Didatica Da Fisica
Didatica Da Fisica
Didatica Da Fisica
ROBERTO NARDI
OLGA CASTIBLANCO
(ORG.):
Didtica da Fsica
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ROBERTO NARDI
OLGA CASTIBLANCO
(ORG.):
Didtica da Fsica
p-1
Cultura Acadmica
Praa da S, 108
01001-900 So Paulo SP
Tel.: (0xx11) 3242-7171
Fax: (0xx11) 3242-7172
www.editoraunesp.com.br
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CDD: 372.86
CDU: 37:796
Sumrio
Apresentao 7
Parte I.Reflexes sobre a Didtica das Cincias 11
1. Algumas consideraes sobre a Didtica das Cincias 13
1.1. Questes de pesquisa da Didtica das Cincias 16
1.2. Enquadramento terico da Didtica das Cincias 17
1.3. Metodologias de pesquisa 19
2. Formao de professores e Didtica da Fsica 21
2.1. O sentido da natureza interdisciplinar 23
2.2. O sentido das Didticas especficas 28
Parte II. Proposta terica de dimenses da
Didtica da Fsica 31
3. A Didtica da Fsica: seus contedos,
objetivos e metodologias 33
3.1. Anlise das percepes de trs atores 3
3.2. Consolidao de objetivos, contedos e metodologias 38
4. As dimenses como eixos articuladores 51
4.1. Dimenso fsica 53
4.2. Dimenso sociocultural 55
4.3. Dimenso tcnica 56
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Apresentao
Este livro foi pensando como mais uma contribuio na construo de caminhos que permitam compreender melhor a natureza da Didtica da Fsica como
disciplina de cursos de licenciatura em Fsica.
fruto da experincia dos autores enquanto professores de Fsica no ensino
mdio, e principalmente no ensino superior, no Brasil e na Colmbia. Foi desenhado, tambm, a partir de pesquisa recente, na qual os autores procuraram organizar e ministrar conjuntamente a disciplina Didtica em um curso de
licenciatura em Fsica, levando em considerao, dentre outros aspectos, resultados de pesquisas nacionais e internacionais sobre o ensino e a aprendizagem de
Fsica, e procurando buscar um consenso no que se refere aos referenciais tericos e metodolgicos utilizados por pesquisadores experientes consultados
sobre esta temtica no Brasil.
Dessa forma, o livro apresenta uma estrutura terica associada a sugestes
de atividades prticas que relacionam objetivos, contedos e metodologias de
ensino, visando garantir coerncia entre o que se diz e o que se faz em sala de aula
quando se ensina essa disciplina.
A literatura da rea de Ensino de Cincias mostra uma diversidade de maneiras de entender tanto a Didtica da Fsica quanto seu ensino. Compreendemos essa pluralidade de referenciais e mtodos como uma caracterstica
importante da rea; por outro lado, essa diversidade tem pontos comuns, que
procuraram ser atendidos neste livro e que nos permitiram privilegiar alguns recortes em termos de objetivos, contedos e metodologias para o ensino dessa disciplina.
Esses recortes foram gerados em consensos presentes na pesquisa da rea,
que mostram, por exemplo, que as disciplinas associadas Didtica da Fsica
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Parte I
Reflexes sobre a
Didtica das Cincias
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ensinar a cincia trabalhando ora nos saberes necessrios do professor de Cincias, ora nas formas como se aprende a cincia partindo das pr-concepes ou
modelos explicativos, ora nos por qu e para que ensinar e aprender cincia, aspectos que envolvem a deciso de contedos a ensinar e a razo de ser deles num
determinado contexto.
Quadro 1.1 Sntese das ideias expostas pelos autores com relao formao inicial de
professores, a relao entre pesquisa e docncia e uma perspectiva sobre a Didtica das
Cincias
Formao inicial de
professores (FIP)
Perspectiva da
Didtica das Cincias
Astolfi e
Develay
(1989)
A formao em
pesquisa no Ensino de
Cincias deve ser feita
com relao a:
contedos disciplinares;
processos de
aprendizagem a partir
das dimenses
humanas; regulao de
um modelo pedaggico
que busque se
desvencilhar do
tradicional; e a
organizao escolar com
reflexo Didtica.
O termo Didtica
independente da
Pedagogia. A Didtica
estuda: as situaes de
aula; as representaes
dos alunos; e as
formas do professor
intervir. Ela usa
aportes da Psicologia,
Histria e
Epistemologia.
Adverte para os
perigos da Didtica
geral e das Didticas
especficas.
Cachapuz;
Praia e Jorge
(2002)
preciso pensar na
Nova didtica como
Na FIP preciso uma
O papel do professor
estratgia de inovao.
renovao curricular a
pesquisador e seu
Aquela que busca
partir de perspectivas
reconhecimento no
contribuies da
inter e
contexto social e
Epistemologia,
transdisciplinares,
poltico so primordiais
Histria das Cincias
embasada nas
para pensar a escola
e Psicologia da
perguntas do por qu e como instrumento a
Aprendizagem, e que
para que ensinar
servio de uma
precisa responder s
Cincias. Deve incluir
mudana sustentvel, a
especificidades das
Epistemologia, Histria partir de relaes
disciplinas a fim de
das Cincias e
CTSA Cincia,
superar desafios
Psicologia da
Tecnologia, Sociedade e
educacionais mais
Aprendizagem.
Meio Ambiente.
amplos, envolvendo
os contextos sociais.
Obras
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DIDTICA DA FSICA
Perspectiva da
Didtica das Cincias
Carvalho e
Gil-Perez
(1993)
Docncia e pesquisa
devem estar ligadas,
A FIP deve considerar
tanto na formao do
resultados de pesquisas
professor, quanto em
sobre a aprendizagem
seu exerccio
em Cincias, e oferecer
profissional. O futuro
um preparo adequado
professor deve adquirir
para desenvolver o
saberes como: romper
currculo. Prope uma
com vises simplistas;
licenciatura com dois
conhecer o que ensina;
anos para as disciplinas
duvidar das ideias
especficas, e dois para
docentes do senso
as Didticas especficas,
comum; e relacionar
Pedagogia e Psicologia.
ensino com a pesquisa
didtica.
A Didtica no pode
ser um campo isolado
de conhecimentos; ela
deve ser um eixo
articulador, que
permita resolver
problemas utilizando
todos os saberes
necessrios. A
Didtica especfica o
ncleo que permite
articular a formao e
a prtica do professor.
Sanmart
(2002)
A Didtica das
Cincias tem o desafio
A relao entre cincia
de definir critrios de
escolar, quem ensina e o seleo dos contedos
aprendiz, deve ser
a ensinar, gerar
mediada pela pesquisa
modelos e prticas
do professor no sentido adequadas a cada tipo
de fazer da atividade de de contedo.
ensino uma atividade
Considerar que cada
cientfica escolar.
disciplina tem uma
problemtica e
estrutura especfica.
Fensham
(2004)
Na histria da formao
de professores de
Cincias, existe uma
tradio curricular
que separa os contedos
cientficos dos
contedos pedaggicos
e uma tradio
didtica que se
preocupa por entender
o que que se ensina,
para que, e como fazer
que os alunos saibam o
que esto aprendendo.
O termo Didaktik
tem implcito um
contedo do Ensino
das Cincias. Nos
ltimos 30 anos, os
pesquisadores angloamericanos e os
pesquisadores do
continente europeu e
da Amrica Latina
tm se diferenciado. A
palavra Didtica gera
rupturas na
comunicao entre os
pesquisadores de cada
grupo.
Obras
Formao inicial de
professores (FIP)
13
Um dos indicadores de
maturidade da rea de
Ensino das Cincias a
formulao de
perguntas de pesquisa,
as quais vm se
acumulando a partir da
dcada de 1960.
Perguntas que
questionam a forma
como os alunos
aprendem e os
professores ensinam.
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Obras
Viennot
(2004)
Formao inicial de
professores (FIP)
Perspectiva da
Didtica das Cincias
O professor deve
estudar o raciocnio
natural, no apenas
para identificar erros,
mas para gerar
estratgias de ensino
que formem
habilidades; por
exemplo, aprender a ler
relaes entre variveis
a partir de uma
perspectiva funcional,
indo alm de fazer
clculos.
O professor precisa
conhecer as
tendncias de
raciocnio em Fsica,
para planejar novas
estratgias de ensino,
que faam com que os
alunos ganhem em
coerncia e
compreenso do que
esto estudando.
Perante esta diversidade, fizemos a leitura das propostas dos diferentes autores, tentando extrair dos respectivos aportes pelo menos trs aspectos que caracterizam a Didtica das Cincias: 1) as questes de pesquisa; 2) o
enquadramento terico; 3) as metodologias de pesquisa.
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DIDTICA DA FSICA
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A autora ainda afirma que os professores devem ser formados para desenvolver argumentos didticos, pois no suficiente apresentar-lhes uma lista de
instrues ou diretrizes para agir em sala de aula.
Segundo Astolfi e Develay (1989) esse campo deve permitir resolver problemas como o anacronismo no ensino e o desconhecimento da perspectiva sociocultural da educao em cincias. Como complemento, a proposta de
Carvalho e Gil-Perez (1993) coloca o problema na formao dos professores, na
qual se deve produzir a ruptura com vises simplistas de cincia e seu ensino,
aprofundando a compreenso do conhecimento que ensina, questionando as
ideias docentes de senso comum e a relao entre ensino, pesquisa e didtica.
Sanmart (2002) defende que um dos principais problemas a resolver o de
gerar modelos e prticas adequadas a cada tipo de contedo, levando em considerao que isso implica ter critrios de seleo de contedos apropriados para a
sociedade do sculo XXI, e que no possvel ensinar toda a cincia na escola,
mas favorecer a comunicao entre o saber da cincia escolar, de quem ensina e
de quem aprende.
Nota-se como as questes de pesquisa da rea, nesse grupo de autores, privilegiam diversos aspectos, dependendo dos autores, tais como: as concepes prvias dos alunos e o modo de trat-las em sala de aula; a formao do professor de
Cincias superando o senso comum a respeito do ensino; o tipo de contedos a
serem ensinados, de acordo com o contexto; os objetivos do ensino de Cincias e
sua relao com a sociedade e o ambiente. Perspectivas que, por vezes, se superpem ou se distanciam, mas que oferecem uma gama de objetos de estudo de
pesquisa no campo da Didtica das Cincias.
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de ensino com a ideia de propor obstculos a serem superados, uma vez que os
objetivos podem ser gerais e no falar em processos especficos de ensino e aprendizagem.
Segundo Sanmart (2002), a transposio didtica deve ser entendida no
sentido amplo do termo, que vai alm de pensar em como ensinar melhor os contedos por si mesmos, para pensar em processos de ensino e aprendizagem mais
complexos, o que significa que os conceitos especficos da Didtica ainda precisam ser estudados em maior profundidade.
Com o mesmo propsito de evidenciar a relao entre diversas disciplinas
para desenvolver conceitos da Didtica, Sanmart (2002) mostra que ensinar
Cincias algo mais amplo do que ensinar conceitos e teorias; dessa forma,
preciso pesquisar processos didticos que respondam a novos objetivos de ensino, por exemplo, ensinar a interpretao de fenmenos, indo alm de ensinar
verdades existentes.
Para isso, preciso se pautar nos saberes vindo da Epistemologia e da Filosofia das Cincias, reconhecendo, por sua vez, que os conhecimentos didticos
so snteses de diversos campos de estudo, de acordo com cada uma das disciplinas cientficas (Fsica, Qumica, Biologia), que tm problemticas e estruturas
especficas. Perspectiva na qual tambm se inscrevem Carvalho e Gil-Perez
(1993), ao considerarem que, alm da importncia de ter o conhecimento das
cincias exatas, tal conhecimento deve ser compreendido com a Histria, a Epistemologia e o contexto de surgimento.
Por outro lado, Cachapuz; Praia e Jorge (2002) trabalham na perspectiva da
evoluo das tendncias de ensino. Os autores fazem uma anlise que lhes permitem afirmar que, nas ltimas dcadas, as tendncias tm evoludo desde o ensino por transmisso, passando pelo ensino por descoberta, o ensino por mudana
conceitual e o ensino por pesquisa. Colocam nfase na importncia desta ltima,
o ensino por pesquisa, como uma possvel soluo s limitaes das anteriores,
especialmente se considerarmos a perspectiva CTSA.
Tais tendncias tm se constitudo em correntes pedaggicas embasadas em
saberes interdisciplinares. Eles mostram como a Didtica das Cincias hoje precisa de saberes da Epistemologia, a fim de propiciar a reconstruo da cincia
que se ensina; da Histria das Cincias, que oferece conhecimentos teis como
recursos no tratamento da cincia; e da Psicologia da Aprendizagem, que permite estudar os processos de aprendizagem dos alunos.
Segundo Fensham (2004), a existncia de uma teoria e seu progresso um
sinal da existncia de um campo de pesquisa com maturidade. Ele observa como
a teoria que suporta as pesquisas em Didtica das Cincias tem somado saberes
de disciplinas como: a Psicologia da Aprendizagem, a partir dos trabalhos de
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Isto implica a formao do professor para a autonomia, que significa a compreenso de estratgias que lhe permitam aprimorar seu exerccio docente, por
meio de aprendizados sobre, por exemplo, a diferena entre o que fazer pesquisa em Fsica e o que fazer pesquisa em Ensino de Fsica e, ainda, como aproveitar resultados de pesquisa para enriquecer sua prtica, sem que implique
necessariamente que todo professor de nvel bsico deva desenvolver pesquisa,
mas que todos devem estar preparados para ler e aproveitar resultados de pesquisa em seu campo de ao, assumindo a reflexo de sua prpria prtica como
uma estratgia de trabalho. Mas tambm deve estar preparado para, eventualmente, desenvolver pesquisa quando as condies lhe permitam.
Podemos dizer que uma das diferenas mais importantes entre a pesquisa
em Fsica e em Ensino de Fsica que a primeira tem como objeto de estudo os
fenmenos da natureza, e a segunda tem como objeto de estudo os sujeitos e as
interaes entre os sujeitos no contexto especfico do ensino e aprendizagem da
Fsica.
Em consequncia, tambm concordamos com a perspectiva do professor profissional desenvolvida por autores como Tardif e Lessard (2005) e Shulman
(2000) que permitem inferir a necessidade de educar os licenciandos na compreenso da complexidade da profisso docente, dado que um campo que trata
principalmente com humanos e que, portanto, precisa se preparar para interagir
com pessoas em diferentes nveis (diversos tipos de alunos, colegas, diretivos,
pesquisadores, sociedade em geral), tendo conscincia de que tais interaes
ocorrem em torno do tratamento de contedos da Fsica.
A identidade profissional do professor de Fsica, tanto quanto o seu exerccio, implica o domnio de conhecimentos especficos da profisso, como
aqueles que estudam o tratamento de tpicos de Fsica de diversas perspectivas,
e conhecimentos que lhe permitam entender por que e para que vai ensinar um
determinado contedo num determinado contexto.
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Mas, tambm, pode ser entendida como uma caracterstica dos processos de
pesquisa em Ensino de Cincias, uma vez que pode ligar vrios conhecimentos
para propor a resoluo de um problema de ensino. Ou ainda pode ser entendida, como o fundamento terico de correntes pedaggicas que se embasam em
conhecimentos de diversas disciplinas para orientar reformulaes de estratgias
de ensino.
Essa diferena de significados da interdisciplinaridade no deve ser tomada
como negativa; pelo contrrio, resultado dos diversos impactos que tem tido o
discurso da interdisciplinaridade no campo da Educao, ao longo de sua histria. Segundo Klein (1990), autora que estuda a histria do uso do termo interdisciplinaridade, esse termo tem sido entendido no ltimo sculo como: uma
metodologia, um conceito, um processo, uma forma de pensamento, uma filosofia e uma reflexo ideolgica.
A autora afirma que na prtica tem sido entendido como a soluo de um
problema sob a atuao de profissionais de diversas disciplinas, ou como a interdisciplinaridade individual na qual um profissional que integra conhecimentos de diversos campos para conseguir a soluo de um problema de seu
campo de trabalho, ou como um conceito integrador que orienta a pesquisa cientfica, semelhante s teorias unificadoras das Cincias Exatas.
Embora sejam diferentes interpretaes, a autora afirma que todas tm em
comum a inteno de resolver problemas e responder questes que no puderam
ser resolvidas a partir de mtodos simples ou enfoques particulares. Assim, mais
do que decidir qual de todas a interpretao mais pertinente, torna-se produtivo entender em que medida o sentido da interdisciplinaridade, em suas diversas formas, oferece respostas e progressos na construo de conhecimento.
No campo da Educao tem existido grandes controvrsias ao aplicar o conceito de interdisciplinaridade, uma vez que, complexo caracterizar o fazer interdisciplinar de cada um dos atores de um processo educacional, atores como
alunos, professores, pesquisadores e polticos, com a respectiva complexidade
que envolve entender a relao entre umas e outras formas de assumir e praticar
a interdisciplinaridade.
Por exemplo, segundo Klein (1990), as organizaes curriculares universitrias tm sido estruturadas principalmente a partir de duas perspectivas diferenciadas; como um todo integrado e como um conjunto de disciplinas individuais
que se inter-relacionam, mas nos dois casos h a problemtica de descrever claramente quais as conexes reais entre uma disciplina e outra. Nas ltimas dcadas,
ampliou-se a controvrsia de se na universidade possvel desenvolver apenas
um trabalho interdisciplinar entre alguns campos disciplinares, ou se possvel
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Concordamos com Astolfi e Develay (1989) quando concluem que a Didtica estuda tpicos especficos da sala de aula, tais como as representaes dos
alunos e as formas do professor intervir. Mas esses tpicos devem ser estudados
relacionando-os aos saberes disciplinares, a partir dos quais o professor planeja
sua interveno que, no caso, seria a Fsica. Concordamos ainda com a advertncia que esses autores fazem dos perigos da Didtica geral que no responde
a processos reais de ensino, mas, tambm, dos perigos da Didtica especfica
que somente se preocupa com o ensino das cincias em si, esquecendo os objetivos educacionais.
Entendemos ento a Didtica da Fsica como o conhecimento a ser ensinado para que o professor aprenda a ensinar Fsica, que significa o futuro professor compreender o que que vai ensinar, como, por que e para quem, processo
que, alm dos contedos das cincias exatas, precisa de conhecimentos das cincias humanas e das cincias sociais, relacionados ao problema do ensino da Fsica. Por exemplo, o campo da Epistemologia pode auxiliar a compreenso da
construo dos conceitos; o da Pedagogia contribui no estudo das tendncias dos
modelos de ensino com seus objetivos, vantagens e desvantagens nos processos
em sala de aula; a partir da Psicologia da Aprendizagem possvel aprofundar na
compreenso das formas de pensar das pessoas e auxiliar nos processos de aprendizagem; a Filosofia das Cincias auxilia em anlises de paradigmas da Histria
da Fsica ao estudar o porqu de determinados fatos cientficos; a Histria das
Cincias permite extrair aprendizagens da evoluo do conhecimento cientfico;
e, em geral, todos os conhecimentos disciplinares que o professor e/ou pesquisador precisarem para superar um problema de ensino de Cincias numa determinada situao educacional.
Todas essas reflexes tericas com base na literatura oferecem-nos um panorama diverso de formas de entender a Didtica da Fsica, o qual gera-nos
questionamentos quando pensamos nos critrios para organizar contedos a
serem trabalhados no ensino da Didtica da Fsica. Questionamentos como: de
que maneira podemos aproveitar os conhecimentos de diversas disciplinas para
ensinar os licenciandos a ensinar Fsica? Que tipo de atividades seriam os mais
apropriados para propiciar o aprendizado de conhecimentos de diversas disciplinas a fim de ensinar a resolver um problema de ensino de Fsica? Como ir do
simples ao complexo, ou de nveis bsicos para nveis superiores no ensino da
Didtica da Fsica? Como decidir qual a sequncia de contedos que se deve dar
em cursos associados Didtica da Fsica? Todos esses so questionamentos que
motivam esta pesquisa. Uma ampliao da anterior reviso bibliogrfica pode se
encontrar em Castiblanco e Nardi (2012).
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A Didtica da Fsica:
seus contedos, objetivos e
metodologias
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Objetivo
Forma/Tipo
Identificao da atividade
profissional, por meio de
dados como: e-mail, vnculo
empregatcio, formao
acadmica, rea, grupo de
pesquisa em que atua, funo
dentro do grupo e linhas de
pesquisa.
Caracterizar a atividade
profissional e mapear as
possveis linhas de pesquisa
da rea.
Fechada/
Questo sobre
fatos
Identificao dos
instrumentos e mtodos de
coleta e anlise de dados para
cada um dos projetos
desenvolvidos por cada
pesquisador e registrados no
currculo, na ltima dcada.
Caracterizar o tipo de
pesquisa que desenvolve.
Dependente/
Questo sobre
padro de ao
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Contedo da questo
Objetivo
Forma/Tipo
33
Enquadramento das
pesquisas nas reas temticas
estabelecidas nos eventos
acadmicos Epef (Encontro
de Pesquisa em Ensino de
Fsica) e Snef (Simpsio
Nacional de Ensino de
Fsica).
Detectar as tendncias de
tpicos de pesquisa no grupo
de pesquisadores.
44
Mapear os principais
Dependente/
referenciais tericos nos quais Questo sobre
se fundamentam as
conhecimentos
pesquisas.
%5
Idem ao anterior.
Idem ao anterior
66
Aberta/
Questo sobre
conhecimentos
Fechada/
Questo sobre
fatos
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A fim de construir uma ideia acerca do sentido que estudantes da licenciatura em Fsica do ao aprendizado de contedos que visam form-los para o ensino de Fsica, selecionamos as disciplinas intituladas Metodologia e Prtica de
ensino de Fsica III e IV oferecidas no segundo ano do curso, j que no currculo
da universidade na qual foi realizada a pesquisa, no h uma disciplina nomeada
como Didtica da Fsica. Alm disso, essas disciplinas selecionadas se propem a ser o eixo articulador entre os conhecimentos da Fsica e os conhecimentos das disciplinas pedaggicas. Portanto, consideramos importante
conhecer quais as expectativas que os licenciandos tm dessa disciplina e o que
eles pensam com relao aos contedos e metodologias utilizadas para uma compreenso global das disciplinas oferecidas nesse curso.
Para este estudo, observamos durante um ano, um grupo de licenciandos em
dois nveis da disciplina mencionada anteriormente (terceiro e quarto termo).
Informou-se a eles que a participao da observadora tinha como objetivo apoiar
o desenvolvimento da aula e coletar algumas informaes para a tese que trataria
da Didtica da Fsica. Todavia, no foram totalmente explcitos os itens a serem
observados, por isso chamamos a metodologia de participao como observadora, segundo a definio apresentada por Ldke e Andr (1986) nas abordagens qualitativas da pesquisa em educao. Os acontecimentos foram descritos
preenchendo informaes relacionadas com os tpicos desenvolvidos na aula, os
momentos da aula, a participao que a pesquisadora teve e as observaes ge-
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gnuas dos saberes prprios da profisso docente e especificamente do que significa ensinar Fsica.
Perante esse panorama, surge o problema de como selecionar entre tanta diversidade de problemticas, o que ensinar e como ensinar, para formar os licenciandos nesse campo. Portanto, consideramos que necessrio consolidar uma
proposta de critrios que permitam definir alguns objetivos, contedos e metodologias para o Ensino da Didtica da Fsica, embasando-nos em dados obtidos
nos trs estudos anteriores e tambm em algumas propostas da literatura da rea
de Ensino de Cincias.
Entendemos que o principal objetivo ensinar a ensinar Fsica, mas esse objetivo precisa de desdobramentos para uma maior compreenso do que isso significa. Por exemplo, levar o futuro professor a superar as vises de ensino e
aprendizagem a partir do senso comum, situao posta por Carvalho e Gil-Perez (1993), um problema para cuja soluo precisam ser desenvolvidos processos que levem o licenciando a revisar as formas de raciocinar sobre o que
sabe e a compreender o que significa inovar metodologicamente em sala de
aula, ao caracterizar problemas de ensino e aprendizagem, objetivando agir consequentemente numa soluo.
De acordo com a literatura, em autores como Marcelo (1999), um dos desafios da formao de professores superar o paradoxo entre o que se espera da
prtica profissional do futuro professor e a prtica de ensino que ocorre na formao inicial. Portanto, constitui-se num objetivo oferecer um ensino da Didtica da Fsica na formao de professores que aplique as mesmas teorias que so
ensinadas, a fim de que os licenciandos possam compreender a complexidade do
ensino, tendo por base o seu mesmo exerccio de aprendizagem.
De outra parte, considerando a natureza interdisciplinar que deve caracterizar a prtica do professor universitrio de Didtica da Fsica, encontrada tanto
na literatura da Didtica das Cincias quanto nas observaes dos pesquisadores
de Ensino de Fsica no Brasil, infere-se que outro objetivo importante a formao do futuro professor numa viso que lhe permita aprender a inter-relacionar conhecimentos de diversas reas para resolver problemas do ensino da
Fsica. Portanto, o ensino da Didtica da Fsica deve contribuir para a compreenso de possveis formas de relacionar conhecimentos de outros campos disciplinares, alm da Fsica, nos processos de ensino e aprendizagem de tpicos
especficos.
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trabalho de concluso de curso ou por meio da observao e interveno no desenvolvimento do estgio supervisionado.
Assim, de forma resumida podemos dizer que os principais objetivos do Ensino da Didtica da Fsica so:
contribuir na compreenso de formas de inter-relacionar conhecimentos
vindos de diferentes campos disciplinares para a soluo de problemas
prprios do ensino de Fsica;
contribuir na superao de vises de senso comum sobre os processos
de ensino e aprendizagem dos futuros professores;
educar para a crtica reflexiva tanto da realidade de seu entorno quanto
de seu domnio de contedos e de sua prpria ao docente;
contribuir na formao, tanto para a pesquisa em Ensino de Fsica
quanto para se relacionar com os resultados de pesquisa da rea;
contribuir na formao da identidade profissional ao se apropriar de conhecimentos especficos do Ensino da Fsica.
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Um aspecto que aparece reiteradamente, tanto na literatura quanto nos estudos que realizamos, o paradoxo entre as metodologias de ensino na formao
inicial de professores e as metodologias esperadas dos licenciandos em suas futuras aulas. Assim, o primeiro critrio para selecionar metodologias apropriadas
a coerncia entre o que se ensina e o que se faz nas aulas associadas Didtica
da Fsica.
Segundo a literatura, espera-se atualmente que o professor seja formado
como profissional crtico/reflexivo, o que significa que devem ser formados em
habilidades metacognitivas para refletir tanto em relao ao funcionamento do
entorno no qual esto envolvidos quanto em seu prprio conhecimento e suas
prprias aes, especialmente no relacionado com as formas como poderia levar
diversos alunos a se introduzirem no mundo da Fsica. Portanto, as metodologias
utilizadas devem propiciar que o licenciando aprofunde seus conhecimentos de
Fsica, mas tambm construa conhecimentos a respeito de como ensinar os contedos da Fsica, e conhecimentos que lhe permitam entender por que e para que
ensinar um determinado contedo num determinado contexto.
As atividades devem proporcionar reflexes crticas das realidades pedaggico-sociais do ensino da Fsica, o que, por sua vez, implica envolv-los em reflexes sobre seu prprio conhecimento da Fsica e suas prprias formas de entender
o ensino. Mas, importante distinguir entre reflexes que resultem em discusses superficiais e aquelas que conseguem impactar e transformar ideologias,
conhecimentos ou atitudes, num claro comprometimento com o crescimento do
licenciando como profissional crtico e reflexivo que, por sua vez, educar outras
pessoas na crtica reflexiva. Portanto, determinante o desenvolvimento de ati-
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retorna-se socializao com o grupo todo para finalizar com uma atividade de
produo escrita individual, a fim de lhe permitir decantar os aprendizados da
aula. Ao igual que na anterior dinmica, importante o planejamento do material para cada fase e a orientao permanente do professor.
3. Dinmica o trabalho colaborativo. Consiste em organizar um determinado tpico em subtpicos, a fim de dividir a turma em tantos grupos quantos
subtpicos se tenha, pedindo para cada grupo resolver um problema diferente ou
uma parte diferente do problema. Posteriormente, se faz rotao das produes
entre os grupos, de tal forma que as solues oferecidas por um grupo possam ser
analisadas e complementadas por outro grupo, e assim sucessivamente, at conseguir que todos os grupos aportem a todas as partes. Finalmente, se faz socializao geral, sempre com a orientao do professor e com material adequado, a
fim de evitar que os alunos se limitem crtica irreflexiva ou injusta da produo
de seus colegas e progridam para um trabalho propositivo.
4. Dinmica a pesquisa. Consiste em preparar um questionrio para ser
aplicado no comeo da aula sem o requisito de escrever o nome do autor das respostas. Esse questionrio poder ter diversos fins: detectar ideologias, detectar
preconcepes, gerar questionamentos etc. Pede-se ento para os alunos avaliarem os resultados do questionrio, de forma individual ou coletiva, mas
sempre fornecendo o roteiro de avaliao com critrios de anlise estabelecidos.
Posteriormente, orienta-se a anlise dos resultados obtidos sob a respectiva
fundamentao terica que permitiu a elaborao do questionrio, acompanhando os alunos num breve processo de pesquisa que os levem a descobrir categorias e interpret-las, para fechar a dinmica com a socializao e concluses do
tpico estudado.
5. Dinmica o rodzio. Consiste em organizar o grupo numa roda s, e
pedir para os alunos produzirem algum material escrito de forma individual em
funo das perguntas ou tpicos que se estejam estudando. Posteriormente,
pede-se para o aluno passar sua folha para o colega que se encontra direita, a
fim de que quem recebe a folha possa, por escrito, avaliar, questionar, criticar,
complementar etc., a produo de seu colega, sob as condies estabelecidas pelo
professor. Depois de dar um tempo adequado (alguns minutos ou segundos), o
professor pede para continuar passando a folha, sempre ao colega da direita, at
cada um ficar com sua prpria folha. Por fim, pede-se para cada aluno refletir
sobre o que seus colegas escreveram e abre-se o dilogo com os alunos para permitir-lhes expressar seus aprendizados, aspectos que gostariam discutir etc.
6. Dinmica de retroalimentao. Consiste em que o professor constitua
dados a partir dos resultados apresentados pelos alunos nas diferentes atividades
relacionadas com o ensino de um tpico. Previamente aula, o professor analisa
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essas informaes visando interpretar seu significado em termos de, por exemplo,
consensos dos alunos, pontos a debater, conceitos que precisam de estudos mais
aprofundados, descrio da realidade etc. Assim, na aula da retroalimentao, o
professor apresenta os resultados das anlises e abre o dilogo com os alunos, a
fim de receber uma retroalimentao por parte deles e tambm contribuir no
exerccio metacognitivo de reconhecimento dos saberes dos alunos.
7. Dinmica o debate. O professor apresenta em plenria uma problemtica real existente na sociedade, na literatura, na academia etc. Explica para os
alunos quais as razes de essa problemtica existir e o porqu de ainda no ser
um assunto resolvido. Posteriormente, o professor entrega textos relacionados ao
tema, de forma individual, a fim de que leiam e se aprofundem mais na compreenso da problemtica, selecionando nesses textos, por exemplo, posies
contrrias ou discursos que gerem controvrsia, visando oferecer recursos que
permitam gerar debate. Pede-se para se reunirem em grupos a fim de responder
por escrito algumas questes preparadas pelo professor, visando lev-los a esclarecer seus pontos de vista e possveis caminhos na resoluo de tal problema.
Finalmente, abre-se o debate entre as posies tomadas pelos diferentes grupos.
Busca-se levar os alunos a se posicionarem em pblico com relao a suas concepes sobre o tpico colocado pelo professor e, portanto, contribuir na formao para a crtica reflexiva.
8. Dinmica o relgio. A distribuio dos alunos na sala feita em dois
crculos concntricos, onde os alunos do crculo interior ficam fixos, e os alunos
do crculo exterior vo se deslocando de uma posio prxima, cada vez que o
professor indicar. O posto mpar no caso de que o total de alunos da turma seja
mpar, para o qual um aluno ficar sozinho de cada vez. O resultado que os
alunos ficam organizados por duplas, olhando-se frente a frente, assim, quando
o professor pede para os alunos do crculo exterior se deslocar para a posio
direita subsequente, as duplas mudam de integrantes permitindo uma nova interao, e assim sucessivamente at conseguir a interao de todos do crculo exterior com todos do interior, sempre por duplas. Como indicado na Figura 3.1.
Esta dinmica pode ser aproveitada para diversos fins em funo do tpico
que esteja sendo trabalhado e dos objetivos propostos, em torno reflexo, discusso, socializao, anlise etc. Por exemplo, para o caso da figura anterior,
podem ser entregues seis questes escritas sobre um determinado tpico, uma
para cada aluno do crculo interior, a fim de que esse aluno dialogue com o colega
da frente. Assim, cada aluno do crculo interior poder receber seis opinies
sobre a mesma questo, e, por sua vez, cada aluno do crculo exterior poder responder s seis questes sobre o tpico escolhido. Posteriormente, abre-se o di-
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logo com a turma toda para intercambiar ideias e aprofundar a anlise do tpico
estudado.
9. Dinmica de coavaliao. Busca propiciar situaes nas quais os alunos
possam avaliar seus colegas; para tanto, necessrio lhes fornecer os critrios e o
material adequado. Assim, por exemplo, pode ser criado um roteiro contendo
aspectos a serem avaliados nas falas ou nas produes escritas dos colegas por
meio do uso de uma escala que permite ao avaliador indicar o grau de aceitao
com relao aos aspectos colocados, ou podem ser criados mecanismos de intercmbio de materiais produzidos pelos alunos a fim de serem lidos e, com base
nisso, solicitar aos alunos avaliadores a produo de uma interpretao desses
materiais, para posteriormente ser socializados.
Figura 3.1 Distribuio dos alunos na dinmica do relgio. Os smbolos A1, A2 etc.,
representam cada um dos alunos
Fonte: Os autores.
Estas dinmicas geram ambientes de interao em sala de aula que propiciam a avaliao permanente e inclusiva, sempre que os licenciandos compreendam e compartilhem as metodologias adotadas para avaliar cada um dos
contedos trabalhados.
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Para tanto, acreditamos que conhecimentos da Histria e da Filosofia da Fsica podem resultar apropriados nesse propsito, uma vez que esses campos disciplinares propiciam o tratamento dos contedos cientficos a partir de olhares
diferenados e com perguntas que fogem forma tradicional de apresentar a Fsica, o que obriga o professor a se distanciar para (re)pensar aqueles conhecimentos que j havia aprendido.
Por sua vez, a Epistemologia contribui nesse sentido, j que a natureza dessa
disciplina trata da compreenso das organizaes conceituais e, portanto, permitiria acompanhar o licenciando na identificao de seus esquemas explicativos
dos fenmenos fsicos. Embora os exerccios de tipo epistemolgico estejam
sempre relacionados com a Histria e a Filosofia da Fsica, acreditamos que
importante levar o licenciando a diferenciar os objetos de estudo desses trs
campos com suas respectivas formas de contribuir na compreenso da Fsica.
Assim, a funo desses campos disciplinares principalmente a formulao
de problemas com relao compreenso dos conceitos de Fsica a serem resolvidos pelos licenciandos. Problemas que criem questionamentos acerca das
crenas que os licenciandos tm de tpicos como os problemas da fsica, os
modelos explicativos, a natureza dos conceitos, os observveis, aspectos
com relao aos quais se costuma supor que ficaram claros e compreendidos com
o mesmo aprendizado da Fsica, ou ainda da Histria e da Filosofia da Fsica,
mas que, de fato, apresentam uma grande complexidade que influencia as formas
como se pretende ensinar a Fsica.
Saber como as teorias da Fsica foram evoluindo, quais pensadores fizeram
contribuies, os momentos cruciais da histria da Fsica, as correntes de pensamento que produziram avanos, retrocessos ou bloqueios da produo cientfica,
entre outros, , claramente, um conhecimento que todo professor de Fsica deve
ter. Porm, no esse o conhecimento a ser levado de forma direta para processos
de ensino de Didtica da Fsica; esses so conhecimentos que orientam as estratgias de ensino, por exemplo, formando para a transposio didtica, ao entender de forma consciente todos os aspectos que ela envolve, a fim de
compreender o significado de vises da natureza das Cincias com suas implicaes no ensino.
Na atualidade, existem pesquisas que tm estudado a inter-relao desses
campos e que certamente so parte dos contedos a ser trabalhados nesta dimenso. Hoje h linhas de pesquisa que tratam dos usos de Histria, Filosofia e
Epistemologia no ensino de Fsica que auxiliam a criao de estratgias e de materiais a serem utilizados para melhorar os processos de educao cientfica.
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vao, j que, muitas vezes, ao ser inseridos com base no senso comum, acabam
limitando os processos mais do que os auxiliando.
Desse modo, essa dimenso visa: educar o professor com critrios para enriquecer e qualificar sua interveno em sala de aula, ao adquirir conhecimentos
de uma gama de recursos que podem potencializar os processos com os quais
busca atingir os objetivos de ensino; complementar ou facilitar os canais de comunicao com os alunos em funo dos contextos; contribuir na adequao dos
nveis de complexidade dos contedos a ser ensinados; e dinamizar as formas de
interao.
Busca-se ir alm de entender a formao na componente tcnica da
atuao do professor em torno do ensino de como usar a lousa ou como manusear
equipamentos. Embora esses aspectos devam ser considerados, entende-se que
so apenas um dos muitos aspectos que podem auxiliar o planejamento e desenvolvimento de atividades em sala de aula. Nesta proposta trabalharemos em
torno a trs tipos de recursos; o laboratrio, as tecnologias e os livros didticos,
sem querer dizer que no existam outras.
Com relao experimentao, prope-se que devam ser desenvolvidas atividades que permitam estudar a riqueza do uso de laboratrios para orientar a
construo de explicaes por parte dos alunos, comparar argumentos entre colegas, dialogar com as explicaes oferecidas pela literatura cientfica, indo alm
do uso como mera motivao dos alunos ou como mtodo para distensionar a
aula.
Para tal, pode resultar apropriada a abordagem da experimentao com diversas funcionalidades, por exemplo, para analisar a lgica de um experimento
de pensamento, estudar as possibilidades de demonstrao de uma lei fsica,
comprovar uma teoria, elaborar arranjos experimentais que permitam resolver
um problema, entre outras. Tenta-se sempre refletir nos aspectos que determinam a interao do aluno com a prtica experimental, como o tipo de linguagem utilizado, o problema que foi resolvido, as formas de representar os
dados encontrados, a logstica necessria para cada arranjo etc.
Com relao ao uso de TICs, partimos do pressuposto de que um tpico
que precisa ser trabalhado com maior aprofundamento na formao de professores, especialmente nas disciplinas relacionadas Didtica da Fsica, uma vez
que o uso desses recursos precisa de professores com domnio na compreenso
dos contedos a ensinar, com domnio das TICs, e com plena conscincia de
como e por que utilizar uma determinada tecnologia em um determinado contexto educacional, ao entender a dimenso real das possibilidades que oferecem
as tecnologias para enriquecer as interaes em sala de aula e contribuir de forma
efetiva no ensino e aprendizado da Fsica.
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Parte III
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por sua vez, levou a uma busca sistemtica nos referenciais adotados por esses
pesquisadores na produo de seus trabalhos.
O critrio de seleo foi basicamente que apresentassem resultados de pesquisa emprica inter-relacionando diferentes campos disciplinares para o ensino
de Fsica, em torno de cada uma das dimenses propostas para o Ensino da Didtica da Fsica. Ressaltando que somente foram consideradas publicaes tratando temticas especficas de Fsica.
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Dimenso fsica
Na dimenso fsica devem ser desenvolvidos exerccios que levem o licenciando a tomar conscincia de que o primeiro passo para planejar sequncias didticas para o ensino de Fsica re(conhecer) o prprio nvel de domnio dos
contedos da Fsica a serem ensinados. Assim, visando auxili-los nessa tomada
de conscincia, propomos o uso de exerccios embasados em conhecimentos da
Historia, Filosofia e Epistemologia da Fsica.
Entendemos que o uso dessas disciplinas no ensino de Didtica da Fsica no
para mostrar aos licenciandos como ensinar Histria, Filosofia ou Epistemologia, mas para ensinar a (re)pensar o conhecimento disciplinar dos futuros professores e, em consequncia, faz-los refletir sobre alguns critrios a partir dos
quais possam criar seus prprios mtodos de ensino.
Significa que exerccios embasados nessas reas devem lev-los a desenvolver reflexes de tipo filosfico, ou reconstrues de seu conhecimento a partir
de levantamentos apresentados pela literatura de Histria da Fsica, ou aprender
novas perspectivas de enxergar conceitos j aprendidos a partir de reflexes de
tipo epistemolgico.
Por exemplo, podemos partir do pressuposto de que as pessoas precisam ser
formadas para observar o mundo fsico, sabendo que cada vez mais determinante o papel do observador na construo da Fsica, dado que o que ele observa,
e a forma como descreve a observao, depende de conhecimentos prprios e
tambm da interao e do dilogo com a observao de outros pares sobre o
mesmo sistema. Assim, possvel orientar os licenciandos para aperfeioar sua
capacidade de observao dos sistemas fsicos partindo de observaes que con-
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V 2 = V02 2 g x
(2)
x =
V02
2g
Emi = Emf
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(4)
(5)
(6)
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E p max = Ec max
1
mg x = mV 2
2
V2
xmax =
2g
Em = Energia mecnica;
Ep = Energia potencial;
Ec = Energia cintica; m = massa.
Mas em nenhum dos casos atriburam valores numricos para as variveis
envolvidas nas equaes buscando a soluo quantitativa do problema.
Interpretamos esse fato como uma tendncia a considerar: bvio que as
equaes descrevem sistemas ideais; que todo mundo entende quais os rankings
possveis de valores que uma varivel pode assumir; que as equaes em si
mesmas j consideram as condies de ocorrncia do fenmeno; e que as unidades de medida no precisam ser explicitadas na compreenso do fenmeno.
Provavelmente os licenciandos sabem que todos esses assuntos no so bvios,
porm, agem como se o fossem.
Por outro lado, encontramos trs de catorze respostas que evidenciam como
a aprendizagem de teorias da Fsica no garantem, necessariamente, a compreenso dos fenmenos nem a coerncia entre os diferentes conceitos aprendidos.
Embora os autores dessas ltimas solues tenham explicado que deram
essas respostas ao interpretar a questo de formas diferentes ou que estavam tentando explorar os limites das possibilidades de imaginar esse sistema, elas evidenciam uma confuso e lacunas no domnio conceitual. Por exemplo: h uma
tendncia a pensar que a ausncia de ar implica a ausncia de gravidade, no h
clareza a respeito das condies que teriam que se dar para que o objeto possa
abandonar a Terra em condies reais ou ainda ideais.
Note-se que a primeira resposta poderia ser avaliada como correta se no
fosse pelo fato do autor ter confundido a causa pela qual a velocidade torna-se
zero, que o efeito da gravidade e no a resistncia do ar, em condies normais.
A segunda resposta poderia ser correta se o problema considerasse ausncia de
gravidade, mas ao falar de um corpo lanado na vertical, para cima entende-se
que o problema tem implcita a presena de um campo gravitacional que lhe d
sentido expresso acima e abaixo, alm de que ainda no vcuo pode existir
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As respostas indicam que a maioria entende que para observar um fenmeno s se precisa v-lo acontecer, uma vez que as evidncias do fenmeno
basicamente o fato observvel de que as coisas caem ou a sensao de atrao da
gravidade, mas sem considerar o significado de uma construo terica prvia
para observar algo acontecer. Isso pode ser interpretado como falta de clareza
do papel do observador, do observado e do observvel (enxergvel a olho
nu ou no, mensurvel ou no) para construir a compreenso de um fenmeno, e
tem por trs uma crena sobre a observao como dependendo basicamente da
experincia sensorial direta e/ou de evidncias mencionadas pela Cincia.
Em relao questo sobre a teoria que explica a queda dos corpos, encontramos algumas respostas representativas:
Vrias, como as de Aristteles (estado natural), Galileu e Newton (atrao
entre corpos).
Inmeras teorias, sendo a do Newton a mais aceita pela comunidade cientfica.
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A teoria da queda livre dos corpos formulada por Galileu atravs das experincias realizadas na torre de Pisa para estudar a resistncia do ar, e complementada por Newton com a gravitao..
A teoria da queda livre dos corpos (Galileu).
A altura mxima ser (quando v = 0). Isso ocorre por causa da resistncia do ar.
Se o corpo lanado no vcuo, no teremos a resistncia do ar e o movimento continuar na vertical, para cima, pois, no haver a presena de nenhuma fora que impea com que o movimento continue, seguindo a lei da
inrcia.
Considerando que a maior velocidade possvel que um corpo pode
atingir a velocidade da luz, podemos supor o seguinte calculo: (Considerando que estamos na Terra).
(7)
V 2 = V02 + 2ax
(8)
V = 0;
V0 = c; a = g = 10
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(9)
2
2
V=
V=
2ax
0
0 (3x108 )2
(10)
x =
(11)
x = 4,5x1015
2x10
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Posteriormente elaborao da linha do tempo, foi solicitado aos licenciandos que explicassem o grfico, por exemplo, analisando os grandes perodos
sem novas ideias a respeito registradas na literatura.
A anlise desse grfico permitiu orientar uma discusso sobre como as culturas com nfase nas questes de cunho religioso, filosfico, poltico, tecnolgico ou experimental , bem como as diversas condies culturais ao longo da
histria e a participao de personalidades e cientistas no processo incidem, de
alguma maneira, no desenvolvimento das produes cientficas,.
Os licenciandos participaram da discusso manifestando surpresa com o
grfico, uma vez que imaginavam que as definies sobre a natureza da luz ti-
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O material para este exerccio foi elaborado a partir da explorao de resultados de pesquisa da rea com nfase na questo epistemolgica, baseados na
produo de Martins e Pacca (2005), que propem um questionrio de reconhecimento dos perfis epistemolgicos na concepo de tempo.
Propusemo-nos a detectar as preconcepes dos licenciandos a respeito do
conceito de tempo por meio da identificao de seus perfis epistemolgicos e
analisar com eles o significado dos perfis encontrados, para proporcionar aprendizagens em dois nveis: um, relacionado com formas aprofundadas de detectar
preconcepes, superando a viso simplista de detectar preconcepes a partir
da questo sobre o que os alunos acham; outro relacionado com a tomada de
conscincia da forma como construram ou podem ainda reconstruir suas definies de tempo, auxiliando-os numa possvel evoluo conceitual.
Pedimos aos licenciandos que escrevessem ou desenhassem numa folha em
branco tudo o que eles relacionam com a palavra tempo e, posteriormente, que
respondessem o questionrio a seguir:
a. O tempo passa mais rpido ou mais devagar, s vezes?
b. A passagem do tempo varia de pessoa para pessoa?
c. Como voc percebe que o tempo passa?
d. Como podemos marcar/medir a passagem do tempo?
e. Existe tempo sem os relgios? E sem o ser humano?
f. Tendo um relgio de areia, um de corda e um digital: qual o melhor?
Qual o mais preciso? Como eles funcionam?
Posteriormente foram apresentadas as definies dos perfis epistemolgicos
identificados por Bachelard para o conceito de tempo, segundo Martins e Pacca
(2005), tais como: realismo ingnuo, empirismo, racionalismo tradicional e sur-
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quer dizer, associados principalmente a sensaes como o esforo fsico ou a passagem desigual das horas e tambm requerendo a presena de um indivduo para
que haja a contagem do tempo.
Entretanto, o caso 3 apresenta alguns aspectos no realismo ingnuo e a
maioria de suas definies no surracionalismo, quer dizer, coloca aspectos da relatividade, negando o tempo absoluto newtoniano e/ou considerando o transcorrer do tempo em funo do referencial adotado e/ou considerando o
espao-tempo quadridimensional e/ou explicando a irreversibilidade temporal e
a natureza probabilstica.
Tabela 5.1 Intensidade de aspectos apresentados por um grupo de seis licenciandos, em
cada um dos perfis epistemolgicos do conceito de tempo
Licenciandos
Caso 1
Caso 2
Caso 3
Caso 4
Caso 5
Caso 6
Perfis epistemolgicos
Realismo ingnuo
Empirismo
Racionalismo tradicional
Surracionalismo
Sem aspectos
Alguns aspectos
Todos os aspectos
Fonte: Os autores.
Observa-se tambm que a metade dos licenciandos dessa amostra no apresentou aspectos do empirismo e a outra metade apresentou alguns aspectos, o que
significa que em algumas respostas consideraram o tempo como nico e comum
a todos os objetos e movimentos, sendo o tempo uma quantidade mensurvel e
determinada por aparelhos, o que reduz a definio de tempo aos procedimentos
de sua medio e, portanto, expressam fenmenos cclicos ou peridicos com diferentes formas de definir as unidades de medida.
Entretanto, quatro dos licenciandos no apresentam aspectos do racionalismo tradicional e dois deles apresentam aspectos nesse perfil, ou seja, sua referncia ao tempo ocorre sob a luz de uma teoria como a mecnica clssica, na qual
o tempo independe do referencial e da matria, sendo ele absoluto e, portanto,
pode ser tomado com um parmetro matemtico abstrato. Dessa forma, o re-
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lgio j no define o tempo; apenas o marca. A diversidade de pensamento aumenta se considerarmos todas as combinaes dos quatro perfis epistemolgicos.
Esses resultados permitiram orientar uma discusso em torno da escola filosfica bachelardiana para o conceito de tempo, que apresenta uma viso de progresso epistemolgico com paralelos no desenvolvimento da Histria da Cincia
e a possibilidade de contribuir para tal progresso, tanto no pensamento do licenciando quanto nos seus futuros alunos da educao bsica. Isso implica pensar o
ensino da Fsica em termos de compromissos epistemolgicos com os alunos,
identificando a presena de obstculos de natureza epistemolgica para explorar
suas vises e auxili-los na construo de outras vises ou no aperfeioamento
das mesmas.
Entretanto destacamos ressalvas ao assumir esse resultado em termos de
mudana conceitual: acreditamos que o professor no deve levar o aluno a
substituir umas concepes por outras, mas sim contribuir para a evoluo do
seu pensamento, comeando pela evoluo do pensamento do prprio professor.
Como foi o caso deste exerccio, que propiciou um debate entre professor e
alunos sobre a natureza do tempo, para finalmente entend-lo no s como um
conceito, mas como uma categoria ontolgica fundamental de acordo com a
perspectiva de Bachelard.
A primeira parte deste exerccio foi elaborada a partir da adequao e complemento de uma proposta de observao em sala de aula, apresentada por Almeida; Nardi e Bozzeli (2009). Foi entregue para cada licenciando um ramo com
vrias folhas e pediu-se para eles observarem e descreverem o objeto, enfatizando
que no se esperaria uma resposta certa, mas simplesmente respostas. Encontramos categorias de observao como colorao, distribuio, tamanho, textura,
forma, estado das folhas e agentes externos.
Colorao (tonalidades de verde, marrom, com suas respectivas explicaes)
Distribuio (simetria do ramo todo ou simetria emparelhada das folhas,
parmetro de distribuio, quantidade de folhas)
Tamanho (medidas, relaes de tamanho e quantidade)
Textura (liso, rugoso, grosso, fino)
Forma (curvas, elipsoide)
Estado das folhas (viva, morta, sobrevivendo, real, nutrientes)
Agentes externos folha (insetos, p, ambiente)
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Em uma das folhas menores existem pequenos furos e entre eles um orifcio maior, esses furos podem ter sido causados por insetos..
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Este exerccio mostra que, com a orientao para reconhecer formas de explicar possvel contribuir na (re)construo dos conceitos fsicos que eles j
aprenderam nos cursos de Fsica e, da mesma maneira, os prepara para aprender
a Fsica que ainda no dominam. Isso permite o enriquecimento e aprofundamento do conjunto de conhecimentos que os licenciandos tero de ensinar em
seu futuro exerccio profissional. Neste caso, a partir de uma perspectiva epistemolgica, aprofundando a compreenso da relao entre observador, observado
e observvel.
Para finalizar este captulo, apresentamos no Quadro 5.1 uma sntese de
contedos, metodologia geral tanto de interao em sala de aula quanto de avaliao utilizadas nos diferentes exerccios propostos para levar prtica a dimenso fsica.
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Metodologia geral
Dinmica, do individual ao
coletivo, a partir da soluo
a um problema aberto.
Co-avaliao e
participao ativa em
grupo, registro escrito
com as respostas das
questes.
Dinmica, do coletivo ao
individual, a partir da
soluo de um jogo do tipo
liga-liga com as
definies de natureza da
luz, anlise, debate e
produo escrita.
Participao nas
atividades, registro
escrito individual.
Obstculo epistemolgico e
perfil epistemolgico na
concepo de tempo.
Dinmica, a pesquisa, a
partir da aplicao e anlise
de questionrio que visa
detectar perfis
epistemolgicos sobre o
conceito de tempo.
Reflexo orientada pelo
professor.
Preenchimento de
questionrio, anlise das
respostas e informe de
trabalho em grupo.
Descrio das
observaes e,
participao na
dinmica proposta.
Prova escrita e
participao na
socializao de
resultados apresentados
pelo professor e
pesquisadora.
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Dimenso sociocultural
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83
Quadro 6.1 Problemas detectados pelos licenciandos, em situaes extradas dos artigos, em quatro contextos educacionais diferentes
Deficientes visuais
O ensino de Cincias deve objetivar superar as pr-concepes, aproximar os alunos ao seu cotidiano e possibilitar sua compreenso. Deve-se
ampliar o senso crtico para se posicionarem frente a situaes na sociedade.
Sries iniciais
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Quadro 6.2 Saberes que os licenciandos consideram que precisariam ter para resolver
os problemas detectados no exerccio anterior
Deficientes visuais
Formao complementar licenciatura voltada para a educao de deficientes visuais. Desenvolver uma maneira de compreender a Fsica sem o
sentido da viso. Planejar a aula de duas maneiras diferentes; uma tradicional para os alunos regulares e outra especial, empregando os outros sentidos do aluno com deficincia.
EJA
Ter domnio dos contedos fsicos e como adequ-los a certas analogias. Usar uma analogia melhor ou diminuir a quantidade das mesmas. Conhecer as diferenas entre um sistema e o outro para no causar confuso.
Utilizar a analogia s como introduo ou como atividade complementar.
Fonte: Os autores.
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(CTSA, CSA, CTA). Mas, supondo uma perspectiva CTS generalizada, ela
pode ter diversos fins: educao para a cidadania, aplicaes tecnolgicas, aculturao cientfica etc.
Buscamos levar os licenciandos projeo de problemas para serem resolvidos pelos seus futuros alunos, considerando: diversos caminhos de introduo
de conceitos; resoluo de problemas em situaes reais; atividades prticas; e
processos de avaliao, nos quais no seja necessrio renunciar construo de
corpos coerentes de conhecimento cientfico em sala de aula, uma vez que muitas
das tendncias de ensino nesse sentido acabam ficando no nvel de discusso ou
reflexo crtica, mas sem atingir a construo do conhecimento cientfico.
Para desenvolver este exerccio de reflexo com os licenciandos, organizamos um material contendo: recortes do livro de Hamburger (2005) com uma
descrio cientfica do consumo de energia e aquecimento global no ensino
da Fsica, recortes de algumas notcias da poca sobre lmpadas ecolgicas e uma
reportagem de notcias recentes de projeto de lei no senado Brasileiro, relacionada com poltica ambiental. De posse desse material, os licenciandos foram solicitados a decidir quais contedos da Fsica podiam ser ensinados com base
nesse material e, posteriormente, propor um plano de aula para ser socializado na
ocasio, com itens como: problema a resolver com os estudantes, introduo de
conceitos, resoluo de problemas, atividades prticas e avaliao.
Com relao aos contedos da Fsica a serem ensinados a partir dessas problemticas, houve consenso entre os licenciandos de que o mais apropriado o
conceito de energia, abordando aspectos como: fontes (eltrica, mecnica, trmica, qumica), caractersticas das fontes, transformaes (potencial a cintica),
relao com trabalho e potncia, consumo e produo.
O segundo tema escolhido foi o conceito de calor em aspectos como: propagao do calor, estados fsicos da matria, radiao, irradiao, calor e eletricidade, calorimetria, formas de transmisso de calor (conveco, conduo,
radiao). Alguns consideraram o tema ptica em conceitos como: ndice de
refrao, absoro, reflexo, cor da luz emitida, radiao da luz, radiao e a sua
influncia com a temperatura, radiao eletromagntica, transmisso da energia
do Sol Terra. Observamos que pensaram em diversos conceitos da Fsica e na
necessidade de interligar uns com outros para estudar melhor o problema, o que
pode levar a um ensino da Fsica de forma menos desarticulada.
Para interpretar as percepes dos licenciandos em relao s vantagens que
tem o ensino a partir da perspectiva CTS, levantamos os verbos utilizados por
eles para explicar as razes das escolhas dos conceitos de Fsica e as aes que
gostariam de desenvolver em sala de aula. Encontramos verbos como: aprofundar, analisar, apresentar, criticar, formar, associar, dialogar, compreender,
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Relato 1
Disciplina: Fsica (Eletricidade)
Faixa etria: 14 a 16 anos (Ensino mdio)
Colgio pblico
A aula de laboratrio de Fsica j havia sido planejada. Eu j tinha
explicado como se constri um circuito simples e tinha ensinado a Lei
de Ohm, na qual se relacionam intensidade de corrente eltrica, voltagem e resistncia de um circuito. O objetivo do experimento era permitir que os estudantes construssem um circuito simples e tomassem
dados para constatao da Lei de Ohm. O deslocamento dos estudantes
da sala de aula para o laboratrio levava cerca de 10 minutos; era preciso
ir primeiro sala do funcionrio encarregado das chaves do laboratrio,
mas, infelizmente, a pessoa no se encontrava l. Demorei, ento, cerca
de mais 10 minutos at conseguir as chaves, abrir o laboratrio e distribuir os materiais para cada grupo. S que, quando fomos conectar as
fontes, percebemos que no tinha eletricidade e constatamos que tinha
acontecido um dano na rede eltrica do laboratrio e o conserto iria demorar uns dias. Nessa altura, j haviam se passado quase 40 minutos de
uma aula de 60 minutos. At voltar para a sala de aula teramos 10 minutos restantes de aula. Ento, o que eu fiz com os estudantes foi
As respostas foram:
Explicar teoricamente o circuito ou propor uma discusso sobre os circuitos;
Dar trabalho complementar como tarefa;
Trabalhar em grupo sobre o diagrama do circuito;
Liberar os estudantes.
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acabar a aula, importante considerar que cada aula uma oportunidade nica
de interao com os alunos e, portanto, no h razo para no aproveitar os 10
minutos disponveis.
Nas outras opes, observamos que a tendncia foi repetir o que j fora explicado para os alunos, por exemplo, desenhar o circuito que iriam fazer ou repetir a maneira como se aplicam as equaes para resolver esse tipo de circuitos.
Se h evidncia de uma inteno de aproveitamento do tempo, especialmente
com aqueles alunos que tivessem dvidas sobre o tema, tambm demonstra-se
uma certa dificuldade em abandonar a sequncia previamente estabelecida para
tratar o tema, j que no se propem aes para aprofundar o tema com base em
seu prprio discurso sobre o fenmeno fsico em estudo.
Relato 2
Disciplina: Fsica (Fluidos)
Faixa etria: 10 a 12 anos (6o ano)
Colgio particular
Eu fiquei encarregada de organizar a Feira de Cincias da escola.
O objetivo dessa atividade, segundo orientaes da direo e da coordenao pedaggica da escola, era conseguir que participassem todos os
estudantes dos anos finais do ensino fundamental (6o, 7o, 8o e 9o anos) e
do ensino mdio. Eu solicitei ento a colaborao dos professores de
Biologia, Qumica e Matemtica para que participassem com trabalhos
dos seus estudantes, o que foi relativamente fcil. Um professor de Cincias (Biologia) pediu para eu auxiliar um grupo de seus estudantes de 6o
ano, tendo em vista que ele havia solicitado a seus alunos apresentar trabalhos relacionados Fsica. Marquei reunio com os alunos do referido
professor e discuti os possveis experimentos que eles gostariam de apresentar. Um dos trabalhos tratava-se de retirar ar de dentro de uma garrafa
plstica (pet) de refrigerante e observar como ela se amassa devido a diferena de presso do ar.
S que os estudantes no tinham noo do conceito de presso atmosfrica nem de como retirar ar da garrafa plstica. Eu dei explicaes
sobre a parte terica e os ensinei como construir uma bomba de vcuo
caseira utilizando uma seringa grande com duas vlvulas acopladas; a
ideia era que a seringa sugasse o ar e no o deixasse entrar de novo, at
chegar num ponto que a presso interior do ar ficasse menor que a
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presso exterior e, ento, a garrafa ficaria amassada. Os estudantes fizeram tudo certo e relataram-me o experimento, de forma que fiquei
muito satisfeita. Um dia depois da feira, esses estudantes me procuraram
para dizer que o professor tinha dado nota zero para a atividade deles
porque, segundo ele, os estudantes amassaram a garrafa pet e simularam
um efeito que no tinha graa nenhuma. O que eu fiz foi
Em geral, foi considerada a ao de conversar com o professor de Biologia a
fim de esclarecer a situao explicando o funcionamento do experimento. Uma
das respostas no falou da ao, mas de uma possvel reflexo sobre a ao, dizendo que proporia um experimento melhor para o prximo ano
Interpretamos essas respostas como decises tomadas a partir de uma viso
ingnua da interao com os colegas docentes na vida real, uma vez que eles consideram relativamente fcil falar para outro colega que estava errado, situao
que depende de quem seja esse professor e que tipo de relao tenha com esses
alunos. Mas, ao mesmo tempo, apresentam uma viso ingnua da interao com
os alunos, j que no se propem, por exemplo, a dialogar mais um pouco com
eles para orient-los em como se relacionar com o mencionado professor, a fim
de ganhar uma nova oportunidade de explicao por sua prpria conta e sem a
interveno da professora que orientou o experimento.
De outro lado, a opo na qual um licenciando pensaria num experimento
melhor, mostra que, talvez esse licenciando no entendeu em que consiste o
experimento, ficando na mesma posio daquele professor que rejeitou a explicao dos alunos, aparentemente por falta de compreenso do fenmeno em si.
Relato 3
Disciplina: Fsica (Termologia)
Faixa etria: 20 a 25 anos (Engenharia)
Universidade particular
No comeo do semestre, ns, os professores de Fsica da instituio,
recebamos a programao das aulas de laboratrio que deveramos
desenvolver nas disciplinas, uma vez que os laboratrios tinham fixas as
montagens de alguns experimentos, bem como auxiliares de laboratrio
disponveis para atender aos professores em determinados horrios
previamente agendados. Eu tinha previsto para a semana seguinte uma
aula de hidrosttica, na qual iria utilizar uma mquina para determinar o
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para a mesma prtica, uma vez que no comeo do semestre so agendadas todas
as prticas que devem ser trabalhadas no perodo e portanto, essa atitude mostra
que o professor espera que o contexto se acomode s suas necessidades, e no que
ele deve se acomodar s necessidades do contexto.
Relato 4
Disciplina: Fsica (Mecnica)
Faixa etria: 14 a 16 anos (Ensino mdio)
Colgio pblico
Estava dando uma aula de Mecnica, especificamente sobre o tpico fora de gravidade e sua dependncia com a massa. Falei que a
fora de atrao da gravidade na Lua era seis vezes menor que a fora de
atrao na Terra. Um estudante perguntou se isso era uma relao direta
com o tamanho dos planetas; quer dizer, se a Lua era seis vezes menor
que a Terra. No comeo eu fiquei em dvida, mas logo me lembrei de
que a Lua bem pequena em relao Terra e, num processo de deduo, expliquei que teramos que considerar primeiro se a comparao
seria sobre os dimetros, os volumes ou a densidade das duas esferas
(planetas Terra e Lua). Ento, eu tive a ideia de deixar como tarefa para
eles averiguarem os tamanhos da Lua, da Terra, e do Sol, e as distncias,
em quilmetros, entre Terra-Lua e Terra-Sol. Pensei tambm que poderamos colocar em um grfico o tamanho da Lua, da Terra, e do Sol, e a
distncia entre eles, elaborar uma escala numa linha horizontal, com o
zero no centro de massa da Terra, colocando a Lua para um lado e o Sol
para o outro. Ento, eu fiz mentalmente umas contas rpidas e pedi para
eles trazerem os dados das distncias e tambm trazer 10 folhas de papel
milimetrado.
Na aula seguinte deparei-me primeiro com a necessidade de ensinar
converses de unidades e como selecionar uma escala de medida
apropriada a fim de que coubessem os dados nas folhas que tinham trazido. S que, quando eles escolhiam uma escala com unidades muito
grandes, o tamanho da Lua era impossvel de se representar, porque
dava menor do que um ponto. E, quando eles escolhiam unidades menores, o tamanho do Sol no podia ser representado, porque o dimetro
dava maior do que o alto da lousa. Alguns estudantes incomodaram-se e
me perguntaram por que eu lhes pedia para resolver exerccios que eu
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mesma no tinha certeza dos resultados que poderiam dar. Eu disse aos
estudantes
Em geral, os licenciandos propem orientar os alunos a utilizarem duas escalas, uma para o sistema Sol-Terra, e outra para o sistema Terra-Lua. Uma das
respostas prope relacionar a questo com a Histria da Cincia, argumentando
que esse problema de representao j aparecia na Antiguidade.
Note-se que nenhuma das respostas visa esclarecer a dvida pontual dos
alunos do relato, a respeito do motivo de ter sido proposto esse exerccio. Isso
pode ser interpretado como se os licenciandos no considerassem as observaes
dos alunos como material de trabalho em sala de aula, j que toda participao
deles, em qualquer sentido, motivo de ampliao das reflexes com relao ao
que est sendo desenvolvido em sala de aula, e tambm que exatamente ao considerar as opinies ou crticas dos alunos possvel garantir a comunicao e a interao entre alunos e professor.
A opo por separar os sistemas demonstra que no se compreendeu a finalidade do exerccio, que buscava comparar os tamanhos em um s sistema para
ter uma ideia real em uma representao grfica da proporo dos tamanhos de
Sol-Terra-Lua. As respostas podem ser vistas como desconhecimento, por parte
dos licenciandos, da complexidade que h em se utilizar diferentes escalas numa
s representao
Durante a reflexo na ao o professor tem de tomar decises na hora, para
resolver situaes que nunca teria imaginado ou que, mesmo as imaginando,
precisam de consideraes adicionais. Entretanto, na reflexo sobre a ao, o professor tem a oportunidade de revisar o que foi feito em sala de aula, com suas
causas e consequncias, a fim de entender melhor as formas de atuar, tanto as
suas quanto as dos alunos, e, desse modo, planejar futuras intervenes. Por esse
motivo, na segunda parte do exerccio foram colocadas quatro questes relacionadas s problemticas anteriormente apresentadas, mas saindo da conjuntura
do problema, para gerar reflexes mais abrangentes que tm a ver com a atuao
profissional.
A primeira questo foi: Alm da consulta a livros de Fsica, de que outras
formas voc poderia aumentar seu domnio sobre o tema a ser ensinado, de modo a
permitir que, a qualquer momento, a ordem, a linguagem, e os exerccios preparados
pudessem ser alterados? Obtivemos respostas como:
Outras leituras, formao complementar voltada para o ensino.
Aprimoramento de recursos didticos (vdeos, software, internet etc.).
Troca de experincias com outros professores da rea.
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DIDTICA DA FSICA
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Observamos que se trata de planos que seriam desenvolvidos em horrio extracurricular e que no dependem somente deles, uma vez que organizar trabalhos cooperativos ou encontros extras depende da afinidade entre colegas, das
condies institucionais, da necessidade e das possibilidades reais de desenvolver
tal trabalho interdisciplinar. So fatores que fazem parte das realidades escolares,
e que, evidentemente, os licenciandos desconhecem, sendo um aspecto que provavelmente vai lhes gerar frustraes em sua vida profissional ao chegar numa
escola e querer propor inovaes ou projetos e no encontrar acolhida ou resposta positiva imediata entre seus colegas.
Embora haja um reconhecimento da importncia do trabalho interdisciplinar, ningum considera tal trabalho a partir do desenvolvimento interno de
suas prprias aulas, por exemplo, perguntando para os colegas o que esto ensinando, a fim de adequar os seus tpicos de ensino, ou discutir os objetivos de
ensinar a Cincia que se est ensinando, ou adequar atitudes e procedimentos
com os objetivos educacionais da escola, ou procurar nos resultados de pesquisa
aes para enriquecer o tratamento dos contedos da Fsica a partir de outros
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conhecimentos. Possivelmente porque se d por entendido que todos os professores que atuam numa escola compartilham os mesmos princpios.
A questo trs foi: Em que momentos voc considera que possvel reconhecer
perante os alunos que voc desconhece algum assunto? Como superar isso? Para esta
questo obtivemos respostas como:
Quando a situao pede conhecimentos mais especficos.
Quando o erro no essencial para o decorrer da aula.
Quando o conhecimento do professor no suficiente.
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DIDTICA DA FSICA
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parar as aulas pensando nas possveis questes que os alunos possam vir a fazer,
ou verificar previamente as atividades a desenvolver ou propiciar material de
consulta que obviamente deve ser organizado antes de ir para sala de aula, o que
implicaria um verdadeiro compromisso com o ensino, indo alm do mero domnio do contedo da Fsica que se aprendeu na faculdade.
A outra opo ler bastante, no somente para a preparao de uma aula
em particular, mas como formao continuada e permanente, buscando se especializar cada vez mais nos assuntos relacionados com o ensino da Fsica e de cultura geral.
Em todas essas respostas, observa-se um reconhecimento por parte dos licenciandos de que possvel aprimorar a interveno do professor em sala de
aula, alm de estudar a Fsica. E tambm h um reconhecimento da complexidade da funo docente no que diz respeito s formas de melhorar ou potencializar a interveno em sala de aula. Observa-se, porm, em vrias oportunidades,
falta de reconhecimento da reflexo e da possibilidade da crtica sobre a ao.
Isso pode indicar que os futuros professores ainda no se deram conta da possibilidade de serem professores pesquisadores do seu prprio exerccio profissional.
Em geral, consideramos que esse exerccio permitiu evidenciar modos de pensar,
tanto dos licenciandos quanto dos professores, e refletir os mesmos, contribuindo na construo do conhecimento prprio de cada um dos licenciandos
com relao s especificidades do Ensino de Fsica.
Apresentamos a seguir mais dois relatos que, apesar de criados, no foram
levados prtica por questo de tempo, a fim de que o professor leitor possa
utiliz-los. Mas claro que o ideal seria que cada professor criasse seus prprios
relatos, o que garantiria uma anlise mais prxima ao contexto dos envolvidos.
Relato 5
Disciplina: Matemtica
Faixa etria: 12-13 anos (7o ano do ensino fundamental)
Colgio privado
Eu fui contratada para ensinar Fsica no ensino mdio; entretanto, a
carga horria era de quatro horas semanais para quatro turmas, totalizando 16 horas. Dessa forma, eu precisava completar a carga com mais
duas turmas, e ento a Direo da escola perguntou-me se eu aceitaria
ensinar Matemtica no 7o. Eu aceitei, analisei o programa da disciplina e
verifiquei que o tema principal era Fraes. Aproveitando meus co-
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RELATO 6
Disciplina: Fsica (Mecnica)
Faixa etria: 14 a 16 anos (Ensino mdio)
Colgio pblico
Eu estava ministrando uma aula sobre Queda de Corpos quando,
num determinado momento da explicao, para melhor ilustrar o tema,
resolvi deixar cair no cho um lpis e um apagador de madeira. Perguntei
aos alunos se, ao deix-los cair ao mesmo tempo, e da mesma altura, os
objetos cairiam ao cho juntos. Alguns responderam que sim; outros,
que cairia primeiro o lpis; e outros, que cairia primeiro o apagador. Um
aluno disse que os objetos estavam muito perto do cho e se ofereceu
para larg-los de uma posio mais alta, de cima da mesa; entretanto,
todos continuavam respondendo como responderam inicialmente.
Ento algum disse que seria melhor deix-los cair da janela (nossa aula
estava acontecendo no quarto andar do edifcio). Tive a ideia de largar os
objetos da varanda do corredor, que dava de frente para o ptio central
do colgio. Organizei a turma em grupos, a metade soltaria os objetos e a
outra metade iria observ-los cair no cho do ptio. Tudo ia bem, s que
eles foram correndo pelas escadas, um estudante caiu; outro estudante
decidiu aproveitar para ir procurar seu irmo em outra sala de aula para
dar um recado. Os estudantes que estavam no ptio observando estavam
ansiosos e gritavam alto; e apostavam nas mesmas concluses da sala de
aula. Alm disso, ventava forte; ento, os alunos foram em busca de ob-
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DIDTICA DA FSICA
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jetos mais pesados O tumulto acabou gerando queixas junto coordenao pedaggica da escola. Foi ento que a coordenadora me chamou
para perguntar o que que estava acontecendo; solicitou que eu retornasse sala de aula e continuasse com as atividades l dentro
O que respondi para a coordenadora foi
O que falei para os estudantes foi
Finalmente, apresentamos no Quadro 6.3 a sntese dos contedos, metodologia geral de interao em sala de aula e modalidades de registro de material
para ser avaliado, nos diferentes exerccios propostos para levar prtica a dimenso sociocultural.
Quadro 6.3 Sntese de contedos, metodologias e registro de avaliao nos exerccios da
dimenso sociocultural
Contedos
Metodologia geral
Registro de avaliao
Dificuldades de comunicao
com alunos deficientes
visuais/ Caractersticas do
pensamento infantil e
aprendizagem do mundo
fsico/ Perspectivas de
aprendizagem na EJA/ Uso
de analogias no ensino da
Fsica no ensino mdio
Dinmica, trabalho
colaborativo a partir da
anlise do ensino de
Fsica para quatro
tipos de alunos;
deficientes visuais,
crianas, adultos e
adolescentes.
Participao coletiva e
registro escrito das propostas
de soluo aos problemas
colocados.
- Dinmica, debate a
partir do problema na
interpretao do
significado da relao
CTS.
-Trabalho propositivo.
- Dinmica, o relgio, a
partir da reflexo sobre
relatos apresentados
aos licenciandos.
- Reflexo orientada.
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Contedos
Produo escrita sobre tpicos
desenvolvidos com base nos
diferentes referenciais tericos
(8 artigos).
Metodologia geral
Dinmica,
retroalimentao,
prova escrita
Registro de avaliao
Prova escrita
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Dimenso tcnica
Com o desenvolvimento da dimenso tcnica neste captulo, estamos considerando duas propostas. A primeira, que sugere aproveitar as tomadas de conscincia dos licenciandos nas duas dimenses anteriores para orient-los a
entender a necessidade de se formar no enriquecimento e a interao em sala de
aula a partir de recursos auxiliares. E a segunda, que sugere lev-los a ampliar
suas vises sobre as possibilidades de uso da experimentao, das tecnologias e
dos referenciais bibliogrficos.
Quanto ao uso da experimentao em sala de aula, consideramos que vai
alm de motivar ou cativar os alunos. Ela importante, entre outros aspectos, para orientar os alunos na compreenso de suas formas de explicar e interagir com os colegas visando aprimorar raciocnios e ampliar sua linguagem
cientfica. Para tanto, visamos envolver os licenciandos em anlises das prticas
a partir de exerccios nos quais devam trabalhar na identificao de variveis que
intervm em um sistema, nas teorias que explicam o fenmeno e nas anlises de
possveis formas de integrar este conhecimento no ensino.
Esperamos, com isso, proporcionar avanos no aprendizado da Fsica envolvida nas prticas por parte dos licenciandos, permitindo ampliar e compreender
seus processos de elaborao de explicaes e, com isso, proporcionar uma viso
mais ampla das possibilidades de insero desse recurso em sala de aula.
Com relao ao uso de TICs, propomo-nos questionar as concepes dos licenciandos sobre as potencialidades reais de diversos recursos tecnolgicos, indo
alm da considerao do uso do computador como mero fornecedor de informaes ou facilitador de clculos, e estudando modos diferenciados de interao
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110
mediados pela tecnologia, por meio de exerccios prticos que lhes permitam
criar critrios para julgar a convenincia ou no de utiliz-los num determinado
processo de ensino de Fsica.
Finalmente, com relao ao uso do material bibliogrfico, buscamos levar o
licenciando a (re)conhecer a diferena entre materiais, como livro de texto didtico, resultados de pesquisa em Fsica, resultados de pesquisa em Ensino de Fsica, textos de divulgao cientfica e enciclopdia, com suas respectivas
possibilidades de uso.
Objetivamos orient-los na construo de critrios que permitam analisar os
fins para os quais foram produzidos tais materiais, critrios para determinar o
grau de concordncia com a forma como se apresenta o conhecimento cientfico
nesses recursos e critrios para determinar as vantagens e desvantagens de utiliz-los, seja diretamente nas atividades com os alunos, na autoformao do professor ou na preparao da aula ou relacionadas a crticas reflexivas sobre diversos
tipos de materiais.
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DIDTICA DA FSICA
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contribua para uma funo especfica, j que com todos os tipos de abordagens
possvel atingir os mesmos objetivos, mas significa que os caminhos, isto , a
linguagem, os problemas a resolver, as formas de represent-los, os tempos de
dedicao e a logstica so diferenados e, portanto, precisam de anlises diferenadas. Tambm no significa que no possam ser organizadas outras tipologias,
por exemplo, o experimento virtual, o experimento ldico, o experimento discrepante, entre outros.
Em todas as situaes, os licenciandos foram solicitados a expressar a fundamentao terica da situao fsica em estudo, identificar variveis, parmetros e
constantes, identificar as partes do sistema e elaborar uma explicao do que
acontece no experimento usando a linguagem a partir de nomes, frase, formas
geomtricas, representaes grficas, desenhos etc.
Para cada uma das abordagens, selecionamos um tpico da Fsica em funo
do material disponvel na literatura. Na sequncia, descrevemos os experimentos
trabalhados com seu fim especfico, os relatos dos licenciandos sobre a escala de
espao e tempo em que ocorre o fenmeno, as partes do sistema, as variveis e os
parmetros e, por fim, a resoluo do problema proposto.
Posteriormente, desenvolvemos a anlise dos resultados em conjunto, de
forma a comparar o que aconteceu nos diferentes grupos.
Na Figura 7.1 observa-se o conjunto de materiais que foram organizados
para as atividades em sala de aula, a fim de realizar os arranjos nas diferentes tipologias de experimentos.
Figura 7.1 Materiais para montagem das prticas experimentais sobre: Disco de
Newton, Pndulo Simples e Trator Mecnico
Fonte: os autores.
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1. O experimento de pensamento
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2. O experimento de ilustrao
Disco de Newton
PR: Estudar as variveis do sistema (velocidade do disco, cores, tamanho das cores, tempo), formular questes para motivar discusses entre
seus colegas sobre o fenmeno de superposio de cores e resolver tais questes previamente discusso.
SL: Quando giramos o disco com uma determinada velocidade angular () comearemos a enxergar as imagens sobrepostas at um ponto
que a velocidade vai ser tal, que iremos enxergar todas as cores sobrepostas,
formando a cor branca.
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3. O experimento de comprovao
Pndulo Simples
PR: Montar o experimento. Tomar dados liberando o objeto preso ao
fio de um ngulo de 5 graus em relao vertical, medir o tempo de 10 oscilaes e calcular o perodo. Repetir, variando a massa e o comprimento, explicar o que foi demonstrado.
SL: Descrio da tomada de dados. (comprimentos do fio para duas
massas diferentes a partir de um ngulo de 10 e 20 graus, clculo do perodo
e clculo da acelerao da gravidade).
4. O experimento caseiro
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Trator Mecnico
PR: Utilizando os materiais (rolo, fita adesiva, elstico, palitos de sorvete e de churrasco), variar o tamanho destes materiais, verificando a quantidade de trabalho realizado em relao energia fornecida ao sistema para
obter a opo mais eficiente.
SL: Ao fornecer energia ao sistema, esta armazenada como energia
potencial elstica no elstico. Posiciona-se o rolo de linha em uma superfcie
horizontal com o palito fixo em uma das extremidades. Posteriormente,
solta-se o palito; o elstico gira, ocorrendo, assim, a transformao de energia
elstica potencial em energia cintica.
Na Tabela 7.1, sintetizamos as respostas com relao caracterizao dos
sistemas fsicos em cada experimento.
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Tabela 7.1 Caracterizao dos sistemas fsicos para cada experimento, a partir da pergunta por escalas de espao e tempo em que se desenvolve o fenmeno, partes do sistema,
variveis e parmetros.
Experimento
Escala de
espao e
tempo
Partes do sistema
Variveis
Parmetros
Elevador
Altura do
prdio e
tempo de
queda.
Referencial no
elevador e
referencial na
Terra.
Velocidade e
acelerao.
Sistemas de
referncia inercial e
no inercial.
Disco
rea do
disco e
segundos.
Cores do disco
parado ou em
movimento.
Velocidade
angular,
velocidade do
olho humano,
cores do disco.
Velocidade do disco,
deformao da
imagem do olho,
largura das faixas,
cores do disco,
luminosidade.
Pndulo
Centmetros
e segundos.
Fio, objeto
(massa) e
suporte.
Comprimento
do fio e tempo.
ngulo de 5 graus.
Trator
Centmetros
e segundos.
Palito (menor)
fixo ao rolo, rolo
e palito maior
que descreve a
translao.
Dimenses do
rolo, elstico e
palitos.
Dimetros,
comprimentos e
massas do rolo,
elstico e palito.
Energia fornecida ao
sistema. Capacidade
de deformao do
elstico.
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DIDTICA DA FSICA
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clculos que deviam fazer. Interpretamos esse fato como uma limitao para integrar as teorias aprendidas em seus modos de explicar.
No caso do experimento do elevador de Einstein, no explicaram as concluses do autor. No disco de Newton no formularam questes. No pendulo simples tomaram um angulo maior ao sugerido e limitaram-se aos clculos, tendo
que explicar que se eliminados todos os problemas das medies poderia se demonstrar a que o valor da acelerao da gravidade constante. No trator mecnico no conseguiram organizar uma verso mais eficiente da que lhes foi
apresentada.
Interpretamos que eles tm dificuldade em identificar e resolver problemas
que no esto diretamente associados resoluo de problemas tericos de Fsica, do tipo aplicaes de uma equao para obter um dado, significando que
no imaginam problemticas associadas ao ensino por meio desses arranjos experimentais.
Percebemos que os licenciandos mostraram-se motivados para participar
dos exerccios. Mas, alm disso, expressaram concluses de que os experimentos
os levaram a confrontar as teorias que sabem e a perceberem que ainda possuem
confuses e lacunas em alguns tpicos de Fsica que precisam aprofundar, mas,
ao mesmo tempo, reconheceram ter aprendido maneiras de levar e trabalhar experimentos em sala de aula.
Os resultados das respostas aos roteiros de anlise de cada tipo de experimento mostraram que, em geral, eles tm domnio dos contedos tericos dos
fenmenos fsicos estudados. Porm, quando esses contedos so estudados experimentalmente e devem ser explicados, surgem algumas dificuldades para
ligar a informao terica que possuem com a explicao do fenmeno que
ocorre. Apresentamos a seguir os problemas que foram colocados em cada um
dos exerccios com os diferentes tipos de experimento, assim como trechos que
representam as solues oferecidas pelos licenciandos.
A partir da socializao desses resultados, foram desenvolvidas reflexes
que evidenciaram o reconhecimento por parte dos licenciandos da riqueza dos
procedimentos que oportunizam esses recursos, tais como: analisar, explicar,
observar sistematicamente, formular questes, discutir, estudar variveis, verificar, indo muito alm de somente corroborar uma teoria que, alis, algo difcil
de se conseguir no laboratrio com uma prtica s.
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Educao
a
distncia
Complemento
de sala de
aula
Animaes
12
udio
Recursos
Tecnolgicos
Apoio
experimento
Aluno
Regular
Aluno Deficiente
Visual
Auditivo
10
12
11
Blogs
12
10
Cmara
Fotogrfica
10
Ferramentas
Google (docs,
groups,
academic)
12
11
Filmadora
Frum de
Discusso
12
10
Interfaces
(sensores)
11
Jogos Digitais
Educacionais
11
12
Motor de
Busca
12
10
Multimdia
11
10
11
Realidade
aumentada
Simulaes
12
11
11
Sistemas de
Administrao
de Cursos
12
Software de
Teste On-line
12
11
Software
Matemtico
Interativo
12
11
10
Vdeo
conferncias
12
Vdeos
12
10
Fonte: os autores.
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120
As principais convergncias mostram que eles consideram a maioria dos recursos tecnolgicos como apropriados para a educao a distncia (EaD) e trabalhos extraclasse, que alguns funcionam como apoio aula regular, e que poucos
funcionam para deficientes visuais. Alm disso, algumas indicaes evidenciam
desconhecimento de tecnologias, como:
a indicao, pela maioria, do udio como principal recurso para deficientes
visuais, desconhecendo que eles tambm estabelecem comunicao por
meio de sua fala, escrita ou sensaes tteis auxiliadas por tecnologias;
a indicao do frum virtual de discusso como apoio ao desenvolvimento da aula presencial, sendo que sua principal funo resolver o
problema da distncia entre os participantes, problema que supostamente no se tem na aula regular;
o fato de que somente cinco dos doze licenciandos consideram o software
matemtico interativo como apoio ao trabalho experimental, indicando
que, provavelmente, no conhecem esse recurso em ao, que, efetivamente, pode apoiar sempre a aula experimental;
a expresso de um licenciando no sentido de que ele no entendia nenhuma aplicao da tecnologia chamada de realidade aumentada.
As indicaes feitas pelos licenciandos, em geral, mostram desconhecimento, tanto da forma de operar os recursos tecnolgicos quanto de como eles
podem auxiliar no ensino em diversos ambientes educacionais.
Pensando nessa questo, planejamos os exerccios com uma dinmica similar utilizada no exerccio anterior. Organizamos o material para desenvolver
cinco exerccios prticos relacionados a cinco recursos tecnolgicos, sendo eles:
(1) udio conto; (2) Vdeo; (3) Fotografia estroboscpica; (4) Software matemtico interativo; e (5) Software de teste on-line.
Foi elaborado um roteiro de trabalho para cada licenciando, a fim de orient-los na compreenso dos recursos e na anlise das possibilidades de utilizao
para o ensino de determinados conceitos da Fsica. Da mesma forma que no
exerccio da experimentao, os licenciandos mostraram-se bastante interessados e participativos nessas atividades.
Na sequncia, apresentamos as temticas junto com as principais concluses
manifestadas pelos licenciandos no momento da socializao de cada um dos
grupos:
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1. udio conto
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2. Vdeo
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Figura 7.6 Fotografias retiradas do vdeo, produzindo som por meio de sopro, corda e
percusso
Fonte: Castiblanco, Vizcano, Iachel (2010).
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Figura 7.7 Exemplo de fotografia estroboscpica da queda de uma bola, obtida por
meio do software
Fonte: os autores
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Grfico 7.1 Exemplo de grfico obtido com o software Geogebra, para trs pndulos
de igual comprimento e soltos a partir de diferentes ngulos
Fonte: Os autores.
Alm disso, o grupo tambm apresentou um conjunto de grficos que obteve como resultado de sua prpria iniciativa de interao com as possibilidades
de anlise que oferece o software, para o qual os integrantes imaginaram diversos tipos de pndulos em diversas condies. Em geral, consideraram esse
recurso fcil de ser trabalhado e apropriado para estudar o comportamento de
pndulos simples e duplos, ao permitir considerar rapidamente diversas situaes experimentais, sendo considerada, como as anteriores, uma tima ferramenta para o Ensino da Fsica.
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um software para avaliao on-line que permite elaborar questionrios com diversos tipos de pergunta. Os questionrios so automaticamente
organizados, apresentam as questes em diferente ordem para cada estudante avaliado. Tambm permite ao estudante conhecer imediatamente o
resultado. Depois de aplicados os questionrios, o professor pode conhecer
os resultados, ora item por item, ora com estatsticas gerais, ora estudante
por estudante.
Permite diversos tipos de questes, tais como:
Escolha mltipla com nica resposta (Multiple choice);
Escolha mltipla com mais de uma resposta certa (Multiple select);
Preencher espao em branco (fill in the blank);
Resposta curta (short answer);
Verdadeiro ou Falso (True or False);
Combinao (matching);
Resposta de dado numrico (numeric);
Produo de ensaio (essay);
Questionrio de opinio (survey).
O questionrio pode ser editado com opes como: nome do questionrio, autor, senha, instrues, recursos, banco de respostas, tempo limite,
dentre outros.
Fonte: Os autores.
Alm da aceitao geral da importncia do uso dos cinco recursos tecnolgicos relacionados anteriormente como fator que dinamiza processos de ensino e
aprendizagem da Fsica, notamos que a aula, em si mesma, deu oportunidade
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Observamos que a ideia principal expressa pelos licenciandos foi praticamente o que estava escrito no primeiro pargrafo do documento, que efetivamente representa o argumento do autor com relao forma como vai desenvolver
esse tema, mas que evidencia as dificuldades que tiveram na compreenso da
leitura, uma vez que no se aprofundam no mtodo de generalizao, no qual
os autores do nfase, e que busca mostrar como, a partir de sistemas idealizados,
tiram-se concluses para ser levadas a sistemas reais.
Nesse caso, pensar em corpos libertos de influncias externas ajuda na
compreenso do que o autor chama de vetor velocidade para poder determin-lo num dado ponto e num dado momento e, com isso, criar argumentos para o
estudo dos sistemas reais.
assim que a concordncia parcial de um dos licenciandos pode ser entendida, no como uma descrena dos conceitos da Fsica ali colocados, mas
como uma certa falta de compreenso ao achar o texto confuso e, por isso,
intil num processo de ensino orientado por ele. No entanto, o outro licenciando
acha que poderia utilizar as ideias desse material para enriquecer sua maneira de
entender o tema e apresent-lo aos alunos, sem chegar a utilizar o material propriamente dito.
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-se na era pr-histrica e no momento atual, pode deixar uma viso de cincia e
de fazer cincia como uma questo meramente mental.
Na parte da introduo ao captulo de movimento, os licenciandos falam em
erros, quando analisam o pargrafo que diz:
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Utilizamos como material um trecho do livro de Viennot Reasoning in Physics (2004, p.49-50), que apresenta o questionrio aplicado pela autora a estudantes universitrios sobre ideias de movimento, no qual expe os resultados e
interpretao das respostas que ela obteve em sua pesquisa. Foi pedido para que
os licenciandos o lessem e, como ocorreu com os materiais anteriores, apresen-
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Metodologia geral
Registro de avaliao
O experimento de pensamento/
O experimento demonstrativo/
O experimento virtual/ O
experimento a fim de comprovar
a teoria/ O experimento caseiro
e sua montagem.
Dinmicas; trabalho
experimental,
coavaliao, a partir do
desenvolvimento de
cinco tipos de
experimentos.
Roteiro de desenvolvimento
da prtica experimental
Avaliao dos colegas sobre
a apresentao (ficha de
coavaliao).
Dinmicas; trabalho
interativo com
tecnologias,
coavaliao, a partir da
interao prtica com
cinco tipos de TICs.
Preenchimento da ficha de
recursos tecnolgicos em
contextos educativos.
Avaliao dos colegas sobre
a apresentao do material
de ensino (ficha de
coavaliao).
Dinmicas; leitura e
anlise bibliogrfica,
coavaliao, a partir de
quatro tipos de
material bibliogrfico.
Roteiro de anlise da
leitura.
Apresentao oral do
exerccio desenvolvido em
sala de aula
(ficha de coavaliao).
Retroalimentao de resultados
de avaliao.
Reviso e anlise dos diferentes
tpicos trabalhados nas trs
aulas anteriores.
Dinmicas;
retroalimentao,
prova escrita, avaliao
do curso.
Prova escrita.
Opinio escrita.
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DIDTICA DA FSICA
135
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Consideraes finais
Lembrando que o principal propsito deste trabalho aprofundar a compreenso da natureza da Didtica da Fsica como disciplina, podemos dizer que,
para alcanar tal intento, devem ser conjugados dois fatores: o primeiro ter uma
estrutura que permita organizar objetivos, contedos e metodologias a fim de
garantir coerncia entre o que se faz em sala de aula e o que se pretende ensinar; e
o segundo a considerao de resultados de pesquisa da rea, selecionados com o
critrio de apresentar inter-relao entre diversos campos disciplinares para resolver problemticas de Ensino de Fsica.
Essa perspectiva amplia no somente a compreenso da natureza desse
campo mas tambm as possibilidades de melhorar as prticas de ensino e educao para o ensino. Consideramos ter possibilitado comunidade acadmica
um recurso que pode ser entendido tanto como subsdios para refletir a coerncia
da formao para o ensino nos cursos de licenciatura quanto como guia para organizar outros cursos, ou conjuntos de disciplinas, em outras realidades educacionais. Tambm pode ser utilizado para repensar disciplinas associadas
Didtica da Fsica ou disciplinas inseridas nas estruturas curriculares que objetivem formar para o ensino.
Quanto s estratgias para selecionar resultados de pesquisas da rea, conclumos que as trs dimenses que fundamentam a estrutura proposta englobam
campos de inter-relao de diversos campos disciplinares em torno de problemticas que devam ser trabalhadas no Ensino da Didtica da Fsica. Ao mesmo
tempo, podemos dizer que o ensino desse campo, seguindo a sequncia proposta
nas trs dimenses de forma gradativa e cada vez mais aprofundada, permite a
formao do professor em habilidades e conhecimentos especficos para seu
exerccio profissional.
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Com relao aos resultados do trabalho em torno das trs dimenses, dimenso fsica, dimenso sociocultural e dimenso tcnica, observamos que:
Com o trabalho em torno da dimenso fsica foi possvel levar os licenciandos a aguar o senso crtico de suas prprias concepes, tanto da Fsica quanto do Ensino de Fsica, por meio de exerccios metacognitivos
que lhes permitiram analisar aspectos como: a funo da experimentao
na construo de suas explicaes, o significado de observar um fenmeno fsico, a importncia de anlises aprofundadas da Histria, Filosofia e Epistemologia da Cincia para superar vises ingnuas e para (re)
construir seus conhecimentos.
Com o trabalho em torno da dimenso sociocultural foi possvel gerar inquietaes a respeito de como resolver os problemas de adequao dos
contedos e das metodologias de ensino para diversas situaes e realidades educacionais, o que precisa da inter-relao de diversos saberes
disciplinares, indo alm de simplesmente esperar que os licenciandos
aprendam a ensinar s com base na prtica docente. Tambm possvel
ampliar a panormica de opes de trabalho em sala de aula e, simultaneamente, orientar os licenciandos para reorganizarem seus conhecimentos de Fsica ao serem pensados para diversos objetivos de ensino da
mesma.
Com o trabalho em torno da dimenso tcnica foi possvel orientar a superao da viso ingnua de que a utilizao de recursos de apoio em sala de
aula em si mesma soluo para diversos problemas de ensino, ou que o
todo da Didtica da Fsica. Pode-se aprofundar o conhecimento de recursos tecnolgicos, bibliogrficos e de laboratrio de forma encadeada
ao domnio do contedo especfico da Fsica e s formas de interao em
sala de aula para atingir objetivos educacionais.
Embasamos as afirmaes anteriores em evidncias que nos permitem dizer
que conseguimos mostrar para os licenciandos a funo da interdisciplinaridade
no campo da Didtica da Fsica, sabendo que no se trata de que os professores
se tornem especialistas em contedos disciplinares de Psicologia, Sociologia,
Epistemologia, Histria, Filosofia, Linguagem etc. Trata-se de entender as possibilidades de aportes de outros campos disciplinares para o tratamento dos contedos da Fsica em sala de aula, tendo como pano de fundo os resultados de
pesquisas da rea.
Ao caracterizar contedos para o Ensino da Didtica da Fsica foi possvel
superar a viso de que se trata de um conjunto de tcnicas e ferramentas que au-
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DIDTICA DA FSICA
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xiliam as atividades em sala de aula, uma vez que decidir o tipo de atividades e
planej-las, tanto em sua forma quanto em seu contedo, exige conhecimentos
do Ensino da Fsica que vo alm do uso simples e ingnuo de recursos.
De outro lado, acreditamos que a ordem proposta para articular os contedos comeando pela dimenso fsica, para passar dimenso sociocultural e
finalizar na dimenso tcnica tem uma lgica que ofereceu aos licenciandos um
caminho de aprofundamento na compreenso integral: do que sabem de Fsica
ao pensar em ensin-la, do que conhecem da Fsica posta em diversas realidades
educacionais e das possibilidades de enriquecimento de sua prtica para responder a determinados objetivos.
Talvez se os contedos fossem oferecidos na ordem invertida, os licenciandos tivessem tirado menos proveito, por exemplo, das atividades em torno
da dimenso tcnica, uma vez que estaria diminuda sua capacidade de anlises e
crtica a respeito das potencialidades desses recursos, ao no ter tomado conscincia da necessidade de sua maior compreenso da Fsica e das interaes em
sala de aula, alm de que reforaria uma ideia instrumentalista da Didtica da
Fsica.
No processo de desenvolvimento prtico dessa proposta, fomos compreendendo que as aulas de Didtica da Fsica na formao inicial de professores no
devem ser para ensinar Fsica, nem para ensinar receitas de como ensinar a Fsica, mas para orientar os licenciandos na consolidao de conhecimentos que
lhes permitam gerar suas prprias estratgias de ensino de Fsica, o que coloca
um desafio seja para o tipo de contedos a ser ensinado e de metodologias a ser
utilizado em sala de aula, seja para o aperfeioamento do nosso discurso em relao Didtica da Fsica.
Podemos dizer que o principal empecilho encontrado para desenvolver as
atividades planejadas foi a resistncia dos licenciandos para aceitar essa estratgia, que foge do ensino tradicional, uma vez que eles resistem avaliao permanente, j que esto acostumados a provas escritas em apenas dois ou trs
momentos durante o semestre. Mas, ao mesmo tempo, tambm apresentaram
resistncia avaliao em forma de prova escrita nesse tipo de disciplina, na qual
esto acostumados com produes que no necessariamente lhes exige demonstrar seus conhecimentos das interpretaes de resultados de pesquisas da rea
nem inter-relaes de conhecimentos para resolver problemas de ensino.
Mesmo assim, podemos concluir que houve uma evoluo nas concepes
dos licenciandos com relao ao que consideram produzir e aplicar Didtica da
Fsica em processos de ensino e aprendizagem.
Ao observar e comparar depoimentos dos licenciandos medida que iam se
desenvolvendo as atividades, notamos que eles iam se aprofundando mais na
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anlise crtica dos tpicos colocados. Por exemplo, no comeo do curso, a maioria
definiu a Didtica da Fsica como um conjunto de ferramentas que auxiliam o
ensino, considerando o uso da Histria e a Filosofia da Fsica como recursos para
cativar os alunos; porm, vimos que essa concepo foi mudando paulatinamente e expressaram, no final, que a Histria, a Epistemologia e a Filosofia verdadeiramente lhes auxiliam na maior compreenso do que ensinam que, por sua
vez, facilita o planejamento de estratgias de ensino.
Outro exemplo refere-se percepo dos usos da experimentao. No comeo foi quase bvio para todos que o principal objetivo de seu uso no ensino era
motivar o aluno ou comprovar uma teoria observando o que ocorre nos fenmenos. Mas, no final, reconheceram que so diversas as riquezas de seu uso
no ensino e aprendizagem, tomando conscincia de que inserir recursos de apoio
em sala de aula necessita de um preparo especfico do professor e de trabalho
prvio, simultneo e posterior a sua insero. Tiveram a mesma opinio a respeito do uso de material bibliogrfico, considerando que esse material deve ser
utilizado em sala de aula junto com explicaes, consideraes sobre as concepes prvias dos alunos e outros materiais e atividades que orientem um processo
de construo dos conceitos.
Outro aspecto que conseguimos trabalhar com os licenciandos foi a tomada
de posio perante a chamada transposio didtica. Inicialmente, detectamos
que havia confuso em sua definio por parte dos licenciandos que, em geral, a
entendiam como recursos em sala de aula ou a maneira de ensinar. Pouco a pouco
foi se discutindo esse conceito tanto visando compreender a funo do professor
ao fazer tal transposio quanto refletindo com relao s diversas interpretaes
que pode ter a transposio didtica em relao ao significado de ensinar e
aprender Cincias, ou s vises de natureza de Cincias que esto por trs de
uma transposio.
Orientamos os licenciandos para que compreendessem que no existem mtodos fixos nem regras para desenvolver a transposio didtica, portanto, que
no possvel ensin-la como contedo. O que seria ensinvel, so as formas
de construir critrios para o planejamento e desenvolvimento de transposies
didticas, o que vai muito alm da ideia de passar contedos.
No comeo do curso, os licenciandos consideraram que a funo da Didtica
da Fsica era sobretudo passar os contedos de forma eficiente. Aos poucos, o
termo passar foi sendo motivo de reflexes e crticas, medida que iam reconhecendo a complexidade da funo docente, como expressaram na avaliao do
final do curso.
Podemos dizer que os licenciandos construram posicionamentos a respeito
das possibilidades reais para se distanciar de forma consciente do chamado en-
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Referncias
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Sobre
os autores
ROBERTO NARDI licenciado em Fsica pela Universidade Estadual Paulista Jlio de Mesquita Filho (1972), mestre em Science Education pela School
of Education da Temple University, Filadlfia, EUA (1978), doutor em Educao pela Faculdade de Educao da Universidade de So Paulo (1989), com
estgio de ps-doutoramento na Universidade Estadual de Campinas (20042005). Docente no Departamento de Fsica da Universidade Estadual de Londrina (1980-1993). Secretrio para Assuntos de Ensino da Sociedade Brasileira
de Fsica (SBF, 1991-1993), secretrio executivo, vice-presidente e presidente da
Associao Brasileira de Pesquisa em Educao em Cincias (Abrapec) (20002005). membro efetivo da European Science Education Research Association
(ESERA). A partir de 1994 atua no Departamento de Educao, como professor
adjunto, livre-docente, e no Programa de Ps-Graduao em Educao para a
Cincia da Faculdade de Cincias da UNESP, Bauru, do qual foi um dos fundadores e coordenador. Bolsista de Produtividade em Pesquisa 1-A do CNPq e
um dos lderes do Grupo de Pesquisa em Ensino de Cincias. Foi coordenador
da rea de Ensino de Cincias e Matemtica e membro do Conselho Tcnico
Consultivo do Ensino Superior (CTC-ES) da Capes no trinio 2008-2011.
atualmente membro da International Comission on Physics Education (C14) da
International Union of Pure and Applied Physics (Iupap) e editor da revista
Cincia & Educao, Qualis A1 na rea de Ensino na Capes.
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Universidade Distrital Francisco Jos de Caldas, atuando principalmente no ensino de Fsica e ensino de Didtica da Fsica. diretora do peridico Gndola,
Enseanza y Aprendizaje de las Ciencias, lder do Grupo de Pesquisa Enseanza
y Aprendizaje de la Fsica.
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SOBRE O LIVRO
Formato: 16 x 23 cm
Mancha: 28,3 x 47,9 paicas
Tipologia: Horley Old Style 10,5/14
2014
EQUIPE DE REALIZAO
Coordenao Geral
Tulio Kawata
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