Anatomia Do Abdome
Anatomia Do Abdome
Anatomia Do Abdome
INTRODUO
O abdome uma regio corporal que contm a maior cavidade, servindo como um
recipiente dinmico e flexvel, o qual serve de abrigo para a maioria dos rgos do
sistema digestrio e parte dos sistemas urinrio e genital (Figura 1). Seu limite
superior constitudo pelo msculo diafragma, que se estende sobre as vsceras
abdominais como uma cpula; seu limite inferior formado pelos msculos
levantador do nus e coccgeno, constituintes do diafragma plvico.
Biomdica. Doutora em Cincias Mdicas rea de concentrao Neurocincias pela Universidade Estadual de
Campinas. Professora do departamento de anatomia da Universidade Federal do Paran.
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Tecnloga em Radiologia pela Universidade Tecnolgica Federal do Paran, Mestre em Sade Pblica pela
University of Essex; Professora do Curso Tcnico em Radiologia do Instituto Federal do Paran.
O plano transpilrico,
PAREDE ABDOMINAL
O termo parede abdominal se refere a todo limite que circunda a regio abdominal,
cuja formao envolve pele ligada a tecido subcutneo. Como no h uma
separao definida, para fins descritivos a parede abdominal dividida em parede
anterolateral e parede posterior do abdome.
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Inferior: denomina-se soalho plvico, visto que este septo fecha inferiormente
a pelve. constitudo essencialmente pelos msculos levantadores do nus
(lateralmente) e pelas formaes do perneo na linha mediana. Este soalho
mvel, pois muscular. atravessado no s pela poro terminal do
intestino grosso, mas tambm pelos elementos do aparelho urogenital.
PERITNIO
O peritnio uma membrana serosa que forra as paredes da cavidade abdominal e
os rgos nela contidos. O local em que ele reveste a parede abdominal
denominado de peritnio parietal e refletido sobre as vsceras como peritnio
visceral. Nos homens, ele um saco fechado e nas mulheres, as extremidades
laterais das tubas uterinas abrem-se na cavidade do saco peritoneal. Sua face lisa
coberta por uma camada de mesotlio, que mantida mida e lisa por uma pelcula
de liquido seroso. Por esta razo, as vsceras mveis deslizam livremente sobre a
parede abdominal e umas sobre as outras.
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CONSTITUIO ANATMICA
O peritnio compreende: uma lmina parietal (peritnio parietal) que est unida s
diversas partes da parede abdominal e plvica; entre as paredes e a lmina parietal
encontra-se o tecido subperitoneal, que permite seu deslocamento, exceto em
alguns pontos; uma lmina visceral (peritnio visceral), muito delgada e em geral
aderente aos rgos intra-abdominais, recobrindo-os; a cavidade peritoneal, que se
encontra entre as duas lminas do peritnio parietal e visceral. Trata-se de uma
cavidade virtual em estado normal, mas real em certas circunstncias: derrames de
blis, de ar ou de liquido, etc.
Os rgos intra-abdominais, circundados pelo peritnio, so intraperitoneais apenas
na aparncia. A nica exceo o ovrio, que fica contido na cavidade peritoneal
sem ser coberto pelo peritnio visceral.
Alguns rgos abdominais situam-se junto parede posterior do abdome e, nestes
casos, o peritnio parietal anterior a eles: diz-se que esses rgos so
retroperitoneais, como os rins e o pncreas, por exemplo.
As vsceras que ocupam a posio retroperitoneal so fixas. Muitas outras,
entretanto, salientam-se da cavidade abdominal, destacando-se da parede. Formase ento uma lmina peritoneal denominada meso ou ligamento. Outras vezes,
estas pregas se estendem entre dois rgos e recebem o nome de omento.
TOPOGRAFIA DO PERITNIO
A cavidade peritoneal extremamente complexa, porm possvel ter uma ideia de
sua disposio geral. Considerando que:
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ele
extremamente
sensvel,
provocando
dores
intensas
quando
traumatizado.
Nos homens o peritnio forma a escavao retovesical. Nas mulheres, dividido em
uma parte anterior ou escavao vesico uterina e outra posterior, a escavao reto
uterina.
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subdivida em duas partes pelo mesoclon sigmoide: uma parte abdominal, que
quase inteiramente ocupada pelo intestino delgado; e uma parte plvica que
ocupada atrs pelo reto e na frente pelo aparelho urogenital.
Dispem-se em forma de funil entre os diferentes rgos: a escavao retrovesical
no homem e retrouterina na mulher.
LIGAMENTOS
So semelhantes aos mesos; contudo, entre as duas lminas que os constituem,
no se encontra um pedculo vasculonervoso importante, mas uma armao fibrosa
de insero, suspenso ou amarra. Exemplo: ligamento falciforme do fgado.
OMENTOS
So formaes que possuem duas folhas ou lminas que unem duas vsceras
vizinhas; frequentemente contm pedculos vasculares.
So eles: omento menor, que a prega do peritnio e une a curvatura menor do
estmago ao fgado e ao duodeno; omento maior, que a maior das pregas
peritoneais e vai da curvatura maior do estmago ao colo transverso, como um
avental (Figura 7).
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FSCIA DE COALESCNCIA
Durante o desenvolvimento, um meso pode sobrepor-se ao peritnio parietal. As
duas lminas assim em contato unem-se e so substitudas por uma lmina
conjuntiva que produz a justaposio e a aderncia. E primeira vista, o rgo
considerado pode parecer retroperitoneal, mas a dissecao do rgo evidencia um
ponto de deslocamento cuja liberao reconstitui a disposio primitiva e libera o
rgo aderido.
MESENTRIOS
So pregas peritoneais denominadas mesentrios (Figura 9); distinguem-se:
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Figura 9. Mesentrio
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ESTMAGO
O estmago um reservatrio muscular situado entre o esfago e o duodeno;
onde os alimentos se acumulam e cuja mucosa secreta um potente suco digestivo.
O estmago tem a propriedade de selecionar o quimo e permitir sua passagem para
o duodeno em uma proporo adequada para a digesto. Situa-se logo abaixo do
diafragma, com sua maior poro esquerda do plano mediano. Apresenta dois
orifcios: um, proximal, de comunicao com o esfago, o stio crdico, e outro
distal, stio pilrico, que se comunica com o duodeno.
A forma e a orientao do estmago variam de acordo com a idade, tipo
constitucional, tipo de alimentao, posio do individuo, e estado fisiolgico do
rgo.
CONFIGURAO EXTERNA
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CONFIGURAO INTERNA
A mucosa gstrica caracteriza-se pela presena de numerosas pregas de direo
predominantemente longitudinal que desaparecem com a distenso do rgo.
PARTES DO ESTMAGO
Parte Crdica: nessa regio encontra-se o stio crdico que um orifcio oval
orientado para cima, para frente e para a direita. No demarcado por nenhum
relevo muscular.
Fundo do estmago: de convexidade superior, est situado abaixo do msculo
diafragma, prolongando-se para baixo at o plano horizontal que passa pela margem
inferior da regio crdia. parte mais alta e larga do estmago.
Corpo do estmago: corresponde maior parte do rgo; tem forma cilndrica e
achatado anteroposteriormente, sendo bem delimitado por suas margens laterais.
Sua extremidade inferior fica em posio baixa, sendo continuada, direita, pela
poro horizontal.
Antropilrico: regio com aspecto triangular que precede a regio pilrica.
Regio pilrica: situado na parte inferior da curvatura menor, demarcado,
externamente, por um espessamento e um estreitamento; este ltimo corresponde
ao esfncter pilrico, que um anel de msculo liso que abre e fecha o orifcio e
assim controla a abertura do estmago para o intestino. Esse orifcio est voltado
para a direita e tem ligeira orientao posterossuperior.
CURVATURA MAIOR
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CURVATURA MENOR
Estende-se tambm da crdia ao piloro. Inicialmente vertical, ao longo do corpo
gstrico, curva-se depois bruscamente, dirigindo-se para a direita, para cima e
ligeiramente para trs no nvel do antro e do canal pilrico, para depois continuar na
margem superior do duodeno. Entre os segmentos vertical e oblquo da curvatura
menor, forma-se a incisura angular, aberta para cima e para a direita. A curvatura
menor mais espessa que a maior, e constitui uma verdadeira face direita do
estmago, onde se encontra internamente o canal do estmago. Por ela chegam ao
estmago os vasos e os nervos mais importantes; pode ser considerada o hilo
gstrico.
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PERITNIO GSTRICO
Recobre o estmago por meio de dois folhetos (lmina anterior e lmina posterior) e
reveste as paredes anterior e posterior do estmago.
LIGAMENTO GASTROESPLNICO
Ambas as lminas peritoneais do estmago se fundem e se estendem da metade
superior da curvatura maior do hilo do bao (hilo esplnico ou lienal). Este ligamento
continuado, acima, pelo ligamento frenogstrico.
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GLNDULAS GSTRICAS
As glndulas gstricas localizam-se no corpo e no fundo do estmago, e contm
vrios tipos de clulas secretoras:
RELAES DO ESTMAGO
Anteriormente: distinguem-se uma parte torcica e uma abdominal:
Poro torcica: corresponde ao fundo e metade anterior do corpo do estmago.
Relaciona-se com a metade esquerda do msculo diafragma, ao qual se fixa pela
face posterior do fundo, acompanhando os movimentos respiratrios desse msculo.
Relaciona-se com a cavidade torcica, a qual na frente est relacionada com o
recesso costodiafragmtico e com os espaos intercostais quinto ao nono; e margem
inferior do pulmo. Em cima, relaciona-se com o pericrdio e a face inferior do
corao, correspondendo ao fundo gstrico.
Poro abdominal: corresponde parte inferior do corpo do estmago, parte
pilrica e ao piloro. Dispe-se transversalmente e est em contato direto com a
parede anterior do abdome, exceto no recm-nascido, em que o fgado, muito
volumoso, cobre parte do antro e do piloro; e na posio de decbito dorsal, quando
o clon transverso se coloca na frente do estmago.
A face posterior do estmago apresenta partes diferentes: uma superior, desprovida
de peritnio, e uma inferior, revestida por peritnio.
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RELAES DO PILORO
Situa-se na frente do corpo da primeira vrtebra lombar, direita da linha mediana e
revestido por peritnio em ambas as faces. Est ligado ao fgado pelo omento
menor e ao clon transverso, pelo ligamento gastroclico e por alguns vasos.
O piloro relaciona-se, na frente, com a parede anterior do abdome; atrs com a parte
direita da poro retrogstrica da bolsa omental que o separa do pncreas e em
cima, com a face inferior do fgado, onde s vezes pode estar em contato com a
vescula biliar.
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INTESTINO DELGADO
um tubo contorcido estendendo-se do piloro at a vlvula ileocecal. Mede
aproximadamente 7 m de comprimento, diminuindo de dimetro desde o seu incio
at a sua terminao.
O intestino delgado constitudo por trs segmentos: duodeno, jejuno e leo (figura
6.1 em anexo)
DUODENO
Constitui a parte inicial do intestino delgado, situado entre o estmago e o jejuno;
estende-se do piloro flexura duodenojejunal e mede em geral 25 cm de
comprimento (Figura 12).
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RELAES DO DUODENO
Parte superior ou primeira poro: est relacionada acima e na frente com o lobo
quadrado do fgado e com a vescula biliar; posteriormente relaciona-se com o
forame epiplico; atrs com a artria gastroduodenal, ducto coldoco e veia porta do
fgado. E posteroinferiormente, relaciona-se com a cabea e o colo do pncreas.
Parte descendente ou segunda poro: fica compreendida entre as flexuras superior
e inferior. Desce verticalmente e cruzada pela raiz de implantao do mesoclon
transverso.
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Sua face posterior revestida pelo peritnio somente na sua extremidade esquerda
e esta face repousa sobre o ureter direito, msculo psoas maior direito, vos
testiculares ou ovrios direitos, a veia cava inferior e sobre a parte abdominal da
aorta. Sua face superior est relacionada com a cabea do pncreas; j sua face
inferior relaciona-se com as laas do jejuno.
Parte ascendente ou quarta poro: situa-se abaixo do mesoclon transverso, cuja
raiz se insere na margem anteroinferior do corpo do pncreas. Atrs do peritnio,
sua face anterior cruzada pelas primeiras artrias jejunais. Esta parte do duodeno
ocultada pelo mesoclon transverso e pela primeira ala jejunal. Atrs, acompanha
a margem esquerda da aorta, o pedculo renal esquerdo e os vasos gonadais
esquerdos.
Flexura duodenojejunal (msculo suspensor do duodeno): sua face anterior situa-se
atrs do mesoclon transverso. Essa face cruzada pelos ramos da artria
mesentrica superior. Sua face posterior relaciona-se com os elementos do pedculo
renal esquerdo, com o pilar esquerdo do msculo diafragma e com o lado esquerdo
da aorta.
Sua face superior situa-se abaixo da margem inferior do pncreas, e sua face
esquerda corresponde ao arco vascular, constitudo pelo ramo ascendente da artria
clica esquerda e pela veia mesentrica inferior.
JEJUNO E LEO
O jejuno e o leo (Figura 13) constituem a poro mvel do intestino delgado,
iniciando-se na flexura duodeno-jejunal e terminando no incio do intestino grosso,
onde se abre pelo stio ileocecal ao nvel da juno leo-ceco-clica. O jejuno e o
leo apresentam numerosas alas intestinais e est preso parede posterior do
abdome por uma prega peritoneal ampla, o mesentrio.
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considerado.
O jejuno e o leo compreendem trs camadas denominadas tnicas comuns ao tubo
digestivo abdominal: tnica mucosa, tnica muscular e tnica serosa:
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PERITNIO E MESENTRIO
O jejuno e o leo so inteiramente revestidos por peritnio, exceto ao longo da
margem onde se situam seus vasos. Ai o peritnio constitui um meso de duas
lminas, o mesentrio, que fixa o jejuno-leo parede posterior do abdome. Esse
mesentrio possui uma insero parietal, sua raiz, uma insero intestinal e duas
faces.
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INTESTINO GROSSO
O intestino grosso (ou clon) a continuao do leo; e comea na valva ileocecal; e
abre-se para o exterior atravs do nus, mede aproximadamente de 1,60 a 1,80 m
no adulto (Figura 14). E seu calibre maior prximo ao ceco e diminui gradualmente
at o reto.
Figura 14. Alas do intestino delgado in situ, circundadas pelo intestino grosso.
Sua funo a absoro de lquidos e solutos; difere em estrutura, tamanho e
disposio do intestino delgado.
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APNDICE VERMIFORME
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PERITNIO CECAL
O ceco acha-se livre na cavidade peritoneal, e completamente peritonizado.
PERITNIO APENDICULAR
Forma o mesoapndice que contm os vasos apendicualres - que passam por trs
do leo. Este peritnio circunda completamente o apndice vermiforme.
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CLON TRANSVERSO
Constitui a parte mais longa e mvel do intestino grosso, situada entre as flexuras
clicas direita e esquerda, unida parede posterior do abdome pelo mesoclon
transverso e com cerca de 50 cm de comprimento. O clon transverso deve ser
considerado um segmento diferente do intestino grosso devido a seu meso,
vascularizao dependente das duas artrias e veias mesentricas e por pertencer,
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A flexura esquerda do clon (ou flexura clica esquerda) est acima e sobre um
plano mais posterior do que a flexura direita do clon, e encontra-se presa no nvel
do diafragma, dcima e dcima primeira costelas pelo ligamento frenicoclico
que se situa abaixo do polo anterolateral do bao. Tem forma de ngulo agudo, com
uma vertente transversal e outra descendente, praticamente paralelas.
A flexura clica esquerda presa atrs pela fscia de coalescncia do clon
descendente. Portanto, atrs no existe peritnio, s na frente.
RELAES ANATMICAS
A flexura esquerda mais alta que a direita: aproximadamente dois espaos
intercostais. Tambm mais lateral, visto estar situada lateralmente ao rim
esquerdo.
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CLON DESCENDENTE
Corresponde ao segmento do clon que se situa entre o clon transverso e o clon
sigmoide. Estende-se da flexura clica esquerda abertura superior da pelve do
lado esquerdo.
mais estreito que o clon transverso, percorrido pelas trs tnias, e se observa
nele tambm haustraes. Os apndices omentais so numerosos, sobretudo na
parte anterior. Possui em torno de 25 cm de comprimento; e sua direo
primeiramente retilnea e vertical, sendo obliquo embaixo e na frente. Est situado
profundamente na fossa lombar e ilaca esquerda, por cima da linha terminal da
pelve.
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CLON SIGMOIDE
O clon sigmoide situa-se entre o clon descendente e o reto. Seus limites vo da
abertura superior da pelve face anterior da terceira vrtebra sacral. Entre estas
duas extremidades, descreve uma ala mvel situada na pelve menor, que tem
comprimento e forma variveis e est unida parede abdominal posterior pelo
mesoclon sigmoide. Este segmento intestinal funciona como reservatrio da
matria fecal at que esta seja eliminada atravs do reto e do nus.
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CONFIGURAO INTERNA
A tnica mucosa frequentemente envia divertculos para o peritnio atravs da
tnica muscular. Esses divertculos podem dar origem a inflamaes agudas ou
crnicas que constituem as diverticulites sigmideas.
O clon sigmoide est intimamente circundado pelo peritnio, formando um
mesentrio, o mesoclon sigmoide, que diminui de comprimento a partir do centro
em direo sua extremidade, onde ele desaparece.
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Secretora;
E de absoro.
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CONFIGURAO EXTERNA
A superfcie externa do reto lisa, sem apndices omentais, e escavada por pregas
transversais. Suas faces anterior e posterior so percorridas por fibras musculares.
O reto apresenta duas partes, a ampola retal, acima; e o canal anal, abaixo. Essas
duas partem diferem, sobre vrios aspectos, quanto a:
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CONFIGURAO INTERNA
No canal anal, h a presena de colunas anais que so salincias longitudinais; e
vlvulas anais, situadas entre as bases das colunas, abertas para cima.
Na ampola do reto, as colunas anais prolongam-se de forma varivel, e, alm disso,
existem ainda os relevos transversais do reto, que so as pregas transversais
superior, inferior e mdia.
CONSTITUIO ANATMICA
A parede do reto formada por trs camadas:
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RELAES DO RETO
Posteriormente: ao reto, no plano mediano, esto as trs vrtebras sacrais inferiores,
o cccix, os vasos sacrais medianos, ramos dos vasos retais superiores; o msculo
piriforme, nervos sacrais inferiores, nervo coccgeo, tronco simptico, vasos sacrais
laterais inferiores, msculo coccgeo e msculo levantador do nus.
Anteriormente nos homens, acima do local de reflexo peritoneal proveniente do
reto, esto as partes superiores da base da bexiga e das vesculas seminais, a
escavao retovesical, ocupada pelas alas delgadas e pelo clon sigmoide que
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FGADO
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O fgado uma glndula anexa do tubo digestivo cuja secreo excrina (a bile)
drenada para o duodeno. Trata-se do rgo mais volumoso do organismo; situa-se
abaixo do diafragma, acima do duodeno e na frente do estmago.
Nos homens, ele geralmente pesa de 1,4 a 1,8 kg e, nas mulheres, de 1,2 a 1,4 kg,
com uma variao de 1,0 a 2,5 kg.
Sua vascularizao tem caractersticas particulares: o sangue chega pela artria
heptica e veia porta, e sai pelas veias hepticas, que so volumosas e afluentes da
veia cava inferior.
O fgado uma glndula que desempenha importante papel nas atividades vitais do
organismo. So mltiplas suas funes e ele considerado, por esta razo, um
rgo
multifuncional;
age
principalmente
interferindo
no
metabolismo
dos
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elementos que constituem o pedculo heptico, artria heptica, veia porta e ducto
heptico comum, alm de nervos e vasos linfticos.
O fgado produz a bile, que alcana os dctulos bilferos intra-hepticos os quais,
aps confluncias sucessivas, terminam por formar os ductos hepticos, direito e
esquerdo, este ao nvel da porta do fgado; eles se unem para formar o ducto
heptico comum. O ducto heptico comum conflui com o ducto cstico, que drena a
vescula biliar, formando o ducto coldoco, que se abre no duodeno.
No adulto o peso mdio do fgado de 1500 g. Por estar cheio de sangue tem pouca
resistncia a traumatismos, mostrando-se ento bastante frgil. Seu aspecto muda
em vrias doenas, ficando trgido e esverdeado nas estases biliares; retrado e
fibroso na cirrose; e achocolatado nos cnceres metasttico.
FACES DO FGADO
Face diafragmtica: inclui partes dos lobos direito e esquerdo, possuindo
orientao spero-anterior. Esta intimamente encaixada sob o diafragma,
separada dele pelo peritnio. Tem quatro partes (superior, anterior, direita e
posterior) e estreita-se da direita para a esquerda. divida em dois lobos
direito e esquerdo pela implantao do ligamento falciforme.
Face visceral: orienta-se para baixo, para a esquerda e para trs e est
compreendida entre a margem inferior e margem posteroinferior. Apresenta
sulcos dispostos em forma de H (sulco longitudinal direito, sulco longitudinal
esquerdo, e sulco transverso) que delimitam quatro lobos. revestida pelo
peritnio visceral, exceto na porta do fgado, na fissura para o ligamento
redondo e na fossa para a vescula biliar.
LOBOS DO FGADO
A anatomia do fgado divide o rgo em lobos, delimitados por sulcos ou fissuras,
elementos anatmicos facilmente identificveis na superfcie da glndula. So eles:
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SEGMENTAO DO FGADO
O fgado apresenta subdivises (Figura) como:
O segmento lateral constitudo pela rea ltero-inferior e rea ltero superior do fgado;
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CONSTITUIO ANATMICA
O tecido heptico constitudo por formaes diminutas que recebem o nome de
lobos, compostos por colunas de clulas hepticas ou hepatcitos, rodeadas por
canais diminutos (canalculos), pelos quais passa a bile, secretada pelos hepatcitos
que se arranjam no fgado em lminas hepticas. Estes canais se unem para formar
os ductos hepticos direito e esquerdo, que se juntam e formam o ducto heptico
comum que, juntamente com o ducto procedente da vescula biliar, forma o ducto
coldoco, que descarrega seu contedo no duodeno.
Os hepatcitos realizam as principais atividades metablicas deste rgo: sintetizam
e liberam diversas protenas plasmticas tais como albuminas, fatores de
coagulao, convertem bilirrubina em biliverdina para secreo na bile, sintetizam
sais biliares, armazenam carboidratos como glicognio, e triglicrides como gotculas
de lipdeos.
Estas so apenas algumas das atividades realizadas pelo fgado, visto que so
inmeras as suas funes. Permeando toda a estrutura do fgado, esto grandes
quantidades de vasos sanguneos de diferentes tipos. O fgado recoberto por
peritnio e por sua cpsula, que delgada e pouco resistente.
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RELAES DO FGADO
Relaes diafragmticas: o fgado encontra-se quase que completamente oculto
pela parede torcica.
Em cima e na frente, relaciona-se com o msculo diafragma e se acha dividido em
dois pelo ligamento falciforme:
direita do ligamento falciforme e por intermdio do msculo diafragma, o fgado
relaciona-se com a cavidade pleural direita;
esquerda do ligamento falciforme, uma parte da face diafragmtica relaciona-se
com a parede do abdome e o restante fica oculto sob o msculo diafragma, atrs do
processo xifoide e da margem costal esquerda. E, por intermdio do msculo
diafragma, o fgado relaciona-se com o pericrdio, com o corao e com a cavidade
pleural esquerda.
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RELAES VISCERAIS
A descrio ser feita direita e esquerda de uma linha que passa pelo sulco
longitudinal direito, que contm a vescula biliar que est aderida ao fgado e parte
integrante de sua face visceral.
direita: o fgado est em contato com a flexura direita do clon e com a parte inicial
do clon transverso, assim como com o duodeno. Pstero-medialmente relaciona-se
com o rim e a glndula suprarrenal direita.
VASOS DO FGADO
Os vasos ligados ao fgado so a veia porta, a artria heptica e as veias hepticas.
O fgado apresenta uma circulao sangunea peculiar porque, ao contrrio dos
demais rgos que recebem apenas sangue arterial, ele recebe considervel volume
de sangue venoso das vsceras abdominais, atravs da veia porta - alm do sangue
arterial, proveniente da aorta e trazido pela artria heptica. No feto, recebe, o
sangue materno, pela veia umbilical.
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Estes vasos chegam face visceral do fgado pelo pedculo heptico ou pelo
pedculo umbilical.
O sangue sai do fgado pelas veias hepticas, tributrias da veia cava inferior; e
todos esses vasos esto situados na parte pstero-superior do rgo.
VEIA PORTA
Origina-se da unio da veia mesentrica superior e veia esplnica; e das duas veias
mesentrica inferior e gstrica esquerda. obliqua para cima e para a direita. Situase na face posterior do pncreas e faz parte do pedculo heptico; termina no hilo
heptico, onde se divide em dois ramos: direito e esquerdo. A veia porta muito
volumosa, com 15 a 20 mm de dimetro no adulto e suas paredes so delgadas.
Como dito anteriormente, atravs da veia porta chega todo o sangue venoso das
vsceras abdominais.
VEIAS HEPTICAS
Levam o sangue venoso proveniente dos lobos hepticos para a veia cava inferior.
So responsveis pela circulao de retorno do fgado. Formam dois grupos
diferentes:
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Metabolizar lipdeos;
Degradar
lcool
outras
substncias
txicas,
auxiliando
na
desintoxicao do organismo;
Destruir
hemcias
(glbulos
vermelhos)
velhas
ou
anormais,
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DUCTO COLDOCO
O ducto coldoco formado prximo da porta do fgado, pela juno dos ductos
hepticos comum e cstico. Geralmente mede cerca de 7,5 cm de comprimento e 6
mm de dimetro. esquerda da parte descendente do duodeno, o ducto coldoco
alcana o ducto pancretico; juntos eles penetram na parede do duodeno, onde se
unem para formar a ampola hepatopancretica, que se abre na poro descendente
do duodeno, no nvel da papila maior do duodeno, cerca de 8 a 10 cm do piloro. O
ducto coldoco conduz a bile para a parte descendente do duodeno.
VESCULA BILIAR
um reservatrio fibromuscular que ocupa a fossa da vescula, na face visceral do
fgado, mais especificamente na face inferior do lobo heptico direito.
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ASPECTO FUNCIONAL:
As vias bilferas so responsveis pela excreo de bile para o duodeno; essa
excreo descontnua, regulada pelo trnsito digestivo. Fora das refeies, aps
ter sido produzida pelo fgado, a bile se acumula na vescula biliar e o esfncter da
ampola hepatopancretica permanece fechado. necessria uma presso de 12 cm
de gua para abri-lo, o que coincide com a contrao vesicular. A vescula a nica
poro das vias bilferas capaz de contrair-se vigorosamente; o restante
praticamente inerte. O esvaziamento da vescula um fenmeno reflexo comandado
pela chegada do quimo ao duodeno.
Os tecidos que constituem as paredes musculares da vescula biliar concentram a
bile, absorvendo grande parte da sua gua e mantendo-a recolhida at o incio do
processo de digesto. Quando estimulada, a vescula biliar contrai-se e manda a bile
concentrada atravs do ducto biliar at o intestino delgado, auxiliando a digesto. A
contrao da musculatura lisa da vescula biliar controlada pela ao de
hormnios, que promovem o lanamento da bile na luz do duodeno. A secreo total
de bile de aproximadamente 700 a 1.200 ml, e o volume mximo da vescula de
apenas 30 a 60 ml. O esvaziamento da vescula biliar s acontece se o esfncter que
regula a passagem do ducto coldoco ao duodeno, o esfncter de Oddi, estiver
relaxado e se a musculatura lisa da vescula se contrair gerando a fora necessria
para deslocar a bile, ao longo do ducto coldoco.
PNCREAS
Depois do fgado, o pncreas a glndula anexa mais volumosa do sistema
digestivo.
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FIXAO AO DUODENO
O pncreas um dos rgos mais fixos da cavidade peritoneal, pois est aderido ao
peritnio parietal posterior primitivo da parede abdominal; e tambm por sua relao
ntima com o duodeno e pelos pedculos vasculares que o prendem em todas as
partes. A face posterior do pncreas destituda de peritnio; a face inferior
revestida pelo peritnio da lmina posteroinferior do mesoclon transverso.
A fixao do pncreas ocorre em trs pores do duodeno: Na parte superior do
duodeno ou 1 poro; na parte descendente ou 2 poro; e na parte horizontal ou
3 poro. O processo uncinado fica independente do duodeno.
RELAES DO PNCREAS
Distinguem-se as relaes da poro direita (cabea e colo) e as da poro
esquerda (corpo e cauda).
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BAO
O bao no faz parte do sistema digestivo, porm ser aqui descrito por localizar-se
no abdome.
O bao possui geralmente em torno de 12 cm de comprimento e 7 cm de largura,
sendo caracterizado como uma massa ovoide, geralmente arroxeada e carnosa.
relativamente delicado e considerado o rgo abdominal mais vulnervel. Recebe
proteo da caixa torcica inferior por localizar-se no quadrante abdominal superior
esquerdo. Participa do sistema de defesa do organismo, sendo o maior dos rgos
linfticos, e atua como local de proliferao de linfcitos (leuccitos) e da resposta
imune.
No perodo pr-natal, um rgo hematopoitico (formador de sangue), mas aps o
nascimento est envolvido basicamente na identificao, remoo e destruio de
hemcias antigas e de plaquetas fragmentadas, e na reciclagem de ferro e globina.
Serve como reservatrio de sangue, armazenando hemcias e plaquetas e, em grau
limitado, pode oferecer um tipo de autotransfuso em resposta ao estresse imposto
pela hemorragia. No considerado um rgo vital, apesar das variadas funes
teis e importantes que desempenha, e de seu tamanho.
O bao possui um hilo, denominado hilo esplnico, onde ramos esplnicos da artria
e veia esplnicas entram e saem. A artria esplnica responsvel pelo suprimento
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arterial ao bao, sendo considerada o maior ramo do tronco celaco. Ela se divide
em cinco ou mais ramos que entram no hilo esplnico. A veia esplnica formada
por vrias tributrias que emergem do hilo esplnico, sendo responsvel pela
denagem venosa do bao.
Os vasos linfticos esplnicos deixam os linfonodos no hilo esplnico e seguem ao
longo dos vasos esplnicos para os linfonodos pancreticos e esplnicos. Os nervos
do bao, derivados do plexo nervoso celaco, so distribudos principalmente ao
longo de ramos da artria esplnica, e tm funo vasomotora.
REFERNCIA:
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Segmentar. 2 ed. Rio de Janeiro: Livraria Atheneu, 2005.
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