de
funta, na paragem chama
da Imbiassava.
13. Antnio Preto veio para
o Brasil com mulher (cujo
nome se desconhece) e fi
REVISTA DO ...
com
Capito
Mo.
1954.
15. Inventrios e Testamen
>
"REVISTA 00":
,". ,'INSTITUTO,
",',HISTRICO
GEOGRFICO D
PIRACICABA
Ano VlI2000:'
, Nmero 7
E:'
'
'5J
',
Os Itlventrios de Ascena de
Pinha Cortes e do CaplU.io
35 a 367.
22, Registro Geral da cida
de de So Paulo, 11. p. 119.
23. Inventrios e Testamen
tos, XXXIV. p. 39.
24. Marques. Manuel
Eufrsio de Azevedo (1825
1878), Apontamentos Hist~
ricos, Geogrficos. Blograli~
cos. Estatsticos e Noticio
Sos C'a Provncia de So
Paulo. So Paulo: Uvrana
Martins Editora. 1954. Tomo
I, p. 197.
INSTITUTO
. HISTRICO E
GEOGRAFICO DE
UM CORONEL EM
PEREIRAS
Carlos de Moraes1
1. Scio Correspondente do
IHG?
DOIS CRONISTAS DA
PAUUCIA
Mario Pires'
1. Scio Correspondente do
IHGP.
AS CIDADES-CONES
PAULISTAS
Claro, SP.
104
RESUMO
Recentemente foi divulgado sociedade piracicaba na o Projeto
denominado: Piracicaba 2010, que tem como objetivo principal, colo
car em prtica um modelo de desenvotvimento sustentvel para a ci~
dade, visando a qualidade de vida de seus habitantes. Dentro do Pro
jeto, est inserida a Agenda 21, sendo Piracicaba, a primeira cidade
do Estado e a quarta do Brasil a apresentar a Agenda 21, em nivel
municipal (Folha de S, Paulo, 2001).
Outro objetivo desse Projeto a vatorizao dos chamados
cones da cidade, que foram previamente escolhidos pela poputao:
o Rio Piracicaba, o Engenho Central, a Rua do Porto, a Esalq, e o E.C.
XV de Novembro. Esses slmbolos so marcantes na paisagem da ci
dade, esto no inlimo do piracicabano como patrimnios da cidade.
So lugares e instituies que do vida e uma posio de destaque
Noiva da Colina, devido sua importnCia histrica, ambiental,
paisagistica, cultural, cientifica ou sentimental. Vemos que o rio foi e
um elemento essencial na viso de mundo do piracicaba no. Guarda
das as devidas propores, as civilizaes egpcia e mesopotmica
tambm desenvolveram ambientes de beira rio. A topafilia do espao
geogrfico piracicabano resulta dos laos afetivos que a populao
tem com o lugar. A conscincia do passado um elemenlo importante
no amor pelo lugar (Tuan, 1980).
Assim, espelhados na escolha dos cones pracicabanos, es
tendemos o tema para uma escala um pouco maior, utitlzandcrnos
desse modelo de classificao para estudarmos alguns municpios do
Estado de So Paulo, denominados para fins deste estudo como cida
des-icones, ou seja, cidades que tm um peso maior dentro da cultura
e do folclore paulista. Deixamos de lado o vis econmico, para anali
sarmos a importncia cultural e histrica desses municpios.
Palavras-chave: Cidades-cones, cultura paulista, evoluo dos
municpios, histria, geografia.
Da mesma forma que os piracicabanos elegeram seus icones,
Sanlana de Moji das Trs Cruzes (1611), alual Mojl das Cruzes.
So Sebastio (1636).
atual Jundll.
Santo Antonio do Guaratlnguet (1651), atual Guaratinguet.
Nossa Senhora da Candelrla de Oul-Guau (1657), atualltu.
Nossa Senhora da Ponte de Sorocaba (1661), atual Sorocaba.
Nossa Senhora do Bom Sucesso de Plndamonhangaba (1705), atual
Plndamonhangaba.
Ararltaguaba (1721), atual Porto Feliz.
Itapetinlnga (1766).
Piracicaba (1767).
.'
o
105
~}I;jt~0~111
,.-REVIST DO'>;,,"
'INSTITUTO""
HISTRICO E .
GEOGRFICO DE .
PIRACICABA,
106
no Interior. Dali para frente, era serto e mata virgem. Alguns autores
chamam esta regio a partir da margem direita do Rio Piracicaba, como
Serto de Araraquara (Ferreira, 1957).
Estudando o Vale do Paraiba, vemos que Taubat e Piracicaba
tm muito em comum. Apesar de Taubat ter surgido mais de um s
culo antes, as duas cidades tm uma atmosfera diferente, pois so
portadoras de uma cultura rica e de um folclore diversificado, sendo
que ambas se espelham na cultura caipira. Essa cultura necessita ser
preservada, propagada e estimulada, para que as futuras geraes
no percam de vista suas origens.
Este amor ao lugar e s coisas da terra, facilmente presente em
cidades-icones como Piracicaba, explicado pelo gegrafa chins
naturalizado norte-americano Yi~Fu Tuan, na sua obra Topofilia (Tuan,
1980).
Atualmente, os processos de mundializao e de globalizao
econmico parecem que tendem a sufocar e a aniquilar as culturas
regionais. Quando a viola caipira d lugar guitarra, quando o
cheesburger substitui o feijo tropeiro, quando o country ultrapassa o
caipira, momento de refi ele rimos o que queremos para as futuras
geraes.
Concluindo, sem a valorizao de nossa cultura e auto-compre
enso de nossas origens, no poderemos esperar por solues dura
douras para os nossos problemas, principalmente os educacionais.
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS:
FERREIRA, Jurandyr Pires. Enciclopdia dos Municipios Brasilei
ros -IBGE, Rio de Janeiro, RJ, 1957.
FOLHA DE SO PAULO. Piracicaba 2010 projeta "cidade modelo".
Edio de 05.08.2001, pgina C6, Caderno Campinas.
MONTEIRO, Noedi. Os 200 anos da morte de Morgado Mateus , in:
Revista do Instituto Histrico e Geogrfico de Piracicaba, ano
VI, no. 06, 1999.
POMPERMAYER, Rosa Maria T. Espao Urbano de Piracicaba. Tra
balho de fonmatura. FAPESP/UNESP/IGCE, Rio Claro, SP, 1998.
SALGADO, Plinio. Como Nasceram as Cidades do Brasil. 5" edio,
Editora Voz do Oeste, So Paulo, SP, 1978, 195 p.
TUAN, Yi Fu. TopofiJia - um estudo da percepo, atitudes e vaIa
res do meio ambiente. Difel, So Paulo/Rio de Janeiro, 1980,
288p.
HISTRICO DA
RUA DO PORTO
em suas lavouras.
Desde os primrdios da existncia da Cmara, os vereadores e
autoridades civis travaram renhidas disputas com o poderoso sesmeiro.
J em 1823, um ano aps a instalao da Cmara, a ata do dia 23 de
julho registra o seguinte: - "um oHcio do Coronel Teobaldo da Fonseca
e Souza, para, no termo de vinle e quatro horas, lirar a porteira da Rua
da Praia" ...
Obviamente a Cmara entrou em brios e a luta do abre-e-fecha
comeou, entrando a questo na esfera de autorizaes superiores.
Os nomes de alguns primitivos moradores dessa rua esto
anotados na ata de 22 de outubro de 1825: - Policarpo Antonio e
Joo Rodrigues de Ataide, os quais requeriam lotes para ali se es
tabelecerem.
A deciso da Juslia demorou mais de um ano para solucionar
a pendncia do porto, pois veio s mos da Cmara em 8 de novem
bro de 1826, mandando demolir a cerca que Jos Lauriano de Morais,
administrador do Tenente-Coronet, pusera na Rua da Praia, incluindo
at porto. O Sesmeiro, contudo no se conformou com a determina
o camarra, continuando na busca de seus supostos direitos.
Outra deciso judicial veio em dezembro de 1827, atravs do
CQLNIAS E O COLGIO
SO LUIZ DE ITU
1.
o LTIMO CAPITO-MOR
DE PIRACICABA
Seus antepassados
O Capito-Mor Estvo Cardoso de Negreiros nasceu cerca de
1781 na vila de Meia Ponte (Capitania de Gois), atual cidade de
Pirenpolis, onde telia sido batizado'. Apesar de goiano e de ter saldo
de sua terra j contando oito anos de idade, era paulista pelos qualro
costados. Seu pai, Loureno Cardoso de Negreirosz, era natural da
vila de Itu, onde fora batizado' a 17 de abril de 1736 na sua igreja
matriz, e era casado 4 com D. Maria Leite de ArajoS, nascida cerca de
1759 na freguesia de Santa Cruz de Gois, onde foi batizada; era neto
por parte paterna de outro Estvo Cardoso de Negreiros', nascido na
vila de lIu, onde foi batizado a 18 de agosto de 1711 na sua igreja
matriz, falecido a 11 de junho de 1779 na mesma vila de ltu, com tes
lamento, e de sua mulher (casados a 2 de dezembro de 1731, na ma
triz de Ilu) D. Maria de Sampaio'; nelo por parte materna de Antnio de
Godoy Moreira Leite (que antes se chamava Anlnio de Arajo Ferraz'),
nascido por volta de 1722 em Pindamonhangaba, morador em Meia
Ponte, onde possuia um sitio denominado Baio, hoje em terras do
municpio de Corumb (de Gois), distante trs lguas da matriz de
Meia Ponte, a igreja de N.S' do Rosrio, falecido, no estado de vivo,
com testamento solene, a 17 de maro de 1805 em Meia Ponte, tendo
sido sepultado na igreja matriz e de sua mulher' Ana Leite de Siqueira,
ou Ana de Siqueira Leite, natural de Santa Cruz de Gois, ento capi
tania de So Paulo.
A me de Estvo, D. Maria Leite de Arajo, era prima irm do
Frei Antnio de Santana Galvo, beatificado pelo Vaticano em outubro
de 1998, quandO se tornou o primeiro beato brasileiro, de nascimento.
Cerca de 1789, quando Meia Ponte atravessava sria crise,
provocada pelo esgotamento das minas auriferas, Loureno e sua fa
mlia transferiram residncia para !tu, mais exatamente para o bairro
de ltapucu. No recenseamento de Ilu de 1790, constou que Loureno
possua um engenho de acar e 19 escravos e era morador no bairro
de Ilapucu (6 esquadra), com trs filhos: Estvo, de 8 anos, Francis
co, de 4 e Ana, de 1. Fazem parte dos censos seguintes, de 1791,
1792, 1793, 1794, 1796 e 1798, sempre moradores no bairro de Itapucu.
No de 179B, como senhor de engenho, COm 22 escravos, prOduziu
800 arrobas' de acar fino, 200 do redondo e 50 do mascavo, tendo
feito 30 canadas de aguardente. Por morte de Loureno, fez-se o auto
de inventrio' a 10 de junho de 1803 em !tu, D. Maria Leite sobreviveu
muitos anos ao marido, tendo falecido" (lanado aps abril de 1839) a
29 de maro de 1839 em Rio Claro, para onde se transferira acompa
nhando seu filho o Capito-Mor Estvo.
Viva, D. Maria Leite ficou testa dos negcios e do engenho
de acar. No recenseamento de 1809 de Itu, sua propriedade fazia
parte da companhia de ordenanas do Capito Felipe de Campos;
senhora de engenho, com 22 escravos, produziu 400 arrobas do a
car fino, e 100 do redondo. No censo de 1810 em Ilu, senhora de
engenho, com 16 escravos, produziu 200 arrobas de acar fino, 60
do redondo e 40 do mascavo. No ano de 1811, senhora de engenho,
com 22 escravos, prodUZiu 300 arrobas do acar fino, 60 do redondo
3. l c nO 2 de batizados de
lIu. fls. 165.
4. Casa(am~se a 13 d'e abri!
de 1779 na malriz: da
freguesia de N.S do
Rosrio de Meia Ponte. fis.
43-v}.
5. SL. 11,550.
52S.
8. Revista Genealgica
B ta s ile i ral J n sli tu to
GenealgiCO Brasileiro, ano
I, n 2, p.427,
sua leitura.
li. L" nO 1 de bitos de Rio
Claro, fls. 42-....
115
7-v.
17. DAESP, n' de ordem
372. L' nl! 32 de Patentes,
Sesmarias e Provises. fls.
254.
18. DAESP, n{l de ordem
378, LI! nl! 47 de Paientes,
Sesmarias e Provises. fls.
17.
19. DAESP, nO de ordem
373. LI! nll 34 de Patentes,
Sesmarias e Provises, fls.
172.
20. OAESP. nl! de ordem
374. LI! n? 36 de Palentes,
Sesmarias e Provises. fls.
9!).v.
21. OAESP. Eslanle, L11 n>1 41
(12) de Patentes, Sesmarias
e Provises. fls. 173-v.
116 .
Homem de negcios
seu consumo.
Por diversas vezes foi encarregado da abertura e conselVao
de estradas na regio. Assim, a 29 de junho de 1823, segundo se
depreende da sesso da cmara, era o responsvel por Piracicaba
(HPQ, I, 133). Em outra sesso da cmara piracicaba na, a 16 de outu
bro de 1824, era encarregado (AHRC, 13) de abrir uma estrada para
Corumbata. Quando Rio Claro foi elevada a freguesia, a 9 de dezem
ve a.
(18001821).
26. DAESP, nO de otdem 78.
maos de populao de lIu.
27. DAESP, nO de ordam
141, maos de populao
do Pono Feliz,
28. OAESP, nO de ordem
141. maos de poprao
de Pono Feliz.
1 alqueire volumtrlco =
36.27 litros
1 braa = 2.20m.
1 alqueire paulista =- 2.42
ha.
43.
30. DAESP, 0 11 de ordem
453, LO nO 295 de Patentes,
Sesmarias e Provises, 11$.
55*v.
31. FERRAZ, Jos Romeu.
bro de 1830, seu nome foi lembrado (AHRC, 20) para acertar as divi
sas de Rio Claro com Limeira. Na sesso (HPQ, i, 210) de 7 de de
zembro de 1831, residindo em Campinas, por estar molesto, Estvo
Cardoso, pediu dispensa do cargo de inspetor de estradas, indicando
para substitu-lo seu cunhado Antnio Jos da Silva. Foi indicado por
Vergueiro (AHRC, pp. 24-25), em l' de janeiro de 1836, ao Presidente
da Provncia de So Pauio, para encarreg-ia da construo da estra
da para Rio Claro, quej disto tem uso, edeboa conta. Finalmente, na
sesso (HPQ, 1,252) da cmara de Piracicaba de 8 de janeiro de 1836,
ele e Francisco de Paula Camargo foram nomeados para integrar uma
comisso para orar uma ponle no rio Corumbata.
Achando-se vago o poslo de sargento-mor das Ordenanas, a
cmara piracicabana elaborou, a 10 de dezembro de 1823 (HPQ, I,
140), uma lista triplice para cargo. Feita a eleio, Estvo, ento
capito de milicias reformado, ficou em primeiro lugar. O Governo Pro
visrio passou carta patente" a 12 de janeiro de 1824, confirmada"
posteriormente a 19 de agosto de 1824, na cidade do Rio de Janeiro,
pelo Imperador D. Pedro I. Tomou posse (HPQ, I, 155) do posto a 26
de dezembro de 1824, em sesso da cmara de Piracicaba, substitu
indo a Domingos Soares de Barros, reformado nesse posto por mols
tias e idade avanada. Por morte (HPQ, I, 173) de Joo Jos da Silva,
capito-mor de Piracicaba, a 7 de maro de 1828 na vila de Campinas,
a cmara piracicabana fez eleio para novo capito-mor das orde
nanas da vila, sendo Estvo eleito (AHRC, 17; HPQ, I, 174) em pri
meiro lugar na lista trfplice a ser encaminhada ao Presidente da Pro
vinda de So Paulo.
Eleio do posto de capito-mor, a 12 de maio de 1828, pela
cmara da vila de Piracicaba":
Claro Sesquicontenria.
Sao Paulo: IMESPl Museu
Histrico e Pedaggico
"Amador Bueno da Velga",
1978. p. 313,
33. CAMPOS. Zulmiro
Ferraz: da. Centenrio do
Rio Claro. Rio Claro: Typ.
Conrado, 1929.
historiador
focal,
foi encontrado.
35. Era goano. natura! de
Meia Ponte. Como se
transferira criana para nu,
nasceu da a confusao
sobre a sua pttia.
REVISTA D6 ' ;
'INSTITUTO,
..
. HISTRICO E ,
GEOGRFICO DE
PIRACICABA
MOVI12000
Nmero?
. REVISTA uv...
INSTITUTO
HISTRICO E
GEOGRFICO DE- .
Prolisslonais Salesianas,
1938. p. 329.
48. Seu bilo no se acha
lanado nos rivros de blos
de AIO Claro.
49. Frum de Rio Claro. 2'""
onero, mao n1l 107.
50. ACOJ, L9 de batzados
Profissionais Salasianas,
19M, p. 317.
54. Arquivo Geral do Frum
daComarcadeRioClaro.1ll'
601. de 18MAR1850,
regulamentada pejo Decreto
nO 1318. de 30JAN1854.
55. MOllNA, Thomaz
Carlos de. A/manak de S.
Jo/io do Rio Claro paro
1873, Ed.
tac~s!mUar,
So
Pau'o: IMESPIDAESP,
1981, p. 5, 20, 23, 28.
57. ACDP, l'J 01J 1 de
casamentos de Aio Claro,
11s. 55-v.
58. DAESP, microfilme RT
24, LQ nO 1, regislro nO 83,
em comprimento Lei n Q
601, de lSMAR1850,
regulamentada pelo Decreto
nO 1318. de 30JAN1854.
59. MOUNA, Thomaz
Carlos de. Almanak d9 S.
124,
2-lus.
3- Capito Incio Xavier de Negreiros (Incio Mor) foi batizado a 19 de
novembro de 1816 em lIu (10, fls. 52), onde veio a se casar a 5 de
setembro de 1838 (fls. 35) com D. Querubina leite de Sampaio (Sl,
IV, 199), com gerao. Moradores em Rio Claro, onde ele fez registro"
de suas terras a 12 de abril de 1856, como senhor e possuidor de um
stio de terras lavradias no bairro da gua Vennelha, por compra feita
a seu irmo Loureno Cardoso de Negreiros, a Francisco Gomes Bo
to e ao Dr. Jos Elias Pacheco Jordo; eram seus confronlantes Joo
Ferraz Cardoso, Benedito Antnio de Camargo e o mesmo Dr. Jos
Elias. Segundo o Almanaque'" de Rio Claro de 1873, morador na rua
do Comrcio (atual avenida 1), era suplente do juiz municipal e de
rfos, proprietrio de imveis na rua de Santa Cruz (atual rua 8) e rua
do Comrcio, e fazendeiro.
4- Antnio Pompeu de Negreiros, nasceu em Itu, tendo sido batizado a
9 de agosto de 1818 (11, fls. 7-v e 8) na sua igreja matriz. Casou-se",
com o nome de Antnio Pompeu Paes, a 27 de abril de 1839 na matriz
da freguesia de Limeira (com licena da parquia de Rio Claro, em
cujos livros se fez o competente registro por ser fregus dela), com
sua prima irm D. Francisca de Paula Leite, tambm conhecida por D.
Francisca de Assis Negreiros, natural de Campinas e freguesa de li
meira, filha do Capito Manoel Ferraz de Campos e de sua mulher D.
Francisca de Assis Leite. No tiveram filhos, segundo o Df. Barros
Brotero. Foi l' Comandante da 2" Companhia da Guarda Policial de
Rio Claro, criada em janeiro de 1847. Morador em Rio Claro, fez regis
tro'" de suas terras a 12 de abril de 1856, como senhor do sitio
Sertoznho, sendo seus confrontantes Manoel de Oliveira, Jos
Jeremias Ferraz, herdeiros de Joo Gonalves, Incio Alves, Benedito
Guaranl e D. Maria de Borba (e seus herdeiros). Segundo o
Almanaque" de Rio Claro para 1873, era fazendeiro e lavrador de
algodo naquele ano.
5- Comandador Francisco de Assis Negreiros (Chico Mor) nasceu a
25 de maio de 1820 em Ilu, onde foi batizado na sua igreja malriz a 3
de junho do mesmo ano (11, fls. 48-v). Casou-se com D. Teodolinda
Ferraz de Camargo (SL, IV, 37), nascida a l ' de fevereiro de 1821,
com gerao, Francisco de Assis foi vereador da cmara de Rio Claro
de 1849 a 1852. Recebeu'" a comenda da Ordem de Cristo a 28 de
fevereiro de 1885. A 28 de maro de 1885 criou-se a Irmandade da
Santa Casa de Misericrdia de Rio Claro" em sua residncia; entre
outros participaram seus irmos Antnio Pompeu, Joo Xavier e Incio
Xavier. A 23 de julho de 1885 Chico Mor doou o prdio e o terreno
onde se instalaria o hospital; era uma quadra formada pelas ruas de
So Benedito, do Doutor Jos Elias, do Visconde do Rio Claro e Ale
gre, com apenas uma nica condio: de sempre conservar seu car
ler e qualidade de irmandade religiosa e callica. Finalmente, a 8 de
Paulo:
IMESP/OAESP.
62. ACDP. 19 n ll 3 de
casamenlos de Rio Claro.
fls,54,
11.28.
64. SL. 111. 108; ARRUDA.
Jos Bonifcio de. Livro de
Minha Famllia (BG8/lGB n9
letia de Meira, a 16 de
maro de 19'48. na cidade
de So Paulo, nalielou-se
seu passamento no jomal O
Estado de S. Paulo.
lembrando-se o falo de ser
ela a ltima neta do Capito
Mor Eslevo Cardoso de
Negreiros, E ele j era
falecido havia mais de 100
anos!
ALGUMA POESIA
PIRACICABANA
Lino Vitti
Prncipe dos Poetas
de Piracicaba
Ao bisbilhotar pela seara dos assuntos que poderiam servir para
ilustrar alguma pgina desta Revista. veio-me tona da msera capa
cidade redatorial a possibilidade de registrar alguma coisa sobre a
potica piracicabana. evidente que o trabalho a que me propus no
ser um tratado. uma antologia. um assunto exposto e esgotado ao
longo de inumerveis pginas, se bem a legio de poetas e poetisas,
usufruinte da sombra deliciosa da arte da poesia em Piracicaba, tenha
se desdobrado ao passar de cada ano, mormente de duas dcadas
para c, quando a poesia local tem tomado um impulso verdadeira
mente impressionante. pelo nmero e pela quatidade.
Para esse incremento, para esse tempestuar de versos, diga-se
de passagem, tem contribuido deveras a imprensa piracicaba na. Digo
o com conhecimento de causa, redator que fui por mais de 25 anos do
Jornal de Piracicaba e colaborador assduo de outros matutinos, se
manrios, mensrios e revistas que escotheram este cho pr6digo para
lanar semente e lIorescer, propiciando-me condies de verificar a
enormidade da colaborao expontnea que chegava redao, muitas
obrigando-nos a manter-nos alertas - redatores e diretores do Jornal de
Piracicaba, por exemplo, para no surgirem atritos indesejveis com os
ansiosos poetas que, a qualquer custo, queriam ver seu nome assinando
uma poesia na tradicional Crnica-Social do matutino.
DESDE QUANDO?
Pode-se considerar que a poesia chegou a Piracicaba com o
Capito Povoador. Sim, porque vindo rio acima, fazendo alto boca
de um salto magnfiCO, Antnio Corra Barbosa e sua corte s viram
poesia nas paisagens por que transitaram, nas guas do rio que os
remos rasgaram. os amanheceres e entardeceres que os acompa
nharam ao longo da aventurada viagem, na beleza da plumagem e do
canto dos pssaros, no ondulado das colinas que logo danam epleto
cidade, na diversidade ampla dos horizontes, na revoluo bulhenta
e aquosa da catadupa, no remanso espraiado da Rua do Porto, na
imponncia vegetal da flora, na gostosura do clima, na exuberncia do
verde que ia emendar-se s serras na fmbria do cu imensamente azulado.
ALGUNS NOMES
Impossvel registrar aqui O nome da glorosa multido de poetas
e poetisas que ilustram a literatura piracicabana e, consequentemente,
nacional. Plimeiro, porque o computador, j cansado, da memria, no
me permite relacionar o rol completo daqueles e daquelas que se en
tregam arte da poesia; segundo, porque no lemos ainda, em arqui
vo, por lodos os ttulos, precioso, o integro registro do exrcito artistico
que se dedica a burilar versos, a tranar rimas, a dedilhar mtrica, ou
quando no a entilairar, com plena liberdade das exigncias clssicas,
a verdadeira pcesia moderna.
Numa tentativa pesquisatria, clere como passagem de gato
sobre braseiro, tentamos colecionar alguns nomes dos que podemos
chamar de poetas piracicabanos, escusando- nos certamente pela
enormidade da omisso que cometermos se acaso ou por ignorncia
a lista se apresentar, como de tato deve faze-lo, incompleta, motivo
de descontentamento para muitos pela involuntria falta de registro.
Assim dito, permitam-nos relacionar alguns nomes que orgu
lham a arte potica piracicabana:
Francisco Lagreca, Newton de Almeida Mello, Joo Chiarini,
Marelene D'Arca, Jose Pinto de Almeida Ferraz, Branca Motta de Toledo
Sache, Jlio Soares Diehl, Marina Tricnico, Braslio Machado, Elias de
Mello Ayres, Francisco Vilalba Mongels, Shirtey Brunelli Crestana, Maria
Cecflia Machado Bonachella, Jos Florindo Geraldi, Nice B da Gama
A1drovandi, Erasmo Prestes de Souza, Ins Tafarelo Tuon, Maria Antnia
Sampaio, Flvia Carvalhaes de Freitas, J. Mathias Bragion, Uno Vitti, sio
Antnio Pazatto, Cesarlno Avino Sega, lrineu Volpato, Francisco Assis
Ferraz de Mello, Vilma Lara Ducatti, Hiplito Ivo, Bemardete Colombo
Valadez, Paulo Dias Neme, MaTio Jos de Camargo, Padre Drumond,
Elenides Cruz Soares, Frei Timteo de Porangaba, Frei Marcelino, Joo
Baptista de Souza Negreiros, Minam Machado Botelho, Daniel A. A. Soa
res, Enas Salatti, Benedito de Almeida, Ivani Pelegrini, Maria Lavinia
Machado, Luiz da Silva, Maria de Ftima L. Costa e Souza, Rosana Tbero,
Madalena M. Sala"i de Almeida, Regina R. Furtan, Antonieta Rosalina,
Andr Bueno de Oliveira, Antnio Carlos Fuzano, Carla C. Oliveira,
Carmen S_ F. Filotto, Fabiana Bruzantin, Felisbino de Almeida Leme,
Fernando Ferraz de Arruda, Helena Curiacos Nalim, Leda Colelt, Ma
ria de Lurdes Piedade Ssodero Martins, Maria do Carmo Querubin,
Marina Rolim, Palrcia Neme, Maria do C. M. Andrade e Souza, Maria
Helena Degaspari Bueloni, Maria Helena Brunelli F. de Camargo, Ma
ria' Nazareth Furlan Camargo, Marlene Cassab, Rosaly Curacos
Almeida Leme, Slvia Oliveira, Virgina Prates Gregolim, Dirce R. de
Lima, Carlos Moraes, Carlos de Almeida Moraes Jr., Clemente de
Moura, Elda M. Cobra Silveira, Eno Pedroso Coelho, Esau Almeida
Chacon, Lenio Alves Pereira, Marisa Elisabete Libardi, Nelson de
Almeida, Rogerio Colazante, Snia C . Ramos, Teresa Picinatto,
Edevaldo Bisso, Edson Rizzi, Eusa M. R. de Souza, Fernando Antnio
Zocca, Joo de Deus Bessa Silva, Paulo Srgio Gola, Tnia Alessandra
de Almeida, Simone Maria Paschoaletto Mich, etc. ele, Esta ltima, afi
lhada potica do Prncipe da Poesia de Piracicaba.
ARTE ESPIRITUAL
Poesia vem da alma, do esprito. Ela uma semente intelectual,
plantada por foras divinas no mago da pessoa humana. E se se
mente tende a brotar, crescer, ser fronde, produzir flores e frutos. E
quando essa rvore ideal j no suporta mais carregar no ntimo a
salra de seus sentimentos, expande-se c Iara na lIorada exuberante
dos versos, da poesia. Fala-se ento que h a inspirao. E verdade,
uma fora to exigente que apenas se amaina quando explodir em
rimas, versos e poemas. A criao artstica vem tona, desdobra-se
na multiplicao do milagre evanglico, estampa-se nas pginas da
imprensa ou do livro, na declamao oral dos felizardos e a poesia se
abre em patio azul celestial, para que todos os que a amarem recebam
os ellvios de sua beleza, de sua divindade.
Piracicaba deve orgulhar-se dessa legio de artistas do verso.
Sei que o faz porque os seus poderes pblicos, as suas instituies
culturais, os prprios empresrios e comerciantes, qui tangidos pela
espiritual idade da arte e da criao dos vates, oferecem com prazer o
apoio material e literrio para que a poeSia da terra prospere, se am
plie, se desdobre, para que cada vez mais piracicabanos possam be
ber o licor da poesia, com toda a doura e suavidade que ela tem.
UM SENO APENAS
At hoje no se consegue compreender, entretanto, o esqueci
mento a que relegada a poesia interiorana pelos rgos culturais,
jornalsticos, academias, instituies literrias e outros dos grandes
centros do pars. Tudo quanto se produz nesse campo de atividades
parece no chegar ao conhecimento da imprensa, escrita, falada e !ele
visada dos responsveis pela literatura nacional. De tal sorte que So
Paulo, Rio, Brasl1ia, onde se encontram os maiores focos da arte potica,
os maiores e melhores criticas literrios. os maiores meios de divulgao
geral, como que ignoram existir uma seara to imensa, to produtiva, to
florescida e frutificante, por esse interior afora, digna de merecer-lhes as