Modelagem de Linha de Transmissão
Modelagem de Linha de Transmissão
Modelagem de Linha de Transmissão
Modelagem de Linhas de
Transmisso
1. OBJETIVO
Este captulo tem por objetivo apresentar a modelagem das linhas de
transmisso a ser empregada em estudos de regime permanente (fluxo de carga) e de curto circuito em sistemas eltricos.
O principal aspecto a ser considerado na modelagem de uma linha de
transmisso a dificuldade de se representa-la por um circuito equivalente a
parmetros concentrados. Uma linha de transmisso constituda por um
conjunto de parmetros distribudos, indutncia, resistncia, capacitncia e
condutncia de disperso. Pela teoria de circuitos, para as linhas de
transmisso serem representadas por circuitos equivalentes com parmetros
concentrados, elas devem ter as dimenses muito menores que do
comprimento de onda das tenses e correntes que circulam por ela em regime
permanente. No caso particular dos sistemas eltricos de potncia em regime
permanente senoidal na freqncia de 60 Hz, o valor correspondente a do
comprimento de onda 1250 km, portanto linhas de transmisso de algumas
dezenas de quilmetros ou mais merecem uma ateno especial.
2. INTRODUO
As linhas de transmisso so as artrias dos sistemas eltricos, elas
transportam toda a energia eltrica produzida nas centrais de gerao at os
grandes pontos de consumo. A transmisso de energia em grandes blocos podem ser feitas atravs de linhas areas, cabos subterrneos e linhas isoladas
VI - 1
em gs comprimido, como a grande maioria dos casos de transporte de grandes blocos no mundo so de linhas areas, estas mereceram nossa ateno
neste captulo.
O termo linhas de transmisso genrico inclui linhas de todos os nveis de tenso, desde o de 13,8 kV empregado na distribuio at os nveis de
EAT.
A escolha da tenso nominal de uma linha de transmisso depende
essencialmente de duas grandezas: da potncia a ser transportada e da distncia associada a este transporte. Existem diversos critrios para a determinao preliminar do nvel de tenso de uma linha de transmisso, a referncia
[1] apresenta o de Still, cujos resultados so considerados satisfatrios para
linhas com comprimentos maiores que 30 km, neste critrio o nvel de tenso
preliminar em kV obtido a partir da seguinte equao:
P
100
[1]
onde:
L - comprimento da linha em km
P potncia a ser transportada em kW
A escolha dos condutores para uma dada linha de transmisso
obedecem aspectos tcnicos e aspectos econmicos. Dentre os aspectos
tcnicos destacamos: os esforos mecnicos, aquecimento, queda de tenso e
efeito Corona. Os condutores empregados nas linhas de transmisso so na
sua grande maioria cabos formados pelo encordoamento dos fios elementares
em alumnio puro ( CA ou aluminum conductor AC ) ou de alumnio com alma
de ao ( CAA ou aluminum conductor steel reinforced ACSR ). Nos Estados
Unidos e Canad so tambm adotados condutores de alumnio em ligas com
outros materiais como os cabos AAAC ( all aluminum alloy conductor ) e ACAR
( aluminum conductor alloy reinforced ) com alma de alumnio. O uso de cobre
ou ligas de cobre est restrito a um pequeno nmero de sistemas eltricos tais
como a rede area urbana da CELPE.
VII - 2
[2]
Este valor varia com a temperatura e com a freqncia eltrica. A variao com a temperatura matematicamente expressa pela seguinte equao:
RT 2 = RT1.[1 + t .(T 2 T1)]
[3]
onde:
RT1 resistncia eltrica do condutor na temperatura T1
RT2 resistncia eltrica do condutor na temperatura T2
t coeficiente do aumento da resistncia com a temperatura
T2 temperatura do condutor onde se deseja obter a resistncia
T1 temperatura do condutor onde se conhece o valor da resistncia.
VII - 3
a temperatura de 20o C como referncia ele vale 0,00385 (1/0C), para os cabos
de alumnio pode-se adotar o valor de 0,00403 (1/0C).
A variao da resistncia com a freqncia est relacionada ao efeito
skin ou pelicular. Este efeito faz com que um condutor cilndrico ao ser percorrido longitudinalmente por uma corrente alternada, a densidade de corrente no
seu interior seja menor junto ao seu eixo longitudinal e mxima junto sua superfcie.
O efeito skin ou pelicular pode ser facilmente entendido imaginando-se
o condutor composto de um nmero infinito de fibras longitudinais, paralelas
entre si e ao eixo longitudinal, cada qual representando um condutor infinitesimal. Admitindo duas sees transversais, a uma certa distncia entre si, a
queda de tenso em qualquer das fibras deve ser a mesma. Em corrente alternada, em cada fio a no somente uma queda de tenso hmica, como tambm
uma tenso ou fem induzida pelo fluxo magntico alternado. A fem junto superfcie do condutor ser menor do que aquela induzida em uma fibra junto a
uma fibra mais prxima ao eixo do condutor, pois a fibra externa enlaada
por um fluxo magntico menor do que aquele que enlaa as fibras mais internas. Ento para que as quedas de tenso sejam iguais nas fibras de menor
reatncia indutiva que naquelas de maior reatncia indutiva, necessrio que
as correntes nas primeiras sejam maiores do que nas segundas, logo a densidade de corrente ser maior na periferia dos condutores.
A resistncia srie de uma linha de transmisso pode ser decomposta
em trs parcelas:
r = rcc + ra + rad
[4]
onde:
rcc (ohm/km) - resistncia que o condutor apresenta circulao
da corrente contnua;
ra (ohms/km) - resistncia aparente que provocada pela existncia de fluxos magnticos no interior dos condutores;
rad (ohms/km) - resistncia aparente adicional.
VII - 4
l
S
[5]
onde:
l - comprimento do condutor;
S - rea da seo transversal do condutor.
O termo rad da resistncia eltrica apresentado na equao [2] est
relacionada aos cabos pra-raios multi-aterrados que em regime permanente
constituem fontes adicionais de perdas de energia. Devido ao acoplamento
magntico com os condutores de fase , tenses so induzidas em regime permanente nos cabos pra-raios multi-aterrados, produzindo correntes e obviamente perdas e aquecimento pelo efeito Joule. Essas perdas de energia so
includas nos clculos do desempenho das linhas de transmisso.
VII - 5
[6]
VII - 7
H.dl = i
[7]
onde :
H vetor campo magntico
IT corrente total envolvida pelo percurso fechado
i
2y
[8]
VII - 8
[9]
[10]
y=D
0.i
0.i
D
.dy =
.Ln
2..y
2.
R
y=R
B.ds =
y=R
[11]
Substituindo na equao [6] a equao [11] podemos ento obter a indutncia externa deste condutor LE
LE =
R.0
D
.Ln
[12]
VII - 9
x interno ao condutor, a corrente no interior (x/R)2.i e utilizando a lei de Ampre aplicada a este crculo obtemos:
B = R.0.H =
R.0.x.i
2..R 2
[13]
wmf
[14]
1
.LI.i 2
2
[15]
R.0
8.
[16]
LT =
4.
R
R
4
R.e
[17]
Analisando a equao [17] verificamos que substituindo o raio do condutor por um raio equivalente esta equao se torna idntica a da indutncia
externa do condutor. Este raio equivalente pode ser interpretado como sendo o raio de um condutor fictcio, terico, que, no possuindo fluxo inVII - 10
nos
clculos
do
fluxo
produzido
por
condutores
r' = r.e
1
4
= 0,7788.r
[18]
O termo r denominado de raio mdio geomtrico ( RMG ) e definido como sendo o raio de um condutor fictcio cilndrico e macio que produz
um campo magntico igual ao campo magntico do condutor real.
VII - 11
q
q
=
s 2x
[19]
onde:
2x - rea por metro linear do condutor.
q - nmero de linhas que atravessam essa superfcie.
D
q
=
2x
[20]
= 0 r
[21]
onde:
- a permessividade eltrica do ar.
v 12 =
D2
D2
Edx = 2 ln D
D1
[22]
VII - 12
v ab =
1
q
q
D
. .dx =
. ln
2 R x
2
R
[23]
C ab =
q
=
D
U ab
ln
R
[ 24]
VII - 13
VII - 14
Toda a energia liberada deve provir do campo eltrico da linha, portanto, do sistema alimentador, para o qual representa perda de energia, por
conseguinte, prejuzo. As perdas relacionam-se com a geometria dos condutores, tenses de operao, gradientes de potencial nas superfcies dos condutores e com as condies meteorolgicas locais.
Descargas individuais de corona provocam pulsos de tenso e corrente de curta durao que se propagam ao longo das linhas, resultando em
campos eletromagnticos em suas imediaes. Essas descargas ocorrem durante ambos os semiciclos da tenso aplicada, porm aquelas que ocorrerem
durante os semiciclos positivos que irradiam rudos capazes de interferir na
radio-recepo nas faixas de freqncia das transmisses em amplitudes moduladas.
c
300.000
=
=
= 1250 Km
4 4. f
4.60
onde:
c - velocidade de propagao da luz;
f - freqncia em Hz
VII - 15
i(x,t)
r.x
v(x,t)
l.x
v(x+x,t)
g.x
c.x
v
t
i
t
[25]
[26]
v( x + x, t ) v(x, t )
i
= r.i l.
x
t
[27]
i(x + x, t ) i(x, t )
v
= g.v c.
x
t
[28]
tomando o limite quando x tende para zero nas equaes [27] e [28],
v
i
= r.i l.
x
t
VII - 16
[29]
i
v
= g .v c.
t
x
[30]
r
.
l
.
x
x.t
2x
[31]
2i
v
2v
=
c
.
.
x
x.t
2x
[32]
[33]
2i
v
2v
= g . c. 2
x.t
t
t
[34]
Finalmente, substituindo as equaes [29], [30], [33] e [34] nas equaes [31] e [32], obtm-se:
2v
v
v
2v
.
.
.
=
gv
2x
t
t
2t
[35]
2i
i
i
2i
g
.
ri
l
c
.
r
.
l
t
t
2t
2x
[36]
[37]
2i
i
2i
=
r
.
g
.
i
+
(
cr
+
lg
)
+
lc
t
2x
2t
[38]
VII - 17
operando
em
regime
permanente
senoidal
tenso
[39]
2I
= z. y.I
2x
[40]
I =
A x B x
e +
e
Zc
Zc
[41]
[42]
onde denominada constante de propagao e ZC a impedncia caracterstica de uma dada linha de transmisso, pelas seguintes equaes:
= z . y = + j
Zc =
Z
y
VII - 18
[43]
[44]
A constante de propagao est relacionada a forma como os fasores tenso e corrente variam ao longo da linha, a variao dos mdulos com a
constante de atenuao e as variaes das fases das tenses com a constante de fase .
Analisando as equaes [41] e [42], pode-se ver que o fasor tenso e
o fasor corrente consistem ambos da soma de suas senides moduladas a
medida que se propagam ao longo do eixo x pelas exponenciais:
e = e x e jx .
Logo cada senide sofre:
a) um amortecimento provocado pelo termo ex que dependendo do sinal do
expoente positivo ou negativo, isto pode aumentar a amplitude das senides a medida que varia a distncia x ou diminui as amplitudes das senides, caso seja positivo ou negativo respectivamente.
b) Ocorre ao mesmo tempo, um avano de ex na fase da onda qual aplicado.
Assim conclumos que comanda a forma pela qual as tenses e correntes se propagam ao longo da linha, da a denominao de funo de propagao ou constante de propagao.
A determinao das tenses e correntes ao longo de uma linha de
transmisso de comprimento l0 em regime permanente senoidal obtida atravs das expresses [41] e [42]. Na grande maioria das situaes prticas no
se est interessado em calcular a tenso num dado ponto qualquer x da linha
e sim em pontos especficos como incio da linha de transmisso ( x=0 ) e final
( x = l0 ). Em x=0 o fasor tenso V1 e o fasor corrente I1, em x = l0 e o fasor
tenso V2 e o fasor corrente I2, assim::
V(0) = V1 , I(0) = I1 , V(l0) = V e I(l0) = I 2
2
[45]
A=
(V2 Z c I 2 ) e
[46]
V Zc I2 1
B= 2
e
2
[47]
Utilizando as equaes [41] e [42] para obter os valores do fasor tenso e do fasor corrente em x=0, substituindo nas equaes os valores de A e B
das equaes [46] e [47], obtemos:
e y2 + e y2
V1 = V2
2
e y1 e y1
+ Z c I 2
2
e y2 + e y2
I 1 = I 2
2
como
e y1 + e y1
cosh 1 =
2
V2
+
Zc
e y1 e y1
e y1 e y1
senh 1 =
2
[48]
[49]
equao geral que permite obter a tenso e a corrente no incio de uma linha
de transmisso em regime permnanete quando a tenso e a corrente no final
da linha de transmisso so conhecidos, ento:
V1 = V2 cosh( .l0) + Zc I2senh( .l0)
I1 = I 2 cosh( .l0) +
V2
senh( .l0)
Zc
[50]
[51]
8. LINHAS CURTAS:
So aquelas linhas de transmisso que podemos desprezar inteiramente os efeitos da capacitncia e da condutncia de disperso. So linhas
cujo desempenho em regime permanente pode ser determinado substituindo
VII - 20
[52]
I1 I 2
[53]
A equao [52] pode ser desenvolvida utilizando as definies de impedncia caracterstica e constante de propagao, Zc. . =
z
. zy = z , de
y
modo que:
V1 = V2 + z.l0.I 2 = V2 + ZLT.I 2
[54]
LT
LT
V
1
V
2
Do ponto de vista prtico, linhas curtas so que se enquadram nas seguintes condies:
VII - 21
9. LINHAS MDIAS
So linhas de transmisso cujo desempenho em regime permanente
pode ser determinado substituindo nas equaes [50] e [51], os termos hiperblicos (coseno hiperblico e seno hiperblico) pelos dois primeiros termos da
srie de potncia, sem incorrer em erros maiores que 1%.
So linhas que podem ser caracterizadas por:
a) apresentam comprimento de 200km com tenses nominais maiores que150kv e menores que 400kV.
b) Apresentam comprimento mximo de 100km com tenses nominais maiores que 400kV.
A capacitncia includa no clculo das linhas mdias e os termos hiperblicos so substitudos empregando as seguintes equaes:
3
(
.l0 )
senh( .l0) ( .l0) +
3!
cosh( .l0) 1 +
( .l0) 2
2!
[55]
ZLT.YLT
ZLT.YLT
I1 = I 2 1 +
+ V2 .YLT 1 +
2
6
[56]
Figura 7 - Circuito Pi
[57]
Z Y
Z Y
I1 = I 2 1 + + V2 Y 1 +
4
2
[58]
YLT
YLT
VII - 23
ZLT/2
YLT
10.
LINHAS LONGAS
So aquelas em cujo clculo das tenses e correntes em regime perma-
nente necessrio empregar as equaes [50] e [51] completas, na forma exponencial ou na forma hiperblica.
Para a modelagem destas linhas de transmisso em regime permanente
usualmente empregado os circuitos pi e T equivalentes, cujos parmetros
so obtidos comparando os coeficientes dos termos hiperblicos das equaes
[50] e [51] com as equaes do circuito pi [57] e [58]. Desta comparao podese obter que:
Z = Z c senh( .l0)
multiplicando-se e dividindo-se o segundo termo por .l0 obtm-se:
Z =
VII - 24
finalmente:
Z = Z LT
senh( .l0)
= Z LT .FCI
.l0
[59]
Z Y
2
ou,
Y cosh ( .l0) - 1
=
2
Z
como Z = Z c senh( .l0) :
Y
cosh ( .l0) - 1
1
.l0
=
=
.tanh
2
Z C .senh( .l0) ZC
2
multiplicando-se e dividindo-se o segundo termo por (.l0)/2 obtm-se:
.l0
.l0
.l0
tanh
tanh
Y 2
2 YLT
2
=
.
=
.
2
ZC
2
.l0
.l0
2
2
e finalmente:
Y YLT
=
.FCA
2
2
VII - 25
[60]
11.
BIBLIOGRAFIA
VII - 26