Legislacao Ambiental de Sao Tome e Principe

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LCIA LARA DO ROSRIO CARVALHO

E
ODAIR TAVARES BAA

LEGISLAO
AMBIENTAL
DE
SO TOM
E
PRNCIPE
.

OUTUBRO 2012
Esta publicao no dispensa a consulta dos diplomas originais, conforme publicados no Dirio da
Repblica

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

NOTA INTRODUTRIA

Quando Falamos em Ambiente, estamos num espao complexo, de


natureza tcnica e jurdica, mas fundamental na estrutura das civilizaes.

Hoje em dia, aferimos o nvel de desenvolvimento de uma sociedade


com base na sensibilidade dos cidados para as questes ambientais.

No mundo actual, para que possamos ter um nvel de desenvolvimento


sustentvel, temos que ter, uma sociedade civil fortemente informada sobre as
questes ambientais, porque s assim, atingiremos nveis elevados de
exigncia nestas matrias.

No caso particular de So Tom e Prncipe, inserido num mundo


globalizado, o regime jurdico das matrias do ambiente especialmente
denso, pois convergem protocolos e acordos internacionais, regulamentao e
legislao africana e legislao nacional.

De momento esta nossa compilao de legislao, ter em conta


apenas legislao nacional. Prometemos no futuro alargar o mbito de
compilao aos regulamentos e legislaes internacionais.

essencial que haja uma maior divulgao da legislao ambiental,


porque s desta forma ser possvel, a proteco do ambiente e a melhoria da
qualidade de vida dos cidados.

neste mbito, que pretendemos, de forma simples, divulgar a


legislao ambiental de So Tom e Prncipe.

Lcia Lara do Rosrio Carvalho


Odair Tavares Baa

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

Lisboa, 05 de Outubro de 2012

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

CONSTITUIO
DA

REPBLICA DEMOCRTICA

DE SO TOM E PRNCIPE

Lei n. 1/2003, de 29 de Janeiro

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

PARTE I
Fundamentos e objectivos

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Artigo 4.
Territrio Nacional
1. O territrio da Repblica Democrtica de So Tom e Prncipe
composto pelas ilhas de So Tom e Prncipe, pelos ilhus das Rolas, das
Cabras, Bombom, Bon Jockey, Pedras Tinhosas e demais ilhus adjacentes,
pelo mar territorial compreendido num raio de doze milhas a partir da linha de
base determinada pela lei, pelas guas arquipelgicas situadas no interior da
linha de base e o espao areo que se estende sobre o conjunto territorial atrs
definido.
2. O Estado So-tomense exerce a sua soberania sobre todo o territrio
nacional, o subsolo do espao terrestre, o fundo e o subsolo do territrio
aqutico formado pelo mar territorial e as guas arquipelgicas, bem como
sobre os recursos naturais vivos e no vivos que se encontrem em todos os
espaos supramencionados e os existentes nas guas suprajacentes imediatas
s costas, fora do mar territorial, na extenso que fixa a lei, em conformidade
com o direito internacional.

|...|

Artigo 10.
Objectivos Primordiais do Estado
So objectivos primordiais do Estado:
...
d) Preservar o equilbrio harmonioso da natureza e do ambiente.

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Artigo 12.
Relaes Internacionais

1. A Repblica Democrtica de So Tom e Prncipe est decidida a


contribuir para a salvaguarda da paz universal, para o estabelecimento de
relaes de igualdade de direitos e respeito mtuo da soberania entre todos os
Estados e para o progresso social da humanidade, na base dos princpios do
direito internacional e da coexistncia pacfica.

2 . A Repblica Democrtica de So Tom e Prncipe proclama a sua


adeso Declarao Universal dos Direitos do Homem e aos seus princpios e
objectivos da Unio Africana e da Organizao das Naes Unidas.

3. A Repblica Democrtica de So Tom e Prncipe mantm laos


especiais de amizade e de cooperao com os pases de lngua portuguesa e
com os pases de acolhimento de emigrantes so-tomenses.

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

PARTE II

Direitos Fundamentais e Ordem Social

TTULO I

Princpios Gerais

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Artigo 20.
Acesso aos Tribunais

Todo o cidado tem direito de recorrer aos tribunais contra os actos que
violem os seus direitos reconhecidos pela Constituio e pela lei, no podendo
a justia ser denegada por insuficincia de meios econmicos.

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TTULO III

Direitos Sociais e Ordem Econmica, Social e Cultural

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Artigo 49.
Habitao e ambiente

1. Todos tm direito habitao e a um ambiente de vida humana e o dever


de o defender.

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

2. Incumbe ao Estado programar e executar uma poltica de habitao


inserida em planos de ordenamento do territrio.

Artigo 50.
Direito proteco da sade

1. Todos tm direito proteco da sade e o dever de a defender.

2. Incumbe ao Estado promover a Sade Pblica, que tem por objectivo o


bem-estar fsico e mental das populaes e a sua equilibrada insero no meio
scio-ecolgico em que vivem, de acordo com o Sistema Nacional de Sade.

TTULO IV

Direitos e Deveres Cvico-Polticos

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Artigo 60.
Direito de petio

Todos os cidados tm direito de apresentar, individual ou colectivamente,


aos rgos do poder poltico ou a quaisquer autoridades peties,
representaes, reclamaes ou queixas para defesa dos seus direitos, da
Constituio, das leis ou do interesse geral.

Artigo 61.
Direito de indemnizao

Todo o cidado tem direito a ser indemnizado por danos causados pelas
aces ilegais e lesivas dos seus direitos e interesses legtimos, quer dos
rgos estatais, organizaes sociais ou quer dos funcionrios pblicos.
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Artigo 62.
Organizaes cvicas

O Estado apoia e protege as organizaes sociais reconhecidas por lei que,


em correspondncia com interesses especficos, enquadram e fomentam a
participao cvica dos cidados.

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PARTE III

Organizao do Poder Poltico

TTULO I

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TTULO IV
Assembleia Nacional

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Artigo 98.
Reserva de competncia legislativa
Compete exclusivamente Assembleia Nacional legislar sobre as
seguintes matrias:
a) Cidadania;
b) Direitos pessoais e polticos dos cidados;
c) Eleies e demais formas de participao poltica;
d) Organizao Judiciria e estatutos dos magistrados;
e) Estado de stio e estado de emergncia;
f) Organizao da defesa nacional;
g) Sectores de propriedade de meios de produo;
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h) Impostos e sistemas fiscais;


i) Expropriao e requisio por utilidade pblica;
j) Sistema monetrio;
k) Definio dos crimes, penas e medidas de segurana e processo
criminal;
l) Organizao geral de Administrao do Estado, salvo o disposto
na alnea c) do Artigo 111.;
m) Estatuto

dos

funcionrios

responsabilidade

civil

da

Administrao;
n) Organizao das autarquias locais;
o) Estado e capacidade das pessoas;

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TTULO V

Governo

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Artigo 111.
Competncia

Compete ao Governo:

a) Definir e executar as actividades polticas, econmicas, culturais,


cientficas, sociais, de defesa, segurana e relaes externas,
inscritas no seu Programa;
b) Preparar os planos de desenvolvimento e o Oramento Geral do
Estado e assegurar a sua execuo;
c) Legislar, por decretos-lei, decretos e outros actos normativos, em
matria respeitante sua prpria organizao e funcionamento;

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d) Fazer decretos-lei em matria reservada Assembleia Nacional,


mediante autorizao desta;
e) Negociar e concluir acordos e convenes internacionais;
f) Exercer iniciativa legislativa perante a Assembleia Nacional;
g) Dirigir a Administrao do Estado, coordenando e controlando a
actividade dos Ministrios e demais organismos centrais da
Administrao;
h) Propor a nomeao do Procurador-Geral da Repblica;
i) Nomear os titulares de altos cargos civis e militares do Estado;
j) Propor Assembleia Nacional a participao das Foras armadas
so-tomenses em operao de paz em territrio estrangeiro ou a
presena de Foras Armadas estrangeiras no territrio nacional;
k) Propor ao Presidente da Repblica a sujeio a referendo de
questes de relevante interesse nacional, nos termos do Artigo 71.;
l) Exercer a tutela administrativa sobre a Regio Autnoma do Prncipe
e sobre as Autarquias, nos termos da lei;
m) Nomear e exonerar o Presidente do Governo Regional e os
Secretrios Regionais;
n) Dissolver as Assembleias Regional e Distritais, observando os
princpios definidos na lei.

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TTULO VIII

Administrao Pblica

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Artigo 143.
Competncia dos rgos do poder regional e local

1. Compete, de forma genrica, aos rgos do poder regional e local:

a) Promover a satisfao das necessidades bsicas das respectivas


comunidades;
b) Executar os planos de desenvolvimento;
c) Impulsionar a actividade de todas as empresas e outras entidades
existentes no respectivo mbito, com vista ao aumento da
produtividade e ao progresso econmico, social e cultural das
populaes;
d) Apresentar aos rgos de poder poltico do Estado todas as
sugestes e iniciativas conducentes ao desenvolvimento harmonioso
da regio autnoma e dos distritos.

2. As competncias especficas e o modo de funcionamento desses rgos


So fixados por lei.

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PARTE V
Disposies Finais e Transitrias

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Artigo 158.
Legislao em vigor data da Independncia

A legislao em vigor data da Independncia Nacional mantm


transitoriamente a sua vigncia em tudo o que no for contrrio presente
Constituio e s restantes leis da Repblica.
||
Assembleia Nacional, em So Tom, aos 6 de Dezembro de 2002.O Presidente da Assembleia Nacional, Dionsio Tom Dias
Promulgada em 25 de Janeiro de 2003
Publique-se.
O Presidente da Repblica, Fradique Bandeira Melo de Menezes

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LEIS AMBIENTAIS DE MBITO NACIONAL

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LEI BASE DO AMBIENTE

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Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

LEI BASE DO AMBIENTE

Lei N. 10 / 1999, de 31 de Dezembro, DR n15, 5 Suplemento

A Assembleia Nacional decreta, nos termos da alnea b) do artigo 86. da


Constituio, o seguinte:

Disposio Gerais

Artigo 1.
Objecto

A presente lei define as bases da poltica de ambiente para o


desenvolvimento sustentvel da Republica Democrtica de S. Tom e Prncipe
e estabelece os princpios que a orientam, no quadro da Constituio Poltica e
da Declarao do Rio de Janeiro sobre Ambiente e Desenvolvimento.

Capitulo I

Princpios Fundamentais

Artigo 2.
Direito ao Ambiente

1. Todos os cidados tm direito a um ambiente humano ecologicamente


equilibrado e o dever de o defender.

2. Incumbe ao Estado, por meio de organismos prprios e por apelo a


iniciativas populares e comunitrias, promover a melhoria da qualidade de vida,
individual e colectiva dos cidados.

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Artigo 3.
Direito ao desenvolvimento

1. Todos os cidados tm o direito de participar, contribuir e usufruir do


desenvolvimento econmico, social, cultural e poltico, no qual todos os direitos
humanos e liberdades fundamentais possam ser realizados.

2. Incumbe ao Estado promover o direito ao desenvolvimento.

Capitulo II

Princpios Especficos

Artigo 4.
Princpio da Preveno e Precauo

1. A adequada proteco do ambiente implica que as actuaes com


efeitos imediatos ou a prazo no ambiente sejam avaliadas antecipadamente, de
forma a eliminar ou reduzir esses efeitos.

2. Todos tm o dever de tomar medidas de precauo e de preveno


no exerccio de actividades susceptveis de causar efeitos no ambiente.

3. O estudo do impacto ambiental deve ser exigido como mecanismo de


preveno e minimizao de qualquer impacto no ambiente.

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Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

Artigo 5.
Princpio de Respeito pela Capacidade de Carga dos Ecossistemas

Todos tm que respeitar os limites da capacidade de carga dos


ecossistemas, entendida como a possibilidade de uso dos mesmos, no respeito
pelo respectivo potencial natural de regenerao e manuteno das
caractersticas ecolgicas bsicas.

Artigo 6.
Princpio da Adequada Gesto, Utilizao e Reutilizao

1. A utilizao dos recursos renovveis e no renovveis deve ser


racionalizada, com a criao de formas de gesto correctas, que permitam a
sua reutilizao, reciclagem e insero em vrios processos produtivos.

2.

Os

recursos

no

renovveis

no

podem

ser

explorados

indefinidamente, pelo que essencial uma gesto sustentvel que possibilite a


sua utilizao a longo prazo, acompanhada de incentivos investigao
cientfica que crie formas de substituio.

Artigo 7.
Princpio da Participao

1. Os cidados e os diversos grupos sociais devem intervir na


formulao e execuo das polticas de ambiente e desenvolvimento.

2. Incumbe ao Estado assegurar a participao dos cidados e dos


parceiros sociais no processo de tomada de deciso.

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Artigo 8.
Princpios do Acesso Informao

1. O direito informao condio essencial da participao dos


cidados

no

processo

de

tomada

de

decises

sobre

ambiente

desenvolvimento.

2. Todos tm direito de acesso adequado informao relativa ao


ambiente, detida pelas autoridades.

3. Considera-se

informao

sobre

ambiente

qualquer

informao

disponvel sob forma escrita, visual, oral ou em base de dados relativa ao


estado dos componentes ambientais, s actividades ou medidas que os
afectem ou possam afectar e s actividades ou medidas destinadas a proteglos.

4. O Estado deve facilitar e incentivar a consciencializao e a participao


do pblico, disponibilizando amplamente a informao.

Artigo 9.
Princpio do Acesso ao Sistema Educativo e Formativo

1. Todos devem ter acesso educao e formao ambientais,


instrumentos indispensveis ao aumento da capacidade dos cidados para
concretizar as tarefas que lhes competem na construo de um ambiente de
qualidade e na garantia de um desenvolvimento sustentvel.

2. Incumbe ao Estado assegurar a incluso do componente ambiental na


educao bsica e na formao profissional.

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Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

Artigo 10.
Princpio da Responsabilizao

1. Todos devem gerir e utilizar ecossistemas e os recursos disponveis, de


modo a manter e garantir o seu funcionamento equilibrado e a legar s
geraes futuras condies ambientais capazes de assegurar a sade, o bemestar e qualidade de vida.

2. Os agentes devem ter em conta as necessidades dos outros utilizadores


e assumir as consequncias, para terceiros, da sua aco, directa ou indirecta
sobre os recursos naturais.

Artigo 11.
Princpio da Recuperao

Devem ser tomadas medidas urgentes para limitar os processos de


degradao nas reas onde actualmente ocorrem e promover a recuperao
dessas reas, tendo em conta os equilbrios a estabelecer com as reas
limtrofes.

Artigo 12.
Princpio do Utilizador Pagador
Os utilizadores dos meios e recursos naturais devem pagar por essa
utilizao um preo justo, a definir pela entidade governamental responsvel
pelo ambiente independentemente de causarem ou no deteriorao desses
meios e recursos.

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Artigo 13.
Princpio de Poluidor - Pagador

1. Todo aquele que, lcita ou ilicitamente, de forma directa ou indirecta,


voluntria ou involuntariamente, provoque danos no ambiente, deve ser
obrigado a assumir o custo da reposio da situao anterior, da
descontaminao, da restaurao ou da substituio do recurso ou
ecossistema afectados.

2. O pagamento dos custos no isenta o responsvel do cumprimento de


outras normas ou sanes que eventualmente lhe sejam aplicveis.

Artigo 14.
Princpio do Equilbrio e da Integrao

Deve ser assegurada a integrao das polticas de crescimento


econmico e social e de conservao da natureza, tendo como finalidade o
desenvolvimento integrado, harmonioso e sustentvel.

Artigo 15.
Princpio da Cooperao Internacional

Devem ser implementadas e procuradas solues concertadas com


outros pases ou organizaes internacionais para os problemas de ambiente e
desenvolvimento.

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Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

Capitulo III

Objectivos e Medidas

Artigo 16.
Objectivos e Medidas

A existncia de um ambiente propcio sade e bem-estar das pessoas e


ao desenvolvimento social e cultural das comunidades, bem como melhoria
da qualidade de vida pressupe a adopo de medidas que visem,
designadamente:
a) O desenvolvimento econmico e social sustentvel;
b) A garantia da biodiversidade;
c) A manuteno dos ecossistemas terrestres e marinhos;
d) A conservao da natureza;
e) A proteco dos habitats;
f) A delimitao dos nveis de qualidade dos componentes ambientais;

g) A definio de uma poltica energtica baseada no aproveitamento


racional e sustentado dos recursos naturais, na diversificao e
descentralizao das fontes de produo e na racionalizao do
consumo;

h) A promoo da participao das populaes nos processos de tomada


de deciso;

i) A educao e formao ambientais;


j) A sustentabilidade da floresta;
k) A preveno da eroso do solo, interior e costeira;
l) A agricultura produtiva sustentvel que contribua para vitalidade social e
econmica das zonas rurais e garanta um desenvolvimento equilibrado
das zonas rurais e urbanas;
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m) A salvaguarda da fauna e da flora;


n) A proteco do ar e do clima;
o) A adequada gesto dos resduos;
p) O reforo das aces de defesa e recuperao do patrimnio natural e
construdo e recuperao de reas degradadas;

q) A garantia do mnimo impacto ambiental das actividades e a utilizao


da melhor tecnologia disponvel na minimizao dos impactos
ambientais.

Capitulo IV

Conceitos
Artigo 17.
Ambiente

Ambiente o conjunto dos sistemas fsicos, qumicos, biolgicos e suas


relaes e dos factores econmicos, sociais e culturais com efeito directo ou
indirecto, mediato ou imediato, sobre os seres vivos e a qualidade de vida do
homem.

Artigo 18.
Desenvolvimento Sustentvel

O desenvolvimento sustentvel visa assegurar a satisfao das


necessidades do presente sem comprometer a capacidade, para as geraes
futuras, de satisfazerem as suas prprias necessidades.

Artigo 19.
Ordenamento do Territrio

O ordenamento do territrio o processo integrado de organizao do


espao biofsico, tendo como objectivo o uso e a transformao do territrio, de
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acordo com as suas capacidades e vocaes, e a permanncia dos valores de


equilbrio biolgico e estabilidade ecolgica, numa perspectiva do aumento da
sua capacidade de suporte de vida.

Artigo 20.
Conservao da Natureza

A conservao da natureza a gesto da utilizao humana da


Natureza, de modo a viabilizar de forma perene a mxima rentabilidade
compatvel com a manuteno da capacidade de regenerao de todos os
recursos vivos.

Artigo 21.
Poluio

A poluio a deposio no ambiente de substncias gasosas, lquidas


ou slidas ou de vrias formas de energia provocadas pelas actividades
humanas.

Artigo 22.
Efluentes

Efluentes so as guas usadas ou fluidos de origem domstica, agrcola


ou industrial, tratadas ou no, e depositadas directa ou indirectamente no
ambiente.

Artigo 23.
Diversidade Biolgica

A diversidade biolgica ou bio-diversidade significa a variabilidade entre


os organismos vivos de todas as origens, compreendendo, entre outros, os

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ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquticos e os


complexos ecolgicos de que fazem parte.

Artigo 24.
Substncias Txicas

Substncias txicas so todos os produtos qumicos, resduos, gases


medicinais ou microorganismos prejudiciais sade humana e ao ambiente.

Artigo 25.
Estudo de Impacto Ambiental
O estudo de impacto ambiental uma avaliao sistemtica conduzida
para determinar se um projecto tem ou no um impacto desfavorvel no
ambiente.

Artigo 26.
Actividade

Constitui actividade qualquer plano, programa, projecto, investimento,


obra de explorao de recursos, introduo de novas substncias qumicas,
tecnologias ou processos produtivos, ou outro acto pblico ou privado
susceptvel de afectar o ambiente.

Captulo V

Componentes Ambientais

Artigo 27.
Componentes Ambientais Naturais

Para efeitos da presente lei so componentes ambientais naturais:

a) A gua;
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Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

b) O solo vivo e o subsolo;


c) A flora;
d) A fauna;
e) O ar.

Artigo 28.
Defesa de Qualidade de Componentes Ambientais Naturais

1. Compete ao estado e aos cidados assegurar a qualidade apropriada


dos componentes ambientais.
2. O Estado pode proibir ou condicionar o exerccio de actividades que
ponham em causa a qualidade dos componentes ambientais naturais.

Artigo 29.
gua

1. Deve ser garantida a utilizao racional de gua, tendo em conta as


suas diversas utilizaes.

2. As categorias de gua abrangidas pela presente lei so as seguintes:

a) guas interiores de superfcie e subterrneas;


b) guas martimas interiores;
c) guas martimas territoriais;
d) guas martimas da zona econmica exclusiva.

3. Todas as utilizaes de gua carecem de autorizao prvia, a emitir


pela entidade componente.

4. Incumbe ao Estado garantir o desenvolvimento e a aplicao de tcnicas


de preveno e combate poluio hdrica de origem agrcola, industrial ou
domstica.
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Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

5. O lanamento para gua de efluentes poluidores, resduos slidos ou


quaisquer produtos ou espcies que alterem as suas caractersticas ou as
tornem

imprprias

para

as

suas

diversas

utilizaes

objecto

de

regulamentao especial.

Artigo 30.
Solo

1. A defesa e valorizao do solo determina a adopo de medidas


conducentes sua racional utilizao, a evitar a sua degradao e a promover
a melhoria da sua fertilidade e regenerao.

2. condicionada, atravs de legislao prpria, a utilizao de solos de


elevada fertilidade para fins no agrcolas, bem como plantaes, obras e
operaes agrcolas que provoquem eroso e degradao do solo, o
desprendimento de terras, encharcamento, inundaes, excesso de salinidade
e outros efeitos perniciosos.

3. O uso de biocidas, pesticidas, herbicidas, adubos, correctivos ou


quaisquer outras substncias similares, bem como a sua produo e
comercializao, so objecto de regulamentao especial.

Artigo 31.
Subsolo

1. A explorao dos recursos naturais do subsolo deve ser feita de forma


racional, no respeito pela conservao da natureza e dos recursos naturais,
tendo em conta, designadamente:

a) A garantia de condies que permitam a regenerao dos factores


naturais renovveis e uma adequada relao entre o volume de reservas
abertas e o das preparadas para serem exploradas;

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Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

b) A valorizao mxima de todas as matrias-primas extradas;

c) A necessidade de adoptar medidas preventivas de degradao do


ambiente resultante dos trabalhos de extraco de matria-prima que possa
pr em perigo a estabilidade dos sistemas naturais e sociais;

d) A necessidade de recuperar a paisagem quando da explorao resulte


alterao da topografia preexistente ou de sistemas naturais importantes, de
forma a assegurar a integrao harmoniosa da rea sujeita a explorao na
paisagem envolvente.

2. O licenciamento e condies de explorao dos recursos do subsolo so


objecto de legislao especial.

Artigo 32.
Flora

1. O Estado deve adoptar medidas que visem a salvaguarda e valorizao


das formaes vegetais espontneas, ou sub espontneas do patrimnio
florestal e dos espaos verdes.

2. O patrimnio florestal deve ser objecto de medidas de ordenamento e


planeamento, visando a sua defesa e valorizao, tendo em conta a
necessidade de corrigir e normalizar as operaes de cultura e de explorao
da floresta.

Artigo 33.
Fauna

1. Toda a fauna protegida atravs de legislao especial que promova e


salvaguarde a conservao e explorao das espcies sobre as quais recaiam

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Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

interesse cientifico, econmico ou social, garantindo o seu potencial gentico e


os habitat indispensveis sua sobrevivncia.

2. Aprovao da fauna autctone implica a adopo, pelos organismos


competentes, de medidas de controlo, que assegurem, designadamente:

a) A manuteno ou activao dos processos biolgicos de autoregenerao;

b) A recuperao dos habitat degradados essenciais para a fauna e a


criao de habitat de substituio, se necessrio;

c) O condicionamento da comercializao da fauna silvestre, aqutico ou


terrestre;

d) O controlo da utilizao de substancias que prejudiquem a fauna


selvagem.
Artigo 34.
Ar

1. O lanamento para atmosfera de quaisquer substncias, seja qual for o


seu estado fsico, susceptveis de afectar de forma nociva a qualidade do ar e o
equilbrio ecolgico ou que implique risco, dano ou incomodo para as pessoas,
bens e recursos naturais objecto de regulamentao especial.

2. Todas as instalaes, mquinas e meios de transporte cuja actividade


possa afectar a qualidade da atmosfera devem ser dotados de dispositivos ou
processos adequados para reter ou neutralizar as substncias poluidoras.

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Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

Artigo 35.
Componentes Ambientais de Origem Antrpica

1. Os componentes ambientais de origem antrpica definem, no seu


conjunto, o quadro especfico de vida, onde se insere e de que depende a
actividade do homem.

2. Nos termos da presente lei, so componentes ambientais de origem


antrpica:

a) A paisagem;

b) O patrimnio natural e construdo;

c) A poluio.

Artigo 36.
Paisagem

A paisagem, enquanto unidade geogrfica, ecolgica esttica, resultante


da aco do homem e da reaco da natureza, deve ser protegida e
valorizada,

atravs

de

uma

estratgia

de

desenvolvimento

de

regulamentao prpria que condicione as actividades susceptveis de a


afectar negativamente.

Artigo 37.
Patrimnio Natural e Construdo

O patrimnio natural e construdo, bem como histrico e cultural, devem ser


objecto de medidas especiais de defesa, salvaguarda e valorizao.

Artigo 38.
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Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

Poluio e Contaminao

1. So factores de poluio e degradao todas as aces ou actividades


que afectem negativamente a sade, o bem-estar e as diferentes formas de
vida, o equilbrio e a perenidade dos ecossistemas naturais e transformados,
assim como a estabilidade fsica e geolgica do territrio.

2. Constitui causa de poluio e/ou contaminao do ambiente a


introduo

de

quaisquer

substncias,

radiaes

ou

microorganismos

patognicos no ar, na gua, no solo ou no subsolo que alterem, temporria ou


irreversivelmente, a sua qualidade ou interfiram na sua normal, conservao ou
evoluo.

Artigo 39.
Compostos Qumicos

O combate poluio derivada do uso de compostos qumicos processa-se,


designadamente, atravs de:

a) Aplicao de tecnologias limpas;

b) Avaliao sistemtica dos efeitos potenciais dos compostos qumicos


sobre o homem e o ambiente;

c) Controlo

da

importao,

fabrico,

transporte,

armazenamento,

comercializao, utilizao e eliminao dos compostos qumicos;

d) Aplicao de tcnicas preventivas orientadas para a reciclagem e


utilizao de matrias-primas e produtos;

e) Aplicao de instrumentos fiscais e financeiros que incentivem a


reciclagem e utilizao de resduos;

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Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

f) Elaborao de legislao sobre a utilizao, homologao e etiquetagem


dos produtos qumicos.

Artigo 40.
Substncias Radioactivas

1. O controlo da poluio originada por substncias radioactivas tem por


finalidade eliminar a sua influncia na sade e bem-estar das populaes e no
ambiente.

2. O controlo da poluio por substncias radioactivas afectado,


designadamente, atravs de:

a) Avaliao dos efeitos das substancias radioactivas nos ecossistemas


receptores;

b) Fixao de normas de emisso para os efluentes fsicos e qumicos


radioactivos;

c) Planeamento das medidas preventivas necessrias para a actuao


imediata em caso de poluio radioactiva;

d) Avaliao e controlo dos efeitos da poluio trans-fronteiras e actuao


diplomtica internacional que permita a sua preveno;

e) Fixao de normas para o trnsito, transferncia e deposio de


materiais radioactivos no territrio nacional, nas guas martimas territoriais e
na zona econmica exclusiva.

37

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

Artigo 41.
Resduos e Efluentes

1. A emisso, transporte e destino final de resduos e efluentes ficam


condicionados a autorizao prvia, devidamente titulada por uma guia de
transporte da qual consta a sua origem e destino.
2. Os

resduos

efluentes

devem

ser

recolhidos,

armazenados,

transportados, eliminados ou reutilizados de forma a que no constituam perigo


imediato ou potencial para a sade nem causem prejuzo para o ambiente.

3. A descarga de resduos e efluentes s pode ser efectuada em locais


determinados para o efeito pelas entidades competentes e nas condies
previstas em autorizao previamente concedida.

Artigo 42.
Rudo

A salvaguarda da sade e bem-estar da populao determina a adopo de


normas que estabeleam os nveis de rudos admissveis e regulamentem o
licenciamento e localizao das fontes de rudos.

Capitulo VI

Instrumentos e Mecanismo da Poltica do Ambiente

Artigo 43.
Instrumentos e Mecanismos

Constituem, designadamente, instrumentos e mecanismos da poltica de


ambiente para desenvolvimento sustentvel:
a) O plano nacional de ambiente para desenvolvimento sustentvel;

b) Plano de ordenamento dos recursos haliuticos;


38

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

c) Plano de ordenamento sobre as reas protegidas;

d) O relatrio do estado do ambiente e ordenamento de territrio;

e) A estratgia nacional da conservao da natureza;


f) A Lei de Bases de Ambiente e legislao complementar;

g) A educao ambiental em todos os nveis para assegurar a formao de


uma conscincia pblica sobre o ambiente;

h) Os planos de ordenamento integrado do territrio a nvel nacional


regional e distrital;
i) Os planos de maneio das reas de preservao;

j) A integrao da contabilidade dos recursos naturais nos sistemas de


contabilidade nacional;

k) A fixao de critrios e indicadores e ecolgicos apropriados, em


especial para os sectores agrcola, industrial e das pescas;

l) A elaborao de critrios integrados e equilibrados para abordar as


funes da floresta na sua relao com o ambiente e o desenvolvimento;

m) O estabelecimento de critrio, objectivo e normas de qualidade para os


efluentes e resduos e para os meios receptores;
n) O

licenciamento

prvio

de

todas

as actividades

potencial

ou

efectivamente poluidoras ou susceptveis de afectarem a paisagem;

o) A avaliao previa do impacto provocado pela actividade humana,


designadamente por obras, construo de infra-estruturas, actividade
industrial, agrcola ou turstica;

39

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

p) A avaliao e monitorizao do estado dos componentes ambientais e


dos reflexos que as actividades humanas exercem sobre eles;

q) O sistema de auditorias ambientais;

r) O sistema nacional de dados e informao sobre ambiente;

s) O sistema de fiscalizao e inspeco;

t) A fixao de taxas a aplicar pela utilizao de recursos naturais e


componentes ambientais, bem como pela rejeio de efluentes;

u) A fixao de sanes pelo incumprimento do disposto na legislao


sobre ambiente.

Artigo 44.
Plano Nacional de Ambiente para Desenvolvimento Sustentvel

O Plano Nacional do Ambiente para o Desenvolvimento Sustentvel


define as linhas de orientao geral da poltica de ambiente e deve incluir uma
afirmao de valores, uma explicitao dos objectivos a alcanar no domnio do
ambiente bem como aces calendarizadas e as interaces entre os diversos
departamentos e organismos pblicos.

Artigo 45.
Avaliao Prvia do Impacto Ambiental

1. Os planos, projectos, trabalhos e aces que possam afectar o


ambiente, o territrio e a qualidade de vida das populaes, quer sejam da
responsabilidade e iniciativa pblica ou privada, devem respeitar as normas
ambientais e tm que ser acompanhados de um estudo de impacto ambiental.

40

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

2. As condies em que efectuado o estudo de impacto ambiental, o seu


contedo, bem como as entidades responsveis pela anlise das suas
concluses so objecto de diploma prprio.

3. O estudo de impacto ambiental deve compreender, no mnimo os


seguintes aspectos:

a) Anlise do estudo de referencia do local e do ambiente;


b) Estudo e identificao das modificaes que o projecto vai provocar;

c) Medidas previstas para minimizar os efeitos no ambiente;

d) Resultado da consulta publica das populaes afectadas.


4. O Ministrio competente em matria de ambiente responsvel pela
avaliao do estudo de impacto ambiental, emitindo, sobre ele, parecer
obrigatrio.

5. Ao Ministrio responsvel pelo ambiente incumbo elaborar e tornar


publica a listas das aces para as quais exigido o estudo do impacto
ambiental.

6. A aprovao do estudo de impacto ambiental condio essencial para


o licenciamento das obras e trabalhos.

Artigo 46.
Licenciamento

1. A

construo,

ampliao,

instalao

funcionamento

de

estabelecimentos e o exerccio de actividades susceptveis de poluir ou


contaminar o ambiente dependem de prvio licenciamento pelo servio
competente do Estado.

41

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

2. A autorizao para funcionamento exige o licenciamento prvio e a


vistoria das obras ou instalaes realizadas.

3. Os estabelecimentos que alterem as condies normais de salubridade


e higiene do ambiente podem ser obrigados a transferir a sua actividade para
local mais apropriado.
Capitulo VII

Organismo Responsveis

Capitulo VII

Artigo 47.
Competncia do Governo

Compete ao Governo, atravs do Ministrio responsvel, a definio e


conduo de uma poltica global no domnio do ambiente para o
desenvolvimento sustentvel, bem como a implementao das medidas e a
adopo dos instrumentos necessrios aplicao da presente lei.

Artigo 48.
Comisso Nacional do Ambiente

1. criada a Comisso Nacional do Ambiente, adiante denominada CNA,


organismo consultivo, dotado de autonomia administrativa e financeira, tutelado
pelo Gabinete do Primeiro-ministro e presidido pelo Primeiro-ministro.
2. O Ministro responsvel pela rea do Ambiente o Vice-Presidente da
CNA.

Artigo 49.
Atribuies da CNA

So atribuies da CNA:
42

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

a) Acompanhar e pronunciar-se sobre os programas e actividades


relacionados com o ambiente da responsabilidade dos vrios departamento do
Estado;

b) Acompanhar a elaborao e implementao do Plano Nacional de


Ambiente e Desenvolvimento Sustentvel;
c) Coordenar a elaborao do relatrio do estado do ambiente;

d) Acompanhar a elaborao e dar parecer sobre proposta de legislao


respeitante ao ambiente;

e) Emitir parecer sobre legislao proposta pelos vrios organismos do


Estado e que tenha efeitos no ambiente;

f) Acompanhar a gesto do Fundo Nacional para o Ambiente;

g) Articular e coordenar a participao da Republica Democrtica de S.


Tom

Prncipe

em

reunies

internacionais

sobre

Ambiente

Desenvolvimento Sustentvel;

h) Manter
interessados

relaes
nos

de

assuntos

cooperao
relativos

ao

com

organismos

ambiente

estrangeiros

desenvolvimento

sustentvel e fomentar o intercmbio e difuso de informaes cientificas e


tcnicas nestes domnios;

i) Incentivar a participao das populaes na valorizao de ambiente;


j) Apoiar

implementar

constituio

de

organizaes

no

governamentais na rea do ambiente;

k) Colaborar com a entidade responsvel pelo ambiente na definio e


identificao das aces para as quais exigido estudo do impacto ambiental;
43

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

l) Estudar e emitir parecer sobre todos os assuntos que lhe sejam


submetidos.

Artigo 50.
Composio do CNA
A CNA constituda pelo Primeiro Ministro e pelos Ministros responsveis
pelas seguintes reas: Meio Ambiente, Agricultura, Pescas, Indstria, Turismo,
Sade, Defesa e Ordem Interna, e Comunicao Social.

1. Integram ainda a CNA um representante de cada uma das seguintes


instituies:

a) Regio Autnoma do Prncipe;

b) As Cmaras Distritais;

c) A Cmara do Comercio, Indstria, Agricultura e Servios;

d) As organizaes sindicais, As Organizaes No Governamentais da


rea do Ambiente;

2. O CNA poder convidar para as suas reunies, sem direito a voto e em


razo da matria, representantes de outros rgos de soberania e de outro
sectores.

Artigo 51.
Presidente do CNA

1. As atribuies do Presidente so as seguintes:

a) Presidir as reunies do CNA;

44

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

b) Assegurar a gesto do CNA;


c) Gerir os fundos colocado a disposio do CNA.

2. O Presidente coadjuvado pelo Vice-Presidente que o substitui, nas


suas faltas e impedimentos.

Artigo 52.
Comisso Tcnica Nacional do Ambiente

1. Comisso Tcnica Nacional do Ambiente compete assegurar a


representao, o apoio e a colaborao de todos os sectores nela
representados e coordenar s respectivas intervenes no mbito da poltica
nacional de ambiente para o desenvolvimento sustentvel.

2. A CTNA presidida pelo Ministro responsvel pela rea de ambiente,


sendo seu Vice-presidente um responsvel do mesmo sector indigitado pelo
Ministro.

3. Integram a CTNA um representante de cada entidade que integra o


CNA.

4. O Presidente da CTNA poder convidar para as reunies deste rgo,


sem direito a voto e em razo da matria, representantes de outros rgos de
soberania e de outros sectores.

5. A

CTNA

rene-se

ordinariamente

de

trs

em

trs

extraordinariamente sempre que convocada pelo seu Presidente.

45

meses

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

Artigo 53.
Fundo para Ambiente

1.

criado um Fundo para o Ambiente, cuja gesto definida por diploma

prprio.

2.

Integram designadamente o fundo para o ambiente dotaes de

Oramento Geral de Estado, o produto das taxas a aplicar pela utilizao dos
recursos naturais bem como indemnizaes e compensaes.

Capitulo VIII

Direito e Deveres dos Cidados e das Organizaes No Governamentais

Artigo 54.
Direito e Deveres dos Cidados

1. dever dos cidados, em geral, e dos sectores pblico, privado e


cooperativo, em particular, colaborar na criao de um ambiente sadio e
ecologicamente

equilibrado

na

promoo

de

um

desenvolvimento

sustentvel.

2. O Estado e as demais pessoas colectivas pblicas devem fomentar a


participao dos cidados e das entidades privadas em iniciativas de interesse
para a prossecuo dos fins previstos na presente lei.

3. Os cidados directamente lesados ou ameaados no seu direito ao


ambiente e ao desenvolvimento sustentvel podem pedir, nos termos gerais de
direito, a cessao das causas de violao e a respectiva indemnizao.

46

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

Artigo 55.
Organizao No Governamentais

As associaes legalmente constitudas, que tenham por objectivo


principal a defesa do ambiente, patrimnio natural e construdo, conservao
da natureza e promoo da qualidade de vida, so equiparadas, para todos
efeitos, s pessoas colectivas de utilidade pblica.

Artigo 56.
Direito das Organizao No Governamentais

As associaes identificadas no artigo anterior gozam, designadamente, dos


seguintes directos:

a) De consulta e informao junto dos rgos da administrao pblica;

b) De participar nos processos de tomada de deciso.

c) A apoio e assistncia tcnica do Estado na prossecuo de actividades


destinadas realizao dos seus fins;

d) De propor aces destinadas proteco e preservao do ambiente;

e) De beneficiar de assistncia judiciria, na modalidade de iseno de


preparos e custas, pela sua interveno em processos judiciais relacionados
com ambiente e ordenamento do territrio.

47

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

Artigo 57.
Responsabilidade Civil

Existe obrigaes de indemnizar, independentemente da culpa, sempre


que o agente tenha causado danos significativos no ambiente, em virtude de
uma aco especialmente perigosa, ainda com respeito das normas aplicveis.

Artigo 58.
Seguro de Responsabilidade Civil

Aqueles que exeram actividades que envolvam alto grau de risco para
o ambiente e como tal venham a ser classificadas so obrigados a segurar a
sua responsabilidade civil.
Artigo 59.
Acesso a Justia

Incumbe ao Estado assegurar aos cidados e s organizaes no


governamentais o acesso justia sempre que pretendam obter reparao de
perdas e danos de factos ilcitos que violem normas constantes da presente lei
e dos respectivos diplomas complementares.

Capitulo IX

Ofensas Ecolgicas

Artigo 60.
Proibio de Poluir ou Contaminar

Em territrio nacional ou em reas sob jurisdio da Repblica


Democrtica de S. Tom e Prncipe proibido lanar, depositar ou, por
qualquer outra forma introduzir nos componentes ambientais resduos
radioactivos e outros, bem como produtos que contenham substancias ou
micro organismos susceptveis de alterar ou tornar imprprios para as suas
48

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

aplicaes os componentes ambientais e contribuam para a degradao do


ambiente.

Artigo 61.
Proibio de Importaes Nocivas

proibida a importao de quaisquer actividades, produtos ou matrias


que causem grave degradao no ambiente ou que sejam potencialmente
nocivas para a sade humana e para os ecossistemas da Republica
Democrtica de S. Tom Prncipe.

Artigo 62.
Ofensas Ecolgicas

1. Considera-se ofensa ecolgica todo o acto ou facto humano, culposo ou


no, que tenha como resultado a produo de um dano nos componentes
ambientais protegidos pela presente lei.

2. Constituem, designadamente, ofensa ecolgica:

a) A poluio hdrica, entendida como todos o acto ou facto pelo qual se


lancem para gua quaisquer produtos que alterem as suas caractersticas ou a
tornem imprpria para as suas diversas utilizaes;

b) A danificao do solo ou subsolo, entendida como todo acto ou facto


que contribua para eroso ou degradao do solo ou subsolo, ou para a
produo neles de outros efeitos perniciosos;

c) A danificao da flora, entendida como todo o acto ou facto que afecte a


preservao de espcies vegetais raras, ou ponha em perigo a fertilidade do
espao rural, o equilbrio biolgico das paisagens ou a diversidade dos
recursos genitais;
49

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

d) A danificao da Fauna, entendida como todo o acto ou facto que afecte


a preservao de espcies animais de interesse cientifico, econmico ou
social;

e) A danificao das zonas costeiras e dos recursos marinhos, entendida


como todo o acto ou facto susceptvel de afectar a estabilidade ecolgica das
zonas costeiras e dos recursos marinhos;

f) A poluio qumica: todo o acto ou facto que consista em afectar a


sade ou o ambiente atravs de substancias qumicas, txicas ou radioactivas;
g) A ofensa da paisagem: entendida como todo o acto ou facto que afecte
a defesa da paisagem como unidade esttica visual, ou ponha em causa o
patrimnio histrico e cultural do pas;

h) A poluio atmosfrica, entendida como o lanamento para a atmosfera


de quaisquer substncias susceptveis de afectar de forma nociva a qualidade
do ar e o equilbrio ecolgico;

i) A poluio sonora: todo o acto ou facto que produza sons acima dos
nveis sonoros permitidos.

Artigo 63.
Ilicitude

A tipificao dos crimes e transgresses contra o ambiente e a


determinao das sanes aplicveis consta de legislao especial.

50

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

Capitulo X

Disposies Adicionais e Transitria

Artigo 64.
Convenes e Tratado e Acordos Internacionais

A regulamentao e, de um modo geral, toda a matria includa na


legislao complementar presente lei dever ter em conta as convenes,
tratados e acordos internacionais aceites e ratificados pela Repblica
Democrtica de S. Tom e Prncipe no mbito do ambiente e desenvolvimento
sustentvel.

Artigo 65.
Norma Revogatria

So revogados aos artigos 49. a 61. do Cdigo Sanitrio, aprovado


pelo Decreto-lei n 59/80, de 18 de Dezembro.

Artigo 66.
Legislao Complementar

Os diplomas legais necessrios regulamentao da lei so


obrigatoriamente publicados no prazo de um ano a partir da data da sua
entrada em vigor.

51

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

Capitulo VI

Disposies Finais

Artigo 67.
Entrada em vigor

A presente lei entra em vigor nos termos legais.


Assembleia Nacional em S. Tom, aos 29 de Dezembro de 1998 O
Presidente de Assembleia Nacional, Francisco Fortunato Pires.

Promulgado em 15 de Abril de 1999.

Publique-se.

O Presidente da Republica, Miguel Anjos Da Cunha Lisboa Trovoada.

52

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

LEI DE PESCAS E RECURSOS HALIUTICO

53

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

54

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

LEI DE PESCAS

LEI N. 9 / 2001, de 31 de Dezembro

A Pesca uma actividade que se inscreve na vocao natural e histrica


de S. Tom e Prncipe, representando uma fonte de rendimentos para uma
grande parte da populao e um factor determinante para a segurana
alimentar do Pas. portanto o acto de capturar espcies aquticas com as
diferentes artes de pesca.

O objectivo primordial da explorao dos recursos vivos o


aproveitamento ptimo destes, no interesse das colectividades nacionais
presentes e vindouras. Essa explorao deve operar-se segundo planos de
ordenamento que favoream o processo de renovao natural dos estoques
atravs da aplicao de mecanismos de gesto visando garantir a utilizao
racional de recursos, sem prejuzo do rigor e do crescente dinamismo que
devem caracterizar a sua insero na economia nacional.

Para a realizao desse desiderato indispensvel que o Estado se


dote de um quadro jurdico apropriado no qual sejam consagrados os princpios
que devem reger o exerccio da pesca e se constitua em instrumento de
mobilizao e orientao da populao alvo.

A legislao vigente mostra-se ultrapassada e carece de ajustamento


situao actual do pas.

A presente legislao visa colmatar as lacunas existentes e actualizar


aspectos previstos na Lei anterior.

Nestes termos,

55

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

A Assembleia Nacional decreta, nos termos da alnea b) do artigo 86 da


Constituio o seguinte:

56

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

Lei de Pesca e Recurso Haliutico

Captulo I
Das Disposies Preliminares

Artigo 1
Patrimnio Haliutico Nacional

1. Integram o patrimnio haliutico nacional os recursos biolgicos do


espao martimo sobre o qual o Estado de So Tom e Prncipe exerce direitos
de soberania, adiante designado abreviadamente por espao martimo de So
Tom e Prncipe, que compreende as guas interiores, o mar territorial, a zona
econmica exclusiva e a respectiva plataforma continental, conforme definidas
na Lei n 1/98, de 31 de Maro.

2. Constitui dever do Estado promover a utilizao racional dos recursos


haliuticos no espao martimo de So Tom e Prncipe.

3. Ningum poder, sem a devida autorizao das entidades


competentes e preenchidos os demais requisitos previstos neste diploma e nos
demais, regulamentos, exercer actividades de pesca no espao martimo de
So Tom e Prncipe.

Artigo 2
Objecto do Diploma

1. O Presente diploma define os princpios gerais da poltica de


conservao, explorao e gesto dos recursos haliuticos e ambiente
aqutico sob a soberania e jurisdio de So Tom e Prncipe.

2. So designadamente objecto de regulamentao as normas de


acesso aos referidos recursos, as regras de planificao do seu ordenamento e
57

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

de fiscalizao do exerccio da pesca e actividades conexas, e bem assim as


medidas de politica a implementar para assegurar a respectiva diversidade
biolgica, a renovao das espcies e o controlo da sua explorao, numa
perspectiva do desenvolvimento durvel e integrado de todo o sector.

Artigo 3
Definies

Para efeito do presente diploma entende-se por:


a) Pesca o acto de perseguir, capturar ou extrair por processos
legalmente permitidos, espcies biolgicas cujo o habitat mais frequente a
gua.
b) Pescaria o conjunto de espcies biolgicas tratadas unitariamente
para efeitos de ordenamento em virtude das suas caractersticas e das
operaes que lhe so inerentes.
c) Planos de ordenamento instrumentos de gesto plurianuais dos
recursos de pesca que materializam a poltica de aproveitamento e
conservao dos recursos haliuticos.
d) Ambiente aqutico o conjunto de ecossistemas de gua salgada,
salubre e doce onde coexistem espcies biolgicas diversas e esto sujeitas
aco do homem.
e) Outros recursos marinhos e costeiros todas espcies biolgicas
marinhas e dos rios, os minrios dos subsolos aquticos e costeiros, bem como
os dos terminais dos rios e lagoas, os troos arenosos e as vegetaes que
constituem a orla costeira e esto sujeitos a aco do homem.

58

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

f) Embarcao de pesca qualquer embarcao dotada de instrumentos


ou instalao concebida para a pesca ou para investigao dos recursos
haliuticos.
g) Estabelecimento de culturas marinhas qualquer instalao
construda no mar ou a beira do espao martimo de So Tom e Prncipe, que
tenha por fim a criao e a explorao industrial de animais marinhos e que
necessite de uma ocupao prolongada do domnio pblico, ou no caso de
uma instalao em propriedade privada, quando for alimentada pelas guas
provenientes das zonas martimas, tais como definidas no artigo 1 do presente
diploma.
h) Estabelecimento de processamento de pescado qualquer local ou
instalao no qual o pescado enlatado, seco, posto em salmoura, salgado,
fumado, refrigerado, posto em gelo ou congelado, transformado em farinha, ou
ainda tratado de qualquer outro modo para ser comercializado no pas ou no
estrangeiro.
i) Artefactos de pesca so dispositivos destinados a extrair ou capturar
espcies aquticas.

Artigo 4.
mbito do Conceito de Pesca

O conceito de pesca compreende:

a) As actividades prvias que tenham por finalidade directa a pesca,


nomeadamente, a procura de espcies biolgicas, a instalao ou a recolha de
dispositivos destinados a atrair o peixe, assim como as actividades posteriores
exercidas directa e imediatamente sobre as espcies extradas ou capturadas;

b) As operaes conexas de navios - fbrica e as operaes de apoio


logstico e de transbordo de capturas.
59

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

Artigo 5.
Tipos de Pescas em Funo de sua Finalidade

Para efeitos deste diploma e dos seus regulamentos, a pesca pode ser
de subsistncia, amadora, comercial e de investigao cientifica, sendo:

a) A pesca de subsistncia a praticada com artes de pesca tradicionais e


tem por objectivo fundamental a obteno de espcies comestveis para a
subsistncia do pescador e da sua famlia;

b) A pesca amadora a exercida a ttulo recreativo ou desportivo;

c) A pesca comercial a praticada com intuito lucrativo, dando lugar


venda de capturas, e classificada em pesca artesanal e pesca industrial;

d) A pesca de investigao cientfica a que visa o conhecimento dos


recursos haliuticos.

Artigo 6
Noo de Embarcao de pesca

Considera-se embarcao de pesca qualquer embarcao dotada de


instrumentos ou instalaes concebidas para a pesca ou para investigao de
recursos haliuticos.

Artigo 7.
Critrios de Distino da Pesca Comercial

1. Os critrios de distino entre a pesca artesanal e a pesca industrial


sero definidos por via regulamentar.

60

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

2. Na definio dos critrios referidos no nmero anterior sero tomados


em considerao, nomeadamente:
a) As caractersticas gerais das embarcaes de pesca nacionais,
nomeadamente, do ponto de vista da capacidade e autonomia, e quaisquer
outros dados pertinentes relativos ao desenvolvimento e expanso da frota
pesqueira de S. Tom e Prncipe;

b) Os critrios de distino utilizados nos estados da regio qual


pertence o Estado Santomense;

c) As caractersticas das embarcaes matriculadas junto das


competentes

autoridades

santomenses

normalmente

consideradas

embarcaes de pesca artesanal;

d) Quaisquer outros dados de natureza social, econmica, profissional


ou tcnica que seja oportuno tomar em considerao.

Artigo 8.
Embarcaes de Pesca Nacionais, Estrangeiras e Estrangeiras Baseada
em S. Tom e Prncipe

1. Para efeito dos regimes jurdicos relativos ao exerccio da pesca


previstos neste diploma, as embarcaes de pescas classificam-se em
embarcaes de pesca nacionais, embarcaes de pesca estrangeiras e
embarcaes de pesca estrangeiras baseadas em S. Tom e Prncipe.

2. So embarcaes de pesca nacionais:

a) As que sejam propriedades do estado ou de outras pessoas


colectivas de direito pblico santomense;

61

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

b) As que sejam de exclusiva propriedade de pessoas singulares


nacionais;
c) As que pertenam, em pelo menos 51% do seu valor, a pessoas
singulares nacionais;

d) As que pertenam a pessoas colectivas cujo capital social seja


subscrito em pelo menos 51% por nacionais e desde que tenham a sede social
em S. Tom e Prncipe.

3. So embarcaes de pescas estrangeiras as que no se enquadrem


em qualquer das alneas previstas no nmero anterior.

4. So embarcaes de pesca estrangeiras baseadas em S. Tom e


Prncipe as que exeram a actividade a partir dos portos nacionais e que
quando solicitadas pelo Governo de S. Tom e Prncipe desembarquem at
50% das capturas efectuadas, sem prejuzo de outras condies a acordar em
cada com armador ou os seus representantes.

Captulo II
Da Conservao Explorao e Gesto de Outros
Recursos Aquticos Vivos

Artigo 9
Princpio

1. Nenhuma actividade humana, seja de que natureza for, e ainda que


desenvolvida

ao

abrigo

de

uma

qualquer

autorizao

legal,

poder

comprometer directa ou indirectamente, o equilbrio dos ecossistemas ou


causar a morte das espcies biolgicas, provocar a degradao ou a poluio,
das zonas costeiras ou do meio marinho, dos rios e lagos, ou a contaminao
imediata ou progressiva das espcies haliuticas humanas, nos termos do
artigo 11.

62

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

2. Nos casos de emisso de qualquer licena ou autorizao de


explorao ou gesto, devero ter sempre em devida considerao as
especificidades e renovao das espcies endmicas, a salvaguarda da
respectiva diversidade biolgica e a perenidade numa perspectiva integrada e
de desenvolvimento sustentvel.

3. A matria referente explorao de minrios marinhos e costeiros,


bem como a relativa regulamentao da actividade de mergulho profissional
sero objecto de legislao especial.

Artigo 10.
Competncias

Compete conjuntamente aos Ministrios responsveis pelos sectores


das pescas e do ambiente aplicao das disposies, do presente capitulo e
dos artigos 61. e 64..

Artigo 11.
Danos Ambientais

1. Ficam proibidas todas as actividades que tenham, ou sejam susceptveis


de ter impactos negativos relevantes no mbito aqutico e costeiro, directa ou
indirectamente, e nomeadamente as seguintes:

a) Deitar ou lavar equipamentos com produtos qumicos txicos nas guas


do mar, dos rios e lagoas;

b) Derramar, voluntria ou involuntariamente combustveis ou outros


produtos txicos e perigosos numa zona econmica exclusiva, nas zonas
costeiras, nos rios e lagoas;

63

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

c) O transbordo ou passagem de embarcaes com quaisquer materiais ou


produtos txicos e perigosos ou radioactivos na zona econmica exclusiva ou
nas guas sob jurisdio nacional;

d) Instalar indstrias e efectuar descargas de resduos industriais para o


meio marinho ou costeiro sem autorizao e tratamento prvios adequados,
tendo em vista reduzir ou evitar qualquer contaminao desses meios;

e) Abandonar no mar, nos rios e lagoas quaisquer velharias, carcaas de


embarcaes ou de veculos e ainda quaisquer outros materiais slidos,
susceptveis de causar danos nesses ecossistemas, nomeadamente no que
respeita ao equilbrio biolgico das espcies, ou ainda que impea a normal e
fcil utilizao desses ecossistemas, designadamente para a circulao de
embarcaes;

f) Pescar ou capturar espcies com artes de pesca proibidas nos termos


do presente diploma, e nomeadamente com explosivos, granadas, produtos
txicos ou bombas de suco.

2. Quaisquer outras actividades susceptveis de comprometer, directa ou


indirectamente, o equilbrio dos ecossistemas, podem ser sujeitas a um
procedimento prvio de estudo e avaliao do impacto ambiental, nos termos
da respectiva legislao.

3. Quando o desenrolar normal de uma qualquer actividade humana, ao


abrigo da respectiva autorizao ou licena legal, for susceptvel de
comprometer de forma continuada no tempo, directa ou indirectamente, de
forma irreversvel, o equilbrio dos ecossistemas, a prpria diversidade
biolgica ou a perenidade das espcies, podero ser introduzidas restries,
com carcter temporrio ou definitivo, ao normal exerccio da pesca e,
designadamente, serem criadas reservas naturais ou aquticas.

64

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

Artigo 12.
Infraces Ambientais

1. As violaes ao disposto no artigo 11. classificam-se em infraces


muito graves e ou graves, consoante a gravidade do acto designadamente:
a) Consideram-se infraces muito graves todos actos que causem
degradao dos habitats e ou dos ecossistemas e ou morte de espcies
biolgicas, poluio do meio marinho ou costeiro, dos rios e lagoas, assim
como a contaminao progressiva das espcies haliuticas e humanas;

b) Consideram-se infraces graves todos os actos que no causem


danos irreversveis, nomeadamente a morte das espcies biolgicas, poluio
do meio marinho ou costeiro, dos rios e lagoas, ou degradao dos habitats e
ou dos ecossistemas, quando praticados ao abrigo da autorizao legal.

2. As infraces so punidas nos termos dos artigos 61. e 62..

Captulo III
Do Ordenamento Pesqueiro

Seco I
Organizao Geral

Artigo13.
Planos de Ordenamento

A poltica de aproveitamento e conservao dos recursos haliuticos


ser desenvolvida em instrumentos de gesto plurianuais, denominados Planos
de Ordenamento dos Recursos de Pesca, adiante designados por Planos de
Ordenamento.

65

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

Artigo 14.
(Elaborao e Aprovao)
Os planos de ordenamento so elaborados pelo Ministrio de tutela das
pescas, sob proposta da Direco das Pescas, cabendo a sua aprovao ao
Conselho de Ministros.

Artigo 15.
Consultas a Entidades Exteriores

1. Sero associadas elaborao dos planos de ordenamento as


entidades e instituies pblicas e privadas que tenham incidncia no sector
das pescas.

2. Quando as circunstncias o aconselharem, podero ser tambm


ouvidas as instituies que superintendam o sector das pescas da regio a que
se encontra inserido S. Tom e Prncipe, na perspectiva da harmonizao dos
planos de ordenamento dos Estados da regio.

Artigo 16.
Planos de Ordenamento

Os planos de ordenamento dos recursos contero, designadamente:

a) A identificao das principais pescarias e a avaliao do estado da


sua gesto e aproveitamento;

b) A identificao das medidas de gesto a adoptar;

c) A definio do programa de concesso de licena relativamente s


principais pescarias, as eventuais limitaes s operaes de pesca por
embarcaes nacionais, e as actividades que podero ser conduzidas por
embarcaes de pesca estrangeiras.
66

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

Artigo17.
Aces e Implementar pelo Governo

No quadro do aproveitamento ptimo dos recursos da pesca, da defesa


e da preservao do equilbrio do ambiente aqutico e da promoo dos
interesses socioprofissionais ligados pesca, o Governo adoptar aces
visando:

a) A melhoria do conjunto dos servios e infra-estruturas porturias;

b) A promoo do comrcio interno e externo dos produtos da pesca;

c) A criao de um sistema de proteco dos pescadores artesanais


contra danos causados nos respectivos equipamentos por barcos de pesca
industrial;

d) A criao de condies necessrios ao estabelecimento de um


sistema eficaz de controle e fiscalizao do exerccio da pesca e actividades
conexas;

e) Promoo da organizao profissional dos operadores de pesca, em


especial, da pesca artesanal;

f) A preveno, controle e medidas de tratamento da poluio aqutica.

Artigo 18.
Cooperao Regional

Visando, nomeadamente, o reforo da cooperao regional no mbito


das pescas e a rentabilidade de infra-estruturas e equipamentos nacionais de
pesca, o Governo promover ainda:

67

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

a) A celebrao de acordos internacionais assegurando a participao


de So Tom e Prncipe em organizaes internacionais de mbito regional ou
sub-regional que prossigam aces no domnio da defesa e preservao do
patrimnio haliutico dos pases membros;

b) A celebrao de acordos de pesca garantindo o acesso de


embarcaes de pesca nacionais a espaos martimos de terceiros Estados.

Artigo 19.
Registo das Embarcaes

1. Sem prejuzo do registo existente a nvel das reparties martimas,


ser criado no Ministrio que superintende o sector das pescas um registo de
embarcaes de pesca que operem no pas.

2. Sero definidas em diploma prprio as normas de funcionamento do


referido registo.

Seco II
Licenas das Pescas

Subseco I
Dos Princpios Gerais

Artigo20.
Exerccio das Diversas Modalidades de Pesca

1. O exerccio da pesca artesanal e pesca industrial est sujeito


obteno de uma licena de pesca, nos termos deste diploma e respectivos
regulamentos.

2. Sero tambm definidas por regulamentos as circunstncias em que a


pesca amadora fica sujeita licena.
68

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

3. Sem prejuzo das normas aplicveis, o exerccio da pesca a partir das


margens no est condicionado licena.

4. O exerccio da pesca de subsistncia est isenta da obteno de


licena e do pagamento de direitos ou taxas.

Artigo 21.
Pagamento de Taxas

A concesso de licenas a favor de embarcaes de pesca nacionais


dar lugar ao pagamento de direitos ou taxas que forem definidos por
despacho de membro do governo responsvel pelo sector.

Artigo 22.
Durao

Sem prejuzo de disposies especiais aplicveis, as licenas so


concedidas por prazo no superior a um ano, podendo ser renovadas por
perodos sucessivos de igual ou inferior durao.

Artigo 23.
Intransmissibilidade

As licenas de pesca so pessoais e intransmissveis de uma embarcao a


outra.
Artigo24.
Obrigaes

A concesso de licena investe o respectivo beneficirio na obrigao de


observar o cumprimento de todas as exigncias previstas neste diploma e nos
seus regulamentos, devendo a embarcao de pesca em nome da qual a
licena est passada:
69

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

a) Manter a licena permanentemente a bordo;

b) Manter um dirio de bordo de pesca de modelo a definir pelo sector


responsvel, onde sero registadas, designadamente, as operaes de pesca,
incluindo o transbordo, as capturas efectuadas, no total e por espcies;

c) Exibir permanentemente e nos termos regulamentares, os respectivos


elementos de identificao;
e) Salvo disposio em contrrio, as embarcaes de pesca artesanal
esto isentas das obrigaes previstas neste artigo e podem ser sujeitas a um
regime especfico.

Artigo 25.
Condies Adicionais Subsequentes

No interesse de uma boa gesto dos recursos haliuticos, o Ministro de


tutela das pescas poder sujeitar categorias de licenas, ou uma licena de
pesca determinada, a exigncias adicionais relativas:

a) Ao tipo e ao mtodo de pesca e a qualquer outra actividade referida


no artigo 3. do presente diploma;

a) zona no interior da qual a pesca em referncia ou qualquer outra


actividade conexa podem ser exercidas, s espcies cuja captura permitida,
incluindo eventuais restries quanto s capturas acessrias.

Artigo 26.
Revogao e Suspenso de Licena por
Motivo de Ordenamento

As licenas de pesca podero ser suspensas ou revogadas, por motivos


de ordenamento dos recursos haliuticos, sendo restitudo o montante dos
direitos de pesca que tiver sido pago relativamente ao perodo no utilizado.
70

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

71

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

Subseco II
Concesso de Licenas a Embarcaes de
Pesca Estrangeiras

Artigo 27
Existncia de Acordo de Pesca com Estado de
Bandeira ou Matrcula

1. As embarcaes de pesca estrangeiras s podero ser autorizadas a


operar no espao martimo de S. Tom e Prncipe no quadro de acordos
internacionais com o estado da bandeira ou matrcula ou com as organizaes
que os representem.

2. Podem, contudo, exercer actividades de pesca sem a existncia de


um acordo internacional:

a) As embarcaes de pesca estrangeiras baseadas em S. Tom e


Prncipe;

b) Os casos excepcionais devidamente autorizados pelo sector


encarregue das pescas.

Artigo 28.
Cauo

1. Na hiptese a que se refere a alnea b) do n. 2 do artigo anterior, a


concesso da licena poder ficar condicionada ao depsito pelo interessado
de uma cauo no Banco Central de S. Tom e Prncipe, destinada a garantir o
respeito das obrigaes previstas neste diploma.

2. A cauo ser restituda aps a expirao do prazo da licena e de


quitao passada a favor do interessado pelo servio competente.

72

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

Artigo 29
Subordinao Legislao Nacional

As embarcaes de pesca estrangeiras autorizadas a operar a qualquer


ttulo nas guas martimas de S. Tom e Prncipe ficam obrigadas, salvo as
excepes previstas neste diploma, a respeitar as normas e princpios
condicionadores das actividades de pesca e as conexas.

Artigo 30.
Acordos Internacionais de Pesca

Os acordos internacionais a que se refere o artigo 27. adequar-se-o s


legislaes respeitantes ao exerccio da pesca devendo inserir clusulas,
designadamente, sobre a identificao precisa do tipo de embarcaes de
pesca que pretendem operar ao abrigo dos acordos, as zonas em que tais
embarcaes podero operar, as modalidades de que se revestiro as
contrapartidas das licenas de pesca, e a assuno pelo Estado da bandeira
da obrigao de adoptar as medidas que garantam o respeito legislao
nacional pelas referidas embarcaes.

Subseco III
Direitos de Pesca e Outras contrapartidas

Artigo 31
Concesso da Licena

Para alm do previsto no artigo 28. do presente diploma, a concesso


de licena a favor da embarcao de pesca estrangeira baseada ou no em S.
Tom e Prncipe d lugar ao pagamento de uma compensao financeira,
ttulo de direitos de pesca e de outras eventuais contrapartidas.

73

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

Artigo 32.
Fixao dos Direitos de Pesca ou Outras
Contrapartidas

O montante dos direitos de pesca e de outras eventuais contrapartidas a


serem exigidos aos beneficirios de licena respeitante embarcaes de
pesca estrangeira baseada em S. Tom e Prncipe fixado por acordos
internacionais, conforme o artigo 30. do presente diploma, por via
regulamentar ou negociada atravs de protocolo entre os armadores e o
Ministrio responsvel pelo sector das pescas.

Seco III
Investigao Cientifica

Artigo33.
Autorizao

Mediante autorizao escrita pelo sector encarregue das pescas, poder


ser permitida a realizao de actividade de investigao cientfica no domnio
das pescas a pedido de organismos de pescas privados, Estados Estrangeiros
ou Organizaes Internacionais.

Artigo 34.
Formalidades Prvias

1. O pedido de autorizao dever ser feito com antecedncia de trinta


(30) dias da data prevista para o incio da investigao, devendo ser
acompanhado do respectivo plano de operaes.

2. O plano de operaes a que se refere o nmero anterior conter,


designadamente:

a) A identificao completa da instituio;


74

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

b) O mtodo e os equipamentos a serem utilizados na operao;

c) A durao das actividades, limitadas a perodos de um ano


renovveis.

Artigo 35
Obrigaes das Entidades Beneficirias

1. Sem prejuzo das demais disposies aplicveis s entidades


beneficirias da autorizao referida no artigo 33. ficam sujeitas a:

a) Aceitar a bordo cientistas ou observadores nacionais destinados a


acompanhar as operaes de investigao a serem efectuadas;

b) Fornecer s autoridades competentes de S. Tom e Prncipe


relatrios preliminares, bem como os resultados e concluses finais da
investigao;

c) Permitir o acesso das autoridades competentes a todos os dados e


amostras resultantes das operaes efectuadas;

d) Fornecer s autoridades competentes a avaliao dos dados,


amostras e resultados da investigao ou a colaborao necessria para a sua
avaliao e interpretao,

e) No divulgar sem prvia autorizao do Governo de S. Tom e


Prncipe, os dados, amostras e resultado da investigao.

2. O no cumprimento das obrigaes referidas no nmero anterior


implicar a revogao da autorizao sem prejuzo de outras penalidades
aplicveis.

75

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

Artigo 36.
Regulamentao

As disposies relativas investigao cientfica marinha no domnio


das

pescas,

sero

desenvolvidas

em

regulamento

que

especificar,

designadamente, as condies de cumprimento das obrigaes a que se


sujeitam os beneficirios da autorizao e as situaes em que esta ser
concedida.

Capitulo IV
Das Disposies Relativas as Actividades de Pesca

Artigo 37.
Declarao de Entrada e Sada do Espao Martimo
de S. Tom e Prncipe

1. As embarcaes de pesca estrangeiras autorizadas a operar no


espao martimo de S Tom e Prncipe so obrigadas a declarar s
autoridades competentes, o momento da sua entrada e sada do referido
espao, assim como declarar em intervalos regulares, a sua posio dentro do
mesmo.

2. Todas as embarcaes de pesca esto sujeitas s obrigaes de


declarao das capturas que forem definidas por via regulamentar.

Artigo 38.
Operaes de Apoio Logstico ou de Transbordo de Capturas

As operaes de apoio logstico ou de transbordo de capturas, no


espao ou martimo de S. Tom e Prncipe s podero ser realizadas
quaisquer que sejam as embarcaes, mediante a autorizao do Ministrio
encarregue do sector das pescas que poder prescrever medidas especiais,

76

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

nomeadamente, aos direitos exigveis as zonas ou local em que a operao


possa ter lugar e a presena de agentes de fiscalizao.

Artigo 39.
Arrumao das Artes de Pesca de Embarcaes Estrangeiras

As embarcaes de pesca estrangeiras sem autorizao para operar no


espao martimo de S. Tom e Prncipe, ou que se encontrem em zonas que
no estejam autorizadas a operar devero trazer recolhidas bordo os
respectivos artefactos de pescas de modo a no poderem ser utilizadas para
pescar quando transitando pelo referido espao martimo.

Artigo 40.
Proibio de Uso de Explosivos ou Substncias Txicas

expressamente proibida a utilizao ou deteno bordo, no exerccio


da pesca, de materiais explosivos ou substncias txicas susceptveis de
enfraquecer, atordoar, excitar ou matar espcies, bem como a utilizao de
aparelho de pesca por suco.

Artigo 41.
Estabelecimento de Culturas Marinhas

1. Est sujeita autorizao do sector encarregue das pescas, a criao


de estabelecimentos de culturas marinha e de tratamento de produtos de
pescas sem prejuzo de outras exigncias legais e regulamentares aplicveis,
especialmente as respeitantes utilizao do domnio pblico martimo.

2. Sero definidas por regulamento especial as condies relativas


criao e funcionamento dos estabelecimentos de cultura marinhos.

77

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

Capitulo V
Da Qualidade e Exportao dos Produtos de Pesca

Artigo 42.
Normas e Mecanismos de Controle de Qualidade

O Ministro encarregue das pescas institui normas e mecanismos


relativos ao controle da qualidade do pescado e dos produtos de pesca para
exportao

Artigo 43.
Estabelecimento de Processamento de Pescado

1. A instalao e o funcionamento de estabelecimento de tratamento de


pescado ou de produtos de pesca para explorao ficaro sujeitos
autorizao e as condies relativas construo e ao funcionamento que
forem definidas pelo sector encarregue das pescas

2. No caso de estabelecimento j existente, o sector encarregue das


pescas poder conceder uma autorizao temporria para permitir a realizao
definitiva das eventuais modificaes necessrias do equipamento e das
instalaes.

3. O equipamento de processamento a bordo de embarcaes ficar


sujeito s condies definidas nos nmeros anteriores.

Artigo 44.
Normas de Qualidade

O sector encarregue das pescas promover a adopo, em cooperao


com o rgo responsvel pelo sector da sade, de normas relativas ao
processo de manuseamento, elaborao e armazenamento dos produtos da
pesca, e adoptar as medidas necessrias para assegurar a sua fiscalizao.
78

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

Artigo 45.
Exportao de Produtos Pesqueiros

A exportao de produtos pesqueiros s ser feita aps o servio


competente do departamento que superintende as pescas ter emitido o
respectivo certificado de qualidade para o produto em causa.

Artigo 46.
Fiscalizao de Qualidade

1. O sector encarregue das pescas, em cooperao com o rgo


responsvel pelo sector da sade, designar agentes competentes dos
respectivos sectores com vista assegurar o respeito pelas normas especiais
definidas nos termos do presente capitulo.

2. Os agentes referidos no nmero anterior podero, mesmo na


ausncia de mandato especial para o efeito:

a) Entrar e proceder a averiguaes em qualquer estabelecimento de


processamento de pescado;

b) Exigir a apresentao de qualquer licena ou documento relativo ao


funcionamento do estabelecimento e, em particular, aos registos relativos ao
pescado processado;

c) Recolher amostras de pescado.

Artigo 47.
Suspenso das Actividades de um Estabelecimento

O Ministrio tutelar das pescas poder ordenar a suspenso temporria


das operaes de um estabelecimento de processamento de pescado para
79

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

exportao se o mesmo funcionar sem observar as normas aplicveis por fora


dos artigos 43. a 45. do presente diploma.

Capitulo VI
Do Comprimento da Legislao de Pesca

Seco I
Fiscalizao

Artigo 48.
Agentes Competentes

1. So agentes de fiscalizao competentes para denunciar as


infraces previstas na presente Lei:

a) Os inspectores e agentes designados pelo sector encarregue das


pescas e da sade pblica;

b) Os agentes competentes da administrao martima;

c) Os comandantes e oficiais dos navios de fiscalizao das pescas e os


comandantes de avies de fiscalizao.

2. Os agentes de fiscalizao devero possuir documentos de


identificao apropriados, emitidos pelo Ministro encarregue das pescas, que
devero apresentar no decurso das operaes de fiscalizao.

Artigo 49.
Poderes de Agentes de Fiscalizao

1. Aos agentes referidos no artigo anterior so atribudos, nos termos


legais, os poderes necessrios ao exerccio das suas funes, competindolhes, designadamente, adoptar as providncias adequadas destinadas a evitar
80

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

o desaparecimento dos vestgios das infraces que tenham constatado ou que


frustrem as possibilidades de aplicao, aps deciso final, das penas
previstas neste Diploma.

2. No exerccio da respectiva competncia, os agentes de fiscalizao


podero, designadamente:

a) Visitar qualquer embarcao de pesca ou instalao de tratamento ou


comercializao de produtos de pesca;

b) Ordenar a exibio de livros e registo de bordo e outra documentao


exigida para o exerccio da pesca ou actividades ligadas a esta;

c) Solicitar quaisquer outros elementos ou informaes pertinentes;

d) Reter embarcaes intervenientes na prtica de infraco de pesca,


bem como os respectivos apetrechos de pescas;

e) Dar quaisquer ordens que sejam necessrias observncia do


presente diploma.

Artigo 50
Operaes de Fiscalizao

As operaes de fiscalizao devem ser conduzidas de forma a evitar


interferncias desnecessrias nas actividades normais das embarcaes de
pesca.

81

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

Artigo 51
Responsabilidades dos Agentes de Fiscalizao

Os agentes de fiscalizao so disciplinar, civil e penalmente


responsveis pelos actos praticados no exerccio das suas funes de acordo
com a presente Lei.

Seco II
Infraces de Pescas

Artigo 52
Definio das Infraces de Pesca

Constituem infraces de pesca as que resultam da violao desta Lei


ou dos seus regulamentos, e bem assim as previstas na legislaes avulsas
aplicveis ao exerccio da pesca e do direito comum.

Artigo 53
Responsabilidade

Os capites ou mestres de embarcaes de pesca respondem,


individual e solidariamente, pelas infraces previstas na presente Lei, seus
regulamentos e demais legislaes aplicveis, presumindo-se que os mesmos
tiveram conhecimento e consentiram na prtica de infraces realizadas por
elementos a bordo ou transportados nas suas embarcaes de pesca.

Artigo 54
Responsabilidade por Danos Causados
Embarcao de Pesca Artesanal

Nas hipteses em que o armador ou o proprietrio de embarcaes de


pesca industrial no tenha transferido a terceiros a responsabilidade civil por
danos causados a embarcaes ou artefactos artesanal, este responder pelo
82

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

integral pagamento dos referidos danos, sem prejuzo das demais sanes
aplicveis.

Artigo 55
Infraco de Pesca Graves

1. Para efeitos deste diploma, constituem infraces graves de pesca:


a) O emprego de redes cujas malhas sejam de dimenses inferiores s
malhas mnimas autorizadas;

b) A pesca em perodos de defeso ou em zonas proibidas e de espcies


cuja captura seja proibida ou cuja idade, peso ou dimenso seja interior aos
mnimos autorizados;

c) O emprego de explosivos ou substncias txicas ou o transporte a


bordo dessas substncias;

d) A reincidncia na falta de preenchimento ou de transmisso de


informaes e dados sobre as capturas efectuadas de acordo com as normas
estabelecidas;

e) A falta de cooperao com os agentes de fiscalizao ou a obstruo


das actividades de fiscalizao;

f) A destruio ou danificao voluntria de embarcaes, redes e


apetrechos de pesca pertencentes a outrem;

g) A violao do disposto no artigo 39. sobre a arrumao dos


artefactos de pesca;

h) A inobservncia das posies relativas ao acesso de embarcaes de


pesca nacionais nos espaos martimos de terceiros Estados;
83

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

i) O transbordo de capturas ou realizao de operaes de apoio


logstico sem autorizao;

j) A apresentao de informaes, dados ou documentos falsos;

k) A destruio ou dissimulao de provas de infraces previstas neste


diploma.

2. O preceituado no nmero anterior aplica-se sem prejuzo de


disposies especiais previstas nesta Lei ou na Lei Penal geral.

Seco III
Sanes

Artigo 56.
Penalidades

A violao da presente Lei e aos seus regulamentos, so punidas com a


multa e com penas acessrias, nomeadamente:

a) Perda a favor do Estado do pescado, apetrechos e embarcaes de


pesca ou do valor equivalente a estes ltimos;

b) Suspenso e revogao da licena de pesca;

c) Suspenso provisria ou definitiva do patrocnio do Estado


operaes de pesca em guas de terceiros Estados.

Artigo 57.
Aplicabilidade das Sanes

As infraces previstas na legislao do pas sobre a actividade da


pesca so punidas nos termos da presente Lei.
84

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

Artigo 58.
Graduao da Multa
Na fixao dos montantes das multas previstas neste diploma devero
ser tidas especialmente em conta as caractersticas tcnicas e econmicas das
embarcaes de pesca, o tipo de pesca praticado e o benefcio que o agente
tiver tirado da prtica da infraco e a infraco cometida em primeiro lugar.

Artigo 59.
Exerccio Ilegal da Pesca Industrial por
Embarcao Nacional

O exerccio de pesca industrial por embarcao nacional no


devidamente licenciada punido com multa do equivalente em Dobras a USD
100.000 (Cem mil dlares) USD 150.000 (Cem e cinquenta mil dlares) dos
Estados Unidos de Amrica e na perda de pescado encontrado a bordo,
podendo em caso de reincidncia ser decretada, cumulativamente, perda dos
artefactos de pesca.

Artigo 60.
Exerccio Ilegal da Pesca Industrial por Embarcaes Estrangeiras ou
Estrangeiras Baseadas

O exerccio de pesca industrial por embarcaes estrangeiras ou


estrangeiras baseadas em S.Tom e Prncipe no licenciadas punido com
multa do equivalente em Dobras a USD 200.000 (Duzentas mil dlares) USD
500.000 (Quinhentas mil dlares) dos Estados Unidos de Amrica e na perda a
favor do Estado, dos artefactos de pesca e do pescado a bordo.

85

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

Artigo 61.
Punio das Infraces de Pesca Graves

1. As infraces mais graves de pesca so punidas com multa do


equivalente em Dobras a USD 500.000 (Quinhentas mil dlares) USD
800.000 (Oitocentas mil dlares) dos Estados Unidos de Amrica.

2. Nas hipteses previstas nas alneas a), b), c) e d), do n. 1 do artigo


55. poder ser decretada, cumulativamente com multa, a perda a favor do
Estado do pescado encontrado a bordo e os artefactos de pesca utilizados na
prtica da infraco.

Artigo 62.
Infraco de Pesca no Especialmente Prevista

s infraces de pescas no especialmente previstas nesta Lei so


aplicveis subsidiariamente as normas de direito comum.

Artigo 63.
Punio de Reincidncia

1. No caso de reincidncia o montante das multas elevado para o


dobro sendo tambm decretadas se o justificar a perda do pescado e dos
artefactos de pesca e das embarcaes e outros instrumentos utilizados na
prtica da infraco.

2. Para efeitos deste diploma, h reincidncia quando o agente


condenado por uma infraco de pesca comete uma nova infraco da mesma
natureza antes de decorridos 12 meses a contar da punio anterior.

86

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

Artigo 64.
Punio das Infraces Ambientais

1. As infraces ambientais muito graves so punidas com multa do


equivalente em Dobras a USD 20.000 (Vinte mil dlares) USD 1.000.000 (Um
milho de dlares) dos Estados Unidos de Amrica.

2. As infraces ambientais graves so punidas com multa do


equivalente em Dobras a 100 USD (Cem dlares) a 10.000 USD (Dez mil
dlares) dos Estados Unidos de Amrica.

3. Sempre que se justificar, a ttulo acessrio ou principal, podem ser


decretadas medidas, de minimizao, de recuperao, ou de reconstituio da
situao anterior, tendo em vista assegurar o restabelecimento dos equilbrios
biolgicos e a forma sustentada de vida anteriores infraco.

Artigo 65.
Destinos dos Valores das Multas e Indemnizaes por
Infraces Ambientais

Os valores das multas e indemnizaes por infraces ambientais sero


repartidos de seguinte modo:

a) 40 % para o tesouro pblico;

b) 20% para o fundo de desenvolvimento das pesca;

c) 20% para o Ministrio responsvel pelo sector ambiental;

d) 15% para Capitania dos Portos; e

e) 5% para incentivo aos agentes envolvidos nas aces de fiscalizao.


87

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

Artigo 66.
Suspenso e Revoluo da Licena de Pesca

Sem prejuzo do disposto nos artigos antecedentes, perante a especial


gravidade da infraco ou a violao reiterada da legislao de pesca o
justificar, as licenas podero ser suspensas ou revogadas.

Artigo 67.
Perda do Patrocnio

O proprietrio ou armador de embarcao de pesca operando no espao


martimo sob jurisdio de terceiros estados, sob o patrocnio do Estado de S.
Tom e Prncipe, poder incorrer, consoante a gravidade da infraco, na
perda com carcter provisrio ou definitivo desse patrocnio, em caso de
punio por violao legislao de pesca daqueles Estados.

Capitulo VII
Do Processamento das Infraces de Pesca

Artigo 68.
Auto de Notcia

1. Os agentes de fiscalizao levantaro um auto de notcia das


infraces

de

pesca

que

tenham

constatado,

do

qual

constar,

designadamente, uma exposio precisa dos factos e das suas circunstncias,


a identificao do(s) autor(es) da infraco e o rol das testemunhas.

2. Quando tenha havido simultaneamente a apreenso de capturas, de


artefactos ou instrumentos de pesca ou a reteno de embarcao de pesca,
essas circunstncias devero constar especificamente do auto da notcia.

3. O auto de notcia assinado pelo agente de fiscalizao e, se


possvel, por duas testemunhas.
88

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

Artigo 69.
Presuno, da Origem Ilcita do Pescado

O pescado encontrado a bordo da embarcao utilizada na prtica de


infraco de pesca presume-se ter sido obtido atravs da referida infraco.

Artigo70.
Fora Probatria do Auto de Notcia

O auto de notcia, lavrado nos termos legais, tem fora probatria


conforme o disposto no Cdigo do Processo Penal.

Artigo 71.
Destino do Auto de Notcia

O auto de notcia ser encaminhado imediatamente ao Ministrio de


tutela das pesca para decidir sobre infraco de pesca, e remetida cpia ao
Ministrio Pblico nos termos gerais de direito, salvo necessidade de
diligncias complementares de prova, hipteses em que a remessa ser feita
logo que concludas as referidas diligncias.

Artigo72.
Entidades Competentes Para o Julgamento das
Infraces de Pesca

1. A aplicao de multas por infraces de pesca previstas neste


diploma e seus regulamentos cabe:

a) Ao director das pescas por infraces a punir com multas at USD


500.000 (quinhentas mil dlares) dos Estados Unidos de Amrica;

89

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

b) Ao Ministro responsvel pelo sector das pescas, por infraces a


punir com multas superiores a da alnea anterior.

2. Aplicao de sanes acessrias da competncia do Ministro


encarregue das pescas.

Artigo73.
Suspenso do Patrocnio, Entidade Competente

Compete ainda ao Ministro tutelar das pescas aplicar a sano de


suspenso provisria ou definitiva do patrocnio do Estado de S. Tom e
Prncipe prevista no artigo 67. deste diploma.

Artigo 74.
Recebimento de Auto de Notcia

Recebido o auto de notcia, o Ministrio encarregue das pescas


determinar o prosseguimento do processo at deciso final ou o seu
arquivamento se entender no haver ocorrido a infraco.

Artigo 75.
Diligncias Complementares

O rgo competente poder requisitar aos agentes de fiscalizao


diligncias complementares de prova que reputar necessrias cabal instruo
do processo.

Artigo 76.
Substituio da Reteno por Cauo

1. A embarcao de pesca retida na sequncia da constatao de uma


infraco de pesca poder ser libertada mediante prestao de cauo, a ser

90

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

definida por Ministro encarregue das pescas e o Ministro responsvel pelas


Finanas.

2. O clculo da fixao da cauo a que se refere o nmero anterior


levar em conta, designadamente, os custos da reteno e o quantitativo das
multas e de outras reparaes de que so passveis os infractores.

Artigo 77.
Notificao do Estado da Bandeira

Quando a Embarcao retida for estrangeira, a autoridade que tiver


ordenado a reteno, dever comunicar o facto ao Ministrio dos Negcios
Estrangeiros, que notificar o Estado da bandeira de embarcao pelos canais
apropriados.
Artigo 78.
Destino das Capturas Apreendidas

1. As capturas apreendidas em decorrncia da prtica de uma infraco,


podero ser vendidas, caso sejam passveis de deteriorao, ou entregues
guarda de uma entidade com capacidade para conserv-las, ou oferecidas aos
hospitais e quartis.

2. A deciso sobre o destino das capturas apreendidas da


competncia do Ministrio encarregue das pescas.

3. Em caso de venda, o montante apurado ser depositado no Banco


Central de S. Tom e Prncipe at a deciso final do processo.

91

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

Artigo 79.
Restituio dos Objectos Apreendidos

Transitada em julgado a deciso de arquivamento do auto de notcia, ou


a deciso absolutria, os bens apreendidos, assim como a cauo, se for caso
disso, devem ser restitudos, num prazo no superior a 30 dias.

Artigo 80.
Pagamento das Multas

Quando o processo conclua pela aplicao de multas ao infractor, este


dever proceder ao pagamento das mesmas no prazo de quinze dias a contar
da notificao ou comunicao da deciso, sob pena de execuo nos termos
prescritos para as contribuies e impostos do Estado.

Artigo 81.
Recurso
1. Das decises proferidas nos processos relativos s infraces de
pesca cabe recurso, nos termos da lei processual aplicvel (direito comum).
2. Este recurso s poder ser admitido aps depsito de cauo
equivalente multa.

Artigo 82.
Legislao Complementar

A aplicao das disposies relativas s infraces de pesca previstas


na presente Lei no prejudica a aplicao subsidiria das normas do Cdigo
Penal, Cdigo do Processo Penal, do Cdigo Civil e do Cdigo do Processo
Civil.

92

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

Captulo VIII
Das Disposies Finais

Artigo 83.
Destino dos Valores de Multa e Outros

Os valores provenientes das multas, taxas e indemnizaes previstas


neste diploma, exceptuando as do artigo 65. sero repartidos do seguinte
modo:

a) 40% para o Tesouro Pblico;

b) 30% para o Fundo de Desenvolvimento da Pesca Artesanal;

c) 15% para Capitania dos Portos;

d) 15% para incentivo aos agentes envolvidos nas aces de


fiscalizao.

Artigo 84.
Destino das Receitas das Multas Pelas Infraces
Ambientais e de Pesca

As receitas das multas e taxas resultantes da punio de infraces


ambientais e de pesca sero remetidas Repartio de Finanas que ser
responsvel pelo seu controlo e afectao s entidades beneficirias
mencionadas nos artigos 65. e 83. respectivamente.

Artigo 85.
Regulamentos

93

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

O Governo adoptar os regulamentos gerais necessrios execuo do


presente diploma.
Artigo 86.
Revogao

So revogadas todas as disposies que contrariem o presente diploma


e, designadamente, o Decreto-Lei n. 63/81, de 31 de Dezembro e o DecretoLei n. 2/84, de 31 de Janeiro.

Artigo 87.
Entrada em Vigor

A presente Lei entra em vigor na data da sua publicao.

Assembleia Nacional, em S.Tom e Prncipe, aos 11 de Setembro de


2001 O Presidente da Assembleia Nacional, Francisco Fortunato Pires.
Promulgado em 25/9/2001.

Publique-se O Presidente da Repblica, Fradique Bandeira de Menezes.

94

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

LEI DE BASE DE SEGURANA MARTIMA E DE


PREVENO CONTRA A POLUIO DO MAR

95

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

96

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

LEI DE BASE DE SEGURANA MARTIMA E DE PREVENO


CONTRA A POLUIO DO MAR

Lei n. 13/2007, de 11 de Setembro de 2007

Prembulo

A Repblica Democrtica de So Tom e Prncipe um pas composto


de duas ilhas e demais ilhus adjacentes com uma extenso de 1001 Km2,
localizado em pleno Golfo da Guin, sendo So Tom, entre a latitude 000 23
Norte e longitude 0150 58 Este, e Prncipe entre latitude 01038 Norte e
longitude 0160 38 Este, integrando os Pases da Comisso do Golfo da Guin.
Por caracterstica prpria, desde o passado colonial e reforada com as
exigncias de um novo pas, as ilhas desenvolvem mltiplas actividades
martimas, tendo consequentemente o mar como meio de comunicao interilhas

com

governamentais

exterior.
afins

e,

Assim,

Pas

visa

criar

infra-estruturas

concomitantemente, adoptar a legislao

moderna, com vista a adequar o Sector Martimo de meios para a preveno


e o combate poluio do mar.

Neste sentido, como Estado de bandeira, Estado costeiro e Estado


do porto, So Tom e Prncipe no pode ficar isolado da comunidade martima
internacional, devendo ratificar e implementar as principais convenes
martimas internacionais no mbito das agncias das Naes Unidas, e da
Organizao Martima Internacional. Esta obrigao do Estado exige o
cumprimento e o respeito pelas normas internacionais aplicveis ao Sector
Martimo como condio absolutamente necessria para que os navios de
todas as bandeiras possam continuar a praticar os portos nacionais, de forma a
assegurar a continuao do comrcio martimo com o exterior.

97

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

Com a presente lei pretende-se criar, a nvel nacional, as condies


necessrias para que a mdio prazo exista um mnimo de normas legislativas e
infra-estruturas adequadas e favorveis implementao de uma poltica
nacional de segurana martima e preveno da poluio do mar, Assim, este
instrumento jurdico fundamenta a criao de entidades para a administrao
martima e porturia, integrando Instituto Martimo - Porturio de So Tom e
Prncipe (IMAP-STP), a Guarda Costeira e um Comit Nacional para a
Organizao Martima Inter-nacional, bem como as bases legais que
permitam adoptar futuramente legislao complementar que abranja todas as
reas de segurana martima e da preveno da poluio do mar.

Nestes termos, a Assembleia Nacional decreta, nos termos da alnea b)


do artigo 97. da Constituio, o seguinte:

Capitulo I
Disposies Gerais e Definies

Artigo 1.
Princpio Geral

O Estado deve garantir a segurana da navegao, das embarcaes,


do trfego martimo e porturio e de todas as actividades econmicas e de
lazer ligadas ao mar, bem como a salvaguarda da vida humana no mar, as
condies de bem-estar e de trabalho a bordo das embarcaes e a preveno
da poluio das guas martimas sob a jurisdio nacional.

Artigo 2.
Definies

Para os efeitos da presente lei, entende-se por:

a) Martimos: as pessoas que exercem uma actividade profissional


a bordo de uma embarcao envolvida numa actividade comercial;
98

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

b) Embarcao ou navio: todo o engenho flutuante ou aparelho aqutico


utilizado ou susceptvel de ser utilizado como meio de transporte na
gua, incluindo plataformas flutuantes e submersveis;
c) Proteco martima: o conjunto de medidas preventivas destinadas a
proteger o transporte martimo e as instalaes porturias contra
ameaas das aces ilcitas internacionais;
d) Acidente: qualquer acontecimento de mar envolvendo um navio, que
possa causar ou tenha causado ferimentos graves ou perda de vida,
danos graves para o navio ou para a sua carga, para outros
equipamentos flutuantes, para as instalaes em terra, ou para o
meio martimo;
e) Catstrofe: um acontecimento sbito, quase sempre imprevisvel,
de origem natural ou causado por uma embarcao, susceptvel
de provocar vtimas e danos materiais avultados, afectando
gravemente a segurana de pessoas no mar e junto costa, as
condies de vida dos martimos e das populaes que habitam
ou trabalhem junto costa e o tecido scio-econmico baseado
no mar;
f) Calamidade: um acontecimento ou uma srie de acontecimentos
graves, de origem natural ou tecnolgica, com efeitos prolongados no
tempo e no espao, em regra, previsveis, susceptveis de
provocarem elevados prejuzos materiais e, eventualmente, vtimas,
afectando as condies de vida dos martimos e das populaes que
habitem ou trabalhem junto costa e o tecido scio-econmico
baseado no mar em extensas reas costeiras e martimas sob
jurisdio nacional;
g) Embarcaes de passageiros: so embarcaes destinadas ao
transporte de mais de 12 passageiros;
h) Embarcaes

de

carga:

so

embarcaes

destinadas

ao

transporte de carga, podendo, desde que autorizadas, transportar


at 12 passageiros;

99

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

i) Cargo passageiro: so embarcaes destinadas ao transporte de


carga e passageiros simultaneamente, com limitaes mediante
autorizao e com o nmero superior a 12 passageiros;
j) Rebocadores: so embarcaes de propulso mecnica destinadas a
conduzir outras por meio de cabos ou outros meios no
permanentes;
k) Embarcaes de servio auxiliar: as embarcaes que no so
de passageiros, carga, rebocadores, pesca ou recreio, e que tm a
designao conforme o servio a que se destinam;
l) Embarcaes de pesca: so as utilizadas para a captura do peixe,
baleias, focas, morsas, e outros recursos vivos do mar;
m) Embarcaes de recreio: so todos os engenhos ou aparelhos de
qualquer natureza, que se empregam nos desportos nuticos, na
pesca desportiva, ou em simples entretenimento, sem quaisquer fins
lucrativos para os seus utentes ou proprietrios;
n) Viagem internacional: qualquer viagem com incio num porto nacional
at um porto situado fora do territrio nacional;
o) Sociedade

reconhecida

classificadora

ou

organizao

reconhecida: uma sociedade classificadora que aps de lhe ter sido


reconhecida competncia tcnica tenha celebrado um acordo com
o IMAP-STP, nos termos e requisitos aplicveis no Regulamento
Geral da Administrao Martima, para o Registo e Segurana
das Embarcaes;
p) Organizao Martima Internacional (IMO): Agncia especializada
das Naes Unidas para a Segurana Martima e Preveno da
Poluio causada por navios;
q) Companhia: so assim considerados, o proprietrio dum navio, o
gestor de navios, o afretador em casco num ou qualquer outra
organizao

ou

pessoa

que

tenha

assumido

perante

proprietrio a responsabilidade pela explorao do navio.

100

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

Artigo 3.
Poltica de Segurana Martima e de
Preveno da Poluio do Mar
1. A poltica de segurana martima e de preveno da poluio do mar
consiste no conjunto coerente de princpios, orientaes e medidas tendentes
prossecuo permanente do estabelecido no artigo n. 1.
2. Os princpios fundamentais e os objectivos gerais da poltica de
segurana martima e da preveno da poluio do mar decorrem da presente
lei, devendo o seu desenvolvimento e permanente actualizao merecer a
pertinente ateno da Assembleia Nacional e do Governo, em harmonia com
as suas competncias especficas.
Artigo 4.
Sistema Nacional de Segurana Martima
O Sistema Nacional de Segurana Martima o quadro institucional
constitudo pelas entidades que, com funes de coordenao, executivas ou
consultivas, exeram poder de autoridade de Estado no mbito da segurana
martima e da preveno da poluio do mar.
Artigo 5.
Objectivos e domnios de actuao do Sistema
Nacional de Segurana Martima

1. So objectivos fundamentais do Sistema Nacional de Segurana


Martima implementar, a nvel nacional, a poltica de segurana martima e da
preveno da poluio do mar.
2. A actividade do Sistema Nacional da Segurana Martima exerce-se
nos seguintes domnios:
a) Controlo da navegao;
b) Certificao das embarcaes;
101

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

c) Salvaguarda da vida humana no mar e salvamento martimo;


d) Formao e certificao dos martimos;
e) Assinalamento martimo, ajuda e avisos navegao;
f) Hidrografia;
g) Preservao e proteco do meio martimo e dos seus recursos
naturais;
h) Preveno e combate da poluio no mar;
i) Fiscalizao das actividades de aproveitamento econmico dos
recursos vivos e no vivos;
j) Proteco civil com incidncia no mar e na faixa litoral;
k) Proteco martima.

Captulo II
I Enquadramento, coordenao, direco e
execuo da poltica da segurana martima e
preveno da poluio do mar

Seco I
Atribuies da Assembleia Nacional

Artigo 6.
Da Assembleia Nacional

1. A Assembleia Nacional, no exerccio das suas competncias


poltica,

legislativa

financeira,

contribui

para

implementao

desenvolvimento da poltica da segurana martima e de preveno da poluio


do mar.

2. Os partidos representados na Assembleia Nacional sero ouvidos e


informados, com irregularidade pelo Governo, sobre os assuntos relativos
implementao e desenvolvimento da poltica da segurana martima e da
preveno da poluio do mar.
102

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

3. O Governo informar periodicamente a Assembleia Nacional sobre a


situao do Pas no que respeita a implementao e desenvolvimento da
poltica de segurana martima e da preveno da poluio do mar.

Seco II
Atribuies do Governo

Artigo 7.
Do Governo

1. A conduo da poltica de segurana martima e de preveno da


poluio do mar da competncia do Governo que, no respectivo programa,
deve inscrever as principais orientaes a adoptar ou a propor naquele
domnio.
2. Ao Conselho de Ministros compete:

a) Definir as linhas gerais da poltica governamental sobre a poltica da


segurana martima e a preveno da poluio do mar, bem como a
sua execuo;
b) Programar e assegurar os meios destinados execuo da poltica
da segurana martima e a preveno da poluio do mar;
c) Aprovar a regulamentao tcnica primria sobre a segurana das
embarcaes,

formao

dos

martimos,

proteco

martima,

preveno e combate poluio do mar;


d) Declarar a situao de catstrofe ou calamidade pblica, que atinja o
Pas por iniciativa prpria ou mediante proposta fundamentada
dos Ministros de tutela das organizaes que integram o Sistema
Nacional de Segurana Martima;
e) Adoptar, no caso previsto na alnea anterior, as medidas de carcter
excepcional destinadas a repor a normalidade das condies de vida
nas zonas martimas atingidas.

103

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

Captulo III
Estrutura do Sistema Nacional da Segurana Martima e
Porturia e das entidades que a integram

Seco I
Estrutura do Sistema Nacional da Segurana
Martima e Porturia

Artigo 8.
Entidades

A estrutura do Sistema Nacional de Segurana Martima e Porturia


formada pelas seguintes entidades:

a) O Instituto Martimo -Porturio de So Tom e Prncipe (IMAP-STP);


b) Comit Nacional da Organizao Martima Internacional (COMI);
c) Guarda Costeira.

Seco II
Estrutura, Organizao, e Funcionamento do Instituto
Martimo -Porturio de So Tom e Prncipe

Artigo 9.
Objectivos

Os principais objectivos do Instituto Martimo -Porturio de So Tom e


Prncipe (IMAP-STP) so o desenvolvimento dos aspectos relativos
segurana das embarcaes, das pessoas e bens embarcados,
preveno da poluio pelos navios, contribuio para proteco
martima dentro da rea martima sob sua jurisdio e a preparao da
regulamentao das actividades relativas a estas matrias.

Artigo 10.
104

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

Atribuies

1. No cumprimento dos seus objectivos e atribuies, o IMAP-STP


contm os seguintes servios:

a) Servios Martimos;
b) Servios Porturios.
2. No mbito dos Servios Martimos as atribuies so as seguintes:
a) Registar os navios;
b) Aprovar os projectos de segurana da construo e do equipamento
das embarcaes;
c) Inspeccionar em porto nacional as embarcaes estrangeiras no
mbito do controlo pelo Estado do porto;
d) Inspeccionar e certificar as embarcaes nacionais;
e) Regulamentar a

segurana

das embarcaes em

todas as

disciplinas;
f) Estabelecer os padres e administrar a formao dos martimos;
g) Fixar a lotao mnima de segurana das embarcaes;
h) Efectuar a investigao de acidentes e outros actos relativos a esta
matria;
i) Participar e contribuir para proteco martima.
3. No mbito dos Servios Porturios as atribuies so as seguintes:
a) Assegurar as condies de navegabilidade nas guas sob sua
jurisdio garantindo, nomeadamente a manuteno de fundos nas
vias navegveis e zonas de manobra, junto aos cais e terminais, bem
como nas reas de fundeadouros;
b) Fixar os fundeadouros e os seus limites e definir a sua utilizao;
c) Garantir e gerir a actividade de pilotagem;
d) Definir o uso dos meios e das condies de prestao de servios de
assistncia manobra de navios;
105

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

e) Estabelecer condicionalismos de atracagem e largada de navios em


funo das exigncias de segurana;
f) Fixar regras de manuseamento, armazenagem e transporte de
cargas perigosas, e a fiscalizao do cumprimento das normas em
vigor sobre esta matria;
g) Elaborar as normas sobre o acesso, a entrada, a permanncia e a
sada de navios do porto;
h) Efectuar o

policiamento

geral da

rea

sob

sua

jurisdio,

directamente ou atravs de entidades pblicas ou privadas;


i) Tratar

dos

embarcaes

casos

relativos

naufragadas,

ao

aparecimento

destroos,

de

material

casco

de

flutuante

ou

submerso nas reas martimas sob jurisdio porturia;


j) Fiscalizar o servio de vigilncia que nas embarcaes mercantes
nacionais deve ser man-tido pelas respectivas tripulaes;
k) Prevenir e combater a poluio na rea martima sob jurisdio
porturia;
l) Participar e contribuir para proteco martima;
m) Assegurar os servios de pilotagem e os servios da capitania dos
portos.
Artigo 11.
Outras atribuies e competncias do Instituto
Martimo - Porturio de So Tom e Prncipe
1. Para alm das atribuies no mbito da segurana da navegao
conferidas pela presente lei, podem ainda ser atribudas outras competncias
ao IMAP-STP, nomeadamente no mbito de concesso da explorao
comercial dos portos e adjudicao de obras porturias.
2. As matrias relacionadas com a gesto comercial das actividades
porturias no fazem parte da presente lei e considera-se que as mesmas
sero feitas por outra entidade pblica ou privada.
3. As competncias adicionais referidas no n. 1 devero ser objecto de
diploma prprio.
106

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

Artigo 12.
O Ministro da tutela do IMAP-STP
1. Ao Ministro da tutela do Instituto Martimo -Porturio compete:

a) Propor ao Conselho de Ministros a nomeao dos membros do


Conselho de Administrao, do Conselho Fiscal e do Director Geral
do IMAP-STP;
b) Nomear, sob proposta do Director Geral, o Director dos Servios
Martimos e o Director dos Servios Porturios.
2. O Ministro da tutela da Autoridade Martima e Porturia poder
estabelecer por despacho:
a) As normas tcnicas secundrias necessrias para a aplicao da
regulamentao tcnica principal aprovada por Decreto-Lei;
b) Os procedimentos e demais normas tcnicas cuja fixao as prprias
Convenes

Internacionais

deixam

competncia

das

Administraes Nacionais.
3. O Ministro da tutela do IMAP-STP poder emitir orientaes de
carcter genrico, em casos particulares, para o IMAP-STP, quando for
considerado indispensvel e tratando-se de:
a) Assuntos que podero pr em causa as boas relaes do pas com
outro Estado ou territrio;
b) Compromissos internacionais, cujo cumprimento esteja em causa, a
que STP esteja vinculado ou por ser membro de uma determinada
organizao

internacional

ou

por

ser parte

de

um

acordo

internacional;
c) Possibilidade de STP tomar-se membro de uma organizao
internacional ou ser parte de um acordo internacional.

107

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

Artigo 13.
O Director -Geral do Instituto
Martimo -Porturio
1. O IMAP-STP ter como responsvel pela gesto e operao diria o
Director Geral.
2. No mbito da certificao da segurana das embarcaes, o Director
Geral do IMAP- STP pode celebrar acordos com sociedades classificadoras
para que estas possam actuar em nome do IMAP-STP, sendo que tais acordos
devem ser celebrados com base em normas oriundas da Organizao Martima
Internacional (IMO) e apenas nos casos em que os instrumentos desta
organizao internacional prevejam ou estejam previstos em regulamentos
nacionais.
3. O Director Geral do IMAP-STP pode emitir e publicar circulares, a
divulgar pela comunidade martima para facilitar a aplicao das normas
tcnicas aprovadas nos termos da presente Lei.
4. Os actos previstos no n. 2 devem ser publicados no Dirio da Repblica.
Artigo 14.
Funcionamento e estrutura orgnica
As matrias respeitantes organizao, ao funcionamento, estrutura
orgnica e ao quadro de pessoal da IMAP-STP sero objecto de diploma
prprio.
Artigo 15.
Regulamento Geral da IMAP-STP para o
Registo e Segurana das Embarcaes
Por Decreto-Lei ser aprovado pelo Governo, o Regulamento Geral da
Administrao

Martima

Nacional

para

Registo

Segurana

das

Embarcaes, o qual dever conter a regulamentao tcnica primria,


nacional e adoptada internacionalmente, para a actuao geral da IMAP-STP.

108

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

Seco III
Estrutura, organizao e funcionamento da Guarda Costeira
Artigo 16.
Objectivos
Os principais objectivos da Guarda Costeira de STP so exercer no mar
a autoridade do Estado no mbito da segurana da navegao, preveno e
combate a poluio, garantir a inviolabilidade da fronteira martima e da zona
econmica exclusiva.
Artigo 17.
Atribuies, organizao, funcionamento
e estrutura orgnica
No mbito da implementao da poltica nacional de segurana martima
e

da

preveno

da

poluio

do

mar,

as

atribuies,

organizao,

funcionamento, estrutura orgnica e quadros de pessoal da Guarda Costeira de


STP, sero regulamentadas atravs de diploma prprio.
Seco IV
Estrutura, organizao e funcionamento do Comit
Nacional para Organizao Martima Internacional
Artigo 18.
Objectivos
Os principais objectivos do Comit Nacional para a Organizao
Martima Internacional so garantir o acompanhamento, pelo Governo de So
Tom e Prncipe, dos trabalhos dos diversos rgos da Organizao Mar-tima
Internacional (IMO), bem como contribuir para que os instrumentos emanados
desta organizao possam ser adoptados e implementados a nvel nacional.

109

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

Artigo 19.
Atribuies
O Comit Nacional para a Organizao Martima Internacional ter as
seguintes atribuies:
a) Apoiar a coordenao a nvel nacional de todos os programas e
realizaes da Organizao Martima Internacional (IMO);
b) Promover e apoiar a coordenao da participao de So Tom e
Prncipe na elaborao dos instrumentos jurdicos em preparao na
Organizao Martima Internacional;
c) Estabelecer e manter uma ligao eficaz com o secretariado da
Organizao Martima Internacional (IMO);
Artigo 20.
Composio
Tm representao no Comit Nacional para a Organizao Martima
Internacional os seguintes membros:
a) O Director Geral do Instituto Martimo -Porturio de STP;
b) O Comandante da Guarda Costeira de STP;
c) Um Jurista, com experincia, indicado pelo Chefe do Governo;
d) Um representante do Ministrio dos Negcios Estrangeiros e
Cooperao;
e) Um representante da Cmara do Comrcio, Indstria, Agricultura e
Servios;
f) Um representante do Governo da Regio Autnoma do Prncipe
ligado ao Sector dos Transportes;
g) Um representante do Sector do Ambiente e Recursos Naturais;
h) Um representante do Sector das Pescas.

110

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

Artigo 21.
Funcionamento e apoio do Comit Nacional para a
Organizao Martima Internacional
1. As regras de funcionamento, periodicidade das reunies e outras
matrias relevantes para o funcionamento do Comit Nacional para a IMO
sero objecto de despacho conjunto dos Ministros que tutelam os Sectores dos
Transportes, da Defesa e dos Negcios Estrangeiros e Cooperao.
2. O Comit Nacional para a (IMO) funcionar junto ao Ministrio dos
Negcios Estrangeiros e Cooperao, ao qual compete dar o apoio necessrio
para o seu funcionamento.
Captulo IV
Convenes Internacionais
Artigo 22.
Proteco Martima
1. O Governo definir nos termos legais, por diploma prprio, as
medidas necessrias para a implementao, a nvel nacional, da proteco
martima, em conformidade com o captulo XI-2, da Conveno Internacional
para a Salvaguarda da Vida Humana no Mar de 1974 (SOLAS) e do Cdigo
Internacional para Proteco dos Navios e das Instalaes Porturias (Cdigo
ISPS), destinadas a reforar a proteco dos navios utilizados no trfego
internacional e das instalaes porturias.
2. No diploma legislativo previsto no nmero anterior, no mbito da
proteco martima, podem ser atribudas competncias a outros organismos
governamentais que no integrem o Sistema Nacional da Segurana Martima.

111

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

Artigo 23.
Introduo em direito interno de
instrumentos internacionais
1. As organizaes que integram o Sistema Nacional da Segurana
Martima, individualmente, ou em conjunto, quando se tratar de matrias com
competncias repartidas, devero preparar o processo legislativo conducente
introduo em direito interno de convenes internacionais e respectivas
emendas, emanadas da Organizao Martima Internacional e de outros
organismos internacionais de normalizao tcnica no mbito do sector
martimo e porturio.
2. O processo legislativo, preparado em conformidade com o disposto no
nmero anterior, dever ser entregue aos respectivos Ministros de tutela para
aprovao e posterior entrega ao Ministro dos Negcios Estrangeiros e
Cooperao que lhe dar andamento de acordo com as suas competncias.

Captulo V
Disposies finais

Artigo 24.
Auxlio externo
1. Salvo tratado ou conveno internacional em contrrio, o pedido e a
concesso de auxlio externo, em caso de um acidente grave com uma
embarcao, catstrofe ou calamidade, so da competncia do Governo.
2. Os produtos e equipamentos que constituem o auxlio externo,
solicitado ou concedido, so isentos de quaisquer direitos ou taxas, pela sua
importao ou exportao, devendo conferir-se prioridade ao respectivo
desembarao aduaneiro.
3. So reduzidas ao mnimo indispensvel as formalidades de
atravessamento das fronteiras por pessoas que integram misses de socorro.
Artigo 25.
112

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

Contra -Ordenaes

O Governo estabelecer, nos termos legais, as contra -ordenaes


correspondentes violao das normas da presente lei que implicam deveres e
comportamentos necessrios execuo da poltica de segurana martima e
preveno da poluio do mar.

Artigo 26.
Norma revogatria

So revogados todos os diplomas ou normas que disponham em


contrrio presente lei, nomeadamente o Decreto -Lei n 4/90, de 15 de
Janeiro.

Artigo 27.
Diplomas complementares

No

prazo

legal,

Governo

deve

aprovar

os

diplomas

de

desenvolvimento e de regulamentao da presente lei.

Artigo 28.
Entrada em vigor

A presente lei entra em vigor nos termos legais.


Assembleia Nacional, em So Tom, aos 20 de Julho de 2007.- O
Presidente da Assembleia Nacional, Interino, Eugnio Rodrigues da
Trindade Tiny.
Promulgado em 14 Agosto de 2007.
Publique-se.
O Presidente da Repblica, Fradique Bandeira Melo de Menezes.

113

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

114

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

LEI DA CONSERVAO DA FAUNA, FLORA E DAS


REAS PROTEGIDAS

115

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

116

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

LEI DA CONSERVAO DA FAUNA, FLORA


E DAS REAS PROTEGIDAS

Lei N. 11/99, de 31 de Dezembro, DR. n 15, 5 Suplemento

Prembulo

O decreto 40 040, de 20 de Janeiro de 1955 introduziu um regime de


proteco ao solo, flora e fauna que constituiu primeira tentativa de
aproximao realidade faunstica tropical, seja a nvel da fauna bravia, seja a
nvel da flora espontnea.

Ao compilar num nico instrumento, essas trs categorias, pretendeu-se,


por um lado, demonstrar a interaco e interdependncia existentes entre o
solo, o seu revestimento vegetal e os animais selvagens, e por outro, confiar a
responsabilidade de superintendncia a um mesmo rgo.

Porm, porque o referido diploma se acha largamente ultrapassado;

Surge o presente diploma, num contexto em que a proteco e


conservao do meio ambiente constituem preocupao dominante, facto
ilustrado pela ratificao das Convenes Internacionais sobre a Diversidade
Biolgica e sobre a Desertificao, para alm de alguns diplomas,
recentemente submetidos aprovao da Assembleia Nacional e a Lei de
Florestas.

O presente diploma visa essencialmente, a conservao das espcies


animais, vegetais e da diversidade biolgica, e deve ser entendido como um
conjunto de medidas tcnico-legais que permitem o desenvolvimento natural do
estado gentico das populaes animais, vegetais e comunidade bitica,
enquanto patrimnio nacional e da humanidade, bem assim, a sua utilizao
social e econmica durvel.
117

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

O enunciado princpio de conservao difere do princpio de proteco e


permite a utilizao racional, equilibrada e durvel dos recursos pelas
comunidades vizinhas. O desenvolvimento de outras actividades, distintas das
acima enumeradas, sujeita-se a um regime excepcional mediante o respectivo
licenciamento.

O regime jurdico consubstanciado neste diploma define e classifica as


reas protegidas, e introduz normas para a sua gesto, a longo prazo, atravs
dos planos de manejo e a curto, por intermdio dos planos de gesto. A criao
de um rgo de carcter pluridisciplinar vocacionado para a gesto global e
coordenada das referidas reas, a um nvel mais elevado, complementado
por um sistema descentralizado de rgos encarregues da gesto corrente de
cada uma das unidades de conservao.

Finalmente, e para garantir o cumprimento da legislao, por um lado, e


implementado um sistema de fiscalizao das reas, enquanto medida
preventiva, de dissuaso comportamental na relao homem-natureza, e por
outro, prev-se um sistema de penalidades para as infraces que se
verificarem relativamente s normas contidas no presente diploma.

Assim, a Assembleia Nacional decreta, nos termos da alnea b) do artigo


86. da Constituio, o seguinte:

Captulo I

Das Disposies Gerais

Artigo 1
Princpio Fundamental

1. A conservao da fauna e flora selvagens e da diversidade biolgica se


inscreve como dever do Estado de S. Tom e Prncipe pois trata-se de valores

118

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

que se sobrepem a quaisquer outros, tendo em conta o interesse colectivo


que os caracteriza.

2. Sendo diversa proteco, a conservao deve ser entendida como o


conjunto de medidas tcnico-legais que permitem o desenvolvimento do estado
gentico das populaes animais, vegetais e da diversidade biolgica, sendo a
utilizao desses recursos feita de modo racional, equilibrado e sustentvel.

Artigo 2
Objectivo

O presente diploma visa a conservao, dos ecossistemas, a Fauna e a


Flora neles existentes, com vista a salvaguardar a diversidade biolgica como
um patrimnio nacional e da humanidade, bem como a promoo da sua
utilizao social e econmica durvel, atravs do estabelecimento de listas de
espcies a serem conservadas e da classificao de reas do territrio
nacional vocacionadas para a conservao dos seus habitats e da diversidade
biolgica.

Artigo 3
Definies

Para efeitos do presente diploma entende-se por:


a) Ambiente O complexo de condies naturais e elementos do planeta:
ar, gua, solo e subsolo, todas as camadas atmosfricas, todo material
orgnico e inorgnico, assim como todos os seres vivos, sistemas naturais
interagindo compreendendo os elementos acima descritos, incluindo valores
materiais e espirituais;
b) reas Protegidas Espaos do territrio nacional, incluindo o mar
territorial, com caractersticas naturais relevantes de domnio pblico ou
119

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

privado, com objectivos e limites definidos, sob regimes especiais de


administrao, a que se aplicam garantias de proteco total ou parcial dos
atributos naturais que tenham justificado a sua criao, efectuando-se a
preservao dos ecossistemas, a proteco da diversidade biolgica e de
outros recursos naturais, admitindo-se a explorao desse patrimnio nacional,
sob regime de manejo sustentvel, com vista a assegurar o equilbrio natural e
o seu desenvolvimento durvel;
c) Autorizao Acto administrativo que permite a realizao de uma
actividade habitualmente interditada, e sem o qual no pode ser exercida.
d) Comunidades residentes Grupo de pessoas que exeram alguma
actividade que tenha um impacto nos limites se uma rea protegida;
e) Conservao A aplicao de medidas necessrias para preservar,
melhorar, manter, reabilitar e restaurar as populaes e ou ecossistemas, sem
afectar o seu aproveitamento;
f) Desenvolvimento Durvel O desenvolvimento que garante as
necessidade actuais sem comprometer aquelas das geraes futuras. Melhorar
a qualidade de vida humana sem comprometer a capacidade de carga dos
ecossistemas que a sustentam;
g) Diversidade Biolgica O conjunto de todas e cada uma das espcies
de seres vivos e suas variedades nos ecossistemas areos, terrestres ou
aquticos, incluindo a diversidade de uma mesma espcies, entre diferentes
espcies e ecossistemas, assim como a diversidade gentica;
h) Estudo do Impacto Ambiental Instrumento da gesto ambiental
preventiva, mediante o qual procede-se a identificao e anlise previa,
qualitativa e quantitativa, dos efeitos ambientais, benficos e perniciosos de
uma actividade proposta;

120

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

i) Ecossistemas Unidade bsica de interaco dos organismos vivos


entre si e sua relao com o ambiente;
j) Fauna Animais selvagens de qualquer espcie, em qualquer fase do
seu desenvolvimento;
k) Flora Plantas selvagens de qualquer espcie em qualquer fase do seu
desenvolvimento;
l) Habitat O lugar ou tipo de lugar onde um organismo ou populao de
organismos naturalmente existe;
m) Licena Acto administrativo que condiciona o exerccio de uma
actividade lcita ao cumprimento de determinados requisitos especificamente
previstos na lei, e ao pagamento de um imposto ou de uma taxa;
n) Plano de gesto Instrumento de poltica de gesto ambiental, por meio
do qual so planificadas de forma detalhada as aces emanadas do plano de
manejo, a serem implementadas num certo lapso de tempo, onde esto
previstos os recursos humanos e financeiros necessrios, assim como os
resultados esperados;
o) Plano de manejo Instrumento de gesto ambiental a mdio prazo que
de reunir um conjunto de mecanismos eficazes para uma eficiente gesto
ecolgica da rea, definindo os conceitos e princpios gerais de conservao
aplicveis;
p) Uso sustentado O uso de recursos naturais renovveis de uma
maneira e ritmo que no implique no declnio do seu rendimento a longo prazo,
garantindo, portanto, as necessidades das geraes presentes e futuras;

121

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

q) Zoneamento Instrumento de poltica ambiental por meio do qual se


instituem zonas de actuao especial que podem variar da proibio de
qualquer actividade uma preservao, melhoria, recuperao e gesto dos
ecossistemas de forma a assegurar a sua sustentabilidade.

Captulo II

Das Espcies e Meios de Conservao

Artigo 4
Espcies Ameaadas

So consideradas espcies ameaadas no territrio da Repblica


Democrtica de So Tom e Prncipe, todas aquelas em via de extino ou
aquelas que apesar de actualmente no estarem ameaadas desse facto, o
podero estar, se a sua colheita, caa, ou danificao dos seus habitats, no
for regulamentada a fim de possibilitar que as suas populaes mantenham
nveis desejados de reproduo.

Artigo 5
Sistema provisrio de classificao das espcies

1. O sistema de classificao provisria das espcies obedece as


seguintes categorias:

a) Espcies Proibidas;

b) Espcies Protegidas.

2. Conforme o nvel de ameaa, as espcies protegidas podem ser


classificadas de:

a)

Crtica, quando o risco de extines iminente;


122

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

b)

Em Perigo, quando existe um elevado risco de extino a curto

c)

Vulnervel, quando existe um elevado risco de extino a mdio

prazo.

prazo.

3. Por convenincia poder-se- classificar as espcies, como Extintas,


quando j no exista nenhum exemplar no territrio nacional.

4. As espcies constantes nas alneas a) e b) do n. 1 deste artigo,


constaro do Despacho do Ministro responsvel pelo sector da agricultura.

Artigo 6
Princpio da Precauo

Enquanto

os

meios

disponveis

no

permitirem

uma

rigorosa

classificao, em conformidade com o princpio da precauo, as espcies so


classificadas pelo nvel de risco mais elevado.

Artigo 7
Regime de proteco das espcies proibidas

As espcies constantes do artigo 5 so interdita de ser perseguidas,


capturadas, colectadas, caadas ou comercializadas, salvo autorizao
expressa prevista no quadro da presente lei.

Artigo 8
Autorizaes

1. Excepcionalmente, em relao s espcies previstas no artigo 5 podem


ser emitidas autorizaes especiais que permitam a colheita de espcies
classificadas, vivas ou mortas, para fim de pesquisa cientfica ou criao em
cativeiro com a finalidade de salvaguarda da espcie.
123

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

2. A autorizao a que se refere o nmero anterior deve conter a


designao do rgo emissor, o nome do seu beneficirio, o fim a que se
destina e o perodo da sua validade.

Artigo 9
Regime de proteco das espcies protegidas

As

espcies

constantes

do

artigo

esto

sujeitas

uma

regulamentao restritiva, com vista a compatibilizar a sua explorao com os


respectivos nveis de reproduo e sobrevivncia.

Artigo 10
Proibio da Exportao

1. interdita a exportao de exemplares vivos ou mortos das espcies


constantes do artigo 5, ou de produtos derivados dessas espcies, salvo nos
casos delimitados no artigo 8 do presente diploma.

2. A obteno da autorizao prevista no nmero anterior no exclui a


obrigatoriedade relativa s normas sanitrias e alfandegrias em vigor para a
exportao de animais.

Captulo III

Do Conselho de Conservao da Fauna, Flora e das


reas Protegidas

Artigo 11
Criao

criado o Conselho de Conservao da Fauna, Flora e das reas


Protegidas, abreviadamente designado CONFFAP, pessoa colectiva de direito
124

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

pblico, dotado de personalidade jurdica e de autonomia administrativa,


financeira e patrimonial.

Artigo 12
Organizao

1. O CONFFAP dirigido por um Presidente, nomeado por despacho


conjunto dos Ministros responsveis pelos sectores do ambiente e agricultura,
e constitudo por um Comit Director composto de 6 representantes dos
sectores do Ambiente, Agricultura, Pecuria, Pescas, Florestas, Capitania dos
Portos, e Sociedade Civil, que aprecia e vota seu oramento anual.

2. O estatuto definitivo do CONFFAP ser adoptado por despacho do


Ministro responsvel pelo Sector da agricultura, luz da experincia adquirida,
depois de decorrido no mnimo um ano, a contar da data de classificao do
primeiro parque.

Artigo 13
Funes

So atribuies do CONFFAP:

a) Propor

classificao

desclassificao

das

espcies,

em

conformidade com o sistema provisrio de classificao previsto no Captulo II


do presente diploma;

b) Recomendar ao Ministro responsvel pelo sector da agricultura a reviso


do referido sistema;

c) Preparar e analisar as propostas de classificao de espcies ao abrigo


de convenes internacionais que tenham implicaes na aplicabilidade desta
lei;
125

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

d) Emitir autorizaes especiais para a captura ou colheita de espcies


classificadas, com finalidade de pesquisa cientfica, conforme o artigo 8 da
presente lei;

e) Definir a regulamentao restritiva prevista no artigo 9. da presente lei;

f) Propor polticas de conservao e gesto de reas protegidas;

g) Coordenar a gesto do conjunto das reas protegidas;

h) Assegurar a coordenao e a representao internacional em matria de


reas protegidas, nomeadamente junto das instituies internacionais que
financiam aces na rea da conservao;

i) Julgar as contas dos rgos de gesto das reas protegidas e das zonas
de proteco cinegtica e propor medidas de saneamento;

j) Analisar as propostas de classificao das zonas de proteco


cinegtica fora das reas protegidas;

k) Elaborar e aprovar o seu plano anual de actividades e deliberar sobre o


seu funcionamento interno;

l) Exercer todas outras prerrogativas que lhe sejam cometidas por lei.

Artigo 14
Relatrio Anual

O CONFFAP apresenta anualmente aos Ministros responsveis pelos


sectores do ambiente e da agricultura um relatrio das suas actividades.

126

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

Captulo IV

Das reas Protegidas

Seco 1

Administrao e Tipos

Artigo 15
Conjunto das reas protegidas

1. O CONFFAP responsvel pela gesto das reas protegidas no seu


conjunto.

2. Os regulamentos necessrios administrao do conjunto dos parques


sero adoptados por despacho do Ministro responsvel pelo sector da
agricultura, sob proposta do CONFFAP.

3. Os estudos do impacto sobre o meio ambiente previstos pelas


disposies do presente diploma sero efectuados conforme as condies
fixadas por deciso do CONFFAP, at a entrada em vigor de uma legislao
nacional regulamentando a matria.

Artigo 16
Corpo de guardas

Ser formado um corpo de guarda e tcnicos dos parques colocados


disposio de cada rea protegida sob a coordenao do CONFFAP, e sob a
responsabilidade da administrao de cada rea protegida.

Artigo 17
Tipos de reas protegidas
127

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

Para os fins do presente diploma as reas protegidas diferenciam-se do


seguinte modo:
a) Parques Naturais;

b) Reservas Naturais;

c) Monumentos Naturais;

d) Reservas Especiais.

Sem

prejuzo

dos

tipos

previstos

no

nmero

anterior,

outras

classificaes podem vir a ser adoptadas, nomeadamente aquelas que


provenham da aplicao de acordos ou Convenes Internacionais, tais como
<<Stios

do Patrimnio Mundial>> ou <<Reservar da Biosfera >>.


Artigo 18
Parques Naturais

1. So reas geogrficas delimitadas, dotadas de atributos naturais


excepcionais, contendo paisagens, ecossistemas ou stios geolgicos de
grande interesse para actividades cientificas, educacionais, recreativas,
sujeitas a plano de manejo, objecto de conservao permanente e como tal
submetidas condio de inalienabilidade e indisponibilidade.

2. Os parques naturais so domnio privado do Estado.

Artigo 19
Reservas Naturais

So consideradas reservas naturais as reas de tamanho restrito


destinadas proteco de habitats da fauna e da flora que tem por finalidade
possibilitar a adopo de medidas que permitam assegurar as condies
naturais necessrias estabilidade ou sobrevivncia de espcies, grupos de
128

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

espcies, comunidades biticas ou aspectos fsicos do ambiente, quando estes


requerem a interveno humana para a sua perpetuao.
Artigo 20
Monumentos Naturais

Monumentos naturais so obras da natureza contendo um ou mais


aspectos que, pela sua singularidade, raridade ou representatividade em
termos ecolgicos, estticos, cientficos, geolgicos e culturais, exigem a sua
conservao e a manuteno da sua integridade.

Artigo 21
Reservas Especiais

1.

As reservas especiais so constitudas de reas restritas em

tamanho nas quais a conservao e o manejo so necessrios para assegurar


a existncia ou reproduo de determinadas espcies residentes ou
migratrias, comunidades de flora ou fauna.

2.

Os

refgios

de

vida

silvestre

podem

ser

especialmente

concebidos para acolher aves, quando se trata de espcies migratrias.

Seco II

Classificao e Desclassificao

Artigo 22
Proposta de Classificao

1. O processo de classificao dos parques naturais inicia-se com a


elaborao e proposta dos seguintes instrumentos:

a) Relatrio preliminar, onde conste o ponto de vista da populao local;


129

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

b) Estudo do impacto socio-econmico;

c) Nota justificativa da necessidade de classificao da rea protegida, que


inclui obrigatoriamente uma avaliao qualitativa e quantitativa do patrimnio
natural existente e as razes que impem a sua conservao e proteco,
assim como a tipologia a ser adoptada;

d) O mapa fsico com os limites precisos da rea, com a escala mnima de


um centmetro por 250 metros (1: 25,000).

2. A proposta a que se refere o nmero anterior pode ser da iniciativa do


CONFFAP, das ONGs vocacionadas para as questes ambientais, bem como,
das comunidades ou particulares.

Artigo 23
Decreto lei de classificao
A classificao da rea protegida feita por meio de Decreto-Lei, no
qual deve constar:

a) O tipo e delimitao geogrfica da rea e seus objectivos especficos;

b) Os actos e actividades condicionadas ou proibidas;

c) O rgo de gesto, sua composio, forma de designao dos


respectivos titulares e regras bsicas de funcionamento;

d) O prazo de elaborao do plano de manejo e respectivo regulamento.

130

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

Artigo 24
Desclassificao

1. Tal como a classificao, a desclassificao de uma rea protegida


obedece a critrios rgidos, sendo imprescindvel apresentar:

a) Os motivos que esto na sua origem;

b) O estudo do impacto ambiental;

c) As medidas compensatrias previstas ao caso de diminuio dos


recursos naturais ou declnio da qualidade de vida das comunidades e da
diversidade biolgica.

2. A desclassificao ser objecto de um Decreto-Lei

Artigo 25
Decreto Lei de classificao de outras reas
1. O Decreto-Lei de Classificao de uma rea que no seja de um Parque
fixar o seu regime jurdico e os seus rgos de gesto.

2. A gesto de uma rea protegida poder ser associada a de uma ou mais


reas j classificadas, ou conferida ao CONFFAP.

131

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

Seco III

rgos de Gesto dos Parques

Artigo 26
rgos

1. Os Parques naturais so dotados de rgos prprios, que funcionam sob


a coordenao do CONFFAP, sendo eles os seguintes:

a) O Director;

b) O Conselho de Gesto;

2. Os parques devem ainda constituir um fundo especial, por forma a


garantir a sua autonomia financeira.

Artigo 27
O Director

1. O Director do parque natural nomeado por despacho do Ministro


responsvel pelo sector da agricultura, sob a proposta do CONFFAP.

2. O Director a que se refere o nmero anterior coadjuvado por um


Conselho de gesto.

Artigo 28
Funes

So atribuies do Director do parque:

a) Preparar e controlar a execuo das deliberaes do Conselho de


Gesto;
132

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

b) Elaborar e propor ao CONFFAP os regulamentos internos do parque,


aps o parecer do Conselho de Gesto;

c) Apresentar um relatrio anual de actividades ao CONFFAP, previamente


aprovado pelo Conselho de Gesto do Parque;

d) Emitir circulares informativas e ordens de servio relativos ao pessoal


administrativo afecto ao parque;

e) Elaborar o Plano de Gesto do Parque;

f) Emitir parecer prvio sobre todas as propostas das autoridades pblicas


para obras situadas fora dos limites do parque susceptveis de provocar efeitos
nocivos ao seu ecossistema.

Artigo 29
Conselho de Gesto

1. O Conselho de Gesto um rgo colegial de carcter consultivo,


composto por tcnicos e pessoas envolvidas nas actividades das reas, como
as das comunidades residentes, ou aquelas que utilizem a rea para o cultivo
ou explorao dos recursos ali existentes.

2. O Conselho de Gesto deve ter uma composio mnima de 5 pessoas,


com os seguintes membros:

a) O Director do Parque que preside;

b) Representantes das Autarquias locais;

c) Representantes das Comunidades residentes;

133

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

d) Representantes da Administrao Central; e


e) Representantes das ONGs legalmente constitudas vocacionadas
para as questes ambientais.

3. O nmero exacto de representantes no Conselho de Gesto


determinado por despacho do Ministro responsvel pelo sector da agricultura.

Artigo 30
Funes

So atribuies do Conselho de Gesto:

a)

Examinar e aprovar por deliberao o plano de gesto, a proposta

de oramento, bem como os critrios de utilizao do fundo especial;

b)

Criar os mecanismos de conservao e explorao durvel da

rea, de modo a que se respeitem as caractersticas bsicas do ecossistema,


pela sustentao dos processos ecolgicos essenciais e da diversidade
gentica da rea.

c)

Proceder ao zoneamento das diferentes reas do parque;

d)

Dar pareceres sempre que para tal for solicitado e emitir opinies,

por forma a coadjuvar o Director no desempenho das suas funes;

e)

Informar o CONFFAP sobre qualquer irregularidade com respeito

administrao do Parque;

f)

Desempenhar outras funes que lhe forem cometidas por lei.

134

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

Artigo 31
Fundo Especial

1. O fundo especial a que alude o n 2 do artigo 26, constitui-se de somas


provenientes das taxas e multas previstas no presente diploma, de recursos
provenientes de outras actividades desenvolvidas no Parque ou Reserva, e
bem assim, de meios provenientes das doaes de possveis patrocinadores.

2. Os montantes devem ser prioritariamente destinados ao financiamento


das aces previstas no plano de manejo.

Seco IV

Instrumentos de Gesto

Artigo 32
Obrigatoriedade

1. Todos os Parques Naturais devem possuir obrigatoriamente um plano de


manejo e respectivo zoneamento, aprovados por Decreto.

2. O plano de manejo indicar pormenorizadamente o zoneamento da rea


total do Parque que poder levar em considerao, entre outras, caractersticas
ecolgicas, socio-econmicas, hidrolgicas, culturais e histricas.

3. O plano de manejo deve ser revisto de cinco em cinco anos.

135

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

Artigo 33
Tramitao

1. O processo de elaborao do Plano de manejo da competncia do


Director do Parque, assistido por representantes da autarquia local e
organismos envolvidos na conservao da natureza.

2. O plano de manejo deve ser submetido ao parecer do Conselho de


Gesto da rea e posteriormente enviado ao CONFFAP para parecer final.

Artigo 34
Actividades Condicionadas

Sem prejuzo do disposto na alnea b) do artigo 23, as actividades que


podem estar sujeitas obteno de licenas e autorizaes, assim como a sua
modalidade, validade, tramitao, prazos, e modalidade de pagamento de
taxas e demais condies no descritas no plano de manejo.

Artigo 35
Plano de Gesto

O plano de gesto vlido por um ano e deve coincidir com o ano


econmico.

136

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

CAPTULO V

Do Cumprimento da Legislao

Seco I

Fiscalizao

Artigo 36
Competncia

1. competncia de fiscalizao das reas protegidas diferencia-se do


seguinte modo:

a) Compete aos rgos de gesto de cada rea exercer o controlo da


aplicao das directrizes provenientes do plano de manejo, do plano de gesto,
e bem assim as directrizes emanadas do CONFFAP sobre a proteco das
espcies constantes do artigo 5 da presente lei, e sobre a execuo da poltica
nacional para as reas protegidas;

b) Compete a Polcia Nacional, ao Corpo de Guardas Florestais, a Guarda


Costeira e ainda aos rgos responsveis pela administrao das reas
protegidas e demais indivduos para tal autorizados, exercer sob a
coordenao do CONFFAP, a fiscalizao sobre as referidas reas, levantando
os respectivos autos de denncia ou notcia sobre as possveis infraces
registadas.

2. Compete igualmente s autoridades aduaneiras, segundo a legislao


em vigor, exercer a fiscalizao na entrada e sada de espcies da fauna e da
flora.

137

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

Seco II
Infraces, Processo e Sanes

Artigo 37
Infraces

Constitui infraco, a prtica de actos e actividades, contrrios s


disposies do presente diploma.

Artigo 38
Processo

1. O processo de aplicao das sanes compreende a actuao, seguida


de notificao do infractor para cumprimento voluntrio, quando a sano
corresponda a multa.

2. Caso no se verifique cumprimento voluntrio da sano, uma cpia do


auto levantado e da certido de notificao enviada s autoridades
competentes, policiais ou judiciais, para efeitos de cobrana coerciva.

3. Quando o agente actuar com dolo, independentemente da sua forma, ou


for apanhado em flagrante delito, quem de direito procede sua deteno, e
envia-o conjuntamente com o auto levantado, aquelas autorizadas.

4. Tem poderes de deteno as entidades constantes na alnea b) do n 1 do


artigo 36.

Artigo 39
Sanes

1. Em funo da gravidade do acto lesivo ou da omisso consciente, no


aplicadas sanes sob a forma de multa, cujos montantes so previamente
fixados por despacho do Ministro responsvel pelo sector da agricultura.
138

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

2. No obstante o previsto no nmero anterior, o montante da multa diferenciase ainda em funo do facto do infractor ser pessoa singular ou colectiva,
ou do facto lesivo tratar-se de tentativa ou ter sido consequncia de uma
aco ou omisso negligente.

Artigo 40
Sanes acessrias

Quando a gravidade da infraco o justifique, pode-se aplicar


acessoriamente as seguintes sanes:

a)

A apreenso dos pertencentes ao agente que tenham sido

utilizados como instrumento na prtica da infraco;

b)

A privao do direito a subsdios outorgados por entidades ou

servios pblicos;

c)

A suspenso ou revogao de licena ou autorizao.

Artigo 41
Responsabilidade Civil

Independentemente da aco penal a que esto sujeitos os agentes


pelas infraces cometidas no mbito do presente diploma, com vista a
reparao de danos causados ao ambiente, pode a administrao intentar
aco civil de indemnizao por perdas e danos, requerendo a reposio c/ou
restaurao da rea afectada, nos casos em que for possvel.

139

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

CAPTULO VI

Disposies Transitrias e Finais

Artigo 42
Entrada em vigor do CONFFAP

1. O CONFFAP s entrada em funcionamento autnomo decorridos, no


mnimo, um ano aps a classificao do primeiro parque.

2. At a entrada em funcionamento do CONFFAP, cabe a Direco de


Florestas do sector da agricultura e pescas a aplicao do presente diploma.

3. tambm responsabilidade da Direco de Florestas criar os


mecanismos institucionais e elaborar os instrumentos jurdicos necessrios ao
funcionamento do CONFFAP.

Artigo 43
Regio Autnoma do Prncipe

O presente diploma aplica-se a todo o territrio nacional, sem prejuzo


da sua adequao regional, mediante Decreto, ou Despacho Legislativo
Regional, em conformidade com o Decreto n 4/94.

Artigo 44
Regulamentao

Salvo disposio contrria, a regulamentao desta lei objecto de


Decreto proposto pelo Ministrio responsvel pela agricultura e pescas.

140

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

Artigo 45
Revogao ou derrogao

Ficam revogadas todas as disposies que contrariem o presente


Diploma, especialmente o Decreto n. 40 040, de 20 de Janeiro de 1955 e os
artigos 5 a 11. da Lei n. 3/91, de 31 de Julho.

Artigo 46
Dvidas e omisses

As dvidas e casos omissos que emergirem da aplicao do presente


diploma sero resolvidos por despacho conjunto dos Ministros responsveis
pelos sectores do ambiente e agricultura.

Artigo 47
Entrada em vigor

A presente lei entra em vigor nos termos legais.


Assembleia Nacional em S. Tom, aos 29 dias de Dezembro de 1998.
O Presidente da Assembleia Nacional, Francisco Fortunato Pires.

Promulgada em 15 de Abril de 1999.

Publique-se.

Presidente

da

Repblica,

MIGUEL

TROVOADA.

141

ANJOS

DA

CUNHA

LISBOA

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

142

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

LEI DE FLORESTAS

143

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

144

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

Lei de Florestas

Lei n 5 / 2001, de 31 de Dezembro, publicado no DR n. 8, 2. Suplemento

Prembulo

Considerando a importncia scio-econmica e ecolgico-ambiental que


as florestas tm para a Republica Democrtica de S. Tom e Prncipe;

Considerando que nos ltimos anos tem crescido a presso social na


explorao indiscriminada das florestas, com impacto bastante negativo em
termos ambientais e econmicos, pela reduo significativa do estoque do
material madeireiro de qualidade;

Considerando a crescente proliferao da utilizao de motosserras


empregadas de modo irracional nos desdobramentos de toros de madeira no
interior das florestas, com perdas residuais avultadas em termos de utilizao
eficiente dos recursos naturais;

Considerando a necessidade de se reorganizar a administrao florestal


do Pas e dot-la de mecanismos de controlo, fiscalizao do processo de
produo, explorao, transporte e consumo de madeira para diversas
finalidades;

Considerando a necessidade de se prevenir a aco devastadora dos


que utilizam de forma irracional os recursos florestais e com objectivo de se
reduzir o exagero verificado no processo de explorao e aproveitamento da
madeira em S. Tom e Prncipe, de conformidade com o que dispe o artigo
11. do Decreto lei n 77/93.

Assim, a Assembleia Nacional decreta, nos termos da alnea b) do artigo


86. da Constituio o seguinte:
145

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

Capitulo I
Das Disposies Gerais

Artigo 1.
mbito

1. As florestas e a demais formas de vegetao existentes no territrio


nacional constituem, no conjunto, bem comum de interesse geral e amplo para
bem-estar scio-econmico e cultural do povo e para a qualidade de vida do
cidado.

2. As reas florestais, bem com os outros tipos de revestimento referidos


neste capitulo, so propriedades do Estado, competindo-lhe administra-las,
observando os princpios de uso racional e sustentado e da conservao da
biodiversidade.

3. Os direitos de propriedade sobre as terras de aptido florestal lato sensu


so exercidos com as limitaes legais e, particularmente, sob os
condicionamentos constantes desta lei.

4. Com a finalidade de manter o equilbrio bio-ecolgico, a sua manuteno


e o seu desenvolvimento para o uso racional do Homem, levar-se- em
considerao a caa, a pesca e a vida silvestre existente no territrio nacional,
referidas no artigo 71. da presente lei.

5. Consideram-se infraco, contraveno ou crime as actividades, aces


e omisses, praticadas na explorao, quando no observadas as disposies
desta Lei.

146

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

Captulo II
Das Caractersticas da Floresta e da Terra

Artigo 2.
Definio

Para efeitos desta Lei entende-se:

a) Por floresta, a cobertura com mata de vegetao arbrea e


predominncia de espcies lenhosas, assim como eventual ocorrncia de
demais formas de vegetao;

b) Por demais formas de vegetao, as que se constituem por


associaes definidas fitosociologicamente, de porte variado, encontradas em
ambiente especfico como manguesais, restingas, savanas, ou emergentes de
florestas abatidas ou esgotadas, como a capoeira, e outras;

c) Por vocao ou aptido florestal, a predisposio natural do terreno


para conter e manter, sustentada e saudvel, qualquer poro de biomassa
vegetal, com objectivo de aproveitar qualidades espontneas encontradas nos
terrenos para manuteno, o plantio ou o replantio, com qualquer finalidade,
segundo o apelo da ecologia ou da economia florestal.

2. A identificao das reas de vocao ou aptido florestal dever ser


tomada em considerao quando da distribuio das reas a serem
privatizadas pelo rgo competente.

147

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

Captulo III
Da Poltica Florestal

Artigo 3.
Conceitos Bsicos

Para efeitos desta Lei considera-se os seguintes conceitos bsicos:

a) Por Preservao Permanente, entende-se a condio qual


submetida uma floresta, caracterizando-se como rea intacta aco do
Homem e inacessvel para quaisquer finalidades de uso, a no ser para fins de
pesquisa, quando devidamente autorizado pela Direco de Florestas;

b) As reas de Preservao Permanente, podem ser classificadas em:


Parques Nacionais, Reservas Naturais e Reservas Especiais;

c) Entende-se por Parques Nacionais, aquelas reas do domnio pblico,


administradas pela Direco de Florestas tendo por objectivo especfico a
propagao, proteco e conservao da fauna silvestre, da vegetao
espontnea, voltada para a conservao e visada a manuteno dos atractivos
estticos, geolgicos, pr-histricos, arqueolgicos, ou sob a forma de
santurios ecolgicos e demais aspectos de interesse cientfico, alm de poder
ser utilizado para fins de recreao e laser pblico, nas quais expressamente
proibido caar, pescar, abater ou capturar espcies silvestres bem como
destruir ou colher plantas, salvo nos casos que tenham por base a pesquisa
cientfica e a mesma seja autorizada e fiscalizada pela Direco de Florestas;

d) Por Reservas Naturais, as reas sujeitas direco e fiscalizao da


Direco de Florestas, nas quais rigorosamente proibido caar, pescar,
exercer qualquer tipo de explorao florestal, agrcola ou de actividades que
envolvam o solo e o subsolo, realizar pesquisas, prospeces, sondagens,
terraplanagens ou trabalhos que levem modificao das condies de solo e

148

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

vegetao, praticar actos que prejudiquem ou perturbem o ecossistema,


introduzir espcies zoolgicas ou botnicas, quer nativas ou exticas, ficando
assim estabelecida a proibio de entrar, transitar, acampar e levar a cabo
pesquisas cientficas sem a devida licena com carcter excepcional da
Direco de Florestas;

e) Por Reservas Especiais, as reas pr-estabelecidas segundo critrios


e normas tcnicas destinadas a proteger exclusivamente determinadas
espcies, tendo-se em conta as condies ecolgicas peculiares nelas
existentes, de acordo com o regulamento;

f) Por Conservao dos Recursos Florestais, o uso racional visando o


rendimento sustentado da biomassa florestal, quer sejam produtos da madeira
ou no;

g) Por Floresta de Proteco Produtiva, aquelas que podem ser tambm


utilizadas comercialmente desde que haja um plano de manejo sustentado
adequado s condies ambientais locais;

h) Por Florestas Produtivas, aquelas rendimento existentes na forma


nativa e as florestas implantadas para fins comerciais, podendo-se considerar
ainda como produtivas as florestas de sombreamento, segundo normas
especficas constantes no regulamento prprio.

Artigo 4.
Organismo Competente

1. Compete Direco de Florestas, submeter ao Conselho de Ministros


atravs do Ministrio competente as directrizes da poltica florestal em
consonncia com as demais polticas sectoriais do pas.

149

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

2. As atribuies da Direco de Florestas, em matria de elaborao da


poltica florestal devem levar em considerao os seguintes aspectos:
a) Fiscalizar e fazer cumprir a poltica florestal atravs da presente Lei;

b) Preparar o regulamento e as instrues normativas exigidas para a


colocao em prtica da poltica florestal atravs da presente Lei;

c) Propor acordos, convnios e projectos a nvel nacional e internacional


que venham reforar a implementao da poltica florestal contemplada na
presente Lei;

d) Elaborar e coordenar o plano nacional de florestas tendo em vista o


que estatui o artigo 4. desta Lei;

e) Elaborar a proposta oramental para atender as necessidades da


aplicao da presente Lei;

f) Coordenar os estudos para estipular a criao da taxa de explorao


florestal prevista nesta Lei, bem como outras que venham a ser criadas;

g) Emitir pareceres sobre assuntos da organizao e do desempenho da


poltica florestal e submet-los ao Ministrio competente;

h) Promover as comemoraes da semana florestal e do dia da rvore


definidas no artigo 69.;

i) Proceder ao controlo contnuo das reas de Preservao Permanente,


bem como das florestas de proteco produtivas e das florestas produtivas.

150

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

Captulo IV
Da Reestruturao e Competncia da Direco de Florestas

Artigo 5.
Reestruturao

Fica assim estruturada a Direco de Florestas com organizao,


denominao e funcionamento estabelecidos em regime prprio, na forma de
legislao vigente.

Artigo 6.
Atribuies

Compete prioritariamente Direco de Florestas:

a) Zelar pelo cumprimento das determinaes da presente Lei e os seus


regulamentos, bem como elaborar planos e programas referentes s florestas e
terrenos de vocao florestal;

b) Praticar o Regime Florestal assegurando o manejo, a explorao e


controlo das florestas por ele afectadas:

c) Criar viveiros florestais, inclusive com rvores frutferas para


repovoamento de espcies florestais e frutferas;

d) Organizar o controlo fitossanitrio das florestas viveiros e plantao


florestais;

e) Prever e dotar de meios para prevenir incndios florestais;

f) Prestar assistncia tcnica para difuso de mtodos silviculturais;

151

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

g) Incentivar o reflorestamento comunitrio, bem como estimular a


criao de organizaes sem fins lucrativos dedicadas proteco da
natureza;

h) Difundir tcnicas e procedimentos de uso de madeiras e outros


produtos florestais que melhor se adaptem s necessidades locais;

i) Conduzir pesquisas com vista restaurao ou conservao do


equilbrio do ecossistema florestal, bem como ao incremento da produo
florestal;

j) Colher e organizar dados estatsticos necessrios ao desenvolvimento


das suas actividades;

k) Elaborar e controlar o Plano Florestal Nacional, bem como


documentos de planificao florestal previstos nesta Lei;

l) Administrar, directamente ou atravs de convnios as reas que lhe


forem acometidas por fora desta Lei;

m) Controlar o corte, serrao, comercializao, industrializao,


importao e exportao de produtos florestais, inclusive sementes e manter o
registo dos estabelecimentos dedicados a essas actividades;

n) Analisar projectos de repovoamento e planos de manejo florestal


emitindo as licenas previstas nesta Lei;

o) Preparar textos de material educativo para distribuio nas escolas e


difuso pelos meios de comunicao de massa;

p) Promover a organizao do sector privado, inclusive o comunitrio,


para o exerccio das actividades florestais;

152

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

q) Administrar a realizao do inventrio florestal;

r) Realizar estudos, pesquisas e fomentos florestal;

s) Organizar o mapa florestal do pas;

t) Desenvolver outras actividades que lhe forem cometidas.

Artigo 7.
Relao com CNMA

A Direco de Florestas tem assento no Conselho Nacional do Ambiente


na qualidade de membro efectivo.

Captulo V
Do Plano Florestal Nacional

Artigo 8.
Plano Florestal

O Sector de Agricultura, atravs da Direco de Florestas, estabelecer


plano florestal para a poltica nacional de assuntos florestais a curto, mdio e
longo prazo.

Artigo 9.
Contedo

1. O Plano florestal dever conter designadamente:

a) Relatrio sobre a situao das reas florestais e as condies de


produo florestal;

153

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

b) Indicao dos objectivos pretendidos para o perodo por ele


abrangidos ressaltando-se:

b.1)- Zonas do territrio sujeitas ao Regime Florestal, definindo os


critrios de seleco de terras, bem como os limites geogrficos espelhados
em mapas anexos ao Plano;

b.2)- Nmero de hectares a plantar ou a reflorestar, com indicao das


espcies a serem utilizadas;

b.3)- Estimativa do volume de produtos florestais a serem obtidos no


perodo;

b.4)- As metas atingveis na produo florestal industrial.

c) Previso, a nvel detalhado, do oramento e estimativa de retorno


observada a anlise de custo/benefcio do empreendimento;

d) Outros elementos teis ao Plano.

2. O plano poder ter a sua execuo avaliada em perodos


quinquenais:

Artigo 10.
Cotas Anuais em Madeira

1. Com base nas disponibilidades de madeiras explorveis, vistoriadas e


pr- seleccionadas nas empresas agrcolas, sob qualquer regime de
propriedade, a Direco de Florestas fixar quotas anuais de abastecimento de
madeiras em toros s serraes e demais sectores de transformao.

2. As serraes e demais unidades de processamento de madeiras


devero apresentar Direco de Florestas os seus planos de produo com
154

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

cifras mnimas e mximas anuais, sem os quais no sero includas no plano


de abastecimento previsto por esta Lei.

3. As serraes e demais processadoras de madeiras devero


apresentar o constante no nmero anterior no primeiro ms do ltimo trimestre
do ano em curso.

4. Em caso de necessidade, o Conselho de Ministros, por solicitao do


Sector da Agricultura, poder permitir modificaes conjunturais no Plano.

Artigo 11.
Sistematizao do Plano

A sistematizao da elaborao do Plano ser definida em acto especfico


proposto pelo Sector da Agricultura.

Captulo VI
Do Fundo de Fomento Florestal

Artigo 12.
Constituio

criado um fundo, designado Fundo de Fomento Florestal (FFF), com


Autonomia Administrativa e Financeira, sendo as suas receitas constitudas de:

a) Dotaes oramentais, inscritas no Oramento Geral do Estado;

b) 80% do produto da taxa de explorao florestal;

c) Arrecadao de multas e taxas oriundas de actividades de vistorias


para licena de abate;

155

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

d) Produtos das actividades florestais geridas e exploradas pela


Direco de Florestas;

e) Resultado da venda de sementes, mudas, madeiras, ltex, frutas,


entre outros;

f) Emprstimos e doaes de organismos de cooperao internacional,


concedidos ao Estado e afectados ao Fundo de Fomento Florestal;

g) Doaes de qualquer procedncia ou provenincia;

h) Receitas de vendas em hasta pblica de produtos florestais


apreendidos;

i) Arrendamento de terrenos florestais ou de vocao florestal;

j) Receitas provenientes da gesto das reas de preservao


permanente.

Artigo 13.
Destino das Receitas

As

receitas

do

Fundo

de

Fomento

Florestal

destinar-se-o,

exclusivamente, ao pagamento de despesas que por Lei no so atendidas


pelo Oramento Geral do Estado, tais como:

a) Preparao e manuteno de viveiros;

b) Produo de sementes;

c) Restaurao da cobertura vegetal de reas submetidas ao Regime


Florestal de produo ou de proteco produtiva;

156

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

d) Tratamentos silviculturais;

e) Pesquisas e experimentao com o cultivo de essncias florestais


adequadas s necessidades de produo, proteco de solos e irrigao;

f) Estabelecimento de programas florestais comunitrios;

g) Celebrao e cumprimento de acordos e convnios;

h) Pagamento de emprstimo previstos na alnea f) do artigo 12.;

i) Actividades da Semana Florestal;

j) Pagamento de subsdios ao Corpo de Guarda-florestal, com a


finalidade de cobrir as despesas de deslocamento e gastos com combustveis;

k) Desenvolvimento de programas florestais comunitrios;

l) Outras actividades.

Artigo 14.
Regulamento do Fundo

A organizao, a gesto e o funcionamento do Fundo de Fomento


Florestal sero objecto de regulamento prprio.

Artigo 15.
Incorporao do Fundo

O oramento anual do Fundo de Fomento Florestal ser incorporado no


oramento da Direco de Florestas e inscrito no Oramento Geral do Estado
com fonte de recursos prprios e aprovados nas mesmas condies.
157

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

Capitulo VII
Do Regime Florestal

Artigo 16.
Noo

Entende-se por Regime Florestal o conjunto de normas e medidas que


visem assegurar o estudo, a conservao e a defesa do revestimento florestal,
a orientao, a assistncia e a fiscalizao da explorao florestal, o fomento
silvcola em terrenos que sejam necessrios revestir de cobertura vegetal e o
equilbrio dos recursos naturais de produo.

Artigo 17.
Aplicao

O Regime Florestal aplicado pela Direco de Florestas, por Despacho


do Ministro tutelar do Sector da Agricultura, de conformidade com as
recomendaes do Plano Florestal Nacional e nos limites das zonas por este
determinadas.

Artigo 18.
Condies de Submisso

1. A submisso de reas ao Regime Florestal a cargo da Direco de


Florestas, dever ser precedida de estudos, incluindo:

a) Localizao geogrfica da rea ou reas limites e estimativa de


Superfcie;

b) Descrio do terreno e sua cobertura vegetal;

c) Finalidade da submisso ao Regime Florestal;

158

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

d) Tipos de ocupao existente e avaliao dos efeitos da submisso ao


Regime Florestal sobre as condies de vida dos ocupantes:

e) Indicao dos servios a executar, justificando-os face ao Plano


Florestal Nacional;

f) Estimativa de custos/benefcios;

g) Durao dos perodos de rotao florestal.

2. A regulamentao desta Lei disciplinar as tcnicas do plano de


manejo nas reas referidas neste captulo.

Captulo VIII
Do Regime de Proteco Florestal

Artigo 19.
Submisso Obrigatria

1. Sero submetidas obrigatoriamente ao Regime Florestal de


Preservao Permanente ou de proteco no produtiva, as florestas e demais
terras de vocao florestal situadas:

a) Ao longo de ambas as margens dos rios e cursos de gua, cuja


largura mnima corresponder, em regra, metade da largura do rio ou curso
de gua, no podendo ser inferior a 5 metros, nem ultrapassar a 100 metros;

b) Ao redor de lagos, lagoas, ou quaisquer reservatrios naturais ou


artificiais em faixa cuja largura ser definida, para cada situao, pela Direco
de Florestas, no podendo ser inferior a 5 metros;

159

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

c) Nas nascentes de gua, atravs de levantamento da localizao fsica


com a delimitao da extenso mnima de cobertura florestal, necessria a ser
preservada, devendo ser objecto de regulamentao desta Lei;

d) Nos topos de morros, montes, montanhas e demais reas em


altitudes elevadas;

e) Nas encostas ou partes destas com inclinao superior 45,


equivalente a 100% na linha de maior declive, devendo-se nos casos de
inclinao inferior onde se desenvolve a agricultura, serem levadas em conta
as tcnicas de conservao do solo, com a finalidade de conter a eroso;

f) Nas restingas fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues.

2. As rvores, arbustos e plantas ornamentais plantadas em vias e


logradouros pblicos urbanos, ficam submetidas ao Regime Florestal de
preservao permanente.

3. As cmaras distritais devero dispor de um sector tcnico de parques


e jardins, com a finalidade de atender ao disposto no nmero anterior.

Artigo 20.
Objectivos

A preservao florestal tem especificamente por objectivos:

a) Assegurar a manuteno de bitipos aos quais est ligada a


sobrevivncia de espcies animais e vegetais;

b) Manter as condies necessrias de bitipos primitivos no alterados;

c) Manter povoamentos representativos das espcies predominantes


diversos ambientes da floresta nativa;
160

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

d) Evitar a destruio de macios florestais considerados de interesse


social ou cientfico.

Artigo 21.
Sector Competente

O Sector da Agricultura submeter ao Regime Florestal Nacional de


Preservao Permanente, quando previsto no Plano Florestal Nacional, as
florestas e demais reas de vocao florestal destinadas a:

a) Atenuar os efeitos da eroso;

b) Fixar dunas;

c) Formar e manter faixas de proteco ao longo das estradas;

d) Auxiliar a defesa do territrio, mediante critrios indicados pelas


autoridades militares competentes;

e) Proteger stios de excepcional beleza cnica e/ou raridade ou de valor


histrico ou cientfico;

f) Abrigar exemplares da fauna ou da flora;

g) Assegurar condies de bem-estar pblico.

Artigo 22.
Requisitos de Supresso

A supresso, mesmo que de forma parcial, de florestas e demais formas


de vegetao submetidas ao Regime Florestal de Preservao Permanente, s
ser admitida, aps aprovao da Direco de Florestas, quando necessria
161

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

para a realizao de obras ou projectos de interesse social do Estado, caso em


que ser obrigatria a reposio florestal em igual rea, se possvel nas
proximidades, com espcies nativas e exticas com a finalidade de manter o
equilbrio do ecossistema existente.

Artigo 23.
Submisso Prioritria

Sero submetidas prioritariamente ao Regime Florestal de Proteco


Produtiva as florestas e demais reas de vocao florestal, cuja explorao
exija tcnicas e cuidados especiais para evitar danos a floresta, ao solo, ao
meio ambiente, ou s culturas que necessitem de sombreamento.

Artigo 24.
Condies de Explorao

1. A explorao de florestas e demais reas de vocao florestal


submetidas ao Regime Florestal de proteco parcial ou de proteco
produtiva, s poder ser autorizada mediante prvia apresentao e aprovao
de projecto de recuperao integral da rea a ser explorada, e o respectivo
recolhimento da taxa correspondente, no podendo esta rea ser convertida
em actividades alheias utilizao florestal.

2. Cada propriedade rural obrigada a deixar como reserva obrigatria,


com a finalidade de preservar o ecossistema, um percentual de 10% do total
da sua rea, sem prejuzo do constante no artigo 19., alnea a) a f) e artigo
20. desta Lei.

162

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

Captulo IX
Do Regime de Produo Florestal

Artigo 25.
Objectivo

O Regime Florestal de Produo destina-se a assegurar a conciliao


das tcnicas de fomento, da explorao florestal, e do reflorestamento,
inclusive com rvores frutferas, com os preceitos de conservao dos factores
naturais de produo.

Artigo 26.
Proibio de Explorao

1. vedada a explorao corte raso ou derrube total, das florestas e


dos demais terrenos de vocao florestal, submetidos ao Regime de Produo
Florestal.

2. Excluem-se dessa proibio, os casos em que a ocorrncia de


incndios ou pragas torne tecnicamente aconselhvel a erradicao da
cobertura vegetal, se assim o julgar a Direco de Florestas, ouvida a
Comisso Nacional de Meio Ambiente.

3. As florestas plantadas para produo, mediante critrios fixados pela


Direco de Florestas, podem ser passveis de explorao sob corte raso.

Artigo 27.
Explorao Condicionada

1. A explorao da floresta ser exercida mediante plano de manejo e


licena da Direco de Florestas, nas condies por esta estabelecidas e

163

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

aps o pagamento da taxa correspondente, de acordo com esta Lei e a sua


regulamentao.

2. Sero responsveis pelo pagamento das vistorias e das licenas de


corte as pessoas fsicas e jurdicas que a solicitem;

3. Os usurios, pessoas fsicas e jurdicas, que utilizam a madeira como


matria prima para quaisquer finalidades, sero responsveis pelo pagamento
de uma taxa florestal expressa em funo da quantidade em volume de
madeira transformada nos seus diversos subprodutos, ficando os recursos
provenientes da arrecadao desta taxa integrados no Fundo de Fomento
Florestal, definido na presente Lei.

4. Como incentivo reflorestao, os proprietrios particulares de


florestas que apresentarem um plano de manejo, de acordo com os requisitos
legais fixados, podero em caso de cumprimento comprovado da sua
execuo, ser beneficiados com a reduo ou iseno do pagamento das
respectivas taxas.

Artigo 28.
Fixao das Taxas

As taxas de explorao florestal sero determinadas pela Direco de


Florestas, de acordo com esta Lei e a sua regulamentao.

Artigo 29.
Produo de Carvo Vegetal

1. As actividades de produo de carvo vegetal devero ser registadas


na Direco de Florestas, a qual proceder vistoria e concesso da licena
especfica para tal finalidade, objectivando a maior utilizao do carvo vegetal
em substituio da lenha destinada ao consumo domstico.

164

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

2. Com a finalidade de controlar a oferta, a procura, a organizao e o


mercado de carvo vegetal pelos diversos sectores consumidores, os
produtores de carvo vegetal devero fornecer a relao rvore/m3 de carvo
vegetal produzido bem como o nmero de toros utilizados.

Artigo 30.
Aproveitamento do Material Lenhoso

1. obrigatrio o aproveitamento racional do material lenhoso


proveniente do corte de rvores, sendo vedado queim-lo ou abandon-lo no
local da explorao, salvo autorizao especial da Direco de Florestas.

2. Fica terminantemente proibido o uso de motosserras para o


desdobramento de torras nos locais de abate de rvores, sendo permitido
apenas que esses desdobramentos ocorram nas serraes.

3. O no cumprimento do n.1 deste artigo, faz incorrer os infractores em


penalidades e multas a serem definidas na regulamentao desta Lei.

Artigo 31.
Transporte de Madeira

1. O transporte de material madeireiro s poder ocorrer de Segunda


Sexta-feira nos horrios das 7:00 s 18:00 horas e aos Sbados, das 7:00 s
14:00 horas.

2. O no cumprimento do disposto neste artigo implicar a apreenso do


veculo e do material transportado e a consequente multa.

165

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

Artigo 32.
Proibio de Obstruo

proibido obstruir com toros, ou outro material lenhoso, estradas,


caminhos, nascentes e quaisquer cursos de gua, lagos, lagoas e reservatrios
naturais ou artificiais.

Artigo 33.
Plantio Obrigatrio

1. As pessoas fsicas ou jurdicas, que explorem as florestas, so


obrigadas a realizar, directamente ou atravs de terceiros, ou ainda, a contratar
com a Direco de Florestas, o plantio de essncias florestais nas propores
e condies que vierem a ser determinadas pela regulamentao desta Lei.

2. A obrigao contida neste artigo poder ser estendida aos


consumidores de matria-prima florestal que realizem tambm a explorao de
florestas.

3. As empresas agrcolas devero implantar, bem como fazer a


manuteno contnua de viveiros florestais, em reas com a capacidade
mnima de produo anual de 500 mudas de essncias florestais, alm das que
possam existir de espcies frutferas.

Artigo 34.
Registo de Motosserras

Todos os possuidores ou adquirentes de motosserras, equipamentos e


acessrios de explorao florestal, pessoas fsicas e/ou empresas, devero
requerer o respectivo registo na Direco de Florestas.

166

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

Artigo 35.
Prvia Autorizao para Aquisio de Motosserras
1. Todas as pessoas fsicas e/ou empresas que pretendem adquirir
motosserras, equipamentos e acessrios de explorao florestal, devero
solicitar prvia autorizao Direco de Florestas, que aps a efectiva
aquisio dever ser providenciado o respectivo registo na referida Direco.

2. O registo na Direco de Florestas, dever ocorrer no prazo mximo


de 30 dias aps a aquisio e os que j a possurem tero o prazo de 15 dias
para faz-lo.

3. A no observncia deste artigo implicar em multa e apreenso dos


equipamentos.

Artigo 36.
Dimetro Exigido para Abate

1. Fica expressamente proibido, o abate de rvores de qualquer espcie


com dimetro altura do peito abaixo de 70 cm, com casca.

2. Podero, entretanto, em casos especiais, quando devidamente


justificados e analisados, serem plausveis de obteno de autorizao da
Direco de Florestas.

Artigo 37.
Critrios de Autorizao

Para as rvores com dimenses diamtricas acima de 90 cm, com


casca, altura do peito, as solicitaes do corte devem ser automaticamente
concedidas pela Direco de Florestas, observando o artigo 19..

167

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

Artigo 38.
Concesso de Terras

1. A concesso de terras com a finalidade de desenvolver a actividade


agro-silvo-pastoril dever atender aos preceitos de valorizao das florestas e
do revestimento vegetal no mbito social e econmico, bem como atender ao
disposto no pargrafo nico do artigo 24. desta Lei.

3. Dever-se- observar o abate mnimo de rvores que se fizerem necessrias


para a utilizao da terra a qualquer ttulo.

Captulo X
Da Submisso ao Regime Florestal

Artigo 39.
Durao

A submisso ao Regime Florestal vigorar pelo perodo necessrio


consecuo dos objectivos que determinaram a sua aplicao, salvo se razes
de ordem tcnica ou estratgica aconselharem sua excluso ou substituio.

Artigo 40.
Substituio ou Excluso

A substituio de um tipo de Regime Florestal por outro, ou a sua


excluso, s ser considerada, mediante solicitao fundamentada da Direco
de Florestas e desde que prevista no Plano Florestal.

168

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

Artigo 41.
Corte em Terrenos Excludos

O corte de rvores e o desmate de terrenos excludos do Regime


Florestal obriga ao aproveitamento da madeira e do material lenhoso, com
rigorosa observncia do disposto nos artigos 30. e 32..

Artigo 42.
Terrenos Particulares

1. A submisso de terras particulares ao Regime Florestal de


preservao permanente ou de proteco no produtiva deve ser precedida de
transferncia dos direitos de propriedade ao Estado, atravs da expropriao,
doao, troca, venda ou consentimento escrito do proprietrio.

2. Haver sempre que necessrio, um contrato de implantao,


manuteno, gesto e explorao florestal entre pessoas fsicas e/ou jurdicas,
que tenham interesse em destinar parte das suas reas para o reflorestamento
e florestamento, com a intervenincia da Direco de Florestas.

Captulo XI
Da Gesto de Terras Submetidas ao Regime Florestal

Artigo 43.
Princpio Geral

A submisso em geral de coberturas florestais ao Regime Florestal de


Proteco Produtiva ou de proteco parcial de terras do Estado, poder,
segundo instrues normativas, atravs de um plano de manejo adequado ser
gerida pela prpria Direco de Florestas ou por outros organismos do
Governo, pelo sector privado ou ainda por entidades comunitrias devidamente

169

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

reconhecidas, mediante contratos a propsito a serem firmados entre estes


ltimos e aquela Direco.

Artigo 44.
Regime Particular

1. O proprietrio ou usurio de terra submetida ao Regime Florestal de


Proteco Produtiva, fica responsvel pela observncia das normas legais e
tcnicas pertinentes, contidas nesta Lei.
2. Se o proprietrio ou usurio assim o requerer, e houver interesse da
Direco de Florestas, esta poder mediante contrato assumir a gesto da
rea.

3. Caso a gesto fique a cargo da Direco de Florestas, o proprietrio


ter direito a participar nos lucros da explorao, em proporo e condies
estipuladas no contrato correspondente.

4. A gesto particular conduzida em desacordo com as determinaes


da Direco de Florestas implicar a perda da mesma a favor daquela
Direco. Neste caso, a retribuio a ser paga ao proprietrio ou usurio ser
reduzida em funo das despesas realizadas.

Artigo 45.
Exerccio de Agricultura ou Pastoreio

Se o proprietrio ou o usurio de uma determinada rea submetida ao


Regime Florestal, desejar praticar agricultura ou pastoreio de subsistncia e as
caractersticas do terreno no comportarem essas actividades, ser-lhe-
oferecida outra rea em troca ou na impossibilidade, ser o terreno expropriado
de acordo com a Lei.

170

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

Captulo XII
Da Fiscalizao Florestal

Artigo 46.
Noo

1. Entende-se como fiscalizao florestal o conjunto de medidas que


visem disciplinar a explorao e a utilizao das florestas e dos produtos
florestais prevenir e reprimir os actos violadores desta finalidade, nos termos
desta Lei e sua regulamentao.
2. Nenhum impedimento ser oposto fiscalizao florestal, devendo
todas as autoridades, quando solicitadas, prestar o auxlio necessrio
eficincia do seu exerccio.
Artigo 47.
Competncia de Fiscalizao

O exerccio da fiscalizao compete Direco de Florestas, que


poder exerc-lo directamente ou atravs de convnios com outros rgos
oficiais.
Artigo 48.
Criao do Corpo de Guarda Florestal

1. Fica o Governo autorizado a providenciar pela criao do corpo de


Guarda, Florestal subordinado Direco de Florestas com organizao e
treinamento objecto de regulamentao especfica.

2. A escolaridade mnima exigida para o preenchimento do cargo de


guarda-florestal, bem como a faixa etria necessria sero objecto de
regulamentao.

171

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

3. O corpo de guarda-florestal dever receber, alm de treinamento


especfico os equipamentos necessrios para o desempenho das suas
funes.

4. Os guardas Florestais devero, no exerccio das suas funes, estar


devidamente uniformizados, bem como apresentar o carto de identificao
que comprove a sua actividade profissional.

5. Ao guarda florestal que for apanhado, no exerccio das suas funes,


em flagrante delito, ou quando houver denncia de que o mesmo esteja
infringindo a presente Lei, recebendo quaisquer benefcios econmicos ou
materiais, ser aberto um processo administrativo, no qual apurada a sua
culpabilidade, ser demitido dos quadros da Direco de Florestas.

Artigo 49.
Competncia de Guarda Florestal

Ao corpo de guarda-florestal compete:

a) Orientar a populao relativamente ao cumprimento das disposies


da presente Lei e seus regulamentos;

b) Lavrar autos de transgresso e formar processo administrativo


correspondente;

c) Apreender os instrumentos e produtos de transgresso;

d) Determinar a paralisao das actividades conduzidas em desacordo


com esta Lei e sua regulamentao;

e) Vistoriar e fiscalizar reas de corte ou abate de rvores;

172

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

f) Vistoriar e fiscalizar reas submetidas ao Regime Florestal, constantes


do Plano Florestal Nacional;

g) Fiscalizar o transporte de produtos florestais;

h) Vistoriar e fiscalizar estabelecimentos dedicados serrao ou


transformao madeiras e ao fabrico de carvo vegetal e demais subprodutos
florestais;

i) Fiscalizar a comercializao de produtos florestais, inclusive sementes


e mudas:
j) Vistoriar e fiscalizar a execuo do repovoamento destinado ao
cumprimento do disposto no artigo 33.;

k) Proceder s investigaes e diligncias que se tornarem necessrias


para o apuramento das transgresses;

l) Proibir a caa e a pesca aqutica das espcies endmicas com a


finalidade de se evitar o processo de extino gradual das referidas espcies,
assim como a sua comercializao;

m) Proibir a caa e a pesca aqutica das demais espcies, observando


o perodo da reproduo destas;

Artigo 50.
Dever de Informao

1. Os comerciantes dos produtos florestais, dediquem-se ou no


explorao florestal, s indstrias de serrao, e os industriais de serrao e
manufactura de madeiras, bem como os fabricantes de carvo vegetal so
obrigados a se registar na Direco de Florestas.

173

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

2. O controlo de extraco, transporte e comercializao de produtos


florestais ser feito de acordo com a presente Lei;

3. Torna-se obrigatrio, por parte das entidades referidas no corpo deste


artigo, envio mensal Direco de Florestas do relatrio estatstico contendo
quantidades expressas em metro cbico, preo por metro cbico e espcies
utilizadas;

4. O no cumprimento do pargrafo anterior implica o pagamento de


multa a ser definida na regulamentao da presente Lei.

Captulo XIII
Das Transgresses e Penalidades

Artigo 51.
Noo

considerada transgresso, toda a aco ou omisso, que importe


inobservncia

de

qualquer

dispositivo

da

presente

Lei

ou

da

sua

regulamentao.

Artigo 52.
Tipos de Infraces

Para efeitos de graduao das penas, as infraces so classificadas


em:

1. Graves:

a) Incndio doloso;

b) Corte, destruio intencional de rvores ou retirada de vegetao em


reas submetidas ao regime florestal de Preservao Permanente;
174

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

c) Destruio intencional de viveiros de produo de mudas;

d) Destruio intencional de repovoamentos florestais;

e) Uso ilegal de motosserras, equipamentos e acessrios de explorao


florestal;

f) Corte de rvores ou retirada da vegetao submetidas ao regime


florestal de proteco parcial ou de proteco produtiva, sem autorizao da
Direco de Florestas, ou em desacordo com a autorizao concedida.
2. Menos Graves:

a) Incndio culposo;

b) Dano intencional nas rvores ou vegetao em reas submetidas ao


regime de preservao permanente ou de proteco no produtiva;

c) Obstruo ou poluio de cursos de gua, nascentes e olhos de gua,


com toros, material lenhoso;

d) Abandono de toros ou material lenhoso no local do corte ou abate;

e) No execuo ou execuo incompleta de repovoamentos qual se


esteja obrigado;

f) Abandono de repovoamentos ou no execuo dos tratamentos


silviculturais necessrios;

g) Aquisio culposa de toros, material lenhoso ou qualquer vegetao


proveniente de corte sem autorizao da Direco de Florestas.

175

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

3. Leves:

a) Falta de registos de motosserras, equipamentos e acessrios


necessrios ao sistema de explorao florestal, exigidos nesta Lei e na sua
regulamentao;

b) Outras que vierem a ser definidas em regulamentao desta Lei;

Artigo 53.
Sanes complementares

Independentemente de aplicao de qualquer pena, os infractores so


obrigados:

a) Se incursos no nmero 1 do artigo anterior, a colaborar na


recomposio da floresta, vegetao, plantio ou viveiro;

b) Se incursos nas alneas c), d) e e) do nmero 2 do artigo anterior, a


remover no prazo de 30 dias, os toros ou material lenhoso e a dar-lhes o
devido aproveitamento;

c) Se incursos na alnea f) do nmero 2 do artigo anterior, a promover no


prazo de trs meses a regularizao da situao.

Artigo 54.
Guias de Transporte

1. Todas as empresas e pessoas fsicas bem como as transportadoras


de toros, devero obter junto da Direco de Florestas uma guia de transporte
onde dever constar a origem, o destino, a espcie e o volume transportados,
sem a qual a mercadoria poder ser autuada, apreendida e expedida a multa
regulamentada pela presente Lei.

176

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

2. Se o infractor demonstrar negligncia no cumprimento das obrigaes


deste artigo e o dano for totalmente reparado poder-se- dispens-lo das
demais penas do artigo seguinte.

Artigo 55.
Outras Penas

1. As transgresses sero punidas com as seguintes penas isoladas ou


cumulativamente:

a) Multa;

b) Apreenso dos produtos objectos da infraco e instrumentos nela


utilizados;

c) Cessao de direitos;

2. Estas penas sero aplicadas sem prejuzo das previstas noutras Leis
ou regulamentos.

Artigo 56.
Critrio de Fixao de Multas

As multas sero estipuladas com base em impacto das avaliaes


econmicas e sociais negativas causadas ao meio ambiente.

Artigo 57.
Graduao das multas

A aplicao das multas ser graduada segundo a gravidade e extenso


das infraces, nos limites a seguir estipulados:

177

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

1. Para as transgresses previstas no nmero 1 do artigo 52.:

a) O infractor dever fazer a recomposio da rea ou pagar multa


equivalente avaliao realizada pela Direco de Florestas, no caso de
incndio doloso pelo infractor que no proprietrio da terra;
b) O infractor dever pagar multa Direco de Florestas no valor
correspondente aos danos causados;

c) O infractor sujeita-se a priso incaucionvel;

d) Ao infractor, ser aplicado multa na proporo do dano causado ou


priso;

e) Apreenso dos equipamentos e multa equivalente entre duas e cinco


vezes do valor dos referidos equipamentos apreendidos, conforme o caso;

f) Ser aplicada multa equivalente a 10 vezes do valor da madeira


retirada.

2. Para as transgresses previstas no nmero 2 do Artigo 52.:

a) Multa no valor equivalente dez dias de salrio mnimo em vigor;

b) Multa no valor de at 100.000,00 Dobras;

c) Multa no valor de 100.000,00 at 200.000,00 Dobras;

d) Ao infractor fixado um prazo de cinco dias para retirar o material


abandonado, findo o qual lhe ser aplicada a multa, no valor at 100.000.00
Dobras;

178

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

e) Ao infractor fixado um prazo de trs meses, findo o qual lhe ser


aplicada a multa no valor equivalente a 50.000,00 Dobras por hectar;

f) Ao infractor fixado um prazo de um ms, findo o qual lhe ser


aplicada a multa no valor equivalente a 60.000,00 Dobras por hectar;

g) Multa equivalente ao valor da madeira apreendida.

3. Para as transgresses previstas no nmero 3 do artigo 52., fixada a


multa no valor mnimo de cem mil (100.000,00 Dobras) e apreenso dos
equipamentos, que aps o devido registo e pagamento da multa sero
devolvidos.

4. Para as transgresses que vierem a ser definidas no regulamento,


no ser estipulado valor de multa inferior a 100.000,00 Dobras.

Artigo 58.
Destino dos Bens Apreendidos

1. Os produtos e equipamentos da infraco sero apreendidos pelos


guardas florestais, mediante auto de apreenso, com a descrio sumria dos
factos e remetido Direco de Florestas.

2. Se o infractor for primrio, obter a devoluo dos materiais


apreendidos aps o pagamento das multas, salvo se incurso em transgresses
graves, situao em que os produtos e equipamentos sero utilizados pela
Direco de Florestas ou leiloados e a importncia obtida ser incorporada no
Fundo de Fomento Florestal.

3. Se de todo for impossvel apreender os materiais de infraco, o seu


valor ser estimado sobre o qual ser calculado o valor da multa a ser paga
pelo infractor.
179

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

Artigo 59.
Reincidentes

1. Considera-se reincidente, aquele que houver sido penalizado nos 12


meses imediatamente anteriores, por transgresso idntica (reincidncia
especfica) ou por qualquer outra definida no artigo 51. (reincidncia genrica).

2. A cessao de direitos ser aplicada aos reincidentes, em casos de


inobservncia de determinaes da Direco de Florestas, referentes
explorao de reas submetidas ao Regime Florestal de Produo.

Artigo 60.
Responsabilidade Solidria

1. Respondero solidariamente pela infraco:

a) O mandante;

b) O beneficirio da infraco;

c) Quem concorrer para a sua prtica ou a facilite.

Artigo 61.
Procedimentos

1. A aplicao de qualquer pena decorrer de processo administrativo


iniciado por auto de transgresso lavrado por guarda-florestal, conforme dispe
a alnea b) do artigo 49. .

2. Se o infractor no pagar a multa no mbito administrativo, o processo


ser remetido ao foro judicial.

180

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

Artigo 62.
Circunstncias Agravantes

So consideradas circunstncias agravantes que concorrem para o


aumento do valor das multas em dobro:

a) Cometer a infraco durante a noite;

b) Usar de violncia ou ameaa;

c) Desacatar ou resistir fiscalizao;

d) Reincidir genrica ou especificamente;

e) Recusar a cumprir as determinaes da Direco de Florestas, feitas


por fora do que dispe o artigo 53..

Artigo 63.
Circunstncias Atenuantes

So circunstncias atenuantes aquelas cuja ocorrncia permite a


reduo das multas at dois teros do seu valor:

a) Se o infractor for considerado primrio e o dano for mnimo;

b) Se o infractor for de menor idade.

Artigo 64.
Causas de Excluso

So causas de excluso da aplicao da pena:

181

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

a) Estado de necessidade quando devidamente comprovado;

b) Caso fortuito e de fora maior;

c) Estrito cumprimento do dever;

d) Ser o infractor absolutamente incapaz.


Captulo XIV
Das Disposies Finais e Transitrias

Artigo 65.
Taxa de Explorao Florestal

A taxa de explorao florestal ser determinada pelo Ministrio Tutelar


do Sector da Agricultura sob proposta da Direco de Florestas, segundo o que
estipula esta Lei.

Artigo 66.
Destino dos Valores Cobrados

Os valores apurados em funo do disposto nesta Lei, sero


depositados na conta do Fundo de Fomento Florestal, na forma que vier a ser
estabelecida pelo seu regulamento.

Artigo 67.
Celebrao de Convnios

A execuo desta Lei poder, no todo ou em parte, ser feita por


convnios firmados entre o Sector de Agricultura atravs da Direco de
Florestas com outras entidades pblicas, nomeadamente a Direco de
Indstria e Energia, a Direco de Recursos Naturais, a Direco do
Ordenamento Territorial e Ambiente e o Conselho Nacional de Ambiente.

182

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

Artigo 68.
Regime provisrio

Enquanto a presente Lei no for regulamentada quanto aplicao do


Regime Florestal, vigorar em todo o pas, salvo nas reas j autorizadas para
culturas, o Regime florestal de proteco parcial ou de proteco produtiva,
excepto nos casos daquelas reas j definidas como de proteco integral ou
de proteco no produtiva ou de preservao permanente, que na presente
Lei so definidas como sinnimos umas das outras.

Artigo 69.
Dia Nacional da rvore

1. Fica instituda a Semana Florestal para o ms de Outubro, e nesta


semana fica criado o Dia Nacional da rvore, sendo a rvore Amoreira (Melcia
excelsa) a espcie smbolo nacional.

2. Nessa semana dever haver ampla difuso de textos de educao e


programaes

florestais

junto

das

organizaes

da

sociedade

civil,

especialmente o sistema escolar, devendo Direco de Florestas promover o


plantio de rvores em cada escola do Pas no Dia Nacional da rvore.

Artigo 70.
Critrio na Distribuio de Terras

Na distribuio de terras dever-se- ter em considerao o zoneamento


econmico-ecolgico a ser definido pela presente Lei.

183

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

Artigo 71.
Estudos de Localizao de Serraes

A fim de se evitar a poluio ambiental e sonora, bem como


proporcionar melhores condies para os ptios de armazenamento de toros e
madeiras

beneficiadas,

dever-se-

proceder

ao

estudo

anlise,

conjuntamente pela Direco de Florestas, pelo Conselho Nacional de


Ambiente e pelas serraes, com a finalidade de melhor localizar fisicamente
esta actividade, levando-se em conta o factor distncia (matria-prima e
mercado consumidor).

Artigo 72.
Fauna, Caa, Pesca

Enquanto no existir legislao especfica com relao a fauna silvestre, a


caa e a pesca aqutica, a Direco de Florestas conjuntamente com outros
rgos afins, criaro instrues normativas, objectivando a preservao, a
conservao, o controlo e a fiscalizao da caa, pesca e demais
actividades faunsticas e aquticas.

Artigo 73.
Pastoreio

As actividades de pastoreio sero controladas conjuntamente pela


Direco de Florestas e pela Direco da Pecuria, na forma que vier a ser
estabelecida pelo regulamento prprio.

Artigo 74.
Actualizao

O Ministro responsvel pelo sector de Florestas proceder por despacho


actualizao anual das multas e outros valores fixados neste diploma,
tomando em considerao a taxa de inflao do ano em referncia.
184

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

Artigo 75.
Revogao

Consideram-se revogadas todas as disposies legais que contrariem a


presente Lei.

Artigo 76.
Vigncia

A presente Lei entra em vigor nos termos legais.

Assembleia Nacional, em So Tom, ao 04 de Setembro de 2001. - O


Presidente da Assembleia Nacional Interino, Dionsio Tom Dias.

Promulgado em 12/9/2001.

Publique-se.

O Presidente da Repblica, Fradique Bandeira Melo de Menezes.

185

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

186

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

LEI DO
PARQUE NATURAL OB DE SO TOM

187

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

188

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

LEI DO PARQUE NATURAL OB DE SO TOM

LEI N. 6 / 2006, de 2 de Agosto, DR. n. 29

Consciente de que a proteco do meio ambiente em So Tom e


Prncipe um factor indispensvel ao desenvolvimento harmonioso e integrado
do pas;

Considerando que as reas florestais da Ilha de So Tom, em torno do


Pico de So Tom, so amplamente representativas da flora e de fauna
caractersticas do ecossistema florestal tropical, onde se abriga uma srie de
espcies endmicas, raras e ameaadas, tanto a nvel nacional como
internacional;

Atendendo que as populaes originrias da regio tm promovido, ao


longo dos sculos, a explorao racional dos recursos naturais disponveis,
razo por que no se fazem ainda sentir impactos negativos de grande
amplitude e que a crescente presso demogrfica resultante da explorao
madeireira, as transformaes scio-econmicas em curso no Pas e as
mudanas climticas vm afectando gradual e negativamente a floresta de So
Tom e sua elevada diversidade biolgica;

Para salvaguardar o carcter excepcional da interaco das populaes


com

meio,

conservao

dos

ecossistemas

representados,

desenvolvimento econmico e o progresso social, justifica-se integralmente a


criao do Parque Natural Ob de So Tom;

Nestes termos, em conformidade com o disposto na Lei da Conservao


da Fauna, Flora e reas Protegidas,

A Assembleia Nacional decreta, nos termos da alnea b) do artigo 97 da


Constituio, o seguinte:
189

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

CAPTULO I
Disposies Gerais

Artigo I
Criao do Parque e Estatuto Legal

1. criado o Parque Natural Ob de So Tom, abreviadamente


designado Parque de So Tom ou Parque.

2. O Parque de So Tom rege-se pelas disposies da presente Lei e


subsidiariamente pela Lei de Conservao da Fauna, Flora e reas Protegidas,
Lei Orgnica do Ministrio encarregue, regulamentos e normas do Conselho de
Conservao da Fauna e das reas Protegidas e demais legislao aplicvel
em razo da matria.

Artigo 2
Objectivos

A criao do Parque tem os seguintes objectivos:

a) A preservao, conservao e defesa dos ecossistemas florestais de


So Tom;

b) A salvaguarda das espcies animais, vegetais e dos habitats


ameaados;

c) A conservao e recuperao dos habitats da fauna migratria;

d) A promoo do uso ordenado do territrio e dos seus recursos naturais,


de forma a garantir a continuidade dos processos evolutivos;

190

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

e) A promoo de estudos sobre as dinmicas da floresta na perspectiva


da utilizao durvel dos recursos;

f) A elaborao de estudos para a avaliao do impacto da actividade


humana dos agentes econmicos nacionais e estrangeiros sobre a
floresta e os ecossistemas envolventes;

g) O estabelecimento de um sistema de monitorizao das actividades de


explorao da floresta;

h) A defesa e promoo das actividades e forma de vida tradicionais das


populaes residentes, no lesivas do patrimnio ecolgico;

i) A promoo do desenvolvimento econmico e do bem-estar das


comunidades residentes, de forma que no prejudique os valores
naturais e culturais da rea.

Artigo 3
Limites e Zonas de Proteco
1. Os limites da rea do Parque de So Tom, assim como as suas Zonas
de proteco, so constantes do mapa anexo ao presente diploma.

2. Os mapas originais, a escala de 1:25.000, assim como qualquer


documentao - relevante ao processo de criao do Parque, ficam arquivados
junto ao Conselho de Conservao da Fauna, Flora e das reas Protegidas.

191

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

Artigo 4
Limites do Parque

Os limites da rea do Parque, constantes do Anexo I do presente


diploma, so os seguintes:

a) Limites Oeste;

Ponto Descrio

1 W Toda a costa depois do rio Mussacav at a gua Santa Isabel;

2 W O curso da gua Santa Isabel at quota 610 m;

3 W Da quota 610 m, linha de cimo, passando pela quota 570 m e 730 m;

4 W Da quota 730 m, unindo a nascente de gua Zagaia, e seguir no seu


curso at a confluncia com o rio Lemb;

5 W Do rio Lemb at ao primeiro afluente a esquerda (perto de Santa Irene);

6 W Do afluente do rio Lemb at ao Pico Irene (quota 746 m);

7 W Do Pico Irene, nascente do curso de gua a oeste, at confluncia com


o rio Lemb Pequeno;

8 W Do rio Lemb Pequeno at ao Morro Lemb (quota 1073 m);

9 W

Do Morro Lemb, nascente do curso de gua oeste at ao Rio

Contador;

10 W Do rio Contador at interseco com o caminho para Dona Amlia;

192

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

11 W Do caminho de Dona Amlia at antiga dependncia Paga Fogo;


12 W Do caminho de Paga Fogo at interseco com a antiga linha do
caminho-de-ferro;

13 W Da antiga linha do caminho-de-ferro at interseco com a antiga linha


de caminho-de-ferro da antiga dependncia Morro das Quintas;

14 W Interseco do caminho-de-ferro, caminho para Santo Jos, at antiga


dependncia Arribana;

b) Limites Norte;

Ponto Descrio

1 N Da antiga dependncia Arribana, at quota 695 m ao longo do caminho;

2 N Da quota 695 m, direco Nordeste, at ao rio Maria Luisa (limite fonte de


gua Anobom, passando pela quota 641 m);

3 N Na interseco com o rio Maria Lusa, descer o curso desse rio at o seu
primeiro afluente direita;

4 N Tornar a subir este afluente at ao afluente seguinte direita e seguir o


mesmo at antiga dependncia de Monte Castro;

5 N Tornar a subir a linha de cimo at quota 986 m;

6 N Na quota 986 m, virar direita e unir o curso de um afluente de gua


Angolar;

7 N Descer gua Angolar at gua Vilela e tornar a subi-la at altura da


dependncia Cascata;
193

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

8 N Do Caminho da dependncia Cascata dependncia Joo Paulo;


9 N A nvel da dependncia Joo Paulo, tomar o afluente da gua Zinco, sua
direita, tornar a subir para a quota 1374 m (Morro Provaz);
10 N Da quota 1374 m direco da quota 1410, a Este; antes desta quota,
virar esquerda, a partir do curso de um afluente do rio do Ouro, at
confluente com o Rio de Ouro;

11 N Seguir o Rio do Ouro at a sua interseco com o caminho que liga as


dependncias Mary e Chamio;

12 N Tornar a subir o caminho para Este, passando pelas dependncias Mary,


San Lus e Claudina;

13 N Da dependncia Claudina, tomar o caminho que passa entre as quotas


1105 e 1164 (Pico So Pedro);

14 N Tornar o caminho que vai do Pico So Pedro, passando perto de Bom


sucesso e Dirigindo-se para a Lagoa Amlia, at quota 1477 m;

15 N Da quota 1477 m, seguir o caminho que vai para sudeste, da direco do


Pico Calvrio at bifurcao com o caminho para a antiga dependncia Nova
Ceilo;

16 N Tornar o caminho da antiga dependncia Nova Ceilo e tornar a unir o


Rio Abade;

17 N Do curso do rio Abade at ao cume do Pico Calvrio;

18 N Da linha do cume do Pico Calvrio, quota 1566 m, at ao Pico Morro de


Dentro (quota 1382 m)

19 N Da quota 1382 m at ao Pico Peninha (quota 1336 m);

194

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

20 N Da quota 1336 m, linha de Cresta, at quota 795 m;


21 N Da quota 795 m, seguir o rio direita at gua Bomba;

22 N Da gua Bomba, em linha direita at ao Formoso Pequeno (quota 942 m).

c) Limites Este

Ponto Descrio

1 E Do Formoso Pequeno, pela linha de cimo, at atingir o curso da primeira


ribeira que vai para pleno Sul;

2 E Da ribeira que vai do pleno Sul at ao Rio I Grande;

3 E Do Rio de I Grande at confluncia com o rio Miranda Gueres;

4 E Da linha que vai da confluncia dos rios I Grande e Miranda Gueres para
as quotas 211 m, 182 m e 165 m, em direco ao sul, at atingir uma ribeira;

5 E Do curso dessa ribeira, em direco ao Sul, at ao caminho perto da antiga


dependncia Serrania;

6 E Do caminho da antiga dependncia Serrania at ao rio Umbug.

d) Limites Sul

Ponto Descrio

1 S Do cruzamento do rio Umbug com o caminho, direco Este ao longo do


curso da ribeira, at ao cruzamento com a antiga via do caminho-de-ferro;

2 S Do caminho-de-ferro direco sul at ao cruzamento com a ribeira;


195

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

3 S Do cruzamento com a ribeira, leito da ribeira, at dependncia Monte


Carmo;

4 S Da dependncia Monte Carmo, caminho que passa pelas quotas 212 m e


190 m at a dependncia Ermelinda;

5 S De Santa Ermelinda, direco Sul, at ribeira gua Cascata

6 S Do leito ribeira gua Cascata, direco Sul, at confluncia com o rio


Cau;

7 S Da confluncia do rio Cau, pelo caminho, at ao lugar chamado Anette;

8 S Do lugar chamado Anette, pelo caminho, at ao lugar chamado Brgia,


passando a quota 125 m;

9 S Do lugar chamado Brgia, pelo caminho, at quota 314 m;

10 S Da quota 314 m, pelo caminho, at ao lugar chamado Santo Lus;

11 S Do lugar chamado Santo Lus, pelo caminho, at ao lugar chamado Santo


Joo;

12 S Do lugar chamado Santo Joo at ao rio Mussacav, pelo caminho,


passando entre as quotas 105 m, 97 m, 76 m, 42 m, 44 m, 14 m;

13 S Do rio Mussacav at sua confluente com o mar.

e) Zona de Praia das Conchas e Lagoa Azul.

Ponto Descrio

196

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

LA 1 Da embocadura de gua Castelo (nvel da ponte face a dependncia


Praia das Conchas) pelo caminho, at interseco com a estrada nacional;

LA 2 Da interseco com a estrada nacional, pela estrada nacional, at ao


cruzamento com gua Lama;

LA 3 Do cruzamento com gua Lama, seguir o seu leito principal at colina I


de Mato Amoreira;

LA 4 Depois da colina de Mato Amoreira, em linha direita, at a quota 206 m;

LA 5 Da quota 206 m, em linha direita, at quota 254 m, Nova Olinda;

LA 6 De Nova Olinda, em linha direita, at ponte Praia das Plancas;

f) Zona de Malanza

Ponto Descrio

O Caminho petrolfero contornando esta zona

Artigo 5
Zoneamento

1. O sistema de zoneamento do Parque prev a existncia de duas zonas


distintas, delimitadas em consonncia com a populao residente e de acordo
com a seguinte classificao:

a) Zonas de preservao integral;

b) Zona de explorao controlada.

197

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

2. Haver tambm uma zona tampo que, excepo das situaes de


impossibilidade fsica, se estende para alm dos limites do Parque, numa faixa
cuja largura poder variar entre os 250 metros e os 10 quilmetros.

3. O regime de utilizao de zona tampo vem regulamentado no plano de


manejo dos Parques Ob do So Tom e Prncipe.

4. Os limites das diferentes zonas constituem parte integrante do plano de


gesto e manejo do Parque.

Artigo 6
Zonas de Proteco

1. As zonas de preservao integral so constitudas pelas zonas centrais,


primitivas ou intangveis, que funcionam como reservas naturais dentro dos
Parques, sendo proibidas nestas reas actividades que impliquem uma
alterao antrpica (humana) da biota (fauna e flora), excepo de:

a) Visitas pblicas, a serem realizadas nas condies previstas no


regulamento interno do Parque:

b) Actividades de observao cientfica, estudos ou aplicao de


medidas de gesto necessrias aos objectivos de conservao;

c) Obras necessrias realizao das actividades previstas nas


alneas anteriores.

2. As zonas de explorao controlada admitem um uso moderado e autosustentado da fauna e flora, regulado de modo a assegurar manuteno dos
ecossistemas naturais, podendo ser dedicados ao eco-turismo e a formas de
desenvolvimento econmico no agrcolas, que beneficiem as comunidades
residentes do Parque.

198

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

CAPITULO II

Exerccio das Actividades e Licenciamento

Artigo 7
Mapas

1. A sede do Parque dispor obrigatoriamente, para consulta pblica, de


um mapa, escala de 1:25.000, onde constam os limites do Parque e os
limites das zonas de proteco tal como definidos nos artigos 4 e 5 do
presente diploma.

2. Na sede de Parque dever tambm existir, para consulta pblica, uma


descrio actualizada das actividades permitidas ou proibidas no Parque, o
estatuto de proteco das diferentes zona, meno das autoridades
administrativas e, de uma forma geral, toda e quaisquer informaes
necessrias ao bom funcionamento do Parque.

Artigo 8
Actividades Interditas

1. interdito o exerccio de quaisquer actividades que prejudiquem o


ambiente e o equilbrio natural dos ecossistemas dentro de rea do Parque.

2. Dentro dos limites do Parque, tambm proibida a execuo de


loteamentos, construes, projectos de equipamentos e infra-estruturas ou
outros que possam eventualmente alterar a ocupao e a topografia do solo.

3. O exerccio actual de tais actividades nas zonas de preservao integral


ou nas zonas de explorao controlada est sujeito a sua suspenso, sob
pena de aplicao das sanes previstas no Captulo IV do presente diploma.

199

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

Artigo 9
Actividades Condicionadas

1. Sem prejuzo do que dispe o artigo anterior, dentro das zonas de


explorao controlada na rea do Parque ficaro sujeitas a licenciamento as
seguintes actividades:

a) Alterao do uso actual dos terrenos, particularmente nas zonas


de floresta, zonas hmidas e em toda a zona ribeirinha;

b) Instalao de linhas elctricas ou telefnicas areas;

c) Edificao, construo, reconstruo ou ampliao;

d) Corte ou colheita de quaisquer espcies botnicas de porte


arbustivo ou arbreo, particularmente da floresta, nas zonas no agrcolas,
bem como a introduo de espcies botnicas exticas ou estranhas ao
ambiente;

e) Introduo de novas espcies zoolgicas exticas;

f) Caa ou apreenso de quaisquer espcies animais selvagens;

g) Estabelecimento de novas actividades industriais: florestais,


agrcolas, minerais ou tursticas;

h) Descarga de efluentes domsticos ou industriais, slidos, lquidos


ou gasosos, que possam originar a poluio do ar, do solo ou da gua;

i) Abertura de poos ou furos de captao de gua, bem como o


estabelecimento de redes de distribuio ou drenagem das guas;

j) Instalao de estaes de tratamento de esgoto.


200

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

1. O actual exerccio destas actividades condicionadas dever ser objecto


de apreciao e, se for o caso, sujeito s alteraes que se mostrem
necessrias sua adequao aos fins do Parque.

Artigo 10
Licenciamento

1. Todas as actividades sujeitas a regime de licenciamento no previstas


neste diploma ficam condicionadas emisso de uma licena pelo Director do
Parque.

2. A obteno das licenas a que se refere o nmero anterior no produz


qualquer efeito, nem confere aos seus portadores quaisquer direitos, sem a
aprovao prvia do Director do Parque, precedido de uma avaliao do
CONFF AP.

3.

Os pedidos de Licena esto sujeitos ao regime de licenciamento

regulamentado pela Lei de Conservao da Fauna , Flora e das reas


Protegida e pelo regulamento interno do Parque.

4. Os requerimentos sero apresentados, na sede do Parque, ao Director


do mesmo e as licenas emitidas aps parecer do Conselho de Gesto.

5. Enquanto o processo estiver sob apreciao, o Director do Parque


poder exigir dos interessados quaisquer alteraes que eventualmente
possam condicionar a autorizao definitiva.

6. Presumem-se tacitamente deferidos os pedidos que no tenham obtido


deciso no prazo de 90 (noventa) dias.

201

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

Artigo 11
Estudo de Impacto Ambiente

1. Os pedidos de licena incluiro obrigatoriamente estudos de impacto


ambiental sempre que os projectos sujeitos a licenciamento se referem
designadamente a uma das seguintes actividades.

a) Emparcelamento rural;

b) Hidrulica agrcola ou marina;

c) Aquacultura e extraco do sal;

d) Transporte de energia elctrica;

e) Estradas, portos ou aerdromos;

f) Acampamentos ou empreendimentos tursticos;

g) Loteamento e urbanizao;

h) Estao de tratamento de esgotos.

2. O Conselho de Conservao da Fauna, Flora e das rea Protegidas


poder prestar apoio tcnico execuo dos estudos.

Artigo 12
Taxas de Licenciamento

As taxas devidas pela emisso das licenas e autorizaes previstas no


presente diploma sero fixadas por despachos conjuntos do Ministro de tutela e
do Ministro do Plano e Finanas, sendo o produto das mesmas taxas receita do
fundo especial do Parque.
202

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

203

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

CAPITULO III

Administrao do Parque

Artigo 13
Princpios e rgos

1. Compete ao Parque administrar os objectivos previstos no artigo 2, sem


prejuzo do poder de superintendncia atribudo aos rgos competentes do
Ministrio encarregue.

2. So rgos do Parque de So Tom:

a) O Director, competindo-lhe entre outras:

Preparar e controlar a execuo das deliberaes do Conselho de


Gesto;

Elaborar e propor ao CONFF AP os regulamentos internos do


Parque, aps parecer do Conselho de Gesto;

Apresentar um relatrio anual de actividades ao CONFF AP,


previamente aprovado pelo Conselho de Gesto do Parque;

Emitir circulares informativas e ordens de servio relativas ao


pessoal administrativo afecto ao Parque;

Elaborar os planos de manejo e de gesto do Parque e emitir


parecer prvio sobre todas as propostas das autoridades pblicas
para obras situadas fora dos limites do Parque susceptveis de
provocar efeitos nocivos ao ecossistema;

204

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

b) O Conselho de Gesto, competindo-lhe entre outras:

Examinar e aprovar, por deliberao, o plano de gesto, a


proposta do oramento, bem como os critrios de utilizao do
fundo especial;

Criar os mecanismos de conservao e explorao durvel da


rea, de modo a que se respeitem as caractersticas bsicas do
ecossistema,

pela

sustentao

dos

processos

ecolgicos

essenciais e da diversidade gentica da rea.

Proceder ao zoneamento das diferentes reas do Parque;

Dar a pareceres sempre que para tal for solicitado e emitir


opinies, de forma a coadjuvar o Director no desempenho das
suas funes;

Informar o CONFF AP sobre qualquer irregularidade com respeito


administrao do Parque e desempenhar outras funes que
lhe forem concedidas por lei;

3. O Parque dotado de um oramento prprio, de um fundo especial, um


plano de manejo, um plano de gesto e de um regulamento interno.

4. As atribuies dos rgos do Parque, assim como o seu funcionamento


e composio, o fundo especial e o plano de gesto so regulamentados
pela lei de Conservao da Fauna, Flora e das reas Protegidas, e,
subsidiariamente, por despachos do Ministro de tutela.

205

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

Artigo 14
Plano de Manejo

1. O plano de manejo definir os usos adequados do territrio e dos


recursos naturais da rea do Parque, atravs de um mapa anexo escala de
1:25.000 e deve ser objecto de aprovao atravs do decreto.

2. O plano de manejo dever ser elaborado no prazo de noventa dias, a


contar da data da tomada de posse do Director do Parque e revisto de cinco
em cinco anos.

Artigo 15
Plano de Gesto

1. O plano de gesto definir a aplicao do plano de manejo, devendo


conter o planeamento dos recursos humanos e financeiros necessrios
Gesto do Parque.

2. O plano apresentado o mais tardar 30 dias aps a aprovao do plano


de manejo, revisto a cada 12 meses e deve ser aprovado pelo Conselho de
Gesto do Parque.

CAPTULO IV
Infraces e Multas

Artigo 16
Fiscalizao

As funes de fiscalizao das actividades da rea do Parque no mbito


do presente diploma e legislao complementar competem aos respectivos
rgos da administrao das reas Protegidas, guardas florestais e demais
autoridades com competncia na matria.

206

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

Artigo 17
Infraces e Multas

1. Constitui infraco punida com multa, a prtica, ainda que por


negligncia, das actividades objecto de proibio especfica, previstas no artigo
8 do presente diploma, e que no estejam devidamente licenciadas nos
termos dos artigos 9 e 10

2. Como sano acessria podero ser aprendidos e declarados perdidas


a favor do Estado os objectos utilizados, obtidos ou produzidos em resultados
ou durante a inflao.

Artigo 18
Instruo Administrativa

1. Compete ao Director do Parque e aos seus colaboradores a instruo do


processo das infraces e a aplicao das multas, devendo-lhes ser remetidos
os autos de notcia, participaes e denncias promovidos pelos guardas do
Parque e demais autoridades ou pessoas com competncias na matria.

2. A fixao das sanes e de competncias do Director do Parque.

Artigo 19
Obrigao de Reposio da Situao Anterior

1. Independentemente do processamento das infraces e da aplicao


das sanes, os agentes infractores, incluindo pessoas colectivas, sero
obrigados a repor, a todo o tempo a situao anterior infraco.

2. Verificando-se o no cumprimento do previsto no nmero anterior dentro


do prazo fixado na notificao, o Director do Parque mandar proceder s

207

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

obras de reposio da situao anterior infraco, apresentando, para


cobrana, nota das despesas efectuadas aos agentes infractores.
3. No caso da responsabilidade de reposio da situao anterior
infraco, os agentes infractores estaro obrigados a indemnizar o Parque e
ressarcir os custos originados pelas operaes executadas para minimizar os
prejuzos causados no ambiente.

4. O produto das indemnizaes constituir receita do fundo especial do


Parque.

Artigo 20
Distribuio das Receitas

O produto das multas e de outras sanes aplicadas pelo Director do


Parque, assim como os das taxas previstas no presente diploma, ser
afectado da forma seguinte:

a) 85% para o fundo especial do Parque;

b) 15% para o Conselho de Conservao da Fauna, Flora e das reas


Protegidas.

208

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

CAPTULO V

Disposies Finais e Transitrios

Artigo 21
Plano de Manejo

O plano de manejo do Parque dever ser adoptado at o mximo de um


ano a contar da data de publicao do decreto de classificao.

Artigo 22
Montante das Multas

O montante, assim como a graduao das multas, sero objecto de um


despacho do Ministro de tutela, que dever ser emitido no prazo mximo de
90 dias, a contar da data de publicao deste diploma.

Artigo 23
Disposio Transitria

Enquanto no for criado o CONFF AP, caber Direco das Florestas


a superviso das actividades visando a implementao do presente diploma.

Artigo 24
Dvidas

As dvidas sero resolvidas por despacho do Ministro da tutela, ouvido o


Conselho de Conservao da Fauna, Flora e das reas Protegidas e
administrao do Parque.
Artigo 25

209

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

Entrada em Vigor

O presente Lei entra em vigor nos termos definidos por lei.

Assembleia Nacional, em So Tom, ao 27 de Maio de 2004. Presidente


da Assembleia Nacional, Dionsio Tom Dias.

Promulgado em 13 de Julho de 2006

Publique-se.

O Presidente Fradique de Bandeira Melo de Menezes .

210

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

LEI DO
PARQUE NATURAL OB DO PRNCIPE

211

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

212

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

LEI DO PARQUE NATURAL OB DO PRNCIPE

LEI N. 7 / 2006, de 2 de Agosto, DR n 29

Consciente de que a proteco do meio ambiente em So Tom


Prncipe um factor indispensvel ao desenvolvimento harmonioso e integrado
do Pas, foi aprovada a Lei de Conservao da Fauna, Flora e das reas
Protegidas, que prev a atribuio de diferentes categorias s reas de
interesse para a conservao cuja classificao venha a justificar-se.

A rea designada para Conservao na Ilha do Prncipe constitui


inequivocamente um conjunto que apresenta uma elevada diversidade
biolgica, tanto a nvel, da fauna como da flora, de destacado valor cultural,
esttico e cientifico para o pas.

Justifica-se, pois, a proteco e a conservao de todos os


ecossistemas

daquela

rea,

nomeadamente

dos

seus

ecossistemas

inalterados, onde ocorrem espcies endmicas e habitats de elevado valor


biolgico, cuja preservao cuja preservao constitui o principal objectivo do
estabelecimento dessa rea protegida.

Com a criao do Parque do Natural de Ob da Ilha do Prncipe


pretende-se tambm promover a gesto racional dos recursos naturais,
favorecendo a sua utilizao durvel a fim de garantir a compatibilizao das
actividades econmicas existentes ou potenciais com a conservao das
caractersticas dos seus ecossistemas.

Nesses termos, em conformidade com o disposto na Lei da


Conservao da Fauna, Flora e reas Protegidas,

A Assembleia Nacional decreta, nos termos da alnea b) do artigo 97.


da Constituio, o seguinte:
213

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

Captulo I

Disposies Gerais

Artigo I
Criao do Parque e Estatuto Legal

1. criado o Parque Natural Ob do Prncipe, abreviadamente designado


Parque do Prncipe ou Parque.

2. O Parque do Prncipe rege-se pelas disposies do presente diploma e,


subsidiariamente, pela Lei de Conservao da Fauna, Flora e reas
Protegidas, Lei Orgnica do Ministrio responsvel pelo sector da agricultura,
regulamentos e normas do Conselho de Conservao da Fauna, Fora e das
reas Protegidas e demais legislao aplicvel em razo da matria.

Artigo 2
Objectivos

A criao do Parque tem os seguintes objectivos:

a) A preservao, conservao e defesa dos ecossistemas florestais do


Prncipe;

b) A salvaguarda das espcies animais, vegetais e dos habitats


ameaados.

c) A conservao e recuperao dos habitats da fauna migratria;

d) A promoo do uso ordenado do territrio e dos seus recursos naturais,


de forma a garantir a continuidade dos processos evolutivos;

214

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

e) A promoo de estudos sobre as dinmicas da floresta na perspectiva


da utilizao durvel dos recursos;

f) A elaborao de estudos para a avaliao do impacto da actividade


humana dos agentes econmicos nacionais e estrangeiros sobre a
floresta e os ecossistemas envolventes;

g) O estabelecimento de um sistema de monitorizao das actividades de


explorao da floresta;

h) A defesa e promoo das actividades e formas de vida tradicionais das


populaes residentes, no lesivas do patrimnio ecolgico;

i)

A promoo do desenvolvimento econmico e do bem-estar das


comunidades residentes, de forma que no prejudique os valores
naturais e culturais da rea.

Artigo 3
Limite e Zonas de Proteco

1. Os limites da rea do Parque do Prncipe, assim como as suas zonas de


proteco, so constantes do mapa anexo ao presente diploma.

2. Os mapas originais, escala de 1.25.000, assim como qualquer


documentao relevante ao processo de criao do Parque, ficam arquivados
junto ao Conselho de Conselho da Fauna, Flora e das reas Protegidas.

Artigo 4
Limites do Parque

Os limites da rea do Parque, constantes do mapa anexo I ao presente


diploma, so os seguintes:
215

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

Todos os terrenos esquerda dos seguintes limites so includos ao Parque


Natural;

Ponto Descrio

P1

Do lugar chamado Nitreira (perto do Terreiro Velho) at ao rio Papagaio,


pela antiga via-frrea ao nvel da barragem;

P2

Da barragem, atravessar o rio Papagaio e seguir o caminho que faz a


volta do Pico Papagaio para atingir depois a antiga dependncia Santo
Carlos de Fundo;

P3

De Santo Carlos de Fundo, seguir o antigo caminho at ao cruzamento


com gua Cascata;

P4

Do cruzamento com gua Cascata, continuar at o fim do caminho e


ligar a quota 132 m;

P5

Da quota 132 m, em linha direita quota 144 m;

P6

Da quota 144 m, em linha direita quota 124 m;

P7

Da quota 124 m, seguir a gua Agrio at encontrar a estrada ligando


Lapa a Maria Correia;

P8

Seguir a estrada encontrada at Maria Correia;

P9

De Maria Correia, ligar a costa ao nvel da embocadura do pequeno Rio,


ao nvel do lugar chamado Fortaleza;

P10

Da linha costeira, aps a embocadura da ribeira que se lana ao mar na


Fortaleza (detrs de Francisco Mantero Maria Correia), at Ilhus
216

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

Portinho, compreendendo a zona litoral marinha sobre uma distncia de


500 m (quinhentos metros) em linha direita depois da costa;

P11

De Ilhus Portinho, seguir a linha costeira at embocadura da Ribeira


Chibala, ao nvel da praia Calundo;

P12

Da embocadura da Ribeira Chibala, seguir o curso at ao cruzamento


com o caminho ligando as dependncias Ribeira Fria e Infante Dom
Henrique;

P13

Da ponte sobre a Ribeira Chibala, seguir o caminho at dependncia


Ribeira Fria;

P14

Seguir o caminho at o lugar chamado Nitreiro (perto do Terreiro Velho).

Artigo 5
Zoneamento

1. O Sistema de zoneamento do Parque prev a existncia de duas zonas


distintas, delimitadas em consonncia com a populao residente e de acordo
com a seguinte classificao:

a) Zonas de preservao integral;

b) Zonas de explorao controlada.

2. Haver tambm uma zona-tampo que, excepo das situaes de


impossibilidade fsica, se estende para alm dos limites do Parque, numa faixa
cuja largura poder variar entre os 250 metros e os 10 quilmetros.

3. O regime de utilizao da zona-tampo vem regulamentado lamentando


no plano de manejo dos Parques bo de So Tom e Prncipe.
217

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

4. Os limites das diferentes zonas constituem parte integrante do plano de


gesto e manejo do Parque.

Artigo 6
Zona de Proteco

1. As zonas de preservao integral so constitudas pelas zonas centrais,


primitivas ou intangveis, que funcionam como reservas naturais dentro dos
Parques, sendo proibidas nestas reas actividades que implicam uma alterao
antrpica (humana) da biota (fauna e flora), excepo de:

a) Visitas pblicas, a serem realizadas nas condies previstas no


regulamento interno do Parque:

b) Actividades de observao cientfica, estudos ou aplicao de medidas


de gesto necessrias aos objectivos de conservao;

c) Obras necessrias para realizar as actividades previstas nas alneas


anteriores.

2. As zonas de explorao controlada admitem um uso moderado e autosustentado da fauna e da flora, regulamentado de modo a assegurar a
manuteno dos ecossistemas naturais, podendo ser dedicadas ao eco-turismo
e s formas de desenvolvimento econmico no agrcolas, que beneficiem as
comunidades residentes do Parque.

218

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

Captulo II

Exerccio das Actividades e Licenciamento

Artigo 7
Mapas

1. A sede do Parque dispor obrigatoriamente, para consulta pblica, de


um mapa escala de 1:25.000, onde constem os limites do Parque e os limites
das zonas de proteco, tal como definidos nos artigos 4 e 5 do presente
diploma.

2. Na sede do Parque dever de igual modo existir, para consulta pblica,


uma descrio actualizada das actividades permitidas ou proibidas no Parque,
o estatuto de proteco das diferentes zonas, meno das autoridades
administrativas e, de uma forma geral, toda e quaisquer informaes
necessrias ao bom funcionamento do Parque.

Artigo 8
Actividades Interditas

1. interdito o exerccio de quaisquer actividades que prejudiquem o


ambiente e o equilbrio natural dos ecossistemas dentro da rea do Parque.

2. Dentro dos limites do Parque tambm proibida a execuo de


loteamentos, construes, projectos de equipamentos e infra-estruturas ou
outros que possam eventualmente alterar a ocupao e a topografia do solo.

219

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

3. O exerccio actual de tais actividades nas zonas de preservao integral


ou nas zonas de explorao controlada est sujeito sua suspenso, sob pena
de aplicao das sanes previstas no Captulo IV do presente diploma.

Artigo 9
Actividades Condicionadas

2. Sem prejuzo do que dispe o artigo anterior, dentro das zonas de


explorao controlada na rea do Parque, ficaro sujeitas a licenciamento as
seguintes actividades:

a) Alterao do uso actual dos terrenos, particularmente nas zonas de


floresta, zonas hmidas e em toda a zona ribeirinha;

b) Instalao de linhas elctricas ou telefnicas;

c) Edificao, construo, reconstruo ou ampliao;

d) Corte ou colheita de quaisquer espcies botnicas de porte arbustivo ou


arbreo, particularmente da floresta, nas zonas no agrcolas, bem como a
introduo de espcies botnicas exticas ou estranhas ao ambiente;

e) Introduo de novas espcies zoolgicas exticas;

f) Caa ou apreenso de quaisquer espcies animais selvagens;

g) Estabelecimento de novas actividades industriais, florestais, agrcolas,


minerais ou tursticas;

h) Descarga de efluentes domsticos ou industriais, slidos, lquidos ou


gasosos, que possam originar a poluio do ar, do solo ou da gua;

220

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

i) Abertura de poos ou furos de captao de gua, bem como o


estabelecimento de redes de distribuio ou drenagem das guas;

j) Instalao de estaes de tratamento de esgoto.

3. O actual exerccio destas actividades condicionadas dever ser objecto


de apreciao e, se for o caso, sujeito s alteraes que se mostrem
necessrias sua adequao aos fins do Parque.

Artigo 10
Licenciamento

1. Todas as actividades sujeitas a regime de licenciamento no previstas


neste diploma ficam condicionadas emisso de uma licena pelo Director do
Parque.
2 . A obteno das licenas a que se refere o nmero anterior no produz
qualquer efeito, nem confere aos seus portadores quaisquer direitos, sem a
aprovao prvia do Director do Parque, precedido de uma avaliao do
CONFF AP.

4. A obteno das licenas a que se refere o nmero anterior no produz


qualquer efeito, nem confere aos portadores quaisquer direitos, sem a
aprovao prvia do Director do Parque para o exerccio das actividades no
interior dos limites do Parque.

5.

Os pedidos de licena esto sujeitos ao regime de licenciamento

regulamentado pela Lei de Conservao da Fauna , Flora e das reas


Protegida e pelo regulamento interno do Parque.

6. Os requerimentos sero apresentados na sede do Parque ao Director do


mesmo e as licenas emitidas aps parecer do Conselho de Gesto.

221

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

7. Enquanto o processo estiver sob apreciao, o Director do Parque


poder exigir do interessados quaisquer alteraes que eventualmente possam
condicionar a autorizao definitiva.

8. Presumem-se tacitamente deferidos os pedidos que no tenham obtido


deciso no prazo de 90 (noventa) dias.

Artigo 11
Estudo de Impacto Ambiental

3. Os pedidos de licena incluiro obrigatoriamente estudos de impacto


ambiental sempre que os projectos sujeitos a licenciamento se referem
designadamente a uma das seguintes actividades.

a) Emparcelamento rural;

b) Hidrulica agrcola ou marina;

c) Aquacultura e extraco do sal;

d) Transporte de energia elctrica;

e) Estradas, portos ou aerdromos;

f) Acampamentos ou empreendimentos tursticos;

g) Loteamento e urbanizao;

h) Estao de tratamento de esgotos.

4. O Conselho de Conservao da Fauna. Flora e das reas Protegidas


poder prestar apoio tcnico execuo dos estudos.

222

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

Artigo 12
Taxas de Licenciamento

1. As taxas devidas pela emisso das licenas e autorizaes previstas no


presente diploma sero fixadas por despachos conjuntos do Ministro de tutela e
do Ministro do Plano e Finanas, ouvido o Governo Regional, sendo o produto
das mesmas taxas receita do fundo especial do Parque.
Captulo III

Administrao do Parque

Artigo 13
Princpios e rgos

1. Compete ao Parque administrar os objectivos previstos no artigo 2 sem


prejuzo do poder de superintendncia atribudo aos rgos competentes do
Ministrio responsvel pelo sector da Agricultura.

2. So rgos do Parque do Prncipe;

a) Director competindo-lhe dentre outras:

Preparar e controlar a execuo das deliberaes do Conselho de


Gesto;

Elaborar e propor ao CONFF AP os regulamentos internos do Parque,


aps parecer do Conselho de Gesto;

Apresentar um relatrio anual de actividades ao CONFF AP,


previamente aprovado pelo Conselho de Gesto do Parque;
223

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

Emitir circulares informativas e ordens, de servio relativas ao pessoal


administrativo afecto ao Parque;

Elaborar os panos de manejo e de gesto do Parque e emitir parecer


prvio sobre todas as propostas das autoridades pblicas para obras
situadas fora dos limites do parque, susceptveis de provocar efeitos
nocivos ao seu ecossistema;

b) O conselho de Gesto, competindo-lhe dentre outras;

Examinar e aprovar por deliberao, o plano de gesto, a proposta de


oramento, bem como os critrios de utilizao do fundo especial;

Criar os mecanismos de conservao e explorao durvel da rea, de


modo a que se respeitam as caractersticas bsicas do ecossistema,
pela

sustentao

dos

processos

ecolgicos

essenciais

da

diversidade gentica da rea;

Proceder ao zoneamento das diferentes reas do Parque;

Dar pareceres sempre que para tal for solicitado e emitir opinies, de
forma a coadjuvar o Director no desempenho das suas funes;

Informar o CONFF AP sobre qualquer irregularidade com respeito


administrao do Parque e desempenhar outras funes que lhe forem
cometidas por lei;

c) O Parque dotado de um oramento prprio, um fundo especial, um


plano de manejo, um plano de gesto e de um regulamento interno;

224

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

d) As

atribuies

dos

rgos

do

Parque,

assim

como

seu

funcionamento e composio, o fundo especial e o plano de gesto,


so regulamentados pela Lei de Conservao da Fauna, Flora e das
reas Protegidas, e, subsidiariamente, por despacho do Ministro de
tutela.

Artigo 14
Plano de Manejo

1. O plano de manejo definir os usos adequados do territrio e dos


recursos naturais da rea do Parque, atravs de um mapa anexo escala de
1:25.000, e deve ser objecto de aprovao atravs de decreto.

2. O plano de manejo dever ser elaborado no prazo de noventa dias a


contar da data da tomada de posse do Director do Parque e revisto de cinco
em cinco anos.

Artigo 15
Plano de Gesto

1. O plano de gesto definir a aplicao do plano de manejo, devendo


conter o planeamento dos recursos humanos e financeiros necessrios
gesto do Parque.
2. O plano deve ser a revisto a cada 12 meses e deve ser aprovado pelo
Conselho de Gesto do Parque.

225

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

Captulo IV

Infraces e Multas
Artigo 16
Fiscalizao

As funes de fiscalizao da conformidade do exerccio das actividades


na rea do Parque com as normas do presente diploma e legislao
complementar competem aos respectivos rgos da administrao das reas
Protegidas, guardas florestais e demais autoridades com competncia na
matria.

Artigo 17
Infraces e Multas

1. Constitui infraco punida com multa, a prtica, ainda que por


negligncia, das actividades objecto de proibio especfica, previstas no artigo
8 do presente diploma, e que no estejam devidamente licenciadas nos
termos dos artigos 9 e 10.

2. Como sano acessria podero ser apreendidos e declarados perdidos


a favor do Estado os objectos utilizados, obtidos ou produzidos em resultado ou
durante a infraco.

Artigo 18
Instruo Administrativa

1. Compete ao Director do Parque e aos seus colaboradores a instruo do


processo das infraces e a aplicao das multas, devendo ser-lhe remetidos
226

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

os autos de notcia, participaes e denncias promovidos pelos guardas do


Parque e demais autoridades ou pessoas com competncia na matria.
2. A fixao das sanes da competncia do Director do Parque.

Artigo 19
Obrigao de Reposio da Situao Anterior

1- Independentemente do processamento das infraces e da aplicao


das sanes, os agentes infractores incluindo pessoas colectivas, sero
obrigados a repor, a todo o tempo, a situao anterior infraco.

2- Verificando-se o no cumprimento do previsto no nmero anterior dentro


do prazo fixado na notificao, o Director do Parque mandar proceder s
obras de reposio da situao anterior infraco, apresentando, para
cobrana, nota das despesas efectuadas aos agentes infractores.

3- No decurso da impossibilidade de reposio da situao anterior


infraco, os agentes infractores estaro obrigados a indemnizar o Parque e
ressarcir os custos originados pelas operaes executadas para minimizar os
prejuzos causados no ambiente.

4- O produto das indemnizaes constituir receita do fundo especial do


Parque.

Artigo 20
Distribuio das Receitas

O Produto das multas e outras sanes aplicadas pelo Director do Parque,


assim como os das previstas no presente diploma, ser afectado da forma
seguinte:
a) 85% para o fundo especial do Parque;
227

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

b) 15% para o Conselho de Conservao da Fauna, Flora e das reas


Protegidas.

Captulo V

Disposies Finais e Transitrias

Artigo 21
Plano de Manejo

O plano de manejo do Parque dever ser adoptado at no mximo, um ano,


a contar da data de publicao do decreto de classificao.

Artigo 22
Montante das Multas

Os montantes, assim como a graduao das multas, sero objecto de um


despacho do Ministro de tutela, que dever ser emitido no prazo mximo de 90
dias, a contar da data de publicao deste diploma.

Artigo 23
Disposio Transitria

Enquanto no for criado o CONFF AP, caber Direco das Florestas a


superviso das actividades com vista a implementao do presente diploma.

Artigo 24
Dvidas

As dvidas sero resolvidas por despacho do Ministro de tutela, ouvido o


Conselho de Conservao da Fauna, Flora a das reas Protegidas e a
administrao do Parque.

228

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

Artigo 25
Entrada em Vigor

O presente Lei entra em vigor nos termos definidos por lei.

Assembleia Nacional, em So Tom, aos 27 de Maio de 2006. O


presidente da Assembleia Nacional, Dioniso Tom Dias.

Promulgada em 13 de Junho de 2006

Publique-se.

O Presidente da Repblica, Fradique Bandeira Melo de Menezes.

229

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

230

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

DECRETOS LEIS AMBIENTAIS DE MBITO NACIONAL

231

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

232

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

DECRETO SOBRE A EXTRAO DE INERTES

233

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

234

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

DECRETO - LEI SOBRE A EXTRACO DE INERTES

Decreto n 35 / 99, de 12 de Novembro

Considerando que areias, calcrios, recifes e calhaus nas zonas


costeiras so recursos naturais que o Estado deve proteger, estabelecendo
normas, no s para prevenir a degradao ambiental, mas tambm para fazer
com que esses recursos contribuam para um desenvolvimento econmico
sustentvel do pas;

Considerando o Estado de degradao de algumas praias no pas


resultante da extraco incontrolada e arbitrria desses recursos naturais;

Considerando que as praias constituem um grande atractivo turstico de


que pas dispe, devendo por isso merecer a devida proteco e restaurao
para uma gesto e utilizao durveis;

Considerando ser vontade expressa do Estado Santomense estabelecer


uma poltica de gesto durvel de extraco de inertes em geral, e, em
particular, dos inertes das zonas costeiras;

Tornando-se necessrio estabelecer um sistema legal do cooperao


entre entidades governamentais, privadas e o pblico, de modo a evitar a
degradao desses recursos e particularmente das praias;

Tomando em considerao o artigo 10 da alnea b) da Constituio


Poltica e n 2 do artigo 28 da Lei de Bases do Ambiente;

Nestes termos, no uso das faculdades que lhe so conferidas pela


alnea c) do artigo 99 da Constituio, o Governo da Repblica de S. Tom e
Prncipe decreta e eu promulgo o seguinte:

235

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

CAPTULO I

Das Disposies Gerais

Artigo 1.
Objecto

O presente decreto define as condies em que permitida a extraco


de inerte nas zonas costeiras e nos rios da Repblica Democrtica da S. Tom
e Prncipe e aplicado a todos os que exeram actividades de extraco de
areias, calcrios, recifes e calhaus nessas zonas.

Artigo 2.
Definies

Para efeitos deste decreto considera-se:

Agente Fiscalizador: todos aqueles que devidamente documentados


exercem aco de fiscalizao nas zonas costeiras e rios.

Areia: sedimento clstico solto, formado essencialmente por gros de


quartzo ou de minerais ou rochas, cujo dimetro varia entre 0,07 mm e 5 mm.

Calhau: pedra que, pela aco de desgaste em transporte pelas guas


correntes, se apresenta mais ou menos polida, de bordos arredondados.

Recife: rochedo ou acervo de rochedos flor da gua do mar, prximo


da costa, formao ao longo da costa martima, constituda por polipeiros de
coralirios.

Calcrio:

designao

generalizada

de

rochas

essencialmente

constitudas por carbono de clcio, como calcrios, conquferos, o cr, tufos


calcrios, estalactites, etc.
236

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

Chefe de Praia: agente destacado para guardar as praias, com funes


definidas pela Portaria 1457 publicado no Suplemento n. 11 ao Boletim Oficial
n. 40 de 7 de Outubro de 1950.

Comisso Nacional do Ambiente: rgo criado no mbito da Lei de


Bases do Ambiente e gerido conforme o captulo VI dessa mesma Lei.

Fundo do Ambiente: fundo criado conforme o captulo VI da Lei de


Bases do Ambiente.

Infraces: todos os actos cometidos em detrimento do estabelecimento


por este diploma.

Licena de extraco de inertes: um documento que identifica o seu


beneficirio como empresrio no domnio de extraco de areias, calcrios,
recifes, calhaus das praias e rios, devendo ser passado em impresso conforme
o modelo em anexo I e selada com selos em valor legalmente estabelecido.

CAPTULO II

Da Licena

Artigo 3.
Emisso de Licena

1. da competncia do sector vocacionado do Ministrio da Defesa a


emisso de licena para extraco de inertes.

2. A extraco de inertes depende de licena prvia emitida pelos


servios competentes do Estado.

237

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

3. A licena nica e exclusivamente para a extraco dos inertes


constantes na mesma. Todos outros minerais que vierem a ser encontrados no
processo de extraco reverter-se-o a favor do Estado.

Artigo 4.
Trmites e Condies de Licena

1. O interessado deve remeter um requerimento com assinatura


reconhecida ao sector competente do Ministrio da Defesa solicitando licena
para extraco de determinado tipo de inerte que pretende.

2. Neste requerimento o interessado deve mencionar claramente os


objectivos a que pretende com os materiais a extrair bem como:

a) Tipo e quantidade de inertes;

b) Actividades que tem desempenhado, atravs da anexao de


documentos legais comprovativos, designadamente alvar ou licena;

c) Declaraes comprovativas da sua situao em relao ao


pagamento dos impostos nas finanas;

d) Uma declarao, na qual se compromete a respeitar as regras de


extraco e proteco do ambiente bem como todas as obrigaes que por
este diploma so imputadas aos beneficirios de licenas de extraco de
inertes.

3. Para obteno duma licena de extraco de inertes o interessado


deve possuir pelo menos um camio em bom estado de funcionamento:

a) Para justificar que esse camio seu, o interessado deve fazer prova
da sua pertena:

238

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

b) Um justificativo da situao regularizada com os impostos do sector


dos transportes tambm obrigatrio.

4. Relativamente alnea c) do n. 2 deste artigo, o sector componente


deve averiguar a veracidade das declaraes apresentadas.

5. Ningum deve ser detentor de duas licenas em simultneo.

Artigo 5.
Deferimento

1. Se o interessado reunir as condies exigidas nos n. s 2 e 3 do artigo


4., ser-lhe-, no prazo de 15 dias, emitida a respectiva licena.

2. Imediatamente, o sector competente do Ministrio da Defesa que


emitiu a licena, comunicar o facto s seguintes instituies:

a) Direco do Ordenamento do Territrio e Meio Ambiente (DOTMA);

b) Direco dos Recursos Naturais e Energia (DRNE);

c) Direco de Turismo e Hotelaria (DTH).

Artigo 6.
Indeferimento

O requerimento que no satisfaa as condies exigidas nos ns. 2 e 3


do artigo 4., ser indeferido e no prazo mximo de 15 dias comunicado por
escrito ao requerente.

239

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

Artigo 7.
Validade da Licena

Qualquer licena caduca em 31 de Dezembro de cada ano,


independentemente da quantidade de inertes que ficar por extrair, devendo o
interessado, se assim o entender, adquirir uma nova licena.

Artigo 8.
Autorizao para a Utilizao das Praias

1. A utilizao de qualquer praia com o objectivo de extraco de inertes


carece de uma autorizao.

2. A autorizao para utilizao das praias um documento emitido em


impresso conforme o anexo II cujo ttulo Autorizao de Utilizao da Praia e
deve conter o nome de uma nica praia autorizada.

3. A autorizao para utilizao das praias da competncia da


Comisso Tcnica prevista no n. 2 do artigo 12..

Artigo 9.
Trmites para Emisso da Autorizao para Utilizao das Praias e sua
Durao

1. Aps a obteno duma licena, o beneficirio deve dirigir um pedido


por escrito ao sector competente do Ministrio da Defesa, solicitando uma
autorizao de utilizao da praia.
2. De acordo com as praias j devidamente seleccionadas para
utilizao, o sector competente emitir a competente autorizao e dar o facto
a conhecer s entidades mencionadas no n. 2 do artigo 5..

3. A durao duma autorizao fica sujeita ao estipulado no nmero 5 do


artigo10..
240

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

Artigo 10.
Tempo Limite de Utilizao das Praias

1. Nenhuma praia deve ser autorizada para utilizao por tempo


ilimitado.

2. Com o objectivo de permitir um melhor estudo da capacidade


regenerativa duma praia, fixado como tempo mximo de utilizao duma
praia quatro (4) semanas, aps o que toda e qualquer actividade de extraco
ser suspensa e interdita nessa praia at uma nova oportunidade.

3. A nova oportunidade mencionada no nmero anterior, s poder


surgir, se for caso disso, no prazo mnimo de vinte e cinco (25) semanas depois
da data de interdio mencionada no nmero anterior;

4. Qualquer pessoa que violar o preceituado nos nmeros anteriores fica


sujeita s penalidades constantes neste diploma.

5. Uma mesma praia pode ser autorizada a mais que um interessado,


devendo todos cumprir com o tempo limite a que estiver sujeito o primeiro
interessado autorizado.

6. A Comisso Nacional do Ambiente ou sectores competentes


relacionados com os processos de emisso de licenas e autorizaes, podem
decidir, a qualquer momento, a suspenso da extraco de inertes em qualquer
praia j autorizada.
Artigo 11.
Excepes

1. Sob proposta da Comisso Nacional de Ambiente, um despacho


conjunto dos ministros tutelares da defesa e do ambiente pode autorizar a
utilizao de zonas costeiras que no sejam praias.
241

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

2. Esta autorizao excepcional pode ser por tempo superior a 4


semanas, devendo a suspenso depender da vontade expressa, a qualquer
momento, dos ministros referidos no nmero anterior.

Artigo 12.
Seco das Praias

1. As praias so devidamente pr-seleccionadas antes de serem


autorizadas.

2. Obedecendo ao estipulado no artigo 18., criada uma Comisso


Tcnica composta por tcnicos dos sectores dos ministrios tutelares da
defesa e do ambiente e a cmara distrital da rea, para determinar, quais so
as praias a autorizar.

3. No processo de seleco das praias, a Comisso Tcnica deve


promover uma consulta populao mais prxima da praia a seleccionar, de
modo a conhecer a sua sensibilidade e promover o seu interesse pela
vigilncia da praia.

4. Nenhuma praia deve ser seleccionada para a extraco de inertes


sem o consentimento da populao local.

Artigo 13.
Formas de Extraco

1. Nas zonas costeiras fica expressamente proibida a extraco com


mquinas.

2. A extraco nessa zona deve ser manual, utilizando equipamentos


rudimentares vulgares, como as ps.

242

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

3. A extraco deve ser feita s segundas, quartas e sextas-feiras


durante as horas normais de expediente.

4. Outras formas de extraco podero ser determinadas posteriormente


por despacho do ministro responsvel pelo sector do ambiente.

Artigo 14.
Da Comercializao

1. Na comercializao o beneficirio de licena fica obrigado a emitir ao


comprador a correspondente factura.

2. A revenda ou a compra de inertes sem factura constitui infraco


punvel de acordo com as alneas b) e c) do artigo 26..

3. Na comercializao fixado que o preo do inerte revendido no pode


exceder uma margem de lucro de 20% sobre o preo de inerte na licena.

4. O preo de comercializao do inerte deve ser, contudo, previamente


estabelecido pelo sector competente do Ministrio da Defesa no dia 1 de
Janeiro de cada ano, tomando como base a taxa cobrada a partir dessa data,
conforme o estabelecido no artigo 16.

5. Na determinao de preo da comercializao, deve-se tomar em


considerao o custo real de transporte bem como de outras variveis que
possam influenciar o mesmo.

243

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

CAPITULO III

Taxas

Artigo 15.
Montantes

1. A taxa a cobrar pela extraco de inertes de 7.000,00 Dbs (sete mil


Dobras) por metro cbico (m3) de cada tipo de inerte.

2. A taxa cobrada pelo sector competente do Ministrio da Defesa no


momento da emisso da licena.

3. A taxa actualizada anualmente pela entidade competente, tomando


como base a taxa de inflao do respectivo ano da licena.

Artigo 16.
Destino

1. O montante cobrado pela quantidade de inertes, conforme o


estabelecido no n. 1 do artigo 15., tem os seguintes destinos imediatos:

a) 50% para as Finanas do Estado;

b) 30% para as contas da entidade que controla a zona costeira;

c) 20% para o Fundo do Ambiente.

2. A taxa referida na alnea b) do nmero anterior destina-se a garantir a


eficincia do sistema de controle e fiscalizao das praias.

244

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

3. A taxa referida na alnea c) do n.1 destina-se a cumprir com os


objectivos estabelecidos para o Fundo do Ambiente no que se refere
manuteno e recuperao das praias.

CAPTULO IV

Da Fiscalizao e Controlo

Artigo 17.
Fiscalizao

1. A fiscalizao, tanto prvia como sucessiva, pode ser feita em


qualquer lugar onde o fiscalizador julgar conveniente:

a) Na origem;

b) Na trajectria do material;

c) No destino final;

2. Nenhuma extraco deve ser feita na ausncia do respectivo chefe de


praia.

3. A fiscalizao da inteira responsabilidade dos agentes devidamente


documentados dos seguintes sectores:

a) Sector competente do Ministrio da Defesa;

b) Cmaras Distritais;

c) DOTMA;

245

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

d) DRNE;

e) DTH.
4. Todo e qualquer cidado ou ONGs que tenham por objectivo principal
a defesa do ambiente, que constatar qualquer infraco ao estabelecido neste
diploma, tem o direito de denunci-la imediatamente, por escrito ou
verbalmente, ou ainda por telefone, s entidades acima mencionadas que
obrigadas a actuar imediatamente no sentido do reconhecimento da anunciada
infraco e a tomada de respectivas medidas.

5. O nome do denunciante no deve ser divulgado, permanecendo em


sigilo.

6. O denunciante tem direito a 70% do valor correspondente ao


estabelecido na alnea c) do n. 1 do artigo 28., caso a sua denncia venha a
dar lugar aplicao de multa, revertendo os 30% restantes para o sector
competente do Ministrio da Defesa.

7. Fica cada uma das entidades referidas no n. 3 deste artigo obrigada


a indicar o seu funcionrio que, em acumulao com as suas funes, deve
possuir o estatuto de fiscalizador, no mbito deste diploma.

8. A fiscalizao pode ser feita tanto individual como colectivamente em


brigadas constitudas por todos ou parte dos agentes referidos no n. 3 deste
artigo.

9. A fiscalizao individual uma misso de todos os dias de cada


agente.

10. A fiscalizao colectiva uma misso ocasional cuja constituio e


oportunidade dependem unicamente da vontade dos agentes fiscalizadores e

246

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

deve ser sempre chefiada por um dos agentes do ministrio responsvel pelo
sector do ambiente.

11. Em qualquer local do territrio nacional onde estiver depositado


qualquer tipo de inerte mencionado neste diploma, os agentes de fiscalizao,
tm o direito de exercer a fiscalizao, solicitando para tanto o justificativo de
que o inerte foi adquirido por vias legal.

12. Qualquer agente fiscalizador que constatar alguma infraco ao


presente diploma, elabora imediatamente o auto de notcia da ocorrncia
donde constaro:

a) Local de infraco;

b) Identificao completa do infractor;

c) Meio de transporte utilizado;

d) Quantidade de inerte extrado;

e) Se o infractor ou no portador de licena;

13. O auto da notcia ser remetido ao sector competente do Ministrio


da Defesa para os devidos efeitos.

14. O sector competente do Ministrio da Defesa, por sua vez, deve dar
a conhecer do facto, por escrito, a todos os agentes mencionados no n. 3 do
presente artigo.

247

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

Artigo 18.
Medidas de Minimizao e Controlo
do Impacto Ambiental

1. Os sectores competentes dos Ministrio da Defesa e do Ambiente


devem encontrar, em conjunto, os mecanismos necessrios recolha de todas
as informaes peridicas sobre a nossa orla costeira, incluindo a criao dum
sistema topogrfico de observao peridica de todas as praias. Essas
actividades devem ser suportadas financeiramente pelo O.G.E., pelo Fundo do
Ambiente, assim como pelos valores referidos na alnea b) do n. 1 do artigo
16..

2. Fica a DOTMA responsvel pela recepo e tratamento desses


dados.

3. feito um registo topogrfico das praias antes e depois do perodo de


extraco.

4.

As

praias

autorizadas

devem

ser

fotografadas

anualmente,

decorrendo o custo com a operao pela verba destinada ao Fundo do


Ambiente.

CAPTULO V

Direitos e Deveres

Artigo 19.
Direitos dos Beneficirios

l. Os beneficirios tm direito a uma nica autorizao de cada vez,


autorizao essa que s ser emitida se a respectiva licena estiver
actualizada.

248

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

2. Os beneficirios tm o direito de revenda dos inertes extrados,


emitindo para tal a respectiva factura e obedecendo ao estipulado no artigo
14.

Artigo 20.
Deveres dos Beneficirios

1. Os beneficirios de licena tm o dever de:

a) Manter a licena e a autorizao em bom estado de conservao;

b) No fazer extraco em quantidade superior determinada na


licena;

c) Extrair sempre na presena do chefe da praia;

d) Emitir sempre factura ao comprador;


e) Respeitar as regras de extraco, salvaguardar o ambiente
circundante praia, incluindo a via de acesso.

2. O no comprimento do estabelecido na alnea e) do nmero anterior


ser considerada infraco punvel, ao abrigo do n. 2. do artigo 25..

Artigo 21.
Do Comprador

Qualquer comprador de inertes atravs dos vendedores, tem o direito


de exigir destes a correspondente factura.

Artigo 22.
Deveres da Entidade Licenciadora

249

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

So deveres da entidade licenciadora:

a) Diligenciar no sentido de que o beneficirio no fique lesado por falta


da devida autorizao de utilizao duma praia;

b) Diligenciar no sentido de que haja um controle regular das praias


autorizadas e no autorizadas;

c) Colher todos os dados indispensveis a um posterior controle e


estudo rigoroso da capacidade da praias.

d) Dar orientaes aos chefes de praias sobre as decises tomadas no


mbito deste diploma.

e) Sensibilizar a populao sobre o contedo do presente diploma.

Capitulo VI

Responsabilidades

Artigo 23.
Do Estado

Fica o ministrio responsvel pelo sector do ambiente, o uso da


faculdade que lhe confere a Lei de Bases do Ambiente, responsvel pelo
cumprimento do disposto neste diploma.

Artigo 24.
Do Beneficirio da Licena

Fica o beneficirio da licena responsvel pela reparao de quaisquer


danos causados no acto de extraco, ao ambiente circundante praia, assim
como a via de acesso mesma.
250

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

CAPITULO VII

Do Cumprimento da Legislao

Seco I
Infraces

Artigo 25.
Tipo de Infraces

1. So consideradas infraces graves:

a) Extraco de areias, calcrios, recifes, calhaus, sem prvia


autorizao:

b) Extraco desses inertes seja por quem for, licenciado ou no, em


praias no devidamente autorizadas;

c) Extraco na ausncia do respectivo chefe de praia:

d) Transporte desses materiais em viaturas no identificadas nas


respectivas licenas;

e) Extraco de uma quantidade de inertes superior ao fixado na


respectiva licena;

f) Qualquer forma de suborno para conseguir extrair em locais no


autorizados ou circular com materiais ilegalmente extrados;

g) Venda dos inertes sem a passagem da factura;

h) Compra de inertes sem a necessria factura:


251

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

i) Uso de equipamentos no autorizados no processo de extraco.

2. Aquele que infringir o preceituado n. 1 do presente artigo, a sua


licena ser imediatamente anulada, se a tiver, e, durante um perodo de 2
anos a contar da data da infraco, no poder obter licenas ou autorizao
de extraco.

3. So consideradas infraces leves:

a) A no manuteno da licena e autorizao das praias em bom


estado de conservao;

b) Ausncia da autorizao no momento da fiscalizao, caso seja


beneficirio de alguma autorizao;

c) Quando a extraco, ainda que legal, for feita com a ausncia da


fiscalizao

4. Quando a extraco for ilegal a infraco considerada de muito


grave.

5. As fugas fiscalizao so consideradas, para todos efeitos, como


infraco cometida nos termos do n. 2 deste artigo.

252

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

SECO II

Sanes

Artigo 26.
Multas

Todo o cidado que infringir o preceituado neste diploma fica sujeito s


seguintes multas:

a) s infraces constantes das alneas a) a f) do n. 1 do artigo 25.


correspondem a uma multa equivalente a 20 vezes o valor do inerte extrado ou
a extrair, independentemente da materializao da sua conduta, bem como o
dever de recolocar no local da extraco todo o material extrado;

b) infraco constante da alnea g ) do n. 1 do artigo 25.,


corresponde a uma multa equivalente a dez vezes o valor do inerte vendido;

c) infraco constante da alnea h) do n.1 do artigo anterior


corresponde a uma multa equivalente a duas vezes o valor do inerte comprado;

d) infraco constante da alnea a) do n.3 do artigo 25., corresponde


a uma multa equivalente duas vezes dos valores gastos na obteno da
licena e autorizao;

e) infraco constante da alnea b) do n. 3 do artigo 25., corresponde


uma multa equivalente ao dobro do valor dos materiais extrados;

f) infraco constante da alnea c) do n. 3 do artigo 25., corresponde


uma multa equivalente ao dobro da multa aplicvel na alnea a) deste artigo;

253

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

g) infraco constante do n. 4 do artigo 25. corresponde a uma multa


equivalente a metade da multa aplicvel na alnea a) do presente artigo.

Artigo 27.
Pagamento de Multas

1. O pagamento das multas obedece aos seguintes trmites:

a) Os materiais e o transporte utilizados pelo infractor sero todos


apreendidos at ao pagamento real da multa;

b) No prazo de 5 (cinco) dias aps a apreenso, o infractor deve pagar


imediatamente o valor da multa aplicada;

c) Caso a multa no seja paga os bens apreendidos sero avaliados e


vendidos em hasta pblica, tendo o infractor direito de preferncia;

d) A venda em hasta pblica ser efectuada 15 dias depois da deteco


da infraco, aps aviso prvio atravs dos rgos da comunicao social e
editais.

2. O responsvel pela cobrana das multas o sector competente do


Ministrio da Defesa.

3. Apenas a taxa constante da alnea c) do artigo 28. deve ser paga em


espcie.
4. As taxas constantes das alneas a) e b) do artigo 28. caber ao
sector competente do Ministrio da Defesa indicar ao infractor as contas
bancrias, bem como os valores exactos a depositar, devendo o infractor
depositar os valores nas contas respectivas, apresentando uma cpia do recibo
no sector competente do Ministrio da Defesa, como justificativo.

Artigo 28.
254

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

Destino das Multas

1. As multas cobradas tero a seguinte distribuio:

a) 10% para as Finanas do Estado;

b) 40% para o Fundo do Ambiente;

c) 50% para a entidade que detectou a infraco;

2. A taxa constante da alnea c) do nmero anterior distribuda entre os


agentes participantes na respectiva fiscalizao e na elaborao do auto de
notcias, depois de deduzidas as despesas de fiscalizao, incluindo o
transporte.

CAPTULO VIII

Disposio Finais

Artigo 29.
Casos Omissos

As dvidas e os casos omissos na aplicao do presente diploma sero


resolvidos por despacho conjunto dos Ministros tutelares das pastas da Defesa
e do Ambiente.

Artigo 30.
Entrada em Vigor

O presente decreto entra em vigor nos termos legais.

255

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

Visto e aprovado em Conselho de Ministros em S. Tom, ao 25 de


Fevereiro de 1999. - O Primeiro Ministro e Chefe do Governo, Guilherme
Posser da Costa, - O Ministro da Justia e dos Assuntos Parlamentares, Paulo
Jorge Rodrigues do Esprito Santo, - O Ministro dos Negcios Estrangeiros e
Comunidades, Alberto Paulino, - O Ministro da Defesa, Joo Quaresma
Bexigas, Pelo Ministro do Planeamento, Finanas e Cooperao, Paulo Jorge
Rodrigues do Esprito Santo, - A Ministra da Economia, Maria das Neves Ceita
Batista de Sousa, - O Ministro da Educao e Cultura, Peregrino do
Sacramento da Costa, - Pelo Ministro das Infra-Estruturas, Recursos Naturais e
Ambiente, Maria das Neves Ceita Batista de Sousa, - O Ministro da Sade,
Antnio Soares Marques de Lima, - O Ministro da Administrao Interna e do
Territrio, Manuel da Cruz Maral Lima.

Promulgado em 3 de Agosto de 1999.

Publique-se

O Presidente da Repblica, Miguel dos Anjos da Cunha Lisboa


Trovoada.

256

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

Anexo I
REPBLICA DEMOCRTICA DE SO TOM E PRNCIPE
SERVIOS DE MARINHA
CAPITANIA DOS PORTOS
LICENA N. - ----------------/99-------Concedida a: ____________________________ para extrair os inertes abaixo discriminadas
na Praia identificada na Autorizao da Praia (AUP) em anexo a esta licena:
..M3 de ....,
..M3 de ....,
..M3 de ....,
..M3 de ....,
SOMA: ------------------------------------....,
Incluindo:
50% a) ------------------------....,
CONTA
30% b) ------------------------........,
20% c) ------------------------....,
IMPRESSO -------------------------------....,
OUTROS ----------------------------------....,
TOTAL LICENA ----------------------....,
So Tom, .de .de.
O Capito dos Portos
TOTAL DE INERTES EXTRADOS POR PRAIA
Praia
Perodo

Areia

INERTES (M3)
Calcrio
Calhau

Recife

N. da
Autorizao

TOTAL
NOTA: 1. Esta licena emitida ao abrigo de Decreto N.1 e s valida quando acompanhada
duma AUTORIZAO DE UTILIZAO DA PRAIA vlida.
2. Deve ser remetida entidade licenciadora logo que perder a sua validade.
3. a), b), c): Partes do valor total dos inertes, conforme o artigo 16. do decreto N.
4. Cabe a entidade licenciadora fazer as anotaes sobre o total de inertes extrados em cada
Praia, logo que uma AUP perder a sua validade.

257

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

Anexo II
REPBLICA DEMOCRTICA DE SO TOM E PRNCIPE
SERVIOS DE MARINHA
CAPITANIA DOS PORTOS
Autorizao de Utilizao da Praia a)
Autorizao n. b)/ c)/ d)/ e)/199..
Concedida a: ..
(Nome)
Detentor de licena n. ..
Perodo de validade: /../199.. At /../199..

Areia

Material extrado (m3)


Calcrio Calhau Recife

Nome do
motorista
e o n. da
matricula
da viatura
5

Destino

Data,
hora
e
assinatura
do chefe
da praia
7

NOTA:
1. Esta Autorizao valida quando acompanhado duma licena valida;
2. Deve ser remetida entidade que a emitiu logo que perder a sua validade.
3. Cabe ao Chefe da Praia fazer as anotaes necessrias no momento da extraco.
a) Nome da Praia. b) N. da Autorizao referente ao perodo em causa, tendo em conta
que uma praia pode ser seleccionada mais de uma vez num ano e tambm a mais de um
empresrio. c) N. da Autorizao durante o ano corrente nessa praia. d) N. da
Autorizao geral j concedida a essa praia. e) N. de todas as autorizaes referente a
todas as praias.
CONTA:
Impresso: ,.
Outros: ,.
TOTAL

So Tom, ./../ 199


O Capito dos Portos

258

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

DECRETO LEI SOBRE


AVALIAO DO IMPACTO AMBIENTAL

259

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

260

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

DECRETO-LEI SOBRE O PROCESSO DE


AVALIAO DO IMPACTO AMBIENTAL

Decreto N. 37 / 99 de 30 de Novembro, DR. n. 12

O planeta Terra, tal como hoje o conhecemos, tem os seus recursos


naturais limitados. A presso a que submetemos a utilizao desses recursos
em nome do crescimento econmico e de um melhor nvel de vida no tem
como nica opo possvel o desaparecimento ou degradao progressiva e
irreversvel desses recursos.

Por outro lado os valores econmicos, sociais e ambientais, muitas


vezes tidos como contraditrios e em conflitos no so mais do que faces de
uma mesma moeda, sendo a sua considerao ao nvel da anlise de
viabilidade de poltica e de projectos, um aspecto fundamental para a
prossecuo do desenvolvimento sustentvel do pas. S assim se poder
garantir a consonncia do princpio da gesto racional dos recursos ambientais
e das exigncias do desenvolvimento econmico e social.

Com a materializao dos princpios acima indicados pretende-se


garantir que:

a) Os efeitos sobre o ambiente resultantes das diversas actividades


econmicas

sejam

determinadas,

maximizados,

quando

positivos

minimizados ou eliminados, quando negativos, antes do incio das actividades;

b) A gesto racional das componentes ambientais e dos ecossistemas


constitua uma obrigao permanente dos proponentes e dos rgos de tutela e
licenciamento;

c) O pblico e as comunidades interessadas, incluindo as organizaes


no governamentais, empresas e outras entidades singulares ou colectivas,
261

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

sejam envolvidas e ouvidas na apreciao dos projectos e polticas de


desenvolvimento do pas;

d) O procedimento para o licenciamento ambiental, dos projectos de


desenvolvimento seja transparente, rpido e eficiente;
e) O desenvolvimento sustentvel passe a constituir um pr-requisito na
avaliao e aprovao de polticas e empreendimentos;

f) O princpio da preveno, adoptado ao nvel de vrias convenes


internacionais, em particular da Conveno do Rio de Janeiro assinada em
1992, estabelece que quando os riscos potenciais de um empreendimento so,
partida alarmantes, o Estado dever garantir que a sua implementao no
se faa a custa da qualidade de vida do cidado, da comunidades e do
ambiente;

g) O processo de avaliao do impacto ambiental nas suas diferentes


formas e fases no seja mais do que um instrumento atravs do qual se pode
antever as possveis consequncias para o ambiente e para a comunidade, da
adopo de uma determinada poltica ou empreendimento. A opo de anlise
e avaliao prvias implementao so a nica forma de evitar efeitos
irreversveis sobre os recursos naturais.

A Lei de Bases do Ambiente estabelece o regime de licenciamento


ambiental com base no processo de avaliao do impacto sobre o ambiente
remetendo a sua regulamentao para regulamento especfico.

Nestes termos, no uso das faculdades conferida pela alnea c) do artigo


99 da Constituio, o Governo da Repblica Democrtica de S. Tom e
Prncipe, decreta e eu promulgo o seguinte:

262

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

CAPTULO I

DISPOSIO GERAIS

Artigo 1.
Definies

Para efeitos do presente regulamento entende-se por:


a) Actividade qualquer aco de iniciativa pblica ou privada,
relacionada com a utilizao ou a explorao de componentes ambientais, a
aplicao de tecnologias ou processos produtivos, planos, programas, actos
legislativos, regulamentos que, afecta ou pode afectar o ambiente;
b) Ambiente o meio em que o Homem e outros seres vivem e
interagem entre si e com o prprio meio, e inclui:

- O ar, a luz, a terra e a gua;

- Os ecossistemas, a biodiversidade e as relaes ecolgicas;

- Toda a matria orgnica e inorgnica;

- Todas as condies scio-culturais e econmicas que afectam a vida


das comunidades.
c) Associao de Defesa do Ambiente uma pessoa colectiva que
tem por objecto a proteco, conservao e valorizao dos componentes do
ambiente. O mbito da sua actividade pode ser local, nacional, regional ou
internacional;

263

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

d) Auditoria um processo de avaliao e do teste de rigor cientfico


e tcnico dos pressupostos dos estudos de impacto efectuados assim como a
eficincia das medidas de gesto e controlo recomendadas;
e) Avaliao do Impacto Ambiental um instrumento da gesto
ambiental preventiva e consiste na identificao e anlise prvia, qualitativa e
quantitativa, dos efeitos ambientais benficos e perniciosos de uma actividade
proposta;
f) Certificado de Consultor um documento comprovativo de registo
que licencia o exerccio de consultoria na rea do ambiente;
g) Comunidade um grupo de pessoas organizadas em famlias
dispostas em zonas perifricas do projecto ou dentro do local definido para a
realizao da actividade a que no se circunscrevam, necessariamente, a um
lucham ou a um distrito;
h) Consulta Pblica o processo de auscultao de parecer dos
diversos sectores da sociedade civil, incluindo pessoas colectivas ou
singulares, directa ou indirecta ou potencialmente afectadas pela actividade
proposta;
i) Desenvolvimento Sustentvel o desenvolvimento baseado numa
gesto ambiental que satisfaz as necessidades da gerao presente sem
comprometer o equilbrio do ambiente e a possibilidade das geraes futuras
satisfazerem tambm as necessidades;
j) Entidade Governamental Responsvel pela Gesto do Ambiente
rgo do governo que dirige a execuo da poltica do ambiente e que
actualmente se designa por Ministrio das Infra-Estruturas, Recursos Naturais
e Ambiente;

264

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

k) Estudo do Impacto Ambiental o componente principal do


processo de avaliao do impacto ambiental que analisa tcnica e
cientificamente as consequncias de realizao de determinadas actividades
propostas sobre o ambiente, designadamente, dos riscos e benefcios a curto,
mdio e longo prazo face s opes possveis para a actividade e para a zona
em que se pretende implementar;
l) Licena Ambiental o certificado confirmativo da viabilidade
ambiental de uma actividade proposta, emitido pela entidade governamental
responsvel pela gesto do ambiente;
m) Monitoramento o mecanismo de controle e verificao da
implementao das condies previstas no estudo de avaliao do impacto
ambiental, assim com a aferio da qualidade do ambiente afectado pela
actividade;
n) Padro de Qualidade Ambiental um conjunto de indicadores que
determinam os nveis admissveis de concentrao de poluente prescritos para
os componentes ambientais por lei ou conveno internacional ratificada com
vista a adequ-los a determinado fim;
o) Pr-Avaliao o processo de anlise prvio de projecto quanto
aos seus potenciais impactos e definio do nvel de profundidade a que o
estudo de impacto dever ser submetido, determinando-se, em consequncia
da sua especificidade, os respectivos termos de referncia;
p) Processo toda a documentao prevista nos artigos 6., 7. e 10.
deste Regulamento, incluindo deciso da entidade competente para o
licenciamento ambiental;
q) Proponente qualquer entidade pblica ou privada nacional ou
estrangeira, que se prope realizar uma determinada actividade;
265

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

r) Qualidade do Ambiente o equilbrio e a sanidade de ambiente,


incluindo a adequabilidade dos seus componentes s necessidades do homem
e de outros seres vivos;
s) Reviso o processo de anlises e avaliao cientfica, do mbito,
significado e importncia dos impactos identificados no estudo de impacto de
acordo com os Termos de Referncia definidos e face aos padres mnimos
definidos por lei;
t) Termos de Referncia o conjunto de indicadores do tipo de
informao especfica que dever ser fornecida pelo proponente por ocasio da
submisso estudo do impacto ambiental.

Artigo 2.
mbito de Aplicao

Todas as actividades que pela sua natureza, dimenso ou localizao


sejam susceptveis de provocar impactos significativos no ambiente devero
submeter a sua realizao ao processo de avaliao de impacto ambiental nos
termos do presente diploma legal.

Artigo 3.
Competncias em Matria de Avaliao do Impacto Ambiental

Em matria de avaliao do impacto ambiental compete entidade


governamental responsvel pela gesto do ambiente:

a) Emitir e divulgar directivas gerais sobre o processo avaliao do


impacto ambiental;

b) Elaborar, em coordenao com o(s) organismo(s) de tutela da


actividade(s), e com consultores ambientais, os Termos de Referncia para a
realizao dos estudos de impacto ambiental das actividades propostas;
266

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

c) Emitir periodicamente, em coordenao com o(s) organismo(s) de


tutela da actividade(s), critrios e padres actualizados a que devero
obedecer as anlises a efectuar no mbito do processo de avaliao de
impacto ambiental;

d) Proceder, em estreita coordenao com a sociedade civil e as


comunidades, reviso dos estudos de impacto ambiental;

e) Emitir licenas ambientais;

f) Registar e emitir as licenas para a actividade de consultoria na rea


de ambiental;

g) Garantir, em coordenao com o proponente e o/s organismo/s de


tutela da/s actividades, e monitoramento peridico da actividade ambiental;

h) Realizar, em coordenao com o/s organismo/s de tutela da/s


actividades, o controle e fiscalizao das actividades licenciadas.

CAPTULO II

AVALIAO DO IMPACTO AMBIENTAL

Artigo4.
Documentao Necessria

Com vista avaliao do impacto ambiental das actividades, os


proponentes devero apresentar entidade governamental responsvel pela
gesto do ambiente a seguinte documentao:

a) Uma breve descrio e caracterizao da actualidade;


b) Projecto base ou projecto executivo;
267

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

c) Estudo de viabilidade, projecto de arquitectura e engenharia, mapas


de levantamentos topogrficos conforme for o caso.

Artigo 5.
Pr-Avaliao

1. Toda a actividade nas reas inventariadas no Anexo I ao presente


regulamento dever ser objecto de pr-avaliao pela entidade governamental
responsvel pela gesto do ambiente.

2. O objectivo da pr-avaliao ser determinar, quando for necessrio,


o nvel do detalhe e os termos de referncia especficos a serem observados
pelo proponente na elaborao do estudo de impacto ambiental.

3. A instruo relativa ao estudo de impacto ambiental e nos Termos de


Referncia devero ser objecto de publicao num jornal de grande circulao
e de fixao em edital na sede de distrito em que se pretende levar a cabo a
actividade.

4.

Sempre

que

circunstncias

relativas

natureza,

dimenso,

localizao, critrio de sade pblica ou de proteco ao ambiente exijam, a


entidade governamental responsvel pela gesto do ambiente poder ordenar
a ttulo excepcional a avaliao do impacto ambiental de actividades diversas
das constantes do Anexo I deste regulamento.

5. Ficam isentas da realizao do estudo do impacto ambiental as


propostas de actividades que vierem fazer face a situao de emergncia
derivadas de desastre ou calamidade natural.

6. Caso no seja necessrio realizar qualquer estudo de impacto


ambiental ser passada uma declarao nesse sentido pela entidade

268

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

responsvel

pela

gesto

do

ambiente,

com

deciso

respectiva

fundamentao.

7. A pr-avaliao ser feita a ttulo gratuito, e comunicada por escrito ao


proponente no prazo de sete dias sobre a data de recepo do expediente.

Artigo 6.
Estudo do Impacto Ambiental

1. A realizao de estudo de impacto ambiental e do programa de


monitorizao da inteira responsabilidade dos proponentes das actividades.

2. O estudo de impacto ambiental dever conter, no mnimo, a seguinte


informao:

a) Localizao e descrio da actividade a desenvolver;

b) Diagnstico da situao ambiental da zona, considerando os diversos


componentes ambientais (meio fsico, meio biolgico e meio scio-econmico,
ordenamento e planificao territorial, histrico e cultural);

c) Identificao dos efeitos, directos, indirectos, potenciais, globais e


cumulativos mais significativos sobre o ambiente resultantes da introduo da
actividade quanto:

I. A utilizao dos recursos naturais como o solo, a gua, o ar, incluindo


a fauna e flora e em particular as espcies ou reas protegidas;

II. Ao homem, seu nvel de vida, rendimentos e sua sustentabilidade a


longo prazo;

269

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

III. Aos bens materiais e histricos a existentes incluindo o patrimnio


cultural;

IV. A emisso de resduos, de poluentes, nveis de rudos e odores;

V. A anlise de riscos de acidentes graves e respectivas medidas de


preveno e planos de emergncias;

VI. A descrio dos potenciais efeitos para alm do territrio nacional da


actividade proposta e respectivas medidas de controlo ou de reduo de
efeitos;

VII. As medidas para suprimir ou reduzir os efeitos negativos, com a


indicao do sistema do controle e monitorizao dos impactos previstos
quando se trate de efeitos no interior de territrio nacional;

VIII. A indicao breve das solues tecnolgicas ou de mtodo e


formulao alternativas, incluindo a da no realizao da actividade, e a
justificao da escolha feita;

IX. A indicao das eventuais dificuldades encontradas pelo proponente


(lacunas tcnicas, de informao ou de conhecimento) na compilao da
informao requerida;

X. A metodologia adoptada recolha e fontes de informao, critrios e


padres utilizados;

XI. A proposta do programa, objecto e formas de monitorizao.

3. O estudo de avaliao de impacto ambiental dever ter um resumo


no tcnico com as principais problemticas abordadas e concluses
propostas, para efeito de consulta publica.

270

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

Artigo 7.
Consulta Pblica

1. Para a realizao da consulta pblica no perodo da avaliao de


impacto ambiental a entidade governamental responsvel pela gesto do
ambiente, dever adoptar os mtodos que, caso a caso, se mostrem mais
quando (adequados) para o alcance dos objectivos pretendidos, antindo um
acesso pleno a toda informao existente na sua posse sobre a matria.

2. O Perodo de consulta pblica dever ser amplamente e divulgado


pela entidade governamental responsvel pela gesto do ambiente, nos rgos
de imprensa escrita e falada com maior impacto nas comunidades visadas pelo
projecto, informando igualmente o local de depsito do estudo, a data da(s)
audincia(s) pblica(s) e o prazo, que no dever exceder trinta dias teis,
para a entrega de eventuais exposies e reclamaes .

3. O proponente dever entregar a entidade governamental responsvel


pela gesto ambiental e na respectiva Cmara Distrital, quatro cpias do
resumo no tcnico do estudo do impacto ambiental para consulta pblica.

4. A audincia pblica ser convocada pela entidade governamental


responsvel pela gesto do ambiente, sempre que a dimenso ou efeitos
previsveis do projecto justifiquem.

5. Sempre que houver lugar a/s audincia/s pblica/s o proponente


suportar as despesas da sua realizao.

6. Na audincia pblica podero estar presentes ou representados


membros da sociedade civil, do poder local, das comunidades, de associaes
econmicas, de centros de ensino e investigao, que tenham algum interesse
directo ou indirecto na actividade proposta.

271

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

7. No perodo da consulta pblica sero consideradas todas as


reclamaes ou exposies, orais ou escritas, apresentadas directamente ao
proponente, ao conselho municipal ou a entidade governamental responsvel
pela gesto do ambiente, desde que se relacionem especificamente com o
projecto ou com consequncias directas ou indirectas deste.

8. O relatrio final descrito da consulta pblica especificar as diligncias


efectuadas, a participao registada, as respostas para cada questo suscitada
pelos debates, exposies e reclamaes com as respectivas respostas e
concluses.

Artigo 8.
Critrios de avaliao

1. Os efeitos do impacto da actividade proposta sero determinadas com


base nos seguintes factores:

a) Nmero de pessoas e comunidades abrangidas;

b) Ecossistemas, plantas e animais afectados;

c) Localizao e extenso da rea afectada;

d) Durao e intensidade do impacto;

e) Reversibilidade ou irreversibilidade do impacto;

2. A avaliao do impacto ambiental dever submeter-se aos padres


mnimos de qualidade ou nveis mximos tolerveis de contaminao
relativamente ao ar, gua, solo, e ecossistemas naturais.

272

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

3. At que sejam adoptadas padres especficos nacionais, devero ser


observados os padres estabelecidos pelos organismos internacionais e as
convenes internacionais ratificadas por So Tom e Prncipe.

Artigo 9.
Reviso do Estudo de Impacto Ambiental

1. Recebida a documentao referida no artigo 6. e concludo o relatrio


de consulta pblica nos termos do artigo 7., a entidade governamental
responsvel pela gesto proceder reviso do estudo e avaliao do impacto
ambiental.

2. A entidade governamental responsvel pela gesto do ambiente


poder exigir, no prazo de dois dias aps a entrega do estudo, informaes
adicionais,

assim

como

apresentao

de

esquemas

ou

grficos

complementares que permitam uma melhor compreenso e apreciao do


estudo.

3. A anlise dos estudos do impacto ambiental poder ser feita, quando


a dimenso e complexidade assim o exigir, com recurso a contratao privada
de especialistas em diversas matrias. Os especialistas assim contratados
devero declarar por escrito, previamente a sua contratao, que no tem nem
nunca tiveram qualquer conflito de interesses relacionado directa ou
indirectamente com o projecto em anlise e que no pertencem a qualquer
grupo de presso com ligaes a interesses competitivos aos que esto a ser
objecto de anlise e razo.

4. Aps a reviso do estudo do impacto ambiental, que ser feita com


base nas informaes constantes do artigo 6. n. 2 deste Regulamento e com
base nos Termos de Referncias que sero previamente fornecidos ao
proponente

no

perodo

de

pr-avaliao,

273

entidade

governamental

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

responsvel pela gesto do ambiente tomar uma deciso sobre a viabilidade


ambiental da actividade proposta.

5. A deciso e a respectiva argumentao devero ser objecto de registo


numa acta assinada por todos os especialistas envolvidos na reviso do
estudo. Esta acta dever fazer parte integrante do processo do licenciamento
da actividade e constituir a fundamentao da deciso sobre a actividade
proposta.

6. Sendo rejeitado o estudo de impacto ambiental por omisso de


informao ou por no obedecer aos padres de anlise estipulados por lei, a
documentao ser devolvida ao proponente, acompanhada da respectiva
fundamentao legal e cientifica.

7. O processo de reviso do estudo de impacto ambiental ser pago de


acordo com a tabela que consta do Anexo II.

Artigo 10.
Deciso sobre a Viabilidade Ambiental

1. Quando seja comprovada a viabilidade ambiental das actividades


propostas, ser emitida uma licena ambiental para a actividade proposta.

2. Em caso de objeco grave que impossibilita a aceitao e


licenciamento ambiental das actividades propostas, a entidade governamental
responsvel pela gesto do ambiente tomar uma das seguintes decises:

a) Comunicao escrita da rejeio completa da proposta com a devida


fundamentao cientfica e legal;

b) Comunicao escrita da necessidade de introduo de alteraes


proposta, com a indicao das alteraes a efectuar com respectiva
fundamentao cientfica e legal.
274

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

Artigo 11.
Prazo Para a Comunicao de Decises

1. A entidade responsvel pela gesto do ambiente tomar as decises


referidas no artigo anterior nos seguintes prazos:
a) Anlise de estudo do impacto ambiental, at 60 dias teis;

b) Emisso de licenas ambientais, at 7 dias teis aps ter decorrido o


prazo de anlise referido na alnea a).

c) Comunicao da rejeio das propostas ou da necessidade de


alteraes, at 7 dias teis aps ter decorrido o prazo de anlise referido na
alnea a).

2. Em casos excepcionais devidamente fundamentados e comunicados


por escrito ao proponente, a entidade governamental responsvel pela gesto
de ambiente poder prorrogar os prazos estabelecidos no nmero anterior por
um perodo de no superior a trinta dias.

3. Se nos prazos estabelecidos no artigo anterior nada for comunicado


ao proponente, considerar-se- que a deciso de rgo competente pela
gesto ambiental favorvel, podendo o proponente dar continuidade ao
processo de obteno das demais licenas exigveis.

4. Os prazos indicados no nmero anterior so contados a partir da data


do registo de entrada do estudo de impacto ambiental.

275

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

Artigo 12.
Registo e Consulta do Processo

Os processos relativos avaliao do impacto ambiental ficaro


disponveis para a consulta do pblico interessado, depois de salvaguardados
os direitos do terceiro igualmente protegidos.

CAPTULO III

LICENA AMBIENTAL

Artigo 13.
Precedncia e Publicidade

1. A emisso das licenas ambientais precede a das demais licenas


legalmente exigidas para cada actividade.

2. A concesso de licena ambiental ser publicada pelo proponente no


Dirio da Repblica, at 15 dias aps a sua emisso.

3. As demais licenas exigidas por lei para cada caso, s sero emitidas
mediante a comprovao do pedido de publicidade da licena ambiental no
Dirio da Repblica.

Artigo 14.
Validade

1. Ser considerada caducada e de nenhum efeito toda a licena cuja


actividade no seja implementada nos dois anos seguintes sua emisso.

2. Decorrido o prazo referido no nmero anterior, o proponente ainda


interessado na actividade licenciada dever submeter ao rgo competente

276

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

pela gesto do ambiente um requerimento solicitando a prorrogao do prazo


da validade da licena, podendo aquele tomar uma das seguintes decises:

a) Actualizar a licena por a considerar ainda vlida e compatvel com as


circunstncias do momento;

b) Exigir a actualizao total ou parcial do estudo de impacto ambiental.

CAPTULO VI

CONSULTORES AMBIENTAIS

Artigo 15.
Registo de Consultores Ambientais

1. A entidade governamental responsvel pela gesto do ambiente criar


um sistema de registo de consultores para a rea do ambiente.

2. S podero realizar estudos de impacto ambiental, em So Tom e


Prncipe, os tcnicos com formao superior ou mdia, inscritos nas
respectivas ordens profissionais se as houver, que estejam registados como
consultores nos termos do presente artigo.

3. O licenciamento poder ser feito na qualidade de consultores


individuais, de sociedade de consultoria nacional ou de consrcio de
sociedades de consultoria estabelecido entre consultores nacionais e
estrangeiros.

4. A emisso do certificado de registo acima referido ser feita mediante


requerimento dos interessados contendo os seguintes dados sobre os
consultores:

277

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

a) Nome, nacionalidade, profisso, local de trabalho, domiclio


permanente;

b) Certificado de qualificao acadmica superior para o especialista


snior e certificado de qualificao tcnica para o tcnico mdio;

c) Curriculum vitae demonstrativo da sua experincia e conhecimento da


realidade e dos problemas do ambiente em So Tom e Prncipe e noutros
pases da regio da frica Central;
d) Para o consultor individual dever ainda ser apresentado o nmero de
Identificao Fiscal para o efeitos de imposto complementar e uma declarao
de que no funcionrio ou contratado da entidade governamental
responsvel pela gesto do ambiente;

e) No caso de sociedades e para alm das informaes relativas aos


seus consultores nos termos das alneas anteriores, dever submeter ainda o
portiflio de estudos j realizados, o nmero de matrcula no registo como
contribuinte para efeitos de impostos;

5. Recebido o requerimento, a entidade governamental responsvel pela


gesto do ambiente decidir sobre o pedido num prazo no superior a sete
dias, contados a partir da data de recepo do mesmo e emitir o respectivo
certificado de registo.

6. O certificado de registo ser pago nos termos do Anexo III.

Artigo 16.
Validade e Cancelamento do Registo

1. O certificado de registo ser vlido por um perodo de cinco anos,


automaticamente renovvel por iguais perodos.

278

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

2.

Sem

prejuzo

do

disposto

no

artigo

seguinte,

entidade

governamental responsvel pela gesto do ambiente poder anular o


certificado de registo emitido, com base em qualquer dos seguintes motivos:

a) Fornecimento de informaes falsas ou deliberadamente incorrectas


para o seu registo;

b) Incluso de informaes falsas ou deliberadamente incompletas no


estudo do impacto ambiental que realizam e que induzam em erro a entidade
responsvel pela apreciao e aprovao do projecto respectivo.

Artigo 17.
Responsabilidades dos Consultores Ambientais

Os consultores credenciados para a realizao de estudo de impacto


ambiental so civil e criminalmente responsveis pelas informaes que
forneam no relatrio do estudo de impacto ambiental.

CAPTULO V

GARANTIA E CONTROLE DE APLICAO DA LEI

Artigo 18.
Monitoramento, Inspeco e Auditoria

1. A entidade governamental responsvel pela gesto ambiental dever


proceder com regularidade inspeco e fiscalizao das actividades de
monitoramento levadas a cabo pelo proponente com vista a garantir a
qualidade do ambiente.

2. A entidade governamental responsvel pela gesto ambiental poder


ordenar a realizao de auditorias ambientais para actividades j em curso que
279

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

no se submeteram ao processo de avaliao do impacto ambiental das quais


possam resultar danos para o ambiente.

3. A auditoria ambiental ser objecto de regulamentao especfica.

Artigo 19.
Sanes

1. Qualquer proponente que a revelia da entidade governamental


responsvel pela gesto do ambiente, no submeter o seu projecto ou
actividade ao processo prvio de licenciamento ambiental e cuja actividade
consta do seu Anexo I ao presente Diploma, ou que tendo submetido o seu
estudo de avaliao de impacto ambiental altere substancialmente o projecto
inicial sem submeter as alteraes a novo estudo ou ainda que no implemente
as medidas propostas no estudo ou na licena ambiental responder civil e
criminalmente pelas consequncias e/ou danos que causar ao ambiente.

2. No obstante o disposto no nmero anterior entidade governamental


responsvel pela gesto do ambiente poder em conjunto com a entidade
licenciadora da actividade embargar o empreendimento proibindo o proponente
de prosseguir qualquer actividade at que se conclua a avaliao de impacto
ambiental nos termos do presente Diploma e que se garanta o cumprimento
das condies da licena ambiental.

Artigo 20.
Entrada em Vigor

O presente regulamento entra em vigor sessenta dias aps a data da


sua publicao.

Visto e aprovado pelo conselho de Ministro em S. Tom, aos 25 de


Fevereiro de 1999. - O Primeiro-ministro e Chefe do Governo, Gilherme Posser
da Costa. - O Ministro da Justia e dos Assuntos Parlamentares, Paulo Jorge
280

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

Rodrigues do Esprito Santo. - O Ministro dos Negcios Estrangeiros e


Comunidades, Alberto Paulino. - O Ministro da Defesa, Joo Quaresma Viegas
Bexigas. - Pelo Ministro do Planeamento, Finanas e Cooperao, Paulo Jorge
Rodrigues do Esprito Santo. - Ministra da Economia, Maria das Neves Ceita
Batista de Sousa. - O Ministro da Educao e Cultura, Peregrino do
Sacramento da Costa. - Pelo Ministro das Infra-Estruturas, Recursos Naturais e
Ambiente, Maria das Neves Ceita Batista de Sousa. O Ministro da Sade,
Antnio Soares Marques de Lima. O Ministro da Administrao Interna e do
Territrio, Manuel da Cruz Maral Lima.

Promulgado em 3 de Agosto de 1999.

Publique-se.

O presidente da Republica, MIGUEL ANJOS DA CUNHA LISBOA


TROVOADA.

281

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

ANEXO I
ACTIVIDADES QUE PODERO TER IMPACTOS SIGNIFICATIVOS NO AMBIENTE E QUE
REQUEREM ESTUDOS DE IMPACTO AMBIENTAL

1. Programas e Projectos de desenvolvimento agrrio e pecurio com reas individuais


ou cumulativas, superiores a 20 hectares;

2. Desbravamento, parcelamento e explorao de cobertura vegetal nativa com reas,


individuais ou cumulativas, superiores a 7 hectares;

3. Explorao de recursos hdricos e obras hidrulicas de grande porte, tais como


barragens, desvio de cursos de gua, sistemas de drenagem, irrigao, abertura de barras,
embocaduras,

e diques;

4. Linhas de transmisso de energia elctrica acima de 5 000 KVA;

5. Oleodutos, gasodutos, minerodutos, sistemas de abastecimento de gua e de


saneamento urbano;

6. Extraco, armazenamento, transporte e processamento de combustvel fssil


(petrleo e carvo) e produtos derivados;

7. Extraco de minrios e processamento de metais;

8. Instalaes e complexos industriais e agro-industriais destinados ao fabrico de


cimento, coque, produtos qumicos, pesticida e siderrgicos;

9. Centrais trmicas, hidroelctricas e nucleares;

10. Portos, aeroportos, caminhos-de-ferro, estradas rurais, vias de comunicao,


pontes e aquedutos;

11. Transporte, processamento e eliminao de resduos txicos e perigosos inclusive


radioactivos;

12. Aterro, tratamento e eliminao de lixo municipal, industrial e hospitalar;

13. Projectos de explorao pesqueira e de processamento industrial de peixe;

282

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

14. Programas e projectos que impliquem a deslocao permanente ou temporria de


populao ou comunidades;

15. Planos directores de desenvolvimento e ocupao territorial;

16. Programas e projectos que possam directa ou indirectamente afectar reas


sensveis, tais como:

a) Barreiras de corais;
b) Mangal,
c) Florestas nativas;
d) Pequenas ilhas;
e) Zonas de eroso eminente (encostas de montanhas, dunas da orla martima);
f)

Zonas expostas e desertificadas;

g) Zonas ou reas de conservao e proteco;


h) Pntanos;
i)

Zonas de habitais e ecossistemas em extino;

j)

Zonas de cenrios nicos;

k) Zonas de valor arqueolgico, histrico e cultural a preservar;


l)

Zonas onde se situam espcies, vegetais ou animais em extino.

283

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

ANEXO II
TAXAS A PAGAR PELO PROPONENTE PELO PROCESSO DE REVISO DO ESTUDO DE
IMPACTO E EMISSO DA LICENA AMBIENTAL

1. Actividades ou projectos de valor:

- At USD 500.000, 1% de valor de projecto ou o mnimo de USD 1.000.

- Superior a USD 500.000, USD 5.000, mais de 0,5% sobre o valor excedente para alm dos
USD 500.000.

2. O valor da taxa prevista no n.1 no poder exceder os USD 50.000.

3. As taxas pagas ao abrigo do presente diploma sero utilizadas para financiar o


processo de avaliao do impacto ambiental nos termos do artigo 10..

284

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

ANEXO III
TAXAS A PAGAR PELO CERTIFICADO DE REGISTO DE CONSULTORES AMBIENTAIS
1. As taxas podem ser:
a) Individuais ... USD 150
b) Colectivas por sociedades . USD 1000
2. O valor da taxa poder ser pago em Dobras ao cmbio oficial do dia.
3. As taxas pagas ao abrigo do presente diploma sero utilizadas para financiar o processo de
avaliao do impacto ambiental nos termos artigo 10..

285

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

286

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

DECRETO LEI SOBRE RESDUOS

287

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

288

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

DECRETO - LEI SOBRE RESDUOS

Decreto n. 36 / 99, de 30 de Novembro, DR. n. 12

A prossecuo de uma estratgia que tenha em vista incentivar a menor


produo de resduos slidos, o desenvolvimento de processos tecnolgicos
que permitam a sua reciclagem, a eliminao dos no reciclados em condies
do mximo aproveitamento do seu potencial energtico e outros e de adequada
proteco do ambiente ter de ter como ponto de partida e conhecimento real
do quantitativo dos resduos produzidos, sua caracterizao, destino final e
seus responsveis.

Em ordem a esse objectivo torna-se necessrio lanar as bases de um


sistema de registo obrigatrio de resduos e definir competncias e
responsabilidades no domnio da sua gesto.

neste contexto que surge o presente diploma, com a finalidade de


definir os parmetros de gesto e tratamento desses resduos, por forma a
permitir, apesar da escassez de meios, uma gesto nacional, eficiente e
durvel.

Nestes termos, no uso das faculdades que lhes so conferidas pela


alnea c) do artigo 99. da Constituio, o Governo da Repblica Democrtica
de S. Tom e Prncipe, decreta e eu promulgo o seguinte:

289

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

CAPTULO I

Disposies Gerais

Principio mbito de Aplicao e Definies Gerais

Artigo 1.
Principio

O detentor de resduos slidos, qualquer que seja a sua natureza e


origem, deve promover a sua recolha, armazenagem transporte e eliminao
ou utilizao de tal forma que no ponham em perigo s espcies nem causem
prejuzo ao ambiente.

Artigo 2.
mbito se Aplicao

O presente decreto especfica os dados essenciais a considerar no


licenciamento das diferentes operaes de recolha, transporte, armazenagem,
eliminao ou utilizao dos resduos slidos, tendo em vista a conservao
das espcies e de ambiente.

Artigo 3.
Definies
1 Para efeitos do presente diploma entende-se por:
a) Resduo conjunto de materiais, podendo compreender o que resta
de matrias-primas, aps a sua utilizao e que no possa ser considerado
subprodutos ou produtos, de que o seu possuidor pretenda ou tenha
necessitado de se desembaraar;

290

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

b) Resduos txicos ou perigosos os resduos txicos ou perigosos


contendo alguma ou algumas substncias ou produtos que figuram no anexo I
ao presente diploma, que representem um risco para a sade humana ou para
o ambiente;
c) Resduos slidos industriais todo o conjunto de substncias,
produtos ou materiais que se apresentam no estado slido, resultantes da
laborao de estabelecimentos industriais que no possam ser lanados nos
sistemas de efluentes nem sejam considerados subprodutos;
d) Subprodutos produtos obtidos de matrias-primas cuja obteno
no foi a razo determinante da utilizao daquelas matrias-primas;
e) Depsito local previamente determinado e delimitado para onde
temporariamente so encaminhado os resduos, para efeitos do transporte para
o local de tratamento;

f) Aterro sanitrio - escavao apropriada para acumulao de resduos,


sujeito a cobertura e compresso diria com camadas de terra;

g) Incinerao - combusto de resduos slidos, lquidos e gasosos a


alta temperatura;

h) Compostagem - reduo de resduos vegetais e animais seja por


decomposio biolgico natural das materiais orgnicas ao ar livre seja pelos
meios mecnicos controlados com objectivo de enriquecer a fertilidade dos
solos;
i) Reciclagem - mtodo de tratamento dado a matria que permite a sua
reutilizao, com o objectivo de racionalizar os recursos naturais e proteger o
meio ambiente.

291

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

2 Para efeitos do presente diploma, por empresa deve entender-se,


estabelecimentos

industriais,

comerciais

de

hotelaria,

incluindo

os

restaurantes e petisqueiras.

Captulo II

Classificao, Inventrio, Destino e Recuperao

Seco I

Classificao

Artigo 4.
Tipos de Resduos

1- Em funo da sua origem, os resduos slidos classificam-se de:

a) Domsticos;

b) Industriais e Comerciais;

c) Hospitalares;

d) Produtos Agronmicos;
2 Em funo da sua natureza estes classificam-se em perigosos e no
perigosos.

Artigo 5.
Resduos Domsticos

So os produzidos pela populao na sua actividade domstica


quotidiana.
292

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

Artigo 6.
Resduos Industriais e Comerciais

So aqueles que se refere na alnea c) do artigo 3., bem assim os


resultantes da laborao de estabelecimentos comerciais, incluindo actividades
de hotelaria de bares, podendo ser biodegradveis ou no.

Artigo 7.
Resduos Hospitalares

So produzidos nos centros hospitalares e equipamentos, provenientes


da actividade mdico-cirrgica, classificados como resduos.

Artigo 8.
Produtos Agronmicos

So produtos que provm de uso de pesticidas, herbicidas e outros


utilizados na actividade agrcola, na luta contra os vectores e as pragas.

Seco II

Inventrio, Destino e Recuperao

Artigo 9.
Obrigao de inventrio

1. As Cmaras Distritais, as empresas e as unidades de sade, em


relao aos seus prprios resduos, devem organizar e manter actualizado um
inventrio que indique, com adequada referncia temporal, as quantidades,
natureza, origem e destino dos resduos produzidos ou recolhidos, conforme o
modelo constante do Anexo II.

293

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

2. Tratando-se de resduos txicos ou perigosos deve existir um registo


que refira, para alm dos elementos considerados no nmero anterior, as
condies de armazenagem, localizao e eliminao, bem como os mtodos
utilizados para esta.

3. Os inventrios e os registos nos nmeros anteriores e os dados neles


contidos devem ser facultados s entidades com competncia de fiscalizao
sempre que solicitados.

Artigo 10.
Destino

O destino a dar pelas empresas aos resduos deve constar do processo


de licenciamento, devendo ser indicada a previso da natureza e da
quantidade dos resduos produzidos, para alm de outros elementos que
venham a ser explicados em posterior regulamentao.

Artigo 11.
Recuperao

Os projectos relativos recuperao de resduos, bem como os


projectos de aproveitamento energtico so aprovados pelo membro do
Governo responsvel pelo sector do ambiente, que dar assistncia tcnica e
tecnolgica aos referidos projectos.

294

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

CAPTULO III

Competncias

Artigo 12.
Competncia da Administrao Central

1. Compete aos ministrios licenciadores e ao ministrio da tutela da


rea do ambiente, em despacho conjunto, regulamentar as especificaes
relativas no cumprimento do presente regulamento, designadamente no que
respeita fiscalizao da sua aplicao e das condies de penalizao por
incumprimento.

2. Compete especificamente ao ministrio tutelar do ambiente, ouvidos


os ministros da sade, da indstria, do comrcio e do turismo.

a) Definir a poltica nacional no domnio dos resduos;

b) Estabelecer planos de carcter nacional e regional e directivas de


carcter geral para a remoo, tratamento e destino final dos resduos;

c) Emitir pareceres, vinculativos sobre projectos que lhes sejam


submetidos pelas cmaras distritais, isoladamente ou em associaes;

d) Proceder a investimentos relativos aos aterros sanitrios e outras


estaes de tratamento e destino final de resduos.

Artigo 13.
Competncias das Cmaras Distritais

Sem prejuzo do disposto no artigo 9., atribuio das Cmaras


Distritais, nas reas da sua jurisdio, independentemente da natureza do
295

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

domnio,

produzir

regulamentao

que

melhor

se

adapte

as

suas

especificidades, com o objectivo de garantir o bom desempenho no processo


de fiscalizao e aplicao de penas por incumprimento do estatudo no
presente diploma, competindo-lhes designadamente:

a) Definir os sistemas para a remoo, tratamento e destino final dos


resduos, produzidos nas suas reas de jurisdio e elaborar com a necessria
justificao e de acordo com critrios de proteco da sade pblica e do
ambiente, tendo em conta a eficcia e eficincia desejveis, os respectivos
projectos, no quadro das normas e regulamentos e de outras disposies em
vigor bem como dos existentes para a regio, e submet-los ao parecer do
ministrio da tutela da rea do ambiente;

b) Promover a implementao dos projectos que tenham recebido o


parecer favorvel do ministrio da tutela da rea do ambiente e realizar os
investimentos para tal necessrios;

c) Publicar posturas de recolha e transporte dos resduos, nas quais


sejam estabelecidas as directrizes gerais referentes s operaes constantes
dos planos de remoo;

d) Planificar, organizar e promover a recolha, transporte, eliminao ou


utilizao dos resduos;

e) Zelar pela criao de aterros sanitrios nas reas da sua jurisdio;

f) Cobrar as multas provenientes das infraces a presente diploma;

Artigo 14.
Competncia das Empresas e Unidades de Sade

Compete as empresas e unidades de sade dar destino adequado aos


seus resduos nos termos consignados no presente diploma, podendo
296

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

entretanto acordar a sua recolha, triagem, transporte, armazenagem,


eliminao ou utilizao com as cmaras distritais com jurisdio na rea onde
se verifica a produo desses resduos ou empresas para tal devidamente
autorizadas.

CAPTULO IV

Processo dos Resduos

Seco I

Procedimentos Obrigatrios
Artigo 15.
Deposies

A deposio para efeitos do presente diploma a primeira fase de


processamento dos resduos e consiste na colocao de resduos em
dispositivos normalizados a fim de serem recolhidos.

Artigo 16.
Recolha

1. A recolha dos resduos a primeira fase do processo de tratamento e


deve obedecer aos princpios de salubridade e higiene pblicas, devendo por
isso os intervenientes nessa aco estar munidos de vesturio, calados e
luvas apropriadas, bem como da respectiva mscara de proteco.

2. A recolha deve processar-se, de preferncia, durante as primeiras


horas do dia, nas zonas comerciais e residenciais urbanas, por forma a causar
menos embarao possvel aos utentes dos espaos colectivos, e a noite nas
restantes zonas, devendo ser diria na Zona Comercial e nas residenciais
urbanas e em dias alternados nas zonas suburbanas.
297

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

Artigo 17.
Transporte

1. O transporte dos resduos deve ser efectuado, de preferncia, em


veculos de caixa fechada, munidos de sinal de identificao.

2. Sempre que no for possvel a utilizao de veculos de caixa


fechada, os resduos podero ser transportados em veculos de caixa aberta,
devidamente acondicionados, desde que este se efectue em perodo de pouco
trnsito e sejam observadas as normas mnimas de segurana rodoviria.
3. O disposto no nmero anterior no se aplica ao transporte de resduos
hospitalares, resduos txicos ou perigosos.

Artigo18.
Triagem

A triagem consiste na separao dos resduos, em funo da sua


natureza, devendo obter como resultado mnimo, a separao da matria
orgnica sujeita a putrefaco, da matria inorgnica.

Artigo19.
Tratamento
1. Para efeitos do presente diploma, o tratamento dos resduos pode
processar-se das seguintes formas:

a) Aterro sanitrio;

b) Incinerao;

c) Compostagem;

d) Reciclagem.

298

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

2. No processo de criao do aterro sanitrio, devem ser observadas as


normas de localizao prevista no artigo 12. do presente diploma.

3. O disposto no nmero anterior igualmente valido para a incinerao


e compostagem.

Artigo 20.
Destino final

1. O destino final a ultima fase do processo de eliminao de resduos


para onde sero encaminhados os restos provenientes do processo de
incinerao e de compostagem.

2. No caso de aterro sanitrio o destino final o prprio aterro.

Seco II

Proibio

Artigo 21.
Processo proibidos

So proibidos no territrio da Repblica Democrtica de S. Tom e


Prncipe os seguintes processos de eliminao de resduos:

a) O lanamento nas fontes, nos rios e riachos, no litoral marinho, bem


como no mar territorial, zona econmica exclusiva, zona continua e em todo
outro local contrario a disposies do presente decreto;

b) A imerso nos espaos referidos na alnea anterior.

299

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

CAPITULO V

Unidades de tratamento e destino final

Artigo 22.
Licenciamento

Os locais destinados a tratamento e destino final dos resduos,


equiparam-se aos estabelecimentos industriais, estando por isso sujeitos ao
licenciamento junto ao competente rgo da administrao.

Artigo 23.
Processo geral

O processo de licenciamento a que se refere o artigo anterior, deve ser


instrudo, obedecendo aos seguintes elementos:

a) Identificao dos resduos admissveis, sua categoria, tipos de


resduos e respectiva quantidade;

b) Procedimentos de identificao, controle e registo dos resduos


admitidos;

c) Descrio dos processos ou tecnologias utilizados;

d) Procedimentos de segurana a adoptar em caso de acidente


industrial.

Artigo 24.
Processos Especficos

1. Os processos de licenciamento de estabelecimentos de eliminao a


seguir indicados devem considerar, no mnimo, os seguintes elementos:
300

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

a) Aterros Sanitrios:

1) Caracterizao geolgica, hdrica e hidrogeologica;

2) Estudo do impacto;

3) Meios e mtodos de explorao;

4) Controle durante a explorao;

5) Utilizao aps encerramento e caractersticas da camada final.

b) Estaes de incinerao:

1) Tipo e capacidade do incinerador;

2) Temperatura de incinerao e tempo de residncia;

3) Caudal e sistema de controle da incinerao;

4) Caracterizao e controle de efluentes;

5) Altura da chamin.

c) Instalaes de tratamento fsico-qumico:

1) Mtodo ou mtodos fsico-qumicos utilizados;

2) Contaminantes removidos;

3) Natureza e composio das lamas e outros efluentes e respectivo


controle.
301

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

2. Os procedimentos atinentes a cada um dos processos especficos


sero regulamentados em diploma prprio.

CAPTULO VI

Aterro Sanitrio

Artigo 25
Depsito

Para efeitos do presente diploma entende-se por depsito, o dispositivo


na alnea e) do artigo 3..

Artigo 26.
Localizao

1. Os aterros sanitrios devem estar localizados a mais de 500 m das


zonas residenciais, de desenvolvimento agro-pecurio, das reas protegidas e
bem assim das fontes dos rios e da orla martima.

2. Esses depsitos no devem estar localizados a menos de 200 m da


plataforma da estrada sejam elas nacionais ou secundrias.

CAPTULO VII

Artigo 27.
Sector Industrial

Sem prejuzo dos deveres emergentes do princpio geral do poluidorpagador, j decorrente da Lei das bases do ambiente, sero encorajadas e
outorgados benefcios no quadro que a lei instituir, o investimento em
actividades industriais de conservao ambiental.

302

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

Artigo 28.
reas Especficas

O disposto no nmero anterior ser aplicado as unidades industriais que


invistam nas seguintes reas:

a) Recuperao prioritria de resduos txicos ou perigosos;

b) Reutilizao e/ou reciclagem dos resduos, quando reconhecidamente


corresponder melhor soluo tcnico-econmica;

c) Recuperao de matrias-primas ou a produo de energia;

d) Diminuio qualitativa e quantitativa da produo dos resduos mais


nocivos originados na indstria transformadora.

CAPTULO VIII

Fiscalizao

Seco I

Conselho de Fiscalizao

Artigo 29.
Definio

O Conselho de Fiscalizao, abreviadamente designado de CF um


rgo de controle, encarregue de vigiar o escrupuloso cumprimento do
estatudo no presente diploma.

303

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

Artigo 30.
Composio

1. O CF constitudo por um presidente, conjuntamente designado pelos


ministros tutelares do ambiente, da sade e da industria e tem tantos vogais,
quantos o nmero de Cmaras Distritais existentes no Pas, em conformidade
com a Lei da Diviso Poltica e Administrativa, e bem assim um representante
da sociedade civil, escolhido dentre as ONG's envolvidas na problemtica da
proteco e conservao do ambiente.

2. O Presidente do CF tem voto de qualidade.

Artigo 31
Competncia

Compete ao CF:

a) Desenvolver aces de fiscalizao em todo o territrio nacional e em


todas as fases do processo de tratamento de resduos;

b) Propor aos ministrios tutelares do ambiente, da sade e da industria


a produo de normas de proteco e conservao, sempre que considerar
pertinente;

c) Propor s cmaras distritais a criao de estaes de tratamento;

d) Emitir certificados de vistorias s estaes de tratamento e depsitos;

e) Zelar pela harmonizao das normas do direito interno com as


convenes internacionais na matria.

Artigo 32.
Relatrio Anual
304

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

O CF apresenta anualmente aos ministros do ambiente da sade e da


indstria, um relatrio das suas actividades.

Seco II

Fiscalizao Especial

Artigo 33.
reas Protegidas e Zonas de Caa

reas protegidas, bem como nas zonas de caa, a fiscalizao


efectuada pelos seus rgos, em conformidade com o disposto nos respectivos
regulamentos.

CAPTULO IX
Cumprimento da Legislao

Artigo 34.
Infraces

Constitui infraco, a prtica de actos e actividades, contrrias ao


disposto no presente diploma.

Artigo 35.
Processo

1. O processo de aplicao das sanes compreende autuao, seguida


de notificao do infractor para o cumprimento voluntrio do pagamento da
multa.

305

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

2. Caso no se verifique cumprimento voluntrio de pagamento da


multa, uma cpia do auto levantado e da certido de notificao enviada s
autoridades competentes, para efeitos de cobrana coerciva.

3. Quando o infractor for apanhado em flagrante delito, o autuante


procede sua deteno, e envia-o conjuntamente com o auto levantado, s
competentes autoridades.

4. Tem poderes de deteno as entidades constantes na Lei de


Conservao da Fauna, Flora e reas Protegidas.

Artigo 36.
Sanes

1. Em funo da gravidade do acto lesivo ou da omisso consciente, as


sanes so:

a) Multa de Dbs. 200.000,00 5.000.000,00 no caso de pessoas


singulares;

b) Multa de Dbs. 500.000,00 10.000.000,00 no caso de pessoas


colectivas;

2. A tentativa e a negligncia so punveis.

Artigo 37.
Sanes Acessrias

Quando

gravidade

da

infraco

justifique,

pode-se

aplicar

acessoriamente as seguintes sanes:

a) Apreenso dos objectos pertencentes ao agente que tenham sido


utilizados como instrumentos na prtica da infraco;
306

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

b) Privao do direito a subsdios outorgados por entidades ou servios


pblicos;

c) Interdio de exerccio de actividade por um perodo mximo de dois


anos.

Artigo 38.
Responsabilidade Civil

Independentemente das sanes a que esto sujeitos os agentes pelas


infraces cometidas no mbito do presente diploma, com vista a reparao
dos danos causados ao ambiente, pode a administrao intentar aco cvel de
indemnizao por perdas e danos, requerendo a reposio e/ou a restaurao
da rea afectada, nos casos em que for possvel.

Artigo 39.
Destino das Multas

1. As verbas arrecadadas das multas aplicadas aos infractores revertemse a favor da cmara distrital com jurisdio sobre a rea em que se registou a
infraco, do agente ou grupo de agentes que a aplicaram, sob forma de
emolumento, bem como a favor do Fundo para o Ambiente, a que refere a Lei
das Bases do Ambiente.

2. O modo de distribuio das respectivas fraces ser definido por


despacho do ministro tutelar do ambiente.

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Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

CAPTULO X

Disposies Finais e Transitrias

Artigo 40.
Conselho de Fiscalizao

Enquanto no for criado Conselho de Fiscalizao, cabe ao ministrio


tutelar do ambiente exercer as funes que lhe so cometidas nos termos do
presente decreto.

Artigo 41.
Revogao

Ficam revogadas todas as disposies que contrariem o presente


diploma, designadamente os artigos 50., 51. e 52., do Decreto-Lei 59/80.

Artigo 42.
Dvidas e Omisses

1. As dvidas e os casos omissos que emergirem da aplicao do


presente diploma so resolvidas e preenchidas por despacho conjunto dos
ministros tutelares do ambiente e sade, ouvidos os presidentes das cmaras
distritais.

2. Caso as dvidas ou omisses sejam de tal natureza que exijam a


interveno do responsvel de pelouro governamental distinto dos apontados
no nmero anterior, a sua participao indispensvel.

308

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

Artigo 43.
Entrada em vigor

O presente diploma entra em, vigor 60 dias aps a data da sua


publicao.

Visto e aprovado em Conselho de Ministros em S. Tom, aos25 de


Fevereiro de l999. O Primeiro-ministro e Chefe do Governo, Guilherme
Posser da Costa O Ministro da Justia e dos Assuntos Parlamentares Paulo
Jorge Rodrigues do Esprito Santo. O Ministro dos Negcios Estrangeiros e
Comunidades, Alberto Paulino - Ministro da Defesa , Joo Quaresma Bexigas, Pelo Ministro do Planeamento, Finanas e Cooperao, Paulo Jorge Rodrigues
do Esprito Santo A Ministra da Economia , Maria das Neves Ceita Batista de
Sousa O Ministro da Educao e Cultura, Peregrino do Sacramento da Costa
Pelo Ministro das Infra-Estruturas, Recursos Naturais e Ambiente Maria das
Neves Ceita Batista de Sousa - O Ministro da Sade, Antnio Soares Marques
de Lima O Ministro da Administrao Interna e do Territrio Manuel da Graa
Maral Lima
Promulgado em 3 de Agosto de 1999.
Publique-se

O presidente da Repblica, Miguel Trovoada da Cunha Lisboa Trovoada.

309

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

310

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

ANEXO I

COMPONENTES TXICOS E PERIGOSOS


1 Arsnio e compostos de arsnio.
2 - Mercrio e composto de mercrio
3 Cdmio e composto de cdmio
4 Tlio e composto de tlio
5 - Berlio e composto de berlio
6 Composto de crmio hexavalente
7 Chumbo e composto de chumbo
8 - Antimnio e composto do antimnio
9 Cianetos orgnicos e inorgnicos
10 Fenis e composto fenlicos
11 - Isocianetos
12 Compostos organo-halogenados, com excluso de substancias
polimerizadas inertes.
13 Solventes clorados
14 Solventes orgnicos
15 Tiocidas e substncias fitofarmacuticas
16 Produtos base de alcatro provenientes de operaes de refinao e
resduos provenientes da operao de destilao
17 Compostos farmacuticos
18 Perxidos, cloratos, percloratos e azotados
19 - teres
20 Substncia qumicas de laboratrios no identificadas e ou novas cujo
efeitos sobre o ambientes sejam desconhecidos
21 Amianto (poeiras e fibras)
22 - Selnio e composto de selnio
23 - Telrio e composto telrio
24 Compostos aromticos policclicos (de efeitos cancergenos)
25 Metais carbonilos
311

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

26 - Compostos solveis de cobre


27 Substncias cidas e ou bsicas utilizadas nos tratamentos de superfcie
dos metais.

312

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

ANEXO II
MAPA DE RESDUOS SLIDOS (a)
DISTRITO

ANO

1 Quantidade de resduos recolhidos


2 Populao servida com a recolha
3 - Populao residente no Distrito
4 Tratamento ou destino final dado aos resduos recolhidos
LOCALIZA
O

QUANTIDADES
ANUAIS

Aterro sanitrio
Compostagem
Incinerao
Outros
5 Peso especfico mdio anual dos resduos recolhidos, em Kgs/m3.
6 Composio fsica mdia anual dos resduos recolhidos, em percentagens do seu peso total e
em relao aos componentes a baixo descriminado.

Papel
e
Carto

Vidro Plstico

Metais
Ferroso
N
ferroso

Materiais
Txteis Outros
Fermentveis

Finos
(M20
mm)

7 Quantidade de metais reciclado dos resduos slidos.

Vidro

Papel e
Caro

Plstico

Ferroso

Metais
Outros
N Ferroso
Alumnio Outros

Na origem
(Recolha
Selectiva)
No destino (Aterro
sanitrio,
compostagem,
outro)
8 Caso a Cmara Distrital recolha e/ou elimine resduos industriais e hospitalares, de acordo
com o definido no artigo 16. do presente Regulamento, indique as caractersticas desses
resduos, as quantidades e refira quais quer factos que julgue contribuir para melhor
compreenso da situao.

313

Total

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

314

Legislao Ambiental de So Tom e Prncipe

INDICE
Constituio da Republica Democrtica de So Tom e Prncipe pag. 5
pag. 15.

LEIS AMBIENTAIS DE MBITO NACIONAL:


LEI BASE DO AMBIENTE
Lei N. 10 / 1999, de 31 de Dezembro, DR n15, 5 Suplemento pag. 19
pag. 52.

LEI DE PESCAS
LEI N. 9 / 2001, de 31 de Dezembro pag. 53 pag. 94.
LEI DE BASE DE SEGURANA MARTIMA E DE PREVENO CONTRA A
POLUIO DO MAR
Lei n. 13/2007, de 11 de Setembro de 2007 pag. 95 pag. 113.
LEI DA CONSERVAO DA FAUNA, FLORA E DAS REAS PROTEGIDAS
- Lei N. 11/99, de 31 de Dezembro, DR. n 15, 5 Suplemento pag. 115 pag.
141.
LEI DE FLORESTAS
Lei n 5 / 2001, de 31 de Dezembro, publicado no DR n. 8, 2. Suplemento
pag. 143 pag. 185.
LEI DO PARQUE NATURAL OB DE SO TOM
LEI N. 6 / 2006, de 2 de Agosto, DR. n. 29 pag. 187 pag. 210.
LEI DO PARQUE NATURAL OB DO PRNCIPE
LEI N. 7 / 2006, de 2 de Agosto, DR n 29 pag. 211 229.

DECRETOS LEIS AMBIENTAIS DE MBITO NACIONAL:


DECRETO - LEI SOBRE A EXTRACO DE INERTES
Decreto n 35 / 99, de 12 de Novembro pag. 233 pag. 256;
Anexo I pag. 257
Anexo II pag. 258
DECRETO-LEI SOBRE O PROCESSO DE AVALIAO DO IMPACTO
AMBIENTAL
Decreto N. 37 / 99 de 30 de Novembro, DR. n. 12 pag. 259 pag. 281.
Anexo I pag. 282 pag. 283.
315

Lcia Lara do Rosrio Carvalho / Odair Tavares Baa

Anexo II pag. 284.


Anexo III pag. 285.
DECRETO - LEI SOBRE RESDUOS
Decreto n. 36 / 99, de 30 de Novembro, DR. n. 12 pag. 287 pag. 309.
Anexo I pag. 311 pag. 312.
Anexo II pag. 313.

316

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