Intervenção Da Onu Na Somália
Intervenção Da Onu Na Somália
Intervenção Da Onu Na Somália
Tpicos do texto:
1- Introduo
2- Os limites da teoria
3- Soberania e Identidade
4- A Soberania Contestada
5-Formas Estatais e Comunidades polticas
6- Concluso
Resumo breve:
O artigo discute as implicaes de mudanas na poltica mundial para a base
conceitual da teoria das relaes internacionais, em particular suas noes
de Estado, identidade nacional e soberania. O ponto de partida a
constatao de que os aparelhos conceituais dominantes na teoria das R.I
so incapazes de lidar com novos problemas e de informar cursos de ao
adequados para enfrent-los. O trabalho procura situar o debate
conteporneo fora da oposio neo-realismo/Neo liberalismo e emprega
elementos de teoria crtica e perspectividas ps-modernas para sustentar
seus argumentos. Mudanas na poltica internacional parecem estar
desafiando os princpios bsicos da soberania, territorialidade e identidade
poltica. as limitaes do paradigma dominate na teoria das R.I tem
repercuses na incapacidade de conceber polticas adequadas para enfrentar
os atuais conflitos. O caso da interveno da ONU na somlia analisado
para ilustrar o argumento terico e os fracassos polticos.
Resumo do Texto
1- Introduo:
H mais de seis o Estado somali se desintegrou. Desde ento o pas vem
2- Os Limites da Teoria
Os sistemas tericos dominates esto sendo incapazes de interpretar
novos problemas de forma adequada e informar cursos de aes possveis
para enfrent-los. Isso quer dizer que uma mudana importante est
ocorrendo no mundo e o terico desafiado a abandonar certezas e
suposies prvias acerca da forma como as relaes sociais se estruturam,
a mudar sua perspectiva sobre as possibilidades de desenvolvimento futuro
de sistemas e recomear sua anlise a partir de novas nooes e conceitos e
assim, talvez dar origem a novas formas de conhecimento sobre eventos,
processos e idias que questionem o entendimento convencional da
realidade.
O debate neo-realista/neoliberal fecha as portas discusso de mudanas
nas vises de mundo e estruturas polticas modernas que venham a
questionar nossa percepo do sistema internacional e, consequentemente, o
carter da ao poltica. Se transformaes na prpria natureza do poltico e
do social esto em curso, possvel argumentar que as alternativas para a
crise na somlia esto alm das capacidades de cooperao poltica e militar
articuladas por organizaes internacionais. De fato, como os resultados da
operao da ONU naquele pas sugerem, o processo de fragmentao pode
ter sido intensificado pela interveno e as oportunidades de iniciativas
inovadoras para um tipo de crise nova podem ter sido reduzidas.
3- Soberania e Identidade
Os acontecimentos que levaram desintegrao do Estado na Somlia
devem ser analisados luz de sua articulao com o sistema internacional.
Formas de identidade comunal e de organizao do poder no cl
transformaram-se medida que a colnia foi gradualmente integrada
economia capitalista.
A identidade comunal somali forjou-se muito antes dos tempos coloniais
''atravs da cultura, da lngua, da localizao geogrfica e da etnia''(Afrax,
1994) e foi gradualmente transformada por conflitos e negociaes com as
potncias coloniais e , enquanto nao independente, com as instituies e
grandes potncias do sistema internacional durante a Guerra Fria.
A distribuio dos povos somalis em cinco diferentes pases (Etipia,
Djibuti, Somalilndia Britnica, Somlia e Qunia) promovida pelas potncias
coloniais, e a subsequente instituio da organizao estatal moderna,
lentamente mudou a percepo dos somalis acerca da configurao espacial
de sua identidade poltica.
Guerras entre cls e saques tornaram-se prticas corriqueiras e aceitas
pelo Estado colonial. Por outro lado, uma pequena parte da populao urbana
pde constituir-se enquanto classe mdia e, progressivamente, compor uma
nova identidade social. essa classe mdia urbana seria responsvel por
formar o ambiente cultural e intelectual para a formulao do nacionalismo
somali que alimentou o movimento pela independncia nos anos 50 e 60.
Seria um erro explicar a fragmentao da identidade nacional somali a
partir das rivalidades intercls e de uma interpretao da violncia enquanto
definidos.
A questo, portanto, se os processos de deslegitimao e do declnio dos
princpios de organizao de comunidades polticas no Estado-nao,
combinados com a emergncia de novos padres de interao, novas formas
de organizao da produo no plano global, importncia dos fluxos
transnacionais, advento de mercados baseados em trocas simblicas etc.,
indicam uma mudana radical na configurao espacial do poder, e, portanto
nas estruturas da poltica mundial.
As alternativas conceituais para uma redefinio do espao poltico
internacional propostas por autores como Ruggie -''Desembrulhar a
territorialidade''- dependem de inovaes tericas que permitem repensar o
Estado enquanto ator central das relaes internacionais e repensar os
processos de constituio de sujeitos polticos no contexto de novas
articulaes espao-temporais.
A questo central parece ser a de repensar o Estado e inventar novas
formas de organizao social (e institucional) que permitam quebrar sua
rigidez espacial e remover os limites impostos constituio de comunidades
pela exclusividade territorial do princpio de soberania. A tarefa parece
certamente impossvel. contudo, como diz Timothy Luke, ''todas as tarefas
bsicas do Estado-nao realista passaram para o mundo da Misso
Impossvel'', o que nos deixa, aparentemente, diante de duas
impossiblidades que se opem. Uma que procura reificar o estado-nao,
mant-lo vivo a qualquer custo, e outra, que vislumbra sua desconstruo e
reinveno radical.
6- Concluso
A interveno na Somlia encontrou justificativa nas anlises que
indicavam o colapso total do estado e a ausncia de qualquer autoridade
legtima que pudesse funcionar como um governo. Diante dessa situao,
formularam-se discursos sobre a impossibilidade de se aplicar o princpio de
soberania a umpas sem Estado. Os defensores da interveno
argumentaram que a comunidade internacional tinha a obrigao para com o
povo somali de responder crise humanitria e de restaurar as instituies
de governo.
Mais uma vez o sistema internacional, nese caso atravs da ONU,
encontra-se diante da tarefa de (re)contruir Estados e naes, mas agora em
condies muito menos favorveis, j que nao suficiente traar linhas em
mapas e reconhecer alguma elite poltica, minimamente organizada, como
um governo legtimo. Como lidar, ento, com a fragmentao de identity
groups que no so suficientemente legtimos para incorporar a soberania
estatal? Casos como o da Somlia, alm disso, projetam dvidas sobre o
carter dos processos de libertao nacional no Terceiro Mundo nos ltimos
cinquenta anos.