O documento discute a importância crescente dos ativos intangíveis como imagem e reputação para as organizações. Explica que esses ativos definem a inserção e sobrevivência no mercado mais do que ativos físicos. Também destaca que pequenos detalhes podem prejudicar a imagem e reputação de uma empresa, causando grandes prejuízos financeiros.
O documento discute a importância crescente dos ativos intangíveis como imagem e reputação para as organizações. Explica que esses ativos definem a inserção e sobrevivência no mercado mais do que ativos físicos. Também destaca que pequenos detalhes podem prejudicar a imagem e reputação de uma empresa, causando grandes prejuízos financeiros.
O documento discute a importância crescente dos ativos intangíveis como imagem e reputação para as organizações. Explica que esses ativos definem a inserção e sobrevivência no mercado mais do que ativos físicos. Também destaca que pequenos detalhes podem prejudicar a imagem e reputação de uma empresa, causando grandes prejuízos financeiros.
O documento discute a importância crescente dos ativos intangíveis como imagem e reputação para as organizações. Explica que esses ativos definem a inserção e sobrevivência no mercado mais do que ativos físicos. Também destaca que pequenos detalhes podem prejudicar a imagem e reputação de uma empresa, causando grandes prejuízos financeiros.
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A imagem e a reputao como ativos intangveis
Wilson da Costa Bueno
Pouco a pouco, as organizaes vm se dando conta de que os chamados ativos intangveis tm um valor crescente no mundo dos negcios e , gradativamente, vm dedicando a eles a ateno devida. A fora da marca, a imagem ou reputao, a inovao, o chamado capital humano ou intelectual, a cultura organizacional, os relacionamentos com os stakeholders, a responsabilidade social etc so, hoje, atributos constituintes do valor de uma organizao. Eles correspondem s demandas de uma nova economia fundada no conhecimento e na informao. Na verdade, se levassem em conta inmeras pesquisas 1, as empresas deveriam estar investindo (como parece que est ocorrendo para as empresas lderes) mais nos ativos intangveis do que nos ativos fsicos (fbricas, lojas, equipamentos ) porque so eles que definem a sua insero e a sua sobrevivncia no mercado. Pouco importa, agora, se uma empresa dispe de inmeras fbricas espalhadas por um nico pas ou pelo mundo ou milhares de funcionrios porque , na prtica, o que vale mesmo saber se os seus produtos/servios atuais e futuros
so (e sero)
demandados pelo mercado e se os seus colaboradores esto capacitados para enfrentar
os desafios que viro pela frente. No se avalia mais a autoridade ou o prestgio das chefias pelo nmero de seus subordinados, mas pela efetiva liderana e pela competncia em trabalhar com eles em equipe ou num time, como prefere a literatura em administrao. O hardware tende a ter cada vez menos importncia, porque o que confere vantagem competitiva s organizaes so o sofware e o peopleware. O hardware encerra o estigma da coisa pronta, limitada fisicamente, que se deprecia medida em que colocada no mercado (como o carro novo que perde parte do valor imediatamente aps 1 Jonathan Low e Pam Cohen Kaluft (Vantagem invisvel: como os ativos intangveis conduzem o desempenho da empresa, publicado pela Bookman Companhia Editoria, de Porto Alegre, em 2003, pginas 39 a 42) realizaram pesquisa junto a analistas e investidores de Wall Street visando avaliar a importncia dos ativos intangveis no processo de tomada de decises e concluram que 70% destes importantes executivos de finanas em cerca de 1/3 dos casos levam em considerao em suas decises de investimento dados no financeiros, como execuo de estratgia, credibilidade da diretoria e inovao. Descobriram tambm que a hierarquia dos intangveis considerados tinha a ver com as especificidades de cada segmento, por exemplo, na rea de computadores, pontificava a qualidade da adminisstrao; na rea de leo e gs, as boas relaes com fornecedores e canais de distribuio e, na indstria farmacutica, a qualidade de desenvolvimento de novos produtos.
sair da loja) , enquanto o software (pelo menos o bom software) incorpora a
possibilidade de upgrade permanente .O peopleware traduz a capacidade de adaptao s novas demandas, a inovao e est associado ao talento humano e potencializao das novas tecnologias. Neste cenrio, as organizaes buscam investir e desenvolver as competncias que as tornam nicas ou melhores no mercado, difceis de serem copiadas pelos concorrentes novos ou tradicionais. No se consegue liderana tecnolgica de um dia para o outro, no se constri uma reputao com facilidade, assim como no se cria uma cultura organizacional focada no cliente sem esforo e capacitao. Apesar disso, preciso reconhecer que os especialistas em finanas ainda no conseguiram definir ( embora estejam trabalhando com afinco neste sentido) o verdadeiro valor dos ativos intangveis, com progressos significativos na fixao, por exemplo, dos valores das marcas. O problema que, desta vez, o trabalho no pode ficar restrito aos contadores, porque as demonstraes financeiras costumam no revelar tudo, como pudemos observar especialmente no caso Enron. O universo empresarial est repleto de exemplos de como detalhes, aparentemente pouco importantes, podem gerar prejuzos s organizaes e todos eles se situam no campo dos ativos intangveis. Deixemos Jonathan Low e Pam Cohen Kalafut, especialistas em ativos intangveis, resgatar alguns deles, sobejamente conhecidos: Charles Frombrun, professor de administrao da Stern School of Business da New York University, mostrou que um nico fato a falha amplamente divulgada (embora mnima) em um dos chips da Intel , por exemplo, que ocorreu h alguns anos pode diminuir o valor de mercado de uma empresa em bilhes de dlares simplesmente pelo dano causado sua reputao... a Coca-Cola perdeu US$34 bilhes em valor de mercado depois que crianas belgas ficaram doente e alegaram que a doena fora causada por latas de Coca-Cola contaminadas. 2 Podemos ainda agregar alguns outros exemplos, como os relacionados com a explorao do trabalho infantil pela Nike, que ainda hoje ameaa a sua reputao, e a retirada tardia do Vioxx do mercado pela Merck, embora, sabidamente, ela tivesse informaes sobre os prejuzos causados pelo medicamento sade dos cidados. Nesse caso, no apenas ela, mas toda a indstria farmacutica e o prprio rgo fiscalizador (o FDA) passaram a ficar sob suspeita, com danos sua credibilidade e prejuzos 2 LOW, Jonathan e KALAFUT, Pam Cohen. Vantagem invisvel: como os intangveis conduzem o desempenho da empresa. Porto Alegre, Bookman Companhia Editora, 2003, p. 56.
financeiros incalculveis. No caso brasileiro, embora no esteja ainda decretada a
falncia da Vasp ( o que surpreende pela situao lamentvel em que se encontram as finanas desta companhia area), ser razovel imaginar que a sua reputao, definitivamente abalada, no lhe permitir retornar ao mercado. A imagem e a reputao, conceitos que nos interessam particularmente neste artigo, constituem-se, portanto, em ativos intangveis absolutamente fundamentais e conseguir gerenci-los , avali-los ou mensur-los passa a ser uma questo de sobrevivncia. Para os comunicadores, esta uma tarefa prioritria e inadivel e todo esforo no sentido de desenvolver metodologias ou fixar indicadores confiveis deve ser realizado. Independente da nossa participao, os administradores e os homens de finanas estaro buscando formas ou frmulas para medir a imagem e a reputao das organizaes. Cabe-nos participar deste processo sob pena de no agregarmos a ele a nossa perspectiva, fundamental porque a imagem e a reputao derivam ou esto tambm relacionadas a uma competncia em comunicao corporativa. Provavelmente, um dos primeiros desafios a resolver ser precisar os conceitos, ainda um pouco fluidos, de imagem e reputao, bem como os de identidade corporativa que costumam ser utilizados como sinnimos.3 Ainda que no tenhamos a pretenso de solucionar este impasse conceitual, interessa-nos arrolar aqui alguns elementos bsicos e distintivos de cada um desses termos ou expresses, mesmo porque estaremos nos ocupando, especificamente neste artigo, da imagem das organizaes (ou melhor das suas imagens, como poderemos ver mais adiante) construda pela mdia. A identidade corporativa pode ser entendida, simplificadamente, como a personalidade da organizao e est umbilicalmente associada sua cultura e ao seu processo global de gesto (filosofia gerencial, competncia tcnica ou de inovao etc). Ela inclui o seu portflio de produtos ou servios, a forma de relacionamento com os seus pblicos de interesse (fornecedores, acionistas, clientes, funcionrios, imprensa etc), a sua histria e trajetria (social, cultural, poltica, econmico-financeira) e mesmo, o que nos interessa bastante, o seu sistema de comunicao (canais de relacionamento, como house-organs, SACs, call centers, sites etc). A somatria de todos estes atributos ou virtudes que confere a uma organizao a sua singularidade, diferenciando-a de 3 Valria Lopes, em sua tese de doutorado j citada, revelou, com clareza, que nem mesmo os executivos de importantes empresas brasileiras transitavam, com autoridade, por estes conceitos, o que apenas evidencia a pouca ateno com que o mercado de comunicao empresta aos valores intangveis, embora eles posam lhe ser to caros e freqentem, sem cerimnia, os textos e as falas produzidos na rea.
qualquer outra. Evidentemente, como reflexo desta personalidade emergem a sua
imagem (ou imagens) e a sua reputao. De maneira equivocada, muitos profissionais e agncias de comunicao costumam reduzir a identidade corporativa sua identidade visual, constituda pelos elementos grficos, estticos ou visuais que a identificam (logotipo, cores, arquitetura dos prdios , embalagens etc). Na prtica, a identidade corporativa muito mais do que isso: ela compreende o que a empresa , o que ela faz, o que ela diz, e como ela diz ou faz, como explica Joan Costa.4 A identidade corporativa se distingue dos conceitos de imagem e de reputao porque se localiza em uma outra instncia: ela flui da empresa para o mercado e para a sociedade, enquanto, como veremos em seguida, a imagem e a reputao so exterioridades, ou seja, representam percepes de pessoas, pblicos ou da sociedade (ou mercado) como um todo. A imagem corporativa a representao mental de uma organizao construda por um indivduo ou grupo a partir de percepes e experincias concretas (os chamados momentos de verdade), informaes e influncias recebidas de terceiros ou da mdia. Ela se constitui numa sntese integradora, que acumula aspectos cognitivos, afetivos e valorativos, e expressa a leitura, ainda que muitas vezes superficial, incompleta ou equivocada, da identidade corporativa de uma organizao. Por este motivo, justo e apropriado admitir que uma organizao, quase sempre, tem vrias imagens porque as experincias, vivncias, informaes que uma pessoa ou grupo associa a uma organizao so mltiplas, distintas, particulares, e s vezes absolutamente contraditrias. A imagem da Petrobrs, por exemplo, varia bastante em funo dos pblicos com os quais ela se relaciona ou que a interpretam a partir de aes ou caractersticas especficas. Ser certamente positiva entre os investidores da Bolsa ou dos que a contemplam sob a perspectiva da tecnologia desenvolvida (pesquisadores, 4 Joan Costa, um dos maiores especialistas iberoamericanos em gesto da imagem, define (ver Imagen corporativa em el siglo XXI, publicado em 2001 por La Cruja Ediciones, de Buenos Aires, Argentina, pg. 218-9) a identidade corporativa como um sistema de comunicacin se incorpora a la estrategia global de la empresa, y se extiende y est presente en todas sus manifestaciones, producciones, propiedades y actuaciones. La identidad se presenta as en primer lugar, como la unidad de estilo de las comunicaciones corporativas dentro de la diversidad de sus componentes. Embora essa definio nos satisfaa (ou nos envaidea) porque privilegia a comunicao corporativa, pode conduzir a uma reduo do conceito, j que, efetivamente, a identidade corporativa no se limita a ela.
engenheiros etc), mas menos favorvel entre os ambientalistas ou os petroleiros. A
Monsanto, para s citar um outro caso, tem uma imagem distinta entre os adeptos da biotecnologia e os adversrios dos transgnicos. Sua ao nem sempre tica ou transparente (propaganda enganosa, suborno na Indonsia, presso sobre veculos ambientalistas etc) tambm a compromete junto aos jornalistas ou aos comunicadores que tm dificuldade ou escrpulos para identific-la como socialmente responsvel. A indstria tabagista tambm convive com vrias imagens: fumantes, profissionais de sade, produtores de fumo, agncias de propaganda, governos etc fazem leituras distintas de sua identidade, comprometidos com as vantagens ou prejuzos que sua ao e especialmente seus produtos lhes conferem. A literatura costuma distinguir tambm a imagem pretendida da imagem real e tambm se refere auto-imagem. A imagem pretendida diz respeito quela leitura ou representao que uma organizao gostaria de merecer das pessoas, grupos ou da sociedade como um todo. A imagem real, em contraposio, aquela que efetivamente se tem dela. A auto-imagem est associada imagem de uma organizao construda pelos seus pblicos internos.5 A comunicao corporativa desempenha um papel importante no sentido de plasmar esta representao e, em princpio, empenha-se em fazer aproximar a imagem pretendida da imagem real. Pode-se admitir que, em alguns casos, a imagem real efetivamente no traduz a identidade corporativa e que, por vrios motivos, inclusive por um trabalho agressivo (o que no quer dizer tico) de comunicao, as pessoas, os pblicos e a sociedade podem ter uma imagem equivocada de uma organizao. A Enron, a Parmalat, o Banco Santos, para s lembrar de casos recentes, pelo menos junto a alguns pblicos (no caso do Banco Santos, por exemplo, a sua vulnerabilidade era conhecida pelos especialistas, em particular pelos seus concorrentes mas ignorada pelos correntistas e investidores) tinham uma imagem que no se sobrepunha sua identidade. Ser sempre importante questionar o papel (condenvel sob o ponto de vista tico) que a comunicao corporativa destas organizaes exerceu (com a cumplicidade de profissionais, agncias de comunicao e de propaganda e da prpria mdia) no sentido de mascarar a realidade, de que resultou, nestes casos, prejuzo para os cidados.
5 Recomenda-se especialmente a leitura dos trabalhos de Justo Villafae, em particular
Imagem positiva: gesto estratgica da imagem das empresas. Lisboa, Edies Silabo, 1998.
A reputao, finalmente, uma representao mais consolidada, mais amadurecida, de
uma organizao , embora, como a imagem, se constitua numa percepo, numa sntese mental . Poderamos dizer que a reputao uma leitura mais aprofundada, mais ntida, mais intensa de uma organizao e que, na prtica, apenas um nmero reduzido de organizaes chega a ser contemplada com este nvel de representao. Pode-se construir uma imagem de uma organizao com alguma facilidade (mesmo quando eu no tenho relao direta com ela) mas a reputao resulta de uma interao maior, vivenciada por um tempo mais longo e com mais intensidade. Alguns autores traduzem reputao como sinnimo de fama e, na verdade, semanticamente os dois conceitos esto muito prximos. A imagem pode ser formada a partir de um nico ou poucos e fugidios momentos de verdade , mas a reputao a sntese de vrios contatos e vrias leituras efetuadas ao longo de um tempo. Simplificadamente, quando tenho uma imagem de uma organizao, eu acho que ela, eu sinto que ela ou representa alguma coisa; quando compartilho a reputao de uma empresa eu sei, eu tenho certeza sobre o que ela ou representa. Desta forma, eu posso modificar mais facilmente a imagem de uma organizao (de negativa para positiva ou vice-versa) do que a sua reputao. A reputao se constri a partir de vivncias, conhecimentos, experincias mais fortes e mais difcil, se no impossvel, alter-la. O investimento afetivo, cognitivo, valorativo diante de uma imagem , comparativamente, aquele que uma pessoa tem quando se relaciona com um colega; no caso da reputao, este investimento pode ser pensado como o que identifica o relacionamento entre irmos ou entre filhos e pais. O comprometimento maior na reputao do que na imagem, portanto ela tem um peso maior. A reputao estabelece entre a organizao e os pblicos ou pessoas (ou a sociedade) um vnculo difcil de ser rompido. Referncias bibliogrficas BUENO, Wilson da Costa. Auditando a mdia ou Como a imprensa est me vendo? IN: -- Comunicao Empresarial: teoria e pesquisa. So Paulo, Manole, 2003, p.91-104. BUENO, Wilson da Costa. Medindo o retorno do trabalho de assessoria de imprensa. In: DUARTE, Jorge (org). Assessoria de imprensa e relacionamento com a mdia: teoria e prtica. So Paulo, Atlas, 2002, p.389-401. COSTA, Joan. Imagen corporativa en el siglo XXI. Buenos Aires, La Cruja Ediciones, 2001.
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