As Grandes Deusas Negras
As Grandes Deusas Negras
As Grandes Deusas Negras
SUMRIO
Introduo
Objetivos
Resolvendo algumas questes
Que tipo de verdade os mitos nos falam?
Vale a pena ouvir os mitos antigos?
E os mitos modernos?
As diferentes tipos de narrativas
A terapia mtica
O arquetipo// o mito-geral
O feminino nos pantees culturais
A cultura Africana que veio para o Brasil
O feminino no panteo Yorub
As narrativas
Yemanja
Nan
Oxum
Ob Yans
Este tpico trata de alguns pr-requisitos para uma leitura proveitosa das
narrativas que proponho analisar na segunda parte desta conversa.
Muitos das questes abordadas aqui podem no ser novidades para um
analista de mitos, mas para quem deseja entender melhor o contexto da
narrativa mtica acho que no uma perda de tempo passar os olhos pelas
pginas seguintes.
Pela amplitude temtica no possvel um aprofundamento terico de cada
uma das questes aqui abordadas, mas no final de cada tpico ser
apresentado uma biografia e notas que iro possibilitar ao interessado uma
maior ampliao e contextualizao dos conceitos tratados.
Como nasce uma mitologia?
A mitologia nasce da necessidade de dar uma explicao quilo que no
tem lgica: A VIDA.
A vida algo to maravilhoso, to raro, to fabuloso que preciso todo um
esforo intelectual para que no fiquemos paralisados por este milagre do
dia-a-dia: estar vivo.
No cosmos existem milhes e milhes de estrelas, galxias so descobertas
todos os dias e tirando Hollywood no temos notcia em um raio de
milhes de anos luz de outro planeta onde a vida se fez to punjante e bela
como a terra. E na terra, que, afinal, o nosso centro de existncia, temos o
privilgio e o fado de ter conscincia de se estar vivo. O homem o nico
animal que tem conscincia da morte, e portanto, da vida.
Vamos fazer uma experincia:
Feche os olhos.
Relaxe.
Imagine que noite uma noite muito especial, quando as estrelas brilhavam
l em cima e os animais gritavam sua fome aqui embaixo. Voc est beira
de um rio aquecendo-se em uma fogueira perdido em uma imensa plancie.
Hoje quando seu irmo morreu debaixo das garras de um leo feroz, voc
simplesmente no continuou andando, mas em um gesto indito cobriu-lhe
o corpo com a pele do animal recm abatido, e por saber que as flores
renascem, sua mo as depositou ao lado do corpo inanimado. noite e seu
crebro tenta ordenar tanta informao, existem mil formas infinitamente
maiores que voc: os lees, hienas, a morte, o frio.
Voc est s.
No existe civilizao.
No existem automveis.
No existe proteo possvel.
Voc o primeiro homem recm-sado das florestas, sua nica vantagem
seu crebro, curioso, pronto a se adaptar a cada uma das vicissitudes a que
a vida lhe impe, plstico em constante evoluo. Mil perguntas rodam sua
mente: o que aquilo l em cima? O que o aqui em baixo? Porque as
sementes brotam? Como brotam?
Da mesma forma que o leo se especializou em matar, o golfinho em nadar,
voc se especializou em imaginar como conseguir solues cada vez mais
articuladas para o dia-a-dia. E agora o problema mais difcil, seu grande
desafio: como relacionar o l em cima com o aqui embaixo. Explicar o
inexplicvel. Ento, como est s e com medo, voc se acalenta como uma
me acalenta um filho.
Assim voc se acalenta seu medo e lhe conta histrias maravilhosas,
fabulosas... histrias to bonitas que o menino-homem ps-se a dormir
embalado pelas prprias palavras.
E o consolo vem: cria-se um novo cosmos. Cosmos dois em anteposio ao
Caos, ordenado, claro, regrado pelos Deuses, pelos smbolos. J uma rosa
vermelha, no mais uma herbcea espinhenta, mas o smbolo do amor
profundo, o sorriso no mais um arreganhar de dentes, mas o prenuncio
de um contato cordial, dar as mos significa paz. As pinturas nas cavernas
de milhares de anos j esto inseridas neste Cosmos e quando os smbolos
se ordenam cria-se o MITO.
(1)
O mito plstico e deve ser analisado de acordo com
suas relaes com o prprio enredo.
dos
Eguns,
Yans
Yans ou Oy, espsa de Xang, de origem sudanesa ( Veja
Joo DOxossi verbete Yans), divindade dos ventos, das
tempestades e do rio Niger. De temperamento forte,
sensual, e autoritria. o nico orix capaz de enfrentar os
Eguns ou esprito dos mortos. Sincretizada com Santa
Brbara suas contas so roxas. Seu dia quarta feira. Gosta
de acaraj e no suporta abbora. Sacrificam-lhe cabras.
Dana agitando os braos como que para enxotar almas ou
com alfange ( espada) e um Eruexim de rabo de cavalo.
Sauda-se gritando: Epa! Hei ! ( Informaes contidas in Sete
Portas da Bahia).
Quando Ou Bali comanda os eguns divindade do rio
Niger. Acompanha seu marido Xang na guerra.
A mais velha das Yanss chama-se Oy Ijeb. Yans
protege as mulheres de vida livre. O amarelo e o verde so
suas cores; espada de cobre por insignia ( alfange).
Tambm chamada Oxum (sic !) Informao contida no
verbete Yans no Dicionrio de Mitologia Donato. No
encontramos em nenhuma outra fonte coraborao desta
afirmativa, esta confuso, deve-se, possivelmente, a intima
relao entre Oxum e Yans, como est mencionado
posteriormente.
Bibliografia
- Os Imprios Negros da Idade Mdia. material em xerox. No foi possvel
estabelecer a fonte de edio.
- Freyre, Gilberto. Casa Grande & Senzala. 18 Ed. Rio de Janeiro, Jos
Olympio, l977.
- Verger, Pierre Fatumbi. Orixs. Crculo do Livro Livro S.A. 1981.
- Jung. C.G. Psicologia e Religio Oriental. Crculo do Livro S.A. s/d.
- Alves, Rubem. O tema: A Ressureio do Corpo. Publicado in textos p/
discurso vol 3 Edt. UFJ Goinia Julho 1981.
- Super Interessante. Ed. Abril ano 3 n 7. Julho 89.
- Super Interessante. Ed.Abril ano 6 n 5 maio 92.
- O Mundo da Arte. Enciclopdia das Artes Plsticas em todos os tempos.
fase Pr-histria e Primitiva. Livraria Jos Olympio Ed. Andreas Lommel.
- Buonfiglio, Mnica. Bzios O orculo dos Orixs. Outras Palavras Ltda.
S/P. s/d.
- Adesoji, Michael Ademoja. Nigria Histria- costumes. Cultura do Povo
Yorub e a origem dos seus orixs. 1990.
- Dilogos /Plato 2 ed. So Paulo: Abril Cultural, 1979 ( Os Pensadores).
- Maleto, Carmem Cinira. Imagem do Eterno. Religie no Brasil.
Ed.Moderna S.P. 1989 ( Coleo polmica).
- Sagan, Carl . Cosmos.Rio de Janeiro: F. Alves. 1983 ( Coleo
Aastronmia).
- Brockman, John. Reinventando o Universo. So Paulo: Companhia das
Letras, 1988.
- Donato, Hernni. Dicionrio de Mitologia . Ed. Cultrix Ltda. S.P. s/d.
- Maleto, Carmem Cinira. Imagem do Eterno. Religie no Brasil.
Ed.Moderna S.P. 1989 ( Coleo polmica).