Lei 4898.65 - Abuso de Autoridade PDF
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BR
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b)
a obteno de certides em reparties pblicas, para defesa de direitos e esclarecimento de
situaes de interesse pessoal;
Em resumo, ento, podemos dizer que a representao mencionada pela lei, nada mais do que
o direito de petio aos poderes pblicos em defesa de direitos ou contra
ilegalidades.
Essa petio deve ser recebida pelas autoridades como mera notitia criminis.
( CESPE - 2009 - PC - PB ) Considerando que um cidado, vtima de priso abusiva, tenha apresentado
sua representao, na Corregedoria da Polcia Civil, contra o delegado que a realizou, assinale a opo
correta quanto ao direito de representao e ao processo de responsabilidade administrativa, civil e
penal no caso de crime de abuso de autoridade.
a) Eventual falha na representao obsta a instaurao da ao penal.
b) A ao penal pblica incondicionada.
c) A representao condio de procedibilidade para a ao penal.
d) A referida representao deveria ter sido necessariamente dirigida ao Ministrio Pblico (MP).
e) Se a representao apresentar qualquer falha, a autoridade que a recebeu no poder providenciar,
por outros meios, a apurao do fato.
Autoridade
O conceito de "autoridade" posto na Lei n. 4.898/65 abrangente, abarcando todo e qualquer
agente pblico quem exerce cargo, emprego ou funo pblica, de natureza civil, ou
militar, ainda que transitoriamente e sem remunerao.
O agente pblico aposentado pode cometer crime de abuso de autoridade?
No. Para ser sujeito ativo o agente pblico precisa manter vnculo com o Estado. Caso contrrio,
no poder figurar como sujeito ativo do crime de abuso de autoridade. Ao contrrio, caso o agente
pblico esteja s de licena, no deixa de ser autoridade para os fins da lei, pois ainda mantm
vnculo funcional com a Administrao Pblica.
essencial estar em horrio de servio para que o agente pblico possa cometer abuso de
autoridade?
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No. Pense na hiptese em que Joo, Delegado de Polcia Federal, fura a fila do banco, passando a
frente de vrias pessoas que ali esperavam. Ao ser interpelado por Jos, cliente do banco, comea
uma discusso, ocasio em que Joo d voz de priso a Jos por desacato a autoridade.
Vamos ver como o STJ enfrentou situao semelhante:
O Tribunal a quo concluiu que o ora recorrente, delegado de Polcia, passou frente do ora
interessado, que se encontrava na fila de um banco. Comearam ento a discutir e, no pice do
desentendimento, o delegado deu voz de priso ao interessado por desacato autoridade,
recolheu-o delegacia onde se lavrou o auto de priso em flagrante e, para ser posto em
liberdade, foi preciso pagar fiana. O litisdenunciado, ora recorrente, agiu como agente pblico
ao mobilizar o aparato estatal e efetuar a priso ilegal. Logo h responsabilidade civil do Estado
e, em razo do abuso, cabe ressarcir o Estado pelos valores despendidos com a reparao dos
danos morais. A Turma no conheceu do recurso. (REsp 782.834-MA, 20/3/2007).
Em resumo, basta que seja demonstrado que o sujeito atuou valendo-se de sua
condio de autoridade para responder pelo crime.
H possibilidade de particular responder por abuso de autoridade?
Sim. Desde que o particular atue em concurso de pessoas com uma autoridade. Isso se deve ao art.
30 do Cdigo Penal, que assim dispe: no se comunicam as circunstncias e as condies de
carter pessoal, salvo quando elementares do crime.
(CESPE - 2010 - MPU - Analista - Processual ) Hlio, maior e capaz, solicitou a seu amigo
Fernando, policial militar, que abordasse seus dois desafetos, Beto e Flvio, para
constrang-los. O referido policial encontrou os desafetos de Hlio na praa
principal da pequena cidade em que moravam e, identificando-se como policial
militar, embora no vestisse, na ocasio, farda da corporao, abordou-os,
determinando que se encostassem na parede com as mos para o alto e, com o auxlio
de Hlio, algemou-os enquanto procedia busca pessoal. Nada tendo sido
encontrado em poder de Beto e Flvio, ambos foram liberados. Nessa situao, Hlio
praticou, em concurso de agente, com o policial militar Fernando, crime de abuso de
autoridade, caracterizado por execuo de medida privativa de liberdade individual.
Explico. As circunstncias que envolvem um crime podem ser objetivas (ex.: modo, tempo, lugar)
e subjetivas (ex.: ser funcionrio pblico, ser autoridade). Quando um agente pratica um crime,
as circunstncias de carter pessoal (subjetivas), no contaminam o coautor, em regra. Exemplo:
se Suzanne mata os pais em companhia de Joo, aquela ter uma pena maior por ter praticado o
crime contra seus antecedentes. Contudo, essa circunstncia pessoal, subjetiva (ser filha) no
contamina o coautor do crime, que no ter tal aumento de pena.
De outra forma, quando a circunstncia de carter pessoal (subjetiva) for elementar para o crime,
ou seja, o crime no existe sem ela, essa circunstncia contamina o coautor. Se Jos, policial militar,
pratica crime de abuso de autoridade em coautoria com seu primo Joo, particular, a circunstncia
pessoal de Jos ser autoridade contamina o segundo, pois elementar (essencial) para o crime
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(CESPE - 2008 - PRF - Policial Rodovirio) Compete justia militar processar e julgar militar por
crime de abuso de autoridade, desde que este tenha sido praticado em servio.
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Compete Justia Estadual Militar processar e julgar o policial militar pela prtica do crime
militar, e Comum pela prtica do crime comum simultneo quele.
Competncia para o Processo e Julgamento do Abuso de Autoridade
Faz diferena a autoridade ser servidor federal ou estadual?
O STJ tem um julgado bem recente em que entendeu que a simples condio de ser servidor federal
no atrai a competncia para a justia federal.
No caso concreto, um delegado de polcia federal, aps se identificar como tal, exigiu que o chefe
do planto de um hospital lhe apresentasse os pronturios de atendimento mdico, o que foi
negado. Por esse motivo, o delegado o agrediu. Ao julgar o caso, o STJ entendeu que a simples
condio funcional de agente no implica que o crime por ele praticado tenha ndole
federal, se no comprometidos bens, servios ou interesses da Unio (STJ, HC 102.049ES, 13/04/2010).
Vamos supor, ento, que o hospital em que ocorreram os fatos seja de administrao federal e que
esse servidor agredido seja um servidor federal. Nesse caso, a Unio teve um interesse atingido,
pois teve um servidor seu agredido em servio, o que levaria a competncia para a justia federal.
Crime de abuso de autoridade x crime de violncia arbitrria (art. 322 do CP)
Segundo entendimento do STJ e STF, o crime de violncia arbitrria (art. 322 do CP)
no foi revogado pela Lei de Abuso de Autoridade
(STF, RHC 95617-MG, 25.11.2008)
A violncia arbitrria, tipificada no art. 322 do Cdigo Penal ("Praticar violncia, no exerccio de
funo ou a pretexto de exerc-la "), entendida como aquela ilegalidade do funcionrio pblico
que, violando o Direito da Administrao Pblica, age arbitrariamente, isto , sem autorizao
de
qualquer norma legal que lhe justifique a conduta, contra o cidado (ex.: O Policial Joo
desfere um soco Jos pelo fato de este estar de madrugada caminhando em via pblica).
No abuso de autoridade, o funcionrio, ao executar sua atividade, excede-se no Poder
Discricionrio, que facultaria a escolha livre do mtodo de execuo, ou desvia, ou foge da
sua finalidade, descrita na norma legal que autorizava o Ato Administrativo (ex.: aps priso
legal de Jos, o policial Joo os lesiona durante algemamento).
Viu a diferena? No?
que no crime de Abuso, a autoridade poderia usar a fora em determinada medida, mas excedeuse nesse direito desnecessariamente. No caso do art.322 o policial no poderia usar a fora de forma
alguma. Essa diferena serve para voc fazer a prova, mas no prtica no tem sido observada.
FORMAS DE ABUSO DE AUTORIDADE
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a) liberdade de
locomoo;
b) inviolabilidade do
domiclio;
c) ao sigilo da
correspondncia;
d) liberdade de
conscincia e de crena;
e) ao livre exerccio do
culto religioso;
Qualquer atentado
f) liberdade de
associao;
g) aos direitos e
garantias legais
assegurados ao exerccio
do voto;
h) ao direito de reunio;
i) incolumidade fsica
do indivduo;
j) aos direitos e
garantias legais
assegurados ao exerccio
profissional.
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Pense na seguinte estria: Joo se LOCOMOVE em direo ao seu DOMICLIO, abre a caixa de
CORRESPONDNCIAS. Ao entrar na sala, v sua irm fazendo uma macumba. Ele no fala
nada, pois LIVRE O EXERCCIO RELIGIOSO ( e o de conscincia e de crena). Na cozinha,
ele v sua me em uma REUNIO debatendo interesses da ASSOCIAO de moradores do
bairro. Ele vai para o quarto, entra na internet e VOTA na gata do campeonato brasileiro de futebol.
A namorada de Joo o surpreende e o agride, atingindo sua INCOLUMIDADE FSICA. Aps
apanhar, Joo vai para o TRABALHO.
( CESPE - 2009 - TRE-MA - Analista Judicirio - rea Judiciria) Constitui abuso de autoridade
qualquer atentado ao sigilo de correspondncia, ao livre exerccio de culto religioso e liberdade de
associao.
( CESPE - 2009 - PGE-PE - Procurador de Estado) O atentado contra o direito de reunio, nos termos
da Lei n. 4.898/1965, no constitui abuso de autoridade.
A doutrina elenca alguns crimes que no admitem tentativa, ou seja, em tais infraes no possvel fracionar o iter
criminis.
C.C.H.O.U.P
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U nisubsistentes
P reterdolosos (dolo+culpa)
Obs1.: Existem os crimes de atentado ou de empreendimento que so aqueles em que a tentativa j punida como se fosse
consumado o crime ( art. 352 e 358 do CP).
Obs.2: O crime de induzimento, instigao e auxlio ao suicdio s possvel na sua modalidade consumada, uma vez que, no
mnimo devem restar leses graves (Art. 122 do CPB).
Obs.3: os tipos unissubsitentes so aqueles em que a realizao do ilcito da ao d-se em apenas um ato. Isso torna a
impossvel a ocorrncia de tentativa, vez que no se poder diferenciar incio de execuo da consumao, como ocorre na
injria verbal e no falso testemunho. Resumindo, o tipo tentado exige para sua configurao o fracionamento do iter criminis.
Obs.4 Os crimes de perigo no admitem tentativa, uma vez que so exemplos de crimes unissubsitentes. Aceitar a tentativa dos
crimes de perigo, nas palavras de lvaro Mayrink, seria aceitar a tentativa da tentativa, ou seja, o perigo do perigo.
Da mesma forma, os crimes omissivos prprios so unissubsitentes, no aceitando a modalidade tentada, portanto.
Ao contrrio, factvel a configurao da tentativa nos tipos de omisso imprpria, onde a presena da conduta diversa da
exigida e da esperada configura uma autntico iter, cuja interrupo pode originar o tipo da tentativa.1 Obviamente, somente o
crime omissivo imprprio doloso admite a tentativa, como no exemplo do mdico que, ao ver um desafeto, nega-se a atend-lo,
para que este morra na sala de espera. Um terceiro o socorro a outro hospital e salva a vtima. O incio da tentativa dos crimes
omissivos imprprios d-se quando da inatividade do garante decorre aumento do risco de perigo concreto diante do bem
jurdico.
Obs. 5: Os crimes preterdolosos no admitem tentativa quanto ao seu resultado agravador, porquanto este d-se com culpa e,
conforme vimos, no h possibilidade de conatus nesses casos. Ao contrrio, quando a circunstncia qualificadora gerada
por dolo ( ex. Dolo de leso e dolo de amputao na leso corporal gravssima) a tentativa mostra-se teoricamente vivel.
Obs. 6: Crime Habituais so aqueles que exigem a pratica da conduta como um modo de vida.
O exemplo seria do dentista prtico (aquele que no tem diploma de Curso Superior em Odontologia). Para praticar o crime,
deve ser demonstrado que ele exerce a profisso como um modo de vida.
Perceba que no importa que o prtico seja eficiente como dentista, pois no tem autorizao legal para exercer a profisso.
Mayrink da Costa, lvaro. Direito Penal: volume 1 parte geral. 8 ed. Corrigida e atualizada. Editora Forense, 1568.
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Exercer, ainda que a ttulo gratuito, a profisso de mdico, dentista ou farmacutico, sem autorizao legal ou excedendolhe os limites (art. 282 do CPB)
Contravenes
INFRAES QUE
NO ADMITEM
TENTATIVA
C.C.H.O.U.P
Culpososo
( salvo culpa
imprpria)
Habituais
Omissivos
Prprios
Preterdolosos
---------------------------------------------------------------------------------------------Algumas informaes devem ser apresentadas sobre os atentados aos direitos estudados no art. 3:
a) liberdade de locomoo;
Vamos tratar de abusos especficos em relao s prises ilegais quando do comentrio do art. 4.
O art. 5, XV da CF prev que livre a locomoo no territrio nacional em tempo de paz, podendo
qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com os seus bens.
Entretanto, esse direito no absoluto, podendo ser restringido:
b) inviolabilidade de domiclio
A CF estabelece que a casa asilo inviolvel do indivduo, ningum nela podendo penetrar em
consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro,
ou, durante o dia, por determinao judicial. Podemos, ento, apontar as seguintes hipteses em
que possvel ingressar em casa alheia mesmo sem autorizao do morador:
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A expresso domiclio tem sido interpretada na forma do art. 150, 4 do CP, que considera
casa (a) qualquer compartimento habitado (inclusive mvel como o trailer); (b) aposento
ocupado de ocupao coletiva (ex.: quarto de hotel); (c) compartimento no aberto ao pblico onde
algum exerce ofcio ou profisso (ex.: escritrio, consultrio mdico etc).
O txi considerado casa para o taxista?
A doutrina ensina que no. Entretanto, devemos analisar caso a caso, pois se o caminhoneiro utiliza
a boleia como dormitrio no se pode afastar a inviolabilidade de domiclio.
c) ao sigilo de correspondncia
Inicialmente, informo que o sigilo refere-se correspondncia fechada. Uma vez aberta, ela recebe
o tratamento de qualquer documento comum. O sigilo, do mesmo modo, permite as seguintes
restries, entre outras:
Possibilidade de restrio em estado de stio (arts. 136, 1, I, b e art. 139, III da CF);
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a)
b)
submeter pessoa sob sua guarda ou custdia a qualquer tipo de vexame ou constrangimento.
c)
deixar de comunicar, imediatamente, ao juiz competente a priso ou deteno de qualquer
pessoa.
d)
deixar o Juiz de ordenar o relaxamento de priso ou deteno legal que lhe seja comunicada.
e)
levar priso e nela deter quem quer que se proponha a prestar fiana, no permitida em lei;
O art. 4 trata de determinadas condutas praticadas por autoridades pblicas que ferem o direito
de liberdade da vtima. Vamos esquematizar tais condutas:
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( CESPE - 2009 - DPE - ES - Defensor Pblico) O delegado de polcia que efetua a priso de
determinado cidado e no a comunica ao juiz competente comete o delito de abuso de autoridade.
No entanto, a autoridade judicial que no ordena o relaxamento de priso ou deteno ilegal que lhe
tenha sido comunicada pratica apenas infrao administrativa.
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Abuso de Autoridade
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Tortura
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Submeter pessoa sob sua guarda ou Na mesma pena incorre quem submete
custdia a vexame ou constrangimento pessoa presa ou sujeita a medida de
no autorizado em
segurana a sofrimento fsico ou
mental, por intermdio da prtica de
lei
ato no previsto em lei ou no
resultante de medida legal.
Vamos falar do crime de tortura ainda nesta aula, mas nesse momento poderia apontar as seguintes
diferenas:
1) No caso de Abuso, a vtima deve estar sob a guarda ou custdia do agressor (Ex.: filhos, tutelado,
enteados, presos, pacientes em hospital etc.);
2) No Abuso no h emprego de sofrimento fsico ou mental, mas mero constrangimento (ex.: se
o carcereiro deixa o preso nu para que ele seja exposto aos demais detentos, poder ocorrer abuso
de autoridade. Entretanto, se essa nudez foi causada para que o detento sofresse com frio intenso
durante a madrugada, o crime seria de tortura).
(TJ-SC - 2010 - TJ-SC - Juiz adaptada) Comete crime de tortura aquele que submete pessoa sob sua
guarda ou custdia a vexame ou a constrangimento no autorizado em lei.
d) Uso de Algemas
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( CESPE - 2009 - Prefeitura de Ipojuca - PE - Procurador) A conduta do agente pblico que conduz
preso algemado, justificando o uso da algema pela existncia de perigo sua prpria integridade
fsica, no caracteriza abuso de autoridade, uma vez que est executando medida privativa de
liberdade em estrita observncia das formalidades legais e jurisprudenciais.
O STF resolveu agir ao perceber que as polcias estavam conseguindo prises de grandes figures
(polticos, grandes empresrios etc.). Algemar preto, pobre em favela nunca incomodou o STF, mas
algemar o ex-prefeito de So Paulo j foi demais! A polcia no tem direito de cometer tal
constrangimento, no mesmo?
Vou lhes dizer que vivi uma situao inusitada. Uma senhora de 60 anos foi presa por trfico de
drogas. Durante a conduo da indiciada, pedi aos policiais que no a algemassem, por conta de
sua idade. Ela foi conduzida sem algemas no banco de trs da viatura. Durante o trajeto, ela
avanou no policial que conduzia a viatura, dando-lhe unhadas, socos e dentadas e por muito pouco
no causou um acidente.
Daquele dia em diante, mando algemar at bebezinho.
De qualquer forma, considere a determinao do STF explicitada atravs da smula vinculante n
11:
S lcito o uso de algemas em casos de resistncia e de fundado receio de fuga ou de perigo
integridade fsica prpria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a
excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou
da autoridade e de nulidade da priso ou do ato processual a que se refere, sem prejuzo da
responsabilidade civil do Estado.
e)
cobrar o carcereiro ou agente de autoridade policial carceragem, custas, emolumentos ou
qualquer outra despesa, desde que a cobrana no tenha apoio em lei, quer quanto espcie quer
quanto ao seu valor; recusar o carcereiro ou agente de autoridade policial recibo de importncia
recebida a ttulo de carceragem, custas, emolumentos ou de qualquer outra despesa;
Essas condutas no so mais aplicveis, uma vez que no h no sistema penitencirio brasileiro
qualquer custa ou despesa de carceragem.
Se o carcereiro cobrar esses valores, poder estar cometendo outros crimes, como extorso,
concusso, corrupo passiva etc.
f)
o ato lesivo da honra ou do patrimnio de pessoa natural ou jurdica, quando praticado com
abuso ou desvio de poder ou sem competncia legal
O crime contra a honra fica absorvido pelo crime de abuso?
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Vamos utilizar aquele exemplo acima em que o carcereiro Joo deixa o detento Jos nu em uma
cela com a inteno de que este passe por constrangimento perante os demais internos. Pois bem.
Durante esse ato, o carcereiro, ainda, passa xingar o detento com palavras de baixo calo.
Nesse caso, o carcereiro deve responder tanto pelo crime de abuso de autoridade quanto pelo crime
de injria em concurso material (somam-se as penas).
Veja, a propsito, a seguinte deciso do STJ. No caso concreto, o Juiz alm de abuso cometeu injria
contra Advogado em audincia:
O cerne da questo seria aferir se as ofensas ao advogado proferidas por um magistrado no
desempenho de suas funes judicantes configuraria delito de abuso de autoridade (Lei n. 4.
898/1965, arts. 3 e 4) ou crime contra a honra, difamao e injria (CP, arts. 139 e 140). O
Tribunal a quo rejeitou a queixa-crime, entendendo que o tema tratado na lei de abuso de
autoridade demandaria ao pblica incondicionada por parte do MP e decretou a ilegitimidade
ativa do querelante. O Min. Relator explicitou que, na conduo da causa, o juiz pode praticar
ambos os crimes tanto o abuso de autoridade (a lisura da atuao do funcionrio pblico exigido
em lei) quanto o contra a honra (sua responsabilidade como pessoa em respeito honra de
outrem) que nada tem a ver com o atuar do poder estatal. Sendo assim, um ambiente processual
em que transitam vrios sujeitos (partes, testemunhas, advogado e serventurios) pressupe
possibilitar o concurso de crimes. Outrossim, a Lei n. 4.898/1965 no pode ser tida como especial
em relao aos tipos do Cdigo Penal de difamao e injria, uma vez que seu texto no
recepcionou todos os crimes contra a honra. Isso posto, a Turma deu provimento em parte ao
recurso, declarando extinta a punibilidade do crime de injria pela ocorrncia
de prescrio e recebeu a queixa-crime pelo delito de difamao. REsp 684.532-DF, Rel. Min.
Jos Arnaldo da Fonseca, julgado em 8/3/2005.
Sanes cabveis ao Abuso de Autoridade (art. 6)
A lei no apenas trata da responsabilidade penal, mas tambm da responsabilidade administrativa
e civil daquele que pratica o abuso de autoridade.
Pode o autor receber as trs penalidades concomitantemente?
Em tese, sim. No se pode falar de bis in idem, pois so distintas as naturezas das sanes.
Sanes Administrativas
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a) advertncia;
b) repreenso;
c) suspenso do cargo,
funo ou posto por prazo de
cinco a cento e oitenta dias,
com perda de vencimentos e
vantagens;
d) destituio de funo;
e) demisso;
Observe que a aplicao da devida punio administrativa deve respeitar as regras do processo
administrativo disciplinar, com oportunidade de defesa ao agente pblico, variando a
complexidade e o formalismo do procedimento de acordo com a gravidade da sano.
Deve a Administrao aguardar o desfecho do processo penal para aplicar a sano administrativa?
No. Apurada a falta funcional, pelos meios adequados (processo administrativo, sindicncia ou
meio sumrio, dependendo da gravidade da sano), o servidor fica sujeito, desde logo,
penalidade administrativa correspondente.
Sano civil
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Conforme o determinado pelo art. 6, 2, da Lei a sano civil, caso no seja possvel fixar o valor
do dano, consistir no pagamento de uma indenizao de quinhentos a dez mil cruzeiros.
A primeira coisa que esses valores devem ser, por bvio, desconsiderados. Isso no impede que o
juiz arbitre valor que considerar justo para a reparao do dano causado aps o devido processo
civil.
Sano penal
A sano penal consistir em:
a) multa de cem a cinco mil cruzeiros;
O valor deve ser desconsiderado. No caso, o juiz deve aplicar o sistema de diasmulta disciplinado
no CP.
b) deteno por dez dias a seis meses;
Veja que a pena irrisria. Pelo fato de a pena mxima ser inferior a 2 anos, o procedimento para
os crimes de abuso de autoridade ser aquele da Lei 9.099/95 (Juizado Especial Criminal). Tratase, portanto, de crime de menor potencial ofensivo.
c) perda do cargo e a inabilitao para o exerccio de qualquer outra funo pblica por prazo
at trs anos.
Trata-se de sano penal e no administrativa. Assim, o juiz criminal, durante ao final do processo
penal poder aplicar, justificadamente, a perda do cargo como sano principal.
Obs.: se a lei determina que Quando o abuso for cometido por agente de autoridade policial, civil
ou militar, de qualquer categoria, poder ser cominada a pena autnoma ou acessria, de no
poder o acusado exercer funes de natureza policial ou militar no municpio da culpa, por prazo
de um a cinco anos.
Essa sano impede que, mesmo aps perder o cargo e participar de novo concurso, o condenado
no poder tomar posse em cargo de natureza policial militar no municpio da culpa, por prazo de
um a cinco anos. Dever, portanto, prestar concurso para qualquer outra cargo que no seja de
natureza policial
durante aquele perodo.
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Lista de exerccios
1. (CESPE - 2009 - PC - PB ) Considerando que um cidado, vtima de priso abusiva, tenha apresentado sua
representao, na Corregedoria da Polcia Civil, contra o delegado que a realizou, assinale a opo correta quanto
ao direito de representao e ao processo de responsabilidade administrativa, civil e penal no caso de crime de
abuso de autoridade. a) Eventual falha na representao obsta a instaurao da ao penal.
b) A ao penal pblica incondicionada.
c) A representao condio de procedibilidade para a ao penal.
d) A referida representao deveria ter sido necessariamente dirigida ao Ministrio Pblico (MP).
e) Se a representao apresentar qualquer falha, a autoridade que a recebeu no poder providenciar, por outros
meios, a apurao do fato.
2. (CESPE - 2010 - MPU - Analista - Processual ) Hlio, maior e capaz, solicitou a seu amigo Fernando, policial
militar, que abordasse seus dois desafetos, Beto e Flvio, para constrang-los. O referido policial encontrou os
desafetos de Hlio na praa principal da pequena cidade em que moravam e, identificando-se como policial
militar, embora no vestisse, na ocasio, farda da corporao, abordou-os, determinando que se encostassem
na parede com as mos para o alto e, com o auxlio de Hlio, algemou-os enquanto procedia busca pessoal.
Nada tendo sido encontrado em poder de Beto e Flvio, ambos foram liberados. Nessa situao, Hlio praticou,
em concurso de agente, com o policial militar Fernando, crime de abuso de autoridade, caracterizado por
execuo de medida privativa de liberdade individual.
3. (CESPE - 2009 - TRE-MA - Analista Judicirio - rea Judiciria) Compete justia militar processar e julgar
militar por crime de abuso de autoridade, quando praticado em servio.
4. (CESPE - 2008 - PRF - Policial Rodovirio) Compete justia militar processar e julgar militar por crime de
abuso de autoridade, desde que este tenha sido praticado em servio.
5. ( CESPE - 2009 - TRE-MA - Analista Judicirio - rea Judiciria) Constitui abuso de autoridade qualquer
atentado ao sigilo de correspondncia, ao livre exerccio de culto religioso e liberdade de associao.
6. (CESPE - 2009 - PGE-PE - Procurador de Estado) O atentado contra o direito de reunio, nos termos da Lei n.
4.898/1965, no constitui abuso de autoridade.
7. (UESPI - 2009 - PC-PI - Delegado) Constitui abuso de autoridade (Lei 4.898/65):
a)
b)
submeter pessoa sob sua guarda ou custdia a qualquer tipo de vexame ou constrangimento.
c)
d)
deixar o Juiz de ordenar o relaxamento de priso ou deteno legal que lhe seja comunicada.
e)
levar priso e nela deter quem quer que se proponha a prestar fiana, no permitida em lei;
8. ( CESPE - 2009 - DPE - ES - Defensor Pblico) O delegado de polcia que efetua a priso de determinado cidado
e no a comunica ao juiz competente comete o delito de abuso de autoridade. No entanto, a autoridade judicial que
no ordena o relaxamento de priso ou deteno ilegal que lhe tenha sido comunicada pratica apenas infrao
administrativa.
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GABARITOS
1-B
2-C
3-E
4-E
5-C
6-E
7-C
8-E
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