Livro Do Estudante I - Do A Filosofia Cainita

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Livro do Estudante I

Entendendo a Filosofia cainita


Confederação Universal da Ordem dos Cainitas –
A Caimária do Brasil.

CAPÍTULO I
Lúcifer, o Anjo Rebelde

A Fraternidade Cainita pretende educar, construir e ser caridosa até mesmo


com quem possa divergir, jamais pretendendo censurar, ou ter sentimentos de
rancor com aqueles que, deliberadamente, parecem dispostos a enganar. Nós
reverenciamos a religião Católica, pois ela é tão divina em sua essência quanto
o é a Maçonaria Mística. Ambas têm suas raízes na remotíssima antigüidade.
Ambas nasceram para favorecer a aspiração da alma que se esforça e ambas
têm uma mensagem e uma missão no mundo que não estão aparentes nos
dias de hoje, porque o cerimonial feito pelos homens escondeu, como uma
escama, a semente divina de cada uma delas. O objetivo deste livro é remover
essa escama e mostrar a finalidade Cósmica dessas duas Grandes
Organizações, tão acirradamente antagônicas. Não pretendemos reconciliá-las,
pois, embora destinadas a promover a emancipação da alma, seus métodos
são diferentes e os atributos da alma alimentados por um método, são muito
diferentes dos alimentados pela outra Escola. Portanto, a luta deve prosseguir
até que a batalha pelas almas dos homens esteja perdida ou ganha. A questão,
no entanto, não é a persistência com que agem a instituição Católica ou
Cainita, mas o resultado disto é que determinará a natureza da instrução que a
humanidade receberá nos restantes Períodos da nossa evolução. Esforçar-
nos-emos para demonstrar a origem cósmica das duas instituições, o propósito
de cada uma e, se bem sucedidas, o treinamento que cada uma iniciará, e
também a natureza da qualidade da alma que se poderá obter como resultado
de cada método.

Nossa oposição, contudo, não é fanática ou cega aos méritos da


Religião Católica. O Católico é nosso irmão como o é um Maçom; nada
diremos de menosprezo ou irreverência à sua fé ou àqueles que vivem por ela,
de modo que, se em alguma passagem deste livro assim parecer, isso será
resultado de mero descuido. O leitor deve notar que distinguimos
rigorosamente o que seja Hierarquia Católica e Religião Católica (sendo para
essa denominação, quaisquer religião, seita que pregue a fé no cristianismo),
mas a anterior é também constituída de irmãos nossos; não vamos atirar pedra
alguma de ordem moral ou física, pois conhecemos muito bem nossas próprias
fraquezas a não pretendemos atacar quem quer que seja. Assim, nossa
oposição não é pessoal, mas espiritual, e é para ser efetuada com a arma do
Espírito-Razão. Acreditamos firmemente nisso e para o eterno bem da
humanidade é que os Cainitas deverão vencer. Não estamos certos de
apresentar o lado Católico de uma maneira imparcial, mas pedimos aos nossos
estudantes, para quem isto está sendo escrito, que acreditem que tentaremos
ser justos. Temos certeza dos Fatos Cósmicos, mas é possível detectar-se
algum erro em nossas conclusões, por isso, cada um deve usar seu próprio
raciocínio a fim de comprovar o que iremos dizer, sendo assim, "comprove
todos os fatos e retenha para si o que julgar bom".

A grande lei da analogia é em todos os lugares a chave-mestra dos mistérios


espirituais e, embora a Caimária e o Catolicismo não tenham tido seu começo
até chegarmos ao Período Terrestre, tiveram seus protótipos em Períodos
anteriores; portanto, faremos um breve relato dos fatos essenciais.

No Período de Saturno, a Terra em formação era escura; Calor, que é a


primeira manifestação do sempre invisível fogo, era o único elemento então
manifestado; a humanidade embrionária era como mineral, o único reino
inferior da vida evoluinte. Unidade era observada por toda a parte a os
Senhores da Mente, que eram humanos, formavam uma unidade entre si.

Nos Ensinamentos da Sabedoria Ocidental falamos do mais alto Iniciado do


Período de Saturno, como O Pai.

No Período Solar, o princípio de um novo elemento, Ar, foi desenvolvido e


unido ao verdadeiro fogo, o qual note novamente, é sempre invisível e
manifestou-se como calor no Período de Saturno. Então, o fogo explodiu em
chamas, e o mundo escuro tornou-se uma resplandecente bola de névoa ígnea
luminosa em virtude da palavra de poder: "Que se faça luz”.

Convém que o estudante pondere bem a relação entre fogo e chama; o


primeiro está adormecido, invisível em todas as coisas e, por várias maneiras,
é convertido em luz: pelo golpe de um martelo na pedra, pela fricção da
madeira contra a madeira, por combinação química, etc. Isto nos dá um indício
da identidade e estado do O PAI, "a quem nenhum homem jamais viu", mas
que é revelado na "A Luz do Mundo", o Filho, que é o mais alto Iniciado do
Período Solar. Como o fogo invisível é revelado na chama, assim também a
plenitude do Pai habita no Filho e Eles são Um, como o fogo é Um com a
chama na qual se manifesta. Esta é a origem de toda verdadeira adoração ao
Sol ou ao Fogo. Todos vêem além do símbolo físico e adoram "Nosso Pai que
está no céu". Os Cainitas Místicos de hoje conservam essa fé no fogo tão
firmemente como sempre.

Por conseguinte, vemos que a Unidade que prevaleceu no Período de Saturno


prosseguiu no Período Solar. A humanidade comum daquele tempo havia já
evoluído até a glória dos Arcanjos; alguns eram mais avançados que outros,
mas não havia antagonismo entre eles. A humanidade atual tinha avançado
para um estágio análogo ao do vegetal e encontrava-se um pouco acima da
nova Onda de Vida começada no Período Solar, e a unidade também aqui
prevalecia.

No Período Lunar, o contato da esfera aquecida com o Espaço frio gerou


umidade e a batalha dos elementos começou com todo seu ímpeto. A ardente
bola de fogo procurava evaporar a umidade, forçá-la para fora e criar um vácuo
no qual pudesse manter sua integridade e arder tranqüilamente. Mas não há e
nem pode haver vazio na natureza, assim, a corrente expelida condensou-se a
certa distancia da bola ardente, e foi de novo impelida para dentro pelo frio do
Espaço, para ser novamente evaporada e expelida para fora, em um
incessante giro que se manteve por eras e eras, como um jogo de peteca entre
diversas Hierarquias de Espíritos que compunham os vários Reinos de Vida,
representados na Esfera-Fogo e no Espaço Cósmico, que são uma expressão
do Homogêneo Espírito Absoluto. Os Espíritos de Fogo estão trabalhando
ativamente para obter um aumento de consciência. Mas o Absoluto repousa
sempre revestido pelo invisível traje do Espaço Cósmico. N'Ele todos os
poderes e possibilidades estão latentes, e Ele procura desencorajar e reprimir
qualquer tentativa de gastar a força latente que, como energia dinâmica, é
necessária na evolução de um sistema solar. Água é o agente que Ele usou
para apagar o fogo dos espíritos ativos. A zona entre o centro ardente do
separado Espírito Esfera e o Ponto onde sua atmosfera individual encontra o
Espaço Cósmico, é o campo de batalha dos espíritos evoluintes, nas diversas
etapas de evolução.

Os Anjos atuais eram humanos no Período Lunar, e o mais alto Iniciado é o


Espírito Santo (O Único Acima).

Da mesma forma que a nossa humanidade e os outros Reinos de Vida na


Terra são diversamente afetados pelos elementos presentes, porque alguns
gostam de calor, outros preferem o frio, alguns se desenvolvem na umidade e
outros necessitam de aridez, assim também entre os Anjos do Período Lunar,
uns tinham afinidade com a água, outros a detestavam e amavam o fogo.

Os contínuos ciclos de condensação e evaporação da umidade que circundava


o centro ígneo causaram, conseqüentemente, a incrustação, e o propósito de O
Único Acima foi moldar esta "terra vermelha", traduzido Adam, em formas que
pudessem encarcerar e extinguir os espíritos no fogo. Para este fim, Ele
pronunciou o Fiat criador, e os protótipos do peixe, da ave e de todo o ser
vivente apareceram, incluindo mesmo a primitiva forma humana, e estas
formas foram todas criadas por Seus Anjos. Assim, Ele desejou fazer,
subservientes à Sua vontade, tudo o que vive e se movimenta. Contra este
plano, uma minoria de Anjos rebelou-se. Eles tinham grande afinidade com o
fogo para suportar o contato com a água, e recusaram-se a criar as formas
como lhes foi ordenado. Por isso, privaram-se de uma oportunidade de evoluir
através das linhas convencionais, e tornaram-se também uma anomalia na
natureza. Além disso, tendo repudiado a autoridade de O Único Acima, tiveram
que conseguir sua própria salvação, à sua maneira. Como isto foi conseguido
por Lúcifer, seu Grande Líder, será esclarecido nos capítulos seguintes. Por
enquanto, é suficiente dizer que no Período Terrestre, quando vários planetas
foram diferenciados para proporcionar ambiente adequado à evolução para
cada classe de espíritos, os Anjos, sob O Único Acima, foram enviados para
trabalhar com os habitantes de todos os planetas que possuem Luas, enquanto
os espíritos de Lúcifer fizeram sua morada sobre o planeta Marte. O Anjo
Gabriel é o representante na Terra da Hierarquia Lunar, presidida por O Único
Acima; o Anjo Samael é o embaixador das forças Marcianas de Lúcifer. Gabriel
(que anunciou a Maria o próximo nascimento de Jesus) e seus anjos lunares
são, portanto, os doadores da vida física, enquanto Samael e as hostes de
Marte são os Anjos da Morte.

Deste modo, originou-se a discórdia na obscura aurora deste Dia Cósmico, e o


que vemos hoje como Franco-Maçonaria é uma tentativa das Hierarquias de
Fogo, os espíritos de Lúcifer, para trazerem a nós o encarcerado espírito "Luz",
a fim de que, através dele, possamos ver e conhecer. O Catolicismo é uma
atividade das Hierarquias de água, por isso coloca na porta de seu Templo a
"Água Benta", para extinguir os espíritos que procuram a luz e o conhecimento,
e para incutir fé em O Único Acima.

O equinócio da primavera se dá no primeiro ponto de Áries, não importa em


que constelações o Sol se encontre por precessão. Assim também o ponto
aonde o átomo-semente humano vem do mundo invisível e é conduzido pelo
Deus Lunar da Geração, O Único Acima, por intermédio de Seu embaixador, o
Anjo Gabriel, é esotericamente o primeiro ponto de Câncer. Este é o signo
Cardeal da Triplicidade aquosa, e é regido pela Lua. Aí, a Concepção
acontece; mas, se a forma fosse construída de água e somente de suas
concreções, ela nunca poderia chegar a nascer. Portanto, quatro meses
depois, quando o feto alcança o estágio de desenvolvimento correspondente
ao segundo signo da triplicidade aquosa, Scorpius, o oitavo signo, que
corresponde à casa da morte, Samael, o intrépido embaixador dos Espíritos de
Lúcifer, invade o domínio aquoso da Hierarquia Lunar e introduz a centelha
ígnea do espírito na forma inerte para fermentá-la, vivificá-la e moldá-la em
uma expressão de si mesma.

Lá, o Cordão Prateado que cresceu do átomo-semente do corpo denso


(localizado no coração) desde a concepção, é unido à parte brotada do vórtice
central do corpo de desejos (localizado no fígado), e quando o Cordão
Prateado é ligado pelo átomo-semente do corpo vital (localizado no plexo
solar), o espírito morre para a vida no mundo supra-sensível e vivifica o corpo
que vai usar na próxima vida terrena. Esta vida terrena dura até que o curso
dos acontecimentos simbolizados na roda da vida, o horóscopo, tenha
decorrido; e, quando o espírito alcança novamente o reino de Samael, o Anjo
da Morte, a mística 8a Casa, o cordão prateado é desatado e o espírito, que foi
dado por Deus, retorna a Ele, até que a aurora de um outro dia de Vida na
Escola da Terra lhe indique um novo nascimento, aonde possa ganhar mais
proficiência nas artes e ofícios da construção do templo.

Cerca de cinco meses após o ato vivificante, quando o último dos signos
aquosos, Pisces, já passou, o representante dos espíritos de Lúcifer, Samael,
focaliza as forças do signo ígneo, Áries, no qual Marte é polarizado
positivamente de maneira que, sob o impulso de sua energia dinâmica, as
águas do útero são expelidas e o espírito cativo é libertado para o mundo
físico, para lutar a batalha da vida. Ele pode bater cegamente sua cabeça
contra as forças Cósmicas representadas pelo primeiro dos signos de fogo,
Áries, o Carneiro, que é um símbolo da força bruta com que as raças mais
primitivas suportavam problemas da vida; ou pode adotar o método mais
moderno da astúcia, como um meio de alcançar o domínio sobre outros, cuja
característica é indicada no segundo dos signos de fogo, Leo, o Leão, o rei dos
animais; ou pode erguer-se acima da natureza animal e apontar para as
estrelas com o arco da aspiração espiritual, representado pelo último dos
signos de fogo, Sagittarius, o Centauro. O Centauro está precisamente na
frente do signo aquoso Scorpius, uma advertência de que aquele que tentar
alcançar aquele último estágio e afirmar seu direito divino de escolha e
prerrogativa como "Phree Messen", um filho do Fogo e da Luz, sentirá por certo
a ferroada do Escorpião no seu calcanhar, o que o incentivará a ir em frente,
pelo caminho onde o homem se torna "sábio como serpentes". Desta classe é
que a Maçonaria Mística arregimenta homens que têm a indômita coragem de
ousar, a inquebrantável energia de fazer, e o diplomático discernimento de
saber calar.
CAPÍTULO II
A LENDA MAÇÔNICA QUE PROMOVEU A FILOSOFIA CAINITA

UM verdadeiro movimento místico tem sua lenda, que narra em linguagem


simbólica sua condição na ordem cósmica e o ideal que procura realizar. Do
Velho Testamento, que contém ensinamentos do Mistério Atlante, aprendemos
que a humanidade foi criada macho-fêmea, bissexual, e que cada um era
capaz de propagar sua espécie sem a cooperação de outro, como hoje é o
caso de algumas plantas. Mais tarde, O Único Acima removeu um pólo da força
criadora de Adão, a humanidade primitiva, e daí resultaram dois sexos. O
ensinamento esotérico complementa essa informação declarando que a
finalidade dessa mudança foi utilizar um pólo da força criadora para a
construção de um cérebro e de uma laringe, por meio dos quais a humanidade
pudesse adquirir conhecimento e expressar-se em palavras. A conexão íntima
entre o cérebro, laringe e genitais é evidente a qualquer um, após um ligeiro
exame dos fatos. A mudança de voz do menino na puberdade, a deficiência
mental resultante da indulgência com a natureza passional, a fala inarticulada
do deficiente mental e muitos outros fatos que poderiam ser citados, provam
esta afirmação.

Segundo a Bíblia, nossos primeiros pais foram proibidos de comer da Árvore


do conhecimento, mas Eva, seduzida pela serpente, comeu, induzindo depois o
homem a seguir seu exemplo. Quem são as serpentes e o que é a Arvore do
Conhecimento, pode ser entendido em certas passagens na Bíblia. Foi-nos
dito, por exemplo, que Cristo exortou Seus discípulos a serem "sábios como
serpentes e inofensivos como pombas". A chamada maldição, proferida sobre
Eva após sua confissão, declara que ela deve dar à luz com aflição e dor, e
que a raça morrerá. Foi sempre um grande obstáculo para os comentaristas da
Bíblia descobrir a ligação que poderia existir entre o comer uma maçã, a morte
e o parto doloroso; mas, quando temos conhecimento das castas expressões
da Bíblia, que designam o ato criador por passagens tais como " Adão
conheceu Eva, e ela concebeu Caim"; "Adão conheceu Eva, e ela concebeu
Abel", `Como posso dar à luz uma criança, se não conheço um homem?”etc.,
fica muito claro que a Árvore do conhecimento é uma expressão simbólica para
o ato criador. Assim, fica evidente que as serpentes ensinaram Eva como
efetuar o ato criador e que Eva instruiu Adão. Portanto, Cristo designou as
serpentes como nocivas, embora admitindo sua sabedoria. Para compreender
a identidade das serpentes é necessário recorrer ao ensinamento esotérico,
que as aponta como espíritos do marcial Lúcifer, regentes do signo serpentino
de Scorpius. Seus Iniciados, mesmo tão atrasados como a Dinastia Egípcia,
ostentavam na fronte o Uraeus ou símbolo da serpente, como um sinal da fonte
de sua sabedoria.

Em conseqüência do uso desautorizado da força criadora, a humanidade


deixou de ser etérea e cristalizou-se em um revestimento de pele ou corpo
físico, que agora oculta dela os deuses que habitam os reinos invisíveis; e
grande foi sua tristeza por esta perda.
Geração foi originariamente estabelecida pelos Anjos, sob O Único Acima. Era
efetuada nos grandes templos debaixo de favoráveis condições planetárias e o
parto era indolor, como ainda o é hoje entre os animais selvagens, que não
abusam da função criadora para gratificar os sentidos.

Degeneração resultou do abuso ignorante e desautorizado do ato gerador,


iniciado pelos Espíritos de Lúcifer.

Regeneração deve ser empreendida com a finalidade de restituir ao homem a


sua perdida condição de ser espiritual, e libertá-lo deste corpo de morte onde
está agora aprisionado. A Morte deve ser absorvida na Imortalidade.

Para alcançar este objetivo, um acordo foi feito com a humanidade, quando ela
foi expulsa do jardim de Deus para vagar no deserto do mundo. De acordo com
aquele plano, construiu-se um Tabernáculo consoante um modelo planejado
por Deus, O Único Acima, e uma arca, simbolizando o espírito humano, foi nele
colocada. Suas hastes nunca eram tiradas de seu lugar, para mostrar que o
homem é um peregrino sobre a terra, e que nunca poderá descansar até que
alcance sua meta. Havia dentro dela um vaso dourado com "maná" (man -
homem) "caído do céu", juntamente com a tábua das leis divinas que o homem
precisa aprender em sua peregrinação pelo deserto da matéria. Esta arca
simbólica continha também um bastão mágico, um emblema do poder
espiritual, chamado vara de Arão, o qual se acha agora latente em todos, no
caminho que leva para o céu do repouso - o templo místico de Salomão. O
Velho Testamento conta também como a humanidade foi milagrosamente
guiada e sustentada, como depois da luta com o mundo foi-lhe dada à paz e a
prosperidade pelo Rei Salomão. Em suma, sem rebuscamentos, a história
relata os fatos mais salientes da descida do homem do céu, suas principais
transformações, sua transgressão às leis do Deus O Único Acima, como foi
guiado no passado e como O Único Acima deseja guiá-lo no futuro até alcançar
o Reino do Céu - a terra da paz - para seguir de novo, docilmente, a orientação
do Regente Divino.

A lenda Maçônica tem pontos de desacordo, como também de acordo, com a


história da Bíblia. Relata que O Único Acima criou Eva, que o Espírito Lucífero
Samael uniu-se a ela, mas que foi expulso por O Único Acima e forçado a
deixá-la antes do nascimento do seu filho Caim, que ficou sendo assim o filho
de uma viúva. Então, O Único Acima criou Adão, para ser marido de Eva, e
dessa união nasceu Abel. Por conseguinte, desde o princípio, tem havido dois
tipos de pessoas no mundo. Um, gerado pelo espírito de Lúcifer, Samael e
possuidor de uma natureza semi-divina, imbuído com a dinâmica energia
marcial herdada de seu divino antecessor, é agressivo, progressista e
possuidor de grande iniciativa, mas impaciente à repressão ou autoridade,
tanto humana como divina. Esta classe é relutante em aceitar idéias pela fé e
inclina-se a provar tudo à luz da razão. Estas pessoas acreditam nas obras
mais do que na fé, e, pela sua coragem e energia infatigáveis, transformaram a
aridez dos desertos do mundo num jardim cheio de vida e beleza, realmente
tão encantador que os Filhos de Caim esqueceram o Jardim de Deus, o Reino
do Céu, de onde foram expulsos pelo decreto do Deus lunar, O Único Acima.
Rebelaram-se constantemente contra Ele, porque Ele os prendeu pelo "cordão"
umbilical. Perderam sua visão espiritual e estão aprisionados no corpo, na
fronte, onde se diz que Caim foi marcado. Eles precisam vagar como filhos
pródigos na relativa escuridão do mundo material, esquecidos do seu alto e
nobre estado até encontrarem a porta do templo, e aí pedirem e receberem
Luz. Então, como "Phree Messen" ou filhos de luz, serão instruídos de como
construir um novo templo sem ruído de martelo, e, quando tiverem aprendido
isto, poderão "viajar por países estrangeiros" para aprenderem mais do ofício.
Em outras palavras, quando o espírito percebe que está longe de seu lar
celestial, um filho pródigo, alimentando-se das insatisfatórias migalhas do
mundo material quando separado do Pai está "pobre, nu e cego"; quando bate
à porta de um templo místico como o dos Cainitaes e pede luz; quando recebe
a desejada instrução, depois de ter merecidamente construído um corpo-alma
etérico, um templo ou casa eterna nos céus, não feita com mãos e sem ruído
de martelo; quando sua nudez é vestida por aquela casa (ver Cor. 5:1), então,
o neófito recebe a "palavra", o "abre-te sésamo" dos mundos internos e
aprende a viajar em lugares estrangeiros nos mundos invisíveis. Aí, realiza
vôos da alma em regiões celestiais e qualifica-se para graus mais elevados,
sob a instrução direta de O Grande Arquiteto do Universo, que criou o Céu e a
Terra.

Tal é o temperamento dos filhos da viúva, herdado do seu divino progenitor


Samael, e dado por ele ao seu antepassado Caim. Sua história é uma luta
contra condições adversas, seu progresso é a vitória sobre todas as forças
contrárias, e isto deve-se à sua indômita coragem e ao seu esforço persistente,
nunca desanimando por uma derrota temporária.

Por outro lado, enquanto Caim, regido pela ambição divina, labutava e cultivava
o solo para fazer crescer duas folhas de grama onde só crescia uma, Abel, o
descendente humano de pais humanos, não desejava nada, nem se
inquietava. Sendo ele próprio uma criatura de O Único Acima, por meio de
Adão e Eva, ele estava satisfeito em conduzir os rebanhos também criados por
Deus, e aceitar o seu modo de vida, cônscio de sua descendência divina,
gerada sem esforço ou iniciativa própria. Essa atitude dócil era o que mais
agradava o Deus O Único Acima, que era extremamente ciumento de Sua
prerrogativa como Criador. Portanto, Ele aceitou cordialmente as oferendas de
Abel obtidas sem esforço ou iniciativa, mas desprezou as oferendas de Caim,
porque derivavam do seu próprio instinto criativo divino, análogo ao de O Único
Acima. Então, Caim matou Abel, mas não exterminou outras criaturas de O
Único Acima, porque, como foi-nos dito, Adão conheceu Eva novamente e ela
deu à luz Seth. Seth tinha as mesmas características de Abel, e transmitiu-as
aos seus descendentes, que até hoje continuam a confiar inteiramente no
Senhor e vivem pela fé e não pelo trabalho. Por árdua e enérgica diligencia nos
trabalhos do mundo, os Filhos de Caim adquiriram a sabedoria mundana e o
poder temporal. Foram capitães de indústria e mestres na arte da política,
enquanto os Filhos de Seth, tomando o Senhor por guia, tornaram-se canais
para a sabedoria divina e espiritual. Eles constituem o sacerdócio. A
animosidade entre Caim e Abel perpetuou-se de geração a geração entre seus
respectivos descendentes. Nem podia ser de outro modo, porque uma classe,
como governantes temporais, aspira elevar o bem-estar físico da humanidade
através da conquista do mundo material, enquanto o Sacerdócio, no seu papel
de guia espiritual, estimula seus seguidores a abandonar o mundo perverso, o
vale de lágrimas, e a buscar consolo em Deus. Uma escola visa formar
mestres trabalhadores, peritos no uso de ferramentas com as quais possam
tirar seu sustento da terra, que foi amaldiçoada por seu adversário divino, O
Único Acima. A outra produz mestres mágicos, hábeis no uso da palavra para
fazer invocações e, dessa forma, ganham aqui o apoio daqueles que trabalham
e rezam para que eles alcancem o céu.

Quanto ao futuro reservado para os Filhos de Caim e seus seguidores, a lenda


do templo é também muito eloqüente. Relata que de Caim descenderam
Matusalém, que inventou a escrita, Tubal Caim, artífice hábil em metais, e
Jubal, que originou a música. Em resumo, os Filhos de Caim foram os que
originaram as artes e ofícios. Assim, quando O Único Acima escolheu
Salomão, descendente da raça de Seth, para construir uma casa com seu
nome, a espiritualidade sublime de uma longa linha de ancestrais, divinamente
guiados, floresceu na concepção do magnífico templo, chamado Templo de
Salomão, embora Salomão fosse apenas o instrumento de realização do plano
divino revelado a Davi por O Único Acima. Mas, Salomão era incapaz de
executar o projeto divino em forma concreta. Por isso, precisou apelar para o
Rei Hiram de Tyro, descendente de Caim, que escolheu Hiram Abiff, o filho de
uma viúva (como eram chamados todos os Franco-Maçons, em virtude da
relação do seu divino progenitor com Eva). Hiram Abiff tornou-se, então, o
Grande Mestre de todos que trabalhavam na construção. Nele floresciam as
artes e ofícios de todos os Filhos de Caim que o precederam. Era mais
habilidoso que qualquer outro no trabalho do mundo, sem o que o plano de O
Único Acima teria permanecido para sempre um sonho divino, e nunca poderia
ter-se tornado uma realidade concreta. A argúcia mundana dos Filhos de Caim
era tão necessária ao acabamento desse templo, como o era a concepção
espiritual dos Filhos de Seth e, portanto, durante o período de construção, as
duas classes uniram forças, ocultando a inimizade latente sob uma superficial
demonstração de amizade. Essa foi de fato a primeira tentativa de uni-los, e, se
isso tivesse sido conseguido, a história do mundo teria sido provavelmente
alterada em uma maneira substancial.

Os Filhos de Caim, descendentes dos espíritos ígneos de Lúcifer, eram


naturalmente peritos no uso do fogo. Por isso, os metais acumulados por
Salomão e seus ancestrais foram fundidos em altares, lavabos e vasos de
vários tipos. Sob a direção de Hiram Abiff, os operários ergueram pilares e
arcos que se apoiavam neles. O grande edifício estava perto de ser acabado
quando ele determinou moldar o "Mar Fundido", que seria o coroamento de seu
esforço, sua obra-prima. Foi na construção deste grande trabalho que se
manifestou a traição dos Filhos de Seth, frustrando assim o plano divino de
reconciliação. Eles tentaram apagar o fogo que era usado por Hiram Abiff, com
sua arma natural, água, e quase o conseguiram. Os incidentes que levaram a
esta catástrofe, seu significado e suas conseqüências, serão relatados no
capítulo seguinte.
CAPÍTULO III
A RAINHA DE SABÁ

A Lenda Maçônica é volumosa, circunstancial, até mesmo comum, parecendo


artificial e fantástica aos não iniciados, aos que não conseguem ver o
importante sentido oculto por trás de cada palavra; mas, daremos apenas
alguns fragmentos que se relacionam com o nosso principal assunto e a
necessária explicação para ligá-los.

Os acontecimentos que levaram à conspiração contra o Grande Mestre, Hiram


Abiff, mencionados no último capítulo, e que culminaram com o seu
assassinato, começaram com a chegada da Rainha de Sabá, atraída à corte de
Salomão pelo que se contava de sua maravilhosa sabedoria e do esplendor do
templo que estava empenhado em construir. Conta-se que ela chegou com
presentes deslumbrantes e logo se impressionou com a sabedoria de Salomão.
Mas, até mesmo a Bíblia, que foi escrita do ponto de vista das Hierarquias
Jeovísticas, insinua que ela viu na corte de Salomão alguém que era mais
perfeito que ele, e aí a narrativa bíblica não a menciona mais. Seu casamento
com Salomão nunca foi consumado, senão o nome Maçom ter-se-ia apagado
da memória muito antes dos dias atuais, e a humanidade, em geral, seria agora
filha dócil da Igreja dominante, sem livre vontade, escolha ou prerrogativas.
Nem a rainha poderia casar-se com Hiram, que representava o poder temporal,
senão a Religião teria sido reprimida. Ela devia esperar pelo noivo que
incorporasse as boas qualidades de Salomão e Hiram, mas purificado das
fraquezas deles, pois a Rainha de Sabá é a alma composta da Humanidade, e
na consumação da obra de nossa era evolucionária, ela será a noiva, enquanto
Cristo, a quem Paulo chamou de Sumo Sacerdote da Ordem de
Melquisedeque, preencherá o cargo duplo, tanto de chefe espiritual quanto
temporal. Ele será rei e sacerdote para o bem-estar eterno da humanidade, que
está agora sujeita à Igreja ou ao Estado, mas espera, quer os homens
compreendam isso ou não, pelo dia da emancipação, simbolicamente
representada pelo Milênio, quando haverá uma cidade maravilhosa, uma nova
Jerusalém, uma cidade da paz. E quanto mais cedo se efetuar essa união,
tanto melhor para a humanidade. Portanto, uma tentativa foi feita na época e
no lugar aonde, diz a lenda, deve ter sido o cenário do episódio amoroso de
Salomão e o de Hiram. Ali as duas Ordens iniciáticas se encontraram para
consumação de um trabalho definido de amalgamação, simbolicamente
chamado Mar Fundido, um trabalho que foi tentado, então, pela primeira vez.
Isto não pôde ser efetuado nos períodos anteriores porque o homem não
estava suficientemente evoluído. Naquele tempo, parecia que o esforço
combinado das duas escolas poderia realizar a tarefa e, não fora o desejo de
cada um de afastar o outro da afeição da simbólica Rainha de Sabá - a alma da
humanidade - eles teriam conseguido uma união eqüitativa entre Igreja e
Estado e a evolução humana teria recebido um grande impulso. Mas, tanto a
Igreja como o Estado eram ciumentos de suas prerrogativas particulares. A
Igreja só se uniria sob a condição de manter todo seu antigo poder sobre a
humanidade, ficando também para si, os poderes que estivessem ligados ao
governo temporal. O Estado era igualmente egoísta e a Rainha de Sabá, a
humanidade em geral, está ainda solteira. A Lenda Maçônica conta assim a
história dessa tentativa e seu fracasso:

Quando foi mostrado à Rainha de Sabá o suntuoso palácio de Salomão, ela


ofertou ao Rei preciosos presentes de ouro e ricas peças lavradas e, em
seguida, quis ver o grande Templo, cuja construção estava chegando ao fim.
Maravilhou-se com a magnitude da obra, mas estranhou a aparente ausência
de operários, assim como o silêncio do lugar. Por isso, pediu a Salomão que
chamasse os trabalhadores para que ela pudesse ver quem havia feito esta
maravilha. Embora os servos de Salomão no palácio obedecessem ao mínimo
desejo do monarca, e ele tivesse sido designado pelo Deus O Único Acima
para edificar o Templo, esses trabalhadores não estavam sujeitos à sua
autoridade e somente prestavam obediência àquele que tinha "A Palavra" e "O
Sinal". Portanto, ninguém apareceu ao chamado de Salomão e a Rainha de
Sabá não pôde deixar de concluir que este maravilhoso milagre tinha sido feito
por outro e alguém maior que Salomão. Assim, ela insistiu em conhecer e ver o
Rei dos Artífices e seus maravilhosos trabalhadores, para dissabor de Salomão
que sentiu ter caído em sua estima.

O templo de Salomão é nosso Universo Solar, que forma a grande escola da


vida para a nossa humanidade evoluinte; as linhas gerais de sua história
passada, presente e futura estão escritas nas estrelas, podendo seu perfil ser
distinguido por qualquer pessoa de inteligência mediana. No esquema
microcósmico, o templo de Salomão é também o corpo do homem, onde o
espírito individualizado ou ego está evoluindo, assim como Deus o está no
grande universo. O trabalho verdadeiro no templo, conforme nos foi dito em II
Coríntios Cap. 5°, é efetuado por forças invisíveis que atuam silenciosamente,
edificando o templo sem ruído de martelo. Como o templo de Salomão foi
visível, em toda sua glória, à Rainha de Sabá, a evidência do trabalho dessas
forças invisíveis é facilmente percebida tanto no universo como no homem,
mas elas próprias mantêm-se nos bastidores, trabalhando sem ostentação;
ocultam-se de todos os que não têm o direito de vê-Ias nem de governá-las. A
relação dessas forças da natureza e o trabalho que realizam no universo,
talvez possam ser mais bem compreendidos se usarmos uma ilustração:
suponhamos que um construtor queira construir uma casa para morar. Ele
escolhe o lugar onde vai construir, leva para lá o material e, com as
ferramentas de seu ofício, começa a assentar os alicerces. Pouco a pouco, as
paredes são erguidas, o teto é colocado, o interior completado, e a estrutura
terminada. Durante todo o tempo de trabalho, um cão, que é um espírito
inteligente pertencente à outra e posterior onda de vida, observa seus atos e
todo processo de construção e vê, gradualmente, a casa tomar forma e chegar
ao fim. Falta-lhe, porém, a compreensão adequada daquilo que o construtor
está fazendo e do propósito final que ele tem em mente. Suponhamos que o
cão fosse incapaz de ver o construtor ou de ouvir o ruído do martelo e demais
ferramentas. Então, o cão estaria na mesma relação com o construtor como a
humanidade em geral está para o Arquiteto do Universo e para as forças que
trabalham sob seu comando. Isto porque o cão veria somente os materiais
entrosando-se lentamente, tomando forma, e, na seqüência final, terminando
uma estrutura. A humanidade também vê o silencioso crescimento da planta,
do animal e da ave, mas não pode compreender o que causa este crescimento
físico e as mudanças no universo visível, pois não vê o enorme exército de
operários invisíveis que estão trabalhando no silêncio, sem som, para produzir
estes resultados. Eles não respondem à chamada de quem não tenha o sinal e
a palavra de poder, por mais alta que seja sua posição ou posto no mundo.

Os Clérigos sempre enfatizam a necessidade da fé, enquanto os Estadistas


enfatizam e realçam o trabalho. Mas, quando a fé floresce em obras,
alcançamos o mais elevado ideal de expressão. A humanidade pode e admira
os sentimentos elevados e a oratória brilhante; mas quando Lincoln rompe as
correntes de uma raça escravizada, ou quando um Lutero se rebela em nome
dos espíritos agrilhoados da humanidade, garantindo-lhes liberdade religiosa, a
ação externa desses emancipadores revela uma beleza de alma que não é
vista naqueles que só sonham e que receiam sujar as mãos em um trabalho
real no templo da humanidade. Os últimos não são os verdadeiros construtores
do templo, e seriam incapazes de se inspirar no maravilhoso templo descrito
por Manson no livro "O Servente da Casa". O autor chama o personagem de
"Man-son"; isto pode significar que ele o considera Filho do Homem (Son of
Man), mas pode ser também que ele quis dizer "Mason", pois o Servente na
Casa era, ao mesmo tempo, um construtor do templo. É maravilhosa a visão
interior que o autor da peça deve ter tido quando planejou a cena em que o
servo, o operário enamorado de sua obra, fala ao clérigo mundano, que é
leviano e tão inexpressivo quanto um sepulcro caiado, do templo que ele,
operário, construiu. Esta concepção é uma gema mística e preciosa que
anexamos para a meditação do leitor:

"Receio que você não considere este templo de grande importância. Ele deve
ser visto de certo modo e sob determinadas condições. Algumas pessoas
nunca o vêem na sua totalidade. Compreenda que ele não é um monte de
pedras mortas e vigas insignificantes, mas É UMA COISA VIVA".

"Quando você entra nele, ouve um som - um som como o de um vigoroso


poema cantado. Procure escutar bem, e poderá perceber que esse som é o
palpitar de corações humanos, é a inexprimível música das almas dos homens,
isto é, se você tem ouvidos para ouvir. Se você tem olhos, verá agora o próprio
templo, um enorme mistério de muitas formas e imagens, projetando-se
verticalmente do solo à cúpula, OBRA DE EXTRAORDINÁRIO
CONSTRUTOR".

"Suas colunas levantam-se como vigorosos troncos de heróis; a delicada carne


de homens e mulheres é modelada em torno de seus fortes e inexpugnáveis
baluartes. Em cada pedra fundamental, rostos sorridentes de crianças; seus
espantosos vãos e arcos são as mãos unidas dos companheiros e, em cima,
nas alturas e espaços, acham-se inscritos as inumeráveis meditações de todos
os idealistas do mundo".

"Ele se acha ainda em construção e a construção continua. Às vezes, a obra


segue sob escuridão profunda, outras vezes, sob luz ofuscante; ora, sob o
peso de indizível angústia, ora, com a música de sonoras risadas e aclamações
heróicas como o ribombar do trovão. Às vezes, no silêncio da noite, pode-se
ouvir o suave martelar dos companheiros trabalhando na cúpula - SÃO OS
COMPANHEIROS QUE CHEGARAM AO ALTO".

Tal é o templo que o Maçom-cainita Místico está construindo. Ele se esforça


por trabalhar no templo da Humanidade, e como "quando a rosa se adorna, ela
adorna o jardim", ele também almeja cultivar seus próprios poderes espirituais,
conforme prenunciado no MAR FUNDIDO.

Salomão já havia pedido a mão da Rainha de Sabá, e ela aceitou o pedido. No


entanto, sentindo que o encontro com Hiram Abiff poderia mudar a afeição
dela, tentou consumar seu casamento antes de atender ao seu pedido de
conhecer o Grande Mestre. Todavia, a Rainha foi obstinada, ela percebeu a
grandeza do Mestre Trabalhador, cuja perícia tinha construído o maravilhoso
Templo. Sentiu-se intuitivamente mais atraída para este homem de ação do
que pela sabedoria de Salomão, no qual somente encontrou muita expressão
verbal em palavras rebuscadas e em alguns ideais elevados, mas que era
incapaz de realizá-los. A relutância de Salomão em deixá-la encontrar-se com
Hiram Abiff tornou a Rainha mais ansiosa e insistente, e, de má vontade,
Salomão foi obrigado a ceder ao seu pedido, mandando, finalmente, chamar o
Grande Mestre. Quando Hiram Abiff apareceu e Salomão viu a chama de amor
nos olhos da Rainha de Sabá, ciúme e ódio se instalaram em seu coração, mas
ele era sábio demais para trair seus sentimentos. Não obstante, desde aquele
momento, o plano de reconciliação e união dos Filhos de Seth com os Filhos
de Caim, traçados pelas Hierarquias Divinas, foi condenado ao fracasso,
destroçado nas rochas da inveja e do egoísmo.

Segundo a Lenda Maçônica, a Rainha de Sabá pediu a Hiram Abiff que lhe
mostrasse os trabalhadores do Templo. O Grande mestre golpeou com seu
martelo uma rocha próxima, de maneira que faíscas de fogo se soltaram e, ao
sinal de fogo combinado com a ação do poder, os trabalhadores do Templo
juntaram-se em volta do seu Mestre, formando uma multidão incalculável,
todos prontos e ansiosos para cumprir suas ordens. Este espetáculo do
admirável poder desse homem impressionou tanto a Rainha de Sabá, que ela
decidiu romper com Salomão e conquistar o coração de Hiram Abiff. Em outras
palavras, a Humanidade quando tem seus olhos abertos para a impotência do
clero, os Filhos de Seth, que também dependem do favor divino, e quando vê o
poder e a potência dos regentes temporais, sente-se impelida para eles e deixa
o espiritual pelo material. Isto sob o angulo Microcósmico da matéria.

Do ângulo ou ponto de vista Cósmico, observamos novamente que o Templo


de Salomão é o Universo Solar e Hiram Abiff, o Grande Mestre, é o Sol, que
percorre os doze signos do Zodíaco encenando lá o drama místico da Lenda
Maçônica. No Equinócio da Primavera, o Sol deixa o aquoso signo de Pisces,
que é também feminino e dócil, pelo beligerante, marcial, energético signo
ígneo de Áries, o carneiro ou cordeiro, onde ele é exaltado em poder. Ele
enche o Universo com um fogo criador, do qual imediatamente se apoderam os
inumeráveis bilhões de espíritos da Natureza, que com ele constroem o Templo
do ano vindouro, tanto na floresta como no pântano. As forças de fecundação
aplicadas nas incontáveis sementes que dormitam no solo, fazem com que elas
germinem e encham a terra de vegetação luxuriante, enquanto os espíritos-
grupo acasalam os animais e aves a seu encargo, para que produzam e
aumentem o suficiente para manter em estado normal a fauna do nosso
planeta. De acordo com a Lenda Maçônica, Hiram Abiff, o Grande Mestre, usou
um martelo para chamar seus trabalhadores e é significativo que o símbolo do
signo Áries, onde começa essa maravilhosa atividade criadora, é formado por
um par de chifres de carneiro, que também se assemelha a um martelo. É
também digno de nota que na antiga Mitologia Nórdica, as Vanir, divindades da
água, diziam ter sido vencida pelas Assir, ou deusas do fogo. O martelo, com o
qual o Deus nórdico Thor golpeava o fogo vindo do Céu, encontra sua
contraparte nos raios de Jove; como Hiram, as Assir pertencem à Hierarquia do
Fogo, e os Espíritos de Lúcifer, os Filhos de Caim, lutavam por domínio positivo
através do esforço individual, sustentando, portanto, o ideal masculino, o qual é
diametralmente oposto ao da hierarquia que trabalha no elemento plástico
Água. Presentemente, nos Templos da última Ordem, a água mágica fica na
porta e pede-se a todos que entram que apliquem esse líquido no ponto da
testa onde reside o Espírito; suas razões afogam-se em máximas e dogmas, e
o ideal feminino é venerado na Virgem Maria. Fé é o fator principal em sua
salvação, sendo cultivada a atitude infantil de cega obediência.

No Templo da outra Ordem é diferente; quando o candidato entra lá "pobre",


"nu" e "cego", perguntam-lhe logo: o que está procurando? Quando ele
responde "Luz", é dever do Mestre dar-lhe o que pede e torná-lo Phree Messen
- um Filho da Luz. Também é seu dever ensiná-lo a trabalhar, e um ideal
masculino, Hiram Abiff, o Mestre Trabalhador, é lhe apresentado como
estímulo. Da mesma forma, aprende a estar sempre preparado para dar razão
à sua fé. Conforme se qualifica no trabalho, sobe passo a passo, sendo-lhe
dada mais luz a cada grau. Nos Mistérios Menores há 3x3 graus; quando o
candidato transpõe o nono Arco, ele está no Santo dos Santos, o que forma a
entrada para maiores campos além do alcance da Maçonaria. Para maior
esclarecimento desse assunto, o estudante pode recorrer aos capítulos sobre
Iniciação, Erupção Vulcânica e o número nove, no Conceito Cainita do
Cosmos.

Progresso e promoção na Maçonaria Mística não dependem de favor. Não


podem ser dados enquanto não houver merecimento e o candidato precisa
acumular em si o poder para elevar-se, da mesma maneira que um revólver só
pode disparar quando estiver carregado. Iniciação é simplesmente como puxar
o gatilho, e consiste em mostrar ao candidato como usar o poder latente que
existe nele.

Entre os trabalhadores do Templo, havia alguns que pensavam que seriam


promovidos a um grau mais elevado, mas eles não tinham o poder dentro de si,
por isso Hiram Abiff não podia iniciá-los. Como eram incapazes de ver que a
falta residia neles, irritaram-se contra Hiram, como acontece hoje com
candidatos muito ambiciosos que se sentem menosprezados e classificam o
instrutor espiritual como um logro, incapaz de lhes dar rápida iluminação e
acesso ao invisível, embora ainda comam dos "caldeirões-de-carne do Egito" e
não queiram sacrificar-se no altar da abnegação. Os insatisfeitos entre os
homens de Hiram passaram a conspirar para danificar sua grande Obra Prima,
o Mar Fundido.
CAPÍTULO IV
MOLDANDO O MAR FUNDIDO

ASSIM como os dons espirituais dos Filhos de Seth floresceram em Salomão,


o mais sábio dos homens, e o capacitaram a conceber e projetar o maravilhoso
Templo segundo o plano de seu Criador, O Único Acima, assim também Hiram,
o hábil artífice, incorporava em si a consumada perícia de uma longa e antiga
linhagem de artífices. Possuía a concentrada quintessência do conhecimento
material adquirido pelos Filhos de Caim quando, do deserto do mundo, forjaram
uma civilização concreta. Na execução do magnífico Templo de Salomão, essa
perícia suprema encontrou pleno desenvolvimento.

Assim, esse esplêndido edifício era a obra-prima de ambas as linhagens, a


incorporação da sublime espiritualidade dos sacerdotes, os Filhos de Seth, com
a superlativa habilidade dos artífices, os Filhos de Caim. As honras eram iguais
e as realizações eram idênticas. Salomão estava satisfeito; realizara o projeto
que lhe fora transmitido, tinha edificado um lugar de adoração digno do Senhor
a Quem venerava; porém, a alma de Hiram não estava satisfeita. Armado com
a arte secular, erigiu uma incomparável obra de arte em arquitetura. Mas o
projeto não era seu; ele tinha sido unicamente o instrumento de um arquiteto
invisível, O Único Acima, que agia através de um intermediário, Salomão. Isto
mortificava seu coração, pois era-lhe tão necessário criar como respirar.

Quando Caim e Abel viviam na Terra, Abel cuidava com satisfação dos
rebanhos que foram criados - assim como ele e seus pais Adão e Eva - por O
Único Acima; porém, em Caim, estirpe semi-divina do Espírito Lucífero Samael
e de Eva, a criatura de O Único Acima, ardia o divino incentivo do esforço
original; ele lavrou o campo e fez brotar dois pés de erva onde nascia
anteriormente um só; o instinto criador precisava ter expressão.

Hiram, sendo o foco e tendo herdado toda a habilidade de Caim, estava


também investido com o Espírito de Samael intensificado em proporção
correspondente; por isso, foi consumido por um desejo dominante de
acrescentar ao Templo alguma coisa que ofuscasse em beleza e importância o
resto da estrutura. De seu espírito nasceu a concepção do MAR FUNDIDO e
ele executou esse grande ideal ainda que céu e terra, atemorizados,
prendessem a respiração diante da audácia de seu propósito.

A Bíblia dá pouca informação sobre o Mar Fundido. No segundo livro das


Crônicas, no capítulo quarto, lemos que Hiram construiu um lavabo de
considerável tamanho, que assentava sobre 12 bois dispostos de tal maneira
que as cabeças estavam na periferia dessa bacia circular e as traseiras
voltadas para seu centro. Era destinado exclusivamente para uso dos
sacerdotes. Muitas coisas são ditas de uma forma que parece confundir o
leitor, mas os pontos acima mencionados provam a notável importância desse
objeto, e isto vamos verificar, ao estudarmos e compararmos a narrativa
maçônica com esta palavra velada da Bíblia. Diz a história maçônica:

Quando Hiram terminou o Templo, começou a fundir os diferentes vasos


necessários ao serviço, de acordo com os desenhos feitos por Salomão, como
agente de O Único Acima. O principal dentre estes era o grande lavabo,
destinado ao banho da purificação, ao qual todos os sacerdotes tinham de
submeter-se para entrar ao serviço do Senhor. Este, e todos os vasos
menores, foram fundidos com êxito por Hiram, segundo a Bíblia descreve.
Porém, há uma "diferença" importante entre o Mar Fundido e o lavabo, o qual
foi desenhado por Hiram para reter seu conteúdo e, até que vertesse com
sucesso, o lavabo estava sem virtude no que se refere às propriedades
purificadoras. Sendo assim, não podia mais purificar a alma manchada de
pecado, da mesma forma que um lavabo seco não pode ser utilizado para
limpar o corpo. Nem mesmo Salomão podia emitir a Palavra, a fórmula para
esse trabalho maravilhoso. Ninguém a não ser Hiram a conhecia. Este trabalho
devia ser sua Obra Prima e, se ele a realizasse com êxito, sua arte o elevaria
acima da condição humana e o faria divino como o Elohim O Único Acima. No
jardim do Éden, seu divino progenitor Samael assegurou à sua mãe, Eva, que
ela poderia se tornar "como o Elohim" se comesse da Árvore do conhecimento.
Por várias eras seus antepassados trabalharam no mundo. Pela habilidade
acumulada dos Filhos de Caim, um edifício foi erguido onde O Único Acima
ocultou-se "atrás do véu" e comunicou-se unicamente com seus sacerdotes
escolhidos, os Filhos de Seth. Os Filhos de Caim foram repelidos do Templo
que eles tinham construído como seu pai Caim foi expulso do jardim que ele
tinha cultivado. Hiram considerou isto uma afronta e injustiça; então, preparou
os meios pelos quais os Filhos de Caim pudessem "rasgar o véu" e abrir o
caminho para Deus a "todo aquele que desejasse".

Com esta finalidade, ele enviou mensageiros para todas as partes do mundo,
para recolher os metais com os quais os Filhos de Caim sempre tinham
trabalhado. Com seu martelo triturou-os e lançou-os em uma fornalha ardente
para extrair alquimícamente e de cada partícula, a quintessência do
conhecimento obtido nessa experiência de trabalho. Desse modo, a
quintessência desses diversos metais básicos formaria um sublimado
conhecimento espiritual, incomparável em potência e mais valioso do que todas
as coisas da Terra. Sendo de máxima pureza, não conteria nenhuma cor, mas
se assemelharia a um "mar de vidro". Todo homem que aí se lavasse, seria
dotado de perpétua juventude. Filósofo algum poderia comparar-se com ele em
sabedoria; este conhecimento da "pedra branca" o capacitaria a erguer o véu
da invisibilidade e o poria em contato com as Hierarquias super-humanas, que
trabalham no mundo com uma potência jamais sonhada pela maioria das
pessoas.

As tradições maçônicas contam-nos que os preparativos de Hiram eram tão


perfeitos que o sucesso seria total, se não tivesse havido traição. Porém, os
artífices incompetentes, que Hiram fora incapaz de iniciar nos graus superiores,
conspiraram para deitar Água no recipiente moldado para receber o Mar
Fundido, pois sabiam que o Filho do Fogo não era adestrado na manipulação
do elemento aquoso e não poderia combiná-lo com sua maravilhosa liga. Desta
forma, frustrando o acalentado projeto de Hiram e estragando sua Obra-prima,
eles aspiravam vingar-se do Mestre. Salomão estava secretamente informado
dessa conspiração sinistra, mas o ciúme pela Rainha de Sabá atava-lhe a
língua e paralisava-lhe o braço. Esperava que fracassando o plano ambicioso
de Hiram, o afeto da Rainha, dado a seu rival humilhado, voltaria para ele.
Portanto, fechou olhos e ouvidos à conspiração e conspiradores.

Quando Hiram, confiante, abriu as comportas, o fogo líquido precipitou-se para


fora, encontrou-se com a água e houve um rugido que parecia abalar o céu e a
terra, enquanto os elementos ferviam e lutavam. Todos, menos Hiram,
ocultaram suas faces à pavorosa destruição; então, do centro do fogo, ele
ouviu o chamado de Tubal Caim, ordenando-lhe que se atirasse no Mar
Fundido. Cheio de fé no seu antepassado, que trilhara antes dele o caminho do
fogo, Hiram obedeceu e arrojou-se corajosamente nas chamas. Submergindo
até ao fundo desintegrado do lavabo, foi conduzido com êxito através de nove
camadas da terra em forma de arcos até o Centro, onde se viu na presença de
Caim, o fundador de sua família, que lhe deu instruções relativas à mistura da
Água e do Fogo e forneceu-lhe um NOVO MARTELO E UMA NOVA
PALAVRA, os quais o capacitariam a produzir novos resultados. Caim
investigou o futuro e fez uma profecia que tem sido cumprida parcialmente; o
restante está em processo de ser realizada, dia após dia e, tão certo como o
tempo passa tudo acontecerá.

"Tu, Hiram", disse Caim, "estás destinado a morrer sem veres realizados tuas
esperanças, mas a viúva terá muitos filhos que manterão viva a tua memória
no transcurso das eras e depois de um longo período surgirá alguém maior que
Tu. Não despertarás até que o Leão de Judá te levante com a poderosa força
das Suas garras. Hoje recebeste teu batismo de fogo, porém, Ele te batizará
com Água e com Espírito a ti e a todo filho da viúva que O procurar. Maior que
Salomão, Ele edificará uma nova cidade e um Templo onde as nações poderão
prestar culto. Os Filhos de Caim e os Filhos de Seth se encontrarão ali em Paz,
no mar de vidro. E, assim como Melquisedeque, Rei de Salem (Salem significa
Paz), e Sacerdote de Deus, abençoou Abraão, o pai das nações, quando a
Humanidade estava ainda na sua infância, assim também, essa nova Luz
reunirá em si os ofícios, o de Rei e o de Sacerdote da Ordem de
Melquisedeque. Julgará as nações com a lei de amor e, para aquele que
vencer, ser-lhe-á dada uma Pedra Branca com um nome que servirá como
senha para o templo. Ali encontrará o Rei, face a face."

Hiram foi novamente conduzido à superfície da terra e ao afastar-se da cena de


sua ambição destruída, foi assaltado pelos conspiradores que o feriram
mortalmente. Todavia, antes de morrer, ele ocultou o martelo e o disco sobre o
qual tinha escrito a Palavra. Estes objetos nunca foram encontrados até o
momento em que Hiram, o "Filho da viúva", renasceu como Lázaro e tornou-se
o amigo e discípulo do Leão de Judá, que o ressuscitou através da iniciação.
Quando o martelo foi encontrado, tinha a forma de uma cruz e o disco era uma
rosa. Por isso, Hiram ocupou seu lugar entre os imortais sob o novo e simbólico
nome

Christian Rosenkreuz
Ele fundou a Ordem dos Construtores do Templo que leva o seu nome; nessa
Ordem, as almas aspirantes ainda recebem instruções de como fundir os
metais básicos e produzir a Pedra Branca.

A simbologia do que foi dito será explicada nos capítulos seguintes.

CAPÍTULO V
O MISTÉRIO DE MELQUISEDEQUE

ENTRE todos os personagens mencionados na Bíblia, nenhum é mais


misterioso do que Melquisedeque. Não teve pai, mãe ou outro parente terrestre
e mantinha o duplo cargo de rei e sacerdote. Paulo, em sua Epístola aos
Hebreus, dá-nos muita informação a respeito, mostrando a ligação entre Cristo
e Melquisedeque, ambos Reis e Sumo-Sacerdotes, ainda que de dispensações
diferentes:

"Deus, tendo falado outrora muitas vezes e de várias maneiras aos nossos
pais, pelos profetas, a nós falou nestes últimos dias pelo Seu Filho, a quem Ele
constituiu herdeiro de todas as coisas, por quem Ele fez também os mundos ***
Nenhum homem toma para si esta honra, senão aquele que é chamado por
Deus, como foi Arão. Assim também Cristo não Se glorificou para se tornar
Sumo Sacerdote, mas Aquele que Lhe disse: `Tu és meu Filho, hoje Te gerei. '
Como Ele também diz em outro lugar Tu és um Sacerdote eterno, segundo a
ordem de Melquisedeque, o qual nos dias de Sua carne, quando Ele ofereceu,
com grande clamor e lágrimas, orações e súplicas ao que O podia salvar da
morte e foi ouvido quanto ao que temia, e, embora fosse o Filho, ainda
aprendeu a obediência pelas coisas que padeceu; e, tornando-se perfeito,
tornou-se a causa de eterna salvação para todos que O obedecem; chamado
por Deus sumo sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque, do qual muito
temos que dizer, de difícil interpretação. * * * Porque este Melquisedeque, que
era rei de Salem, sacerdote do Deus Altíssimo, e que saiu ao encontro de
Abraão quando ele regressava de destroçar os reis, e o abençoou; a quem
também Abraão deu o dízimo de tudo, e primeiramente é, por interpretação, rei
de justiça e depois também rei de Salem, que quer dizer rei de paz; sem pai
nem mãe, sem genealogia, sem princípio de dias nem fim de vida, mas sendo
feito semelhante ao Filho de Deus, permanece sacerdote para sempre. *** E
aqui certamente recebem dízimos os homens que morrem (os Levitas); ali,
porém, Ele acolhe aquele de quem se afirma que vive. *** De sorte que, se a
perfeição tivesse podido ser realizada pela lei e seu sacerdócio, que
necessidade havia de que outro sacerdote se levantasse, segundo a ordem de
Melquisedeque, e não segundo a ordem de Arão? *** Porque é manifesto que
nosso Senhor procedeu da tribo de Judá, tribo da qual Moisés nunca atribuiu o
sacerdócio. E muito mais manifesto é ainda se, à semelhança de
Melquisedeque, se levantar outro sacerdote que não foi feito segundo a lei do
mandamento carnal, mas segundo o poder da vida eterna, porque dele assim
se testifica; `Tu és sacerdote através dos séculos, segundo a ordem de
Melquisedeque. ' *** Jesus tornou-se, por isso mesmo, o fiador de uma aliança
melhor: *** mas este, porque permanece eternamente, tem um sacerdócio
perpétuo; *** porque a lei constituiu sumos sacerdotes a homens débeis, mas a
Palavra de Deus que era desde a lei, constituiu o Filho, consagrado para
sempre. A suma do que temos dito é que temos um sumo sacerdote que está
assentado nos céus à direita do trono da majestade, ministro do santuário, e do
verdadeiro Tabernáculo, o qual o Senhor erigiu, e não o homem: *** E quase
todas as coisas, segundo a lei, se purificam com sangue, e sem derramamento
de sangue não há remissão; de sorte que era bem necessário que as figuras
das coisas que estão no céu assim se purificassem; mas as mesmas coisas
celestiais com sacrifícios melhores do que estes, porque Cristo não entrou num
santuário feito por mão de homem, figura do verdadeiro, porém no mesmo céu,
para agora comparecer por nós diante de Deus; *** Mas agora alcançou Ele
ministério tanto mais elevado, quanto é mediador da melhor aliança, que está
confirmada em melhores promessas; porque se aquela primeira aliança fora
irrepreensível, nunca se teria buscado lugar para a segunda. Porque,
repreendendo-os, lhes diz: Eis que virão dias em que com a casa de Israel e
com a casa de Judá estabelecerei uma nova aliança. Não como a aliança que
fiz com seus pais no dia em que os tomei pela mão para tirá-los da terra do
Egito; como não permaneceram na minha aliança, eu para eles não atentei, diz
o Senhor. *** Porque esta é a aliança que depois daqueles dias farei com a
casa de Israel, diz o Senhor: "porei as minhas leis no seu entendimento, e em
seus corações as escreverei; e Eu lhes serei por Deus, e eles Me serão por
povo; e não ensinará cada um ao seu próximo, nem cada um ao seu irmão,
dizendo: Conheça o Senhor: porque todos me conhecerão, desde o menor
deles até ao maior".

As citações anteriores foram tiradas dos diversos capítulos da Epístola de São


Paulo aos Hebreus. É necessário juntar inteligentemente a narrativa da Bíblia,
para que possamos obter um esboço do futuro desenvolvimento que foi
delineado pelas Divinas Hierarquias para constituir nossa evolução. A
compreensão deste plano é nossa evolução. A compreensão deste plano é
essencial para o completo entendimento da relação Cósmica entre a Maçonaria
e o Catolicismo; é também necessário entender integralmente a finalidade do
Mar Fundido e aprender como fazer, com discernimento, esta maravilhosa liga.
Como diz Paulo, estas coisas são difíceis de dizer, mas tentaremos apresentar
em linguagem simples, o mistério de Melquisedeque e do Mar Fundido, para
que possamos, como foi expresso na Bíblia, ajudar a iluminar do menor ao
maior dos homens, para que todos conheçam o objetivo da evolução e tenham
a oportunidade de alinharem-se com os acontecimentos Cósmicos.

Para compreendermos o mistério de Melquisedeque devemos retroceder à


época relacionada com a existência do homem na Terra, a Época Hiperbórea.
A Terra estava, então, em uma condição extremamente aquecida. O homem
em formação era bissexual, masculino-feminino, como muitas das nossas
plantas atuais, com as quais se parecia por ser inerte e por faltar-lhe desejo e
aspiração. Naquele tempo, o homem era o tutelado dócil das Hierarquias
Divinas que o guiavam fisicamente, sendo isto veladamente referido na Bíblia
como "Reis de Edom". Mais tarde, na Época Lemúrica, quando o corpo do
homem se cristalizou e condensou um pouco mais, a humanidade foi dividida
fisicamente em sexos. Porém, como a consciência dos homens ainda estava
focalizada no mundo espiritual, eles eram inconscientes do ato físico da
geração, como somos agora da digestão. Não conheciam nascimento nem
morte e eram totalmente inconscientes da posse de um veículo físico, mas,
com o tempo, sentiram-no no processo gerador. Então, foi dito que "Adão
conheceu Eva". Nessa época, os Espíritos Lucíferos, os Anjos caídos e
habitantes do belicoso planeta Marte, ensinaram os homens a comer da Árvore
do conhecimento, nome simbólico do ato gerador. Assim, gradativamente, seus
olhos abriram-se e tornaram-se conscientes do mundo físico, mas perderam o
contato com o mundo espiritual e com os Anjos Guardiães, que tinham sido,
anteriormente, seus guias benevolentes. Somente alguns dos mais
espiritualizados conservaram sua visão superior e a comunhão com as
Hierarquias Divinas. Eram os profetas, que agiam como mensageiros entre os
divinos guias invisíveis e seus respectivos povos. Porém, com o decorrer do
tempo, a humanidade desejou escolher seus próprios guias e exigiu reis
visíveis; sabemos que os Israelitas repudiaram a divina liderança e exigiram um
rei e daí Saul ter sido designado. A seguir, o duplo cargo de Governante e
Sacerdote, abrangendo a liderança temporal e espiritual, foi também dividido,
pois nenhum homem que estivesse capacitado em problemas do mundo para
exercer com eficiência o cargo de Rei, era bastante santo para também exercer
a liderança espiritual de seus irmãos e vice-versa. Um verdadeiro sacerdote,
capaz de guiar espiritualmente seu rebanho, não pode controlar, ao mesmo
tempo e bem, riquezas materiais como governantes de um domínio temporal.
Assim como a Política, no seu aspecto mais elevado, visa dirigir as massas
focalizando somente seu bem estar físico, o Sacerdócio, exercido
benevolentemente, procura guiá-las unicamente para o progresso da alma.
Portanto, é natural que o conflito aconteça após essa separação, mesmo que
ambos, governantes espirituais e temporais, sejam movidos pelos motivos mais
elevados e altruístas. Melquisedeque era o nome simbólico das Hierarquias
divinas que desempenharam o duplo cargo de sacerdote e rei na orientação
dos seus tutelados bissexuais, e enquanto eles reinaram houve paz sobre a
Terra. Mas logo que os cargos de rei e sacerdote foram separados e os sexos
divididos, são fáceis compreender pela razão acima apresentada, que o reino
cheio de paz de Melquisedeque foi seguido por uma era de guerras e conflitos,
tal como acontece na atual dispensação. Antigamente, os fatores unificantes de
um cargo duplo no governo e o sexo duplo do seu povo, impediam o conflito de
interesses que agora existe, e que continuará até que outro regente divino se
apresente para incorporar as qualidades do duplo cargo de Rei e Sacerdote,
segundo a ordem de Melquisedeque e até que a geração pelo sexo seja
abolida. É significativo observar-se que a narrativa bíblica começa no Jardim do
Éden, onde a humanidade era macho-fêmea e inocente. No capítulo seguinte,
falam-nos da divisão dos sexos, da transgressão à ordem de não comerem da
Árvore do conhecimento e dos castigos impostos - parto doloroso e morte. Daí
por diante, o Antigo Testamento fala de guerras, lutas e contendas, e, no último
capítulo, faz a profecia de que um Sol de justiça surgirá trazendo a cura em
suas asas. O Novo Testamento começa com um relato sobre o nascimento do
Cristo, que proclamou um Reino do céu que está para ser estabelecido.
Posteriormente, Ele é chamado de Rei e Sacerdote, segundo a ordem de
Melquisedeque, unindo em si o cargo duplo. Também é dito que no céu não
haverá matrimônio, ninguém será dado em casamento, pois a soma psuchicon,
ou corpo-alma, que Paulo disse ser o veículo que usaremos no reino do céu,
(Coríntios 1, capítulo XV), não está sujeito à morte nem à desintegração.
Assim, não haverá morte, e o nascimento dos corpos gerados pelo casamento
será dispensável, pois Paulo nos diz que a carne e o sangue não podem herdar
o Reino de Deus. Portanto, o casamento será desnecessário e o choque de
interesses, devido à luxúria do sexo e do amor ao poder, desaparecerá e o
amor das almas será santificado pelo espírito da paz.

Este é o plano que os Filhos de Caim, os Artífices, e os Filhos de Seth, os


Sacerdotes, e seus respectivos seguidores devem amalgamar para ficar unidos
no Reino de Cristo. Já vimos como Hiram Abiff, o Filho da Viúva, deixou seu
pai, o espírito Lucífero Samael, depois do batismo de fogo no Mar Fundido e
como recebeu a missão de preparar o caminho do reino para seus irmãos, os
filhos de Caim, pelo desenvolvimento de suas artes e ofícios como construtores
do templo - Cainitas - ensinando-os a preparação da Pedra Filosofal, ou Mar
Fundido. Assim, os fisicamente negativos Filhos de Seth devem aprender a
deixar seu pai O Único Acima e é natural que o primeiro a dar este passo seja
uma grande alma.

Como a suprema habilidade dos Filhos de Caim foi focalizada em Hiram Abiff
na ocasião do seu batismo de fogo, assim também a sublime espiritualidade
dos Filhos de Seth foi centralizada em Jesus na ocasião de Seu batismo nas
águas do Jordão. Quando Ele se ergueu dessa água, estava na mesma
situação que Hiram ao emergir do fogo; cada um tinha deixado seu pai,
respectivamente O Único Acima e Samael, e cada um estava pronto para servir
o Cristo. Por isso, o Espírito Cristo foi visto no Batismo descendo sobre o corpo
de Jesus, o qual foi habitado e usado por Cristo durante Seu ministério. Jesus,
o Espírito, deixou aquele corpo e foi-lhe dada a missão de servir as igrejas
enquanto seu corpo estava sendo usado por Cristo para divulgar os novos
ensinamentos e seu sangue estava sendo preparado como um Abre-te-
Sésamo para o Reino de Deus, uma Panacéia para ser usada pelos Seus
irmãos, os Filhos de Seth, do mesmo modo que o Mar Fundido serve os Filhos
de Caim.

Na Epístola aos Hebreus, Paulo deu-nos algumas alusões acerca do Mistério


de Melquisedeque na qualidade de Sumo Sacerdote, e enfatizou a
necessidade absoluta do sangue como um complemento para o Serviço do
Templo. Mostrou que era exigido que o Sumo Sacerdote oferecesse primeiro
sangue pelos seus próprios pecados, antes de oferecer sacrifício pelos
pecados do povo, e que este sacrifício duplo devia ser efetuado ano após ano.
Ele indicou o sacrifício no Gólgota como o que representou isto, uma vez e
para sempre, proporcionando um caminho de redenção por meio do sangue de
Jesus. Durante o regime de O Único Acima, o sangue da humanidade tornou-
se impregnado de egoísmo, que é o fator separativo nesta era. O sangue deve
ser purificado deste pecado antes que a humanidade seja unida e entre no
Reino de Cristo. Esta foi uma tarefa gigantesca, pois a humanidade estava tão
impregnada de egoísmo, que raramente alguém fazia um favor a outro. Por
esta razão, o panorama "post-mortem" da vida, na época de Cristo, nada
continha que pudesse impulsionar uma vida no Primeiro Céu ou dar-lhe
progresso espiritual. Quase toda existência "post-mortem" das pessoas era
consumida na expiação purgatorial de suas más ações, e mesmo suas vidas
no Segundo Céu, onde o homem aprende a fazer trabalho criativo, era
infrutífera. Então, o Rei Salomão foi chamado novamente à arena da vida para
cumprir uma missão em benefício e bem estar dos seus irmãos, os Filhos de
Seth. Estava qualificado para este trabalho porque era realmente generoso,
como foi revelado pelo pedido que fez quando O Único Acima apareceu-lhe em
um sonho e perguntou-lhe o que ele queria receber, como presente, quando
subisse ao trono. Salomão respondeu a Deus: " Tu mostraste grande
misericórdia com David meu pai e me colocaste para reinar em seu lugar;
agora, Oh! Senhor, confirma Tua promessa dada a David meu pai, porque me
fizeste rei de um povo que é como o pó da terra em multidão. Dá-me agora
sabedoria e conhecimento para que eu possa sair e estar diante deste povo,
pois quem pode julgar Teu povo tão numeroso?" E Deus disse a Salomão:
"Porque isto estava no teu coração e não pediste riquezas, opulência, poder ou
glória, nem a vida dos teus inimigos, nem ainda pediste vida longa, mas pediste
sabedoria e conhecimento para ti, para que possas julgar o meu povo sobre o
qual Eu te fiz rei; sabedoria e conhecimento te serão dados e Eu te darei
riqueza, opulência e glória como ninguém dos reis possuiu antes de ti, nem
haverá ninguém semelhante depois de ti".

Esta característica de altruísmo desenvolvida em vidas anteriores preparou o


espírito de Salomão, que habitou o corpo de Jesus, para a alta missão a que foi
destinado, isto é, servir como um veículo para o generoso e unificante Espírito
Cristo, com o propósito de acabar com a divisão entre os Filhos de Seth e os
Filhos de Caim, unindo-os na Fraternidade, formando o reino do Céu.

Quando Fausto fez o pacto com Mefistófeles, como é lembrado no antigo mito-
alma daquele nome, ele estava prestes a assiná-lo com tinta, quando Mefisto
disse: "Não, assina em sangue". Quando Fausto perguntou a razão disso,
Mefistófeles disse esperta e astutamente: "O sangue é uma essência
muitíssimo peculiar!" A Bíblia diz que o sangue dos touros e bezerros não tirará
os pecados e isso é compreensível, mas qual a explicação para o sangue de
Jesus que é exaltado como uma panacéia? Para compreender esse grande
mistério do Gólgota é necessário estudar a composição e função do sangue, do
ponto de vista oculto.

Quando o sangue é examinado em um microscópio, parece ter um número de


minúsculos glóbulos ou discos, porém, quando um clarividente treinado pode
vê-lo enquanto circula através de um corpo vivo, constata que o sangue é um
gás, uma essência espiritual. O calor é causado pelo Ego que está dentro
deste sangue, pois, como diz a Bíblia, a vida está no sangue. Mefistófeles
estava certo quando disse que o sangue é uma essência muitíssimo peculiar,
pois contém o Ego e todo aquele que quiser obter um poder sobre o Ego, tem
que possuir o seu sangue.

O Ego humano é mais poderoso que o espírito-grupo do animal, como


podemos ver quando aplicamos o teste científico conhecido como hemólise.
Sangue estranho de um animal superior, se inoculado nas veias de um de
espécie inferior, causará a morte deste. Se tomarmos sangue humano e o
injetarmos em um animal, este será incapaz de suportar as altas vibrações que
estão no sangue do ser humano e morrerá. Por outro lado, um ser humano
poderá ser inoculado com o sangue de um animal inferior sem sofrer dano. Nos
tempos primitivos era rigorosamente proibido alguém pertencente a uma tribo
casar-se dentro de uma outra tribo, pois era sabido, então, pelos guias da
humanidade, que o sangue estranho mataria alguma coisa; sempre o faz.
Lemos que Adão e Matusalém viveram vários séculos; naquele tempo era
costume casarem-se em família, casar tão próximo quanto possível, para que
os laços de sangue ficassem cada vez mais fortes. Assim, o sangue que
circulava nas veias das pessoas naquela família continha as imagens de todos
os acontecimentos referentes aos seus ancestrais; esses quadros eram
guardados na mente, que é agora o subconsciente. Naquela época, eram
conscientes e estavam sempre diante da visão interior das pessoas e cada
família estava unida por este sangue comum, onde as imagens dos seus
ancestrais permaneciam. Os filhos viam a vida dos seus pais e, em
conseqüência, os pais viviam nos filhos; e, uma vez que as consciências de
Adão, de Matusalém e de outros Patriarcas viveram durante séculos em seus
descendentes, diz-se que viveram pessoalmente essa longevidade.

O matrimônio fora da família era considerado um crime, como agora casar-se


dentro dela é considerado um mal. Sabemos que entre os primitivos
escandinavos, se alguém quisesse casar em uma família estranha, era
obrigado primeiro a misturar o sangue, que devia ser testado para ver se esse
sangue se misturaria com o da família na qual desejava entrar. Desta forma, a
hemólise foi sentida por muitos, pelo menos em algumas de suas fases. Se o
sangue não se misturasse podia trazer "confusão de casta", como diz o Hindu;
uma linha pura de descendência devia ser mantida, pois, de outra maneira,
aquelas imagens ou visão interna se misturariam e se tornariam confusas. Este
matrimônio na família ou tribo foi o que engendrou o egoísmo, o espírito de clã,
o conflito e a luta no mundo. Para acabar com isso, a prática devia ser
interrompida, e quando Cristo veio à Terra, Ele advogou a interrupção desse
hábito, quando disse: "Antes que Abraão fosse, Eu sou". De fato, Ele disse: "Eu
não me importo pelo pai da raça, mas Eu me glorifico no Eu Sou, o Ego que
era há muito tempo antes que ele fosse". E Ele também disse: "Quem não
deixa pai e mãe não pode seguir-Me". Enquanto estivermos amarrados à
família, à nação ou tribo, estamos ligados ao velho sangue, aos velhos
caminhos e não podemos fundir-nos em uma fraternidade universal. Isto
poderá ser alcançado quando as pessoas casarem-se além das fronteiras,
porque quando existem tantas nações, a maneira de uni-Ias é através do
casamento. Deixemos Abraão, o pai da raça e da tribo morrer; deixemos o "Eu
Sou" viver. Cristo tinha conhecimento do fato oculto de que a mistura do
sangue em casamento entre diversas raças e famílias sempre mata algo;
quando não mata o corpo, mata alguma outra coisa. Se cruzarmos um cavalo e
um burro, teremos um híbrido, a mula; nela alguma coisa está faltando devido à
mistura de sangue estranho, a saber, a faculdade da propagação que está
faltando em todos os híbridos. De forma análoga, quando os casamentos
ocorrem fora do círculo da raça ou família, alguma coisa é destruída, e, neste
caso, são os quadros da visão interna. Os diferentes quadros de diferentes
famílias se chocam e, em conseqüência, a clarividência, o contato com o
mundo espiritual e com a memória da Natureza foi desaparecendo desde que a
prática do casamento dentro do mesmo grupo cessou. Somente os escoceses
das montanhas que casam na clã, e os ciganos, retêm, de certa forma, esta
segunda visão. Assim, vemos que o sangue é agora constituído diferentemente
do que era nas idades primitivas da evolução humana. O corpo de Jesus era
um veículo pioneiro, de máxima pureza, quando o Espírito Cristo entrou nele
como um meio de ingressar no centro da Terra pelo idêntico caminho que,
previamente, tinha sido percorrido por Hiram Abiff quando lançou-se no Mar
Fundido e foi conduzido pelo caminho da Iniciação para o centro da Terra,
onde Caim, seu antepassado, habitava.

Essa viagem de Cristo é citada na 1 Epístola de S. Pedro 3:18-19, depois de


Cristo ter-se libertado da carne pela morte violenta no Gólgota. Quando alguém
morre, o sangue venoso com suas impurezas adere firmemente à carne e,
portanto, o sangue arterial que corre fica visivelmente mais limpo do que em
outras circunstancias; está mais livre de paixão e de desejo. Sendo eternizado
pelo grande Espírito Cristo, o sangue limpo de Jesus inundou o mundo,
purificou grandemente a região etérica do egoísmo, e deu ao homem uma
melhor oportunidade para atrair para si materiais que lhe permitirão formar
propósitos e desejos altruísticos. A era do altruísmo foi aí inaugurada. Pela fé
neste sangue e pela imitação da vida de Cristo, os Filhos de Seth foram
preparados para eliminar de si a maldição do egoísmo; enquanto que aos
Filhos de Caim foi-lhes dado o emblema da Rosa e da Cruz, para ensinar-lhes
como trabalhar fielmente no preparo do Mar Fundido, a Pedra Filosofal, e
encontrar a Nova Palavra que os admitirá no reino, pois eles acreditam mais no
trabalho do que na fé.

O Diagrama (seguinte) mostra as três Eras mencionadas neste artigo:

(1) A Primeira Era, quando cada ser humano era uma unidade criadora
completa, macho-fêmea, bissexual e regida por um Hierarca, Melquisedeque,
que exercia o duplo cargo de Rei e Sacerdote.

(2) A Segunda Era, quando a divisão da raça em homens e mulheres, e a


divisão de governo em Estado e Igreja, causaram guerras e lutas.

O Estado abraça a causa da Paternidade e do Homem e eleva o ideal


masculino das Artes, Ofícios e Indústria, encarnado em Hiram Abiff.

A Igreja abraça a causa da Maternidade e da Mulher e mantém erguido o ideal


feminino do amor e do lar, encarnado na Madona e seu filho.

São os interesses conflitantes entre o homem e a mulher, o lar e o trabalho, a


Igreja e o Estado, que causam as lutas econômicas, a guerra e as disputas
com as quais a humanidade é atormentada e faz com que todos desejemos e
oremos pelo reino da paz.

(3) A Terceira Era, quando um Cristo divino que, como Melquisedeque,


exercerá o cargo duplo de Rei e Sacerdote e reinará sobre uma humanidade
purificada e glorificada que se elevou do amor-sexo ao amor-alma.
CAPÍTULO VI
ALQUIMIA ESPIRITUAL

QUANDO expomos um pedaço de ferro ao ar, o oxigênio contido no último


elemento oxida o ferro e, com o tempo, desintegra-o. Este processo é
comumente conhecido como ferrugem. O sangue entra em contato com o ar
todas as vezes que passa pelos pulmões e, da mesma maneira que uma
agulha é atraída para um imã, o oxigênio do ar inspirado se mistura com o ferro
no sangue. Realiza-se, então, um processo de combustão que é semelhante à
ferrugem ou oxidação que observamos no ferro exposto ao ar.

O éter contido em uma fibra densa de madeira, depois de ter passado pelo
processo de combustão em uma fornalha, passa para fora através do ferro sob
forma de ondas de calor semi-invisíveis, que vibram em diferentes velocidades,
de acordo com o grau de calor na fornalha. Assim, a vibração espiritual, gerada
pela combustão de oxigênio e ferro em nossos corpos físicos, passa para fora
e colore nossos veículos invisíveis de acordo com o seu grau vibratório. As
vibrações baixas parecem vermelhas, as mais altas são amarelas e as mais
altas de todas são azuis. A experiência ensinou-nos que material combustível
pode ser colocado em uma fornalha com todas as condições necessárias para
a combustão, porém, até que se use o fósforo, os materiais não serão
consumidos. Aqueles que estudaram as leis de combustão sabem que uma
corrente de ar bem forte leva consigo grande quantidade de oxigênio, que é
necessário para se obter calor do combustível que contém muito mineral. A
razão disto é que os minerais, por estar mais baixo na escala da evolução,
vibram em grau mais lento do que a planta, o animal ou o homem. Portanto, é
necessário o máximo esforço para elevar as vibrações a um grau em que a
combustão possa liberar sua essência espiritual. Oxigênio é o acelerador desse
processo. Se a mesma quantidade de oxigênio fosse aplicada a um bom
combustível vegetal que vibra a um grau muito mais elevado que o do mineral,
a fornalha correria o risco de destruição devido à intensidade do calor gerado.

Um processo similar ocorre dentro do corpo, que é o templo do espírito. É a


chama que acende o fogo interior e gera o produto espiritual que se exterioriza
de todas as criaturas de sangue quente, da mesma maneira que o calor se
irradia de uma estufa. (Criaturas de sangue frio estão tão baixo na escala da
evolução que ainda não possuem nenhuma vida dentro de si, no entanto, são
muito ajudadas de fora pelo espírito-grupo e é o espírito-grupo que gera as
correntes doadoras de vida, responsáveis pela animação nestas criaturas.
Estas correntes passam para dentro para sustentar a vida nascente, até que
esta seja capaz de responder e começar a enviar, de si própria, correntes para
fora). Estas linhas radiantes de força que emanam de nossos corpos densos de
maneira invisível à visão física, são nossa aura, como já foi dito, e, não
obstante a cor da aura de cada indivíduo diferir da dos outros, existe uma cor
básica ou fundamental que mostra sua posição na escala da evolução. Nas
raças inferiores esta cor básica é um vermelho fraco, semelhante ao vermelho
de um fogo que queima lentamente, que indica sua natureza passional e
emocional. Ao examinarmos as pessoas que estão em grau mais elevado na
escala da evolução, a cor básica ou a vibração irradiada por elas parece ser de
uma tonalidade alaranjada, que é o amarelo do intelecto misturado com o
vermelho da paixão. Pela alquimia espiritual, que elas realizam
inconscientemente à medida que avançam no caminho do progresso e
aprendem a fazer com que suas emoções sejam subservientes à mente
através de muitas experiências na escola da vida, elas estão se libertando aos
poucos da dependência dos espíritos marciais de Lúcifer e do Deus da Guerra,
O Único Acima, cujas cores são escarlate e vermelha. Isto também acontece
ao obedecermos consciente ou inconscientemente ao Espírito Cristo unificante
e altruísta, cujas vibrações produzem uma cor amarela que está assim se
mesclando com o vermelho e gradualmente o eliminará. A auréola dourada ao
redor dos santos, pintada por artistas dotados de visão espiritual, é a
representação física de uma promessa espiritual que se aplica à humanidade
como um todo, embora isto tenha sido compreendido apenas por alguns
poucos, que são chamados Santos. Após vidas de luta com suas paixões,
perseverança no fazer o bem, cultivando nobres aspirações e depois de aderir
firmemente a propósitos superiores, estas pessoas elevaram-se acima do raio
vermelho e estão agora totalmente imbuídas com o raio dourado de Cristo e
sua vibração. Este fato espiritual foi incorporado por artistas medievais dotados
de visão espiritual em seus quadros de santos, que os pintavam rodeados por
uma auréola dourada, indicando sua emancipação do poder dos espíritos
Lucíferos de Marte, que são os anjos caídos, assim como de O Único Acima e
Seus anjos, que pertencem a um estágio anterior de evolução e são os
guardiães das religiões nacionais e de raça. Os espíritos de Lúcifer encontram
expressão no ferro em nosso sangue. Ferro é um metal de Marte, difícil de ser
colocado em alta vibração, tão difícil que demora muitas vidas de grande
esforço para mudar o produto de sua combustão para a cor dourada que
designa o Santo. Quando isto é conseguido, o grande feito da alquimia foi
consumado; o metal base se transformou em ouro, a maravilhosa liga do Mar
Fundido que foi feita da escória da terra. Então, só falta "abrir as comportas" e
despejá-la. A cor dourada natural é o raio de Cristo, que encontra sua
expressão química no oxigênio, um elemento solar, e, à medida que
avançamos no caminho da evolução em direção à Fraternidade Universal, até
mesmo os que não são declaradamente religiosos adquirem um matiz de ouro
em suas auras, devido aos mais altos impulsos altruístas, comuns no Ocidente.
Paulo se refere a isto, ao dizer "Cristo sendo formado em vós", pois quando
tivermos aprendido a misturar a liga por meio de vidas espirituais, quando
vibrarmos no mesmo grau que Ele, seremos semelhantes a Cristo, prontos
para "abrir as comportas" dos cadinhos e verter a liga do Mar Fundido. Cristo
foi libertado da cruz por centros espirituais localizados nos lugares onde os
cravos foram pregados, e em outras partes. Aquele que já preparou o Mar
Fundido também é instruído pelo Mestre como abrir as comportas e voar para
esferas mais altas e, conforme a expressão Maçônica, "viajar por países
estrangeiros".

Isto está em harmonia com a máxima de Cristo quando diz que para tornarmo-
nos Seus discípulos, é preciso deixar pai e mãe. Esta é uma das severas
asserções do Evangelho e geralmente é mal compreendida por entender-se
que se refere ao pai e à mãe físicos na vida presente, enquanto que, segundo
o ponto de vista esotérico, pretendeu-se algo muito diferente. Para captarmos a
idéia, vamos recordar que os espíritos de Lúcifer, com a introdução do ferro no
sistema, fizeram com que fosse possível ao ego humano tornar-se um espírito
interno; porém, a contínua oxigenação do sangue faz com que, com o tempo, o
corpo fique inadequado como morada, seguindo-se a morte. Embora os
espíritos de Lúcifer nos tenham ajudado dentro do corpo, eles são também os
anjos da morte, e os descendentes de Samael e de Eva estão sujeitos a ela,
assim como os filhos dela e de Adão pois são todos de carne.

O Sol é o centro de vida e rege o gás dador de vida que conhecemos como
oxigênio, o qual se mistura com o ferro marcial. Assim, Cristo, o Senhor do Sol,
é também o Senhor de Vida e quando, pela alquimia espiritual como já foi
explicado, tornamo-nos semelhantes a Ele, somos imortais e assim deixamos
nosso pai Samael e nossa mãe Eva, e a Morte não terá mais domínio sobre
nós. Isto não quer dizer que a morte não possa acontecer para o corpo de tais
pessoas, mas o corpo está totalmente sob o controle delas e um corpo usado
por tais pessoas geralmente dura centenas de anos, a menos que se torne
conveniente tomar outro corpo. Então, pelo mesmo processo de alquimia
espiritual, elas são capazes de criar um corpo adulto para si mesmas e
abandonar o antigo que desejam substituir pelo novo que fizeram
anteriormente e que está apto a servir a seus propósitos. A pergunta surgirá
agora na mente do leitor: "Como pode um Iniciado criar um novo corpo adulto,
pronto para ser usado, antes de abandonar seu velho corpo?" A resposta a
esta pergunta envolve a compreensão da lei de assimilação. Devemos dizer,
no entanto, que nem mesmo aquele que tem conhecimento do mundo espiritual
e aprendeu recentemente a funcionar no corpo alma, é capaz de realizar este
feito. Isto requer um desenvolvimento espiritual muito grande e somente
aqueles que estão muito elevados na escala da iniciação, na nossa época
atual, são capazes disto. Diz-se, porém, que o método é o seguinte:

Quando o alimento é ingerido, seja por um Adepto ou por um ignorante destes


conhecimentos, a lei de assimilação diz que ele deve primeiro dominar cada
partícula e ajustá-la a si próprio. Deve subjugar e conquistar a célula vital
individual antes que esta se torne parte de seu corpo. Quando isto tiver sido
feito, a célula ficará com ele por maior ou menor espaço de tempo, de acordo
com a constituição e o lugar, no processo de evolução da vida que nele habita.
A célula composta de tecido que uma vez foi incorporada no corpo de um
animal e interpenetrada por um corpo de desejos, possui a mais desenvolvida
célula de vida, portanto, esta vida rapidamente se recompõe e deixa o corpo
que a assimilou temporariamente. Esta é a razão porque aquele que segue um
regime de carne precisa alimentar-se com mais freqüência. Este alimento não é
o apropriado para a construção de um corpo, que precisa esperar algum tempo
antes que o Adepto entre nele. Alimentos constituídos de vegetais, frutas e
nozes, principalmente quando estão maduros e frescos, são interpenetrados
por grande quantidade de éter que compõe o corpo vital da planta. São muito
mais fáceis de dominar e de se incorporar na constituição do corpo, como
também permanecem por muito mais tempo lá, antes que a célula de vida
individual possa se ajustar. O Adepto que deseja construir um corpo para ser
usado antes de deixar o antigo, deve construí-lo de vegetais frescos, frutas e
nozes, consumindo estes alimentos diariamente para que se tornem sujeitos à
sua vontade, e sejam uma parte de si.

O corpo-alma de tal homem é, naturalmente, muito amplo e poderoso; ele


separa uma parte desse corpo e faz um molde ou matriz no qual pode
construir, diariamente, com partículas físicas supérfluas, não necessárias para
o corpo que está usando. Assim, aos poucos, tendo assimilado grande
quantidade de material novo, ele pode retirar do veículo que está usando,
material que será incorporado ao novo corpo. Com o decorrer do tempo,
gradualmente, consegue transmutar um corpo em outro e quando chega ao
ponto em que o definhamento do corpo velho pode ser observado
exteriormente, ele já preparou o novo que está pronto para ser usado,
podendo, então, sair do velho corpo e entrar no novo. Mas não faz isto
somente para viver na mesma comunidade. Ele pode, devido ao seu grande
conhecimento, usar o mesmo corpo por muitos séculos e ainda parecer jovem,
porque nele não existem os desgastes naturais que nós, mortais comuns,
produzimos com nossas paixões, emoções e desejos. Mas, quando ele cria um
corpo novo, pelo menos até onde o autor tem conhecimento, é sempre com o
objetivo de sair do ambiente em que está para trabalhar em um novo lugar.
Esta é a razão de ouvirmos falar de homens como Cagliostro, Saint Germain e
outros, que um dia apareciam em certo lugar, realizavam um importante
trabalho e depois desapareciam. Ninguém sabia de onde vinham ou para onde
iam, mas todos que os conheceram atestaram suas relevantes qualidades,
quer caluniando-os ou elogiando-os. Esta transição do Adepto, do domínio da
morte para o domínio da imortalidade, foi pressagiada no salto ousado de
Hiram Abiff, o Grande Mestre Artífice do Templo de Salomão, no mar ardente
de metal fundido e na sua passagem pelos nove arcos, semelhantes aos
estratos da terra que formam o caminho da iniciação. Da mesma forma, no
batismo de Jesus e na Sua subseqüente descida do Gólgota à região
subterrânea, onde seu corpo vital ainda está à espera do dia da definitiva saída
do Espírito Cristo, no segundo advento. Em nosso próximo capítulo seguiremos
Hiram Abiff através deste caminho de iniciação até a incorporação que usou na
época do aparecimento de Cristo na Terra, mostrando onde e como ele
recebeu a nova iniciação.
CAPÍTULO VII
A PEDRA FILOSOFAL O QUE É E COMO É FEITA

AQUELES que estudam o que escreveram os antigos alquimistas ficam


sempre confusos com o que foi dito a respeito da Pedra Filosofal e do processo
de transmutação dos metais inferiores em ouro. Estas explicações suscitam, o
que é natural, grande número de especulações. Algumas vezes, os nossos
estudantes solicitam uma declaração do autor sobre este assunto de suma
importância, e, como estamos no umbral de uma nova era, onde esta jóia
preciosa com todo seu poder será possuída por um número considerável de
pessoas, sentimos que é importante levantar o mistério que o envolve e falar
dele de maneira clara. Portanto, todos que realmente desejam passar pelo
trabalho que isto envolve -trabalho árduo, pois tudo que vale a pena ter jamais
é conseguido sem um custo - podem saber como obter esta gema valiosa.

Aprendemos que no início Deus criou o Céu e a Terra - na verdade todo o


universo - e compreendemos que esta grande força criadora se expressa como
vontade e imaginação. Pela imaginação, o Grande Arquiteto do Universo deve
ter visualizado primeiro tudo como é agora, ou como no início foi criado.
Depois, por Sua vontade, os átomos físicos foram ordenados nesta matriz de
pensamento, fazendo com que o universo, gradualmente, entrasse em
manifestação, como foi designado pelo seu criador. Este processo ainda não
está completo, mas continuará até que o Todo se torne perfeito como
originalmente projetado.

As divinas Hierarquias que executaram o plano do Grande Criador, também


usaram a mesma dupla força criadora ao modelarem o cristal no mineral, a
folha da planta, ou a forma do animal. Sua poderosa imaginação retrata, na
região arquetípica da terra, o que elas desejam criar e, com esta vontade
concentrada, elas moldam a matéria mais grosseira nesta matriz até que ela
tome uma forma física definida, como foi desejada.

O homem, o espírito, possui um poder criador semelhante, e aprendeu, através


das eras sob a orientação dos Deuses, a construir corpos de valor cada vez
maior como instrumentos para sua expressão. Sua peregrinação através da
matéria foi empreendida com o propósito de torná-lo uma inteligência criadora
independente e, para alcançar este fim, era necessário que no devido tempo
fosse emancipado da tutela dos Deuses para aprender a criar, não só para si
próprio, mas também para ajudar e ensinar outros na grande Escola da Vida.

Durante o curso de sua evolução, o homem tornou-se cada vez mais iluminado
em relação ao mistério da Vida. Contudo, há algumas centenas de anos atrás,
a vida e a liberdade foram colocadas em perigo pela expressão de opiniões
que eram consideradas avançadas para os pontos de vista comumente aceitos.
Foi por esta razão que os alquimistas, que haviam estudado este assunto com
mais profundidade, foram forçados a expressar seus ensinamentos em
linguagem altamente alegórica e simbólica. Seus ensinamentos relativos à
evolução espiritual do homem, e o uso dos termos Sal, Enxofre, Mercúrio e
Azoth, tão confusos para as massas, estavam enraizados em verdades
cósmicas, altamente iluminadoras para o Iniciado. Os estudantes dos
ensinamentos Cainitas, que aprenderam como o mundo surgiu e o processo da
criação gradual, não deveriam ter dificuldade em compreender adequadamente
a linguagem dos alquimistas.

Sabemos que houve uma época em que o homem em formação era um


hermafrodita, masculino-feminino, e capaz de criar a partir de si mesmo, e nos
lembramos também que, naquela época, ele era, em outros aspectos,
semelhante ao vegetal. Sua consciência era iguala que possuímos no sono
sem sonhos e que é possuída pelo vegetal. A energia vital, que ele absorveu
em seu corpo, era usada exclusivamente com o propósito de crescer até o
momento da propagação, quando um novo corpo embrionário era libertado
para também crescer. Não havia incentivo para agir, mas, se tivesse havido, o
homem não teria tido nem mente nem vontade para dirigi-lo.

Para a emancipação da humanidade desta condição negativa, metade da força


criadora foi dirigida para cima, sob a direção dos Anjos, com o propósito de
construir uma laringe e um cérebro para que o homem pudesse aprender a
criar pelo pensamento como fazem as divinas Hierarquias, e expressar o
pensamento criador em palavras. Assim, o homem parou de ser fisicamente
hermafrodita e tornou-se unissexual. Não pode mais criar fisicamente de si
mesmo, como fazem as plantas hermafroditas, nem psiquicamente como
fazem os Elohim, os Hierarcas masculino-feminino, de cuja imagem ele foi
originalmente feito, e assim ocupa, no período atual, uma indesejável posição
intermediária entre o vegetal e Deus.

Na época em que metade da força sexual humana foi dividida com o propósito
de construir o cérebro, os homens estavam desamparados e não sabiam como
superar essas condições. Não tinham nem mesmo consciência para
compreender que havia uma dificuldade e se não tivesse havido ajuda externa,
a raça teria desaparecido. Portanto, os Anjos da Lua, que eram os guardiães
da humanidade, agrupavam os sexos em grandes templos quando as linhas
interplanetárias de força eram propícias à propagação e, assim, perpetuavam a
raça. Foi proposto também que, quando o cérebro se completasse, os
Senhores de Mercúrio, os Irmãos Maiores de nossa atual humanidade, que
possuíam uma inteligência excepcional, deveriam ensinar-nos como usar a
mente e torná-la realmente criadora para que não mais ficássemos
dependentes do processo de geração através da separação sexual, agora em
voga. Pelo trabalho destas duas grandes Hierarquias fomos elevados da
inconsciência para o primeiro estágio de inteligência criadora, do vegetal para
Deus.

Aprendemos que este plano foi frustrado pelos Espíritos de Lúcifer, os


atrasados da humanidade do Período Lunar, que vivem no planeta Marte. Eles
precisavam de um campo físico de ação, mas não foram capazes de criar um
para eles próprios; daí, por razões egoístas, ensinaram à humanidade como,
com a cooperação dos sexos, um novo corpo podia ser criado a qualquer
momento e, para dar um incentivo maior, instilaram na humanidade a natureza
passional animal que possuímos hoje.
Assim, para os antigos alquimistas, os Anjos da Lua que regem as marés foram
designados pelo termo "Sal". Eles descobriram que uma determinada
quantidade de sal no sangue é necessária para os processos mentais,
enquanto que o excesso produz insanidade, como é provado pelas

experiências de marinheiros náufragos que se tornaram lunáticos ao beberem


água que continha o elemento lunar Sal. Portanto, estabeleceram uma conexão
entre a Lua e a mente.

Os ígneos espíritos de Lúcifer, que tiveram uma participação tão maléfica na


evolução do homem, foram associados ao elemento ígneo "Enxofre". Os
alquimistas diziam que o homem tornava-se inconsciente e morria pela
contínua inalação deste elemento, isto é, o homem, o espírito, tornava-se
inconsciente e morria para os reinos espirituais através dos ensinamentos que
lhes foram instilados pelos espíritos de Lúcifer.

O metal Mercúrio, eles argumentavam, é o mais ardiloso de todos os metais,


pois penetra e se evapora através da maioria das substancias com as quais é
posto em contato.

Daí, compararem-no aos Senhores de Mercúrio, que são os antigos mestres


em penetrar os segredos da natureza através da mente. Mercúrio é capaz,
também, de libertar o espírito de sua casa-prisão física.

Pelo processo da geração, levado a efeito em época propícia sob a direção dos
Anjos, o homem estava trilhando o caminho do vegetal para Deus, seguindo a
estrada da evolução como foi planejada originalmente.

Deste caminho ele se desviou para os atalhos da degeneração, dirigido pelos


espíritos de Lúcifer, e, em conseqüência, está agora em um lamaçal do qual
não pode se desenredar a não ser com a ajuda de outros mais avançados que
ele.

Quando toma consciência disto, começa a procurar a luz e coloca-se no


caminho da regeneração, protegido pelos Senhores de Mercúrio que, com sua
sabedoria, o guiarão à meta desejada. O método esboçado pelos antigos
alquimistas será comentado em poucas palavras depois de termos resumido os
pontos já abordados. Estes devem ser bem fixados para o entendimento
completo do que se segue.

A força criadora usada por Deus na manifestação de um sistema solar e a força


usada pelas divinas Hierarquias para formar o veículo físico dos reinos
inferiores, sobre os quais elas reinam como espíritos-grupo, expressam-se de
dupla maneira como Vontade e Imaginação, e é a mesma força criadora unida
ao macho e à fêmea que resulta na criação de um corpo humano. Em uma
determinada época, o homem era bissexual, masculino-feminino e cada um era
capaz de propagar sua espécie sem a ajuda de outrem. Porém, metade da
força criadora foi, temporariamente, desviada para cima a fim de construir um
cérebro e uma laringe, com a finalidade de capacitá-lo a criar, algum dia, por
sua própria mente, a formar pensamentos e expressar a palavra de poder que
farão de seus pensamentos, carne. Três grandes Hierarquias criadoras
estavam especialmente ligadas a esta mudança: Os Anjos da Lua, os
Mercurianos e os espíritos Lucíferos de Marte. Os Alquimistas relacionavam os
Anjos da Lua, que regem as marés salinas, com o elemento sal; os espíritos
Lucíferos de Marte com o elemento enxofre; e os Mercurianos com o metal
mercúrio. Eles usavam esta representação simbólica, em parte devido à
intolerância religiosa que tornava inseguro divulgar qualquer outro ensinamento
que não fosse o aprovado pela igreja ortodoxa daqueles dias e, em parte,
porque a humanidade como um todo, ainda não estava preparada para aceitar
as verdades incorporadas em sua filosofia. Falavam, também, de um quarto
elemento, Azoth, um nome composto da primeira e da última letra de nossas
línguas clássicas, que pretendia exprimir a mesma idéia de "alpha e omega" - a
idéia de abranger tudo. Isto se referia ao que agora conhecemos como o raio
espiritual de Netuno, que é a oitava de Mercúrio e que é a essência sublimada
do poder espiritual.

Os alquimistas sabiam que a natureza moral e física do homem havia se


tornado grosseira e vulgar devido às paixões inculcadas pelos espíritos de
Lúcifer, e que um processo de destilação e refinamento era necessário para
eliminar estas características e elevar o homem às alturas sublimes, onde o
esplendor do espírito não fosse mais obscurecido pela cobertura grosseira que
agora impede que ele seja visto. Conseqüentemente, viam o corpo como um
laboratório e se referiam aos processos espirituais em termos químicos.
Perceberam que estes processos têm seu começo e seu campo particular de
atividade na medula espinhal que forma o elo entre os dois órgãos criadores, o
cérebro, que é o campo de operação para os intelectuais Mercurianos, e os
genitais, que são terreno próprio dos sensuais e passionais espíritos de Lúcifer.

Esta medula espinhal tripartida era, para os alquimistas, o cadinho da


consciência; eles sabiam que na secção simpática da medula, que governa
especialmente as funções ligadas à conservação e ao bem-estar do corpo, os
Anjos Lunares estavam ativos, e este segmento foi designado como o
elemento sal. O segmento que governa os nervos motores, os quais gastam a
energia dinâmica armazenada no corpo por nossa alimentação, estavam sob o
domínio dos marciais espíritos de Lúcifer, daí terem chamado este segmento
de enxofre. O segmento remanescente, que marca e registra as sensações
desenvolvidas pelos nervos, foi chamada de mercúrio porque dizia-se que
estava sob o domínio de seres espirituais de Mercúrio. O Canal espinhal, ao
contrário das idéias dos anatomistas, não está cheio de fluído, mas de um gás
que se assemelha ao vapor, no sentido de que pode ser condensado quando
exposto à atmosfera externa, mas que pode também ser superaquecido pela
atividade vibratória do espírito, de tal maneira que se torna um fogo brilhante e
luminoso, o fogo da purificação e da regeneração. Este é o campo de ação da
grande Hierarquia espiritual de Netuno e é designada como Azoth pelos
alquimistas. Este fogo espiritual não é igual em todos os homens, e a sua
luminosidade difere de um para outro, de acordo com o avanço espiritual da
pessoa.

Quando o aspirante à vida superior era instruído nestes mistérios de


simbolismo e chegava o momento de falar-lhe claramente, novos ensinamentos
eram-lhe comunicados, não necessariamente nestas palavras ou desta
maneira. De qualquer modo, ficava claro para ele que - "anatomicamente o
homem relaciona-se com os animais, e abaixo desse reino, na escala da
evolução, estão as plantas. Elas são puras e inocentes, suas práticas de
propagação são destituídas de paixão, e toda sua força criadora está voltada
para cima, em direção à luz, onde se manifestam como a flor, proporcionando
prazer e beleza para todos que a vêem. Todavia, as plantas são incapazes de
agir de outra maneira, pois não têm inteligência, consciência do mundo
externo, nem livre arbítrio para a ação. Portanto, só podem criar no mundo
físico".

"Acima do homem, na escala de evolução, estão os deuses, criadores nos


planos espiritual e físico. Eles também são tão puros como as plantas, pois
toda sua força criadora está voltada para cima e ela é usada de acordo com a
sua inteligência; sendo assim, conhecendo o bem e o mal, eles sempre
escolhem fazer o bem".

"Entre os deuses e o reino vegetal fica o homem, um ser dotado de


inteligência, poder criador e de livre arbítrio para usá-lo para o bem ou para o
mal. No momento, ele está dominado pela paixão instilada pelos espíritos de
Lúcifer e envia metade de sua força criadora para baixo, para gratificar seus
sentidos. No mais íntimo de sua alma ele percebe que isto está errado, e
esconde esse instinto com vergonha, sentindo-se aborrecido quando isto é
trazido à luz. Esta condição deve ser alterada para que possa haver o
progresso espiritual e é necessário levar-se em consideração a semelhança
entre a planta casta e os puros deuses espirituais, sendo que ambos voltam
toda sua força criadora para cima, em direção à luz. No decorrer da evolução, o
homem elevou-se acima da planta que possui poder criador somente no mundo
físico, e tornou-se igual aos deuses, possuindo poder criador nos planos mental
e físico da existência, além da inteligência e do livre arbítrio para dirigi-lo. Isto
foi conseguido pelo desvio de metade de sua força sexual para cima para
construir um cérebro e uma laringe, órgãos que ainda são alimentados e
nutridos por esta elevação da metade da força sexual. Porém, enquanto os
deuses dirigem toda sua força criadora para propósitos altruístas pelo poder da
mente, o homem ainda desperdiça metade de sua herança divina no desejo e
na gratificação dos sentidos. Portanto, se quisermos ser iguais a eles,
precisamos aprender a dirigir toda nossa energia criadora para cima. para ser
usada inteiramente sob a direção de nossa inteligência. Só assim poderemos
ser iguais aos deuses e criar de nós mesmos pelo poder de nossa mente e
pela Grande Palavra, pela qual poderemos enunciar o fiat criador. Lembremos
que, fisicamente, já fomos um dia hermafroditas como a planta, e capazes de
criar por nós mesmos. Olhando para o futuro através da perspectiva do
passado, percebemos que a atual condição unissexual é somente uma fase
temporária de evolução e que, no futuro, toda nossa força criadora deverá ser
dirigida para cima afim de sermos espiritualmente hermafroditas e capazes de
objetivar nossas idéias e pronunciar a palavra vivente que nos dotará de vida e
nos fará vibrantes com energia vital. Esta dual força criadora, assim expressa
pelo cérebro e pela laringe, é o "elixir vitae" que surge da pedra viva do filósofo
espiritualmente hermafrodita. O processo alquimista de despertá-lo e elevá-lo é
realizado na medula espinhal onde o sal, o enxofre, o mercúrio e o Azoth são
encontrados. Ele é elevado à incandescência pelo pensamento sublime e
nobre, pela meditação sobre assuntos espirituais, e pelo altruísmo expresso na
vida diária. A segunda metade da energia criadora assim atraída para cima
através do canal espinhal, é um espírito-fogo espinhal, a serpente da
sabedoria. É conduzido cada vez mais para o alto e, ao alcançar o corpo
pituitário e a glândula pineal no cérebro, faz com que elas vibrem abrindo os
mundos espirituais e capacitando o homem a se comunicar com os deuses.
Então, este fogo se irradia em todas as direções, permeia todo o corpo assim
como sua atmosfera áurica, e o homem se torna uma pedra viva, cujo brilho
supera o do brilhante ou o do rubi. ELE é então "A Pedra Filosofal".

Existem muitos outros símbolos tirados do mundo da química e aplicados aos


processos de crescimento espiritual que, eventualmente, fazem com que os
homens sejam pedras vivas no templo de Deus. Muito já foi dito sobre os
antigos alquimistas e a razão de encobrirem seus ensinamentos em linguagem
simbólica. O caminho para a iniciação está e sempre esteve aberto a qualquer
um que, real e verdadeiramente, procure a iluminação e deseje pagar o preço
com a moeda da abnegação e do auto-sacrifício. Portanto, procure a porta do
templo e a encontrará; bata e ela ser-lhe-á aberta. Se procurá-la piedosamente,
se bater com persistência e se trabalhar nobre e bravamente, você alcançará o
objetivo e se tornará A Pedra Filosofal.

CELIBATO E MATRIMÔNIO

Para evitar algum mal-entendido, devemos dizer que esta lição foi dada ao
aspirante ao discipulado, para mostrar-lhe porque é necessário que viva uma
vida pura e casta. Isto não se aplica às massas que não possuem nenhuma
aspiração espiritual e são ainda incapazes de dominar suas paixões. Os
Cainitas não pregam uma vida totalmente celibatária para seus estudantes, ao
contrário, eles consideram um dever religioso para o homem ou mulher
místicos e iluminados casarem-se com uma pessoa de espírito semelhante, se
for possível encontrá-la, e fornecerem às almas uma oportunidade para o
renascimento. Quando um casal devotado realiza o ato gerador na aspiração
de servir um ego que está à espera, quando as condições pré-natais são
mental, moral e fisicamente puras, quando os dias da primeira infância do ego
são passados em um ambiente familiar de elevados e nobres pensamentos,
tanto os pais quanto os filhos estão fazendo um maravilhoso progresso. E,
como grandes almas não podem nascer de pais ignóbeis, da mesma maneira
que a água não pode descer abaixo de seu nível, seria errado que o aspirante
ao discipulado vivesse uma vida totalmente celibatária para auto desenvolver-
se, quando as condições permitem que ele contraia matrimônio. Além do mais,
o uso da força criadora nas ocasiões da vida em que ela é requerida
legitimamente para a propagação, não vai interferir no desenvolvimento
espiritual empreendido para se tornar a Pedra Filosofal, e o crescimento
anímico, adquirido ao assumir os deveres da paternidade e maternidade,
excederiam o peso de qualquer perda possível.
O que os Cainitas ensinam é que o casamento entre pessoas que limitam o
uso da função criadora com o propósito da propagação, é eminentemente bom,
nobre e produz um grande crescimento anímico, mas os aspirantes que não se
casam devem viver uma vida absolutamente celibatária se desejarem elevar-
se.

CAPÍTULO VIII
O CAMINHO DA INICIAÇÃO

EM um capítulo anterior, observamos que a transição do Adepto, do domínio


da morte para o reino da imortalidade, foi pressagiado no salto audacioso de
Hiram Abiff, o Grande Mestre Construtor do Templo de Salomão, quando se
atirou no agitado mar de metal fundido, passando pelos nove estratos da terra,
que se assemelham ao arco que forma o caminho da Iniciação. Lembramo-nos
também que, ao fim daquele percurso, Hiram Abiff, o Filho de Caim, recebeu
de seu ancestral um novo martelo e uma nova palavra para usar na Nova Era.
De acordo com os Evangelhos, também descobrimos que Jesus, o Filho de
Seth, logo após sua descida do Gólgota, entrou no estrato subterrâneo onde
permaneceu por algum tempo em comunicação com os espíritos que lá
habitam. Assim, os vários estratos da terra, da circunferência até o centro,
formam o caminho da Iniciação tanto para os Filhos de Seth quanto para os
Filhos de Caim, e é por isso que pouco ou nada é dito sobre a construção
interna da terra no grande número de livros que tratam de assuntos de
ocultismo. Aqueles que são simplesmente psíquicos, não sabem disto, e
aqueles que realmente sabem, não dizem muito. Há um capítulo sobre este
assunto no "Conceito Cainita do Cosmos", e é a esta obra que o leitor deverá
recorrer caso queira ter outras informações que aqui não foram dadas.

O caminho da Iniciação é mantido de diversas maneiras. Enquanto


caminhamos na terra em nossos corpos físicos, somos atraídos para o centro
dela pela força de gravidade; mas, como nossos corpos são sólidos na mesma
densidade do material do qual é composto nosso globo, não afundamos na
terra por deslocamento como afundaríamos na água, ou por interpenetração
como passaríamos pelo éter. Quando a morte vem e abandonamos o chamado
invólucro mortal, encontramo-nos em veículos mais sutis que os elementos da
terra. Uma pessoa revestida com estes veículos mais sutis poderia penetrar
facilmente nos vários estratos de nosso globo até o centro, se não existissem
outros obstáculos. Tendo largado o corpo denso, ela não está mais sujeita à
gravitação, mas à levitação e, por isso, sempre acha muito difícil ficar na
superfície da terra. Somente durante a primeira parte de sua experiência "post-
mortem", quando ainda está carregada do éter mais grosseiro e da matéria de
desejos, é que isto é possível para ela. Quanto maior quantidade desta
substancia densa tiver reunido pela indulgência à sua natureza inferior e pelo
cultivo dos hábitos de embriaguez, cobiça, ódio, maldade, imoralidade e outros
vícios, mais fácil será para a pessoa ficar próxima a bares, casas de jogo,
zonas de meretrício e lugares semelhantes. Mas, o homem de ideais elevados
e aspirações sublimes, aquele que procura o caminho da Iniciação, sente a
força impelente da levitação puxando-o para fora, para o estrato mais puro do
ar onde o Primeiro Céu está localizado e assim não há possibilidade de
desviar-se do caminho da Iniciação. Contam-se histórias de Iniciados que
conseguiram dominar a lei de gravitação enquanto ainda no corpo denso, para
elevarem-se no ar em determinados momentos com um propósito definido. Os
Iniciados aprendem como interromper a lei da levitação quando estão em seus
corpos-alma, e como passar pelos nove estratos da terra. Diz-se que Jesus era
o filho de um carpinteiro, mas a palavra grega é tekton e significa construtor;
arche é o nome grego de matéria primordial. Diz-se que Jesus era também um
carpinteiro (tekton) . É verdade, ele era um tekton, construtor ou maçom, um
Filho de Deus, o Grande Archetekton. Com a idade de trinta e três anos,
quando havia recebido os três vezes três (9) graus da Maçonaria Mística, Ele
desceu ao centro da terra. O mesmo faz qualquer outro tekton, maçom ou
Phree Messen (filho da luz), como os Egípcios os chamavam que desce
através dos nove estratos da terra em forma de arco. Encontraremos, na época
do primeiro advento de Cristo, tanto Hiram Abiff, o Filho de Caim, quanto
Salomão, o Filho de Seth, renascidos para receber dele a grande Iniciação dos
Mistérios Cristãos.

No último capítulo vimos, ao refletirmos sobre "A Pedra Filosofal", que a


medula espinhal é o principal laboratório do alquimista e que o espírito-fogo
espinhal é gerado ao dirigir-se a força criadora para cima através do canal
espinhal, passando entre o corpo pituitário e a glândula pineal no cérebro. Isto
dá ao homem um terceiro olho, com o qual pode ver os mundos espirituais.
Quando este espírito fogo serpentiforme evoluir o suficiente, ele poderá ler,
através de sua luz, a sabedoria das eras. Portanto, Cristo exortou Seus
Discípulos para serem sábios como serpentes. A palavra egípcia Naja, que
significa serpente, é usada pelo menos uma vez na Bíblia Hebraica, no Salmo
58. No antigo Egito, os Faraós eram Reis e Sacerdotes, exercendo um cargo
duplo, e, por isto, usavam uma coroa dupla com um Uraeus ou cabeça de
serpente colocada de tal maneira que, ao usar esta coroa, o Uraeus parecia
projetar-se da testa do Imperador por entre as sobrancelhas. A serpentiforme
Uraeus era, portanto, um símbolo adequado da sabedoria de quem a usasse.

Lembremo-nos que, de acordo com a Bíblia, o espírito de Lúcifer apareceu a


Eva como uma serpente, um filho da Sabedoria. Caim, de acordo com a lenda
maçônica, nasceu desta união com Eva. É relatado, também, que o espírito de
Lúcifer abandonou Eva, que tornou-se assim uma viúva e Caim era, portanto, o
filho do espírito de Lúcifer, a serpente da Sabedoria e de Eva, a viúva. Todo
Iniciado tem, até hoje, o símbolo da serpente em sua fronte e é conhecido por
seus companheiros por aquele sinal como um filho da viúva e do espírito de
Lúcifer. Conseqüentemente, devemos reconhecer Hiram Abiff em sua próxima
incorporação por esse sinal e é particularmente valioso, de acordo com a lei,
chamarmos atenção especial para os seguintes pontos do Testamento Latino
Católico:
Em 1.° Samuel, Cap. 19, versão do rei James, Naioth é tido como um lugar
onde moravam muitos profetas e videntes, e dentre eles Samuel. Naioth é o
plural feminino de Naja, uma serpente, que já mencionamos como sendo uma
palavra egípcia usada na Bíblia. Na versão latina, o mesmo lugar é tido como
Naim, e Eusébio diz que estava localizada próximo a Endor, famosa como a
morada da feiticeira, por intermédio da qual Saul falou com Samuel depois da
morte do último. Mas, não é para supor-se que Naioth e Naim sejam lugares,
ou que foram usados alternadamente. Eles descrevem duas classes totalmente
diferentes de pessoas espiritualmente dotadas, que os antigos egípcios
marcavam colocando o Uraeus na fronte de um e no umbigo do outro. Os
últimos eram pessoas mediúnicas, que recebiam impressões dos espíritos-
controle através do plexo solar. Eles eram adequadamente designados Naioth
pelos Hebreus que usavam o sufixo feminino para indicar suas qualidades
negativas. Mas os clarividentes voluntários e o Iniciado, representados pelos
Egípcios como tendo a serpentiforme Uraeus na testa, eram chamados de
Naim pelos Hebreus, que usavam o sufixo masculino para designar a faculdade
espiritual positiva que possuíam. E a versão latina Católica do Novo
Testamento (Lucas, capítulo VII, versículos 11-15,) fala de uma pessoa
ressuscitada por Cristo como o filho da viúva de Naim.

Como a serpente não se desenvolve completamente até que o nono arco dos
Mistérios Menores tenha sido transposto e os candidatos tenham se tornado
aspirantes dos Grandes Mistérios e, além disso, porque a Casa dos Phree
Messen (Filhos da Luz) do antigo Egito foi transferida para os diversos ramos
da atual raça Anglo-Saxônica onde o som Naim significa "nine" (nove), a
palavra original foi alterada para enganar os que não estavam ainda
preparados para o conhecimento.

Como todas as coisas mudam nesta esfera terrestre, isto também se aplica aos
métodos de Iniciação e aos requisitos para adquiri-Ia. Hiram Abiff falhou em
seu grande esforço para fazer o Mar Fundido na época em que estava
construindo o Templo de Salomão, porque ele, o filho dos ígneos espíritos de
Lúcifer, não sabia como misturar o elemento fogo com a água derramada em
seu molde pelos Filhos de Seth, as criaturas do Deus da água, O Único Acima.
Nesta época foi-lhe dado um novo Martelo e uma nova Palavra. O Martelo tinha
forma de uma Cruz. A Palavra foi escrita sobre um disco, antes dele ser morto
por seus adversários. Assim, ele adormeceu até que, como Lázaro, o filho da
viúva de Naim, ele foi ressuscitado pelo aperto forte da garra do leão, o Leão
de Judá. Então, o disco foi encontrado, assim como o novo Martelo em forma
de cruz e, sobre o disco, o símbolo místico, A Rosa. Estes dois símbolos
ocultam o grande segredo da vida, a mistura da água e do fogo, como está
simbolizado pela seiva fluídica nascida da terra, que sobe através do tronco e
do cálice da flor até as pétalas tingidas de fogo, nascidas pela pureza do Sol,
porém ainda protegidas pelos espinhos dos marciais espíritos de Lúcifer.

A Maçonaria exotérica, que é apenas a parte externa da Ordem Mística


formada pelos Filhos de Caim, tem atraído atualmente o elemento masculino
com seus veículos físicos positivamente polarizados, e os tem dirigido para a
indústria e para a política, controlando, assim, o desenvolvimento material do
mundo. Os Filhos de Seth, que constituíam o Sacerdócio, empregaram sua
fórmula mágica sobre os corpos vitais positivos do elemento feminino para
dominar o desenvolvimento espiritual. Enquanto os Filhos de Caim, através da
Maçonaria e de movimentos afins, lutaram abertamente pelo poder temporal, o
Sacerdócio tem lutado com muita força e até mais eficazmente, para manter
seu controle sobre o desenvolvimento espiritual do elemento feminino. Para um
observador comum pode parecer que não existe antagonismo entre estes dois
movimentos na época atual. Mas, embora a Maçonaria de hoje não tenha mais
o seu verdadeiro caráter místico antigo e o Catolicismo, pelo passar do tempo,
tenha externamente perdido o seu brilho, a divergência está tão viva como
sempre. Os esforços da Igreja não estão concentrados nas massas, como
estão naqueles que procuram viver a vida superior a fim de ganhar a admissão
ao Templo dos Mistérios e aprender como fazer a Pedra Filosofal.

À medida que a humanidade avança em evolução, o corpo vital torna-se


permanentemente mais positivo e polarizado, dando aos dois sexos um maior
desejo de espiritualidade e, embora mudemos do masculino para o feminino
em renascimentos alternados, a polaridade positiva do corpo vital está se
tornando mais pronunciada, independente do sexo. Este fato é responsável
pela crescente tendência ao Altruísmo que está se manifestando em razão do
sofrimento advindo da grande guerra em que estamos agora lutando (1918),
pois todos concordam que as nações estão procurando obter uma paz
duradoura, onde as espadas possam transformar-se em arados e as lanças em
podadeiras. No passado, a humanidade reivindicou a fraternidade universal
como um grande ideal, mas precisamos ficar mais perto disto tudo para
estarmos em plena concordância com Cristo. Ele disse a Seus discípulos: "Vós
sois meus amigos". Entre irmãos e irmãs pode existir ódio e inimizade, mas a
amizade é a expressão do amor e um não pode existir sem o outro. Portanto,
amizade universal é a palavra mágica que nivelará todas as diferenças, trará
paz ao mundo e boa vontade entre os homens. Este é o grande Ideal
proclamado pela Fraternidade Cainita, um Ideal que indica o caminho mais
curto para o Novo Céu e a Nova Terra, onde os Filhos de Caim e os Filhos de
Seth finalmente serão unidos.
CAPÍTULO IX
ARMAGEDDON, A GRANDE GUERRA E A PRÓXIMA ERA

O gráfico apresentado no Capítulo V mostra que houve uma Era em que a


humanidade vivia em paz e felicidade sob a guarda de um regente que exercia
o duplo cargo de Rei e Sacerdote, sendo chefe tanto temporal quanto espiritual
da raça humana de duplo sexo. Ele é chamado Melquisedeque na terminologia
bíblica e diz-se que ele era o Rei de Salem, e Salem significa Paz. Depois, a
humanidade foi dividida em dois sexos, masculino e feminino, e colocada sob
dupla regência: a de um Rei, dominando seus negócios temporais e
procurando desenvolvê-los pela indústria e política, e a de um Sacerdote,
exercendo uma autoridade espiritual da maneira como considerava ser o
caminho para o bem eterno de seus tutelados.

A política empregada pelos Filhos de Caim favorece o ideal masculino, Hiram


Abiff, o Senhor Artífice, o Filho do Fogo, enquanto que os Filhos de Seth, o
Sacerdócio, defendem o ideal feminino na Virgem Maria, a senhora do mar.

Assim, fogo e água, masculino e feminino, Igreja e Estado são opostos entre si,
com o inevitável resultado da luta que vem sendo travada desde a separação.
O pecado, a tristeza e a morte são predominantes e a humanidade está orando
para o dia da redenção, quando as duas correntes serão unidas no Reino do
Céu, onde não existe nem matrimônio nem o dar-se em matrimônio, e onde
reina Cristo, o Rei da Paz, exercendo o cargo duplo de Rei e Sacerdote,
segundo a ordem de Melquisedeque, para o bem de todos.

Mas esta nova ordem não pode surgir em um dia. São precisas eras de
preparação, não só na Terra em si, como do povo que irá habitá-la. Para
termos uma idéia de como as pessoas e esta Terra são constituídas será de
muita ajuda levarmos em consideração a carreira evolutiva da humanidade que
nos conduziu até aqui e a Terra onde vivemos hoje. Isto nos dará a
possibilidade de avaliarmos o que está reservado para nós no futuro.

As tradições bíblicas e ocultas concordam com a ciência de que houve um


tempo em que a escuridão reinava sobre a profundidade do espaço. O material
para o futuro planeta Terra estava sendo reunido e colocado em movimento
pelas Divinas Hierarquias. Este estágio foi seguido por um período de
luminosidade, quando a nuvem escura de matéria tornou-se uma névoa
incandescente. Em seguida, houve um período em que o frio do espaço e o
calor do planeta em formação geraram uma atmosfera de vapor próxima ao
núcleo ígneo e também de neblina mais adiante do centro ígneo. Quando a
névoa se resfriava, caía de novo como chuva sobre o núcleo ígneo para ser re-
evaporada, e isto continuou por ciclos intermináveis até que, pela ebulição
repetida das águas, uma incrustação começou a formar-se ao redor do núcleo
ígneo. Pelas incrustações no oceano de fogo, aprendemos que a humanidade
habitou em corpos físicos sólidos, que eram muito diferentes daqueles que
temos hoje. Durante o estágio seguinte, a crosta da Terra tornou-se
suficientemente forte para cobrir todo o núcleo interior, e a humanidade viveu,
então, nas bacias da Terra, na região da névoa que era tão densa que a
respiração era realizada por meio de brânquias semelhantes as dos peixes e
ainda observadas no embrião humano.

Quando as névoas de Atlântida começaram a acomodar-se, alguns de nossos


antepassados tinham desenvolvido pulmões embrionários e foram forçados a ir
para as terras altas, anos antes de seus companheiros. Portanto, eles vagaram
no deserto enquanto a terra prometida, como a conhecemos hoje, estava
emergindo das névoas mais leves e, ao mesmo tempo, seus pulmões em
crescimento os preparavam para viverem sob as atuais condições
atmosféricas. Duas outras raças nasceram nas depressões da Terra, depois
que os pioneiros a deixaram. Mais tarde, uma sucessão de enchentes os
impeliu para as terras altas. A última enchente aconteceu quando o Sol, por
precessão, entrou no signo aquoso de Câncer, cerca de dez mil anos atrás,
como foi contado a Platão pelos Sacerdotes Egípcios. Vemos assim, que não
existe mudança brusca de constituição ou de ambiente para toda a raça
humana quando uma nova época é introduzida. Há uma sobreposição de
condições que torna possível para a maioria, através da adaptação gradual,
entrar nas novas condições, embora a mudança possa parecer repentina para
o indivíduo quando o trabalho preparatório é realizado inconscientemente. A
metamorfose do sapo como um habitante da água até o elemento aéreo, dá
uma analogia da passada emersão da humanidade do continente da Atlântida
para a Era do Arco-íris ou Ariana. A transformação de uma larva em uma
borboleta voando pelo espaço, é uma ilustração apropriada da mudança que
está por vir, do nosso atual estado e condição para os da Nova Galiléia, onde o
Reino de Cristo será estabelecido. Como será a mudança na constituição
humana e no meio-ambiente, pode ser observado se examinarmos as
condições passadas como descritas na Bíblia, que está de acordo nos
principais pontos com as tradições ocultas. Este Novo Céu e Nova Terra estão
agora em formação. Quando o celestial marcador do tempo, o Sol, entrou em
Áries por precessão, um novo ciclo começou e as boas novas foram pregadas
por Cristo. Ele afirmou implicitamente que o Novo Céu e a Terra ainda não
estavam prontos, e disse a Seus discípulos "para onde Eu vou, vós não podeis
seguir-Me agora, mas podereis seguir-Me depois, Eu vou preparar um lugar
para vós e voltarei e vos receberei". Mais tarde, João viu, em visão, a Nova
Jerusalém descendo do Céu, e Paulo exortou os Tessalonicenses, pela
palavra do Senhor, que aqueles que vivem em Cristo serão, na Sua próxima
vinda, arrebatados no ar para encontrá-Lo e estar com Ele para a Era. Isto está
de acordo com as características mostradas nos desenvolvimentos passados.
Os Lemurianos viviam muito próximos ao núcleo ígneo da terra. Os Atlantes
habitavam as bacias, um pouco mais afastados do centro. Os Arianos foram
impelidos pelas enchentes para o alto das montanhas onde estão vivendo
agora. E, analogamente, os cidadãos da Era por vir habitarão o ar.

Sabemos que nosso corpo denso gravita em direção ao centro da terra,


portanto, uma mudança deve acontecer. Paulo nos diz que a carne e o sangue
não podem herdar o Reino do Céu. Mas ele também mostra que temos uma
soma psuchicon (traduzido erroneamente como corpo natural), um corpo-alma,
e este é feito de éter, que é mais leve que o ar e portanto capaz de levitação.
Este é o Traje Nupcial Dourado, a Pedra Filosofal ou a Pedra Viva,
mencionados em algumas das filosofias antigas como a Alma Diamantina, pois
esse traje é luminoso e brilhante - uma gema sem preço. Era também chamado
de Corpo Astral pelos Alquimistas medievais, devido à capacidade que ele
conferia àquele que o possuísse de atravessar as regiões estelares. Mas não
deve ser confundido com o Corpo de Desejos que alguns dos modernos
pseudo-ocultistas chamam erroneamente de Corpo Astral. Este veículo, o
Corpo-alma, será eventualmente desenvolvido pela humanidade como um
todo, mas durante a mudança da época Ariana para as condições etéricas da
Nova Galiléia, haverá pioneiros que precederão seus semelhantes, da mesma
maneira que os Semitas o fizeram na mudança da Época Atlante para a Ariana.
Cristo mencionou esta classe em Mateus, 11.° Capítulo, 12.° versículo, quando
disse: "Faz-se violência ao reino dos Céus e pela força se apoderam dele".
Esta não é a tradução correta. Devia ser: "O Reino dos Céus tem sido
invadido" (do grego biaxetai) "e os invasores se apoderaram dele". Homens e
mulheres já aprenderam, através de uma vida santa e útil, a deixar de lado o
corpo de carne e sangue, de forma intermitente ou permanente, e a andar
pelos céus com pés alados, concentrando-se sobre os serviços de seu Senhor,
vestidos no traje nupcial etérico da nova dispensação.

Esta mudança pode ser realizada através de uma vida de simples ajuda e
prece, como é praticada pelos Cristãos devotos, não importando a que igreja
estejam filiados ou se seguem o caminho dos Filhos de Seth. Outros
conseguiram isso, seguindo os exercícios específicos dados pelos Cainitas.
Assim, o processo da unificação das duas correntes já está se processando.
Mas a guerra entre a carne e o espírito ainda agita a maioria das pessoas, tão
ferozmente como aconteceu nos dias em que Paulo deu vazão a seus
sentimentos reprimidos e falou-nos de como a carne estava lutando contra o
espírito dentro dele, e como fez coisas erradas que não queria fazer, omitindo
as boas ações que tão ardentemente aspirava realizar. A luta jamais cessará
para o maçom Místico enquanto ele não aprender a construir o Templo sem as
mãos; templo que não estará completo até que ele chegue ao Décimo - oitavo
(1 mais 8) Grau, que é o Grau da Rosa Cruz. Este é o último do Trigésimo -
terceiro Grau, pois três vezes três são nove, e um mais oito são nove. Sendo
nove o mais alto grau dos Mistérios Menores, aquele que já tenha passado
este grau da genuína Ordem Mística é, então, e somente aí, o filho da viúva de
nove ou Naim, pronto para ser ressuscitado pelo forte aperto da garra do Leão
de Judá até ao Reino dos Céus. Lá receberá o "bem fizeste tu, bom e fiel
servo, entra na alegria de teu Senhor"; pois, "Aquele que supera, Eu o farei um
Pilar na Casa de Deus, então dali não mais sairá". Ele é imortal, liberto da roda
de Nascimento e Morte.
RESUMO

Para concluir, seria bom resumir os pontos que foram abordados nestes artigos
sobre a Ordem dos Cainitas, a Maçonaria e o Catolicismo, entendendo-se que
o termo "Catolicismo", como foi empregado aqui, não se refere apenas à Igreja
Católica Romana, sendo que "Católico" é usado no sentido de Universal, de
maneira que o termo inclui todos os movimentos iniciados pelos Filhos de Seth,
o Sacerdócio.

A origem das correntes temporal e espiritual de evolução é a seguinte:

O Único Acima criou Eva, um ser humano.

O espírito Lucífero Samael uniu-se a Eva (depois que Lilith havia deixado Éden
e Adão), e gerou um filho semi-divino, Caim. Como ele abandonou Eva antes
do nascimento do filho, Caim era o filho de uma viúva e uma Serpente da
Sabedoria.

Depois O Único Acima criou Adão, um ser humano igual à Eva.

Adão e Eva se uniram e geraram um filho, humano como eles, cujo nome era
Abel. O Único Acima, por ser o Deus Lunar, está associado à água, daí ter
havido inimizade entre Caim, o Filho do Fogo, e Abel, o Filho da Água. Caim,
então, matou Abel e Abel foi substituído por Seth.

Com o tempo e através de gerações, os Filhos de Caim tornaram-se os


artesãos do mundo, hábeis no uso do fogo e do metal. O ideal deles era
masculino, Hiram Abiff, o Mestre artífice.

Os Filhos de Seth, por outro lado, tornaram-se clérigos, que defendiam um


ideal feminino, a Virgem Maria, e que regiam seu povo através da água mágica
colocada nas portas de seus templos.

Várias tentativas foram feitas para unir as duas correntes da humanidade e


emancipá-las de seus progenitores, O Único Acima e os espíritos Lucíferos.

Com este objetivo, o Templo simbólico foi construído de acordo com as


instruções de Salomão, Filho de Seth, e o Mar Fundido foi moldado por Hiram
Abiff Filho de Caim; mas o objetivo principal foi frustrado como vimos, e a
tentativa de unificação malograram.

Moisés, o líder da antiga dispensação, divinamente indicado e depois renascido


como Elias, guiou a humanidade durante os períodos de sua infância, e
finalmente encarnou-se como João, o Batista, o arauto da nova dispensação, a
Era Cristã. Na mesma ocasião, os outros atores no Drama do Mundo também
foram levados ao nascimento para que pudessem servir seus irmãos.

Ao moldar o Mar Fundido, Hiram Abiff recebeu o batismo de fogo de Caim, o


que o livrou dos espíritos Lucíferos e foi-lhe dado um novo Martelo e uma nova
Palavra. Quando a nova Era se manifestou, ele nasceu como Lázaro, o filho da
viúva de Naim, e ressuscitou, pelo aperto forte da garra do leão, para a fileira
dos Imortais como Christian Rosenkreuz e K, W:.L:. (o último, fundador da
Caimária).

Salomão, o Filho de Seth, renasceu como Jesus. O batismo da água


administrado por João como representante do O Único Acima, também o
libertou. Naquele momento, Ele cedeu seu corpo para o Espírito Cristo que
estava descendo e permaneceu ao lado do novo líder.

A religião tem sido terrivelmente maculada com o decorrer do tempo, sua


pureza primitiva há muito desapareceu sob o regime do credo, e não é mais
Católica, isto é, Universal. Seitas e "ismos" proliferam-se em várias direções.

Christian Rosenkreuz ficou encarregado dos Filhos de Caim, que procuram a


luz do conhecimento no fogo sagrado do Santuário Místico. Da mesma forma
que a energia criadora implantada por seu divino antepassado Samael fez com
que Caim trabalhasse e criasse, assim também, essa mesma necessidade
espiritual induz seus descendentes a elaborar sua própria salvação através do
fogo da tribulação, confeccionando o Dourado Manto Nupcial, que é o "Abre-te-
Sésamo" para o Mundo Invisível. Embora o sangue purificador de Jesus tenha
sido uma necessidade absoluta para milhões de irmãos mais fracos,
dificilmente haverá alguma dúvida quando afirmamos que quanto mais homens
e mulheres ligarem-se à Ordem dos Cainitas para conscientemente
construírem este Templo da Alma, mais cedo veremos o segundo da Grande
Obra.

• Este arquivo tem como objetivo único, demonstrar ao estudante a


neo-filosofia gerada após a fundação da Maçonaria e do Catolicismo
que, por sua vez, mesclaram o misticismo dos Filhos de Caim em
suas Obras.
• Que sirva de conclusão ao neófito; não há como fugir das trilhas do
Nosso Pai Caim, uma vez que ele é a serpente sábia do caduceu. A
outra metade do equilíbrio natural do mundo.
• Para se conhecer a Chave Mestre da Grande Obra forjada e
doutrinada por nossos ancestrais cainitas, não há precisão alguma
de fugir do nome e da presença do Único Acima e nem imaginar que,
temos por necessidade, a obrigação de pregar uma filosofia lucífera
para obtermos os poderes preditos por Caim e sua maldição-benção.

Lembre-se, apenas o estudante que abrir sua mente entenderá os segredos


descritos neste livro e, somente assim, poderão avançar.

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