Higiene - e - Seguranca - Alimentar - Na - Restauracao - Vol 1 PDF
Higiene - e - Seguranca - Alimentar - Na - Restauracao - Vol 1 PDF
Higiene - e - Seguranca - Alimentar - Na - Restauracao - Vol 1 PDF
VOLUME I - Iniciao
Higiene e Segurana
Alimentar na Restaurao
Paulo Baptista / Mrio Linhares
ficha tcnica
INTRODUO
Nos ltimos anos, diversos factores, tanto econmicos como scio-culturais determinaram alteraes substanciais
nos hbitos alimentares da populao, tendo os conceitos e as formas de restaurao evoludo, moldando-se ao
desenvolvimento da sociedade. Entre os factores mais determinantes na mudana que tm conduzido a uma
alterao de costumes alimentares, tanto na forma como no tipo de alimentos que a populao procura, incluem-se:
- O crescimento da populao residente em meios urbanos;
- A distncia e consequente o tempo mdio de deslocao entre a residncia e o local de trabalho ou a escola;
- O aumento da percentagem de mulheres no mercado de trabalho;
- O aumento do poder de compra;
- As preocupaes dietticas.
Estas alteraes potenciam o crescimento do sector da restaurao. No entanto, estas tambm exigem a evoluo
das tcnicas de preparao, confeco, conservao e transporte, de modo a possibilitar s empresas de restaurao
e catering a oferta de alimentos com qualidade sensorial, nutritiva, diettica, respeitando adequadas condies
higio-sanitrias na sua produo. Esta evoluo implica um crescente investimento por parte dos empresrios do
sector da restaurao em tecnologias de conservao, que garantam uma melhor e maior durabilidade dos alimentos,
em processos de regenerao e refrigerao mais rpidos, eficazes e seguros, ou em tcnicas de produo
especializadas.
Actualmente, j no podemos considerar unicamente a restaurao tradicional sem contemplar a diferenciao
entre os vrios tipos de restaurao. Atendendo ao tipo de cliente, podem considerar-se dois grandes grupos:
- A restaurao comercial, ou seja, aquela na qual os estabelecimentos esto abertos a todo o tipo de clientes (e.g.
restaurantes, sales de banquetes, restaurantes take-away) e na qual se podem incluir as empresas de catering
que, apesar de trabalharem com um nmero pr-fixo de centros e clientes, estes podem variar globalmente,
modificando substancialmente o nmero total de servios e os pedidos cozinha central.
- A restaurao social, em que os clientes so fixos, tanto em quantidade como em frequncia (e.g. escolas, lares),
ajustando a sua actividade, tipo de menus e quantidades ao tipo e volume de populao que cada um serve.
De salientar tambm, as situaes que podem ser designadas de restaurao diferida, em que as refeies so
elaboradas em cozinhas centrais, podendo dar-se a possibilidade, de haver desfasamento tanto no espao como
no tempo, total ou parcial, do servio e do consumo, em relao ao momento da confeco.
O uso de matrias-primas semi-elaboradas tambm uma tendncia que se tem vindo a acentuar, na medida em
que esta prtica possibilita uma diminuio significativa dos stocks, da manipulao e dos desperdcios. Entre estas
incluem-se:
- Os produtos de 4 gama, tais como os produtos limpos pr-cozinhados e embalados, os vegetais frescos,
acondicionados, embalados em atmosfera inerte ou os produtos desidratados no pr-cozinhados, cujo perodo
de conservao de 4 a 6 dias a 4C;
- Os produtos de 5 gama, como os pratos cozinhados que permitem, mediante a sua regenerao, compor um
prato em pouco tempo. Estes produtos esto acondicionados em atmosfera controlada e conservam-se normalmente
a 3C num mximo de 6 dias.
Tambm ao nvel da tecnologia est-se a difundir o uso de tcnicas diversas com o objectivo de garantir uma melhor
conservao dos alimentos, durante um maior perodo de tempo.
O embalamento em vcuo de alimentos (e.g. produtos crnicos, pescado) sem processamento prvio, e a cozinha
a vcuo, em que produtos preparados, uma vez embalados, e hermeticamente fechados em embalagens de plstico,
so cozidos num forno a vapor hmido ou num cozedor de banho-maria, constituem exemplos que, embora pouco
difundidos em Portugal, comeam a emergir.
A evoluo acima apresentada, conjugada com as crescentes exigncias dos consumidores e os requisitos legais
exigidos para o exerccio da actividade, exige uma cada vez maior ateno por parte das empresas do sector para
com as questes relacionadas com a segurana alimentar. imprescindvel que as empresas do sector compreendam
as mudanas e avaliem adequadamente a forma como desenvolvem a sua actividade, no sentido de estabelecer
medidas preventivas adequadas sua organizao e a cada uma das tecnologias que as caracterizam, a fim de
garantir a segurana alimentar.
neste enquadramento que, com este livro, se procura abordar alguns dos aspectos bsicos para a compreenso
do modo como a manipulao dos alimentos pode influenciar a segurana alimentar dos consumidores, sendo
apresentadas e discutidas as boas prticas que mais directamente esto relacionadas com as pessoas que
manipulam alimentos nos estabelecimentos de restaurao. Assim, este livro encontra-se organizado em seis
seces:
i) Contaminao de alimentos na restaurao;
ii) Higiene pessoal na restaurao;
iii) Aprovisionamentos na restaurao;
iv) Preparao e confeco de alimentos;
v) Controlo de temperaturas na restaurao;
vi) Higienizao de estabelecimentos na restaurao.
Atravs da abordagem destes temas, os objectivos gerais que se pretendem atingir so:
- Apresentar o conceito de perigos na perspectiva da segurana alimentar, classificando e apresentando os perigos
de acordo com a respectiva natureza: biolgicos, qumicos e fsicos, e discutindo a sua origem e possibilidade
de ocorrncia.
- Apresentar os conceitos de higiene pessoal e as regras de boas prticas de higiene pessoal, bem como a sua
importncia, mostrando a relao entre higiene pessoal e a contaminao de alimentos, descrevendo as consequncias
de uma m higiene pessoal.
- Transmitir os critrios a ter em considerao na compra /recepo de matrias-primas e sensibilizar para a
importncia da correcta armazenagem dos alimentos nas diversas fases, desde a conservao das matrias-primas
at ao produto confeccionado pronto a servir.
- Apresentar as boas prticas na restaurao, abordando as principais actividades: preparao, confeco,
manuteno da temperatura, arrefecimento, reaquecimento/ regenerao e servio, descrevendo as principais
tcnicas de confeco de alimentos e identificando os principais perigos que podero ocorrer caso estas no sejam
adequadamente asseguradas.
- Sensibilizar os operadores para a importncia da temperatura enquanto factor extrnseco e respectiva influncia
na susceptibilidade dos alimentos, desde que estes so recepcionados no estabelecimento at ao momento em
que so consumidos pelos clientes.
Paulo Baptista
Mrio Linhares
CAPTULOS
1)
1.1. Introduo
1.2. Contaminao cruzada
1.2.1. O conceito de contaminao cruzada
1.2.2. Preveno de contaminao cruzada
1.3. O conceito de perigo
1.4. Perigos biolgicos
1.4.1. Bactrias
1.4.2. Fungos
1.4.3. Vrus
1.4.4. Parasitas
1.4.5. Factores que afectam o crescimento microbiano
1.5. Perigos qumicos
1.5.1. Aditivos alimentares
1.5.2. Pesticidas
1.5.3. Medicamentos veterinrios
1.5.4. Metais pesados
1.5.5. Toxinas naturais
1.5.6. Alergenos
1.5.7. Substncias naturais vegetais
1.5.8. Qumicos criados pelo processo de confeco
1.5.9. Qumicos introduzidos nos alimentos
1.6. Perigos fsicos
1.6.1. Natureza dos perigos fsicos
1.6.2. Origem dos perigos fsicos
Objectivos do Captulo
: Apresentar o conceito de perigos na perspectiva de segurana alimentar.
: Classificar os perigos de acordo com a respectiva natureza.
: Apresentar os diversos grupos de perigos biolgicos para a segurana alimentar: bactrias, fungos, vrus e
parasitas.
: Identificar e caracterizar os principais microrganismos patognicos e discutir os factores intrnsecos e extrnsecos
que condicionam o seu crescimento.
: Apresentar, tendo em considerao a sua origem, os principais grupos de perigos qumicos para a segurana
alimentar: aditivos alimentares, metais pesados, pesticidas, resduos de medicamentos, qumicos criados pelos
processos, alergenos e toxinas naturais.
: Discutir a possibilidade de ocorrncia destes perigos, identificando as potenciais fontes e situaes associadas,
bem como as suas implicaes para a sade do consumidor.
: Apresentar, tendo em considerao a sua natureza, os principais tipos de perigos fsicos que podem ocorrer nos
alimentos.
: Discutir a importncia das diferentes origens de perigos fsicos: matrias-primas, materiais de embalagem,
instalaes, equipamentos e utenslios, operadores, actividades de manuteno, actividades de higienizao e
pragas na contaminao dos alimentos.
1)
1.1. Introduo
A grande maioria dos alimentos so excelentes meios para o desenvolvimento de microrganismos, e dependendo
do tipo de microrganismos presentes, da multiplicao microbiana pode resultar a contaminao dos alimentos.
No entanto, os alimentos tambm podem ser o veculo de transmisso de doenas, pelo que a preveno e controlo
dos microrganismos, quer dos patognicos, quer dos microrganismos de deteriorao, so aspectos de mxima
importncia a considerar nos estabelecimentos de restaurao. Um manipulador de alimentos que no respeite
as boas prticas de higiene pode provocar um grande surto de intoxicao alimentar. Um surto de intoxicao num
estabelecimento de restaurao pode provocar danos gravssimos na imagem desse estabelecimento, uma vez
que a contaminao de alimentos pode provocar doenas e at mesmo a morte. Assim, quando se manipulam
alimentos imperativo assegurar a sua qualidade higio-sanitria, atravs da implementao de boas prticas de
higiene.
10
11
Apesar deste captulo se centrar nos microrganismos que podem prejudicar a sade dos consumidores, h que
assinalar a existncia de microrganismos que so benficos. Entre estes incluem-se as bactrias usadas nos
iogurtes ou no queijo, as leveduras participantes na elaborao do vinho ou da cerveja. Existem tambm
microrganismos que, no sendo prejudiciais para a sade, alteram os alimentos tornando-os inaceitveis para o
consumo humano, como o caso dos bolores que alteram as frutas.
1.4.1. Bactrias
As bactrias patognicas so, de entre os vrios tipos de microrganismos, as responsveis pelo maior nmero de
casos de intoxicao alimentar.
Estes seres microscpicos esto presentes em todos os ambientes, como a gua, o solo, o ar, a pele, o cabelo e
o interior dos seres vivos. Deste modo, as bactrias podem estar presentes, desde o incio, nas matrias-primas,
animais ou vegetais, utilizadas na produo de produtos alimentares, ou serem introduzidas nestes por via de um
ou vrios dos agentes enumerados. Na realidade, as bactrias encontram-se presentes em determinados nveis
na maioria dos alimentos crus.
Quando presentes ou em contacto com um alimento, caso as bactrias encontrem condies adequadas que
permitam a sua sobrevivncia e crescimento, poder ocorrer a sua multiplicao. Este desenvolvimento bacteriano,
normalmente designado por crescimento bacteriano, corresponde a um fenmeno de multiplicao bacteriana,
dado que cada bactria, por diviso celular, d origem a duas bactrias que, por sua vez, tambm elas se vo
dividir e dar origem a quatro e assim sucessivamente. Quando o nmero de bactrias atinge um determinado nvel
nos produtos alimentares dose infectante (nmero mnimo de microrganismos necessrios para causar doena),
estes deixam de ser incuos e causam doenas nas pessoas que os consumiram.
Em condies ideais, crescimento rpido, pode significar que um organismo tenha um perodo de gerao (tempo
necessrio para duplicar o nmero de clulas bacterianas) to pequeno que, em menos de 2 horas, 1000 bactrias
possam passar a mais de 1 milho.
O armazenamento ou a manipulao inadequada de alimentos crus contribuem para a ocorrncia de um nmero
significativamente maior desses microrganismos ao longo do processamento, aumentando o risco de se obter um
alimento perigoso, caso ocorra alguma falha ao longo do mesmo.
A maioria das bactrias morre durante a confeco, mas algumas existem sob uma forma resistente denominada
esporo. Trata-se de uma espcie de invlucro que protege a bactria das condies adversas, permitindo-a
sobreviver at que se criem as condies que favoream novamente a sua multiplicao. , por isso, essencial
conhecer e controlar os factores que influenciam o desenvolvimento bacteriano, de modo a contrariar este processo,
uma vez que os esporos apresentam uma resistncia superior ao calor, bem como s radiaes, antibiticos e aos
agentes desinfectantes. Contudo, nem todas as bactrias produzem esporos. As bactrias esporuladas mais
vulgarmente presentes nos alimentos pertencem aos gneros Bacillus e Clostridium.
12
1.4.2. Fungos
Os fungos incluem bolores e leveduras. Embora existam fungos que so benficos e so inclusivamente utilizados
na produo de determinados alimentos, como o queijo, os iogurtes e a cerveja, existem outros que produzem
substncias txicas (micotoxinas), que so prejudiciais ao homem.
Os fungos crescem mais lentamente que as bactrias em alimentos pouco cidos (pH > 4,6) e com elevada
actividade da gua (aw), pelo que raramente constituem um perigo para estes alimentos. Contudo, em alimentos
cidos e em alimentos com baixa actividade da gua a sua velocidade de propagao superior das bactrias,
pelo que o risco associado a este perigo biolgico grande em frutos e sumos de fruto frescos, vegetais, queijos,
cereais, alimentos salgados, alimentos acidificados e alimentos secos, sempre que as condies de armazenamento
no so as mais adequadas. O risco associado a este perigo agrava-se, quando se est na presena de uma
espcie produtora de micotoxinas.
Na restaurao, a reduo deste risco passa pela implementao de boas prticas de higiene, diminuio do tempo
de armazenamento, respeito estrito pelas temperaturas de refrigerao ou congelao, reduo do contacto com
o ar (embalagem), adio de cidos e conservantes.
Normalmente, as leveduras apenas so responsveis pela deteriorao dos alimentos onde se instalam, no
constituindo um problema de segurana sanitria, podendo ainda ser utilizadas como indicadores especficos de
contaminaes cruzadas. As principais espcies responsveis pela deteriorao de alimentos so Saccharomyces
spp. (Saccharomyces rouxii, Saccharomyces heterogenicus, Saccharomyces mellis), Hansenula anmala, Pichia
membranaefaciens, Torulopsis colliculosa.
1.4.3. Vrus
Os vrus so microrganismos muito pequenos, com menos de 0,1 m de dimetro, que no possuem clulas, como
os outros microrganismos, sendo constitudos por cido nucleico revestido por uma protena, e necessitam de um
hospedeiro para se multiplicarem nas clulas vivas.
Os vrus apenas se multiplicam em seres vivos, pelo que no o fazem na maioria dos alimentos, somente naqueles
que se consomem vivos como algum tipo de marisco. Os vrus podem ser transmitidos ao homem pelos alimentos,
atravs da gua ou por outras vias. Sendo incapazes de se reproduzir fora de uma clula viva, no se reproduzem
nem sobrevivem por longos perodos em alimentos, sendo simplesmente transportados por eles.
Um crescente nmero de surtos de gastroenterites tem vindo a ser atribudo a diferentes tipos de vrus. Entre os
vrus associados transmisso de doenas por alimentos destacam-se os vrus (tipo) Norwalk, o vrus da hepatite
A e os rotavrus, havendo ainda registos de casos associados a adenovrus entricos, astrovrus e calicivrus. Em
particular os adenovrus entricos so a causa de 5 a 20% das gastroenterites em crianas, sendo a segunda
causa mais comum de gastroenterite nesta faixa etria.
As fontes de viroses transmitidas por alimentos so fezes e urina de indivduos infectados e a gua contaminada,
pelo que os alimentos mais frequentemente envolvidos em surtos virais so os pescados crus, incluindo mariscos,
os vegetais crus, as saladas e a gua contaminada com fezes humanas. A higiene pessoal dos manipuladores,
com destaque para a higiene das mos, muito importante na preveno da transmisso destes vrus atravs dos
alimentos.
13
1.4.4. Parasitas
Os parasitas so organismos que dependem de um hospedeiro vivo para crescer e se reproduzir, obtendo o seu
alimento a partir deste. Estes podem variar desde organismos unicelulares, como os protozorios, at animais
pluricelulares, como os vermes. Os parasitas pertencentes aos protozorios so quase todos microscpicos, ao
contrrio dos vermes que podem chegar a atingir os 30cm (Ascaris lumbricoides).
Existe um conjunto alargado de animais que so normalmente hospedeiros destes parasitas e que os podem
transmitir ao homem. As infeces parasitrias esto associadas, principalmente, a produtos mal cozidos ou
alimentos prontos para consumo contaminados. A transmisso pode ser efectuada atravs do consumo de carne
desses animais, incluindo pescado contaminado, ou pelo contacto com o animal, nomeadamente animais domsticos.
Neste ltimo caso a contaminao vai ser transmitida aos alimentos pelo manipulador que esteja contaminado e
potencialmente propagada aos consumidores dos produtos alimentares manipulados, particularmente se estes no
sofrerem qualquer processamento trmico aps manipulao (e.g. saladas). Entre os parasitas que podem encontrar
no homem um hospedeiro, podem-se enumerar os seguintes:
. Trichinella spiralis;
. Diphyllobothrium spp.;
. Toxoplasmose gondii;
. Entamoeba histolytica;
. Cryptosporidium parvum;
. Eustronglylides spp.;
. Anisakis simplex;
. Taenia saginata;
. Pseudoterranova decipiens;
. Taenia solium;
. Giardia lamblia;
. Fasciola hepatica;
. Ascaris lumbricoides;
. Cyclospora cayetanensis.
. Trichuris trichiura;
A congelao pode matar os parasitas encontrados em alimentos tradicionalmente consumidos crus, marinados
ou parcialmente cozidos. Os parasitas somente podem alcanar os alimentos atravs do manipulador ou a partir
de gua contaminada. Os riscos reduzem-se de maneira notvel atravs da utilizao frequente de gua potvel
e mantendo as temperaturas adequadas no processamento trmico e no armazenamento em frio.
14
So vrios os factores intrnsecos e extrnsecos aos alimentos que afectam o desenvolvimento microbiano. Os
factores intrnsecos, relacionados com os prprios alimentos, incluem a actividade da gua, o pH, a disponibilidade
de oxignio e nutrientes, os constituintes antimicrobianos e as estruturas biolgicas. Quanto aos factores extrnsecos,
que so na sua essncia as caractersticas do ambiente de armazenagem, incluem a temperatura, a humidade
relativa e a composio da atmosfera.
De todos os microrganismos, as bactrias so a causa mais frequente de doenas provocadas por alimentos. As
bactrias crescem normalmente em ambientes com muita gua disponvel, isto , com actividade da gua elevada
(aw). Em geral, preferem ambientes com pH neutro, suportando a maior parte delas, pH ligeiramente cido ou
alcalino (pH entre 4,5 e 9). A maioria prefere a faixa de temperatura entre os 20 e 45 C, mas muitas podem crescer
em temperaturas de refrigerao, ou a temperaturas mais elevadas, acima de 45 C. No entanto, regra geral, o
crescimento bacteriano mais lento nessas condies. As bactrias apresentam espcies que se podem desenvolver
somente na presena de oxignio aerbias , apenas na ausncia de oxignio anaerbias , outras que crescem
tanto com ou sem oxignio aerbias facultativas e as que necessitam de uma baixa concentrao de oxignio
micro-aerfilas.
As condies ptimas para o desenvolvimento de fungos so, com algumas excepes, aw superior a 0,75,
temperatura superior a 20C e humidade do alimento superior a 14%.
Assim, actuando sobre todos estes factores de forma conjunta possvel introduzir barreiras que limitem o
crescimento microbiano. Deste modo, variando da forma mais conveniente a temperatura, a humidade, o oxignio
e a acidez possvel restringir o nmero e o tipo de microrganismos que podem desenvolver-se nas condies
fixadas. Obter-se-o assim alimentos em que a presena dos microrganismos indesejveis eliminada ou pelo
menos reduzida para nveis que no afectem a sade do consumidor.
15
A maioria das bactrias patognicas encontra-se controlada quando a aw inferior a 0,85, sendo que a produo
de toxinas , na maioria dos casos, inibida a valores de aw inferiores a 0,90. O Staphylococcus aureus uma
excepo, podendo crescer e produzir toxina em alimentos com aw inferiores a 0,90. Deve-se ter em considerao
que estes so valores aproximados na medida em que diferentes solutos podero inibir diferenciadamente o
crescimento microbiano em idnticas condies de aw.
A gua livre existente no ambiente e nos alimentos um dos factores mais determinantes para o desenvolvimento
de fungos em alimentos e para a produo de micotoxinas. A quantidade de gua livre necessria para o
desenvolvimento de bolores e para a produo de micotoxinas por estes varia consideravelmente de espcie para
espcie. Ao contrrio da generalidade das bactrias, que necessitam de actividades de gua da ordem de 0,90
para se desenvolverem, os fungos necessitam de bastante menos gua. A maior parte destes desenvolve-se em
alimentos com valores de aw superiores a 0,70 (a esta actividade da gua corresponde uma humidade no alimento
de cerca de 13%). Perante valores de aw abaixo de 0,60, os fungos no so capazes de germinar e se desenvolver;
contudo, mantm a sua viabilidade e podem retomar o crescimento e o metabolismo normal, assim que a actividade
da gua aumente.
A aw pode ser utilizada em combinao com outros factores de forma a controlar o desenvolvimento de microrganismos
patognicos nos alimentos, podendo ser manipulada nos alimentos por vrias formas, nomeadamente atravs: da
adio de solutos, como o sal e o acar; da remoo da gua por processos de secagem ou cozedura e da
indisponibilidade da gua por congelao.
Acidez
A acidez, incluindo a dos alimentos, normalmente medida na escala de pH, com uma amplitude de 0 a 14. Os
alimentos considerados cidos apresentam valores de pH inferiores a 7, podendo ser divididos em duas categorias:
pouco cidos (4,6 < pH < 7,0) e cidos (pH < 4,5), os considerados alcalinos (ou bsicos) apresentam valores de
pH superiores a 7 e os que apresentam valores de pH igual a 7 so os considerados neutros.
No seu estado natural, a maioria dos alimentos como a carne, o peixe e os vegetais so ligeiramente cidos
enquanto que a maioria das frutas so moderadamente cidas. Um nmero muito limitado de alimentos, como a
clara de ovo, alcalino. A Figura 1.1. apresenta as gamas de pH aproximadas de alguns alimentos.
pH
14
13
12
11
10
9
8
7
6
5
4
3
2
Clara de ovo
Pescado
Carne
Leite
Vegetais
Citrinos
16
A reduo do pH de um alimento contribui para reduzir a capacidade de desenvolvimento microbiano, razo pela
qual a acidificao de alimentos, quer atravs de processos fermentativos (e.g. iogurtes), quer atravs da adio
de cidos fracos (e.g. conservas de pickles) so utilizadas como tcnicas de conservao de alimentos. Assim, a
maioria das bactrias no se multiplica em alimentos com pH inferior a 4,6. Estas apresentam um pH ptimo de
crescimento entre 6,0 e 8,0, apesar de a maioria necessitar de um pH levemente alcalino (entre 7,2 e 7,6), existem
outras que podem admitir situaes mais extremas
semelhana de outros factores, o pH pode interactuar com outros factores como a aw, adio de solutos (e.g.
sal) e a temperatura, de modo a inibir o crescimento de bactrias patognicas e de outros microrganismos.
Relativamente aos fungos, o pH de um alimento tambm de extrema importncia, atendendo a que valores baixos
de pH favorecem o desenvolvimento de leveduras e bolores. Estes podem desenvolver-se numa ampla faixa de
valores de pH (entre 2,5 a 9,5) com valores ptimos mais prximos da acidez, o que faz dos frutos e alguns legumes
um excelente meio para o seu desenvolvimento. Assim, as leveduras apresentam um pH ptimo de crescimento
entre 4,5 e 6,0 e os bolores entre 3,5 e 4,0. O desenvolvimento de bolores e de leveduras depende bastante da
interaco entre a aw e o pH, sendo possvel, a partir destes dois factores, deduzir quais os grupos dominantes
de microrganismos num determinado alimento (Santos, I. M. et al., 1998).
17
18
Temperatura
Todos os microrganismos possuem uma gama de temperatura na qual crescem, existindo um valor mnimo, um
mximo e um valor ptimo para o seu crescimento. A relao entre a temperatura e a taxa de crescimento de
microrganismos varia significativamente entre eles. A maioria dos microrganismos patognicos encontra condies
ptimas de temperatura de desenvolvimento entre os 30 e os 45 C, sendo o seu crescimento tanto mais acelerado
quanto mais prximo da temperatura ptima de crescimento se encontrar o alimento.
As bactrias, segundo o seu tipo, necessitam de diferentes temperaturas para a sua multiplicao, podendo-se
dividir em:
- Psicrfilas, que podem crescer entre -5 e 20C, sendo a temperatura ptima de crescimento entre 12 e 15C.
- Mesfilas, que podem crescer entre 20 e 45C, sendo a temperatura ptima de crescimento entre 30 e 37C.
- Termfilas, que podem crescer entre 45 e 70C, sendo a temperatura ptima de crescimento entre 50 e 55C.
A temperatura de maior risco para a manuteno de alimentos encontra-se entre os 4 e os 63C (zona de perigo),
sendo a temperatura ptima de crescimento para a maioria dos patognicos volta dos 37C (temperatura do corpo
humano). Abaixo de 4C, as bactrias, apesar de no morrerem, multiplicam-se mais lentamente, reduzindo a sua
actividade metablica at ficarem na forma latente. Quando a temperatura aumenta, as bactrias voltam a encontrar
as condies adequadas para a sua multiplicao, sendo este o problema dos alimentos refrigerados, nos quais
no ocorre a destruio das bactrias. Acima dos 63C as bactrias comeam a morrer, sendo maior a sua
mortalidade ao aumentar o tempo de exposio a altas temperaturas. Na realidade dever-se- falar do efeito da
combinao tempo/temperatura no crescimento microbiano. Foi constatado que existe, muitas vezes, uma m
utilizao do binmio tempo/ temperatura, sendo permitidos tempos e temperaturas incorrectas durante o
processamento dos alimentos. Este facto vai possibilitar a multiplicao dos microrganismos patognicos,
eventualmente existentes, at valores que so susceptveis de originar doena no homem, associados ou no
produo de toxinas. O controlo efectivo destes dois parmetros assim um dos principais aspectos a considerar
nas medidas de controlo a implementar.
Os efeitos letais da congelao e refrigerao dependem do microrganismo em questo e das condies de tempo
e temperatura de armazenamento. Alguns microrganismos podem permanecer viveis por longos perodos em
alimentos congelados (temperaturas inferiores a -18C).
A resistncia a altas temperaturas (> 100C) depende das caractersticas dos microrganismos. Entre os patognicos,
o Staphylococcus aureus dos mais resistentes, e pode sobreviver a 60C durante 15 minutos.
No que se refere aos fungos, a gama de temperaturas ptima para o seu desenvolvimento varia entre os 25 a 30 C,
para a temperatura mnima, e os 40 a 45C, para a temperatura mxima. Contudo, alguns fungos so capazes de
se desenvolver a temperaturas de refrigerao acima de 0C (e.g. Penicillium roqueforti), enquanto outros resistem
e desenvolvem-se a temperaturas de 55C (e.g. Aspergillus fumigatus).
19
Humidade relativa
A humidade relativa influencia directamente a actividade da gua do alimento. Se um alimento com baixa actividade
da gua est armazenado num ambiente com alta humidade relativa, a actividade da gua deste alimento aumenta,
permitindo a multiplicao de microrganismos.
A combinao entre humidade relativa e temperatura no pode ser desprezada. Geralmente, quanto maior a
temperatura de armazenagem, menor a humidade relativa, e vice-versa. Por outro lado, alterando a composio
da atmosfera possvel retardar a multiplicao de microrganismos sem diminuir a humidade relativa.
Por exemplo, as condies ptimas para o desenvolvimento de fungos so, com algumas excepes, aw superior
a 0,75, temperatura superior a 20C e humidade do alimento superior a 14%. Com uma actividade de gua de 0,85
e a 20 C, a que corresponde uma humidade do alimento de cerca de 15 a 16%, os esporos fngicos germinam
em 5 a 12 dias. Enquanto que com a actividade da gua reduzida para 0,75, a que corresponde uma humidade
do alimento de cerca de 13 a 14%, j a germinao dos esporos ocorre apenas ao fim de 4 a 12 semanas.
Composio da atmosfera
A atmosfera onde os alimentos so conservados muito importante na inibio do crescimento microbiano. O
dixido de carbono (CO2), o ozono (O3) e o oxignio (O2) so gases que so directamente txicos para alguns
microrganismos. O mecanismo de inibio depende das propriedades fsico-qumicas do gs e da sua interaco
com o alimento. So utilizados vrios mtodos para inibir o crescimento microbiano, sendo a maioria destes
combinados com o controlo de temperatura de forma a aumentar o efeito inibitrio. Entre as vrias tecnologias
inclui-se a embalagem e armazenagem em atmosfera modificada e atmosfera controlada.
A oxidao gerada pelo ozono e pelo oxignio so altamente txicas para bactrias anaerbias e podem ter um
efeito inibidor nos aerbios dependendo da sua concentrao. Por sua vez, o dixido de carbono eficaz relativamente
a microrganismos aerbios, podendo em altas concentraes, inibir outros microrganismos.
As atmosferas de CO2 so usadas para aumentar o tempo de armazenamento de carnes. Alguns hortofrutcolas,
especialmente as frutas, so conservados em atmosferas com O3. Este tipo de atmosfera no recomendado
para alimentos com alto teor de gorduras, j que o ozono acelera a oxidao. O ozono e o CO2 so eficazes para
retardar as alteraes na superfcie de carnes armazenadas por muito tempo.
Existem vrios factores intrnsecos e extrnsecos que influenciam a eficcia das atmosferas, que interactuam entre
si e que influenciam a extenso da proteco que asseguram ao produto. Entre esses factores incluem-se a
temperatura, o nvel de contaminao e o tipo de microrganismos inicialmente presentes no produto, as propriedades
de barreira da embalagem e a composio bioqumica do alimento.
O adequado armazenamento de alimentos pode tambm prevenir a deteriorao e a contaminao dos mesmos,
pelo desenvolvimento de fungos e pela sntese de micotoxinas. Por exemplo, uma atmosfera modificada com 20
a 40% de dixido de carbono previne a sntese de aflatoxina por vrias espcies de Aspergillus.
A Tabela 1.1 apresenta alguns dos principais microrganismos e alguns dos principais factores intrnsecos e extrnsecos
que afectam o seu crescimento microbiano.
20
Tabela 1.1 Principais factores intrnsecos e extrnsecos para a ocorrncia de alguns dos principais microrganismos.
Parmetros
Perigos
Tmin
(C)
Tmx
(C)
pHmin
pHmx
aw min
Bacillus cereus
55
4.3
9.3
0.92
Campylobacter jejuni
30
45
4.9
9.5
0.987
Clostridium botulinum
3.3
45
0.97
Clostridium botulinum
10
48
4.6
9.0
0.94
Clostridium perfringens
10
52
5.0
9.0
0.93
Escherichia coli
6.5
49.4
4.0
9.0
0.95
Enterotoxina estafiloccica
10
50
4.76
9.02
0.86
Listeria monocytogenes
-0.4
45
4.4
9.4
0.92
Salmonella spp.
5.2
46.2
3.7
9.5
0.94
Shigella spp.
6.1
47.1
4.8
9.34
0.96
Staphylococcus aureus
50
10
0.83
10
48
9.8
0.85
Vibrio parahaemolyticus
45.3
4.8
11
0.94
Vibrio cholerae
10
43
10
0.97
Vibrio vulnificus
43
10
0.96
-1.3
42
4.2
10
0.945
Yersinia enterocolitica
Fonte: (FDA, 2001)
21
Nesta categoria inclui-se um vasto conjunto de perigos de origens diversas, desde perigos associados directamente
s caractersticas das prprias matrias-primas at perigos criados ou introduzidos durante a confeco dos
alimentos, passando por aqueles que resultam da contaminao das matrias-primas utilizadas. Deste conjunto
de perigos qumicos, destacam-se:
- Aditivos alimentares (quando utilizados em concentraes indevidas);
- Pesticidas qumicos (e.g. insecticidas, rodenticidas, fungicidas, herbicidas);
- Medicamentos veterinrios (e.g. antibiticos, hormonas);
- Metais pesados (e.g. cdmio, chumbo, mercrio);
- Toxinas naturais (e.g. toxinas associadas a mariscos, cogumelos);
- Alergenos (e.g glten, lactose);
- Qumicos criados pelo processo de confeco;
- Qumicos introduzidos nos alimentos (e.g. produtos de limpeza e desinfeco, lubrificantes).
22
. Acidificante;
. Emulsionante;
. Anti-aglomerante;
. Espessante;
. Antioxidante;
. Estabilizador;
. Aromatizante;
. Intensificador de sabor;
. Conservante;
. Levedante qumico;
. Corante;
. Regulador de acidez.
. Edulcorante;
1.5.2. Pesticidas
Os pesticidas, em geral, possuem elevada resistncia biodegradao, pelo que se acumulam e se disseminam
pela natureza e, consequentemente, pela cadeia alimentar at chegarem ao homem.
Ao contrrio do que acontece com os microrganismos, cujos efeitos patognicos se manifestam ao fim de algumas
horas, o efeito nefasto dos pesticidas s se manifesta ao fim de alguns anos dado que a sua toxicidade se deve
sua aco cumulativa no organismo humano.
A crescente utilizao destes qumicos na agricultura e na produo animal aumenta a probabilidade de contaminao
qumica dos produtos alimentares. A contaminao qumica de produtos provenientes da agricultura faz-se tambm
sentir nas espcies aquticas, nomeadamente no pescado. A contaminao do meio hdrico ocorre por transporte
dos contaminantes qumicos pelo escoamento e infiltraes de gua da chuva para os rios, lagos e aquferos. Ao
afectar a qualidade da gua no meio hdrico, aumenta a probabilidade desta gua vir a contaminar os alimentos,
quer pela utilizao desta na rega quer por incorporao de gua no processamento de alimentos, sem que os
tratamentos que a gua possa ter sofrido assegurem a inexistncia de pesticidas na mesma.
A utilizao dos pesticidas qumicos nos estabelecimentos de restaurao, nomeadamente no controlo de pragas,
deve ser efectuada de forma controlada. Todos os produtos utilizados devero possuir declaraes de autorizao
de venda vlidas, e o estabelecimento deve possuir fichas tcnicas e de segurana desses produtos. O estabelecimento
deve tambm dispor de uma planta com a localizao de todas as estaes de controlo de pragas, as quais devero
estar devidamente identificadas nas instalaes.
23
A presena de resduos de medicamentos veterinrios em alimentos podem causar diversos problemas para a
sade humana. Entre esses problemas, possvel enumerar:
- Desenvolvimento de reaces alrgicas violentas em pessoas sensveis que consumam esse produto;
- Reduo da eficcia dos antibiticos no tratamento de infeces devido ao desenvolvimento de resistncias por
parte dos microrganismos;
- Desenvolvimento de doenas associadas toxicidade do produto e a mutaes que podem ocorrer, conduzindo
consequentemente ao desenvolvimento de doenas de natureza cancergena.
24
1.5.6. Alergenos
Aproximadamente 1% da populao mundial alrgica a substncias que esto presentes naturalmente em vrios
tipos de alimentos, como o leite de vaca, as frutas, as leguminosas (em particular amendoim e soja), os ovos, os
crustceos, as nozes, os peixes, os produtos hortcolas (e.g. aipo), o trigo e outros cereais.
Estas reaces variam com a sensibilidade de cada pessoa. Algumas reaces podem ser moderadas (e.g.
lacrimejar, descarga nasal, cefaleia, irritaes cutneas), no entanto em pessoas extremamente sensveis, estas
podem entrar em choque em poucos minutos.
Em produtos embalados, os ingredientes reconhecidos como alergenos devem encontrar-se indicados no rtulo.
Para estes produtos, o estabelecimento de restaurao dever ter o cuidado de, aquando da sua recepo, verificar
se possuem esse tipo de substncias. Esta prtica indispensvel para evitar o consumo inadvertido dessas
substncias por parte de pessoas que lhes so susceptveis.
25
Nesta categoria de perigos inclui-se um vasto conjunto de objectos, que podem ter origem diversa. Estes podem
provir dos materiais de embalagem e/ou acondicionamento das matrias-primas, de produtos em curso de preparao
e/ou confeco ou de produtos finais, dos equipamentos e utenslios, e ainda dos operadores.
Assim, entre os perigos fsicos mais frequentes possvel enumerar materiais de natureza diversa, tais como:
vidros, madeiras, pedras, metais, materiais de isolamento ou de revestimento, ossos, plsticos, objectos de uso
pessoal, entre outros. A Tabela 1.2 apresenta algumas das origens mais frequentes para os diversos materiais
enunciados.
26
Material
Principais origens
Vidro
Madeira
Pedras
Metal
Isolamento/ revestimento
Material de construo
Ossos
Processamento inadequado
Plstico
Embalagens, equipamentos
Operadores
27
Materiais de embalagem
Os materiais de embalagem constituem tambm uma importante fonte de contaminao dos produtos alimentares
com objectos estranhos. Cuidados deficientes na armazenagem de matrias-primas embaladas podem levar
acumulao de poeiras e partculas na superfcie das embalagens que, se no existirem os devidos cuidados no
seu acondicionamento e manuseamento (e.g. limpar o exterior das embalagens; retirar as embalagens secundrias,
antes de introduzir as matrias-primas nos locais de preparao e confeco, em reas suficientemente afastadas
para prevenir a contaminao dos produtos alimentares), poder levar contaminao dos produtos alimentares.
Os materiais de embalagem que podem contaminar os alimentos so de natureza muito diversa, podendo incluir
madeira (e.g. de caixas de hortofrutcolas), objectos metlicos (e.g. grampos metlicos utilizados para fechar
embalagens de carto), cartes e papis (e.g. de acondicionamento de matrias-primas), cordas (e.g. fios usados
para cozer sacos de papel, como por exemplo os sacos de 25 Kg de farinhas), fitas adesivas (e.g. as utilizadas
para fechar embalagens de carto) e plsticos (e.g. tampas de recipientes para lquidos; sacos de polietileno usado
no acondicionamento de matrias-primas). Dever tambm ser tomado em considerao o facto de as embalagens
poderem tambm ser o veculo de introduo de pragas nos estabelecimentos de restaurao.
28
Na localizao dos equipamentos e das bancas de trabalho deve tambm ter-se em considerao os perigos que
potencialmente possam existir associados s condies da estrutura fsica dos edifcios (e.g. tectos) ou a outras
estruturas que neles se encontrem fixados. Dever ser avaliado o risco de os produtos poderem ser contaminados
com materiais tais como tinta, materiais de isolamento, ferrugem e poeiras que possam desprender-se do tecto,
de tubagens, ou das paredes.
Outro perigo normalmente associado s instalaes dos estabelecimentos de restaurao o vidro. Este perigo
est mais frequentemente associado existncia de janelas e de lmpadas nas zonas de manipulao, preparao
e confeco de alimentos. A utilizao de vidros normais nestas reas deve ser evitada. No caso da existncia
de janelas, estas devero ter vidros inquebrveis, ou com rede metlica, ou serem em material acrlico. Nestas
reas, as lmpadas tm de estar todas protegidas por mangas de proteco ou caixilhos inquebrveis.
A utilizao de recipientes de vidro, nomeadamente no acondicionamento de matrias-primas deve ser minimizado,
e se possvel eliminado. Embalagens de matrias-primas em vidro devem tambm ser evitadas (e.g. garrafas de
azeite).
A deteriorao dos equipamentos pode resultar em contaminaes com objectos fsicos de vrios tipos, como por
exemplo, as juntas em borracha (e.g. de cmaras de conservao de produtos refrigerados ou congelados) que
podem dar origem ao aparecimento de pequenos pedaos de borracha que podem contaminar os produtos.
de referir tambm a possibilidade de contaminao com objectos fsicos provenientes de equipamentos e utenslios
utilizados nas actividades de higienizao, em que uma das situaes de contaminao mais frequente a presena
de restos de esfreges, pedaos de palha de ao e cerdas provenientes de escovas. Adicionalmente, aquando
da utilizao de toalhas de papel, deve assegurar-se que fragmentos das mesmas no contaminam os alimentos.
Assim, a seleco dos utenslios de higienizao e a sua adequada manuteno constituem medidas preventivas
no sentido de minimizar este tipo de ocorrncias.
Portanto, deve ser considerado o estabelecimento e implementao de um plano de manuteno preventiva para
todos os equipamentos, tendo em conta a avaliao resultante de uma anlise de perigos previamente efectuada
(Alves, P., Baptista, P. e Pinheiro, G., 2003).
Operadores
A ocorrncia de contaminao fsica de produtos alimentares com origem nos operadores uma possibilidade que
estar controlada se for garantido o cumprimento integral do conjunto de boas prticas de higiene pessoal
estabelecidas para a restaurao em geral (ver Captulo 2). Caso as boas prticas no estejam efectivamente
implementadas, os alimentos podero ser contaminados por determinados objectos, como: adornos pessoais (e.g.
jias, relgios, pulseiras, brincos, piercings), botes, objectos transportados nos bolsos (e.g. canetas, moedas,
chaves), cabelos, ganchos, plos da barba, unhas, unhas postias, cigarros, fsforos, pastilhas elsticas, caroos
de fruta e materiais de embalagens alimentares (e.g. pedaos de papel, filme plstico, tampas plsticas de garrafas,
anilhas de abertura fcil de garrafas e bebidas de lata).
Actividades de manuteno
A realizao das actividades de manuteno de instalaes e equipamentos, deve ser planeada, sendo importante
reflectir sobre o impacto que estas actividades podero ter ao nvel da segurana alimentar. A sensibilizao do
pessoal que assegura a manuteno, para os aspectos relacionados com a segurana alimentar, essencial de
modo a que estes possam interiorizar nas suas prticas requisitos que no esto directamente relacionados com
as suas funes e relativamente s quais no possuem qualquer formao de base.
29
Instalaes
As actividades de manuteno das instalaes devem ser planeadas de modo a que as reas a intervencionar
sejam segregadas (e.g. com cortinas plsticas) das reas que continuem em laborao. Assim, a manuteno no
dever ser iniciada antes que todos os produtos alimentares expostos ou embalagens que se encontrem na rea,
tenham sido retirados (Baptista, P. e Noronha, J., 2003) ou, quando tal no for possvel, devidamente protegidos,
de forma a evitar a sua contaminao. No final da interveno, as instalaes e os equipamentos devem ser
adequadamente higienizados e dever-se- proceder verificao da higienizao realizada, antes de se reiniciar
as actividades.
Equipamentos
O pessoal da manuteno dever respeitar as regras bsicas de higiene implementadas na rea onde vai realizar
a interveno.
Assim, a manuteno no dever ser iniciada antes que todos os alimentos expostos, caso exista o mnimo risco
de contaminao, tenham sido retirados ou devidamente protegidos. Aps o trabalho estar terminado, todas as
ferramentas, parafusos, leo, desperdcios e outros materiais utilizados devem ser removidos e a rea limpa, e
se necessrio, desinfectada antes de voltar a ser usada.
Actividades de higienizao
Nos estabelecimentos de restaurao, a generalidade do pessoal realiza actividades de higienizao relacionadas
com a sua rea. Todos eles devero ter formao especfica de modo a poder desempenhar este tipo de operaes
fundamentais, para assegurar a segurana alimentar dos produtos produzidos. tambm importante assegurar
que estes, ao realizarem a limpeza e a desinfeco das instalaes, equipamentos e utenslios, o faam sem expor
os alimentos a um risco de contaminao, quer de natureza qumica, quer fsica (ver Captulo 6). No que concerne
s contaminaes de natureza fsica, os equipamentos e utenslios utilizados nos procedimentos de higienizao
constituem eles prprios potenciais fontes de contaminao. Os equipamentos e utenslios utilizados devero ser
mantidos ou substitudos antes de atingirem um estado de desgaste em que os materiais se comecem a desagregar
e possam constituir um risco de contaminao para os alimentos.
Pragas
As contaminaes de alimentos provocadas por pragas podem ser de qualquer tipo: biolgico, fsico e qumico.
Muitas vezes, as contaminaes originadas por pragas resultam em matrias-primas ou produtos sem qualquer
hiptese de recuperao e que tm inevitavelmente de ser destrudos (e.g. produtos que evidenciem contaminao
por roedores; infestaes com insectos). Um animal que seja considerado uma praga constitui uma contaminao
fsica quando ele prprio que surge presente no alimento, encontrando-se as situaes deste tipo mais
frequentemente associadas a insectos.
A minimizao da probabilidade de ocorrncia de contaminaes decorrentes de pragas, incluindo as contaminaes
fsicas, passa pelo estabelecimento e gesto de um plano de controlo de pragas (Baptista, P., 2003). Este dever
abranger os tipos de pragas mais susceptveis de poderem aparecer.
30
2.1. Introduo
2.2. Consequncias para a segurana alimentar de uma higiene pessoal inadequada
2.3. Boas prticas de higiene pessoal
2.3.1. Higiene das mos
2.3.2. Uniforme
2.3.3. Calado
2.3.4. Adornos pessoais
2.3.5. Comportamento pessoal
2.3.6. Outras regras
2.4. Sade, enfermidades, leses e o seu impacto na segurana alimentar
2.4.1. Estado de sade e situaes de doena
2.4.2. Leses
Objectivos do Captulo
: Apresentar os conceitos de higiene pessoal e de boas prticas de higiene pessoal, bem como a sua importncia;
: Mostrar a relao entre higiene pessoal e contaminao de alimentos, descrevendo as consequncias de uma
m higiene pessoal;
: Indicar as regras e princpios bsicos das boas prticas de higiene pessoal;
: Explicar a importncia da frequente e correcta lavagem das mos;
: Descrever a importncia de manter o fardamento, roupa e calado limpos e explicar a necessidade de uso de
toucas para o cabelo e barba;
: Explicar o perigo de utilizao de adornos e objectos de uso pessoal;
: Indicar o perigo para a segurana alimentar de beber, comer, mascar pastilhas elsticas, tossir, cuspir, fumar ou
espirrar enquanto se manipulam alimentos;
: Explicar a importncia do estado de sade dos operadores para a segurana dos alimentos, apresentando as
principais situaes de doena inibidoras do exerccio de funes para quem contacte com alimentos;
: Mostrar o perigo para a segurana alimentar da existncia de leses, como cortes e queimaduras.
31
2)
2.1. Introduo
As doenas de origem alimentar so uma das principais preocupaes ao nvel da Sade Pblica, quer pelas
consequncias que podem advir para as pessoas afectadas, que podem ficar com sequelas graves ou at mesmo
morrer, quer pelas consequncias econmicas, directas e indirectas, para a unidade de restaurao.
As pessoas que de alguma forma contactam com os alimentos nas diversas fases da sua produo, so portadoras
de microrganismos que podem contaminar os alimentos e causar doenas a quem os consome. De facto, as
pessoas envolvidas na preparao e confeco de alimentos constituem um dos principais veculos de contaminao
microbiolgica dos alimentos. Estes microrganismos esto presentes, vivem e desenvolvem-se em diversas partes
do corpo, como por exemplo, o cabelo, nariz, boca, garganta, intestinos, pele, mos e unhas. Mesmo que a pessoa
apresente um estado de sade normal, sem sintomas de qualquer doena, existem sempre no seu corpo
microrganismos que podem passar para os alimentos e causar doenas a quem os consome.
Assim, a higiene pessoal das pessoas que esto envolvidas na manipulao e confeco de alimentos, bem como
os comportamentos por estas assumidos, durante o processamento de alimentos, constitui uma preocupao
fundamental na restaurao.
Os principais microrganismos patognicos que podem estar presentes no corpo e vesturio das pessoas e passar
para os alimentos, causando doena, so: Staphylococcus aureus, Escherichia coli, Salmonella typhi, Shigella spp,
Listeria spp, Streptococcus spp e vrus da Hepatite A. A bactria Staphylococcus aureus, que produz uma toxina
perigosa, est presente na cavidade nasal de cerca de 70% das pessoas. Esta bactria constitui um exemplo de
como um microrganismo que se encontra presente no corpo humano, onde normalmente no causa doena, quando
presente nos alimentos pode provocar doenas.
Outros microrganismos, apesar de no serem causadores de doenas, podem deteriorar (estragar) os alimentos,
sendo chamados de prejudiciais. As doenas causadas pelos microrganismos presentes nos alimentos so de dois
tipos: infeces e intoxicaes (ver Captulo 1, Volume II).
Assim, qualquer pessoa que contacte com alimentos, durante a sua preparao e confeco num estabelecimento
de restaurao, dever manter uma higiene pessoal cuidada, de acordo com as indicaes que se apresentam
neste manual, para evitar contaminar os alimentos, reduzindo deste modo a probabilidade de ocorrncia de doenas
causadas pelos alimentos.
Se uma pessoa que manipula alimentos, durante o seu processamento, mantiver uma higiene pessoal inadequada,
como por exemplo no lavar as mos depois de ir casa de banho ou tiver as unhas sujas, pode transmitir
microrganismos aos alimentos, onde se podem multiplicar, podendo vir a causar problemas de doenas graves a
um elevado nmero de consumidores. Para alm dos casos de ms disposies, febre e vmitos, podem ocorrer
casos de morte. Os idosos, as crianas e pessoas debilitadas por doenas ou por anomalias no sistema imunitrio
so particularmente sensveis. Outra forma que o manipulador tem de infectar os alimentos pela contaminao
cruzada (ver Captulo 1), servindo como veculo dos microrganismos, desde os alimentos contaminados para os
no contaminados.
32
O estado de limpeza da roupa/fardamento tambm muito importante, pois num vesturio sujo, os microrganismos
encontram condies onde se podem multiplicar com mais facilidade.
Os manipuladores podem tambm introduzir nos alimentos objectos fsicos que podem provocar asfixia, danos nos
dentes e, inclusivamente, cortes no aparelho digestivo. Estes objectos podem provir do prprio manipulador, como
brincos, anis, pulseiras; do alimento; por uma m manipulao deste, como lascas de ossos, caroos de fruta,
cascas de ovo; ou da prpria cozinha, como cristais e pedaos de metal. Por ltimo, podem adicionar elementos
qumicos de forma involuntria ou acidental, como por exemplo detergentes.
Lavagem de mos
Sendo as mos um foco de contaminao de alimentos, a sua adequada e frequente lavagem adquire uma
importncia fundamental para garantir que no contribuam para contaminar os alimentos. Embora a lavagem das
mos seja um acto conhecido e realizado habitualmente, as situaes em que se devem lavar, bem como a sua
correcta lavagem, no so muitas vezes reconhecidas como importantes. De facto, uma correcta e frequente
lavagem das mos requer o conhecimento de algumas regras e cuidados elementares, mas importantes.
33
34
Figura 2.1 - reas das mos que podem ficar mal lavadas aps uma lavagem inadequada.
Para uma correcta lavagem das mos deve-se seguir sequencialmente as seguintes regras:
1- Molhar as mos e os antebraos (at aos cotovelos) com gua quente corrente;
2- Ensaboar bem as mos e os antebraos com sabonete lquido desinfectante;
3- Lavar cuidadosamente os espaos entre os dedos, as costas das mos, polegar e unhas (usar uma escova
adequada que dever ser mantida limpa e seca entre as utilizaes);
4- Passar por gua corrente quente;
5- Ensaboar novamente as mos, esfregando-as enquanto se conta at 20;
6- Passar por gua corrente quente;
7- Secar com toalhas de papel descartveis de utilizao nica que devem ser colocadas em recipiente prprio,
com tampa accionada pelo p.
Em situaes em que as mos no se apresentem muito sujas, no necessrio realizar os pontos 5 e 6, ou ento
estes podem ser substitudos pelo procedimento seguinte: aps a primeira lavagem das mos usar um desinfectante,
por exemplo base de lcool, que seque rapidamente sem necessidade de limpar com toalhetes.
35
Luvas
Caso seja necessrio usar luvas descartveis, os trabalhadores devem lavar correctamente as mos antes de
calarem as luvas e de seguida devem desinfectar as luvas, por exemplo com uma soluo desinfectante alcolica.
As tarefas que necessitem de luvas devem ser efectuadas sem interrupo, caso contrrio, as mos devem ser
novamente lavadas e usadas novas luvas desinfectadas. Em determinadas situaes conveniente a mudana
de luvas de 30 em 30 minutos, o que dever se decidido pelo respectivo superior hierrquico.
2.3.2. Uniforme
A roupa e outro material que se use fora do local de laborao deve ser deixada no vestirio, esta deve ser mantida
sempre devidamente limpa e deve ser guardada em cacifos individuais. No local de laborao, todo o pessoal deve
usar fardamento adequado, fornecido pelo estabelecimento, que deve ser mantido limpo, e mudado sempre que
se apresente sujo, mesmo que isso acontea durante o turno de trabalho. O fardamento a utilizar deve obedecer
s seguintes regras:
- Deve ser de cor clara, confortvel e adequado tarefa a desempenhar;
- Ser de uso exclusivo no local de laborao;
- Ser constitudo por touca/barrete, calas, calado apropriado e eventualmente avental.
O fardamento pode ainda incluir, se for considerado necessrio, camisa, camisola ou tnica. Se for necessrio usar
meias, estas devero ser brancas e de algodo.
Para se vestir o fardamento, deve-se, colocar primeiro a touca, (vestir a camisa e camisola, caso necessrio) vestir
a bata e calas e s depois o calado, lavando-se as mos de seguida.
A touca/barrete deve ser usada de modo a cobrir todo o cabelo, no deixando pontas de fora. Para segurar a touca
no se devem usar ganchos ou molas. Esta deve ser presa com a ajuda do elstico que deve fazer parte da sua
estrutura. O uso de touca ou barrete justificado pelo perigo de queda de cabelos, bem como pelos microrganismos
que podem cair junto com o cabelo e partculas de caspa. Os cabelos devem apresentar-se lavados e penteados.
Embora no seja aconselhvel que os trabalhadores do sexo masculino usem barba e/ou bigode, caso usem, o
fardamento deve incluir proteco adequada para a barba e bigode.
2.3.3. Calado
O calado dever ser de uso exclusivo no local de laborao, ser de cor clara, antiderrapante, confortvel, fechado
e com proteco contra queda de objectos se necessrio. Deve existir uma barreira a separar a rea em que o
trabalhador descala o calado que traz do exterior e a rea em que usa o calado de laborao. Esta barreira
pode ser uma simples elevao onde o trabalhador se senta para se descalar, roda o corpo para passar os ps
para o outro lado, onde cala o calado de trabalho. Deste modo, o calado de trabalho nunca se encontrar na
rea do calado que o trabalhador traz de casa e vice-versa. Idealmente, antes do local de laborao, deve existir
um ponto de desinfeco do calado, em que o agente desinfectante deve ser mudado regularmente.
36
37
- Evitar juntar aos alimentos resduos de matrias-primas como cascas de ovo, restos lenhosos de especiarias,
cascas de alguns frutos, etc.;
- Usar panos de cozinha de uma s utilizao evitando o hbito de usar um s pano para todas as tarefas;
- Na desmontagem da maquinaria para a sua limpeza ou reparao, ter cuidado na manipulao das peas pequenas
evitando realizar estas actividades na presena de alimentos. De igual modo na montagem deve-se ter o cuidado
de no deixar peas soltas;
- Nunca manusear produtos qumicos como detergentes, insecticidas, etc. na proximidade dos alimentos;
- Manter os produtos de limpeza e os pesticidas sempre nas embalagens originais. Nos casos em que para a sua
utilizao precisam de ser diludos, devem ser utilizados recipientes apropriados, nunca utilizando recipientes que
tenham contido alimentos, pelo risco de se confundirem.
38
2.4.2. Leses
Cortes e queimaduras
Os cortes e queimaduras constituem pontos de leses da pele, onde os microrganismos se desenvolvem com
facilidade, pelo que devem ser encarados como situaes de particular perigosidade e de alerta para quem manipule
alimentos. No caso de cortes ou queimaduras, a pessoa afectada dever alertar imediatamente o responsvel do
estabelecimento, para se averiguar da necessidade de tratamento mdico e da eventual impossibilidade da pessoa
poder exercer a sua actividade. No caso de se decidir que o trabalhador afectado pode continuar a trabalhar, o
corte ou queimadura deve estar devidamente tapado com pensos coloridos e impermeveis e o trabalhador deve
usar luvas descartveis. Deve-se observar frequentemente se no ocorre sangramento.
Reaces alrgicas
As reaces alrgicas para alm do perigo para a sade da pessoa afectada, potenciam a contaminao de
alimentos, pela natural reaco de coar, levando a escamao da pele, que pode contaminar os alimentos por
microrganismos. Qualquer reaco alrgica deve ser imediatamente comunicada ao respectivo responsvel, para
eventual tratamento mdico, possvel excluso temporria da pessoa afectada da sua actividade e averiguao
da situao/agente causador da alergia. Caso algum trabalhador saiba que alrgico a determinado tipo de
situao/agente deve informar o seu responsvel, para que se evite que o trabalhador possa vir a sofrer reaces
alrgicas.
39
3)
Aprovisionamentos na restaurao
3.1. Introduo
3.2 Compra de matrias-primas e produtos alimentares
3.3. Recepo de mercadorias (Matrias-primas/Produtos Alimentares)
3.3.1 reas/zonas de recepo
3.3.2 Controlo/inspeco dos veculos de transporte na recepo
3.3.3 Controlo/inspeco das mercadorias na recepo
3.4. Armazenamento das mercadorias (Matrias-primas/Produtos Alimentares)
3.4.1 Armazenamento temperatura ambiente
3.4.2 Armazenamento a baixas temperaturas
Objectivos do Captulo
: Transmitir os critrios a ter em considerao na compra /recepo de matrias-primas e produtos.
: Sensibilizar para a importncia da correcta armazenagem dos alimentos nas diversas fases, desde a conservao
das matrias-primas at ao produto aps a confeco.
: Sensibilizar para os mecanismos de deteco de deficincias nas matrias-primas ou nos produtos na sua
recepo.
: Transmitir os principais critrios e condies de armazenagem dos alimentos nas diversas fases, desde a
conservao das matrias-primas at ao produto aps a confeco (produto final)
: Dotar todos os operadores, intervenientes nos diferentes processos de aprovisionamento, de conhecimentos e
capacidade tcnica para efectuarem de forma eficiente as tarefas pelas quais so responsveis.
40
Aprovisionamentos na restaurao
3.1. Introduo
No sector da restaurao fundamental conhecer os diferentes mtodos de armazenamento, para assegurar que
as matrias-primas que constituem as refeies oferecem segurana para os consumidores. Desta forma relevante
que os operadores conheam as formas adequadas de armazenamento, quer ao nvel da conservao das matriasprimas, quer de alimentos/refeies aps a sua preparao/confeco e os mecanismos que lhes permitam identificar
anomalias nos produtos, desde a sua recepo at ao momento em que so servidos ao cliente.
Os alimentos que forem manipulados, armazenados, embalados, transportados e expostos, nos estabelecimentos
de restaurao devem ser protegidos de qualquer contaminao que os torne imprprios para o consumo humano
ou perigosos para a sade e em condies que impeam o seu consumo indevido. Assim, as empresas do sector
alimentar no devem aceitar matrias-primas ou ingredientes, cujo grau de contaminao (por parasitas, microrganismos
patognicos ou substncias txicas, substncias em decomposio ou corpos estranhos) seja tal que possam ser
reconhecidos como imprprios para o consumo humano, ou que de tal facto haja suspeita.
As matrias-primas e ingredientes armazenados no estabelecimento devem ser conservados em condies
adequadas que evitem a sua deteriorao e os proteja da contaminao. Fundamental na cadeia alimentar o
modo de conservao. As matrias-primas, os ingredientes e os produtos intermdios e acabados, susceptveis
de permitir o crescimento de microrganismos patognicos ou a formao de toxinas, devem ser conservados a
temperaturas de que no possam resultar riscos para a sade.
Os alimentos devero, ainda, estar sujeitos s regras de asseio e higiene a observar, nomeadamente, o asseio e
conservao de instalaes, equipamentos e utenslios (limpeza, manuteno), utilizados na recepo e armazenamento
ou em qualquer fase dos processos de preparao ou confeco.
Os aspectos relevantes directamente relacionados com o aprovisionamento (recepo, armazenamento, conservao)
de gneros alimentcios encontram-se descritos no Captulo VII do Regulamento da Higiene dos Gneros Alimentcios
anexo ao Decreto-Lei n 425/99, nos Artigos 20 ao 23. O Artigo 20 enumera os requisitos para matrias-primas
e ingredientes, enquanto o Artigo 21 enumera aqueles que so aplicveis aos alimentos. A conservao dos
produtos: matrias-primas, ingredientes e alimentos so consideradas no Artigo 22, sendo apresentado no Artigo
23 os cuidados a ter na armazenagem de substncias perigosas.
No sector da restaurao a variedade de produtos utilizados muito diversa, pelo que necessrio seleccionar
fornecedores qualificados e de confiana, que ofeream garantias de que os seus produtos so de qualidade.
A qualidade do produto final (refeies) influenciada pela qualidade das matrias-primas compradas, isto envolve
a necessidade de avaliao e classificao de fornecedores para futura seleco. Nos estabelecimentos de
restaurao deve ser assegurado que, quando se compra uma matria-prima e/ou um alimento se obtm na
realidade o que se pretende, assim devem ser estabelecidos e mantidos documentados os requisitos especificados,
de forma a assegurar que o produto comprado est conforme. imprescindvel que todos os pormenores e requisitos
relevantes dos produtos pretendidos sejam claramente referenciados no momento de efectuar a encomenda,
tambm importante que o operador responsvel por esta tarefa verifique a encomenda antes de proceder sua
emisso.
41
Aprovisionamentos na restaurao
Os riscos que os estabelecimentos de restaurao correm de no satisfazer os seus clientes, aumentam com a
ocorrncia de qualquer falha relativamente ao produto comprado. Assim se trabalharmos com fornecedores que
no ofeream confiana, a probabilidade de ocorrem situaes que coloquem em risco a segurana dos alimentos
e consequentemente a sade do cliente aumenta.
essencial, ter a confiana de que, o fornecedor cumpre com todos os requisitos legais relativos higiene e
segurana alimentar, devendo este ser seleccionado com base na sua capacidade de satisfazer, para alm destes
requisitos legais, tambm outros requisitos pr-definidos.
Os fornecedores devem ser continuamente avaliados com base em questes ou parmetros que definam confiana,
como:
- Os produtos fornecidos obedecem aos requisitos predefinidos?
- O prazo de entrega acordado habitualmente cumprido?
- certificado?
- Tm um sistema da qualidade?
- O preo e condies de pagamento so os mais favorveis organizao?
(Matrias-primas/Produtos Alimentares)
A recepo das matrias-primas e produtos alimentares a primeira etapa de todo o processo de preparao/confeco
de uma refeio, assim esta etapa tem grande importncia, em virtude de ser a primeira oportunidade para rejeitar
e consequentemente eliminar do processo matrias-primas e alimentos que no cumpram com as especificaes
e requisitos de higiene e segurana, e que de algum modo possam vir a colocar em risco a sade dos consumidores.
O operador que recebe a mercadoria responsvel pelo controlo da qualidade e segurana dos alimentos e
matrias-primas recepcionados. Assim, de modo a assegurar a qualidade e segurana dos produtos recepcionados,
os operadores responsveis pela actividade de recepo devem receber formao de modo a garantir que apenas
aceitam os produtos que esto de acordo com as especificaes dos parmetros de qualidade e higiene. Esta
formao deve ser assegurada pela gesto/responsveis do estabelecimento de restaurao, de modo a que as
especificaes tcnicas e de qualidade dos produtos a serem comprados so entendidas e apreendidas pelos
operadores responsveis por essa tarefa.
A inspeco na recepo deve ser realizada tanto ao veculo usado no transporte, como s mercadorias e alimentos
recepcionados. De um modo geral esta inspeco deve focar parmetros que permitam avaliar a ausncia de
qualquer forma de contaminao. Assim aquando da recepo deve-se verificar:
- As quantidades e as caractersticas dos produtos, comparando com a nota de encomenda;
- A adequabilidade do veculo ao produto transportado; especialmente no que diz respeito a produtos refrigerados
ou congelados;
- As temperaturas de transporte, no caso de produtos refrigerados ou congelados, visto ser muito importante que
a cadeia de frio no seja interrompida. Caso a temperatura aumente, pode ocorrer desenvolvimento de microrganismos
patognicos;
42
Aprovisionamentos na restaurao
RECEPO
43
Aprovisionamentos na restaurao
O estado em que o veculo de transporte se encontra, pode assumir bastante importncia para a adequada
conservao do estado de higiene das matrias-primas e alimentos transportados. Os veculos esto frequentemente
associados a incumprimentos das especificaes de higiene e qualidade, para aceitao das matrias-primas.
Os veculos tambm podem assumir o papel de vector de contaminao das instalaes do estabelecimento de
restaurao transportando pragas, e contaminantes fsicos, qumicos ou microbiolgicos para o interior das mesmas,
directamente ou por via dos produtos transportados.
Os factores de maior importncia a ter em considerao quando se inspecciona um veculo utilizado no transporte
de alimentos so:
- A aparncia do veiculo, nomeadamente limpeza geral ou ausncia de danos na estrutura do veiculo;
- A integridade estrutural dos veculos. Caso as caixas de carga dos veculos se apresentem danificadas, podem
originar a contaminao dos alimentos;
- A presena de gua nas caixas de carga, pode indicar que no foi implementada uma correcta proteco,
relativamente s condies ambientais, por parte do fornecedor. Este facto pode colocar em causa a integridade
do produto, favorecendo por exemplo o desenvolvimento de fungos;
- A presena de poeiras e outras sujidades;
- Caso os veculos estejam equipados com sistema de frio, deve ser verificado se este est a funcionar correctamente,
isto atravs da medio da temperatura no interior da caixa do veiculo e/ou atravs da verificao dos registos
dessa mesma temperatura durante o perodo de transporte.
44
Aprovisionamentos na restaurao
Desta inspeco deve fazer parte um controlo quantitativo, e tambm um controlo qualitativo.
Assim o controlo quantitativo consiste essencialmente, nos seguintes aspectos:
- Verificar se as quantidades e os produtos recebidos esto de acordo com a nota de encomenda;
- Efectuar a pesagem dos produtos recebidos, sempre que tal seja aplicvel. O operador deve ter em ateno o
facto de que a balana deve ser higienizada diariamente, e aps cada utilizao, por exemplo entre a pesagem
de vegetais como batatas e a pesagem de peixe ou carne.
No controlo qualitativo deve ter-se em considerao os seguintes aspectos, que podem levar a rejeio do produto:
- Embalagens danificadas, sujas e abertas;
- Latas opadas, enferrujadas ou de outra forma danificadas;
- Presena de sinais que indiciem a contaminao por pragas. Entre estes sinais incluem-se a presena de fezes
e/ou urina, restos de pragas mortas, plos e embalagens que se apresentem rodas;
- Presena efectiva de pragas nos produtos, como baratas e moscas;
- Presena de contaminantes qumicos, como por exemplo, leo proveniente do contacto do produto com o veiculo;
45
Aprovisionamentos na restaurao
- Produtos cujo prazo de validade esteja imperceptvel ou inexistente, ou mesmo situaes em que o rtulo no
exista. Deve ter-se tambm em ateno prazos de validade que tenham expirado, ou que, estejam demasiado
prximo da data de validade limite e cuja utilizao do produto no v ocorrer antes dessa mesma data limite;
- Enchidos (eg. chourias, presunto) cobertos por uma camada superficial de bolores. Deve tambm ter-se em
ateno a presena de bolores nos queijos;
- Fiambre com presena de manchas verdes, perda da sua cor natural, sinais que evidenciam a deteriorao do
produto;
- Frutos que se apresentem demasiado maduros, prximo do estado de podrido ou que j se encontrem nesse
mesmo estado. Nos frutos deve tambm ter-se em ateno a presena de sinais de traumatismos (pisadelas);
- Hortcolas que apresentem sinais de podrido, bem como a presena de folhas velhas. Nestes deve-se verificar
tambm se apresentam excesso de terra;
- Bacalhau seco com manchas escuras (pretas) ou vermelhas. Deve-se tambm ter-se ateno a bacalhau que
apresente demasiada humidade;
- Ovos que se apresentem sujos ou partidos;
- Peixe e mariscos frescos que apresentem cheiro desagradvel. Ainda relativamente ao peixe so tambm sinais
de degradao a falta de brilho, boca e guelra escurecidas;
- Alimentos congelados ou refrigerados, que aquando do controlo de temperatura recepo apresentem abuso
de temperatura. Os alimentos congelados, que no momento da recepo, se encontrem a temperaturas iguais ou
acima de -15 C, e que se destinem a ser armazenados na cmara de congelados, devem ser rejeitados.
Outros produtos, tais como as carnes, tm impressas marcas de salubridade cuja presena evidencia a sua
inspeco e aprovao pela autoridade sanitria. Num grande nmero de estabelecimentos no ser possvel
verificar estes selos devido ao facto de receberem as carnes j desmanchadas, no sendo por isso aplicvel esta
medida.
Caso algum dos alimentos, recebidos no estabelecimento, apresente um ou mais dos aspectos anteriormente
descritos, ou em caso de duvida relativamente qualidade do produto, este deve ser de imediato rejeitado. O
operador responsvel pela tomada da deciso, deve especificar por escrito a no-conformidade que motivou a
rejeio, na ficha de verificao dos produtos recepcionados. A ocorrncia dever tambm ficar descrita num
eventual registo de devoluo que acompanhar o produto aquando da devoluo ao fornecedor.
Aps as mercadorias e os alimentos terem sido inspeccionados, e ter sido confirmada a sua conformidade com
as especificaes e com a respectiva nota de encomenda, deve ser imediatamente efectuado o seu armazenamento.
fundamental que seja dada toda a prioridade, ao armazenamento de produtos congelados e refrigerados, de
modo a que no seja quebrada a cadeia de frio.
Quando no for possvel devolver de imediato o produto no-conforme, este deve ser armazenado, tal como o
produto conforme, s que nestes casos o operador dever colocar esses produtos fisicamente separados dos
produtos conformes. Este local dever estar claramente identificado. O operador poder tambm identificar este
produto, utilizando por exemplo uma etiqueta na qual dever estar inscrito Produto no conforme.
46
Aprovisionamentos na restaurao
Embora os perigos qumicos possam ocorrer devido a problemas como, a presena de resduos de antibiticos
em carnes, pesticidas, dioxinas, entre outros, no possvel aplicar na restaurao medidas preventivas prticas
para detectar a presena destes perigos, pois da sua anlise resultaria um custo e pouca eficcia devido a que
os produtos j teriam sido consumidos antes que o estabelecimento estivesse na posse dos resultados das anlises.
A reduo da probabilidade de ocorrncia destes perigos passa pela qualificao de fornecedores.
A verificao do aspecto adequado das matrias-primas uma medida simples e eficaz para detectar a frescura
dos produtos, principalmente dos perecveis. Nas Aplicaes 3.1 a 3.7 so apresentadas as caractersticas de
alguns dos principais alimentos perecveis que devero ser observadas na sua recepo.
47
Aprovisionamentos na restaurao
48
Aprovisionamentos na restaurao
49
Aprovisionamentos na restaurao
O adequado armazenamento dos alimentos fundamental para a manuteno das condies de higiene e segurana
alimentar de qualquer estabelecimento do sector da restaurao. A falha de qualquer um dos processos implementados
para assegurar as condies ideais de temperatura, humidade, rotao de stocks e a integridade das embalagens
em que os alimentos se encontram acondicionados, pode ter como consequncia, os produtos tornarem-se
imprprios para consumo, ou provocar uma reduo significativa do tempo de vida til dos alimentos.
O mtodo de armazenamento das mercadorias (alimentos/ matrias-primas), vai ser seleccionado essencialmente
de acordo com a sua natureza, ou seja, de acordo com as caractersticas do alimento. O tempo que se pretende
manter o produto armazenado tambm vai ter influncia nessa seleco.
Assim as principais caractersticas dos alimentos a ter em considerao, relativamente ao mtodo de
conservao/armazenamento, so as seguintes (ver Captulo 1):
- Actividade da gua;
- Acidez (pH);
- Aditivos (eg. conservantes) presentes;
- Composio qumica do alimento (e.g. nutrientes, substncias antimicrobianas naturais).
tambm importante ter presente, que as caractersticas ambientais do local de armazenamento, devem ser tidas
em considerao no processo de armazenagem, pois vo influenciar as caractersticas dos alimentos anteriormente
descritas, podendo tambm influenciar as embalagens em que estes se encontram acondicionados. Assim os
principais factores ambientais a ter em considerao, so:
- Temperatura;
- Humidade relativa;
- Conveniente circulao de ar;
- Isolamento dos alimentos que transmitam odores;
- Proteco contra a aco directa da luz solar;
- Condies de higiene do local de armazenamento.
O incorrecto armazenamento/conservao dos alimentos afecta a qualidade sensorial e a segurana dos mesmos,
pois em alimentos inadequadamente armazenados, os microrganismos podero ter disponveis as condies
necessrias para se desenvolverem mais rapidamente e consequentemente causar problemas de sade no
consumidor.
Assim, importante a consciencializao de todos os operadores responsveis pelas diferentes tarefas associadas
ao processo de aprovisionamentos (recepo, armazenamento), de que o no cumprimento dos procedimentos
implementados, pode resultar em problemas de sade pblica nos consumidores, para alm de poderem ter tambm
graves consequncias prejuzos financeiros para o estabelecimento de restaurao.
50
Aprovisionamentos na restaurao
51
Aprovisionamentos na restaurao
- As embalagens que se apresentarem opadas, amolgadas, ferrugentas ou de outra forma danificadas, devem ser
rejeitadas e identificadas como tal, utilizando para isso os meios disponveis (e.g. codificao por cor, atravs de
colagem de etiqueta);
- Estes armazns devem ser de uso exclusivo para produtos alimentares, estando proibido o armazenamento de
produtos no alimentares, como por exemplo os produtos qumicos de higienizao;
- O bacalhau salgado seco deve preferencialmente, ser mantido na embalagem de origem;
- Os operadores em situao alguma devem acondicionar alimentos em embalagens de produtos no alimentares,
e vice-versa;
- Caso sejam detectados produtos imprprios para consumo, ou se disso se suspeitar, deve-se proceder de imediato
sua identificao, por exemplo atravs da colagem de etiquetas, devendo estes alimentos ser rejeitados;
- Os operadores devem ter o cuidado de manter as portas abertas apenas o tempo estritamente necessrio para
a entrada e/ou sada de produtos, e outras operaes necessrias.
Os produtos qumicos utilizados nas operaes de higienizao, devem ser armazenados em espaos prprios
para esse fim. Deste modo os operadores devem estar sensibilizados para o facto de que estritamente proibido
armazenar produtos alimentares nestes locais, e obviamente armazenar estes produtos qumicos num armazm
especfico para produtos alimentares.
52
Aprovisionamentos na restaurao
- Os produtos devem ser colocados nas cmaras, de modo a que no contactem directamente com as paredes.
De modo a que haja circulao de ar frio entre os alimentos, as cmaras tambm no devero ficar sobrelotadas;
- Os produtos refrigerados e congelados devem estar devidamente acondicionados, ou seja tapados e identificados
de modo a reduzir o risco de contaminao cruzada e facilitar a rotao dos produtos;
- Os alimentos nunca devem ser armazenados nas cmaras frigorficas ou de congelao dentro de latas, ou sacos
opacos. Devem sim ser colocados no interior de sacos de plstico transparente e prprios para alimentos.
Todos os alimentos antes de serem armazenados, devem encontrar-se etiquetados com a data de entrada nas
respectivas cmaras, para garantir que os primeiros alimentos a entrar so os primeiros a ser consumidos.
Nas cmaras no devem ser armazenados produtos no alimentares.
53
Aprovisionamentos na restaurao
Alimentos
de
alto risco
Frango
cru
Alimentos
crus para
confeccionar
Carne
crua
Peixe
cru
Alimentos
crus prontos
a consumir
- Relativamente refrigerao de frutos e hortcolas, devem ser tidas em considerao algumas incompatibilidades
entre eles, que podem colocar em causa a sua conservao em boas condies. As principais incompatibilidades
podem ocorrer devido:
. Diferentes temperaturas de armazenamento que podem causar leses pelo frio:
- Frutos no-sensiveis a leses pelo frio (0-3C) pra, ameixa, nectarina, diospiro, uva);
- Frutos sensveis ao frio (8-14C) anans, banana, mangam, melancia, melo, citrina.
. Libertao de etileno:
- Frutos que produzem grandes quantidades de etileno (e.g. maa, pra, abacate) no devem ser misturados
com frutos muito sensveis a este gs, dos quais o kiwi o exemplo mais relevante.
54
Aprovisionamentos na restaurao
. Mistura de odores:
- Este tipo de incompatibilidade muito relevante caso os frutos sejam misturados, por exemplo, com cebolas ou
alhos.
- Os vegetais no devero ser armazenados em sacos de plstico, a no ser que sejam sacos prprios para tal
(e.g. sacos perfurados), de modo a permitir arejamento.
- Deve-se assegurar que os alimentos crus no entrem em contacto com os alimentos confeccionados;
- Os alimentos que se encontrarem em descongelao devem estar acondicionados em recipientes que evitem o
derrame de sangue e lquidos resultantes do processo de descongelao;
- Alimentos enlatados cuja embalagem j foi aberta, nunca devem ser armazenados no interior das latas, em
especial os alimentos cidos, tal como, tomate, sumos ou frutas, o que pode resultar em contaminao qumica
por migrao de componentes da embalagem. Estes alimentos devem ser transferidos para embalagens de plstico
que devero ser correctamente tapadas.
55
Aprovisionamentos na restaurao
- Todos os alimentos congelados devem ser acondicionados em embalagens prprias, dado que os alimentos
conservados em congelao poderem sofrer alteraes como a queimadura de frio, que seca a superfcie do
alimento formando uma crosta esbranquiada, alterao que se traduz numa diminuio da qualidade dos mesmos;
- O controlo das temperaturas deve ser escrupulosamente cumprido, de modo a evitar que ocorram flutuaes na
temperatura. Caso estas ocorram, os operadores devem efectuar uma inspeco aos alimentos, para verificar se
ocorreu formao de cristais de gelo no interior das embalagens. Como estes cristais de gelo vo potenciar a
degradao dos alimentos, os operadores devero dar prioridade utilizao destes alimentos;
- Os alimentos aps terem sido descongelados, nunca devem voltar a ser congelados;
- Em caso de avaria da cmara, e caso ocorra a descongelao dos alimentos estes devem ser cozinhados
imediatamente e consumidos. No entanto caso no seja pretendido o seu consumo imediato (para evitar prejuzos),
e se a cmara no estiver demasiado cheia, para que os alimentos possam ser mantidos a uma temperatura estvel
e em perfeitas condies pelo menos durante dois dias, os operadores devem evitar a abertura da porta.
56
4.1. Introduo
4.2. Preparao de alimentos
4.2.1. Preparao de alimentos crus
4.2.2. Descongelao
4.3. Confeco de alimentos
4.3.1 Tcnicas de confeco
4.3.2. Manuteno da temperatura
4.3.3. Arrefecimento
4.3.4. Reaquecimento/ regenerao
4.3.5. leos de fritura
4.3.6. Sobras
4.3.7. Embalamento em atmosfera controlada
4.4. Servio
Objectivos do Captulo
: Apresentar as boas prticas na restaurao, abordando as principais actividades: preparao, confeco,
manuteno da temperatura, arrefecimento, reaquecimento/ regenerao e servio, identificando os principais
perigos que podero ocorrer caso estas no sejam adequadamente asseguradas.
: Descrever as principais tcnicas de confeco de alimentos numa perspectiva de apresentar a forma como os
processos alteram os alimentos, e as consequncias e os cuidados a ter na confeco dos alimentos decorrentes
dessas mesmas alteraes.
: Descrever as principais tcnicas de conservao que podero ser utilizados durante as fases de preparao e
confeco dos alimentos: manuteno a quente, arrefecimento rpido e embalamento em atmosfera controlada,
para assegurar a sua adequada conservao e prolongando o seu tempo de vida.
57
4)
4.1. Introduo
O sector da restaurao influencia directamente a sade das populaes, devendo proporcionar uma alimentao
nutritiva adequada, equilibrada e isenta de substncias txicas. A qualidade alimentar implica requisitos especiais
em todas as fases da preparao e confeco, desde a manipulao de alimentos, descongelao ou ao
arrefecimento.
O objectivo primrio do processamento de alimentos a sua transformao, de modo a apresent-los aos
consumidores numa forma que lhes permita satisfazer as suas necessidades. Durante todo o processo de realizao
de refeies, os alimentos sofrem vrias transformaes at estarem prontos a ser consumidos. Existem
essencialmente trs fases:
- Preparao dos alimentos (e.g. lavar, descascar, eviscerar, cortar);
- Confeco, ou adio de outros alimentos, condimentos e ingredientes;
- Empratamento, seguido de servio ou distribuio.
58
- Na mesma bancada no podem existir alimentos crus e confeccionados, ou alimentos na proximidade de lixos
ou objectos sujos, de forma a evitar a contaminao cruzada;
- No permitido que a mesma faca ou tbua de corte contacte simultaneamente com alimentos crus e confeccionados,
e com alimentos de origem animal e vegetal;
- Os alimentos devero permanecer na zona de perigo (entre 4C e 63C) o menor tempo possvel, apenas o
estritamente necessrio para a preparao, tendo a tarefa que ser realizada rapidamente e sem interrupes;
- Todos os materiais devem ser utilizados apenas para uma tarefa, sendo lavados e desinfectados assim que esteja
terminada;
- Os alimentos devem ser colocados na cmara de refrigerao, devidamente acondicionados, aps a sua preparao
e at sua confeco.
Idealmente, numa cozinha o espao destinado preparao de alimentos deve ser mantido dividido em, pelo
menos, trs zonas, respectivamente para a preparao de carnes, de pescado e hortofrutcolas. Cada zona deve
ser isolada, devidamente identificada e equipada com o material adequado a cada preparao.
Cada uma das zonas deve estar equipada com bancada de ao inoxidvel, cuba de ao inoxidvel com gua
quente e fria, tbuas de corte em polietileno, facas de cozinha com cabo de material resistente e no poroso, em
quantidade suficiente para o tipo de actividade e nmero de operadores.
Para a identificao das diferentes zonas, assim como dos utenslios correspondentes a cada zona, pode recorrerse a um sistema de cores, em que os utenslios a usar para o mesmo tipo de alimentos so da mesma cor,
nomeadamente, as tbuas de corte e os cabos das facas para preparao de cada tipo de alimentos. Por exemplo,
vermelho para carnes, excepto aves; amarelo para aves; azul para o pescado e verde para produtos hortofrutcolas.
Para alm das tbuas de corte e dos cabos das facas, podem tambm diferenciar-se outros utenslios, nomeadamente
caixas de plstico para armazenar os alimentos.
No caso de no ser possvel haver esta separao, e apenas nesta condio, pode ser utilizada a mesma bancada,
mas sendo obrigatrio efectuar uma limpeza seguida de desinfeco adequada, entre as diferentes preparaes.
59
Preparao de carnes
Os procedimentos operacionais na zona de preparao de carnes (e.g. lavagem, corte e tempo de espera para
confeco) devero ter uma sequncia que permita assegurar que os produtos perecveis crus de origem animal
no estejam expostos mais que 1 hora temperatura de risco, ou seja, entre 4 e 63C, excepo de carnes de
aves, coelhos e vsceras, cujo perodo de exposio no dever ultrapassar os 30 minutos.
No caso da restaurao, no deve ser adquirida carne fresca para congelar, devendo-se adquirir o produto j
ultracongelado, acondicionando na cmara de conservao de congelados, com o rtulo, at ser consumido.
Aquando da aquisio de carnes embaladas em vcuo, esta dever ser retirada 2 horas antes da sua preparao,
de modo a retomar a sua colorao natural e o odor a vcuo desaparecer. Durante este perodo a carne dever
estar armazenada em cmaras de refrigerao.
Na preparao de carnes de aves frescas devem existir alguns cuidados, uma vez que estas so muito sensveis
luz e a altas temperaturas.
A preparao de carne picada deve ser realizada na unidade, o mais prximo possvel da sua confeco. Aps a
sua preparao, esta deve ser conservada na cmara de refrigerao, devidamente acondicionada, at sua
confeco. Uma vez que se trata de um produto com elevado risco de contaminao, dever ser consumida o mais
rapidamente possvel. De notar que, proibido comprar e congelar carne picada.
Os enchidos a servir crus devero ser previamente escaldados, devendo ser introduzidos em gua fervente durante
4 a 5 segundos.
Preparao de pescado
Os procedimentos operacionais na zona de preparao de pescado (e.g. eviscerao, remoo das cabeas,
descamao, lavagem, corte e tempo de espera para confeco) devero ter uma sequncia que permita assegurar
que o pescado e moluscos no estejam expostos mais que 30 minutos temperatura de risco.
As superfcies desidratadas e oxidadas existentes, com alguma frequncia, no pescado, devido sobretudo remoo
das cabeas, devero ser retiradas aquando das preparaes ps-descongelao.
Todos os desperdcios gerados nestas operaes devem ser retirados imediatamente, realizando-se uma lavagem
do pescado com gua corrente. Aps a sua preparao, este deve ser mantido refrigerado, devidamente acondicionado,
at sua confeco.
proibido comprar ou congelar pescado desfiado ou picado, devendo esta operao ser realizada na unidade de
restaurao, o mais prximo possvel da sua confeco.
Relativamente ao bacalhau, quer seja seco ou salgado, depois de cortado em postas, deve ser demolhado em
gua fria corrente (temperatura inferior a 20C), durante 2 horas, podendo, em alternativa, ser demolhado em 48
horas, num recipiente coberto, com mudanas de gua frequentes e, de preferncia, em ambiente refrigerado.
Preparao de hortofrutcolas
Este tipo de produtos no desperta, de um modo geral, tanto receio em termos de segurana alimentar, quando
comparados com outros produtos como carnes, pescado ou ovos. Contudo, a maior parte das intoxicaes
alimentares resulta de procedimentos de higienizao incorrectos na sua preparao e manipulao. Esta situao
torna-se ainda mais crtica, quando se sabe que alguns destes produtos no sofrem qualquer processamento
trmico, sendo consumidos crus ou temperados.
60
Todos os produtos hortcolas a servir crus, incluindo ervas aromticas (e.g. salsa, coentros, hortel, etc.), tm que
ser bem lavados e desinfectados, devendo-se, de uma forma sequencial:
- Rejeitar as folhas exteriores dos vegetais, que acumulam mais nitratos e outros poluentes, insectos, larvas e
demais parasitas, e todas as partes velhas, pisadas, etc;
- Lavar em gua fria corrente, para remover todas as poeiras e outros contaminantes;
- Mergulh-los numa soluo de gua e pastilha, base de cloro, desinfectante apropriada, seguindo as indicaes
recomendadas no rtulo relativamente dosagem e tempo de aco. Alternativamente, poder proceder-se
submerso, durante 5 minutos, numa soluo de gua potvel com 6 gotas de lixvia/litro de gua, se for de baixa
concentrao (20g cloro/litro de lixvia), ou 3 gotas de lixvia/litro de gua nas lixvias comerciais mais comuns (40g
cloro/litro de lixvia). No rtulo da lixvia utilizada dever aparecer a legenda apta para a desinfeco de vegetais
ou apta para a desinfeco de guas;
- Passar novamente por gua fria corrente, abundantemente.
Depois de cuidadosamente lavados, desinfectados e preparados, os produtos hortcolas a servir crus devem ser
guardados na cmara de refrigerao, devidamente cobertos com pelcula aderente, at ao momento de servir.
Aquando da utilizao de agries (frequentemente contaminados com o parasita Fasciola hepatica), estes nunca
devero ser servidos crus mesmo que desinfectados, devendo ser sempre submetidos a uma fervura.
Os frutos devem ser cuidadosamente lavados, de modo a remover a sujidade e alguns dos potenciais contaminantes
(e.g. pesticidas), mas no necessitam de ser desinfectados. Preferencialmente, os frutos devero ser consumidos
sem casca, evitando desse modo possveis problemas causados pelos pesticidas empregues na sua produo. A
preparao de sumos dever ser efectuada no momento do seu consumo, evitando assim perda de nutrientes (e.g.
vitaminas) e possveis alteraes organolpticas.
Preparao de ovos
O ovo, devido sua estrutura fsica e casca coberta por uma fina camada protectora, encontra-se relativamente
protegido de contaminantes. Contudo, quando a porosidade da casca fragilizada, os microrganismos podem
facilmente passar para o seu interior. Sendo assim, os ovos devem ser rejeitados sempre que a casca esteja suja,
rachada, partida ou apresente manchas.
Exceptuando os ovos que iro ser servidos estrelados, todos os restantes devem ser partidos na zona de preparao
de carnes cruas. A quebra dos ovos no dever ser efectuada nos bordos do recipiente onde o contedo destes
vai ser colocado. Os ovos devem ser partidos um a um, num recipiente parte, antes de serem adicionados aos
restantes, de modo a que, caso um ovo aparente estar estragado, possa ser rejeitado, sem necessidade de rejeitar
todos os outros. As cascas, aps ter sido partido cada ovo, devero ser colocadas imediatamente nos recipientes
de lixo e a superfcie onde foram quebrados dever ser lavada e desinfectada no final da operao. Aps a quebra
dos ovos em zonas de preparao, o operador dever higienizar as mos antes de transportar o recipiente com o
contedo dos ovos para a zona onde vo ser processados.
De notar que, os ovos para cozer devem ser lavados antes de entrar na gua de cozedura.
61
4.2.2. Descongelao
A descongelao correcta dos alimentos um factor muito importante na higiene e segurana alimentar. muito
importante que os alimentos sejam bem descongelados antes da confeco, pois frequente que alimentos
congelados sejam cozinhados sem estarem bem descongelados, o que leva a que as temperaturas no interior do
alimento durante a confeco no atinjam valores seguros. Assim, os alimentos devem ser colocados a descongelar
com a devida antecedncia (no mximo 72 horas), de forma a estarem totalmente descongelados antes da confeco.
Depois de totalmente descongelados, os produtos tm que ser consumidos no prazo de 24 horas, devendo, durante
esse perodo de tempo, ser conservados na cmara de refrigerao. Existem no entanto alguns alimentos de
pequena dimenso, que podem ser retirados da cmara de conservao de congelados directamente para a
confeco, sem descongelao prvia, como o caso de legumes, batata pr-frita, rissis, pastis de bacalhau e
mariscos.
Os produtos devem ser descongelados em ambiente refrigerado, mantendo a temperatura entre 1 e 4C e nunca
temperatura ambiente. Caso contrrio, por exemplo, ao descongelar uma pea de carne temperatura ambiente,
pouco tempo depois de iniciar a descongelao, j a parte exterior da pea de carne estar a uma temperatura
dentro da chamada zona de perigo, aumentando, consequentemente, a disponibilidade de gua na superfcie
da mesma, facilitando a multiplicao rpida das bactrias, enquanto que o interior da carne levar algumas horas
at estar completamente descongelado.
muito importante evitar que o alimento, durante e aps a fase de descongelao, esteja em contacto com o suco
de descongelao, devendo-se, por isso, colocar o alimento em grelhas de plstico ou inox, ou em tabuleiros
adequados, que permitam que os sucos escorram.
Adicionalmente, todos os alimentos em descongelao devem estar cobertos com a prpria tampa do recipiente,
com pelcula aderente ou com um saco de plstico transparente, e devem ser devidamente acondicionados nas
prateleiras inferiores das cmaras de refrigerao.
Se o alimento for confeccionado imediatamente a seguir, a descongelao pode tambm ser realizada em microondas.
Em caso de emergncia (por exemplo se o alimento a descongelar s foi entregue pelo fornecedor no prprio dia
da confeco), o alimento tambm pode ser descongelado em gua corrente potvel abaixo dos 20C, durante um
mximo de 4 horas, desde que mantido dentro de um saco de plstico transparente e fechado. Nunca se dever
descongelar os alimentos temperatura ambiente ou em gua quente.
O pescado e a carne devem ser descongelados em cmaras de refrigerao separadas. Contudo, se tal no for
possvel, os diferentes produtos devem estar cobertos, de forma a evitar contaminaes cruzadas e mistura de
odores.
Todos os recipientes e utenslios envolvidos no processo de descongelao devem ser limpos e desinfectados o
mais rapidamente possvel.
Por ltimo, importante salientar que, nunca se deve recongelar alimentos que tenham sido descongelados, uma
vez que um alimento descongelado atingiu uma temperatura que permite aos microrganismos presentes multiplicaremse activamente. At ao momento em que o alimento volte a estar congelado, ocorre crescimento microbiano que,
aquando de uma posterior descongelao, poder conduzir a que o crescimento microbiano atinja nveis inaceitveis
que ponham em causa a segurana do consumidor.
62
63
Os alimentos em descongelao devero ser colocados em recipientes adequados e tapados, de modo a que
os mesmos no fiquem em contacto com os lquidos que deles escorrem.
Antes da preparao ou confeco, assegure-se que a descongelao completa. Exceptuam-se alguns
alimentos de pequena dimenso (e.g. rissis, pastis de bacalhau, mariscos, legumes), que podero ser
confeccionados imediatamente aps serem retirados da cmara de conservao de congelados.
Aps a descongelao, os alimentos devero ser consumidos num prazo de 24 horas devendo, durante esse
perodo, manter-se os alimentos na cmara de refrigerao.
Em casos em que no seja possvel iniciar a descongelao com a antecedncia recomendada, esta poder
ser realizada em gua potvel fria corrente, mantendo o alimento dentro de um saco plstico transparente e
fechado. Esta prtica no deve ser adoptada como prtica corrente.
Os alimentos podero ser descongelados no microondas, no caso de serem confeccionados imediatamente
aps a descongelao.
Nunca volte a congelar qualquer alimento aps este ter sido descongelado.
Acondicione todos os resduos originados a partir da preparao dos alimentos nos contentores apropriados.
Despeje estes com a periodicidade estabelecida.
64
Produto
Temperaturas internas/tempo
75C/15s
75C /15s
63C /15s
68C /15s
63C /4 min.
63C /15s
Peixe e Marisco
63C /15s
60C/15s
68C /15s
Alimentos pr-cozinhados
75C /15s
75C /15s
confeccionado no microondas
Fonte: (Food Safety Authority of Ireland).
O processo de confeco nunca deve ser interrompido, devendo-se tambm ter o cuidado de reduzir ao mnimo
imprescindvel toda a manipulao de um produto aps a sua confeco a quente, para evitar uma posterior
recontaminao do produto cozinhado. Deve evitar-se a confeco de alimentos de vspera.
Os ovos crus ou mal cozinhados apresentam alguns riscos para a sade, no devendo nunca serem utilizados na
preparao de pratos, molhos ou sobremesas sem processamento trmico ou com processamento trmico ligeiro
(e.g. bacalhau Brs, maionese, mousses caseiras, salame). Para este tipo de produtos dever-se- recorrer ao
uso de ovo pasteurizado, que pode existir sob a forma de ovo inteiro, s gema ou s clara. A presena de uma
bactria em particular, a Salmonella, pode provocar toxinfeces alimentares, por vezes mortais, pelo que o uso
de ovos crus ou mal cozinhados deve ser evitado, sujeitando os ovos a um intervalo de tempo/temperatura de
confeco que permita eliminar aquela bactria. A Tabela 4.2 apresenta os tempos de confeco aconselhados
para os vrios tipos de confeco dos ovos.
65
Tabela 4.2 - Tempos de confeco aconselhados para os vrios tipos de confeco dos ovos.
Tipo de confeco
Quente
Cozido
Escalfado
Estrelado
4a5
Mexido
5a6
Omelete
4a5
Durante a confeco, os alimentos devem ser provados, devendo utilizar-se utenslios prprios e nunca os dedos.
obrigatrio lavar e desinfectar os utenslios da prova, tal como todos os aparelhos utilizados na confeco dos
alimentos, aps a sua utilizao.
Os estabelecimentos de restaurao que sirvam pratos cuja confeco susceptvel de provocar toxinfeco
alimentar, sem que seja possvel um controlo de segurana que minimize substancialmente os riscos, devero
suprimi-los ou alterar os processos de produo em detrimento do respeito pela receita culinria, ainda que
tradicional.
66
Assar
Num forno, o calor chega ao alimento pela radiao vinda das paredes, por conveco do ar circulante e por
conduo atravs da bandeja sobre a qual o alimento assenta. A camada de ar, que envolve o alimento e se
encontra mais prximo deste, dificulta tanto a transmisso do calor como a eliminao do vapor de gua. A espessura
desta camada determinada pela velocidade do ar em torno do alimento e pelas caractersticas da superfcie do
alimento. A circulao de ar em torno do alimento favorece a distribuio uniforme do calor no forno e no alimento.
Por este motivo, muitos modelos comerciais de fornos esto equipados com um ventilador para melhorar a circulao
de ar e remover a camada de ar na superfcie do produto que se encontra mais fria, dificultando a transmisso de
calor ao alimento. Deste modo, possvel melhorar a eficincia energtica do forno.
O calor destri os microrganismos, reduzindo tambm em certo grau a actividade da gua do alimento, em particular
na superfcie, o que tambm contribui para alargar o tempo de vida do produto. O aquecimento rpido d lugar
formao de uma crosta que retm a humidade e a gordura impedindo a degradao de diversos nutrientes ou
componentes aromticos. Se o aquecimento no forno lento, a perda de gua desde a superfcie at se formar a
crosta maior pelo que a parte interna do alimento ficar mais seca.
Com este mtodo, combinando adequadamente os factores descritos, ou seja, a temperatura e o tempo de
elaborao, possvel assegurar um adequado grau de destruio dos microrganismos presentes no alimento.
Fritar
A vida til dos alimentos submetidos a fritura depende essencialmente do seu contedo em gua residual. Os que
aps a fritura retm um contedo de gua relativamente elevado (e.g. donuts, pescado, frango e derivados) tm
uma menor durabilidade, devido migrao para a superfcie, de gua e leos, aps a fritura.
Ao fritar um alimento em leo quente, a sua temperatura aumenta rapidamente, e a gua que contm eliminada
sob a forma de vapor, formando-se uma crosta. A temperatura interna aumenta lentamente at alcanar mais de
100C. A crosta superficial que se forma no processo de fritura tem uma estrutura porosa.
O tempo necessrio para fritar um determinado alimento depende:
- Do tipo de alimento, incluindo o seu teor em gordura;
- Do tipo de leo;
- Da temperatura do leo;
- Do tipo de fritura - superficial ou de imerso;
- Do grau de fritura que se pretende atingir.
A temperaturas mais elevadas, os tempos de fritura so mais curtos, no entanto, os leos alteram-se mais
rapidamente. Nessas condies, so produzidos cidos gordos livres que modificam a sua viscosidade, aroma e
sabor, pelo que o leo dever ser trocado mais frequentemente.
Do ponto de vista de segurana alimentar, necessrio que o alimento submetido fritura alcance no seu interior
mais de 75 C, pelo que dever ser estabelecida uma relao tempo/temperatura de fritura, com o objectivo de
destruir os microrganismos patognicos potencialmente presentes no produto, e simultaneamente obter as
caractersticas organolpticas desejadas.
67
A fritura permite uma maior higiene na elaborao de alimentos, pois muitos alimentos podem ser cozinhados de
forma directa sem necessidade de introduzir os riscos associados descongelao. Os alimentos em que se
pretende uma crosta superficial mas um interior mole, so fritos a temperaturas elevadas. Os alimentos, em que
a fritura s deve provocar a sua desidratao, so fritos a temperaturas mais baixas, permitindo, deste modo, que
uma maior quantidade de gua seja removida antes de se formar uma crosta superficial.
Para alm das fritadeiras clssicas, convm destacar a existncia de equipamentos de fritura de sistema em
contnuo, em que o leo circula por um canal largo, submergindo-se os alimentos a cozinhar por um lado e obtendo-os fritos do lado oposto. Este sistema tem a vantagem de obter fritos muito uniformes e com uma grande cadncia
de produo. O parmetro tempo de fritura regula-se ajustando a velocidade de circulao do leo, a qual deve
ser regulada para cada tipo de alimento que se elabore. Este sistema s se justifica para grandes produes,
normalmente de um mesmo tipo de produto.
Cozer
Cozer sob presso
possvel diferenciar dois tipos de cozinhados a presso:
- Dinmico ou de alta presso - no qual os injectores de vapor descongelam rapidamente e cozinham os alimentos
congelados com uma presso de 0,84 a 1,05 Kg/cm2;
- De baixa presso permite uma maior flexibilidade e controlo do processo do cozinhado, com uma presso de,
aproximadamente, 0,42 Kg/cm2.
O princpio do cozinhado com presso similar ao do esterilizador, permitindo a destruio de todas as bactrias
e esporos mediante a combinao de presso e calor.
Cozer a vcuo
No cozinhar a vcuo o produto cru colocado numa bolsa de plstico termo-resistente com todos os ingredientes
necessrios para a sua preparao, criando-se o vcuo e, s posteriormente, este cozinhado na ausncia de ar.
As principais vantagens de cozinhar a vcuo so a possibilidade de manter durante mais tempo os alimentos,
conservando todas as suas qualidades organolpticas e nutritivas, ao mesmo tempo que so diminudas as
manipulaes, melhorando portanto as condies higinicas. Os inconvenientes deste sistema so essencialmente
o investimento em materiais, equipamentos e tecnologia, assim como a necessidade de dispor de pessoal
especificamente treinado. Esta tecnologia justifica-se apenas para grandes produes, na rea da restaurao
colectiva, e implica volumes de armazenagem de refeies bastante elevado sendo crtico assegurar a identificao
de produtos nas cmaras de refrigerao e a adequada rotao dos stocks.
68
69
Manuteno em quente
O intervalo de temperaturas entre os 4 e os 63C corresponde zona de perigo, onde pode ocorrer crescimento
microbiano. Por este motivo, importante que as temperaturas se mantenham fora desta zona, mantendo as
comidas na zona fria (< 10C) ou na zona quente (> 63C). Desta forma, os alimentos a servir quentes devero
manter-se acima dos 63C, at ao momento do seu consumo. Para tal devero ser conservados em mesas, armrios
ou banhos quentes, cujas temperaturas devem estar reguladas para 80 ou 90C (o alimento apresentar uma
temperatura inferior na sua superfcie, mesmo que mantido adequadamente tapado) para que o alimento se
mantenha no mnimo a 63C. A aferio da temperatura do indicador no banho ou na estufa dever ser verificada
utilizando uma sonda de temperatura devidamente calibrada.
Existem vrios tipos de equipamentos de manuteno de calor, destinados a manter os alimentos elaborados, de
consumo quente, a temperaturas superiores a 63C, desde o momento da sua elaborao at serem servidos.
Estes equipamentos podem ser de dois tipos:
- Estticos: aqueles que pelas suas caractersticas, fonte de alimentao e tamanho no esto desenhados para
serem deslocados. Entre estes incluem-se os do tipo mesa quente e de linha de servio.
- Mveis: aqueles que so desenhados para serem utilizados na transferncia de alimentos dentro de uma mesma
instalao, podendo ser ligados a uma fonte de alimentao em cada dependncia, como armrios ou carros
quentes.
Dentro da variedade de equipamentos e mtodos de manuteno da temperatura, os mais sofisticados encontramse dotados de circulao de ar e de controlo da humidade. Estes podem adaptar-se a diversos tipos de alimentos,
tanto aos que necessitam de manter uma baixa humidade como aos que requerem uma humidade elevada para
no secarem.
70
4.3.3. Arrefecimento
A caracterstica fundamental do arrefecimento que este deve ser o mais rpido possvel, de modo a manter uma
boa qualidade fsica (e.g. cor, odor, sabor, textura) e microbiolgica dos alimentos. Para tal, necessrio que se
alcance uma temperatura igual ou inferior a 10C em menos de 2 horas. Um arrefecimento lento permite que o
alimento se encontre durante um largo perodo de tempo exposto a temperaturas ptimas de crescimento bacteriano,
podendo alcanar valores de carga microbiana inaceitveis, que podero pr em causa a segurana do consumidor.
Dever ter-se igualmente em ateno que, em alguns casos, a comida confeccionada a quente e arrefecida poder
no sofrer um posterior tratamento trmico e ser consumida em frio (e.g. pudins, salada russa), apresentando por
isso riscos acrescidos se o arrefecimento no for efectuado adequadamente.
recomendvel o uso de clulas de arrefecimento rpido, que so equipamentos especialmente concebidos para
arrefecer alimentos elaborados a quente de forma que a passagem desde a temperatura de confeco at
temperatura de refrigerao, seja o mais curto possvel. Uma outra vantagem da utilizao de clulas de arrefecimento
rpido o de eliminar a necessidade de introduzir alimentos quentes em cmaras frigorficas. Esta prtica conduz
a que ocorra a condensao de vapor e o aumento de temperatura nas cmaras de refrigerao e nos produtos
o que potencia a deteriorao destes.
No caso de no existirem este tipo de aparelhos, dever refrigerar-se, num banho de gua fria, o recipiente em
que se vo conservar os alimentos, e introduzi-lo, posteriormente, na cmara de refrigerao. A prtica de deixar
os alimentos preparados a arrefecer temperatura ambiente, durante toda a noite, deve ser completamente
eliminada.
4.3.4. Reaquecimento/regenerao
Este o processo mediante o qual uma comida elaborada em calor, e mantida num determinado tempo em
refrigerao, volta a sofrer um tratamento trmico antes do seu servio. A temperatura que o alimento deve alcanar
de 82C, alcanando esta temperatura em pelo menos 2 horas. As comidas devero ser reaquecidas em
quantidades de acordo com o necessrio, e no previamente. A prtica de reaquecer e voltar a refrigerar no
aceitvel.
71
A temperatura a que ocorre a decomposio de um determinado leo denomina-se ponto de fumo. conveniente
no ultrapassar as temperaturas mximas da fritura evitando superar os 180 C.
Os leos mais apropriados para a fritura so o leo de palma, o leo de bagao de azeitona e o leo de amendoim,
pois suportam temperaturas superiores a 180C. Os leos em geral so a gordura mais usada na restaurao, para
fritar. Assim, o estabelecimento de algumas boas prticas permitem alargar a durabilidade dos leos. Entre estas,
possvel destacar:
- Usar leos de boa qualidade, resistentes a altas temperaturas;
- Implementar uma prtica de substituio de leo, adequada e previamente validada, sendo proibido juntar leo
novo ao leo usado ou dois tipos de leos distintos, uma vez que ao misturar dois leos distintos forma-se um
novo, cujas caractersticas, entre elas a temperatura de aquecimento, so dificilmente previsveis. Desta forma, o
novo leo pode sobreaquecer antes do esperado formando substncias estranhas potencialmente prejudiciais para
a sade;
- No aquecer o leo a temperaturas superiores a 180C. Regular o termstato das fritadeiras para temperaturas
entre 160 a 180C;
- Filtrar o leo aps a sua utilizao e aps arrefecimento, de forma a remover as partculas slidas, uma vez que
os resduos de alimentos que permanecem na fritadeira, e que continuam a aquecer at carbonizarem, obscurecem
o leo, diminuindo a sua qualidade e formando compostos txicos;
- No ultrapassar o nmero de frituras que um leo pode suportar. O grau de degradao pode-se medir visualmente
pela cor, viscosidade, resduos e odor;
- Proteger os banhos de fritura do contacto do ar e da luz, tapando-os uma vez finalizado o processo;
- Esvaziar e limpar as cubas das fritadeiras aps cada utilizao, devendo ser correctamente cobertas, quando no
esto em utilizao.
aconselhvel controlar o grau de degradao do leo, diariamente, atravs de:
- Caractersticas de alterao da gordura, como:
. odor queimado, irritante e penetrante;
. cor escura e turva;
. forte formao de fumos a 170C;
. formao de espuma em grande quantidade e persistente, com pequenas bolhas.
- Testes rpidos colorimtricos que permitem analisar o leo atravs de uma escala de cores.
72
4.3.6. Sobras
O termo sobras aplica-se aos alimentos que foram confeccionados em excesso, mas que no chegaram a ser
servidos. preciso ter ateno ao facto de que as sobras no so restos, aplicando-se esta ltima designao ao
que resta dos pratos ou travessas dos clientes e que deve ser rejeitado.
Apesar do tratamento das sobras ser um assunto delicado, as sobras que no tenham sido servidas podem ser
reaproveitadas, desde que se cumpram as seguintes regras:
- A cadeia de frio tem de ser assegurada, ou seja, as sobras no podem ter estado durante muito tempo prximas
de equipamentos que libertem calor ou temperatura ambiente;
- O acondicionamento das sobras deve fazer-se libertando as mesmas de molhos e acompanhamentos;
- As sobras quando quentes devem ser rapidamente arrefecidas, at uma temperatura inferior a 4C, sendo de
seguida acondicionadas em cmaras de refrigerao, em recipientes devidamente cobertos e identificados, indicando
o contedo e a data de produo;
- As sobras no devem ser reaproveitadas em conjunto com novos produtos;
- Todas as sobras que j tenham sido conservadas, e tenham estado temperatura ambiente, se no forem
utilizadas tero de ser rejeitadas;
- Os alimentos de alto risco, como por exemplo produtos com ovo cru, produtos picados ou desfiados, vsceras,
bolos com cremes, etc., pelas suas caractersticas, encontram-se por vezes na origem de intoxicaes alimentares,
pelo que no devero ser conservados para posteriores utilizaes.
73
Princpio tcnico
A conservao de alimentos em atmosfera modificada (incluindo atmosfera modificada, controlada, ou vcuo)
baseia-se na inibio de microrganismos aerbios por falta de oxignio. No entanto, tambm possvel inibir o
crescimento microbiano em alimentos embalados em atmosferas contendo oxignio, se for incorporado, no mnimo
30% de dixido de carbono. No entanto, existem alguns microrganismos que podem desenvolver-se apenas na
ausncia de oxignio. Para inibir o crescimento destes a presena de oxignio benfica, bastando uma concentrao
de 5%. Para alm do dixido de carbono (CO2) e do oxignio (O2), o outro gs mais frequentemente utilizado em
atmosfera modificada o azoto (N2). Embora a atmosfera ideal possa variar de produto para produto, uma mistura
de gases contendo 45% do CO2, 5% de O2 e 50% de N2, conduz, em muitos casos, a uma soluo aceitvel que
retarda as alteraes do alimento e a sua segurana microbiolgica.
Embalagem
Os equipamentos utilizados no embalamento em atmosfera modificada e em vcuo podem ser diferenciados
segundo o tipo de embalagem que utilizam ou pela possibilidade de uso de vcuo, de atmosfera modificada ou
de ambos.
No que diz respeito ao tipo de embalagem, dentro dos equipamentos que podem ser utilizados na restaurao,
incluem-se os seguintes:
- Embaladoras que usam embalagens rgidas ou semi-rgidas pr-formadas;
- Embaladoras que usam embalagens semi-rgidas termo-formadas;
- Embaladoras que usam um pelcula aderente.
Nos equipamentos que utilizam embalagens semi-rgidas o produto depositado na bandeja da embalagem,
realizando-se de seguida o vcuo ou introduzindo-se a atmosfera na composio desejada, sendo posteriormente
fechadas por termo-selagem.
A embalagem utilizada mais frequentemente na restaurao a pelcula aderente, na qual as lminas flexveis
aderem por vcuo ao produto, adoptando a sua forma, fixando-as por termo-selagem. Dentro das vantagens deste
tipo de embalagem destacamos a adaptao do mesmo forma e tamanho do produto. Estando a embalagem em
contacto directo com o alimento, evitam-se zonas de vazio que por suco podem fazer aumentar a transpirao.
O uso de lminas com permeabilidade selectiva permite controlar a atmosfera interior. Como principais inconvenientes
destacam-se os maiores requisitos higinicos no embalamento pelo facto de no sofrer processamento trmico,
a possibilidade de rupturas e rasgos na embalagem, a impossibilidade de embalar alimentos com molhos e um
embalamento complicado devido a formas irregulares dos produtos embalados.
Uso na restaurao
Os principais usos do embalamento em atmosfera modificada que possvel identificar no sector da restaurao
so:
- A compra de matrias-primas embaladas, a vcuo como carnes e produtos crneos, e em atmosfera modificada,
como produtos hortofrutcolas, pratos preparados e produtos sensveis ao oxignio, como o caf e as especiarias;
- O embalamento de matrias-primas frescas para o seu armazenamento, conseguindo deste modo que os produtos,
armazenados em refrigerao ou em congelao, mantenham durante mais tempo as suas caractersticas. Esta
tcnica protege igualmente os produtos congelados de efeitos adversos como a queimadura por frio;
74
- Embalamento de produtos elaborados ou semi-elaborados, com o qual possvel conservar uma maior quantidade
de refeies para servir, aps a realizao de uma regenerao quando necessrio.
Perigos
Os principais perigos da utilizao deste tipo de tcnica so os que derivam da proliferao de microrganismos
anaerbios patognicos, que no embalamento em atmosfera modificada, na ausncia de oxignio ou em vcuo,
podem constituir um problema, sem que se observe alteraes nos alimentos. Para o evitar, necessrio um
rigoroso controlo das temperaturas de armazenamento e de transporte, que nunca deve ser superior a 4C. No
embalamento em atmosfera modificada conveniente introduzir uma certa quantidade de oxignio, no mnimo 5%,
para inibir o crescimento de microrganismos anaerbicos. Deve-se usar no embalamento a vcuo pelculas com
uma certa permeabilidade a este gs para permitir que o nvel de oxignio seja reposto medida que consumido.
4.4. Servio
Aps a confeco, os diversos alimentos que compem as ementas: entradas, sopas, quentes e frios,
acompanhamentos, sobremesas, etc, passam pelo empratamento antes do servio prestado pelos diferentes
mtodos: empregados, buffet ou self-service.
Na etapa de empratamento dever-se-o respeitar todas as regras de higiene pessoal, nunca tocando nos alimentos
directamente com as mos, usando sempre pinas, colheres ou esptulas para o efeito.
O servio, como etapa final do processo de preparao e transformao de alimentos, extremamente importante
do ponto de vista higio-sanitrio. Nesta etapa a principal preocupao dever centrar-se em assegurar adequadas
prticas de manipulao e boas prticas de higiene, incluindo a higiene pessoal, por todos os operadores envolvidos
no servio.
Nesta etapa no haver destruio de microrganismos, tornando-se possvel a recontaminao ou a multiplicao
de eventuais microrganismos, que tenham sobrevivido confeco propriamente dita, caso no se tomem os
devidos cuidados. , sem dvida, essencial que se sigam as normas de higiene e segurana alimentar e se
respeitem os intervalos de temperatura a que os alimentos se devem encontrar, para que no ocorram acidentes,
devendo respeitar-se o princpio: os primeiros alimentos a serem confeccionados devem ser os primeiros a serem
servidos.
Para alm dos cuidados que tm vindo a ser mencionados ao longo deste captulo, aquando do servio atravs
de buffet, dever ter-se ainda em considerao os seguintes aspectos:
- Junto a cada iguaria devero estar disponveis utenslios adequados para o cliente se servir, colocados num prato
limpo. Dever haver o cuidado de substituir esses utenslios se, eventualmente, carem ao cho ou forem colocados
em local indevido, de forma a evitar contaminaes cruzadas;
- No devero ser colocadas grandes quantidades de alimentos de uma s vez, mas sim fazer reposies frequentes
e em funo da necessidade;
- Todos os alimentos devem ser colocados em recipientes cobertos;
75
- Os alimentos servidos frios (e.g. saladas e entradas) devero estar expostos em expositores/armrios refrigerados
e apropriados;
- Todos os temperos ou outros ingredientes (e.g. mostardas, ketchups, molhos picantes, galheteiros) devero estar
colocados em recipientes individuais com tampa;
- A maionese ou qualquer outro molho frio exposto para consumo dever ser colocado dentro dos expositores
frigorficos ou, em alternativa, num recipiente em banho de gelo.
Adicionalmente, aquando do servio atravs de self-service, dever ter-se o cuidado de colocar os talheres
destinados ao cliente, inclusive os talheres de sobremesa, em saquetas apropriadas, juntamente com o guardanapo.
No caso de alimentos como po e saladas, em que seja o prprio consumidor a servir-se da quantidade desejada,
devero existir utenslios adequados e exclusivos a cada alimento, de modo a evitar possveis contaminaes
cruzadas.
76
5.1. Introduo
5.2. Controlo da temperatura na recepo das matrias-primas e produtos alimentares
5.3. Controlo da temperatura no armazenamento das matrias-primas e produtos alimentares
5.3.1. Armazenamento temperatura ambiente
5.3.2. Armazenamento a temperaturas de refrigerao e congelao
5.4. Controlo da temperatura na preparao dos alimentos
5.5. Controlo da temperatura na confeco dos alimentos
5.6. Controlo da temperatura no servio das refeies/alimentos
5.7. Instrumentos de medio de temperatura, suas caractersticas e modo de utilizao
5.7.1. Tipos de termmetros
5.7.2. Modo de utilizao de termmetros
Objectivos do Captulo
: Sensibilizar os operadores para a importncia da temperatura enquanto factor extrnseco de influncia para a
susceptibilidade dos alimentos, desde que estes so recepcionados no estabelecimento at ao momento em que
so consumidos pelos clientes.
: Indicar os principais instrumentos de medida de temperatura, suas principais caractersticas e regras de utilizao.
: Apresentar informaes de aplicao prtica para a correcta utilizao da temperatura (frio ou calor) na conservao,
preparao, confeco e colocao disposio do consumidor de alimentos com vista garantia da segurana
alimentar.
77
5)
5.1. Introduo
A temperatura um dos factores mais relevantes na conservao, preparao e confeco de alimentos. Os
aspectos relevantes directamente relacionados com os gneros alimentcios e controlo das respectivas temperaturas,
encontram-se descritos no Regulamento da Higiene dos Gneros Alimentcios anexo ao Decreto-Lei n 67/98.
Assim, de acordo com este regulamento, para garantir a segurana e salubridade dos gneros alimentcios, deve-se
assegurar, quando necessrio, que:
As caixas de carga dos veculos e os contentores utilizados para o transporte devero estar equipados de forma
a manter os gneros alimentcios a temperaturas adequadas e ser concebidos de forma a permitir que essas
temperaturas sejam controladas.
As matrias-primas, os ingredientes e os produtos intermdios e acabados, susceptveis de permitir o crescimento
de microrganismos patognicos ou a formao de toxinas, devem ser conservados a temperaturas s quais no
possam resultar riscos para a sade. So, no entanto, permitidos perodos limitados sem controlo de temperaturas,
sempre que for necessrio, para permitir as operaes de preparao, armazenagem, conservao e colocao
venda ou disposio do pblico consumidor, desde que tal no afecte a segurana dos alimentos.
Quando se destinarem a ser conservados ou servidos frios, os gneros alimentcios devem ser arrefecidos o mais
rapidamente possvel aps a fase final de processamento pelo calor (ou aps a fase final de preparao se este
tipo de processamento no for utilizado) at uma temperatura de que no resultem riscos para a sade.
Grande parte das matrias-primas e alimentos utilizados na restaurao so produtos frescos que necessitam de
frio para se conservarem (e.g. carne, pescado, vegetais), pelo que o conhecimento e manuteno das condies
ptimas de conservao so essenciais para assegurar a qualidade e segurana dos alimentos.
Os processos trmicos (e.g. cozedura) utilizados na preparao e confeco de alimentos, a manuteno da cadeia
de frio durante a conservao e preparao de alimentos e o controlo do tempo-temperatura, desde que as refeies
so preparadas, at serem servidas, so importantes, na medida em que os microrganismos eventualmente
presentes nos alimentos se desenvolvem mais rapidamente se estes se encontrarem a temperaturas que favoream
o seu desenvolvimento/crescimento.
O intervalo de temperaturas entre os 4 e os 63C, corresponde ao intervalo em que a multiplicao dos microrganismos
pode ocorrer. tambm importante referir que os microrganismos se multiplicam mais rapidamente a temperaturas
prximas dos 37C (temperatura do corpo humano), sendo esta a temperatura ideal para a multiplicao da maioria
das bactrias patognicas. Assim, para reduzir significativamente a taxa de crescimento ou mesmo impedir o
desenvolvimento microbiano, necessrio manter os alimentos a temperaturas fora da zona de perigo, ou seja
a temperaturas inferiores a 4C ou superiores a 63C, dependendo do alimento e do tipo de processamento a que
submetido.
78
ZONA DE PERIGO
8C
Produtos lcteos
7C
Carne e derivados
4C
Alimentos refrigerados
3C
0C
-18C
Alimentos congelados
Abaixo dos 4 C as bactrias no morrem, no entanto tambm no se multiplicam com facilidade, ficando inactivas
a temperaturas muito baixas (< -18C). Algumas bactrias podem permanecer viveis por longos perodos de tempo
em alimentos congelados. A resistncia das bactrias a altas temperaturas depende das suas caractersticas. Se
estas j tiverem criado resistncias e j tiverem produzido esporos, com a sua cpsula protectora que as protege
do calor, sero necessrias temperaturas muito mais elevadas do que os 63 C e bem acima do 100 C, para as
controlar e/ou eliminar.
A influncia da temperatura no crescimento bacteriano no pode ser analisada separadamente do factor tempo.
Na realidade, deve-se falar do efeito da combinao tempo-temperatura no crescimento microbiano (binmio tempo-temperatura). Constata-se que existe, muitas vezes, uma m utilizao do binmio tempo-temperatura, sendo
aplicados tempos e temperaturas incorrectos durante o processamento dos alimentos. O controlo efectivo destes
dois parmetros assim um dos principais aspectos a considerar nas medidas de controlo de segurana alimentar
a implementar.
79
A recepo das matrias-primas e produtos alimentares constitui a primeira etapa do processo de confeco das
refeies, pelo que o controlo da temperatura nesta etapa assume enorme importncia, pois caso sejam recepcionadas
matrias-primas ou produtos alimentares que no cumpram as especificaes de temperatura pr estabelecidas,
a segurana do produto final poder estar comprometida.
A temperatura das matrias-primas deve ser controlada na recepo, pelo operador responsvel, devendo ser
utilizado para esse fim o equipamento especfico (termmetros calibrados), previamente disponibilizado pela gesto
dos estabelecimentos. As temperaturas medidas pelo operador devem ser registadas na folha de registo especfica
para esse fim.
A temperatura ambiente da caixa do veculo em que as matrias-primas e produtos alimentares so transportados,
deve ser controlada no momento da chegada ao estabelecimento. As temperaturas utilizadas durante o perodo
de transporte at chegada ao estabelecimento tambm devem ser controladas, isto atravs do pedido dos registos
dessas temperaturas ao fornecedor. Este procedimento permite verificar se a temperatura do veculo sofreu
flutuaes, pois caso isto tenha acontecido, poder indiciar que as matrias-primas e os produtos alimentares
tenham tambm sofrido flutuaes de temperatura.
O controlo das temperaturas recepo assume grande importncia, principalmente para as matrias-primas e
produtos alimentares refrigerados e congelados, assim, de um modo geral, os produtos refrigerados devem
apresentar uma temperatura de 4C, e no caso de produtos congelados temperaturas de -18C. Para alguns
produtos congelados e refrigerados, podem existir pequenas variaes nas temperaturas recomendadas recepo,
que so descritas na Tabela 5.1.
Temperatura mxima
admitida recepo (C)
Matria-prima
Produtos lcteos
Carne
Queijo
Iogurtes
Queijo fresco
Leite do dia
Manteigas e margarinas
-15
Fresca
Aves e criao
80
Temperatura mxima
admitida recepo (C)
Matria-prima
Pescado
Ovos
Congelado
-15
Fresco
Frescos
20
Pasteurizados
Gelados
-12
Hortofrutcolas
Frescos
16
Congelados
-13
81
A cadeia de frio das matrias-primas refrigeradas e congeladas no deve ser interrompida. Estes alimentos devem
manter-se sempre mesma temperatura, pelo que, aps a recepo devem ser imediatamente colocados nas
respectivas cmaras.
A temperatura recomendada para a conservao de alimentos congelados de -18C, visto que a esta temperatura
no ocorre desenvolvimento microbiano.
A maioria dos alimentos, que necessite de refrigerao, deve ser conservada de preferncia a temperaturas entre
1 e 4 C, isto no caso de existir apenas uma cmara de refrigerao.
No entanto, os alimentos refrigerados apresentam algumas especificidades, relativamente temperatura ideal de
armazenamento, indicadas na Tabela 5.2. Assim, caso exista mais do que uma cmara no estabelecimento, deve
ser feita uma diferenciao entre produtos a armazenar em cada uma das cmaras tendo em considerao a
temperatura especfica de conservao para cada alimento, ou famlias de alimentos.
importante referir que a temperatura no o nico factor a ter em considerao, aquando do agrupamento das
matrias-primas/alimentos em cada uma das cmaras (ver Capitulo 3).
Temperatura de armazenamento
recomendada (C)
Matria-prima
Produtos lcteos
Carne
Pescado
Iogurtes
1a5
Queijo fresco
1a4
Leite do dia
1a5
Manteigas e margarinas
1a5
Inferior a -18
Fresca
-1 a 1
Aves e criao
-1 a 1
1a5
Congelado
Inferior a -18
Fresco
1a3
82
Temperatura de armazenamento
recomendada (C)
Matria-prima
Ovos
Frescos
1 a 20*
Pasteurizados
1a3
1a5
Frescos
7 a 10
Congelados
Inferior a -18
*Idealmente de 10 C a 15 C
Em caso de avaria do sistema de frio, deve ser imediatamente afixada uma etiqueta que indique essa situao,
de modo a evitar ao mximo a abertura das cmaras frigorficas ou de conservao de congelados, para permitir
a manuteno das temperaturas. Caso exista equipamento de frio alternativo os alimentos devem ser imediatamente
transferidos.
Nestas situaes em que ocorrem avarias dos sistemas de frio, a temperatura dos alimentos deve ser controlada,
e caso ultrapasse os -10 C para os alimentos congelados, estes devem ser armazenados em cmaras de refrigerao
at descongelarem completamente e depois consumidos no prazo de 24 horas. Para alimentos refrigerados se as
temperaturas ultrapassarem os 8 C, estes devem ser imediatamente consumidos.
A temperatura das cmaras frigorficas ou de conservao de congelados, deve ser verificada e registada pelo
menos 2 vezes por dia. A folha de registo (obrigatrio) das temperaturas deve estar colocada em local visvel e
facilmente acessvel junto s cmaras. Deve existir pelo menos um termmetro porttil calibrado, isto para alm
dos termmetros fixos, acoplados aos equipamentos de frio. A existncia de mais que um termmetro oferece maior
garantia de que a leitura da temperatura das cmaras de refrigerao e conservao de congelados a correcta.
Os procedimentos efectuados nas zonas de preparao da cozinha, como por exemplo a eviscerao, lavagem,
corte e tempo de espera para a confeco, devero obedecer a uma sequncia (ver Capitulo 4) que assegure que
os produtos perecveis crus de origem animal no estejam expostos mais de 1 hora a temperaturas compreendidas
entre 4 e os 63 C. Os peixes, moluscos, aves, coelhos e suas vsceras no devem ultrapassar os 30 minutos de
exposio ao intevalo de temperaturas anteriormente referido.
Caso a preparao dos alimentos tenha ocorrido com demasiada antecedncia, estes devem ser armazenados
em ambiente refrigerado.
83
O processo de preparao das refeies implica, por vezes, a descongelao das matrias-primas. Para garantir
a segurana dos alimentos essencial que se proceda sua adequada descongelao, o que implica que a
temperatura e o tempo de descongelao dos alimentos sejam controlados. Assim, a descongelao deve ocorrer
em cmaras de refrigerao, a uma temperatura controlada entre 1 e 4C, e no dever exceder as 72 horas. Caso
a descongelao no possa ser efectuada em ambiente refrigerado, poder ser efectuada com gua corrente,
neste caso a temperatura da gua deve ser controlada de modo a que no ultrapasse os 21C, sendo que este
procedimento no deve ultrapassar as 4 horas.
Caso a descongelao dos alimentos no seja completa, as temperaturas de segurana recomendadas para cada
alimento durante a confeco no so atingidas.
Durante a confeco dos alimentos a quente, os manipuladores devem garantir que todos os pontos dos alimentos
atingem no mnimo os 75C, durante pelos menos 2 minutos, de modo a assegurar a destruio dos microrganismos.
importante ter em conta que a destruio microbiana no depende apenas da temperatura, mas tambm do
tempo que o alimento se encontra submetido temperatura mnima de segurana e da contaminao inicial por
microrganismos que este apresenta. Alm das condies gerais de tempo-temperatura referidas, que devem ser
cumpridas para a generalidade dos alimentos, recomendam-se combinaes tempo-temperatura especficas para
os diferentes alimentos.
Relativamente aos leos de fritura o controlo da temperatura poder ser efectuado atravs de sensores do prprio
equipamento de fritura, o qual disparar um alarme sempre que a temperatura ultrapasse os 180C. Assim o
termstato das fritadeiras deve estar regulado para temperaturas entre 160 e 180C.
Para alm do termstato incorporado no equipamento, o operador responsvel deve proceder medio da
temperatura do leo utilizando um termmetro devidamente calibrado, verificando se a temperatura do leo
corresponde na realidade indicada no termstato.
84
74C
74C
63C
74C
68C
15 s
74C
63C
68C
63C
60C
63C
4 min.
85
Os alimentos/refeies que no sejam para consumo imediato, isto , em que existe algum intervalo de tempo
entre a sua preparao e o consumo pelo cliente, devem ser mantidos em condies que permitam a sua manuteno
temperatura de segurana recomendada, consoante o tipo de alimento, o momento e a forma como vai ser
consumido (frio ou quente).
Aps a confeco, caso os alimentos no sejam para consumo imediato, deve-se proceder ao seu rpido arrefecimento
at os 10C, isto no perodo mximo de 2 horas, e posteriormente acondicionados a temperaturas iguais ou inferiores
a 4C.
conveniente o uso de clulas de arrefecimento rpido. No caso de no disporem destes aparelhos, dever
proceder-se ao arrefecimento colocando o recipiente com o alimento num banho de gua fria e introduzi-lo
posteriormente na cmara frigorfica. A prtica de deixar os alimentos preparados a arrefecer temperatura ambiente,
por exemplo, durante toda a noite deve ser completamente eliminada.
Caso os alimentos se destinem a ser consumidos frios em estabelecimentos de self-service e permaneam em
equipamentos de exposio equipados com sistema de frio antes do seu consumo, estes devem ser mantidos a
temperaturas de 4C ou ligeiramente inferiores.
Nas operaes de regenerao/reaquecimento, em que um alimento confeccionado sob aco de calor, arrefecido
e mantido por um determinado tempo em refrigerao, volta a sofrer um tratamento trmico antes do seu
servio/consumo, o alimento deve alcanar uma temperatura de 82C num intervalo de tempo que no ultrapasse
as 2 horas. Os alimentos devero ser regenerados/reaquecidos em quantidades estritamente necessrias, no
sendo aceitvel a prtica de regenerar e voltar a refrigerar.
Caso os alimentos se destinem a ser consumidos quentes nos estabelecimentos de restaurao, e permaneam
em equipamentos de exposio antes do seu consumo, devem ser mantidos acima dos 63C. Estes alimentos
devem ser mantidos em sistemas (e.g. estufas, banho-maria) cujas temperaturas devem estar reguladas para 80
a 90C, de forma a garantir que os alimentos se mantenham no mnimo a 63C.
As sobras dos alimentos que estejam quentes devem ser rapidamente arrefecidas, at uma temperatura de 4C,
e posteriormente acondicionadas em sistemas que as mantenham a esta temperatura.
Outros aspectos importantes a ter em considerao no controlo de temperaturas no servio de refeies incluem:
- Manuteno dos molhos quentes a temperaturas superiores a 63 C e os molhos frios a uma temperatura entre 1
e 4 C;
- Medio da temperatura interna dos alimentos com um termmetro calibrado com intervalos de 30 minutos;
- Conservao at 7 dias de alimentos submetidos a arrefecimento, se mantidos a temperaturas inferiores a 4C.
Este perodo deve ser reduzido para 4 dias, caso o equipamento de frio permita oscilaes de temperatura at aos
7C, at serem reaquecidos.
86
O controlo da temperatura, para alm de ser realizado em qualquer uma das fases de elaborao de uma refeio,
tambm importante na recolha de amostras, para controlo analtico. Assim, as amostras devem ser acondicionadas
em refrigerao, a uma temperatura entre 1 e 4C, durante pelo menos trs dias.
87
Os termmetros no devem apresentar um erro mximo superior a 1C, ou seja quando o termmetro indicar a
temperatura de 5C, o alimento possa estar a uma temperatura real compreendida entre os 4 e os 6C.
Os termmetros mais comuns para o sector da restaurao so:
- Termmetro de leitura instantnea: No esto concebidos para permanecer no alimento durante a sua confeco.
Estes devem ser utilizados introduzindo a haste do termmetro at que a sua extremidade atinja o centro trmico
do alimento. Quando se tratar de peas de pequena espessura como por exemplo hamburgers, a haste do
termmetro deve ser introduzida lateralmente. Neste tipo de termmetro a temperatura estabiliza ao fim de 15 a
20 segundos;
- Termmetro digital: Estes no devem permanecer nos alimentos durante o cozimento. A haste do termmetro
tambm deve ser introduzida na parte em que a espessura do alimento maior, at que atinja o seu centro trmico,
a temperatura estabilizar ao fim de 10 segundos. muito apropriado para utilizar em alimentos de pouca espessura;
- Sondas de forno: Esto indicados para permanecer no alimento durante o processo de cozimento. A haste da
sonda de temperatura tambm deve ser introduzida na parte em que a espessura do alimento maior, at que
atinja o seu centro trmico. Com a utilizao deste tipo de termmetro teremos a indicao da evoluo da
temperatura ao longo do processo de cozimento;
Termmetro tipo garfo: So geralmente utilizados em alimentos grelhados. Apresentam incorporada uma haste em
forma de garfo.
88
- No caso de se utilizar o mesmo termmetro para medir a temperatura de alimentos quentes e frios, deve-se
esperar que o termmetro volte temperatura ambiente (21C), antes de efectuar nova medio;
- Quando se mede a temperatura de alimentos que estejam expostos em vitrinas de manuteno a quente ou a
frio, deve-se proceder a essa medio em mais do que um alimento, isto em virtude destes expositores, poderem
no apresentar a mesma temperatura em diferentes pontos.
89
6)
6.1. Introduo
6.2. Elementos a ter em considerao num processo de higienizao
6.2.1. Elementos a ter em considerao num processo de limpeza
6.2.2. Elementos a ter em considerao num processo de desinfeco
6.3. Seleco de agentes de higienizao
6.3.1. Seleco do agente de limpeza
6.3.2. Seleco do agente de desinfeco
6.4. Caractersticas dos agentes de higienizao
6.4.1. Caractersticas dos agentes de limpeza
6.4.2. Caracterstica dos agentes desinfectantes
6.5. Procedimentos de higienizao
6.5.1. Preparao
6.5.2. Eliminao de resduos grosseiros limpeza a seco
6.5.3. Pr-enxaguamento
6.5.4. Limpeza
6.5.5. Desinfeco
6.6. Plano de limpeza e desinfeco
6.7. A verificao da eficcia da limpeza e desinfeco
6.7.1. A importncia da verificao da eficcia da limpeza e desinfeco
6.7.2. Monitorizao das actividades de limpeza e desinfeco
90
Objectivos do Captulo
: Apresentar e discutir a importncia de um adequado conhecimento da sujidade quanto sua origem, natureza e
composio qumica para uma adequada seleco do agente de limpeza.
: Discutir o impacto das caractersticas da gua utilizada na dissoluo/diluio dos produtos de higienizao, das
superfcies e dos tipos de limpeza na eficcia das actividades de higienizao de superfcies, equipamentos e
utenslios.
: Apresentar os principais critrios a ter em considerao na seleco dos agentes de limpeza e de desinfeco e
os principais factores determinantes na eficcia dos mesmos.
: Apresentar as principais caractersticas dos agentes de limpeza e desinfeco, explicitando como estas facilitam
a higienizao das superfcies.
: Apresentar os principais aspectos a ter em considerao na realizao de actividades de higienizao, nomeadamente
na preparao, na eliminao de resduos grosseiros, no pr-enxaguamento, na limpeza, na desinfeco e no
enxaguamento e a justificao para a realizao destas actividades.
: Apresentar e discutir os principais aspectos a ter em considerao na elaborao de um plano de higienizao.
: Ilustrar, atravs da apresentao de modelos de impressos como evidenciar a implementao de um plano de
higienizao.
: Discutir a importncia da verificao da eficcia da limpeza e desinfeco estabelecida nos programas de
higienizao.
: Apresentar os mtodos de monitorizao das operaes de limpeza e desinfeco na restaurao, apresentando
as suas vantagens e as suas limitaes.
91
6)
6.1. Introduo
Se uma superfcie permanecer hmida e contiver resduos de alimentos aumentar a populao microbiana e
consequentemente a contaminao dos alimentos. O processo de limpeza pretende eliminar estes resduos que
proporcionam nutrientes para a multiplicao microbiana. Ao mesmo tempo, este processo pode tambm eliminar
a maioria dos microrganismos mediante a aco da lavagem e enxaguamento, podendo ser complementado com
a desinfeco.
Para garantir um processo de limpeza e desinfeco adequado, devem ser desenvolvidos planos de limpeza e
desinfeco que devem ser levados a cabo de forma sistemtica, com a frequncia planeada. A verificao da sua
eficcia atravs de metodologias adequadas, assegurar um grau de confiana aceitvel nos resultados das
actividades de limpeza e desinfeco estabelecidos.
De referir que a legislao nacional relativa higiene dos gneros alimentcios, o Decreto-Lei n 67/98, define
requisitos relativos limpeza e desinfeco de um estabelecimento alimentar. Este decreto refere explicitamente
nos Artigos 3, 4, 6 e 15 requisitos relativos limpeza e desinfeco, respectivamente para instalaes alimentares
permanentes, locais permanentes de preparao e fabrico (nas quais se incluem os estabelecimentos de restaurao),
meios de transporte e equipamentos.
A limpeza um processo cujo objectivo a separao ou o desprendimento de todo o tipo de sujidade agarrada
s superfcies, objectos e utenslios e a posterior eliminao da soluo detergente durante a fase de enxaguamento
final. Este processo, fundamentalmente fsico, constitui a primeira etapa de um programa de higienizao. Apesar
de com a limpeza no se pretender a destruio dos microrganismos, verifica-se que na eliminao de sujidade,
na fase de enxaguamento, ocorre uma importante reduo do nmero de microrganismos. No entanto, esta reduo
no significa que os microrganismos foram destrudos, mas simplesmente deslocados do local original para um
outro.
Certas bactrias, incluindo algumas patognicas ao aderirem entre si e superfcie, podem adaptar-se a condies
rigorosas . Nestas condies, as bactrias no so efectivamente removidas com os procedimentos normais de
limpeza, chegando a ser mil vezes mais resistentes em comparao com as que se encontram em estado livre.
Esta uma das razes que justifica a necessidade da desinfeco aps a limpeza, especialmente nas zonas de
risco.
92
Sujidade
A sujidade constituda, geralmente, por um aglomerado de partculas heterogneas que se encontram unidas.
A sua heterogeneidade pode ser considerada do ponto de vista da sua origem, natureza qumica, estrutura fsica
e tamanho.
Quanto origem da sujidade esta normalmente dividida em sujidade de origem animal, vegetal e mineral. No
primeiro grupo incluem-se sujidades como gorduras e sebos (e.g. carnes), na sujidade de origem vegetal destacam-se os leos e as gorduras vegetais (e.g. azeite, leos alimentares). Por ltimo, como sujidade de origem mineral
destacam-se os xidos e os depsitos minerais (e.g. incrustaes calcrias) que se podem formar em determinadas
situaes, nomeadamente induzidas pelo calor.
Quanto natureza e composio qumica da sujidade esta normalmente classificada em trs grupos: i) orgnica,
ii) inorgnica e iii) mista. A sujidade orgnica constituda por substncias nas quais se destacam as gorduras,
os leos e as protenas. A sujidade inorgnica constituda por substncias minerais, como carbonatos e xidos.
Em muitas situaes a sujidade incorpora quer material orgnico quer material inorgnico, situao classificada
como mista.
Independentemente da classificao utilizada essencial conhecer adequadamente as caractersticas da sujidade
pois este um dos critrios determinantes na escolha dos produtos de higienizao.
gua de dissoluo/diluio
Um dos outros elementos a ter em considerao num processo de limpeza a gua utilizada na dissoluo/diluio
dos produtos de higienizao. Esta questo importante pois, na generalidade das situaes, estes produtos so
fornecidos na forma de uma soluo concentrada que necessita de ser diluda. Na maioria dos casos a gua
representa entre 90 a 95% da composio do produto. A presena de determinados ies, nomeadamente de clcio
e magnsio, podem afectar a eficcia dos produtos de limpeza, reduzindo o seu poder de detergncia. guas que
contm este tipo de ies so designadas vulgarmente de guas duras ou muito duras.
Suporte
Todas as superfcies, mesmo aquelas que normalmente so designadas como lisas (e.g. superfcies de ao
inoxidvel) possuem uma determinada rugosidade. Tendo em considerao que a dimenso de muitos microrganismos
inferior a 2 m, fcil compreender que mesmo nessas superfcies, a pequena rugosidade que apresentam,
pode ser suficiente para permitir a fixao de microrganismos. Naturalmente, as condies para a fixao de
microrganismos aumentam com a rugosidade das superfcies. Ao contrrio das superfcies de ao inoxidvel, a
madeira apresenta um conjunto aprecivel de inconvenientes que justificam a sua eliminao do sector alimentar.
Para alm dos perigos fsicos que lhe esto associados, a madeira um material que possui caractersticas que
potenciam no apenas a fixao mas tambm o desenvolvimento de microrganismos. Isto verifica-se porque a
madeira um material absorvente que facilita a fixao na sua superfcie de gua e outros lquidos orgnicos
indispensveis ao seu crescimento.
93
Tipos de limpeza
Quando a natureza da sujidade permitir a sua remoo fsica exclusivamente por aco mecnica necessrio
que a escolha de escovas e esponjas seja apropriada. Quando for necessrio aplicar mais presso para se remover
as sujidades difceis, devem-se utilizar escovas com cerdas mais duras que no dobrem. Deve-se tambm ter o
cuidado na utilizao destes equipamentos de limpeza de forma que estas no constituam um veculo de contaminao
cruzada. A seleco destes materiais de limpeza e a sua utilizao deve tambm ter em considerao o perigo
de componentes do equipamento de limpeza (e.g. cerdas, bocados de esponja) poderem contaminar os alimentos.
Assim, dever ser assegurado um adequado estado de conservao destes equipamentos e deve-se proceder
sua substituio antes que possam constituir um perigo para os alimentos.
Quando a aco mecnica for insuficiente, esta pode ser combinada com a aco qumica de um detergente.
Atendendo s caractersticas do detergente, este permite a eliminao fsica ou qumica da sujidade. A seleco
do produto de limpeza deve ter em considerao o tipo de sujidade presente na superfcie a limpar. A seleco
do mtodo de limpeza mais adequado deve tambm ser tida em considerao, de forma a optimizar os resultados.
Normalmente os tipos de limpeza so classificados em limpeza cida, neutra ou alcalina.
A limpeza neutra realizada com detergentes neutros, normalmente detergentes de uso geral. Estes detergentes,
ao contrrio dos utilizados nas limpezas cidas ou alcalinas, no actuam por reaco qumica. A sua aco resulta
da combinao das suas propriedades e aco tensioactiva com a aco mecnica de esfregar.
Na limpeza alcalina, como o prprio nome indica, so utilizados detergentes alcalinos desengordurantes. A limpeza
alcalina deve ser utilizada para o tratamento de superfcies e utenslios sujos de resduos de carcter orgnico,
principalmente, azeites ou gorduras tanto animais como vegetais, assim como tambm protenas como o leite. De
forma a evitar o efeito de reduo da detergncia em guas duras, so incorporados outros agentes (e.g. tensioactivos,
sequestrantes), que reagem com as substncias qumicas responsveis pela dureza da gua.
Os detergentes alcalinos ou clorados so, em geral, mais eficazes que os detergentes neutros para as sujidades
de alimentos. Os produtos clorados so normalmente mais agressivos, permitindo libertar mais facilmente sujidades
base de protenas e sujidades que se encontrem mais fixadas s superfcies. No entanto os produtos clorados,
pela sua corrosividade, no podem ser utilizados em todos os tipos de materiais, tais como em alumnios.
Os detergentes cidos so utilizados quando necessrio proceder remoo de matria inorgnica dado que
os cidos tm uma boa actividade desincrustante ou desoxidante.
Na utilizao de qualquer um destes produtos necessrio ter em considerao quais que esto autorizados
para o uso pretendido e em que condies. Cada detergente diferente e por isso devem ser seguidas as indicaes
fornecidas pelo fabricante.
94
Os processos de limpeza e desinfeco apesar de absolutamente distintos tm uma aco complementar. A limpeza,
como nica operao de higienizao apresenta uma srie de limitaes devidas, principalmente: i) ausncia
de aco microbiolgica por parte dos detergentes; ii) s deficincias dos processos de limpeza, quer sejam de
carcter tcnico (e.g. produtos ou tcnicas no apropriadas), devidas a problemas de factor humano (e.g. falta de
formao na rea de higiene ou falta de motivao) e uma inadequada concepo dos estabelecimentos e/ou
equipamentos. Por estas razes, se justifica plenamente que os programas de higienizao na restaurao
contemplem procedimentos de desinfeco para alm dos de limpeza. A desinfeco uma operao cujo objectivo
principal destruir os microrganismos, em especial os patognicos, que podem estar presentes e contaminar as
superfcies, as mos, e o ambiente, e consequentemente tambm os alimentos.
Se fosse exclusivamente aplicada a desinfeco como meio para prevenir e controlar a contaminao microbiolgica
nos estabelecimentos de restaurao, tambm se constatariam deficincias na higienizao das instalaes,
equipamentos e utenslios, dado que na presena de matria orgnica, como gorduras e protenas, a eficcia da
aco dos desinfectantes pode ser substancialmente reduzida ou tornar-se mesmo nula. A matria orgnica serve
de suporte nutritivo e refgio aos microrganismos que se pretendem destruir, tambm reage com os desinfectantes
neutralizando-os e consequentemente reduzindo a sua actividade. Assim, a sujidade constitui uma barreira tanto
fsica como qumica que tem de ser previamente eliminada, atravs da limpeza, de modo a optimizar a desinfeco.
95
Desde que seja possvel, para garantir uma adequada limpeza das superfcies, devem ser seleccionados agentes
de limpeza o menos agressivos possvel. A adequabilidade de um agente de limpeza deve ser validada aps um
perodo de teste. Um cuidado a ter e para o qual necessrio sensibilizar os operadores o de nunca procederem
mistura de detergentes. Estes so produtos qumicos e, dependendo da sua natureza, em caso de mistura poderse-o dar reaces violentas com projeco de lquidos ou libertao de vapores que podero dar origem a
queimaduras e inalao de gases txicos.
Independentemente do tipo de detergente e sujidade, a eficincia da limpeza depende de vrios factores bsicos:
- Tempo de contacto - dado que os detergentes no actuam instantaneamente, necessrio assegurar o tempo
adequado para que o detergente penetre na sujidade e a solte da superfcie;
- Temperatura a eficcia da generalidade dos detergentes aumenta com o aumento da temperatura;
- Ruptura fsica da sujidade a intensidade de aco mecnica para uma adequada limpeza das superfcies,
depende das caractersticas do detergente seleccionado e do mtodo de limpeza utilizado;
Qumica da gua Dado que a gua possui ies dissolvidos, tais como os ies clcio e magnsio, estes podem
afectar a eficincia do agente de limpeza, pelo que na sua seleco e no doseamento aquando da preparao das
solues de limpeza deve-se ter em considerao as caractersticas fsico-qumicas da gua utilizada.
96
97
Agentes
Componente Activo
Actividade
Incompatibilidade
Outros efeitos
Precaues
lcalis fortes
Hidrxidos de sdio e
potssio, silicatos sdicos
Activos frente
a gorduras e
protenas
Com produtos
cidos
Muito corrosivos,
Reduzem a dureza
irritantes,
da gua por
desprendem gs
precipitao
em contacto com
amonaco
lcalis
Carbonatos, amonaco
Activos frente
a gorduras
Com produtos
cidos
Reduzem a dureza
da gua por
precipitao
Corrosivos
cidos fortes
cidos inorgnicos
Activos frente
a protenas
Elimina a
precipitao de
pedras de calcrio
e protenas
Muito
corrosivos,
irritantes
Sequestrantes
EDTA, polisfofatos,
gluconatos
Reduzem a
dureza da gua
Polifosfatos
com cidos
No produz pedras
de calcrio
Tensioactivos
aninicos
Sabes de
diversos tipos
Frente a todos os
tipos de sujidade
Tensioactivos
catinicos
Melhoram a aco
de lcalis e cidos
Tensioactivos
catinicos
Composto de
diversos tipos
Frente a todos os
tipos de sujidade
Tensioactivos aninicos
incompatveis com
guas duras
Fungicidas e
bactericidas
Clorados
Hipoclorito, cloro
gasoso, dixido de
cloro
Bactrias, bolores,
leveduras, vrus,
esporos
Corrosivo,
txico
Iodforos
Tricloro iodo,
substncias com
iodo
Bactrias, bolores,
leveduras
Corrosivo
Oxidantes
cido paractico
Bactrias, bolores,
leveduras, vrus,
esporos
Pouco txico
Quaternrios
Sais de amnio
quaternrio
Gram positivas,
bolores leveduras
Tensioactivos
aninicos, matria
orgnica, guas duras
Vapor de gua
Vapor de gua
Bactrias, bolores,
leveduras, vrus,
esporos
Dificuldade de
aplicao
Limpeza
Desinfectantes
98
Capacidade
detergente
No txico
Preparao
Eliminao de resduos
grosseiros - limpeza a seco
Pr-enxaguamento
Limpeza
Enxaguamento
Desinfeco
Enxaguamento
99
6.5.1. Preparao
Nesta etapa, quando necessrio e sempre que possvel, deve-se desligar a electricidade de todos os equipamentos
elctricos, particularmente se for utilizada gua nas operaes de limpeza. Devem-se tambm desmontar os
equipamentos relativamente aos quais necessrio realizar esta actividade, de forma a realizar uma adequada
limpeza.
6.5.3. Pr-enxaguamento
Num terceiro passo, o equipamento ou superfcie deve ser pr-enxaguado de preferncia com gua quente j que
comear a solubilizar a gordura, por forma a remover resduos que se encontrem pouco aderentes superfcie.
O pr-enxaguamento serve para remover pequenas partculas que no foram retiradas na etapa da limpeza a seco
e prepara as superfcies para a aplicao do detergente, humedecendo-as.
6.5.4. Limpeza
A operao de limpeza implica o humedecimento da superfcie e a penetrao dos agentes de limpeza no
equipamento/superfcie e na prpria sujidade. A reaco dos agentes activos das solues com os constituintes
da sujidade que vai facilitar a eliminao das sujidades e evitar que estas se voltem a depositar noutros pontos
no decurso da limpeza. A eficincia do processo de limpeza depende de quatro factores: i) tempo de contacto, ii)
temperatura, iii) ruptura fsica da sujidade e iv) qumica da gua, pelo que devero ser respeitadas as indicaes
dos fabricantes dos agentes de limpeza, descritas nas fichas tcnicas dos produtos ou nas prprias etiquetas das
embalagens que contm os detergentes. Para as superfcies que esto em contacto directo com os alimentos
conveniente utilizar meios mecnicos na sua limpeza. Os utenslios de limpeza devem ser convenientemente
lavados e desinfectados. Se forem utilizadas mangueiras estas no devem trabalhar a presses elevadas, pois a
gua suja poder salpicar as zonas limpas recontaminando-as.
Este passo o mais importante para eliminar das superfcies os resduos de alimentos. A operao de limpeza
permite tambm eliminar parte dos microrganismos que eventualmente estejam presentes, em particular aqueles
que se encontravam no directamente sobre a superfcie mas sobre os resduos de alimentos.
Aps a limpeza deve-se proceder remoo dos resduos do produto de limpeza e da sujidade. Este enxaguamento
efectuado com gua.
100
6.5.5. Desinfeco
Dependendo das necessidades inerentes natureza dos produtos e dos perigos associados (Baptista, P. e Venncio,
A., 2003), aps a operao de limpeza poder ser ainda necessrio proceder a operaes de desinfeco. Quando
tal acontecer, o enxauguamento, referido anteriormente, prepara as superfcies limpas para a desinfeco, dado
que necessrio remover todo o detergente para que o agente de desinfeco seja eficaz. Aps a aplicao do
agente desinfectante dever proceder-se a novo enxaguamento para os produtos que o requerem, como os
desinfectantes clorados. Existem produtos que no precisam de um posterior enxaguamento, apesar de se dever
assegurar que passe o tempo suficiente para que no permaneam resduos nas superfcies, que poderiam passar
posteriormente para o alimento.
Por vezes, dependendo da natureza e da quantidade da sujidade poder ser possvel realizar simultaneamente a
limpeza e a desinfeco utilizando um produto que rena as caractersticas de um agente de limpeza e as de um
agente de desinfeco. Nesta situao haveria tambm apenas 5 etapas principais: I) preparao, ii) eliminao
de resduos grosseiros limpeza a seco, iii) pr-enxaguamento, iv) limpeza e desinfeco simultnea e v)
enxaguamento.
101
rea
Restaurante
XYZ
Superfcie/
Equipamento/
Utenslios
Actividades
Frequncia
Produto
Responsvel
Registo
Pg. 1/1
Data: dd.mm.aa
102
103
Responsvel
Material/
Equipamento/
Utenslios
Restaurante
XYZ
10 11 12 13 14 15
16 17 18 19 20 21
22 23
24 25 26 27 28 29 30
Pg. 1/1
Data: dd.mm.aa
31
Superfcie / Equipamento
Restaurante
XYZ
Produto
Procedimento de Aplicao
Pg. 1/1
Data: dd.mm.aa
104
105
A contaminao dos equipamentos, foi identificada como uma das causas provveis para uma percentagem bastante
significativa de registos de intoxicaes e infeces alimentares, (Bean, N.H. et al., 1990).
Embora a inadequabilidade dos programas de higienizao estabelecidos possa estar na origem deste tipo de
ocorrncias, muitas vezes estas situaes resultam de uma inadequada aplicao dos mesmos ao nvel da frequncia
e ao modo como as actividades so realizadas. Como possveis causas possvel identificar as seguintes:
- Falta de qualificao, sensibilidade e motivao por parte dos colaboradores envolvidos nas actividades de
higienizao;
- Procedimentos e frequncias inadequados na realizao das actividades de limpeza e desinfeco;
- Utilizao de detergentes e desinfectantes pouco adequados s caractersticas da sujidade e tipo de contaminaes
microbiolgicas mais provveis;
- Inexistncia de utenslios e outros meios adequados e em bom estado de conservao para a realizao das
actividades de higienizao;
- No realizao de controlos sistemticos sobre estas operaes.
Por forma a verificar a adequabilidade dos planos de higienizao estabelecidos e seu efectivo cumprimento, um
programa de limpeza e desinfeco na restaurao deve contemplar tambm a realizao de actividades de
monitorizao ou de verificao sobre estas actividades.
106
Inspeco visual
A inspeco visual, embora no sendo um mtodo completamente fivel, pode possibilitar a deteco de falhas
ao nvel da higienizao que potencialmente podem comprometer a segurana alimentar. Na realidade, embora
a no observao de sujidade numa superfcie no seja sinnimo de que esta se encontre devidamente higienizada,
a identificao de uma superfcie suja aponta imediatamente uma falha que pode ser imediatamente corrigida. A
avaliao do estado de limpeza dos equipamentos, das superfcies, dos utenslios e das instalaes constitui na
prtica a nica abordagem que permite a verificao dos resultados da generalidade das operaes de limpeza
realizadas.
A realizao desta avaliao de um modo sistemtico, e a anlise dos resultados ao longo do tempo permitir aos
estabelecimentos de restaurao identificar situaes relativamente s quais o programa de higienizao apresente
falhas, facilitando deste modo o desencadeamento de aces correctivas.
A verificao da fiabilidade desta metodologia de inspeco visual deve ser realizada atravs de anlises
microbiolgicas, as quais possuem um nvel de fiabilidade superior.
107
Entre as tcnicas que mais recentemente tm sido desenvolvidas, a bioluminescncia aquela que tem vindo a
ganhar uma maior aceitao. Este mtodo baseia-se na deteco da presena de ATP (adenosina trifosfato) na
superfcie testada. O ATP existe em todas as clulas, vivas ou mortas, pelo que o brilho da luz proporcional
quantidade de matria orgnica e de bactrias presentes na superfcie testada. Assim, possvel obter uma
indicao do nvel de sujidade orgnica presente, pelo que este mtodo constitui uma ferramenta muito til para
verificar os nveis de higiene e a eficcia das actividades de higienizao.
Atendendo a que se pretende acima de tudo verificar a eficcia das prticas de higienizao, necessrio antes
da realizao do teste proceder verificao:
- Visual, se existe matria orgnica na superfcie (e.g. leos e gorduras);
- Se existem evidncias de agentes de limpeza nas superfcies, isto , se o enxaguamento foi efectuado de forma
adequada;
- Se decorreu o tempo adequado para que a desinfeco seja eficaz.
As anlises microbiolgicas de superfcies devem ser efectuadas em intervalos regulares para deteco de
microrganismos totais e de coliformes.
Controlo ambiental
Para verificar a eficcia dos programas de higienizao existe ainda um outro conjunto de anlises que pode ser
realizado. Entre estas encontram-se as anlises de controlo ambiental. As anlises de controlo ambiental permitem
avaliar o grau de contaminao do ar ambiente dentro das instalaes. Este tipo de anlises particularmente til
para avaliar a adequabilidade e a eficcia dos programas de higienizao na componente relacionada com as
instalaes. Para alm das tcnicas de anlise microbiolgica sobre placas para recontagem total de microrganismos,
existem tcnicas mais expeditas tais como a filtrao do ar e de sedimentao.
108
BIBLIOGRAFIA
Adams, M. R., Moss, M. O., Food Microbiology, The Royal Society of Chemistry, UK, 1995.
Adelberg, E., Brooks, G., Butel, J., Jawetz, E., Melnick, J., Ornston, L., Microbiologia Mdica, Guanabara Koogan, Rio de Janeiro,
Brasil, 1998.
Almeida, M., Esteves, P., Luz, C., Macedo, S. e Soares, P., Manual de Higiene e Segurana Alimentar Inatel, Lisboa, Portugal,
2003.
Alves, P., Baptista, P. e Pinheiro, G., Sistemas de Gesto de Segurana Alimentar, Forviso Consultoria em Formao Integrada,
Guimares, Portugal, 2003.
Arajo, M., Segurana Alimentar Os Perigos para a Sade atravs dos Alimentos, Meribrica /Liber Editores, Lda., Lisboa,
Portugal, 1997.
Baptista, P. e Noronha, J., Segurana Alimentar em Estabelecimentos Agro-Alimentares: Projecto e Construo, Forviso
Consultoria em Formao Integrada, Guimares, Portugal, 2003.
Baptista, P. e Venncio, A., Os Perigos para a Segurana Alimentar no Processamento de Alimentos, Forviso Consultoria em
Formao Integrada, Guimares, Portugal, 2003.
Baptista, P., Higienizao de Equipamentos e Instalaes na Indstria Agro-Alimentar, Forviso Consultoria em Formao
Integrada, Guimares, Portugal, 2003.
Bean, N. H. Et al. (1990), Foodborn disease outbreaks 5 year summary: 1983 1987, Journal of Food Protection, 53: 177.
Chesworth, N., Food Hygiene Auditing, BLACKIE ACADEMIC & PROFESSIONAL, London, Great Britain, 1997.
Codex Alimentarius Commission, CAC/RCP 1-1969, Rev. 3 (1997), Amd. 1999 Recommended International Code of Practice
General Principals of Food Hygiene, Codex Alimentarius Commission, Rome, Italy, 1999.
Deciso da Comisso n 93/351/CEE, de 19 de Maio de 1993, que fixa os mtodos de anlise, os planos de colheita de amostras
e os teores mximos de mercrio para os produtos da pesca.
Decreto-Lei n 425/99, de 21 de Outubro, do Ministrio da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas, que altera o
Decreto-Lei n 67/98, de 18 de Maro, que estabelece as normais gerais de higiene a que devem estar sujeitos os gneros
alimentcios, bem como as modalidades de verificao do cumprimento dessas normas. Republica em anexo o Regulamento
da Higiene dos Gneros Alimentcios.
Directiva 89/107/CEE do Conselho, de 21 de Dezembro de 1988, relativo aproximao das legislaes dos Estados - Membros
respeitantes aos aditivos que podem ser utilizados nos gneros destinados alimentao humana.
Fabregas, M. J. C., Massagu, L. S. e Rovira, J. G. (1998). Aspectos bsicos de la detergencia en la industria alimentaria. Atacin,
Equipos y Tecnologa, Septiembre 1998: 117-122.
FCNAUP, Foodborne Illness Proceedings Book, FCNAUP, Porto, Portugal, 1999.
Ferreira, W. e Sousa, J., Microbiologia volume 1, Lidel, Lisboa, Portugal, 1996.
110
111
NDICE
114
115
BIBLIOGRAFIA - 110
116
NDICE REMISSIVO
Controlo quantitativo - 45
Controlo qualitativo - 45
Controlo temperatura
- Armazenamento - 81
- Confeco de alimentos - 84
- Preparao de alimentos - 83
- Recepo - 80
- Servio das refeies - 86
- Veiculo de transporte - 80
Compra - 41, 42
Corroso - 28
Crescimento bacteriano - 12
Cuspir - 37
Cyclospora cayetaensis - 14
A
Acidez -16
Acidificao - 17
Ao inoxidvel - 59
Actividade da gua - 15
Aditivos alimentares - 22
Aerbios - 15
Aflotoxina
Alergenos - 25
Anaerbios - 15
Antibiticos - 23
Aspergillus - 19
Astrovrus - 13
Atmosfera controlada - 20, 73
Atmosfera modificada - 20, 73
D
Descongelao - 62
Desenho higinico - 28
Desincrustante - 94
Desinfeco - 95
Desinfectante - 94
Detergente - 94, 97
Diarreia - 39
Doena - 39
Durabilidade - 28, 67, 72
B
Bacillus cereus - 21
Bactrias - 12
Baixas temperaturas - 81
Banho-maria - 86
Barba - 36
Binmio tempo-temperatura - 79
Boas prticas de higiene pessoal - 33
Bolores - 13, 17
Bolsos - 29
Botes - 29
Brincos - 29
E
Edulcorantes - 23
Embalagem - 74
Emulsionante - 23
Entamoeba histolytica - 14
Enterotoxina - 21
- Enterotoxina Estafiloccica - 21
Enxaguamento - 99, 101, 108
Equipamento - 30
Escherichia coli - 32
Espessante - 23
Espirrar - 37
Esporos - 12
Estabilizador - 23
Estrutura biolgica do alimento - 18
Eustranglylides spp. - 14
C
Cabelo - 36
Cacifos - 36
Cadeia de frio - 46
Cdmio - 24
Calado - 36
Calas - 36
Cmara de conservao de produtos congelados - 55
Cmara de refrigerao - 52
Campylobacter Jejuni - 21
Clulas de arrefecimento rpido - 71, 86
Chumbo - 24
Cigarros - 29
Cloro - 61
Clostridium - 12
- Clostridium botulinum - 21
- Clostridium perfringens - 21
Codex Alimentarius - 11
Comer - 37
Comportamento pessoal - 37
Composio da atmosfera - 20
Composio qumica do alimento - 17
Confeco dos alimentos - 64
-Temperaturas mnimas de segurana - 64
Congelao - 55
Consciencializao - 33
Contaminao - 96
Contaminao cruzada - 10, 11
Controlo de pragas - 23, 51
F
Factores ambientais - 50
Febre - 39
FIFO - 51
Fitoalexinas - 25
Fonte de energia - 17
Fornecedores qualificados - 41
Fumar - 37
Fungos - 11, 13
G
Gastroenterites - 13
Gelo - 55, 76
Gneros Alimentcios - 22, 23, 41, 78, 92
Grelhas - 62
Gripe - 39
118
H
Hepatite - 13, 32
Higiene pessoal - 32, 33, 38
Higienizao - 96
Hortofrutcolas - 20
Hospedeiro - 13, 14
Humidade relativa - 20
I
Infestao - 48
Inoculao - 107
Inspeco na recepo - 44
Inspeco visual - 107
Instalaes - 30
Intensificador de sabor - 23
Intoxicao - 32
J
Janelas - 27
Juntas - 27, 29
L
Lmpadas - 27
Leveduras - 17
Limpeza
- cida - 94
- Bsica - 94
- Neutra - 94
Lista de verificao (recepo) - 45
Listeria monocytogenes - 32
Lxivia - 61
Lixos - 11
Lubrificantes - 26
Luvas - 36
M
Madeira - 27
Manuteno - 29
Mos - 33
Maquilhagem - 37
Marcha em frente - 58
Mascar - 37
Mscara - 37
Materiais de embalagem - 28
Matrias-primas - 28, 41
Medicamentos veterinrios - 23
Medidas de controlo - 19
Mesofilas - 19
Metais pesados - 24
Micotoxinas - 13
Micro-aerfilas - 15
Microrganismos - 19, 21
Microrganismos patognicos - 19
N
Nariz - 37
Naso-bucal - 37
O
Odores - 62
leos de fritura - 71
Operadores - 29
Ossos - 33, 37
Oxidao - 20, 22, 71
P
Parafusos - 30
Parasitas - 11, 14
Paredes - 28
Pavimentos - 28
Pedras - 28
Pele - 39
Penicillium roqueforti - 19
Perfumes - 37
Perigos
- biolgicos - 11
- fsicos - 26
- qumicos - 21
Pesticidas - 23
pH - 15
Pichia membranaefaciens - 13
Piercings - 29
Plano de higienizao - 101
Plano de limpeza e desinfeco - 101
Plsticos - 27
Poeiras - 28
Pragas - 30
Preparao de alimentos - 58
Processos trmicos - 11
Produtos qumicos - 96, 101
Produtos congelados - 74, 80
Psicrfilas - 19
Pulseiras - 29
R
Reaquecimento/Regenerao - 71
Recepo de mercadorias - 42
Recolha de amostras - 87
Refrigerao - 53
Regras de higiene pessoal - 58, 63, 75
Relgio - 29
Risco - 87, 89
Roedores - 30
S
Salmonella - 32
Sanitrios - 34, 37
Sccharomyces spp. - 13
- Sccharomyces mellis - 13
- Sccharomyces rouxii - 13
- Sccharomyces heterogenicus - 13
Segurana alimentar - 32
Sensibilizao - 29
Sequestrante - 94, 97
Servio das refeies - 86
119
Shigella spp. - 32
Sintomas - 32, 39
Sistema de frio - 83
Sobras - 73
Staphilococcus aureus - 15, 19, 32
Substncias antimicrobianas naturais - 18
Sujidade - 93
Superfcies - 93, 100
Y
Yersinia enterocolitica - 21
Z
Zona de perigo - 19, 59, 70, 78
Zona de recepo - 43
T
Taenia solium - 14
Taenia saginata - 14
Tectos - 28
Temperatura - 19
Temperatura ambiente - 86, 89
Temperatura de refrigerao - 13
Temperatura dos veculos - 80
Tempo de contacto - 96
Tensoactivos - 94, 97
Termfilas - 19
Termmetro
- Higienizao - 89
- Manuteno - 89
- Regras de utilizao - 88
Termmetro digital - 88
Termmetro tipo garfo - 88
Termmetro tipo sonda de forno - 88
Torulopsis colliculosa - 13
Tossir - 37
Touca - 36
Toxinas naturais - 24
Toxoplasmose gondii - 14
Trichinella spiralis - 14
Trichuris trichiura - 14
U
Unhas - 33, 38
- postias - 29, 33
- verniz - 33
Uniforme - 36
Utenslios - 100
V
Vapor - 67, 98
Veculo de transporte - 43
Verificao - 30
Vibrio parahaemolyticus - 21
Vibrio cholerae - 21
Vibrio vulnificus - 21
Vidros - 29
Vrus - 13
- (tipo) Norwak - 13
- adenovrus - 13
- astrovrus - 13
- calicivrus - 13
- hepatite A - 13, 32
- rotavrus - 13
Vitaminas - 61
Vmitos - 32
120
GLOSSRIO
Aco Correctivas Aco ou procedimento a tomar quando os resultados da monitorizao indicam desvios em relao ao
estabelecido.
Aditivo Alimentar Qualquer substncia no consumida normalmente como alimento, nem utilizada como ingrediente caracterstico
do alimento, independentemente do seu valor nutritivo. A adio intencional de aditivos ao alimento, para fins tecnolgicos
(inclusivamente organolpticos), no processamento, preparao, tratamento, embalagem, transporte e conservao dos mesmos
resulta, ou espera-se que resulte (directa ou indirectamente) em aditivos, ou seus subprodutos, sendo considerados como
componentes, ou algo que interfira nas caractersticas desses alimentos. O termo no inclui os contaminantes ou as substncias
adicionadas ao alimento para manter ou melhorar as qualidades nutricionais.
Alergia - Resposta imunolgica identificvel aos alimentos/aditivos alimentares e que pode envolver o sistemas respiratrio, o
tracto gastrointestinal, a pele ou o sistema nervoso central.
Alimentos perecveis Alimentos que se degradam com muita facilidade e, portanto, requerem cuidados especiais de
armazenamento (e.g. carne, pescado, leite e derivados, etc.). So alimentos de curta durao.
Aromatizante Substncia qumica que apresente caractersticas aromatizantes, obtida por processos fsicos adequados, ou
por processos enzimticos ou microbiolgicos a partir de uma substncia de origem vegetal ou animal no transformada ou
transformada para o consumo humano por meio de processos qumicos e de preparao de gneros alimentcios; obtida por
sntese qumica ou isolada por processos qumicos e quimicamente idntica a substncias presentes naturalmente em substncias
de origem vegetal ou animal.
Atmosfera Modificada Substncia do ar numa embalagem por um ou mais gases seguido de selagem para prevenir a reentrada
de ar.
Bacteremia Presena de bactrias na corrente sangunea.
Bactria Microrganismo unicelular normalmente com 0.5 a 10m de comprimento ou dimetro, com paredes rgidas que se
multiplica pela diviso em dois. Algumas bactrias podem causar doenas.
Biocida Substncia activa e preparaes que contenham uma ou mais substncias activas, apresentadas sob a forma em que
so fornecidas ao utilizador, que se destinam, por mecanismos qumicos ou biolgicos, a destruir ou travar o crescimento, tornar
inofensivo e evitar ou controlar de qualquer outra forma a aco de um organismo prejudicial e que se incluam num dos 23 tipos
de produtos que constam da lista exaustiva do anexo V do Decreto-Lei n 121/2002, de acordo com as descries da respectiva
srie indicativa.
Boas prticas de higiene pessoal Conjunto de regras, condies e prticas que asseguram uma adequada higiene pessoal,
de modo a no comprometer a segurana ou a inocuidade dos alimentos.
Bolores Seres microscpicos Fungos de aspecto filamentoso que se desenvolvem no solo, no ar, na gua e nos alimentos.
Botulismo - Intoxicao alimentar do homem e dos animais provocada pelo Clostridium botulinum.
Calibrao - Conjunto de operaes que estabelecem, em condies especificadas, a relao entre os valores indicados por
um conjunto de medies, ou os valores representados por um material de referncia, e os correspondentes valores conhecidos
da grandeza a medir. Permite conhecer os erros das medies efectuadas, por comparao com valores atribudos a padres
e estabelecer a rastreabilidade das medies.
Clula - A unidade bsica da vida, comum a todos os seres vivos.
122
123
Gnero Alimentcio Toda a substncia, tratada ou no, destinada alimentao humana, englobando as bebidas e produtos
do tipo das pastilhas elsticas com todos os ingredientes utilizados no seu fabrico, preparao e tratamento.
Higiene Pessoal Mtodos utilizados pelos operadores para protegerem os alimentos da contaminao por eles prprios.
Higienizao Conjuno das actividades de limpeza e desinfeco.
Hospedeiro Vivo Organismo que fornece alimento e abrigo a um parasita que vive nele.
Infeco (transmitida por alimentos) Doena que resulta da ingesto de alimentos contendo microrganismos patognicos vivos.
Intensificadores de sabor Substncias que intensificam o sabor e/ou o cheiro dos gneros alimentcios.
Intoxicao alimentar Doena aguda que resulta da ingesto de alimentos contendo uma determinada quantidade de
microrganismos patognicos capazes de produzir ou libertar toxinas aps a ingesto.
Lavagem das mos - Remoo de sujidade, resduos de alimentos, poeira, gordura ou outro material indesejvel das mos.
Levedantes qumicos Substncias ou combinaes de substncias que libertam gs, aumentando assim o volume das massas
ou polmes de farinhas.
Levedura Fungos, tal como bolores, mas que se diferenciam destes por se apresentarem, usual e predominantemente, sob a
forma unicelular.
Limpeza Processo cujo objectivo a separao ou o desprendimento de todo o tipo de sujidade agarrada s superfcies, objectos
e utenslios e posterior eliminao da soluo detergente durante a fase de enxaguamento final.
Limpeza cida Limpeza efectuada com detergentes cidos.
Limpeza alcalina Limpeza efectuada com detergentes alcalinos.
Limpeza enzimtica Limpeza promovida pela a aco de enzimas sobre a sujidade.
Limpeza neutra Limpeza efectuada com detergentes neutros, resultando da aco tensoactiva do detergente com a aco
mecnica do esfregar.
Manuteno - Conjunto de actividades de modo a assegurar o estado de aptido dos equipamentos e instalaes para cumprir
com as suas funes.
Manuteno Preventiva Conjunto de actividades de manuteno realizadas antes da ocorrncia de falha no equipamento e
instalaes.
Marcha-em-frente Circuito que os alimentos devem seguir, da zona mais suja para a mais limpa, de forma a que os alimentos
prontos a servir no se cruzem com os alimentos que iro ser descascados, lavados, etc.
Matria-Prima Material que utilizado no processamento de um alimento (inclui ingredientes, aditivos e produtos intermdios).
Medicamento veterinrio Qualquer substncia aplicada ou administrada a qualquer animal de produo, de leite ou de carne,
aves, peixe ou abelhas, para uso teraputico, profiltico ou diagnstico, ou para modificaes de funes fisiolgicas ou comportamentais.
124
Mesfilos Organismos com uma amplitude de temperatura amplitude de temperatura de crescimento entre os 10C e os 56C,
com um ptimo entre os 20C e os 45C.
Micotoxinas Toxinas produzidas por vrias espcies de microrganismos.
Microrganismos Seres vivos muito pequenos, que s se conseguem ver ao microscpio, nos quais se incluem bactrias, vrus,
leveduras, bolores e protozorios.
Microrganismos aerbios Microrganismos que necessitam de oxignio para se desenvolverem.
Microrganismos aerbios facultativos Microrganismos que se conseguem desenvolver quer na presena, quer na ausncia
de oxignio.
Microrganismos anaerbios Microrganismos que requerem a ausncia de oxignio para se desenvolverem.
Microrganismos micro-aerfilos Microrganismos que necessitam de baixas concentraes de oxignio para se desenvolverem.
Microrganismos patognicos Microrganismos susceptveis de causar doenas.
Monitorizao Observaes ou medies dos parmetros de controlo para avaliar se um ponto crtico de controlo est dentro
de valores aceitveis.
No conformidade - No satisfao de um requisito.
Parasitas Organismos que crescem, alimentam-se e protegem-se num organismo diferente e dele retiram o que necessitam
para o seu crescimento.
Pasteurizao Operao que consiste em submeter um produto aco do calor durante um certo tempo, com o fim de inibir
ou inactivar o desenvolvimento dos microrganismos.
Perigo (em alimentos) Qualquer propriedade biolgica, fsica e qumica que possa tornar um alimento prejudicial para ser
consumido.
Perigo Biolgico Qualquer crescimento inaceitvel, ou sobrevivncia de bactrias em alimentos que possam afectar a sua
inocuidade, a sua qualidade, a produo ou persistncia de substncias como toxinas, enzimas ou produtos resultantes do
metabolismo microbiano em alimentos.
Perodo de incubao Perodo de tempo que decorre entre a infeco e o aparecimento dos primeiros sintomas da doena.
Pesticidas Produtos qumicos utilizados para matar pestes.
pH ndice utilizado para medir a acidez/alcalinidade de uma soluo. Representa o inverso do logaritmo da concentrao do
io H3O+.
Potencial de oxidao-reduo (Eh) Capacidade de certos substratos para ganhar ou perder electres. O elemento que perde
um electro denominado oxidado, e o que ganha, reduzido.
Praga - Qualquer animal ou planta, que estando presente em tal nmero numa instalao, apresenta uma probabilidade no
negligencivel de contactar com os alimentos e de os contaminar podendo causar problemas no consumidor que eventualmente
consuma os produtos contaminados.
125
Princpio da Precauo Aplica-se quando os gestores de risco tm de tomar decises para proteger a sade, mas a informao
cientfica disponvel , em certa medida, insuficiente, inconclusiva, ou incompleta.
Processos Trmicos - Processos segundo os quais os alimentos so sujeitos a determinadas temperaturas com o objectivo
de reduo ou eliminao da carga microbiana presente no alimento.
Psicrfilos Organismos que possuem uma amplitude de temperatura de crescimento de -8C a 25C com um ptimo inferior
20C.
Regulador de Acidez Substncia que altera ou controla a acidez dos gneros alimentcios e/ou lhes confere um sabor acre.
Resduos Quaisquer substncia ou objectos de que o detentor se desfaz ou tem inteno ou obrigao de o fazer.
Restos O que sobra dos pratos ou travessas (isto das mesas) dos clientes e que deve ser rejeitado.
Riscos Consequncias de um dado perigo ocorrer, medido em funo da probabilidade e da severidade da ocorrncia.
Salubridade - Condio favorvel sade.
Segurana Alimentar Garantia de que o produto no afectar a sade do consumidor quando processado e/ou consumido
de acordo com o seu uso pretendido.
Sequestrante Substncia que forma complexos qumicos com ies metlicos (e.g. clcio e magnsio) que tendem a reduzir
o poder saponificante dos detergentes.
Sobras Alimentos que foram confeccionados em excesso e no chegaram a ser servidos.
Suporte Superfcie ou objectos sobre as quais a sujidade se pode depositar ou aderir.
Temperatura mnima de segurana Temperatura mnima qual o alimento submetido durante um perodo de tempo pr-definido,
de modo a garantir a segurana do ponto de vista microbiolgico do alimento.
Tensoactivo Substncia que adicionada a um meio lquido, lhe diminui a tenso superficial, aumentando-lhe em consequncia
o poder de molhar (poder molhante).
Termfilos Organismos que se preferem multiplicar acima dos 45C.
Toxinas Substncias qumicas produzidas por alguns microrganismos presentes nos alimentos, susceptveis de se desenvolverem
no alimento ou no organismo humano aps o consumo de alimentos contaminados.
Vrus - Microrganismos muito pequenos, com menos de 0,1m de dimetro. Os vrus no possuem clulas, como os outros
microrganismos, sendo constitudos por cido nuclico revestido por uma protena. Necessitam de um hospedeiro para se
multiplicarem nas clulas vivas.
Viscosidade - Propagao dos fludos que se traduz por oferecerem resistncia ao escoamento, que nos lquidos diminui quando
a temperatura aumenta, mas nos gases aumenta com o aumento da temperatura.
Vitaminas - Qualquer das substncias, de composies qumicas diversas que, embora sem valor energtico, so indispensveis
manuteno do equilbrio fisiolgico do organismo, ao qual so fornecidas pelos alimentos frescos ou por via medicamentosa.
Zona de perigo Intervalo de temperatura compreendido entre os 4C e os 63C no qual os microrganismos se desenvolvem
rapidamente.
126
ABREVIATURAS
128