Apostila de Adsorção
Apostila de Adsorção
Apostila de Adsorção
CURSO DE ESPECIALIZAO EM
PROCESSAMENTO PETROQUMICO
CENPEQ
OPERAES UNITRIAS
ADSORO
Junho/2006
ii
Operaes Unitrias
Adsoro
Penso noventa e nove vezes e nada descubro;
deixo de pensar, mergulho em profundo silncio e eis
que a verdade se me revela.
A. Einstein
SUMRIO
1.
INTRODUO .................................................................................................................. 3
2.
CARACTERIZAO DE ADSORVENTES.................................................................. 33
1. INTRODUO
A operao unitria de adsoro , possivelmente, a tcnica para separaes no baseada em
equilbrio lquido-vapor mais amplamente usada nas indstrias do petrleo, gs natural,
petroqumica e qumica, para a separao dos componentes que formam misturas miscveis de
lquidos ou gases. A adsoro uma operao unitria de transferncia de massa, da mesma
maneira que a destilao, a absoro ou a extrao.
Conforme o dicionrio Aurlio, a adsoro a fixao de molculas de uma substncia (o
adsorbato) na superfcie de outra substncia (o adsorvente). Esta definio bastante imprecisa j
sugere que a citada fixao de certas molculas a uma superfcie vem a constituir um processo de
separao de outras molculas que no foram fixadas com a mesma intensidade.
O primeiro uso de um processo de adsoro est perdido na antiguidade. Talvez foi
associado com a observao que a gua tinha gosto diferente, presumivelmente melhor, quando
tratada com madeira carbonizada. A habilidade de certos materiais em remover cor de solues era
conhecida no sculo XV, e p de ossos era comercialmente usado para descolorao de solues de
acar no final do sculo XVIII. Em meados do sculo XIX carvo de madeira era usado em
respiradores de hospitais para purificao do ar.
Os primeiros processos de adsoro de gs em larga escala foram comercializados quase
simultaneamente em princpios dos anos 1920, a remoo de lcool e benzeno de uma corrente de
gs pela Bayer, na Alemanha, e a recuperao de etano e hidrocarbonetos mais pesados de gs
natural pela Union Carbide Corporation nos Estados Unidos.
Deste comeo humilde e diverso cresceu uma tecnologia de separao que hoje, abrange
uma vasta gama de processos. Uma lista representativa de separaes feitas por adsoro
mostrada na Tabela 1.1.
Processos de adsoro consistem na concentrao seletiva (adsoro) de um ou mais
componentes (adsorbatos) de um gs ou um lquido superfcie de um slido microporoso
(adsorvente). As foras de atrao que causam a adsoro so geralmente mais fracas que aquelas
das ligaes qumicas, e aumentando a temperatura do adsorvente ou reduzindo a presso parcial do
adsorbato (ou concentrao em um lquido), o adsorbato pode ser dessorvido. A dessoro ou etapa
de regenerao bastante importante no processo global. Primeiro, a dessoro permite recuperao
de adsorbatos nessas separaes onde eles so valiosos; e segundo, permite novo uso do adsorvente
durante ciclos adicionais. Em alguns poucos casos, a dessoro no prtica, e o adsorbato deve ser
Ar Limpo
Impurezas
Matrias
Primas
Reciclo de
Contaminantes
Separao
Ar
Efluente
Separao
Reao
Subprodutos
Separao
Produtos
gua
Efluente
Separao
Reciclo de
Contaminantes
gua
Limpa
Figura 2.1. Processos de separao na indstria qumica
2.1.
DIAGRAMAS DE FASES
A transformao de um produto puro de uma fase slida para lquida recebe o nome de
fuso, sendo um processo que requer energia de uma fonte externa. Se a presso constante, a fuso
de um composto puro se d a temperatura constante, chamada de temperatura de fuso. O processo
de solidificao a passagem do estado lquido para o slido. A solidificao libera energia e se d
mesma temperatura de fuso. Observe que a temperatura de fuso ou de solidificao em geral
no constante para uma mistura.
Analogamente, a transformao de um produto puro de uma fase lquida para gs recebe o
nome de evaporao, sendo um processo que requer energia de uma fonte externa. Se a presso
constante, a evaporao de um composto puro se d a temperatura constante, chamada de
temperatura de ebulio (ou de evaporao). O processo de liquefao a passagem do estado gs
para o lquido. A liquefao libera energia e se d mesma temperatura de ebulio. Observe que a
temperatura de evaporao ou de liquefao em geral no constante para uma mistura.
Estes processos de mudanas de fases esto apresentados na Figura 2.4. Observe que
tambm possvel a mudana diretamente da fase slida para a fase gs, e vice-versa, processo que
recebe o nome de sublimao. O processo de sublimao s pode ocorrer sob determinadas
condies de presso, abaixo do ponto triplo. Desta forma, a sublimao da gua s ocorre a
presses abaixo de 4,58 mmHg abs, que uma condio de alto vcuo (ver Figura 2.3). Algumas
substncias sublimam presso ambiente, como o caso do dixido de carbono (CO2) no
conhecido exemplo do gelo seco. A Figura 2.5 apresenta o diagrama de fases para o dixido de
carbono, onde se observa que o equilbrio entre as fases lquida e vapor para este composto s
possvel para presses acima de 5 atm abs (ponto triplo). O iodo slido e a naftalina so outros
exemplos de compostos que sublimam presso ambiente.
2.2.
EQUILBRIO DE FASES
Quando duas fases so postas em contato elas tendem a trocar seus constituintes at que a
composio de cada fase atinja um valor constante. Quando isto acontece, diz-se que o sistema est
em equilbrio termodinmico. As fases em contato podem ser lquidas, slidas ou gasosas. Quando
s h um componente nas fases, obviamente a composio de cada fase ser igual. No entanto,
quando h mais de um componente nas fases, em geral as composies de cada fase sero
diferentes. Esta a base dos processos de separao por equilbrio de fases. Conforme citado
anteriormente, estes processos promovem a formao de duas fases da mistura, tirando proveito do
fato de que as composies das fases de uma mistura so em geral diferentes uma da outra. Logo a
criao de duas fases d lugar a um processo de separao.
Um dos parmetros usados na descrio quantitativa da facilidade de separao entre dois
componentes em um processo baseado no equilbrio de fases a seletividade. A seletividade ()
definida como a relao entre as composies de um dos componentes em cada fase dividida pela a
relao entre as composies do outro componente em cada fase, de acordo com a Equao 2.1.
Nesta equao a seletividade (1,2) entre os componentes 1 e 2 de um processo dada pela relao
das composies do componente 1 na fase I (x1,I) e na fase II (x1,II) dividida pela relao das
composies do componente 2 na fase I (x2,I) e na fase II (x2,II). Desta forma, admitindo que uma
certa composio de fase II de 50% de cada componente, a seletividade ser tanto maior quanto
maior for a composio do componente 1 na fase I. Se a fase I apresenta igualmente uma
composio de 50% de cada componente, nenhuma separao observada e a seletividade igual a
1 neste caso. Em geral a seletividade definida de modo a possuir valores maiores que a unidade.
x1, I
1, 2 =
x1, II
x2, I
Eq. 2.1
x2, II
Em resumo, quanto maior for a seletividade maior ser a facilidade de separao entre os
componentes por determinado processo. Quanto mais prxima de 1 for a seletividade maior ser a
dificuldade de separao entre os componentes por determinado processo.
Observe que o conceito de seletividade pode ser aplicado a misturas multicomponentes,
porm sempre se refere separao entre dois componentes nesta mistura.
Para o caso particular do equilbrio entre as fases lquida e vapor, usual a representao da
composio da fase lquida com a letra x e da fase vapor com a letra y, como mostrado na Figura
10
2.6. Neste caso, a seletividade recebe o nome especfico de volatilidade relativa (1,2) e est
apresentada na Equao 2.2.
y1
1, 2 =
y2
x1
Eq. 2.2
x2
Observe que este o caso da separao por destilao, onde continua valendo o mesmo
raciocnio: quanto maior for a volatilidade relativa maior ser a facilidade de separao entre os
componentes por destilao; quanto mais prxima de 1 for a volatilidade relativa maior ser a
dificuldade de separao entre os componentes por destilao. A volatilidade relativa pode ser
interpretada, assim, como uma medida da facilidade que uma dada substncia tem para passar fase
vapor.
Um estudo mais aprofundado do equilbrio entre as fases slida e lquida ou vapor, de
interesse nos processos de adsoro, ser desenvolvido no captulo 4, objetivando uma melhor
compreenso do processo de adsoro.
2.3.
destilao, a absoro e o stripping. O vapor de uma mistura em ebulio ser mais rico nos
componentes mais volteis que a mistura original, enquanto que o lquido remanescente conter
mais o material menos voltil. Neste caso, a promoo de um contato ntimo entre estas fases a
chave para a eficincia dos equipamentos destes processos.
O equilbrio entre duas fases lquidas a base para operaes de separao como a extrao.
Nestes processos normalmente se acrescenta um solvente que tem maior afinidade com um ou mais
dos componentes para promover a separao. Observe que haver a necessidade de um processo
adicional de separao do solvente dos componentes extrados, de modo a isolar estes componentes
11
e reciclar o solvente ao processo. Esta separao adicional geralmente conduzida por destilao. A
Figura 2.7 ilustra processos de laboratrio de separao por extrao.
2.4.
SELEO DE PROCESSOS
A seleo do processo mais adequado para uma dada separao ser, em ltima instncia,
governada por critrios econmicos. O melhor processo ser aquele que realize a separao com o
menor custo de produo, considerando custo de investimento e custo operacional do mesmo. No
entanto, para efeito de se ter uma lista de aspectos importantes a se verificar, alguns fatores devem
ser lembrados na seleo de um processo de separao:
1. Viabilidade:
a) Capacidade em realizar a separao e obter a pureza desejada;
b) Eficincia de separao;
c) Condies extremas de presso e temperatura devem ser evitadas.
12
Carga
Agente
Produto
Princpios
Exemplo
Evaporao
Lquido
Calor
Lquido e
vapor
Diferena de
volatilidade
Concentrao de
suco de frutas
Flash
Lquido
Reduo de
presso
Lquido e
vapor
Diferena de
volatilidade
Dessalinizao da
gua do mar
Lquido
e/ou Vapor
Calor
Lquido
e/ou vapor
Diferena de
volatilidade
Estabilizadora de
gasolina
Lquido
Gs no
condensvel
ou vapor
Lquido e
vapor
Diferena de
volatilidade
Remoo de leves
Absoro
Gs
Lquido no
voltil
Lquido e
vapor
Solubilidade
Recuperao de
hidrocarbonetos
leves em unidade
de craqueamento
Extrao
Lquido
Lquido
imiscvel
dois
lquidos
Diferena de
solubilidade
Extrao de
aromticos
Cristalizao
Lquido
Adsoro
Lquido
e/ou Gs
Destilao
Arraste
Remoo ou Lquido
adio de e/ou vapor
calor
e slidos
Slido
adsorvente
Fluido e
slido
Diferena de
Remoo de
tendncia
parafinas de leos
cristalizao e
lubrificantes
participao em
estrutura cristalina
Diferena de
potencial de
adsoro
adsoro de nparafinas
2. Valor do produto: produtos de baixo valor comercial sero mais viveis de serem obtidos em
processos com baixo consumo de energia, de baixo custo de produo, com pequeno investimento e
em grandes plantas industriais.
3. Degradao do produto: altas temperaturas em sistemas com produtos pesados pode levar a um
craqueamento ou polimerizao.
4. Consumo de energia
a) Processos que usam energia como agente separador: buscar minimizar consumo de
energia (destilao);
b) Processos que usam um novo composto como agente separador: necessidade de
separao adicional (extrao, adsoro e absoro);
13
c) Processos governados pelo fluxo: recuperao de energia nos produtos quase nunca
possvel (membrana);
d) Processos que tenham uma fase slida: dificuldade de manuseio de slidos (cristalizao
e adsoro).
Pela simplicidade e aplicabilidade universal, a destilao tem assumido um papel
predominante na tecnologia de separaes e o padro contra o qual se comparam outros processos
potenciais, apresentando como vantagens:
a) Separao fcil para volatilidades relativas maiores que 1,5;
b) Baixo consumo de energia;
c) No envolve manuseio de uma fase slida;
d) No existe adio de nenhum outro composto que possa contaminar o produto;
e) Pode ser facilmente usada em processos de estgios mltiplos com um nico vaso.
Entretanto a destilao no um processo eficiente em termos de consumo de energia e,
com o aumento dos custos da energia, processos de separao alternativos tm atrado crescente
interesse. Ela pode no ser a melhor resposta para casos em que h risco de degradao trmica do
produto e quando as volatilidades relativas so menores que 1,15. Nestes casos, processos como os
de extrao, cristalizao ou adsoro podem se mostrar vantajosos em diversas situaes,
especialmente naquelas em que o uso da destilao convencional conduz a um nmero muito elevado
de estgios. A Figura 2.8 mostra esta situao, apresentando um grfico da eficincia e do refluxo
mnimo necessrio contra a volatilidade relativa () para a separao, por destilao, de uma
mistura hipottica 50%-50% de dois hidrocarbonetos aromticos (A e B) em duas correntes, uma
contendo 99% A + 1% B e a outra contendo 99% B + 1% A. A eficincia trmica calculada em
funo da carga trmica do refervedor com refluxo mnimo. O calor de evaporao foi considerado
como 8070 cal/mol, correspondendo ao tolueno. Para a separao de mistura de benzeno e tolueno
( 2,4) a eficincia trmica em torno de 4,2%. medida que a volatilidade relativa decresce, a
eficincia trmica cai rapidamente devido ao aumento de refluxo necessrio.
Tambm mostrado na Figura 2.8 o nmero mnimo de estgios tericos necessrios para
efetuar a separao especfica a refluxo total. Este nmero aumenta rapidamente com o decrscimo
da volatilidade relativa e fica evidente que para sistemas em que menor do que 1,2, a destilao
ineficiente. O nmero de estgios mnimo para uma volatilidade relativa de 1,1 de cerca de 100
estgios, o que conduziria a cerca de o dobro de estgios em um processo real com refluxo no infinito.
14
Apesar de os custos de uma unidade de separao por adsoro serem geralmente maiores
do que os custos de unidade de destilao com nmero equivalente de estgios tericos, melhores
fatores de separao so comumente obtidos no processo de adsoro. Ento, quando a volatilidade
relativa decresce outros processos, como o de adsoro, eventualmente se transformam na opo
mais econmica. O ponto onde a destilao deixa de ser interessante depende, claro, do sistema
particular, assim como do custo de energia. Como uma aproximao pode-se afirmar que, com a
presente tecnologia, a adsoro torna-se competitiva com a destilao para a separao em massa
quando a volatilidade relativa for menor do que cerca de 1,2 a 1,5. Para processos de purificao
envolvendo gases leves, onde a alternativa a destilao criognica, o custo geralmente mais
favorvel para a adsoro, logo a adsoro comumente preferida mesmo quando a volatilidade
relativa for alta.
Figura 2.8. Refluxo e nmero de estgios mnimos de destilao versus volatilidade relativa.
Alm da volatilidade relativa, outros fatores podem ser analisados na escolha do processo
mais adequado. Assim, destilao ainda no necessariamente a melhor resposta se:
a) A Composio de carga desfavorvel: O produto de interesse tem alto ponto de
ebulio e baixa concentrao na carga (menos que 10 a 25%); um produto indesejvel
de alto ponto de ebulio e muito baixa concentrao (apenas 1 a 2%) deve ser removido
15
Ponto de
fuso(C)
Etil-benzeno
- 95
25
136,2
1,056
0,74
p-Xileno
+ 13
25
138,4
1,000
1,24
m-Xileno
- 48
25
139,1
0,981
0,39
oXileno
-25
25
144,4
0,855
0,46
Seletividade
em Sr-BaX (b)
16
17
3. O FENMENO DE ADSORO
A adsoro fsica um fenmeno pelo qual as molculas de um fluido (gs, vapor ou lquido)
so atradas para uma superfcie slida, em funo de uma fora resultante decorrente da
descontinuidade existente nas molculas desta mesma superfcie. A Figura 3.1, adaptada a partir de
Cardoso (1987), mostra que uma partcula situada em regies internas de um sistema condensado
(slido) encontra-se em equilbrio, pois a resultante das foras que atuam sobre ela zero; j uma
partcula da superfcie est em desequilbrio, pois existe uma resultante de foras (R) atuando sobre a
mesma. Esta resultante a responsvel pela interao entre as molculas de um fluido e a superfcie de
um slido, gerando uma fora de atrao que pode se propagar por mltiplas camadas. Um fenmeno
observado cotidianamente e que envolve foras de atrao semelhantes a essas a condensao de
vapor dgua na superfcie de um espelho. Estas foras so tipicamente foras de van der Waals, de
acordo com Ruthven (1984).
2a. camada
1a. camada
Figura 3.1. Adsoro fsica: atrao entre as molculas de uma superfcie slida e de um
fluido (Cardoso, 1987).
18
como o de peneira molecular e a utilizao de stios inicos, para obter um slido altamente seletivo a
determinadas espcies moleculares. Neste ltimo caso esto as interaes eletrostticas tipo
polarizao, dipolos e quadripolos (Ruthven, 1984). O fenmeno de adsoro fsica , assim, geral,
pois mesmo na ausncia de interaes especficas existem sempre as foras de Van der Waals para
atrarem as molculas da fase fluida para a interface.
A adsoro diminui a energia livre superficial do sistema, pelo que o processo espontneo
(G < 0). Por outro lado, h uma diminuio do nmero de graus de liberdade, pois as molculas
adsorvidas s podem deslocar-se sobre a superfcie, enquanto que as molculas da fase fluida podem
deslocar-se por todo o volume da fase, estando em um estado de maior desordem. Isso significa que h
uma diminuio na entropia do sistema ao passar do estado no adsorvido para o adsorvido, isto S <
0. Como G = H TS, conclui-se que H < 0, ou seja, a adsoro um processo exotrmico.
Portanto de acordo com os princpios de Le Chateliervant Hoff, a quantidade de gs adsorvido
diminui quando a temperatura aumenta.
19
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O primeiro destes mecanismos muito importante para a maioria dos processos de adsoro. O
efeito de peneira molecular fundamental para alguns processos, como a separao de xilenos em
adsorvente zeoltico, enquanto que o ltimo mecanismo tem apenas um nico processo comercial, que
a separao de ar por peneira molecular de carvo.
Adsoro Fsica
Adsoro Qumica
Adsorvente
Todos os slidos
Alguns slidos
Adsorvido
Todos os gases
Temperatura
Baixa
Alta
Calor de adsoro
Baixo (= H cond.)
Alto ( = H reao)
Taxa de adsoro
Muito rpida
Mais lenta
Cobertura
Vrias camadas
Monocamada
Reversibilidade
Altamente reversvel
Irreversvel
Importncia
Determinao da rea
superficial e tamanho do poro
21
22
Ainda nesse sculo, Roebuck e outros introduziram o processo para oxidar SO2 a SO3 com
ar para obteno de cido sulfrico, usando xidos de nitrognio como catalisador: processo de
cmaras de chumbo.
Aps Davy, outro ingls, Michel Faraday (1834) estudou a reao de ar com hidrognio na
presena de Pt e verificou que a superfcie de platina devia estar limpa para que a reao ocoresse
efetivamente. Concluiu ento, que ocorria um fennemo de superfcie. Nesse mesmo ano surgiu a
primeira patente de catalisadores empregando platina na oxidao de enxofre a SO2.
Nessa poca ainda pouco se sabia sobre estruturas de molculas, natureza das ligaes
qumicas ou mecanismo das reaes qumicas, tornando difcil a compreenso cientfica para certos
fenmenos, com a ao de um catalisador numa determinada reao.
Atentando para a srie de transformaes cuja ocorrncia dependia da presena de um
agente que no era consumido no processo, Berzelius resolveu dar o nome de catlise (palavra
grega significando afrouxamento) a esse fenmeno porque tinha idia de que um catalisador
aumentava a reatividade pelo afrouxamento da ligao entre os tomos das espcies qumicas.
Na mesma ocasio, Mitscherlich introduziu o termo ao de contato para definir
fenmenos semelhantes, ao estudar reaes de exterificao utilizando cido sulfrico como
catalisador.
Estudos sobre esterificao utilizando catalisadores foram apresentados por Williamson em
1850. Em 1860, Pasteur mostrou a ao dos microorganismos, introduzindo a catlise enzimtica.
A partir da, o interesse em catlise cresceu e isso refletiu na tecnologia com o
desenvolvimento de vrios processos catalticos industriais e levou a um estudo mais cientfico do
mecanismo da ao cataltica. O primeiro processo heterogneo industrial apareceu em 1868:
Processo Deacon Hinter para produzir cloro partindo de cloridreto e ar, utilizando um catalisador
de cloreto de cobre. Em seguida uma srie de processos foram sendo desenvolvidos. Por exemplo, a
oxidao de SO2 a SO3 com ar na presena de platina para produo de H2SO4, processo que havia
sido desenvolvido utilizando catalisador homogneo no sculo XVII, melhorando o desempenho.
Mostrando a evoluo de catlise, mais tarde a platina tambm foi substituda por outro catalisador
heterogneo: xido de vandio e sulfato de potssio suportados em slica que era menos suscetvel
ao envenenamento (1875).
23
24
4.2.2. SELETIVIDADE
A seletividade, como ser visto no captulo 6, a razo da capacidade do adsorvente para
um componente por sua capacidade para outro componente a uma dada concentrao da fase fluida.
A seletividade na adsoro similar volatilidade relativa na destilao: quanto menor seu valor,
maior o equipamento necessrio. A situao ideal atingida quando o componente principal de uma
alimentao binria no adsorvido (inerte), o que conduz a uma excelente seletividade.
Nos processos tipo TSA e PSA, que sero apresentados no captulo 10, a seletividade um
fator mais importante que a capacidade. Isto acontece porque os adsorventes de alta capacidade tem
tendncia a ser de difcil regenerao.
4.2.3. REGENERAO DO ADSORVENTE
A regenerabilidade essencial para todas as unidades de adsoro cclicas, de modo que os
adsorventes possam operar em ciclos sequenciais com desempenho uniforme. Isto significa que
25
cada componente deve ser adsorvido de maneira relativamente fraca, ou seja, o fenmeno deve ser
de fisissoro e no de quimissoro. O calor de adsoro d uma medida da energia necessria
para a regenerao, assim, do ponto de vista da regenerao, baixos valores so desejados.
A regenerao, como ser visto no captulo 10, pode ser realizada atravs da mudana de
temperatura (thermal swing) ou de presso (pressure swing), ou quimicamente atravs do
deslocamento, eluio ou extrao supercrtica. Algumas vezes so usadas combinaes dessas
tcnicas.
A regenerabilidade de um adsorvente determina a frao de capacidade que recuperada
durante a regenerao (algumas vezes chamada de capacidade de trabalho), assim como o tempo e a
energia necessrios para a mesma. Em muitas unidades, uma pequena perda de capacidade de
trabalho ocorre nos primeiros ciclos. Esta perda freqentemente seguida por uma queda gradual
de capacidade ao longo dos ciclos. Isto ocorre devido a diversos fatores como operao indevida,
envenenamentos ou outras causas no relacionadas regenerao que governam a vida de um
adsorvente.
4.2.4. CINTICA DA ADSORO
A cintica de transferncia de massa relaciona-se com as resistncia transferncia de massa
dentro da partcula (intrapartcula) e no filme externo partcula (extrapartcula), como ser visto
no captulo 7.
4.2.5. COMPATIBILIDADE E CUSTO
A compatibilidade cobre vrios modos possveis de ataque qumico e fsico que pode reduzir
a expectativa de vida do adsorvente. As partculas de adsorvente, incluindo qualquer componente
como ligantes ou grupos superficiais, devem ser todos inertes com relao aos componentes da
alimentao e das correntes regenerantes. Alm disso, condies operacionais como velocidade,
temperatura, presso e vibrao do equipamento no devem causar danos (desintegrao) s
partculas do adsorvente.
Estar alerta para problemas de compatibilidade no to bvio. Por exemplo, as correntes de
alimentao contendo cetonas tm causado incndio em leitos de adsorventes de carvo ativado.
O preo de adsorventes varia, obviamente, com o tempo e de fornecedor para fornecedor.
Mesmo para adsorventes padres, os preos podem variar entre U$ 0,50 at U$ 50/lb. Alumina
ativada e slica gel geralmente so vendidos por US$ 2 a US$ 4 por libra quando comprados em
grande quantidade e 600 lb de carvo ativado geralmente custa em torno de US$ 600. Estes dados
so aproximativos.
26
27
Slica
Adsorventes de slica (SiO2) so disponveis em diversas formas, que contm diversos tipos
de slica gel, vidro borossilicato poroso ou aerogel. O gel uma estrutura rgida, mas no cristalina,
de micropartculas esfricas de slica coloidal; o vidro poroso. A rea superficial especfica varia
de 300 a 900 m2/g, dependendo da densidade. Densidades maiores implicam em poros menores e,
logo, maior rea especfica.
Slicas so em geral claras ou levemente coloridas, transparentes ou translcidas. Algumas
vezes, no entanto, so manufaturadas em mistura com alumina, quando torna-se ento opaca e
branca, com a aparncia da alumina. Apresentam-se como esferas de 1 a 3 mm de dimetro,
grnulos, pellets de 2 a 4 mm de dimetro e p.
A slica um adsorvente hidroflico. Usos de slica como adsorvente inclui a separao de
hidrocarbonetos, reduo do ponto de orvalho do gs natural e secagem de hidrocarbonetos
lquidos, aplicao em que apresenta a mais alta capacidade de adsoro a baixas temperaturas.
usada em casos de alta concentrao de gua na corrente de entrada, e a especificao do ponto de
orvalho na sada no inferior a 60oF. Aplicaes na fase gs em geral exigem o aquecimento do
adsorvente a temperaturas de cerca de 200oC.
Zelitas
Zelitas so aluminossilicatos, isto , compostos estequiomtricos de slica e alumina cuja
estrutura ser discutida a seguir. Sua aparncia branca, opaca, de aspecto similar ao do calcreo.
As que tm teor significante de alumina so hidroflicas, enquanto que quando so
predominantemente de slica tm carter hidrofbico. Internamente so cristalinas e exibem
microporos de dimenses uniformes dentro dos cristais, conforme apresentado na Figura 4.1. Os
microporos so to pequenos e uniformes que normalmente podem distinguir molculas de
tamanhos muito prximos, da serem tambm chamadas de peneiras moleculares. Uma
representao deste efeito de peneira molecular mostrada na Figura 4.2.
Frequentemente h gua de hidratao dentro dos cristais. Para balancear cargas eltricas
resultantes devido a inconsistncias na estrutura, ctions so associados com a alumina. Assim, a
frmula comum de uma zelita contendo um nico ction M de valncia n :
M2/nAl2O3xSiO2yH2O , onde x a razo slica/alumnio (geralmente maior ou igual a 1) e y a
gua molar de hidratao.
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29
30
Slica Gel
US$ 27 milhes
Alumina Ativada
US$ 26 milhes
31
CARACTERSTICAS
Superfcie hidrofbica,
adsorve orgnicos em
gua e ar.
USOS
COMERCIAIS
Remoo de
poluentes orgnicos
em efluentes gasosos
e aquosos.
VANTAGENS
DESVANTAGENS
Adsorvente
hidrofbico mais
barato, carrochefe do controle
de poluio.
Dificuldade de
regenerao em casos
de correntes sujas;
algumas vezes pode
incendiar-se durante a
regenerao.
Peneira molecular de Separa com base na
Produo de N2 a
nico adsorvente Nenhuma outra
carvo
diferena de
partir do ar.
que favorece a
utilizao exceto a
difusividade intraadsoro de O2
produo de N2 a
partcula.
sobre o N2.
partir do ar.
Silica gel
Adsorvente hidroflico Primariamente,
Alta capacidade, No to efetiva na
de alta capacidade.
secagem de correntes maior que a da
remoo de traos de
gasosas. Algumas
peneira molecular gua de correntes
vezes usada para a
zeoltica.
gasosas.
remoo de
hidrocarbonetos de
gases.
Alumina ativada
Adsorvente hidroflico Secagem de correntes Alta capacidade, No to efetiva na
de alta capacidade.
gasosas.
maior que a da
remoo de traos de
peneira molecular gua de correntes
zeoltica.
gasosas.
Peneira molecular
Superfcie hidroflica,
Desidratao,
Pode fazer
Capacidade de
zeoltica
polar, com canais
separao de ar,
separaes
adsoro menor que a
regulares.
separaes baseadas baseadas em
de outros adsorventes.
em diferenas
polaridade e
geomtricas e muitas geometria.
outras.
Silicalita
Superfcie hidrofbica, Remoo de
Pode ser
Mais caro que o
caractersticas de
orgnicos de
regenerado mais carvo ativado.
adsoro similares ao
correntes gasosas.
facilmente que o
do carvo ativado.
carvo ativado.
Adsorventes
Usualmente
Remoo de
No to sujeito a Muito mais caro que o
polimricos
copolmeros de estireno orgnicos de
entupimento
carvo ativado.
e de vinilbenzeno.
correntes gasosas.
quanto o carvo
ativado.
Adsorventes
Superfcie que reage
Remoo de baixas
Excelente para a S economicamente
irreversveis
seletivamente com
concentraes de
remoo de traos vivel para a remoo
alguns componentes das H2S, SO2, etc. de
de contaminantes. de pequenas
correntes gasosas.
gases.
quantidades (menor
que 100 kg/dia).
Bioadsorventes
Lama ativada em um
Remoo de
No necessria Quantidade removida
suporte poroso.
orgnicos de
a regenerao.
menor que a de outros
correntes gasosas.
adsorventes.
32
Dimetro crtico
em A
Molcula
Dimetro crtico
em A
Hlio
2,0
Oxignio
2,8
Argnio
3,8
Metano
4,0
Acetileno
2,4
Etileno
4,2
Hidrognio
2,4
Etano
4,4
gua
2,8
Propano
4,9
Monxido de Carbono
2,8
Sulfeto de Hidrognio
3,6
Dixido de Carbono
4,0
n-Parafinas
4,9
Dixido de Enxofre
4,1
Propileno
5,0
Nitrognio
3,0
Benzeno
5,8
Zelita 3A
3,0
Zelita 4A
3,9
Zelita 5A
4,3
Zelita 10X
7,8
Zelita 13X
8,0
Zelita Y
8,0
Mordenita
7,0
ZSM-5
6,0
Silicalita
6,0
3,0
Slica Gel
> 10
Alumina Ativada
>8
Carvo Ativado
>6
33
5. CARACTERIZAO DE ADSORVENTES
Neste captulo ser feita uma descrio da estrutura fsica dos adsorventes e sero apresentados
os mtodos utilizados para a sua caracterizao.
Adsorventes so substncias slidas com alta porosidade, geralmente apresentados na forma
de pellets cilndricos, esfricos ou de formatos irregulares. No caso de adsorventes zeolticos, a
seletividade pode ser obtida combinando-se o fenmeno da adsoro fsica com outros, como o de
peneira molecular e a utilizao de stios inicos, conforme mencionado anteriormente.
O efeito de peneira molecular obtido quando se faz passar as molculas constituintes de uma
mistura por uma estrutura slida porosa cujas dimenses dos poros so da ordem de grandeza do
dimetro das molculas. Assim, molculas menores que os poros atravessam os mesmos podendo
migrar atravs do slido, ao passo que molculas maiores ficam retidas e no passam atravs do
mesmo. Molculas com dimetros prximos ou apenas ligeiramente acima das dimenses dos poros
podem migrar com maior ou menor facilidade, considerando-se que tais dimenses, tanto dos slidos
como das molculas, no so estticas mas variam em funo da pulsao das estruturas cristalinas e
moleculares. Este efeito foi inclusive registrado por Arbuckle et alli (1987) no que ele denomina de
paradoxo do hidrocarboneto maior. Tradicionalmente tm sido utilizados como adsorventes a slica
gel, a alumina ativada, o carvo ativado e, mais recentemente, as zelitas (Ruthven, 1984). Estas
ltimas, aluminossilicatos cristalinos porosos, prestam-se por excelncia como peneiras moleculares
uma vez que sua estrutura microporosa determinada pela rede cristalina, sendo precisamente definida
para cada zelita especfica, apresentando-se os poros com igual tamanho. Alm disso, o uso de ctions
substitudos como Na+, Ca2+ ou Mg2+ pode servir para ajustar as dimenses dos poros ao valor
adequado para uma dada separao (Choudhary, 1989).
O uso de ctions substitudos na estrutura do adsorvente tambm confere uma polaridade
especfica aos stios ativos do mesmo, o que pode vir a contribuir para uma maior seletividade, uma
vez que as molculas a serem adsorvidas, via de regra, apresentam momentos de dipolo diferenciados.
O mesmo efeito pode ser observado com relao maior ou menor quantidade de gua na estrutura, o
que conduziria presena de stios cidos de polaridade definida. Com isso, a depender do mecanismo,
o estabelecimento do teor de gua timo no adsorvente pode ter grande importncia na definio de
sua seletividade, devendo ser feito um tratamento trmico adequado para se atingir o melhor
desempenho.
34
A Figura 5.1 mostra uma representao esquemtica da estrutura de uma zelita X ou Y. Para
se ter uma idia mais realista da estrutura, um tomo de silcio ou de alumnio deve ser colocado em
cada vrtice da figura e um de oxignio prximo ao centro de cada linha.
35
Ligante slido
Macroporos
Cristal de zelita
com microporos
5.2 DETERMINAO
PICNOMETRIA.
DA
DENSIDADE
REAL
DO
SLIDO
POR
A tcnica da picnometria pode ser usada para a determinao da densidade real da fase slida
do adsorvente, isto , da fase que no permite a penetrao de lquido em seu interior. A picnometria
especialmente importante no caso da caracterizao de um adsorvente a ser empregado para a adsoro
em fase lqida, onde os componentes adsorvidos no penetram em todo o volume de microporos
determinado pela tcnica de condensao de gases.
Tal tcnica consiste em promover um contato do slido com um lquido de densidade
conhecida, preferencialmente um produto puro para o qual sero conduzidos os estudos de adsoro,
durante um tempo suficientemente longo para que o lquido penetre nos poros do adsorvente (macro e
mesoporos da estrutura do "pellet" e tambm em parte dos microporos da estrutura). Este tempo
36
tipicamente de dois a trs dias. Os seguintes passos devem ser seguidos para a determinao da
densidade real do slido:
a) Calcular a massa de lquido (ml1) contida em um picnmetro de volume conhecido (Vp), a
partir de sua densidade (l), pela Eq. 5.1.
ml1=lVp
(5.1)
b) Colocar no picnmetro uma massa conhecida (ms) de slido adsorvente, previamente tratado
termicamente, e adicionar o lquido at cobrir todo o slido. Ao final de trs dias completar com
liquido at o menisco e determinar a massa total de lquido do picnmetro (ml2).
c) A diferena de massas de lquido (ml1-ml2) corresponde ao lquido que seria deslocado
(Vld) pela massa de slido (ms), cujo volume pode ser calculado pela Eq. 5.2. Este volume
numericamente igual ao volume de slido no penetrado pelo lquido (Vs).
Vld=Vs=(ml1-ml2)/ l
(5.2)
d) Calcular ento a densidade real do slido do adsorvente (s) conforme Eq. 5.3.
s=ms/Vs
(5.3)
Como exemplo pode-se citar um adsorvente zeoltico, para o qual Cavalcante Jr. (1988)
determinou uma densidade mdia de 2,945 g/cm3 utilizando como lquidos n-decano, n-octano e pxileno temperatura ambiente (26oC). Esta densidade pode ser usada juntamente com o volume de
macroporos determinado por porosimetria de mercrio, para o clculo do volume de microporos
efetivo do adsorvente. Para o mesmo adsorvente Marra Jr. (1991) encontrou o valor de 2,964 g/cm3
para as mesmas condies acima, e o valor de 3,600 g/cm3 para a gua. Este ltimo resultado
comprova que os lquidos penetram de forma diferenciada na estrutura da zelita, em funo de seus
tamanhos. No caso especfico, a gua ocupa espaos no atingveis pelos hidrocarbonetos acima,
devido ao pequeno tamanho de sua molcula. Por este motivo a tcnica de adsoro com condensao
de gases no adequada, neste caso, para a determinao do volume de microporos efetivo.
37
trmico. Por esta razo o adsorvente higroscpico deve ser submetido a um processo de saturao com
gua, permanecendo durante uma semana em contato com a atmosfera de uma cuba fechada contendo
soluo saturada de cloreto de sdio. Ao final deste processo, o teor de gua do adsorvente deve ser
determinado por secagem em forno at uma temperatura de referncia. A partir da as massas de cada
frao separada (saturadas com gua) podem ser convertidas em massas com teor desejado de gua,
para clculo das propriedades do adsorvente nesta condio. Assim, o dimetro mdio das partculas de
cada frao pode ser considerado como a mdia entre as aberturas das peneiras entre as quais a frao
ficou retida, caso se tenha confiana de que as peneiras esto devidamente calibradas. Caso contrrio,
este dimetro mdio deve ser medido com instrumento de preciso, como um microscpio ou
micrmetro (por exemplo, micrmetro marca Mitutoyo com preciso de 0,01 mm).
Para a determinao da densidade aparente mdia, dimetro mdio e fraes de macroporos
(incluindo mesoporos) e microporos das partculas do adsorvente, deve ser determinada a massa de
uma pequena quantidade de cada uma das fraes de peneiramento, que deve ter seu nmero de
partculas levantado por contagem. A massa mdia das partculas de cada frao pode ser ento
calculada pela Eq. 5.4.
mmed . part . fracao =
(1 X H 2 O _ SAT )mcontagem
(1 X H 2 O )np
(5.4)
onde:
XH2O_SAT a frao de gua da partcula nas condies de pesagem (saturao).
XH2O a frao de gua da partcula aps tratamento trmico.
np o nmero de partculas contido na massa de contagem de cada frao (mcontagem).
O volume aparente de partcula de cada frao calculado por:
vap.part.frao=dp3/6
onde:
(5.5)
A densidade aparente de partcula de cada frao pode ento ser calculada por:
ap.part.frao=mmed.part.frao/vap.part.frao
(5.6)
38
(5.7)
O volume aparente total das partculas da amostra pode ser calculado como o somatrio do
volume aparente de partculas de cada frao; a densidade aparente mdia das partculas do adsorvente
pode ento ser calculada por:
apar. total part. = (base de massa de amostra)/(vol. apar. total das partc. da amostra)
(5.8)
A massa mdia de uma partcula da amostra total pode ser calculada a partir do clculo do
nmero de partculas contido em cada frao de peneiramento de uma base de massa de 100g:
nparticulas frao= %massa mdia frao/mmed.part.frao
(5.9)
O nmero total das partculas da amostra foi calculado como o somatrio do nmero de cada
frao, e a massa mdia de uma partcula da amostra total pode ento ser calculado por:
m med. part. total = (base de massa de amostra)/(nmero total de partc. da amostra)
(5.10)
O dimetro mdio das partculas (dmp) da amostra deve ser coerente com a densidade aparente
total e com a massa mdia calculadas, sendo ento calculado por:
ap .total . part .
1/ 3
(5.11)
As fraes de macroporos e microporos nas partculas podem ento ser calculadas tomando-se
por base um volume de 100 cm3 de partculas, isto , considerado somente o volume das esferas. A
massa correspondente a este volume calculada a partir da densidade aparente mdia. A frao de
macroporos calculada a partir do resultado de porosimetria como sendo:
macro=massavolume especfico de macroporos/100
(5.12)
(5.13)
(5.14)
39
40
6. EQUILBRIO DE ADSORO
Do ponto de vista da observao experimental o equilbrio em adsoro caracterizado,
analogamente a qualquer outro equilbrio termodinmico entre fases, pela ausncia de variaes de
composio dos componentes nas fases fluida (gs ou lquido) e slida. Verifica-se que quando uma
quantidade de slido adsorvente colocada no balo em contato com lquido contendo um componente
adsorvvel, a concentrao deste componente diminui com o tempo at alcanar a estabilidade. Esta a
condio de equilbrio da adsoro, caracterizada por uma composio de fase fluida em equilbrio
com uma certa composio de fase slida, esta ltima geralmente expressa em mols de adsorbato por
massa de slido adsorvente. Como ser apresentado a seguir, esforos tm sido empregados para
descrever adequadamente este equilbrio, em termos das concentraes das fases, para os mais diversos
sistemas e faixas de concentrao. A curva que correlaciona as concentraes na fase slida e na fase
fluida chamada de isoterma de adsoro.
A classificao das isotermas de adsoro fsica foi feita por Brunauer, e complementada
por Sing. H 6 tipos bsicos de isotermas, de acordo com a Figura 6.1.
41
42
(6.1)
Esta uma relao linear, normalmente vlida para baixas concentraes de adsorbato. Em
concentraes de fase fluida mais altas a concentrao no slido subiria continuamente, o que no um
comportamento real.
(6.2)
, no entanto, uma equao emprica que ajusta-se bem em uma faixa estreita de concentraes
e no segue a isoterma de Henry para concentraes mais baixas. Por esta razo Fritz e Schlunder
(1981) propuseram o uso de diferentes constantes para a equao em funo da faixa de concentrao.
Ademais, permanece o mesmo problema da isoterma de Henry, onde a concentrao na fase slida
parece subir infinitamente. Para corrigir esta inconvenincia a equao foi modificada por Urano et alli
(1981), introduzindo o conceito de concentrao limite na saturao:
q = Ks(c/csat.)1/N
(6.3)
q=
qmKc
(1 + Kc )
(6.4)
43
entre molculas adsorvidas em stios vizinhos. Observa-se que esta isoterma reproduz a isoterma de
Henry para baixas concentraes, quando Kc <<1, e assume um valor limite qm de concentrao na
fase slida para altas concentraes na fase fluida, quando Kc>>1. Este valor limite qm supostamente
representa um nmero fixo de stios na superfcie do adsorvente e, logo, deveria ser uma constante
independente da temperatura. J a constante de equilbrio K tem sua dependncia com a temperatura
descrita em termos da equao de vant Hoff, apresentada em sua forma integrada na Eq. 6.5, onde
admite-se que entalpia de adsoro (H0) constante para uma dada faixa de temperaturas.
H 0
K = K 0 exp
RT
(6.5)
K=
1
c 1
(6.6)
b0 exp( X ) =
1
c 1
(6.7)
Neste caso o calor de adsoro decresce linearmente com a cobertura, o que pode melhorar o
ajuste dos dados em algumas situaes. No entanto, diversos artigos tm demonstrado que o calor de
adsoro em uma zelita pode depender da cobertura de uma forma complexa, conforme Kiselev e
Lopatkin (1968) e Santacesaria et alli (1982a). Nesta mesma linha, mais recentemente Miyabe e
Suzuki (1995) mostraram que o calor de adsoro pode ser influenciado pela concentrao do solvente
em alguns sistemas com adsoro em fase lquida.
Todas as equaes at ento apresentadas referem-se a um nico componente adsorvido. Para
o caso multicomponente as equaes devero ser modificadas de acordo. O item seguinte trata do caso
multicomponente para alguns modelos.
44
A , B =
(q
(q
/ cA)
/ cB )
(6.8)
qi =
qm, iKici
1 + Kici
(6.9)
qm ,1 = qm , 2 =.... = qm , N
(6.10)
Santacesaria et alli (1982a) obtiveram sucesso com o uso deste modelo na predio do
comportamento multicomponente a partir de dados monocomponente em um sistema de ismeros de
xilenos e tolueno. Neste caso a premissa de igualdade dos qm,i foi atendida. No entanto Chen et alli
(1990) demonstraram que nem sempre a predio a partir de dados monocomponente possvel.
Com relao igualdade dos qm,i , Ruthven (1984) e Ruthven e Kaul (1993) mostraram que
esta premissa irrealista para adsoro fsica de molculas de tamanhos muito diferentes, e que o uso
de diferentes valores de qm,i , embora permissvel, pode no se aplicar em toda a faixa de
concentraes. Nestes termos, extrapolaes devem ser feitas com cuidado. Uma abordagem desta
45
forma foi feita com sucesso por Markham e Benton (1931) e, mais recentemente, por Kikkinides et alli
(1995). Estes ltimos usaram uma expresso na forma da Eq. 6.11 para calcular o qm de cada
componente, onde k1 e k2 so parmetros ajustveis.
qm , i = k 1 k 2 T
(6.11)
Pode ser facilmente demonstrado que a seletividade () de um sistema que obedece forma
multicomponente da isoterma de Langmuir constante, e dada pela Eq. 6.12. A seletividade
constante ainda que os qm,i no sejam iguais, embora neste caso sua expresso seja ligeiramente
diferente da Eq. 6.12, como visto na Eq. 6.13.
A , B =
KA
KB
(6.12)
A , B =
KAqm , A
KBqm , B
(6.13)
Ki = b0,i exp Xi
(6.13)
Neste caso Santacesaria et alli (1982a) mostraram que a seletividade no constante, podendo
ser calculada como uma funo do grau de cobertura total atravs da Eq. 6.14.
A , B =
b 0, A
exp[tot ( XB XA)]
b 0, B
(6.14)
46
7. CINTICA DE ADSORO
O objetivo do presente captulo de estabelecer os conceitos segundo os quais a transferncia
de massa se d a nvel da partcula do adsorvente. Este fenmeno envolve a transferncia de massa de
um ou mais componentes contidos em uma massa lquida externa para o interior da partcula de
adsorvente, onde devero migrar atravs dos macroporos at as regies mais interiores desta partcula.
Ao longo deste caminho estes componentes sero adsorvidos, seja nos microporos dos cristais de
zelita, que encontram-se incrustados nas paredes dos macroporos, ou nos stios ativos de outros tipos
de adsorventes. A estrutura da partcula aquela descrita pela Figura 5.2. Tipicamente, a cintica de
adsoro nestes casos envolve um ou mais dos seguintes fenmenos:
Transferncia de massa no filme externo, que descreve o transporte do soluto atravs de
uma camada lquida em torno da partcula at atingir a parede externa da mesma. Neste
caso predomina a difuso molecular dos componentes, que a difuso que acontece
quando no h qualquer obstruo movimentao das molculas. Se h turbulncia na
fase externa, a difuso maior que a molecular devido ao transporte convectivo de massa.
Difuso nos macroporos da partcula, que leva em considerao os efeitos da estrutura da
partcula sobre a difuso molecular que o componente apresentaria em um meio livre de
obstrues como as causadas pelas paredes dos macroporos. Neste caso, a depender do
tamanho dos poros, pode ter lugar a difuso de Knudsen que leva em conta as colises com
as paredes. Esta difuso independente da presso e predominante quando colises com
paredes so mais freqentes que colises com outras molculas, o que vale dizer que o
dimetro mdio das partculas menor que seu percurso livre mdio.
Difuso nos microporos da partcula, isto , do componente no interior do cristal de zelita,
at atingir o stio onde ser adsorvido. Neste caso tem lugar a difuso configuracional ou
restrita.
Pseudo-reao de adsoro na superfcie do interior dos microporos.
Um ou mais destes fatores podem ser considerados controladores, a depender do sistema
adsorbato-solvente-adsorvente e das condies da adsoro. A Figura 7.1. ilustra os diversos tipos de
difuso citados em funo do tamanho do poro do adsorvente.
47
D=
Dm
48
(7.1)
De acordo com Krger e Ruthven (1992), Dullien (1979) demonstrou que se a estrutura dos
poros for caracterizada em suficientes detalhes, uma predio da tortuosidade pode ser feita com
razovel preciso. No entanto, isto requer um conhecimento muito detalhado da forma dos poros e de
sua distribuio e, na prtica, geralmente mais simples tratar a tortuosidade como uma constante
emprica, a ser ajustada a partir da determinao experimental da difusividade efetiva. Krger e
Ruthven (1992) mostraram que a tortuosidade assume o valor de 3,0 para uma distribuio randmica
de poros, isto , poros orientados com igual probabilidade em todas as direes. Wakao e Smith (1962)
chegaram a propor uma equao simples para calcular a tortuosidade a partir da porosidade, de acordo
com a Eq. 7.2.
(7.2)
De acordo com Hou (1989) a tortuosidade em partculas tpicas varia na faixa de 3,0 a 7,0.
Froment e Bischoff (1990) ampliaram esta faixa, informando que valores no intervalo de 1,5 a 10 (ou
mesmo maiores) tm sido reportados. Assim, uma vez que o fator de tortuosidade um parmetro
estrutural, o mesmo no deveria depender do adsorbato nem das condies experimentais (Krger e
Ruthven, 1992). Esta abordagem simplificada constitui-se em uma forma bastante direta de se estimar
difusividades para diferentes componentes e condies experimentais quando dados de apenas um
adsorbato conhecido.
A tortuosidade e a difusividade efetiva na partcula podem ser determinadas experimentalmente
a partir de tcnicas como o banho finito, entre outras.
7,4 10 8 (PMB ) 1/ 2 T
Dm , AB =
BV A0, 6
(7.3)
49
Esta equao apresenta a vantagem de poder ser facilmente estendida para sistemas
multicomponentes, substituindo as propriedades do solvente (B) pela da mistura (m) conforme Eq. 7.4
e 7.5.
7,4 10 8 (PM ) 1/ 2 T
Dm , Am =
mV A0, 6
(7.4)
PM = xjjPMj
j = 1, j A
(7.5)
50
Relaes de equilbrio:
Forma da isoterma
Condies no isotrmicas
Condies no isobricas (alta perda de carga; fase gs)
51
52
Para projetar-se um processo de separao por adsoro em leito fixo de forma efetiva e
econmica, experimentos em escala piloto devem ser conduzidos de modo a se determinar parmetros
de projeto e operacionais. A necessidade de dados experimentais, que so caros, pode ser reduzida caso
se disponha de um simulador para este processo, capaz de predizer resultados de uma corrida a partir
de parmetros ajustados em corridas anteriores. O procedimento clssico envolve a obteno de dados
de equilbrio e cinticos da partcula de adsorvente a partir de experimentos em banho finito, e dos
coeficientes de transferncia de massa no filme externo e de disperso axial a partir de correlaes
empricas obtidas da literatura. Esta abordagem est mostrada diagramaticamente na Figura 8.2,
adaptada do trabalho de Balzli et alli (1978).
Dados de
experimentos em
banho finito
Modelo do
banho finito
Coeficiente de
transferncia de massa do
filme lquido externo do
banho (preciso 30%)
Difusividade efetiva
(preciso 3 a 8 %)
Modelo da
coluna
Coeficiente de
transferncia de massa
do filme lquido externo
da coluna (preciso
20%)
Predio do comportamento da
coluna
Figura 8.2. Fluxo de informao usado no modelo do leito fixo para predio do
comportamento da adsoro multicomponente (Balzli et alli, 1978).
53
o volume de partculas tem-se o volume de vazios. A porosidade do leito a frao que o volume de
vazios representa do todo.
Se a partcula esfrica, sua densidade aparente pode ser calculada a partir do volume
aparente de partcula, calculado por:
vap.part.=dp3/6
onde:
(8.1)
(8.2)
9.
LEVANTAMENTO
54
EXPERIMENTAL
DE
DADOS
DE
ADSORO
A presente discusso apresentar sucintamente alguns dos mtodos experimentais mais
comumente utilizados para o levantamento dos dados de equilbrio, cinticos e de leito fixo em
processos de adsoro. Sero tratados dos seguintes mtodos:
Banho Finito
Leito Fixo
Head Space
Mtodo Gravimtrico
55
56
Figura 9.1. Dispositivo experimental para mtodo da banho finito (Cavalcante Jr., 1988).
(1) Banho termosttico; (2) Clulas de equilbrio; (3) Agitador; (4) Aquecedor/agitador de
banho termosttico; (5) Acionador de agitador; (6) Termmetro para banho; (7) Termmetro
para interior da clula de adsoro.
Figura 9.2. Clula utilizada no mtodo da imerso em volume finito de lquido. Detalhes do
agitador e do sistema de acoplamento (Cavalcante Jr., 1988).
57
58
Figura 9.3. Esquema de unidade de bancada de adsoro em leito fixo, com detalhe da coluna
mostrando isolamento trmico e resistncia de aquecimento (Marra Jr., 1991).
(1) Coluna de adsoro
(6) Resfriador
(2) Reservatrio
(7) Filtro
(8) Termopares
Dados experimentais obtidos com esta tcnica podem ser obtidos, por exemplo, em Santacesaria
et alli (1982b), Marra Jr. (1991) e Neves (1995).
59
60
61
SEPARAO
ADSORVENTE
Zelita
N2 / O2
Zelita
O2 / N2
Peneira molecular
de carvo
Zelita,
carvo
ativado
Hidrocarbonetos / correntes leves
Carvo ativado
gua / etanol
Zelita
PURIFICAO FASE GS
H2O / correntes contendo olefinas
Slica,
alumina,
zelita
CO2 / C2H4 , gs natural, etc.
Zelita
Carvo ativado
Zelita
Zelita
Zelita
Carvo ativado
Zelita
Zelita
Zelita
Frutose / glucose
Zelita
orgnicos
oxigenados,
Carvo
Silicalite
ativado,
Carvo ativado
Zelita
Carvo ativado
62
63
Figura 10.2. Efeito do Enchimento da Coluna sobre o HETP. (1) adsorvente despejado
livremente; (2) adsorvente despejado com vibrao; (3) adsorvente despejado com vibrao e
choques controlados. (Ruthven, 1984)
64
Figura 10.3. a) Efeito do Dimetro da Coluna sobre o HETP; b) Reduo do HETP pela
Instalao de Chicanas. (Ruthven, 1984)
65
66
67
68
VANTAGENS
DESVANTAGENS
TSA
PSA
Bom
quando
espcies
fracamente Presses muito
adsorvidas so requeridas em altas purezas. necessrias.
baixas
podem
ser
Ciclo rpido, o que significa uso eficiente Utiliza energia mecnica, o que pode ser
do adsorvente.
mais caro que calor.
O componente adsorvido recuperado em
baixas concentraes.
Deslocamento
69
Figura 10.8. Diagrama Esquemtico de um Sistema TSA de Dois Leitos para Secagem
de Gases.
10.2.2.
PROCESSOS
COM
REGENERAO
POR
VARIAO
DA
PRESSO
70
sistemas mais complexos, com trs ou quatro leitos de adsorvente, de modo a reduzir o consumo de
energia.
71
De uma perspectiva termodinmica a diferena essencial entre processos PSA e TSA que
em sistemas PSA a energia requerida para promover a separao introduzida no sistema sob a
forma de trabalho mecnico (do compressor) em lugar de calor. Uma vez que energia mecnica ,
em geral, mais cara que calor, um uso eficiente da energia essencial para um sistema PSA
economicamente vivel. Estas consideraes tornam-se especialmente importantes para unidades de
larga escala.
Sistemas PSA so adequados para ciclos rpidos e em geral operam em baixos graus de
saturao do adsorvente, uma vez que a seletividade mxima na regio de validade da lei de
Henry. Baixas temperaturas de operao so tambm desejveis para maximizar a capacidade e a
seletividade, mas em geral no economicamente vivel um resfriamento abaixo da temperatura
ambiente.
A etapa de purga essencial para uma separao eficiente. Purga em fluxo reverso assegura
que os componentes mais fortemente adsorvidos sejam empurrados de volta entrada do leito e no
contaminem o produto rafinado no prximo ciclo. essencial que uma quantidade de purga
suficiente seja usada para remover completamente o fluido contido nos espaos vazios dentro do
leito, bem como dessorver os compostos mais fortemente adsorvidos na regio de sada do leito. A
pureza do produto aumente com o aumento da purga mas aps certo ponto o ganho pequeno e no
compensa mais o aumento da purga. Na prtica o volume de purga, medido a baixa presso, deve
ser entre uma e duas vezes o volume de alimentao, medido a alta presso.
Um exemplo tpico de um processo PSA a separao de ar em adsorvente zeoltico, cujas
isotermas esto mostradas na Figura 10.11. Um diagrama esquemtico para este processo
apresentado na Figura 10.12.
72
73
Figura 10.14. Diagrama Esquemtico de um Sistema PSA de Dois Leitos para Separao
de Ar em Peneira Molecular de Carvo
A Figura 10.15 mostra um diagrama esquemtico de um arranjo tpico para suportao do leito
e distribuio de fluxo em um leito fixo de adsoro.
74
deve eventualmente superar as desvantagens de uma engenharia mais complexa. Alm deste princpio
geral, nenhuma outra orientao segura pode ser dada sem se fazer referncia ao sistema especfico de
interesse, uma vez que a avaliao econmica fortemente influenciada por fatores como o custo e a
durabilidade do adsorvente, assim como pelo equilbrio e cintica do processo e sua escala. Processos
de adsoro contnuos em contracorrente so, no entanto, largamente usados em escala industrial em
muitas separaes importantes e parece provvel que tais processos se tornaro cada vez mais comuns.
75
em duas correntes, uma contendo A e C (o extrato) com muito pouco B e outra contendo B e C (o
rafinado) com muito pouco A. Para recuperar A e B como produtos puros estas correntes devem ento
ser separadas por mtodos convencionais, usualmente destilao, sendo o dessorvente (C) ento
reciclado de volta para os leitos de adsoro. Assim, essencial que as propriedades do dessorvente
sejam tais que esta separao posterior seja facilmente conduzida.
No processo em LMV h quatro sees distintas, numeradas de acordo com a Fig. 9.16:
A melhor maneira de entender este processo comear pela Seo III, onde a espcie mais
fortemente adsorvida A adsorvida:
IV
Z4
rafinado
R
us
III
Z3
alimentao
F
us
S
II
Z2
extrato
E
us
I
Z1 us
dessorvente
D
76
E=F+D-R
(10.1)
Z2 = Z1 - E
(10.2)
Z3 = Z1 - E + F
(10.3)
Z4 = Z1 - E + F - R
(10.4)
77
78
79
80
extrato
dessorvente
dessorvente
12
extrato
11
rafinado
liquido
10
rafinado
alimentao
alimentao
A equivalncia com o processo de LMV pode ser obtida a partir do tempo de rotao (T) do
LMS, isto , o tempo que as correntes de entrada e sada levam para percorrer todas as posies de
leitos e voltar posio inicial, de acordo com a Eq. 10.5:
us = Lc / T
(10.5)
81
contrrio ao do movimento deste. Isto corresponde a afirmar que as vazes das bombas de circulao
de lquido em processos equivalentes de LMV e LMS so diferentes, de acordo com a relao dada
pela Eq. 10.6:
vLMS = vLMV + us
(10.6)
Alm disso as vazes que circulam pela bomba de circulao no processo em LMS mudam
em funo da zona que est passando por ela a cada tempo. Isto torna necessrio um sistema inteligente
que reconhea a vazo adequada em cada tempo e mude a vazo da bomba de acordo, o que torna mais
complexo o projeto de engenharia de uma unidade de LMS.
A tecnologia de LMS foi desenvolvida pela Universal Oil Products (UOP), (Broughton,
1961), e tem sido usada desde ento em diversos processos industriais de separao conhecidos como
SORBEX, cujo diagrama esquemtico encontra-se na Figura 10.20. Estes incluem o processo Parex
para a recuperao de p-xileno de uma mistura de C8 aromticos, o processo Molex para a extrao de
n-parafinas de uma mistura de hidrocarbonetos contendo iso e cicloparafinas, o processo Olex para
separar olefinas de parafinas e o processo Sarex para a recuperao de frutose de uma mistura de
frutose/glucose (Broughton, 1968, 1970, 1984; de Rosset et alli, 1980, 1981). Mais de uma centena de
unidades de LMS esto atualmente em operao em todo o mundo.
Conforme discutido anteriormente, o corao da tecnologia de LMS um sistema capaz de
mudar periodicamente, durante a operao da unidade, as posies das linhas de carga, dessorvente,
extrato e rafinado ao longo do leito, simulando assim o movimento do slido. Os processos SORBEX
usam uma vlvula rotativa para este fim, enquanto que outras concepes de projeto usam vlvulas
especiais instaladas entre cada par de leitos, as quais permitem fluxos de entrada e de sada
direcionados adequadamente para a corrente de interesse no tempo e leito corretos. Este processo
contnuo tem a vantagem de eliminar a diluio dos componentes e a baixa utilizao do adsorvente,
fenmenos que ocorrem nos processos cromatogrficos em batelada.
A separao de xilenos de uma mistura de aromticos C8 foi estudada por adsoro em
zelitas, nas fases lquida e vapor, usando uma configurao de quatro leitos em LMS. Mais
recentemente, no entanto, a tecnologia de LMS tem sido aplicada em reas como biotecnologia,
farmacutica e qumica fina. Unidades industriais e piloto para estes fins tm sido desenvolvidas pela
UOP.
82
83
REFERNCIAS
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85
LISTA DE EXERCCIOS
1. Um secador de etileno deve secar uma alimentao contendo cerca de 100 ppm de gua at
um teor menor que 0,1 ppm usando peneira molecular zeoltica. So usados dois secadores,
um secando enquanto o segundo se regenera, sendo que a operao de secagem se d em
fluxo descendente e a de regenerao em fluxo contrrio. A regenerao feita com metano
aquecido, sendo que esta corrente possui cerca de 800 ppm de acetileno, que um
contaminante do etileno. Considere os diversos aspectos do processo, incluindo a
possibilidade de mudana de sentido de fluxo da regenerao e seleo da peneira mais
adequada, entre outros, e discuta as possibilidades de contaminao e de evit-la neste
processo.
2. Um secador de etileno, temperatura de 40oC e presso de 4 kgf/cm2 man, deve operar com
uma corrente de entrada contendo teores maiores que 6000 ppm de gua, e remover quase
toda a umidade, especificando esta corrente com valores menores que 0,1 ppm de gua. As
isotermas de adsoro para a alumina ativada e para um adsorvente zeoltico (peneira
molecular) so dadas abaixo. Discuta, luz das isotermas e demais informaes, qual a
opo de adsorvente mais adequada para esta situao.
gua
adsorvida,
% massa
Umidade relativa, %
86
Ponto
mlo (g)
ms (g)
wo
(% massa)
40 C
wf (% massa)
60oC
80oC
10,0079
3,2969
9,936
5,756
5,758
5,841
10,0067
4,8675
9,936
3,96
3,936
4,082
10,0036
6,3734
9,936
1,95
1,94
2,124
10,0017
3,2205
4,406
0,606
0,612
0,723
10,0132
3,4319
4,406
0,397
0,422
0,548
10,0082
3,8109
4,406
0,282
0,321
0,452
10,0132
4,2678
4,406
0,092
0,129
0,212
10,0133
4,8046
4,406
0,019
0,03
0,054
10,0030
5,0355
4,406
0,014
0,022
0,04
10,0021
5,4619
4,406
0,008
0,014
0,027
10,0123
5,6691
4,406
0,006
0,011
0,021
10,0174
6,1748
4,406
0,014
0,026
0,048
10,0278
6,5543
4,406
0,007
0,011
0,021
10,0004
7,5452
4,406
0,005
0,01
0,017
87
Ponto
mlo (g)
ms (g)
wo
(% massa)
wf (% massa)
60oC
10,0148
3,0058
10,081
6,266
10,0163
3,5512
10,081
5,524
10,0049
4,524
10,081
4,209
10,0209
5,0266
10,081
3,39
10,0024
5,5265
10,081
2,705
10,0027
6,0389
10,081
2,091
10,0097
6,5754
10,081
1,552
10,024
7,058
10,081
1,011
10,0036
7,5313
10,081
0,591
10,0172
7,5895
8,895
0,559
10,0042
7,5458
7,968
0,21
10,0371
7,5091
6,981
0,129
10,0124
7,5318
6,016
0,043
10,0104
7,5102
5,081
0,03
7. Uma corrente de etileno correspondente a uma produo anual de 200 mil toneladas,
temperatura de 35oC e 10 atm abs, saturada com gua, deve ser seca em leitos de adsorvente at
uma concentrao final de gua de 0,1 ppm massa. Dimensione, usando os critrios do GPSA,
o(s) leitos de adsorvente(s) para este processo.
88
Ponto
mlo (g)
ms (g)
wo
(% massa)
PX
EB
wf (% massa)
PX
EB
10,0364
3,0294
5,139
5,225
2,896
4,012
10,0156
3,548
5,139
5,225
2,533
3,829
10,0183
4,5928
5,139
5,225
1,624
2,981
10,0169
5,0608
5,139
5,225
1,547
2,802
10,0045
5,6866
5,139
5,225
1,039
2,117
10,0116
6,1555
5,139
5,225
0,824
1,753
10,0122
6,6135
5,139
5,225
0,627
1,401
10,0034
7,0682
5,139
5,225
0,508
1,143
10,0181
7,6222
5,139
5,225
0,318
0,749
10,0218
7,5896
4,517
4,544
0,132
0,314
10,0347
7,6322
3,487
3,488
0,025
0,057
10,0129
7,6436
2,579
2,96
0,009
0,02
10,0154
7,6095
4,206
4,231
0,066
0,157
10,0316
7,5797
3,169
3,136
0,015
0,033