Anos 30 - Jaqueline Santos
Anos 30 - Jaqueline Santos
Anos 30 - Jaqueline Santos
Anos 30
Contexto Mundial
A quebra da Bolsa de Valores de
Nova York, em outubro de 1929, e a
falncia do banco austraco CreditAnstalt, em maio de 1931, deram
incio a um pnico finaceiro e a uma
depresso econmica mundiais. O
ruidoso aperto no crdito causou
desemprego e bancarrotas
internacionais: 12 milhes de
desempregados em 1932 nos
Estados Unidos, 5,6 milhes na
Alemanha, 2,7 milhes na Inglaterra.
Os governos reagiram com restries
tarifrias, que enfraqueceram o
comrcio mundial.
Obras pblicas, um
recrutamento renovado,
produo de armas e um
plano de 4 anos quase
acabaram com o
desemprego.
O expansionismo de Hitler
comeou com a
reincorporao do Sarre,
ocupao da Renncia e a
anexao da ustria. Em
Munique, em setembro
de1938, uma hesitante
Inglaterra e a Frana
sancionaram o
desmembramento alemo
da Tchecoslovquia.
J na Rssia a urbanizao e a
educao avanavam. A rpida
industrializao foi conquistada por
meio de sucessivos planos de 5
anos que tiveram incio em 1928,
usando rigorosa disciplina no
trabalho e trabalhos forados em
massa. A indstria foi financiada por
um declnio no padro de vida e na
explorao da agricultura, que foi
quase totalmente coletivizada no
comeo da dcada de 30.
Expurgos sucessivos realaram o
papel dos profissionais e da
administrao custa dos
trabalhadores.
Guernica,
Pablo Picasso
Anos 30
Moda
Os reflexos da crise se estenderam a
moda. Com a falta de dinheiro no
mercado, os costureiros tiveram de
se adaptar, criando modelos menos
exuberantes e mais sbrios, porm
de formas mais elegantes.
Em Paris a alta-costura sofreu muito
devido a crise, muitos profissionais
perderam seus empregos. Os
preos tiveram de ser cortados. A
maison Chanel teve seus preos
reduzidos pela metade.
Embora a silhueta da
moda fosse mais cheia,
uma linha esguia ainda era
desejvel. Como na
dcada de 20,
comerciantes de banhos
de espuma redutores de
peso e de tratamentos
eltricos de moldagem de
silhueta prometiam
resultados miraculosos,
assim como faziam os
fabricantes de vrias plulas
e preparados. A mulher
dessa poca devia ser
magra, bronzeada e
esportiva.
As sedas, ls e linhos
continuaram a ser os tecidos
da moda mais exclusivos. As
peles eram usadas
extensamente para fazer e
ornamentar trajes, com
peles mais achatadas para
trajes de dia e as de pelo
mais longo para a noite.
A qualidade do rayon
melhorou muito na poca,
mas mesmo com toda a
propaganda para eleg-lo
como to bom quanto ou
at mesmo melhor que a
seda, ainda assim a seda
continuou em alta.
A introduo de tecidos
mais informais nos trajes de
noite foi um enunciado da
moda radical, alm de
econmico. Chanel foi
convidada a ir a Londres
para promover uma
tecelagem de algodo.
Criando uma coleo de 35
vestidos de noite em piqu
de algodo, combraia,
musselina e organdi.
Os fabricantes inovadores
continuaram a trabalhar
intimamente com os
costureiro para criar
tecidos de alta-costura
nicos.
Para Schiaparelli,
Colcombet produziu, em
1934, um cetim de
plissado permanente que
lembrava casca de
rvore, alm de edies
limitadas de estampas
novas, como as de seu
modelo com partitura
musical, de 1937.
O rhodophane, material
semelhante ao vidro, feito
de celofane e outros
sintticos, foi desenvolvido
por Colcombet na dcada
de 1920, mas s se tornou
notcia na moda em 1934,
quando a ousada cliente
americana de Schiaparelli, a
sra. Harisson Williams, usou
uma tnica de rhodophane
cor-de-rosa sobre um
vestido de tafet.
O influncia de Hollywood
O vesturio era muito importante para o
sucesso de um filme e vastas somas em
dinheiro eram gastas nos guarda-roupas
das atrizes. Os estilistas aproveitavam a
oportunidade para criar modas usveis
e lucrativas, inspiradas em filmes.
Por muito tempo os figurinistas de
Hollywood adaptavam a moda de Paris,
mas quando as bainhas desceram eles
foram pegos de surpresa,
transformando muitos rolos de filme em
antiquados e obsoletos. Para impedir a
repetio deste custoso episdio,
dezenas de estilistas eram enviados
para Hollywood para transmitir aos
estdios as ltimas tendncias.
Carole Lombard, 1930
Ao perceberem a potencial de
vendas de roupas inspiradas nos
figurinos de Hollywood surgiram
muitas empresas especalizadas
nesse ramo, como a Studio Style e
a Miss Hollywood. Eram vendidos
em toda Amrica do Norte e
Europam podiam ser encontrados
em lojas de departamentos ou por
encomenda postal, alm de
revistas com moldes para costurar
as peas em casa.
Para muitas mulheres sem
condies de comprarem essas
roupas, usar a maquiagem ou o
cabelo como das estrelas.
Noivas
A principal influncia para os
modelos de vestidos de
noiva da dcada de 30
eram as estrelas de cinema.
Seus figurinos eram
adaptados para as noivas.
Tambm foi na dcada de
30 que se consolidou o uso
de vestidos brancos para
noivas, isso no era uma
ideia nova, pois a Rainha
Vitria j havia usado um,
mas a partir dos anos 30 os
estilistas comearam a
produzir vestidos
especificamente para
noivas.
Noivas
Acessrios
Os acessrios serviam para atualizar e
para acrescentar distino a trajes
muitas vezes simples e versteis. Os
chapus ainda eram comuns para o
uso fora de casa e os estilos eram
diversos: boina, chapu de marinheiro,
tricornes e toques. Em 1936 a
chapelaria chegou a novos e
dramticos limites, e os modelos mais
extremos refletiam a influncia do
surrealismo.
Joalheria
Acessrios
Sandlias de tira, com salto alto, eram
usadas com vestidos de noite e muitas
vezes eram feitos de tecidos e couros
que combinando com a cor do
vestido. Sapatos com tiras traseiras no
tornozelo estavam na moda e os
modelos com biqueira aberta foram
introduzidos por volta de 1931.
Credita-se ao
desenhista
francs Roger
Vivier a criao
dos primeiros
saltosplataforma, em
meados da
dcada, j em
1936, o
inovador
sapateiro
italiano
Salvatore
Ferragamo criou
o salto em
cunha original.
Moda masculina
A moda masculina no era to
influenciada por estrelas de cinema
como a feminina, mas muitos
homens buscavam referencias em
astros como Ronald Colman, Cary
Grant e Gary Cooper. A influncia
de polticos e personalidades
tambm era muito forte, como o o
antigo prncipe de Gales, coroado
Eduardo VIII em 1936 e abdicando
no mesmo ano, com seu estilo
ousado e amor por cores vivas,
texturas e padres audaciosos,
especialmente em roupas
esportivas.
Anos 30 no Brasil
O Brasil da dcada de 30 se
urbanizava e se industrializava;
suas principais capitasi j
contavam com bondes
eltricos, vias para veculos
automotores e centros
comerciais. No entanto as
vestimentas da maioria da
populao era feita de forma
artezanal e rudimentar - exceto
por alguns nichos, como roupas
ntimas e alguns acessrios. A
mquina de costura se
popularizava, mas faltava
tecnologia para a produo de
roupas em srie.
A mquina de costura se
popularizava, mas faltava
tecnologia para a produo de
roupas em srie. Os tecidos
eram adquiridos em pequenas
tiragens, chamadas de fazendas
para a produo de pequenas
quantidades de peas por
costureiros ou mesmo pela dona
de casa.
Todos se baseavam na moda
que vinha de Paris, divulgada por
revistas estrangeiras e nacionais como o Jornal das Moas,
Figurino Moderno e Fon-Fonrecheadas de croquis, fotos e
algumas delas com moldes
para copiar.
Com o incremento da
industrializao, a riqueza
interna foi dinamizada,
dando origem a uma
classe mdia composta
por empregados
assalariados e funcionrios
pblicos, que
demandavam produtos
de moda. Alm disso,
muitas das tradicionais
famlias de cafeicultores,
que antes montavam seus
guarda-roupas em Paris,
perderam suas fortunas e
tiveram que mudar seu
estilo de vida.
Desenhistas comearam a
surgir no Brasil, como o
mineiro Alceu Penna e do
carioca J. Luis. Estes
desenhavam croquis para
revistas de moda brasileira,
mas no criavam novos
modelos, apenas
copiavam os vindo de Paris,
indicando de qual maison
aquele croqui havia surgido,
at porque a brasileira no
estava interessada em
consumir uma moda feita
aqui.
Croqui de J. Lus para a revista Fon-Fon,
edio nmero 20 de maio de 1939
Anncios em revistas
valorizavam atividades na
praia, mesmo que o produto
no estivesse necessariamente
relacionado com a essas
atividades.
E assim comeava a nascer a
paixo nacional pelo lazer a
beira-mar.
Editoriais com roupas de
banho comearam a surgir em
revistas femininas, como A
CIgarra.
O comrcio de peles no
Brasil foi impulsionado nos
anos 30 devido as estrelas de
cinema Marlene Dietrich,
Joan Crawford e Greta
Grabo aparecerem lindas e
sedutoras envoltas em
sedosas peles.
Contrariando a lgica
climtica, passou a ser
chique exibir, mesmo que
por pouco tempo, carssimos
visons, martas, zibelinas,
raposas...
Revistas femininas
Havia vrias revistas de variedades
voltadas para o pblico feminino no
Brasil na dcada de 30.
A Cigarra, Fon-Fon, O Globo, O
Cruzeiro, Querida, Vida Domstica...
Elas tinham em comum colunas de
moda com croquis e at mesmo
moldes, artigos sobre filmes da
poca, com muitas fotos dos
figurinos das atrizes, matrias sobre
maquiagem, educao de filhos,
receitas, pequenos contos, algumas
reportagens sobre acontecimentos
mundiais de relevncia, como as
turbulncias na Europa.